Módulo 1-Formação ATEC
Módulo 1-Formação ATEC
Módulo 1-Formação ATEC
Conteúdo
Multiplicador .....................................................................................................................................................43
CAPÍTULO 1 – ELECTROESTÁTICA
É conhecida de todos a experiência que consiste em esfregar um objecto, como uma caneta, num
pedaço de lã e constatar que esse objecto irá atrair pedaços de papel. Outros materiais como o vidro,
a parafina, a ebonite, etc., também se electrizam por atrito.
Vejamos agora outra experiência. Suspendamos uma pequena barra de vidro através de um fio
isolante. Electrizemos uma outra barra de vidro e aproximemos as duas até se verificar um breve
contacto. Após esse contacto iremos constatar que as barras se repelem. Da mesma forma, se
repetirmos a experiência com duas barras de ebonite
(isolante orgânico natural), verificamos exactamente o
mesmo efeito.
Pelas experiências atrás descritas podemos constatar que há dois tipos de carga:
Carga positiva
Carga negativa
Dois corpos com carga eléctrica do mesmo sinal, repelem-se; Dois corpos com carga eléctrica
de sinais contrários atraem-se.
Por outro lado, diremos que uma carga exerce sobre uma outra carga uma Força eléctrica, que será
Este tipo de forças ocorre entre corpos electrizados, pelo facto de possuírem carga eléctrica.
A carga eléctrica surge devido ao desequilíbrio entre o número de electrões e o número de protões
na constituição do corpo.
Qualquer corpo electrizado exerce sobre toda a carga eléctrica que se encontra na sua vizinhança
uma força. Vamos designar por Campo eléctrico a região no espaço na qual a carga eléctrica exerce
essa acção.
Campo eléctrico não uniforme - Se o campo eléctrico varia com o ponto onde está a ser
calculado.
O campo eléctrico é uma grandeza vectorial que se designa por E , sendo a sua unidade S.I. o
Newton / Coulomb (N/C).
onde:
A direcção, e o sentido do campo eléctrico ( E ) num determinado ponto serão, por definição, as
As linhas de força do campo eléctrico podem ser vistas como um mapa que fornece informação
qualitativa (e mesmo quantitativa) sobre a direcção e intensidade do campo eléctrico, em diferentes
pontos do espaço.
O número de linhas com origem (ou fim) numa carga é proporcional à magnitude da carga.
Obtemos um campo eléctrico uniforme se colocarmos, paralelamente duas placas electrizadas com
carga eléctrica de sinais contrários. As linhas de forças dirigem-se do ( + ) para o ( – ) e são
paralelas entre si.
Entre as placas, excepto nas externas, o vector E dirigido da placa positiva para a negativa, tem, em
todos os pontos o mesmo módulo, direcção, sentido.
As linhas de força do campo eléctrico não são sempre rectas, como no caso anterior. São
frequentemente curvas, como no caso dos dipólos eléctricos. Estes são formados por duas cargas
pontuais separadas, com a mesma magnitude mas de sinal contrário. O campo eléctrico é mais
intenso na região entre as cargas e na proximidade das cargas.
A força eléctrica de atracção ou repulsão que se exerce entre duas cargas eléctricas localizadas
a uma distância d, é inversamente proporcional ao quadrado da distância dos dois pontos. Essa
força tem a direcção da recta que une os dois pontos.
qa . qb
F K.
d2
em que:
F - Força que se exerce entre as duas cargas colocadas á distância d, expressa em Newton ( N )
EXERCICIOS RESOLVIDOS
+9 –2
Dados: K vazio = 9,0 x 10 N.m 2.C
1. O corpo Q electrizado positivamente, produz num ponto P o campo eléctrico, com uma intensidade do campo eléctrico
de 2,0x10 5 N/C. Calcule a intensidade da força eléctrica produzida numa carga pontual positiva q de valor 4,0x10 –6 C
colocada em P.
= 2,0 X 10 5 N / C
q = 4,0 x 10
-6
C
= ?
2. A carga pontual 1,0x10 –9 C, quando colocada num ponto P de um campo eléctrico, fica sujeita a uma força eléctrica
vertical, sentido para baixo e de intensidade igual a 0,10 N. Caracterize o campo eléctrico no ponto P.
-9
q = 1,0 x 10 C
= 0,10 N
= ?
Para definir o campo eléctrico, visto tratar-se de uma grandeza vectorial, teremos de definir 4 parâmetros: ponto de
aplicação, direcção, sentido e intensidade da grandeza.
Direcção - vertical
Intensidade = 1,0 x 10 8 N / C
3. Considere duas cargas pontuais fixas, q1 de - 1,0 C e q2 de 4,0 C situados no vazio à distância de 30 cm. Calcule a
intensidade da força eléctrica que actua entre as cargas.
q1 = - 1,0 x 10 - 6 C
q2 = 4,0 x 10 - 6 C
d = 30 cm = 0,30 m
= ?
+9 2 –2
Dados: K vazio = 9,0 x 10 N.m .C
1. Num ponto do espaço, o vector campo eléctrico tem intensidade de 3,6.x 10+ 3 N / C. Uma carga de 1,0 x 10 - 5 C
colocada nesse ponto sofre a acção de uma força eléctrica. Calcule a intensidade dessa força.
2. Duas cargas pontuais, positivas e iguais, estão situadas no vácuo e a 2,0 m de distância. A intensidade da força eléctrica
que actua em cada carga é de 0,10 N.
2.1 De que tipo são as forças eléctricas que ocorrem em tal situação.
2.2 Calcule o valor das cargas pontuais.
2.3 Se uma das cargas fosse substituída por uma carga dupla, diga qual era a intensidade da força eléctrica que
actuava em cada uma das cargas.
2.4 Se a distância entre as cargas passasse a ser de 0,5 m, qual seria a intensidade da força eléctrica a actuar em
cada carga.
3. Supondo duas cargas pontuais de sinais opostos ( uma positiva e outra negativa ) com a mesma magnitude.
3.1 Desenhe a orientação das linhas de força do campo eléctrico.
3.2 Considere um ponto P, situado nas linhas de força desenhadas anteriormente. Supondo nesse ponto uma carga
pontual positiva, desenhe a orientação do vector força eléctrica e do vector campo eléctrico nesta carga.
Quando uma carga Q é colocada sob a acção de um campo eléctrico, fica sujeito a uma força capaz
de a deslocar. Poderemos então dizer que, o campo eléctrico possui uma dada energia potencial que
é capaz de realizar trabalho.
A variação desta energia potencial corresponde ao trabalho realizado pelas forças do campo eléctrico
para deslocar uma carga, de um ponto A para um ponto B, a velocidade constante.
Á variação da energia potencial entre dois pontos do campo eléctrico, por unidade de carga, quando
esta é deslocada pelas forças do campo, dá-se o nome de diferença de potencial. A diferença de
potencial entre os pontos A e B é dado por:
EXERCICIOS RESOLVIDOS
UAB = UA – UB = +6 - ( - 1 ) = + 7 V
1. Considere dois potenciais diferentes: potencial A = 10 V e potencial B = 12 V. A diferença de potencial AB será de:
12 V
-2V
2V
10 V
22 V
Se ligarmos estes dois corpos por um fio metálico, o campo eléctrico “ concentra-se “ no fio e passa a
existir um movimento de electrões de B para A (sentido contrário ao campo eléctrico), pois como o
corpo A esta a um potencial mais elevado terá menos cargas negativas (electrões) que o corpo B. Este
movimento de electrões de B para A , para estabilizar as cargas, terminará quando os potenciais dos
dois corpos forem iguais ( E = 0 ), o que acontece num pequeno espaço de tempo. Neste caso,
dizemos que ocorreu uma corrente eléctrica transitória, pois foi de curta duração.
Para se conseguir uma corrente eléctrica permanente é necessário manter durante mais tempo o
campo eléctrico nos condutores, ou seja é necessário manter mais tempo a diferença de potencial.
Isto consegue-se recorrendo a geradores eléctricos. Geradores são aparelhos que transformam
energia não eléctrica em energia eléctrica. Tomemos como exemplos:
Os geradores criam então uma d.d.p. entre os seus terminais ou pólos (pólo positivo e pólo negativo).
O símbolo do gerador é representado da seguinte forma:
Então se ligarmos o circuito anterior a um gerador, utilizando fios condutores, como existe uma d.d.p.
(tensão), estabelece-se um campo eléctrico ao longo destes. Este campo durará enquanto o circuito
estiver estabelecido e a corrente diz-se permanente.
A corrente eléctrica é o movimento ordenado, contínuo e estável de electrões livres sob o efeito
de um campo eléctrico exterior aplicado a um material condutor.
O sentido do movimento dos electrões, ou por outras palavras, da corrente eléctrica define-se por :
Sentido real da corrente eléctrica - é o sentido dos potenciais mais baixos para os potenciais
mais altos, ou seja, é o sentido do movimento dos electrões livres.
Sentido convencional da corrente eléctrica - é o sentido dos potenciais mais altos para os
potenciais mais baixos. É o sentido do campo eléctrico no interior de um condutor. Coincide,
portanto, com o movimento das cargas positivas.
Existem correntes eléctricas bastantes fortes, capazes de pôr comboios eléctricos em movimento, e
outras fracas, como as das máquinas de calcular.
intervalo de tempo t
Quanto maior o n.º de cargas, mais intensa (forte) é a corrente eléctrica. Assim para caracterizar uma
corrente eléctrica definiu-se, a grandeza intensidade de corrente eléctrica.
A intensidade da corrente eléctrica representa-se por I . Exprime-se em Ampére (A). O aparelho utilizado para
medir a intensidade da corrente eléctrica é o amperímetro.
Q
I
t
em que:
Q - Carga eléctrica que atravessa uma dada secção do condutor - Coulomb (C)
2.6 Capacidade
Q I t 1 3600 3600 C
Esta grandeza designa-se por ampere-hora (Ah). É usual vermos este termo nas baterias dos
automóveis.
Em muitas situações práticas, como por exemplo no cálculo de secções de condutores e fios de
bobinas, há necessidade de definir a grandeza densidade de corrente eléctrica (J), que é a intensidade
de corrente por unidade de secção do condutor:
I
J
S
em que:
A energia eléctrica, sendo utilizada de múltiplas maneiras, pode apresentar-te nos circuitos em
diferentes formas, no entanto as formas mais utilizadas, são:
Corrente contínua constante - conhecida por corrente contínua (CC ou, DC em inglês )
Corrente descontínua periódica sinusoidal - conhecida por corrente alternada (CA ou, AC em inglês)
EXERCICIO RESOLVIDO
1. Durante a carga de uma bateria consome-se uma quantidade de electricidade igual a 360 KC. Supondo que a carga se
fez a uma intensidade de corrente constante de 10 A , quanto tempo demorou a bateria a carregar?
I = 10 A
t= ?
1. Comente a seguinte afirmação: “Um amperímetro fornecerá leituras correctas se for instalado em série na porção do
circuito onde se pretende conhecer o valor da intensidade de corrente.”
2. Um fio metálico condutor é percorrido durante 2 minutos por uma corrente eléctrica de intensidade 300 mA. Admitindo
que o valor da intensidade de corrente é constante, determine a carga eléctrica que atravessa uma secção transversal
do condutor, nesse intervalo de tempo.
3. Considere um fio condutor percorrido por uma corrente eléctrica cuja intensidade varia com o tempo de acordo com o
gráfico. Calcule a carga eléctrica que atravessa uma secção transversal desse fio entre os instante t=4,0 s e t=12, 0 s.
No estado sólido temos por exemplo, o cobre - material condutor; o vidro - material
isolante.
No estado líquido podemos encontrar, por exemplo o mercúrio - material condutor; óleo
mineral - material isolante.
No estado gasoso encontramos, por exemplo o ar húmido - material condutor; ar seco -
material isolante.
Os materiais condutores são os que melhor conduzem a corrente eléctrica, ou seja, menor
resistência oferecem à sua passagem. Os valores usuais para a resistividade dos condutores
estão entre = 10 - 4 e 10 2 .mm2 / m.
Os materiais isoladores são aqueles que praticamente não conduzem a corrente eléctrica. Os
valores usuais para a resistividade destes materiais estão entre = 10 14 e 10 26 .mm2 / m.
2. Ductilidade - Propriedade dos materiais se deixarem reduzir a fios. Exemplo: ouro, prata, cobre,
alumínio, ferro.
3. Elasticidade - É a propriedade do material retornar á forma inicial, depois de cessar a acção que
lhe provoca deformação. Exemplo: Mola.
4. Fusibilidade - Propriedade dos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção
do calor. Tem interesse conhecer o ponto de fusão de cada material para sabermos quais as
temperaturas máximas admissíveis na instalação onde o material está integrado.
6. Dureza - Propriedades dos materiais riscarem ou se deixarem riscar por outros. Exemplo de
materiais duros: diamante, quartzo.
7. Dilatabilidade - Propriedade que certos corpos têm de aumentarem as suas dimensões sob a
acção do calor.
8. Condutividade térmica - Propriedade que os materiais têm de conduzir com maior o menor
facilidade o calor. Normalmente, os bons condutores eléctricos também são bons condutores
térmicos, o que pode ser uma vantagem ou uma desvantagem. Exemplo de bons condutores
térmicos: prata, cobre.
10. Permeabilidade magnética - Propriedade dos materiais conduzirem com maior ou menor
facilidade as linhas de força do campo magnético. Exemplos: ferro-silício, aço, ferro-fundido.
11. Resistência à fadiga - Valor limite de esforço sobre um material, resultante de repetição de
manobras. Cada manobra vai, progressivamente, provocando o “envelhecimento” das
propriedades do material.
12. Resistência à corrosão - Propriedades dos materiais manterem as suas propriedades químicas,
por acção de agentes exteriores (atmosféricos, químicos, etc.). Esta propriedade tem particular
importância nos materiais expostos e enterrados (linhas, cabos ao ar livre ou enterrados,
contactos eléctricos).
Os materiais combinam-se (uns mais, outros menos) com o oxigénio do ar, originando óxidos.
Estes óxidos, em grande parte dos casos, acabam por destruir os materiais. A este fenómeno dá-
se o nome de corrosão.
5. Rigidez dieléctrica - É a tensão máxima, por unidade de comprimento, que se pode aplicar aos
isolantes sem danificar as suas características isolantes. Expressa em KV/mm. O material com melhor
rigidez dieléctrica é a mica.
Os principais materiais eléctricos utilizados para o fabrico de condutores são o cobre, o alumínio e a
prata. Além destes materiais existem ainda ligas condutoras e resistentes com variadíssimas
aplicações, como por exemplo: bronze, latão e o almelec - ligas condutoras; constantan, mailhechort,
manganina, ferro-níquel e o cromo–níquel - ligas resistentes.
A tabela em baixo resume, para cada um dos principais materiais e ligas condutoras, as principais
propriedades e as aplicações mais usuais.
Por análise dos materiais condutores existentes na tabela, podemos tirar, entre outras, as seguintes
conclusões:
A tabela em baixo resume, para cada um dos principais materiais e ligas resistentes, as principais
propriedades e as aplicações mais usuais.
resistentes º C–1 ( t = 20 ºC ) (º C)
+níquel
Embora nas tabelas não estejam indicadas todas as propriedades de cada material, no entanto
podemos compreender, as razões por que cada um deles tem as aplicações indicadas.
Algumas das propriedades em falta foram referidas anteriormente, como sejam: a corrosão, factor
importante na escolha do material para a função e local a instalar; a maleabilidade e a ductilidade, que
determinam quais os materiais que se podem transformar em chapas ou reduzir a fios.
O ouro e a prata são os metais mais dúcteis e maleáveis, o que lhes permite facilmente serem
reduzidos a fios e chapas, são no entanto caros.
O alumínio em contacto com o ar cobre-se de uma camada de óxido, chamado alumina, que o
protege contra a corrosão.
O cobre também fica revestido por um óxido, chamado azebre, que o protege contra a acção
dos agentes atmosféricos.
Os materiais isolantes existem nos circuitos eléctricos sob diversas formas e têm finalidades variadas,
desde proteger pessoas, evitar curtos-circuitos nas instalações, evitar fugas de corrente, etc.
Podem ser subdivididos em sólidos (exemplo: vidro, mica ), líquidos ( xemplo: óleo mineral, verniz) e
gasosos (exemplo: ar, azoto).
Os materiais sólidos e líquidos utilizados para o fabrico de isolantes provém de 3 origens: isolantes
minerais, isolantes orgânicos e isolantes plásticos.
Resistividade eléctrica
Rigidez dieléctrica
Estabilidade térmica
Temperatura máxima de utilização
Com a utilização estes tipos de materiais, como quaisquer materiais, envelhecem. Os factores
principais que contribuem para este envelhecimento são:
Temperatura e húmidade
Campo eléctrico
Esforços mecânicos
Agentes atmosféricos e agentes químicos
Factor de perdas
Versatilidade
Para cada aplicação será escolhido o material que melhores condições reúna, de acordo com as
exigências da função. Na tabela que se segue estão resumidas algumas propriedades e aplicações
dos principais materiais isolantes. Pela sua análise, podemos salientar as seguintes conclusões:
O papel seco é bom isolante, barato, mas higroscópico (é atacado pela humidade).
KV / mm (ºC)
18 elevadas.
Quartzo > 10 20-30 -
Resina epóxi 9 10 20-45 80-120 Pode ser facilmente Pára-raios, caixa para cabos.
10 -10
moldada, produzindo
(araldite)
diversos aparelhos e
peças.
Resina fenólica 12 10-20 120 Inalterável aos agentes Fabricação de peças para
> 10
exteriores. Grande aparelhagem eléctrica.
(baquelite)
resistividade.
EXERCICIOS RESOLVIDOS
Os materiais utilizados na industria eléctrica podem ser classificados em: materiais condutores ( onde se encontram os bons
condutores e os resistentes ), materiais isolantes, materiais semi - condutores e materiais magnéticos.
–1
3. Explique o significado da seguinte afirmação :“O Coeficiente de temperatura do alumínio é 0.004 º C ”.
Esta afirmação significa que uma resistência de 1 de alumínio varia 0,004 quando a temperatura varia 1º C.
1. Descreva, sucintamente, a diferença entre condutância e resistência eléctrica e, refira qual a unidade, no sistema
internacional ( S.I. ), em que cada uma se expressa.
2. Os materiais resistentes são caracterizados pelo seu muito baixo coeficiente de temperatura. Defina coeficiente de
temperatura.
c) Os óleos minerais são utilizados para refrigeração dos enrolamentos dos transformadores de baixa potência.
d) Duas propriedades dos materiais resistentes são a sua grande resistividade e o seu baixo coeficiente de temperatura
e) A fusibilidade é a propriedade de certos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção do calor.
g) A dureza de um material é a propriedade dos materiais passarem do estado sólido ao estado líquido por acção do
calor.
Consideremos 2 circuitos eléctricos simples, 1 e 2, que apenas diferem nos condutores metálicos M
e N.
Sendo I1 I2 é porque num determinado espaço de tempo, o número de cargas que atravessa uma
dada secção transversal do circuito 1 é diferente do que atravessa o circuito 2. Esta diferença deve-se,
exclusivamente, aos condutores M e N, pois são os únicos elementos diferentes nos dois circuitos.
Para uma mesma diferença de potencial aplicada a vários condutores, quanto maior for a
resistência do condutor, menor será a intensidade de corrente que o percorre.
Para caracterizar esta oposição á passagem da corrente eléctrica definimos a grandeza Resistência
eléctrica.
A Resistência eléctrica representa-se por R. Exprime-se em Ohm (). O aparelho utilizado para medir a
resistência eléctrica é o ohmímetro.
3
KiloOhm K 10
6
MegaOhm M 10
U
R
I
em que:
RESISTIVIDADE
L
R .
S
onde:
L - Comprimento - (m)
comprimento
A resistividade é assim uma grandeza relacionada com a constituição do material. Define-se como
sendo a resistência eléctrica de um material com 1 metro de comprimento e 1 milímetro quadrado de
secção. Exprime-se em .mm2 / m ou em .m.
Um bom condutor possui uma resistividade da ordem dos 10 - 4 mm2 /m e, os materiais com resistividades
superiores a 10 14 .mm2 /m são designados por isolantes.
_________________________________________________________________________________
(
No sistema internacional ( S.I.) a unidade da resistividade é .m , onde a secção é expressa em m2. Para secções expressas em
2 2
mm a resistividade assume a unidade .mm / m.
COEFICIENTE DE TEMPERATURA
Apesar de materiais diferentes terem resistividades diferentes, verifica-se que para cada material a
resistividade depende da temperatura e, portanto a resistência dos condutores também depende
da temperatura.
O coeficiente de temperatura traduz a variação que sofre uma resistência de 1 , do material considerado,
quando a temperatura aumenta 1º C.
R 2 R 1 .1 .T2 T1
2 1 .1 .T2 T1
onde:
Os valores de R2 e 2 são sempre os valores finais, quer tenha havido um aumento de temperatura quer
tenha diminuído a temperatura, em relação à temperatura ambiente de 20ºC.
-1
Material Coef. de temperatura (ºC )
(t = 20ºC)
Prata 0.0036
Cobre 0.00393
Alumínio 0.004
Manganina 0,00002
Grafite - 0.0004
A variação da resistência dos materiais com a temperatura tem, algumas consequências, que, nuns
casos, podem ser consideradas inconvenientes e noutros como aplicações. De seguida serão
apresentados alguns exemplos.
Todo o aparelho de medida ou de protecção, etc. é construído tendo em vista a obtenção de uma
determinada precisão, que depende da função do aparelho, ou seja, da tarefa que vai desempenhar.
Assim, temos aparelhos de elevada precisão, média precisão e baixa precisão. O mesmo se passa
com as resistências eléctricas.
Assim, para construir resistências de precisão, devem utilizar-se materiais que tenham um coeficiente
de temperatura baixo, de modo que a resistência pouco varie com a temperatura. Os materiais mais
aconselhados para o fabrico destas resistências são o constantan e a manganina.
A passagem de correntes elevadas nos enrolamentos das máquinas eléctricas provoca um aumento
considerável da sua temperatura (a temperatura não deve ultrapassar os 70 a 90 ºC).
Este aumento de temperatura provoca, contudo, um aumento considerável da resistência dos seus
enrolamentos, que pode atingir +25%. Além da alteração das características da máquina, este
aumento de resistência provoca também um aumento das perdas energéticas.
A temperatura do filamento das lâmpadas de incandescência chega a atingir 2000 a 3000 ºC. Este
aumento considerável da temperatura provoca um aumento significativo da resistência do filamento da
lâmpada, de tal forma que a resistência a quente pode ser 10 ou mais vezes mais elevada que a
resistência a frio (temperatura ambiente). Deste modo, ao ligar umas destas lâmpadas, a intensidade
instantânea é cerca de 10 vezes maior que a intensidade estabilizada, o que pode constituir um grande
inconveniente.
Com efeito, se ligarmos simultaneamente um número elevado destas lâmpadas, a intensidade será tão
elevada que provocará o disparo dos aparelhos de protecção. Nestas situações, as lâmpadas devem
ser ligadas por sectores, em número mais reduzido e progressivamente.
As resistências são componentes eléctricas passivas onde a tensão aplicada aos seus terminais é
proporcional à intensidade de corrente que a percorre.
Pontos em curto circuito são identificados através da medição de uma resistência relativamente
pequena ou nula entre os pontos medidos.
Qualquer receptor tem resistência eléctrica. Há, inclusivamente, receptores, que acabamos de estudar,
que têm o nome de “resistências eléctricas” e que são bastante utilizadas em montagens eléctricas e
nos mais diversificados circuitos e aparelhagens.
Chama-se a atenção para não se criar a confusão entre a grandeza “resistência eléctrica” com o
receptor “resistência eléctrica”.
Tolerância - Afastamento máximo entre o valor real e valor nominal. Exemplo: 1000Ω +- 5 %
Potência nominal - Máxima potência que a resistência pode dissipar em funcionamento normal, sem
que sofra destruição ou alteração irreversível das suas características. Exprime-se em Watts.
Tensão máxima de funcionamento - É a máxima tensão contínua ou alternada eficaz suportada pela
resistência de forma contínua à temperatura nominal de funcionamento.
Ruído - Quando aos terminais de uma resistência está aplicada uma tensão, gera-se uma tensão
parasita de ruído. Este pode ter duas origens :
O processo utilizado para a marcação dos valores nas resistências é o código de cores, sendo este
representado por anéis pintados no corpo da resistência. Habitualmente são usados 4 ou 5 anéis,
dependendo da tolerância do componente, e a forma correcta de ler o valor é colocando a
resistência com os 3 (ou 4) anéis agrupados para o lado esquerdo e o anel que está separado (o
último = 4º ou o 5º), para a direita. Os anéis que estão agrupados indicam o valor nominal e que
está separado indica a tolerância.
Código de cores de 4 anéis: Lendo na posição correcta, as duas primeiras cores dão-nos os dois
primeiros algarismos do valor, enquanto que a terceira cor indica o coeficiente multiplicador (ou
número de zeros) que teremos de aplicar aos dois primeiros algarismos.
Código de cores de 5 anéis: Idêntico ao de 4 cores, mas neste caso são as três primeiras cores
que nos dão os três algarismos do valor, sendo a quarta cor o multiplicador. O último anel é
sempre, como já foi referido, o valor da tolerância.
- Nenhuma ± 20%
Desta forma se analisarmos uma resistência com o código de cor Castanho, Preto, Laranja, Dourado
temos:
Se por outro lado, tivermos uma resistência com o código de cor Amarelo, Violeta, Preto, Vermelho,
Castanho teremos:
EXERCICIOS RESOLVIDOS
1. Uma lâmpada de incandescência tem um filamento de tungsténio com comprimento de 70 mm e 0,075 mm de diâmetro.
Pretende-se saber qual a sua resistência óhmica. A resistividade do tungsténio à temperatura de 20ºC é ρ20ºC = 0,056
.m.
L = 70 mm = 0,070 m
d = 0,075 mm
Cálculo da resistência, R :
L 0,070
R . 0,056 10 6 . R 0,891
S 0,0044 10 6
2. Quando se liga a lâmpada do exercício anterior, o filamento atinge quase instantaneamente uma temperatura elevada de
2200ºC. Sabendo que o coeficiente de temperatura do tungsténio a 20ºC é 20ºC = 0,005 º C - 1, calcule o valor da
resistência e da resistividade a 2200 ºC.
2 1 .1 .T2 T1 0,056 10 6.1 0,005.2200 20 6,66 10 7 .m
A medida que a temperatura aumenta a resistência também aumenta, factor previsível uma vez que o tungsténio
apresenta um coeficiente de temperatura positivo. Relativamente, à resistividade esta também aumentará, uma vez que
é proporcional à resistência do material.
(cobre) = 0,004 ºC
-1
(alumínio) = 0,00391 ºC
-1
(Tungsténio) = 0,005 ºC
-1
1. Qual a quantidade de fio necessário de um fio de cromo-níquel, de 0,5 mm de diâmetro para se obter uma resistência de
220 à temperatura de 20 ºC.
2. Determine a resistência de um condutor de alumínio de secção circular com 100 m de comprimento e 1,626 mm de
diâmetro, à temperatura de 20 ºC.
3. Um fio metálico apresenta, à temperatura de 20º C, uma resistência de 200 , e à temperatura de 70º C toma o valor de
240 . Calcule o valor do coeficiente de temperatura do material do fio.
4. Mediu-se a resistência de um fio desconhecido, com 15,46 m de comprimento e 0,3 mm de diâmetro e registou-se um
valor de 3,5 . Qual é a resistividade do fio ? A que metal corresponde?
5. Um condutor de cobre tem um comprimento de 10 Km e 0,1 cm2 de secção. Determine à temperatura de 20ºC.
6. Uma lâmpada com filamento de tungsténio é alimentada a uma diferença de potencial de 120 V, sendo a intensidade de
corrente eléctrica que a percorre de 0,5 A. A temperatura do filamento é de 2600º C. Determine a resistência deste
filamento à temperatura de 20 ºC.
A resistência é como vimos, a oposição que um material oferece é passagem da corrente eléctrica. O
inverso da resistência designa-se por condutância.
Para uma mesma diferença de potencial aplicada a vários condutores, quanto maior for a
condutância do condutor, maior será a intensidade de corrente que o percorre.
em que:
Consideremos um circuito hidráulico constituído por dois reservatórios colocados a níveis diferentes e
ligados, por um lado, através de uma bomba e, por outro, por uma turbina.
A função da bomba é a de manter a diferença do nível da água nos dois reservatórios, deslocando a
água do reservatório B para o reservatório A.
A função do gerador também consiste em manter uma diferença de potencial aos seus terminais,
deslocando, para isso, os electrões no seu interior do pólo positivo para o pólo negativo. O gerador,
devido à diferença de potencial nos seus terminais, provoca um deslocamento dos electrões do seu
pólo negativo para o pólo positivo, através do motor.
O sentido de deslocamento dos electrões designa-se por sentido real da corrente, como vimos
anteriormente. Contudo, está convencionado que no exterior dos geradores a corrente eléctrica tem o
sentido do pólo positivo para o pólo negativo, sentido convencional.
É evidente que um circuito eléctrico para funcionar terá de ser fechado, caso contrário não haverá
passagem de corrente.
a) b)
G G
As três grandezas eléctricas estudadas vão ter um papel fundamental no circuito eléctrico. Elas estão
sempre interligadas, sendo a lei de Ohm, que iremos estudar muito brevemente, um meio
importantíssimo para quantificar a sua evolução. Uma não faz sentido sem as outras, se quisermos ter
um circuito a funcionar bem. Analisemos:
A diferença de potencial ou tensão é necessária, porque sem ela não conseguimos ter
corrente eléctrica.
A resistência eléctrica está sempre presente num circuito e existe fundamentalmente nos
receptores, reduzindo a corrente eléctrica a valores adequados para bom funcionamento
destes.
Existe uma grande diversidade de circuitos eléctricos, não só quanto ao número e variedade de
elementos constituintes mas também quanto à finalidade do próprio circuito. Existem, portanto,
circuitos eléctricos mais simples e circuitos eléctricos mais complicados.
Por exemplo, nas nossas casas, temos diferentes circuitos eléctricos, os quais partem do Quadro
Eléctrico:
Circuitos de iluminação,
Circuitos para tomadas (ditas normais),
Circuitos para máquinas de lavar,
Circuitos para o fogão, etc.
No laboratório, podemos montar os nossos próprios circuitos, diferentes uns dos outros.
F Fusível W Wattímetro
V Voltímetro L Lâmpada
Diz-se que um elemento de um circuito está sujeito a uma sobreintensidade quando a intensidade da
corrente que passa através dele ultrapassa em muito o valor normal de funcionamento, chamado de
valor nominal, facto este que resulta sempre de uma avaria, defeito ou operação errada no circuito.
Uma das causas mais frequentes de sobreintensidades é o curto circuito.
Diz-se que há um curto circuito quando existe uma diminuição brusca da resistência, para valores
próximos de zero, entre dois pontos sob tensões diferentes. Na figura seguinte temos uma
representação de uma situação em que se verifica um curto-circuito entre os pontos A e B, o que
originará uma resistência quase nula, logo uma corrente bastante elevada.
Diremos que se verifica uma sobrecarga quando os valores normais do circuito são excedidos por
virtude de uma maior solicitação em potência.
Consideremos um condutor eléctrico ligando dois pontos a potenciais diferentes, vamos observar uma
determinada corrente eléctrica através desse condutor. Essa corrente é proporcional à tensão aplicada
ou seja, duplicar a tensão corresponde a duplicar a corrente.
O físico alemão Georg Simon Ohm estabeleceu uma lei que relaciona a intensidade de corrente, a
diferença de potencial e a resistência.
Há condutores em que a diferença de potencial (U) aplicada nos seus extremos é, para uma dada
temperatura, directamente proporcional à intensidade de corrente (I) que os percorre.
U
CONSTANTE R
I
Se estabelecermos uma representação gráfica para os condutores óhmicos, e não óhmicos teremos:
Exemplos de condutores óhmicos são, como já vimos anteriormente, os condutores metálicos. Para o
caso dos condutores não óhmicos tomemos como exemplo alguns componentes usados na electrónica
- díodos e transístores.
EXERCICIOS RESOLVIDOS
1. Os gráficos apresentados na figura traduzem o comportamento de dois condutores, durante a realização de uma
experiência, em que a temperatura se manteve constante.
Seleccione de entre as seguintes proposições as verdadeiras.
C – A resistência do condutor B aumenta à medida que a d.d.p. nos seus terminais aumenta.
D – Para que a intensidade de corrente que percorre o condutor A seja de 1 A é necessário que a d.d.p. nos seus
extremos seja de 25 V.
A – Verdadeira. Pela visualização do gráfico podemos inferir que se trata de um condutor óhmico.
U 10
R 25
I 0,4
C – Falsa. A resistência do condutor B diminui com o aumento da d.d.p. aos seus terminais.
U 20 U 30
R 50 R 25
I 0,4 I 1,2
1. A uma dada resistência R foram aplicadas diversos valores de d.d.p., tendo-se obtido os valores indicados na tabela
U(V) I ( mA ) R ( K)
10 2 C
A 4 5
40 B 5
2. Uma resistência de carvão de 4,7 K é percorrida por uma corrente de 5 mA. Qual a diferença de potencial que existe
entre uma das extremidades da resistência e o seu ponto médio?
3. No laboratório possuímos uma pequena lâmpada que deve funcionar com uma tensão de 6V e uma corrente de 4 mA. O
objectivo será ligar esta lâmpada na bateria de um automóvel que possui uma tensão de 12 volts. Se esta lâmpada for
ligada directamente na bateria queimará, sendo necessário colocar um resistência para limitar a corrente e a tensão
sobre a mesma, conforme o esquema da figura 3. Calcule o valor desta resistência limitadora?
Um mesmo trabalho - por exemplo, extrair água de um poço - pode ser realizado por dois motores em
condições muito distintas, se nomeadamente um deles o efectuar em 5 minutos enquanto o outro
demorar 1 hora. Diremos, naturalmente, que os dois motores são diferentes. No entanto, o trabalho
realizado pelos dois motores é exactamente o mesmo. O que vai distinguir um motor do outro é a sua
capacidade para realizar o mesmo trabalho, conforme o tempo o tempo que necessita.
Quanto maior a potência de um receptor eléctrico, maior será a capacidade deste realizar trabalho.
A potência eléctrica representa-se por P. Exprime-se em Watt (W). O aparelho utilizado para medir a
potência eléctrica é o Wattímetro.
P UI
em que:
P R I2
U2
P
R
Todos os aparelhos têm uma pequena placa onde está escrita a sua potência, normalmente expressa
em Watt (W). Também pode estar expressa em kW (1000W = 1kW = 1kVA).
A potência total que chega a nossa casa é contratada à empresa fornecedora de energia eléctrica,
sendo controlada por meio de um disjuntor regulado para essa potência. Quando a soma das
potências de vários aparelhos ligados ao mesmo tempo excede a potência contratada, o disjuntor
interrompe automaticamente a corrente eléctrica. Além disso, o disjuntor é fundamental para assegurar
a protecção da instalação eléctrica contra curto-circuitos.
A potência a contratar deverá ter em consideração a potência dos aparelhos eléctricos que utilizamos
no dia a dia, como também devemos ter em conta que nem todos eles vão funcionar ao mesmo tempo.
Assim, seleccionamos os aparelhos que poderão funcionar simultaneamente para encontrar a potência
adequada ao seu caso.
É usual dizer-se que um corpo (ou um sistema de corpos) possui energia sempre que possa fornecer
trabalho ou calor. Existem diferentes formas de energia (mecânica, térmica, química, eléctrica,
nuclear), assim como várias fontes de energia (solar, materiais nucleares, o vento, a água em
movimento).
No caso de um receptor eléctrico, quanto maior a potência de um receptor eléctrico, maior será a
capacidade deste produzir trabalho, mas também maior quantidade de energia eléctrica ele
consumirá.
Por exemplo: uma lâmpada de maior potência que outra do mesmo tipo dá mais luz, mas também
consome mais energia.
A energia eléctrica representa-se por W. Exprime-se em Joule (J). O aparelho que possibilita a leitura
directa da energia eléctrica é o contador de energia.
+3
KiloJoule KJ 10
A energia perdida ou adquirida por um sistema é dada pelo produto da potência pelo tempo, ou seja:
W=P.t
onde:
t - Tempo - segundo( s )
A unidade da energia no sistema internacional é o Joule sendo 1 Joule = 1 Watt x 1 segundo (1 W.s).
No entanto, a unidade de energia eléctrica utilizada nas redes de produção, transporte e consumo de
energia é o Watt-hora (W.h), que representa o consumo ou produção de 1 W durante uma 1 h, ou
então, um dos seus múltiplos como o KiloWatt-hora (KW.h) que representa o consumo ou produção
de 1 KW durante 1 h, o MegaWatt-hora (MW.h) ou mesmo o GigaWatt-hora (GW.h).
+9
GigaWatt-hora GW.h 10
+6
MegaWatt-hora MW.h 10
+3
KiloWatt-hora KW.h 10
Por exemplo, se uma lâmpada fluorescente (36 W) está ligada 8 horas por dia, então por mês estará ligada
240 horas (8x30 dias). O seu consumo mensal será de:
36 x 240 = 8 640 Watt.hora (W.h) por mês 8,640 KW.h por mês
Finalmente calculamos o custo deste consumo bastando para tal, multiplicar os kWh por:
0,0930 € (no caso da tarifa simples - preço 2003 ): 8,64 kW.h x 0,0930 = 0,804 €
0,1528 € (no caso da tarifa simples - preço 2014 ): 8,64 kW.h x 0,1528 = 1,32 € (+64% !!)
Já referimos que a passagem da corrente eléctrica por um condutor produz uma dissipação de energia
sob a forma de calor. Esta libertação de calor designada efeito de Joule constitui a origem da
incandescência do filamento de uma lâmpada, do aquecimento de um ferro de passar, de fornos
eléctricos, de ferros de soldar, etc.
Uma resistência ao ser percorrida por uma corrente eléctrica irá dissipar uma determinada potência,
dada por P = R.I2 , sob a forma de calor. Este fenómeno foi estudado pelo famoso cientista James P.
Joule. O enunciado da lei de Joule diz:
A energia eléctrica dissipada em calor por efeito de Joule, num receptor, é proporcional á resistência
do receptor, ao quadrado da intensidade de corrente que o atravessa e ao tempo de passagem da
corrente eléctrica.
W R I2 t
em que: W - Energia eléctrica - Joule (J)
O fusível é um dispositivo que explora as consequências do efeito de Joule, o qual tem por objectivo
limitar a potência fornecida a um determinado circuito eléctrico. Neste caso, quando a corrente
absorvida pelo circuito supera um valor limite pré-estabelecida, Imáx., o calor gerado por efeito de
Joule é suficiente para fundir o filamento e interromper o fornecimento de corrente ao circuito.
Existem fusíveis para diversos tipos de aplicações: de valor máximo de corrente, de actuação rápida
(sensíveis aos picos de corrente) ou lenta (sensíveis ao valor médio da corrente), etc.
O efeito de Joule poderá ser ainda utilizado em aquecimento como por exemplo: torradeiras, fogões
eléctricos, ferros de passar, ferros de soldar, etc. Em iluminação de incandescência: a passagem da
corrente eléctrica produz calor num filamento, geralmente tungsténio, que o leva à temperatura da
ordem dos 200 ºC à qual emite luz.
A programação das memórias ROM constitui uma das aplicações mais interessantes do princípio de
funcionamento do fusível. Neste caso, os fusíveis são constituídos por uma fita de alumínio depositada
na superfície da pastilha de silício, fusíveis que são posteriormente fundidos, ou não, de acordo com o
código a programar na memória.
As perdas de energia nas máquinas eléctricas onde, o aquecimento limita a potência das máquinas.
Ou seja, por outras palavras, o calor desenvolvido nos seus enrolamentos tem de ser limitado, pois na
sua constituição entram materiais que se deterioram a partir de certa temperatura.
As perdas nas linhas eléctricas de transporte e distribuição de energia onde, o efeito de Joule
origina perdas consideráveis obrigando ao aumento da secção dos condutores.
EXERCICIOS RESOLVIDOS
1. Determine a potência dissipada por uma resistência de 18 K quando percorrida por uma corrente eléctrica de 2 mA ?
R = 18 K = 18 000
I = 2 mA = 0,002 A
P= ?
2. Qual a energia consumida por um aquecedor eléctrico de 1500 W de potência durante 5 dias de funcionamento
constante?
P = 1500 W
W= ?
1. Determine a máxima tensão que se pode aplicar a uma resistência de 4,7 K sabendo que esta é de ¼ de Watt ?
3. Um aquecedor eléctrico ao fim de 5 horas consome a energia de 6 KW.h. Calcule a resistência do aquecedor, sabendo que
funciona com a d.d.p. de 220 V.
Uma máquina ou aparelho tem como função transformar uma forma de energia noutra. Contudo a
energia que se obtém é inferior á energia absorvida inicialmente pela máquina, pois uma parte
transforma-se em energia não desejada.
A análise do rendimento poderá ser realizada considerando energias ou potências, pois como vimos
atrás (W = P . t). Faremos a nossa análise recorrendo a potências.
Consideremos uma máquina qualquer (gerador ou motor), teremos uma determinada potência que é
absorvida pela máquina, uma determinada potência de perdas e finalmente, a potência útil para
utilização. A figura seguinte ilustra o que foi dito:
Define-se rendimento da máquina pelo quociente entre a potência útil (potência à saída) e a potência
absorvida (potência à entrada).
O rendimento eléctrico representa-se por . É uma grandeza adimensional (não tem unidades) e
exprime-se em percentagem. A expressão matemática que traduz o rendimento é:
Pu
100
Pa
onde:
Na maioria das situações, os circuito eléctricos e electrónicos têm um referencial comum que se
designa por massa, e que se representa pelo símbolo:
A d.d.p. na massa é de 0 V, sendo por isso o potencial de referência de qualquer circuito. Nos circuitos
analisados até então não introduzimos esta noção.
Tomemos como exemplo os seguintes circuitos que são todos equivalentes uns dos outros.
Tensão em R1 UAB = UA - UB
Tensão em R2 UBC = UB - UC
Quando as tensões são referenciadas em relação a um ponto comum (C) - massa - teremos:
Tensão em R1 + R2 UAC = UA – UC
Tensão em R2 UBC = UB – UC
Neste caso, podemos dispensar o segundo índice na representação das tensões, uma vez que o
referencial comum ou massa terá sempre um potencial de 0V, assim teremos:
EXERCICIO RESOLVIDOS
UAB = UA – UB UA = UAB + UB UA = 6 + 5 = 11 V
1. Determine os valores das tensões Ub, Uc e Uac, no circuito seguinte - figura 4.26.
Circuito série
No circuito da figura seguinte temos 3 resistências ligadas umas a seguir ás outras e onde a corrente
eléctrica, ou seja o movimento dos electrões, só tem um caminho de circulação - estamos perante um
circuito série.
Assinalamos a diferença de potencial, ou tensão aplicada ao circuito, por intermédio de uma seta, que
aponta para o potencial mais baixo, ou seja, do + para o - .
R T = R 1 + R 2 + R3
2. Como vimos à pouco a corrente eléctrica só terá um caminho por onde seguir logo, será sempre a mesma ao
longo de todo o circuito - diremos que esta é constante ao longo do circuito.
I = I1 = I2 = I3
3. A d.d.p. ou tensão divide-se pelas resistências R1, R2 e R3 logo, a tensão total será a soma da tensão na
resistência 1 mais, a tensão na resistência 2, mais a tensão na resistência 3. De salientar que, a maior resistência
reterá a maior d.d.p. e a menor resistência a menor d.d.p.
U T = U 1 + U 2 + U3
U1 = R 1 . I
U2 = R 2 . I
U3 = R 3 . I
Divisor de tensão
O circuito divisor de tensão não é mais do que um circuito série. É chamado desta forma porque a
tensão é dividida entre duas resistências. Isto decorre de uma das propriedades do circuito série,
abordada anteriormente, que diz que a soma das tensões de cada resistência é igual à tensão total do
circuito.
Podemos imaginar a tensão UT como uma tensão de entrada e a tensão nos terminais da resistência
R2 a tensão de saída, a ser aplicado a qualquer outro circuito electrónico.
EXERCICIO RESOLVIDOS
1. Quatro resistências ligadas em série, percorridas por uma intensidade de 1,5 mA, têm aos seus terminais as seguintes
tensões: U1=3V, U2=4,5V, U3=6V e U4=10,5V. Calcule:
Como a intensidade é sempre a mesma ao longo de todo o circuito (em todas as resistências), vamos aplicar a
lei de Ohm a cada uma das resistências. Assim, teremos:
U1 3 U1 3
R1 2 K R1 2 K
I 1,5 I 1,5
U3 6 U 4 10,5
R3 4 K R4 7 K
I 1,5 I 1,5
U T = U 1 + U2 + U 3 + U4
teremos que:
U T = 3 + 4,5 + 6 + 10,5 = 24 V
Como temos somente duas resistências, a tensão irá dividir-se proporcionalmente por elas. Podemos aplicar a formula
do divisor de tensão, assim:
U = 12 V
R 1 = 4,7 K
R 2 = 5,6 K
UR2 = ?
R2 5,6
U2 UT 12 6,52 V
R1 R 2 4,7 5,6
1. Associaram-se em série 3 resistências, R1, R2 e R3. O conjunto apresenta um valor óhmico de 870 K. Se as
resistências R1 e R2 tiverem, respectivamente, 220 K e 470 K, quanto mede a resistência R3?
2. Três resistências de 330 , 470 e 1 K estão ligadas em série a uma fonte de alimentação de 9 V. Calcule:
4. O circuito da figura 4.31 representa um LED alimentado por um gerador de 5 V. Sabendo que um LED (Light Emitting
Diode) se trata de um dispositivo semicondutor destinado à sinalização e que deve ser alimentado, segundo dados do
fabricante, com uma tensão de 2 V, determine o valor da resistência limitadora a colocar em série com o LED por forma
a este não se danificar.
5. Numa central hidroeléctrica é gerada uma tensão de 2000 V. Essa tensão deve ser transmitida até um transformador
distante 500 Km da barragem. Sabe-se que o fio utilizado para a transmissão dessa tensão possui uma resistência de
0,0012 por cada metro. A resistência do transformador é de 5 K. Determine a tensão que chegará aos terminais do
transformador? [A tensão transmitida é contínua.]
Circuito paralelo
No circuito que se segue temos 3 resistências ligadas tendo todas dois pontos comuns entre si. A
corrente eléctrica, ou seja o movimento dos electrões, tem três caminhos de circulação – estamos
perante um circuito paralelo.
1 1 1 1 1
...
R T R1 R 2 R 3 Rn
R1 R 2
RT
R1 R 2
2. A corrente eléctrica como vimos tem três caminhos por onde seguir logo, pelas resistências
R1, R2 e R3 logo, a intensidade de corrente total será a soma da intensidade de corrente na
resistência 1 mais, a intensidade de corrente na resistência 2, mais a intensidade de corrente
na resistência 3. De frisar que, pela maior resistência passará a menor intensidade de corrente
eléctrica (pois oferece uma grande barreira á sua passagem) e, pela menor resistência passará
a maior intensidade de corrente eléctrica.
I = I1 + I2 + I3
3. Nos circuitos paralelo temos sempre dois pontos comuns, logo a d.d.p. ou tensão que chegará
a cada resistência será sempre a mesma logo, diremos que esta é constante ao longo do
circuito.
U T = U 1 = U 2 = U3
Em cada resistência teremos, pela Lei de Ohm, a seguinte intensidade de corrente eléctrica:
I1 U I2 U I3 U
R1 R2 R3
IT U
RT
Divisor de corrente
Da mesma forma que o divisor de tensão, o divisor de corrente não é mais do que um circuito paralelo.
O nome provém devido à corrente total se dividir entre as duas resistências. Podemos constatar tal
propriedade se atendermos ao número de caminhos que a corrente eléctrica dispõe ou seja, neste
caso, dispomos de 2 caminhos logo: IT = I1 + I2
R1
I2 IT
R1 R 2
EXERCICIO RESOLVIDOS
1. Considere o circuito da figura 4.34 ao qual se aplica uma tensão contínua de 12 V. Determine:
R 1 = 10 R2= 4 R3= 5
1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
RT 2
R T R1 R 2 R 3 R T 20 4 5 R T 20
U = 12 V RT= 2 I T= ?
U 12
IT 6A
RT 2
U 12
I2 3A
R2 4
U 12
I3 2,4 A
R3 5
I = I1 + I2 + I3 = 0,6 + 3 + 2,4 = 6 A
As intensidade de corrente eléctrica que percorrem cada resistência são respectivamente 0,6 A, 3A e 2,4 A.
Como podemos analisar pelos resultados obtidos, a maior resistência (20 ) é percorrida pela menor intensidade
de corrente eléctrica e, por sua vez, a menor resistência (4 ) é percorrida pela maior intensidade de corrente
eléctrica, isto porque a menor resistência se opõe menos à sua passagem.
2. Ligaram-se em paralelo quatro resistências, sendo duas de 120 K e duas de 680 K. Aplicou-se ao agrupamento a
tensão de 6 V. Determine:
3. Três resistências de 20, 30 e 60 são ligadas em paralelo, sob a tensão de 30 V. A corrente total que percorre o
circuito será:
I TOTAL = 0,27 A
I TOTAL = 300 A
I TOTAL = 3A
I TOTAL = 1,5 A
I TOTAL = 1A
Iremos, de seguida, analisar um circuito eléctrico deste tipo para melhor compreensão do que foi
exposto. Considere o circuito esquematizado na figura.
A resistência total.
A intensidade de corrente total.
A tensão R1, R4 entre os pontos A e B.
As intensidades em R2 e R3.
R2 R3 1,8 1,2
R 2,3 R 2,3 R 2,3 0,72 K 720
R2 R3 1,8 1,2
U 24
I I I 10 mA
RT 2,4 103
U1 = R1 . I U1 = 1000 . 10 x 10 3 U1 = 10 V
U4 = R3 . I U4 = 680 . 10 x 10 3 U4 = 6,8 V
A corrente quando chega ao ponto A tem dois caminhos para prosseguir (circuito paralelo), logo o seu
valor irá ser dividido proporcionalmente pelas resistências R2 e R3 , assim teremos:
U AB 7,2
I2 I2 I2 4 mA
R2 1800
UAB 7,2
I3 I3 I2 6 mA
R3 1200
ou de outra forma:
I I2 I3 I3 I I2 I3 10 4 I3 6 mA
É então necessário que o gerador realize internamente trabalho e consequentemente gaste energia.
Daqui a necessidade do gerador dispor de energia para transformar em energia eléctrica.
Podemos dizer que a força electromotriz ( f.e.m. ) é a causa que cria e mantém uma d.d.p. nos
terminais de um gerador. Essa f.e.m. existe nos terminais independentemente do gerador se encontrar
ou não ligado a um circuito.
A f.e.m. mede-se pela d.d.p. existente nos seus terminais em circuito aberto, isto é, na ausência de
corrente eléctrica. A f.e.m. exprime-se em Volt e representa-se por E.
O valor da f.e.m. de um gerador, em circuito fechado, não coincide exactamente com o valor da
tensão lida no receptor. Esta diferença deve-se ao facto do gerador apresentar uma certa oposição à
passagem da corrente eléctrica, que passaremos a designar por resistência interna do gerador (ri).
O valor desta resistência é normalmente baixo.
Essa resistência interna deve-se, no caso das pilhas e acumuladores, ao electrólito e, no caso dos
dínamos, depende da resistência dos enrolamentos da máquina.
Uri r i I
Assim, a d.d.p. que chegará ao circuito será então, a f.e.m. que o gerador gera menos a queda de
tensão na resistência interna do gerador, ou seja:
U E ri I
Podemos ainda definir qual a intensidade de corrente eléctrica no circuito, assim teremos:
E
I
R ri
Ou seja, os electrões ao circular no circuito encontram duas oposições à sua passagem, a resistência
R e a resistência interna ri.
De notar que, estando o gerador desligado de qualquer circuito (gerador em vazio), a queda de tensão
interna do gerador é nula, pois não há intensidade de corrente. Assim:
Uri r i I 0
Daqui constata-se a definição introduzida na página anterior: Quando o gerador está em circuito
aberto a f.e.m é igual à d.d.p. nos seus terminais.
EXERCICIO RESOLVIDOS
1. Um gerador fornece uma intensidade de corrente eléctrica de 0,8 A a um circuito, quando a sua d.d.p. é de 10,9 V.
Sendo a sua f.em. de 12 V, calcule a sua resistência interna.
I= 0,8 A U = 10,9 V E= 12 V ri = ?
12 10,9
U E r i I 10,9 12 r i 0,8 r i 1,375
0,8
1. Um gerador tem uma f.e.m. de 20 V e uma resistência interna de 0,5 . Sabendo que fornece uma intensidade de
corrente eléctrica de 2 A, determine a tensão nos seus terminais.
2. Um dínamo com E= 220 V e resistência interna de 1 alimenta um receptor térmico com resistência de 20 . Calcule:
sabendo que:
ficará,
Associação de geradores
Por vezes há necessidade de se conseguir uma d.d.p. ou uma corrente superior aos valores que se
obtêm com um único gerador. Para isso ligam-se os geradores, respectivamente, em série ou em
paralelo.
ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE
ASSOCIAÇÃO EM PARALELO
Ligam-se todos os terminais positivos ao mesmo ponto e todos os terminais negativos a um outro
ponto, constituindo, respectivamente, o terminal positivo e o terminal negativo do agrupamento.
Este tipo de agrupamento exige que todos os geradores sejam iguais, caso contrário verificar-se-ão
correntes de circulação entre eles.
ET = E1 = E2 = E3 = ... = En
Como todas as resistências internas são iguais a resistência interna total será obtida da seguinte
forma:
ri
r it
n
IT = n . I
EXERCICIO RESOLVIDOS
1. Três elementos de pilha de f.e.m. 1,5 V e resistência interna de 0,5 estão ligados em série e alimentam um receptor
de 7,5 . Determine:
E = 1,5 V ri = 0,5 ET = ? ri t = ?
ET = n . E = 3 x 1,5 ET = 4, 5 V
ri t = n . ri = 3 x 0,5 ET = 1,5
ET = 4,5 V ri t = 1,5
E 4,5
I I 0,5 A
R ri 7,5 1,5
R = 7,5 I = 0, 5 A U= ?
2. Associaram-se em paralelo 2 geradores, tendo cada um uma f.e.m. de 12 V e resistência interna de 0,2 . Este
agrupamento alimenta uma resistência com valor igual a 14,9 . Calcule:
E = 12 V ri = 0,2 ET = ? ri t = ?
ET = E = 12 V
ri 0,2
r it r it 0,1
n 2
ET = 12 V ri t = 0,1
E 12
I I 0,8 A
R ri 14,9 0,1
E = 12 V I = 0,8 A ri = 0,1 U= ?
1. Para alimentar um determinado aparelho foi necessário associar em série seis geradores iguais sendo a f.e.m de cada um
de 1,5 V e a resistência interna de 0,1 . Defina as características de um gerador equivalente á associação utilizada.
2. Três geradores idênticos estão associados em paralelo, tendo cada um E = 12 V e uma resistência interna 0,1 .
Determinar a corrente fornecida a uma carga de 39 .
Fonte de tensão
Se um gerador tiver uma força electromotriz e uma resistência interna Ri, apresenta nos seus terminais
uma tensão que depende da corrente estabelecida no circuito.
Se o gerador tiver uma resistência interna nula, Ri = 0, então essa tensão será constante e igual à
força electromotriz.
Na análise e síntese de circuitos eléctricos é normal substituir as fontes reais de energia pelas
equivalentes ideais.
Uma fonte real de tensão ou gerador de tensão é constituído por, uma fonte ideal de tensão com f.e.m.
igual à da fonte real, em série com uma resistência igual à resistência interna da fonte real.
Fonte de corrente
Note-se que o quociente de duas grandezas infinitamente grandes é aqui considerado como o valor
finito IK = E / R i.
Analogamente, ao que fizemos para a fonte de tensão real, podemos determinar o equivalente para a
fonte de corrente.
Uma fonte real de corrente ou gerador de corrente é constituído por, uma fonte ideal de corrente
debitando uma corrente IK = E / R i, em paralelo com uma resistência igual à resistência interna da
fonte real. A seta no interior do círculo indica o sentido positivo da corrente.
NOTA: De realçar que uma fonte ideal de tensão não pode ser substituída por uma fonte ideal de
corrente.
As Leis de Kirchhoff são empregadas em circuitos elétricos mais complexos, como por exemplo
circuitos com mais de uma fonte e um conjunto de resistências em série ou em paralelo. Para estudar
estas leis, primeiro devemos efectuar a distinção entre Nós e Malhas:
Malha: é qualquer caminho condutor fechado, composto pelos elementos que fazem parte nessa zona
do circuito.
Analisando a figura em cima, vemos que os pontos a e d são nós, mas b, c, e e f não são.
Identificamos neste circuito 3 malhas definidas pelos pontos: afed, adcb e bafedc.
Em qualquer nó, a soma das correntes que o deixam (aquelas cujas setas apontam para fora do nó) é
igual a soma das correntes que chegam até ele. A lei é uma consequência da conservação da carga
total existente no circuito. Isto é uma confirmação de que não há acumulação de cargas nos nós.
Solução:
Os sentidos das correntes são escolhidos arbitrariamente. Aplicando a 1ª lei de Kirchhoff (Lei dos Nós)
ao nó A, temos:
i1 + i2 = i3
O sentido de circulação nas malhas é escolhido arbitrariamente. Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff (Lei
das Malhas): partindo do ponto a e percorrendo a malha abcd no sentido anti-horário, encontramos:
Ficamos então com um sistema de 3 equações e 3 incógnitas, que podemos resolver facilmente:
i1 = 0,82A
i2 = -0,4A
i3 = 0,42A
Os sinais das correntes mostram que escolhemos corretamente os sentidos de i1 e i3, contudo o
sentido de i2 está invertido, ela deveria apontar para cima no ramo central da figura.
Observe que se não alterarmos o sentido da corrente i2, teremos que utilizar o sinal negativo quando
for feito algum cálculo com essa corrente.
CAPÍTULO 6 – ELECTROMAGNETISMO
6.1 Magnetismo
Há relatos históricos que indicam que os fenómenos magnéticos são conhecidos desde os tempos
remotos. Conta-se que, há mais de 2000 anos em Magnésia (cidade da Ásia Menor), se observou que
um determinado minério de ferro (posteriormente chamado de magnetite) tinha a propriedade de atrair
o ferro. A essa propriedade deu-se o nome de magnetismo.
Ímanes
Actualmente sabe-se que o principal constituinte da magnetite responsável por tal propriedade, é o
óxido de ferro (Fe3O4) – Este mineral constitui um íman natural.
Entretanto, descobriu-se que friccionando, sempre no mesmo sentido, um pedaço de ferro com um
íman natural, ele adquiria propriedades magnéticas idênticas às da magnetite. Construíram-se, então,
ímanes artificiais. O mesmo resultado pode ser obtido mais comodamente utilizando uma corrente
eléctrica.
Tomemos nota de algumas características dos ímanes, as quais se podem verificar com facilidade:
Atraem a limalha de ferro mais intensamente nas extremidades. Estas regiões são denominadas de pólos.
Quando se aproximam dois ímanes, verifica-se que pólos magnéticos do mesmo nome repelem-se e, pólos magnéticos
de nome contrário atraem-se.
se verifica entre pólos magnéticos contrários, o pólo norte do íman (de cor mais escura na figura) é
atraído pelo pólo sul magnético (o que se encontra ao lado do norte geográfico) e o pólo sul do íman
pelo pólo norte magnético (o que se encontra ao lado do sul geográfico).
Ao ângulo que a direcção norte - sul magnética faz com a direcção norte - sul geográfica chama-se
declinação magnética.
Os ímanes têm um grande número de aplicações como por exemplo: pequenos motores e geradores
eléctricos, fechos de portas de armários, frigoríficos, aparelhos de medida, etc.
Campo Magnético
A região à volta de um íman, onde ocorrem interacções com corpos magnéticos, constitui o campo
magnético criado por esse íman.
O campo magnético, tal como o campo eléctrico é caracterizado, em cada ponto, por uma grandeza
vectorial chamada indução magnética (B). A unidade de indução magnética é o Tesla (T).
Convencionalmente, a direcção e o sentido de B, num dado ponto, são as mesmas do pólo norte de
uma agulha magnética colocada nesse ponto.
Por analogia com o campo eléctrico, podemos representar um campo magnético recorrendo às linhas
de força ou linhas de campo. Ao conjunto das linhas de força de um campo magnético, dá-se o nome
de espectro magnético.
Estas linhas são tangentes ao vector B em cada ponto, e, por convenção, apresentam a direcção do
pólo norte para o pólo sul.
Poder-se-á “visualizar” o campo magnético criado por um íman, recorrendo á materialização das
linhas de força ou de campo. Para tal, polvilhamos com limalha de ferro uma placa de vidro ou um
papel que se coloca sobre o íman. A limalha dispõe-se de um modo especial, consoante a forma do
íman, mostrando as linhas de força.
A observação das figuras permite-nos retirar as seguintes propriedades das linhas de força:
As linhas de força são mais densas onde o campo é mais intenso, ou seja, são mais densas
junto às extremidades.
As linhas de força nunca se cruzam.
São fechadas e saem do pólo norte e terminam no pólo sul.
Fluxo magnético
Suponhamos um campo magnético uniforme e uma superfície S plana e colocada perpendicularmente
relativamente às linhas de força.
Designaremos fluxo magnético através da superfície plana ao conjunto das linhas de força que
atravessam a superfície.
O fluxo magnético representa-se por e exprime-se em Weber. O aparelho que permite medir as
variações de fluxo magnético é o fluxímetro.
=B.S
onde:
- Fluxo magnético Weber (Wb)
B - Indução magnética Tesla (T)
S - Área de superfície m2
Se a superfície considerada não for perpendicular às linhas de força deveremos substitui-la pela sua
projecção sobre um plano perpendicular às linhas de campo.
S’ = S x cos
Sendo o ângulo da superfície e da sua projecção, este é também o ângulo formado pelos vectores
B e N (perpendicular à superfície), teremos o fluxo dado por:
Φ = B.S’ Φ = B.S.cos
EXERCICIO RESOLVIDO
1. Calcule o fluxo magnético que atravessa uma superfície plana de 5 cm2, submetida a um campo cuja indução é de 0,2
mT. A superfície está colocada perpendicularmente às linhas de força.
2 –4 2
S = 5 cm = 5 x 10 m
–3
B = 0,2 mT = 0,2 x 10 T
= ?
= B . S = 0,2 x 10 – 3 . 5 x 10 – 4
= 1 x 10 – 7 Wb = 0,1 Wb
1. Calcule a indução nos pólos de um íman, sabendo que a secção é de 2 cm2 e o fluxo magnético vale 0,4 mWb.
Uma agulha magnetizada, colocada sobre um condutor, desvia-se logo que este seja percorrido por
uma corrente. Em torno de uma corrente eléctrica existirá sempre um campo magnético.
Por outro lado, a experiência mostra que não há nenhuma diferença entre as propriedades dos
campos magnéticos produzidos pelas correntes eléctricas ou pelos ímanes.
Se tivermos um condutor rectilíneo percorrido por uma corrente de cerca de uma centena de amperes,
podemos visualizar as linhas de força do campo produzido por essa corrente.
Para isso polvilhamos com limalha de ferro um cartão colocado perpendicularmente ao condutor.
Iremos observar que a limalha se dispõe em círculos concêntricos, o que nos permite dizer que as
linhas de força são circulares. Para sabermos o sentido do campo, poderemos colocar algumas
agulhas magnetizadas.
Se invertermos o sentido da corrente verificamos que a forma das linhas de indução se mantém mas
agulhas magnetizadas indicam o sentido oposto ao inicial.
Concluímos que:
O sentido da indução magnética está ligado ao sentido da corrente e inverte-se com ele.
Para sabermos o sentido das linhas de força existem várias regras práticas:
Regra da mão direita – a mão direita envolve o condutor, o polegar posiciona-se ao “longo” do
sentido da corrente, os outros dedos dão o sentido das linhas de força.
Regra de Ampère – o observador, colocando-se ao longo do condutor por forma a que a corrente
“entre” pelos pés e “saia” pela cabeça, vê as linhas de força rodarem da sua direita para a
esquerda.
Se utilizarmos um condutor de forma circular (espira circular) percorrido por uma corrente eléctrica,
podemos visualizar o campo magnético criado por essa corrente, colocando uma placa, com limalha
de ferro, perpendicularmente ao plano da espira e de preferência na zona central.
Próximo do centro da espira as linhas do campo são praticamente rectas; aproximando-se dos pontos
onde a espira corta o plano as linhas vão–se curvando cada vez mais em volta desses pontos, e
vemos linhas curvas que são círculos deformados.
O sentido das linhas do campo pode ser visualizado por agulhas magnetizadas: as regras de Ampère e
da mão direita aplicam-se directamente; a regra o saca-rolhas aplica-se da seguinte forma: o sentido
das linhas de força é tal que faz avançar um saca-rolhas cujo movimento coincida com sentido da
corrente.
A bobina toroidal é uma bobina em forma de anel como mostra a figura seguinte.
As linhas de campo são círculos concêntricos e interiores á bobina. O campo magnético no exterior é
nulo. O sentido pode ser encontrado através da regra do saca-rolhas.
Designamos por solenoide um condutor enrolado em hélice cilíndrica com espiras próximas umas das
outras, para que, em cada uma a corrente eléctrica possa ser considerada circular. Tal condutor deve
ter um comprimento bastante superior ao diâmetro das espiras. A figura seguinte mostra o espectro
magnético do campo criado pela corrente eléctrica que percorre um solenoide.
No interior do solenóide, as linhas de força são praticamente paralelas entre si, o que sugere que,
nesta zona, o campo magnético é praticamente uniforme.
Para determinarmos o sentido das linhas de força, podemos utilizar a regra da mão direita.
Se colocarmos em cada extremidade do solenóide ou bobina, uma agulha magnética esta comporta-se
como se uma dessas extremidades fosse um pólo norte e a outra um pólo sul.
Há uma regra prática que permite relacionar o sentido da corrente nas extremidades de um solenóide,
com os pólos magnéticos que lhes correspondem:
O pólo sul de uma bobina é a extremidade diante da qual é necessário colocarmo-nos para vermos a
corrente rodar no sentido dos ponteiros do relógio. No caso contrário encontramo-nos face ao pólo
norte.
EXERCICIO RESOLVIDO
1. Um condutor rectilíneo é percorrido por uma corrente eléctrica. Em qual das figuras está representado, correctamente, o
sentido das linhas de força.
Por aplicação da regra da mão direita: envolvemos o condutor com a mão referida, o polegar
posiciona-se ao “longo” do sentido da corrente, os outros dedos dão o sentido das linhas de força,
podemos constatar que o sentido as linhas de força ou de campo se encontra definido na figura C.
1. A figura seguinte representa um solenóide percorrido por uma corrente eléctrica contínua.
Sempre que existirem simultaneamente dois campos magnéticos num determinado espaço surgem
forças.
As forças têm o nome de electromagnéticas e aparecem entre ímans e bobinas percorridas por
corrente eléctrica e entre bobinas percorridas por corrente eléctrica.
Quando se coloca um condutor percorrido por uma corrente num campo magnético de um íman,
produz-se um efeito dinâmico mútuo entre as duas fontes do campo magnético (o do íman e o
provocado pela corrente eléctrica). Se considerarmos, por um lado, que o íman está fixo e, por outro,
que o condutor se pode movimentar livremente, iremos verificar que, por acção de uma força F, o
condutor se irá deslocar.
O sentido dessa força F é dado pela regra da “mão direita ”. Se considerarmos as linhas de força a
entrarem na palma da mão direita e saindo a corrente pelo polegar, as pontas dos dedos indicam o
sentido da força.
Consideremos novamente o sistema íman-condutor e façamos variar os factores que afectam o valor
da força electromagnética.
Coloquemos primeiro um íman a actuar sobre uma corrente e seguidamente dois ímanes
idênticos colocadas lado a lado também a actuarem sobre uma corrente. Constataremos que
no segundo caso a força é maior. Como a indução é idêntica, tivemos apenas um aumento do
comprimento a justificar esse aumento da força. Donde se conclui que quanto maior for o
comprimento do condutor, maior será a força exercida sobre ele.
Se substituirmos o íman por outro com uma indução maior, a força aumenta
Podemos resumir todas estas considerações numa única lei - Lei de Laplace.
F= B.I.ℓ.sen
em que:
F - Força electromagnética - Newton (N)
B - Indução magnética - Tesla (T)
I - Intensidade de corrente - Ampere (A)
ℓ - Comprimento – metro (m)
Ao aproximarmos ou afastarmos o íman da bobina fazemos variar o fluxo que a atravessa. Esta
variação do fluxo vai gerar uma f.e.m. a que se chama f.e.m. induzida. Como o circuito é um circuito
fechado esta f.e.m. origina uma corrente chamada corrente induzida.
Se mantivermos o íman parado não há variação do fluxo através da bobina e portanto não há f.e.m.
induzida. Para gerar f.e.m. induzida não basta a existência de fluxo é necessário que haja variação
do fluxo.
Sempre que um circuito estiver sujeito a uma variação de fluxo, gera-se nele uma f.e.m.
induzida. Se o circuito for fechado será percorrido por uma corrente induzida.
Em consonância, com o que foi exposto poderemos através da lei de Lenz verificar o sentido da força
induzida.
Segundo esta:
O sentido da corrente induzida é tal que tende a opor-se, pela sua acção electromagnética, á
causa que lhe deu origem.
Assim sendo, na figura, quando aproximamos o íman da bobina gera-se uma corrente induzida. O
sentido desta corrente é tal que vai criar um fluxo que contrarie o aumento do fluxo indutor, isto é,
como o pólo que se está a aproximar da bobina é o pólo norte, então o sentido da corrente induzida é
tal que cria na extremidade da bobina por onde esta a entrar o fluxo, um pólo norte que tende a
opor-se á aproximação do íman.
Se afastarmos o íman então o sentido da corrente na bobina para contrariar esse afastamento
(diminuição do fluxo) é tal que cria do lado mais próximo do íman um pólo sul.
Um exemplo concreto deste fenómeno é o dínamo a gerar corrente. Um dínamo é uma máquina
eléctrica rotativa que produz corrente eléctrica. Tem uma parte fixa - estator - onde se cria o campo
magnético indutor e uma parte que roda - rotor - onde estão as várias bobinas que formam o induzido.
Fazendo rodar o rotor pode-se obter corrente do dínamo.
Se o dínamo não está a gerar corrente o rotor gira com facilidade. Se está a gerar corrente então as
correntes que são induzidas nas bobinas vão opor-se à causa que as produziu, isto é, vão tender a
parar o rotor e então para o manter em movimento é necessário exercer uma força.
Correntes de Foucault
Realizemos a experiência que se representa na figura ilustrada na figura seguinte:
Façamos rodar o disco metálico, por um processo mecânico qualquer, entre os pólos de um
electroíman.
Se não houver corrente, o disco gira rapidamente; se fornecermos corrente ao electroíman, a
velocidade de rotação diminui.
Essa diminuição deve-se ao facto de serem induzidas correntes no disco que se vão opor à causa que
lhes deu origem, ou seja, a rotação do disco.
Observemos a figura. O disco condutor intercepta no seu deslocamento as linhas de força do campo
magnético e consequentemente vão-se criar forças electromotrizes. Resultarão correntes induzidas
que circulam no disco. As forças electromagnéticas daí resultantes são resistentes, travam o disco.
Nas mesmas condições um disco isolante não é travado.
A estas correntes induzidas numa massa metálica condutora dá-se o nome de correntes de Foucault.
Entretanto surgem alguns inconvenientes pois produzem nas massas metálicas perdas por efeito de
Joule. Para reduzir essas perdas, constroem-se os núcleos das bobinas, dos transformadores, das
máquinas eléctricas com chapas de pequena espessura. Este procedimento utiliza-se sempre que uma
massa metálica se movimente num campo magnético ou sempre que um campo magnético variável
atravesse uma massa metálica mesmo que esta se encontre imóvel.
As chapas são isoladas entre si, conseguindo-se assim diminuir as correntes de Foucault sem alterar a
circulação do fluxo magnético. As chapas devem ser dispostas paralelamente às linhas de força do
campo.
Indutâncias
O símbolo de uma indutância ou bobina apresenta-se na figura que se segue.
Coeficiente de auto-indução
A variação da intensidade da corrente eléctrica num circuito faz com que o fluxo próprio desse circuito
varie. Esta variação de fluxo, pela lei de Faraday, faz induzir uma f.e.m. que origina uma corrente que
se vai opor á causa que lhe dá origem.
Esta f.e.m. tem o nome de f.e.m. auto-induzida ou de auto-indução por se induzir no próprio
circuito.
onde:
L - Indutância - Henry (H)
- Fluxo magnético - Weber (Wb)
I - Corrente eléctrica - Ampere (A)
Indução mútua
Na maioria das situações, as bobinas encontram-se nas proximidades de outras bobinas, pelo que os
fluxos criados por umas afectam as outras. Consequentemente, definiu-se o coeficiente de indução
mútua - M entre dois circuitos ou duas bobinas como sendo a relação entre o fluxo que atravessa um
circuito criado pelo outro e a corrente que o criou. Assim :
em que:
M - Coeficiente de indução mútua - Henry (H)
12 - Fluxo magnético que atravessa o circuito 1 e foi criado pela corrente I2 no circuito 2. - Weber (Wb)
21 - Fluxo magnético que atravessa o circuito 2 e foi criado pela corrente I1 no circuito 1. - Weber (Wb)
I1 - Corrente eléctrica que percorre o circuito 1 - Ampere (A)
I2 - Corrente eléctrica que percorre o circuito 2 - Ampere (A)
Associação em série
Associação em paralelo
1 1 1 1
...
LT L1 L2 Ln
Quando a corrente aumenta a bobina armazena energia sob a forma de energia magnética que
corresponde a um dado campo magnético. Quando a corrente diminui a bobina devolve-a sob a forma
de energia eléctrica (corrente induzida).
Se a corrente não variar o campo magnético da bobina é constante sendo também a energia
armazenada constante.
As bobinas com núcleo de ferro armazenam mais energia do que as bobinas sem núcleo.
Em geral o valor da energia não é muito grande, contudo a potência (P=W/t) pode ser considerável se
a energia for restituída num intervalo de tempo t muito pequeno.
EXERCICIO RESOLVIDO
1. Considere uma bobina com L= 4 mH percorrida por uma corrente de 20 mA. Calcule.
I = 20 mA
W= ?
1 1
W . L.I2 W . 4 103.( 20 103 )2 W 0,8 J
2 2
1.2 A potência posta em jogo quando a sua energia é transmitida a uma carga, no tempo de 0,05 s.
W = 0,8 J
t = 0,05 s
P= ?
W 0,8 106
P P P 16 W
t 0,05
1. Determine a força electromagnética que se exerce num condutor de 5 cm de comprimento, percorrido por uma corrente
de 500 mA e submetido a um campo cuja indução é de 0,1 T, quando:
2 Uma bobina com L=10 mH é percorrida por uma corrente contínua de 500 mA. Calcule a energia magnética
armazenada.
Circuitos magnéticos
Ao percurso das linhas de força de um campo magnético dá-se o nome de circuito magnético, de
forma idêntica ao circuito eléctrico que definimos como o percurso da corrente eléctrica. Existe, no
entanto, uma diferença fundamental entre os circuitos magnético e eléctrico.
Com efeito, o circuito eléctrico pode estar fechado ou aberto, não circulando corrente neste último
caso. Em contrapartida, um circuito magnético está sempre fechado, pois as linhas de força nunca
podem ser suprimidas, pois não existem substâncias isoladoras do magnetismo.
Os circuitos magnéticos podem ser homogéneos, quando são constituídos por um só material e a
secção é constante ao longo de todo o circuito, e heterogéneos, quando a situação anterior não se
verifica.
Designa-se por entreferro o espaço de ar existente entre o material magnético que constitui o circuito
magnético.
onde:
- Fluxo magnético - Weber (Wb)
- Força magnetomotriz - Ampere.espira (Ae)
- Relutância - Ampere.espira / Wb ( Ae/Wb)
Sendo:
N - Número de espiras
I - Intensidade da corrente - Ampere (A)
Resistência - R Relutância -
1. Calcule o fluxo estabelecido no circuito magnético representado na figura se a relutância do material for de 0,28 x 10 –5
Ae/Wb.
2. Sabendo-se que passa uma corrente de 2 A através de uma bobina com 50 espiras, determine:
Os aparelhos de protecção têm como função proteger todos os elementos que constituem uma
instalação eléctrica contra os diferentes tipos de defeitos que podem ocorrer. Os principais tipos de
defeitos que podem ocorrer num circuito são:
7.2 Sobreintensidade
Se a corrente eléctrica de serviço (IB) ultrapassar o valor máximo (Iz) permitido nos condutores diz-se
que há uma sobreintensidade, no entanto a sobreintensidade pode ser apenas uma sobrecarga ou
curto-circuito.
Por exemplo, uma sobrecarga é quanto temos demasiados aparelhos ligados simultaneamente num
mesmo circuito e isto pode originar que a corrente de serviço no circuito seja ligeiramente superior à
intensidade máxima permitida nos condutores (IB > Iz) ou quando um motor entra em esforço mecânico
e vai “solicitar” um aumento de corrente, prolongado no tempo, por forma a vencer esse esforço,
produzindo um aquecimento exagerado no equipamento.
Um disjuntor é constituído pelo relé, com um órgão de disparo (disparador) e um órgão de corte (o
interruptor) e dotado também de convenientes meios de extinção do arco eléctrico (câmaras de
extinção do arco eléctrico).
Como disjuntor mais vulgar fabrica-se o disjuntor magnetotérmico que possui um relé
electromagnético que protege contra curto–circuitos e um relé térmico, constituído por uma lâmina
bimetálica, que protege contra sobrecargas.
• Corrente estipulada ou nominal (vulgarmente designada por calibre): valor para o qual o disjuntor
não actua.
• Corrente convencional de não funcionamento: valor para o qual o disjuntor não deve funcionar
durante o tempo convencional.
• Corrente convencional de funcionamento: valor para o qual o disjuntor deve funcionar antes de
terminar o tempo convencional.
• Poder de corte : corrente máxima de curto-circuito que o disjuntor é capaz de interromper sem se
danificar. Os poderes de corte estipulados normalizados são: 1,5 – 3 – 4,5 – 6 – 10 KA
EXEMPLO:
Tipo B (equivalente ao tipo L na norma francesa e alemã): o seu limiar de disparo magnético é
muito baixo (ideal para curto–circuitos de valor reduzido), com Idisp = 3 a 5 x Inom (cargas
resistivas com pequena corrente de arranque, como aquecedores, fornos eléctricos, lâmpadas
incandescentes/fluorescentes e circ. de tomadas de uso geral).
Tipo C (equivalente ao tipo U para a norma francesa e tipo G na norma alemã
respectivamente): o seu limiar de disparo magnético permite-lhe cobrir a maioria das
necessidades, com Idisp = 5 a 10 x Inom (cargas com correntes de arranque consideráveis,
como lâmpadas de descarga de alta pressão).
Tipo D (equivalente ao tipo D e tipo K na norma francesa e alemã respectivamente): o seu
limiar de disparo magnético alto permite utilizá-lo na protecção de circuitos com elevadas
pontas de corrente de arranque, com Idisp = 10 a 20 x Inom (cargas com grande corrente de
partida, como motores eléctricos, transformadores BT/BT).
Tipos de fusíveis
• Corrente estipulada (In) é a intensidade de corrente que o fusível pode suportar permanentemente
sem fundir.
• Corrente convencional de não funcionamento (Inf) é o valor da corrente para o qual o fusível não
deve funcionar durante o tempo convencional.
• Corrente convencional de funcionamento (I2) valor da corrente para o qual o fusível deve funcionar
antes de terminar o tempo convencional.
• Poder de corte (Pdc) é a máxima intensidade de corrente que o fusível é capaz de interromper, sem
destruição do invólucro do elemento fusível.
• Tensão nominal (Un) é a tensão que serve de base ao dimensionamento do fusível, do ponto de
vista do isolamento eléctrico
Curva intensidade-tempo de fusão é a curva que relaciona os valores da intensidade à qual o fusível
funde com o respectivo tempo que o fusível demora a fundir.
O fusível não funde para a sua intensidade nominal (IN) ou calibre.
O fusível funde em B mais depressa do que em A, visto que I é mais elevado em B.
Tipos de fusíveis
• Fusíveis de acção lenta – tipo gG : Estes fusíveis são do “tipo geral” e designam-se por fusíveis
de acção lenta. São previstos para protecção contra sobrecargas e contra curto–circuitos.
• Fusíveis de acção rápida – tipo aM: São previstos para a protecção contra curto–circuitos. Não
funcionam para pequenas e médias sobrecargas. A principal aplicação é na protecção de motores
eléctricos.
A corrente estipulada do dispositivo de protecção (In) seja maior ou igual à corrente de serviço
da canalização respectiva (IB) e menor ou igual que a corrente máxima admissível na
canalização (IZ).
IB ≤ In ≤ IZ
I2 ≤ 1,45 x IZ
Exercício de aplicação
IB = 14,6 A
s = 2,5 mm2 → IZ = 19,5 A (Quadro 52-C1 - Parte 5 / Anexos das RTIEBT)
1ª condição: IB ≤ In ≤ IZ
A intensidade nominal do disjuntor (In) terá que ser maior ou igual a 14,6 A (IB). Sabendo que as
correntes estipuladas dos disjuntores são de 6 – 10 – 16 – 20 – 25 – 32 – 40 A … encontramos
nessa situação o disjuntor com uma intensidade nominal de 16 A.
Assim, a 1ª condição está verificada:
2ª condição: I2 ≤ 1,45 x Iz
23 ≤ 1,45 x 19,5
23 ≤ 28,3
Regra do poder de corte: o poder de corte não deve ser inferior à corrente de curto-circuito
presumida no ponto de localização.
Icc ≤ Pdc
√t = K x (S / Icc)
onde:
Exercício de aplicação
Verificar se o disjuntor de 16A anteriormente seleccionado para protecção contra sobrecargas pode
ser utilizado na protecção conta curto–circuitos sabendo que:
R = (ρ x l) / s → R = (0.0225 x 5) / 4 → R = 0,028 Ω
Se esse disjuntor tiver um poder de corte (Pdc) de 3KA pode ser utilizado, já que cumpre a
condição:
Icc ≤ Pdc
1949 ≤ 3000
√t = K x (S / Icc)
√t = K x (S / Icc)
√t = 115 x (2,5 / 1949)
√t = 0,15
t = 0,023 s
Como o tempo de corte (23 ms) é menor do que 5 segundos, está verificada a regra do tempo de
corte.
Diz-se que há selectividade dos aparelhos de protecção quando em caso de defeito apenas actua o
aparelho de protecção imediatamente a montante do defeito.
• A intensidade nominal do corta circuito fusível colocado a montante for igual ou maior a três
vezes a intensidade nominal do corta-circuitos fusível colocado a jusante (selectividade entre
corta-circuitos fusível).
• A intensidade nominal do disjuntor colocado a montante for igual ou maior a duas vezes a
intensidade nominal do disjuntor colocado a jusante (selectividade entre disjuntores).
7.3 Sobretensão
As sobretensões (aumento da tensão) podem ser de origem externa (descarga atmosférica nas
linhas) ou de origem interna (falsas manobras, deficiências de isolamento com linhas de tensão mais
elevada).
As sobretensões são geralmente bruscas e podem danificar a aparelhagem eléctrica, particularmente
a de informática e de electrónica.
Figura 117 – Exemplos de situações que podem originar sobretensões noutras redes
Descarregador de Sobretensão
7.4 Subtensão
Protecção contra contactos directos: consiste em evitar que as pessoas corram riscos de
entrar em contacto com partes activas sob tensão de materiais ou equipamentos eléctricos.
Estas medidas conseguem-se através de:
Os equipamentos diferenciais são responsáveis pela protecção das pessoas contra contactos
acidentais em peças sob tensão eléctrica, detectando pequenas correntes de fuga à terra, devido a
falhas de isolamento, interrompendo automaticamente o fornecimento de energia eléctrica a essa
parte da instalação.
Os diferenciais vêm equipados com um botão de teste que serve para confirmar manualmente o
funcionamento do dispositivo (os fabricantes aconselham efectuar o teste destes equipamentos
periodicamente).
O diferencial é composto por um transformador toroidal, em que os fluxos magnéticos criados pela
corrente de fase e de neutro, em condições normais, anulam-se e não produzem o disparo do
diferencial. Sempre que existe uma anomalia no circuito eléctrico, que produza uma corrente de fuga
suficiente para criar um desequilíbrio entre os fluxos, o transformador toroidal provoca o disparo do
diferencial.
Entre as máquinas eléctricas, o motor de corrente alternada trifásica é a máquina mais utilizada
em sistemas de accionamento industrial, para o accionamento de diversos tipos de equipamentos,
tais como sistemas de transporte e manuseamento, máquinas ferramentas, bombas, máquinas de
embalar, sistemas de ventilação, etc.
Devido à sua robustez, baixo preço, número reduzido de peças em movimento e portanto sujeitas a
desgaste, e à sua fácil manutenção e longa duração, o motor de corrente alternada trifásica com
rotor em gaiola de esquilo é o motor eléctrico mais utilizado actualmente em acionamentos.
Os motores de corrente alternada são constituídos por um circuito magnético estático (estator), onde
estão colocadas as bobinas que são alimentadas directamente pela rede, e por um núcleo
ferromagnético com bobinas rotóricas (rotor bobinado) ou por um núcleo maciço de alumínio e
chapas de ferro (rotor em gaiola de esquilo).
Figura 123 – Partes do motor assíncrono de rotor em gaiola de esquilo e rotor bobinado.
Nos motores de indução, a velocidade do campo girante é determinada pela frequência da rede e pelo
nº de pares de pólos, de acordo com a seguinte expressão:
f 60
n sinc (rpm)
p
Num motor de indução do tipo assíncrono, o rotor irá girar sempre a uma velocidade inferior à do
campo girante.
A velocidade do rotor depende basicamente do regime de carga a que o motor está a funcionar,
contudo existe uma característica que permite determinar com alguma precisão qual a velocidade do
rotor do motor: o escorregamento (g).
O escorregamento é expresso em percentagem e representa a diferença da velocidade entre o campo
girante e a velocidade efectiva do rotor, comparativamente com a velocidade do campo girante:
O motor trifásico é constituído por 3 enrolamentos estatóricos, que permitem a sua ligação de duas
formas diferentes: ligação em estrela (Y) e ligação em triângulo (Δ).
Ligação em estrela
Na ligação em estrela, cada enrolamento do motor está apenas sujeito a uma tensão simples de 230V,
apesar de entre dois enrolamentos existir uma tensão composta de 400V.
Como a impedância de cada enrolamento do motor não se altera, para uma tensão de 230V, a
corrente consumida vai ser mais baixa.
Uc IL
Us ILY
3 3
Ligação em triângulo
Na ligação em triângulo, cada enrolamento do motor está sujeito a uma tensão composta de 400V.
Neste tipo de ligação, o motor consegue tirar melhor partido das suas características e apresenta um
rendimento mais elevado, disponibilizando um binário motor superior ao binário disponível na ligação
em estrela.
As correntes de arranque também são mais elevadas no arranque em Δ, podendo atingir cerca de
6xINOM MOTOR, enquanto em Y são no máximo 2xINOM MOT.
Figura 127 – Curva característica do binário/velocidade (esquerda) e corrente/velocidade (direita) do motor assíncrono
Inversão de marcha
A inversão do sentido de rotação do motor é conseguida através da troca de apenas duas das fases
nos enrolamentos do motor.
Se todas estas condições forem respeitadas, então a bobina de um contactor é alimentada, permitindo
por sua vez a alimentação da rede eléctrica ao motor, sendo este considerado o circuito de potência.
A representação dos circuitos de potência e comando deve ser executada respeitando algumas
normas, nomeadamente utilizando simbologia normalizada, regras de representação de algarismos e
letras de identificação dos equipamentos e indicando os calibres dos aparelhos de corte e protecção
dos circuitos.
Este circuito tem como função comandar, por botões de pressão de Marcha/Paragem, S 2 e S1
respectivamente, o motor trifásico (circ. comando).
A protecção contra sobrecargas no motor é feita por um relé térmico (F 2) e contra curto-circuitos pelo
seccionador-fusível tripolar Q1, que também podia ser substituído por um disjuntor magnético tripolar (circ.
potência).
Quando se pressiona o botão de pressão de marcha (S2), alimenta-se a bobina do contactor, que vai fechar
os seus contactos de potência, e o contacto auxiliar N.A. que está em paralelo com o botão de marcha S 2,
permitindo assim a continuação da alimentação do contactor, mesmo que não se esteja a pressionar o
botão de marcha (retenção de sinal).
Para parar o motor, basta pressionar o botão pressão S1, que interrompe a alimentação à bobine do
contactor, colocando os seus contactos no estado de repouso.
Figura 131 – Esquema de comando e potência de motor trifásico com inversão de marcha
A função deste circuito é permitir a inversão do sentido de marcha do motor trifásico, em que o arranque é
feito actuando o botão de pressão de arranque correspondente (S7, por exemplo), que vai actuar o
contactor KM5. Para efectuar a inversão do sentido de rotação, antes temos que pressionar o botão de
paragem S6 ou esperar que o sensor fim-de-curso S3 seja actuado, para que seja interrompida a
alimentação ao contactor KM5. Pressionando o botão de pressão para inversão de marcha (S 8),
alimentamos a bobine do contactor KM6, que ao fechar os seus contactos principais vai trocar duas fases,
fazendo o motor rodar em sentido contrário ao que tinhamos.
Para segurança da instalação, para inverter o sentido de marcha (contactor KM6), o contactor de marcha
KM5 não pode estar actuado (ou vice-versa), porque existe encravamento mecânico (----) e eléctrico
(contacto N.F. do contactor KM6 no circuito de alimentação do contactor KM5 e vice-versa) no circuito de
comando.
Figura 132 – Esquema de comando e potência de motor trifásico com arranque estrela-triângulo
Este esquema consiste, numa primeira fase, em ligar os enrolamentos do estator do motor em estrela, e
logo que o motor esteja a funcionar em regime nominal, comuta-se para uma ligação dos enrolamentos do
estator em triângulo.
O objectivo deste circuito é reduzir as correntes de arranque, que na ligação em estrela são inferiores à
ligação em triângulo (IARR Y é ⅓ da IARR ).
O arranque do sistema é feito manualmente através do botão de pressão S10, que actua imediatamente o
contactor KM1 (contactor estrela). Assim que KM1 é actuado, permite alimentar o contactor de linha (KM2),
que possui um bloco temporizado, realizando o arranque do motor. Quando a temporização chega ao fim, o
contacto temporizado KM2 na linha de alimentação a KM1, vai abrir, desligando KM1, que por sua vez, vai
permitir ligar KM3 (contactor triângulo), sendo a realimentação de todo o circuito assegurada pelo contacto
auxiliar do KM2. Para parar em qualquer altura, basta pressionar o botão de paragem S9.
Colocando o relé térmico dentro do triângulo, consegue-se reduzir a gama do relé térmico: corrente dentro
do triângulo = (1/√3) x corrente na linha.
CAPÍTULO 9 – CONDENSADORES
9.1 Condensadores
São constituídos, basicamente, de duas placas de metal separadas por um material isolante chamado
de dieléctrico. A cada uma dessas placas de metal é ligado um fio que constituem os terminais do
condensador.
Capacidade
-6
microFarad F 10
-9
nanoFarad nF 10
-12
picoFarad pF 10
Q
C
U
em que:
Entre duas armaduras carregadas existe um campo eléctrico, que será uniforme se as armaduras
forem paralelas.
O valor da intensidade do campo E é igual ao quociente da tensão U entre as duas armaduras pela
distância L entre elas.
U
E
L
onde:
Energia armazenada
1
W C U2
2
ou de outra forma,
1
W QU
2
em que:
A energia armazenada depende da tensão aplicada aos terminais do condensador. Por sua vez, a
tensão máxima depende, da natureza e espessura do dieléctrico.
A tensão aplicada, ao ultrapassar determinado valor, fará surgir um arco eléctrico entre as armaduras
que perfurará o isolante e, no caso de este ser sólido, destruirá o condensador. Diz-se que se
ultrapassou a tensão disruptiva ou rigidez dieléctrica do isolante.
A rigidez dieléctrica é a máxima tensão que se pode aplicar aos terminais do condensador sem que este se
danifique. Exprime-se em MV/m ou em KV/mm.
EXERCICIO RESOLVIDOS
C = 22 F
U = 12 V
Q= ?
Q
C Q C U 22 106 . 12 Q 264 C
U
1. Na figura seguinte representa-se uma parte de um circuito electrónico contendo um transístor. Sendo a capacidade C=47
F e a carga que adquire 84,6 C, determine o potencial do ponto E em relação à massa.
2. Qual a carga que adquire um condensador MKT 0,1 F / 160 V quando submetido à tensão máxima?
A tensão varia de igual forma aos circuitos com resistências, sendo a soma das várias tensões
nos circuitos série e, constante em circuitos em paralelo.
CIRCUITO SÉRIE
1. A fonte de energia carrega as armaduras C1 e C3, a que está ligada com a mesma quantidade de electricidade. Nas
outras armaduras a carga é idêntica, pelo que, facilmente, se conclui serem idênticas as cargas nos diversos
condensadores:
Q 1 = Q 2 = Q3
2. A tensão divide-se pelos condensadores 1, 2 e 3 logo, a tensão total será a soma da tensão no condensador 1, mais a
tensão no condensador 2, mais a tensão no condensador 3.
U T = U 1 + U 2 + U3
1 1 1 1 1
...
CT C1 C2 C3 Cn
No caso particular, de 2 condensadores poderemos utilizar a seguinte expressão:
C1 C2
CT
C1 C2
CIRCUITO PARALELO
1. A carga total do conjunto será igual à soma das cargas de cada condensador:
QT=Q1+Q2+Q3
2. Nos circuitos em paralelo temos sempre dois pontos comuns, logo a tensão que chegará a cada condensador
será sempre a mesma logo, diremos que esta é constante ao longo do circuito.
U T = U1 = U 2 = U 3
CT=C1+C2+C3
Ou, generalizando:
n
CT C
i 1
i
EXERCICIO RESOLVIDOS
C1 = 10 F C2 = 12 F C3 = 47 F
CT = ?
1 1 1 1 1 1 1 1
CT 4,89 F
CT C1 C2 C3 CT 10 12 47
CT = 25 F U = 12 V
Q
C Q C U 4,89 106 . 12 Q 58,68 C
U
C1 = 10 F C2 = 12 F C3 = 47 F
Q Q 58,86 106
C U1 U1 5,87 V
U C1 10 106
Q 58,86 106
U2 U2 4,89 V
C2 12 106
Q 58,86 106
U3 U3 1,24 V
C3 47 106
C1 = 10 F C2 = 15 F
C T = C 1 + C 2 C T = 10 + 15 C T = 25 F
CT = 25 F U = 12 V
Q
C Q C U 25 106 . 12 Q 300 C
U
1. Dispõe-se de dois condensadores de poliéster MKT, de 0,15 F / 100 V. Agrupam-se sucessivamente, em paralelo e em
série, aplicando-se, de cada vez, a máxima tensão que o agrupamento suporta. Determinar para cada montagem:
2. Dispomos de vários condensadores de 1 nF e 10 nF. Realize o agrupamento para se obter uma capacidade de 7 nF.
No instante da ligação a intensidade da corrente de carga tem o seu valor máximo. Um grande número
de electrões são deslocados da armadura negativa para a armadura positiva, sendo atraídos pelo pólo
positivo do gerador, que lança igual quantidade na outra armadura que se vai carregando
negativamente. A intensidade de corrente é pois, de elevado valor, decrescendo rapidamente até se
anular.
A quantidade de electricidade aumenta à medida que se vai efectuando a carga, fazendo aumentar a
tensão UC aos terminais do condensador. Quando UC iguala U, cessa a corrente no circuito. O ponteiro
do galvanómetro, que se deslocou bruscamente num sentido, indica agora o zero. Desligando o
comutador da posição 1, o condensador mantém-se carregado.
Passando o comutador à posição 2, as armaduras do condensador são ligadas entre si, pelo que se
inicia a descarga. O ponteiro do galvanómetro desloca-se em sentido contrário ao da carga.
A grande quantidade de electrões em excesso na armadura negativa passa para a armadura positiva
através do circuito. De início esta corrente é bastante intensa, mas gradualmente o ponteiro vai
regressando a zero, o que sucede quando também é nula a tensão entre as armaduras.
CONSTANTE DE TEMPO
Ao aplicarmos a tensão Uin ao circuito da figura, o condensador vai carregar-se mais ou menos
rapidamente, conforme os valores de R e C.
Como vimos atrás, no instante da ligação o condensador comporta-se como um curto-circuito. Com o
aumento da carga, a tensão Uc aumenta, até atingir o valor da tensão de alimentação, ficando a
tensão UR nula. A carga será tanto mais rápida, quanto menores forem os valores de R e C.
Figura 141 - Circuito de analise da carga e descarga de um condensador e respectiva forma da tensão Uin
Assim, o produto R.C designa-se por constante de tempo do circuito, que se representa por:
= R .C
1. Um circuito electrónico denominado como integrador possui na sua constituição uma resistência R=3,3K em série com
um condensador de capacidade igual a 0,022 F. Calcule a constante de tempo do circuito.
O estudo da energia eléctrica que fizemos nos capítulos anteriores assentou nas correntes e tensões
contínuas, isto é, nas que mantêm o mesmo sentido (unidireccionais) e o mesmo valor.
Existem, no entanto numerosas aplicações em que são diversas as variações em função do tempo,
das tensões, correntes e outras grandezas. Assim as grandezas eléctricas podem classificar-se em
função do tempo como:
Grandezas constantes
A corrente representada possui valores diferentes de instante para instante mas mantêm o mesmo
sentido.
Uma grandeza diz-se periódica quando se verifica uma repetição das suas características ao longo do
tempo. No estudo que iremos efectuar, surgir-nos-ão diversas formas de ondas periódicas.
Representamos dois tipos de ondas periódicas: ondulatórias ou pulsatórias e as alternadas puras.
Figura 145 - Corrente ondulatória (a); Corrente unidireccional em dente de serra (b)
As ondas alternadas puras distinguem-se das ondas ondulatórias porque possuem um valor médio
algébrico nulo.
Figura 146 - Tensão alternada triangular (a); Tensão alternada quadrada (b); Corrente sinusoidal (c)
Numa onda alternada pura, o conjunto dos valores assumidos em cada sentido designa-se por
alternância ou semi-onda. Teremos assim uma alternância positiva e uma alternância negativa.
O valor assumido, em cada instante, por uma corrente ou tensão é chamado valor instantâneo, que
se representa por uma letra minúscula: i, u.
Iremos agora tratar do estudo de correntes e tensões alternadas sinusoidais. A sua importância na
electrónica resulta do facto de qualquer sinal periódico alternado se poder considerar como a soma de
sinais alternados sinusoidais de frequências múltiplas. Convém, pois, definirmos as grandezas que
caracterizam um sinal sinusoidal.
Período
É o tempo em que ocorrem duas alternâncias consecutivas, ou seja é o tempo gasto num ciclo.
Representa-se por T e exprime-se em segundos.
Frequência
É o número de ciclos efectuados num segundo. Representa-se por f e a sua unidade é o Hz (Hertz). A
frequência está relacionada com o período da seguinte forma:
1
f
T
As frequências das ondas dependem da sua utilização. Assim, a energia eléctrica é distribuída a 50
Hz, ou seja, apresenta 50 ciclos ou períodos por segundo. A gama das audiofrequências vai de 20 Hz
a 20 KHz e comporta o que vulgarmente se designa por electroacústica. Rádio, televisão, ultra-sons,
radar e microondas comportam gamas de frequências que ultrapassam os MHz (MegaHertz) e, por
vezes, os GHz (GigaHertz).
Ao valor medido entre os valores de amplitude positiva e amplitude negativa chama-se valor de pico a
pico e é dado pela seguinte expressão:
I pp 2 x I máx.
U pp 2 x U máx.
Teremos aqui que considerar apenas metade do ciclo de uma corrente alternada sinusoidal, pois o
valor médio de um ciclo completo é zero, já que este se repete na parte positiva e na parte negativa.
O valor médio representa o valor que uma corrente contínua deveria ter para transportar a mesma
quantidade de electricidade, num mesmo intervalo de tempo.
Valor eficaz
O calor desenvolvido numa resistência é independente do sentido de circulação da corrente.
O valor eficaz de uma corrente alternada é o valor da intensidade que deveria ter uma corrente
contínua para, numa resistência, provocar o mesmo efeito calorífico, no mesmo intervalo de tempo.
Por outras palavras, existirá uma corrente contínua que no mesmo intervalo de tempo T, ou seja num
período, produzirá a mesma quantidade de calor que a produzida pela corrente alternada.
O valor eficaz representa-se por I ou U (conforme corrente ou tensão). A expressão matemática que
define o valor eficaz é:
Para realçar a importância do valor eficaz, refira-se que são valores eficazes que os voltímetros e
amperímetros nos indicam ao medirem grandezas sinusoidais.
Alimentando o circuito com corrente contínua haverá transporte de cobre por electrólise e acção da
bobina sobre a agulha magnetizada, que variam com o sentido da corrente no circuito. O efeito de
joule nos fios de prata, a atracção da barra de ferro e a repulsão entre os fios de prata faz-se sentir
independentemente do sentido da corrente no circuito.
Ao aplicar-se corrente alternada, não há transporte de cobre, a agulha não se desvia, apresentando
uma ligeira vibração na sua posição N-S. Por outro lado, tal como em c.c., os fios aquecem e repelem-
se, e a barra de ferro é atraída.
A agulha magnética em corrente alternada também é solicitada por forças electromagnéticas mas,
essa solicitação muda de sentido 100 vezes por segundo, pelo que, devido à inércia, permanece
praticamente em repouso.
EXERCICIO RESOLVIDO
O período da onda representada ou seja, o tempo que a onda demora a descrever uma alternância positiva e
outra negativa é de 2,4 s. A frequência da onda é de 417 KHz.
Umáx = 5 V
Umáx = 5 V
O valor eficaz da onda sinusoidal é de 3,535 V ou seja, esta tensão contínua produzirá a mesma quantidade de
calor que a produzida pela corrente alternada representada no mesmo intervalo de tempo T.
O primeiro pico ocorrerá quando a onda atingir um quarto do período T/4, ou seja, o primeiro valor máximo será
atingido após 0,6 s do início da onda.
Consideremos uma corrente alternada sinusoidal. Esta terá uma frequência, um determinado período,
além disso, existirá um valor máximo e em cada instante teremos um valor instantâneo.
Se a onda sinusoidal não começar na origem do referencial, teremos de definir um ângulo , que é
o ângulo que a onda faz com a origem da contagem dos ângulos, no instante inicial.
Vamos também definir velocidade angular como sendo o número de radianos percorridos por
segundo, ou seja traduzindo por uma expressão:
2 x f
Podemos agora, definir a equação da onda sinusoidal, assim no caso de uma corrente virá:
em que:
u = Umáx .sen.( t )
em que:
Deste modo várias serão as possíveis posições iniciais. Para nos apercebermos destas posições,
consideremos duas correntes sinusoidais, i1 e i2, da mesma frequência.
Existem casos específicos para os valores deste ângulo que passaremos a analisar:
Grandezas em fase
Grandezas em quadratura
Quando uma das grandezas atinge o valor máximo, a outra anula-se. O ângulo de desfasamento é
de 90.
No gráfico (a), a tensão está avançada 90 em relação à corrente. Ou seja, enquanto a tensão já se
encontra na origem do referencial, a corrente ainda está no seu valor máximo negativo. Na segunda
representação (b), a tensão está em atrasada em relação á corrente. Ou seja, enquanto a corrente
já se encontra no seu valor máximo positivo, a tensão ainda está a anular-se na coordenada do gráfico
correspondente a u=0.
Figura 154 - Representação vectorial e cartesiana de uma tensão e uma corrente sinusoidal em quadratura
Grandezas em oposição
Os vectores representativos das grandezas têm a mesma direcção mas sentidos opostos. O ângulo de
desfasamento é de 180.
EXERCICIO RESOLVIDO
i = 10 . sen . ( 157 t )
A equação de uma grandeza sinusoidal é dada por: i = Imáx . sen.( .t ) daqui verificamos que o valor
máximo da corrente representada é de 10 A.
Imáx = 10 A
= 157 rad/s
1. Escreva a expressão matemática de uma corrente de 5 A com uma frequência de 50 Hz considerando, que se inicia no
valor zero.
2. Uma tensão tem uma amplitude máxima de 20 V sendo a sua frequência de 50 Hz. Supondo que a onda se inicia no seu
máximo positivo, determine o valor da tensão 0,03s após o seu início.
Se realizarmos a experiência de verificação da lei de Ohm mas aplicando agora grandezas alternadas,
chegaremos à conclusão que se mantém constante o quociente U / I. A este quociente chamaremos
de impedância do circuito ao qual aplicamos a tensão alternada e que se representa por Z. A sua
unidade é igualmente o (Ohm).
Assim, a lei de Ohm assume a forma, que é designada por Lei de Ohm generalizada.
U=Z.I
De seguida, estudaremos os circuitos em que surgem correntes alternadas sinusoidais, que são
formadas por resistências, bobinas e condensadores. Veremos, em primeiro lugar, os circuitos ideais,
ou seja, os constituídos apenas por resistências, por bobinas puras (sem resistência) e por
condensadores puros (sem resistência de perdas).
Tal não acontece na realidade. No entanto, algumas destas três grandezas, que formam os elementos
reais (resistência, reactância indutiva e reactância capacitiva), assumem valores tão baixos que podem
ser desprezar-se face aos restantes. É o caso, por exemplo, das lâmpadas de incandescência, que
podem, sem grande erro, ser consideradas como resistências puras.
Ao aplicarmos uma tensão alternada sinusoidal à resistência puramente óhmica, qual será a forma de
onda da corrente no circuito?
Aplicando a Lei de Ohm aos sucessivos instantes e uma vez que Z = R (pois o circuito é considerado
um circuito ideal e, desta forma a outra componente da impedância, ou seja a reactância, será nula),
facilmente se verifica:
Á medida que a tensão aumenta, a corrente também aumenta já que se relacionam pela Lei de
Ohm; U = R . I.
Logo as curvas representativas da tensão e corrente estão em fase , ou seja, a um máximo da tensão
corresponde um máximo da corrente, o mesmo sucedendo para os zeros.
Figura 158 - Representação algébrica, vectorial e cartesiana da tensão e respectiva corrente numa resistência puramente óhmica.
1. Considere o divisor de tensão da figura seguinte, com uma carga de 15 K. Sendo: u 2 2 .sen..t .
Determine:
1.1 I1 máx, I2 máx e I3 máx.
1.2 Os valores eficazes das correntes.
1.3 Uab, Ubc, UABmáx. e UBCmáx.
Como será o comportamento do condensador ao ser-lhe aplicada uma tensão alternada sinusoidal?
A lâmpada inserida no circuito da figura brilha constantemente. A justificação reside na carga e
descarga do condensador, existindo uma corrente no circuito.
De que dependerá então a intensidade de corrente num circuito capacitivo? Iremos verificar esta
questão, recorrendo a uma alimentação não sinusoidal, para uma mais fácil compreensão.
Começaremos por analisar a influência da frequência no valor da intensidade de corrente.
Pela verificação da figura que se segue, podemos constatar que no circuito com frequência mais
elevada, o valor médio da corrente é mais elevado, pois a tensão é invertida antes que a corrente
tenha tempo de atingir um baixo valor durante a carga do condensador.
Para a baixa frequência, o valor médio da corrente, é inferior á situação anterior, pois a corrente de
carga, antes da tensão se inverter, tem tempo de atingir valores reduzidos.
Deste modo, e para determinada capacidade, a corrente média no circuito será tanto maior quanto
maior for a frequência da tensão aplicada.
Verifiquemos agora a influência da capacidade no valor da intensidade de corrente. Os dois
condensadores devem possuir a mesma resistência. De modo análogo, quanto maior for a capacidade,
a carga adquirida não chega a carregar o condensador, mantendo-se a corrente com valores elevados
quando se dá a inversão de polaridade da tensão aplicada.
O valor médio de corrente será tanto maior quanto maior for o valor da capacidade do
condensador.
Figura 162 - Valor da corrente num circuito com condensadores de diferentes capacidades
Assim sendo, a corrente será tanto maior quanto for a frequência, a capacidade e a tensão
aplicada.
Sendo a oposição à circulação de corrente a reactância capacitiva Xc, a lei de ohm virá:
U = Xc . I
Sendo o valor de XC dado por:
1
XC
2..f .C
1
XC
.C
em que:
f - frequência - Hertz ( HZ )
C - Capacidade - Farad ( F )
Ao iniciar-se a carga de um condensador, a diferença de potencial aos seus terminais é zero, tendo, ao
contrário, a corrente o seu valor máximo. À medida que a carga vai aumentando, aumenta a tensão
nos seus terminais, diminuindo consequentemente a corrente, até se anular, o que sucede quando a
d.d.p. aos terminais do condensador atinge o máximo valor.
Na descarga, as curvas decrescem simultaneamente. No instante em que se inicia a descarga, a
tensão parte do seu máximo positivo e a corrente do seu mínimo valor (zero). O condensador
descarrega-se quando as armaduras têm igual número de electrões, atingindo nesta altura a corrente o
seu máximo negativo.
A tensão atinge o zero, enquanto a corrente já o havia atingido 90º antes. A corrente está avançada 90º em
relação à tensão.
Figura 163 - Circuito puramente capacitivo e representações algébrica, vectorial e cartesiana da tensão aplicada e da corrente
que o percorre
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
U max 12 2
U U 12 V
2 2
Cálculo da corrente pedida:
U 12
I I 0,18 A
XC 67,8
Neste circuito a oposição à circulação da corrente é feita pela f.e.m. de auto-indução da bobina e
chama-se reactância indutiva (XL) e exprime-se em .
Quando o interruptor se fecha alimentado o circuito em CC., a corrente não surge de imediato. Pela lei
de Lenz, a corrente induzida no circuito tem um sentido cujos efeitos se opõem à causa que a originou.
Ao abrir-se o interruptor, a corrente não cessa pelas mesmas razões. A diminuição da corrente é pois
retardada. É o que se representa na figura, onde o fecho do interruptor se efectiva no instante t1, só
atingindo a corrente um valor final após o intervalo t3 - t1. Na diminuição da corrente, esta só se anula
após o intervalo de tempo t4 – t2.
Figura 165 - Forma de onda num circuito indutivo alimentado a corrente contínua
Em corrente alternada, os efeitos da auto-indução são constantes. Vejamos a que é igual a reactância
indutiva.
Como se representa na parte A da figura em baixo, com uma grande frequência, logo pequeno
período, a corrente não tem tempo de atingir o seu valor máximo, pois a tensão aplicada inverte-se. Na
parte B, a corrente atinge um valor mais elevado, já que o período da tensão aplicada é maior. Logo,
quanto maior a frequência, menor será a corrente eléctrica.
Sendo a oposição à circulação de corrente a reactância indutiva XL, a lei de ohm virá:
U = XL . I
XL = 2 .f.L
XL = . L
onde:
Ao ser aplicada tensão à bobina, a corrente não surgirá imediatamente pois, como vimos atrás, surgirá
no circuito, devido à auto-indução, uma corrente com um sentido tal que faz retardar o aparecimento
da corrente principal no circuito. Esta apenas surgirá quando a tensão atingir o seu valor máximo.
Ainda, devido aos fenómenos de auto-indução, a corrente irá aumentar enquanto a tensão decresce, e
atinge um máximo quando a tensão aplicada é nula.
A tensão inverte-se, a corrente começa a diminuir, mas esta diminuição é retardada e anula-se quando
a tensão atinge o seu máximo negativo, ou seja, um quarto de período mais tarde.
Figura 167 - Circuito puramente indutivo e representações algébrica, vectorial e cartesiana da tensão aplicada e da corrente que o
percorre
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
1. A uma bobina de 0,15 mH de coeficiente de auto-indução foi aplicada uma tensão sinusoidal de 1,2 V e 5 KHz de
frequência. Calcule:
1. Uma bobina apresenta uma reactância de 125 quando alimentada a uma frequência de 10 KHz.
Determine a sua reactância quando a frequência de alimentação passa a 2,5 MHz.
2. Uma tensão u 110 2 .sen.50..t está aplicada a uma indutância pura de 0,4 H. Calcule:
10.7 Circuito RC
De igual modo iremos representar e verificar como se determina o ângulo de desfasamento que neste
caso será um ângulo negativo.
Se dividirmos o triângulo então obtido pela intensidade teremos o triângulo das impedâncias.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
1. Um condensador de 22 F / 50V está ligado em série com uma resistência de 330. A tensão aos
terminais do condensador é 32 V, sendo a corrente no circuito 160 mA. Determine:
UC 32
XC XC 200
I 160 103
1 1 1
XC f f 36,17 Hz
2..f .C 2..XC .C 2..200.22 106
R 330
cos 0,855 31,2º
Z 335,9
2 A um circuito série de uma resistência de 2,2 K e um condensador de 4,8 F aplica-se uma tensão sinusoidal de 10 V,
15 kHz. Calcule:
3 Fez-se um ensaio com um circuito RC em série de que resultaram os valores indicados no esquema representado em
baixo.
Calcule:
4 Um circuito constituído por uma resistência de 100 em série com um condensador de capacidade C = 20 F, é
alimentado por uma tensão de 230 V/50 Hz. Determine:
10.8 Circuito RL
Será um circuito constituído por uma bobina real que é equivalente a uma bobina pura (ideal) em
série com uma resistência.
Vejamos como relacionar a tensão com a corrente num circuito série RL.
Sendo:
UR = R .I e UL = XL .I ,
resultará o diagrama vectorial da figura ao lado, onde UR e UL estão em quadratura, e que após serem
adicionados originarão a tensão U. Por aplicação do teorema de Pitágoras obtemos o diagrama
esboçado na figura.
Do triângulo das tensões podemos obter, dividindo por I (Z = U / I) o triângulo das impedâncias:
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
1. Aplica-se uma tensão de 220 v, 50 Hz à série de uma resistência de 30 com uma indutância de
0,16 H. Calcule:
UR R .I 30 3,76 U 112,8 V
R 30
cos 0,513 59º
Z 58,5
1. Coloca-se em série uma resistência de 6 e uma reactância indutiva de 8, sendo o conjunto percorrido por uma
corrente de 1,1 A. Determinar:
1.1 As tensões em R e em L.
1.2 A impedância do circuito.
1.3 A tensão total aplicada.
1.4 O ângulo de desfasamento ( cos ).
1.5 Construa o diagrama da corrente e das tensões.
2. Aplicam-se 16 V, com a frequência de 50 Hz à série de uma resistência de 15 e uma bobina com reactância de 20 .
Calcule:
Teremos agora que considerar a série de uma resistência, uma bobina e um condensador
considerados elementos ideais. Como já foi referido, na realidade, todos os componentes têm estes
três elementos, se bem que algum ou alguns deles sejam desprezáveis.
Antecipadamente, reconheça-se que U UR UL UC. A expressão não será válida uma vez que se
trata de grandezas vectoriais.
Virá então:
Sendo a corrente a grandeza comum aos três elementos do circuito, construiremos o diagrama
vectorial partindo do vector corrente:
Figura 178 - Obtenção do triângulo das tensões e corrente num circuito puramente indutivo
Para obtermos o vector U teremos de proceder como anteriormente, ou seja somar vectorialmente as
tensões na resistência, na bobina e no condensador. Por facilidade, efectua-se previamente a soma
de UL UC dos vectores equipolentes aplicados à extremidade de UR.
Figura 179 - Obtenção do triângulo das tensões e corrente num circuito puramente capacitivo
Analogamente, como nos circuitos anteriores, teremos o triângulo das tensões e das impedâncias,
embora neste caso teremos dois triângulos, um para os circuitos dominantemente indutivos 0, e
outro para circuitos dominantemente capacitivos 0.
Figura 181 - Obtenção do triângulo das impedâncias num circuito puramente indutivo
Figura 182 - Obtenção do triângulo das impedância num circuito puramente capacitivo
Z R 2 X2
Um circuito RLC encontra-se em ressonância quando a tensão aplicada e a corrente que nele circula
estão em fase. Assim, a impedância vectorial Z será igual à resistência R, e consequentemente a
reactância X é nula.
X = 0 XL = XC Z = R
Para calcular o valor da frequência de ressonância tomamos como base que X = 0. Assim virá:
X = 0 X L = XC
sendo: XL 2..f .L
1
e, XC
2..f .C
1
2..f .L
2..f .C
1 1
f2 f
(2. ) 2 .C.L (2. ) 2 .C.L
a frequência de ressonância é dada por:
1
f0
2. . C.L
onde:
f0- frequência de ressonância (em Hertz)
C – capacidade (em Farad)
L – coeficiente de auto indução (em Henry)
Impedância mínima
Intensidade de corrente máxima
Sobretensões
f = f0 = 0º ângulo nulo
Este esquema está concretizado na figura, onde o ângulo de desfasamento é negativo para valores
inferiores aos da frequência de ressonância, tendendo para –90º quando a frequência se aproxima de
0º. Por outro lado, quando a frequência é superior á de ressonância, o ângulo de desfasamento é
positivo, tendendo para +90º.
Pode ainda constatar-se que quanto mais pequeno for o valor de R, mais rápida será a variação do
ângulo de desfasamento com a frequência.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
1 1
XC XC 67,7
2..f .C 2..500.4,7 106
U 10
I I 0,2 A
Z 49,1
UR R .I 33 0,2 U 6,6 V
EXERCICIO DE APLICAÇÃO – CIRCUITO SÉRIE RLC
1. A um circuito série de um condensador de 8 F e uma bobina real com 250 e 0,7 H de indutância aplica -se uma
tensão sinusoidal com a expressão algébrica indicada abaixo. Determine:
u 220 2 .sen.100..t
1.1 A impedância do circuito.
1.2 A intensidade de corrente eléctrica.
1.3 O ângulo de desfasamento.
1.4 A tensão nos terminais de cada receptor.
2. Uma bobina real com R = 10 e L = 0,2 H foi ligada em série a um condensador de capacidade desconhecida. O
conjunto foi alimentado a 12 V, 500 Hz. Sabendo-se que a corrente no circuito será máxima, determinar:
3. Aplica-se uma tensão de 220 V, com a frequência de 50 Hz ao conjunto série de uma bobina real, composta por uma
resistência de 250 e uma indutância de 0,7H, e um condensador variável.
1.1 Atente na seguinte definição: “ Diz-se que um circuito RLC está em ressonância quando a tensão aplicada
e a corrente que nele circula estão em fase.” Calcule a capacidade do condensador para se produzir a
ressonância no circuito.
1.2 Com a capacidade assim obtida determine a tensão nos terminais do condensador.
O vector Ia , designa-se por corrente activa em fase com a tensão U, será igual a:
Ia = I cos
Ir = I sen
Potência activa
É a potência média igual ao produto da tensão pela componente activa da corrente:
P = U . Ia = U.I . cos
É esta a potência consumida pelas resistências que vai produzir calor que nelas se liberta por efeito de
Joule.
Potência aparente
S=U.I
É a potência dos circuitos indutivos e capacitivos. A potência activa nestes circuitos é nula.
Potência reactiva
Q = U . Ir = U.I . sen
A energia oscilante em certo intervalo de tempo é medida pelos contadores de energia reactiva.
As três potências relacionam-se vectorialmente, originando um triângulo, designado por triângulo das
potências, que também pode ser construído por multiplicação dos lados do triângulo das tensões pela
corrente I.
Factor de potência
Interessa relacionar a potência activa com a máxima potência disponível para determinado valor de
corrente.
P
cos
S
em que:
Analisando os triângulos acima verifica-se que o factor de potência é o co-seno do ângulo ou seja,
cos .
Idealmente o valor do factor de potência deveria tender para 1, um vez que, desta forma a potência
reactiva seria mínima.
Nos utilizadores que dispõe de instalações com bobinas, o cos é reduzido a baixos valores, o que
origina um aumento da energia reactiva que, apesar de não ser consumida, corresponde a uma
corrente de circulação. A corrente nos condutores não é toda aproveitada como seria desejável.
Imaginemos duas fábricas consumindo a mesma potência de 400 kW a uma tensão de 5 KV mas com
distintos factores de potência: na fábrica A, cos = 1 e na fábrica B cos = 0,5.
Ao fim de igual tempo de funcionamento, os dois utilizadores terão consumido a mesma energia.
Calculemos as correntes utilizadas por cada um:
P = U.I . cos
FABRICA A :
FABRICA B :
A empresa fornecedora de energia nacional estabelece que, quando a energia reactiva ultrapassa 3/5
da activa, cada Kvar excedente é pago a 1/3 do preço do KWh.
Quanto aos utilizadores, também é conveniente disporem de um elevado factor de potência porque, se
tal não suceder, terão de sobredimensionar aparelhagem de manobra e protecção, o que equivale a
maiores custos.
A solução consiste em colocar em paralelo com o receptor um condensador que absorva uma corrente
IC de grandeza igual á componente reactiva da corrente Ir de modo a anularem-se. O conjunto fica
puramente óhmico, ou seja cos = 1, sendo nula a potência reactiva.
Quando existem vários receptores, a compensação poderá ser efectuar-se individualmente, por grupos
ou para toda a instalação.
1. Uma bobina com coeficiente de auto indução (indutância) de 0,5 H é ligada em série com uma resistência de valor
óhmico 80 . A alimentação é de 230 V / 50 Hz. Determine:
Apresentam-se a seguir algumas vantagens dos sistemas trifásicos em relação aos monofásicos, a
nível da sua produção, transporte e utilização:
O somatório da secção dos condutores necessários para transportar uma determinada potência
é menor que nos sistemas monofásicos, em igualdade de condições de potência transportada,
perdas e tensão nominal de transporte.
Para transportar uma dada quantidade de energia bastam três (ou quatro, com neutro) fios em
trifásico, enquanto em monofásico seriam necessários seis fios de igual secção (ou dois de
secção tripla).
A partir de um sistema trifásico podem obter-se três sistemas monofásicos (tal como em nossas
casas).
Para a produção de corrente alternada sinusoidal utiliza-se um alternador. Na realidade, a maior parte
dos alternadores geram tensões trifásicas, isto é, tem três bobinas idênticas e independentes,
dispostas simetricamente no estator, formando ângulos de 120º entre si.
Quando o rotor roda, induz-se em cada bobina uma f.e.m. alternada sinusoidal. Estas f.e.m. têm igual
amplitude máxima e estão desfasadas de 120º umas das outras, ou seja, de 1/3 de período.
e1 = Em1 . sen.(t)
Estas f.e.ms. (tensões) podem representar-se graficamente tal como na figura seguinte:
Assim, este alternador designa-se por alternador trifásico, dado que produz três tensões alternadas
com fases diferentes. O alternador que apenas produz uma tensão designa-se por alternador
monofásico. Tal como na corrente alternada monofásica, estas grandezas temporais podem
representar-se vectorialmente.
Consideremos as três bobinas do alternador atrás descrito, a alimentarem três receptores idênticos
(resistências, neste caso), um em cada fase.
Para alimentar independentemente três receptores, é portanto necessário utilizar seis fios. Se os três
receptores tiverem a mesma impedância, estes são percorridos por três corrente I1, I2 e I3, com idêntico
valor eficaz mas desfasadas de 120º.
Diz-se então que o sistema está equilibrado, pois a soma das três correntes é sempre nula (a soma
de três vectores iguais e desfasados de 120º é um vector nulo).
Condutor Neutro
Se reunirmos os três terminais x, y, z, num único ponto N, chamado de ponto neutro e substituirmos
os três condutores de retorno (vindos dos receptores) por um único condutor - condutor neutro (ou fio
neutro), a corrente nesse condutor será nula.
Figura 198 - Sistema equilibrado de cargas com neutro (corrente no neutro é nula)
Pode desta forma distribuir-se a energia eléctrica por meio de quatro condutores, sendo três
designados por condutores de fase (activos) ou simplesmente fases, em linguagem corrente.
As três fases simbolizam-se normalmente pelas letras L1, L2 e L3. O condutor de neutro está
normalmente ligado à terra, pelo que se encontra ao potencial zero.
Figura 199 - Transporte de energia eléctrica trifásica por meio de quatro condutores
Tensões simples - Us - Tensão entre cada condutor de fase e o neutro. Nas redes de distribuição de
baixa tensão, aproximadamente 230 V.
Tensões compostas - Uc - Tensão entre dois condutores de fase. Nas redes de distribuição de baixa
tensão, aproximadamente 400 V.
Na figura seguinte, URN é uma tensão simples e UST é uma tensão composta:
Temos portanto três tensões simples e três tensões compostas distintas entre si:
Tensões compostas:
Demonstra-se que o comprimento dos vectores das tensões compostas é vezes superior ao das
tensões simples, ou seja:
Uc = . Us
Nas redes de transporte de alta e média tensão, apenas se indica o valor das tensões compostas.
Assim, quando é indicado que uma linha tem tensões de 220 kV ou 30 kV, são os valores eficazes de
tensões compostas.
Os receptores trifásicos são formados por três elementos eléctricos ( bobinas, resistências, etc.) que
podem ser ligados de duas maneiras
Em estrela - Y
Em triângulo -
Repare-se que num sistema em estrela equilibrado, o condutor neutro é dispensável (tal como foi
referido atrás), isto é, ele pode ser retirado sem alteração do funcionamento dos receptores, já que a
sua corrente é sempre nula. De facto, cada uma das linhas de fase faz de retorno em relação às outras
duas.
Há motores trifásicos cujas bobinas estão ligadas em estrela. Assim, poder-se-ia, só idealmente,
alimentar o motor apenas com as três fases, dispensando-se o neutro.
No caso da estrela desequilibrada, o somatório das correntes nas fases não é nulo, sendo
indispensável a ligação no condutor de neutro. Mesmo nos casos em que a estrela é
normalmente equilibrada, não se deve cortar o neutro, dado que se faltar uma fase (por corte de
um dispositivo de protecção, por exemplo) estabelece-se um desequilíbrio de tensões. Um exemplo de
um receptor trifásico desequilibrado e ligado em estrela é o fogão eléctrico. Este têm diversas
resistências para o forno e para os discos. Estas resistências estão distribuídas pelas três fases, mas
não têm todas o mesmo valor de resistência. Além disso, não estão sempre todas ligadas
simultaneamente, pelo que é necessário levar o condutor de neutro ao aparelho. Assim, além dos três
condutores de fase, temos ainda o condutor de neutro e o condutor de terra.
Saliente-se ainda que se pretende equilibrar ao máximo os sistemas trifásicos, de modo a que a
corrente no condutor de neutro seja o menor possível. Uma menor corrente no neutro tem a vantagem
de permitir a utilização de um condutor de menor secção, para as mesmas perdas energéticas. É por
isso que o condutor de neutro é normalmente mais fino que os condutores de fase (caso das linhas de
transporte de energia eléctrica com neutro).
Na ligação de receptores em triângulo, os receptores estão ligados entre as fases, tal como mostra a
figura seguinte, para o caso de resistências:
Tal como na ligação de receptores em estrela, na ligação em triângulo poderão ocorrer dois casos:
A corrente (de fase) num receptor pode ser calculada dividindo a tensão composta aos seus terminais
pela sua impedância. As correntes de linha podem ser determinadas de duas maneiras, consoante o
sistema está equilibrado ou não:
Sistema equilibrado - as correntes nas linhas (L1, L2, L3) são vezes superiores às correntes
nos receptores (correntes de fase).
Sistema desequilibrado - as correntes nas linhas são determinadas em termos vectoriais, através
da aplicação da Lei dos Nós de Kirchhoff aos três nós.
Como conclusão pode dizer-se que nas montagens em estrela com neutro e em triângulo os
receptores (monofásicos) funcionam independentemente uns dos outros.
Quer a carga seja equilibrada ou não, podem calcular-se (medir-se) as potências consumidas em
cada fase. Assim, somam-se as potências activas aritmeticamente de forma a obter a potência total:
Q = QR + QS + QT
em que:
CAPÍTULO 12 – TRANSFORMADORES
Por ser necessário adaptar a tensão às diferentes aplicações, que podem variar desde as dezenas de
Volt, nas diversas aplicações da electrónica, até algumas centenas de Volt, na indústria e iluminação,
surgem os transformadores.
Quando o transformador recebe energia e a transfere num valor superior dizemos que o
transformador é elevador.
Quando o transformador recebe energia e a transfere num valor inferior dizemos que o
transformador é redutor ou abaixador.
Um transformador monofásico é constituído por dois enrolamentos em fio de cobre isolado, colocados
no mesmo circuito magnético fechado.
O enrolamento ligado á fonte de alimentação designa-se por primário, enquanto o enrolamento que
fornece a energia chama-se secundário. O circuito magnético deverá ser folheado (formado por
pequenas chapas juntas umas ás outras e isoladas) para serem reduzidas as perdas parasitas.
O enrolamento com maior n.º de espiras designa-se de alta tensão (A.T.), e o com menor n.º de
espiras é o enrolamento de baixa tensão (B.T.). O enrolamento de alta tensão pode ser tanto o
primário como o secundário, conforme se trate, respectivamente dum transformador redutor ou
elevador.
Admitindo que todas as linhas de força do campo magnético primário atravessam o enrolamento
secundário, a f.e.m. induzida dependerá da razão entre o n.º de espiras do primário e do secundário.
Um transformador ideal é aquele que não tem perdas, ou seja, aquele cuja potência do secundário, é
igual à potência do primário: P2 = U2 . I2 = P1 = U1 . I1.
Assim, para o fluxo magnético criado, a f.e.m. induzida, em cada bobina será proporcional ao n.º de
espiras nessa mesma bobina.
U1 N
1
U2 N2
I1 N 2
I2 N1
onde:
N1
m
N2
Nas considerações que fizemos admitimos que o transformador era ideal, contudo na prática não é
isso que se passa, pois o rendimento e um transformador varia entre 80% e 98%, dependendo dos
diferentes tipos de perdas. As principais são:
Perdas no ferro (núcleo onde estão enroladas as espiras): fugas magnéticas, correntes de
Foucault, histerese no circuito magnético.
As perdas não podem ser totalmente suprimidas, mas podem ser notavelmente reduzidas por
escolha e disposição dos elementos que compõem o transformador.
Potênciade saída
Potênciade saída Potênciade perdas
Características de um transformador
As características a seguir indicadas, são algumas das que encontramos nos transformadores:
Frequência
Tensões nominais
Potência nominal ( S ) : S = U.I, trata-se da potência aparente, expressa em VA
Correntes nominais
Corrente em vazio ( I0 )
Queda de tensão ( U ) – diferença entre as tensões no secundário, em vazio e em carga.
Rendimento
Transformador de alimentação
É usado em fontes, convertendo a tensão da rede de 230V para o valor necessário aos circuitos
electrónicos. O seu núcleo é feito com chapas de aço-silício, que tem baixas perdas, em baixas
frequências, por isto é muito eficiente. Às vezes possuem blindagens ou invólucros metálicos.
Transformador de áudio
Usado em aparelhos de som a válvulas e certas configurações com transístores, no acoplamento entre
etapas amplificadoras e saída para o altifalante. Geralmente, é semelhante ao transformador de
alimentação em forma e no núcleo de aço-silício, embora também se use a ferrite. A sua resposta de
frequência dentro da faixa de áudio, 20 a 20.000 Hz, não é perfeitamente plana, mesmo usando
materiais de alta qualidade no núcleo, o que limita o seu uso.
Transformador de distribuição
Encontrado nos postes e entradas de potência em alta tensão (industrias), são de alta potência e
projectados para ter alta eficiência (da ordem dos 99%), de modo a minimizar o desperdício de energia
e o calor gerado. Possui refrigeração a óleo, que circula pelo núcleo dentro da carcaça metálica com
grande área de contacto com o ar exterior. O seu núcleo também é constituído com chapas de aço-
silício, e pode ser monofásico ou trifásico (três enrolamentos).
Transformador de RF
Autotransformadores
Se aplicarmos uma tensão a uma parte de um enrolamento (uma derivação, o campo induzirá uma
tensão maior nos extremos do enrolamento. Este é o princípio do autotransformador.
Uma característica importante dele é o menor tamanho, para certa potência, que um transformador.
Isto não se deve apenas ao uso de uma só bobina, mas ao facto da corrente de saída ser parte
fornecida pelo lado alimentado, parte induzida pelo campo, o que reduz este, permitindo um núcleo
menor, mais leve e mais barato. A desvantagem é não ter isolamento entre a entrada e a saída,
limitando as aplicações.
As exigências técnicas e económicas impõem a construção de centrais, em geral situadas muito longe
dos centros de aproveitamento, pois devem utilizar a energia hidráulica dos lagos e rios das
montanhas. Surge assim a necessidade do transporte da energia eléctrica por meio de linhas de
comprimento notável. Por motivos económicos e de construção, as secções dos condutores destas
linhas devem ser mantidos dentro de determinados limites, o que torna necessária a limitação da
intensidade das correntes nas mesmas. Assim sendo, as linhas deverão ser construídas para funcionar
com uma tensão elevada, que em certos casos atinge as centenas de milhares de Volts. Estas
realizações são possíveis em virtude da corrente alternada poder ser transformada facilmente de baixa
para alta tensão e vice-versa, por meio de transformadores.
Os geradores instalados nas centrais geram a energia eléctrica com a tensão de aproximadamente
6000 Volts. Para se efectuar o transporte desta energia, eleva-se a tensão a um valor oportuno por
meio de um transformador elevador. Na chegada da linha, outro transformador executa a função
inversa, isto é, reduz a tensão ao valor necessário para a utilização. Podem então ser escolhidas nas
diferentes fases, diferentes tensões, ou seja, a gerada na central, a de transporte e a de distribuição,
dando a cada uma o valor que se apresenta mais conveniente. Naturalmente, nestas transformações o
valor da intensidade de corrente sofrerá a transformação inversa à da tensão, pois o produto das
mesmas, isto é, a potência eléctrica, deve ficar inalterada.
1. Um transformador de campainha converte 230 V em 12 V. Se o enrolamento primário possui 330 espiras, qual o número
de espiras do secundário.
CAPÍTULO 13 – ALTERNADORES
14.1 Constituição
É constituído pelo circuito indutor, que cria o campo magnético, e pelo induzido, onde é gerada a f.e.m.
induzida, que originará a corrente eléctrica que alimenta o circuito de carga.
No alternador, o indutor ou o induzido tanto podem ser fixos como móveis. No entanto, o induzido é
geralmente fixo e o indutor móvel; só em pequenos alternadores é que a situação é contrária.
Com efeito, sendo as correntes no induzido bastante mais elevadas que no indutor, se o induzido fosse
móvel, isso obrigaria a que os anéis, que vão recolher a corrente fossem de grande secção o que
provocaria também o aparecimento de faíscas bastante elevadas.
Na figura em baixo representam-se, em corte, os dois tipos de alternador: com indutor fixo e com
indutor móvel.
Figura 206 – Alternador com indutor fixo (a) e alternador com indutor móvel (b)
O estator da máquina é constituído por chapas ferromagnéticas isoladas entre si, com cavas na sua
extremidade interior, onde são introduzidos os enrolamentos do induzido. Na figura em baixo sugere-
se a implantação dos condutores do induzido nas cavas do estator.
O rotor da máquina é constituído também por um núcleo ferromagnético com um enrolamento que vai
ser alimentado por uma fonte de corrente contínua, geralmente um dínamo, que tem o nome de
excitatriz. A excitatriz pode ser montada no veio do alternador ou ser independente deste.
A tensão da excitatriz é fornecida ao indutor móvel através de duas escovas que deslizam sobre dois
anéis ligados ao enrolamento indutor do alternador.
No caso de o induzido ser móvel, então a alimentação feita pelo alternador ao circuito de carga teria de
ser feita através de duas ou três escovas sobre dois ou três anéis, ligados aos enrolamentos,
consoante o alternador é monofásico (ou bifásico) e trifásico, respectivamente.
Na figura em baixo representa-se esquematicamente um alternador (G~) de 4500 kVA, com a excitatriz
(G -) montada no seu veio.
Vejamos, de uma forma simplista, a constituição e princípio de funcionamento dos dois tipos de
alternadores referidos: com indutor fixo e com indutor móvel.
Na figura que se segue representamos os dois tipos de alternadores referidos, quanto ao seu
funcionamento.
Figura 209 – Alternador com indutor fixo e induzido móvel (a) e alternador com indutor móvel e induzido fixo (b)
Alternador com indutor fixo — O indutor fixo produz um campo magnético de valor constante. Cada
terminal da espira é ligado ao seu anel, sobre os quais se apoiam as escovas de grafite, para colher a
tensão induzida.
Põe-se a espira a rodar com velocidade constante, cortando assim as ligações de força do campo. A
variação do fluxo através da espira produz nesta uma f.e.m. variável alternada sinusoidal que fica aplicada
entre os dois anéis e portanto entre as duas escovas do rotor.
Esta tensão é aplicada ao circuito de carga.
Alternador com indutor móvel — A espira é agora alimentada por uma tensão constante, através das
escovas apoiadas sobre os dois anéis, servindo assim de indutor.
Dá-se movimento de rotação à espira. Deste modo, o campo magnético produzido pela corrente da espira,
embora de valor constante, vai atravessando diferentemente (no tempo) as bobinas fixas do estator.
Isto é, as bobinas do estator vão ser atravessadas por um fluxo magnético variável no tempo, que produz
nelas uma f.e.m. induzida variável (alternada sinusoidal).
Nesta situação, é o estator que alimenta a carga. É este o alternador que maior implantação tem, pelos
motivos já referidos. Será este o que iremos estudar daqui em diante, em pormenor.
• Alternadores monofásicos
• Alternadores polifásicos
• Bipolares
• Tetrapolares
• Hexapolares
• Multipolares
Verificamos que a rotação do íman, provocada por acção exterior vai originando um fluxo magnético
variável através dos dois enrolamentos. Quando o íman está na posição vertical, pólo N na zona
superior e pólo S na zona inferior, o fluxo através de cada bobina é máximo.
Figura 211 – Evolução da f.e.m. gerada com a posição do íman relativamente ao circuito induzido
Rodando o íman ligeiramente, o fluxo através de cada bobina vai diminuindo. Quando o íman está na
posição horizontal (rotação de 90°), o fluxo através de cada bobina é nulo. Rodando mais 90°, o pólo S
está em cima e o pólo N está em baixo; nesta situação, o fluxo através de cada bobina volta a ser
máximo, mas agora em sentido contrário.
Continuando a rodar o íman, o fluxo passa novamente pelo zero e atinge novamente o fluxo máximo
inicial quando se completa uma rotação do íman. Deste modo, obtemos através dos enrolamentos um
fluxo alternado sinusoidal.
Segundo a lei de Lenz, sempre que um enrolamento é atravessado por um fluxo variável, cria-se nele
uma f.e.m. induzida. Como o fluxo é alternado sinusoidal, a f.e.m. induzida também será alternada
sinusoidal.
Dado que os dois enrolamentos se encontram ligados em série, com o mesmo sentido, então as duas
forças electromotrizes induzidas (E1 e E2) vão somar-se, originando uma f.e.m. total Et=E1+E2.
A curva do fluxo assim obtida é uma sinusóide, representação da função sen ω t. Na figura 10
representam-se as duas forças electromotrizes induzidas em cada enrolamento, bem como a f.e.m.
total resultante Et..
Como as duas curvas E1 e E2 estão em fase, então o resultado é uma curva total em que o seu
máximo é a soma dos máximos e o seu valor eficaz é a soma dos valores eficazes.
Figura 212 – Soma das duas f.e.m. (E1 e E2) em fase, originando a f.e.m. total Et
Constituição e funcionamento
Figura 213 – Representação esquemática do alternador (esquerda) e representação temporal de um sistema trifásico de tensões
Quando o rotor inicia o seu movimento, só passados 120° é que o mesmo pólo se encontra em frente
do enrolamento seguinte. Passados mais 120° fica em frente do terceiro enrolamento e decorridos
outros 120° volta à posição inicial, em frente do primeiro enrolamento.
Assim, os fluxos máximos em cada enrolamento estão deslocados no tempo de 1/3 de período ou de
120°.
As curvas sinusoidais das forças electromotrizes induzidas em cada enrolamento constituem, por isso,
um sistema trifásico de forças electromotrizes, desfasadas portanto de 120°.
No entanto, este tipo de alimentação não é o mais aconselhável, pois torna dispendiosa a
instalação, visto que são necessários 6 condutores diferentes para a alimentação das cargas.
Existem, por isso, outros processos de alimentação trifásica das cargas. Eles consistem em ligar,
entre si, os enrolamentos do alternador: em estrela ou em triângulo.
5. A relação entre a tensão composta e a tensão simples é dada, conforme foi já demonstrado, por: Uc = 3 Uf.
Note que na ligação em estrela a três condutores cada carga (ligada entre fases) deveria ter uma
tensão 3 nominal vezes maior que a tensão simples. Se considerarmos que a tensão simples é
de 220 V então a tensão composta aplicada a cada carga seria de 380 V, valor este bastante superior.
1. Quando as fases estão igualmente carregadas (equilibradas), a corrente no condutor neutro é nula e, nesta situação,
o condutor neutro pode ser suprimido.
2. Quando as fases estão desigualmente carregadas (desequilibradas), a corrente no neutro deixa de ser nula e, nessa
situação, torna-se perigoso interromper o condutor neutro, pois cada carga ficaria então submetida a tensões desiguais
— umas mais elevadas que a tensão simples e outra(s) inferiores à tensão simples.
3. Pelos motivos apontados no ponto anterior, não é conveniente proteger o condutor neutro seja por fusível ou por
disjuntor. Com efeito, se o aparelho de protecção actuasse devido, por exemplo, a um defeito passageiro, então quando
a situação voltasse à normalidade o condutor neutro estaria desligado e as cargas correriam os perigos já apontados no
ponto anterior. Deste modo, só os condutores de fase devem ser protegidos.
Ligação em triângulo
Na figura representa-se a ligação em triângulo dos
enrolamentos do estator, bem como a ligação à rede da
placa de terminais.
2. Estes três pontos são ligados ao circuito exterior através dos três
condutores de fase.
E = 2,22 p n N Ф
em que:
Esta expressão é, no entanto, uma expressão aproximada da real. Com efeito, ela não tem em conta
alguns factos que se prendem não só com a forma real da curva da indução e portanto da f.e.m.
induzida, como com a distribuição real dos condutores.