Medicação Pré Anestesica

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Vet.

299
Anestesiologia Veterinária

Medicação Pré-Anestesica

Prof. MSc. Luís Eugênio Franklin Augusto


Médico Veterinário
CRMV-MG: 11169
Introdução:
• Medicação pré-anestesica (MPA) é o ato que
antecede a anestesia, preparando o animal para o
sono artificial, dando-lhe devida sedação,
suprimindo a irritabilidade, a agressividade e as
reações indesejáveis causadas pelos anestésicos.
Finalidade da MPA:
• Redução da dor e do desconforto;

• Viabilidade de indução direta por


anestésicos voláteis;

• Adjuvantes da anestesia local;

• Redução da excitação causada pela


indução anestésica;

• Redução de Pitialismo e sialorréia;


Finalidade da MPA:
• Redução do bloqueio vagal
causada pela indução anestésica;

• Redução do metabolismo basal;

• Potencialização com outras


drogas anestésicas.
Principais Grupos Farmacológicos:
• Fármacos anticolinérgicos;

• Fármacos tranquilizantes;
 Fenotiazinas
 Butirofenonas

• Fármacos ansiolíticos;
 Benzodiazepinas

• Hipnoanalgésicos.
 Opiáceos
 Opióides
Anticolinérgicos:
• Inibem a ação da acetilcolina (Ach) nas estruturas
inervadas pelos nervos parassimpáticos pós-
ganglionares.

• São utilizados para antagonizar os efeitos


muscarínicos da acetilcolina.

• Indicações :
• Reduzir a salivação e secreção
Brônquica;
• Aumentar a freqüência cardíaca.
Anticolinérgicos:
• Contra-indicações:
• Taquicardia e arritmia cardíaca

• Efeitos farmacológicos:
• Sistema Cardiovascular: ↑ FC, PA inalterada
• Sistema Gastrointestinal: ↓ motilidade GI, ↓ secreções
• Aparelho Respiratório: Broncodilatação, ↓ secreções
• Olho: Midríase, ↓produção lacrimal.
Anticolinérgicos:
Tranquilizantes
• Medicamentos que produzem tranquilização:
 Diminuem a agitação e agressividade;
 Sedativo, sedante e calmante sinônimos de
traquilizantes;

• Promovem tranqüilização leve e redução da


atividade motora, sem que ocorra desligamento do
paciente ao meio ambiente.
Tranquilizantes
• Características:
 Apresentam pouco efeito analgésico
 O incremento na dose não potencializa os
efeitos sedativos.
 Em altas doses pode causar efeitos
extrapiramidais.
 Efeito antiemético
Tranquilizantes
• 1° medicamentos década de 50 tratamento
de psicoses (sem produzir sono)
tranquilizanes maiores;

• Mais tarde  medicamentos tratamento das


neuroses (menos graves)  tranquilizantes
menores;

• Em MV  contenção química e MPA.


Tranquilizantes
• Conhecidos como:
▫ Neurolépticos, ataráxicos, psicoléticos,
psicolégicos, antipsicóticos e
antiesquizofrênicos;

• Classificação:
▫ Derivados Fenotiazínicos;
▫ Derivados Butirofenônicos;
▫ Derivados Rauwolfia;
▫ Ortopramidas.
Tranquilizantes
• Farmacocinética:
 Absorvidos por via oral e parenteral;
 Ampla distribuição;
 Biotransformados por:
 Oxidação, hidroxilação e conjugação;
 Eliminados pela urina e fezes;
Tranquilizantes:
• Efeitos terapêuticos e colaterias:
• Atuam:
 SNC (núcleos talâmicos, hipotálamo,
estruturas limbicas e sistema motor)
 Periferia (SNA)
 Bloqueio pre e pós-sináptico dopaminpergico;
 Efeito antiemético bloqueio dos receptores
dopaminpergicos da zona deflagadora dos
quimorrecptores;
Tranquilizantes
Tranquilizantes
• Fenotiazínicos:
• Promovem tranqüilização leve e redução da
atividade motora, sem que ocorra desligamento do
paciente ao meio ambiente.

• Características:
 Apresentam pouco efeito analgésico
 O incremento na dose não potencializa os efeitos
sedativos.
 Em altas doses pode causar efeitos
extrapiramidais.
 Efeito antiemético
Fenotiazínicos
Tranquilizantes Espécie Dose Via de adm.
maiores
Derivados
Fenotiazínicos
Acepromazina Cães e gatos 0,03-0,1 IM, IV
Suínos 0,03-0,04 IV,IM
Equínos 0,02-0,1 IV,IM
Ruminantes 0,1-0,4 IV
Clorpromazina Cães e gatos 0,4-1,0 IM
Suínos 1-2 IV,IM
Equínos 1-2 IM
Ruminantes 0,2-1 IM
Levomepromazina Cães e gatos 1,0 IV,IM
Suínos 1,0 IV,IM
Equínos 0,5-1,0 IV,IM
Ruminantes 0,3-0,5 IV,IM
Fenotiazínicos
• Efeitos farmacológicos:
 Sistema Cardiovascular: hipotensão (bloqueio
-adren.), ação antiarrítmica.

 Termorregulação (depressão central e


vasodilatação periférica)

 Outros efeitos: redução produção urina; depressão


fetal; diminuição motilidade intestinal;
relaxamento do cárdia; redução do limiar
convulsivo; prolapso peniano no cavalo.
Fenotiazínicos
Butirofenonas
• Promovem tranqüilização leve e redução da atividade
motora.

• Características:
• Têm muitas propriedades em comum com as
fenotiazinas.
• Possuem efeito antiemético potente.
• Efeitos extrapiramidais mais frequente que as
fenotiazinas.
• Efeito hipotensor.
• Causam aumento da frequência respiratória
Butirofenonas
• Butirofenonas utilizadas na Medicina Veterinária:
 Droperidol (1-2 mg/kg)

 Azaperone (Sui: 2-3 mg/kg MPA; 1 mg/kg transporte; eq.


0,8 mg/kg IM)
Ansiolíticos
• Tambem chamados de:
▫ Calmantes, pisco-harmonizantes, psico-
sedativos, estabilizantes emocionais e
tranquilizantes menores;
• Classificação:
▫ Propanodiolíticos;
▫ Β-bloqueadores adrenérgicos;
▫ benzodiazepínicos.
Ansiolítios
• Benzodiazepínicos:
▫ Farmacocinética
 Bem absorvidos VO;
 Uso IV em MPA e como anticonvulsivantes;
 Atravessam barreira hematoencefálica
Concentrações similares no SNC e sng;
▫ Biotransformação:
 Metabólitos ativos prolongam o efeito;
 Desalquilação, hidroxilação e conjugação com
ácido glicurônico.
Ansiolíticos
• Benzodiazepínicos:
• Apresentam propriedades ansiolítica,
miorrelaxante e anticonvulsivante;

• São utilizados em associação a outros fármacos,


visando potencialização mútua;

• Em pequenos animais, considerável variação


individual em resposta à sedação;

• Apresentam mínimos efeitos nos sitemas


cardiovascular e respiratório.
Ansiolíticos
• Benzodiazepínicos:
▫ Efeitos terapêuticos e colaterais dos:
 SNC sistema límbico, hipotálamo e córtex;
 Moduladores dos efeitos do GABA modificam
os receptores GABAa tornando os mais
afinidade pelo GABA maior tempo de abertura
para o Cl-  hiperpolarização celular;
Ansiolíticos
• Mecanismo de ação:
Ansiolíticos
• Antagonistas:
▫ Nos casos de uso excessivo pode ser usado;
▫ Flumazenil 0,1mg/kg/IV
Benzodiazepínicos
• Diazepam
 É o mais utilizado.
 Não é solúvel em água.
 O efeito máximo em 3 a 5 minutos e duração de 1 a 4
horas.
 Metabólitos ativos e acúmulo nas gorduras - doses
múltiplas exercem efeito cumulativo.
Benzodiazepínicos
• Midazolam
• Início de ação mais rápido e efeito mais curto.
• É hidrossolúvel.
• No homem exerce ação hipnótica
• Em eqüídeos apresenta bons resultados em
associação a fenotiazinas e cetamina
(procedimentos de emergência).
Benzodiazepínicos
Benzodiazepínico Espécie Posologia (mg/Kg)

Diazepam Cães 0,2-0,6 IM, IV


Gatos 0,5-1,0 VO (convulsão)
Bovinos 0,4 IV IM
Equinos 0,1-0,4 IV IM
Suínos 0,5-1,0 IM
Midazolam Cães e gatos 0,06-0,22 IM, IV
Equinos 0,01-0,04 IV
α-2 Agonista
• Agentes sedativos clássicos, pois promovem sedação
dose-dependente.

• Propriedades hipnóticas, miorrelaxantes e


analgésicas.

• Sedação e relaxamento musculares mais


pronunciados que outros agentes.
α-2 Agonista
• Mecanismo de ação:

α 2 – agonistas
α-2 Agonista
• Promovem diminuição da freqüência cardíaca.
• Pressão arterial apresenta duas fases: hipertensão
inicial, seguida de hipotensão.
• Redução da freqüência respiratória, do volume
corrente, e da PaO2.
• A termorregulação é alterada
α-2 Agonista
• Xilazina
 É a mais utilizada, promove boa sedação, analgesia
e relaxamento muscular.
 Bovinos são mais sensíveis.
 Observa-se relaxamento dos lábios, ptose
palpebral, protrusão de língua, salivação
abundante, mugidos, movimentação de orelha e
cauda, acomodação em decúbito esternal e lateral
 Em cães e gatos, comum ocorrência de vômito.
 Pode ser administrada por via epidural.
α-2 Agonista
• Detomidina e Romifidina
- São empregadas principalmente em eqüinos.
- Observa-se abaixamento da cabeça, com perda da
postura altiva, sem entrar em prostração.

• Medetomidina
- Recentemente desenvolvido para cães e gatos.
- Produz intensa sedação e analgesia.
- Vômito menos freqüente do que com a xilazina.
- Os gatos são mais resistentes.
α-2 Agonista
• Atipamezole
- Antagonista competitivo
- Reverte os efeitos adversos dos α2- agonistas.
www.revistacaesegatos.com.br
Hipnoanalgésicos:
• O emprego desse grupo de drogas
como MPA contribui para a analgesia
pré, trans e pós-operatória.

• Derivados da Papaver somniferum.

• Atuam na maioria das células


nervosas levando a hiperpolarização,
inibição da deflagração do potencial
de ação e inibição pré-sináptica da
liberação de neurotransmissores.
Hipnoanalgésicos:
• Produzem analgesia
ligam a receptores
específicos, localizado
no SNC, em nível
supraespinhal e espinhal
e sistema nervoso
periférico
Hipnoanalgésicos:
• Também chamados de:
▫ Analgésicos narcóticos, analgésicos fortes ou
morfino-símiles
▫ Opiáceos  compostos puros derivados do ópio
▫ opióides  substancia natural ou sintética que
produz efeito semelhantes a morfina;
• Deprimem os centros da dor, da tosse e da vigília.
• Deprimem outras regiões do cérebro: controle da
respiração, freqüência cardíaca e a pressão
sangüínea.
Hipnoanalgésicos:
• Uso do ópio combater a dor primórdios da
civilização;
• Palavra ópio (em grego significa suco) atribuida
ao médico Theopharstus (sec. III a.C.) referente
ao leite estraido da Papavera somniferum;
• 1806 Frederick Serturner descreveu a
substancia do ópio morfina (alusão a Morfeu);
Hipnoanalgésicos:
• Outros alcalóides descobertos;
• No final do sec XIX uso de alcalóides sinteticos e
semi-sintéticos  amplamente utilizados;
• Descoberta da dependência física limita-se o uso
e amplia a pesquisa;
Hipnoanalgésicos:
• Classificação:
• Alcalóides do Ópio:
▫ Morfina, codeína, papaverina e noscapina;
• Compostos semi-sintéticos:
▫ Hidromorfona, heroína, etorfina;
• Compostos sintéticos:
▫ Meperidina, fentanil, metadona;
• Compostos de ação mista:
▫ Buprenorfina, butorfanol, pentazocina
Hipnoanalgésicos:
• Receptores opiódes:
• Receptores para pepitídeos endógenos
(encefalinas e β-endorfina e dinorfina);
• Diferenças entre a distribuição anatômica entre as
espécies;
• Designados por letras gregas:
• µ (mi), Ƙ (kappa), σ (sigma) e δ(delta);
Tipo de receptor Principais efeitos Agonistas
µ (mi) Analgesia supra-espinhal, Morfina (+++)
depressão respiratória Etorfina(+++)
Euforia e dependência Fentanil(+++)
física Meperidina(+++)
Metadona(+++)
Codeína(++)
Buprenorfina(+++)
Ƙ (kappa) Analgesia medular e Morfina(+)
sedação Butorfanol (+++)
Etorfina(+++)
Meperidina(++)
Codeína (+)
σ (sigma) Disforia, alucinação Etorfina(+++)
Morfina (++)
Codeina(+)
meperidina(+)
δ(delta) Alteração do Morfina(++)
comportamento afetivo Nalorfina (+)
Fentanil(+)
Metadona(+)
Meperidina(+)
Hipnoanalgésicos:
• Mecanismo de ação;
• Atuam nas celulas nervosas hiperpolarização
inibição da deflagração do potencial de ação e
inibição pré-sinaptica da liberação de
neurotransmissor;
Hipnoanalgésicos:
Hipnoanalgésicos:
• Morfina:
▫ Melhor efeito pelas vias parenterais IM e SC;
▫ IV liberação de histamina;
▫ Ampla distribuição pelo SNC, fígado, rins e
músculos;
▫ Biotransformada  conjugação com ac.
Glicurônico;
▫ Eliminação  90% renal e 10% fezes;
Hipnoanalgésicos:
• Morfina:
▫ Ação analgésica sem interfirir na consciência;
▫ Aumentam o limiar da dor;
▫ Homen, macaco e cães causar depressão do
SNC
▫ Gatos, equinos, caprinos e suínos
hiperexcitabilidade;
▫ Diferença na distribuição dos receptores no
cérebro;
Hipnoanalgésicos:
• Morfina:
▫ Cães efeito emético;
▫ Reflexo de tosse  reduzido
▫ Depressão respiratória;
▫ Humanos, macacos e cães hipotermia;
▫ Equinos, gatos e ovinos hipertermia;
▫ Provocam constipação (redução da motilidade
intestinal);
Hipnoanalgésicos:
• Morfina:
• Uso:
Espécie Dose (mg/Kg) Via Duração
(horas)
Cão 0,25-0,5 SC,IM 3-5
Gato 0,05-0,1 SC, IM 3-4
Equino* 0,05-1 IV Ate 1h
2 EP
*Associar a tranquilizantes
Hipnoanalgésicos:
▫ Codeína:
10 x menos potencia analgesica que a
morfina;
Usada como antitussigéno (menos efeitos
colaterais que a morfina)
Efeito constipador pronunciado.
Hipnoanalgésicos:
▫ Butorfanol:
Agonista/antagonista (agonista Kappa e baixa
ação agonista Mi)
5 vezes mais potente que a morfina;
Usados em dores moderadas (efeito teto);
Potente ação antitussígena;
Melhor controle de dores viscerais;
Menor depressão respiratória que a morfina;
Equinos cólica (0,22mg/kg) IM
Hipnoanalgésicos:
▫ Buprenorfina:
Agonista Mi antagonista Kappa;
Ação em dores leves a moderada;
30 x mais ação analgésica que a morfina
Ate 8 horas de duração;
Hipnoanalgésicos:
▫ Entorfina:
Não produzida no Brasil;
Analago semi-sintético da morfina;
1000 x mais potente que a morfina;
Utilizadas em dardos para imobilização de
grandes animais: rinocerontes, elefantes e
girafas;
Utilizar sempre com a disponibilidade de
antagonistas (diprenorfina)
Hipnoanalgésicos:
▫ Entorfina:
Hipnoanalgésicos:
▫ Metadona:
Opióide sintetico;
Agonista µ e NMDA
Potencia semelhante a morfina;
Usada: IM, IV, EP e VO;
Não produz vômitos ou defecação;
Menos efeitos sedativos que a morfina;
Depressão cardiovascular mais significativa
que a morfina;
Hipnoanalgésicos:
▫ Meperidina:
10 x menos potencia que a morfina;
Menos efeito hipnotico, constipante e
antitussígeno;
Efeito espasmolítico usada em casos de
colicas em equinos;
Mais propensão p liberação de histamina
cuidado com a via IV!
Hipnoanalgésicos:
▫ Tramadol:
Alta seletividade p receptores µ, porém com
baixa afinidade;
Potencia analgesica 10 vezes menores que a
morfina
Hipnoanalgésicos:
▫ Tramadol:
Possui segundo mecanismo de ação:
Inibe a recaptação de noradrenalina e libera
serotonina  maior potencia analgésica;
Uso IM, IV e VO.
Também usado em casos de contra-indicação
dos AINES e AE
Opióides:
• Naloxona
- Antagonista puro.
- Utilizado para reverter os efeitos indesejáveis dos
opióides

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