Módulo 1-Formação ATEC

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Fundamentos de Electricidade

Conteúdo

capítulo 1 – electroestática ............................................................................................................................... 2

capítulo 2 – grandezas eléctricas ...................................................................................................................12

Multiplicador .....................................................................................................................................................43

capítulo 3 – lei de ohm, potência e energia....................................................................................................48

capítulo 4 – análise de circuitos série e paralelo ...........................................................................................63

capítulo 5 – leiS de KIRCHHOFF ...................................................................................................................88

capítulo 6 – electromagnetismo .....................................................................................................................91

capítulo 7 – aparelhagem de protecção .......................................................................................................116

capítulo 8 – introdução aos automatismos ...................................................................................................134

capítulo 9 – condensadores ...........................................................................................................................145

capítulo 10 – Caracterização do sistema monofásico ..................................................................................159

capítulo 11 – caracterização do sistema trifásico ..........................................................................................204

capítulo 12 – transformadores ........................................................................................................................213

capítulo 13 – alternadores ..............................................................................................................................220

Edição: 01/14 v01 1 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 1 – ELECTROESTÁTICA

1.1 Fenómeno da electrização

É conhecida de todos a experiência que consiste em esfregar um objecto, como uma caneta, num
pedaço de lã e constatar que esse objecto irá atrair pedaços de papel. Outros materiais como o vidro,
a parafina, a ebonite, etc., também se electrizam por atrito.

Figura 1 - Electrização por atrito

No entanto, os materiais que habitualmente conhecemos como condutores, comportam-se de forma


diferente. Mas se isolarmos a barra de cobre, já iremos obter o mesmo resultado que o obtido com o
vidro ou outro material considerado como isolador.

Figura 2 - O cobre não se electriza por atrito

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Vejamos agora outra experiência. Suspendamos uma pequena barra de vidro através de um fio
isolante. Electrizemos uma outra barra de vidro e aproximemos as duas até se verificar um breve
contacto. Após esse contacto iremos constatar que as barras se repelem. Da mesma forma, se
repetirmos a experiência com duas barras de ebonite
(isolante orgânico natural), verificamos exactamente o
mesmo efeito.

Finalmente, se electrizarmos uma barra de vidro e


aproximarmos de uma barra também electrizada mas de
ebonite, as duas barras vão atrair-se.

Figura 3 - Forças repulsivas e atractivas

1.2 Forças eléctricas

Pelas experiências atrás descritas podemos constatar que há dois tipos de carga:

 Carga positiva
 Carga negativa

Dois corpos com carga eléctrica do mesmo sinal, repelem-se; Dois corpos com carga eléctrica
de sinais contrários atraem-se.

Figura 4 - Forças de atracção e repulsão

Por outro lado, diremos que uma carga exerce sobre uma outra carga uma Força eléctrica, que será

repulsiva ou atractiva. Designa-se por Fe , e a sua unidade S.I. é o Newton (N).

Este tipo de forças ocorre entre corpos electrizados, pelo facto de possuírem carga eléctrica.

 Um corpo está electrizado se atrair corpos leves;

 Um corpo pode electrizar-se por fricção, contacto ou influência;

 Quando um corpo está electrizado possui carga eléctrica;

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 A carga eléctrica surge devido ao desequilíbrio entre o número de electrões e o número de protões
na constituição do corpo.

1.3 Campo eléctrico

Qualquer corpo electrizado exerce sobre toda a carga eléctrica que se encontra na sua vizinhança
uma força. Vamos designar por Campo eléctrico a região no espaço na qual a carga eléctrica exerce
essa acção.

Este campo eléctrico poderá assumir duas formas:

 Campo eléctrico uniforme - Se numa determinada região do espaço existir um campo


eléctrico cuja direcção, sentido e intensidade se mantenham em todos os pontos onde esse
campo se faz sentir.

 Campo eléctrico não uniforme - Se o campo eléctrico varia com o ponto onde está a ser
calculado.

O campo eléctrico é uma grandeza vectorial que se designa por E , sendo a sua unidade S.I. o
Newton / Coulomb (N/C).

onde:

E - Intensidade do campo eléctrico expresso em ( N/C )

Fe - Força eléctrica - Unidade - Newton ( N )

q - Carga eléctrica - Unidade - Coulomb ( C)

A direcção, e o sentido do campo eléctrico ( E ) num determinado ponto serão, por definição, as

mesmas da força eléctrica ( Fe ), se considerarmos a carga de prova positiva.

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1.4 Linhas de força do campo eléctrico

As linhas de força do campo eléctrico podem ser vistas como um mapa que fornece informação
qualitativa (e mesmo quantitativa) sobre a direcção e intensidade do campo eléctrico, em diferentes
pontos do espaço.

Figura 5 - Linhas de força

1.5 Propriedades das linhas de força do campo eléctrico

As propriedades das linhas de força de um campo eléctrico são descritas de seguida:

 Começam sempre em cargas positivas e terminam em cargas negativas.

 O número de linhas com origem (ou fim) numa carga é proporcional à magnitude da carga.

 A intensidade do campo é proporcional à densidade de linhas de força.

 As linhas de força nunca se cruzam.

1.6 Linhas de força num campo eléctrico uniforme

Obtemos um campo eléctrico uniforme se colocarmos, paralelamente duas placas electrizadas com
carga eléctrica de sinais contrários. As linhas de forças dirigem-se do ( + ) para o ( – ) e são
paralelas entre si.

Edição: 01/14 v01 6 de 228


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Entre as placas, excepto nas externas, o vector E dirigido da placa positiva para a negativa, tem, em
todos os pontos o mesmo módulo, direcção, sentido.

Figura 6 - Campo eléctrico uniforme

1.7 Linhas de força num campo eléctrico não uniforme

As linhas de força do campo eléctrico não são sempre rectas, como no caso anterior. São
frequentemente curvas, como no caso dos dipólos eléctricos. Estes são formados por duas cargas
pontuais separadas, com a mesma magnitude mas de sinal contrário. O campo eléctrico é mais
intenso na região entre as cargas e na proximidade das cargas.

Figura 7 - Campo eléctrico não uniforme

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1.8 Lei de Coulomb

Coulomb mediu, no ano de 1784, as forças de atracção ou


repulsão que se exercem entre dois corpos electrizados, em
função da distância a que encontram.

Figura 8 - Lei de Coulomb

A força eléctrica de atracção ou repulsão que se exerce entre duas cargas eléctricas localizadas
a uma distância d, é inversamente proporcional ao quadrado da distância dos dois pontos. Essa
força tem a direcção da recta que une os dois pontos.

Coulomb traduziu esta definição por a seguinte expressão:

qa . qb
F  K.
d2

em que:

F - Força que se exerce entre as duas cargas colocadas á distância d, expressa em Newton ( N )

qa , qb - Módulo das cargas eléctricas que criam a interacção - Coulomb ( C )

K - Constante que depende do meio onde se encontram as cargas expressa em ( Nm2C-2 )

No caso da interacção se dar no vazio toma o valor: K vazio = 9  10 9 Nm2C-2

d - Distância entre as cargas qa e qb - Unidade no S.I. - Metro ( m )

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EXERCICIOS RESOLVIDOS

+9 –2
Dados: K vazio = 9,0 x 10 N.m 2.C

1. O corpo Q electrizado positivamente, produz num ponto P o campo eléctrico, com uma intensidade do campo eléctrico
de 2,0x10 5 N/C. Calcule a intensidade da força eléctrica produzida numa carga pontual positiva q de valor 4,0x10 –6 C
colocada em P.

= 2,0 X 10 5 N / C

q = 4,0 x 10
-6
C

= ?

A intensidade da força eléctrica produzida na carga q é de 0,8 N.

2. A carga pontual 1,0x10 –9 C, quando colocada num ponto P de um campo eléctrico, fica sujeita a uma força eléctrica
vertical, sentido para baixo e de intensidade igual a 0,10 N. Caracterize o campo eléctrico no ponto P.

-9
q = 1,0 x 10 C

= 0,10 N

= ?

Para definir o campo eléctrico, visto tratar-se de uma grandeza vectorial, teremos de definir 4 parâmetros: ponto de
aplicação, direcção, sentido e intensidade da grandeza.

Ponto de aplicação - ponto P

Direcção - vertical

Sentido - para baixo

Intensidade = 1,0 x 10 8 N / C

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3. Considere duas cargas pontuais fixas, q1 de - 1,0 C e q2 de 4,0 C situados no vazio à distância de 30 cm. Calcule a
intensidade da força eléctrica que actua entre as cargas.

q1 = - 1,0 x 10 - 6 C

q2 = 4,0 x 10 - 6 C

d = 30 cm = 0,30 m

= ?

A intensidade da força que actua entre as duas cargas é de 0,4 N.

Edição: 01/14 v01 10 de 228


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EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – LEI DE COULOMB

+9 2 –2
Dados: K vazio = 9,0 x 10 N.m .C

1. Num ponto do espaço, o vector campo eléctrico tem intensidade de 3,6.x 10+ 3 N / C. Uma carga de 1,0 x 10 - 5 C
colocada nesse ponto sofre a acção de uma força eléctrica. Calcule a intensidade dessa força.

2. Duas cargas pontuais, positivas e iguais, estão situadas no vácuo e a 2,0 m de distância. A intensidade da força eléctrica
que actua em cada carga é de 0,10 N.

2.1 De que tipo são as forças eléctricas que ocorrem em tal situação.
2.2 Calcule o valor das cargas pontuais.
2.3 Se uma das cargas fosse substituída por uma carga dupla, diga qual era a intensidade da força eléctrica que
actuava em cada uma das cargas.
2.4 Se a distância entre as cargas passasse a ser de 0,5 m, qual seria a intensidade da força eléctrica a actuar em
cada carga.

3. Supondo duas cargas pontuais de sinais opostos ( uma positiva e outra negativa ) com a mesma magnitude.
3.1 Desenhe a orientação das linhas de força do campo eléctrico.
3.2 Considere um ponto P, situado nas linhas de força desenhadas anteriormente. Supondo nesse ponto uma carga
pontual positiva, desenhe a orientação do vector força eléctrica e do vector campo eléctrico nesta carga.

Edição: 01/14 v01 11 de 228


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CAPÍTULO 2 – GRANDEZAS ELÉCTRICAS

2.1 Diferença de potencial

Quando uma carga Q é colocada sob a acção de um campo eléctrico, fica sujeito a uma força capaz
de a deslocar. Poderemos então dizer que, o campo eléctrico possui uma dada energia potencial que
é capaz de realizar trabalho.

A variação desta energia potencial corresponde ao trabalho realizado pelas forças do campo eléctrico
para deslocar uma carga, de um ponto A para um ponto B, a velocidade constante.

WAB  Epot ( A )  Epot ( B ) Joule ( J )

Á variação da energia potencial entre dois pontos do campo eléctrico, por unidade de carga, quando
esta é deslocada pelas forças do campo, dá-se o nome de diferença de potencial. A diferença de
potencial entre os pontos A e B é dado por:

E pot ( A )  E pot ( B ) WAB


U  U AB   ( J/C )  Volt ( V )
q q

A diferença de potencial (abreviadamente d.d.p.) ou tensão representa-se por U. Exprime-se em


Volt (V). O aparelho utilizado para medir a d.d.p. é o voltímetro.

Múltiplo/Submúltiplo Símbolo Valor


6
MegaVolt MV 10
3
KiloVolt kV 10
-3
miliVolt mV 10

Tabela - Múltiplos e submúltiplos da diferença de potencial

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2.2 Medição da diferença de potencial

O voltímetro é um instrumento de medida da diferença de potencial ou tensão. É dotado de duas


pontas de prova de acesso ao exterior, através das quais se pode medir a tensão aos terminais de
uma fonte alimentação de tensão constante ou entre dois quaisquer pontos de um circuito eléctrico.
A ligação de um voltímetro ao circuito é feita em paralelo. O mesmo é dizer que durante a medição o
instrumento constitui um caminho paralelo ao elemento ou circuito a diagnosticar. Um voltímetro ideal
procede à medição da tensão sem absorver qualquer corrente eléctrica, por outras palavras, apresenta
uma resistência interna infinita, característica que garante a não interferência do aparelho no
funcionamento do circuito.

Figura 9 - Símbolo do voltímetro

Edição: 01/14 v01 13 de 228


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EXERCICIOS RESOLVIDOS

1. Considere o seguinte campo eléctrico.

Figura 10 - Campo eléctrico

1.1 Trata-se de um campo eléctrico uniforme ou não uniforme. Justifique.

Campo eléctrico uniforme. As placas encontram-se paralelas entre si.

1.2 Qual é a diferença de potencial ( d.d.p. ) entre as placas A e B ?

UAB = UA – UB = +6 - ( - 1 ) = + 7 V

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – DIFERENÇA DE POTENCIAL

1. Considere dois potenciais diferentes: potencial A = 10 V e potencial B = 12 V. A diferença de potencial AB será de:

 12 V

 -2V

 2V

 10 V

 22 V

Edição: 01/14 v01 14 de 228


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2.3 Corrente eléctrica

Se dispusermos de 2 corpos metálicos electrizados, um corpo A electrizado positivamente e, um corpo


B electrizado negativamente e, os colocarmos perto um do outro entre eles estabelece-se, como já
vimos anteriormente, um campo eléctrico, orientado do corpo A (como potencial mais elevado) para o
corpo B (com potencial mais baixo)

Figura 11 - Campo eléctrico criado pelos dois corpos

Se ligarmos estes dois corpos por um fio metálico, o campo eléctrico “ concentra-se “ no fio e passa a
existir um movimento de electrões de B para A (sentido contrário ao campo eléctrico), pois como o
corpo A esta a um potencial mais elevado terá menos cargas negativas (electrões) que o corpo B. Este
movimento de electrões de B para A , para estabilizar as cargas, terminará quando os potenciais dos

dois corpos forem iguais ( E = 0 ), o que acontece num pequeno espaço de tempo. Neste caso,
dizemos que ocorreu uma corrente eléctrica transitória, pois foi de curta duração.

Figura 12 - Corrente eléctrica transitória

Para se conseguir uma corrente eléctrica permanente é necessário manter durante mais tempo o
campo eléctrico nos condutores, ou seja é necessário manter mais tempo a diferença de potencial.
Isto consegue-se recorrendo a geradores eléctricos. Geradores são aparelhos que transformam
energia não eléctrica em energia eléctrica. Tomemos como exemplos:

 Pilhas - transformam energia química em energia eléctrica.


 Dínamos - transformam energia mecânica em energia eléctrica.
 Células Fotovoltaicas - transformam energia luminosa em energia eléctrica.

Edição: 01/14 v01 15 de 228


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Os geradores criam então uma d.d.p. entre os seus terminais ou pólos (pólo positivo e pólo negativo).
O símbolo do gerador é representado da seguinte forma:

Figura 13 - Símbolo de um gerador ( por exemplo uma pilha )

Então se ligarmos o circuito anterior a um gerador, utilizando fios condutores, como existe uma d.d.p.
(tensão), estabelece-se um campo eléctrico ao longo destes. Este campo durará enquanto o circuito
estiver estabelecido e a corrente diz-se permanente.

Figura 14 - Corrente eléctrica permanente

A corrente eléctrica é o movimento ordenado, contínuo e estável de electrões livres sob o efeito
de um campo eléctrico exterior aplicado a um material condutor.

2.4 Sentido da corrente eléctrica

O sentido do movimento dos electrões, ou por outras palavras, da corrente eléctrica define-se por :

 Sentido real da corrente eléctrica - é o sentido dos potenciais mais baixos para os potenciais
mais altos, ou seja, é o sentido do movimento dos electrões livres.

 Sentido convencional da corrente eléctrica - é o sentido dos potenciais mais altos para os
potenciais mais baixos. É o sentido do campo eléctrico no interior de um condutor. Coincide,
portanto, com o movimento das cargas positivas.

Edição: 01/14 v01 16 de 228


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O sentido utilizado na analise de circuitos eléctricos e electrónicos é o sentido convencional e, foi


convencionado por Ampere.

Figura 15 - Sentido real e sentido convencional da corrente eléctrica

2.5 Intensidade da corrente eléctrica

Existem correntes eléctricas bastantes fortes, capazes de pôr comboios eléctricos em movimento, e
outras fracas, como as das máquinas de calcular.

A força “ intensidade ” de uma corrente eléctrica está relacionada com o n.º


de cargas que passam numa dada secção transversal de um condutor num
certo espaço de tempo.

Figura 16 - Movimento das cargas eléctricas no

intervalo de tempo  t

Quanto maior o n.º de cargas, mais intensa (forte) é a corrente eléctrica. Assim para caracterizar uma
corrente eléctrica definiu-se, a grandeza intensidade de corrente eléctrica.

A intensidade da corrente eléctrica representa-se por I . Exprime-se em Ampére (A). O aparelho utilizado para
medir a intensidade da corrente eléctrica é o amperímetro.

Edição: 01/14 v01 17 de 228


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Tabela - Submúltiplos da corrente eléctrica. Símbolo do amperímetro.

O valor da intensidade de corrente eléctrica é dado pela expressão:

Q
I
t

em que:

I - Intensidade da corrente eléctrica - Ampere (A)

Q - Carga eléctrica que atravessa uma dada secção do condutor - Coulomb (C)

t - Intervalo de tempo - segundo (s)

Apresenta-se na tabela seguinte valores típicos de intensidades nominais de alguns electrodomésticos


(receptores) utilizados no quotidiano dos nossos dias.

Tabela - Valores típicos de intensidade de corrente eléctrica

2.6 Capacidade

A relação Q = I x t proveniente da expressão anterior, permite outra medida da grandeza da carga ou


quantidade de electricidade denominada como capacidade.

Se supusermos invariável a intensidade e igual a um ampere, a quantidade de electricidade


transportada no tempo de uma hora (1h=3600s) será:

Q  I  t  1  3600  3600 C

Esta grandeza designa-se por ampere-hora (Ah). É usual vermos este termo nas baterias dos
automóveis.

Edição: 01/14 v01 18 de 228


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Edição: 01/14 v01 19 de 228


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2.7 Densidade de corrente eléctrica

Em muitas situações práticas, como por exemplo no cálculo de secções de condutores e fios de
bobinas, há necessidade de definir a grandeza densidade de corrente eléctrica (J), que é a intensidade
de corrente por unidade de secção do condutor:

I
J
S
em que:

J - Densidade de corrente eléctrica - (A/m2)

I - Intensidade da corrente eléctrica - (A)

S - Secção transversal do condutor - (m2)

2.8 Formas da corrente eléctrica

A energia eléctrica, sendo utilizada de múltiplas maneiras, pode apresentar-te nos circuitos em
diferentes formas, no entanto as formas mais utilizadas, são:

 Corrente contínua constante - conhecida por corrente contínua (CC ou, DC em inglês )

 Corrente descontínua periódica sinusoidal - conhecida por corrente alternada (CA ou, AC em inglês)

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EXERCICIO RESOLVIDO

1. Durante a carga de uma bateria consome-se uma quantidade de electricidade igual a 360 KC. Supondo que a carga se
fez a uma intensidade de corrente constante de 10 A , quanto tempo demorou a bateria a carregar?

Q = 360 KC = 360 000 C

I = 10 A

t= ?

O tempo de carga é de 36 000 segundos ou 10 horas.

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – INTENSIDADE DE CORRENTE ELÉCTRICA

1. Comente a seguinte afirmação: “Um amperímetro fornecerá leituras correctas se for instalado em série na porção do
circuito onde se pretende conhecer o valor da intensidade de corrente.”

2. Um fio metálico condutor é percorrido durante 2 minutos por uma corrente eléctrica de intensidade 300 mA. Admitindo
que o valor da intensidade de corrente é constante, determine a carga eléctrica que atravessa uma secção transversal
do condutor, nesse intervalo de tempo.

3. Considere um fio condutor percorrido por uma corrente eléctrica cuja intensidade varia com o tempo de acordo com o
gráfico. Calcule a carga eléctrica que atravessa uma secção transversal desse fio entre os instante t=4,0 s e t=12, 0 s.

Figura 17 - Variação da intensidade da corrente eléctrica em função do tempo

Edição: 01/14 v01 21 de 228


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2.9 Resistência eléctrica

2.9.1 Classificação geral dos materiais

A grande variedade de utilizações determina um total conhecimento das características dos


materiais, e do seu comportamento em função do tempo. Os materiais eléctricos dividem-se em:

 Materiais condutores (incluindo nestes os resistentes e bons condutores)


 Materiais isoladores
 Materiais semicondutores
 Materiais magnéticos

Figura 18 - Diagrama dos tipos de materiais eléctricos

Os materiais utilizados em electrotecnia encontram-se no estado sólido, líquido ou gasosos. Em


qualquer dos estados encontramos materiais condutores e materiais isolantes.

 No estado sólido temos por exemplo, o cobre - material condutor; o vidro - material
isolante.
 No estado líquido podemos encontrar, por exemplo o mercúrio - material condutor; óleo
mineral - material isolante.
 No estado gasoso encontramos, por exemplo o ar húmido - material condutor; ar seco -
material isolante.

Os materiais condutores são os que melhor conduzem a corrente eléctrica, ou seja, menor
resistência oferecem à sua passagem. Os valores usuais para a resistividade dos condutores
estão entre  = 10 - 4 e 10 2 .mm2 / m.

Edição: 01/14 v01 22 de 228


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Os materiais isoladores são aqueles que praticamente não conduzem a corrente eléctrica. Os
valores usuais para a resistividade destes materiais estão entre  = 10 14 e 10 26 .mm2 / m.

Os materiais semicondutores apresentam uma condutividade intermédia entre a dos condutores


e a dos isolantes. Os valores usuais da resistividade encontram-se entre  = 10 4 e 10 10 .mm2 / m.

Os materiais magnéticos, embora também sejam algo condutores da corrente eléctrica,


geralmente são estudados com outra finalidade, devido as suas propriedades magnéticas. Estes
materiais, conforme veremos adiante, têm a propriedade de facilitarem o percurso das linhas de
força do campo magnético.

2.9.2 Propriedades e grandezas gerais dos materiais

As propriedades e grandezas dos materiais dividem-se em: eléctricas, mecânicas e químicas.


Veremos de seguida, algumas, das mais importantes, propriedades e grandezas gerais dos
materiais:

1. Maleabilidade - É a propriedade que os materiais têm de se deixar reduzir a chapas. Exemplo:


ouro, prata.

2. Ductilidade - Propriedade dos materiais se deixarem reduzir a fios. Exemplo: ouro, prata, cobre,
alumínio, ferro.

3. Elasticidade - É a propriedade do material retornar á forma inicial, depois de cessar a acção que
lhe provoca deformação. Exemplo: Mola.

4. Fusibilidade - Propriedade dos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção
do calor. Tem interesse conhecer o ponto de fusão de cada material para sabermos quais as
temperaturas máximas admissíveis na instalação onde o material está integrado.

5. Tenacidade - Propriedade dos materiais resistirem à tensão de ruptura, por torção ou


compressão. A tensão de ruptura é expressa em Kg/mm2. Exemplos de materiais tenazes: bronze
silicioso, cobre duro.

Edição: 01/14 v01 23 de 228


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6. Dureza - Propriedades dos materiais riscarem ou se deixarem riscar por outros. Exemplo de
materiais duros: diamante, quartzo.

7. Dilatabilidade - Propriedade que certos corpos têm de aumentarem as suas dimensões sob a
acção do calor.

8. Condutividade térmica - Propriedade que os materiais têm de conduzir com maior o menor
facilidade o calor. Normalmente, os bons condutores eléctricos também são bons condutores
térmicos, o que pode ser uma vantagem ou uma desvantagem. Exemplo de bons condutores
térmicos: prata, cobre.

9. Densidade - A densidade é a relação entre a massa de um corpo e a massa do mesmo volume


de água. O resultado é adimensional.

Exemplo de materiais condutores mais densos (pesados): mercúrio, prata

10. Permeabilidade magnética - Propriedade dos materiais conduzirem com maior ou menor
facilidade as linhas de força do campo magnético. Exemplos: ferro-silício, aço, ferro-fundido.

11. Resistência à fadiga - Valor limite de esforço sobre um material, resultante de repetição de
manobras. Cada manobra vai, progressivamente, provocando o “envelhecimento” das
propriedades do material.

12. Resistência à corrosão - Propriedades dos materiais manterem as suas propriedades químicas,
por acção de agentes exteriores (atmosféricos, químicos, etc.). Esta propriedade tem particular
importância nos materiais expostos e enterrados (linhas, cabos ao ar livre ou enterrados,
contactos eléctricos).

Os materiais combinam-se (uns mais, outros menos) com o oxigénio do ar, originando óxidos.
Estes óxidos, em grande parte dos casos, acabam por destruir os materiais. A este fenómeno dá-
se o nome de corrosão.

Quanto à oxidação, podemos dividir os materiais em dois grupos:

 Cobre, prata, alumínio e zinco - que se oxidam ligeiramente. Esta oxidação é


responsável pela deficiência dos contactos eléctricos.

Edição: 01/14 v01 24 de 228


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 Ferro e aço - onde é importante o fenómeno da corrosão. Esta oxidação dá origem á


destruição completa da estrutura do material.

Edição: 01/14 v01 25 de 228


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2.9.3 Grandezas características dos materiais eléctricos

1. Resistência - É a maior ou menor dificuldade que um corpo apresenta á passagem da corrente


eléctrica. Representa-se por R e a sua unidade no S.I. é o Ohm (Ω).

2.Condutância - É a maior ou menor facilidade que o material oferece á passagem da corrente


eléctrica. Representa-se por G e a sua unidade no Sistema Internacional (S.I.) é o Siemens (S).

3. Resistividade - Grandeza relacionada com a constituição do material. Define-se como sendo a


resistência eléctrica de um material com 1 metro de comprimento e 1 milímetro quadrado de secção.
Exprime-se em .mm2 / m ou em .m. O inverso da resistividade chama-se condutividade.

4. Coeficiente de temperatura - Grandeza que permite determinar a variação da resistência em função


da temperatura. Representa-se por  e expressa a variação duma resistência de 1 Ohm quando a
temperatura varia de 1ºC.

5. Rigidez dieléctrica - É a tensão máxima, por unidade de comprimento, que se pode aplicar aos
isolantes sem danificar as suas características isolantes. Expressa em KV/mm. O material com melhor
rigidez dieléctrica é a mica.

2.9.4 Principais materiais condutores

Os principais materiais eléctricos utilizados para o fabrico de condutores são o cobre, o alumínio e a
prata. Além destes materiais existem ainda ligas condutoras e resistentes com variadíssimas
aplicações, como por exemplo: bronze, latão e o almelec - ligas condutoras; constantan, mailhechort,
manganina, ferro-níquel e o cromo–níquel - ligas resistentes.

Edição: 01/14 v01 26 de 228


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A tabela em baixo resume, para cada um dos principais materiais e ligas condutoras, as principais
propriedades e as aplicações mais usuais.

Condutores Composição Resistividade Coeficiente de Densidade Temp. de Aplicações


e ligas temperatura fusão
.mm2 / m (t= 20º) ( t = 20ºC )
condutoras
º C–1 ( t = 20 ºC ) (ºC)

Cobre macio cobre 0,0172 0,00393 8,89 1080 Condutores,


contactos

Cobre duro cobre + 0,0179 0,0039 8,89 1080 Linhas


aéreas
(estanho ou silício)

Alumínio alumínio 0,0282 0,0040 2,70 657 Cabos e


linhas aéreas

Prata prata 0,016 0,0036 10,50 960 Contactos,


fusíveis

Bronze silicioso cobre + estanho 0,025 0,002 8,90 900 Linhas


aéreas
+zinco + silício

Latão cobre+zinco 0,085 0,001 8,40 640 Contactos,


terminais

Almelec alumínio+ silício 0,0323 0,0036 2,70 660 Cabos, linhas


aéreas
+ magnésio

Mercúrio mercúrio 0,962 0,0009 13,60 - 39 Contactos,


interruptores

Tabela - Materiais condutores e ligas condutoras

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Por análise dos materiais condutores existentes na tabela, podemos tirar, entre outras, as seguintes
conclusões:

 O condutor mais leve é o alumínio.


 A prata é o melhor condutor.
 O material condutor com ponto de fusão mais elevado é o cobre.
 O condutor com menor coeficiente de temperatura é o mercúrio, seguido do latão.

A tabela em baixo resume, para cada um dos principais materiais e ligas resistentes, as principais
propriedades e as aplicações mais usuais.

Materiais Composição Resistividade Coeficiente de Densidade Temp. Aplicações


temperatura Fusão
e ligas .mm2 / m (t= 20ºC) (t = 20ºC)

resistentes º C–1 ( t = 20 ºC ) (º C)

Mailhechort cobre + zinco 0,30 0,0003 8,5 1290 Reóstatos

+níquel

Constantan cobre + níquel 0,49 0,0002 8,4 1240 Resistência


padrão

Manganina cobre + níquel 0,42  0,00002 8,15 910 Resistências


de precisão
+ manganês

Ferro - níquel ferro + níquel 1,02 0,0009 8,05 1500 Resistências


de
+ crómio
aquecimento

Níquel - crómio níquel + crómio 1,04 0,00004 8 1475 Resistências


de
aquecimento

Grafite carvão 0,5 a 4 - 0,0004 2,25 Resistências


para
electrónica

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Tabela – Materiais resistentes e ligas resistentes

Após análise da tabela, podemos concluir o seguinte:

 As ligas resistentes têm todas resistividades elevadas.


 A liga resistente com maior ponto de fusão é o ferro-níquel (daí a sua utilização em aquecimento).
 A manganina tem um coeficiente de temperatura praticamente nulo.
 O carvão tem coeficiente de temperatura negativo.

Embora nas tabelas não estejam indicadas todas as propriedades de cada material, no entanto
podemos compreender, as razões por que cada um deles tem as aplicações indicadas.

Algumas das propriedades em falta foram referidas anteriormente, como sejam: a corrosão, factor
importante na escolha do material para a função e local a instalar; a maleabilidade e a ductilidade, que
determinam quais os materiais que se podem transformar em chapas ou reduzir a fios.

Outras propriedades dos condutores são de salientar:

 O ouro e a prata são os metais mais dúcteis e maleáveis, o que lhes permite facilmente serem
reduzidos a fios e chapas, são no entanto caros.

 O alumínio em contacto com o ar cobre-se de uma camada de óxido, chamado alumina, que o
protege contra a corrosão.

 O cobre também fica revestido por um óxido, chamado azebre, que o protege contra a acção
dos agentes atmosféricos.

2.9.5 Principais materiais isolantes

Os materiais isolantes existem nos circuitos eléctricos sob diversas formas e têm finalidades variadas,
desde proteger pessoas, evitar curtos-circuitos nas instalações, evitar fugas de corrente, etc.

Podem ser subdivididos em sólidos (exemplo: vidro, mica ), líquidos ( xemplo: óleo mineral, verniz) e
gasosos (exemplo: ar, azoto).

Os materiais sólidos e líquidos utilizados para o fabrico de isolantes provém de 3 origens: isolantes
minerais, isolantes orgânicos e isolantes plásticos.

As principais propriedades dos materiais isolantes são indicadas a seguir:

 Resistividade eléctrica
 Rigidez dieléctrica
 Estabilidade térmica
 Temperatura máxima de utilização

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Com a utilização estes tipos de materiais, como quaisquer materiais, envelhecem. Os factores
principais que contribuem para este envelhecimento são:

 Temperatura e húmidade
 Campo eléctrico
 Esforços mecânicos
 Agentes atmosféricos e agentes químicos
 Factor de perdas
 Versatilidade

Para cada aplicação será escolhido o material que melhores condições reúna, de acordo com as
exigências da função. Na tabela que se segue estão resumidas algumas propriedades e aplicações
dos principais materiais isolantes. Pela sua análise, podemos salientar as seguintes conclusões:

 A mica é considerada o material com maior tensão de disrupção.

 O quartzo é o material com maior resistividade eléctrica.

 A mica é o material que apresenta melhor estabilidade térmica.

 O vidro tem uma grande resistência mecânica.

 O papel seco é bom isolante, barato, mas higroscópico (é atacado pela humidade).

 O policloreto de vinilo não é inflamável.

 A porcelana tem a desvantagem de ser porosa (deixa-se infiltrar pela humidade).

 Os materiais orgânicos e os plásticos têm, em relação aos minerais, a grande vantagem de


serem mais flexíveis no seu tratamento e na sua utilização.

 Os isolantes gasosos, como o ar, são baratos.

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Material Resistividade Rigidez Temp. máx. Propriedades Aplicações

M.cm (t= 20ºC) Dieléctrica utilização

KV / mm (ºC)

Mica 7 100-200 500-600 Suporta temperaturas e Suporte para resistências de


10
tensões muito elevadas aquecimento, isolante da lâminas
do colector das máquinas
eléctricas.

Estável ao longo do Base para terminais, isoladores

5 tempo, porosa, para linhas.


Porcelana > 10 35 -
recoberta de esmalte
torna-se impermeável.

Grande resistência Tubos para lâmpadas

6 mecânica. fluorescentes e incandescentes.


Vidro > 10 10-40 200-250

Suporta temperaturas Lâmpadas de vapor de mercúrio.

18 elevadas.
Quartzo > 10 20-30 -

Devem ser isentos de Refrigeração dos transformadores

7 8 impurezas. de alta potência


Óleos 10 -10 10-25 60-200
Incombustíveis.

Resiste a temperaturas Isolante de condutores, apoios

9 elevadas. para resistências.


Amianto 10 3 200-250

Elástica, resistente, Isolador de condutores, luvas,

8 muito sensível a agentes tapetes isoladores.


Borracha 10 20-30 -
exteriores.
natural

Muito flexível. Fios e fitas para cobrir condutores

3 e bobinas de máquinas eléctricas.


Algodão 10 5-10 -

Papel 8 7-8 100 Barato, higroscópico. Isolante dos cabos subterrâneos.


10
impregnado

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Outros Ebonite, verniz, cartão, madeira.

Resistente à acção solar Suporte de enrolamentos, caixas

18 e dos ácidos. Grande para TV e rádio, isolamento de


Polietileno 10 40 60-80
resistividade. condutores.

Policloreto de 2 5 30-50 170-105 Não é inflamável. Isolamento de condutores, fabrico


10 -10
vinilo Resistente às acções de tubos.
químicas.

Poliestireno 10 55 80-90 Resina sintética, Fabrico de placas e caixas com


10
facilmente moldável. alto poder isolante.

Resina epóxi 9 10 20-45 80-120 Pode ser facilmente Pára-raios, caixa para cabos.
10 -10
moldada, produzindo
(araldite)
diversos aparelhos e
peças.

Resina fenólica 12 10-20 120 Inalterável aos agentes Fabricação de peças para
> 10
exteriores. Grande aparelhagem eléctrica.
(baquelite)
resistividade.

Ar 8 3 Sem limite Barato. Humidifica com Como isolante natural na extinção


10
facilidade. do arco eléctrico em aparelhagem
de protecção.

Outros Azoto e hexafluoreto de enxofre.

Tabela - Materiais isolantes

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EXERCICIOS RESOLVIDOS

1. Como podem ser classificados os materiais utilizados na industria eléctrica.

Os materiais utilizados na industria eléctrica podem ser classificados em: materiais condutores ( onde se encontram os bons
condutores e os resistentes ), materiais isolantes, materiais semi - condutores e materiais magnéticos.

2. Defina maleabilidade e ductilidade.

Maleabilidade é a propriedade que os materiais têm de se deixar reduzir a chapas. A ductilidade é


propriedade dos materiais se deixarem reduzir a fios. Como exemplos temos o ouro e a prata que são
os metais mais dúcteis e maleáveis, o que lhes permite facilmente serem reduzidos a fios e chapas.

–1
3. Explique o significado da seguinte afirmação :“O Coeficiente de temperatura do alumínio é 0.004 º C ”.

Esta afirmação significa que uma resistência de 1  de alumínio varia 0,004  quando a temperatura varia 1º C.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS MATERIAIS

1. Descreva, sucintamente, a diferença entre condutância e resistência eléctrica e, refira qual a unidade, no sistema
internacional ( S.I. ), em que cada uma se expressa.

2. Os materiais resistentes são caracterizados pelo seu muito baixo coeficiente de temperatura. Defina coeficiente de
temperatura.

3. Comente a seguinte afirmação: “ O cobre é tenaz, dúctil e maleável. ”.

4. Classifique as seguintes frases em verdadeiro e falso e, corriga convenientemente as falsas.

a) A ductilidade é a propriedade dos materiais se deixarem reduzir a fios.

b) Os materiais resistentes são seleccionados pela sua baixa resistividade.

c) Os óleos minerais são utilizados para refrigeração dos enrolamentos dos transformadores de baixa potência.

d) Duas propriedades dos materiais resistentes são a sua grande resistividade e o seu baixo coeficiente de temperatura

e) A fusibilidade é a propriedade de certos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção do calor.

f) A maleabilidade é a propriedade dos materiais se reduzirem a chapas

g) A dureza de um material é a propriedade dos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção do
calor.

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2.10 Definição de resistência eléctrica

Consideremos 2 circuitos eléctricos simples, 1 e 2, que apenas diferem nos condutores metálicos M
e N.

Figura 19 - Circuitos eléctricos

Se os amperímetros registarem valores diferentes, então, a intensidade de corrente no circuito 1 (I1) é


diferente da intensidade do circuito de corrente no circuito (I2).

Sendo I1  I2 é porque num determinado espaço de tempo, o número de cargas que atravessa uma
dada secção transversal do circuito 1 é diferente do que atravessa o circuito 2. Esta diferença deve-se,
exclusivamente, aos condutores M e N, pois são os únicos elementos diferentes nos dois circuitos.

Então, os condutores M e N oferecem diferentes oposições - resistências - ao movimento das cargas


eléctricas.

Para uma mesma diferença de potencial aplicada a vários condutores, quanto maior for a
resistência do condutor, menor será a intensidade de corrente que o percorre.

Para caracterizar esta oposição á passagem da corrente eléctrica definimos a grandeza Resistência
eléctrica.

A Resistência eléctrica representa-se por R. Exprime-se em Ohm (). O aparelho utilizado para medir a
resistência eléctrica é o ohmímetro.

Múltiplo Símbolo Valor

3
KiloOhm K 10
6
MegaOhm M 10

Edição: 01/14 v01 34 de 228


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Tabela - Múltiplos da resistência eléctrica

A expressão matemática que define a resistência eléctrica é a seguinte:

U
R
I

em que:

R - Resistência eléctrica - Ohm ()

U - Tensão ou diferença de potencial - Volt (V)

I - Intensidade da corrente eléctrica - Ampere (A)

2.11 Factores que afectam a resistência de um condutor

RESISTIVIDADE

A resistência de um condutor com uma secção uniforme é dependente do material, é directamente


proporcional ao comprimento e inversamente proporcional à área de secção, ou seja:

L
R .
S

onde:

R - Resistência eléctrica - ()

ρ - Resistividade do material (lê-se “ ró ”) - (.mm2/m)

L - Comprimento - (m)

S - Área de secção - (m2) Figura 20 - Condutor onde se representa a secção e o

comprimento

A resistividade é assim uma grandeza relacionada com a constituição do material. Define-se como
sendo a resistência eléctrica de um material com 1 metro de comprimento e 1 milímetro quadrado de
secção. Exprime-se em .mm2 / m ou em .m.

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Um bom condutor possui uma resistividade da ordem dos 10 - 4 mm2 /m e, os materiais com resistividades
superiores a 10 14 .mm2 /m são designados por isolantes.

Condutores Tipo de Resistividade Densidade Temp. de Aplicações


e ligas material fusão
.mm2 / m (t= 20º) ( t = 20ºC )
condutoras
(ºC)

Cobre macio condutor 0,0172 8,89 1080 Condutores, contactos

Alumínio condutor 0,0282 2,70 657 Cabos e linhas aéreas

Níquel - resistente 1,04 8 1475 Resistências de


crómio aquecimento

Grafite Resistente 0,5 a 4 2,25 Resistências para


electrónica

Tubos para lâmpadas


Vidro isolante > 106 -
fluorescentes e
incandescentes.

Tabela - Tipos de materiais e suas características

_________________________________________________________________________________
(
No sistema internacional ( S.I.) a unidade da resistividade é .m , onde a secção é expressa em m2. Para secções expressas em
2 2
mm a resistividade assume a unidade .mm / m.

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COEFICIENTE DE TEMPERATURA

Apesar de materiais diferentes terem resistividades diferentes, verifica-se que para cada material a
resistividade depende da temperatura e, portanto a resistência dos condutores também depende
da temperatura.

O coeficiente de temperatura traduz a variação que sofre uma resistência de 1 , do material considerado,
quando a temperatura aumenta 1º C.

A lei de variação da resistividade e da resistência com a temperatura são, respectivamente:

R 2  R 1 .1  .T2  T1 

 2  1 .1  .T2  T1 

onde:

ρ2 - Resistividade do material á temperatura T2 (temperatura mais alta) - (.m)

ρ1 - Resistividade do material á temperatura T1 (temperatura mais baixa ) - (.m)

 - Coeficiente de temperatura - (ºC- 1 )

T2 - Temperatura mais alta - (ºC)

T1 - Temperatura mais baixa - (ºC)

R2 - Resistência do material á temperatura T2 (temperatura mais alta) - ()

R1 - Resistência do material á temperatura T1 ( temperatura mais baixa ) - ()

As expressões que caracterizam as leis de variação de resistividade com a temperatura e de


resistência com a temperatura são idênticas, uma vez que a resistência de um material condutor é
proporcional à sua resistividade.

Os valores de R2 e 2 são sempre os valores finais, quer tenha havido um aumento de temperatura quer
tenha diminuído a temperatura, em relação à temperatura ambiente de 20ºC.

Edição: 01/14 v01 37 de 228


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Há substâncias para as quais  é positivo, isto é, a resistividade e portanto a resistência


aumentam com a temperatura - é o caso dos metais; para outras substâncias  é negativo e então a
resistividade e a resistência diminuem quando a temperatura aumenta - é o caso dos líquidos e
gases condutores.

-1
Material Coef. de temperatura (ºC )

(t = 20ºC)

Prata 0.0036
Cobre 0.00393

Alumínio 0.004

Manganina  0,00002

Grafite - 0.0004

Tabela - Coeficientes de temperatura

Ao verificarmos a tabela dos coeficientes, reparamos que a grafite apresenta um coeficiente de


temperatura negativo, o que quer dizer que a resistência deste material diminui com o aumento da
temperatura, enquanto que nos restantes a resistência aumenta.

CONSEQUÊNCIAS DA VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA COM A TEMPERATURA

A variação da resistência dos materiais com a temperatura tem, algumas consequências, que, nuns
casos, podem ser consideradas inconvenientes e noutros como aplicações. De seguida serão
apresentados alguns exemplos.

Escolha de materiais para resistências de precisão

Todo o aparelho de medida ou de protecção, etc. é construído tendo em vista a obtenção de uma
determinada precisão, que depende da função do aparelho, ou seja, da tarefa que vai desempenhar.
Assim, temos aparelhos de elevada precisão, média precisão e baixa precisão. O mesmo se passa
com as resistências eléctricas.

Edição: 01/14 v01 38 de 228


Fundamentos de Electricidade

Assim, para construir resistências de precisão, devem utilizar-se materiais que tenham um coeficiente
de temperatura baixo, de modo que a resistência pouco varie com a temperatura. Os materiais mais
aconselhados para o fabrico destas resistências são o constantan e a manganina.

Variação da resistência dos enrolamentos das máquinas eléctricas

A passagem de correntes elevadas nos enrolamentos das máquinas eléctricas provoca um aumento
considerável da sua temperatura (a temperatura não deve ultrapassar os 70 a 90 ºC).

Este aumento de temperatura provoca, contudo, um aumento considerável da resistência dos seus
enrolamentos, que pode atingir +25%. Além da alteração das características da máquina, este
aumento de resistência provoca também um aumento das perdas energéticas.

Funcionamento das lâmpadas de incandescência

A temperatura do filamento das lâmpadas de incandescência chega a atingir 2000 a 3000 ºC. Este
aumento considerável da temperatura provoca um aumento significativo da resistência do filamento da
lâmpada, de tal forma que a resistência a quente pode ser 10 ou mais vezes mais elevada que a
resistência a frio (temperatura ambiente). Deste modo, ao ligar umas destas lâmpadas, a intensidade
instantânea é cerca de 10 vezes maior que a intensidade estabilizada, o que pode constituir um grande
inconveniente.

Com efeito, se ligarmos simultaneamente um número elevado destas lâmpadas, a intensidade será tão
elevada que provocará o disparo dos aparelhos de protecção. Nestas situações, as lâmpadas devem
ser ligadas por sectores, em número mais reduzido e progressivamente.

2.12 Resistência eléctrica (componente)

As resistências são componentes eléctricas passivas onde a tensão aplicada aos seus terminais é
proporcional à intensidade de corrente que a percorre.

Figura 21 - Símbolo das resistências

Edição: 01/14 v01 39 de 228


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O ohmímetro é um instrumento que permite medir a


resistência eléctrica de um elemento. A medição da
resistência de um elemento é efectuada colocando em
paralelo o instrumento e o componente.

Esta medição baseia-se na aplicação da Lei de Ohm: o


ohmímetro injecta no elemento uma corrente pré-
estabelecida, mede a tensão aos terminais e efectua o
cálculo da resistência. No entanto, para que a medição seja
correcta, é necessário que o elemento a medir se encontre devidamente isolado de outros
componentes do circuito, e em particular da massa através do corpo humano. Deste modo evita-se
que o circuito envolvente retire ou injecte no elemento corrente distinta daquela aplicada pelo
ohmímetro. O isolamento eléctrico pode ser obtido de duas maneiras distintas: desligando o
componente em questão do resto do circuito, ou colocando pelo menos um dos seus terminais no ar. O
ohmímetro também pode ser utilizado na identificação de caminhos em curto-circuito ou em circuito
aberto.

 Pontos em curto circuito são identificados através da medição de uma resistência relativamente
pequena ou nula entre os pontos medidos.

 Pontos em circuito aberto corresponde à medição de resistências elevadíssimas.

Figura 23 - Medição da resistência utilizando o ohmímetro. Símbolo do ohmímetro

Edição: 01/14 v01 40 de 228


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2.13 Classificação das resistências

Qualquer receptor tem resistência eléctrica. Há, inclusivamente, receptores, que acabamos de estudar,
que têm o nome de “resistências eléctricas” e que são bastante utilizadas em montagens eléctricas e
nos mais diversificados circuitos e aparelhagens.

Chama-se a atenção para não se criar a confusão entre a grandeza “resistência eléctrica” com o
receptor “resistência eléctrica”.

2.14 Características fundamentais

Resistência nominal - Valor marcado na resistência , não corresponde ao valor real.

Tolerância - Afastamento máximo entre o valor real e valor nominal. Exemplo: 1000Ω +- 5 %

1000 – ( 0,05 x 1000 ) = 950 Ω

1000 + ( 0,05 x 1000 ) = 1050 Ω

Edição: 01/14 v01 41 de 228


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Potência nominal - Máxima potência que a resistência pode dissipar em funcionamento normal, sem
que sofra destruição ou alteração irreversível das suas características. Exprime-se em Watts.

Tensão nominal - Tensão contínua correspondente á dissipação nominal e á resistência nominal.

Intensidade nominal - Intensidade contínua correspondente á dissipação nominal e á resistência


nominal.

Temperatura nominal - Temperatura ambiente a que se define a potência nominal.

Temperatura máxima de funcionamento - Máxima temperatura ambiente na qual a resistência pode


funcionar sem que sofra destruição ou alteração irreversível das suas características. A dissipação de
uma resistência diminui a medida que aumenta a temperatura ambiente.

Tensão máxima de funcionamento - É a máxima tensão contínua ou alternada eficaz suportada pela
resistência de forma contínua à temperatura nominal de funcionamento.

Coeficiente de temperatura - Variação do valor da resistência com a temperatura.

Estabilidade - Medida da variação relativa do valor da resistência em função do tempo de


funcionamento. Depende do tipo de tecnologia de fabricação.

Ruído - Quando aos terminais de uma resistência está aplicada uma tensão, gera-se uma tensão
parasita de ruído. Este pode ter duas origens :

 Ruído branco ou ruído Johnson devido á agitação térmica dos electrões


 Ruído de corrente provocado pela passagem da corrente

Edição: 01/14 v01 42 de 228


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2.15 Identificação das resistências. Código de cores

O processo utilizado para a marcação dos valores nas resistências é o código de cores, sendo este
representado por anéis pintados no corpo da resistência. Habitualmente são usados 4 ou 5 anéis,
dependendo da tolerância do componente, e a forma correcta de ler o valor é colocando a
resistência com os 3 (ou 4) anéis agrupados para o lado esquerdo e o anel que está separado (o
último = 4º ou o 5º), para a direita. Os anéis que estão agrupados indicam o valor nominal e que
está separado indica a tolerância.

Código de cores de 4 anéis: Lendo na posição correcta, as duas primeiras cores dão-nos os dois
primeiros algarismos do valor, enquanto que a terceira cor indica o coeficiente multiplicador (ou
número de zeros) que teremos de aplicar aos dois primeiros algarismos.

Código de cores de 5 anéis: Idêntico ao de 4 cores, mas neste caso são as três primeiras cores
que nos dão os três algarismos do valor, sendo a quarta cor o multiplicador. O último anel é
sempre, como já foi referido, o valor da tolerância.

Figura 24 - Aspecto dos anéis numa resistência

DÍGITOS MULTIPLICADOR TOLERÂNCIA

Preto 0 Preto 100 - -

Castanho 1 Castanho 101 Castanho ±1%

Vermelho 2 Vermelho 102 Vermelho ±2%

Laranja 3 Laranja 103 Laranja ± 0,05 %

Amarelo 4 Amarelo 104 - -

Verde 5 Verde 105 Verde ± 0,5 %

Azul 6 Azul 106 Azul ± 0,25 %

Violeta 7 Violeta 107 Violeta ± 0,1 %

Cinzento 8 Cinzento 108 - -

Branco 9 Branco 109 - -

Prateado 10-2 Prateado ± 10 %

Dourado 10-1 Dourado ±5%

- Nenhuma ± 20%

Tabela - Código de cores das resistências

Edição: 01/14 v01 43 de 228


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Desta forma se analisarmos uma resistência com o código de cor Castanho, Preto, Laranja, Dourado
temos:

Figura 25 - Resistência com 4 faixas ou anéis de cor

O valor real da resistência está compreendido entre 10 000  5% , ou seja:

10 000 – ( 0.05 x 10 000 ) = 9 500 

10 000 + ( 0.05 x 10 000 ) = 10 500 

Se por outro lado, tivermos uma resistência com o código de cor Amarelo, Violeta, Preto, Vermelho,
Castanho teremos:

Figura 26 - Resistência com 5 faixas ou anéis de cor

O valor real da resistência está compreendido entre 47 000  ( 1%) , ou seja:

47 000 – ( 0.01  47 000 ) = 46 530 

47 000 + ( 0.01  47 000 ) = 47 470 

Edição: 01/14 v01 44 de 228


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EXERCICIOS RESOLVIDOS

1. Uma lâmpada de incandescência tem um filamento de tungsténio com comprimento de 70 mm e 0,075 mm de diâmetro.
Pretende-se saber qual a sua resistência óhmica. A resistividade do tungsténio à temperatura de 20ºC é ρ20ºC = 0,056
.m.

L = 70 mm = 0,070 m

d = 0,075 mm

ρ 20ºC = 0,056 .m = 0,056 x 10 - 6 .m

A secção de um condutor cilíndrico é dada por:

.d 2 3.14  0,075 2


S   S  0,0044 mm 2  0,0044 10  6 m 2
4 4

Cálculo da resistência, R :

L 0,070
R  .  0,056 10 6 .  R  0,891 
S 0,0044 10 6

A resistência da lâmpada de incandescência é de 0,891 .

2. Quando se liga a lâmpada do exercício anterior, o filamento atinge quase instantaneamente uma temperatura elevada de
2200ºC. Sabendo que o coeficiente de temperatura do tungsténio a 20ºC é  20ºC = 0,005 º C - 1, calcule o valor da
resistência e da resistividade a 2200 ºC.

R 20ºC = 0,891 e  20ºC = 0,005 º C - 1

Cálculo da resistência a 2200 ºC.

R 2  R 1 .1  .T2  T1   0,891 .1  0,005 .2200  20   10,6 

Cálculo da resistividade a 2200ºC.

 2  1 .1  .T2  T1   0,056 10 6.1  0,005.2200  20  6,66 10 7 .m

A medida que a temperatura aumenta a resistência também aumenta, factor previsível uma vez que o tungsténio
apresenta um coeficiente de temperatura positivo. Relativamente, à resistividade esta também aumentará, uma vez que
é proporcional à resistência do material.

Edição: 01/14 v01 45 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – RESISTÊNCIA ELÉCTRICA

 (cobre) = 0,0176 .mm / m


2
Dados: T = 20ºC

 (cromoníquel) = 1,04 .mm / m


2
T = 20ºC

 (alumínio) = 0,0282 .mm / m


2
T = 20ºC

 (cobre) = 0,004 ºC
-1

 (alumínio) = 0,00391 ºC
-1

 (Tungsténio) = 0,005 ºC
-1

1. Qual a quantidade de fio necessário de um fio de cromo-níquel, de 0,5 mm de diâmetro para se obter uma resistência de
220  à temperatura de 20 ºC.

2. Determine a resistência de um condutor de alumínio de secção circular com 100 m de comprimento e 1,626 mm de
diâmetro, à temperatura de 20 ºC.

3. Um fio metálico apresenta, à temperatura de 20º C, uma resistência de 200 , e à temperatura de 70º C toma o valor de
240 . Calcule o valor do coeficiente de temperatura do material do fio.

4. Mediu-se a resistência de um fio desconhecido, com 15,46 m de comprimento e 0,3 mm de diâmetro e registou-se um
valor de 3,5 . Qual é a resistividade do fio ? A que metal corresponde?

NOTA: Os dados inseridos na tabela referem-se à temperatura de 20 ºC.

Tabela 7 - Resistividades de materiais à temperatura de 20 ºC

5. Um condutor de cobre tem um comprimento de 10 Km e 0,1 cm2 de secção. Determine à temperatura de 20ºC.

5.1 A resistência do condutor à temperatura indicada.


5.2 A resistência do condutor se o diâmetro aumentasse para o dobro.
5.3 A resistência à temperatura de 70ºC.

6. Uma lâmpada com filamento de tungsténio é alimentada a uma diferença de potencial de 120 V, sendo a intensidade de
corrente eléctrica que a percorre de 0,5 A. A temperatura do filamento é de 2600º C. Determine a resistência deste
filamento à temperatura de 20 ºC.

Edição: 01/14 v01 46 de 228


Fundamentos de Electricidade

2.16 Condutância eléctrica

A resistência é como vimos, a oposição que um material oferece é passagem da corrente eléctrica. O
inverso da resistência designa-se por condutância.

Para uma mesma diferença de potencial aplicada a vários condutores, quanto maior for a
condutância do condutor, maior será a intensidade de corrente que o percorre.

A Condutância eléctrica representa-se por G . Exprime-se em Siemens (S).

O valor da condutância eléctrica é dado pela expressão:


1
G
R

em que:

G - Condutância eléctrica - (S)

R - Resistência eléctrica - ()

Edição: 01/14 v01 47 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 3 – LEI DE OHM, POTÊNCIA E ENERGIA

3.1 Circuito eléctrico. Constituição e função de cada elemento

Consideremos um circuito hidráulico constituído por dois reservatórios colocados a níveis diferentes e
ligados, por um lado, através de uma bomba e, por outro, por uma turbina.

Se ligarmos os dois pólos do gerador através de um condutor eléctrico, inserindo um interruptor e um


pequeno motor, constatamos que se passa algo idêntico ao que se verifica no circuito hidráulico.

Figura 27 - Circuito hidráulico (à esquerda) e circuito eléctrico (à direita)

Vejamos a analogia com um circuito eléctrico:

A função da bomba é a de manter a diferença do nível da água nos dois reservatórios, deslocando a
água do reservatório B para o reservatório A.

A função do gerador também consiste em manter uma diferença de potencial aos seus terminais,
deslocando, para isso, os electrões no seu interior do pólo positivo para o pólo negativo. O gerador,
devido à diferença de potencial nos seus terminais, provoca um deslocamento dos electrões do seu
pólo negativo para o pólo positivo, através do motor.

O sentido de deslocamento dos electrões designa-se por sentido real da corrente, como vimos
anteriormente. Contudo, está convencionado que no exterior dos geradores a corrente eléctrica tem o
sentido do pólo positivo para o pólo negativo, sentido convencional.

Designaremos por circuito eléctrico o conjunto de componentes eléctricos ligados de forma a


possibilitarem o estabelecimento de uma corrente eléctrica através deles.

Edição: 01/14 v01 48 de 228


Fundamentos de Electricidade

É evidente que um circuito eléctrico para funcionar terá de ser fechado, caso contrário não haverá
passagem de corrente.

a) O circuito está em aberto quando não há passagem de corrente (I=0).


b) O circuito está fechado quando há passagem de corrente (I0).

a) b)

G G

Figura 28 - Circuito aberto e circuito fechado

As três grandezas eléctricas estudadas vão ter um papel fundamental no circuito eléctrico. Elas estão
sempre interligadas, sendo a lei de Ohm, que iremos estudar muito brevemente, um meio
importantíssimo para quantificar a sua evolução. Uma não faz sentido sem as outras, se quisermos ter
um circuito a funcionar bem. Analisemos:

 A diferença de potencial ou tensão  é necessária, porque sem ela não conseguimos ter
corrente eléctrica.

 A intensidade de corrente  é ela que, ao atravessar os receptores, os vai pôr em


funcionamento.

 A resistência eléctrica  está sempre presente num circuito e existe fundamentalmente nos
receptores, reduzindo a corrente eléctrica a valores adequados para bom funcionamento
destes.

Existe uma grande diversidade de circuitos eléctricos, não só quanto ao número e variedade de
elementos constituintes mas também quanto à finalidade do próprio circuito. Existem, portanto,
circuitos eléctricos mais simples e circuitos eléctricos mais complicados.

Por exemplo, nas nossas casas, temos diferentes circuitos eléctricos, os quais partem do Quadro
Eléctrico:

 Circuitos de iluminação,
 Circuitos para tomadas (ditas normais),
 Circuitos para máquinas de lavar,
 Circuitos para o fogão, etc.

Edição: 01/14 v01 49 de 228


Fundamentos de Electricidade

No laboratório, podemos montar os nossos próprios circuitos, diferentes uns dos outros.

Os elementos de um circuito eléctrico são:

 Gerador ou fonte de alimentação


 Condutores e isoladores eléctricos
 Aparelhos de protecção
 Aparelhos de comando e corte
 Aparelhos de medida e contagem
 Aparelhos de regulação
 Receptores eléctricos.

Figura 29 - Circuito eléctrico e seus elementos constituintes

LEGENDA DO CIRCUITO ELÉCTRICO:

G  Gerador de corrente contínua A  Amperímetro

F  Fusível W  Wattímetro

K  Interruptor RV  Resistência variável (Reóstato)

V  Voltímetro L  Lâmpada

CONCEITO DE SOBREINTENSIDADE, SOBRECARGA E CURTO CIRCUITO

Diz-se que um elemento de um circuito está sujeito a uma sobreintensidade quando a intensidade da
corrente que passa através dele ultrapassa em muito o valor normal de funcionamento, chamado de
valor nominal, facto este que resulta sempre de uma avaria, defeito ou operação errada no circuito.
Uma das causas mais frequentes de sobreintensidades é o curto circuito.

Edição: 01/14 v01 50 de 228


Fundamentos de Electricidade

Diz-se que há um curto circuito quando existe uma diminuição brusca da resistência, para valores
próximos de zero, entre dois pontos sob tensões diferentes. Na figura seguinte temos uma
representação de uma situação em que se verifica um curto-circuito entre os pontos A e B, o que
originará uma resistência quase nula, logo uma corrente bastante elevada.

Figura 30 - Circuito eléctrico representando um curto-circuito entre os pontos AB

Diremos que se verifica uma sobrecarga quando os valores normais do circuito são excedidos por
virtude de uma maior solicitação em potência.

3.2 Lei de Ohm

Consideremos um condutor eléctrico ligando dois pontos a potenciais diferentes, vamos observar uma
determinada corrente eléctrica através desse condutor. Essa corrente é proporcional à tensão aplicada
ou seja, duplicar a tensão corresponde a duplicar a corrente.

O físico alemão Georg Simon Ohm estabeleceu uma lei que relaciona a intensidade de corrente, a
diferença de potencial e a resistência.

Há condutores em que a diferença de potencial (U) aplicada nos seus extremos é, para uma dada
temperatura, directamente proporcional à intensidade de corrente (I) que os percorre.

Esta lei, designa-se por Lei de Ohm.

Atendendo à definição de resistência de um condutor podemos concluir que: um condutor em que se


verifique a lei de ohm tem resistência constante. Tais condutores dizem-se óhmicos e estão
nestas condições os condutores metálicos. Podemos assim estabelecer a lei de ohm:

U
 CONSTANTE  R
I

Edição: 01/14 v01 51 de 228


Fundamentos de Electricidade

Se estabelecermos uma representação gráfica para os condutores óhmicos, e não óhmicos teremos:

Figura 31 - Condutores óhmicos (à esquerda) e condutores não óhmicos (à direita)

Exemplos de condutores óhmicos são, como já vimos anteriormente, os condutores metálicos. Para o
caso dos condutores não óhmicos tomemos como exemplo alguns componentes usados na electrónica
- díodos e transístores.

Edição: 01/14 v01 52 de 228


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EXERCICIOS RESOLVIDOS

1. Os gráficos apresentados na figura traduzem o comportamento de dois condutores, durante a realização de uma
experiência, em que a temperatura se manteve constante.
Seleccione de entre as seguintes proposições as verdadeiras.

Figura 32 - Comportamento de dois condutores onde T=K.

A – A intensidade de corrente que percorre o condutor A é directamente proporcional á d.d.p. aplicada


nos seus extremos.

B – O condutor A quando submetido à d.d.p. de 10 V tem uma resistência de 25 .

C – A resistência do condutor B aumenta à medida que a d.d.p. nos seus terminais aumenta.

D – Para que a intensidade de corrente que percorre o condutor A seja de 1 A é necessário que a d.d.p. nos seus
extremos seja de 25 V.

E – O valor da resistência do condutor B quando a intensidade de corrente eléctrica é de 0,4 A é de 20 .

Resposta e justificação às questões:

A – Verdadeira. Pela visualização do gráfico podemos inferir que se trata de um condutor óhmico.

B – Verdadeira. Aplicando a lei de Ohm temos que:

U 10
R   25 
I 0,4

C – Falsa. A resistência do condutor B diminui com o aumento da d.d.p. aos seus terminais.

U 20 U 30
R   50  R   25 
I 0,4 I 1,2

D – Verdadeira. Aplicando, novamente, a lei de Ohm virá:

E – Falsa. A resistência do condutor B para I = 0,4 A é de 50  como calculado na alínea C.

Edição: 01/14 v01 53 de 228


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EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – LEI DE OHM

1. A uma dada resistência R foram aplicadas diversos valores de d.d.p., tendo-se obtido os valores indicados na tabela

U(V) I ( mA ) R ( K)

10 2 C

A 4 5

40 B 5

Tabela - Aplicação da lei de Ohm

1.1. Complete a tabela ( Apresente os cálculos ).


1.2. Qual a Lei definida pela tabela. Represente-a graficamente através da tabela.

2. Uma resistência de carvão de 4,7 K é percorrida por uma corrente de 5 mA. Qual a diferença de potencial que existe
entre uma das extremidades da resistência e o seu ponto médio?

3. No laboratório possuímos uma pequena lâmpada que deve funcionar com uma tensão de 6V e uma corrente de 4 mA. O
objectivo será ligar esta lâmpada na bateria de um automóvel que possui uma tensão de 12 volts. Se esta lâmpada for
ligada directamente na bateria queimará, sendo necessário colocar um resistência para limitar a corrente e a tensão
sobre a mesma, conforme o esquema da figura 3. Calcule o valor desta resistência limitadora?

Figura 33 - Circuito em analise

Edição: 01/14 v01 54 de 228


Fundamentos de Electricidade

3.3 Potência eléctrica

Um mesmo trabalho - por exemplo, extrair água de um poço - pode ser realizado por dois motores em
condições muito distintas, se nomeadamente um deles o efectuar em 5 minutos enquanto o outro
demorar 1 hora. Diremos, naturalmente, que os dois motores são diferentes. No entanto, o trabalho
realizado pelos dois motores é exactamente o mesmo. O que vai distinguir um motor do outro é a sua
capacidade para realizar o mesmo trabalho, conforme o tempo o tempo que necessita.

Diremos que o primeiro motor é mais potente que o segundo.

Quanto maior a potência de um receptor eléctrico, maior será a capacidade deste realizar trabalho.

A potência eléctrica representa-se por P. Exprime-se em Watt (W). O aparelho utilizado para medir a
potência eléctrica é o Wattímetro.

Múltiplo/Submúltiplo Símbolo Valor


+3
KiloWatt KW 10
-3
miliWatt mW 10

Tabela - Múltiplos e submúltiplos da potência eléctrica

No caso de dispormos de um receptor eléctrico, designamos por potência eléctrica o produto:

P  UI

em que:

P - Potência eléctrica - Watt (W)

U - Tensão ou diferença de potencial - Volt (V )

I - Intensidade da corrente eléctrica - Ampere (A)

Podemos ainda relacionar a potência eléctrica com a resistência, da seguinte forma:

Substituindo U = RxI (Lei de Ohm), na expressão anterior:

P  R  I2

E, substituindo I = U/R , na mesma expressão:

U2
P
R

onde: R - Resistência eléctrica - Ohm (  )

Edição: 01/14 v01 55 de 228


Fundamentos de Electricidade

Todos os aparelhos têm uma pequena placa onde está escrita a sua potência, normalmente expressa
em Watt (W). Também pode estar expressa em kW (1000W = 1kW = 1kVA).

A potência total que chega a nossa casa é contratada à empresa fornecedora de energia eléctrica,
sendo controlada por meio de um disjuntor regulado para essa potência. Quando a soma das
potências de vários aparelhos ligados ao mesmo tempo excede a potência contratada, o disjuntor
interrompe automaticamente a corrente eléctrica. Além disso, o disjuntor é fundamental para assegurar
a protecção da instalação eléctrica contra curto-circuitos.

A potência a contratar deverá ter em consideração a potência dos aparelhos eléctricos que utilizamos
no dia a dia, como também devemos ter em conta que nem todos eles vão funcionar ao mesmo tempo.
Assim, seleccionamos os aparelhos que poderão funcionar simultaneamente para encontrar a potência
adequada ao seu caso.

Até 41,4 KW ou 41,4 KVA poderemos optar pelas seguintes potências:

Figura 34 - Potências contratáveis até 41,4 KW (41,4 KVA).

3.4 Energia eléctrica

É usual dizer-se que um corpo (ou um sistema de corpos) possui energia sempre que possa fornecer
trabalho ou calor. Existem diferentes formas de energia (mecânica, térmica, química, eléctrica,
nuclear), assim como várias fontes de energia (solar, materiais nucleares, o vento, a água em
movimento).

No caso de um receptor eléctrico, quanto maior a potência de um receptor eléctrico, maior será a
capacidade deste produzir trabalho, mas também maior quantidade de energia eléctrica ele
consumirá.

Por exemplo: uma lâmpada de maior potência que outra do mesmo tipo dá mais luz, mas também
consome mais energia.

Edição: 01/14 v01 56 de 228


Fundamentos de Electricidade

A energia eléctrica representa-se por W. Exprime-se em Joule (J). O aparelho que possibilita a leitura
directa da energia eléctrica é o contador de energia.

Múltiplo Símbolo Valor

+3
KiloJoule KJ 10

Tabela - Múltiplos da energia eléctrica [unidade S.I]

A energia perdida ou adquirida por um sistema é dada pelo produto da potência pelo tempo, ou seja:

W=P.t

onde:

W - Energia eléctrica - Joule ( W ) ou Watt.s ( W.s )

P - Potência eléctrica - Watt ( W )

t - Tempo - segundo( s )

A unidade da energia no sistema internacional é o Joule sendo 1 Joule = 1 Watt x 1 segundo (1 W.s).

No entanto, a unidade de energia eléctrica utilizada nas redes de produção, transporte e consumo de
energia é o Watt-hora (W.h), que representa o consumo ou produção de 1 W durante uma 1 h, ou
então, um dos seus múltiplos como o KiloWatt-hora (KW.h) que representa o consumo ou produção
de 1 KW durante 1 h, o MegaWatt-hora (MW.h) ou mesmo o GigaWatt-hora (GW.h).

Múltiplo Símbolo Valor

+9
GigaWatt-hora GW.h 10
+6
MegaWatt-hora MW.h 10
+3
KiloWatt-hora KW.h 10

Tabela - Múltiplos da energia eléctrica

A regra de conversão entre Watt-hora e Joule é a seguinte:

1 Wh = 1 Watt x 1 hora  1 Wh = 1 Watt x 3600 segundos  1 Wh = 3600 W.s  1 Wh = 3600 J

Edição: 01/14 v01 57 de 228


Fundamentos de Electricidade

Para calcular o consumo de energia de um equipamento seguiremos o seguinte procedimento:

 Identifique a potência (Watt) do equipamento em causa. Normalmente os fabricantes indicam esse


valor numa chapa ou etiqueta colocada de lado ou na parte de trás do equipamento. Se não existe
essa indicação, mas apenas a intensidade de corrente (Ampere - A) e a tensão (Volt - V) são
fornecidos, faça o seguinte cálculo:
P  UI

 Determine o consumo mensal (energia consumida) do equipamento, multiplicando o valor da


potência pelo número de horas de utilização mensal do equipamento.

Por exemplo, se uma lâmpada fluorescente (36 W) está ligada 8 horas por dia, então por mês estará ligada
240 horas (8x30 dias). O seu consumo mensal será de:

Watt x horas utilização = Watt.hora por mês

36 x 240 = 8 640 Watt.hora (W.h) por mês  8,640 KW.h por mês

 Finalmente calculamos o custo deste consumo bastando para tal, multiplicar os kWh por:

0,0930 € (no caso da tarifa simples - preço 2003 ): 8,64 kW.h x 0,0930 = 0,804 €

0,1528 € (no caso da tarifa simples - preço 2014 ): 8,64 kW.h x 0,1528 = 1,32 € (+64% !!)

3.5 Lei de Joule. Efeito térmico da corrente eléctrica.

Já referimos que a passagem da corrente eléctrica por um condutor produz uma dissipação de energia
sob a forma de calor. Esta libertação de calor designada efeito de Joule constitui a origem da
incandescência do filamento de uma lâmpada, do aquecimento de um ferro de passar, de fornos
eléctricos, de ferros de soldar, etc.

Uma resistência ao ser percorrida por uma corrente eléctrica irá dissipar uma determinada potência,
dada por P = R.I2 , sob a forma de calor. Este fenómeno foi estudado pelo famoso cientista James P.
Joule. O enunciado da lei de Joule diz:

A energia eléctrica dissipada em calor por efeito de Joule, num receptor, é proporcional á resistência
do receptor, ao quadrado da intensidade de corrente que o atravessa e ao tempo de passagem da
corrente eléctrica.

Matematicamente, pode ser definida pela expressão:

W  R  I2  t
em que: W - Energia eléctrica - Joule (J)

R - Resistência eléctrica - Ohm ()

Edição: 01/14 v01 58 de 228


Fundamentos de Electricidade

I - Intensidade da corrente eléctrica - Ampere (A)

t - Tempo - segundo (s)

Aplicações do efeito de Joule

O fusível é um dispositivo que explora as consequências do efeito de Joule, o qual tem por objectivo
limitar a potência fornecida a um determinado circuito eléctrico. Neste caso, quando a corrente
absorvida pelo circuito supera um valor limite pré-estabelecida, Imáx., o calor gerado por efeito de
Joule é suficiente para fundir o filamento e interromper o fornecimento de corrente ao circuito.
Existem fusíveis para diversos tipos de aplicações: de valor máximo de corrente, de actuação rápida
(sensíveis aos picos de corrente) ou lenta (sensíveis ao valor médio da corrente), etc.

O efeito de Joule poderá ser ainda utilizado em aquecimento como por exemplo: torradeiras, fogões
eléctricos, ferros de passar, ferros de soldar, etc. Em iluminação de incandescência: a passagem da
corrente eléctrica produz calor num filamento, geralmente tungsténio, que o leva à temperatura da
ordem dos 200 ºC à qual emite luz.

A programação das memórias ROM constitui uma das aplicações mais interessantes do princípio de
funcionamento do fusível. Neste caso, os fusíveis são constituídos por uma fita de alumínio depositada
na superfície da pastilha de silício, fusíveis que são posteriormente fundidos, ou não, de acordo com o
código a programar na memória.

Inconvenientes do efeito de Joule


O aquecimento dos condutores provocado pela passagem da corrente eléctrica representa, quando
não é obtenção de calor que se pretende, desperdício de energia, podendo até constituir perigo para a
segurança das instalações.

Tomemos como exemplos:

As perdas de energia nas máquinas eléctricas onde, o aquecimento limita a potência das máquinas.
Ou seja, por outras palavras, o calor desenvolvido nos seus enrolamentos tem de ser limitado, pois na
sua constituição entram materiais que se deterioram a partir de certa temperatura.

As perdas nas linhas eléctricas de transporte e distribuição de energia onde, o efeito de Joule
origina perdas consideráveis obrigando ao aumento da secção dos condutores.

A limitação da intensidade de corrente eléctrica nos condutores de forma a evitar a deterioração


dos seus isolamentos. A deterioração dos condutores, poderá dar origem a curto-circuitos.
Os fabricantes fornecem para cada tipo de cabo e para cada secção a corrente máxima que os pode
percorrer permanentemente sem que haja aquecimento em demasia.

Edição: 01/14 v01 59 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS RESOLVIDOS

1. Determine a potência dissipada por uma resistência de 18 K quando percorrida por uma corrente eléctrica de 2 mA ?

R = 18 K = 18 000 

I = 2 mA = 0,002 A

P= ?

P  R  I2  18000  0,0022  0,072 W  P  72 mW

A potência dissipada pela resistência eléctrica é de 72 mW.

2. Qual a energia consumida por um aquecedor eléctrico de 1500 W de potência durante 5 dias de funcionamento
constante?

P = 1500 W

t = 5 dias x 24 horas = 120 horas

W= ?

W  P  t  1500 120  180 000 W.h  W  180 KW.h

A energia consumida pelo aquecedor é de 180 KW.h.

Edição: 01/14 v01 60 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – POTÊNCIA , ENERGIA E LEI DE JOULE.

1. Determine a máxima tensão que se pode aplicar a uma resistência de 4,7 K sabendo que esta é de ¼ de Watt ?

2. Um condutor com a resistência de 10  é percorrido por uma corrente de 2 A.

2.1. Calcule a potência dissipada pelo condutor.


2.2. Determine a energia dissipada no condutor durante 20 minutos.

3. Um aquecedor eléctrico ao fim de 5 horas consome a energia de 6 KW.h. Calcule a resistência do aquecedor, sabendo que
funciona com a d.d.p. de 220 V.

Edição: 01/14 v01 61 de 228


Fundamentos de Electricidade

3.6 Rendimento. Perdas de energia

Uma máquina ou aparelho tem como função transformar uma forma de energia noutra. Contudo a
energia que se obtém é inferior á energia absorvida inicialmente pela máquina, pois uma parte
transforma-se em energia não desejada.
A análise do rendimento poderá ser realizada considerando energias ou potências, pois como vimos
atrás (W = P . t). Faremos a nossa análise recorrendo a potências.

Consideremos uma máquina qualquer (gerador ou motor), teremos uma determinada potência que é
absorvida pela máquina, uma determinada potência de perdas e finalmente, a potência útil para
utilização. A figura seguinte ilustra o que foi dito:

Figura 35 - Representação das potências numa máquina

Define-se rendimento da máquina pelo quociente entre a potência útil (potência à saída) e a potência
absorvida (potência à entrada).

O rendimento eléctrico representa-se por  . É uma grandeza adimensional (não tem unidades) e
exprime-se em percentagem. A expressão matemática que traduz o rendimento é:

Pu
  100
Pa

onde:

 - Rendimento eléctrico - (Grandeza adimensional)

Pu - Potência útil - Watt (W)

Pa - Potência absorvida - Watt (W)

Este quociente é sempre inferior á unidade ( < 1).

Podemos ainda salientar que:

Potência útil = Potência absorvida - Potência perdas

Edição: 01/14 v01 62 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE CIRCUITOS SÉRIE E PARALELO

4.1 Notação dos circuitos eléctricos e electrónicos

Na maioria das situações, os circuito eléctricos e electrónicos têm um referencial comum que se
designa por massa, e que se representa pelo símbolo:

Figura 36 - Símbolo da massa

A d.d.p. na massa é de 0 V, sendo por isso o potencial de referência de qualquer circuito. Nos circuitos
analisados até então não introduzimos esta noção.
Tomemos como exemplo os seguintes circuitos que são todos equivalentes uns dos outros.

Figura 37 - Circuitos eléctricos utilizando a notação de massa

As tensão aos terminais das resistências são dadas por:

Tensão em R1  UAB = UA - UB
Tensão em R2  UBC = UB - UC

Quando as tensões são referenciadas em relação a um ponto comum (C) - massa - teremos:

Tensão em R1 + R2  UAC = UA – UC
Tensão em R2  UBC = UB – UC

Neste caso, podemos dispensar o segundo índice na representação das tensões, uma vez que o
referencial comum ou massa terá sempre um potencial de 0V, assim teremos:

Tensão em R1 + R2  UA ( em relação à massa )


Tensão em R2  UB ( em relação à massa )

Edição: 01/14 v01 63 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDOS

1 .Determinar a tensão na extremidade da resistência (UA) para o circuito da figura.

Figura 38 - Cálculo da tensão UA

UAB = UA – UB  UA = UAB + UB  UA = 6 + 5 = 11 V

A tensão na extremidade ( A ) da resistência é de 11 V.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – NOTAÇÃO DE REFERENCIAL COMUM ( POTENCIAL NUM PONTO )

1. Determine os valores das tensões Ub, Uc e Uac, no circuito seguinte - figura 4.26.

Figura 39 - Cálculo da tensão Ub , Uc e Uac.

Edição: 01/14 v01 64 de 228


Fundamentos de Electricidade

4.2 Analise de circuitos em corrente contínua

Circuito série

No circuito da figura seguinte temos 3 resistências ligadas umas a seguir ás outras e onde a corrente
eléctrica, ou seja o movimento dos electrões, só tem um caminho de circulação - estamos perante um
circuito série.
Assinalamos a diferença de potencial, ou tensão aplicada ao circuito, por intermédio de uma seta, que
aponta para o potencial mais baixo, ou seja, do + para o - .

Figura 40 - Circuito em série de resistências e seu equivalente.

Analisando o circuito teremos:

1. A resistência equivalente, será dada por dada por

R T = R 1 + R 2 + R3

2. Como vimos à pouco a corrente eléctrica só terá um caminho por onde seguir logo, será sempre a mesma ao
longo de todo o circuito - diremos que esta é constante ao longo do circuito.

I = I1 = I2 = I3

3. A d.d.p. ou tensão divide-se pelas resistências R1, R2 e R3 logo, a tensão total será a soma da tensão na
resistência 1 mais, a tensão na resistência 2, mais a tensão na resistência 3. De salientar que, a maior resistência
reterá a maior d.d.p. e a menor resistência a menor d.d.p.

U T = U 1 + U 2 + U3

Em cada resistência teremos, pela Lei de Ohm, a seguinte tensão:

 U1 = R 1 . I
 U2 = R 2 . I
 U3 = R 3 . I

Sendo a tensão total dada por: UT=RT.I

Edição: 01/14 v01 65 de 228


Fundamentos de Electricidade

Divisor de tensão

O circuito divisor de tensão não é mais do que um circuito série. É chamado desta forma porque a
tensão é dividida entre duas resistências. Isto decorre de uma das propriedades do circuito série,
abordada anteriormente, que diz que a soma das tensões de cada resistência é igual à tensão total do
circuito.

A tensão U2 é proporcional à tensão UT. O factor de proporcionalidade é


dado pelo quociente entre a resistência R2 e a resistência total do circuito
(R1 + R2).

Assim para calcular a tensão na resistência R2, utilizamos a


fórmula do divisor de tensão:
R2
U2   UT
R1  R 2

Figura 41 - Circuito divisor de tensão

Podemos imaginar a tensão UT como uma tensão de entrada e a tensão nos terminais da resistência
R2 a tensão de saída, a ser aplicado a qualquer outro circuito electrónico.

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Quatro resistências ligadas em série, percorridas por uma intensidade de 1,5 mA, têm aos seus terminais as seguintes
tensões: U1=3V, U2=4,5V, U3=6V e U4=10,5V. Calcule:

1.1 O valor de cada resistência do circuito.

Como a intensidade é sempre a mesma ao longo de todo o circuito (em todas as resistências), vamos aplicar a
lei de Ohm a cada uma das resistências. Assim, teremos:

U1 3 U1 3
R1    2 K R1    2 K
I 1,5 I 1,5

U3 6 U 4 10,5
R3    4 K R4    7 K
I 1,5 I 1,5

Edição: 01/14 v01 66 de 228


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1.2 O valor da tensão total aplicada ao circuito.

Para calcularmos a tensão aplicada ao circuito, aplica-se a seguinte expressão:

U T = U 1 + U2 + U 3 + U4
teremos que:

U T = 3 + 4,5 + 6 + 10,5 = 24 V

2. Determine a tensão aos terminais da resistência R2 do agrupamento representado.

Figura 42 - Circuito divisor de tensão

Como temos somente duas resistências, a tensão irá dividir-se proporcionalmente por elas. Podemos aplicar a formula
do divisor de tensão, assim:

U = 12 V

R 1 = 4,7 K

R 2 = 5,6 K

UR2 = ?

R2 5,6
U2   UT   12  6,52 V
R1  R 2 4,7  5,6

A tensão ou diferença de potencial aos terminais de R2 é de 6,52 V.

Edição: 01/14 v01 67 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – ANALISE DE CIRCUITOS ELÉCTRICOS_CIRCUITO SÉRIE

1. Associaram-se em série 3 resistências, R1, R2 e R3. O conjunto apresenta um valor óhmico de 870 K. Se as
resistências R1 e R2 tiverem, respectivamente, 220 K e 470 K, quanto mede a resistência R3?

2. Três resistências de 330 , 470  e 1 K estão ligadas em série a uma fonte de alimentação de 9 V. Calcule:

2.1 O valor da resistência total do agrupamento.


2.2 A intensidade de corrente que percorre o circuito.
2.3 As tensões U1, U2 e U3 nos terminais de cada resistência.

3. Determine a tensão nos terminais AB do agrupamento representado na figura seguinte.

Figura 43 - Circuito série de resistências

4. O circuito da figura 4.31 representa um LED alimentado por um gerador de 5 V. Sabendo que um LED (Light Emitting
Diode) se trata de um dispositivo semicondutor destinado à sinalização e que deve ser alimentado, segundo dados do
fabricante, com uma tensão de 2 V, determine o valor da resistência limitadora a colocar em série com o LED por forma
a este não se danificar.

Figura 44 - Circuito série em analise

5. Numa central hidroeléctrica é gerada uma tensão de 2000 V. Essa tensão deve ser transmitida até um transformador
distante 500 Km da barragem. Sabe-se que o fio utilizado para a transmissão dessa tensão possui uma resistência de
0,0012  por cada metro. A resistência do transformador é de 5 K. Determine a tensão que chegará aos terminais do
transformador? [A tensão transmitida é contínua.]

SUGESTÃO: Utilize o divisor de tensão para a resolução do problema.

Edição: 01/14 v01 68 de 228


Fundamentos de Electricidade

Circuito paralelo

No circuito que se segue temos 3 resistências ligadas tendo todas dois pontos comuns entre si. A
corrente eléctrica, ou seja o movimento dos electrões, tem três caminhos de circulação – estamos
perante um circuito paralelo.

Figura 45 - Associação de resistências em paralelo e seu equivalente.

Analisando o circuito teremos:

1. A resistência equivalente, é dada pela expressão:

1 1 1 1 1
    ... 
R T R1 R 2 R 3 Rn

ou no caso particular de duas resistências:

R1  R 2
RT 
R1  R 2

2. A corrente eléctrica como vimos tem três caminhos por onde seguir logo, pelas resistências
R1, R2 e R3 logo, a intensidade de corrente total será a soma da intensidade de corrente na
resistência 1 mais, a intensidade de corrente na resistência 2, mais a intensidade de corrente
na resistência 3. De frisar que, pela maior resistência passará a menor intensidade de corrente
eléctrica (pois oferece uma grande barreira á sua passagem) e, pela menor resistência passará
a maior intensidade de corrente eléctrica.

I = I1 + I2 + I3

3. Nos circuitos paralelo temos sempre dois pontos comuns, logo a d.d.p. ou tensão que chegará
a cada resistência será sempre a mesma logo, diremos que esta é constante ao longo do
circuito.

U T = U 1 = U 2 = U3

Edição: 01/14 v01 69 de 228


Fundamentos de Electricidade

Em cada resistência teremos, pela Lei de Ohm, a seguinte intensidade de corrente eléctrica:

I1  U I2  U I3  U
R1 R2 R3

Sendo a intensidade de corrente eléctrica total dada por:

IT  U
RT

Divisor de corrente

Da mesma forma que o divisor de tensão, o divisor de corrente não é mais do que um circuito paralelo.
O nome provém devido à corrente total se dividir entre as duas resistências. Podemos constatar tal
propriedade se atendermos ao número de caminhos que a corrente eléctrica dispõe ou seja, neste
caso, dispomos de 2 caminhos logo: IT = I1 + I2

A corrente I2 é proporcional à corrente IT. O factor de proporcionalidade é dado


pelo quociente entre a resistência oposta à pretendida R1 e a resistência total
do circuito (R1 + R2).

Assim para calcular a corrente na resistência R2, utilizamos a fórmula do


divisor de corrente:

R1
I2  IT
R1  R 2

Figura 46 - Circuito divisor de corrente

Edição: 01/14 v01 70 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Considere o circuito da figura 4.34 ao qual se aplica uma tensão contínua de 12 V. Determine:

Figura 47 - Circuito paralelo de resistências

1.1. A resistência equivalente.

R 1 = 10  R2= 4 R3= 5
1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
          RT  2 
R T R1 R 2 R 3 R T 20 4 5 R T 20

A resistência total (equivalente) ao agrupamento é de 2 .

1.2 A intensidade da corrente total no circuito.

U = 12 V RT= 2 I T= ?
U 12
IT    6A
RT 2

A intensidade total que percorre o circuito é de 6 A.

1.3. A intensidade em cada uma das resistências.


U 12
I1    0,6 A
R1 20

U 12
I2    3A
R2 4

U 12
I3    2,4 A
R3 5

I = I1 + I2 + I3 = 0,6 + 3 + 2,4 = 6 A

As intensidade de corrente eléctrica que percorrem cada resistência são respectivamente 0,6 A, 3A e 2,4 A.
Como podemos analisar pelos resultados obtidos, a maior resistência (20 ) é percorrida pela menor intensidade
de corrente eléctrica e, por sua vez, a menor resistência (4 ) é percorrida pela maior intensidade de corrente
eléctrica, isto porque a menor resistência se opõe menos à sua passagem.

Edição: 01/14 v01 71 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – ANALISE DE CIRCUITOS ELÉCTRICOS_CIRCUITO PARALELO

1. Se ligarmos quatro resistências de 68  em paralelo, qual o valor da resistência equivalente?

2. Ligaram-se em paralelo quatro resistências, sendo duas de 120 K e duas de 680 K. Aplicou-se ao agrupamento a
tensão de 6 V. Determine:

2.1 A resistência equivalente do agrupamento.


2.2 A intensidade de corrente total.
2.3 A intensidade em cada uma das resistências.

3. Três resistências de 20, 30 e 60 são ligadas em paralelo, sob a tensão de 30 V. A corrente total que percorre o
circuito será:

I TOTAL = 0,27 A

I TOTAL = 300 A

I TOTAL = 3A

I TOTAL = 1,5 A

I TOTAL = 1A

Edição: 01/14 v01 72 de 228


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Circuito série - paralelo (mistos)

Os circuitos onde se encontram simultaneamente associações série e paralelo dá-se o nome de


circuitos mistos.

Para determinar a resistência equivalente é necessário substituir sucessivamente as associações


principais pela sua resistência equivalente, o que vai simplificando o circuito. Em termos de corrente
eléctrica e d.d.p. ou tensão teremos de analisar o circuito parcialmente, ou seja analisar o(s)
circuito(s) série e o(s) circuito(s) paralelo que o constituem.

Iremos, de seguida, analisar um circuito eléctrico deste tipo para melhor compreensão do que foi
exposto. Considere o circuito esquematizado na figura.

Figura 48 - Circuito eléctrico série - paralelo (misto) em análise

Analisaremos os seguintes pontos referentes ao circuito série - paralelo em questão:

 A resistência total.
 A intensidade de corrente total.
 A tensão R1, R4 entre os pontos A e B.
 As intensidades em R2 e R3.

Comecemos por calcular a resistência equivalente do agrupamento R2 e R3:

R2  R3 1,8  1,2
R 2,3   R 2,3   R 2,3  0,72 K  720 
R2  R3 1,8  1,2

Edição: 01/14 v01 73 de 228


Fundamentos de Electricidade

Teremos então, agora, três resistências em série:

Figura 49 - Circuito simplificado

A resistência total será:

RT = R1 + R2,3 + R4  RT = 1000 + 720 +680  RT = 2400  = 2,4 K

A intensidade de corrente eléctrica total é dada por:

U 24
I  I  I  10 mA
RT 2,4  103

A tensão aos terminais das resistências será:

U1 = R1 . I  U1 = 1000 . 10 x 10 3  U1 = 10 V

U4 = R3 . I  U4 = 680 . 10 x 10 3  U4 = 6,8 V

UAB = R2 . I  UAB = 720 . 10 x 10 3  UAB = 7,2 V

A tensão UAB poderá ser calculada de outra forma:

U = U1 + UAB + U4  UAB = U - U1 - U4  UAB = 24 -10 - 6,8  UAB = 7,2 V

A corrente quando chega ao ponto A tem dois caminhos para prosseguir (circuito paralelo), logo o seu
valor irá ser dividido proporcionalmente pelas resistências R2 e R3 , assim teremos:

Figura 50 - Divisão das correntes no circuito paralelo (R2 , R3)

Edição: 01/14 v01 74 de 228


Fundamentos de Electricidade

U AB 7,2
I2   I2   I2  4 mA
R2 1800

UAB 7,2
I3   I3   I2  6 mA
R3 1200

ou de outra forma:

I  I2  I3  I3  I  I2  I3  10  4  I3  6 mA

Edição: 01/14 v01 75 de 228


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EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – ANALISE DE CIRCUITOS ELÉCTRICOS_CIRCUITO SÉRIE - PARALELO

1. No circuito da figura seguinte, determine as intensidades das correntes indicadas


pelos dois amperímetros e a tensão indicada pelo voltímetro.
DADOS: R1 = 1,25 K, R2 = 250 , R3 = 800 , R4 = 2 K, R5 = 900 .

Considere as resistências internas dos aparelhos ideais.

Figura 51 - Circuito em análise

Edição: 01/14 v01 76 de 228


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Geradores de corrente contínua

Os geradores de corrente contínua mais usuais são:

 As pilhas, que transformam a energia química nelas contida em energia eléctrica.

 Os acumuladores, que igualmente transformam energia química em energia eléctrica, apresentando


a vantagem relativamente às pilhas de serem recarregáveis, ou seja, podem funcionar como
receptores de corrente eléctrica transformando energia eléctrica em energia química.

 Os dínamos (geradores mecânicos), que transformam energia mecânica em energia eléctrica.

 Os geradores fotoeléctricos (células fotovoltaicas), que transformam energia luminosa em energia


eléctrica

Características gerais: f.e.m. e resistência interna do gerador


Vimos que a corrente eléctrica é originada na d.d.p. existente nos terminais do gerador. Enquanto
existir essa d.d.p. manter-se-á a corrente eléctrica, isto é, existe no pólo negativo um excesso de
electrões e no pólo positivo falta deles.

É então necessário que o gerador realize internamente trabalho e consequentemente gaste energia.
Daqui a necessidade do gerador dispor de energia para transformar em energia eléctrica.

Podemos dizer que a força electromotriz ( f.e.m. ) é a causa que cria e mantém uma d.d.p. nos
terminais de um gerador. Essa f.e.m. existe nos terminais independentemente do gerador se encontrar
ou não ligado a um circuito.

A f.e.m. mede-se pela d.d.p. existente nos seus terminais em circuito aberto, isto é, na ausência de
corrente eléctrica. A f.e.m. exprime-se em Volt e representa-se por E.

Figura 52 - Medição da força electromotriz

O valor da f.e.m. de um gerador, em circuito fechado, não coincide exactamente com o valor da
tensão lida no receptor. Esta diferença deve-se ao facto do gerador apresentar uma certa oposição à
passagem da corrente eléctrica, que passaremos a designar por resistência interna do gerador (ri).
O valor desta resistência é normalmente baixo.

Edição: 01/14 v01 77 de 228


Fundamentos de Electricidade

Essa resistência interna deve-se, no caso das pilhas e acumuladores, ao electrólito e, no caso dos
dínamos, depende da resistência dos enrolamentos da máquina.

Analisemos a queda de tensão na resistência interna, consideremos o circuito seguinte:

Figura 53 - Medição da força electromotriz num circuito

Se no circuito o interruptor se encontrar fechado, haverá passagem de corrente no circuito e


consequentemente verificar-se-á na resistência interna do gerador, ri, uma queda de tensão dada por:

Uri  r i  I

que se designa por queda de tensão no interior do gerador.

Assim, a d.d.p. que chegará ao circuito será então, a f.e.m. que o gerador gera menos a queda de
tensão na resistência interna do gerador, ou seja:

U  E ri I

Esta expressão é designada por Lei de ohm para um gerador.

Podemos ainda definir qual a intensidade de corrente eléctrica no circuito, assim teremos:

E
I
R  ri

Ou seja, os electrões ao circular no circuito encontram duas oposições à sua passagem, a resistência
R e a resistência interna ri.

Esquematicamente, podemos desenhar o gerador da seguinte forma:

Figura 54 - Esquema equivalente de um gerador eléctrico

Edição: 01/14 v01 78 de 228


Fundamentos de Electricidade

De notar que, estando o gerador desligado de qualquer circuito (gerador em vazio), a queda de tensão
interna do gerador é nula, pois não há intensidade de corrente. Assim:

Uri  r i  I  0

Daqui constata-se a definição introduzida na página anterior: Quando o gerador está em circuito
aberto a f.e.m é igual à d.d.p. nos seus terminais.

E=U (Em circuito aberto)

Actualmente, os geradores de tensão, constituídos com componentes electrónicos, apresentam


resistências internas praticamente nulas, pelo que deixa de ter sentido distinguir f.e.m. e tensão nos
seus terminais.

Edição: 01/14 v01 79 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Um gerador fornece uma intensidade de corrente eléctrica de 0,8 A a um circuito, quando a sua d.d.p. é de 10,9 V.
Sendo a sua f.em. de 12 V, calcule a sua resistência interna.

I= 0,8 A U = 10,9 V E= 12 V ri = ?

12  10,9
U  E  r i  I  10,9  12  r i  0,8  r i   1,375 
0,8

A resistência interna do gerador é de 1,375 .

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – GERADORES

1. Um gerador tem uma f.e.m. de 20 V e uma resistência interna de 0,5 . Sabendo que fornece uma intensidade de
corrente eléctrica de 2 A, determine a tensão nos seus terminais.

2. Um dínamo com E= 220 V e resistência interna de 1  alimenta um receptor térmico com resistência de 20 . Calcule:

2.1 A intensidade de corrente absorvida pelo receptor


2.2 A tensão nos terminais do gerador.

Edição: 01/14 v01 80 de 228


Fundamentos de Electricidade

4.3 Rendimento Eléctrico

O rendimento é definido, como vimos anteriormente, pela capacidade do gerador transformar a


potência total que dispõe em potência útil para ser utilizada.

No caso de um gerador eléctrico teremos:

sabendo que:

Potência eléctrica total (Pet) = E x I (Potência total que o gerador dispõe)

Potência útil (Pu) = U x I (Potência que chega ao circuito)

ficará,

É usual apresentar o valor do rendimento em %. Como vimos anteriormente, o rendimento  não


apresenta unidades.

Associação de geradores
Por vezes há necessidade de se conseguir uma d.d.p. ou uma corrente superior aos valores que se
obtêm com um único gerador. Para isso ligam-se os geradores, respectivamente, em série ou em
paralelo.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE

É efectuada ligando o terminal positivo de cada gerador ao terminal negativo do seguinte, de


forma que fiquem disponíveis apenas dois pólos de sinais contrários correspondentes ao primeiro e ao
último dos elementos que constituem o agrupamento.

A f.e.m. total é igual à soma das f.e.m´s de cada


gerador, sendo a resistência interna total, da mesma
forma, a soma das resistências internas de cada
gerador.

Se todos os geradores forem iguais teremos:

ET = n . E rit = n . r i Figura 55 - Associação em série de geradores

Em que n é o número de geradores associados em série.

Edição: 01/14 v01 81 de 228


Fundamentos de Electricidade

Este tipo de agrupamento é usado quando se pretende aumentar a d.d.p.

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO

Ligam-se todos os terminais positivos ao mesmo ponto e todos os terminais negativos a um outro
ponto, constituindo, respectivamente, o terminal positivo e o terminal negativo do agrupamento.

Este tipo de agrupamento exige que todos os geradores sejam iguais, caso contrário verificar-se-ão
correntes de circulação entre eles.

Neste caso, a f.e.m. total do agrupamento é a de cada gerador, ou seja:

ET = E1 = E2 = E3 = ... = En

Como todas as resistências internas são iguais a resistência interna total será obtida da seguinte
forma:

ri
r it 
n

A intensidade de corrente fornecida pelo agrupamento equivalente será:

IT = n . I

Este tipo de agrupamento é usado quando se pretende aumentar a corrente .

Figura 56 - Associação em paralelo de geradores

Edição: 01/14 v01 82 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Três elementos de pilha de f.e.m. 1,5 V e resistência interna de 0,5  estão ligados em série e alimentam um receptor
de 7,5 . Determine:

1.1 As características do gerador equivalente ( f.e.m. total e resistência interna total ).

E = 1,5 V ri = 0,5  ET = ? ri t = ?

ET = n . E = 3 x 1,5  ET = 4, 5 V

ri t = n . ri = 3 x 0,5  ET = 1,5 

As características do gerador equivalente são: ET=4,5 V e ri t = 1,5 .

1.2 A intensidade da corrente no circuito.

ET = 4,5 V ri t = 1,5 

E 4,5
I   I  0,5 A
R  ri 7,5  1,5

A intensidade de corrente eléctrica que percorre o circuito é de 0,5 A.

1.3 A tensão nos terminais do receptor.

R = 7,5  I = 0, 5 A U= ?

U = R x I = 7,5 x 0,5  U = 3,75 V

A tensão nos terminais do receptor é de 3,75 V.

Edição: 01/14 v01 83 de 228


Fundamentos de Electricidade

2. Associaram-se em paralelo 2 geradores, tendo cada um uma f.e.m. de 12 V e resistência interna de 0,2 . Este
agrupamento alimenta uma resistência com valor igual a 14,9 . Calcule:

2.1 As características do gerador equivalente.

E = 12 V ri = 0,2  ET = ? ri t = ?

ET = E = 12 V

ri 0,2
r it    r it  0,1 
n 2

As características do gerador equivalente são: ET= 12 V e ri t = 0,1 .

2.2 A intensidade absorvida pelo receptor.

ET = 12 V ri t = 0,1 

E 12
I   I  0,8 A
R  ri 14,9  0,1

A intensidade de corrente eléctrica fornecida à resistência é de 0,8 A.

2.3 A tensão nos terminais do gerador.

E = 12 V I = 0,8 A ri = 0,1 U= ?

U  E  r i  I  12  0,1  0,8  U  11,92 V

A d.d.p. nos terminais do gerador é de 11,92 V.

Edição: 01/14 v01 84 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – ASSOCIAÇÃO DE GERADORES

1. Para alimentar um determinado aparelho foi necessário associar em série seis geradores iguais sendo a f.e.m de cada um
de 1,5 V e a resistência interna de 0,1 . Defina as características de um gerador equivalente á associação utilizada.

2. Três geradores idênticos estão associados em paralelo, tendo cada um E = 12 V e uma resistência interna 0,1 .
Determinar a corrente fornecida a uma carga de 39 .

Edição: 01/14 v01 85 de 228


Fundamentos de Electricidade

4.4 Fontes de tensão e fontes de corrente. Características gerais.

Fonte de tensão

Se um gerador tiver uma força electromotriz e uma resistência interna Ri, apresenta nos seus terminais
uma tensão que depende da corrente estabelecida no circuito.

Se o gerador tiver uma resistência interna nula, Ri = 0, então essa tensão será constante e igual à
força electromotriz.

Figura 57 - Características da fonte de tensão ideal (R i = 0) e real (R i  0)

Na análise e síntese de circuitos eléctricos é normal substituir as fontes reais de energia pelas
equivalentes ideais.

Uma fonte real de tensão ou gerador de tensão é constituído por, uma fonte ideal de tensão com f.e.m.
igual à da fonte real, em série com uma resistência igual à resistência interna da fonte real.

Figura 58 - Fonte de tensão real e sua equivalente

Edição: 01/14 v01 86 de 228


Fundamentos de Electricidade

Fonte de corrente

Se num gerador a força electromotriz E e a sua resistência interna Ri crescerem indefinidamente, a


corrente fornecida tende a ser constante, independentemente da carga que está a ser percorrida por
essa corrente. Em termos gráficos corresponde ao facto de a recta da figura seguinte se tornar cada
vez mais vertical.

Note-se que o quociente de duas grandezas infinitamente grandes é aqui considerado como o valor
finito IK = E / R i.

Figura 59 - Características da fonte de corrente ideal (R i = ) e real (R i  )

Analogamente, ao que fizemos para a fonte de tensão real, podemos determinar o equivalente para a
fonte de corrente.

Uma fonte real de corrente ou gerador de corrente é constituído por, uma fonte ideal de corrente
debitando uma corrente IK = E / R i, em paralelo com uma resistência igual à resistência interna da
fonte real. A seta no interior do círculo indica o sentido positivo da corrente.

Figura 60 - Fonte de corrente real e sua equivalente

NOTA: De realçar que uma fonte ideal de tensão não pode ser substituída por uma fonte ideal de

corrente.

Edição: 01/14 v01 87 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 5 – LEIS DE KIRCHHOFF

5.1 Leis de Kirchoff

As Leis de Kirchhoff são empregadas em circuitos elétricos mais complexos, como por exemplo
circuitos com mais de uma fonte e um conjunto de resistências em série ou em paralelo. Para estudar
estas leis, primeiro devemos efectuar a distinção entre Nós e Malhas:

Nó: é um ponto onde três (ou mais) condutores são ligados.

Malha: é qualquer caminho condutor fechado, composto pelos elementos que fazem parte nessa zona
do circuito.

Figura 61 - Circuito com várias malhas e nós

Analisando a figura em cima, vemos que os pontos a e d são nós, mas b, c, e e f não são.

Identificamos neste circuito 3 malhas definidas pelos pontos: afed, adcb e bafedc.

Primeira Lei de Kirchhoff - Lei dos nós

Em qualquer nó, a soma das correntes que o deixam (aquelas cujas setas apontam para fora do nó) é
igual a soma das correntes que chegam até ele. A lei é uma consequência da conservação da carga
total existente no circuito. Isto é uma confirmação de que não há acumulação de cargas nos nós.

Edição: 01/14 v01 88 de 228


Fundamentos de Electricidade

Segunda lei de Kirchhoff - Lei das malhas


A soma algébrica das forças eletromotrizes (f.e.m) em qualquer malha é igual a soma algébrica das
quedas de tensão, ou seja, dos produtos IxR contidos na malha.

5.2 Aplicando as Leis de Kirchhoff

A figura em baixo mostra um circuito cujos elementos têm os seguintes valores:


E1=2,1 V, E2=6,3 V, R1=1,7 Ώ, R2=3,5 Ώ.
Ache as correntes nos três ramos do circuito (i1, i2 e i3)

Figura 62 - Circuito com várias malhas e nós

Solução:
Os sentidos das correntes são escolhidos arbitrariamente. Aplicando a 1ª lei de Kirchhoff (Lei dos Nós)
ao nó A, temos:
i1 + i2 = i3

O sentido de circulação nas malhas é escolhido arbitrariamente. Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff (Lei
das Malhas): partindo do ponto a e percorrendo a malha abcd no sentido anti-horário, encontramos:

Se percorrermos a malha adef no sentido anti-horário temos:

Edição: 01/14 v01 89 de 228


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Ficamos então com um sistema de 3 equações e 3 incógnitas, que podemos resolver facilmente:

Resolvendo o sistema temos que:

i1 = 0,82A
i2 = -0,4A
i3 = 0,42A

Os sinais das correntes mostram que escolhemos corretamente os sentidos de i1 e i3, contudo o
sentido de i2 está invertido, ela deveria apontar para cima no ramo central da figura.

Qual a diferença de potencial entre os pontos a e d da figura?


Pela Lei da Malhas temos:

Observe que se não alterarmos o sentido da corrente i2, teremos que utilizar o sinal negativo quando
for feito algum cálculo com essa corrente.

Edição: 01/14 v01 90 de 228


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CAPÍTULO 6 – ELECTROMAGNETISMO

6.1 Magnetismo

O magnetismo desempenha um papel fundamental em inúmeras aplicações de equipamentos


eléctricos e electrónicos utilizados na indústria em investigação e nas próprias habitações. Motores,
geradores, transformadores, computadores, televisão, e telefones são alguns dos equipamentos em
que os efeitos magnéticos são utilizados.

Há relatos históricos que indicam que os fenómenos magnéticos são conhecidos desde os tempos
remotos. Conta-se que, há mais de 2000 anos em Magnésia (cidade da Ásia Menor), se observou que
um determinado minério de ferro (posteriormente chamado de magnetite) tinha a propriedade de atrair
o ferro. A essa propriedade deu-se o nome de magnetismo.

Ímanes

Actualmente sabe-se que o principal constituinte da magnetite responsável por tal propriedade, é o
óxido de ferro (Fe3O4) – Este mineral constitui um íman natural.

Entretanto, descobriu-se que friccionando, sempre no mesmo sentido, um pedaço de ferro com um
íman natural, ele adquiria propriedades magnéticas idênticas às da magnetite. Construíram-se, então,
ímanes artificiais. O mesmo resultado pode ser obtido mais comodamente utilizando uma corrente
eléctrica.

Os ímanes podem apresentar diversas formas, apropriadas às aplicações a que se destinam. Há


ímanes em U, agulha magnética, barra, anel, ferradura, etc.

Figura 63 - Tipos de ímanes

Edição: 01/14 v01 91 de 228


Fundamentos de Electricidade

Tomemos nota de algumas características dos ímanes, as quais se podem verificar com facilidade:

 Atraem a limalha de ferro mais intensamente nas extremidades. Estas regiões são denominadas de pólos.

Figura 64 - Localização dos pólos de um íman.

 Quando suspensos ou apoiados de forma a que fiquem em equilíbrio


na horizontal, longe de qualquer outro íman, orientam as suas
extremidades numa direcção Sul - Norte geográfico.
Devido a este facto, as extremidades de um íman são designadas por
pólo norte (normalmente de cor azul ou vermelha) e pólo sul
(normalmente de cor branca).

Figura 65 - Pólo norte e pólo sul num íman

 Quando se aproximam dois ímanes, verifica-se que pólos magnéticos do mesmo nome repelem-se e, pólos magnéticos
de nome contrário atraem-se.

Figura 66 - Acção entre os pólos

A explicação para a orientação dos ímanes referida atrás é a seguinte:


A terra pode-se considerar como um íman gigante, em que o pólo norte magnético fica ao lado do pólo
sul geográfico e, o pólo sul magnético fica ao lado do pólo norte geográfico. Assim, como a atracção só

Edição: 01/14 v01 92 de 228


Fundamentos de Electricidade

se verifica entre pólos magnéticos contrários, o pólo norte do íman (de cor mais escura na figura) é
atraído pelo pólo sul magnético (o que se encontra ao lado do norte geográfico) e o pólo sul do íman
pelo pólo norte magnético (o que se encontra ao lado do sul geográfico).

Ao ângulo que a direcção norte - sul magnética faz com a direcção norte - sul geográfica chama-se
declinação magnética.

Figura 67 - Pólos magnéticos e geográficos

 Não é possível separar os pólos de um íman. Se pretendermos separar os pólos de um íman


quebrando uma barra magnética ao meio, verificamos que tal não é possível, pois os dois pedaços
obtidos comportam-se como dois ímanes completos. Se continuássemos a fazer divisões
sucessivas, obteríamos sempre o mesmo resultado. A constatação deste facto sugere a hipótese
de um íman ser formado por ímanes elementares.

Figura 68 - Formação de ímanes elementares

Conservação e aplicações dos ímanes


Para evitar que os ímanes permanentes percam as suas características magnéticas com o tempo,
devem-se suprimir os pólos livres, isto é, devem-se unir os pólos por meio de uma barra de aço macio
chamada armadura. Desta forma neutraliza-se a acção que os pólos magnéticos da terra exerceriam
sobre ele.

Edição: 01/14 v01 93 de 228


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Figura 69 - Conservação dos ímanes

Os ímanes têm um grande número de aplicações como por exemplo: pequenos motores e geradores
eléctricos, fechos de portas de armários, frigoríficos, aparelhos de medida, etc.

Campo Magnético
A região à volta de um íman, onde ocorrem interacções com corpos magnéticos, constitui o campo
magnético criado por esse íman.
O campo magnético, tal como o campo eléctrico é caracterizado, em cada ponto, por uma grandeza
vectorial chamada indução magnética (B). A unidade de indução magnética é o Tesla (T).
Convencionalmente, a direcção e o sentido de B, num dado ponto, são as mesmas do pólo norte de
uma agulha magnética colocada nesse ponto.
Por analogia com o campo eléctrico, podemos representar um campo magnético recorrendo às linhas
de força ou linhas de campo. Ao conjunto das linhas de força de um campo magnético, dá-se o nome
de espectro magnético.
Estas linhas são tangentes ao vector B em cada ponto, e, por convenção, apresentam a direcção do
pólo norte para o pólo sul.

Figura 70 - Campo magnético. Visualização das linhas de força e do vector indução B.

Poder-se-á “visualizar” o campo magnético criado por um íman, recorrendo á materialização das
linhas de força ou de campo. Para tal, polvilhamos com limalha de ferro uma placa de vidro ou um
papel que se coloca sobre o íman. A limalha dispõe-se de um modo especial, consoante a forma do
íman, mostrando as linhas de força.

Edição: 01/14 v01 94 de 228


Fundamentos de Electricidade

Na figura seguinte, apresentam-se alguns espectros magnéticos.

Figura 80 - Espectros magnéticos

A observação das figuras permite-nos retirar as seguintes propriedades das linhas de força:

 As linhas de força são mais densas onde o campo é mais intenso, ou seja, são mais densas
junto às extremidades.
 As linhas de força nunca se cruzam.
 São fechadas e saem do pólo norte e terminam no pólo sul.

Fluxo magnético
Suponhamos um campo magnético uniforme e uma superfície S plana e colocada perpendicularmente
relativamente às linhas de força.

Figura 81 - Superfície perpendicular à indução

Designaremos fluxo magnético  através da superfície plana ao conjunto das linhas de força que
atravessam a superfície.

O fluxo magnético representa-se por  e exprime-se em Weber. O aparelho que permite medir as
variações de fluxo magnético é o fluxímetro.

O seu valor é dado por:

=B.S

onde:
 - Fluxo magnético Weber (Wb)
B - Indução magnética Tesla (T)
S - Área de superfície m2

Edição: 01/14 v01 95 de 228


Fundamentos de Electricidade

Se a superfície considerada não for perpendicular às linhas de força deveremos substitui-la pela sua
projecção sobre um plano perpendicular às linhas de campo.

S’ = S x cos 

Figura 82 - Campo magnético numa superfície oblíqua

Sendo  o ângulo da superfície e da sua projecção, este é também o ângulo formado pelos vectores
B e N (perpendicular à superfície), teremos o fluxo dado por:

Φ = B.S’  Φ = B.S.cos

Edição: 01/14 v01 96 de 228


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EXERCICIO RESOLVIDO

1. Calcule o fluxo magnético que atravessa uma superfície plana de 5 cm2, submetida a um campo cuja indução é de 0,2
mT. A superfície está colocada perpendicularmente às linhas de força.

2 –4 2
S = 5 cm = 5 x 10 m

–3
B = 0,2 mT = 0,2 x 10 T

= ?

 = B . S   = 0,2 x 10 – 3 . 5 x 10 – 4

  = 1 x 10 – 7 Wb = 0,1 Wb

O fluxo magnético que atravessa a superfície plana é de 0,1 Wb.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – MAGNETISMO E CAMPO MAGNÉTICO

1. Calcule a indução nos pólos de um íman, sabendo que a secção é de 2 cm2 e o fluxo magnético vale 0,4 mWb.

Edição: 01/14 v01 97 de 228


Fundamentos de Electricidade

Efeito magnético da corrente eléctrica

Uma agulha magnetizada, colocada sobre um condutor, desvia-se logo que este seja percorrido por
uma corrente. Em torno de uma corrente eléctrica existirá sempre um campo magnético.

Por outro lado, a experiência mostra que não há nenhuma diferença entre as propriedades dos
campos magnéticos produzidos pelas correntes eléctricas ou pelos ímanes.

Campo magnético criado por uma corrente rectilínea

Se tivermos um condutor rectilíneo percorrido por uma corrente de cerca de uma centena de amperes,
podemos visualizar as linhas de força do campo produzido por essa corrente.

Figura 83 - Linhas de força criadas por uma corrente rectilínea

Para isso polvilhamos com limalha de ferro um cartão colocado perpendicularmente ao condutor.
Iremos observar que a limalha se dispõe em círculos concêntricos, o que nos permite dizer que as
linhas de força são circulares. Para sabermos o sentido do campo, poderemos colocar algumas
agulhas magnetizadas.

Se invertermos o sentido da corrente verificamos que a forma das linhas de indução se mantém mas
agulhas magnetizadas indicam o sentido oposto ao inicial.

Concluímos que:

O sentido da indução magnética está ligado ao sentido da corrente e inverte-se com ele.

Edição: 01/14 v01 98 de 228


Fundamentos de Electricidade

Para sabermos o sentido das linhas de força existem várias regras práticas:

Regra da mão direita – a mão direita envolve o condutor, o polegar posiciona-se ao “longo” do
sentido da corrente, os outros dedos dão o sentido das linhas de força.

Regra de Ampère – o observador, colocando-se ao longo do condutor por forma a que a corrente
“entre” pelos pés e “saia” pela cabeça, vê as linhas de força rodarem da sua direita para a
esquerda.

Regra do saca-rolhas (ou de Maxwell) – se colocarmos um saca-rolhas paralelamente ao


condutor, o sentido do movimento que lhe imprimirmos para que ele progrida no sentido da
corrente dá o sentido das linhas de força.

Figura 84 - Regras para determinação do sentido das linhas de força

Campo magnético criado por uma corrente circular

Se utilizarmos um condutor de forma circular (espira circular) percorrido por uma corrente eléctrica,
podemos visualizar o campo magnético criado por essa corrente, colocando uma placa, com limalha
de ferro, perpendicularmente ao plano da espira e de preferência na zona central.

Figura 85 - Campo magnético criado por uma corrente circular

Edição: 01/14 v01 99 de 228


Fundamentos de Electricidade

Próximo do centro da espira as linhas do campo são praticamente rectas; aproximando-se dos pontos
onde a espira corta o plano as linhas vão–se curvando cada vez mais em volta desses pontos, e
vemos linhas curvas que são círculos deformados.

O sentido das linhas do campo pode ser visualizado por agulhas magnetizadas: as regras de Ampère e
da mão direita aplicam-se directamente; a regra o saca-rolhas aplica-se da seguinte forma: o sentido
das linhas de força é tal que faz avançar um saca-rolhas cujo movimento coincida com sentido da
corrente.

Campo magnético criado por uma bobina toroidal

A bobina toroidal é uma bobina em forma de anel como mostra a figura seguinte.

Figura 86 - Bobina toroidal

As linhas de campo são círculos concêntricos e interiores á bobina. O campo magnético no exterior é
nulo. O sentido pode ser encontrado através da regra do saca-rolhas.

Figura 87 - Campo magnético de uma bobina toroidal

Edição: 01/14 v01 100 de 228


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Campo magnético criado por uma bobina longa (solenoide)

Designamos por solenoide um condutor enrolado em hélice cilíndrica com espiras próximas umas das
outras, para que, em cada uma a corrente eléctrica possa ser considerada circular. Tal condutor deve
ter um comprimento bastante superior ao diâmetro das espiras. A figura seguinte mostra o espectro
magnético do campo criado pela corrente eléctrica que percorre um solenoide.

Figura 88 - Campo magnético criado por uma solenoide

No interior do solenóide, as linhas de força são praticamente paralelas entre si, o que sugere que,
nesta zona, o campo magnético é praticamente uniforme.

No exterior do solenóide, o espectro magnético assemelha-se ao de um íman recto.

Para determinarmos o sentido das linhas de força, podemos utilizar a regra da mão direita.

Se colocarmos em cada extremidade do solenóide ou bobina, uma agulha magnética esta comporta-se
como se uma dessas extremidades fosse um pólo norte e a outra um pólo sul.

Figura 89 - Pólos de uma bobina ( solenóide )

Edição: 01/14 v01 101 de 228


Fundamentos de Electricidade

Há uma regra prática que permite relacionar o sentido da corrente nas extremidades de um solenóide,
com os pólos magnéticos que lhes correspondem:

O pólo sul de uma bobina é a extremidade diante da qual é necessário colocarmo-nos para vermos a
corrente rodar no sentido dos ponteiros do relógio. No caso contrário encontramo-nos face ao pólo
norte.

Figura 90 - Identificação dos pólos numa bobina (solenóide)

Edição: 01/14 v01 102 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDO

1. Um condutor rectilíneo é percorrido por uma corrente eléctrica. Em qual das figuras está representado, correctamente, o
sentido das linhas de força.

Figura 91 - Linhas de força criadas por uma corrente rectilínea

Por aplicação da regra da mão direita: envolvemos o condutor com a mão referida, o polegar
posiciona-se ao “longo” do sentido da corrente, os outros dedos dão o sentido das linhas de força,
podemos constatar que o sentido as linhas de força ou de campo se encontra definido na figura C.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – MAGNETISMO

1. A figura seguinte representa um solenóide percorrido por uma corrente eléctrica contínua.

Figura 92 - Representação de uma solenóide.

1.1 Qual é o sentido das linhas de campo magnético no interior do solenóide?


1.2 Qual das extremidades do solenóide se comporta como um pólo norte?
1.3 Se se interromper a corrente eléctrica, o que acontece à polaridade do solenóide?

Edição: 01/14 v01 103 de 228


Fundamentos de Electricidade

Sempre que existirem simultaneamente dois campos magnéticos num determinado espaço surgem
forças.

As forças têm o nome de electromagnéticas e aparecem entre ímans e bobinas percorridas por
corrente eléctrica e entre bobinas percorridas por corrente eléctrica.

Acção de um campo magnético sobre uma corrente rectilínea. Lei de Laplace.

Quando se coloca um condutor percorrido por uma corrente num campo magnético de um íman,
produz-se um efeito dinâmico mútuo entre as duas fontes do campo magnético (o do íman e o
provocado pela corrente eléctrica). Se considerarmos, por um lado, que o íman está fixo e, por outro,
que o condutor se pode movimentar livremente, iremos verificar que, por acção de uma força F, o
condutor se irá deslocar.

Figura 93 - Acção de um campo magnético sobre uma corrente rectilínea

O sentido dessa força F é dado pela regra da “mão direita ”. Se considerarmos as linhas de força a
entrarem na palma da mão direita e saindo a corrente pelo polegar, as pontas dos dedos indicam o
sentido da força.

Figura 94 - Regra da mão direita

Edição: 01/14 v01 104 de 228


Fundamentos de Electricidade

Consideremos novamente o sistema íman-condutor e façamos variar os factores que afectam o valor
da força electromagnética.

 Intensidade da corrente – quando a intensidade aumenta a força aumenta.

 Coloquemos primeiro um íman a actuar sobre uma corrente e seguidamente dois ímanes
idênticos colocadas lado a lado também a actuarem sobre uma corrente. Constataremos que
no segundo caso a força é maior. Como a indução é idêntica, tivemos apenas um aumento do
comprimento a justificar esse aumento da força. Donde se conclui que quanto maior for o
comprimento do condutor, maior será a força exercida sobre ele.

 Se substituirmos o íman por outro com uma indução maior, a força aumenta

 A força depende do ângulo formado pelas direcção de B e I .

Figura 95 - A força é proporcional ao comprimento do condutor submetido à indução

Podemos resumir todas estas considerações numa única lei - Lei de Laplace.

A força electromagnética produzida sobre um condutor rectilíneo é proporcional á indução, á


intensidade da corrente que o atravessa, ao comprimento e ao seno do ângulo formado pela
indução e pelo condutor.

A Lei de Laplace traduz-se pela expressão:

F= B.I.ℓ.sen 

em que:
F - Força electromagnética - Newton (N)
B - Indução magnética - Tesla (T)
I - Intensidade de corrente - Ampere (A)
ℓ - Comprimento – metro (m)

Edição: 01/14 v01 105 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 96 - Lei de Laplace. F é perpendicular ao plano definido por B e I

Indução electromagnética. Lei de Lenz e Lei de Faraday.


Vamos supor uma bobina sem núcleo ligada a um galvanómetro e um íman recto, como descrito na
figura.

Figura 97 - Força electromotriz induzida

Se aproximarmos ou afastarmos o íman da bobina verificamos que o galvanómetro indica a


passagem de uma corrente. Se o íman se mantiver parado em qualquer posição, então
galvanómetro não indica qualquer passagem de corrente.

Ao aproximarmos ou afastarmos o íman da bobina fazemos variar o fluxo que a atravessa. Esta
variação do fluxo vai gerar uma f.e.m. a que se chama f.e.m. induzida. Como o circuito é um circuito
fechado esta f.e.m. origina uma corrente chamada corrente induzida.

O circuito onde se geram as f.e.m. induzidas é o induzido. O íman é o indutor.

Se mantivermos o íman parado não há variação do fluxo através da bobina e portanto não há f.e.m.
induzida. Para gerar f.e.m. induzida não basta a existência de fluxo é necessário que haja variação
do fluxo.

A lei de Faraday ou Lei de geral da indução electromagnética diz:

Sempre que um circuito estiver sujeito a uma variação de fluxo, gera-se nele uma f.e.m.
induzida. Se o circuito for fechado será percorrido por uma corrente induzida.

Edição: 01/14 v01 106 de 228


Fundamentos de Electricidade

Em consonância, com o que foi exposto poderemos através da lei de Lenz verificar o sentido da força
induzida.

Segundo esta:

O sentido da corrente induzida é tal que tende a opor-se, pela sua acção electromagnética, á
causa que lhe deu origem.

Assim sendo, na figura, quando aproximamos o íman da bobina gera-se uma corrente induzida. O
sentido desta corrente é tal que vai criar um fluxo que contrarie o aumento do fluxo indutor, isto é,
como o pólo que se está a aproximar da bobina é o pólo norte, então o sentido da corrente induzida é
tal que cria na extremidade da bobina por onde esta a entrar o fluxo, um pólo norte que tende a
opor-se á aproximação do íman.

Se afastarmos o íman então o sentido da corrente na bobina para contrariar esse afastamento
(diminuição do fluxo) é tal que cria do lado mais próximo do íman um pólo sul.

Um exemplo concreto deste fenómeno é o dínamo a gerar corrente. Um dínamo é uma máquina
eléctrica rotativa que produz corrente eléctrica. Tem uma parte fixa - estator - onde se cria o campo
magnético indutor e uma parte que roda - rotor - onde estão as várias bobinas que formam o induzido.
Fazendo rodar o rotor pode-se obter corrente do dínamo.

Se o dínamo não está a gerar corrente o rotor gira com facilidade. Se está a gerar corrente então as
correntes que são induzidas nas bobinas vão opor-se à causa que as produziu, isto é, vão tender a
parar o rotor e então para o manter em movimento é necessário exercer uma força.

Correntes de Foucault
Realizemos a experiência que se representa na figura ilustrada na figura seguinte:

Figura 98 - A rotação do disco é travada quando o electroíman é alimentado

Façamos rodar o disco metálico, por um processo mecânico qualquer, entre os pólos de um
electroíman.
Se não houver corrente, o disco gira rapidamente; se fornecermos corrente ao electroíman, a
velocidade de rotação diminui.

Edição: 01/14 v01 107 de 228


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Essa diminuição deve-se ao facto de serem induzidas correntes no disco que se vão opor à causa que
lhes deu origem, ou seja, a rotação do disco.

Observemos a figura. O disco condutor intercepta no seu deslocamento as linhas de força do campo
magnético e consequentemente vão-se criar forças electromotrizes. Resultarão correntes induzidas
que circulam no disco. As forças electromagnéticas daí resultantes são resistentes, travam o disco.
Nas mesmas condições um disco isolante não é travado.

Figura 99 - Correntes de Foucault

A estas correntes induzidas numa massa metálica condutora dá-se o nome de correntes de Foucault.

Aplicações e inconvenientes das correntes e Foucault


As correntes de Foucault têm diversas aplicações, como o amortecimento em aparelhos de medida,
travagem em camiões, embraiagem de automóveis, motores assíncronos, fornos de indução, fornos
para fabrico de monocristais, velocímetros, etc.

Entretanto surgem alguns inconvenientes pois produzem nas massas metálicas perdas por efeito de
Joule. Para reduzir essas perdas, constroem-se os núcleos das bobinas, dos transformadores, das
máquinas eléctricas com chapas de pequena espessura. Este procedimento utiliza-se sempre que uma
massa metálica se movimente num campo magnético ou sempre que um campo magnético variável
atravesse uma massa metálica mesmo que esta se encontre imóvel.
As chapas são isoladas entre si, conseguindo-se assim diminuir as correntes de Foucault sem alterar a
circulação do fluxo magnético. As chapas devem ser dispostas paralelamente às linhas de força do
campo.

Edição: 01/14 v01 108 de 228


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Figura 100 - Diminuição das correntes de Foucault

Indutâncias
O símbolo de uma indutância ou bobina apresenta-se na figura que se segue.

Figura 101 - Simbologia de uma indutância

Coeficiente de auto-indução
A variação da intensidade da corrente eléctrica num circuito faz com que o fluxo próprio desse circuito
varie. Esta variação de fluxo, pela lei de Faraday, faz induzir uma f.e.m. que origina uma corrente que
se vai opor á causa que lhe dá origem.
Esta f.e.m. tem o nome de f.e.m. auto-induzida ou de auto-indução por se induzir no próprio
circuito.

O coeficiente de auto-indução ou indutância L de um circuito define-se como o quociente entre o fluxo


total próprio através do circuito pela corrente que o percorre.

A indutância representa-se por L. Exprime-se em Henry (H).

A expressão que exprime o enunciado anterior é:

onde:
L - Indutância - Henry (H)
 - Fluxo magnético - Weber (Wb)
I - Corrente eléctrica - Ampere (A)

Indução mútua
Na maioria das situações, as bobinas encontram-se nas proximidades de outras bobinas, pelo que os
fluxos criados por umas afectam as outras. Consequentemente, definiu-se o coeficiente de indução

Edição: 01/14 v01 109 de 228


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mútua - M entre dois circuitos ou duas bobinas como sendo a relação entre o fluxo que atravessa um
circuito criado pelo outro e a corrente que o criou. Assim :

em que:
M - Coeficiente de indução mútua - Henry (H)
12 - Fluxo magnético que atravessa o circuito 1 e foi criado pela corrente I2 no circuito 2. - Weber (Wb)
21 - Fluxo magnético que atravessa o circuito 2 e foi criado pela corrente I1 no circuito 1. - Weber (Wb)
I1 - Corrente eléctrica que percorre o circuito 1 - Ampere (A)
I2 - Corrente eléctrica que percorre o circuito 2 - Ampere (A)

Associação de bobinas (não acopladas magneticamente)


Por vezes surge a necessidade de associar bobinas. A regra para o calcula da indutância total é
semelhante á associação de resistências.

Associação em série

A indutância total é dada pela soma das indutâncias de cada bobina:


LT = L1 + L 2 + L 3 + … + L n

Associação em paralelo

A indutância total será dada por:

1 1 1 1
   ... 
LT L1 L2 Ln

Energia armazenada numa bobina

Quando a corrente aumenta a bobina armazena energia sob a forma de energia magnética que
corresponde a um dado campo magnético. Quando a corrente diminui a bobina devolve-a sob a forma
de energia eléctrica (corrente induzida).
Se a corrente não variar o campo magnético da bobina é constante sendo também a energia
armazenada constante.

A energia armazenada por uma bobina é dada por:

Edição: 01/14 v01 110 de 228


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As bobinas com núcleo de ferro armazenam mais energia do que as bobinas sem núcleo.
Em geral o valor da energia não é muito grande, contudo a potência (P=W/t) pode ser considerável se
a energia for restituída num intervalo de tempo t muito pequeno.

Edição: 01/14 v01 111 de 228


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EXERCICIO RESOLVIDO

1. Considere uma bobina com L= 4 mH percorrida por uma corrente de 20 mA. Calcule.

1.1 A energia magnética armazenada.


L = 4 mH

I = 20 mA

W= ?

1 1
W . L.I2  W . 4  103.( 20  103 )2  W  0,8 J
2 2

A energia armazenada pela bobina é de 0,8 J.

1.2 A potência posta em jogo quando a sua energia é transmitida a uma carga, no tempo de 0,05 s.

W = 0,8 J

t = 0,05 s

P= ?

W 0,8  106
P  P  P  16 W
t 0,05

A potência posta 16 W em jogo quando a energia armazenada é transmitida a uma carga.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – ELECTROMAGNETISMO

1. Determine a força electromagnética que se exerce num condutor de 5 cm de comprimento, percorrido por uma corrente
de 500 mA e submetido a um campo cuja indução é de 0,1 T, quando:

1.1 As linhas de força são perpendiculares ao condutor.


1.2 As linhas de força formam um ângulo de 30º com o condutor.

2 Uma bobina com L=10 mH é percorrida por uma corrente contínua de 500 mA. Calcule a energia magnética
armazenada.

Edição: 01/14 v01 112 de 228


Fundamentos de Electricidade

Circuitos magnéticos
Ao percurso das linhas de força de um campo magnético dá-se o nome de circuito magnético, de
forma idêntica ao circuito eléctrico que definimos como o percurso da corrente eléctrica. Existe, no
entanto, uma diferença fundamental entre os circuitos magnético e eléctrico.

Com efeito, o circuito eléctrico pode estar fechado ou aberto, não circulando corrente neste último
caso. Em contrapartida, um circuito magnético está sempre fechado, pois as linhas de força nunca
podem ser suprimidas, pois não existem substâncias isoladoras do magnetismo.

Os circuitos magnéticos podem ser homogéneos, quando são constituídos por um só material e a
secção é constante ao longo de todo o circuito, e heterogéneos, quando a situação anterior não se
verifica.

Designa-se por entreferro o espaço de ar existente entre o material magnético que constitui o circuito
magnético.

Figura 102 - Circuitos magnéticos. Homogéneo (á esquerda) e heterogéneo (á direita)

Lei dos circuitos magnéticos. Lei de Hopkinson


O físico inglês Hopkinson verificou que o fluxo magnético num circuito era dado pela quociente entre a
força magnetomotriz e a resistência magnética ou relutância:

onde:
 - Fluxo magnético - Weber (Wb)
 - Força magnetomotriz - Ampere.espira (Ae)
 - Relutância - Ampere.espira / Wb ( Ae/Wb)

em que a força magnetomotriz f.m.m. ou  é dada por:

Sendo:

 - Força magnetomotriz - Ampere.espira (Ae)

Edição: 01/14 v01 113 de 228


Fundamentos de Electricidade

N - Número de espiras
I - Intensidade da corrente - Ampere (A)

Analogia entre o circuito magnético e o circuito eléctrico

Figura 103 - Circuito magnético (a). Circuito eléctrico (b)

Circuito eléctrico Circuito magnético

Corrente eléctrica - I Fluxo magnético - 

Força electromotriz - E Força magnetomotriz - 

Resistência - R Relutância - 

Edição: 01/14 v01 114 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – CIRCUITOS MAGNÉTICOS

1. Calcule o fluxo estabelecido no circuito magnético representado na figura se a relutância do material for de 0,28 x 10 –5
Ae/Wb.

Figura 104 - Circuitos magnéticos em análise

2. Sabendo-se que passa uma corrente de 2 A através de uma bobina com 50 espiras, determine:

2.1 A força magnetomotriz.


2.2 A relutância do circuito se o fluxo for de 250 Wb.

Edição: 01/14 v01 115 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 7 – APARELHAGEM DE PROTECÇÃO

7.1 Aparelhos de protecção

Os aparelhos de protecção têm como função proteger todos os elementos que constituem uma
instalação eléctrica contra os diferentes tipos de defeitos que podem ocorrer. Os principais tipos de
defeitos que podem ocorrer num circuito são:

 Sobreintensidades (curto-circuitos ou sobrecargas)


 Sobretensões
 Subtensões
 Deficiências de isolamento

7.2 Sobreintensidade

Se a corrente eléctrica de serviço (IB) ultrapassar o valor máximo (Iz) permitido nos condutores diz-se
que há uma sobreintensidade, no entanto a sobreintensidade pode ser apenas uma sobrecarga ou
curto-circuito.

Por exemplo, uma sobrecarga é quanto temos demasiados aparelhos ligados simultaneamente num
mesmo circuito e isto pode originar que a corrente de serviço no circuito seja ligeiramente superior à
intensidade máxima permitida nos condutores (IB > Iz) ou quando um motor entra em esforço mecânico
e vai “solicitar” um aumento de corrente, prolongado no tempo, por forma a vencer esse esforço,
produzindo um aquecimento exagerado no equipamento.

Edição: 01/14 v01 116 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 105 – Exemplos de sobrecargas


Um curto-circuito acontece quando dois pontos do circuito com potenciais eléctricos diferentes
entram em contacto directo entre si criando uma sobreintensidade em que a corrente de serviço no
circuito é muito superior à intensidade máxima permitida nos condutores (IB >>Iz).

Figura 106 – Exemplo de curto-circuitos

 Aparelhos de protecção contra sobreintensidades

Para proteger os circuitos contra sobreintensidades (sobrecargas ou curto–circuitos) são usados


disjuntores magnetotérmicos ou corta circuitos fusíveis que interrompem automaticamente a
passagem da corrente no circuito, evitando um sobreaquecimento dos condutores que pode originar
um incêndio.

Figura 107 – Equipamentos que protegem contra sobreintensidades

Edição: 01/14 v01 117 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 118 de 228


Fundamentos de Electricidade

Disjuntores de baixa tensão

Um disjuntor é constituído pelo relé, com um órgão de disparo (disparador) e um órgão de corte (o
interruptor) e dotado também de convenientes meios de extinção do arco eléctrico (câmaras de
extinção do arco eléctrico).
Como disjuntor mais vulgar fabrica-se o disjuntor magnetotérmico que possui um relé
electromagnético que protege contra curto–circuitos e um relé térmico, constituído por uma lâmina
bimetálica, que protege contra sobrecargas.

Figura 108 – Constituição do disjuntor magnetotérmico

Características dos disjuntores:

• Corrente estipulada ou nominal (vulgarmente designada por calibre): valor para o qual o disjuntor
não actua.

Correntes estipuladas: 6 – 10 – 16 – 20 – 25 – 32 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100 – 125 A

• Corrente convencional de não funcionamento: valor para o qual o disjuntor não deve funcionar
durante o tempo convencional.

• Corrente convencional de funcionamento: valor para o qual o disjuntor deve funcionar antes de
terminar o tempo convencional.

• Poder de corte : corrente máxima de curto-circuito que o disjuntor é capaz de interromper sem se
danificar. Os poderes de corte estipulados normalizados são: 1,5 – 3 – 4,5 – 6 – 10 KA

EXEMPLO:

Edição: 01/14 v01 119 de 228


Fundamentos de Electricidade

Curva característica do disjuntor

Consoante os fabricantes, tendo em conta as zonas características de funcionamento, podem definir-


se vários tipos de disjuntores:

Figura 109 – Curva característica do disjuntor e zonas de disparo térmico e magnético

 Tipo B (equivalente ao tipo L na norma francesa e alemã): o seu limiar de disparo magnético é
muito baixo (ideal para curto–circuitos de valor reduzido), com Idisp = 3 a 5 x Inom (cargas
resistivas com pequena corrente de arranque, como aquecedores, fornos eléctricos, lâmpadas
incandescentes/fluorescentes e circ. de tomadas de uso geral).
 Tipo C (equivalente ao tipo U para a norma francesa e tipo G na norma alemã
respectivamente): o seu limiar de disparo magnético permite-lhe cobrir a maioria das
necessidades, com Idisp = 5 a 10 x Inom (cargas com correntes de arranque consideráveis,
como lâmpadas de descarga de alta pressão).
 Tipo D (equivalente ao tipo D e tipo K na norma francesa e alemã respectivamente): o seu
limiar de disparo magnético alto permite utilizá-lo na protecção de circuitos com elevadas
pontas de corrente de arranque, com Idisp = 10 a 20 x Inom (cargas com grande corrente de
partida, como motores eléctricos, transformadores BT/BT).

Edição: 01/14 v01 120 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 110 – Curvas de disparo térmico e magnético dos disjuntores


Fusíveis

Um corta–circuitos fusível é constituído por um fio ou lâmina condutora, dentro de um invólucro.


O fio ou lâmina condutora (prata, cobre, chumbo…) é calibrado de forma a poder suportar sem fundir,
a intensidade para a qual está calibrado. Se a intensidade ultrapassar razoavelmente esse valor, ele
deve fundir (interrompendo o circuito) tanto mais depressa quanto maior for o valor da intensidade da
corrente que o atravessa.

Figura 111 – Aspecto do fusível

Tipos de fusíveis

Figura 112 – Tipos de fusíveis

Edição: 01/14 v01 121 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 113 – Indicação visual sobre o estado do elemento fusível

Edição: 01/14 v01 122 de 228


Fundamentos de Electricidade

Características dos fusíveis

• Corrente estipulada (In) é a intensidade de corrente que o fusível pode suportar permanentemente
sem fundir.

• Corrente convencional de não funcionamento (Inf) é o valor da corrente para o qual o fusível não
deve funcionar durante o tempo convencional.

• Corrente convencional de funcionamento (I2) valor da corrente para o qual o fusível deve funcionar
antes de terminar o tempo convencional.

• Poder de corte (Pdc) é a máxima intensidade de corrente que o fusível é capaz de interromper, sem
destruição do invólucro do elemento fusível.

• Tensão nominal (Un) é a tensão que serve de base ao dimensionamento do fusível, do ponto de
vista do isolamento eléctrico

Curva característica do fusível

Figura 114 – Curva característica do fusível

Curva intensidade-tempo de fusão é a curva que relaciona os valores da intensidade à qual o fusível
funde com o respectivo tempo que o fusível demora a fundir.
O fusível não funde para a sua intensidade nominal (IN) ou calibre.
O fusível funde em B mais depressa do que em A, visto que I é mais elevado em B.

Tipos de fusíveis

• Fusíveis de acção lenta – tipo gG : Estes fusíveis são do “tipo geral” e designam-se por fusíveis
de acção lenta. São previstos para protecção contra sobrecargas e contra curto–circuitos.

• Fusíveis de acção rápida – tipo aM: São previstos para a protecção contra curto–circuitos. Não
funcionam para pequenas e médias sobrecargas. A principal aplicação é na protecção de motores
eléctricos.

Edição: 01/14 v01 123 de 228


Fundamentos de Electricidade

Protecção contra sobrecargas

A protecção contra sobrecargas das canalizações eléctricas é assegurada se as características dos


aparelhos de protecção respeitarem simultaneamente as seguintes condições:

 A corrente estipulada do dispositivo de protecção (In) seja maior ou igual à corrente de serviço
da canalização respectiva (IB) e menor ou igual que a corrente máxima admissível na
canalização (IZ).
IB ≤ In ≤ IZ

 A corrente convencional de funcionamento do dispositivo de protecção (I2) seja menor ou igual


que 1,45 a corrente máxima admissível na canalização (IZ).

I2 ≤ 1,45 x IZ

Figura 115 – Quadro ilustrativo das condições a respeitar no dimensionamento da protecção

Edição: 01/14 v01 124 de 228


Fundamentos de Electricidade

Exercício de aplicação

Seleccione o calibre (In) do disjuntor de protecção contra sobrecargas de uma canalização


constituída por condutores H07V-U com secção de 2,5 mm2, em tubo, que vai alimentar uma
máquina de lavar roupa cuja intensidade de serviço (IB) é de 14,6 A.

IB = 14,6 A
s = 2,5 mm2 → IZ = 19,5 A (Quadro 52-C1 - Parte 5 / Anexos das RTIEBT)

 1ª condição: IB ≤ In ≤ IZ

A intensidade nominal do disjuntor (In) terá que ser maior ou igual a 14,6 A (IB). Sabendo que as
correntes estipuladas dos disjuntores são de 6 – 10 – 16 – 20 – 25 – 32 – 40 A … encontramos
nessa situação o disjuntor com uma intensidade nominal de 16 A.
Assim, a 1ª condição está verificada:

14,6 < 16 < 19,5

 2ª condição: I2 ≤ 1,45 x Iz

A corrente convencional de funcionamento (I2) do disjuntor de 16 A é de 23 A (1,45xIn).


A 2ª condição está verificada já que:

23 ≤ 1,45 x 19,5

23 ≤ 28,3

O calibre ou a intensidade nominal do disjuntor a utilizar seria de 16A.

Edição: 01/14 v01 125 de 228


Fundamentos de Electricidade

Protecção contra curto-circuitos

A protecção contra curto-circuitos das canalizações eléctricas é assegurada se as características dos


aparelhos de protecção respeitarem simultaneamente as seguintes condições:

 Regra do poder de corte: o poder de corte não deve ser inferior à corrente de curto-circuito
presumida no ponto de localização.

Icc ≤ Pdc

 Regra do tempo de corte: o tempo de corte resultante de um curto-circuito em qualquer ponto


do circuito não deverá ser superior ao tempo correspondente à elevação da temperatura do
condutor ao seu máximo admissível.
Para curto-circuitos de duração até 5s, o tempo aproximado correspondente à elevação da
temperatura do condutor ao seu máximo admissível é dado pela expressão:

√t = K x (S / Icc)

onde:

t - tempo expresso em segundos


S – secção dos condutores em mm2
Icc – corrente de curto-circuito em A, para um defeito franco no ponto mais afastado do circuito.
K – constante, variável com o tipo de isolamento e da alma condutora, igual a 115 para condutores de cobre e
isolamento em PVC

Edição: 01/14 v01 126 de 228


Fundamentos de Electricidade

Exercício de aplicação

Verificar se o disjuntor de 16A anteriormente seleccionado para protecção contra sobrecargas pode
ser utilizado na protecção conta curto–circuitos sabendo que:

Regra do poder de corte:

• Cálculo da resistência do condutor a jusante do quadro eléctrico:

R = (ρ x l) / s → R = (0.0225 x 10) / 2,5 → R = 0,09 Ω

• Cálculo da resistência do condutor a montante do quadro eléctrico:

R = (ρ x l) / s → R = (0.0225 x 5) / 4 → R = 0,028 Ω

• Resistência total do condutor: 0,09 + 0,028 = 0,118 Ω

• Cálculo da corrente de curto – circuito:

Icc = U / R → Icc = 230 / 0,118 → Icc = 1949 A

Se esse disjuntor tiver um poder de corte (Pdc) de 3KA pode ser utilizado, já que cumpre a
condição:

Icc ≤ Pdc

1949 ≤ 3000

NOTA: Os poderes de corte estipulados normalizados são: 1,5 – 3 – 4,5 – 6 – 10 KA.

Regra do tempo de corte

√t = K x (S / Icc)

√t = K x (S / Icc)
√t = 115 x (2,5 / 1949)
√t = 0,15
t = 0,023 s

Como o tempo de corte (23 ms) é menor do que 5 segundos, está verificada a regra do tempo de
corte.

Edição: 01/14 v01 127 de 228


Fundamentos de Electricidade

A protecção contra curto-circuitos das canalizações eléctricas é assegurada, já que as características


do aparelho de protecção respeita simultaneamente as duas condições.
Selectividade dos aparelhos de protecção

Diz-se que há selectividade dos aparelhos de protecção quando em caso de defeito apenas actua o
aparelho de protecção imediatamente a montante do defeito.

Na prática a selectividade é garantida se:

• A intensidade nominal do corta circuito fusível colocado a montante for igual ou maior a três
vezes a intensidade nominal do corta-circuitos fusível colocado a jusante (selectividade entre
corta-circuitos fusível).

• A intensidade nominal do disjuntor colocado a montante for igual ou maior a duas vezes a
intensidade nominal do disjuntor colocado a jusante (selectividade entre disjuntores).

• As curvas características do aparelho de protecção contra sobrecargas e do aparelho de


protecção contra curto-circuitos forem tais que actue o primeiro aparelho situado a montante
(selectividade entre disjuntores e corta–circuitos fusível).

Selectividade dos aparelhos de protecção:

Figura 116 – Quadro de selectividades entre protecções

Edição: 01/14 v01 128 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 129 de 228


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7.3 Sobretensão

As sobretensões (aumento da tensão) podem ser de origem externa (descarga atmosférica nas
linhas) ou de origem interna (falsas manobras, deficiências de isolamento com linhas de tensão mais
elevada).
As sobretensões são geralmente bruscas e podem danificar a aparelhagem eléctrica, particularmente
a de informática e de electrónica.

Figura 117 – Exemplos de situações que podem originar sobretensões noutras redes

Edição: 01/14 v01 130 de 228


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Descarregador de Sobretensão

Para a protecção contra sobretensões usa-se um descarregador de sobretensões (DST) a instalar à


entrada da instalação (a montante ou a jusante do dispositivo diferencial).
Este tipo de protecção é recomendada quando as instalações forem abastecidas por redes aéreas de
distribuição em BT (condutores nus ou torçadas) e quando a segurança de bens e/ou a continuidade
de serviço forem relevantes.

Figura 118 – Descarregadores de sobre tensões

7.4 Subtensão

As subtensões (abaixamento da tensão) podem ocorrer por:

Excesso de carga ligada (originando quedas de tensão nas linhas e cabos)


Desequilíbrio acentuado na rede trifásica
Rotura de uma das fases
Contactos à terra de uma fase

Edição: 01/14 v01 131 de 228


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7.5 Falhas de isolamento

A protecção de pessoas contra choques eléctricos é feito através de 2 conceitos:

 Protecção contra contactos directos: consiste em evitar que as pessoas corram riscos de
entrar em contacto com partes activas sob tensão de materiais ou equipamentos eléctricos.
Estas medidas conseguem-se através de:

o Isolamento adequado (colocação de acrílicos nos barramentos à vista em quadros eléctricos)


o Por meio de obstáculos (anteparo dos quadros eléctricos, vedações, etc. )
o Afastamento (colocação em altura adequada de equipamento sem isolamento)

 Protecção contra contactos indirectos: consiste em defender as pessoas contra os riscos a


que podem ficar sujeitas em resultado das massas metálicas ficarem acidentalmente sob
tensão (devido a falha de isolamento).
Consideram-se 2 tipos de medidas:

o Medidas preventivas (isolamento de massas; estabelecimento de ligações equipotenciais; emprego


de equipamentos de isolamento de classe II; emprego de tensão reduzida de segurança).

o Medidas activas (utilização de dispositivos de corte automático de correntes de fuga, ou seja,


dispositivos diferenciais – requer ligação das massas à terra).

Os equipamentos diferenciais são responsáveis pela protecção das pessoas contra contactos
acidentais em peças sob tensão eléctrica, detectando pequenas correntes de fuga à terra, devido a
falhas de isolamento, interrompendo automaticamente o fornecimento de energia eléctrica a essa
parte da instalação.

Figura 119 – Botão de teste nos equipamentos diferenciais

Os diferenciais vêm equipados com um botão de teste que serve para confirmar manualmente o
funcionamento do dispositivo (os fabricantes aconselham efectuar o teste destes equipamentos
periodicamente).

Edição: 01/14 v01 132 de 228


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O diferencial é composto por um transformador toroidal, em que os fluxos magnéticos criados pela
corrente de fase e de neutro, em condições normais, anulam-se e não produzem o disparo do
diferencial. Sempre que existe uma anomalia no circuito eléctrico, que produza uma corrente de fuga
suficiente para criar um desequilíbrio entre os fluxos, o transformador toroidal provoca o disparo do
diferencial.

Figura 120 – Funcionamento do dispositivo diferencial em diversas situações

Existem 4 classes de sensibilidade para os equipamentos diferenciais:

 Muito alta sensibilidade – 10 mA (circuitos de hidromassagem e termoacumuladores)


 Alta sensibilidade – 30 mA (circuitos de tomadas de uso geral)
 Média sensibilidade – 300 mA (circuitos de iluminação)
 Baixa sensibilidade – >1000 mA

Edição: 01/14 v01 133 de 228


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Figura 121 – Identificação da sensibilidade do diferencial

CAPÍTULO 8 – INTRODUÇÃO AOS AUTOMATISMOS

8.1 Introdução aos automatismos

Entre as máquinas eléctricas, o motor de corrente alternada trifásica é a máquina mais utilizada
em sistemas de accionamento industrial, para o accionamento de diversos tipos de equipamentos,
tais como sistemas de transporte e manuseamento, máquinas ferramentas, bombas, máquinas de
embalar, sistemas de ventilação, etc.

Devido à sua robustez, baixo preço, número reduzido de peças em movimento e portanto sujeitas a
desgaste, e à sua fácil manutenção e longa duração, o motor de corrente alternada trifásica com
rotor em gaiola de esquilo é o motor eléctrico mais utilizado actualmente em acionamentos.

Figura 122 – Constituição do motor trifásico assíncrono de indução

Os motores de corrente alternada são constituídos por um circuito magnético estático (estator), onde
estão colocadas as bobinas que são alimentadas directamente pela rede, e por um núcleo

Edição: 01/14 v01 134 de 228


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ferromagnético com bobinas rotóricas (rotor bobinado) ou por um núcleo maciço de alumínio e
chapas de ferro (rotor em gaiola de esquilo).

ESTATOR ROTOR GAIOLA DE ESQUILO ROTOR BOBINADO

Figura 123 – Partes do motor assíncrono de rotor em gaiola de esquilo e rotor bobinado.

Exemplo de um motor trifásico de indução com rotor em gaiola de esquilo

Figura 124 – Representação da constituição do motor assíncrono

Edição: 01/14 v01 135 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 136 de 228


Fundamentos de Electricidade

8.2 Princípio de funcionamento do motor de indução

O motor assíncrono funciona segundo o princípio da indução electromagnética, ou seja, quando


alimentamos os enrolamentos do estator com uma corrente alternada, estes criam um fluxo magnético
variável (designado por campo girante) que, segundo a lei de Lenz, irá originar nos enrolamentos do
rotor uma corrente induzida que produzirá um segundo campo magnético que tenderá a seguir o
campo magnético criado no estator.

Nos motores de indução, a velocidade do campo girante é determinada pela frequência da rede e pelo
nº de pares de pólos, de acordo com a seguinte expressão:

f  60
n sinc  (rpm)
p

Num motor de indução do tipo assíncrono, o rotor irá girar sempre a uma velocidade inferior à do
campo girante.

n sinc > n rotor

A velocidade do rotor depende basicamente do regime de carga a que o motor está a funcionar,
contudo existe uma característica que permite determinar com alguma precisão qual a velocidade do
rotor do motor: o escorregamento (g).
O escorregamento é expresso em percentagem e representa a diferença da velocidade entre o campo
girante e a velocidade efectiva do rotor, comparativamente com a velocidade do campo girante:

n  n' n – velocidade do campo girante (rpm)


g 100%
n
n’ – velocidade do rotor (rpm)

Edição: 01/14 v01 137 de 228


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8.3 Ligações do motor de indução

O motor trifásico é constituído por 3 enrolamentos estatóricos, que permitem a sua ligação de duas
formas diferentes: ligação em estrela (Y) e ligação em triângulo (Δ).

 Ligação em estrela

Figura 125 – Representação da ligação estrela no motor trifásico

Na ligação em estrela, cada enrolamento do motor está apenas sujeito a uma tensão simples de 230V,
apesar de entre dois enrolamentos existir uma tensão composta de 400V.
Como a impedância de cada enrolamento do motor não se altera, para uma tensão de 230V, a
corrente consumida vai ser mais baixa.

Uc IL
Us  ILY 
3 3
 Ligação em triângulo

Figura 126 – Representação da ligação triângulo no motor trifásico

Na ligação em triângulo, cada enrolamento do motor está sujeito a uma tensão composta de 400V.
Neste tipo de ligação, o motor consegue tirar melhor partido das suas características e apresenta um

Edição: 01/14 v01 138 de 228


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rendimento mais elevado, disponibilizando um binário motor superior ao binário disponível na ligação
em estrela.

As correntes de arranque também são mais elevadas no arranque em Δ, podendo atingir cerca de
6xINOM MOTOR, enquanto em Y são no máximo 2xINOM MOT.

Figura 127 – Curva característica do binário/velocidade (esquerda) e corrente/velocidade (direita) do motor assíncrono

 Inversão de marcha

A inversão do sentido de rotação do motor é conseguida através da troca de apenas duas das fases
nos enrolamentos do motor.

Figura 128 – Ligações para a inversão de marcha

Edição: 01/14 v01 139 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 140 de 228


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8.4 Circuitos de comando e potência dos motores trifásicos

O accionamento de um motor trifásico é realizado através de um circuito de comando, responsável


por garantir que todas as condições de segurança, encravamentos e lógica eléctrica devem ser
respeitadas para que o motor possa funcionar.

A tensão do circuito de comando depende apenas do valor nominal da tensão de alimentação da


bobine dos contactores utilizados ou de outros equipamentos utilizados no circuito de comando.

Se todas estas condições forem respeitadas, então a bobina de um contactor é alimentada, permitindo
por sua vez a alimentação da rede eléctrica ao motor, sendo este considerado o circuito de potência.

A representação dos circuitos de potência e comando deve ser executada respeitando algumas
normas, nomeadamente utilizando simbologia normalizada, regras de representação de algarismos e
letras de identificação dos equipamentos e indicando os calibres dos aparelhos de corte e protecção
dos circuitos.

Os equipamentos utilizados nestes circuitos são essencialmente:

CONTACTORES RELÉS TÉRMICOS

DISJUNTORES-MOTORES SECCIONADOR-FUSÍVEL DISJUNTORES MAGNETO-


TÉRMICOS

SENSORES ACTUADORES BOTONEIRAS EMERGÊNCIA E MARCHA/PARAGEM

Edição: 01/14 v01 141 de 228


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Figura 129 – Equipamentos utilizados nos circuitos de comando e potência


No entanto, muitos outros equipamentos podem ser adicionados para criar soluções que se
enquadrem dentro das especificações do esquema eléctrico, tais como temporizadores, contadores,
sinalizadores, etc.

 ARRANQUE DIRECTO DE UM MOTOR ASSINCRONO TRIFÁSICO

Figura 130 – Esquema de comando e potência de motor trifásico

Este circuito tem como função comandar, por botões de pressão de Marcha/Paragem, S 2 e S1
respectivamente, o motor trifásico (circ. comando).
A protecção contra sobrecargas no motor é feita por um relé térmico (F 2) e contra curto-circuitos pelo
seccionador-fusível tripolar Q1, que também podia ser substituído por um disjuntor magnético tripolar (circ.
potência).
Quando se pressiona o botão de pressão de marcha (S2), alimenta-se a bobina do contactor, que vai fechar
os seus contactos de potência, e o contacto auxiliar N.A. que está em paralelo com o botão de marcha S 2,
permitindo assim a continuação da alimentação do contactor, mesmo que não se esteja a pressionar o
botão de marcha (retenção de sinal).

Edição: 01/14 v01 142 de 228


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Para parar o motor, basta pressionar o botão pressão S1, que interrompe a alimentação à bobine do
contactor, colocando os seus contactos no estado de repouso.

 INVERSÃO DE MARCHA DE UM MOTOR ASSINCRONO TRIFÁSICO

Figura 131 – Esquema de comando e potência de motor trifásico com inversão de marcha

A função deste circuito é permitir a inversão do sentido de marcha do motor trifásico, em que o arranque é
feito actuando o botão de pressão de arranque correspondente (S7, por exemplo), que vai actuar o
contactor KM5. Para efectuar a inversão do sentido de rotação, antes temos que pressionar o botão de
paragem S6 ou esperar que o sensor fim-de-curso S3 seja actuado, para que seja interrompida a
alimentação ao contactor KM5. Pressionando o botão de pressão para inversão de marcha (S 8),
alimentamos a bobine do contactor KM6, que ao fechar os seus contactos principais vai trocar duas fases,
fazendo o motor rodar em sentido contrário ao que tinhamos.
Para segurança da instalação, para inverter o sentido de marcha (contactor KM6), o contactor de marcha
KM5 não pode estar actuado (ou vice-versa), porque existe encravamento mecânico (----) e eléctrico

Edição: 01/14 v01 143 de 228


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(contacto N.F. do contactor KM6 no circuito de alimentação do contactor KM5 e vice-versa) no circuito de
comando.

 ARRANQUE ESTRELA-TRIÂNGULO DO MOTOR TRIFÁSICO

Figura 132 – Esquema de comando e potência de motor trifásico com arranque estrela-triângulo

Este esquema consiste, numa primeira fase, em ligar os enrolamentos do estator do motor em estrela, e
logo que o motor esteja a funcionar em regime nominal, comuta-se para uma ligação dos enrolamentos do
estator em triângulo.

O objectivo deste circuito é reduzir as correntes de arranque, que na ligação em estrela são inferiores à
ligação em triângulo (IARR Y é ⅓ da IARR ).

O arranque do sistema é feito manualmente através do botão de pressão S10, que actua imediatamente o
contactor KM1 (contactor estrela). Assim que KM1 é actuado, permite alimentar o contactor de linha (KM2),
que possui um bloco temporizado, realizando o arranque do motor. Quando a temporização chega ao fim, o
contacto temporizado KM2 na linha de alimentação a KM1, vai abrir, desligando KM1, que por sua vez, vai

Edição: 01/14 v01 144 de 228


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permitir ligar KM3 (contactor triângulo), sendo a realimentação de todo o circuito assegurada pelo contacto
auxiliar do KM2. Para parar em qualquer altura, basta pressionar o botão de paragem S9.

Colocando o relé térmico dentro do triângulo, consegue-se reduzir a gama do relé térmico: corrente dentro
do triângulo = (1/√3) x corrente na linha.

CAPÍTULO 9 – CONDENSADORES

9.1 Condensadores

O condensador é um componente utilizado essencialmente em electrónica cuja principal função é o


armazenamento de energia eléctrica.

São constituídos, basicamente, de duas placas de metal separadas por um material isolante chamado
de dieléctrico. A cada uma dessas placas de metal é ligado um fio que constituem os terminais do
condensador.

Figura 133 - Esquema interno de um condensador (á esquerda). Símbolo do condensador.

Capacidade

Á propriedade do condensador armazenar cargas eléctricas ou energia eléctrica dá-se o nome de


capacidade. Quanto maior o seu valor, maior será a quantidade de cargas eléctricas que o
condensador pode armazenar.

A capacidade representa-se por C. Exprime-se em Farad ( F).

Múltiplo/ Submúltiplo Símbolo Valor

Edição: 01/14 v01 145 de 228


Fundamentos de Electricidade

-6
microFarad F 10
-9
nanoFarad nF 10
-12
picoFarad pF 10

Tabela – Múltiplos e Submúltiplos

O valor da capacidade de um condensador é dado pela expressão:

Q
C
U

em que:

C - Capacidade - Farad (F)


Q - Carga eléctrica - (C)
U - Tensão aplicada - (V)

Intensidade de campo eléctrico

Entre duas armaduras carregadas existe um campo eléctrico, que será uniforme se as armaduras
forem paralelas.

O valor da intensidade do campo E é igual ao quociente da tensão U entre as duas armaduras pela
distância L entre elas.

Figura 134 - Campo eléctrico num condensador

A expressão que exprime a intensidade de campo eléctrico é a seguinte:

U
E
L

onde:

Edição: 01/14 v01 146 de 228


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E - Campo eléctrico - Volt / metro (V / m)


U - Tensão aplicada - (V)
L - Distância entre as placas - (m)

Edição: 01/14 v01 147 de 228


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Energia armazenada

A energia armazenada num condensador é:

1
W  C  U2
2

ou de outra forma,

1
W QU
2

em que:

W - Energia - Joule (J)


C - Capacidade - (F)
Q - Carga eléctrica - (C)
U - Tensão aplicada - (V)

A energia armazenada depende da tensão aplicada aos terminais do condensador. Por sua vez, a
tensão máxima depende, da natureza e espessura do dieléctrico.

A tensão aplicada, ao ultrapassar determinado valor, fará surgir um arco eléctrico entre as armaduras
que perfurará o isolante e, no caso de este ser sólido, destruirá o condensador. Diz-se que se
ultrapassou a tensão disruptiva ou rigidez dieléctrica do isolante.

A rigidez dieléctrica é a máxima tensão que se pode aplicar aos terminais do condensador sem que este se
danifique. Exprime-se em MV/m ou em KV/mm.

Edição: 01/14 v01 148 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Determinar a carga de um condensador de 22 F quando alimentado à tensão de 12 V.

C = 22 F

U = 12 V

Q= ?

Q
C  Q  C  U  22  106 . 12  Q  264 C
U

A carga do condensador é de 264 C.

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CONDENSADORES

1. Na figura seguinte representa-se uma parte de um circuito electrónico contendo um transístor. Sendo a capacidade C=47
F e a carga que adquire 84,6 C, determine o potencial do ponto E em relação à massa.

Figura 135 - Excerto de um circuito electrónico

2. Qual a carga que adquire um condensador MKT 0,1 F / 160 V quando submetido à tensão máxima?

Edição: 01/14 v01 149 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 150 de 228


Fundamentos de Electricidade

Análise de circuitos com condensadores


Uma forma simples de fixar a associação de condensadores, é o facto de, no cálculo da capacidade
total CT, ser o inverso das resistências, ou seja, o circuito série de condensadores é idêntico ao
circuito paralelo de resistências, verificando-se o mesmo para circuitos paralelos de condensadores
que são idênticos aos circuitos série de resistências.

Relativamente á quantidade de electricidade Q, esta varia de forma semelhante á intensidade nos


circuitos com resistências, devendo-se isto ao facto que a intensidade de corrente, como vimos nas
primeiras aulas, é igual á quantidade de electricidade que passa numa secção transversal de um
condutor num intervalo de tempo: I = Q / t .

A tensão varia de igual forma aos circuitos com resistências, sendo a soma das várias tensões
nos circuitos série e, constante em circuitos em paralelo.

CIRCUITO SÉRIE

Figura 136 - Associação em série de condensadores e seu equivalente

Analisando o circuito teremos:

1. A fonte de energia carrega as armaduras C1 e C3, a que está ligada com a mesma quantidade de electricidade. Nas
outras armaduras a carga é idêntica, pelo que, facilmente, se conclui serem idênticas as cargas nos diversos
condensadores:

Q 1 = Q 2 = Q3

2. A tensão divide-se pelos condensadores 1, 2 e 3 logo, a tensão total será a soma da tensão no condensador 1, mais a
tensão no condensador 2, mais a tensão no condensador 3.

U T = U 1 + U 2 + U3

3. Na combinação em série, como foi dito anteriormente, a capacidade equivalente é:

1 1 1 1 1
    ... 
CT C1 C2 C3 Cn
No caso particular, de 2 condensadores poderemos utilizar a seguinte expressão:
C1  C2
CT 
C1  C2

Edição: 01/14 v01 151 de 228


Fundamentos de Electricidade

A capacidade equivalente é sempre inferior a cada um dos condensadores agrupados.

CIRCUITO PARALELO

Figura 137 - Associação em paralelo de condensadores e seu equivalente.

1. A carga total do conjunto será igual à soma das cargas de cada condensador:

QT=Q1+Q2+Q3

2. Nos circuitos em paralelo temos sempre dois pontos comuns, logo a tensão que chegará a cada condensador
será sempre a mesma logo, diremos que esta é constante ao longo do circuito.

U T = U1 = U 2 = U 3

3. Sendo C a capacidade equivalente teremos:

CT=C1+C2+C3

Ou, generalizando:
n
CT  C
i 1
i

A capacidade equivalente é sempre superior a cada um dos condensadores agrupados.

EXERCICIO RESOLVIDOS

1. Agrupamos três condensadores em série de 10 F, 12 F e 47 F com tensão nominal de 16 V. Determine:

1.1 A capacidade equivalente.

C1 = 10 F C2 = 12 F C3 = 47 F

CT = ?

1 1 1 1 1 1 1 1
        CT  4,89 F
CT C1 C2 C3 CT 10 12 47

A capacidade equivalente é de 4,89 F.

Edição: 01/14 v01 152 de 228


Fundamentos de Electricidade

1.2 A carga armazenada quando se aplica ao conjunto dos condensadores 12 V.

CT = 25 F U = 12 V

Q
C  Q  C  U  4,89  106 . 12  Q  58,68 C
U

A carga do conjunto dos condensador é de 58,68 C.

1.3 A tensão nos terminais de cada condensador

C1 = 10 F C2 = 12 F C3 = 47 F

Q Q 58,86  106
C  U1    U1  5,87 V
U C1 10  106

Q 58,86  106
U2    U2  4,89 V
C2 12  106

Q 58,86  106
U3    U3  1,24 V
C3 47  106

UT  U1  U2  U3  5,87  4,89  1,24  UT  12V

A tensão em cada condensador é respectivamente 5,868 V, 4,89 V e 1,24 V.

2. Associaram-se em paralelo dois condensadores de 10 F e 15 F, 16 V. Calcule:

2.1 A capacidade equivalente.

C1 = 10 F C2 = 15 F

C T = C 1 + C 2  C T = 10 + 15  C T = 25 F

A capacidade equivalente é de 25 F.

2.2 A carga armazenada quando o conjunto é alimentado a 12 V.

CT = 25 F U = 12 V

Q
C  Q  C  U  25  106 . 12  Q  300 C
U

A carga armazenada pela associação série é de 300 C.

Edição: 01/14 v01 153 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – ASSOCIAÇÃO DE CONDENSADORES

1. Dispõe-se de dois condensadores de poliéster MKT, de 0,15 F / 100 V. Agrupam-se sucessivamente, em paralelo e em
série, aplicando-se, de cada vez, a máxima tensão que o agrupamento suporta. Determinar para cada montagem:

NOTA: Desenhe os esquemas das montagens.

1.1 A capacidade equivalente.


1.2 A máxima tensão aplicável.
1.3 A quantidade de electricidade (Q) armazenada.
1.4 A energia armazenada.

2. Dispomos de vários condensadores de 1 nF e 10 nF. Realize o agrupamento para se obter uma capacidade de 7 nF.

3. Agruparam-se em paralelo os seguintes condensadores: 1,2 F , 15 F e 3,3 F e aplicou-se a d.d.p. de 7,8 V.


Determine:

3.1 A capacidade equivalente do agrupamento.


3.2 A carga armazenada por cada condensador.
3.3 A carga total armazenada.

4. Após analisar o circuito misto (série + paralelo) da figura 4.53, determine:

Figura 138 - Circuito misto em analise

4.1 A capacidade equivalente.


4.2 A tensão nos terminais do condensador C3.
4.3 A carga do condensador C1.
4.4 A energia armazenada por cada condensador.

5. A associação de 3 condensadores onde, C1 = 3 F se encontra em série com o paralelo de C2 = 4 F e C3 = 2


F, é submetida à tensão de 15 V. Calcule:

5.1 A capacidade equivalente do agrupamento.


5.2 A carga total armazenada.
5.3 A tensão nos terminais de cada condensador.
5.4 A carga armazenada por cada condensador.

Edição: 01/14 v01 154 de 228


Fundamentos de Electricidade

9.2 Condensadores em DC. Carga e descarga do condensador.

Figura 139 - Curvas de carga de um condensador e da corrente no circuito.

Ao ligarmos um circuito constituído por um condensador e um galvanómetro (instrumento capaz de


detectar a passagem da corrente eléctrica), como o da figura acima, aos terminais de um gerador de
corrente contínua, a f.e.m. do gerador provoca o movimento de um grande número de electrões de
uma armadura para outra através do circuito.

No instante da ligação a intensidade da corrente de carga tem o seu valor máximo. Um grande número
de electrões são deslocados da armadura negativa para a armadura positiva, sendo atraídos pelo pólo
positivo do gerador, que lança igual quantidade na outra armadura que se vai carregando
negativamente. A intensidade de corrente é pois, de elevado valor, decrescendo rapidamente até se
anular.

A quantidade de electricidade aumenta à medida que se vai efectuando a carga, fazendo aumentar a
tensão UC aos terminais do condensador. Quando UC iguala U, cessa a corrente no circuito. O ponteiro
do galvanómetro, que se deslocou bruscamente num sentido, indica agora o zero. Desligando o
comutador da posição 1, o condensador mantém-se carregado.

Figura 140 - Curvas de descarga de um condensador e respectivas formas de UC e I.

Passando o comutador à posição 2, as armaduras do condensador são ligadas entre si, pelo que se
inicia a descarga. O ponteiro do galvanómetro desloca-se em sentido contrário ao da carga.

Edição: 01/14 v01 155 de 228


Fundamentos de Electricidade

A grande quantidade de electrões em excesso na armadura negativa passa para a armadura positiva
através do circuito. De início esta corrente é bastante intensa, mas gradualmente o ponteiro vai
regressando a zero, o que sucede quando também é nula a tensão entre as armaduras.
CONSTANTE DE TEMPO 

Ao aplicarmos a tensão Uin ao circuito da figura, o condensador vai carregar-se mais ou menos
rapidamente, conforme os valores de R e C.

Como vimos atrás, no instante da ligação o condensador comporta-se como um curto-circuito. Com o
aumento da carga, a tensão Uc aumenta, até atingir o valor da tensão de alimentação, ficando a
tensão UR nula. A carga será tanto mais rápida, quanto menores forem os valores de R e C.

Figura 141 - Circuito de analise da carga e descarga de um condensador e respectiva forma da tensão Uin

Assim, o produto R.C designa-se por constante de tempo do circuito, que se representa por:

 = R .C

A variação da tensão no condensador, assim como a variação da corrente no circuito estão


representadas na figura que se segue.

Figura 142 - Gráfico de carga e descarga de um condensador e respectivos valores de 

Edição: 01/14 v01 156 de 228


Fundamentos de Electricidade

No instante t0, a tensão Uin é aplicada ao circuito carregando, consequentemente, o condensador. No


instante t1 o condensador está na sua fase de descarga .
A constante de tempo de um circuito define-se como o tempo necessário para que a tensão atinja 63 % da sua
variação total, ou para que a corrente atinja 37 % do seu valor inicial.

Edição: 01/14 v01 157 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CONDENSADORES EM DC

1. Um circuito electrónico denominado como integrador possui na sua constituição uma resistência R=3,3K em série com
um condensador de capacidade igual a 0,022 F. Calcule a constante de tempo do circuito.

Edição: 01/14 v01 158 de 228


Fundamentos de Electricidade

CAPÍTULO 10 – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA MONOFÁSICO

10.1 Classificação das grandezas em função do tempo

O estudo da energia eléctrica que fizemos nos capítulos anteriores assentou nas correntes e tensões
contínuas, isto é, nas que mantêm o mesmo sentido (unidireccionais) e o mesmo valor.
Existem, no entanto numerosas aplicações em que são diversas as variações em função do tempo,
das tensões, correntes e outras grandezas. Assim as grandezas eléctricas podem classificar-se em
função do tempo como:

Vejamos cada uma delas:

Grandezas constantes

No gráfico a corrente representada é constante pois não varia ao longo do tempo.

Figura 143 - Corrente constante

Grandezas variáveis - Não periódicas

A corrente representada possui valores diferentes de instante para instante mas mantêm o mesmo
sentido.

Figura 144 - Corrente variável unidireccional

Edição: 01/14 v01 159 de 228


Fundamentos de Electricidade

Grandezas variáveis - Periódicas

Uma grandeza diz-se periódica quando se verifica uma repetição das suas características ao longo do
tempo. No estudo que iremos efectuar, surgir-nos-ão diversas formas de ondas periódicas.
Representamos dois tipos de ondas periódicas: ondulatórias ou pulsatórias e as alternadas puras.

Figura 145 - Corrente ondulatória (a); Corrente unidireccional em dente de serra (b)

As ondas alternadas puras distinguem-se das ondas ondulatórias porque possuem um valor médio
algébrico nulo.

Figura 146 - Tensão alternada triangular (a); Tensão alternada quadrada (b); Corrente sinusoidal (c)

Numa onda alternada pura, o conjunto dos valores assumidos em cada sentido designa-se por
alternância ou semi-onda. Teremos assim uma alternância positiva e uma alternância negativa.

O conjunto de duas alternâncias consecutivas designa-se por ciclo.

O valor assumido, em cada instante, por uma corrente ou tensão é chamado valor instantâneo, que
se representa por uma letra minúscula: i, u.

Iremos agora tratar do estudo de correntes e tensões alternadas sinusoidais. A sua importância na
electrónica resulta do facto de qualquer sinal periódico alternado se poder considerar como a soma de
sinais alternados sinusoidais de frequências múltiplas. Convém, pois, definirmos as grandezas que
caracterizam um sinal sinusoidal.

Edição: 01/14 v01 160 de 228


Fundamentos de Electricidade

Características da corrente alternada sinusoidal

Período
É o tempo em que ocorrem duas alternâncias consecutivas, ou seja é o tempo gasto num ciclo.
Representa-se por T e exprime-se em segundos.

Figura 147 - Período de uma grandeza sinusoidal

Frequência
É o número de ciclos efectuados num segundo. Representa-se por f e a sua unidade é o Hz (Hertz). A
frequência está relacionada com o período da seguinte forma:

1
f 
T

As frequências das ondas dependem da sua utilização. Assim, a energia eléctrica é distribuída a 50
Hz, ou seja, apresenta 50 ciclos ou períodos por segundo. A gama das audiofrequências vai de 20 Hz
a 20 KHz e comporta o que vulgarmente se designa por electroacústica. Rádio, televisão, ultra-sons,
radar e microondas comportam gamas de frequências que ultrapassam os MHz (MegaHertz) e, por
vezes, os GHz (GigaHertz).

Edição: 01/14 v01 161 de 228


Fundamentos de Electricidade

Amplitude ou Valor máximo


É o valor instantâneo mais elevado atingido pela grandeza. Há amplitude positiva e amplitude negativa.

Ao valor medido entre os valores de amplitude positiva e amplitude negativa chama-se valor de pico a
pico e é dado pela seguinte expressão:

I pp  2 x I máx.

Ou para o caso de tensões:

U pp  2 x U máx.

Figura 148 - Representação da amplitude e do valor pico a


pico de uma corrente sinusoidal

Teremos aqui que considerar apenas metade do ciclo de uma corrente alternada sinusoidal, pois o
valor médio de um ciclo completo é zero, já que este se repete na parte positiva e na parte negativa.

O valor médio representa o valor que uma corrente contínua deveria ter para transportar a mesma
quantidade de electricidade, num mesmo intervalo de tempo.

A expressão para determinar o valor médio é dado por:

Se resolvermos o quociente 2 /  teremos:

Para o caso de tensões alternadas sinusoidais:

Figura 149 - Valor médio de uma corrente sinusoidal

Edição: 01/14 v01 162 de 228


Fundamentos de Electricidade

Valor eficaz
O calor desenvolvido numa resistência é independente do sentido de circulação da corrente.

O valor eficaz de uma corrente alternada é o valor da intensidade que deveria ter uma corrente
contínua para, numa resistência, provocar o mesmo efeito calorífico, no mesmo intervalo de tempo.

Por outras palavras, existirá uma corrente contínua que no mesmo intervalo de tempo T, ou seja num
período, produzirá a mesma quantidade de calor que a produzida pela corrente alternada.

O valor eficaz representa-se por I ou U (conforme corrente ou tensão). A expressão matemática que
define o valor eficaz é:

Como 1 / = 0,707, virá:

Relativamente, a tensões alternadas sinusoidais teremos:

Para realçar a importância do valor eficaz, refira-se que são valores eficazes que os voltímetros e
amperímetros nos indicam ao medirem grandezas sinusoidais.

Edição: 01/14 v01 163 de 228


Fundamentos de Electricidade

Efeito da corrente alternada sinusoidal


A potência produzida por efeito de Joule é proporcional ao quadrado da intensidade de corrente, logo
independente do seu sentido de circulação. De facto que a produção de energia calorífica é variável de
instante para instante, anulando-se mesmo duas vezes ao longo de um período; no entanto, e devido à
inércia térmica dos corpos, as variações de temperatura são muito débeis.
Todos os aparelhos térmicos serão utilizáveis, tanto em corrente contínua, como em corrente
alternada. A frequência também influenciará o funcionamento dos aparelhos, por exemplo das
lâmpadas de incandescência.
Se, porventura, a frequência for demasiado baixa (inferior a 25 Hz), a temperatura das lâmpadas
variará lentamente e seria notória uma certa cintilação.
Na figura seguinte representa-se uma cuba electrolítica com sulfato de cobre, uma bobina plana
orientada na direcção N-S com uma agulha magnetizada, uma bobina com uma peça de ferro macio e
fios de prata estendidos e paralelos.

Figura 150 - Efeitos da corrente eléctrica

Alimentando o circuito com corrente contínua haverá transporte de cobre por electrólise e acção da
bobina sobre a agulha magnetizada, que variam com o sentido da corrente no circuito. O efeito de
joule nos fios de prata, a atracção da barra de ferro e a repulsão entre os fios de prata faz-se sentir
independentemente do sentido da corrente no circuito.

Ao aplicar-se corrente alternada, não há transporte de cobre, a agulha não se desvia, apresentando
uma ligeira vibração na sua posição N-S. Por outro lado, tal como em c.c., os fios aquecem e repelem-
se, e a barra de ferro é atraída.
A agulha magnética em corrente alternada também é solicitada por forças electromagnéticas mas,
essa solicitação muda de sentido 100 vezes por segundo, pelo que, devido à inércia, permanece
praticamente em repouso.

Edição: 01/14 v01 164 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDO

1. Considere a tensão sinusoidal representada na figura 8.9. Determine:

Figura 151 - Tensão sinusoidal em análise

1.1 A frequência e o período.

Segundo o gráfico, 2,5 períodos realizam-se em 6 s logo, um período realiza-se em:

A frequência é o inverso do período, assim:

O período da onda representada ou seja, o tempo que a onda demora a descrever uma alternância positiva e
outra negativa é de 2,4 s. A frequência da onda é de 417 KHz.

1.2 O valor médio de uma alternância.

Umáx = 5 V

O valor médio da onda representada é de 3,185 V.

1.3 O valor eficaz.

Umáx = 5 V

O valor eficaz da onda sinusoidal é de 3,535 V ou seja, esta tensão contínua produzirá a mesma quantidade de
calor que a produzida pela corrente alternada representada no mesmo intervalo de tempo T.

1.4 O tempo que a onda demora a atingir o primeiro pico.

O primeiro pico ocorrerá quando a onda atingir um quarto do período T/4, ou seja, o primeiro valor máximo será
atingido após 0,6 s do início da onda.

Edição: 01/14 v01 165 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – CARACTERÍSTICAS DE UMA CORRENTE SINUSOIDAL

1. Determine o período de uma onda alternada de 20 KHz.

2. Dispomos de uma resistência de 330 K e 1/8 W. Determine:

2.1 O valor eficaz da máxima intensidade de corrente que a pode percorrer.


2.2 A amplitude da máxima tensão a que pode ser submetida.

Edição: 01/14 v01 166 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.2 Representação gráfica de uma grandeza sinusoidal

Consideremos uma corrente alternada sinusoidal. Esta terá uma frequência, um determinado período,
além disso, existirá um valor máximo e em cada instante teremos um valor instantâneo.

Se a onda sinusoidal não começar na origem do referencial, teremos de definir um ângulo , que é
o ângulo que a onda faz com a origem da contagem dos ângulos, no instante inicial.

Vamos também definir velocidade angular  como sendo o número  de radianos percorridos por
segundo, ou seja traduzindo por uma expressão:

 2  x f

Exprime-se em rad/s (radiano por segundo)

Podemos agora, definir a equação da onda sinusoidal, assim no caso de uma corrente virá:

i = Imáx . sen.( .t   )

em que:

i - Valor instantâneo da corrente em Ampere


Imax. - Valor máximo da corrente em Ampere
 - Velocidade angular em rad/s
t - Tempo em segundos

 - Ângulo inicial em radianos

No caso de uma tensão a equação tomará a seguinte forma:

u = Umáx .sen.(  t   )

em que:

u - Valor instantâneo da corrente em Ampere


Umax. - Valor máximo da corrente em Ampere
 - Velocidade angular em rad/s
t - Tempo em segundos

Edição: 01/14 v01 167 de 228


Fundamentos de Electricidade

 - Ângulo inicial em radianos


Foi referido atrás que a onda sinusoidal poderá não começar na origem do referencial. Ao ângulo que
a onda faz com a origem da contagem dos ângulos, no instante inicial, dá-se o nome de ângulo de
desfasamento .

Deste modo várias serão as possíveis posições iniciais. Para nos apercebermos destas posições,
consideremos duas correntes sinusoidais, i1 e i2, da mesma frequência.

Sejam: i1 = I1 máx . sen . .t i2 = I2 máx . sen.( .t   )

Como verificamos, a corrente i2 está desfasada em relação a i1 de um ângulo ; porque os vectores


que representam as correntes sinusoidais rodam no sentido directo, i2 está avançada em relação a i1.

Figura 152 - Representação vectorial e cartesiana de duas correntes sinusoidais

Existem casos específicos para os valores deste ângulo que passaremos a analisar:

Grandezas em fase

As duas correntes assumem valores máximos e têm zeros simultaneamente. O ângulo de


desfasamento  é nulo.

Edição: 01/14 v01 168 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 153 - Representação vectorial e cartesiana de duas correntes em fase

Grandezas em quadratura

Quando uma das grandezas atinge o valor máximo, a outra anula-se. O ângulo de desfasamento  é
de 90.
No gráfico (a), a tensão está avançada 90 em relação à corrente. Ou seja, enquanto a tensão já se
encontra na origem do referencial, a corrente ainda está no seu valor máximo negativo. Na segunda
representação (b), a tensão está em atrasada em relação á corrente. Ou seja, enquanto a corrente
já se encontra no seu valor máximo positivo, a tensão ainda está a anular-se na coordenada do gráfico
correspondente a u=0.

Figura 154 - Representação vectorial e cartesiana de uma tensão e uma corrente sinusoidal em quadratura

Grandezas em oposição

Os vectores representativos das grandezas têm a mesma direcção mas sentidos opostos. O ângulo de
desfasamento  é de 180.

Figura 155 - Representação vectorial e cartesiana de duas correntes em oposição de fase

Edição: 01/14 v01 169 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO RESOLVIDO

1. Uma corrente alternada sinusoidal tem a seguinte expressão analítica, calcule:

i = 10 . sen . ( 157 t   )

1.1. O valor máximo da corrente.

A equação de uma grandeza sinusoidal é dada por: i = Imáx . sen.( .t   ) daqui verificamos que o valor
máximo da corrente representada é de 10 A.

1.2 O valor eficaz da corrente.

Imáx = 10 A

O valor eficaz da corrente é 7,07 A.

1.3 O valor da velocidade angular.

Através da expressão analítica verifica-se que a velocidade angular é de 157 rad/s.

1.4 A frequência do sinal sinusoidal.

 = 157 rad/s

A frequência do sinal é de 25 Hz.

EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA GRANDEZA SINUSOIDAL

1. Escreva a expressão matemática de uma corrente de 5 A com uma frequência de 50 Hz considerando, que se inicia no
valor zero.

2. Uma tensão tem uma amplitude máxima de 20 V sendo a sua frequência de 50 Hz. Supondo que a onda se inicia no seu
máximo positivo, determine o valor da tensão 0,03s após o seu início.

Edição: 01/14 v01 170 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.3 Resistência, reactância e impedância - Definições

Se realizarmos a experiência de verificação da lei de Ohm mas aplicando agora grandezas alternadas,
chegaremos à conclusão que se mantém constante o quociente U / I. A este quociente chamaremos
de impedância do circuito ao qual aplicamos a tensão alternada e que se representa por Z. A sua
unidade é igualmente o  (Ohm).

Assim, a lei de Ohm assume a forma, que é designada por Lei de Ohm generalizada.

U=Z.I

A diferença entre Z e R deve-se ao facto de Z depender da frequência. Assim, em corrente alternada, a


relação entre a tensão e a corrente depende, para uma dada frequência, da impedância Z e ângulo de
desfasamento .

Por definição designar-se-á:

 Z.cos  - por resistência R

 Z.sen  - por reactância X

Figura 156 - Representação gráfica da resistência e reactância

De seguida, estudaremos os circuitos em que surgem correntes alternadas sinusoidais, que são
formadas por resistências, bobinas e condensadores. Veremos, em primeiro lugar, os circuitos ideais,
ou seja, os constituídos apenas por resistências, por bobinas puras (sem resistência) e por
condensadores puros (sem resistência de perdas).

Tal não acontece na realidade. No entanto, algumas destas três grandezas, que formam os elementos
reais (resistência, reactância indutiva e reactância capacitiva), assumem valores tão baixos que podem
ser desprezar-se face aos restantes. É o caso, por exemplo, das lâmpadas de incandescência, que
podem, sem grande erro, ser consideradas como resistências puras.

Edição: 01/14 v01 171 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.4 Circuito puramente resistivo

Ao aplicarmos uma tensão alternada sinusoidal à resistência puramente óhmica, qual será a forma de
onda da corrente no circuito?

Aplicando a Lei de Ohm aos sucessivos instantes e uma vez que Z = R (pois o circuito é considerado
um circuito ideal e, desta forma a outra componente da impedância, ou seja a reactância, será nula),
facilmente se verifica:

 Á medida que a tensão aumenta, a corrente também aumenta já que se relacionam pela Lei de
Ohm; U = R . I.

 Quando a tensão aplicada muda de polaridade, também a intensidade de corrente muda de


sentido.

Figura 157 - Resistência pura alimentada em corrente alternada

Logo as curvas representativas da tensão e corrente estão em fase , ou seja, a um máximo da tensão
corresponde um máximo da corrente, o mesmo sucedendo para os zeros.

Figura 158 - Representação algébrica, vectorial e cartesiana da tensão e respectiva corrente numa resistência puramente óhmica.

Edição: 01/14 v01 172 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO PURAMENTE RESISTIVO

1. Considere o divisor de tensão da figura seguinte, com uma carga de 15 K. Sendo: u  2 2 .sen..t .

Figura 159 - Circuito em análise

Determine:
1.1 I1 máx, I2 máx e I3 máx.
1.2 Os valores eficazes das correntes.
1.3 Uab, Ubc, UABmáx. e UBCmáx.

Edição: 01/14 v01 173 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.5 Circuito puramente capacitivo

Como será o comportamento do condensador ao ser-lhe aplicada uma tensão alternada sinusoidal?
A lâmpada inserida no circuito da figura brilha constantemente. A justificação reside na carga e
descarga do condensador, existindo uma corrente no circuito.

Figura 160 - Condensador alimentado a corrente alternada

De que dependerá então a intensidade de corrente num circuito capacitivo? Iremos verificar esta
questão, recorrendo a uma alimentação não sinusoidal, para uma mais fácil compreensão.
Começaremos por analisar a influência da frequência no valor da intensidade de corrente.
Pela verificação da figura que se segue, podemos constatar que no circuito com frequência mais
elevada, o valor médio da corrente é mais elevado, pois a tensão é invertida antes que a corrente
tenha tempo de atingir um baixo valor durante a carga do condensador.
Para a baixa frequência, o valor médio da corrente, é inferior á situação anterior, pois a corrente de
carga, antes da tensão se inverter, tem tempo de atingir valores reduzidos.

Figura 161 - Resposta de um condensador a uma onda rectangular de diferentes frequências

Deste modo, e para determinada capacidade, a corrente média no circuito será tanto maior quanto
maior for a frequência da tensão aplicada.
Verifiquemos agora a influência da capacidade no valor da intensidade de corrente. Os dois
condensadores devem possuir a mesma resistência. De modo análogo, quanto maior for a capacidade,
a carga adquirida não chega a carregar o condensador, mantendo-se a corrente com valores elevados
quando se dá a inversão de polaridade da tensão aplicada.

Edição: 01/14 v01 174 de 228


Fundamentos de Electricidade

O valor médio de corrente será tanto maior quanto maior for o valor da capacidade do
condensador.

Figura 162 - Valor da corrente num circuito com condensadores de diferentes capacidades

Assim sendo, a corrente será tanto maior quanto for a frequência, a capacidade e a tensão
aplicada.

Sendo a oposição à circulação de corrente a reactância capacitiva Xc, a lei de ohm virá:

U = Xc . I
Sendo o valor de XC dado por:

1
XC 
2..f .C

como a velocidade angular é dado por  = 2 .f , virá:

1
XC 
.C

em que:

XC – reactância capacitiva - Ohm (  )

f - frequência - Hertz ( HZ )

C - Capacidade - Farad ( F )

 - velocidade angular - Radiano por segundo ( rad/s )

Ao iniciar-se a carga de um condensador, a diferença de potencial aos seus terminais é zero, tendo, ao
contrário, a corrente o seu valor máximo. À medida que a carga vai aumentando, aumenta a tensão
nos seus terminais, diminuindo consequentemente a corrente, até se anular, o que sucede quando a
d.d.p. aos terminais do condensador atinge o máximo valor.
Na descarga, as curvas decrescem simultaneamente. No instante em que se inicia a descarga, a
tensão parte do seu máximo positivo e a corrente do seu mínimo valor (zero). O condensador
descarrega-se quando as armaduras têm igual número de electrões, atingindo nesta altura a corrente o
seu máximo negativo.

Edição: 01/14 v01 175 de 228


Fundamentos de Electricidade

A tensão atinge o zero, enquanto a corrente já o havia atingido 90º antes. A corrente está avançada 90º em
relação à tensão.

Figura 163 - Circuito puramente capacitivo e representações algébrica, vectorial e cartesiana da tensão aplicada e da corrente
que o percorre

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

1. Uma tensão u  12 2 .sen.103..t aplica-se a um condensador de 4,7 F / 63 V. Determine:

1.1 O valor da reactância do condensador.


1 1
XC    XC  67,8 
.C 1000.. 4,7  106

1.2 O valor eficaz da corrente.

 Cálculo da tensão eficaz:

U max 12 2
U   U  12 V
2 2
 Cálculo da corrente pedida:
U 12
I   I  0,18 A
XC 67,8

1.3 A expressão algébrica do valor instantâneo da corrente.



u  0,18. 2 .sen.( 103..t  )
2

Edição: 01/14 v01 176 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO PURAMENTE CAPACITIVO

1. Um condensador de 10 F é ligado à rede eléctrica nacional ( 230 V, 50 Hz ). Determine:

1.1. A reactância capacitiva do condensador.

1.2. A intensidade absorvida pelo condensador.

2. Calcule a capacidade de um condensador puro ( R= 0  ) que absorve 2 A quando ligado a 230 V.

3. Um condensador ideal de 5 F absorve 0,3 A à frequência de 50 Hz. Determine:

3.1. A sua reactância.

3.2. A tensão a que foi submetido.

4. Seleccione a alternativa que permite escrever uma afirmação verdadeira.

“ Num circuito puramente indutivo...

 a tensão está atrasada 90º em relação à corrente

 a tensão está em fase em relação à corrente.”

 a tensão está avançada 90º em relação à corrente.”

 a tensão está em oposição de fase em relação à corrente.”


 a tensão está avançada 45º em relação à corrente.”

Edição: 01/14 v01 177 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.6 Circuito puramente indutivo

Neste circuito a oposição à circulação da corrente é feita pela f.e.m. de auto-indução da bobina e
chama-se reactância indutiva (XL) e exprime-se em .

Qual será a relação entre os valores eficazes da tensão e da corrente?

Figura 164 - Bobina alimentada a corrente contínua ou corrente alternada

Quando o interruptor se fecha alimentado o circuito em CC., a corrente não surge de imediato. Pela lei
de Lenz, a corrente induzida no circuito tem um sentido cujos efeitos se opõem à causa que a originou.

Ao abrir-se o interruptor, a corrente não cessa pelas mesmas razões. A diminuição da corrente é pois
retardada. É o que se representa na figura, onde o fecho do interruptor se efectiva no instante t1, só
atingindo a corrente um valor final após o intervalo t3 - t1. Na diminuição da corrente, esta só se anula
após o intervalo de tempo t4 – t2.

Figura 165 - Forma de onda num circuito indutivo alimentado a corrente contínua

Em corrente alternada, os efeitos da auto-indução são constantes. Vejamos a que é igual a reactância
indutiva.

No gráfico esboçado na figura seguinte, ao comutar-se a alimentação para corrente alternada, a


lâmpada brilha menos que em CC. Podemos concluir que quanto maior for o coeficiente de auto-
indução L, mais se farão sentir os efeitos da auto-indução, pelo que menor será a corrente no circuito.

A corrente será inversamente proporcional à indutância.

Edição: 01/14 v01 178 de 228


Fundamentos de Electricidade

E a reactância dependerá da frequência?

Como se representa na parte A da figura em baixo, com uma grande frequência, logo pequeno
período, a corrente não tem tempo de atingir o seu valor máximo, pois a tensão aplicada inverte-se. Na
parte B, a corrente atinge um valor mais elevado, já que o período da tensão aplicada é maior. Logo,
quanto maior a frequência, menor será a corrente eléctrica.

Figura 166 - Gráfico da corrente para tensões aplicadas de diferentes frequências

Sendo a oposição à circulação de corrente a reactância indutiva XL, a lei de ohm virá:

U = XL . I

Sendo o valor de XL dado por:

XL = 2 .f.L

Como  = 2 .f , a expressão tomará o seguinte aspecto:

XL =  . L

onde:

XL – reactância indutiva - Ohm ()

f - frequência - Hertz (Hz)

L - coeficiente de auto-indução ou indutância - Henry (H)

 - velocidade angular - Radiano por segundo (rad/s)

Ao ser aplicada tensão à bobina, a corrente não surgirá imediatamente pois, como vimos atrás, surgirá
no circuito, devido à auto-indução, uma corrente com um sentido tal que faz retardar o aparecimento
da corrente principal no circuito. Esta apenas surgirá quando a tensão atingir o seu valor máximo.

Edição: 01/14 v01 179 de 228


Fundamentos de Electricidade

Ainda, devido aos fenómenos de auto-indução, a corrente irá aumentar enquanto a tensão decresce, e
atinge um máximo quando a tensão aplicada é nula.

A tensão inverte-se, a corrente começa a diminuir, mas esta diminuição é retardada e anula-se quando
a tensão atinge o seu máximo negativo, ou seja, um quarto de período mais tarde.

O desfasamento será então de  / 2 radianos ou seja 90º. A corrente está atrasada de T / 4 em


relação à tensão.

Figura 167 - Circuito puramente indutivo e representações algébrica, vectorial e cartesiana da tensão aplicada e da corrente que o
percorre

Edição: 01/14 v01 180 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

1. A uma bobina de 0,15 mH de coeficiente de auto-indução foi aplicada uma tensão sinusoidal de 1,2 V e 5 KHz de
frequência. Calcule:

1.1 O valor da reactância indutiva da bobina

XL  2..f .L  2..5000. 0,15  103  XL  4,71 


1.2 O valor eficaz da corrente.
U 1,2
I   I  0,255 A
XL 4,71

1.3 A expressão algébrica do valor instantâneo da corrente.



i  0,255. 2 .sen.( 10000..t  )
2

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO PURAMENTE INDUTIVO

1. Uma bobina apresenta uma reactância de 125  quando alimentada a uma frequência de 10 KHz.
Determine a sua reactância quando a frequência de alimentação passa a 2,5 MHz.

2. Uma tensão u  110 2 .sen.50..t está aplicada a uma indutância pura de 0,4 H. Calcule:

2.1 A frequência do sinal aplicado.

2.2 O valor eficaz da corrente.

2.3 A equação do valor instantâneo da corrente.

3. Seleccione a alternativa que permite escrever uma afirmação verdadeira.

“ Num circuito puramente indutivo...

 a tensão está atrasada 90º em relação à corrente


 a tensão está em fase em relação à corrente.”
 a tensão está avançada 90º em relação à corrente.”
 a tensão está em oposição de fase em relação à corrente.”
 a tensão está avançada 45º em relação à corrente.”

Edição: 01/14 v01 181 de 228


Fundamentos de Electricidade

Circuitos reais (série)


Os circuitos reais não são constituídos somente por resistências, bobinas ou condensadores. Na
electrónica, existe necessidade de conjugar alguns destes elementos. É o que, seguidamente, iremos
estudar, e porque a corrente irá percorrer todos os elementos do circuito, será esta a grandeza que
usaremos como referência.

10.7 Circuito RC

Trata-se de um circuito constituído por um condensador real que é equivalente à série de um


condensador ideal e de uma resistência.

Figura 168 - Condensador real e circuito equivalente

De igual modo iremos representar e verificar como se determina o ângulo de desfasamento que neste
caso será um ângulo negativo.

Figura 169 - Representação da tensão e corrente num circuito série RC

Marcando a tensão na resistência, em fase com a


intensidade I, e a tensão no condensador em quadratura e
em atraso com I, obteremos o triângulo das tensões
depois de, vectorialmente, estas serem somadas.

Edição: 01/14 v01 182 de 228


Fundamentos de Electricidade

Sendo: UR = R .I e UC = XC .I Figura 163 - Diagrama vectorial das tensões e

corrente num circuito RC

Se dividirmos o triângulo então obtido pela intensidade teremos o triângulo das impedâncias.

Figura 170 - Triângulo das tensões e das impedâncias

Através do triângulo, poderemos calcular o ângulo de desfasamento  :

cos  = cateto adjacente / hipotenusa  cos  = R / Z ou de outra forma: R = Z . cos 

sen  = cateto oposto / hipotenusa  sen  = XC / Z ou de outra forma: XC = Z . sen 

Edição: 01/14 v01 183 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

1. Um condensador de 22 F / 50V está ligado em série com uma resistência de 330. A tensão aos
terminais do condensador é 32 V, sendo a corrente no circuito 160 mA. Determine:

1.1 A reactância capacitiva.

UC 32
XC    XC  200 
I 160 103

Figura 171 - Circuito em análise

1.2 A frequência da tensão.

1 1 1
XC  f    f  36,17 Hz
2..f .C 2..XC .C 2..200.22  106

1.3 A impedância do circuito.

Z  R 2  XC2  3302  2002  Z  385,9 

1.4 A tensão total.


U  Z..I  385,9  0,16  U  61,74 V

1.5 O co-seno do ângulo de desfasamento.

R 330
cos    0,855    31,2º
Z 335,9

1.6 A mínima potência da resistência.

P  R.I2  330  0,162  P  8,5 W

Edição: 01/14 v01 184 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO SÉRIE RC

1. Aplicam-se 16 V, com a frequência de 50 Hz à série de uma resistência de 15  e um condensador com reactância de


20 . Calcule:

1.1 A impedância do circuito.


1.2 O co-seno do ângulo de desfasamento.
1.3 A capacidade do condensador.

2 A um circuito série de uma resistência de 2,2 K e um condensador de 4,8 F aplica-se uma tensão sinusoidal de 10 V,
15 kHz. Calcule:

2.1 A impedância do circuito.


2.2 A intensidade de corrente eléctrica que percorre o circuito.
2.3 O ângulo de desfasamento.

3 Fez-se um ensaio com um circuito RC em série de que resultaram os valores indicados no esquema representado em
baixo.

Figura 172 - Circuito RC em ensaio

Calcule:

3.1 Os valores de R e XC.


3.2 A tensão na resistência.
3.3 O valor da tensão U aplicada ao circuito.
3.4 A impedância do circuito.

4 Um circuito constituído por uma resistência de 100  em série com um condensador de capacidade C = 20 F, é
alimentado por uma tensão de 230 V/50 Hz. Determine:

4.1. A reactância capacitiva.


4.2. A impedância do circuito.
4.3. A corrente eléctrica que percorre o circuito em análise.
4.4. A tensão nos terminais da resistência e do condensador.

Edição: 01/14 v01 185 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.8 Circuito RL

Será um circuito constituído por uma bobina real que é equivalente a uma bobina pura (ideal) em
série com uma resistência.

Figura 173 - Bobina real e circuito equivalente

Vejamos como relacionar a tensão com a corrente num circuito série RL.

Figura 174 - Representação da tensão e corrente num circuito série RL

Para determinarmos o ângulo de desfasamento, marcam-se as tensões UR e UL, tomando por


referência a grandeza comum que é a corrente (trata-se de um circuito série, logo a intensidade da
corrente é constante ao longo do circuito).

Sendo:

UR = R .I e UL = XL .I ,

Figura 175 - Diagrama vectorial das tensões

e corrente num circuito RL

resultará o diagrama vectorial da figura ao lado, onde UR e UL estão em quadratura, e que após serem
adicionados originarão a tensão U. Por aplicação do teorema de Pitágoras obtemos o diagrama
esboçado na figura.

Edição: 01/14 v01 186 de 228


Fundamentos de Electricidade

Do triângulo das tensões podemos obter, dividindo por I (Z = U / I) o triângulo das impedâncias:

Figura 176 - Triângulo das tensões e das impedâncias

Através do triângulo, poderemos calcular o ângulo de desfasamento :

cos  = cateto adjacente / hipotenusa  cos  = R / Z ou de outra forma: R = Z . cos 

sen  = cateto oposto / hipotenusa  sen  = XL / Z ou de outra forma: XL = Z . sen 

Edição: 01/14 v01 187 de 228


Fundamentos de Electricidade

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

1. Aplica-se uma tensão de 220 v, 50 Hz à série de uma resistência de 30  com uma indutância de
0,16 H. Calcule:

1.1 A impedância do circuito.


Z  R 2  XL2  302  50,272  Z  58,5 

1.2 A intensidade de corrente.


U 220
I   I  3,76 A
Z 58,5

1.3 As tensões aos terminais da resistência e da bobina.

UR  R .I  30  3,76  U  112,8 V

UL  XL.I  50,27  3,76  U  189 V

1.4 O ângulo de desfasamento.

R 30
cos    0,513    59º
Z 58,5

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO SÉRIE RL

1. Coloca-se em série uma resistência de 6  e uma reactância indutiva de 8, sendo o conjunto percorrido por uma
corrente de 1,1 A. Determinar:

1.1 As tensões em R e em L.
1.2 A impedância do circuito.
1.3 A tensão total aplicada.
1.4 O ângulo de desfasamento ( cos  ).
1.5 Construa o diagrama da corrente e das tensões.

2. Aplicam-se 16 V, com a frequência de 50 Hz à série de uma resistência de 15  e uma bobina com reactância de 20 .
Calcule:

2.1 A impedância do circuito.


2.2 co-seno do ângulo de desfasamento.
2.3 A indutância da bobina.

Edição: 01/14 v01 188 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.9 Circuito RLC série

Teremos agora que considerar a série de uma resistência, uma bobina e um condensador
considerados elementos ideais. Como já foi referido, na realidade, todos os componentes têm estes
três elementos, se bem que algum ou alguns deles sejam desprezáveis.

Iremos, de modo análogo, determinar o ângulo de desfasamento entre a tensão e a corrente e


respectiva representação vectorial.

Antecipadamente, reconheça-se que U  UR  UL  UC. A expressão não será válida uma vez que se
trata de grandezas vectoriais.

Virá então:

Sendo a corrente a grandeza comum aos três elementos do circuito, construiremos o diagrama
vectorial partindo do vector corrente:

Figura 177 - Representação da tensão e corrente num circuito série RLC

As tensões em L e C estão em quadratura com a corrente I, sendo UL em avanço em relação I (como


sabemos dos circuitos puramente indutivos a corrente está em atraso em relação à tensão) e UC
em atraso em relação a I (pois nos circuitos com condensadores ideais a corrente está avançada
em relação à tensão).

 Se UL for dominante face a UC, teremos um circuito dominantemente indutivo.

 Se UC for dominante face a UL, teremos um circuito dominantemente capacitivo.

Edição: 01/14 v01 189 de 228


Fundamentos de Electricidade

Circuito dominantemente indutivo

No circuito dominantemente indutivo teremos: UL > UC ,logo  > 0.

Figura 178 - Obtenção do triângulo das tensões e corrente num circuito puramente indutivo

Para obtermos o vector U teremos de proceder como anteriormente, ou seja somar vectorialmente as
tensões na resistência, na bobina e no condensador. Por facilidade, efectua-se previamente a soma
de UL  UC dos vectores equipolentes aplicados à extremidade de UR.

Circuito dominantemente capacitivo

No circuito dominantemente capacitivo teremos: UC > UL ,logo  < 0.

Figura 179 - Obtenção do triângulo das tensões e corrente num circuito puramente capacitivo

Circuito puramente resistivo

No circuito puramente resistivo UL = UC logo  = 0, uma vez que se anulam L e C.

Edição: 01/14 v01 190 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 180 - Diagrama da corrente e tensões num circuito puramente resistivo

Analogamente, como nos circuitos anteriores, teremos o triângulo das tensões e das impedâncias,
embora neste caso teremos dois triângulos, um para os circuitos dominantemente indutivos   0, e
outro para circuitos dominantemente capacitivos   0.

Figura 181 - Obtenção do triângulo das impedâncias num circuito puramente indutivo

Figura 182 - Obtenção do triângulo das impedância num circuito puramente capacitivo

Pela aplicação do teorema de Pitágoras obtemos:

Z  R 2  X2

cos  = cateto adjacente / hipotenusa  cos  = R / Z ou de outra forma: R = Z . cos 

sen  = cateto oposto / hipotenusa  sen  = X / Z ou de outra forma: X = Z . sen 

tg  = cateto oposto / cateto adjacente  tg  = X / R

Edição: 01/14 v01 191 de 228


Fundamentos de Electricidade

Edição: 01/14 v01 192 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.10 Circuito RLC série e em ressonância

Um circuito RLC encontra-se em ressonância quando a tensão aplicada e a corrente que nele circula
estão em fase. Assim, a impedância vectorial Z será igual à resistência R, e consequentemente a
reactância X é nula.

X = 0  XL = XC  Z = R

Figura 183 - Condições de ressonância

Para calcular o valor da frequência de ressonância tomamos como base que X = 0. Assim virá:

X = 0  X L = XC

sendo: XL  2..f .L

1
e, XC 
2..f .C

igualando temos que:

1
2..f .L 
2..f .C

resolvendo, matematicamente, em ordem a f ficará:

1 1
f2 f 
(2. ) 2 .C.L (2. ) 2 .C.L
a frequência de ressonância é dada por:

1
f0 
2. . C.L

onde:
f0- frequência de ressonância (em Hertz)
C – capacidade (em Farad)
L – coeficiente de auto indução (em Henry)

Edição: 01/14 v01 193 de 228


Fundamentos de Electricidade

Os circuitos RLC série apresentarão à frequência de ressonância:

 Impedância mínima
 Intensidade de corrente máxima
 Sobretensões

Representando no mesmo sistema de eixos, em


módulo, as reactâncias do condensador e da
bobina, torna-se evidente que à frequência de
ressonância XL = XC. Para valores inferiores de
frequência o circuito é dominantemente capacitivo,
pois XC > XL. Para frequências acima da frequência
de ressonância XL > XC, sendo o circuito indutivo.

Figura 184 - Representação gráfica da frequência de ressonância

Representando a variação das reactância capacitiva


e indutiva bem como a resistência óhmica em função
da pulsação, pode verificar-se que à frequência de
ressonância o valor das reactâncias é igual, sendo a
impedância Z=R. Para valores inferiores aos da
frequência de ressonância, a reactância capacitiva é
maior que a indutiva; o ângulo de desfasamento é
negativo. Para valores da frequência superiores aos
da ressonância, o circuito é dominantemente
indutivo, sendo o ângulo de desfasamento positivo.

Figura 185 - Variação da impedância, reactância e resistência com a frequência

f < f0   < 0º ângulo negativo

f = f0   = 0º ângulo nulo

Edição: 01/14 v01 194 de 228


Fundamentos de Electricidade

f > f0   > 0º ângulo positivo

Este esquema está concretizado na figura, onde o ângulo de desfasamento é negativo para valores
inferiores aos da frequência de ressonância, tendendo para –90º quando a frequência se aproxima de
0º. Por outro lado, quando a frequência é superior á de ressonância, o ângulo de desfasamento é
positivo, tendendo para +90º.

Pode ainda constatar-se que quanto mais pequeno for o valor de R, mais rápida será a variação do
ângulo de desfasamento com a frequência.

Figura 186 - Variação da fase em função pulsação

Á frequência de ressonância a corrente no circuito será máxima. Representa-se o gráfico da variação


da corrente em função da pulsação para dois valores da resistência. Note-se que se R tende para
zero, a corrente assume valores muito elevados, tendendo para infinito.

Edição: 01/14 v01 195 de 228


Fundamentos de Electricidade

Figura 187 - Variação da corrente em função pulsação

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

1. O circuito série RLC representado na figura 7 é alimentado por uma


tensão sinusoidal de 10V, 500 Hz. Sendo R = 33 , L = 10 mH e C =
4,7 F, calcule:

Figura 188 - Circuito em análise

1.1. A reactância indutiva.

XL  2..f .L  2..500 . 10  103  XL  31,4 

1.2. A reactância do circuito.

1 1
XC    XC  67,7 
2..f .C 2..500.4,7  106

X  XC  XL  67,7  31,4  X  36,3 

1.3. A impedância do circuito.

Z  R 2  X2  332  36,32  Z  49,1 

1.4. O valor da intensidade de corrente no circuito.

U 10
I   I  0,2 A
Z 49,1

1.5. O valor das tensões na indutância, no condensador e na resistência.

UL  XL .I  31,4  0,2  U  6,28 V

UC  XC.I  67,7  0,2  U  13,54 V

Edição: 01/14 v01 196 de 228


Fundamentos de Electricidade

UR  R .I  33  0,2  U  6,6 V
EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO SÉRIE RLC

1. A um circuito série de um condensador de 8 F e uma bobina real com 250  e 0,7 H de indutância aplica -se uma
tensão sinusoidal com a expressão algébrica indicada abaixo. Determine:

u  220 2 .sen.100..t
1.1 A impedância do circuito.
1.2 A intensidade de corrente eléctrica.
1.3 O ângulo de desfasamento.
1.4 A tensão nos terminais de cada receptor.

2. Uma bobina real com R = 10  e L = 0,2 H foi ligada em série a um condensador de capacidade desconhecida. O
conjunto foi alimentado a 12 V, 500 Hz. Sabendo-se que a corrente no circuito será máxima, determinar:

2.1 A capacidade do condensador.


2.2 A intensidade de corrente no circuito.
2.3 A tensão nos terminais da bobina.
2.4 A tensão nos terminais do condensador.

3. Aplica-se uma tensão de 220 V, com a frequência de 50 Hz ao conjunto série de uma bobina real, composta por uma
resistência de 250  e uma indutância de 0,7H, e um condensador variável.

1.1 Atente na seguinte definição: “ Diz-se que um circuito RLC está em ressonância quando a tensão aplicada
e a corrente que nele circula estão em fase.” Calcule a capacidade do condensador para se produzir a
ressonância no circuito.

1.2 Com a capacidade assim obtida determine a tensão nos terminais do condensador.

Edição: 01/14 v01 197 de 228


Fundamentos de Electricidade

10.11 Potência em corrente alternada

Considerando um circuito indutivo real, façamos a decomposição do vector corrente segundo os


eixos, obtendo-se os vectores Ir e Ia.

Figura 189 - Componentes activa e reactiva da corrente

O vector Ia , designa-se por corrente activa em fase com a tensão U, será igual a:

Ia = I cos 

O vector Ir é designado por corrente reactiva, estando em quadratura com a tensão U:

Ir = I sen 

Potência activa
É a potência média igual ao produto da tensão pela componente activa da corrente:

P = U . Ia = U.I . cos 

Representa-se por P e expressa-se em Watts (W) e mede-se com o wattímetro.

É esta a potência consumida pelas resistências que vai produzir calor que nelas se liberta por efeito de
Joule.

Potência aparente

É igual ao produto de U por I:

S=U.I

Representa-se por S e exprime-se em volt-ampére (VA).

É a potência dos circuitos indutivos e capacitivos. A potência activa nestes circuitos é nula.

Edição: 01/14 v01 198 de 228


Fundamentos de Electricidade

Potência reactiva

É o produto da tensão pela componente reactiva da corrente.

Q = U . Ir = U.I . sen 

Representa-se por Q. A unidade em que é expressa é o volt-ampére reactivo (VAr)

A energia oscilante em certo intervalo de tempo é medida pelos contadores de energia reactiva.

10.12 Triângulo das potências

As três potências relacionam-se vectorialmente, originando um triângulo, designado por triângulo das
potências, que também pode ser construído por multiplicação dos lados do triângulo das tensões pela
corrente I.

Figura 190 - Triângulo das potências num circuito RL

Figura 191 - Triângulo das potências num circuito RC

Edição: 01/14 v01 199 de 228


Fundamentos de Electricidade

Factor de potência

Interessa relacionar a potência activa com a máxima potência disponível para determinado valor de
corrente.

P
cos  
S

em que:

cos  – Factor de potência

P - Potência activa (W)

S – Potência aparente (VA)

Analisando os triângulos acima verifica-se que o factor de potência é o co-seno do ângulo ou seja,
cos .

Idealmente o valor do factor de potência deveria tender para 1, um vez que, desta forma a potência
reactiva seria mínima.

Análise prática do factor de potência

Problema do factor de potência. Correcção do factor de potência.

Nos utilizadores que dispõe de instalações com bobinas, o cos  é reduzido a baixos valores, o que
origina um aumento da energia reactiva que, apesar de não ser consumida, corresponde a uma
corrente de circulação. A corrente nos condutores não é toda aproveitada como seria desejável.

Edição: 01/14 v01 200 de 228


Fundamentos de Electricidade

Vejamos um caso concreto:

Imaginemos duas fábricas consumindo a mesma potência de 400 kW a uma tensão de 5 KV mas com
distintos factores de potência: na fábrica A, cos  = 1 e na fábrica B cos  = 0,5.

Ao fim de igual tempo de funcionamento, os dois utilizadores terão consumido a mesma energia.
Calculemos as correntes utilizadas por cada um:

P = U.I . cos 

FABRICA A :

I1 = P1 / ( U1 . cos  1 ) = 400 / ( 5x1 ) = 80 A

FABRICA B :

I2 = P2 / ( U2 . cos  2 ) = 400 / ( 5x0,5 ) = 160 A

A segunda instalação, para a mesma potência, necessita do dobro da intensidade de corrente da


primeira. Daqui resultam consequências tanto para produtores como para consumidores. Assim, tanto
produtores como distribuidores de energia terão de dispor de alternadores com potências mais
elevadas para poderem fornecer a corrente, o que provocará um dimensionamento de toda a
aparelhagem, linhas de transporte e distribuição para maiores intensidades. Logicamente, existirão
maiores quedas de tensão e perdas por efeito de Joule. A potência de perdas aumenta com o
quadrado da intensidade de corrente. Deste modo, é exigido um pagamento consoante a energia
reactiva que circula para o que se instalam contadores de energia reactiva.

A empresa fornecedora de energia nacional estabelece que, quando a energia reactiva ultrapassa 3/5
da activa, cada Kvar excedente é pago a 1/3 do preço do KWh.

Quanto aos utilizadores, também é conveniente disporem de um elevado factor de potência porque, se
tal não suceder, terão de sobredimensionar aparelhagem de manobra e protecção, o que equivale a
maiores custos.

Como resolver tal problema?

A solução consiste em colocar em paralelo com o receptor um condensador que absorva uma corrente
IC de grandeza igual á componente reactiva da corrente Ir de modo a anularem-se. O conjunto fica
puramente óhmico, ou seja cos  = 1, sendo nula a potência reactiva.

Quando existem vários receptores, a compensação poderá ser efectuar-se individualmente, por grupos
ou para toda a instalação.

Edição: 01/14 v01 201 de 228


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Figura 192 - Compensação do factor de potência

EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO SÉRIE RLC

1. Uma bobina com coeficiente de auto indução (indutância) de 0,5 H é ligada em série com uma resistência de valor
óhmico 80 . A alimentação é de 230 V / 50 Hz. Determine:

1.1 A reactância da bobina.


1.2 A impedância do circuito.
1.3 A intensidade de corrente absorvida.
1.4 As potências activa, aparente e reactiva.
1.5 A tensão nos terminais da resistência e da bobina.
1.6 O factor de potência do circuito.
1.7 O diagrama vectorial do circuito.

Edição: 01/14 v01 202 de 228


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Comparação entre os sistemas trifásicos e os sistemas monofásicos

Apresentam-se a seguir algumas vantagens dos sistemas trifásicos em relação aos monofásicos, a
nível da sua produção, transporte e utilização:

 Considerando dois alternadores, um monofásico e outro trifásico, de igual volume e preço, o


segundo tem uma potência aproximadamente 50% superior ao primeiro. Tal deve-se ao facto
de haver um maior aproveitamento do perímetro do estator, isto é, há mais bobinas que são
sede de f.e.ms. induzidas.

 O somatório da secção dos condutores necessários para transportar uma determinada potência
é menor que nos sistemas monofásicos, em igualdade de condições de potência transportada,
perdas e tensão nominal de transporte.

 Para transportar uma dada quantidade de energia bastam três (ou quatro, com neutro) fios em
trifásico, enquanto em monofásico seriam necessários seis fios de igual secção (ou dois de
secção tripla).

 A capacidade dos sistemas trifásicos de produzir campos magnéticos girantes, permite a


utilização dos motores assíncronos trifásicos, aparelhos simples, robustos e económicos que
detêm a quase totalidade do mercado em tracção eléctrica industrial.

 A partir de um sistema trifásico podem obter-se três sistemas monofásicos (tal como em nossas
casas).

Edição: 01/14 v01 203 de 228


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CAPÍTULO 11 – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA TRIFÁSICO

Produção de corrente trifásica. Alternador Trifásico

Para a produção de corrente alternada sinusoidal utiliza-se um alternador. Na realidade, a maior parte
dos alternadores geram tensões trifásicas, isto é, tem três bobinas idênticas e independentes,
dispostas simetricamente no estator, formando ângulos de 120º entre si.

Figura 193 - Produção de três f.e.m.´s por meio de um alternador trifásico

Quando o rotor roda, induz-se em cada bobina uma f.e.m. alternada sinusoidal. Estas f.e.m. têm igual
amplitude máxima e estão desfasadas de 120º umas das outras, ou seja, de 1/3 de período.

Estas grandezas podem representar-se em termos matemáticos como:

e1 = Em1 . sen.(t)

e2 = E m2. sen.(t - 120º)

e3 = E m3. sen.(t - 240º)

Estas f.e.ms. (tensões) podem representar-se graficamente tal como na figura seguinte:

Edição: 01/14 v01 204 de 228


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Figura 194 - Tensão num sistema trifásico

Assim, este alternador designa-se por alternador trifásico, dado que produz três tensões alternadas
com fases diferentes. O alternador que apenas produz uma tensão designa-se por alternador
monofásico. Tal como na corrente alternada monofásica, estas grandezas temporais podem
representar-se vectorialmente.

Figura 195 - Vectores tensão num sistema trifásico

Edição: 01/14 v01 205 de 228


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12.1 Sistema em equilíbrio

Consideremos as três bobinas do alternador atrás descrito, a alimentarem três receptores idênticos
(resistências, neste caso), um em cada fase.

Figura 196 - Alimentação independente de três receptores idênticos

Para alimentar independentemente três receptores, é portanto necessário utilizar seis fios. Se os três
receptores tiverem a mesma impedância, estes são percorridos por três corrente I1, I2 e I3, com idêntico
valor eficaz mas desfasadas de 120º.

Figura 197 - Vectores corrente num sistema trifásico equilibrado

Diz-se então que o sistema está equilibrado, pois a soma das três correntes é sempre nula (a soma
de três vectores iguais e desfasados de 120º é um vector nulo).

Edição: 01/14 v01 206 de 228


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Condutor Neutro

Se reunirmos os três terminais x, y, z, num único ponto N, chamado de ponto neutro e substituirmos
os três condutores de retorno (vindos dos receptores) por um único condutor - condutor neutro (ou fio
neutro), a corrente nesse condutor será nula.

Figura 198 - Sistema equilibrado de cargas com neutro (corrente no neutro é nula)

Pode desta forma distribuir-se a energia eléctrica por meio de quatro condutores, sendo três
designados por condutores de fase (activos) ou simplesmente fases, em linguagem corrente.

As três fases simbolizam-se normalmente pelas letras L1, L2 e L3. O condutor de neutro está
normalmente ligado à terra, pelo que se encontra ao potencial zero.

Figura 199 - Transporte de energia eléctrica trifásica por meio de quatro condutores

Edição: 01/14 v01 207 de 228


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12.2 Tensões simples e compostas

Num sistema trifásico existem diferentes tensões:

Tensões simples - Us - Tensão entre cada condutor de fase e o neutro. Nas redes de distribuição de
baixa tensão, aproximadamente 230 V.

Tensões compostas - Uc - Tensão entre dois condutores de fase. Nas redes de distribuição de baixa
tensão, aproximadamente 400 V.

Na figura seguinte, URN é uma tensão simples e UST é uma tensão composta:

Figura 200 - Tensões simples e compostas

Temos portanto três tensões simples e três tensões compostas distintas entre si:

Tensões simples: UR, US, UT

Tensões compostas:

Tensão entre a fase R e a fase S - URS = UR - US

Tensão entre a fase S e a fase T - UST = US - UT

Tensão entre a fase T e a fase R - UTR = UT - UR

Edição: 01/14 v01 208 de 228


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Podemos também representar estas tensões em termos vectoriais:

Figura 201 - Representação vectorial das tensões simples e compostas

Demonstra-se que o comprimento dos vectores das tensões compostas é vezes superior ao das
tensões simples, ou seja:

Uc = . Us

De facto, para as redes de distribuição de baixa tensão, temos que

Us  230 V e Uc  . 230  400 V

Nas redes de distribuição, normalmente, indicam-se as tensões do modo: 230/400 V.

Nas redes de transporte de alta e média tensão, apenas se indica o valor das tensões compostas.
Assim, quando é indicado que uma linha tem tensões de 220 kV ou 30 kV, são os valores eficazes de
tensões compostas.

Edição: 01/14 v01 209 de 228


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12.3 Ligação de receptores trifásicos – triângulo e estrela

Os receptores trifásicos são formados por três elementos eléctricos ( bobinas, resistências, etc.) que
podem ser ligados de duas maneiras

 Em estrela - Y
 Em triângulo - 

Na ligação de receptores em estrela, já considerada atrás, poderão ocorrer dois casos:

 Os receptores têm a mesma impedância - sistema equilibrado.


 Os receptores têm impedâncias diferentes - sistema desequilibrado.

Repare-se que num sistema em estrela equilibrado, o condutor neutro é dispensável (tal como foi
referido atrás), isto é, ele pode ser retirado sem alteração do funcionamento dos receptores, já que a
sua corrente é sempre nula. De facto, cada uma das linhas de fase faz de retorno em relação às outras
duas.

Há motores trifásicos cujas bobinas estão ligadas em estrela. Assim, poder-se-ia, só idealmente,
alimentar o motor apenas com as três fases, dispensando-se o neutro.

No caso da estrela desequilibrada, o somatório das correntes nas fases não é nulo, sendo
indispensável a ligação no condutor de neutro. Mesmo nos casos em que a estrela é
normalmente equilibrada, não se deve cortar o neutro, dado que se faltar uma fase (por corte de
um dispositivo de protecção, por exemplo) estabelece-se um desequilíbrio de tensões. Um exemplo de
um receptor trifásico desequilibrado e ligado em estrela é o fogão eléctrico. Este têm diversas
resistências para o forno e para os discos. Estas resistências estão distribuídas pelas três fases, mas
não têm todas o mesmo valor de resistência. Além disso, não estão sempre todas ligadas
simultaneamente, pelo que é necessário levar o condutor de neutro ao aparelho. Assim, além dos três
condutores de fase, temos ainda o condutor de neutro e o condutor de terra.

Saliente-se ainda que se pretende equilibrar ao máximo os sistemas trifásicos, de modo a que a
corrente no condutor de neutro seja o menor possível. Uma menor corrente no neutro tem a vantagem
de permitir a utilização de um condutor de menor secção, para as mesmas perdas energéticas. É por
isso que o condutor de neutro é normalmente mais fino que os condutores de fase (caso das linhas de
transporte de energia eléctrica com neutro).

Edição: 01/14 v01 210 de 228


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Na ligação de receptores em triângulo, os receptores estão ligados entre as fases, tal como mostra a
figura seguinte, para o caso de resistências:

Figura 202 - Ligação de receptores em triângulo

Tal como na ligação de receptores em estrela, na ligação em triângulo poderão ocorrer dois casos:

 Os receptores têm a mesma impedância - sistema equilibrado.


 Os receptores têm a impedâncias diferentes - sistema desequilibrado.

A corrente (de fase) num receptor pode ser calculada dividindo a tensão composta aos seus terminais
pela sua impedância. As correntes de linha podem ser determinadas de duas maneiras, consoante o
sistema está equilibrado ou não:

 Sistema equilibrado - as correntes nas linhas (L1, L2, L3) são vezes superiores às correntes
nos receptores (correntes de fase).

 Sistema desequilibrado - as correntes nas linhas são determinadas em termos vectoriais, através
da aplicação da Lei dos Nós de Kirchhoff aos três nós.

Como conclusão pode dizer-se que nas montagens em estrela com neutro e em triângulo os
receptores (monofásicos) funcionam independentemente uns dos outros.

Edição: 01/14 v01 211 de 228


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12.4 Cálculo de potências dos sistemas trifásicos

Quer a carga seja equilibrada ou não, podem calcular-se (medir-se) as potências consumidas em
cada fase. Assim, somam-se as potências activas aritmeticamente de forma a obter a potência total:

P = PL1 + PL2 + PL3

As potências reactivas têm de se somar algebricamente (tendo em conta se são indutivas ou


capacitivas).

Q = QR + QS + QT

No caso de sistemas equilibrados (triângulo ou estrela), podem utilizar-se as fórmulas que


seguidamente se apresentam:

P= .Uc.IL.cos  , que corresponde á potência activa.

Q= .Uc.IL.sen  , que corresponde á potência reactiva.

S= .Uc.IL , que corresponde á potência aparente.

em que:

Uc - Tensão composta (entre duas fases)

IL - Corrente nas linhas

Edição: 01/14 v01 212 de 228


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CAPÍTULO 12 – TRANSFORMADORES

13.1 Generalidades e simbologia de um transformador monofásico

Por ser necessário adaptar a tensão às diferentes aplicações, que podem variar desde as dezenas de
Volt, nas diversas aplicações da electrónica, até algumas centenas de Volt, na indústria e iluminação,
surgem os transformadores.

Figura 203 - Simbologia do transformador monofásico

Os transformadores são máquinas estáticas, sem peças em movimento, cuja finalidade é a de


transmitir, por meio dum campo magnético alternado, energia eléctrica de um circuito para outro sem
ligação directa, com o nível tensão desejado, sem alterar a frequência.

Quando o transformador recebe energia e a transfere num valor superior dizemos que o
transformador é elevador.

Quando o transformador recebe energia e a transfere num valor inferior dizemos que o
transformador é redutor ou abaixador.

Figura 204 - Transformador monofásico

Edição: 01/14 v01 213 de 228


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Um transformador monofásico é constituído por dois enrolamentos em fio de cobre isolado, colocados
no mesmo circuito magnético fechado.

O enrolamento ligado á fonte de alimentação designa-se por primário, enquanto o enrolamento que
fornece a energia chama-se secundário. O circuito magnético deverá ser folheado (formado por
pequenas chapas juntas umas ás outras e isoladas) para serem reduzidas as perdas parasitas.

O enrolamento com maior n.º de espiras designa-se de alta tensão (A.T.), e o com menor n.º de
espiras é o enrolamento de baixa tensão (B.T.). O enrolamento de alta tensão pode ser tanto o
primário como o secundário, conforme se trate, respectivamente dum transformador redutor ou
elevador.

13.2 Funcionamento de um transformador ideal

O princípio de funcionamento de um transformador baseia-se na produção, numa da bobinas, de um


campo magnético alternado. Se as forças desse campo atravessarem a outra bobina, aos seus
terminais surgirá uma f.e.m. induzida da mesma frequência do sinal aplicado.

Admitindo que todas as linhas de força do campo magnético primário atravessam o enrolamento
secundário, a f.e.m. induzida dependerá da razão entre o n.º de espiras do primário e do secundário.
Um transformador ideal é aquele que não tem perdas, ou seja, aquele cuja potência do secundário, é
igual à potência do primário: P2 = U2 . I2 = P1 = U1 . I1.

Figura 205 - Transformador em carga

Vejamos como relacionar as grandezas de entrada e de saída. Suponha-se que em determinado


instante é aplicada ao primário uma tensão U1 que faz circular nesse enrolamento uma corrente I1,
através de N1 espiras, que provoca um fluxo com o sentido indicado na figura. Este fluxo, fechando-se
ao longo do circuito magnético, fará surgir uma f.e.m. induzida no secundário, com sentido tal que
tende a produzir nesse enrolamento uma oposição ao fluxo, isto é explicado recorrendo à Lei de Lenz
que nos diz que uma corrente induzida tem uma direcção tal que se opõe ao efeito que a originou.

Edição: 01/14 v01 214 de 228


Fundamentos de Electricidade

Assim, para o fluxo magnético criado, a f.e.m. induzida, em cada bobina será proporcional ao n.º de
espiras nessa mesma bobina.

A relação básica num transformador é dada por:

U1 N
 1
U2 N2

Relativamente a corrente, teremos:

I1 N 2

I2 N1

onde:

U1 - Tensão no primário do transformador (V)

U1 - Tensão no secundário do transformador (V)

N1 - Número de espiras do primário do transformador

N2 - Número de espiras do secundário do transformador

I1 - Corrente no primário do transformador (V)

I2 - Corrente no primário do transformador (V)

Define-se a razão (ou relação) de transformação de um transformador por:

N1
m
N2

O transformador é um conversor de energia eléctrica, de alta eficiência (podendo ultrapassar 99% de


rendimento ), que altera tensões e correntes, e isola circuitos.

Edição: 01/14 v01 215 de 228


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13.3 Perdas num transformador. Transformador real

Nas considerações que fizemos admitimos que o transformador era ideal, contudo na prática não é
isso que se passa, pois o rendimento e um transformador varia entre 80% e 98%, dependendo dos
diferentes tipos de perdas. As principais são:

 Perdas no ferro (núcleo onde estão enroladas as espiras): fugas magnéticas, correntes de
Foucault, histerese no circuito magnético.

 Perdas no cobre: resistência dos enrolamentos

 Perdas devido a capacidade parasitas: capacidade repartida entre as espiras de cada


enrolamento; capacidade entre enrolamentos; capacidade entre cada enrolamento e a terra.

 As perdas não podem ser totalmente suprimidas, mas podem ser notavelmente reduzidas por
escolha e disposição dos elementos que compõem o transformador.

O rendimento de um transformador será dado por:

Potênciade saída

Potênciade saída  Potênciade perdas

Características de um transformador
As características a seguir indicadas, são algumas das que encontramos nos transformadores:

 Frequência
 Tensões nominais
 Potência nominal ( S ) : S = U.I, trata-se da potência aparente, expressa em VA
 Correntes nominais
 Corrente em vazio ( I0 )
 Queda de tensão ( U ) – diferença entre as tensões no secundário, em vazio e em carga.
 Rendimento

Edição: 01/14 v01 216 de 228


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13.4 Tipos de transformadores

Transformador de alimentação

É usado em fontes, convertendo a tensão da rede de 230V para o valor necessário aos circuitos
electrónicos. O seu núcleo é feito com chapas de aço-silício, que tem baixas perdas, em baixas
frequências, por isto é muito eficiente. Às vezes possuem blindagens ou invólucros metálicos.

Transformador de áudio

Usado em aparelhos de som a válvulas e certas configurações com transístores, no acoplamento entre
etapas amplificadoras e saída para o altifalante. Geralmente, é semelhante ao transformador de
alimentação em forma e no núcleo de aço-silício, embora também se use a ferrite. A sua resposta de
frequência dentro da faixa de áudio, 20 a 20.000 Hz, não é perfeitamente plana, mesmo usando
materiais de alta qualidade no núcleo, o que limita o seu uso.

Transformador de distribuição

Encontrado nos postes e entradas de potência em alta tensão (industrias), são de alta potência e
projectados para ter alta eficiência (da ordem dos 99%), de modo a minimizar o desperdício de energia
e o calor gerado. Possui refrigeração a óleo, que circula pelo núcleo dentro da carcaça metálica com
grande área de contacto com o ar exterior. O seu núcleo também é constituído com chapas de aço-
silício, e pode ser monofásico ou trifásico (três enrolamentos).

Transformador de RF

Empregam-se em circuitos de rádio frequência – RF – acima de 30 KHz, no acoplamento entre etapas


dos circuitos de rádio e TV. A sua potência em geral é baixa, e os enrolamentos têm poucas espiras. O
núcleo é de ferrite, material sintético composto de óxidos de ferro, níquel, zinco, cobalto e magnésio
em pó, aglutinados por um plastificante. A ferrite caracteriza-se por ter alta permitividade, que se
mantém em altas frequências (o que não acontece com chapas de aço-silício). Costumam ter
blindagem de alumínio, para dispersar interferências, inclusive de outras partes do circuito.

Edição: 01/14 v01 217 de 228


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Autotransformadores

Se aplicarmos uma tensão a uma parte de um enrolamento (uma derivação, o campo induzirá uma
tensão maior nos extremos do enrolamento. Este é o princípio do autotransformador.

Uma característica importante dele é o menor tamanho, para certa potência, que um transformador.
Isto não se deve apenas ao uso de uma só bobina, mas ao facto da corrente de saída ser parte
fornecida pelo lado alimentado, parte induzida pelo campo, o que reduz este, permitindo um núcleo
menor, mais leve e mais barato. A desvantagem é não ter isolamento entre a entrada e a saída,
limitando as aplicações.

13.5 Aplicação prática dos transformadores – transporte e distribuição de


energia eléctrica

As exigências técnicas e económicas impõem a construção de centrais, em geral situadas muito longe
dos centros de aproveitamento, pois devem utilizar a energia hidráulica dos lagos e rios das
montanhas. Surge assim a necessidade do transporte da energia eléctrica por meio de linhas de
comprimento notável. Por motivos económicos e de construção, as secções dos condutores destas
linhas devem ser mantidos dentro de determinados limites, o que torna necessária a limitação da
intensidade das correntes nas mesmas. Assim sendo, as linhas deverão ser construídas para funcionar
com uma tensão elevada, que em certos casos atinge as centenas de milhares de Volts. Estas
realizações são possíveis em virtude da corrente alternada poder ser transformada facilmente de baixa
para alta tensão e vice-versa, por meio de transformadores.

Os geradores instalados nas centrais geram a energia eléctrica com a tensão de aproximadamente
6000 Volts. Para se efectuar o transporte desta energia, eleva-se a tensão a um valor oportuno por
meio de um transformador elevador. Na chegada da linha, outro transformador executa a função
inversa, isto é, reduz a tensão ao valor necessário para a utilização. Podem então ser escolhidas nas
diferentes fases, diferentes tensões, ou seja, a gerada na central, a de transporte e a de distribuição,
dando a cada uma o valor que se apresenta mais conveniente. Naturalmente, nestas transformações o
valor da intensidade de corrente sofrerá a transformação inversa à da tensão, pois o produto das
mesmas, isto é, a potência eléctrica, deve ficar inalterada.

Edição: 01/14 v01 218 de 228


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EXERCICIOS DE APLICAÇÃO – TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

1. Um transformador de campainha converte 230 V em 12 V. Se o enrolamento primário possui 330 espiras, qual o número
de espiras do secundário.

Edição: 01/14 v01 219 de 228


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CAPÍTULO 13 – ALTERNADORES

14.1 Constituição

É constituído pelo circuito indutor, que cria o campo magnético, e pelo induzido, onde é gerada a f.e.m.
induzida, que originará a corrente eléctrica que alimenta o circuito de carga.

No alternador, o indutor ou o induzido tanto podem ser fixos como móveis. No entanto, o induzido é
geralmente fixo e o indutor móvel; só em pequenos alternadores é que a situação é contrária.

Com efeito, sendo as correntes no induzido bastante mais elevadas que no indutor, se o induzido fosse
móvel, isso obrigaria a que os anéis, que vão recolher a corrente fossem de grande secção o que
provocaria também o aparecimento de faíscas bastante elevadas.

Na figura em baixo representam-se, em corte, os dois tipos de alternador: com indutor fixo e com
indutor móvel.

Figura 206 – Alternador com indutor fixo (a) e alternador com indutor móvel (b)

O estator da máquina é constituído por chapas ferromagnéticas isoladas entre si, com cavas na sua
extremidade interior, onde são introduzidos os enrolamentos do induzido. Na figura em baixo sugere-
se a implantação dos condutores do induzido nas cavas do estator.

Figura 207 – Implantação dos condutores nas cavas do estator

Edição: 01/14 v01 220 de 228


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O rotor da máquina é constituído também por um núcleo ferromagnético com um enrolamento que vai
ser alimentado por uma fonte de corrente contínua, geralmente um dínamo, que tem o nome de
excitatriz. A excitatriz pode ser montada no veio do alternador ou ser independente deste.

A tensão da excitatriz é fornecida ao indutor móvel através de duas escovas que deslizam sobre dois
anéis ligados ao enrolamento indutor do alternador.

No caso de o induzido ser móvel, então a alimentação feita pelo alternador ao circuito de carga teria de
ser feita através de duas ou três escovas sobre dois ou três anéis, ligados aos enrolamentos,
consoante o alternador é monofásico (ou bifásico) e trifásico, respectivamente.

Na figura em baixo representa-se esquematicamente um alternador (G~) de 4500 kVA, com a excitatriz
(G -) montada no seu veio.

Figura 208 – União de veios entre um alternador e a sua excitatriz

Vejamos, de uma forma simplista, a constituição e princípio de funcionamento dos dois tipos de
alternadores referidos: com indutor fixo e com indutor móvel.

Na figura que se segue representamos os dois tipos de alternadores referidos, quanto ao seu
funcionamento.

Figura 209 – Alternador com indutor fixo e induzido móvel (a) e alternador com indutor móvel e induzido fixo (b)

Edição: 01/14 v01 221 de 228


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Vejamos, sucintamente, como funciona cada deles.

Alternador com indutor fixo — O indutor fixo produz um campo magnético de valor constante. Cada
terminal da espira é ligado ao seu anel, sobre os quais se apoiam as escovas de grafite, para colher a
tensão induzida.
Põe-se a espira a rodar com velocidade constante, cortando assim as ligações de força do campo. A
variação do fluxo através da espira produz nesta uma f.e.m. variável alternada sinusoidal que fica aplicada
entre os dois anéis e portanto entre as duas escovas do rotor.
Esta tensão é aplicada ao circuito de carga.

Alternador com indutor móvel — A espira é agora alimentada por uma tensão constante, através das
escovas apoiadas sobre os dois anéis, servindo assim de indutor.
Dá-se movimento de rotação à espira. Deste modo, o campo magnético produzido pela corrente da espira,
embora de valor constante, vai atravessando diferentemente (no tempo) as bobinas fixas do estator.
Isto é, as bobinas do estator vão ser atravessadas por um fluxo magnético variável no tempo, que produz
nelas uma f.e.m. induzida variável (alternada sinusoidal).
Nesta situação, é o estator que alimenta a carga. É este o alternador que maior implantação tem, pelos
motivos já referidos. Será este o que iremos estudar daqui em diante, em pormenor.

Classificação dos alternadores


Os alternadores podem ser classificados das formas seguintes:

1 - Quanto ao induzido e indutor:

• Alternadores de induzido fixo e indutor móvel (mais vulgares)


• Alternadores de induzido móvel e indutor fixo (pouco utilizados)

2 - Quanto ao número de fases:

• Alternadores monofásicos
• Alternadores polifásicos

3 - Quanto ao número de pólos indutores

• Bipolares
• Tetrapolares
• Hexapolares
• Multipolares

4 - Quanto ao tipo de rotor

• Rotor de pólos salientes

Edição: 01/14 v01 222 de 228


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• Rotor de pólos lisos (ou rotor cilíndrico)

14.2 Funcionamento do alternador monofásico bipolar

Explique-se então, de uma forma simplista, o princípio de funcionamento do alternador monofásico


bipolar, com indutor móvel, por ser o de mais fácil compreensão. Se compreendermos bem o princípio
de funcionamento do alternador monofásico bipolar de indutor móvel, facilmente se compreenderá o
funcionamento dos restantes alternadores.

Figura 210 – Princípio de funcionamento simples do alternador bipolar

Verificamos que a rotação do íman, provocada por acção exterior vai originando um fluxo magnético
variável através dos dois enrolamentos. Quando o íman está na posição vertical, pólo N na zona
superior e pólo S na zona inferior, o fluxo através de cada bobina é máximo.

Figura 211 – Evolução da f.e.m. gerada com a posição do íman relativamente ao circuito induzido

Rodando o íman ligeiramente, o fluxo através de cada bobina vai diminuindo. Quando o íman está na
posição horizontal (rotação de 90°), o fluxo através de cada bobina é nulo. Rodando mais 90°, o pólo S
está em cima e o pólo N está em baixo; nesta situação, o fluxo através de cada bobina volta a ser
máximo, mas agora em sentido contrário.

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Fundamentos de Electricidade

Continuando a rodar o íman, o fluxo passa novamente pelo zero e atinge novamente o fluxo máximo
inicial quando se completa uma rotação do íman. Deste modo, obtemos através dos enrolamentos um
fluxo alternado sinusoidal.

Segundo a lei de Lenz, sempre que um enrolamento é atravessado por um fluxo variável, cria-se nele
uma f.e.m. induzida. Como o fluxo é alternado sinusoidal, a f.e.m. induzida também será alternada
sinusoidal.

Dado que os dois enrolamentos se encontram ligados em série, com o mesmo sentido, então as duas
forças electromotrizes induzidas (E1 e E2) vão somar-se, originando uma f.e.m. total Et=E1+E2.

A curva do fluxo assim obtida é uma sinusóide, representação da função sen ω t. Na figura 10
representam-se as duas forças electromotrizes induzidas em cada enrolamento, bem como a f.e.m.
total resultante Et..

Como as duas curvas E1 e E2 estão em fase, então o resultado é uma curva total em que o seu
máximo é a soma dos máximos e o seu valor eficaz é a soma dos valores eficazes.

Figura 212 – Soma das duas f.e.m. (E1 e E2) em fase, originando a f.e.m. total Et

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14.3 Funcionamento do alternador trifásico

Constituição e funcionamento

Figura 213 – Representação esquemática do alternador (esquerda) e representação temporal de um sistema trifásico de tensões

O alternador trifásico difere do monofásico e do bifásico pelo facto de apresentar no estator 3


enrolamentos independentes, deslocados entre si no estator de 120°, tal como se sugere na figura.

Quando o rotor inicia o seu movimento, só passados 120° é que o mesmo pólo se encontra em frente
do enrolamento seguinte. Passados mais 120° fica em frente do terceiro enrolamento e decorridos
outros 120° volta à posição inicial, em frente do primeiro enrolamento.

Assim, os fluxos máximos em cada enrolamento estão deslocados no tempo de 1/3 de período ou de
120°.

As curvas sinusoidais das forças electromotrizes induzidas em cada enrolamento constituem, por isso,
um sistema trifásico de forças electromotrizes, desfasadas portanto de 120°.

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Fundamentos de Electricidade

Associação das fases do alternador trifásico


Sendo o alternador trifásico constituído por três fases independentes e desfasadas de 120°, ele
apresenta evidentemente 6 terminais. As 3 fases do alternador podem, evidentemente, alimentar
separadamente três cargas diferentes, tal como se sugere na figura seguinte:

Figura 214 –Alimentação trifásica, com circuitos independentes

No entanto, este tipo de alimentação não é o mais aconselhável, pois torna dispendiosa a
instalação, visto que são necessários 6 condutores diferentes para a alimentação das cargas.

Existem, por isso, outros processos de alimentação trifásica das cargas. Eles consistem em ligar,
entre si, os enrolamentos do alternador: em estrela ou em triângulo.

Ligação em estrela a três condutores


Na figura apresenta-se a ligação em estrela dos enrolamentos
do alternador trifásico, bem como a sua ligação à rede, a partir
da placa de terminais do alternador.

Neste tipo de ligação verifica-se que:

1. Os terminais X, Y e Z são reunidos num ponto comum O, chamado Ponto


Neutro.
2. Os terminais livres U, V e W são ligados ao circuito exterior, através de 3
condutores, chamados Condutores de Fase.
3. A tensão entre dois quaisquer condutores de fase é chamada Tensão
Composta (Uc) ou Tensão entre Fases.
4. A tensão entre um condutor de fase e o ponto neutro é conhecida por
Tensão Simples ou Tensão de Fase (Uf).

5. A relação entre a tensão composta e a tensão simples é dada, conforme foi já demonstrado, por: Uc = 3 Uf.

6. A corrente nos enrolamentos lf é igual à corrente na linha IL.

7. A ligação em estrela é representada simbolicamente por Y.

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Ligação em estrela a quatro condutores


A ligação em estrela a quatro condutores é bastante
utilizada na distribuição de energia, para a
alimentação de receptores à tensão simples. Para
isso, liga-se um quarto condutor (condutor neutro N)
ao ponto neutro (O) do alternador.

Cada carga será então ligada entre um condutor de


fase e este condutor neutro, tal como se representa na
figura ao lado

Note que na ligação em estrela a três condutores cada carga (ligada entre fases) deveria ter uma
tensão 3 nominal vezes maior que a tensão simples. Se considerarmos que a tensão simples é
de 220 V então a tensão composta aplicada a cada carga seria de 380 V, valor este bastante superior.

Na ligação em estrela a quatro condutores verifica-se que:

1. Quando as fases estão igualmente carregadas (equilibradas), a corrente no condutor neutro é nula e, nesta situação,
o condutor neutro pode ser suprimido.

2. Quando as fases estão desigualmente carregadas (desequilibradas), a corrente no neutro deixa de ser nula e, nessa
situação, torna-se perigoso interromper o condutor neutro, pois cada carga ficaria então submetida a tensões desiguais
— umas mais elevadas que a tensão simples e outra(s) inferiores à tensão simples.

3. Pelos motivos apontados no ponto anterior, não é conveniente proteger o condutor neutro seja por fusível ou por
disjuntor. Com efeito, se o aparelho de protecção actuasse devido, por exemplo, a um defeito passageiro, então quando
a situação voltasse à normalidade o condutor neutro estaria desligado e as cargas correriam os perigos já apontados no
ponto anterior. Deste modo, só os condutores de fase devem ser protegidos.

Edição: 01/14 v01 227 de 228


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Ligação em triângulo
Na figura representa-se a ligação em triângulo dos
enrolamentos do estator, bem como a ligação à rede da
placa de terminais.

Neste tipo de ligação verifica-se que:

1. O fim de um enrolamento liga-se ao princípio do seguinte e assim


sucessivamente até formarem entre si um circuito fechado com três
pontos de ligação ao exterior.

2. Estes três pontos são ligados ao circuito exterior através dos três
condutores de fase.

3. A tensão entre fases ou tensão composta (Uc) é, neste caso, igual


à tensão de fase (Uf): Uc = Uf. A corrente em cada linha (I L) é igual a

3 vezes a corrente que percorre cada enrolamento (lf) : I L = 3 lf.


Esta ligação é representada pelo símbolo Δ.

Expressão da força electromotriz do alternador


Demonstra-se matematicamente que a f.e.m. induzida em cada enrolamento de um alternador é dada
pela expressão:

E = 2,22 p n N Ф

em que:

E - força electromotriz induzida em cada fase (volts)

p - número de pares de pólos

n - velocidade de rotação (r. p. s.)

N - número de condutores por fase

Ф - fluxo útil por pólo (webers)

Esta expressão é, no entanto, uma expressão aproximada da real. Com efeito, ela não tem em conta
alguns factos que se prendem não só com a forma real da curva da indução e portanto da f.e.m.
induzida, como com a distribuição real dos condutores.

Edição: 01/14 v01 228 de 228

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