TCC 1
TCC 1
TCC 1
Resumo – O tratamento superficial do aço consiste na remoção isso combinam-se facilmente com espécies oxidantes, como o
da camada de óxidos (carepa) através da decapagem química.
Durante o ataque do ácido à carepa, é formado o sulfato ferroso, oxigênio, e reagem de modo que o metal seja sempre
que se mantém dissolvido na solução ácida, perdendo sua desgastado. Porém a oxidação pode ser atenuada ou até
finalidade decapante quando atinge um teor de sulfato ferroso
dissolvido de 85-95%, necessitando assim de descarte ou mesmo inibida por alguma intervenção, como pintura,
tratamento. Foi investigada a influência de três variáveis:
temperatura, tempo, concentração [𝑭𝒆+𝟐] e constatou-se que o revestimento, ou quando é formada uma camada de óxidos
fator tempo apresenta a maior influência no aumento da em sua superfície, também conhecida por carepa. [2]
porosidade do aço, ou seja, quanto maior o tempo de
permanência no banho ácido, maior a profundidade dos poros.
1/11
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA desejada em torno de 5 mm de diâmetro médio. [4]
As matérias-primas necessárias para a obtenção do aço são: o Esta parte do processo de produção do aço consiste na
minério de ferro, sobretudo a hematita, e o carvão mineral. redução do minério de ferro, utilizando o coque metalúrgico e
Ambos não são localizados puros na natureza, sendo outros fundentes, que misturados com o minério de ferro são
necessário então um preparo nas matérias primas de modo a transformados em ferro gusa. A reação ocorre no
reduzir o consumo de energia e aumentar a eficiência do equipamento designado Alto Forno, e constitui uma reação
método. [5] exotérmica. [4]
O processo siderúrgico pode ser desmembrado em 4 grandes O resíduo formado pela reação, a escória, é vendida para a
partes: preparo das matérias-primas, produção de gusa, indústria de cimento. [6]
produção de aço e conformação mecânica. [4]
Após a reação, o ferro gusa na forma líquida é transportado
A 1. Coqueira e Sintetização nos carros-torpedos, vagões revestidos com elemento
refratário, para uma estação de dessulfuração, onde são
A coqueificação ocorre a uma temperatura de 1300 oC em reduzidos os teores de enxofre a níveis aceitáveis. A seguir o
ausência de ar durante um período de 18 horas, onde acontece carro torpedo transporta o ferro gusa para a aciaria, onde será
a liberação de substâncias voláteis. O produto resultante desta transformado em aço. [4] [6]
fase, o coque, é um material poroso com elevada resistência
mecânica, alto ponto de fusão e grande abundância de A 3. Aciaria
carbono, que é enviado ao alto-forno. [4]
Na aciaria, o ferro gusa é transformado em aço através da
Na sinterização, o preparo do minério de ferro é feita injeção de oxigênio puro sob pressão no banho de gusa
atentando-se à granulometria, visto que os grãos mais finos líquido, dentro de um conversor. A reação, constitui na
são indesejáveis, pois reduzem a permeabilidade do ar na redução da gusa através da combinação dos elementos de liga
combustão, comprometendo a queima. Para solucionar o existentes como silício e manganês com o oxigênio soprado,
problema, adicionam-se materiais fundentes como calcário, o que gera um grande acréscimo na temperatura, atingindo
areia de sílica, ou o próprio sínter aos grãos mais finos. [4] aproximadamente 1700 oC. [4]
Com a composição correta, estes elementos são levados ao Os gases resultantes do processo são queimados logo na saída
forno onde a mistura é fundida. Em seguida, o material do equipamento e a os demais resíduos indesejáveis são
resultante é resfriado e britado até alcançar a granulometria eliminados pela escória, que fica à superfície do metal. [5]
2/11
Após outros ajustes finos na composição do aço, este é carbono, sendo por isso frágil e pouco tenaz, além de conter
transferido para a próxima fase que constitui o lingotamento impurezas indesejáveis. Por isso é introduzido em
contínuo. [4] convertedores na aciaria, onde a injeção de oxigênio irá
queimar o carbono e outros elementos de liga, refinando o
A 4. Lingotamento Contínuo ferro gusa e transformando-o em aço. [4] [6]
A 6. Laminação a Frio O aço carbono ou liga não revestida, sofre corrosão quando
exposto à atmosfera ou durante o processo de laminação a
Ao contrário do processo de laminação a quente, as peças quente. O processo de corrosão pode ocorrer com uma
laminadas a frio são normalmente mais finas, com melhor velocidade maior em ar úmido, contendo contaminantes
acabamento e sem a presença de tensões residuais. [6] específicos. A adição de certos elementos de liga,
principalmente silício, cobre, cromo e níquel, podem
O método clássico e mais utilizado para a redução do minério diminuir a taxa de corrosão. A eficiência de cada elemento de
de ferro é o do alto-forno, cujo produto consiste em uma liga liga depende não só da quantidade adicionada, mas das
ferro-carbono de alto teor de carbono denominado ferro gusa. condições climáticas. [6]
O ferro gusa, ainda no estado líquido, é encaminhado à
aciaria, onde, em fornos adequados, é transformado em aço. O processo da corrosão atmosférica progride por uma reação
O coque, produto da destilação do carvão mineral eletroquímica na qual o eletrólito é a umidade do ar. A
metalúrgico, atua como combustível do alto-forno, como umidade deposita-se por precipitação ou condensação como
redutor do minério e como fornecedor de carbono, orvalho sobre as superfícies expostas, com a redução da
fundamental elemento de liga dos produtos siderúrgicos. Em temperatura, causando alterações naturais, porém,
outras palavras, o aço é originado da mistura de minério de indesejáveis. Na Figura 1 é apresentado um comparativo do
ferro, carvão, coque, ar e calcário, sendo inicialmente avanço da corrosão em diferentes aços, demonstrando que o
formada a escória. O ferro gusa não tem aplicação em aço BLAR, Baixa Liga e Alta Resistência, possui a maior
estruturas metálicas por apresentar grandes porcentagens de resistência à corrosão. O avanço é medido em termos da
3/11
perda de espessura. [5] [6] camada superficial não metálica deve ser removida, evitando
o ataque do metal de base, mantendo assim as propriedades
do metal inalteradas pelo efeito da difusão do hidrogênio
atômico. [8]
4/11
Os parâmetros de processo a serem controlados, são: ácido. O tempo de imersão também deve ser controlado para
temperatura, concentração e tempo. [8] conter o ataque à superfície. [9]
Quanto maior a temperatura, maior a atividade do ácido e, Os resíduos de decapagem favorecem a corrosão, portanto
consequentemente, maior o ataque ao substrato. Desta forma, uma lavagem final cuidadosa é indispensável, seguida de uma
para garantir uma limpeza eficiente sem que a superfície seja neutralização alcalina fraca. [8]
danificada, os banhos devem operar a uma temperatura entre
60 e 85ºC. A temperatura, conforme se pode verificar na Para um apanhado geral sobre a decapagem química, foi feito
Figura 2, é a variável mais importante para uma decapagem um fluxograma do processo, como mostrado na Figura 3. [8]
mais rápida e eficaz. O tempo de decapagem depende ainda
do tipo de carepa contida no material e da espessura do
mesmo. [9]
5/11
Os inibidores empregados em meio de ácido sulfúrico, são consequente reversão do equilíbrio da reação descrita de
inibidores que contem enxofre em sua composição: forma simplificada na Equação 2:
sulfóxidos, dibenzilsulfóxidos e tioureia que ésimilar à ureia.
[11] 𝐹𝑒𝑆𝑂4 + 𝐻2𝑂 ⇔ 𝐻2 𝑆𝑂4 + 𝐻2 𝑂 (2)
D. Aproveitamento do Efluente Gerado da Decapagem tornando-o ineficaz, ou até mesmo danoso como corretivo de
solos. Portanto deve ser submetido a uma temperatura de
Durante o processo de ataque do ácido sulfúrico aos óxidos 90ºc, para desidratar-se e se transformar em mono hidratado,
da superfície do aço, é formado o sulfato ferroso, conforme com pH 5-6, podendo então ser utilizado para correção de
Figura 4, que se mantém dissolvido na solução ácida. Esta solos alcalinos e pobres em sulfatos. [10]
solução perde sua finalidade decapante quando atinge um
teor de sulfato ferroso dissolvido em torno de 85-95%, III. MÉTODOLOGIA / COLETA DE DADOS
necessitando assim de tratamento ou descarte. [10]
Dessa maneira, através do processo de separação por ação Antes da imersão das peças no banho ácido, foram retiradas
centrífuga, é possível se separar o sulfato ferroso do ácido amostras de 250 mm de comprimento, de cada uma das oito
sulfúrico, reutilizando o último para futuras decapagens peças longas (P), para caracterização da microestrutura da
químicas. [10] superfície externa. Essa caracterização visa a medição da
profundidade do defeito superficial de cada amostra. [13]
Já o sulfato ferroso tem várias aplicações, como agente Com o objetivo de se avaliar o efeito de alguns parâmetros
floculante no tratamento de água, produção de remédios e até operacionais do banho na formação de defeitos superficiais
como fertilizante agrícola. Neste último, o sulfato ferroso nas amostras, como a concentração de ferro no ácido
hepta hidratado é pouco interessante, pois seu baixo pH, sulfúrico, a temperatura e o tempo de imersão das peças,
decorrente da quebra de sua excessiva água de hidratação e foram propostos os níveis experimentais apresentados na
Tabela 1. [13]
6/11
Tabela 1 – Variáveis e Níveis Experimentais foi realizada uma inspeção visual em todas as peças
decapadas, com o objetivo de marcar as regiões mais críticas
para serem acompanhadas durante o processo de trefila.
7/11
Tabela 3 – Desempenho do Processo de Trefilação Tabela 5 – Efeito da Temperatura no Desempenho do Processo
de Trefilação
Observa-se, pelos dados da Tabela 3, que diversos problemas E Por fim, para analisar qualitativamente o efeito da variação
ocorreram durante o processo, como rompimento da peça e do tempo no desempenho da trefila, os dados coletados foram
trepidação. Esses problemas aconteceram devido à má agrupados em 4 condições (V a VIII) e organizados na
qualidade da preparação do banho químico, uma vez que as Tabela 6.
condições de banho não estavam dentro das condições
normais do processo. Tabela 6 – Efeito do Tempo no Desempenho do Processo de
Trefilação
8/11
Comparando o agrupamento dos experimentos para a análise Tabela 8 – Efeito da Concentração Íons Ferro na profundidade do
A. Análise microscópica
9/11
Tabela 10 – Efeito do Tempo na Profundidade do Defeito nenhum efeito, provavelmente porque o banho já apresentava
a sua eficiência comprometida, sendo, portanto, indiferente
nessa condição, variar a temperatura ou o tempo.
10/11
a inferência sobre a influência destes fatores. Contudo,
observou-se que a combinação entre diferentes condições de
parâmetros podem influenciar no resultado final, por
exemplo, a combinação tempo e concentração.
VI. REFERÊNCIAS
[1] V. Chiaverini. “Aços e Ferros Fundidos”. 6ª Edição.
Publicação da Associação Brasileira de Metais. São
Paulo, 1988.
[2] http://www.acobrasil.org.br/processointroducao.asp
Em 03/04/2016, 18h55min.
[3] V. Gentil. “Corrosão”. 3ª Edição. Rio de Janeiro - RJ:
Editora LTC Livros Técnicos e Científicos S/A, 1996.
[4] http://www.cesec.ufpr.br/metalica/01/01-texto.htm.
Em 27/04/2016, 02h08min.
[5] M. L. A. Andrade, L. M. S. Cunha, C. C. Ribeiro.
“Minério de Ferro no Mundo: Retomada de crescimento.
Mineração e Metalurgia”. Área de operações industriais.
2ª Edição, 2000
[6] J. A. S. Ferreira. “Transferência de Tecnologia na
Produção de Aços Especiais”. Dissertação (Mestrado).
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
1997.
[7] M. C. Roque. “Influence of Oxidative Environments on
Damage in c/epoxy Laminates Subjected to Thermal
Cycling.” Vol.64, Augst 2004.
[8] S. F. Rudy. ‘’Pickling and Acid Dipping. Metal
Finishing.” Vol 100, Jan 2002.
[9] P. Enghag. “Steel Wire Technology. Applied Materials”.
Repro Orebo University, Jun 2002.
[10] V. P. Dias, E. Fernandes. “Fertilizantes, Uma Visão
Global e Sintética”, Abril 2010.
[11] G. Schmit. “Application of Inhibitors For Acid Media”.
Vol 19, Jun 1984.
[12] E. Castilhos. “Contribuição para a Caracterização de
Defeitos Superficiais em Barras Laminadas”. Trabalho
de Diplomação. Departamento de Metalurgia, UFRGS,
2008.
[13] M. Borges. “Tecnologia Mecânica II: Curso Técnico em
Mecânica”. São Paulo: Centro Paulo Souza, 2010.
[14] F. Fernandes, C. Genecco, R. Mariano. “Tratamento de
Superfície”. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro
de Siderurgia Centro Brasileiro de Construção em Aço,
2003.
11/11