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Tubarão-SC
2018
© 2018 by Wagner Tenfen, Danielle Nicolodelli Tenfen e Elsio José Corá
Diagramação e capa
Rita Motta
Impressão
Gráfica e Editora Copiart
Caros leitores,
Os organizadores
Sumário
1.1 A Ciência......................................................................................................11
1.2 Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS(A)).............................................12
1.3 Natureza da Ciência e método científico.................................................15
1.4 Tipos de Conhecimento.............................................................................20
Referências.........................................................................................................22
2.1 Introdução....................................................................................................27
2.2 O que é pesquisa?........................................................................................28
2.3 Classificação das pesquisas........................................................................30
Referências.........................................................................................................37
4.1 Apresentação..............................................................................................103
4.2 Divulgação do trabalho científico...........................................................105
4.3 Divulgação científica na escola................................................................111
Referências.......................................................................................................117
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
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P es q uis a r n a Es c o la
1.1
A Ciência
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
1.2
Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS(A))
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P es q uis a r n a Es c o la
essa visão: desenvolvimento científico gera desenvolvimento tecnológico
que gera desenvolvimento econômico que gera, por último, desenvolvi-
mento social. Neste modelo, a Ciência possui um caráter salvacionista, ou
seja, é entendida como capaz de responder às necessidades e problemas da
sociedade sem implicações negativas. A Tecnologia, por sua vez, consiste
pura e simplesmente na aplicação da Ciência, e permite o desenvolvimento
econômico ao possibilitar a construção de máquinas para indústria, de ins-
trumentos que facilitam o trabalho do homem, aumentam a produtividade,
reduzem os custos etc. Contudo, essa visão linear ignora, por exemplo, a di-
mensão ambiental representada por alguns pesquisadores pelo “A” na sigla
CTSAe por outros, implícita no contexto da Sociedade e no qual o homem
atuou desde os primórdios da vida na Terra.
Porém, com sinais claros de que os recursos ambientais estão se es-
gotando, com a emissão de gases poluentes, com o aquecimento global, o
olhar humano está se voltando mais para a Natureza, e a relação CTS(A)
torna-se uma discussão cada vez mais necessária e urgente. No “Modelo
Tradicional” de se pensar o desenvolvimento científico, tecnológico e a im-
plicação destes na sociedade e no ambiente, o papel do cientista é de um
sujeito objetivo, imparcial e que se mobiliza em função do bem da hu-
manidade (AULER; DELIZOICOV, 2006). O esquema seguinte apresenta
o Modelo tradicional/linear de progresso da Ciência, no qual DC repre-
senta Desenvolvimento da Ciência; DT, Desenvolvimento Tecnológico; DE,
Desenvolvimento Econômico e DS, Desenvolvimento Social.
DC → DT → DE → DS
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
após adquirir um conjunto de conhecimentos (teorias) no ambiente escolar.
Portanto, não existe uma troca entre teoria e prática, mas uma via de mão
única, da teoria estudada na escola para a prática na vida cotidiana.
A partir das restrições e limitações da relação CTS descrita (visão
linear) e pela necessidade de repensar a democratização do conhecimento,
da tecnologia e a preservação do ser humano e do ambiente como focos
de múltiplas correntes ideológicas, o estudo CTS corresponde a um campo
bem consolidado, heterogêneo e interdisciplinar. Além disso, “Ciência” e
“Sociedade” mantêm entre si uma relação sistêmica, orgânica, indissociável,
de dualidade, de mútua influência, no espaço e no tempo, de tal forma que
ao se descrever a primeira também se faz referência à segunda, e vice-versa.
Logo, pensar a Ciência é pensar a Sociedade, e a relação destas com o am-
biente e com a Tecnologia.
Em uma visão crítica, portanto, o CTS busca compreender a di-
mensão social da Ciência e da Tecnologia, considerando desde os aspec-
tos que dão origem ao desenvolvimento científico e tecnológico (interes-
se econômico, valores morais, pressões políticas etc.) até as suas conse-
quências sociais e ambientais (cultura, política, economia etc.). No âm-
bito do Ensino ainda representa um desafio para professores e alunos, pois
tem como base a interdisciplinaridade e ocorre, muitas vezes, de maneira
isolada e em projetos específicos.
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P es q uis a r n a Es c o la
1.3
Natureza da Ciência e método científico
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
b) a observação não é completamente livre de uma teoria como se su-
punha até então – para exemplificar isso, pode-se pensar em figuras de
“Gestalt”1. Esta área da psicologia prevê que pessoas observem ima-
gens diferentes a partir de uma mesma figura apresentada (Institu-
to Gestalt de São Paulo, 2001). Não iremos discutir aqui os
aspectos psicológicos envolvidos, mas utilizamo-nos deste fato para
exemplificar a possibilidade de observações diferentes por indivíduos
diferentes dentro de um mesmo contexto científico e que corresponde
a uma fraqueza do método defendido por Francis Bacon2.
1
Obtenha mais acessando estes links: <http://www.gestaltsp.com.br>; <https://www.
youtube.com/watch?v=kDaE3I3S8qY>.
2
Veja este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=JMJXvsCLu6>.
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P es q uis a r n a Es c o la
Da mesma forma que no modelo anterior, o Falsificacionismo tam-
bém possui suas limitações. Segundo Chalmers (1993, p. 90), “as afirmações
do falsificacionista são seriamente solapadas pelo fato de que as proposi-
ções de observação dependem da teoria e são falíveis”. Isto pode ser visto
imediatamente quando se lembra da particularidade lógica invocada pelo
falsificacionista em apoio à sua afirmação. Se são dadas proposições de ob-
servação verdadeiras, então é possível deduzir logicamente a falsidade de
certas proposições de observação, enquanto não é possível deduzir a verda-
de de qualquer proposição de observação. Esta não é uma questão excep-
cional, mas está baseada na suposição de que proposições de observação
perfeitamente seguras estão disponíveis.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
eles deixam de levar em conta as complexidades das
principais teorias científicas. Nem a ênfase indutivista
ingênua na derivação indutiva das teorias da observa-
ção, nem o esquema falsificacionista de conjecturas e
falsificações são capazes de produzir uma caracterização
adequada da gênese e crescimento de teorias realistica-
mente complexas.
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Além dos epistemólogos citados, podemos elencar outros, como
Hume, Lakatos, Fleck, Bachelard, e ainda alguns que podem ser conside-
rados mais radicais, como é o caso de Paul Feyerabend que criticava a exis-
tência de um método científico que viesse a definir um conhecimento como
Ciência e outro não. Após a publicação de seu livro Contra o Método, pas-
sou a ser considerado por muitos como um “anarquista espistemológico”
(FEYERABEND, 1977).
Diante do exposto, podemos entender que o método científico pos-
sui um caráter plural, ou seja, não há um único método científico cor-
reto e infalível para produzir conhecimento científico. Isso não significa
que não existam métodos para se fazer ciência. Muito pelo contrário, temos
de admitir uma diversidade de métodos válida e importante de acordo com
o contexto e objetivo da investigação científica que se propõe. Aspectos
relacionados à pesquisa científica e à metodologia serão discutidos em um
módulo seguinte.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
1.4
Tipos de Conhecimento
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P es q uis a r n a Es c o la
natureza se manifesta e cabe aos cientistas, possuidores de uma capacidade
diferenciada dos demais cidadãos, ler os sinais indicados.
Contudo, não podemos afirmar qual conhecimento tem mais valor
ou é melhor, pois são produzidos em contextos diferentes, possuem carac-
terísticas específicas quanto à forma de divulgação e principalmente, o “co-
nhecimento científico” (produzido no âmbito acadêmico) tem um caráter
de sistematização, o qual não é necessário ao conhecimento construído
nas experiências cotidianas. Este último, referenciado como “conhecimen-
to de senso comum” pode ser utilizado no contexto correto e produzir
resposta esperada para o problema enfrentado tanto quanto o conheci-
mento científico. Por exemplo, muitos agricultores sabem o momento certo
de preparar a terra, plantar, colher, sem que necessariamente tenham um
conhecimento sistemático e letrado (MARCONI; LAKATOS, 2008).
São também apontados como tipos de conhecimentos: conhecimen-
to filosófico e conhecimento religioso. Este último, como todo conheci-
mento, nasce na necessidade natural de buscar explicações para nossas dú-
vidas; porém, apoia-se em aspectos sobrenaturais. São exemplos clássicos
desse tipo de conhecimento a Mitologia e as religiões monoteístas como
Islamismo, Cristianismo e Judaísmo. O conhecimento filosófico nasce nas
indagações dos Gregos a partir do que é “verdade” (CHAUÍ, 2005), o “bem
e o mal”, a “ética”, entre outras reflexões. Surgem nomes e escolas que se
dividem em: antes de Sócrates e depois de Sócrates. Entre os pré-socráticos,
temos: Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito, Anaxágora, Zenão, Demócrito,
entre outros. Os posteriores a Sócrates são: Platão, Sócrates e Aristóteles
(CHASSOT, 2004).
Os conhecimentos podem ser sistematizados no quadro a seguir:
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Quadro 1 – Caracterização dos conhecimentos
Referências
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CHASSOT, A. A ciência através dos tempos. 2. ed. São Paulo: Editora Mo-
derna, 2004.
GESTALT. 2012. 1 post (5 min 52 s). Postado em: 2012. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=kDaE3I3S8qY>. Acesso em: 26 mar.
2015.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Módulo 2
a pesquisa científica
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
2.1
Introdução
27
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
2.2
O que é pesquisa?
28
P es q uis a r n a Es c o la
então precisamos, inicialmente, promover em nossos estudantes habili-
dades como essas.
Toda pesquisa inicia-se com a elaboração de um projeto de pesqui-
sa que irá mapear, de forma sistemática, como realizar a pesquisa, ou
seja, o caminho a ser percorrido durante a pesquisa, a fim de que as ações
sejam planejadas, evitando assim, que se perca tempo realizando ações des-
necessárias para o êxito da investigação.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
2.3
Classificação das pesquisas
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2.3.2 Classificação das Pesquisas Segundo sua Finalidade ou Natureza
Segundo Gil (2010, p. 26), “[...] uma das maneiras mais tradicionais
de classificação das pesquisas é a que estabelece duas grandes categorias,
denominadas de pesquisa básica e pesquisa aplicada”.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Desenvolvimento experimental: Trabalho sistemático, que utiliza
conhecimentos derivados da pesquisa ou experiência prática com
vistas à produção de novos materiais, equipamentos, políticas e
comportamentos, ou à instalação ou melhoria de novos sistemas
de serviços.
Toda pesquisa tem seus propósitos, e, para cada uma delas, são tra-
çados objetivos particulares, que tendem a ser diferentes dos objetivos de
qualquer outra pesquisa. Gil (2010, p. 27) explica que, em relação aos ob-
jetivos mais gerais, as pesquisas classificam-se em: pesquisa exploratória,
descritiva e explicativa.
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Pesquisa explicativa: visa à identificação de fatores que determi-
nam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Dessa forma,
estuda e descreve características ou relações existentes na comuni-
dade, grupo ou realidade estudada. Esse tipo de pesquisa é a que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois explica a razão, “o
porquê” das coisas. Sendo assim, é complexa e delicada, já que o risco
de cometer erros aumenta consideravelmente. Quando realizada em
pesquisas na área das Ciências Sociais, requer o uso do método obser-
vacional e em pesquisas na área de Ciências Naturais requer o uso do
método experimental. Utiliza-se de técnicas padronizadas para coleta
de dados, como questionário e observação. Assume a forma de pes-
quisa experimental e ou quase experimental (GIL, 2002, p. 43).
Gil (2010, p. 28) destaca que “[...] para avaliar a qualidade dos re-
sultados de uma pesquisa, torna-se necessário saber como os dados foram
obtidos, bem como os procedimentos adotados em sua análise e interpreta-
ção”. Justifica-se, então, o surgimento de sistemas que classificam as pesqui-
sas segundo a natureza dos dados em pesquisa quantitativa e qualitativa,
em relação ao ambiente em que estes dados foram coletados em pesquisa de
campo ou de laboratório, em relação ao grau de controle das variáveis em
pesquisa experimental e não experimental etc.
A seguir apresenta-se uma síntese de cada um dos tipos de pesqui-
sas, segundo seus procedimentos técnicos, a qual é extraída de Gil (2010):
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
e periódicos disponibilizados na Internet. Esse tipo de pesquisa é
comum em qualquer área de conhecimento.
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à descoberta, enfatiza a interpretação em contexto, retrata a reali-
dade de forma completa e profunda, usa uma variedade de fontes
de informação, representa os diferentes ou conflitantes pontos de
vista presentes em uma situação social e deve apresentar linguagem
e forma acessível.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Pesquisa participante: consiste na participação, interação real do pes-
quisador com a comunidade ou o grupo investigado. A pesquisa pode
acontecer de duas formas: natural, quando o pesquisador pertence à
mesma comunidade ou grupo investigado; artificial, quando o pes-
quisador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.
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P es q uis a r n a Es c o la
classificá-las e analisá-las. Utiliza recursos e técnicas estatísticas
(percentagem, desvio padrão, moda, média etc.). O tema pesquisa-
do é claro e familiar.
Referências
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Módulo 3
O trabalho com projetos de
pesquisa científica
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
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P es q uis a r n a Es c o la
3.1
Como montar seu projeto de pesquisa?
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.2
O passo a passo do projeto de pesquisa
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P es q uis a r n a Es c o la
3.2.2 2o passo – A escolha do tema
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Na estruturação de um projeto, é importante que você tenha em
mente aonde quer chegar. Logo, é importante que seja respeitado o ní-
vel de conhecimento de cada aluno e que a escolha do tema seja feita
preferencialmente no início do ano letivo, levando-se em consideração os
seguintes fatores, que podem interferir na escolha do tema:
• Fatores Internos:
1. Afinidade ou alto grau de interesse pelo tema escolhido.
2. Capacidade de conciliar as atividades do projeto com outras ativida-
des não relacionadas com o projeto.
3. Consciência do grau de conhecimento e da capacidade do pesquisador.
4. Pessoas para auxiliar e dar apoio: digitador, desenhista, entre outros.
• Fatores Externos:
1. Importância e significância do tema escolhido para a comunidade
em geral.
2. Tempo exigido para a execução do projeto de pesquisa.
3. Acesso a fontes de consulta, dados, pesquisa de campo.
4. Custos para a execução do projeto.
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P es q uis a r n a Es c o la
3.2.4 4o passo – Determinação dos instrumentos de coleta de dados
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• Tabulação: os dados coletados poderão ser apresentados em tabelas
ou gráficos.
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• Objetivo geral: redigido em uma única frase. Tem relação com
o problema levantado.
• Objetivos específicos: visam a confirmar as hipóteses levanta-
das. Para cada hipótese levantada, estabelece-se mais de um ob-
jetivo específico. Na elaboração do objetivo geral e dos objetivos
específicos, os verbos usados devem estar no infinitivo.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.3
Fontes de pesquisa e gênero textual
Contextualização do assunto
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atualidade, é incompatível com nossa condição humana de acompanha-
mento. Desse modo, é fundamental que tenhamos a capacidade de direcio-
nar nossas buscas e nossas escolhas para aquilo que é realmente necessário
e aplicado ao nosso objetivo. Sobre este assunto, Consolaro (2000, p. 32)
afirma que devemos “[...] privilegiar as boas fontes de informação, selecio-
nar criteriosamente; a partir daí, utilizá-las atentamente, de forma analítica,
refletindo e questionando para que a sedimentação se faça naturalmente”.
A busca e leitura de textos científicos sobre o assunto a ser estudado
é chamada de revisão da literatura e, para que possamos executar uma re-
visão da literatura precisa e adequada, precisamos conhecer esta literatura.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
ele e sua equipe têm feito. Já a comunicação formal é normalmente escrita,
sendo conhecidas como publicações científicas, as quais compõem a lite-
ratura científica.
Convém ressaltar que a literatura não científica é diferente da lite-
ratura científica pelo tipo de conteúdo e forma apresentada. Na literatura
científica, trata-se de uma expressão artística, que pode ter caráter histórico,
documental, biográfico e, muitas vezes, é fruto de ficção.
Outra característica da literatura científica é que todas as suas for-
mas de publicação seguem um fluxo comum (MÜELLER, 2000). A pes-
quisa é normalmente iniciada através da confecção de planos e projetos de
pesquisa escritos e, após provados, posteriormente, vem a ser desenvolvi-
dos. Seus resultados parciais são apresentados em reuniões científicas, con-
gressos e simpósios, e seus resumos são publicados em livros de anais. Estes
resultados parciais representam a primeira etapa da comunicação científica.
Posteriormente, a pesquisa é concluída e os relatórios finais são apresenta-
dos e, por fim, são enviados para publicação em revistas especializadas e de
cunho científico, nas quais, para êxito pleno, os trabalhos passam pelo crivo
de revisores que, então, decidirão sobre a existência de qualidade para pu-
blicação. Quando o artigo for publicado, passará a fazer parte de coleções de
bibliotecas virtuais e bases de dados. Os resultados da pesquisa passam, por
conseguinte, a fazer parte de artigos de revisão da literatura. Estes artigos
são sistematizados e passam a ser citados em livros textos e livros didáticos.
Em algumas áreas, o conhecimento científico evolui de forma rápi-
da e, consequentemente, torna-se desatualizado em um curto intervalo de
tempo. Pense nos pesquisadores da área de genética, especialmente aqueles
que estudam o DNA. Há pouco mais de 50 anos, não se conhecia a estru-
tura do DNA, e há pouco mais de dez anos, clones e genomas eram ainda
previsões teóricas. Portanto, reflita: “se um pesquisador da área de genética
estudar apenas pelos livros, quanto tempo demorará para ter acesso a infor-
mações sobre os experimentos atuais?”.
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P es q uis a r n a Es c o la
3.3.1.2 Classificação da literatura científica – fontes bibliográficas
• Fontes primárias
As fontes primárias são aquelas que têm a interferência do próprio
autor da pesquisa (MÜELLER, 2000), também podem ser conside-
radas aquelas que contêm resultados originais ou propostas inéditas
apresentadas pelo autor (ABRAHAMSOHN, 2004). Há vários exem-
plos, ou seja, o pesquisador escreve os relatórios parciais e finais,
os resumos para congressos e os artigos para publicação original de
seus dados. As fontes primárias, as mais lidas e mais fáceis de serem
obtidas para leitura e pesquisa, são, sem dúvida, os artigos originais
publicados em revistas.
3
Este Diretório está disponível no sítio: <www.lattes.cnpq.br>.
51
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
(SCIELO)4. Durante sua pesquisa, esta base de dados lhe proporcionará
acesso à literatura de qualidade de forma rápida e gratuita.
Atualmente, a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-
vel Superior (CAPES) possui um portal de Periódicos de Acesso Livre5, por
meio do qual todos têm acesso a revistas que disponibilizam seus artigos
para cópia ou impressão.
• Fontes secundárias
Fontes secundárias são aquelas que apresentam uma forma organi-
zada das fontes primárias (MÜELLER, 2000). Estas informações são
filtradas e organizadas de forma a facilitar a compreensão e o traba-
lho do leitor.
Consideram-se fontes secundárias artigos de revisão da literatura,
livros textos, manuais, dicionários, enciclopédias, tabelas, entre ou-
tros. Sua principal vantagem é a facilidade de obter informações de
vários resultados de pesquisas em apenas uma fonte pesquisada e
lida. As possíveis desvantagens são aquelas descritas anteriormente.
No portal da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), há um portal de Periódicos de Acesso Li-
vre6. Tabelas estatísticas que servem como fontes secundárias são
também obtidas em sítios oficiais, um exemplo são as tabelas do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)7 e o Ministério da
Saúde (MS)8.
4
Esta biblioteca pode ser consultada em <www.scielo.br> ou sua versão ampliada para
toda ibero-américa em <www.scielo.org>.
5
Este portal de acesso livre pode ser obtido no endereço eletrônico: <www.capes.gov.br>
(clicar no banner “periódicos” e, posteriormente, “periódicos de acesso livre”.
6
Acesse a aba “Área de Patentes”, “Estatísticas”, “Livros e outras Fontes”, e acesse textos
completos no endereço eletrônico: <www.capes.gov.br – periódicos>.
7
Ver: <www.ibge.br>.
8
Consultar: <www.saude.gov.br>.
52
P es q uis a r n a Es c o la
• Fontes terciárias
As fontes terciárias são os serviços que objetivam guiar o usuário
para acessar fontes primárias e secundárias. Dentre estes serviços,
podemos destacar as bases de dados, bibliotecas virtuais, catálo-
gos de publicações. Base de dados é um sistema que pode arma-
zenar grandes quantidades de informação de uma forma estrutu-
rada, de modo que possibilite buscas através do nome do autor, de
palavras-chave ou, ainda, de local de publicação.
As bases de dados são bibliográficas quando apresentam referência
de documentos (artigos, revistas, livros ou teses) com ou sem resu-
mo. Por exemplo, temos na área de Ciências Naturais (Biológicas,
Agrárias e Saúde) as bases MEDLINE e LILACS que podem ser pes-
quisadas no site da Biblioteca Virtual da Saúde9.
Com base nos objetivos do que se pretende estudar, você deve fazer
um elenco de assuntos relacionados ao seu tema, através de palavras-chave
(VOLPATO, 2004), em seguida realizar buscas nas fontes terciárias, secun-
dárias e primárias. Um bom início, além das bibliotecas virtuais apresenta-
das a seguir nos sites relacionados.
9
Verificar: <www.bireme.br>. Acesser “Pesquisa em bases de dados”.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
que desejamos ou necessitamos utilizar para fundamentar nossos estudos,
nossas posições e interpretações; porém, jamais podemos dar a impressão
de que alguma informação ou ideia que foi retirada de uma fonte bibliográ-
fica seja nossa, ou seja, a fonte deve sempre estar explícita, o que chamamos
de citação.
É completamente natural que, na atualidade, nossos textos estejam
permeados de citações. Com o avanço da ciência, não é possível que rea-
lizemos um trabalho científico sem a revisão da literatura e, consequente-
mente, sem o uso de citações. Com a citação, fica creditado aos autores seu
trabalho, autenticando as datas e situações de descobertas. Cumpre esclare-
cer que, além de deselegante e antiético, é criminosa a apropriação de ideias
e trechos de obras de autores sem a devida citação da autoria.
Uma dica importante é que, quando você estiver lendo os textos ob-
tidos durante a revisão de literatura anote imediatamente a fonte que lhe
interessou de forma a facilitar a construção de um texto com as devidas
citações. Nunca realize transcrições de trechos de textos sem anotar a fon-
te, pois mais tarde será impossível correlacionar corretamente os autores
a suas ideias e obras. Quando inadvertidamente não atentar para isso, o
trabalho árduo de revisão de literatura, leitura e resumo pode ser perdido
em sua totalidade.
54
P es q uis a r n a Es c o la
que ele seja reconhecido pela comunidade de usuários. No caso de textos
científicos, que eles sejam aceitos por esta comunidade. Vale lembrar que,
ao longo do tempo, estas formas de comunicação mudam e sofrem interfe-
rências diretas do meio social em que vivemos e muitas vezes são necessárias
para satisfazer uma necessidade comunicativa. Por isso, gêneros textuais tam-
bém podem ser entendidos como “fenômenos históricos, os quais estão pro-
fundamente vinculados à vida cultural e social” (MARCUSCHI, 2002, p. 19).
Nesse sentido, é preciso que chamemos a atenção para o fato, pois
o texto é uma forma de interação entre que lê e quem escreve, e os inter-
locutores são sujeitos ativos que na leitura se constroem e são construídos,
desenvolvendo valores, concepções e conhecimentos. Este fato nos leva a
perceber que devemos usar de modo adequado todos os recursos da língua
culta, permitindo ao leitor uma interação positiva com o texto, levando-o a
compreender e interessar-se pelo tema estudado.
Com base nessas definições e premissas, nossa preocupação passa a
ser o estilo do texto10.
Para Gil (2007), os projetos de pesquisa são elaborados com a fina-
lidade de serem lidos por professores pesquisadores incumbidos de ana-
lisar suas qualidades e limitações. Espera-se, portanto, que seu estilo seja
adequado a esses propósitos. Embora cada pessoa tenha seu próprio estilo,
ao se redigir o projeto, convém atentar para certas qualidades básicas da
redação, que são apresentadas a seguir:
• Impessoalidade
• O relatório deve ser impessoal. Convém, para tanto, que seja redi-
gido na terceira pessoa. Referências pessoais, como “meu projeto”,
“meu estudo”, e “minha tese” devem ser evitadas. “São preferíveis ex-
pressões como: “este projeto”, “o presente estudo” etc. Objetividade
Textual (LEITÃO; SILVA, 2011); A relação entre prática social e gênero textual: questão de
pesquisa e ensino (BONINI, 2009).
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• O texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que a se-
quência seja desviada com considerações irrelevantes. A argumen-
tação deve apoiar-se em dados e provas e não em considerações e
opiniões pessoais. Clareza
• As ideias precisam ser apresentadas sem ambiguidade, para não
originar interpretações diversas. Deve ser utilizado um vocabulário
adequado, sem verbosidade, sem expressões com duplo sentido e
evitar palavras supérfluas, repetições e detalhes prolixos. Precisão
• Cada palavra ou expressão deve traduzir com exatidão o que se quer
transmitir, em especial no que se refere a registros de observações,
medições e análises. As ciências possuem nomenclatura técnica espe-
cífica que possibilita conferir precisão ao texto. O redator do relatório
não pode ignorá-las. Para tanto, o pesquisador deverá recorrer a di-
cionários especializados e a outras obras que auxiliem a obter precisão
conceitual. Deve-se evitar o uso de adjetivos que não indiquem cla-
ramente a proporção dos objetos, tais como: pequeno, médio, gran-
de, bem como expressões do tipo: quase todos, uma boa parte etc.
Também se deve evitar advérbios que não explicitem exatamente o
tempo, o modo e o lugar, por exemplo: recentemente, antigamente,
lentamente, algures, alhures, e provavelmente. Deve-se preferir, sem-
pre que possível, o uso de termos passíveis de quantificação, já que são
estes os que conferem maior precisão do texto. Coerência
• As ideias devem ser apresentadas em uma sequência lógica e orde-
nada. Poderão ser utilizados tantos títulos quanto forem necessários
para as partes dos capítulos; sua redação, porém, deverá ser unifor-
me, iniciando com verbos ou com substantivos. O texto deve ser ela-
borado de maneira harmoniosa. Para tanto, deve-se conferir espe-
cial atenção à criação de parágrafos. Cada parágrafo deve referir-se
a um único assunto e iniciar-se de preferência com uma frase que
contenha a ideia-núcleo do parágrafo – o tópico frasal. A essa ideia
56
P es q uis a r n a Es c o la
básica, associam-se pelo sentido outras ideias secundárias, mediante
outras frases. Deve-se, também, evitar redigir um texto no qual os
parágrafos sucedem-se uns aos outros como compartimentos estan-
ques, sem nenhuma fluência entre si. Concisão
• O texto deve expressar as ideias com poucas palavras. Convém,
portanto, que cada período envolva no máximo duas ou três linhas.
Períodos longos, abrangendo várias orações subordinadas, dificul-
tam a compreensão e tornam pesada a leitura. Não se deve temer a
multiplicação de frases, pois, à medida que isso ocorre, o leitor tem
condições de entender o texto sem maiores dificuldades. Quando os
períodos longos forem inevitáveis, convém colocar na primeira me-
tade as palavras essenciais: o sujeito, o verbo e o adjetivo principal.
Isso porque as palavras da primeira parte da mensagem são mais
facilmente memorizáveis. Quando, porém, são feitas intercalações
com muitas palavras separando o sujeito e o verbo principal, o en-
tendimento torna-se mais difícil. Simplicidade
• A simplicidade, paradoxalmente, constitui umas das qualidades mais
difíceis de serem alcançadas na redação de um relatório ou mono-
grafia. É comum as pessoas escreverem mais para impressionar do
que para expressar. Também há os que julgam indesejável empregar
linguagem familiar em um trabalho científico. Essas posturas são
injustificáveis. Devem ser utilizadas apenas as palavras necessárias.
O uso de sinônimos pelo simples prazer da variedade deve ser evita-
do. Também se deve evitar o abuso dos jargões técnicos, que tornam
a prosa pomposa, mas aborrecem o leitor. Convém lembrar que o
excesso de palavras não confere autoridade a ninguém; muitas ve-
zes, constitui um artifício para encobrir a mediocridade (Gil, 2007,
p. 164-165).
57
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.4
Execução do trabalho (caderno de pesquisa)
58
P es q uis a r n a Es c o la
Depois ter planejado e executado todo o projeto de pesquisa, é o
momento de iniciar a redação da pesquisa que foi realizada, quando serão
consideradas todas as informações coletadas, que deverão ser analisadas
e interpretadas para que se possa estabelecer um relatório final. Mas, por
onde e como começar?
É possível elaborar o texto, seguindo os modelos IDC ou IRMRDC,
segundo sugere Gonçalves (2005):
No modelo IDC, o texto do relatório é dividido em três grandes seções:
• Introdução (I) – apresentação do assunto pesquisado, objetivos, pro-
blema, hipóteses, justificativa e metodologia.
• Desenvolvimento (D) – efetivamente os capítulos do trabalho.
• Conclusão (C) – um texto que sistematize o que foi alcançado com
o estudo, comprovação ou negação das hipóteses, ou, ainda, confir-
mação das respostas dadas à questão problema.
59
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.5
Análise e interpretação de dados
60
P es q uis a r n a Es c o la
comprimentos de parafusos fabricados por certa máquina, tempo
gasto pelos operários para realizar determinada tarefa, resistência à
ruptura dos cabos produzidos por certa companhia etc.
3.5.2 Tabelas
61
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Exemplos:
1 – Tabela simples:
EXPORTAÇÕES
Produtos Toneladas
Soja 1300
Milho 270
Arroz 320
Fonte: BB.
62
P es q uis a r n a Es c o la
3,5 5 4,5 4 4,5 5
3,5 4 4 5 2 3
4,5 3,5 4 4,5 3 4
3 4 3,5 3,5 3,5 4
4 3 4 4 5 3
63
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.5.3.2 Distribuição de frequências – variável contínua
X: (pontos)
3 4 2,5 4 4,5 6
5 5,5 6,5 7 7,5 2
3,5 5 5,5 8 8,5 7,5
9 9,5 5 5,5 4,5 4
7,5 6,5 5 6 6,5 6
Fonte: Escola “X”
64
P es q uis a r n a Es c o la
representando as classes de notas por xi e a quantidade de alunos por fi, a
tabela ficará desta forma:
65
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• Clareza – O gráfico deve possibilitar uma correta interpretação dos
valores representativos de fenômeno em estudo.
• Veracidade – O gráfico deve expressar a verdade sobre o fenômeno
em estudo.
• Um relatório final reúne quase sempre as três modalidades de apre-
sentação:
• gráficos: para acentuar determinados itens;
• tabelas: para reunir a massa de dados observados;
• palavras: para orientar a leitura, comentar as tabelas e analisar os
gráficos e concluir o relatório.
66
P es q uis a r n a Es c o la
sabemos, nesse sistema fazemos uso de duas retas perpendiculares, as retas
são os eixos coordenados e o ponto de intercessão, a origem. O eixo hori-
zontal é denominado eixo das abcissas (ou eixo dos X) e o vertical, eixo das
ordenadas (ou eixo dos Y).
Fonte: o autor
67
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Diagrama por linha poligonal
Comércio Exterior
US$ (bilhões)
Anos
Importação Exportação
1996 12 14
1997 15 17,2
1998 17 24,3
1999 19,2 20,4
2000 21,2 22,5
Fonte: BB.
Fonte: BB
Gráficos em colunas/barras
68
P es q uis a r n a Es c o la
COLUNAS, os retângulos têm a mesma base e as alturas são proporcionais
aos respectivos dados. Quando em BARRAS, os retângulos têm a mesma
altura e os comprimentos são proporcionais aos respectivos dados. Desse
modo, assegura-se a proporcionalidade entre as áreas dos retângulos e os
dados estatísticos. Alguns exemplos:
a) Gráficos em barras
69
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
b) Gráfico em colunas
Produção da região A
Feijão 1300
Fonte: Cooperativa da região “A”.
Gráficos em setores
70
P es q uis a r n a Es c o la
Fonte: Loja “IMPORTADOS
71
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.6
Elaboração de relatório final
(artigos, monografias entre outros)
72
P es q uis a r n a Es c o la
colocar no papel as etapas realizadas, com a ajuda do professor de Língua
Portuguesa.
A pesquisa científica não estará completa enquanto não for publi-
cada, explica o pesquisador associado da Revista Nature. Assim, os artigos
científicos são para partilhar o seu trabalho de pesquisa original com outras
pessoas ou para buscar as informações das pesquisas realizadas em outros
locais. Assim, esse tipo de publicação é essencial para a evolução da ciência.
E, por meio de artigos acadêmicos, surgiram pela primeira vez estudos e
teorias importantes que deram origem a uma grande parte do mundo cien-
tífico que conhecemos hoje.
Artigos científicos publicados em uma revista representam o principal
meio pelo qual os cientistas comunicam ideias e resultados para os seus colegas.
Dominar esta atividade é um elemento essencial quando se investe tempo na
pesquisa básica ou aplicada, na escola ou na universidade (Katz, 1986).
Por ser um tipo de texto bastante diferente daqueles ao qual somos
apresentados na escola, muitos estudantes acabam encontrando dificulda-
des na primeira vez que precisam escrever um artigo. Essa falta de familia-
ridade tem levado a escrita de trabalhos com estrutura fragmentada e com
pouca argumentação sólida. Então, para o aluno alcançar seu objetivo, os
artigos produzidos devem ser de fácil leitura, precisos e concisos e também
precisam de atenção quanto à formatação.
A preparação de um artigo é uma atividade que necessita de algu-
mas horas de trabalho: organização do conteúdo técnico, preparação dos
gráficos e tabelas, escrita do texto, revisão do texto, correção da síntese e da
gramática. Assim, entender alguns conceitos básicos vai ajudar no processo.
Para isso, ao longo deste tópico, vamos apresentar informações importantes
para facilitar a elaboração de um artigo dos resultados obtidos na sua escola.
Existem diversas revistas especializadas que recebem trabalhos cien-
tíficos de alunos da educação básica. Por exemplo, pode-se citar o Scientia
73
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Prima, que é um periódico criado pela Associação Brasileira de In-
centivo à Ciência (ABRIC), voltado exclusivamente para estudantes
pré-universitários com edições on-line e disponíveis para a leitura. Essa
revista tem o objetivo de valorizar e difundir a produção científica de pes-
quisadores pré-universitários que disponibiliza on-line artigos de diferentes
áreas do conhecimento.
Outro exemplo é a Revista Jovens Cientistas, com caráter de divul-
gação científica de estudantes e professores da educação básica que objetiva
despertar a curiosidade e a compreensão da ciência como algo presente no
cotidiano.
Deve ser dada atenção especial à redação do artigo para que o con-
teúdo seja compreendido pelos leitores. Para tanto, é necessário que o texto
seja objetivo, claro e conciso, como convém a trabalhos de natureza científica,
evitando-se frases introdutórias, prolixidade, repetições e descrições supér-
fluas. Na escrita, a linguagem e a terminologia precisam ser corretas e preci-
sas, coerentes quanto ao tempo de verbo adotado e uso do vocabulário téc-
nico padronizado, evitando-se neologismos e estrangeirismos. Dessa forma,
não esquecer que o texto deverá ser específico evitando generalidades.
Quem está lendo o trabalho espera que os verbos estejam logo após
o sujeito, o que torna a estrutura da frase mais ativa e, portanto, ideal: sim-
ples, direta, com clareza e fácil de ler (Figura 1A). Isso porque, quando o
verbo está longe do sujeito da frase, a leitura é prejudicada, conforme de-
monstra a Figura 1, na segunda imagem (B):
74
P es q uis a r n a Es c o la
Figura 1 – A) Estrutura ideal para uma frase com maior clareza. B) Estrutura
indesejável de uma frase, porque o verbo fica longe do sujeito.
Fonte: os autores.
75
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Os artigos são compostos de elementos pré-textuais, textuais e
pós-textuais, conforme descrito a seguir.
76
P es q uis a r n a Es c o la
3.6.1 Título
3.6.2 Resumo
77
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
um resumo tem duas partes principais (motivação e os resultados), ainda
que escrito em um único parágrafo. Em primeiro lugar, na introdução está
o contexto, tarefa, objetivos; na segunda parte, está o que foi encontrado
(resultados), a conclusão e, por fim, as perspectivas. Abaixo está ilustrado
um resumo mais efetivo (Figura 3). Observe a divisão dos itens e da ordem
cronológica com que aparecem no texto.
78
P es q uis a r n a Es c o la
3.6.3 Introdução
79
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• Os micróbios do intestino humano têm uma profunda influência na […].
• Os números fornecem uma medida de […].
• O cigarro aumenta o risco de doenças coronarianas […].
80
P es q uis a r n a Es c o la
Figura 4 – Exemplo de tabela informativa para facilitar a compreensão de vários
dados da coleta de materiais ou informações.
Fonte: Magallanes e colaboradores (2003).
81
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Figura 5 – Exemplos de subdivisões dentro
do texto que facilitam a escrita e a leitura.
Fonte: Ishikawa e colaboradores, 2008.
82
P es q uis a r n a Es c o la
3.6.5 Resultados e discussão
3.6.6 Conclusão
83
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
passos, enfocando aspectos progressivamente menores de seu documento
em cada passagem. Primeiramente, o foco deve estar sobre a seleção do
conteúdo certo para o rascunho; na estruturação, este conteúdo deve ser
utilizado de forma eficaz a partir do documento como um todo. Em segui-
da, você terá de refinar a sua escrita, observando se as frases irão transmitir
as suas ideias de forma clara, precisa e concisa. Ao final, verifique se o seu
documento está correto: revise não só a gramática e ortografia mas também
a numeração de figuras, quadros, gráficos e tabelas, a validade das referên-
cias, a precisão de datas etc.
O último passo é a submissão do seu artigo à publicação em um
periódico. Como parte do processo de submissão, muitas vezes os autores
devem verificar se a contribuição é original e inédita e ser encaminhada
a uma única revista, e não deve estar sendo avaliada para publicação em
outra revista. Normalmente, as revistas aceitam os trabalhos que já foram
apresentados em eventos científicos (simpósios, congressos, encontros).
Depois de submeter seu artigo, ele será encaminhado para
revisores que tenham mais afinidade com a área de pesquisa para garantir
uma revisão mais justa e coerente.
Para obter mais informações ou dicas, existem diversos livros que
podem ser consultados para organizar melhor a escrita do seu artigo11.
84
P es q uis a r n a Es c o la
de apresentar uma pesquisa na forma de uma história para um público que
está circulando no evento ou no local. O apresentador fica ao lado do pôster
e se envolve em discussões com os transeuntes durante as sessões agendadas
em reuniões científicas ou em Feiras de Ciências. Na maioria das vezes, os
pôsteres são apresentados uma única vez em um evento, mas depois podem
ser pendurados nas paredes do laboratório ou nos corredores da escola, do
colégio, da universidade ou do centro de pesquisa.
Os pôsteres ou cartazes não são simplesmente artigos de periódicos
apresentados através de uma grande área superficial e aqueles que tentam
apresentar um grande número de informações, estáticas do ponto princi-
pal, ou estão além do nível de conhecimento do público, vão deixar de se-
rem eficazes.
A maioria das pessoas não será atraída ou se afasta de um cartaz que
é demasiado complicado. Os cartazes que transmitem a mensagem a partir
de uma distância e que contêm mais elementos gráficos do que textos são
mais propensos a chamar a atenção.
Uma comunicação eficaz, portanto, é centrada no público-alvo. Em
sua comunicação, é necessário que você se concentre no que o seu público
precisa ou quer aprender. Aceite o fato de que um cartaz não pode apresen-
tar o máximo de detalhes como um artigo de revista científica.
Comunicar-se é uma parte integrante de ser um cientista; por isso,
concentre-se em seu propósito. Para se comunicar efetivamente, deve esfor-
çar-se para transmitir uma mensagem, não apenas uma informação.
As sessões de pôster são raramente homogêneas; o público pode ser
mais ou menos familiarizado com o que você vai discutir tanto em termos
de conteúdo (pode ser mais ou menos especializado) e contexto. A comu-
nicação é mais eficaz quando abordar satisfatoriamente as necessidades de
um público mais amplo; portanto, esforce-se para escrever ou falar de for-
ma simples e direta.
Uma comunicação eficaz faz a ponte entre o conhecimento e inte-
resse do público e do conteúdo do trabalho ou da apresentação. Ao escrever
85
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
ou falar especificamente para um não especialista no assunto, lembre-se de
incluir os pontos de comparação que não possuem. Mencione os valores
relativos, use analogias, forneça representações visuais (com uma ideia de
escala) etc.
Nas sessões de pôsteres (Figura 7), há intensa competição por aten-
ção da audiência. Algumas conferências abrem espaço para centenas de
pôsteres. Em seus primeiros três segundos, o público vai determinar se vai
ficar e explorar o conteúdo ou sair. Se eles ficarem, você tem 30 segundos
para garantir a sua atenção, através da veiculação de um entendimento geral
do assunto.
86
P es q uis a r n a Es c o la
Os visitantes da sessão de pôster irão, provavelmente, lembrar-se
mais de você do que do conteúdo do seu trabalho. Então, faça você mesmo
ser facilmente lembrado. Como está oferecendo explicações sobre o tra-
balho descrito no pôster, tente ser atrativo, aberto a discussões e curioso
sobre as informações trocadas com o público. Se o visitante fizer perguntas,
fale de forma simples e discorra abertamente sobre o seu trabalho. Esta é a
oportunidade de receber comentários, sugestões e opiniões sobre o seu es-
tudo antes da publicação; afinal, será melhor ser desafiado na frente de seu
pôster do que por um revisor do manuscrito.
Nas próximas páginas, estão regras simples para maximizar o retor-
no sobre o processo demorado de preparar e apresentar um cartaz de forma
eficiente.
3.6.7.1 Planejamento
87
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Antes de começar a organizar os parágrafos, as tabelas, os gráficos
e fotografias, pergunte a si mesmo: “se o espectador apenas leva embora
uma ideia, qual é a informação que eu quero passar?”. Este é o tema do seu
cartaz, o ponto principal. Tudo o que você incluir no seu pôster deve apoiar
esse tema e será necessário coletar informações relevantes para o seu pôster.
Agora, passe cinco minutos pensando em suas ideias. Pegue uma fo-
lha de papel em branco e escreva uma palavra ou frase que descreva o tema
no meio. Desenhe uma forma em torno dele. Adicione todos os subtemas
que vêm à sua mente; em seguida, ligue-os em uma ordem lógica. Então,
adicione ideias perto de cada um dos subtemas, e aproxime-os. Liste tudo o
que vem à sua cabeça. O objetivo é criar um roteiro que levará o espectador
do início ao fim.
Você poderá guiar os leitores por intermédio dos diferentes compo-
nentes do texto, com setas, numeração ou qualquer outra ferramenta que
demonstre que há uma ordem lógica entre um tópico e outro.
Lembre-se de que o objetivo do seu cartaz é informar aos espec-
tadores o estudo que você fez, porque você o fez, e o que você descobriu
ao fazê-lo. Seu conceito mapa deve incluir uma declaração do problema
investigado (ou hipótese), os métodos utilizados, resultados ou conclusões,
e uma conclusão.
Quando estiver satisfeito com o seu esboço de conteúdo ou esque-
ma, você está pronto para projetar seu cartaz!
Para facilitar a organização dos dados, divida a sua informação em
diferentes partes (título, autores, introdução, objetivos, material e métodos,
resultados e discussão, conclusão, referências e agradecimentos) e decida o
que se enquadra em cada uma das seções.
Use as seguintes diretrizes, para fazer seu cartaz de fácil leitura a
distância:
88
P es q uis a r n a Es c o la
Componente Tamanho min. e máx. da fonte
Título 80 a 150 em negrito
Autores 36 a 42 em negrito
Título de seção (subtítulos) 36 a 54 em negrito
Texto principal 28 a 32
89
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.6.7.2 Título
3.6.7.3 Introdução
É uma afirmação que fornece uma rápida visão geral do seu pôster.
Deve incluir informações que sirvam de subsídio (contexto) para a com-
preensão da questão central do trabalho. Pode incluir uma figura que ilustre
o material principal do projeto, como exemplificado a seguir.
3.6.7.4 Objetivos
3.6.7.5 Métodos
90
P es q uis a r n a Es c o la
Figura 9 – Exemplo de como descrever o método com diagrama ou fluxograma.
Fonte: os autores.
91
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
3.6.7.6 Resultados
3.6.7.7 Conclusões
92
P es q uis a r n a Es c o la
Figura 12 – Exemplo de como criar um parágrafo ou conclusões na forma de itens.
Fonte: os autores.
3.6.7.8 Referências
3.6.7.9 Agradecimentos
93
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Finalmente, organize as seções do pôster de forma lógica. Planeje
utilizar os títulos das seções em negrito. Faça um esboço do layout do seu
plano indicando os locais dos textos e dos gráficos, quadros, figuras e ta-
belas. Este esboço irá auxiliar a organização do espaço e visualizar se serão
necessárias mais ilustrações.
94
P es q uis a r n a Es c o la
Além disso, é importante sempre conferir a resolução da imagem.
A resolução é o número de pixels que compõem a imagem, tais como 800 x
600. Quando você digitalizar uma imagem, você pode definir os pontos por
polegada (DPI) no software do scanner. Multiplique esta configuração de
dpi pelo tamanho da imagem verticalmente e horizontalmente para deter-
minar quantos pixels a imagem ocupará quando digitalizada. Digitalização
em resoluções mais altas resulta em um tamanho de arquivo maior.
Nunca assuma que uma imagem, por maior que pode aparecer na
tela do computador, tem uma resolução alta o suficiente para o seu cartaz.
A maioria das imagens da web são apenas 72 dpi e vai olhar granulado ou
pixelizada quando impresso. Seu pôster requer imagens que são pelo menos
150 dpi para impressão.
Para a visualização da figura no Power Point versão 2007, você poderá
ampliar as imagens utilizando o botão de + (conforme a seta vermelha na
figura abaixo) e verificar se elas irão ficar em boa qualidade ou não.
95
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Toques finais
96
P es q uis a r n a Es c o la
Espera-se que estas regras mencionadas o auxiliem na preparação de
um pôster, como trabalho final de conclusão deste curso de extensão. Para
outras visões, dicas e informações sobre o que fazer ou como preparar o seu
pôster, verifique nas informações adicionais.
Referências
97
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
ERREN, T. C.; BOURNE, P. E. Ten simple rules for a good poster presenta-
tion. PLOS Computational Biology, v. 3, n. 5, p. 102, 2007. Disponível em
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1876493>. Acesso em: 10
ago. 2017.
98
P es q uis a r n a Es c o la
UFF – Dossiê: Linguagens em diálogo, n. 42, p. 157-179, 2011. Disponí-
vel em: <http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/42/artigo9>. Acesso em:
10 ago. 2017.
99
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
ebooks/english-communication-for-scientists-14053993/writing-scienti-
fic-papers-14239285>. Acesso em: 10 ago. 2017.
100
P es q uis a r n a Es c o la
Módulo 4
Divulgação do Conhecimento Científico
101
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
102
P es q uis a r n a Es c o la
4.1
Apresentação
Neste módulo, vamos parar para refletir sobre como e onde obte-
mos o conhecimento científico. Mais especificamente sobre quando, onde e
como podemos divulgar o conhecimento produzido em uma pesquisa, seja
ela desenvolvida no âmbito universitário ou escolar. Sobre isso, Kerlinger
(1979) afirma:
103
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
deste mundo científico. Agora os desafios são: como obter esta informação
científica de forma atualizada e sem distorções? Como divulgar a informa-
ção científica de forma apropriada e efetiva? Além disso, vamos refletir e
debater sobre este assunto nos fóruns.
104
P es q uis a r n a Es c o la
4.2
Divulgação do trabalho científico
105
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Figura 1 – Ciclo da pesquisa científica. Inicia com a identificação de
problemas a serem pesquisados e conclui com a divulgação dos resultados.
A divulgação dos resultados já provoca a identificação de novos problemas
de pesquisa e o ciclo começa novamente.
Fonte: Elaborado pelos autores.
106
P es q uis a r n a Es c o la
Figura 2 – Sequência de divulgação científica de pesquisas
acadêmicas em uma linha do tempo.
Fonte: Adaptado de Campello, Cendóne e Kremer (2000, p. 29).
107
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Figura 3 – Sequência de divulgação científica de pesquisas
realizadas na educação em uma linha do tempo
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para saber mais sobre a relação de prêmios Nobel concedidos a pesquisadores que
12
108
P es q uis a r n a Es c o la
• Desde então, sabe-se que a síntese do colesterol é uma característica
animal e que os vegetais produzem compostos chamados fitoesterois.
109
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• A falta da compreensão popular faz com que empresas utilizem a
mídia para induzir ao consumo dos produtos que “naturalmente
não tem colesterol, pois são vegetais”.
• conhecimento científico que deveria ser “libertador” quando parcial
torna-se mais “aprisionador”; neste caso, na indução do consumo.
13
Ciência Hoje – SBPC: <http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch>; Revista Darcy –
UnB: <www.revistadarcy.unb.br>; Revista ScientiaPrima: <http://www.scientiaprima.
incentivoaciencia.com.br/index.php>; Revista Desidades: <http://revistas.ufrj.br/index.
php/desidades>; Ciência em Tela: <http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/index.html>;
Arquivos do MUDI: <http://www.periodicos.uem.br/arqmudi>; Química Nova: <http://
www.quimicanova.sbq.org.br>http://www.geneticanaescola.com.br>; Revista Kaingang:
<https://revistakaingang.wordpress.com>.
110
P es q uis a r n a Es c o la
4.3
Divulgação científica na escola
111
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Uma das formas mais utilizadas na pesquisa realizada em ambiente
escolar é a exposição em feiras ou mostras científicas.
112
P es q uis a r n a Es c o la
Outro fato a ser programado:
• De que maneira o conhecimento científico elaborado e adquirido
poderá chegar até outras pessoas?
14
Conheça a Ficiencias: <http://www.ficiencias.org>.
15
Há, também, dicas de planejamento e organização disponíveis no site: <http://www.
feiradeciencias.com.br>.
113
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Figura 3 – Modelo de ficha de inscrição para Feira de Ciências
Fonte: Elaborada pelas autoras.
114
P es q uis a r n a Es c o la
Um exemplo: reflita e preencha as possíveis fontes de cada um dos
recursos necessários à montagem da sua feira de ciências. Pense em
instituições que podem auxiliar financeiramente, pessoas que podem
participar da feira, empresas que podem fornecer tecnologia etc.
115
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• Qual a faixa etária dos participantes? Serão alunos de Ensino Fun-
damental? Ensino Médio? Poderão estudar em escolas públicas ou
particulares? Somente públicas? Somente particulares?
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P es q uis a r n a Es c o la
Referências
REY, L. Que destino terá o seu trabalho? In: ______. Planejar e redigir
trabalhos científicos. 2. ed. São Paulo: Ed. Edgard Blucher Ltda, 2003.
p. 208-218.
117
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Módulo 5
Aplicação de Conhecimentos – Prática
119
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
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P es q uis a r n a Es c o la
5.1
Como estimular estudantes para a formação
de grupos de pesquisa na escola de tempo integral 16
16
Leituras Sugeridas: <http://portalweb.ucatolica.edu.co/easyWeb2/files/1_66_induccian-
a-la-investigacian.pdf>; <http://168.255.101.19/sites/default/files/Convocatoria_CRFDIE
_Espa%C3%B1a_2015.pdf>; <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/Investigacion.pdf>; <https://
sites.google.com/site/escueladehoy/para-el-maestro-cubano/1---la-escuela-de-hoy>.
121
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
intermédio do “Programa de Iniciação Científica Júnior”. O objetivo prin-
cipal desse incentivo é identificar e formar estudantes com vocação para a
pesquisa. Assim, busca-se estimular o pensamento científico entre os alu-
nos de um grupo de pesquisa por meio das atividades de pesquisa científica,
orientadas por um pesquisador qualificado.
Para a formação de grupos de pesquisa, o professor tem papel im-
portante. Ele não é um mero transmissor de conhecimentos; afinal, pode
criar e oferecer condições que os estudantes potencializem a aprendizagem.
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P es q uis a r n a Es c o la
5.2
Orientação de como criar os
grupos de pesquisa
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
experiência profissional e em sintonia com os grupos de pesquisa existentes
em instituições de ensino superior. A organização do grupo vai depender
de um projeto de pesquisa coordenado pelo professor proponente.
O pesquisador líder de grupo é o personagem que detém a lideran-
ça acadêmica e intelectual naquele ambiente de pesquisa. Normalmente,
tem a responsabilidade de coordenar e planejar os trabalhos de pesquisa do
grupo. Sua função aglutina os esforços dos demais pesquisadores e aponta
horizontes e novas áreas de atuação dos trabalhos.
Para os alunos que pretendem participar de um grupo de pesqui-
sa, é preciso que se enquadrem ao perfil da linha de pesquisa e recebam o
convite do líder. O aluno que participa de um grupo pode ser pesquisador
voluntário (que não recebe bolsa) ou pesquisador de iniciação científica jú-
nior, recebendo uma bolsa.
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P es q uis a r n a Es c o la
5.3
Relatório sobre a orientação
do grupo de pesquisa
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
5.3.1 Trabalho de conclusão: artigo e painel
Tipos de artigos
• Artigo de divulgação
• Artigo de revisão – reviews
1. Revisão anual: descrição ampla das contribuições da literatura em
determinada área de estudo.
2. Revisão seletiva, crítica e analítica, com enfoque em um problema
científico particular e sua solução.
• Relato de caso clínico
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P es q uis a r n a Es c o la
Estrutura e apresentação
• Introdução.
• Método.
• Resultados.
• Discussão.
• Conclusão.
• Referências bibliográficas.
1. Identificação
• Título (deve ser redigido com um número pequeno de palavras e
transcrever de forma adequada o conteúdo do trabalho).
• Nome dos autores (quem executou o projeto e redigiu o artigo).
• Instituição (onde foi realizado o trabalho).
• Cargo (dos autores do artigo).
• E-mail (dos autores do artigo).
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• uma sequência corrente de frases concisas e não de uma enumera-
ção de tópicos;
• a explicitação de tema principal do documento através da primeira
frase, escrita de forma bem significativa; no máximo 250 palavras;
preferencialmente o uso da terceira pessoa do singular ou verbo na
voz passiva.
A metodologia utilizada.
• Os resultados mais significativos esperados; ressaltando: o surgi-
mento de fatos novos, descobertas significativas, contradições e teo-
rias anteriores, relações e efeitos novos verificados.;
• As principais conclusões (atendendo o objetivo geral e/ou delimita-
ção do tema).
3. Palavras-chave
São palavras que merecem destaque. Elas são retiradas do texto e
tem por objetivo identificar e definir os termos para que o leitor
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P es q uis a r n a Es c o la
compreenda quais os seus significados para a pesquisa. Aparece na
mesma página do resumo.
4. Introdução
Sua função é despertar o interesse do leitor sobre o tema. É impor-
tante fornecer informações básicas sobre o tema objeto do estudo.
Precisa ser equilibrada em relação às demais parte do trabalho, ela-
borada de acordo com os requisitos da metodologia. Deve:
• especificar o tema;
• esclarecer sobre que enfoque do tema foi desenvolvido;
• mencionar trabalhos anteriores que abordem o tema em questão.
5. Justificativa
Deve refletir o porquê da elaboração do Projeto de Ensino, bem
como sua importância, deixando claro quais os objetivos e os mo-
tivos de ordem teórica prática que justificam o projeto. É preciso
contar ao leitor sobre os passos de execução do projeto. Não deve ser
elaborada em tópicos.
6. Revisão da literatura
É importante fundamentar as argumentações, usar citações, fazendo
um detalhamento do tema e exemplificando quando for o caso. É a
apresentação de uma análise crítica do texto e das fontes consultadas.
7. Metodologia
É a descrição dos métodos e das técnicas, sem omitir o que for de
real interesse.
Nesta parte, é importante descrever as etapas de delimitações da po-
pulação, amostra, qual a técnica utilizada para a coleta dos dados e
as limitações do projeto.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
É bom lembrar: o verbo deve estar sempre no passado, pois neste
item há uma descrição do que já ocorreu, do que já foi realizado.
8. Resultados
Consiste no relato do registro de todas as observações ou experi-
mentações, sem comentários. Os resultados devem vir acompanha-
dos dos respectivos valores estatísticos, ou dos dados qualitativos.
Deve ser escrito de forma objetiva, sucinta e clara, apontando sua
significância e importância. O verbo, para a descrição, também de-
verá estar no passado e a linguagem deverá ser impessoal.
9. Discussão
É o confronto dos resultados com a literatura, comparação, avalia-
ção, interpretação e crítica com os dados coletados no Projeto. Neste
subcapítulo, o autor poderá emitir teorias justificadas, sem esquecer
a autocrítica.
É importante, se possível, acrescentar ilustrações (quadros, tabelas,
gráficos, figuras, fotografias etc.) relacionadas diretamente ao assun-
to desenvolvido.
10. Conclusão
É a síntese dos principais pontos que serviram de base para a sua
argumentação. É a generalização dos achados e o resumo interpre-
tativo das observações e experimentações. Deve ser baseada estri-
tamente naquilo que os achados permitem, embora o autor possa
apresentar opiniões de ordem teórica ou que oportunize novos pro-
jetos. Não devem ser acrescentados elementos novos, que não fize-
ram parte do trabalho. É muito importante sintetizar o artigo em
uma afirmativa final, de forma marcante, exata, firme, convincente,
arrematando o que foi escrito.
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P es q uis a r n a Es c o la
11. Referências bibliográficas
Conforme a ABNT 6023/2001.
Caso haja alguma dúvida na elaboração, as Normas Técnicas de
Apresentação de Trabalhos devem ser consultadas.
12. Anexos
Servem para complementar a pesquisa. Podem ser: mapas, docu-
mentos originais e fotografias.
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Quadro 1 – Avaliação do Artigo Científico
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P es q uis a r n a Es c o la
Dez dicas para escrever artigos científicos18
Um bom artigo deve conter uma (boa) ideia, mas não muitas boas
ideias. É importante, portanto, que você tenha certeza sobre qual é sua
melhor ideia. Caso você não tenha apenas uma (boa) ideia, mas sim vá-
rias, e queira escrever um artigo, é recomendável optar por uma das alter-
nativas a seguir:
(i) hierarquizá-las, para esclarecer qual delas será tratada;
(ii) planejar a escrita de vários artigos, cada um sobre uma das suas
ideias (nesse caso, é recomendável que você não os escreva simulta-
neamente, pois isso significa escolher alguma como prioritária, ou
seja, significa voltar ao item precedente);
(iii) fundir as várias ideias em apenas uma, que seja consistente, sem
ser excessivamente genérica.
Texto escrito por Marcel Bursztyn, José Augusto Drummond e Elimar Pinheiro do
18
Nascimento.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
a primeira versão que, em seguida, será objeto de várias revisões.
Não é por acaso que vigora a máxima de que o ofício de pesquisador
requer 10% de inspiração e 90% de transpiração.
3. Não especule
Evite generalidades, mas abuse dos dados. Generalidades são boas
para conversa de mesa de bar. Cada afirmação do seu artigo deve ser
capaz de ser respaldada por dados, achados e interpretações encon-
trados em artigos e textos de outros autores ou na sua própria pes-
quisa. Não importa tanto o que – ou quem – você usa para respaldar
as suas afirmações, nem que você respalde explicitamente cada afir-
mação, mas elas têm que ter respaldo.
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P es q uis a r n a Es c o la
decorrem logicamente da sua argumentação. É muito comum o uso
de expressões como “dessa maneira”, “portanto”, “segue-se que”, “as-
sim”, “conclui-se que” etc., sem que de fato haja relação lógica entre
as conclusões e as frases que a precedem. Exemplo: A: “O céu ama-
nheceu sem nuvens.” B: “Sem nuvens não há chuva.” C: “Portanto,
não choverá nas próximas semanas.” A está certo; B está certo; C
pode até estar certo, mas não decorre de A nem de B. C é uma afir-
mação ou conclusão que não decorre rigorosamente das afirmações
anteriores. Rigorosamente, C é uma suposição, não uma conclusão.
7. Leia muito
Reserve tempo para sempre ler literatura (romances, contos, nove-
las, narrativas, poesias etc.), mesmo quando estiver redigindo a sua
tese ou dissertação. Ler bons textos é fundamental para aprender a
escrever. Procure textos que se relacionem com as suas deficiências
de escrita. Por exemplo, os prolixos devem ler João Cabral de Melo
Neto, e os muito secos podem escolher Vinicius de Moraes.
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8. Não seja preguiçoso
Não use apud quando puder se referir diretamente a um autor/texto,
pois este é um recurso excepcional. Leia e cite sempre o autor e o
texto originais, a não ser que seja um texto antiquíssimo que existe
apenas na Biblioteca Nacional de Paris ou que esteja escrito apenas
em chinês arcaico ou em aramaico.
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5.3.1.2 Pôster
Definições:
• Pôster (adaptado do inglês poster): Cartaz vendido ao público, geral-
mente representando retratos de personalidades, artistas etc.
• Painel: Tela, quadro/pintura feita em tela, tábua etc.
• Banner: faixa com dizeres ou mensagens.
Desvantagens do pôster
A mensagem contida em um pôster também é apresentada em con-
dições bem peculiares: geralmente, em uma sala enorme, abafada
e lotada, com centenas ou milhares de outros pôsteres sendo apre-
sentados simultaneamente, concorrendo também com coquetéis e
cafezinhos.
A maioria das pessoas que comparecem a uma sessão de pôsteres
está a fim de socializar. Logo, chamar a atenção para seu pôster e
conseguir boas discussões é um grande desafio.
Vantagens do pôster
• Os pôsteres têm uma grande vantagem em relação às palestras: eles
permitem uma interação mais pessoal e com menos restrição de
tempo com seus colegas.
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
• A esmagadora maioria dos participantes de um congresso comunica
suas descobertas por meio de pôsteres. Portanto, dominar essa for-
ma de comunicação é essencial para novatos que estão buscando seu
espaço na comunidade científica.
• Vale destacar, entretanto, que um pôster e um resumo em um con-
gresso não são publicações de verdade, mas apenas uma propaganda
do seu trabalho, que têm a função de deixar as pessoas ansiosas para
ler o artigo completo. Sendo assim, nunca apresente trabalhos preli-
minares ou projetos de pesquisa.
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P es q uis a r n a Es c o la
bom enquadramento), e com tabelas, quadros e/ou gráficos bem fei-
tos. É preciso que uma figura central no pôster fisgue os visitantes à
distância, fazendo-os ignorar os trabalhos ao redor e compelindo-os
a se aproximar do seu pôster. Entretanto, não apele, pois apelações
atraem visitantes, mas podem destruir reputações. Por exemplo, evi-
te usar fotos que chocam a maioria das pessoas (nudez, violência,
escatologia etc.) ou frases com termos chulos;
2. crie um título conciso, informativo e intrigante, como se percebe em
uma boa manchete de jornal. Use palavras que chamem a atenção e
que despertem curiosidade. Prefira os termos que estão na moda na
sua área de pesquisa. Use fontes grandes no título e um fundo dife-
rente do resto do pôster, a fim de dar maior ênfase à sua manchete.
O título é a segunda isca, quase tão importante quanto as figuras
centrais;
3. use um esquema de cores que seja ao mesmo tempo atraente, mas
que não canse o leitor. Use cores mais quentes nas bordas e cores
mais frias para contrastar com o texto.
Referências
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A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. de. Como elaborar um artigo cientí-
fico. 2003. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.
Acesso em: 05 ago. 2015.
140
P es q uis a r n a Es c o la
17, 2011. Disponível em: <http://www.sccot.org.co/pdf/RevistaDigital/25-
01-2011/04ElaborarDiscusion.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2015.
141
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
So Biografias. Nobel Fisiologia Medicina – DEC/UFCG. Disponível
em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/RolNobFM_4.html>. Acesso
em: 15 ago. 2015.
142
P es q uis a r n a Es c o la
Currículo resumido dos
autores e organizadores
143
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
144
P es q uis a r n a Es c o la
Adriano Machado
145
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
em Engenharia, Equilíbrio em Redes, Relação Perimetral – RP, Mesh
Generation, Sistemas de Banco de Dados, na Plataforma JAVA,
DELPHI, Computação Gráfica, Visualização Científica e Mediação
do Conhecimento utilizando Informática na Educação.
146
P es q uis a r n a Es c o la
Débora de Mello Gonçales Sant'Ana
147
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Elsio José Corá (Organizador)
148
P es q uis a r n a Es c o la
Larissa Renata de Oliveira Bianchi
149
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a
Roberta Paulert
150
P es q uis a r n a Es c o la
Silvia Alves dos Santos
151
A Inv e stigação Cie n tífic a n a Ed u c a ç ã o B ásic a