Por Dentro Do MPF MIOLO
Por Dentro Do MPF MIOLO
Por Dentro Do MPF MIOLO
e atribuições
Procurador-Geral da República
Antônio Augusto Brandão de Aras
Vice-Procurador-Geral da República
Humberto Jacques de Medeiros
Vice-Procurador-Geral Eleitoral
Renato Brill de Góes
Ouvidor-Geral
Brasilino Pereira dos Santos
Corregedora-Geral
Elizeta Maria de Paiva Ramos
Secretária-Geral
Eliana Péres Torelly de Carvalho
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Secretaria de Comunicação Social
BRASÍLIA | DF
MPF
2021
© 2021 - MPF
Todos os direitos reservados ao Ministério Público Federal
O48p
CDDir 341.413
Autora
Maria Célia Néri de Oliveira
Coordenação
Secretaria de Comunicação Social (Secom)
Layrce de Lima - Secretária de Comunicação Social
Dione Aparecida Tiago - Secretária de Comunicação Social Adjunta
Revisão
Ana Paula Rodrigues de Azevedo / Secom
Fernanda Gomes Teixeira de Souza / Secom
Normalização Bibliográfica
Coordenadoria de Biblioteca e Pesquisa (Cobip)
Procuradoria-Geral da República
SAF Sul, Quadra 4, Conjunto C
Fone (61) 3105-5100
70050-900 - Brasília - DF
www.mpf.mp.br
SUMÁRIO
Apresentação............................................................................................7
4 OS PROCURADORES DA REPÚBLICA..........................................................19
10 AS PRINCIPAIS LEIS.....................................................................................60
APRESENTAÇÃO
O Ministério Público é uma instituição com atribuições múltiplas, que foram de-
vidamente asseguradas na Constituição Federal de 1988. Embora amplas, essas atri-
buições convergem para o desafio permanente de se preservar direitos e aprimorar
o processo civilizatório, a partir da defesa vigilante e permanente da ordem demo-
crática e da segurança jurídica. Ao exercitarem a tarefa de ser um elo entre o Estado
e a sociedade, os integrantes do Ministério Público Federal se relacionam de forma
cotidiana com públicos diversos. Um dos mais importantes é a imprensa, cujo traba-
lho é fundamental para o cumprimento de princípios como o da transparência e o da
publicidade.
Boa Leitura!
7
SUMÁRIO
O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1 O MINISTÉRIO PÚBLICO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O Ministério Público brasileiro é reconhecido por juristas e estudiosos do Direito
como uma das mais avançadas instituições do gênero no mundo. Esse conceito se
deve à amplitude das atribuições conferidas pela Constituição de 1988 e à maneira
como a Instituição foi estruturada. Uma configuração que permite aos integrantes do
Ministério Público a oportunidade de atuarem como verdadeiros advogados da socie-
dade, defendendo a coletividade contra eventuais abusos ou omissões do Poder Públi-
co, e o próprio patrimônio público contra-ataques de particulares de má-fé. O art. 127
da Constituição Federal assegura que “O Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
No Brasil, o universo das questões levadas a juízo é tão vasto que os constituin-
tes de 1988 optaram por distribuir racionalmente as competências pelos diferentes
órgãos e áreas de atuação do Poder Judiciário. A intenção era evitar conflitos e inde-
finições no momento de se decidir quem julga o quê. Os critérios fixados levam em
conta a matéria, que é o assunto discutido em juízo, ou a qualidade das partes (quem
ou o que é a parte). Assim, temos: a Justiça Federal, a Justiça Estadual – que formam
a chamada justiça comum, além da Justiça do Trabalho, da Justiça Militar, da Justiça
Eleitoral – justiça especializada – e seus respectivos órgãos e graus de jurisdição.
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SUMÁRIO
O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Público Eleitoral apresenta estrutura peculiar, com integrantes do MPF e dos MPs Es-
taduais e, por isso, será tratado em tópico especial.
Juiz do
Juiz de Direito Juiz Federal Juiz Eleitoral Auditor Militar
Trabalho
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Ministério Público
Ministério
Ministério Público da União Público dos
MPU Estados
MPEs
Ministério
Ministério Ministério Ministério
Público do
Público do Público Público
Distrito Federal
Trabalho Militar Federal
e Territórios
MPT MPM MPF
MPDFT
Ministério
Público
Eleitoral
MPE
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Não. Ainda que o MPF, um dos ramos do MPU, atue nas causas em que estejam
presentes interesses da União, isso não significa que a represente em juízo. É claro
que, em alguns casos, MPF e União podem estar juntos, no mesmo lado de um pro-
cesso, porque alguns dos interesses defendidos pelo MPF são também da União, já
que compreendem a defesa de bens da coletividade (como o patrimônio público, por
exemplo). Mas, em outros, a União e seus órgãos podem até ser réus em ações pro-
postas pelo Ministério Público. É o que ocorre quando há violação de leis ou descum-
primento de deveres constitucionais por órgãos da União. É para situações como es-
sas que, atualmente, a instituição responsável por representar judicialmente a União
e seus órgãos é a Advocacia-Geral da União (art. 131, da CF).
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
Não. Apesar do nome, esse órgão tem natureza diversa e especial. Seus procu-
radores pertencem à estrutura do TCU e sua função consiste em observar o cumpri-
mento das leis pertinentes às finanças públicas. O Ministério Público junto ao TCU
não possui as atribuições constitucionais do art. 129 da CF, devendo atuar exclusi-
vamente na área de fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, incluídas
as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Federal (atri-
buição típica do TCU).
Às vezes, a lei não prevê, ou não deixa claro, de qual esfera da Justiça – se federal
ou estadual, se comum ou especializada – é a competência para julgar determinado
fato. O conflito de competência é o pedido formulado a uma autoridade imediata-
mente superior àquela em que ele é suscitado, para que decida quem terá poder de
agir em determinada situação. Pode ser:
a. conflito negativo de competência: quando dois juízes dizem que não são
competentes para julgar a causa;
Obs.: O conflito de competência também pode ser provocado por um terceiro (parte do
processo ou custos legis).
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
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SUMÁRIO
COMO O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ESTÁ DISTRIBUÍDO PELO TERRITÓRIO NACIONAL?
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
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SUMÁRIO
OS PROCURADORES DA REPÚBLICA
4 OS PROCURADORES DA REPÚBLICA
O ingresso no MPF se dá por concurso público, e os aprovados são nomeados
para o cargo de procurador da República, que oficia perante os juízes das Varas da
Justiça Federal de primeira instância. O nível seguinte na carreira é o cargo de procu-
rador regional da República, que oficia nos Tribunais Regionais Federais. E o último
nível é o de subprocurador-geral da República, que atua nos processos que tramitam
no Superior Tribunal de Justiça (também pode atuar no Supremo Tribunal Federal
por designação do procurador-geral da República).
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
> Inamovíveis – não podem ser transferidos, sem o seu expresso consentimen-
to, para lugar diverso do que atuam, salvo por motivo de interesse público; e
Os outros dois princípios institucionais do MP, previstos na CF, art. 127, § 1º, são
o da unidade e o da indivisibilidade. Diz-se que o Ministério Público é uno porque os
procuradores integram um só órgão, sob a direção de um só chefe; e, que é indivisí-
vel porque seus integrantes não ficam vinculados aos processos nos quais atuam,
podendo ser substituídos por colegas, de acordo com as normas internas e legais.
Por exemplo, se um procurador que trabalha na área cível ajuíza uma ação civil públi-
ca, e, meses depois, passa a atuar na área criminal, não ficará obrigado a continuar
atuando naquela ação, que será distribuída para quem o substituir. Ou seja, segundo
o princípio da indivisibilidade, as manifestações dos procuradores não são meros po-
sicionamentos pessoais, mas sim manifestações do ente Ministério Público, do qual
eles são os agentes de atuação.
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SUMÁRIO
OS PROCURADORES DA REPÚBLICA
Importante registrar que, se a ação judicial para perda do cargo for decorrente de
proposta pelo Conselho Superior, o procurador será afastado de suas funções e não
terá direito à respectiva remuneração do cargo. Os procuradores ainda em estágio
probatório, sem a garantia da vitaliciedade, poderão perder o cargo por decisão da
maioria absoluta do Conselho Superior (art. 198, da LC nº 75/1993).
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Não. No caso dos procuradores regionais, além de atuar como custos legis e nas
fases recursais específicas (TRFs), cabe a eles investigar e propor ações contra de-
terminadas pessoas que têm foro por prerrogativa de função em Tribunal Regional
Federal (Ex.: juízes federais, por crimes comuns e de responsabilidade, prefeitos, se-
cretários estaduais). Já os subprocuradores-gerais atuam como custos legis perante o
Superior Tribunal de Justiça e na fase recursal na referida Corte. Vale acrescentar que
eles também interpõem os recursos perante esses tribunais, como é o caso do Agravo
Regimental em Recursos Especial perante o STJ.
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SUMÁRIO
OS PROCURADORES DA REPÚBLICA
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
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SUMÁRIO
OS PROCURADORES DA REPÚBLICA
DESIGNAÇÃO DOS
INSTITUIÇÃO CHEFE
INTEGRANTES
promotor de Justiça
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Procurador-geral de Justiça
procurador de Justiça
procurador do Trabalho
procurador regional do
MINISTÉRIO PÚBLICO DO
Trabalho Procurador-geral do Trabalho
TRABALHO
subprocurador -geral do
Trabalho
procurador federal
procurador da Fazenda
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO Advogado-geral da União
Nacional
advogado da União
PROCURADORIA-GERAL DO
procurador do Estado Procurador-geral do Estado
ESTADO
PROCURADORIA Procurador-geral do
procurador municipal
DO MUNICÍPIO Município
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Seja como for, em todos os atos que realizam, os procuradores da República po-
dem agir de duas maneiras: de ofício ou mediante provocação. O MPF age de ofício
quando resolve instaurar procedimento investigatório por iniciativa própria, a partir
do conhecimento acerca de alguma irregularidade ou de alguma situação que, por
sua natureza, requeira a intervenção do Ministério Público. O membro do MPF não
precisa ser provocado por terceiro para agir, pois a atividade faz parte de suas atri-
buições naturais. Por exemplo, um procurador, ao assistir a um programa na TV que
viole a Constituição ou a própria lei que regula os serviços de radiodifusão, pode ins-
taurar procedimento para investigar a responsabilidade da emissora e dos eventuais
responsáveis pelo programa.
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SUMÁRIO
COMO ATUAM OS INTEGRANTES DO MPF
Não, para as matérias cíveis; sim, para as criminais. Naquelas, a apuração de-
pende de vários fatores, entre eles a complexidade do assunto, não sendo possível
estabelecer de forma antecipada prazo para a conclusão das investigações. Nas cri-
minais, o prazo é de 30 dias, conforme estabeleceu a Resolução nº 77, editada pelo
Conselho Superior do MPF em 2004 para regulamentar as investigações conduzidas
no âmbito interno.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Mas caso o procurador entenda que os fatos noticiados são consistentes e me-
recem apuração, ele editará portaria para determinar a instauração de um Procedi-
mento Investigativo Criminal (PIC), determinando em seguida as diligências necessá-
rias (poderá marcar depoimentos das pessoas envolvidas, requisitar documentos e
informações ou esclarecimentos). O prazo para conclusão dessa investigação, que se
efetua no âmbito interno do MPF, é de 30 dias, ao final do qual, se necessária prorro-
gação, o procurador deverá estar autorizado pela 2ª Câmara.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
Nos casos em que o procurador entender que é necessária investigação pela Po-
lícia Federal, o MPF solicitará abertura de inquérito policial, cujo prazo, a partir daí,
será controlado por um juiz federal. É importante registrar que há inúmeras situações
em que é a própria PF que tem conhecimento dos fatos (por exemplo, numa apreen-
são de mercadoria contrabandeada). A PF lavra a ocorrência, instaura o inquérito
policial e envia os autos à Justiça Federal, que, por sua vez, abre vista ao Ministério
Público. O objetivo dessa vista é dar oportunidade ao órgão, que será o responsável
pela acusação, de ter ciência e controle do que está sendo apurado, para que sejam
colhidos todos os elementos necessários à posterior elaboração da denúncia.
Nota: A atuação criminal também ocorre na segunda instância (TRFs) e nas instâncias
extraordinárias (STF e STJ). Assim, o que foi dito aqui se aplica, no que couber, aos inquéri-
tos policiais e às ações penais que tramitam, originariamente, nos tribunais. Ex.: deputado
federal responde, por eventual crime, perante o STF; por isso, cabe ao procurador-geral da
República denunciá-lo. Desembargadores e governadores dos estados e do DF respondem
criminalmente no STJ: a investigação e posterior denúncia caberão a um subprocurador.
Juízes federais respondem criminalmente nos TRFs: a investigação e denúncia caberão aos
procuradores regionais.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Não. Na fase de investigação não há qualquer acusação formalizada contra essa pes-
soa, portanto deve-se utilizar os termos “suspeito” ou “indiciado” (nesse caso, somente se
a PF tiver feito o indiciamento). A denominação também varia se a pessoa tiver sido presa
em flagrante, quando deve ser denominada suspeita (o suspeito foi preso em flagrante); ou
se presa provisoriamente, quando se usa indiciado (indiciado foi preso provisoriamente).
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
A prisão em flagrante ocorre nos casos do art. 302 do CP: quando a pessoa está come-
tendo o crime, quando acaba de cometê-lo, quando é perseguido em situação que faça
presumir ser autor da infração; quando é logo depois encontrado com objeto que faça pre-
sumir que é o autor da infração. O auto de prisão em flagrante deve ser enviado ao juiz no
prazo de 24h. Nesse mesmo prazo, o juiz deve promover audiência de custódia na presença
do acusado, advogado/defensor público e membro do MP. Na audiência, o juiz pode relaxar
a prisão, convertê-la em preventiva (se não couber outra medida cautelar entre as previstas
no art. 319 do Código de Processo Civil), ou conceder liberdade provisória.
De modo geral, pode-se dizer que as prisões provisórias têm o objetivo de im-
pedir que o investigado pratique algum ato que dificulte ou impossibilite as inves-
tigações, como queimar documentos, alterar dados, apagar arquivos, ameaçar tes-
temunhas ou até fugir do local onde possa ser encontrado. É, portanto, uma cautela
que se toma para garantir a ordem pública, a produção de provas, a regular instrução
do processo e a aplicação da lei penal. A prisão provisória pode ainda ser decretada
para garantir a ordem econômica, em caso de cometimento de crimes dessa espécie.
A prisão temporária, está prevista na Lei nº 7.960/1989 para crimes mais graves,
como homicídio doloso, genocídio, tráfico de drogas e crimes previstos na Lei de Ter-
rorismo. Geralmente antecede a preventiva. Isso ocorre porque a prisão temporária
tem um prazo rígido (nos crimes previstos pela Lei nº 8.072/1990 – Lei dos Crimes
Hediondos – ela pode durar por 30 dias, prorrogável por igual período; nos outros
crimes, o prazo máximo é de 10 dias). Encerrado esse prazo, normalmente o juiz a
transforma em preventiva. Se não o fizer, o acusado deverá ser posto em liberdade.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Poderá ser substituída pela
prisão domiciliar nos casos previstos no art. 318 do Código de Processo Penal.
Nota 1: A prisão domiciliar foi uma importante mudança legal, com impacto, principal-
mente, no caso de mães, parturientes, pessoas idosas, doentes crônicos e cuidadores de
pessoas com deficiência. O pedido de conversão do modelo fechado para o domiciliar deve
ser motivado e apresentado pela defesa do investigado/acusado ao juiz, que pode solicitar
manifestação do MPF antes de decidir.
> Roubo (art. 157 do Código Penal). Ex.: alguém assalta uma agência da Caixa
Econômica Federal (CEF).
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
> Estelionato (art. 171 do CP). Consiste na obtenção de vantagem ilícita, indu-
zindo alguém a erro, com a utilização de algum meio ardiloso, fraudulento.
Ex.: a inserção de informação falsa nos documentos apresentados ao INSS
para a obtenção de benefício previdenciário indevido.
> Moeda falsa (art. 289 do CP). Interessante registrar que, se a falsificação for
grosseira, o crime não será de moeda falsa, mas de estelionato, e a competên-
cia será da Justiça Estadual (Súmula 73 – STJ).
> Peculato (art. 312 do CP). É o delito cometido por funcionário público que
usa o cargo para apropriar-se de dinheiro, valor ou bem público ou desviá-los,
em proveito próprio ou de terceiros. Ex.: caso Marka-FonteCindam – funcioná-
rios do Banco Central, entre eles um ex-presidente e diretores da instituição,
condenados em 2005 – os funcionários teriam, na operação de socorro aos
bancos Marka e FonteCindam, desviado dinheiro público em favor de terceiro.
> Corrupção ativa (art. 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP). Corrupção ativa é
quando alguém oferece a servidor público algum tipo de vantagem para que
este deixe de praticar ato próprio de seu dever de ofício; corrupção passiva é
quando o servidor público pede ou recebe vantagem indevida em razão do
cargo que ocupa. Uma variação da corrupção ativa é a corrupção privilegia-
da (art. 317, § 2º), que ocorre quando o funcionário público não visa obter
vantagem; ele pratica, retarda ou deixa de praticar ato com infração de dever
funcional cedendo a pedido ou influência de terceiro.
> Concussão (art. 316 do CP). Esse crime é semelhante à corrupção passiva; a
diferença é que, na concussão, o funcionário público constrange, exige a van-
tagem indevida. A vítima, temendo represália, cede à exigência. É um crime,
por isso, mais grave do que a corrupção passiva. Ex.: o policial federal que
exige dinheiro para não prender ou para não instaurar inquérito.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Essa conduta é especificamente prevista pela Lei nº 8.137/1990, que trata de cri-
mes contra a ordem tributária. No Direito, a lei especial prevalece sobre a lei geral. Por
isso, o art. 3º da Lei nº 8.137/1990 considera crime funcional o ato de exigir, solicitar,
receber ou aceitar promessa de vantagem indevida para deixar de lançar ou cobrar,
no todo ou em parte, tributo ou contribuição social.
> Prevaricação (art. 319, do CP). Consiste em retardar ou deixar de praticar, in-
devidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra a lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal. Na prevaricação, o funcionário público não recebe
qualquer vantagem (o que seria corrupção passiva); nem atende a pedidos
de terceiros (o que seria corrupção privilegiada). Ele age para satisfazer, ge-
ralmente, sentimento pessoal, que diz respeito a sua subjetividade (o modo
como ele entende ou se sente em relação a pessoas ou fatos). Ex.: delega-
do que nunca instaura inquérito policial para apurar o crime de furto porque
acha que isso é pouco grave.
> Advocacia administrativa (art. 321 do CP). Ocorre quando o servidor, valendo-
-se de sua qualidade de funcionário e da amizade ou prestígio no ambiente de
trabalho, defende interesse alheio, privado, perante a Administração Pública.
> Tráfico de influência (art. 332, do CP). Ocorre quando alguém, gabando-se
de influência sobre servidor público, pede, exige, cobra ou recebe qualquer
vantagem, material ou não, para influenciar tal servidor a praticar um ato que
beneficiará terceiro.
Notas: 1ª) Se o autor do crime realmente gozar de influência sobre o funcionário e fizer uso
dessa influência, então o crime será de corrupção ativa e passiva, e não de tráfico de influên-
cia. 2ª) Se o autor do crime pede a vantagem para influenciar especificamente atos judiciais
a serem praticados por juiz, membros do Ministério Público, servidor da Justiça, testemu-
nhas, entre outros, o crime será de exploração de prestígio (art. 357 do CP).
> Emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 do CP). Nesse
delito, o servidor público não se apropria das verbas públicas em seu benefí-
cio ou no de terceiros; na realidade, ele as emprega em benefício da própria
Administração, mas com fim diverso daquele que foi estabelecido em lei.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
Nota: A competência aqui pode ser estadual ou federal, ainda que a verba seja federal. O cri-
tério utilizado pelos tribunais é o seguinte: se a verba da União foi repassada e incorporada
ao patrimônio do município, a competência é da Justiça Estadual. Mas, quando se trata de
desvio de verba relativa a convênios, sujeita, portanto, à prestação de contas perante órgão
federal (TCU, Ministérios), a competência é da Justiça Federal, com atuação do MPF.
Nota: Além dos crimes cometidos por funcionários públicos ou particulares contra a Admi-
nistração, o MPF também atua na persecução aos que praticam crimes contra os próprios
funcionários públicos no exercício de suas funções. Um caso de grande repercussão foi o as-
sassinato dos fiscais do trabalho ocorrido no município mineiro de Unaí, em janeiro de 2004,
processado pela 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, com atuação dos procurado-
res da República daquele estado.
Não. A Justiça Federal só julga crime contra funcionário público federal se tiver
sido cometido em razão da função que essa pessoa exerce. Se, por exemplo, um servi-
dor do INSS for morto na rua em decorrência de um assalto, o crime será julgado pela
Justiça Estadual, e não pela Federal, embora ele seja um servidor público federal.
> Descaminho (art. 334 do CP). Descaminho é o delito que consiste em deixar de
pagar os impostos devidos pela importação, exportação ou consumo de uma
mercadoria cuja entrada no país é permitida. Incorre na mesma pena quem:
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
> Uso de passaporte falso (art. 308 do CP). O crime por uso de passaporte
falso ou a inserção de visto consular falso no passaporte é de competência
da Justiça Federal.
Nota: A emigração que consiste na ida para o México e travessia da fronteira para
entrada nos EUA não configura crime, a menos que sejam utilizados passaportes e/
ou vistos falsificados.
> Crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/1990, com alterações da Lei
nº 8.137/2011). Dizem respeito a todas as condutas praticadas com o objetivo
de sonegar tributos federais. Essa lei previu penas mais severas para funcio-
nários públicos responsáveis por serviços de natureza fiscal que pratiquem
atos de corrupção ou concussão.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
[...]
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determina-
dos por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
> Trabalho escravo. O art. 149 do Código Penal, alterado pela Lei nº
10.803/2003, descreve esse crime como sendo o de reduzir alguém à condi-
ção análoga à de escravo, submetendo a vítima a trabalhos forçados ou à
jornada exaustiva, ou sujeitando-a a condições degradantes de trabalho, ou
mesmo impedindo-a de sair do local de trabalho em razão de dívida contraí-
da com o empregador. O Código Penal, contudo, não faz qualquer indicação
de qual justiça seria competente para o seu julgamento. Em 30 de novembro
2006, o STF decidiu que a Justiça Federal é quem deve julgar os crimes refe-
rentes a trabalho escravo.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
> Tráfico de Pessoas. O art. 149-A, incluído ao Código Penal pela Lei nº 13.334/2016,
conceitua esse crime como agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, com-
prar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude
ou abuso, com a finalidade de: remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; submetê-la a qual-
quer tipo de servidão; adoção ilegal; ou exploração sexual. Antes, apenas o tráfico
para fins de exploração sexual estava expresso no Código Penal. O MPF atua nos
casos de tráfico internacional de pessoas ou quando algum dos delitos deve ser
julgado pela Justiça Federal.
> Promoção de migração ilegal (art. 232-A do CP, incluído pela Lei nº 13.445,
de 2017). Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econô-
mica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro
em país estrangeiro.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Nota: A Lei nº 13.964/2019 determina que os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais
poderão instalar, nas comarcas sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária, Varas Criminais Colegia-
das com competência para o processo e julgamento: de crimes de pertinência a organizações crimi-
nosas armadas ou que tenham armas à disposição; do crime de constituição de milícia privada.
> Art. 311-A do CP. Comete esse crime quem utilizar ou divulgar, indevida-
mente, conteúdo sigiloso de: concurso público, avaliação ou exames públi-
cos, processo seletivo para ingresso no ensino superior ou exame ou processo
seletivo previstos em lei.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
> Crimes do Colarinho Branco. Definem práticas que lesam o Sistema Finan-
ceiro Nacional. Previstos na Lei nº 7.492/1986, esses crimes se caracterizam
pela acumulação de dois fatores: a condição social do agente – pessoa que
goza de respeitabilidade e alto status social – e do agente – e o caráter do ato
criminoso, que deve ser praticado no curso de sua atividade.
Nota: Esses crimes podem ser praticados juntamente com o crime de apropriação indébita
(art. 5°, caput, da Lei n° 7.492/1986), que ocorre quando os gestores de instituição financeira
se apropriam, ou desviam em proveito próprio, os valores por eles administrados.
> Evasão de divisas (Lei nº 7.492/1986 art. 22, caput e parágrafo único). É a
remessa de moeda ou de divisas para o exterior por meio de operações de
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL
Nota: Depósitos no exterior. A prática é lícita desde que adequadamente declarados à Recei-
ta Federal.
O primeiro critério para efetuar essa distinção é verificar se os crimes foram come-
tidos contra bens, serviços ou interesses da União. Ou seja, se há interesse da União,
normalmente a atuação vai ser do MPF. Ex.: bingos e caça-níqueis – a competência é
da Justiça Estadual, no que diz respeito à repressão, porque se trata de jogos de azar,
uma contravenção. Se os bingos forem irregulares (funcionam sem autorização legal),
a atribuição é do MPF, porque esse tipo de fiscalização cabe à Caixa Econômica Fede-
ral. No caso dos caça-níqueis, os crimes porventura detectados que sejam atribuição
do MPF – como sonegação de tributos federais, evasão de divisas, contrabando – são
enviados pelo Ministério Público Estadual ao MPF para investigação. O que se verifica,
na prática, é uma atuação coordenada entre o MPF e os MPs Estaduais na repressão
a esses crimes.
COLABORAÇÃO PREMIADA
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO DO MPF NA TUTELA COLETIVA
Na “tutela coletiva”, o MPF age para proteger (tutelar) os interesses e direitos difu-
sos, coletivos e individuais homogêneos. A atuação do Ministério Público na proteção
a esses direitos tem relação direta com a noção de coletividade; com a ideia de que o
direito a ser tutelado diz respeito a um número considerável de pessoas.
Nota: O que não é possível é a atuação do MP em defesa de direito que só beneficie um único
indivíduo ou um grupo reduzido deles (por exemplo, uma ação para que seja revisto o bene-
fício previdenciário de um segurado em função de seu caso específico, sem potencial para
repercutir em outros casos).
O instrumento mais comum de atuação nessa área é a Ação Civil Pública, consi-
derada também o mecanismo mais eficaz de proteção aos direitos da coletividade.
O Ministério Público é hoje o autor da maioria das ações civis públicas de grande
repercussão que tramitam no Judiciário, para a defesa de direitos de toda ordem,
mas principalmente dos que dizem respeito àqueles interesses irrenunciáveis – saú-
de, educação, dignidade da pessoa humana – e de ampla repercussão no meio social
– consumidor, meio ambiente, defesa do patrimônio público.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Munido de todos os dados e informações sobre o fato que deu origem à investi-
gação, o procurador da República, com base na legislação, verifica então se é o caso
de propositura de ação ou de arquivamento da representação. Se decidir pela ação,
o assunto sai da esfera administrativa, interna da procuradoria, e vai para o âmbito
judicial, por meio da propositura das ações civis públicas, ações de improbidade ou
ações coletivas, conforme cada caso.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO DO MPF NA TUTELA COLETIVA
Nota 1: As sanções aplicadas por meio da ação de improbidade são de natureza cível e política:
perda de cargo, de direitos políticos por determinado período, proibição de contratar com o
Poder Público, obrigação de restituir a quantia desviada com juros e correção monetária, entre
outras. As sanções penais, que derivam do cometimento de crime – porque o desvio ou o mau
emprego de verbas públicas é um crime – devem ser impostas por um juiz criminal em ação
penal específica. Sempre que um procurador propõe uma ação de improbidade administrativa,
ele envia cópia dos autos aos procuradores que atuam na área criminal, para que estes, se
entenderem que os fatos constituem crime, ofereçam denúncia contra os envolvidos.
Nota 2: A Lei nº 13.964/2019 (Lei Anticrime) tornou possível a celebração de acordo de não
persecução cível nos casos de improbidade administrativa.
Não. Ela pode ser proposta contra todos que contratam com a Administração Pú-
blica, pessoas físicas ou jurídicas, inclusive contra a própria pessoa de direito público
interno para a qual a verba foi destinada (por exemplo, o município). Basta que haja
um agente público entre os investigados.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
É ainda na Tutela Coletiva que o MPF tem à sua disposição um dos mais impor-
tantes instrumentos de atuação: o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Por meio
dos TACs, as partes se comprometem a cumprir determinadas condicionantes, de
forma a resolver o problema que estão causando ou a compensar danos e prejuízos
já causados. É o que acontece, com frequência, na área do meio ambiente.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO DO MPF NA TUTELA COLETIVA
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
® Educação e Saúde
Presente o interesse da União e de seus órgãos da Administração Pública direta e
indireta, o MPF fiscaliza o cumprimento da regra constitucional do acesso univer-
sal à educação e à saúde. Atua também em questões que envolvem a adminis-
tração e gestão dos órgãos responsáveis por essas áreas (por exemplo, professo-
res de universidade federal que estariam desrespeitando o regime de dedicação
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO DO MPF NA TUTELA COLETIVA
® Sistema Prisional
Com relação ao Sistema Prisional, o MPF atua para garantir a efetiva e correta
execução da pena, para preservação dos direitos e garantias constitucionais do
sancionado. Também tem a responsabilidade de delinear linhas de atuação,
propor alternativas e apresentar-se como realizadora de iniciativas dirigidas à
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Nota: É importante esclarecer que, em todas as áreas da Tutela Coletiva, se for constata-
do algum ato que se enquadre como crime, são retiradas cópias dos procedimentos para
remessa aos procuradores que atuam na área criminal. Por exemplo: a formação de cartel é
infração à ordem econômica que gera repercussões nos âmbitos cível e criminal; assim como
certos danos causados ao meio ambiente ou ao patrimônio público.
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO COMO CUSTOS LEGIS
MANDADOS DE SEGURANÇA
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
> Tributários (Ex.: uma empresa entra com mandado de segurança contra a
Receita Federal porque discorda dos valores lançados pela autarquia no cál-
culo de imposto que está sendo cobrado dela); e
AÇÕES ORDINÁRIAS
Nem todas as ações ajuizadas na Justiça Federal são enviadas ao MPF. Para dis-
tinguir quais devem ter a intervenção dos procuradores e quais não necessitam dessa
intervenção, utiliza-se o critério da qualidade da parte ou da natureza da demanda.
Nessa avaliação, deve prevalecer o interesse público. Por exemplo, as ações ordiná-
rias ajuizadas contra o INSS somente serão enviadas ao MPF quando estiverem em
discussão interesses de idosos e incapazes.
PRECATÓRIOS
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SUMÁRIO
A ATUAÇÃO COMO CUSTOS LEGIS
Não. A lógica é a mesma de outras ações judiciais. No entanto, caso o juiz decida
em sentido contrário ao parecer, o MPF, na condição de fiscal da lei, poderá recorrer
da decisão, mesmo não tendo sido parte no processo até aquele momento.
Sim. Por exemplo, quando o TRF ou o STJ vão julgar recursos interpostos contra
sentenças proferidas em ações penais, os integrantes do MPF que atuam naqueles
tribunais (respectivamente, procuradores regionais e subprocuradores) dão parecer
sobre a causa. Essa atuação é tipicamente de custos legis.
Sim, como custos legis. Além de autor das ações de inconstitucionalidade que
entender cabíveis, o procurador-geral da República tem que dar seu parecer em to-
das as demais ADIs que forem propostas no Supremo Tribunal Federal.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
De modo diverso aos outros ramos do Ministério Público, o Eleitoral não possui
um quadro institucional próprio, com integrantes, carreiras ou existência física inde-
pendente. Em decorrência dessa singularidade, e para conseguir atuar em um país
de dimensões continentais como é o Brasil, sua composição tem natureza híbrida:
formada tanto pelo Ministério Público Federal (procurador-geral e procurador-geral
Eleitoral e os procuradores regionais Eleitorais) quanto pelos Ministérios Públicos es-
taduais (Os promotores Eleitorais são promotores de Justiça que exercem as funções
eleitorais por delegação do MPF).
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SUMÁRIO
O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Não. Ainda que aquele promotor pertença ao MP Estadual, sua atuação na Jus-
tiça Eleitoral nada tem a ver com as suas atribuições perante a Justiça Estadual. São
justiças completamente distintas. Por isso, deve-se utilizar sempre a designação “pro-
motor Eleitoral” ou “Ministério Público Eleitoral”.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
mação dos eleitos. O MPE também fiscaliza a prestação de contas dos candidatos e
dos partidos políticos perante a Justiça Eleitoral, proferindo parecer pela sua rejei-
ção ou aprovação.
> Recurso contra Diplomação (art. 262, inciso I, do Código Eleitoral). É uma
espécie de ação eleitoral que visa anular o resultado de um pleito, porque
há prova de que determinados atos viciaram esse resultado, tornando-o ile-
gítimo. O Código Eleitoral prevê as hipóteses específicas de cabimento do
Recurso contra a Diplomação (por exemplo, a interpretação equivocada da
lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional; o erro de
direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quociente elei-
toral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua
contemplação sob determinada legenda).
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SUMÁRIO
O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
los arts. 30-A e 41-A, que tratam, respectivamente, da captação ou uso ilícito
de recursos financeiros para fins eleitorais e da captação ilícita de sufrágio).
> Recursos Eleitorais. São recursos contra decisão da Justiça Eleitoral. Por
exemplo, o juiz defere inscrição de eleitor contra a qual se opõe o promotor
Eleitoral: o MP poderá recorrer dessa decisão. Outra hipótese: o Ministério Pú-
blico representou contra um partido político por propaganda eleitoral irregu-
lar e o juiz julgou-a improcedente: o MP recorrerá ao TRE.
> Ações Penais Eleitorais. São as ações que buscam a punição e a responsa-
bilização daqueles que praticaram crimes eleitorais. A compra de votos é o
crime eleitoral mais conhecido, mas inúmeras outras condutas também con-
figuram crime, apesar de comumente serem vistas apenas como meras irre-
gularidades: inscrição eleitoral fraudulenta; transporte irregular de eleitores
no dia da votação; violar ou tentar violar o sigilo da urna; caluniar, difamar ou
injuriar por meio da propaganda eleitoral; realizar propaganda eleitoral em
locais não permitidos etc. Importante salientar que, também na área eleito-
ral, os crimes são de ação penal pública, ou seja, somente o Ministério Públi-
co está autorizado a oferecer denúncia por crime eleitoral.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
10 AS PRINCIPAIS LEIS
Relação exemplificativa das leis que fundamentam a maioria das ações ajuizadas
pelo Ministério Público Federal.
Administração Pública
Lei nº 1.079/1950 – Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo
processo de julgamento.
Lei nº 13.869/2019 – Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade.
Lei nº 8.112/1990 – Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
Lei nº 8.429/1992 – Lei de Improbidade Administrativa. Dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública direta, indireta
ou fundacional.
Lei nº 8.666/1993 – Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e ins-
titui normas para licitações e contratos da Administração Pública. (Ver alterações)
Lei nº 10.763/2003 – Modifica a pena para os crimes de corrupção ativa e passiva.
Decreto-Lei nº 201/1967 – Crimes praticados por prefeitos e vereadores.
Lei nº 10.028/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal. Trata dos crimes contra as
finanças públicas.
Lei nº 10.628/2002 – Lei do foro privilegiado. Essa lei perdeu eficácia em 15/9/2005,
quando o STF julgou inconstitucional o foro especial concedido a ex-ocupantes
de cargos públicos e/ou mandatos eletivos por ato de improbidade administrati-
va. A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIN 2797-2).
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SUMÁRIO
AS PRINCIPAIS LEIS
Crimes hediondos
Lei nº 8.072/1990 (com inclusões das Leis nº 12.850/2013; nº 12.978/2014; nº
13.104/2015; nº 13.142/2015; nº 13.964/2019) – Lei dos Crimes Hediondos.
Crime organizado
Lei nº 12.850/2013 (com alterações das Leis nº 13.260/2013 e nº 13.964/2019) –
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Eleitoral
Lei nº 4.737/1965 (com alterações da Lei nº 13.165/2015) – Código Eleitoral.
Lei nº 9.504/1997 (com inclusões/alterações das Leis nº 12.891/2013; nº
13.165/2015 e 13.488/2017) – Estabelece normas para as eleições.
Decreto nº 7.791/2012 – Regulamenta a compensação fiscal na apuração do Im-
posto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) pela divulgação gratuita da propa-
ganda partidária e eleitoral, de plebiscitos e referendos.
Meio ambiente
Lei nº 12.651/2012 – Código Florestal.
Lei 9.605/1998 (com alterações da Lei nº 13.052/2014) – Lei dos Crimes Ambien-
tais – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente.
Lei nº 9.966/2000 – Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da polui-
ção causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas
em águas sob jurisdição nacional.
Ministério Público
Constituição Federal – especialmente o art. 129.
Lei Complementar nº 75/1993 – Lei Orgânica do Ministério Público da União.
Lei nº 8.625/1993 – Lei Orgânica Nacional do Ministério Público.
Patrimônio cultural
Decreto-Lei nº 25 (com alterações da Lei nº 13.105/2015 – Código de Processo
Civil) – Organiza a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e cria o
Instituto do Tombamento.
Lei nº 3.924/1961 – Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.
Decreto nº 3.551 – Institui o registro de bens culturais de natureza imaterial que
constituem patrimônio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional do Patrimô-
nio Imaterial.
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SUMÁRIO
AS PRINCIPAIS LEIS
Prisão temporária
Lei nº 7.960/1989 (com alterações da Lei nº 13.869/2019) – Dispõe sobre prisão
temporária.
Rádios clandestinas
Lei nº 4.117/1962 – Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações, e define como
crime a instalação ou utilização clandestinas de telecomunicações (art. 70).
Lei nº 13.424/2017 – Dispõe sobre o processo de renovação do prazo das conces-
sões e permissões dos serviços de radiodifusão, e dá outras providências.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Tráfico de pessoas
Lei nº 13.344/2016 – Dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e in-
ternacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas.
Decreto nº 5.017/2004 – Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Na-
ções Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, relativo à Prevenção, Re-
pressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças.
Decreto nº 5.016/2004 – Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Na-
ções Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, relativo ao Combate ao
Tráfico de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea.
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO DE TERMOS JURÍDICOS
Ação Civil Pública – É uma ação destinada a proteger interesses difusos ou coletivos,
responsabilizando quem comete danos contra os bens aí tutelados. Por meio da ACP,
pede-se que os réus sejam condenados à obrigação de fazer ou deixar de fazer determi-
nado ato, com a imposição de multa em caso de descumprimento da decisão judicial.
Ação de Improbidade – Ação ajuizada contra pessoas físicas ou jurídicas que pra-
ticaram atos de improbidade administrativa. Geralmente, além da imposição de
sanções políticas (suspensão dos direitos políticos, inelegibilidade), pede-se que a
pessoa devolva os recursos eventualmente desviados.
Ação Declaratória – É um pedido que a pessoa faz para que o Judiciário declare a
existência ou inexistência (se o juiz assim entender) de uma relação ou situação jurí-
dica. Por exemplo, ação de pedido de naturalização.
Ação de Jurisdição Voluntária – É aquela ação em que não há conflito entre duas
partes adversárias. Por exemplo, as ações declaratórias de direitos são ações de ju-
risdição voluntária.
Ação Penal Pública – Ação penal é o pedido ao Estado (representado pelo juiz) para
a punição de um crime, responsabilizando as pessoas que o cometeram. A ação pe-
nal pode ser pública ou privada. Ela é privada quando é o próprio ofendido que pede
a punição do ofensor, porque o bem violado é exclusivamente privado (por exemplo,
uma queixa por crime de calúnia, que é espécie de crime contra a honra). A ação é
penal pública quando os crimes têm reflexos na sociedade, por isso o próprio Estado
tem interesse na sua punição e repressão. Nesse caso, ele vai agir por intermédio do
Ministério Público. Só o MP pode propor a ação penal pública em juízo.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Coisa julgada – A expressão é usada para designar o momento em que a decisão judi-
cial se torna definitiva, não sendo mais possível entrar com qualquer recurso contra ela.
A coisa julgada torna imutável e indiscutível o que o juiz ou tribunal decidiu.
Contravenção – É uma infração penal classificada como um “crime menor”. Por isso,
é punido com pena de prisão simples e/ou de multa. Ex.: os jogos de azar são contra-
venções penais.
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO DE TERMOS JURÍDICOS
Denúncia – Peça de acusação formulada pelo Ministério Público contra pessoas que
praticaram determinado crime, para que sejam processadas penalmente. A denúncia
dá início à Ação Penal Pública.
Direitos difusos – São aqueles que possuem natureza indivisível e dizem respeito
a uma massa indeterminada de pessoas, que não podem ser individualizadas. Por
exemplo, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito tipica-
mente difuso, porque afeta um número incalculável de pessoas que não estão ligadas
entre si por qualquer relação jurídica preestabelecida.
Estado de Direito – É o que assegura que nenhum indivíduo está “acima da lei”. Diz-
se que um país vive sob Estado de Direito quando sua Constituição e suas leis são
rigorosamente observadas por todos, independentemente do cargo político, posição
social ou prestígio.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Habeas corpus – É uma ação, de caráter urgente, a ser impetrada sempre que al-
guém sofrer ou se achar na iminência de sofrer (habeas corpus preventivo) violência
ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir.
Habeas Data – É uma ação impetrada por alguém que deseja ter acesso a informa-
ções relativas a sua pessoa que estejam em posse de qualquer órgão público federal,
estadual ou municipal. O habeas data também serve para pedir a retificação ou o
acréscimo de dados aos registros (CF, art. 5º, inciso LXXII, regulamentado pela Lei nº
9.507, de 12 de novembro de 1997).
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO DE TERMOS JURÍDICOS
Normas – São as regras editadas para organizar, definir, estabelecer ou limitar direi-
tos e deveres.
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SUMÁRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - POR DENTRO DO MPF: CONCEITOS, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES
Parecer – É a manifestação do Ministério Público em uma ação, por meio da qual ele
diz sua opinião sobre o pedido do autor com base no que a lei dispõe sobre aquele
assunto. O parecer do Ministério Público não obriga o juiz.
Preliminar – São questões que devem ser decididas antes do mérito, porque dizem respei-
to à própria formação da relação processual. Por exemplo, a discussão sobre a competência
de um juiz para julgamento de uma causa constitui espécie de preliminar; assim também
a legitimidade da parte para fazer aquele pedido. Por isso, o julgamento das preliminares
pode impedir o próprio julgamento do mérito, caso sejam julgadas procedentes.
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO DE TERMOS JURÍDICOS
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SUMÁRIO