Teoria Linguística No Ensino de Língua Materna
Teoria Linguística No Ensino de Língua Materna
Teoria Linguística No Ensino de Língua Materna
RESUMO
Este artigo apresenta uma forma de pensar em língua que contribui, simultaneamente, para o
exercício do pensamento científico e para o ensino escolar de gramática. Para que o contexto
educacional tenha êxito no que diz respeito à linguagem, é importante compreender duas
instâncias linguísticas: teoria linguística e metodologia de ensino de língua materna. As
teorias linguísticas modernas nos permitem organizar as etapas linguísticas de modo que o
papel da escola melhor delineado, já que este arcabouço teórico contém uma metalinguagem
que, uma vez dominada, torna-se um instrumento valioso para desenvolver a capacidade de
depreender regras. Pretendemos identificar problemas e analisar uma proposta para o ensino
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1
Doutora em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). Professor
Adjunto da Universidade Federal do R io de Janeiro. Lattes: http://lattes.cnpq.
br/8298681001584769. E-mail: [email protected].
2
Doutora em Letras Vernáculaspela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015).
Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lattes:http://lattes.cnpq.
br/2583126895056839.E-mail:[email protected].
3
Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014). Professor da
Fundação Oswaldo Cruz. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3004815500581389. E-mail:
[email protected]@fiocruz.br.
PEDERNEIRA, I. L.; MELO, E. A. S.; VILAÇA, M. M. Teoria linguística e ensino de língua materna na Educação Básica.
Policromias – Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som, v. 6, n. 3, p. 260-291, set.-dez. 2021.
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linguagem. O resultado é uma proposta de ensino que desenvolva o domínio ativo da língua
nativa por parte dos alunos seja na fala ou suas modalidades artificiais da leitura e escrita.
PALAVRAS-CHAVE
teoria linguística e ensino; metodologia ativa de ensino; parâmetro do sujeito.
ABSTRACT
This article presents a way of thinking in language that contributes, simultaneously, to the
exercise of scientific thinking and to the teaching of grammar in schools. For the educational
context to be successful with regard to language, it is important to understand two linguistic
instances: linguistic theory and mother tongue teaching methodology. Modern linguistic
theories allow us to organize linguistic stages so that the role of the school is better delineated,
since this theoretical framework contains a metalanguage that, once mastered, becomes
a valuable instrument to develop the ability to understand rules. We intend to identify
problems and analyze a proposal for teaching mother tongue in Basic Education, relating
linguistic principles to the demands of teaching mother tongue. The linguistic phenomenon
of the subject parameter in Brazilian Portuguese will be the foundation of the theoretical-
methodological proposal. The reason for this is that the syntactic structure is the starting
point for phonological and semantic readings and, therefore, learning to see, describe and
explain it contributes to the ability to master the mechanisms of language. The result is a
teaching proposal that develops active mastery of the native language by students, whether
in speech or its artificial modalities of reading and writing.
KEYWORDS
linguistic theory and teaching; active teaching methodology; parameter of the subject.
A educação formal no Brasil tem sido alvo das mais diversas e severas
científico do país (SANTOS, 2007; VIANA; LIMA, 2010); e, por outro, como
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por parte do poder público, as quais são alvo de muitas críticas por parte da
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metodologias de trabalho.
tem consciência muito clara de qual seja a sua tarefa. É por essa razão que
habilidades de domínio.
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apenas para ressaltar que esta deve ser deixada de lado em prol do
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f unda menta is de líng ua desenvolv idos em ling uíst ic a gerat iva são
para uma e outra? Quais as habilidades são e devem ser preconizadas nas
ref letir sobre os problemas presentes nas redações dos documentos que
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Foi apenas no Século XIX (cf. Soares, 1996) que a disciplina de Português
passou a fazer parte da ementa escolar no Brasil e essa entrada tardia nas
aos filhos dos portugueses, o que implicava que eles recebessem uma
que foi copiado para o ensino de português. Assim, assumia-se que para
saber português era preciso saber gramática tal qual ocorria no Latim e
considerada valorizada.
salas de aula brasileiras, o fato de que durante muito tempo poucos foram
os estudos que descreviam essa língua. Ensinar português era, logo, uma
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tarefa árdua: o que mais uma vez justificava o movimento por aproximar a
o português como se fosse uma língua não materna (cf. Malfacini, 2015).Em
escola por parte da população que não compunha a elite financeira nacional.
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aos seguintes regimentos: PCNs4 (1998), PCNs (2000)5 , PCNs+ (2002)6, OCNs7
4
PCNs (1998) – Parâmetro Curricular Nacional (1998)
5
PCNs (2000) – Parâmetro Curricular Nacional (2000)
6
PCNs (2002) – Parâmetro Curricular Nacional (2002)
7
OCNs - Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2006)
8
BNCC - Base Nacional Comum Curricular (2017/2018)
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BNCC, se assume:
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até os dias at uais – 2021 -, ainda que sejam g uardadas as dev idas
dos estudantes da OCDE que, em si, já são fracos. Isto significa que a
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destas duas áreas de estudo. Logo, o aluno que não sabe ler não sabe
escrever e vice-versa.
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o conhecimento seria algo inato, a priori, que deve ser rememorado. Para
provar sua tese, Platão mostra como até mesmo um escravo (alguém carente
sabe algo, Sócrates leva o escravo a uma situação aporética, que retira do
que sabe (sem saber), leva-lo à aporia (fazendo-o tomar consciência da sua
ignorância, ou seja, saber que não sabe), para, após, pela rememoração de
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1) “SO. Presta pois atenção para ver qual das duas coisas ele se revela
[após, pelo método dialético, levar o escravo a crer que sabe uma
e sim estou perguntando tudo? Neste momento, ele pensa que sabe
SO. E sabe?
SO. Mas acredita, sim, que <a superfície será formada> a partir da
MEN. Sim”.
[após levar o escravo à aporia acerca do que ele cria saber como
<Estás te dando conta> de que no início não sabia qual era a linha
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então a alma imortal e tendo nascido muitas vezes, e tendo visto tanto as
coisas <que estão> aqui quanto as <que estão> no Hades, enfim todas as
coisas, não há o que tenha aprendido; de modo que não é nada de admirar
aquelas coisas justamente que já antes conhecia. Pois, sendo a natureza toda
congênere e tento a alma aprendido todas as coisas, nada impede que, tendo
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Hume. Vanzo (2016: 257) afirma que, “de acordo com a narrativa padrão,
confiável. O empirismo, por sua vez, sustenta que não há nada na mente
que não tenha passado, antes, pelos sentidos. A ssim, não haver ia a
seja, a partir da experiência e do contato que temos com ela por meio
dos sentidos. Há, então, uma espécie de disputa razão versus sentidos
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do racionalismo não metaf ísico (K ant). Embora não seja o caso de,
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são vazios; intuições sem conceitos são cegas’”. Dito de outro modo,
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e, assim, seja possível que as pessoas falem uma língua natural. Para além
disso, conta-se com a competência linguística de uma criança aprendiz de
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de ensino regular, desde que ela seja exposta aos assim chamados “dados
convívio social. Nos seus primeiros anos de vida, a simples exposição à fala
de uma língua são processos distintos. De acordo com esta teoria, o processo
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a ssim c omo o de out ra s cog nições, é med iado por uma sequência
do próprio conhecimento.
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Por outro lado, Chomsky argumentou que a tese de Piaget não era
plausível, uma vez que avanços nas ciências cognitivas apontavam para
cedo do que Piaget estava propondo. Ainda acrescentou o fato de que recém-
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humano é o único ser capaz de adquirir uma (ou mais) língua(s), através
dos dados ling uíst ic os universa is. E ssa ex posiç ão à s infor maçõe s
seja possível, haja ex posiç ão aos est ímu los ling uíst icos dent ro do
linguagem, bem como outras cognições inatas (FR ANÇA; LAGE, 2013).
Dados Primários (FR ANÇA; LAGE, 2013). Após esse período, a relação
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Isso quer dizer que a escola tem sua participação ancorada nos preceitos
escolar requer, assim como qualquer estado que nos afaste da natureza e
tudo escrito em Portugal, no século XIX (PAGOTTO, 1998). Este modelo foi
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deste Parâmetro.
que as frequências de uso de construções como (1) são cada vez maiores na
uso de Sujeito Nulo varia do século XVI ao século XIX entre 55% e 46%. Ao
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que atuam sobre o PE. Estamos fazendo referência ao fato de que sentenças
PB como o bebê do qual se fala. No PE, por outro lado, a única interpretação
principal, portanto “eu”. A sentença teria uma leitura estranha, mas ainda
do verbo “ir” não finito pode ser correferente a “você” ou expressar uma
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Europeu. Tal fato indica que, na sintaxe do PE, não é possível alçar para
derivável no PB.
destas duas áreas geográficas não são idênticas. Tratá-las de modo igual
de Portugal não está aqui sendo proposta como uma questão de variação,
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5. Considerações finais
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linguísticas que vão além da fala, tais como a leitura e a escrita. Além
qual versão de gramática será aquela desenvolv ida nas escolas. Para
de estudos gerativistas.
Educação/Ensino de língua.
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Referências
PEDERNEIRA, I. L.; MELO, E. A. S.; VILAÇA, M. M. Teoria linguística e ensino de língua materna na Educação Básica.
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