Orientações Nacionais para Formação de Um Jogador

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Departamento Técnico

Equipa Técnica Nacional

Formação de Jogadores
ORIENTAÇÕES NACIONAIS

Outubro 2015
INTRODUÇÃO

1. A formação de jogadores/as constitui, para a Direcção Técnica Nacional, o mais


importante assunto/problema do nosso Basquetebol, sobre o qual é urgente
intervir, de forma organizada e coordenadamente.

2. Daí que produzir, divulgar e (ajudar a) aplicar estas Orientações Nacionais tenha
sido uma tarefa prioritária solicitada à equipa Técnica Nacional.

3. Foi difícil completar o primeiro passo, fundamentalmente devido à escassez de


recursos humanos do Departamento Técnico da F. P. B. e porque os treinadores
que integram a E. T. N. não estão vinculados “em tempo inteiro” à Federação e têm
(e ainda bem que assim é) vidas profissionais muitíssimo ocupadas,
nomeadamente os que são responsáveis pelas Selecções Nacionais de jovens.

4. Temos consciência que a utilidade destas Orientações Nacionais não é garantida


pelo simples facto de estarem produzidas, mas sim pela sua divulgação
generalizada junto dos treinadores das categorias de formação e, principalmente,
pela forma como estes as aplicarem, no seu trabalho diário com os jogadores,
tanto nos Clubes, como nas Selecções Regionais.

5. Da parte da D. T. N./E. T. N. e com a cooperação da Escola Nacional de


Basquetebol, existe total disponibilidade e empenho para apoiar a sua aplicação,
estando já a ser implementado um “Plano de Trabalho com os D. T. R. e os
Seleccionadores Regionais”.

6. As Orientações Nacionais são compostas por três partes:

a) “Percurso de Formação dum Jogador”, com coordenação do S. N. de SUB-16


Masculinos, António Paulo Ferreira;

b) “Tendências de Evolução do Jogo – Princípios, Conceitos”, com coordenação do


S. N. de SUB-20 Masculinos, José Ricardo Rodrigues;

c) “Prioridades de Trabalho”, com coordenação do D. T. N., Mário Gomes.

7. Era nossa intenção integrar uma parte específica sobre “Preparação Físico-
Atlética”, o que exigia o cumprimento duma premissa básica – reforçar a Equipa
Técnica Nacional com um especialista que, além de elaborar um plano de
intervenção nesta área, iria trabalhar junto das Selecções de jovens, Nacionais e
Regionais.
Apesar de insistentemente solicitado, este reforço não pôde ser aprovado pela
Direcção da F. P.B., por motivos que são do conhecimento de todos.

8. Juntamos, como anexo, a proposta apresentada pela Treinadora Adjunta da S. N.


de SUB-16 Feminina, Teresa Barata e pelo Director da E. N. B., Jorge Fernandes.

9. Sobre cada uma das partes atrás referidas:

a) A primeira parte indica um percurso a cumprir ao longo da formação dum


jogador, definindo cronologicamente as etapas a serem respeitadas.

b) A segunda parte contém, essencialmente, conteúdos abordados e


desenvolvidos no Curso de Treinadores de Grau III e constitui um guia para o
treinador de jovens orientar a formação destes, no sentido de os preparar para
as exigências que o jogo lhes colocará quando forem Seniores.

c) A terceira parte integra um conjunto de meios práticos de trabalho, para dar


resposta às que entendemos deverem ser as prioridades do treino nas
categorias de formação.

10. Como anexo, juntamos um documento, já divulgado há um ano atrás, intitulado


“Selecções Nacionais Masculinas (S 20, S 18, S 16) – 2012/2014 – Análise e
Recomendações”).

11. Tendo sido produzidas por Treinadores, as Orientações Nacionais para a Formação
de Jogadores assentam numa filosofia, da qual destacamos os seguintes pontos:

a) Privilegiar a evolução de cada um dos jogadores, através da qual se faz a


evolução do nível de jogo da equipa. Existe uma diferença fundamental no
raciocínio do treinador, conforme treine uma equipa de Seniores ou um escalão
de formação:
 Nos Seniores, a tarefa do treinador é conseguir aproveitar ao máximo as
características dos jogadores que compõem a equipa;
 Numa equipa de formação, trata-se de, respeitando as etapas dum
programa a médio/longo prazo, ir “construindo” o jogador, por forma a
poder atingir o mais alto nível quando for Sénior, de acordo com o
conhecimento que o treinador deve ter das tendências de evolução do jogo.
b) O planeamento duma equipa de formação é muito distinto do duma equipa de
Seniores, que tem como unidade fundamental de planeamento ao longo da
época o microciclo, orientado em função do (s) jogo (s) da semana. Na
formação, as variáveis que determinam as decisões de planeamento são
outras: o conhecimento das etapas de evolução dos jogadores e do nível de
jogo e a avaliação sistemática dos indicadores individuais e colectivos dessa
evolução, sendo a competição um elemento importante de aferição. Planear
semanalmente, tendo como preocupação fundamental ganhar ao fim-de-
semana, pode ser muita coisa, mas não é certamente planear a formação de
jogadores. Dito doutro modo, formar jogadores é algo muito diferente de
preparar equipas para “ganhar o jogo seguinte”!

c) A principal “habilidade” do treinador de formação é conseguir que os


jogadores por cuja evolução é responsável aprendam, aperfeiçoem e treinem
o que é realmente importante, no momento em que se encontram do seu
percurso de formação.

d) As decisões do treinador de formação devem basear-se no seu conhecimento


sobre o jogo e na aprendizagem contínua/acompanhamento por treinadores
mais experientes (“Coordenadores”), tendo como guias os seguintes pontos:

 Conhecer as exigências que o Basquetebol moderno coloca e para as quais


temos que formar jogadores; ou, dito doutra forma: que “modelo de
jogador” formar, tendo em conta as tendências de evolução do jogo;

 O que ensinar/treinar em cada uma das etapas de evolução dos jogadores;


ou seja, “o que vem antes e o que vem depois” no percurso de formação,
ou ainda “as primeiras coisas primeiro”;

 Decisão + Execução… Conceitos/Leitura + Técnica Individual… “Quando” +


“Como”…

 Táctica Individual antes da Táctica Colectiva…


Primeira Parte:
Percurso de Formação do
Jogador

Etapas, conteúdos, indicações metodológicas para


a construção do treino

Coordenação António Paulo Ferreira


Percurso de formação do jogador.

Etapas, conteúdos, indicações


metodológicas para a construção do treino.

Equipa Técnica Nacional


Coordenação de António Paulo Ferreira

1
ÍNDICE
1. Fundamentos.....................................................................................................slide 3

2. Estrutura: etapas de formação..........................................................................slide 4

3. Objetivos e indicações metodológicas para a construção do treino para cada etapa de


treino.....................................................................................................................slide 5
3.1 Etapa da fidelização – Minibasket. Objetivos e indicações metodológicas para a
construção do treino no Minibasket.....................................................................slide 6
3.2 Etapa da iniciação – Sub-14. Modelo de jogo, objetivos e indicações
metodológicas para a construção do treino nos Sub-14.....................................slide 14
3.3 Etapa da orientação – Sub-16. Questões prévias para a definição de um modelo
de jogo, objetivos e indicações metodológicas para a construção do treino nos Sub-
16..................................................................................................................slide 33
3.4 Etapa da especialização – Sub-18. Questões prévias para a definição de um
modelo de jogo, objetivos e indicações metodológicas para a construção do treino nos
Sub-18..................................................................................................................slide 65

4. Qual o “produto final” do processo de formação de um jogador? Por posição aponta-se


as referências seguintes.................................................................................slide 102

5. Considerações finais........................................................................................slide 108 2


1. Fundamentos

1 – Ensinar e treinar o que os jovens precisam de aprender em cada etapa da


formação, mais do que ensinar e treinar aquilo que cada um de nós sabe sobre
basquetebol.

2 – Colocar a táctica individual como o centro do ensino e da aprendizagem do


jogo em cada uma das etapas – a técnica pela técnica não serve sem a existência
de um pensamento táctico integrado no jogo.

3 – Enriquecer os argumentos técnicos dos jogadores à medida que as


necessidades táticas sejam crescentes. Porém, dar desde sempre, um enfâse muito
claro ao ensino e treino do lançamento em todas as etapas.
4 – Articular os processos táticos (ofensivos e defensivos) por forma permitir a que
um jogador aos 18 anos integre exigências do basquetebol de rendimento – jogue
numa equipa sénior –, mas aos 23-25 possa reunir as suas possibilidades físicas,
técnico-tácticas e psicológicas para competir ao alto nível.

5 – Desenvolver uma elevada atitude competitiva – SUPERAÇÃO PERMANENTE! –


exigindo nos jogos os conteúdos, comportamentos e qualidades que se treinam.3
2. Estrutura: etapas de
formação

4
3. Objetivos e indicações metodológicas para a
construção do treino para cada etapa de treino

5
3.1 Etapa da fidelização – Minibasket.

Objetivos e indicações metodológicas para a


construção do treino no Minibasket

6
ATAQUE
• recebem a bola e atacam o cesto em posição
ofensiva básica.

• exploram o conceito de tripla ameaça quando TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA


apontam o cesto.

• assentam o ataque em combinações entre dois • ao lançamento ninguém parado! Uns reagir ao ao
jogadores – 2x2: ressalto ofensivo, outros à proteção do seu cesto.
* reagem ao drible – aclaram quando o
drible vem na sua direção. • recuperam rapidamente para o meio campo
*passam e cortam para o cesto desfazendo defensivo protegendo o corredor central.
pelo lado contrário da bola ou pelo lado da bola.
• correm para trás, cobrindo linhas de passe mais
• entram no ataque em 1:2:2 ou 2:2:1– todos os perto do cesto, enquanto quem está mais perto da
jogadores a encaram o espaço ofensivo de frente. bola contem a sua progressão.

• mantêm a ocupação equilibrada do espaço de • reagem à perda da posse e aos ajustamentos


ataque. individuais – “cada um ao seu” – sem quebras de
ritmo e sem esquecimentos defensivos.
• repõem os espaços livres

• nas reposições de bola em jogo abrem os quatro


cantos e trabalham cortando para o cesto, repondo
posições livres.
7
DEFESA
• defendem em posição básica defensiva com
enquadramento e deslocamento adaptados à
movimentação da bola – pressão e condicionamento
do espaço. TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE
• na defesa ao jogador com bola observa-se uma • reagem coletivamente à recuperação da posse de
equilibrada gestão de distâncias, objectivos e bola: ressalto defensivo, reposição em jogo, roubo
particularidades: antes do início do drible; em drible; de bola, intercepção, bola perdida pelo ataque,
após interromper o drible. disputa de bola de outra forma.

• na defesa ao jogador sem bola: 1ªs linhas de passe são • afastam-se da bola e ocupam as quatro estações de
sobremarcadas de forma fechada, 2ª linhas de passe recepção.
sobremarcadas de forma aberta.
• progridem para o ataque com a ocupação de três
• a gestão da pressão sobre as linhas de passe adapta-se corredores de contra-ataque: corredores laterais e
claramente em função da distância entre o jogador central.
sem bola e a bola.
• a bola avança pelo corredor central e sprintam sem
• defendem campo todo e em ½ campo. bola nos corredores laterais!

• observam-se as primeiras noções de ajuda sobre a • demonstram competência tática na resolução do 2


bola: sempre que o defesa da bola perde o controlo do contra 1.
driblador, alguém tem de ajudar!

• vão ao ressalto defensivo procuram a posição interior,


lutando pela recuperação da bola e ligam-na à
transição da defesa para o ataque. 8
Para captar a fidelidade ao jogo é necessário:

Ensinarmos um jogo inclusivo: entre os diferentes níveis de


habilidade, condição física e experiência.

Ensinarmos um jogo colectivo: cada um dentro da equipa.

Ensinarmos um jogo agradável: prazer na prática, jogo


como fator de motivação intrínseca sempre crescente.
9
Desta forma, não será possível…

10
Esta, não será a mais desejada…

11
Indicações genéricas para o treino técnico-tático:
• Exercício com um conteúdo mais analítico e técnico e o Jogo apresenta no treino uma proporção de 30-40% e
70-60%. A razão fundamental para esta opção prende-se com a necessária melhoria da execução técnica para
que as respostas tácticas que se vão pretendendo durante o jogo possuam um suporte de execução cada vez
mais rico.

• Utilização de exercícios de manejo e manipulação de bola, diversos tipos de passe, formas de drible e
lançamento com o objectivo de alargar o reportório técnico dos jovens.

• Exercícios de transição com 2 e 3 jogadores com utilização do passe e do drible em progressão para aquisição
das noções de corredores e finalização em vantagem numérica.

• Exercícios com transições ataque-defesa e defesa-ataque em situações de 1 contra 1, 2 contra 2 e 3 contra 3


com enfâse centrado nas reações para o ataque e para a defesa precedidas de ressalto ofensivo e defensivo.

• Exercícios de progressão e de ocupação do espaço em ataque com o enfâse centrado nas combinações entre 2
jogadores: passe e corte, aclaramento ao drible.

• Focar a situação de 2 contra 1 como a situação mais analítica da transição que os jovens devem saber
resolver.

• Apesar dos exercícios para aperfeiçoamento técnico ocuparem uma importante fatia do treino, o Jogo continua
a ser o meio de excelência para ensinar – Ensinar e aprender a jogar, jogando.
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Indicações genéricas para o treino físico:
• desenvolvimento de exercícios que solicitem formas de coordenação que são a base das ações típicas do jogo:

a) manipulações de outros objetos e bolas com os membros superiores e inferiores.


b) lançamentos para diferentes tipos de alvos com uma estrutura mecânica diferenciada.
c) domínio do esquema corporal e integração de uma adaptada noção e corpo,
d) equilíbrios usando superfícies de apoio diferentes na forma, largura e aderência,
e) corridas e deslocamentos variados
f) saltos, ressaltos e multi-saltos

• promoção de exercícios onde esteja presente a velocidade de reação, a velocidade acíclica dos membros e
ainda situações que conduzam ao fortalecimento geral do aparelho locomotor. Qualquer destas exigências
podem estar integradas com os exercícios de treino da técnica. Para que isto seja possível podem-se organizar
várias formas de exercício:

a) corridas de estafetas com tarefas.


b) concursos de passe, drible e lançamento, com diferentes deslocamentos e diferentes distâncias,
c) exercícios com plataformas irregulares ou de diminuição reduzida.
d) exercícios com utilização do peso do corpo em diferentes de regimes e diferentes posições
e) percursos ou circuitos de trabalho de força geral do aparelho locomotor.

13
3.2 Etapa da iniciação – Sub-14.

Modelo de jogo, objetivos e indicações


metodológicas para a construção do treino nos
Sub-14

14
MODELO DE JOGO (I)
• Defesa individual agressiva nas posições e nos deslocamentos com as
referências espaciais bem integradas seja no meio campo seja no
campo todo.

• Uma ligação muito forte entre recuperação da bola e o contra-ataque


onde as finalizações de 2 contra 1 e 3 contra 2 sejam resolvidas com
conhecimento táctico relevante.

• Uma noção de transição com ocupação de três corredores que


permita identificar diferentes momentos de exploração de vantagem
desde o ressalto defensivo ou recuperação da posse até ao ataque.

• Um ataque estruturado por princípios básicos onde a exploração do 1


contra 1 e as combinações básicas simples de 2 contra 2 sejam a
essência da leitura tática.
15
MODELO DE JOGO (II)
PROPOSTA DE REGRAS PARA A CONSTRUÇÃO DO ATAQUE
1. Quem recebe é uma seta em relação ao cesto – o 1x1 é a primeira preocupação
ofensiva do jogo em ataque.

2. Entradas com com 5 jogadores abertos (1:2:2; 2:2:1) ou 4 fora 1 dentro (2:3 ou outra
entrada).

3. Jogador parado é jogador marcado – todos devem trabalhar para receber.

4. Quem passa e corta agressivamente para o cesto, manutenção coletiva da ocupação


do espaço.

5. Sempre que possível mudar o lado da bola.

6. Reagir coletivamente à penetração da bola no 1x1.

7. Sempre que há lançamento nunca ficar parado: 3 jogadores no ressalto ofensivo e 2


no balanço defensivo. 16
ATAQUE
• demonstram iniciativa e ofensividade para em primeira instância procurar o jogo de 1x1.

• o jogador com bola lê o jogo em função de três referências: (1) o seu 1x1; (2) o trabalho das 1ªs linhas de passe;
(3) a necessidade de mudar o lado da bola.

• os jogadores sem bola trabalham para receber utilizando o contacto e dando continuidade e importância ao
corte nas costas – corte à sobremarcação.

• os jogadores cortam para o cesto sempre que não têm linhas de passe ou a bola vem na sua direção.

• ao passe, o corte tenta claramente ser uma ação de recepção – vê-se uma leitura intencional nesta combinação
de 2x2 por parte de quem passa e quem recebe.

• todos os jogadores têm argumentos para explorar a posição interior. A posição de poste pode ser explorada
pelos cortes, pelos aclaramentos, pela continuidade do trabalho sem bola e por cortes do lado contrário da bola
para o lado da bola.

• os aclaramentos repõem o equilíbrio espacial e a manutenção da ocupação do espaço nos timings ajustados.

• uma penetração é sinal de trabalho coletivo: todos reagem às penetrações em drible – 1x1 mais 4.

• quando há lançamento ninguém pára: 3 no ressalto ofensivo, 2 recuperando para a defesa.


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TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA
• defendem em campo inteiro reagindo de imediato após perda da posse de bola por cesto marcado: pressionam
as 1ªs linhas de passe e ajudam nas linhas de passe mais próximas da bola.

• na defesa em campo inteiro, deslocam-se de forma a ter em conta o lado da bola e o lado contrário da bola e
tendo em conta a proximidade da bola do cesto.

• os dois jogadores que recuperam são responsáveis por defender o cesto e a progressão da bola: um corre para
a linha de lance livre do seu meio campo – defende o cesto –, o outro ocupa para o círculo central – atrasa a bola.

• se os três ressaltadores no ataque não recuperarem o ressalto, sprintam para a defesa no corredor central
ajudando a dificultar a progressão da bola e a recuperar as linhas de passe que se vão desmarcando.

• em situações de inferioridade numérica de 2x1 e 3x2, os defensores dificultam ao máximo a vantagem dos
atacantes. No 2x1 utilizam fintas de ida para a bola e para o homem procurando hesitação no ataque. No 3x2
defendem em tandem e atrasam o ataque ao cesto.

• a equipa demonstra alegria, vontade e orgulho na fase defensiva do jogo, e reagem aos estímulos que obrigam
a equipa a recuperar quando perde a posse de bola – a forma como a dinâmica da equipa transita do ataque
para a defesa é demonstrativa desse gosto e motivação para defender.

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DEFESA (I)
Defesa do jogador com bola
• acima da linha de lance livre: convidar linha lateral ou “parede” na bola (pés paralelos).

• abaixo da linha de lance livre: convidar linha final ou “parede” na bola (pés paralelos).

• seja acima ou abaixo da linha de lance livre: não permitir penetrações ao meio.

• às iniciativas de penetração, o defesa responde com um deslocamento defensivo agressivo e antecipatório,


trabalhando os braços no sentido de opor ao passe e sobretudo ao lançamento. As posições são ganhas com o
corpo – deslocamento defensivo, trabalho das pernas e dos apoios.

• sempre que a recepção é interior, o defesa enquadra-se com a linha bola-cesto: convida linha lateral ou
“parede” na bola – negar penetrações ao meio.

• ao lançamento, o defensor reage com oposição e bloqueio defensivo – não dar lançamentos abertos.

• comunica e fala na defesa: forçou o atacante a parar o drible: PAROU!; o atacante lançou: LANÇOU!; perde o
controlo do atacante com bola: AJUDA!

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DEFESA (II)
Defesa do jogador sem bola no lado da bola

• a linha de 1ª passe é sobremarcada sem receios de forma fechada.

• o defensor vê a bola e o homem. Sempre que perde uma das referências controla o homem e nunca perde de
vista a bola – é a bola que entra no cesto!

• não deixa cortar na frente: se perde momentaneamente o controlo do atacante no corte para o cesto, pede
AJUDA!

• na 2ª linha de passe, o defensor sobremarca de forma aberta e ajusta-se permanentemente ao movimento do


homem e da bola.

• está pronto e quando há necessidade, ajuda sobre a bola e perante os cortes.

• ao lançamento, o bloqueio defensivo é a reação imediata: controlo do homem na trajetória aérea da bola.

Defesa do interior

• Não permite a receção confortável, usando o corpo para retirar equilíbrio e posição ao poste – luta pela posição.

• Sobremarca a ¾ pelo meio.

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DEFESA (III)
Defesa do jogador sem bola no lado contrário da bola

• os defensores dominam as referências da defesa com ajudas: linha cesto-cesto, prolongamento da linha de
lance-livre, lado da bola e lado contrário.

• com o lado da bola definido a ajuda é marcada na linha cesto-cesto.

• em ajuda, o defesa vê a bola e o homem e adaptando-se aos movimentos de ambos.

• interpõe o corpo nas tentativas de corte pela frente nunca deixando de lutar pela posição entre a bola e o
homem.

• reage à abertura do movimento do jogador sem bola e é agressivo na linha de passe caso se torne numa 1ª
linha.

• em ajuda e quando há lançamento, reage na direção do homem procurando bloquear defensivamente –


bloqueio defensivo.

21
DEFESA (IV)
Generalidades

• a defesa domina este conjunto de comportamentos em meio campo e em campo inteiro – EXTENSÃO/PRESSÃO
DEFENSIVA.

• pelo posicionamento defensivo, os defesas têm integrados os conceitos de linha de passe de segurança e linha
de passe penetrante – CONCEITOS BÁSICOS DA DEFESA.

• em caso do aparecimento do poste o defesa segue a regras geral entre a bola, o homem e o cesto –
INTRODUÇÃO DA DEFESA DO POSTE.

• a defesa apresenta intenção colectiva para comunicar entre si: avisa com palavras-chave – COMUNICAÇÃO.

• todos os jogadores disputam o ressalto defensivo com luta e determinação pela bola – RESSALTO, LUTA PELA
POSSE DE BOLA.

• possibilidades de introduzir de variantes defensivas fundamentadas no HxH, promovendo cultura tática e


conhecimento do jogo: DEFESA EM CAMPO INTEIRO COM 2x1; “SALTA E TROCA”.

22
TRANSPOSIÇÃO DEFESA-ATAQUE
• quem ganha o ressalto procura imediatamente o primeiro passe.

• a abertura da 1ª linha de passe é clara e feita pelo jogador que mais perto está da bola (atrás dos 3 pontos, no
prolongamento da linha de lance-livre).

• o início do contra-ataque está bem definido com a procura de ligar ressalto defensivo ao 1º passe, e respetiva
reação e abertura das restantes linhas de passe.

• a equipa apresenta três soluções para colocar a bola no corredor central:

(1) a progressão em drible por parte de quem recebe;


(2) o passe/corte entre o ressaltador e o receptor do primeiro passe;
(3) o aparecimento por leitura da primeira linha de passe vinda lado contrário da bola.

• a reação e progressão sem bola é rápida por parte das duas linhas de passe que correm à frente a linha da bola.

• nos casos em que a ligação do ressalto com as primeiras linhas de primeiro passe não coloquem a bola no
corredor central, as 2ª linhas de passe (devem) aparecem(r) no apoio à transição.

• os dois jogadores que imediatamente reagem para o cesto adversário cruzam debaixo do cesto e abrem a
extremo alto do lado contrário ao qual correm.

23
TRANSPOSIÇÃO DEFESA-ATAQUE

• caso não exista situação de vantagem primária, observa-se a entrada do 4º e 5º jogadores como forma de
ataque rápido.

• o 4º e 5º jogadores entram, podem ou não cruzar e abrem a extremo baixo ou adaptam-se à entrada do ataque
definida.

• desde a recuperação do ressalto defensivo, a equipa joga em passing game sem transições abruptas entre os
diversos momentos do ataque – procura de vantagens e manutenção de um ritmo elevado de execução em
ataque.

• as leituras de finalização do contra-ataque primário: 1 contra 0, 2 contra 0, 2 contra 1 e 3 contra 2 são


elaboradas e apresentam-se sólidas no conhecimento tático da sua resolução.

24
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (I):
• O desenvolvimento da técnica individual ofensiva e a sua aplicação em jogo – TÁCTICA INDIVIDUAL – tem
neste ciclo de dois anos uma importância chave.

• O treino da técnica deve ser efectuado de acordo com uma direção: alargar reportório de soluções e
argumentos ofensivos e defensivos.

• Numa lógica de proporção entre o tempo de treino passado em situações de exercício e situações de jogo
aponta-se uma relação de 50%/50% - este dado lustra com muita clareza a importância desta fase como uma
fase de enriquecimento do reportório técnico-táctico individual – ênfase do treino centrado na melhoria do
jogador.

• Os exercícios utilizados devem ser preferencialmente dirigidos para o desenvolvimento do drible de proteção e
progressão com exploração técnica das mudanças de direção em drible, diferentes tipos de passe com diversas
leituras da oposição (passes variados com utilização de pé eixo), lançamento nas suas diversas formas –
lançamento parado e em salto e diversas formas de finalização face ao cesto – TÉCNICA INDIVIDUAL OFENSIVA.

• Tão importante como a execução técnica, é a execução ligada dos diversos elementos do jogo ao serviço da
leitura com uma velocidade de execução cada vez maior: a ligação do passe à recepção e diversas formas de
lançamento, a ligação do drible à finalização, a ligação do drible ao passe e vice-versa, a ligação do passe e do
drible às paragens e rotações interiores e exteriores.

25
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (II):
• As combinações de 2x2 e 3x3 são excelentes situações para o desenvolvimento da táctica individual e dessa
forma para a aplicação com oposição do trabalho em 1x0, 2x0 e 3x0: o passe/corte/reposições, trabalho de
recepção com ligação ao 1x1 e 2x2, a provocação do aclaramento ao drible ou exploração do 1x1 com reações
às penetrações.

• As fases de transição da defesa para o ataque devem estar presente como uma exigência permanente, devendo
os exercícios de transição dar sempre a ideia de velocidade: correr depressa e chegar mais cedo do que os
defensores. O 2x1 e o 3x2 têm de estar presente nos exercícios de treino, deve ser ensinada e consolidada a sua
resolução táctica e estimulada a realização em jogo.

• O ensino de movimentos para a exploração de posições interiores - movimentos de costas para o cesto
relacionados com a sua exploração no modelo de jogo - aparecem nas soluções técnicas dos jogadores.

• A defesa aparece pela primeira vez de uma forma mais analítica como um conteúdo de treino preparado para
ser ensinado sob a forma de exercício: a posição defensiva básica e o deslocamento defensivo, as posições de
sobremarcação aberta e fechada e as primeiras formas de referência para as ajudas defensivas fazem parte
da estrutura dos exercícios de treino em etapas da época.

• Caso o nível competitivo em que as equipas se enquadrem exijam a necessidade de começar a defender
outras estruturas ofensivas naturalmente que deverá ser necessário ensinar os elementos básicos. Exemplo:
se for necessário defender bloqueios diretos, se for necessário defender bloqueios indiretos, seja em situações
de ataque organizado seja em situação de transposição ou reposições de bola em jogo.
26
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (I):
COORDENAÇÃO GERAL

• Utilização de exercícios para o desenvolvimento do equilíbrio unipedal e para o domínio do esquema corporal:
deslocamentos de diversas formas e sob diverso tipo de plataformas - bancos suecos, linhas do campo, “pé
coxinho”, steps, hops, etc.

• Diferenciação da coordenação dos membros através da utilização de jogos e atividades que estimulem o uso
dos apoios e dos membros superiores em simultâneo. Exemplo: o jogo do pisa, toca no joelho, toca no
calcanhar, o futebol com bola de râguebi e muitos outras formas jogadas.

• Desenvolvimento de um sentimento de bem estar com o contacto e ao mesmo tempo da coordenação geral
através de jogos que envolvem a luta corpo a corpo: agarrar, utilizar o peso do corpo para impedir
determinado tipo de movimentos, lutas no chão e afins.

• Domínio do esquema corporal nas ações de impulsão com saltos a um e dois apoios e diversas formas de
rotação em suspensão.

27
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (II):
VELOCIDADE

• O treino da velocidade deve ser virado para o tempo de reação simples e complexo. No tempo de reação
simples devem-se variar a natureza dos estímulos principalmente os acústicos e visuais. As formas jogadas são
aquelas que por si próprias focalizam a necessidade de responder a estímulos complexos (indefinidos no tempo
e no espaço). Estas duas formas de velocidade devem ser compatibilizadas com o treino da atenção e
concentração e com exigências técnicas do jogo. A capacidade para reagir sempre o mais depressa possível é o
privilégio da correção.

• À medida que a capacidade técnica aumenta o aumento da velocidade de execução deve acompanhar o treino
– executar bem e sempre o mais depressa possível.

• A Escola de Corrida e o ensino da habilidade de Correr não pode ser nunca esquecido nestes dois anos de
trabalho. Os exercícios possíveis de se utilizarem no âmbito do ensino da corrida são óptimas soluções para
integrar o aquecimento em diversos ciclos ou etapas do treino.

28
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (III):
FORÇA

• Desenvolvimento da força geral com objectivos de adaptação anatómica e reforço muscular geral. Utilização
de exercícios que utilizem preferencialmente o peso do corpo, bolas medicinais e pequenos manúbrios.

• Privilégio da componente rápida das execuções dos movimentos utilizados para o desenvolvimento desta
qualidade: o objectivo é sempre melhorar a força rápida (força inicial – capacidade para o sistema
neuromuscular acelerar a produção de força partindo do repouso).

• Promover situações de exercício que se insiram sempre no início do treino e que permitam a ação em força
rápida sem provocar fadiga local.

29
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (IV):
RESISTÊNCIA

• O treino da resistência deve estar associado à carga de treino semanal promovida pelo próprio microciclo de
treino. Não tem necessariamente de existir uma preocupação específica com o treino da resistência.

• Utilização dos exercícios específicos do treino de basquetebol para manter os níveis de resistência associados
ao escalão etário.

• O treino da resistência de base pode estar associado a etapas de consolidação da técnica nomeadamente no
treino do drible e das suas variantes – utilização de circuitos ou percursos técnicos com solicitação aeróbia.

• O facto do treino da resistência nesta faixa etária não ser uma preocupação fundamental não significa que não
se possa promover hábitos de corrida contínua que se sabe fundamentais em ciclos de treino posteriores e
necessários para o desenvolvimento de outras formas de resistência.

30
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (V):
FLEXIBILIDADE

• O treino da flexibilidade deve ser entendido como uma forma de educação motora geral devendo a partir
desta etapa de formação constituir um hábito virado para a auto-preocupação.

• Com auxílio do departamento clínico é possível colocar o treino da flexibilidade dirigido para as grandes
correções e fragilidades de amplitude articular, muscular e postural que permitam a facilitação da
aprendizagem da técnica e à harmonia do desenvolvimento locomotor.

• Na utilização dos exercícios de flexibilidade devem existir 5 preocupações: suavidade, alongamento máximo,
domínio da dor, manutenção da boa postura, manter um nível de relaxamento elevado.

31
Regras, valores e ética de treino:
Estimular, controlar e exigir permanentemente hábitos e atitudes positivas para com o treino:

• assiduidade e pontualidade,

• auto-responsabilização,

• necessidade de saber lidar com o erro,

• persistência,

• perseverança,

• atenção e concentração nas tarefas e informação – “saber ouvir”.

32
3.3 Etapa da orientação – Sub-16.

Questões prévias para a definição de um modelo


de jogo, objetivos e indicações metodológicas para
a construção do treino nos Sub-16

33
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (I):
Os Sub-16 propõem um natural aumento da complexidade das estruturas tácticas
colectivas propostas, obviamente sem que se esqueça o desenvolvimento individual do
jogador. A diferenciação fisiológica que nesta etapa ocorre, vista em articulação com as
disponibilidades para jogar, começa por permitir ver (se antes isso ainda não foi
possível com alguma segurança) qual o futuro posicional do jogador, ou por outras
palavras o perfil de jogador que se pode pensar em “desenhar”. Existem duas questões
prévias que o desenvolvimento do treino com sub-16 deve refletir:

1ª questão: Que propostas coletivas introduzir, que modelo de jogo definir sem que
seja comprometida a ideia de desenvolvimento individual?

2ª questão: Ao mesmo tempo, como desenvolver o processo de forma a acrescentar


experiências – “mais-valias” – competitivas – relativamente ao futuro que se desenha
para os “mais aptos” (não deixando de perceber que estes precisam dos considerados
“menos aptos” para o a continuidade do seu desenvolvimento)?
34
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (II):
A resposta a estas duas perguntas definem muito do desenvolvimento dos dois anos de
trabalho com Sub-16 e condicionam inevitavelmente a construção dos jogadores e das
equipas neste nível de prática.

Quando se refere ao acréscimo de complexidade nesta etapa de ensino do jogo quer-


se referir fundamentalmente três grandes questões práticas que neste escalão têm
toda a pertinência:

1. Quando introduzir o bloqueio ofensivo?;

2. Introduzir primeiro o bloqueio direto ou o bloqueio indireto?;

3. Quando introduzir a defesa zona?

35
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (III):
Propõe-se (supõe-se) que a resposta a estes problemas possa ser dada em dois anos.

Ano 1:
• propõe-se a restruturação na forma como o espaço em ataque é percebido, não só
em termos de transição da defesa para o ataque, como em termos de ataque
organizado: dos 5 abertos ao 2:3, com a presença de um jogador interior.

• propõe-se a introdução do bloqueio indireto, como forma de dar resposta à


continuidade do trabalho de desmarcação.

Ano 2:
• propõe-se a introdução do bloqueio direto

• Propõe-se a introdução dos conceitos de defesa em zona.


36
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (IV):

Que argumentos sustentam esta proposta metodológica?


1º argumento – A alteração proposta da organização ofensiva de 5 abertos para 2:3,
porque parece ser a mais coerente com a conciliação de pressupostos formativos e
competitivos. A necessidade de explorar o espaço interior começa a ser fundamental
para o equilíbrio e o balanço da ocupação espacial. Mas ao mesmo tempo é uma forma
de dispor o espaço com quatro jogadores virados para o cesto, os quais podem criar
condições de ação multifacetadas e criativas. Para além disso, o facto de se poder
abordar o jogo com dois bases, não compromete a ida ao ressalto ofensivo e oferece
uma maior segurança na transição ataque-defesa. Do ponto de vista da transição o
modelo 2:3 permite um desdobramento rápido das fases de transição defesa-ataque
nas quais se procura a presença de três linhas de passe à frente da linha da bola.

37
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (V):

Que argumentos sustentam esta proposta metodológica?


2º argumento – Propõe-se primeiro a introdução do bloqueio indireto relativamente
ao bloqueio direto. O processo de ensino do jogo de basquetebol é uma luta
incessante pelo afastamento dos jogadores sobre a bola, pela procura da autonomia e
capacidade de resolução das situações ofensivas em 1 contra 1 com bola. Logo, se este
é o caminho fundamental não é coerente em primeira instância introduzir o bloqueio
direto por ser um movimento de aproximação em relação ao jogador com bola e por
constituir muitas vezes uma muleta aproveitada pelo ataque mais pelo demérito da
defesa do que pela capacidade de leitura do ataque. Esta é a razão pela qual o
bloqueio indireto é a primeira estrutura de bloqueio a ser ensinada, quando o trabalho
de desmarcação simples e rápido já não consegue por si só superar os problemas
postos pela agressividade da sobremarcação das linhas de primeiro passe.
38
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (VI):

Que argumentos sustentam esta proposta metodológica?


3º argumento – A aposta no ensino dos fundamentos da Defesa Individual têm uma
importância capital no segundo ano de Sub-14 e no primeiro ano de Sub-16. Esta
aposta metodológica visa dar ao jogador com bola em termos ofensivos e defensivos
condições para ter dificuldades acrescidas na resolução do 1 contra 1. É no confronto
com essas dificuldades que o treino do 1x1 deve ser pensado dando argumentos para
que ofensivamente e defensivamente os jogadores possam ter soluções sempre
diferentes para o mesmo problema. Há espaços de confiança e criatividade que
julgamos devem ser respeitados e promovidos. Porém, a Defesa Zona deve aparecer
como uma ferramenta estratégica para a acrescentar conhecimento tático e novas
estruturas de exigência tática ao jogo.

39
QUESTÕES PRÉVIAS PARA A DEFINIÇÃO DO MODELO DE
JOGO (VII):

Que argumentos sustentam esta proposta metodológica?

4º argumento – “NÃO
É POSSIVEL ENSINAR TUDO AO MESMO
TEMPO, PORQUE TAMBÉM NÃO É POSSÍVEL APRENDER
TUDO EM SIMULTÂNEO.“

5º argumento – “PRIMEIRO QUE SE ENSINE. DEPOIS QUE SE


TREINE.“

40
ATAQUE (I)
Ataque contra defesas HxH:

• percebe-se o domínio das opções que os jogadores têm em função dos diferentes ritmos do ataque organizado:
recebem apontam e são agressivos, exploram a possibilidade de jogar dentro, não tendo uma nem outra
oportunidade, procuram mudanças de lado da bola.

• a posição de tripla-ameaça colocando o seu defensor em causa é uma constante imediatamente quando
recebem.

• face a uma penetração todos os jogadores se mexem. O poste integra-se neste necessidade de encontrar espaços
e estar preparado para o ressalto.

• os diversos conceitos são perfeitamente dominados pela continuidade do ataque

• a exploração do bloqueio indireto é feita sempre com a ofensividade expressa em duas linhas de passe.

• quem bloqueia vai de encontro aos defensores para realmente bloquear utilizando uma posição de contacto
preparada para o embate.

• quem bloqueia roda em afastamento eou em aproximação do defensor em função da leitura do defesa. Faz a
leitura da continuidade ou ganho de posição sobre a bola.

• quem é bloqueado leva o defesa para o bloqueio. 41


ATAQUE (II)
Ataque contra defesas HxH (continuação):
• quem é bloqueado percebe o momento de leitura da defesa e passa junto ao bloqueador.

• quem é bloqueado incorpora nas suas decisão de leitura: o curl, a saída normal, o fade away em relação ao
bloqueio, o corte nas costas face à antecipação e o corte nas costas face à sobremarcação.

• quem é bloqueado varia as leituras em função de uma acção intencional de observação do defensor – VER O
DEFESA - e reação em relação com o seu movimento ou preocupação.

• nas situações de bloqueio indireto dá continuidade a ações ofensivas de leitura de 1 contra 1 e 2 contra 2.

• na leitura do bloqueio directo o jogador com bola mete o defesa no bloqueio e percebe os ritmos da leitura para
decidir no timing: passagem sobre o bloqueio.

• o jogador com bola conhece as soluções básicas da utilização do bloqueio direto: o seu desequilíbrio com
respectivo movimento do bloqueador e a utilização do bloqueio direto sem para continuidades.

• o jogador que bloqueia percebe os momentos do desfazer e lê o bloqueio de acordo com o roll ou o fade away
do seu defensor.

• quando a bola entra no poste todos os jogadores mantêm a sua movimentação em função da bola.
42
ATAQUE (III)
Ataque contra defesas HxH (continuação):
• à recepção do jogador interior percebe-se a intenção de dividir a defesa desde a posição de poste.

• o poste liga o jogo interior ao exterior percebendo as relações de vantagem/desvantagem que a sua divisão
proporciona.

Ataque contra zona:

• a equipa ocupa o espaço racionalmente em função da estrutura da zona (frente impar ou par).

• observa-se uma ofensividade do jogador com bola tal como se verifica no ataque hxh: apontar o cesto – tripla
ameaça.

• a utilização do drible para dividir a defesa deve ser uma arma para utilizar no ataque não denunciando e sendo
inteligente no timing do passe.

• observa-se a preocupação de mudar o lado da bola e uma coordenação dos timmings nos movimentos com e
sem bola.

• exploram-se os cortes para o cesto principalmente procurando os buracos da zona.

• vê-se a preocupação permanente em cada posse de jogar com as posições interiores.


43
ATAQUE (IV)
Ataque contra zona (continuação):
• os jogadores não têm receio do espaço concedido ao portador da bola – não denuncia e mentalidade agressiva –
principalmente não têm medo de lançar.

• a equipa entra no ressalto ofensivo e tem o balanço defensivo preparado.

Generalidades:
• a organização geral do ataque permite que todos os jogadores passem por todas as posições do campo.

• mesmo que os jogadores sejam apelidados de 1, 2, 3, 4 e 5, o modelo considerado procura que os jogadores
possam experimentar diferentes posições e aprender diferentes exigências do jogo.

• adimte-se que possa existir uma posição de maior especialização: a posição 1 – a posição de base.

• a organização geral do ataque fundamenta a sua acção dentro de uma estrutura de regras que colectivamente
são cumpridas em função de leituras tácticas.

• quando há lançamento ninguém pára: o lado contrário do lançamento vai sempre ao ressalto ofensivo, de forma
a que 3 jogadores ressaltem ofensivamente e 2 cumpram o balanço defensivo.

44
ATAQUE (V)
Generalidades (continuação):
• com vista à preparação de uma fase final ou de um conjunto de jogos fundamentais de um campeonato nacional
incorporar no reportório táctico colectivo do ataque dois set plays no sentido de explorar as características
individuais dos jogadores.

• as situações especiais (reposições de bola na linha lateral e final) estão estruturadas em função das opções
definidas como regras ofensivas do ataque em 5x5.

• nos casos em que tem de resolver as pressões, há uma equipa movimentação colectiva para atacar uma defesa
pressionante: explora os espaços em profundidade (nas costas da defesa), explora o meio com a presença de
uma linha de passe, mantém a bola no corredor central, ocupa o espaço de forma a dar 3 linhas de passe à bola.
Utiliza os fundamentos do passe e do drible para desmontar a pressão.

45
TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA (I)
Para Defesas HxH e Defesas Zonas Press em todo o campo:

• a equipa reage de imediato após perda da posse de bola por cesto marcado, seja na procura da pressão hxh, seja
na montagem da zona press selecionada.

• as linhas de passe mais longe da bola percebem a necessidade de transitar de imediato para s posições de ajuda.

• todos os jogadores deslocam-se de forma a ter em conta o lado da bola e o lado contrário da bola e de acordo
com a proximidade da bola do cesto.

• a transição para a defesa pressionante é feita com os jogadores comunicando entre si, falando e avisando
eventuais pontos fortes. Ao mesmo tempo colocando mais pressão defensiva por esta expressão de atitude
colectiva.

• (as especificidades da transição ataque-defesa que não são aqui relatadas têm a ver com questões de táctica
colectiva cuja decisão compete à equipa técnica no planeamento de cada época desportiva)

Para a recuperação defensiva:


• todos os jogadores quando recuperam fazem-no a ver a bola.

• os dois jogadores que recuperam são responsaveis por defender o cesto e a progressão da bola: um corre para a
linha de lance livre do seu meio campo, o outro vai para o meio campo. 46
TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA (II)
Para a recuperação defensiva (continuação):

• há uma definição clara dos papéis de cada jogador na reação à transição defensiva: quem pára o avanço da bola,
quem defende o cesto e como devem agir os restantes três jogadores.

• se os três ressaltadores no ataque não ganharem o ressalto sprintam para a defesa no corredor central ajudando
a dificultar a progressão da bola e a recuperar as linhas de passe que se vão desmarcando.

• a recuperação defensiva é efectuada com uma atitude de comunicação e aviso de quem corre e de onde vai a
bola.

• a recuperação defensiva procura atrasar a progressão da bola nem que para isso se tenha que fazer falta:
introduzir a noção de faltas boas e importantes para a equipa.

• em situações de inferioridade numérica de 2 conta 1 e 3 contra 2 os defensores dificultam ao máximo a


vantagem dos atacantes. No 2 contra 1 utilizam fintas de ida para a bola e para o homem agindo de surpresa e
no 3 contra 2 trocam e reagem defensivamente ao passe.

47
DEFESA (I)
Defesa HXH todo o campo:
1) JOGADOR COM BOLA

• mantêm a bola pressionada e a convidar o corredor lateral mais próximo ou mesmo a mão/lado mais frágil do
driblador.

• possuem uma capacidade de reação e técnica da posição e do deslocamento defensivo de modo a pressionarem
sempre a progressão da bola.

• após o atacante se desfazer da bola procura posições e ajuda ou pressão para se enquadrar colectivamente na
defesa individual.

2) JOGADOR SEM BOLA

• percebem-se as opções do lado da bola e do lado contrário da mesma: pressão no lado da bola e ajuda no lado
contrário.

• sempre que a bola fica descontrolada a equipa responde com ajudas e recuperações colectivas. Seja pela linha
lateral, seja pelo corredor central.

• quando a pressão sobre a bola é feita para o corredor lateral: o 2x1 pode surgir tanto do lado da bola – run and
jump – como do lado contrário da bola.

• todos os jogadores rodam e cumprem os objectivos da subida de um trap sobre a bola, seja o 2x1 feito pelo48
lado
da bola seja pelo lado contrário.
DEFESA (II)
Defesa HxH em meio campo:

1) JOGADORES EXTERIORES COM BOLA:

• todos os objectivos anteriores – Sub-14 – devem estar solidamente assimilados: “parede” na bola e não permitir
a entrada da bola em 1x1 na área pintada.

• a defesa ao jogador com bola deve estar pronta para negar todas as penetrações para o meio e reagir da melhor
forma possível.

• as penetrações nas linhas são também da responsabilidade do defesa da bola – percebe-se o esforço visível por
recuperar.

• comunicar sempre que a bola esteja com problemas. AVISAR: ajudas, lançamentos e pressões.

• contestar o lançamento e bloquear defensivamente deve observar-se de forma consistente.

2) JOGADORES EXTERIORES SEM BOLA:

• todas os objectivos anteriores – Sub-14 – devem estar solidamente assimilados – sobremarcações abertas e
fechadas consoante a posição da bola e do atacante.

• nota-se um sinal de pressão forte sobre as linhas de passe e uma marcação bem evidente das ajudas.
49
DEFESA (III)
Defesa HxH em meio campo (continuação):
2. JOGADORES EXTERIORES SEM BOLA (continuação):

• nega as mudanças de lado da bola.

• em ajuda ou no lado da bola, reage ao lançamento com o bloqueio defensivo: controlo do homem na trajetória
aérea da bola.

• toda a defesa por ajudas está preparada em primeiro lugar, para reagir às penetrações das linhas finais.

• sempre que a bola ultrapassa o defensor direto na pela linha final NÃO SE VAI À AJUDA, ESTÁ-SE NA AJUDA.

• a equipa roda defensivamente do lado contrário da bola para a bola de acordo com o conceito de AJUDAR QUEM
AJUDA.

• esta manifestação de qualidade defensiva colectiva é visível de uma forma consistente.

3) JOGADORES INTERIORES

• sobremarca o poste em função das diversas posições da bola.

• como regra fundamental sobremarca o interior pela frente e/ou a ¾ pelo meio.
50
DEFESA (IV)
Defesa HxH em meio campo (continuação):
3) JOGADORES INTERIORES (continuação)

• dentro da regra empurra o atacante pelo ganho de posição no sentido de lhe proporcionar posições
desconfortáveis na recepção do passe (recepções mais longe e desenquadradas com o cesto)

• tem uma atitude clara de negação da linha de passe ao jogador interior.

• quando o poste recebe, enquadra-se com a bola e procura através da sua posição e deslocamento condicionar o
lançamento.

• não permite ganhar espaços no meio, fechando o corredor central mas preparando a recuperação para a linha.

• tem a percepção da boa falta para a equipa: quando a posição está perdida e não permitindo que com falta se
permita a marcação de pontos por parte do ataque.

4) DEFESA DOS BLOQUEIOS INDIRETOS

4.1) DEFESA DO BLOQUEADOR

• avisa sempre a existência do bloqueio.

• nunca deixa de ver a bola e coloca-se pronto para ajudar um corte para o cesto ou para ajudar a bola. 51
DEFESA (V)
Defesa HxH em meio campo (continuação):
4) DEFESA DOS BLOQUEIOS INDIRETOS (continuação)

4.1) DEFESA DO BLOQUEADOR (continuação)

• mesmo sendo necessária a sua ajuda, apronta-se de imediato a recuperar a sua posição, seja para defender a
bola ou mantendo-se a defender o jogador sem bola.

• distingue as diferentes formas de ajuda de um bloqueio cego, um bloqueio vertical ou horizontal.

• não deixar desfazer na frente.

4.2) DEFESA DO ATACANTE QUE APROVEITA O BLOQUEIO

• primeira opção para aumentar a pressão: partir o bloqueio e passar por cima do bloqueio.

• segunda opção: está atrasado conta com a ajuda do defesa do bloqueador e passa a terceiro homem.

• distinguir os tipos de bloqueios e os lados onde se realizam. Há que respeitar sempre as regras definidas para a
defesa do jogador sem bola e introduzir, sempre no respeito por essas regras, as opções de defesa dos bloqueios.

52
DEFESA (VI)
Defesa HxH em meio campo (continuação):
5. DEFESA DOS BLOQUEIOS DIRETOS

5.1) DEFESA DO BLOQUEADOR

avisar sempre o aparecimento do bloqueio e pedir a opção que quer.

opção 1 - perseguir o bloqueador no seu movimento para a bola: empurrar a sua posição avisando - push the picker.

opção 2 – perseguir o bloqueador no seu movimento para a bola e aparecer a ajudar a bola até ao segundo drible –
step out the ball (hard show).

Independentemente da opção escolhida recuperar a pressão ao jogador que bloqueou.

5.2) DEFESA DO JOGADOR COM BOLA QUE APROVEITA O BLOQUEIO

• percebe e ouve o aviso do defesa do bloqueador.

• caso não avisar ou não ouvir o aviso reclamar a necessidade de comunicar – considerar a Troca Defensiva como
um forma de reagir em emergência e concebê-la como arma estratégica.

• antecipar a opção selecionada pelo defesa do bloqueador. Se o defesa empurra, passa atrás, se o defesa sai à
bola, aumenta a pressão.
53
• recupera sempre a pressão sobre a bola, mantendo o controlo sobre o lançamento e a penetração.
DEFESA (VII)
Defesa HxH em meio campo (continuação):
6) GENERALIDADES

A construção táctica colectiva da equipa pode e deve ser apoiada nas seguintes soluções:

(1) uma forte defesa HxH em meio campo.

(2) uma defesa HxH pressionante em campo todo com uma estrutura de rotações montada e treinada.

(3) uma defesa zona selecionada – preferencialmente uma 2:3 ou uma outra que seja ensinada e treinada com
detalhe.

(4) a necessidade de à medida que a época estar em curso montar mais uma ou outra opção defensiva com vista à
introdução de temas específicos de preparação para o jogo.

(5) O treino deve continuar a promoção do gosto, orgulho e prazer de defender, dando sempre a entender que o
sucesso dos jogadores e das equipas medem-se em grande medida pela alegria e gosto de defender.

54
TRANSPOSIÇÃO DA DEFESA-ATAQUE (I)
• todos os objectivos anteriores – Sub-14 – devem estar solidamente assimilados.

• o início do contra-ataque está bem definido com a ligação do ressalto defensivo ao primeiro passe e com o
preenchimento dos corredores de contra-ataque.

• a definição do base está bem identificada na forma como a equipa interpreta o contra-ataque – a bola entra em
progressão com aqueles jogadores que maiores apetências têm para a interpretação desta posição.

• a progressão sem bola é rápida e em linha recta entre as duas linhas de três pontos. SEMPRE QUE QUEM
TRANSPORTA A BOLA TEM PASSE À FRENTE HÁ QUE SOLTAR E PASSAR A BOLA.

• quem conduz o contra-ataque com bola no corredor intermédio é capaz de fazer uma leitura correta das
vantagens/desvantagens do ritmo do jogo:

(1) se tem passe passa- SEMPRE!


(2) se não tem linha de passe procura se tem possibilidades de vantagens em contra-ataque primário.
(3) se não tem linha de passe nem vantagens, avança em drible de progressão e enquadra-se no ataque organizado
em 5 contra 5.

• os dois jogadores que imediatamente reagem para o cesto adversário cruzam debaixo do cesto se a bola for
atrasada, caso contrário páram aos três pontos.

• o jogador que corre no meio entra a poste e inicia o ataque na posição interior.
55
TRANSPOSIÇÃO DA DEFESA-ATAQUE (II)
• o 4º homem aparece com uma entrada sempre agressiva e um ponto de apoio ao contra-ataque e ataque rápido

• o 5º homem ao chegar ao ataque entra a bloquear o extremo do lado contrário da bola.

• não se verifica por norma uma alteração de intenções desde que uma equipa recupera a posse de bola, procura
o contra-ataque, explora o ataque rápido e não tendo soluções procura o ataque organizado.

• observa-se a capacidade dos jogadores mais BASES uma leitura do jogo em função dos ritmos que ele precisa:
nem sempre é possível e necessário jogar em contra-ataque.

• a equipa demonstra uma vontade evidente de ligar a defesa à recuperação da bola e consequentemente ao
contra-ataque.

56
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (I):
• O desenvolvimento da técnica individual ofensiva e a sua aplicação em jogo – táctica individual – continua a
ser uma preocupação.

• A Defesa – o aperfeiçoamento das técnicas, a consolidação dos fundamentos básicos e da defesa HxH e a
presença da dimensão psicológica como aspecto determinante, tem nos anos de Sub-16 uma importância
decisiva para a qualidade dos jogadores nesta dimensão do jogo.

• Numa lógica de proporção entre o tempo de treino passado em situações de exercício e situações de jogo
pode-se apontar para a mesma relação global de 50%/50% 60%/40 ou mesmo em algumas etapas de 70%/30%.
Neste nível de prática estes valores querem elucidar a necessidade do enriquecimento das qualidades técnico-
tácticas do jogador numa perspectiva individual.

• Os exercícios utilizados têm uma relação com a sua utilização táctica muito evidente. Mesmo em situações de 1
contra 0 a necessidade de fazer a integração do exercício com a sua utilização no jogo é uma necessidade
determinante.

• O 1x0 continua neste ciclo com uma importância decisiva na consolidação dos aspectos ofensivos da táctica
individual.

• Nas combinações tácticas de grupo de 2 contra 2, 3 contra 3 e 4 contra 4 encontram-se exercícios de jogo que
são excelentes para o desenvolvimento da táctica individual e dessa forma para a aplicação com oposição do
que os jovens vão aprendendo. As regras definidas para os movimentos do ataque e da defesa são as regras
57
presentes nos “breakdown drills”.
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (II):
• As fases de transição da defesa para o ataque devem estar presente como uma exigência permanente,
devendo os exercícios de transição dar sempre a ideia de velocidade, correr depressa e chegar mais cedo do
que os defensores.

• O 2 contra 1 e o 3 contra 2 estão consolidados no final do primeiro ano de Sub-16. A exploração do chamado
ataque rápido começa a fazer sentido a partir do segundo ano de Sub-16. Aqui a entrada do 4º e do 5º
homem começam como objetos de treino da transição propriamente dita.

• Em termos de especialização dos jogadores por posição, o Base começa por definir-se neste escalão. Isto
significa dizer que esta parece ser a posição do jogo, que pelas características de organização e estrutura que se
pretende mais elaborada, deve poder antecipar-se em termos de condicionamento dos jogadores.

• Naturalmente que o nível de competição ao evoluir e tornar-se mais elevado, necessidade de um grau de
respostas tácticas que podem e dever ir de encontro às características específicas que os jovens apresentam
neste escalão em concreto. Exemplo prático: parece claro que a montagem de set plays para tirar partido de
um base mais alto pode ser uma preocupação; ou o retirar vantagem de um jovem mais pesado para jogar
dentro, etc...

58
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (I):
VELOCIDADE

• Continuidade do enfâse centrado no treino da velocidade de reação das duas formas mais importantes do
jogo de basquetebol: tempo de reação simples e complexo. Variação dos estímulos e reação rápida com
diferentes formas de partida para a ação pretendida.

• O treino da velocidade de execução deve ser sempre um requisito associado ao treino da técnica – aos gestos
técnicos específicos do jogo de basquetebol

• A velocidade de deslocamento entendida na sua forma geral deve ser feita utilizando diferentes distâncias para
produção repetida principalmente da corrida. Devem ser utilizadas distâncias de 3, 5, 10 e 20 metros
preferencialmente. Neste particular a capacidade de aceleração tem uma importância determinante nas
distâncias mais curtas.

• Relacionada com o ponto anterior a continuidade do aperfeiçoamento técnico da corrida – o enfâse dado à
chamada Escola de Corrida.

59
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (II):
FORÇA

• Continuação do desenvolvimento da força geral, aumentando do volume semanal de treino da força.

• O treino da força resistente como forma de reforço e adaptação anatómica e o treino da força inicial
(componente da força rápida) associada aos gestos técnicos e ações do jogo, são as formas de manifestação
da força que se devem privilegiar.

• Aumento da intensidade da carga deve ser efectuado fundamentalmente pelo incremento da velocidade de
execução.

• Continuidade da utilização de cargas leves como o peso do corpo, os pequenos manúbrios e bolas medicinais.

• Esta deve ser a etapa de introdução ao treino com cargas adicionais: ênfase centrado nas técnicas básicas de
execução (agachamentos e semi-agachamentos; supino, desenvolvimento anterior e posterior).

• O desenvolvimento do programa de treino de força deve ser geral e obedecer a três regras fundamentais:
alternâncias anteriores/posteriores, alternâncias flexões/extensões, alternâncias pequenos/grandes grupos
musculares.

60
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (III):
RESISTÊNCIA

• A etapa da orientação é a etapa na qual o trabalho de resistência da baixa intensidade deve ser iniciado.

• O centro básico deste tipo de carga está relacionado com um privilégio do volume relativamente à
intensidade. Normalmente a corrida é a tarefa de treino que melhor cumpre os objectivos do treino da
resistência.

• Devem ser preferencialmente utilizados dois tipos de métodos: (1) o método de duração (20-30 min.
normalmente de corrida contínua) e também (2) o método intervalado extensivo. Este último relaciona
períodos de esforço de 5 min. a 10min e com intervalos de recuperação na ordem de 1 minuto, não mais do
que 2 em recuperação ativa (sem que os valores de frequência cardíaca regressem aos valores de repouso).

• Para ambos os métodos o nível de carga deve situar-se na ordem de uma fc de 120-140 bat/min abaixo do
limiar anaeróbio. Esta é dita como uma forma de resistência geral ou de base aeróbia.

61
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (IV):
FLEXIBILIDADE

• Continuidade de um ênfase centrado no uso da flexibilidade como um hábito que se instale na preparação
individual do praticante.

• Introduzi-la nos dois momentos do treino em que normalmente se utilizam: o aquecimento geral e a
recuperação ou retorno à calma.

• O uso da flexibilidade para despistar problemas de natureza postural, índole anatómica ou de locomoção é
muito importante para correções futuras que se pretendem tão precoces quanto possível.

• Neste ponto a ajuda do fisioterapeuta em particular e do gabinete clínico em geral é muito importante.

• A introdução da flexibilidade deve estar sempre presente como forma de recuperação de esforços mais
intensos e em simultânea relação com treino da força. Há evidências científicas que o treino da flexibilidade
trás benefícios em termos dos ganhos de força.

62
Indicações genéricas para o treino/acompanhamento das
exigências psicológicas (I):
Nesta etapa a presença dos especialistas na área psicológica pode contribuir com uma ajuda determinante na
direção que se pretende dar ao treino. Principalmente com os jovens que começam a revelar as qualidades
necessárias para aspirarem a uma forma de jogar mais exigente. No entanto, não se deve retirar a responsabilidade
do treinador na necessidade de preparar o seu trabalho no sentido de envolver toda a sua atividade com uma
relevante preocupação psicológica que passa, prioritariamente, pela atenção às seguintes questões:

(1) A GESTÃO E O CONTROLO EMOCIONAL, o facto das competições formalmente mais sérias terem
início na etapa da orientação obriga os jogadores a desenvolverem competências de natureza pessoal que lhes
permita um controlo da ansiedade sintonizado com essas exigências. Obviamente partindo do princípio que a
motivação e a alegria por jogar e evoluir em treino se mantêm constantes.

(2) A AGRESSIVIDADE/COMPETITIVIDADE, no sentido da abordagem do jogo nas suas diversas fases.


Esta qualidade é muito mais evidente na defesa onde a postura, a vontade e determinação dos jogadores sem bola
podem ser decisivas para a conquista dos objectivos em causa. No entanto, ela também está presente em muitas
circunstâncias ofensivas na qual deve ser manifestada por comportamentos de jogo que têm por trás de si uma
intenção de agressividade face ao cesto – GANHAR E PERDER; MARCAR E NÃO MARCAR CESTO; PERMITIR CESTOS
E NÂO PERMITI-LOS DEVEM SER VISTOS COMO CIRCUNSTÂNCIAS DO JGO DIFERENTES: “não é a mesma coisa”.

(3) O DESENVOLVIMENTO DE UM ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO PESSOAL DISPONÍVEL PARA O COLECTIVO,


o que envolve fundamentalmente duas questões. A primeira o facto de começarem nesta etapa os treinos
regulares e sistemáticos a horas tardias. Este aspecto implica a organização de um estilo de vida sacrificador de 63
Indicações genéricas para o treino/acompanhamento das
exigências psicológicas (II):
muitas outras motivações e orientações da vida do jovem e por vezes da sua família. A segunda tem mais a ver com
a dimensão do rendimento colectivo que o jogo deve privilegiar. Esta relaciona-se com uma preocupação que desde
cedo deve constituir uma orientação psicológica do jovem jogador: o sacrifício individual se para isso o colectivo
beneficiar. Apesar do grande interesse na formação individual do jogador, a ideia de que o coletivo no basquetebol
é sempre sempre mais importante deve ser a dimensão privilegiada.

(4) UMA ATITUDE POSITIVA FACE À COMPETIÇÃO, o que depreende uma aprendizagem para lidar com
as vitórias e as derrotas de uma forma natural. Como todos sabemos nem a vitória deve constituir nestas idades
um motivo de exuberância nem a derrota uma desmotivação para o futuro: “QUANDO SE GANHA NEM TUDO ESTÁ
BEM; QUANDO SE PERDE NEM TUDO ESTARÁ MAL”.

64
3.4 Etapa da especialização – Sub-18.

Questões prévias para a definição de um modelo


de jogo, objetivos e indicações metodológicas para
a construção do treino nos Sub-18

65
QUESTÕES PRÉVIAS (I):

Como o nome indica a etapa da especialização tem o objectivo de oferecer condições,


para de acordo com uma visão de futuro, tornar específica a preparação do atleta. Esta
noção de “especificidade” pode ser interpretada nas mais diversas direções do treino.
No caso em concreto, o termo especialização pretende ser operacionalizado nos
seguintes aspetos do treino:

1. Tornar a preparação dos jogador específica, significa procurar que os jogadores


chagado a esta etapa treinem mais do vinham fazendo até aqui – o aumento do
volume de treino.

2. Tornar a preparação dos jogador específica, significa que os jogadores treinem mais
de acordo com as suas possibilidades de ação futura no jogo – o acordo com as suas
posições específicas.

66
QUESTÕES PRÉVIAS (II):

3. Tornar a preparação dos jogador específica, significa que os jogadores treinem mais
aspectos do rendimento que se sabe fundamentais para jogar e um nível elevado – o
desenvolvimento atlético (preparação física específica).

4. Tornar a preparação dos jogador específica, significa obter dos jogadores o


compromisso mental para com o processo de preparação para o rendimento – a
definição de objectivos individuais de rendimento.

5. Tornar a preparação dos jogador específica, significa tomar todo um conjunto de


cuidados para com as diversas dimensões da vida particular do jogador – o
crescimento do jogador passa também pelo necessário processo de maturação que
concilie um bom desempenho escolar e a relação com uma prática mais exigente.

67
MODELO DE JOGO (I):

O modelo de jogo proposto assenta em valores fundamentais do que se julga constituir


a prática do jogo na atualidade:

• SIMPLICIDADE DE PROCESSOS.

• RIQUEZA NOS ARGUMENTOS E LEITURAS DO JOGO.

• RITMO E INTENSIDADE NAS RESPOSTAS ÀS TRANSIÇÕES.

• 1x1 OFENSIVO/DEFENSIVO COMO A BASE DA AÇÃO COLETIVA.

• VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO DO PASSE EM ATAQUE.

• CAPACIDADE DE LANÇAMENTO DESENVOLTA.


68
MODELO DE JOGO (II):

Mais especificamente, o modelo de jogo proposto para uma equipa de Sub-18 deve
reger-se pela/por:

• Presença de um elevado nível de agressividade ofensiva – CADA JOGADOR É UMA


SETA e o CONTRA – ATAQUE UMA ARMA FACE AO CESTO.

• Procurar sempre que o ataque organizado seja uma consequência da primeira forma
de atacar o cesto – contra-ataque e ataque rápido: A FLUIDEZ DA ORGANIZAÇÃO
OFENSIVA É CONSEQUÊNCIA DO CONTRA-ATAQUE.

• Uma organização do espaço em 4 fora e 1 dentro, compatibilizando áreas fortes de


cada jogador com a lógica de especialização por posição que se começa a iniciar –
EQUILÍBRIO POSICIONAL QUE PERMITA CONSTRUIR O ATAQUE DE DENTRO PARA
FORA E DE FORA PARA DENTRO.
69
MODELO DE JOGO (III):

Mais especificamente, o modelo de jogo proposto para uma equipa de Sub-18 deve
reger-se pela/por:

• Uma defesa sólida, motivada, empenhada e colectiva. FUNDAMENTADA NO HXH e


em que o esforço por defender a bola (defesa ao jogador com bola) e recuperá-la
(criação de uma forte atitude no ressalto) deva assumir a maior responsabilidade da
concentração dos jogadores.

• Basear na capacidade de leitura a criação de soluções ofensivas e defensivas


organizadas, não deixando de INTRODUZIR AS OPÇÕES COLECTIVAS QUE VISEM
APROVEITAR AS CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS DOS JOGADORES, principalmente
com o uso de determinados sets em ataque.

70
MODELO DE JOGO (IV):
Aos Bases e Bases/Extremos exige-se que:

• Assumam e aprendam a responsabilidade pelo controlo do ritmo de jogo;


• Sejam responsáveis pelo lançamento do contra-ataque (desde o 1º passe ao
desenvolvimento e decisão do contra-ataque);
• Desenvolvam as suas capacidades de lançamento nas áreas frontais, desde o
perímetro aos 3 pontos;
• Sejam bons controladores da bola e bons passadores mas principalmente
desenvolvam um timing adequado do passe;
• Sejam capazes de penetrar, finalizando ou assistindo jogadores em melhores
posições;
• Conduzam o ataque com segurança criando condições para o desenvolvimento de
capacidades de liderança de jogo;
• Sejam responsáveis pela recuperação defensiva.
• Consigam defender com pressão no campo todo e no meio campo bases e extremos
com qualidade posicional de deslocamento e de ajustamento em relação ao espaço.
71
MODELO DE JOGO (V):
Aos Extremos exige-se que:

• Ocupem com velocidade elevada os corredores de contra-ataque;


• Tenham argumentos de resolução de 1x1 com elevado nível de agressividade
ofensiva;
• Desenvolvam a sua capacidade de lançamento nas diversas posições do campo;
• Tenham condições para jogar interior à passagem pelas posições de poste;
• Tenham hábitos de participação no ressalto ofensivo/defensivo.
• Sejam polivamentes do ponto de vista defensivo, conseguindo defender tanto
exteriores como interiores de forma pressionante de acordo com os respectivos
princípios da defesa.

72
MODELO DE JOGO (VI):
Aos Extremos-Postes e Postes exige-se que:

• Desenvolvam argumentos ofensivos e uma sensibilidade elevada para o jogo interior


(1x1 costas para o cesto);
• Ser resistente ao constante contacto físico;
• Consigam jogar de frente para o cesto com agressiviudade ofensiva no 1x1;
• Aperfeiçoem e, se possível desenvolvam a distâncias maiores – aos 3 pontos
inclusivamente -, as suas capacidades de lançamento;
• Participem sempre no ressalto ofensivo/defensivo;
• Estar sempre disponível para realizar “ajudas defensivas” agressivas dentro da área
pintada.
• Consigam defender extremos e interiores de acordo com as regras definidas para a
defesa e ao mesmo tempo, demonstrem uma luta incessante por posições, espaços e
contactos.

73
ATAQUE (I)
Ataque contra defesas HxH:

• à medida que a circulação da posse de bola no ataque se vai fazendo a ocupação racional do espaço continua
definida: quatro fora com um dentro em 2:3.

• cada jogador com bola tem a percepção do ritmo e do tempo a que o ataque organizado é jogado: continuam a
aperfeiçoar a noção de apontar o cesto e oportunidade do seu 1x1, exploram o jogo interior e têm a mudança de
lado como uma forma de continuidade.

• todos os jogadores procuram os espaços mais ofensivos que equilibram o espaço quando surge uma penetração.

• a exploração do bloqueio indireto é feita sempre com uma capacidade de leitura do movimento dos defensores.
Os jogadores têm argumentos para sair a fora, fazer curl, flare, reagir à troca defensiva, antecipar a saída do
bloqueio.

• os bloqueios “bloqueiam” claramente os defesas - obstruem a sua passagem e reposição das posições
defensivas.

• a consequência do bloqueio indireto tem em vista a leitura de um 2 contra 2 sem e/ou com bola.

• na leitura do bloqueio direto os bases apresentam uma maior maturidade na leitura do bloqueio: 1- mete o
defesa no bloqueio; 2 - percebe os ritmos da leitura para decidir no timing adequado.
74
ATAQUE (II)
Ataque contra defesas HxH (continuação):
• os bases ou bases/extremos na leitura do bloqueio direto apresenta soluções em função da forma como a defesa
se estrutura: há ou não step out; o defesa da bola passa em cima, a 3º ou a 4º homem.

• a abertura de linhas de passe exterior para lançamento, o ganho de posições de lançamento do jogadores que
utilizam o bloqueio e a utilização de quem desfaz são consequências correntes de leitura.

• o jogador que bloqueia tem a noção dos espaços que a bola utiliza e lê o seu desfazer em função da procura e
vantagens.

• quando a bola entra no poste todos os jogadores sabem o que fazer e continuam a movimentar-se no exterior,
enquanto que o outro interior procura o lado contrário da bola.

• o poste liga o jogo interior ao exterior percebendo as relações de vantagem/desvantagem que a sua divisão
proporciona.

• os postes (que podem nem ser interiores) têm condições para à medida que dividem por dentro ligarem o jogo
às posições exteriores se necessário.

• a equipa demonstra ser paciente e colectiva na seleção do lançamento em ataque organizado.

75
ATAQUE (III)
Ataque contra defesas Zona:
• a equipa reconhece uma alternância ou o tipo de defesa zona que lhe está na frente.

• os bases têm estratégias para perceber o que se trata defensivamente: mandam cortar os extremos em caso de
dúvida.

• os bases posicionam a equipa de acordo com a estrutura da defesa zona: frente par ou ímpar.

• a mudança de lado da bola e a utilização do drible sempre com ofensividade são utilizadas frequentemente
como formas de criar buracos no interior da zona.

• o ajustamento do ritmo das mudanças do lado da bola e dos movimentos dos jogadores sem bola está ajustado à
exploração da ofensividade.

• os jogadores exteriores não temem o espaço que eventualmente lhes possa ser concedido.

• os jogadores exteriores mantêm o hábito de receber e apontar o cesto com agressividade ofensiva.

• os jogadores exteriores usam o drible para os espaços de intercepção dos defesas e têm a noção de que a
penetração tem ou não sucesso ou antes da chegada do defensor devem soltar o passe.

76
ATAQUE (IV)
Ataque contra defesas Zona (continuação):
• à primeira oportunidade de lançamento os jogadores exteriores não devem hesitar devendo mesmo que falhem
não se sentirem abalados na sua confiança posterior.

• os jogadores interiores caso não recebam nas posições de poste alto podem sair ao jogo exterior.

• os jogadores interiores e exteriores que utilizarem os cortes na linha final fazem-nos utilizando a no men’s land.

• o equipa no seu todo organiza-se em torno de um outro ritmo e explora as diversas soluções do que contra zona.

Generalidades
• a especialização dos jogadores por posição admite com muita clareza a definição das posições dos jogadores em
campo.

• os 4 e 5 são os dois jogadores mais altos e pesados que alternam o início do ataque nas posições interiores – por
razões estratégicas de formação isto pode não suceder.

• a organização geral do ataque continua a fundamentar a sua ação dentro de uma estrutura de regras que
colectivamente são cumpridas em função de leituras tácticas.

77
ATAQUE (V)
Generalidades (continuação):
• princípio transversal a todos os níveis de prática: quando há lançamento ninguém pára: o lado contrário do
lançamento vai sempre ao ressalto ofensivo, de forma a que 3 jogadores ressaltem ofensivamente e 2 cumpram
o balanço defensivo.

• a introdução de set-plays é uma necessidade com vista à exploração da especialização dos jogadores.

• as situações especiais (reposições de bola na linha lateral e final) estão estruturadas em função das opções
definidas como regras ofensivas do ataque em 5x5 e também de acordo com as características individuais dos
jogadores.

78
TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA (I)
Para defesas HxH e Zonas Press em todo o campo:
• a equipa reage de imediato após perda da posse de bola por cesto marcado, pelo último lance livre convertido
ou de acordo com uma determinada estratégia previamente definida.

• a equipa está sintonizada globalmente para a transição defensiva organizada e pressionante e comunica entre si
de forma ativa, ajudando-se mutuamente.

• a transição é feita sempre tendo em conta a bola e as linhas de passe que mais rapidamente se deslocam no
sentido do meio campo defensivo.

• o conhecimento táctico dos jogadores permite a equipa transitar para situações especiais de pressão em HxH
com rotações de 2 contra 1 convencionais ou em run & jump.

• o conhecimento táctico dos jogadores permite a equipa transitar para situações especiais de pressão em zona
press sejam de frente par ou ímpar. As mais convencionais e utilizadas são a 1:2:2 e 2:2:1.

• As especificidades da transição ataque-defesa em cada uma das estratégias defensivas têm a ver com questões
de táctica colectiva cuja decisão compete à equipa técnica no planeamento de cada época desportiva.

79
TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA (II)
Para a recuperação defensiva:
• todos os jogadores quando recuperam defensivamente fazem-no a ver a bola.

• os dois jogadores que recuperam se não ressaltam dividem-se claramente um pela paragem da progressão da
bola e o outro pela eventual linha de passe que mais cedo se destaca para o ataque.

• se os três ressaltadores no ataque não ganharem o ressalto sprintam para a defesa no corredor central ajudando
a dificultar a progressão da bola e a recuperar as linhas de passe que se vão desmarcando.

• a recuperação defensiva é efectuada com uma atitude de comunicação e aviso de quem corre e de onde vai a
bola.

• a recuperação defensiva procura sempre atrasar a progressão da bola. Caso não consiga e em caso de contra-
ataque eminente os jogadores fazem boas faltas.

• em situações de inferioridade numérica primária (2 conta 1 e 3 contra 2) os defensores têm a percepção do


trabalho defensivo a efetuar.

• em situações de inferioridade númérica primária, os defensores sabem utilizar as faltas como uma forma
estratégica de não dar lançamento fácil. Estas faltas são sempre que possível antes do lançador decidir a ação.

80
TRANSPOSIÇÃO ATAQUE-DEFESA (III)
Para a recuperação defensiva (continuação):
• a recuperação defensiva primária atrasa a progressão da bola e permite a defesa montar uma zona temporária
de forma a reagir adequadamente à entrada do 4º e 5º homens do ataque.

• a equipa transita da zona temporária à defesa organizada que qe tem combinada para disputar a posse de bola,
mantendo uma pressão constante sobre a bola e o lançamento.

• desde a disputa do ressalto, na recuperação defensiva primária, passando pela transição da zona temporária até
à defesa organizada, a equipa comunica – avisa, fala – sobre as necessidades colectivas de defender a bola, o
cesto e as linhas de passe.

81
DEFESA (I)
Defesas HxH em campo todo:
• a equipa defende com pressão sobre a bola obrigando a bola a afastar-se do corredor central.

• as regras das defesas HxH normais são cumpridas em relação ao lado da bola e ao lado contrário desta.

• em função de estratégia definida, ou por leitura, as situações de trap fazem-se nos locais pré-determinados do
campo.

• as rotações são prontas e os jogadores demonstram cultura táctica para rodar pelo lado contrário da bola ou em
run & jump.

• as segundas rotações são definidas e prontas – independentemente de como o trap aparece a equipa responde
com as ajudas a quem ajuda.

• a equipa tem prioridades bem definidas nas recuperações após a saída da bola do trap – seja através de passes
longos seja através de passes mais curtos.

• a equipa comunica de forma motivada e eficaz mas sobretudo corre e empenha-se fisicamente para cotar o risco
associado às defesas presionantes.

82
DEFESA (II)
Defesas HxH em campo todo (continuação):
• caso não exista a oportunidade de haver 2 contra 1 a equipa apresenta sólidos argumentos de pressão defensiva
retardando tanto quanto possível a organização do ataque adversário.

• Apesar do conceito de Zona Press assentar num fundamento diferentes da defesa HxH, os seus requisitos técnicos
podem ser considerados como semelhantes. A forma como se pretende defender a bola, a definição do lado da bola
e da ajuda, as primeiras e segundas rotações e as respectivas recuperações são uma exigência que depende do tipo
de defesa zona em concreto. Contudo, o desenvolvimento dos conteúdos da defesa que neste projecto de formação
se concebe pretende que a apreensão das regras específicas de cada tipo de defesa selecionada seja um processo de
aprendizagem muito simplificado – principalmente as mais tradicionais 1:2:2 ou 2:2:1.

Defesa HxH em meio campo:

1. Bases
• são pressionantes sobre a bola e suportada por um deslocamento defensivo pronto e agressivo.

• limitam o tempo e o espaço do atacante que procura comandar e pensar o ataque.

• defendem com “parede” na bola, desviam a bola para a linha lateral mais próxima ou de acordo com uma opção
estratégica definida (lado direito, esquerdo, nenhum dos lados ou outra qualquer).
83
DEFESA (III)
1. Bases (continuação):
• negam penetrações fáceis e fazem falta quando se sentem ultrapassado com perspectiva de cesto fácil.

• ajustam um adaptado deslocamento defensivo em relação ao drible e levantam o braço opondo-se ao lançamento
do atacante.

• lutam pelas bolas divididas – é capaz de se atirar para o chão para recuperar bolas – e quando estiver perto ou
sentir que é seu dever, lutam pela recuperação do ressalto.

• comunicam na defesa, avisam e pedem ajudas defensivas assumindo-se com qualidades de liderança na defesa –
incitam os colegas de equipa a fazer mais e melhor.

• é capaz de (caso seja necessário) não permitir o passe de retorno ao base – não ajudam e defendem de forma
estrita.

• cumprem opções estratégicas definir pontos fortes e fracos responsabilizando-se por ambos.
Exemplo: Se abrir claramente o lado esquerdo. O defesa do base tem que ser capaz de acompanhar enviando a bola
para o lado esquerdo, no entanto, a penetração do lado direito é sempre fechada com clareza.

84
DEFESA (IV)
2. Extremos:
• defendem os extremos sem bola com pressão quando estes estão no lado da bola – sobremarcação fechada ou
aberta conforme a distância à bola ou opção estratégica definida..

• defendem os extremos sem bola em ajuda quando estes estão no lado contrário da bola.

• ajustam as suas posições defensivas de acordo com os movimentos sem bola do atacante. Principalmente nos
cortes sobre a linha final ou sobre bloqueios para abertura de linhas de passe. Caso seja necessário passam por cima
dos bloqueios tendo coragem para interpor o corpo e desfazer bloqueios com contacto (passando por cima).

• possuem uma mentalidade agressiva de controlo do espaço e dos movimentos do extremo sem bola.

• manifestam vontade de recuperar as bolas perdidas atiram-se para o chão caso seja necessário.

• usam o contacto legal como arma de definição de espaço e posição.

• defendem sempre a ver a bola – ter a noção da posição da bola – e quando é necessário estão nas ajudas sempre.

• estão prontos para ajudar quem ajuda – segundas rotações defensivas.

• quando defendem um jogador com bola e esta está acima da linha de lance livre defendem tal como um base.

85
DEFESA (V)
2. Extremos (continuação):
• quando defendem um jogador com bola e estão abaixo da linha de lance livre, os pés estão virados para a linha
lateral e é-lhes negada as penetrações fáceis.

• a prioridade é: nunca deixar penetrar pelo meio! Contudo a responsabilidade da linha é também uma necessidade
do defensor do extremo com bola.

• opõem ao lançamento – levantam o braço que faz oposição ao lançamento – e procuram o bloqueio defensivo com
continuidade nas ações que se seguem.

• avisam, comunicam e incitam ao trabalho colectivo da equipa na defesa.

• adaptam-se e conseguem responder positivamente ao uso estratégico das suas posições e deslocamentos
defensivos nas opções de defesa sobre a bola ou caso defendam jogadores sem bola, respondem conhecendo as
suas responsabilidades tácticas.

3. Interiores:
• lutam pelo ganho das posições defensivas no lado da bola, nunca se acomodando nas costas do poste:
defende pela frente ou a ¾ pelo meio.

86
DEFESA (VI)
3. Interiores (continuação):
• jogam com contacto, impondo-se pela sua presença física. Não tem necessariamente que ser muito alto ou pesado,
basta ter as qualidades mentais necessárias.

• ajudam nas penetrações para a área defensiva de não têm problemas em fazer faltas, se necessário, duras.

• quando a bola está abaixo da linha de lance livre, sabem que as ajudas são preferencialmente na linha final:
antecipam-nas.

• quando defendem os postes no lado contrário da bola, colocam-se prontos para ajudar as penetrações e para
bloquear o ressaltador ofensivo.

• avisam bloqueios e preparam-se para dar body cheks aos movimentos e cortes para o cesto.

• quando defendem o poste com bola negam o ganho de posição favorável no meio. Porém reagem e é também uma
responsabilidade sua a luta pela linha.

• fazem um uso estratégico das faltas: sabem quando devem fazer falta em função do número de faltas que têm e do
momento do jogo em que estão.

87
DEFESA (VII)
3. Interiores (continuação):
• bloqueiam defensivamente de costas para o seu homem. Caso tenham dificuldades em lutar pelo ressalto bloqueia
de frente.

• lutam pela disputa da bola no ressalto no chão em qualquer momento em que a bola não seja da sua equipa.

• avisam, comunicam e incitam ao trabalho colectivo da defesa.

4. Defesa de bloqueios – bloqueios diretos:


• ver opções definidas para o escalão de sub-16 – estas como as opções fundamentais da defesa dos bloqueios
diretos.

Nota – numa perspectiva de enriquecimento táctico pretende-se que os jogadores conheçam mais soluções. Não
apenas para em caso de necessidade poderem ser utilizadas, mas sobretudo por uma questão formativa e de cultura
de jogo. Acrescentam-se às soluções apresentadas o envio para o lado fraco do bloqueio e o 2x1 como mais duas
soluções do leque de conhecimento táctico que se pretende que os jogadores conheçam.

88
DEFESA (VIII)
5. Defesa de bloqueios – bloqueios indiretos:
• ver opções definidas para o escalão de sub-16 – estas como as opções fundamentais da defesa dos bloqueios
diretos.

Nota – tal como na situação anterior deve-se acrescentar ao conhecimento táctico dos jogadores mais três soluções:
passar a 4º homem, perseguir em comboio o atacante que utiliza o bloqueio – vai em comboio ou passa atrás e a
troca defensiva. Obviamente que cada uma das soluções apresentadas têm compromissos técnicos e tácticos dos
jogadores que defendem o bloqueador e que defendem o bloqueado que importa salientar e conhecer.

6. Generalidades:
• a táctica defensiva coletiva pode investir num regime de alternâncias treinado e adaptado a critérios bem
definidos.

• uma ou duas soluções de defesa zona podem fazer parte da das soluções tácticas das equipas em alternância à
defesa de base – defesa HxH.

• manutenção de um nível de responsabilidade individual e colectivo sempre elevado na forma como os jogadores
cumprem e não cumprem as regras definidas.

89
DEFESA (IX)
6. Generalidades (continuação):
• motivar e transportar para o jogo a humildade e o orgulho de fazer da defesa o aspecto do jogo em que se todos
quiserem dar o seu contributo podem-nos fazer.

• gostar e acentuar a tónica do prazer da defesa: “o ataque vende bilhetes e a defesa ganha jogos”.

• acentuar as atitudes e os comportamentos dos defensores: “lutar pela bola até ao limite”.

90
TRANSPOSIÇÃO DEFESA-ATAQUE (I)
1. Contra-ataque
• todos os objectivos anteriores – Sub-16 A – devem estar solidamente assimilados.

• a recuperação da bola está ligada à necessidade de procurar e fazer o 1º passe ao base.

• 2 e 3 desde que se perceba que a bola está recuperada correm para o ataque abrindo os corredores laterais.

• entre 4 e 5 aquele que não ganhar ressalto sprinta no corredor central procurando situar-se à frente da linha da
bola.

• os bases sempre que tenham passe à frente não o podem evitar; cAso não o encontrem colocam a bola o mais
rápido possível na linha de 3 pontos do meio campo ofensivo – área de decisão.

• os bases driblam em linha recta e procuram não cruzar corredores – mantêm o drible no mesmo corredor.

• os bases e os extremos controlam o ritmo do contra-ataque percebendo as vantagens/desvantagens que aos


poucos se vão percebendo.

• os bases enquanto conduzem a bola em drible devem perceber se:


(1) Há passe à frente, passe!
(2) Não há passe, drible para a decisão e vê 4 ou 5 a correr no meio,
(3) Caso nada aconteça tem 4 ou 5 a aparecer a 2º trailler.
91
TRANSPOSIÇÃO DEFESA-ATAQUE (II)
1. Contra-ataque (continuação):
• se receberem a bola enquanto correm os extremos devem:
(1) Ver se têm vantagens primárias de 2x1 ou 3x2. Caso existam há que atacar o cesto.
(2) Caso não tenham, ver a entrada do 4º homem;
(3) Não havendo passe, procurar o base ou a continuidade para o ataque rápido.

• sempre que tem possibilidade e não há restrições tácticas, a equipa procura o contra-ataque primário e secundário
com naturalidade e fluência.

2. Ataque rápido:
• a equipa transita do contra-ataque para o set que tem definido como forma de exploração do ataque rápido.

• se o passe do base for longo e sair para o extremo a equipa adapta-se procurando o set – passe penetrante
procurando o ataque rápido.

• se o passe for efectuado ao 2º trailler à chegada ao ataque, a equipa adapta-se à continuidade do set definido
como passe de segurança.

• caso a decisão do base seja o abaixamento do ritmo do jogo, a equipa adapta-se às necessidades tácticas que o
momento e circunstância do jogo requer.

92
TRANSPOSIÇÃO DEFESA-ATAQUE (III)
2. Ataque rápido (continuação):
• desde que não existam restrições tácticas, a equipa procura com fluidez e cada uma das opções de transição desde
a recuperação da bola na defesa até ao ataque organizado.

3. Generalidades:
• a equipa é suficientemente disciplinada tacticamente para jogar em contra-ataque: procura vantagens sem
precipitar decisões.

• a chave para esta capacidade de controlo colectivo é claramente a Educação dos Bases: drible tacticamente capaz,
timming do passe e percepção de que é a equipa que tem que ser servida é a grande preocupação da formação dos
bases.

• a equipa não confunde a ideia de jogar em contra-ataque com uma atitude de jogar depressa na qual que se
percebe uma ausência de objectivos tácticos. São claramente duas abordagens diferentes ao jogo.

• a equipa joga com a consciência de que a agressividade defensiva da defesa é a primeira forma para poder partir
para o contra-ataque.

93
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (I):
• O aperfeiçoamento da técnica individual tem uma direção mais específica onde o treino individualizado
começa a ter uma presença constante.

• Numa lógica de proporção entre o tempo de treino passado em situações de exercício e situações de jogo
varia com as preocupações competitivas e o momento da época em que as etapas de preparação se situam.

• Os exercícios de técnica individual, mesmo organizados colectivamente, têm uma relação muito próxima aos
processos tácticos que a equipa utiliza.

• A metodologia Todo-Parte-Todo deve ser o caminho de ensino-treino da táctica no qual as combinações são
treinadas e aperfeiçoadas. Por isso as situações de 3x3 e 4x4 são formas de jogo muito importantes na
preparação táctica da equipa.

• As fases de transição da defesa para o ataque devem estar presente como uma exigência permanente. Tal
como as formas primárias de contra-ataque, a transição deste para o ataque rápido e deste último para o
organizado deve ser alvo de exercícios cuja preparação não deve ser esquecida.

• Em termos de especialização dos jogadores a tendência é claramente começar por definir áreas de posição que
os jogadores poderão ter nos Sub-18 e evidentemente afunilar essa especialização até aos Seniores.

94
Indicações genéricas para o treino técnico-tático (II):
• A definição das combinações colectivas preferidas começa por ser orientada para o aproveitamento das
potencialidades individuais. Obviamente que as set plays que se possam definir não deve esquecer esta
orientação.

• Introduzir a ideia de preparação para o jogo em função do adversário e em função dos momentos da
competição.

• Definição das estruturas básicas de ataque contra as diversas formas de defesa: HxH, zonas, defesas
pressionantes, mistas, situações especiais (reposição de bola na linha lateral, reposição de bola na linha final,
set play especial para final de período/jogo e/ou últimos segundos de ataque).

95
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (I):
VELOCIDADE

• Fora do contexto do campo de basquetebol, o treino da velocidade começa a ter uma ligação muito forte ao
treino da força. No contexto e tarefas específicas do basquetebol, o treino da velocidade tem uma associação
muito íntima à explosividade dos movimentos com e sem bola. Esta – a velocidade de execução – é uma
exigência na maioria das tarefas de treino.

• O treino da velocidade de repetição tem a ver com as distâncias específicas do jogo e pode (deve) estar
combinado com reações simples ou complexas: sprints de 3, 5 e 10-15 metros.

• Ligar o treino das formas de manifestação de velocidade relacionadas com as características do modelo de jogo
que se pretende impor: para se jogar agressivo na defesa e no ataque, o treino assim deve ser do ponto de vista
da intensidade.

96
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (II):
FORÇA

• Os Sub-18 deve ser a etapa do treino em que ocorre o início da especificidade do treino da força – treino de força
com cargas externas dirigido para objetivos concretos do desenvolvimento de grupos musculares fundamentais:
treino da força resistência e hipertrofia muscular.

• Quando existe uma boa base hipertrófica, esta deve ser compatibilizada com o treino da força visando a taxa
máxima de produção. Admite-se claramente que do ponto de vista técnico, um Sub-18 de 2º ano, domine o
treino com máquinas de musculação e com pesos livres. Este aspecto implica uma noção muito objectiva dos seus
riscos e benefícios e um domínio muito correto da técnica de execução dos exercícios propostos.

• A individualização do treino da força não pode esquecer o reforço muscular geral, fundamentalmente dirigido
para os atletas que ainda não tenham atingido a maturidade técnica e/ou fisiológica para iniciar os objectivos
anteriores.

• A introdução ao treino da força deve ser conduzida para uma dimensão da preparação que aos poucos pode ser
dada ou relacionada com a auto-responsabilização do atleta.

97
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (III):
RESISTÊNCIA

• Em termos gerais, nesta etapa deve-se proceder ao aumento da intensidade da carga do treino de resistência e a
uma consequente redução do seu volume – treino da resistência específica.

• O método de duração deve nas primeiras etapas ser utilizado nos mesmos moldes da etapa anterior, porém
circunscrito apenas ao período preparatório geral.

• O aumento da intensidade corresponde à utilização do método intervalado. Períodos de esforço na ordem dos
2-3 minutos com recuperações incompletas (30’’-1 minuto) são formas aeróbias que permitem introduzir o
método intervalado com objectivos mais lácticos.

• Em termos gerais o nível de carga deve estar associado a intensidades na ordem dos 140-170
batimentos/minuto – valores próximo do limiar anaeróbio.

• O treino em circuito com tarefas específicas do basquetebol pode ser um método utilizado para treinar a
resistência específica em associação com a técnica e a velocidade de execução.

98
Indicações genéricas para o treino das qualidades físicas (IV):
FLEXIBILIDADE

• O treino da flexibilidade é orientado de uma forma mais individualizada e inclusivamente pode apelar à
presença de apoio e acompanhamento clínico.

• A utilização da flexibilidade deve estar associada às recuperações do esforço e em íntima relação com o treino
de força – não esquecer os benefícios da relação força-flexibilidade e a redução da fadiga local provocada pela
sobrecarga imposta pela exigência física intensa.

• Nesta etapa a educação para o auto-treino da flexibilidade deve estar consumada. Espera-se dos jogadores uma
dedicação e consciência para esta valência do treino como forma de melhoria das capacidades individuais.

99
Indicações genéricas para o treino/acompanhamento das
exigências psicológicas (I):
A preparação psicológica tal como todas as outras vertentes do processo de formação é mais específica e por isso
mais adaptada às particularidades individuais dos jovens jogadores. Sabe-se que a seleção dos mais aptos e
capazes deverá impor um conjunto de consequências para aqueles que são sujeitos a essa seleção. Se nas etapas
anteriores a necessidade do acompanhamento por parte dos especialistas já aparecia como uma necessidade,
agora ele é um imperativo. Os itens que abaixo se discriminam dizem respeito ao desenvolvimento de
competências psicológicas associadas aos níveis mais elevados rendimento, e nesse sentido são os pontos que na
sua ligação mais técnicas devem merecer uma especial atenção. Esta maior atenção deve ser dada pelo treinador,
mas cada vez mais a sua condução deve ser supervisionada por um especialista na área.

(1) O CONTROLO DO STRESS E DA ANSIEDADE, não apenas do processo de treino mais prolongado e exigente como
também da necessidade de rendimento individual para o cumprimento dos objectivos colectivos.

(2) O DESENVOLVIMENTO DA CONCENTRAÇÃO E DO FOCO ATENCIONAL, significa dar contributos do ponto de vista
mental ao refinamento da preparação táctica. A necessidade de conduzir os jogadores a efectuarem compromissos
mentais com o treino e as exigências de preparação trata-se de uma preocupação determinante.

(3) A MANUTENÇÃO DE NÍVEIS DE MOTIVAÇÃO, que deve continuar elevada para a continuidade de uma prática
alegre e prazerosa, mas que vê os seus níveis de exigência aumentados em todos os seus sentidos.

100
Indicações genéricas para o treino/acompanhamento das
exigências psicológicas (II):
(4) A REGULAÇÃO DOS ESTADOS EMOCIONAIS no sentido de uma maior tolerância ao treino, ao treinador, ao erro,
à gestão do sucesso e insucesso e tudo o que rodeia o processo de treino-competição.

(5) A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA ESPECÍFICA PARA A COMPETIÇÃO, clarificadora do papel individual do sujeito para
uma determinada competição e das exigências pessoais que o jogo propriamente dito implica para o sujeito.

(6) O ACONSELHAMENTO E DESENVOLVIMENTO PESSOAL DE CARREIRA, não apenas em temos da compatibilização


da vida desportiva com a vida pessoal como também numa lógica de discussão e negociação contratual que os
jogadores podem e devem ser capazes de conscientemente fazer.

101
4. Qual o “produto final” do processo de formação
de um jogador?

Por posição aponta-se as referências seguintes...

102
Posição #1 – Base – Point Guard
• Pode ter uma estatura entre os 180-190 cm. Não devem ser desperdiçadas
oportunidades de formar jogadores que interpretem esta posição com uma estatura acima
de 190.

• Com uma vontade presente para jogar em ritmos elevados – contra-ataque e em ataque
de transição.

• Domínio elevado dos fundamentos associado à velocidade da sua execução e uma


distinção na capacidade de leitura táctica – TER UM ELEVADO NÍVEL DE CONHECIMENTO
DO JOGO.

• Relativamente ao domínio elevado dos fundamentos deve destacar-se: (1) a


objectividade do seu uso, (2) a eficácia sempre presente, (3) o timming do passe, e (4)
qualidade de leitura dos bloqueios diretos.

• Liderar mais do que finalizar, no entanto pretendem-se bases com elevadas percentagens
de lançamento exterior e lance-livre – SER LÍDER.

• Ser um defensor com qualidade de 1 e 2 tendo física e tácticamente condições para


103
defender de diferentes formas – DEVE SER UM EXEMPLO ENQUANTO DEFENSOR.
Posição #2 – Base/Extremo – Shooting guard
• Apontar para uma estatura entre os 185-195 cm.

• Que seja veloz e possua um domínio dos fundamentos tão próximo do base quanto
possível. Nomeadamente em três dimensões: objectividade eficácia e adequação ao
timming.

• Capaz de substituir o primeiro base na liderança colectiva do ataque.

• Elevada capacidade ofensiva no 1x1 associado sempre à potencia e velocidade de


execução e leitura de bloqueios indiretos (saídas bloqueadas) – VELOCIDADE DE
EXECUÇÃO.

• Deve ser um marcador de pontos do exterior: eficácia no lançamento médio e de 3


pontos. Apontar claramente para percentagens acima dos 45% de 2 pontos, 30-35% de 3
pontos e acima de 80% no lançamento livre – LANÇADOR.

• Tal como o primeiro base deve conseguir defender 1 e 2 com qualidade física e táctica.

104
Posição #3 – Extremo - Forward
• Uma estatura na ordem dos 190-200 cm e com um peso suficientemente equilibrado
para a relação com a altura.

• Que seja capaz de fazer da velocidade a arma mais importante em tarefas defensivas e
ofensivas: saídas em contra-ataque no corredor lateral, saídas de bloqueios e fortes body-
cheks e com uma possibilidade de adaptação defensiva permanente no jogo exterior e
interior (trocas e match-ups).

• Uma capacidade para penetrar e lançar nas diversas zonas do camp e jogar interior. Mais
do que a velocidade destes movimentos a explosividade deve determinar o sucesso das
suas ações – JOGADOR POLIVALENTE.

• Tenha uma presença efectiva no ressalto ofensivo e defensivo. Como referência ideial
que aponte para valores na ordem dos 3-5 rpj por cada 20 minutos de utilização – BOA
CONDIÇÂO ATLÉTICA.

• Eficácia da finalização: nas penetrações utilizar o corpo, o beneficio das regras (tirando
faltas) nas diversas soluções para finalizar. no lançamento médio procuar percentagens de
45-50% e se possível superiores a 35% dos 3 pontos.
105
Posição #4 – Extremo/Poste – Power Forward
• Apresentem uma estatura compreendida entre 198-202/203 e morfológicamente aceita-
se um défice de relação entre altura-peso. Dos jogadores interiores é o jogador mais leve.
Uma atenção especial à envergadura (comprimento entre os dedos médios).

• Denotem um elevado domínio do esquema corporal de forma a executarem os


fundamentos com velocidade e fácil mobilização – corrida, deslocamentos laterais,
posições de base na defesa e no ataque, equilíbrios em apoios e no ar, etc.

•Tenham uma participação efectiva no ressalto defensivo, mas particularmente no


ofensivo. Como referência que possam obter valores de 4-5 ressaltos por cada 20 minutos
de utilização.

• No domínio dos fundamentos ofensivos que se constituam como um “3 grande”, onde a


facilidade para lançar do exterior esteja presente assim como para a resolução de
situações na área dos postes – UM “GRANDE” A PENETRAR, A PASSAR E A LANÇAR COMO
UM PLAYMAKER.

• Sejam versáteis e capazes de se adaptar aos diferentes ritmos impostos pelos adversários
e pelo jogo – VERSATILIDADE DEFENSIVA.
106
Posição #5 – Poste - Center
• Morfológicamente que sejam os jogadores que apresentem sempre uma altura superior
a 198-200 e se distingam pelo seu peso.

• Apresentem condições e apetências para jogar em ritmos elevados apesar do peso


corporal que possuem. No domínio dos fundamentos com bola para além do jogo de
costas para o cesto que sejam bons passadores – EXCELENTE PASSADOR COM UM BOM
TRABALHO DE PÉS.

• Procurem obter elevadas percentagens de 60-80% nos lançamentos curtos, não inibam o
lançamento de 3 pontos (preferência que façam dele um importante argumento) e tenham
um bom desempenho na linha de lance livre – BOM LANÇADOR: CURTA DISTÂNCIA E
LANCE-LIVRE.

• Sejam os dominadores das tabelas defensivas não deixando de participar no ressalto


ofensivo. Apontar para números na ordem dos 6-8 rpj por cada 20 minutos de utilização.

• Ter o hábito de “INTIMIDAR”, onde o contacto e o uso do corpo constituam formas de


vantagem: nos desarmes, bloqueios que fazem, nas faltas que provocam e que cometem –
JOGAR COM E ABUSAR DO CONTACTO.
107
5. Considerações finais

1 – Entender o processo de formação como um conjunto articulado de etapas não


significa criar barreiras inflexíveis para a melhoria da qualidade dos jogadores e
das equipas. As etapas não não estanques e o processo de ensino das
competências propostas pode ser acelerado mediante uma análise de cada caso
específico (jogador, equipa ou clube).
2 – Uma etapa é considerado como um intervalo de tempo em que propõe ao
jovem a possibilidade de aprender, aperfeiçoar e automatizar um conjunto de
competências que serão fundamentais para a abordagem à etapa seguinte. O
processo de formação tem de permitir a existência das três fases de
desenvolvimento de competências motoras: Aprender, Aperfeiçoar e Automatizar.

3 – Neste documento estão definidos um conjunto variado de objetivos técnico-


táticos para cada uma das etapas. Planear, dirigir e avaliar o treino em função da
concretização de objetivos deverá ser uma preocupação permanente se
quiseremos uma aposta muito clara no processo de formação de jogadores. Só
sabebemdo para onde queremos ir, perceberemos se realmente para lá vamos!
108
5. Considerações finais

4 – O processo de desenvolvimento do jogador não é linear. Tem avanços precoces


e estagnações que podem ser duradouras; sucessos e insucessos por vezes
inexplicáveis; ritmos próprios e individuais; multidependente e muito variado. Por
vezes escapam à capacidade de controlo de quem conduz racionalmente o
processo – o treinador.

5 – Sem comodismos e lamentações, deve o treinador assumir-se como o principal


responsável pelo processo que conduz. Quando o faz, e procura controlar as
variáveis que lhe estão ao alcance, a sua ação será sempre rotulada de sucesso
independente dos resultados que produza. Como diz John Wooden:

Success is peace of mind, is a direct result of self-


satisfaction in knowing you made the effort to become
the best of which you are capable. 109
Segunda Parte:
Tendências de Evolução do Jogo

Principios e Conceitos

Coordenação de José Ricardo Rodrigues


DEFESA
GENERALIDADES SOBRE A DEFESA

1. A importância da defesa no basquetebol atual

Olhando para as diversas competições de alto nível, podemos afirmar que as equipas que são
campeãs são sempre boas equipas a defender. Esta constatação parece traduzir a importância
da defesa no basquetebol atual e o seu papel determinante para a obtenção do êxito
desportivo.

O papel da defesa conduz-nos para uma realidade competitiva em que falamos de ritmos,
poder estratégico e uma ideia de consistência e preparação antecipada, aspetos fundamentais
para o sucesso em competição.

Os aspetos mencionados estão associados à defesa: a defesa domina o jogo atual, ao impor
os ritmos de jogo que são desejados. A defesa ao ter maior poder (comparativamente ao
ataque) para interferir na estratégia contida nas estruturas ofensivas do adversário e ao estar
planeada/preparada, é mais estável e controlável do que o ataque.

Neste sentido, num jogo em que ofensivamente uma equipa esteja a ter dificuldades, uma boa
resposta defensiva continua a manter em aberto as opções de vitória.

Atualmente, essas respostas defensivas traduzem-se numa constante pressão sobre a bola,
muitas vezes em campo inteiro, numa forte pressão sobre as linhas de passe, defendendo em
antecipação e grande responsabilidade individual com posições de ajuda muito limitadas. Esta
defesa que domina o jogo aposta em trocas defensivas frequentes em bloqueios e
penetrações, ao uso do corpo e do contacto intervindo sobre as intenções de deslocamento
dos atacantes. A pressão sobre o lançamento é constante, interferindo sobre o espaço, o
tempo e investe na capacidade de modificar os lançamentos em áreas próximas do cesto
diminuindo a sua eficácia.

Este parece o jogo que defensivamente queremos jogar. No entanto, falar em modelo de jogo
só faz sentido se o considerarmos de uma forma integrada num modelo de preparação que
deve constituir um todo coerente.

Do mesmo modo, o treino deve refletir a filosofia (neste caso, defensiva) do treinador caso
contrário, esta não passará de um conceito vazio.

Assim, se acreditamos que: se ganha, antes do mais, a defender; a eficácia defensiva é o


grande equilibrador da equipa - é sempre possível ganhar se defendermos bem; a intensidade
defensiva tem que estar sempre “no limite”; “O ataque pode ganhar jogos, mas só através da
defesa é possível ganhar campeonatos.”

Então, devemos valorizar a defesa, o trabalho defensivo dos nossos jogadores e dar a devida
atenção aos detalhes defensivos. Uma boa defesa consegue “comandar” e ditar o jogo que se
pretende jogar visto que de uma forma consistente, preparada e planeada, pode tirar da zona
de conforto as “armas” ofensivas – coletivas e individuais do adversário.
2. Fatores de eficácia da defesa

Devemos ter bem presentes quais os fatores de que depende a eficácia defensiva.
Assim, a eficácia da defesa depende dos seguintes fatores: aspetos psicológicos/volitivos;
orgulho, gozo, identificação coletiva; espírito de sacrifício, capacidade de superação; desejo,
agressividade; capacidade de antecipação, “leitura do ataque”; importância do scouting;
concentração, atenção; domínio dos conceitos (princípios da defesa); fundamentos defensivos;
aprendizagem, aperfeiçoamento e treino da técnica individual defensiva; condição físico-
atlética.

3. Ideias chave sobre a preparação da defesa

Para saber defender bem … são necessários bons defensores! Esta ideia, geralmente aceite por
todos, conduz-nos a duas soluções: formação de jogadores; processo de recrutamento bem
realizado.

A fase defensiva só termina com a conquista da posse da bola pelo que é decisivo “ganhar” a
tabela defensiva.

Ter a posse de bola é o fator mais importante do jogo.

Para bater o ataque, a defesa tem que “jogar psicologicamente”, antes de jogar “técnica e
taticamente”: a defesa deve adotar soluções “incómodas”, em especial para alguns atacantes
(protagonistas); definindo objetivos para a defesa; defender segundo conceitos.
Basear a defesa da equipa num conjunto de regras, treinadas e aplicadas ao longo da época,
procurando contrariar a imprevisibilidade do ataque.

Todas estas ideias devem, no seu conjunto, promover o orgulho na “nossa defesa”.

4. A defesa pretende ter a iniciativa do jogo

Para que tal aconteça é decisivo defender agressivamente: obrigar o ataque a “fazer o que não
quer”, a “jogar de modo diferente do habitual”; defender de forma inteligente, saber quando
“abrir” (maior agressividade) e quando “fechar” a defesa, considerando a linha dos 6.75 como
um “muro” e os limites da área restritiva como outro “muro”.

Quando construímos a defesa devemos reconhecer alguns aspetos como decisivos para a
eficácia defensiva: a defesa inicia-se quando deixamos de ter a posse da bola-reação; defesa
de equipa - parar a bola é o objetivo; defender 5x5,”cinco contra a bola”, não 1x1 ou 2x2;
comunicação (falar na defesa); coesão, baseada nas “regras” da defesa; não permitir cestos
fáceis; recuperação defensiva; impedir “bandejas”; contestar todos os lançamentos;
condicionar e limitar o ataque, antecipar; interromper/alterar o fluir normal do ataque.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA DEFESA INDIVIDUAL
A defesa deve assentar em alguns conceitos que têm a sua expressão prática num conjunto de
regras e normas.

Os conceitos fundamentais da defesa são:

 Reagir ao nosso lançamento: ressalto ofensivo/balanço defensivo; recuperação defensiva.

 Pressionar a bola: não se deixar ultrapassar, desviar, parar; utilização das mãos; “sair” aos
lançamentos, mão na bola.

 Forçar a definição lado da bola/ lado ajuda: com a bola na zona central o ataque tem
todas as opções; retirar a bola da zona central depende da capacidade do defensor do
atacante com bola.

 Parar as penetrações em drible: pelo meio – responsabilidade individual, 1x1; ajudas na


linha de fundo; reagir às penetrações (recurso).

 Visão simultânea (bola/atacante) e movimentar-se com a bola: reagir a cada movimento


da bola e/ou do atacante direto.

 Impedir/limitar a penetração da bola na área restritiva através do passe; defesa dos


postes com ou sem bloqueios; defesa dos cortes, com ou sem bloqueios.

 Cortar/condicionar a circulação da bola: interromper o ritmo do ataque, romper o seu


“timing”; cortar os ângulos de passe, obrigando a receções em áreas menos ofensivas;
condicionar a utilização do drible, dificultando a abertura duma linha de passe; utilização
do contacto condicionando os espaços de receção; recorrer a trocas defensivas; pontos de
pressão da defesa.

 Ajudar, ajudar quem ajudou, realizar as rotações defensivas: a ajuda é um recurso; não
antecipar nem exagerar as ajudas quando não necessárias; não hesitar… sempre que a
ajuda é necessária… ajudar; quando ajudar; quem e onde ajudar; segundas ajudas e
rotações.

 Reagir ao lançamento do adversário: velocidade e agressividade, o importante não é


chegar mais alto, é chegar primeiro.

 Comunicar (falar na defesa): a comunicação é essencial para termos coesão (defesa de


equipa). Neste sentido, é necessário definir em que situações falamos, quem fala e como
(que sinais utilizar). Apresentamos agora alguns exemplos de situações em que é
necessário falar defensivamente: à paragem do drible; ao lançamento; aos “finais” das
jogadas do adversário; avisando bloqueios; ao “sair” á bola, na sequência de rotações;
quando se ganha ressalto defensivo; defensor mais longe da bola (vê o jogador); para
assegurar que há ajuda;
1) A defesa da bola, a pressão nas primeiras linhas de passe e a presença das ajudas
defensivas

Quanto mais eficaz for a defesa na pressão sobre a bola maior poderá ser a pressão sobre as
linhas de passe, mais risco a correr, menos profundas poderão ser as ajudas e mais “fácil” será
conseguir coesão defensiva. Ou seja, pressionar a bola é um conceito defensivo fundamental
na hora de construir as competências da equipa.

Associada a essa pressão emergem, os seguintes objetivos: desviar o driblador para a linha
lateral ou a linha de fundo (conforme localização do atacante com bola); parar o driblador em
áreas (mais) vantajosas para a defesa; contestar todos os lançamentos, “sair” aos lançadores;

Na figura seguinte, estão definidos os quadrantes associados aos objetivos na defesa da bola
que, em seguida, vamos clarificar.

Aspetos a salientar

É fundamental para garantir uma defesa boa e eficaz sobre a bola haver uma definição,
construção e utilização de um sistema de comunicação que não deixe instalar dúvidas.

Muito importante: treinar a técnica do “close out”, particularmente quando a bola muda de
lado.

São muito relevantes as informações do scouting relativamente a esta situação de jogo,


nomeadamente sobre as características do atacante que recebe a bola – é um bom lançador?
Mais penetrador? Qual é habitualmente a sua primeira opção?

Na pressão defensiva sobre o atacante com bola, não se deixar ultrapassar, desviar, parar;
utilização as mãos; “Sair” aos lançamentos, mão na bola.

Associado ainda á defesa do atacante com bola, podemos salientar outro conceito: forçar a
definição do lado da bola/lado da ajuda.

Este conceito conduz-nos a um objetivo claro para o defensor do jogador com bola: retirar a
bola da zona central do campo. Tal objetivo só é possível de atingir se houver capacidade para
“parar” o base adversário em 1x1 e obrigar os atacantes em linha de primeiro passe a receber
a bola em áreas onde são menos ofensivos.
Esta definição do lado da bola/lado da ajuda deve ser realizada quer na pressão em todo o
campo, em 3/4 de campo ou em 1/2 campo, seja ela coletiva (toda a equipa) ou só sobre o
base. Tal definição também tem de estar presente na organização do ataque de posição.

Forçar a definição do lado da bola/lado da ajuda: com a bola na zona central o ataque tem
todas as opções; retirar a bola da zona central depende da capacidade do defensor do
atacante com bola.

No basquetebol atual, o ataque busca sistematicamente a penetração para o cesto procurando


que a defesa envie ajudas que ao serem reconhecidas permitam assistências. Perante este
contexto, emerge um outro conceito que é fundamental para o sucesso da defesa: Conceito
Defensivo Parar as Penetrações em Drible.

Responsabilidade individual – parar as penetrações pelo meio; Ajudas – na linha de fundo,


(normalmente) vindas do lado da ajuda; Ajudar e recuperar “clássico”… não nos resolve os
problemas! (utilizar apenas em recurso); dar importância à constante ocupação de espaços por
parte dos defensores do lado da bola e do lado contrário (comportamentos dinâmicos que
provocam incerteza ao ataque); reforço da importância da técnica do close out (situação de
desvantagem do defensor).

Casos especiais: penetração pela linha de fundo, aproveitando o “selar” do poste médio; bola
na linha cesto-cesto; prever soluções de recurso para reagir a um erro, nomeadamente a uma
penetração pelo meio; …não se basear na previsão dos “ses”; o defensor do atacante com bola
tem que ser capaz de parar as penetrações pelo meio (1x1).

A penetração associada ao uso de bloqueio diretos: importância do scouting; soluções a


adotar em função das características do driblador e do bloqueador; defender 5x5, não 2x2;
agressividade, pressão na bola, “roubar” a iniciativa ao ataque.
Pontos comuns nas várias soluções possíveis - primeira ação do defensor do driblador –
pressionar, atacar, (tentar) passar por cima; ajudas e rotações – defensores do lado da ajuda;
sobremarcar a segunda linha de passe (zona central, normalmente),se o ataque usa essa
opção.

No 1x1 central, o defensor do jogador com bola deve pressionar a mão dominante
(coloca-se à frente do ombro da mão forte). A distância também deve ser ajustada às
capacidades de lançamento/penetração do atacante – defender altamente concentrado e
como se não existissem ajudas.

Outros defensores restringem espaço, adotando uma posição aberta para a bola e dinâmica,
fintando defensivamente. A distância destes ao seu atacante direto também depende das suas
características – bom lançador estar mais perto dele, mau lançador – fechar mais.
Na defesa das penetrações laterais, o defensor defende sem dar nenhum dos lados (tal como
no 1x1 central), formando um “muro”.

2) A defesa do jogo interior, a defesa dos cortes e a negação das mudanças de lado

Defesa dos postes:

A defesa do jogo interior está associada ao conceito defensivo “Impedir/Limitar a Penetração


da Bola na Área Restritiva Através de Passe”: o “timing” da ação defensiva é decisivo – o
objetivo é impedir que a bola “entre” ou, se não se conseguir, que a receção ocorra numa área
em que o atacante é menos ofensivo; defesa dos cortes – primeiro, interrompe (contacto);
depois sobremarca.

Na defesa do poste baixo/médio antes de ter a bola, procuramos negar/dificultar o passe –


defesa pela frente do atacante ou ¾ na frente “empurrando-o” para a linha final. A mão/braço
mais perto da linha final levantado para contestar o passe e outra mão em baixo vai tateando
o atacante no sentido de controlar as suas ações.
Quando o poste recebe a bola devemos ter as seguintes preocupações: retirar de imediato o
contacto; influenciar para a linha final e decidir se fazemos ou não 2x1 e quando; quando entra
em drible fintas alternadas dentro; defensor do passador “toca” na bola e recupera logo que
inicia o drible.

Lembrar que a defesa do poste é uma tarefa coletiva – pressão na bola; sobremarcar a
segunda linha de passe; ajudas e/ou 2x1, por decisão prévia ou sistematicamente.

Conceito defensivo - Impedir/limitar a penetração da bola na área restritiva através de


passe:

O “timing” da ação defensiva é decisivo – o objetivo é impedir que a bola “entre” ou, se não se
conseguir, que a receção ocorra numa área em que o atacante é menos ofensivo; defesa dos
cortes – primeiro, interrompe (contacto); depois sobremarca.

Defesa dos postes: antes de ter a bola, sobremarcar e “arrastar”; quando recebe, retirar o
contacto; influenciar para o ponto fraco em função dos dados do scouting; tarefa coletiva –
pressão na bola; sobremarcar a segunda linha de passe; ajudas 2x1, por decisão prévia ou
sistematicamente.
Defesa dos bloqueios para libertar jogadores “dentro”: bloqueio entre postes/bloqueio
“baixo”-“alto” (horizontais); cortes do lado fraco com bloqueios nas costas; bloqueio “baixo” –
“Alto” (diagonal); movimento “zipper”/bloqueio cego (lado da bola).

Conceito Defensivo - Cortar/condicionar a circulação da bola:

O “timing” da ação defensiva é decisivo; ponto de pressão da defesa -linhas de passe -


influenciar o drible; passes de retorno da zona lateral para a zona central; mudança de lado da
bola.

Pontos de pressão na bola permanentemente existentes: D1 pressiona a bola e D2 e D4


cortam/condicionam a circulação da bola:

Pressão na bola (D2) e atitude dinâmica (ocupação de espaços) por parte dos defensores do
lado contrário da bola (D3 e D5):

Cortar/condicionar a comunicação entre postes (high/low):


Defesa de outros bloqueios indiretos/cegos: bloqueios para lançadores (simples), com
diferentes ângulos; bloqueio stagger; bloqueio duplo; bloquear o bloqueador; movimento
zipper; trocas defensivas.

A Troca defensiva como recurso importante (nomeadamente quando associado à “pressão”


do relógio dos 24”). Devem ser cuidadosamente preparadas (scouting).
NOTA: NAS CATEGORIAS DE FORMAÇÃO, DEVE ENSINAR-SE A DEFENDER SEM TROCAS, ESTAS
DEVEM SER APENAS UM “ÚLTIMO RECURSO”

Situações em que se podem utilizar: entre dois “baixos” ou dois “altos” (ou “de fora” e “de
dentro”); nos últimos segundos de posse de bola; bloqueio direto entre 2 lançadores; sobre
um grande lançador.

Definir claramente quando trocamos: por exemplo, “só após a 1 mudança de lado” ou
“sempre que haja bloqueio entre o 3 e o 4”, entre outros.

À troca deve corresponder uma maior agressividade da defesa: mantendo a pressão sobre a
bola; fechando as linhas de passe; cortando as trajetórias dos atacantes; defendendo os postes
pela frente; impedindo/retardando a exploração duma situação para o atacante - “dentro”;
impedindo/retardando a exploração duma situação para o atacante - “fora”.

Nota: O erro mais frequente consiste em a defesa trocar para (apenas) “seguir o ataque”.

A técnica de execução das trocas defensivas:

Ponto prévio: Capacidade para pressionar a bola em 1x1.

Colocação do defensor do bloqueador: perna e corpo cortando a trajetória do atacante que


“sai” do bloqueio, contacto, sobremarcação.
O outro defensor impede a interposição; defender pela frente, um braço em cima, um pé
entre os pés do atacante, outro braço e o tronco “empurrando para trás” (desequilibrar o
atacante).

3) As primeiras e segundas ajudas, os “traps” e respetivas rotações defensivas

Conceito Defensivo - Ajudar, ajudar quem ajudou, realizar as rotações defensivas:

A eficácia defensiva é tanto maior quanto maior for a capacidade dos defensores de “parar” os
atacantes diretos em 1x1.

“Bater” o atacante direto, quanto menos ajudas ele provocar, mais forte é a nossa defesa
(atitude mental); não antecipar (“timing”), nem exagerar as ajudas; a ajuda não é a primeira
solução mas sim o recurso, a partir do qual o atacante está em vantagem; ajudar (e ajudar
quem ajudou e rodar…) apenas quando necessário mas…; … se é necessário, não hesitar,
ajuda!...; … segunda ajuda…; … rotações, ao passe, “sair com a bola”; se esta “cadeia” se
“rompe”, não há coesão defensiva, pois instalam-se as dúvidas.
As ajudas laterais:

Nas rotações defensivas, é fundamental que os defensores saibam “ler” os olhos e a posição
do corpo do atacante com bola; Isso permite “adivinhar” o passe, antecipar.

As ajudas verticais:

Por sistema, de forma “regular” ou seja, abstraindo dos possíveis detalhes de ajustamento,
determinamos as seguintes regras: penetração pela linha de fundo, ajuda (se necessária) do
defensor do poste (se há poste do lado da bola) - situação que já analisámos; (sem poste do
lado da bola), ajuda (se necessária) sobre a penetração pela linha de fundo, criando uma
situação de 2x1 (vinda do lado da ajuda); bola no poste, defensor “contém” o mais possível,
influencia para a linha de fundo (não “dá” a linha de fundo), ajuda vinda do lado contrário (se
necessária), criando uma situação de 2x1.

Quando há 2x1: “largar” o atacante mais afastado da bola; reagir ao passe, rodar enquanto a
bola vai no ar, definindo claramente quem “sai” ao 1ºpasse e ao 2ºpasse – Falar; por norma, o
defensor do poste alto não ajuda (“fica a meio”) nem entra nas rotações.

Ajuda (2*1) pela linha final com o ataque com dois interiores:
Ajuda (2*1) pela linha final com o ataque com um interior:

As razões da utilização deste “sistema” (responsabilidade individual em “defender” o meio,


ajudas pela linha de fundo), criando aí situações de 2x1, são as seguintes: coerência com os
outros conceitos defensivos; maior limitação das opções do ataque – com a bola “no meio” (ou
seja, penetrando para o meio ou permitindo ao poste rodar para o meio); é possível
“transformar” uma situação de desvantagem numa situação de vantagem precisamente
porque, com a bola na linha de fundo, as opções do ataque são limitadas quando “sofre” um
2x1 bem executado.

Há outros momentos de ajuda que importa prever, embora não como “sistema”: sobre um
passe para a área restritiva (erro na defesa de um corte); reagindo a erros na defesa das
penetrações; reagindo a erros na defesa dos postes – se o poste dribla para o meio na área
restritiva há que “atacar” a bola obrigando-a a vir para fora.

A entrada da bola no poste não deve condicionar demasiado a defesa – não ajudar de
imediato (pode até decidir-se defender o poste em 1x1 – scouting) e esperar que o poste “se
decida”:

Relativamente ao 2x1: não antecipar a ajuda/2x1, ir apenas quando o poste já definiu


claramente a rotação para a linha de fundo; em muitos casos (scouting), ir apenas quando
inicia o drible; o êxito desta ação depende muito da capacidade do defensor direto do poste
conseguir “conter” o adversário, bem como da ação defensiva anterior à receção – “arrastar” o
poste para fora da área restritiva. Defensores “de fora fintam, reduzindo o espaço e criando
duvidas ao poste; se o poste dribla “dando as costas” (perda de visão para um passe) a um
defensor, este pode “atacar” a bola; 2x1 – na linha de fundo.

4) A defesa dos bloqueios diretos

No basquetebol atual é imprescindível dedicar uma especial atenção à defesa dos bloqueios
diretos face à frequência elevada de utilização desta combinação tática. De facto, estudos
recentes indicam que os bloqueios diretos realizados ultrapassam os 70 por jogo.
Normalmente, quando se analisa a defesa desta combinação tática cuja frequência elevada
está muito associada à regra dos 24 segundos, apenas se consideram os dois defensores do
atacante bloqueado e do atacante que realiza o bloqueio.

No entanto, é preciso ainda considerar as características dos jogadores que não estão
diretamente envolvidos nessa ação nomeadamente a sua capacidade para o lançamento
exterior. No que diz respeito à ação dos defensores envolvidos diretamente nesta ação, visto
que os restantes defensores da equipa devem fechar as linhas de passe alternativas, podemos
dizer que têm as seguintes opções:

Antes de analisar as diferentes opções defensivas a considerar na defesa deste tipo de


bloqueio, devemos relevar sempre o aumento da pressão defensiva sobre o portador da bola.

Assim, identificamos diferentes momentos na defesa dos bloqueios diretos e, igualmente,


com objetivos precisos em cada um deles: “Impedir” o bloqueio condicionando a trajetória do
bloqueador; avisar do bloqueio preparando-nos para o que vem a seguir; anular a vantagem
do atacante cujo defensor foi bloqueado (ver respostas propostas); anular a vantagem do
atacante que efetuou o bloqueio (ver respostas propostas); aumento da pressão defensiva
sobre a bola.

Aconselhamos que o defensor do jogador com bola tente sempre passar por cima do
bloqueio (é fundamental que esta orientação constitua uma regra nas categorias de
formação). Por sua vez, o defensor do bloqueado pode dar um tempo de ajuda horizontal e
recuperar o seu opositor direto.
Na passagem por cima do bloqueio por parte do defensor da bola, o defensor do bloqueador
pode dar um tempo de ajuda vertical (ao segundo drible, sem sentido de cesto, por parte do
bloqueado, o defensor do bloqueador recupera o seu opositor direto) ou assumir uma situação
de 2*1.

Uma outra possibilidade de defendermos o bloqueio direto é a assunção de passagem terceiro


por parte do defensor da bola (nas categorias de formação, apenas como recurso). O
defensor do bloqueador, condiciona o ângulo e posição do bloqueio direto e, no momento do
contacto físico, dá um passo atrás permitindo a passagem do companheiro.

O defensor da bola pode passar como quarto homem (nas categorias de formação, apenas
como recurso), com o defensor do bloqueador a condicionar o ângulo e posição do bloqueio
direto, empurrando o bloqueador, elevando um dos braços (impedindo um lançamento fácil
atrás do bloqueio) e permitindo uma passagem (quarto) facilitada ao seu companheiro.
Em circunstâncias especiais poderá adotar-se a troca defensiva na defesa do bloqueio direto:
sempre que o bloqueio direto se realiza entre exteriores; quando o bloqueio direto se produz
entre 3 e 4 ou 5; quando ficam menos de 8" para finalizar a posse de bola porque dificilmente
dará tempo ao ataque para aproveitar a vantagem dos desajustes defensivos.

Após esta caracterização, vamos decidir se os conceitos defensivos devem ser associados mais
a um 2x2 ou a um 5x5 – embora a defesa destas situações implique sempre os 5 defensores. É
em função destes fatores que vamos analisar os diferentes tipos de defesa do bloqueio direto.

Podemos ainda negar o bloqueio direto: esta opção visa proteger o nosso homem grande não
o retirando da zona pintada evitando coloca-lo numa situação de 1x1 defensivo em frente a
um jogador exterior mais rápido e hábil. É muito útil também contra equipas que
fundamentem o seu ataque na utilização de bloqueios diretos ou na busca de vantagens após
a mudança de bola de lado.
NOTA: ESTA OPÇÃO DEFENSIVA SÓ DEVE SER CONSIDERADA NAS CATEGORIAS DE FORMAÇÃO,
CASO O NÍVEL DE JOGO JÁ O JUSTIFIQUE, OU EM “CASOS ESPECIAIS” (nomeadamente para
permitir que jogadores com características muito específicas, por exemplo muito altos e (ou)
pouco coordenados, possam jogar)

Defesa dos bloqueios diretos com 2x1 (“Trap”):


Esta opção defensiva visa romper o ataque da equipa A sua execução é em tudo semelhante
(até ao momento da passagem na linha do bloqueio) à defesa com ajuda e recuperação: D4
contacta com 4 obstaculizando trajetória para o bloqueio; D1 nega penetração para linha de
fundo (ou lado oposto do bloqueio se este for realizado no corredor central) e acompanha
trajetória do driblador para o bloqueio; no momento do bloqueio, D1 "lança" seu pé interior
acima do pé exterior do bloqueador; é preciso passar agachado pressionando o drible para
evitar mudança de direção por diante ao driblador; D4 sai com passo lateral negando trajetória
central à bola e evitando com mão ao solo que o driblador ataque entre os dois defensores
(criamos ângulo de 90º); mantemos essa posição até um determinado momento (até passar a
bola após 2 dribles, entre outros critérios).

Os defensores não envolvidos no 2x1 devem ajustar a sua posição defensiva preparando-se
para ajudar sobre o desfazer do bloqueador ou ativar a rotação de ajudas se necessário.
Manter o 2x1 evitando que o jogador com bola veja linhas de passe de saída da bola (1º passe)
“largando” momentaneamente o jogador mais afastado da bola. Acentuar esta situação se o
jogador com bola parar o drible.

5) A defesa dos bloqueios indiretos simples, duplos e em sequência

A defesa dos bloqueios indiretos está claramente interligada ao conceito defensivo


Cortar/condicionar a circulação da bola. Neste sentido, podemos definir as seguintes ideias
chave associadas à defesa dos bloqueios indiretos: interromper/alterar o desenrolar normal do
ataque; ter a iniciativa do jogo a partir da defesa; obrigar o ataque a fazer o que não quer, ou
seja, a jogar diferente do normal;
Adotar soluções incómodas, particularmente para alguns atacantes – Protagonistas.

Independentemente da forma de defender adotada nos bloqueios indiretos, o conceito


defensivo pressionar a bola tem de estar sempre presente: condicionar a bola, pressionar as
primeiras linhas de passe e posições dinâmicas de ajuda do lado contrário da bola. Objetivo –
maior coesão defensiva.

Sabemos ainda que a utilização dos bloqueios indiretos por parte do ataque está associada à
circulação de bola, à libertação de jogadores e à tentativa de fazer chegar a bola a zonas
próximas do cesto (postes). Pretendemos na defesa dos bloqueios indiretos condicionar a
libertação de jogadores – abertura de linhas de passe.

Bloqueio de um jogador grande (interior) a um pequeno com saída para o exterior:


Passagem por Cima

Passar por cima entre o bloqueado e bloqueador – é a forma mais básica e aconselhada de
defender – pode ser feita contra qualquer tipo de atacante. Muitas vezes não é possível face à
ação dos atacantes envolvidos. Utilizando o bodycheck e depois contactando durante o corte;
o defensor do bloqueado procura afastar o atacante direto do ponto do bloqueio e procura
passar entre o bloqueado e o bloqueador.

Perseguir com tempo de ajuda

Tipo de defesa a utilizar quando o atacante bloqueado é melhor lançador do que penetrador.
O defensor deve, com a utilização de um bodycheck, desviar o atacante da trajetória
pretendida para o ponto do bloqueio.

Depois do bodycheck, o defensor "persegue" o atacante direto e sem deixar criar espaço se for
melhor lançador do que penetrador.

O defensor do bloqueador quer em primeiro lugar restringir o espaço de saída, pelo que realiza
um bodycheck ao atacante, influenciando (neste caso) para a linha de fundo. Logo após a
passagem do bloqueado na linha do bloqueio, deve dar um passo para fora (mantendo o
contato com o seu atacante direto), intervindo com o braço e perna num possível curl do
bloqueado.

Passar em “4º homem” (a não utilizar nas categorias de formação)


No caso do atacante bloqueado ser um jogador que tem maior capacidade de penetrar do
que lançar, após a realização do bodycheck inicial já referido, o defensor procura antecipar a
receção passando por cima do bloqueio a 4º homem.

Nesta situação, o defensor do bloqueador deve "empurrar" o mais possível o bloqueador para
a linha final no sentido de restringir o mais possível o espaço de saída em flare do bloqueado,
aumentando ainda a distância da linha de passe, o tempo do passe.

Passar em “3º homem” (a não utilizar nas categorias de formação)

Consideramos que ao alto nível, a passagem a 3º homem (pelo meio do bloqueio no espaço
que o bloqueador pode abrir), não é vantajosa quando a bola está perto da área possível de
receção (bloqueio no lado da bola): nesse tipo de defesa, não se evita o contato entre o
bloqueador e o defensor bloqueado associado aos pequenos movimentos de ajuste do
bloqueador para cima - que raramente são sujeito a intervenção arbitral e que são decisivos no
ganhar de vantagem na saída exterior (normalmente em flare).
Do lado da bola só deve ser utilizada se o atacante bloqueado não for um bom penetrador
nem um bom lançador (e ao alto nível há poucos com estas características…).

Pode ser considerada a sua utilização nos bloqueios indiretos longe da bola (lado fraco)
aproveitando o defensor bloqueado para passar no espaço natural da posição de ajuda do
defensor do bloqueador.

No entanto, se o bloqueado for um bom lançador exterior, esta opção deve ser sempre
equacionada com reservas.

Defesa do Bloqueio Com Troca (nas categorias de formação, só como recurso)

Opção a considerar quando os atacantes envolvidos têm características físicas e técnicas


semelhantes (por exemplo, entre o 3 e o 4), numa situação de emergência (atraso do
defensor) ou nos últimos segundos da posse de bola.
Dados do scouting são decisivos: a sua má utilização promove a utilização do miss-match em
situações desfavoráveis para a defesa. Também aqui o contato é muito importante: no início
do corte a interposição do corpo na trajetória para que mude de direção pode mesmo anular a
eficácia do uso do bloqueio (não necessitando sequer da troca) ou então diminuindo a
velocidade facilitando a troca defensiva.
Defesa dos Bloqueios Sucessivos (“stagger”) – verticais e horizontais:

Na defesa dos bloqueios sucessivos (stagger), o defensor bloqueado deve perseguir sem
perder contacto com o atacante no primeiro bloqueio e defender o segundo bloqueio (ou o
último) de acordo as decisões assumidas nos bloqueios simples.

Este tipo de bloqueios visa, em regra, a libertação de um bom lançador. Nessa situação, que
será a mais vulgar, o defensor do último bloqueio (D5) deve dar uma ajuda fora e recuperar.

O defensor do primeiro bloqueio (D4) deve “ocupar” a área restritiva, preocupando-se com o
desfazer para o cesto do segundo bloqueador no momento da ajuda fora e recuperação.
Defesa do Bloqueio Poste – Poste:

Num bloqueio poste – poste (“box to box”) de um pequeno a um grande, a opção de trocar
não se deve colocar devido ao “miss-match” daí resultante.

A decisão estratégica sobre como defender assenta na seguinte ideia: queremos que o
atacante receba mais longe/fora do local desejado sem envolver muita ajuda da equipa.

Assim, (D5) realiza um bodycheck para desviar o atacante bloqueado da trajetória pretendida
por ele para a posição de poste no lado oposto (seja poste baixo ou médio).

Em seguida, D2 Realiza novo bodycheck com um ângulo que “envie” o atacante bloqueado (5)
para a linha de lance livre, procurando que o defensor (D5) passe entre ele e o bloqueador -
tem de conseguir interpor a perna e o braço nesse espaço. O defensor do bloqueador (D5)
realiza um bump ao atacante que recebe o bloqueio e recupera o seu atacante direto em
função da posição da bola.

Também é de considerar a possibilidade de (D5) passa por trás do bloqueador (D2), se o


bloqueado (5) passar muito por cima do bloqueio – neste caso deve recuperar o mais rápido
possível o seu atacante.

Após o bloqueio, deve sobremarcar 3/4 na frente o poste empurrando-o para a linha final.
Defesa do Bloqueio Poste – Poste com troca:

(nas categorias de formação, só como recurso)

Opção a considerar quando os atacantes envolvidos têm características físicas e técnicas


semelhantes (exemplo: entre o 4 e o 5); numa situação de emergência (reação ao erro na
forma defensiva básica) ou nos últimos segundos da posse de bola.

Defesa do Bloqueio no “Corte Flex”:

Na defesa deste tipo de bloqueio vamos apresentar 3 tipos de defesa: sem troca defensiva
com realização de um body-check (aconselhada); com troca defensiva; com o defensor do
bloqueador aberto dentro (“preenchendo” a área restritiva).

Sem troca defensiva e com a realização de um body-check: opção a considerar quando os


atacantes envolvidos têm características físicas e técnicas diferentes.

Com Troca: opção a considerar quando os atacantes envolvidos têm características físicas e
técnicas semelhantes; numa situação de emergência (reação ao erro na forma defensiva
básica) ou nos últimos segundos da posse de bola.
Defensor do bloqueador aberto dentro (“preenchendo” a área restritiva): opção a considerar
quando defensor do bloqueador tem elevada envergadura, ocupando muito espaço interior.

6) A definição de regras para a construção do sistema defensivo

Cada equipa tem a sua identidade própria, tendo por base a filosofia do seu treinador, as
características dos seus jogadores (singularidade e autonomia) e o contexto do seu trabalho.
Ou seja, podemos identificar em cada equipa um determinado modelo de jogo.

Na defesa, os jogadores devem coordenar as suas ações para se atingir o objetivo defensivo do
jogo – não sofrer pontos.

Esta coordenação observável das ações defensivas durante um jogo – tática coletiva
defensiva, é um sistema assente em conceitos e regras.

A eficácia defensiva de uma equipa resulta, então, da sua capacidade de contrariar a


imprevisibilidade do ataque.

Cabe ao treinador construir um sistema defensivo e acreditar nele, treiná-lo e aplicá-lo ao


longo da época, com base num conjunto de regras defensivas, no nosso caso: retirar a bola da
zona central; desvio do driblador; ponto de pressão na zona central; parar penetrações pelo
meio; impedir passes para a “área”; influenciar o poste para a linha de fundo; na defesa dos
bloqueios pretende-se anular ou diminuir a vantagem que estas situações podem originar para
o ataque; dificultar ao máximo a mudança de lado da bola; condicionar os triângulos ofensivos;
limitar os lançadores; ajudas/2x1 na linha de fundo vindas do lado da ajuda; ganhar a tabela
defensiva.

7) A articulação e influência do treino da defesa nos restantes conteúdos do treino

O treino da defesa deve ser entendido dentro do contexto de confronto com as questões
ofensivas: é este diálogo permanente de vantagens/ desvantagens que devemos
contextualizar a evolução das equipas.

O trabalho defensivo tem um impacto nas questões táticas de grupo – nas situações de 2x2,
3x3 e 4x4. Estas são as situações, sobre as quais, em confronto permanente com as questões
ofensivas, construímos regras normas e em definitivo os conceitos e princípios que sustentam
o nosso jogo em ambas as dimensões. O trabalho da defesa, nomeadamente no início das
épocas, está também muito associado ao desenvolvimento dos fatores condicionais. O atual
trabalho integrado entende um treino que conjuga os aspetos técnicos, táticos, físicos e
cognitivos. A capacidade de concentração, muito associada á comunicação é também objeto
de desenvolvimento quando trabalhamos a defesa com reflexos na coesão defensiva e na
criação de uma identidade de equipa.
CONTRA-ATAQUE
1. Importância e implicações do contra-ataque no modelo de jogo de uma equipa de
rendimento

Se entendermos o contra-ataque como a criação de situações de lançamento, explorando


vantagens numéricas, não se pode dizer que se trata de uma fase que predomine no
basquetebol de rendimento. Bem pelo contrário, como indicador estatístico, o contra-ataque
(medido pelo numero de situações de lançamento efetuadas e que pode ser percentualizado
em termos de eficácia) até ocorre muito poucas vezes ao longo de um jogo. Porquê?

Porque, em princípio duas equipas que jogam equilibradamente, são duas equipas que
selecionam o seu lançamento e ao fazê-lo, possuem um cuidado especial na preparação da
disputa do ressalto ofensivo e na sua transição defensiva;

Porque as defesas intervêm com cada vez mais agressividade em relação ao portador da bola,
obrigando-o a retardar a entrada da bola no ataque;

Mas também porque em contextos de equilíbrio cada posse de bola vale “ouro”, o que
significa que as equipas tendem a controlar a relação de segurança-risco, optando pelo maior
controlo da posse.

Pese embora as razões que fazem com do contra-ataque uma reduzida frequência estatística,
não há nenhum treinador que não valorize a sua importância e não dê uma atenção de grande
importância ao seu treino.

Apesar do contra-ataque, entendido como a possibilidade de criar lançamentos em vantagem


numérica, não ter uma presença estatística muito avultada, a sua importância é cada vez mais
decisiva no basquetebol de rendimento. A observação do jogo na atualidade diz-nos que as
equipas que integram o contra-ataque como uma procura insistente no seu modelo de jogo,
são equipas mais intensas, mais agressivas ofensivamente e têm mais probabilidade de
provocar lançamentos fáceis. Mais especificamente pode-se dizer que estas equipas:

Têm o hábito de impor ritmos elevados, porque com certeza, assim treinam e nessa medida
assim procuram jogar. São equipas que por princípio estão mais aptas para dominar e jogar a
diferentes ritmos e em termos estratégicos, impor aquele que mais lhe convém;

Provocam mais faltas, obrigam a defesa a fazer mais rapidamente as 4 faltas em cada período,
e tendem a impor um maior desgaste físico ao adversário. Estas pequenas vantagens,
acumuladas ao longo do jogo, sabe-se bem o quanto podem ser decisivas em jogos
equilibrados;

Mesmo que não consigam ganhar vantagens numéricas, criam situações de igualdade
numérica em velocidade de ataque ao cesto. No basquetebol atual, uma situação de 2x2 ou
3x3 em velocidade pode e deve ser explorada pelo ataque. Estas são situações de contra-
ataque favorecidas pela velocidade dos jogadores em ataque e pelo espaço que estes têm para
atacar o cesto;

Entram mais rapidamente em ataques de transição e nessa medida possuem maiores


possibilidades de aproveitar vantagens posicionais e explorar a os níveis de
atenção/concentração do adversário para o penalizar com lançamentos fáceis sofridos.
Não basta pensar em querer que o contra-ataque esteja presente no modelo de jogo de uma
equipa, se não se treina com ritmos e intensidade nas transições.

Diz-se frequentemente que a falta de estatura, muitas vezes um dos problemas apontados à
realidade portuguesa, atenua-se com transições rápidas mas, para que tal seja possível, é
necessário capacidade para decidir e executar, com eficácia, a alta velocidade.

2. Os fatores de eficácia no contra ataque

Ao nos perguntarmos se gostaríamos de ver a nossa equipa jogar num modelo de aposta
permanente para forçar ritmos elevados, certamente vamos responder afirmativamente. Na
verdade não deve haver nenhum treinador que não o queira. A questão é que da nossa
vontade ao que os nossos jogadores por vezes fazem – jogam – pode existir uma distância
considerável.

Jogar em contra-ataque depende basicamente de três fatores que necessariamente têm de


estar presentes no trabalho diário das equipas e na consciência de treinador e jogadores: Uma
atitude mental associada ao momento do ganho/recuperação da posse. São qualidades
mentais que ultrapassam um ou outro jogador. Mas uma capacidade coletiva para toda a
equipa se orientar em torno deste valor: ao ganho da posse de bola, temos que conseguir
reagir rapidamente. Sempre!

A perceção de que jogar em ritmos altos é assumir riscos. A equipa tem de ter a capacidade
para perceber esta inevitabilidade do jogo. Os aspetos mentais do coletivo serão aqueles que
permitirão manter a consistência da equipa na busca de vantagens, mesmo quando possam
haver momentos do jogo em que os erros se acumulem.

Tudo começa na defesa... Não há equipas que joguem em ritmos elevados sem que estes
comecem pela defesa. A qualidade da reação e prontidão para correr, depende
fundamentalmente da qualidade e do valor defensivo com que uma equipa se prepara e tem
hábito de o fazer.

Estes três aspetos podem ser diferenciados em mais alguns aspetos que por um lado
constituem-se como fatores de eficácia de um modelo de jogo fundamentado na procura de
ritmos elevados, mas ao mesmo tempo levantam um conjunto de desafios de grande
dificuldade para o treino. No fundo são um conjunto de problemas metodológicos do treino
que influenciam a relação entre o que o treinador quer ver e aquilo que são as seguranças dos
jogadores.

Outra vez... O problema dos fundamentos do jogo – o drible, o passe, o lançamento, os gestos
de suporte sem bola (corrida, mudança de direção, reações, acelerações, saltos, ressaltos). À
medida que o nível de treino vai evoluindo há uma tendência para desvalorizar esta
necessidade. Os detalhes da técnica de cada um dos fundamentos do jogo são
demasiadamente importantes e de indispensável interesse para a sua realização em condições
de velocidade, oposição e eficácia que tanto são necessárias no treino das diversas fases da
transição.

O problema dos turnovers. Bem sabemos que uma equipa que procura estas vantagens de
que se tem falado arrisca mais, e certamente, vai fazer mais turnovers. No entanto, aceitar
esta afirmação sem sobre ela refletir um pouco, pode conduzir a um claro erro de análise do
jogo. O número de turnovers não pode ser visto de uma forma isolada relativamente a outros
comportamentos do jogo. Qualquer número de turnovers que se cometa quer dizer muito
pouco se não houver outro dado em consideração: o número de posses de bola.

A avaliação da relação segurança-risco. Faz parte das decisões sobre a posse de bola que à
medida que a equipa se desloca pelo campo deve conseguir avaliar. Claro e uma vez mais,
serão provavelmente os bases a fazerem este tipo de avaliação. Mas não só! Se os bases são,
os normais responsáveis pelas decisões sobre a posse no transporte para o ataque, são os
extremos, na grande maioria das vezes, aqueles que têm de avaliar as oportunidades de
finalização nestas circunstâncias.

O problema das boas oportunidades de lançamento, falhados! Quem sistematicamente em


transições rápidas, deve preocupar-se com a eficácia do lançamento: marcar ou tirar uma
falta, de preferência, marcar e tirar a respetiva falta. Correr, apenas por correr, sem eficácia na
finalização resolve obviamente o problema de quem quer correr sempre. Jogar em transições
rápidas, que em muitas ocasiões exista a ilusão de que há boas oportunidades de lançamento
e que não podem ser desperdiçadas. Caso contrário, oportunidades de lançamento não
convertido, colocam problemas de confiança e consistência coletiva.

A ocupação do espaço e das responsabilidades face à perda da bola e ao lançamento


falhado. É usual dizer-se que “contra-ataque falhado é contra ataque sofrido!”. Não será
sempre assim. Mas se observarmos o jogo com atenção, de facto, quando isto acontece a
equipa corre grandes riscos de ser penalizada. Particularmente, se ocorre uma perda de bola
durante a transição. A necessidade que a equipa tem para saber correr coletivamente pelo
“campo fora” e sobretudo todos saberem como reagir e que responsabilidades têm para
precaver uma emergência, é algo determinante que pode ser igualmente treinado.

A necessidade de preparar mental e fisicamente a equipa. Claro que a coesão coletiva em


torno da crença e da mentalidade para defender, reagir e correr é muito importante. Mas isso
tem igualmente custos físicos que não podem ser esquecidos. Convém dizer uma vez mais, não
há equipas que queiram correr, jogar em transições rápidas, que não treinem dessa forma. É
portanto no treino diário da equipa que se forma o hábito de procurar o contra-ataque como
uma forma de permanentemente querer atacar o cesto.

CONCEITOS BÁSICOS E DIFERENCIAÇÃO DE PAPÉIS

Os diferentes momentos do contra-ataque

Sendo o objetivo fundamental do contra ataque conseguir lançamentos fáceis, tal depende da
eficácia em cada um dos momentos que a seguir se discriminam:

O início do contra-ataque;
O desenvolvimento do contra-ataque;
A finalização do contra-ataque.

1. O início do contra-ataque
Regras básicas e responsabilidades individuais no início do contra-ataque:

 A capacidade de recuperação da posse dependerá da qualidade e coesão defensiva da


equipa na luta pela posse de bola – particularmente pelo ressalto defensivo, onde o
bloqueio defensivo sobressai como uma “ação coletiva” – a equipa tem de bloquear
defensivamente a ida ao ressalto.

 Porque o ressalto pode ter várias trajetórias, podem-se definir ressaltos curtos e ressaltos
longos. Os ressaltos curtos têm por princípio a necessidade de fazer a saída da bola
através de um 1º passe. Os ressaltos longos, por princípio, permitem uma saída da bola
mais rápida, não fazendo sentido o apelo ao 1º passe feito na forma convencional.
Nestes casos, a equipa pode ser mais rápida a correr abrindo na direção do cesto. Para que
os jogadores tenham claro que podem haver regras de reação coletiva em função dos tipos
de ressalto conseguido, o “no call line” pode ser uma referência do espaço. Diferenciar
ressaltos longos e curtos, pode dar um contributo para se definir quais os jogadores e
quando utilizam o drible na consequência do ganho do ressalto defensivo.

 Devem definir-se áreas prioritárias para a receção do 1º passe. Não é anormal definir-se
o prolongamento da linha de lance livre e a linha de 3 pontos no lado da bola (lado onde
ocorreu a recuperação da posse) como as referências básicas para onde o 1º passe deva
surgir. O corredor central, pelo facto de o local por onde a recuperação defensiva
preferencialmente se faz e por isso, envolver mais riscos, será sempre uma área de
alternativa para o 1º passe.

 No basquetebol atual, não é apenas o base o único responsável pela receção do 1º passe.
Será com certeza o responsável maior e a primeira procura da equipa para o transporte da
bola em velocidade, segurança e qualidade. No entanto, cada vez mais 2 e 3 devem ter
capacidade de drible para transportarem a bola em contra ataque, isto é, para driblarem
com eficácia em velocidade. 4 e 5 ainda que não seja a sua responsabilidade devem saber
utilizar o drible, de forma a melhor abrirem ângulos de passe seja ao base, seja ao 2º base,
caso por qualquer razão, o base esteja impedido de receber.

 Se o objetivo é ser mais rápido, não se pretende que o base vá buscar à mão – É o 1º base
que deve procurar a bola – tem que reagir, ler a trajetória do ressalto e mover-se para
abrir a linha de passe no lado da bola. Se o base não recebe, que finte e corte nas costas,
procurando receber à frente. Não é possível criar todos os cenários de reação possível face
à recuperação da posse de bola. Mas por norma, 1 e 2 não se encontram no mesmo lado
do campo quando a equipa recupera a posse.

NOTA: A REFERÊNCIA A POSIÇÕES ESPECÍFICAS E (OU) A “EXTERIORES” E “INTERIORES” PODE,


OU NÃO, FAZER SENTIDO NAS CATEGORIAS DE FORMAÇÃO, DEPENDENDO DO NÍVEL DE JOGO
EM CAUSA, ISTO É, SE JÁ SE JUSTIFICA (ALGUMA) ESPECIALIZAÇÃO DE FUNÇÕES DOS
JOGADORES.

Duas formas diferentes de sair para contra-ataque com uma preferência clara pela bola ser
transportada pelo base.
Não se pretende que 1 vá buscar a bola à mão; está pressionado, corta nas costas e procura a
receção no corredor central.

Ainda que a equipa ataque preferencialmente com um base, nos casos em que este esteja
pressionado, 2 pode e deve ser uma alternativa válida para receber o 1º passe, e nos casos de
2 ou 3 – provavelmente alguns 4’s – recuperarem a bola do ressalto de defensivo, podem ter
liberdade para arrancarem em drible pelo campo fora.

 Pedir a bola – comunicar para receber o 1º passe. Detalhe importante cuja


responsabilidade deve pertencer ao base. O movimento de aproximação da bola para
receção pode e deve ser acompanhado pela comunicação entre o base e quem recuperou
a bola.
 Preencher corredores os laterais. Preenchimento dos corredores laterias com o lado da
bola correndo mas comprometido com a possibilidade de receção de eventuais segundos
passes. Do lado contrário da bola, correr com o objetivo de procurar lançamentos fáceis.

Preenchimento dos corredores laterais conforme a solução encontrada para transportar a bola
para o ataque:
2. O desenvolvimento do contra-ataque

Este é o momento de fazer progredir a bola e os jogadores o mais rapidamente possível na


direção do cesto adversário.

1, 2 ou 3 ganham o ressalto defensivo e são eles próprios que iniciam o drible de contra-
ataque. A equipa, nomeadamente os exteriores adaptam-se conforme a bola é conduzida pelo
corredor central ou pelo corredor lateral:
Regras básicas e responsabilidades individuais no desenvolvimento do contra ataque

1. Correr no campo: É fundamental que os jogadores saibam correr no campo de acordo com
a posição que ocupam, o movimento e posição da bola e espaços livres em que podem ser
ofensivos.

2. Progressão rápida da bola – em drible ou em passe: Progredir na direção do cesto em


drible ou meter a bola na frente?

É uma decisão que acompanha o desenvolvimento do contra-ataque. Há aqui uma questão


de leitura que importa desenvolver nos jogadores: quando é que o 2º passe é ou não uma
vantagem?

Enquadrada nas decisões que passam pelo transporte da bola em drible e na realização do
2º passe de contra ataque, há dois princípios que se podem definir com clareza: Passe ao
corredor lateral e drible no corredor central; dois passes curtos e simples são melhores do
que um passe longo.

Obviamente que são apenas princípios de ação. Estes podem e devem guiar a ação dos
jogadores. Naturalmente que a sua pertinência deve estar enquadrada na relação de
vantagem/desvantagem que cada cenário de jogo em concreto possa colocar em
consideração.

3. Procurar sempre a presença de 3 linhas de passe à frente da bola. Se há aspetos em que


se pode afirmar que o jogo mudou, um deles é a forma como as equipas abordam o
contra-ataque e, por consequência, a recuperação defensiva. Hoje não é possível
desenvolver uma ideia de contra ataque assente no preenchimento de três corredores.
Cada vez mais a presença de 3 linhas de passe à frente da bola é uma condição
fundamental para a criação de vantagens.
4 a explorar o corredor central: possibilidade de receber diretamente do base e procurar
triângulos com o passe aos extremos:
4 sprinta pelo corredor central e procura selar o jogador mais perto do cesto, pode ser o
defensor do extremo ou inclusivamente o seu próprio defensor que já tenha chegado.

3. A finalização do contra-ataque

É o momento em que ocorre a necessidade de reconhecer a oportunidade de continuar o


contra ataque. Desse reconhecimento pode resultar uma possibilidade de lançamento ou um
conjunto de decisões que coloca a equipa na procura de outras soluções que não a criação de
vantagens numéricas.

A decisão de continuar a correr ou transitar na procura de outras soluções ocorre na passagem


do meio campo. Se fosse possível indicar uma zona onde por princípio essa preocupação
ocorre poder-se-ia afirmar que é entre o meio campo e a linha dos três pontos.

a) Exemplos de finalização para exteriores:

Na primeira figura os extremos 2 e 3 cruzam debaixo do cesto e na segunda cortam no


prolongamento da linha de lance-livre.
Os extremos 2 e 3 sprintam e têm o corredor e a linha final como referencia para reagirem e
correrem abertos.

1 dribla para cima do extremo, aclarando este para o lado contrário da bola. 3 reocupa o
espaço deixado livre por 1 sendo uma boa possibilidade de passe.

1 passa e aclara: para o lado contrário da bola nas figuras de cima e para o lado da bola na
figura de baixo.
1 passa e corta. Pode desfazer para o lado da bola ou para o lado contrário da bola.

1 passa e fica dando uma linha de passe de segurança à bola. No lado contrário afunda na
direção da linha final ou criando oportunidade de receção nas costas.
b) Exemplos de finalização para os interiores:

Exemplo da chegada do 1º trailler, pressionando uma vantagem de 4x3; da chegada do 2º


trailer e a equipa na procura de uma vantagem de 5x4.
4 correu à frente da bola, ao invés de selar interior, bloqueia a bola com o aclaramento de 2
para o lado contrário da bola. Com a chegada de 5 o 2x2 de 1 e 4 tem mais opções de leitura
do bloqueio de transição.

4 chega atrasado em relação à bola ou propositadamente a equipa está preparada para o 1º


“trailler” procurar o bloqueio na bola.
Na continuidade do bloqueio de transição de 4, 5 chega e continua a jogar bloqueio direto,
num movimento circular com 4. 5 para dentro, 4 para fora, com 2 e 3 a ler ajudas.

c) Princípios para a resolução do 4x3 - Finalizar o contra ataque contra três defensores
implica diferentes decisões

O objetivo do contra-ataque será sempre o de criar uma situação de lançamento fácil de


preferência em vantagem numérica. As melhores vantagens que o contra-ataque pode gerar
são aquelas em que a defesa não consegue recuperar ou as situações designadas por
vantagens primárias – o 2x1 e o 3x2.

Exemplos de finalização de situações de 4*3:

O base define o lado da bola para obrigar a defesa a tomar opções.


Se a definição do lado da bola ocorre através do passe, quem recebe deve ter no interior a
referência do ataque ao cesto.

O defensor 2 face à inofensividade do atacante 2, ajusta-se à linha de passe interior, enquanto


que os outros 2 estão posicionados de forma a esperar pela recuperação defensiva.
2 com bola fixa o defensor, obriga o defensor do lado contrário a pressionar a linha de passe
ao poste. A relação de 4x3 foi transformada num 3x2.

O atacante 2 divide a defesa através da utilização do drible, fazendo a leitura dos ajustamentos
em relação ao seu movimento.
d) Soluções básicas do 5x4:

Estas situações envolvem já a totalidade da equipa à chegada ao ataque e podem gerar


situações de vantagem. Não se pode dizer que existem princípios para a resolução do 5x4, no
entanto a ideia fundamental é a procura das vantagens momentâneas que mais um jogador
em ataque pode dar. As figuras seguintes apresentam algumas soluções possíveis.

4 entrou a dividir o meio e 1 passa, aclarando para o lado contrário da bola. 5 aparece no lado
da bola a dividir a ajuda do defensor da frente:

1 passa e fica no lado da bola. 5 entra no meio e divide o defensor do lado contrário e o defesa
do poste. Para além da assistência 5 tem oportunidade de lançamento curto.
O base penetra, enquanto 2, 3 e 4 ajustam em relação ao drible. 5 aparece na linha de lance-
livre e tem uma oportunidade de lançamento. Perante a divisão da defesa, percebem-se as
oportunidades de assistir.
4 entra e desfaz para o lado contrário. 5 entra a 2º trailer. Perante a divisão do defensor 4, 5 e
4 têm oportunidades de receção.
O contra-ataque após cesto sofrido, a noção de “chegar a jogar”, os
ataques de transição e a ligação do contra-ataque para o ataque de
posição
Jogar em contra-ataque, mais do que criar vantagens numéricas, é ter um modelo de jogo em
que a equipa com posse de bola pressione ofensivamente o adversário pela intensidade e
ritmo que impõe ao seu jogo. Nem sempre se geram vantagens, mas uma atitude ofensiva
agressiva no ataque ao cesto é uma característica do basquetebol atual.

Todos os momentos do jogo que possibilitem a oportunidade de recuperar a posse de bola,


são momentos favoráveis para “correr”. Inclusivamente quando a equipa adversária marca. A
transformação do cesto sofrido em oportunidades de contra ataque é igualmente uma
situação do jogo que não deve ser esquecida. Mais do que todas as circunstâncias que são
muito variáveis durante o jogo, a reposição de bola após cesto sofrido é uma situação
estruturada que permite uma melhor organização e pronta reação da equipa em relação ao
ataque. Nesse sentido uma possibilidade aumentar o ritmo da transição e espreitar condições
de vantagem numérica ou posicional.

Na verdade, criar vantagens posicionais é um outro objetivo do contra ataque. As equipas que
têm um modelo de jogo, que dizem ser baseado no contra ataque, fazem provavelmente mais
cestos em ataques de transição. Nestas situações as equipas encontram-se em igualdade
numérica – 5x5.

As equipas que se estruturam dando ênfase a esta fase do jogo, são equipas que conseguem
manter um ritmo de jogo muito elevado, com soluções de 5x5 bem estruturadas e com opções
claras à chegada ao ataque e criam problemas pelo facto desse ritmo se manter constante ao
longo do jogo. No fundo estamos a falar do ataque de transição ou como dizem alguns do
“chegar a jogar”.

Os ataques de transição ou as diferentes formas de “chegar a jogar” constituem uma


tendência do basquetebol atual:

EXEMPLOS

1) Ataque de transição I
2) Ataque de transição II
3) Ataque de transição: duplo I
4) Ataque de transição: duplo II
5) Ataque de transição: duplo III
METODOLOGIA DO TREINO DO CONTRA-ATAQUE
Deixam-se seguidamente um conjunto de ideias-chave que a metodologia do treino do contra-
ataque deve ter em atenção. Estas ideias dão uma ajuda não apenas na conceção dos
exercícios específicos do contra-ataque, mas também na sua relação com as outras duas fases
do jogo: o ataque, na sequência e a defesa, como na antecedência.

Só há contra-ataque com posse de bola – esta ideia implica a importância da defesa,


particularmente a presença e o domínio do ressalto ofensivo.

Há que “bater” o adversário em velocidade – um apelo ao tempo de reação aos diferentes


sinais do jogo, concentração e capacidade de aceleração.

Pretende-se jogar depressa, não jogar à pressa! – ênfase na qualidade do cumprimento dos
conceitos que a procura de vantagens nas transições pretende atingir.

É preciso saber parar o contra-ataque e começar o 5x5. – uma das ideias mais difíceis de
conseguir ensinar e aprender, um fator decisivo na distinção da qualidade de um BASE. O
ensino e treino dos ritmos deve estar sempre como uma preocupação presente.

Tão importante como saber parar de procurar a vantagem, é alternar as posses de bola em
que esse objetivo é tentado! – a introdução do fator surpresa na gestão e comando do ritmo
do jogo.
Mais do que uma questão tática, o contra-ataque é também uma questão de atitude – uma
vez mais, uma alusão muito objetiva às questões mentais, tal como muitos outros aspetos do
jogo.

O objetivo não é correr, mas marcar: ênfase colocado na eficácia das transições ofensivas que
depende de quatro fatores: reduzir ao máximo os turnovers, qualidade da seleção do
lançamento, da percentagem de concretização e do “ir” ao ressalto ofensivo.

Cuidar do ressalto ofensivo e do balanço defensivo – as transições têm que nas suas diversas
fases organizar-se espacialmente de forma que a máxima “contra ataque falhado é contra-
ataque sofrido” não se aplique à equipa que quer jogar em velocidade.

Só joga consistentemente em contra-ataque quem o treina – ênfase na relação direta entre


qualidade do desempenho e trabalho. Isto não significa que quem não treina não faça contra-
ataques num jogo, significa apenas e só que não tem os ingredientes necessários para fazer
das transições ofensivas uma aposta forte no seu modelo de jogo.

O modo como treinamos as fases de transição, no caso defesa-ataque, está desajustado das
exigências do jogo! – Reflexão necessária à forma como se treina esta fase do jogo: os
exercícios utilizados, as condições em os utilizados e as exigências de controlo que deles
fazemos, podem ser um motivo que permita refletir acerca da validade desta ideia.

 O treino dos três grandes momentos do contra ataque: exemplos de formas de


trabalho/exercícios

Início do contra-ataque:

Um exemplo de um exercício construído para a ligação bloqueio defensivo, ressalto, reação e


1º passe.

Exemplo de um exercício de ligação entre a defesa e o início do contra-ataque: 3x3 em meio


campo com um determinado tema ofensivo – a equipa que defende, deve reagir à
recuperação da posse fazendo a bola chegar à linha de meio campo já no corredor central.
Exercício de 5x5 com enfâse particular no início do contra-ataque.
Desenvolvimento e Finalização do contra-ataque

Realizar exercícios apenas para o desenvolvimento do contra-ataque torna-se artificial, tendo


em conta a realidade do jogo; para treinar este momento do contra-ataque há que o associar
ao início e (ou) à finalização.

Tratando-se de, verdadeiramente, treinar contra-ataque (já aprendido e aperfeiçoado), os


exercícios devem integrar os três momentos do mesmo, ter sempre oposição, um número
máximo de passes e a “pressão do tempo”:
- 3 a 5 segundos para a situações de contra-ataque primário – 2x1 e 3x2;
- 6 a 8 segundos para as situações de contra-ataque secundário – 4x3 e 5x4.

Nos exercícios criados para o treino do contra-ataque, em que se pretenda explorar os aspetos
da finalização, todas as oportunidades de lançamento que surjam desenquadradas destes
ritmos temporais, estão fora da realidade do jogo.

Podem servir para outro objetivo qualquer. Porém, não estão dentro do que a atualidade do
jogo exige em termos de ritmo e intensidade.
O treino das situações de superioridade numérica, com especial ênfase para o 4x3 e
o 5x4

Atacantes alinhados na linha final e 4 defensores alinhados no prolongamento da linha de


lance livre. C passa a bola a um dos atacantes, o defensor situado à sua frente, pisa a linha final
antes de recuperar defensivamente. 4x3+1.
2x2 em meio campo com um tema específico. 1 e 3 defensores estão nos cantos. Quando a
defesa ganha a posse de bola, 1 e 3 reagem e a equipa de 4 ataca. Os dois defensores
recuperam. Quando a bola passa a linha de meio campo, o defensor 1 pisa o circulo central e o
defensor 3 pisa a linha de meio campo, recuperando para a defesa. Os atacantes passam agora
a atacar dois defensores mais dois que recuperam em tempos diferentes: 4x2+1+1.
3x3 em meio campo com um tema específico de ataque. Quando a bola é recuperada pela
equipa da defesa, o jogador fora entra e assume o 4x3. Quando a bola passa a linha de meio
campo, o defensor do lado contrário do campo, sprinta até ao meio campo e recupera. 3x3
com 4x3+1.
A ligação do contra-ataque e a sua incorporação nos diversos sistemas de transição
para o ataque de posição

Desenhar/construir entradas que assentem em conceitos utilizados pelos sistemas mais


utilizados. Trata-se de uma forma de ter um playbook variado mas assente nas normas
fundamentais que se definem para a equipa jogar em qualquer circunstância do jogo.

Diferenciar os tipos de entrada no ataque em função de diferentes formas de recuperar a


bola ou após diferentes momentos do jogos. É possível ter um ataque de transição para correr
após cesto sofrido e um outro após recuperar o ressalto defensivo. O lance livre sofrido ou a
posse de bola após desconto de tempo.

Diferenciar as entradas em função do seu “tempo”. Há entradas mais longas e mais curtas,
ambas podem ter importâncias diferentes ao longo do jogo consoante o resultado e o tempo
de jogo. Exemplo: um ataque de transição com um bloqueio direto tende a ser um ataque de
transição mais curto que um ataque de transição que envolva uma mudança de lado da bola.

Utilizar o tempo de jogo, o resultado e a forma como o adversário nos quer colocar a jogar
como fatores de decisão sobre as entradas no ataque. Estar a ganhar ou a perder, introduzir
nesta variável o tempo que falta para jogar e ainda se o adversário quer acelerar o jogo ou está
a pretender obrigar-nos a jogar devagar são variáveis que podem levar-nos a gerir os ritmos de
jogo de forma diferente.

Exemplos de exercícios

Uma vez mais importa dizer que os exercícios aqui apresentados são meros exemplos que
devem ser adaptados, refletidos e transformados para as situações mais convenientes de cada
treinador. Termina-se pois, apresentando-se algumas possibilidades para o treino.
Exercício contínuo de ligação entre o contra-ataque e os set-plays de transição: 2x1, 3x2, 5x0
na ida e 5x0 na volta:
5x5 em meio campo, quem recupera a posse sai para fazer 5x0 no lado contrário, com saída
para voltar a jogar 5x5 com a equipa que entretanto espera no meio campo onde iniciou o 5x5:
5x5, 5x0 com 5x5.

Saída para a transição após lance livre: 5x5 no lado contrário do campo. Quem marca continua
a atacar.
No lado direito: 4x4 em meio campo, com transição para 5x4+1 e volta em 5x5. No lado
esquerdo: jogo de 5x5 com ataque limitado aos 8 segundos de posse de bola, quem marca
ataca.
ATAQUE DE POSIÇÃO
ASPETOS GERAIS SOBRE O ATAQUE

1. Atacar por conceitos ou atacar com sistemas?

Parece claro que no basquetebol de rendimento, o ataque vive de sistemas e de conceitos.


Sabemos todos que há variáveis que nos podem colocar mais perto de um ou de outro modelo
de jogo ofensivo. Há no basquetebol mundial excelentes exemplos de equipas cuja dinâmica
ofensiva se aproxima mais das estruturas rígidas que, por princípio, estão mais próximo dos
Sistemas e equipas que assentam em formas de jogar mais libertas taticamente e, nesse
sentido, estão mais próximas de um modelo ofensivo orientado pela exploração de Conceitos.

Os Sistemas são movimentações coletivas, pré-estabelecidas, que visam de acordo com


determinados ritmos, isolar os pontos fortes do ataque, e selecionar uma situação de
lançamento. Estão muitas vezes sujeitos a modas, que normalmente se estabelecem por força
de equipas ou de jogadores que obtêm sucesso com determinadas formas de interpretar o
jogo. Possuem um dispositivo inicial bem determinado – uma entrada – que marca claramente
o seu início, desenvolvendo-se passo-a-passo enquanto se vão explorando os pontos fortes da
equipa.

Os Conceitos do ataque são também movimentações coletivas assentes em regras que


orientam a decisão dos jogadores de acordo com determinados cenários que o jogo pode
oferecer. As palavras-chave que operacionalizam um determinado conceito de jogo são as
Regras ou as Normas que o caracterizam. Podem ser dados inúmeros exemplos concretos: as
regras de ação no bloqueio direto; as regras de movimentação coletiva às penetrações; as
regras de movimentação à entrada da bola no poste; a reação ao miss-match, enfim, aquelas
que se entendam importantes que sejam definidas como formas de ação correspondentes aos
Conceitos de jogo.

No basquetebol de rendimento, os jogadores não têm “liberdades totais ou completas”.


Estão sempre constrangidos por muitas condicionantes que o jogo lhes impõe.

Este facto retira sentido às noções de ataque livre no basquetebol de rendimento. Não porque
não possa ser possível ou interessante construir formas de ataque livre com equipas de alto
nível. Mas a verdade é que a competição obriga as equipas a conviver com uma necessidade
elevada de apresentarem sempre um maior ou menor grau de estrutura, sistematização ou
organização.

Em certa medida, reside aqui uma certa contradição que envolve a preparação das equipas. As
equipas precisam de se construir com base em estruturas táticas que tenham uma
continuidade lógica, coletiva e sobretudo, dirigida para o aproveitamento do potencial dos
jogadores. Por outras palavras, têm necessariamente que ter Sistemas de jogo que explorem
os pontos fortes que possuem. Mas ao mesmo tempo, os treinadores têm de ser capazes de
desenvolver e estimular elevadas capacidades de leitura dos jogadores e, por isso, o seu jogo
ofensivo tem igualmente que assentar em alguns Conceitos. Tanto mais que os níveis de
competitividade dos campeonatos forçam as equipas a apresentarem elevados níveis de
criatividade e leituras de qualidade, dentro da sua estabilidade e organização.
Por esta razão, não parece racional nem desejável haver lugar a oposições entre as noções de
Sistemas ou Conceitos. São duas visões distintas da construção dos processos ofensivos em
que uma equipa pode assentar, mas ambos complementam a linguagem tática das equipas
de rendimento. É nesta relação entre Sistemas e Conceitos que a construção ofensiva das
equipas se desenvolve ao longo da época.

Os Conceitos estão mais ligados às situações de jogo e menos aos jogadores que os
interpretam. Por isso, é possível dizer que os Conceitos são a base dos Sistemas.

Na construção da linguagem tática ofensiva de uma equipa, fará sentido que diversos
Sistemas ofensivos partilhem os mesmos Conceitos.

Construir Sistemas com Conceitos diferentes não será aconselhável. Construir Sistemas
diferentes assentes em Conceitos idênticos será mais económico em termos de gestão de
informação com a equipa, tem vantagens no processo de comunicação com ela e podem-se
manipular de forma mais capaz no momento de os preparar e adaptar a novas situações e
diferentes adversários.

Os conceitos de jogo...

Não têm uma estrutura rígida, existem normas/regras que são adaptadas em função da leitura
defensiva; vão ao encontro ao desenvolvimento da capacidade de leitura e criatividade dos
jogadores; assenta na criação de soluções de penetração, divisão das ajudas e leitura dos
bloqueios, principalmente os diretos; não têm necessariamente que ter alinhamentos
idênticos para que se jogue nos mesmos conceitos; transportam para a defesa maiores níveis
de incerteza pelo facto de estar mais dependente das soluções criativas dos jogadores; porque
tendem a ser mais ofensivos, normalmente criam situações de lançamento mais cedo no
ataque; estão muito mais dependentes da qualidade da execução técnica e tática individual –
velocidade de execução, tempo de reação e leituras específicas.

A qualidade ofensiva de uma equipa estará muito mais dependente da forma como
interpreta cada Conceito de jogo presente em cada passo do Sistema do que propriamente
na forma como realiza as suas coreografias táticas de uma forma global.

2. Quais os fatores que influenciam a construção do ataque?

Há obviamente fatores que condicionam o modelo de construção do ataque de uma equipa.


Foi referido atrás que se identificam bem, algumas equipas que jogam de uma forma mais
livre, isto é, mais orientada para a exploração dos Conceitos. Mas há outras equipas em que se
nota uma maior rigidez tática na forma como jogam no ataque, com estruturas ofensivas
assentes em Set-Plays.

No entanto, a forma como os treinadores modelam a forma de atacar das suas equipas é
influenciada por um conjunto de fatores que se podem definir com clareza.

Não será fácil defini-los na totalidade mas podemos tentar isolá-los em três grandes fatores:

 A FILOSOFIA DO TREINADOR:

O seu quadro de valores, as formas como vê e pensa o jogo de basquetebol. Sendo o agente
que mais tempo consome a pensar o jogo, o treinador transporta para essa reflexão todo um
conjunto de perspetivas pessoais, olhares muito próprios que são fruto da sua personalidade e
experiência que a sua carreira vai acumulando.

 O TIPO/QUALIDADE DOS JOGADORES:

É evidente que a qualidade dos jogadores é um outro fator que condiciona as decisões
metodológicas da construção ofensiva. Ter a possibilidade de recrutar jogadores de acordo
com a sua filosofia é uma vantagem. Mas nem sempre será assim. Há decisões de
compromisso que necessariamente se refletem nos processos táticos que constituirão a base
tática da equipa.

 FASE DE DESENVOLVIMENTO DA EQUIPA:

É um outro fator que se sabe influente nas decisões metodológicas do treinador. A fase do
desenvolvimento da equipa pode ser vista de duas formas: o desenvolvimento da equipa ao
longo de uma época, ou o desenvolvimento entendida numa perspetiva mais de longo prazo.
Ao longo de uma época, o jogo ofensivo de uma equipa sofre mutações, ganha maturidade e
tem momentos de maior liberdade e outros de maior rigor tático. Este facto ocorre também
no processo de crescimento tático de uma equipa a longo prazo. Não é por acaso que as
equipas de formação deveriam jogar com processos mais assentes em Conceitos. Á medida
que a maturidade das equipas vai aumentando, o leque de soluções pode igualmente
aumentar, a equipa pode ter vários alinhamentos, estruturas, mutações. Nestes casos procura-
se a exploração mais estratégica dos pontos fortes de uma equipa e aqui os Sistemas fazem
parte do seu playbook.

Em síntese, não faz sentido polarizar a discussão sobre se atacamos mais por Sistemas ou mais
por Conceitos. No basquetebol de rendimento atual, ambas as formas de conceber o ataque
devem fazer parte da cultura tática dos jogadores e das equipas. O jogo tem momentos cujas
respostas mais apropriadas são estruturas, controlo e rigor. Mas outros momentos existem em
que a criatividade, a liberdade e autonomia deve ser promovida porque entre o rigor da
preparação tática e o scouting, os jogos resolvem-se diante de situações variáveis e de
resultado incerto. As equipas e os jogadores têm de ser preparados e estar preparados para
tudo isto.

3. Os ritmos do ataque de posição

Cada vez mais, o ritmo no qual as ações coletivas são realizadas tem uma importância
determinante no rendimento das equipas. Os 24” e os 14” de posse de bola implicam que as
equipas possuam diferentes soluções de ritmo para atacar o cesto. Nesse sentido, é possível
hoje afirmar que o ataque de posição pode ser construído com base em diferentes noções de
ritmo, existindo mesmo equipas que possuem no seu playbook, os diferentes movimentos
temporalizados em função dos momentos do jogo em que os podem utilizar com o objetivo de
dominarem o ritmo do jogo. Gerir o ritmo, também no ataque de posição é um aspeto
determinante para o controlo do jogo.

Podemos definir os critérios que entendermos para diferenciar os ritmos do ataque de posição
no entanto, o jogo convida-nos a nele identificar três estruturas de tempo distintas no que se
refere ao ataque posicional:
Ataques curtos ou ataques de decisão rápida são as posses de bola que têm
obrigatoriamente de produzir um lançamento em 14” ou menos.

Por princípio, são posses que não envolvem mais do que uma mudança de lado da bola,
procurando com um bloqueio de saída, um aclaramento, uma posição interior ou um bloqueio
direto uma solução rápida de lançamento. Trata-se de ataques de decisão rápida.

Ataques longos ou ataques de continuidade são os ataques que normalmente se jogam entre
16”-18”, ou mesmo em 20” dos 24” de posse de bola.

Estas posses de bola estão associadas aos movimentos coletivos que procuram desequilíbrios
defensivos ou os seus próprios pontos fortes e normalmente possuem mais do que uma
mudança de lado da bola.

Ataques de contenção-decisão são as posses de bola que são jogadas nos finais de período,
no final do jogo ou quando uma equipa tem interesse em manter a bola num jogador
especial (ex. no base ou num jogador com elevada percentagem na linha de lance-livre).

Estes ataques são movimentos em que a equipa em posse de bola tem interesse em fazer
esgotar o tempo de ataque e tomar uma decisão no final do tempo, normalmente com o
objetivo de não deixar capacidade de resposta ao opositor.

É evidente que os movimentos ofensivos longos e curtos servem para cumprir objetivos
diferentes em função dos cenários de tempo e resultado que o jogo pode ter. Ter no seu
playbook ofensivo, movimentos de decisão rápida, isto é ataques curtos para jogar em posses
de bola em que a equipa precisa de fazer pontos, é uma necessidade que todas as equipas não
podem deixar de ter como solução. Naturalmente que os ataques para explorar as fragilidades
da defesa em função dos diversos pontos fortes do ataque, são também preocupações
importantes, e se calhar eles próprios com diferentes estruturas de tempo.

Nesta reflexão, assumimos dois critérios para melhor perceber os ritmos do ataque posicional:
o número de mudanças de lado da bola e o tempo de ataque. Estruturar os diferentes
movimentos ofensivos em função destes dois critérios de tempo pode ser uma solução
conveniente. Parece muito claro que um e outro critério estão interligados: quanto mais
mudanças de lado da bola o ataque tiver, obviamente maior tendência tem para ser mais
longo.

4. Fatores condicionantes da eficácia ofensiva


No papel ou no quadro tático, todos os movimentos são potencialmente bons. Todos
constituem boas soluções porque a dinâmica dos jogadores e dos defensores não está
presente no desenho. É no confronto dinâmico destas duas dimensões, protagonizada pelas
ações dos jogadores, que o jogo vai vivendo. Este facto transporta para os treinadores uma
necessidade permanente de refletir no ataque, tendo sempre em conta um referencial
defensivo. Não pode haver dúvidas de que o sucesso do ataque será sempre função das
possibilidades defensivas que existem para se lhe opor. Considerar esta premissa para tudo o
que se pretende construir em ataque é um aspeto metodológico fundamental, senão mesmo
decisivo para se perceber como a melhoria das qualidades táticas da equipa melhoram ao
longo do tempo.
Deixando de lado as questões defensivas, pode-se afirmar que a eficácia ofensiva é o objetivo
último de cada posse de bola em ataque. Esta tão desejada eficácia está dependente de dois
fatores fundamentais: a capacidade de leitura dos jogadores e a qualidade que estes
apresentam no domínio dos fundamentos técnicos.

A capacidade de leitura não é mais do que a capacidade tática que as equipas apresentam que,
em última instância, está suportada na tática individual de cada um dos seus jogadores. As
qualidades de observação e identificação das diferentes situações do jogo, associada à escolha
das melhores decisões face a cada situação, são o aspeto chave não só para a formação como
para o treino desta tática individual. O treino não pode ser alheio a esta questão,
particularmente o treino dos conteúdos ofensivos. Por sua vez, a expressão coletiva da tática
individual é conseguida pela partilha de um conjunto de conceitos de jogo que permite aos
jogadores reconhecerem as situações típicas com que se vão preparando e, em torno delas,
agirem coordenadamente face ao objetivo coletivo que a equipa persegue. Esta capacidade de
leitura tática individual está relacionada com a tática de grupo, nas combinações de 2x2 e 3x3
que se concebem, o que por sua vez, está inserido numa expressão mais global que no jogo
representa o 5x5 e que é designada por tática coletiva.

Mas não há tática sem técnica. Se a primeira é a essência estratégica do jogo de basquetebol,
a segunda é o instrumento através do qual essas intenções se viabilizam. É a qualidade técnica
dos jogadores que dá corpo às suas intenções táticas. Para além do treino, terá que haver
investimento no desenvolvimento da qualidade decisória dos jogadores, deve ser igualmente
dada uma atenção especial à aprendizagem, ao aperfeiçoamento e ao desenvolvimento do seu
reportório técnico. No basquetebol moderno, este reportório técnico está muito ligado ao
potencial e ao nível de desenvolvimento de qualidades físicas, das quais se destacam a força
explosiva e a velocidade de execução.

Perceção da situação e tomada de decisão nos tempos próprios; domínio dos conceitos
fundamentais de jogo; execuções com qualidades técnicas e velocidade de execução
adequadas; estes são os pilares da tão desejada eficácia ofensiva que as equipas procuram
cada vez que têm a possibilidade de utilizar a posse de bola.

Deve ainda ser considerado que apesar do treino procurar conciliar ambas as dimensões – a
qualidade tática e técnica postas ao serviço da eficácia coletiva – é preciso ter atenção que a
variabilidade das situações de jogo pode determinar que existam diversas circunstâncias em
que os jogadores tomam más decisões e, apesar de tudo, têm sucesso. Mas o contrário
também é verdadeiro, existem muito boas decisões que se vão tomando e que podem não ser
bem sucedidas. Gerir estes problemas e a sua implicação nos demais fatores do treino,
particularmente o mental (psicológico), é uma tarefa fundamental da atividade do treinador.

5. Conceitos básicos e gerais em ataque


Ficou claro que a qualidade ofensiva de uma equipa estará muito mais dependente da forma
como interpreta cada Conceito de jogo presente em cada passo do Sistema do que
propriamente na forma como realiza as suas coreografias táticas. Se assim é, importa desde
logo clarificar quais aqueles que se entendem ser os Conceitos fundamentais que a construção
do ataque não pode esquecer.
a) Reação rápida à mudança da posse de bola:

O ataque inicia-se com o ganho da posse de bola. Reagir a este sinal e a equipa desdobrar-se,
com velocidade, na transição da defesa para o ataque é o cumprimento da primeira premissa
desta fase do jogo: procurar vantagens numéricas e dessa forma procurar cestos fáceis.

b) Ofensividade do atacante com bola:

Todos os atacantes têm que ter argumentos que os tornem suficientemente ofensivos,
particularmente o jogador com bola. Expressar uma atitude de tripla ameaça que
objetivamente coloque o defensor direto em dúvida deve ser a primeira arma fundamental do
ataque. A qualidade dos fundamentos, associada à cultura tática individual dos jogadores é o
aspeto chave da agressividade ofensiva que cada jogador com bola deve ter. No entanto, os
aspetos mentais não devem ser descurados. Neste plano há uma atitude que importa
desenvolver e estimular: “procurar permanentemente ganhar vantagem sobre o defensor
direto”. Esta é uma atitude que deve ser generalizada a todos os jogadores. Nada é mais
facilitador para a tarefa da defesa quando tem pela frente um atacante que não constitui uma
ameaça.

c) Trabalhar para selecionar o melhor lançamento:

“Quem lança não é o jogador, é a equipa!”. A frase pode não ser totalmente verdadeira, mas
expressa a atitude na qual uma equipa deve entender o seu esforço coletivo para finalizar o
ataque. Um bom lançamento tanto pode acontecer aos 5’’ como aos 22’’ de posse de bola. O
importante é que quando aconteça leve consigo o selo da eficácia, algo que tem maiores
probabilidades de sucesso se ocorrer como consequência de um esforço coletivo para ser
selecionado.

d) Provocar a penetração da bola na defesa:

A preparação do lançamento implica que a bola penetre na defesa adversária e a obrigue a


reagir às tentativas de aproximação da bola do cesto. Passar aos postes, assistir os cortes ou
penetrar para a área, são os meios mais usuais que fazem a penetração da bola na defesa e
dessa forma criam problemas de equilíbrio posicional ao ataque.

e) Jogar sem bola: desmarcar, ganhar posições e contrariar as ajudas:

Por vezes o parente pobre da construção do ataque, o jogo sem bola é o responsável pela
dinâmica da equipa e pela criação da atitude coletiva necessária para que o lançamento seja
selecionado. Cortar para a bola, cortar para o cesto, selar posições interiores, utilizar e ler
taticamente bloqueios diretos e indiretos, são as diversas ações do jogo que dão alma à
construção do jogo ofensivo.

f) Mudar o lado da bola:

Da mesma fora que a bola deve penetrar na defesa, na sua circulação ela deve igualmente ser
mudada de lado. Independentemente do tipo de defesa que o ataque tenha pela frente,
contrair a defesa fixando ajudas sobre a bola e, ao mesmo tempo, obrigá-la a esticar-se para
sair aos jogadores com bola é uma condição fundamental para selecionar o lançamento em
ataque. O ataque tem que equilibrar e ligar o jogo interior/exterior. Nesta ligação, a
necessidade de introduzir as mudanças de lado da bola assumem um papel determinante na
construção ofensiva.
g) Equilibrar a ocupação do espaço:

Ocupar o espaço de forma a dificultar a ação da defesa é um conceito que se articula com
todos os outros com o objetivo de favorecer sempre o jogador com bola. Este favorecimento
pode ser através do preenchimento de espaços que permitam à bola condições de maior
ofensividade. Um outro aspeto prende-se com as receções que conduzam a situações de
vantagem por parte do jogador com bola. O conceito baseia-se no princípio de dividir a defesa
e obrigá-la a reagir, no sentido de transformar essa reação como uma vantagem para o
ataque: “fazer o campo tão grande quanto possível” e “não jogar alinhado posicionalmente”.
Na prática, esta ideia de fazer o campo maior está relacionada com a distância entre os
atacantes, com as desmarcações para fora dos ângulos de visão dos respetivos defensores
(cortes nas costas, reação às penetrações) e com os cortes para o cesto. A ideia de não jogar
alinhado significa não fechar linhas de passe pelo simples posicionamento dos atacantes entre
si.

h) Coordenação dos movimentos individuais no enquadramento coletivo:

As ações em ataque são coordenadas dentro de um todo que é a equipa. Todos os jogadores
devem conhecer tão profundamente quanto possível não apenas os processos ofensivos da
equipa, mas as qualidades dos seus companheiros de forma a aproveitarem as vantagens da
antecipação e da iniciativa que a posse de bola confere. A coordenação dos timings do ataque
diz respeito à articulação entre as diferentes “entradas” de cada jogador, à movimentação e
circulação da bola e à antecipação do que pode acontecer em cada passo do ataque.

i) Ressalto ofensivo e balanço defensivo:

No final de um jogo, as estatísticas indicam normalmente que metade dos lançamentos de 2


pontos e mais de metade dos lançamentos de 3 pontos originam ressalto. Estes dois
argumentos são mais do que suficientes para sustentar a necessidade do ataque ter soluções
previstas de ida ao ressalto e em simultâneo organizar-se espacialmente de forma a não ser
batido na recuperação defensiva. Ir ao ressalto ofensivo sempre e ter o balanço defensivo
organizado são condições fundamentais não apenas para ainda tentar marcar mas, ao mesmo
tempo, não sofrer cestos fáceis.

6. Ataque contra defesas homem-a-homem

 Conceitos de ataque contra defesas hxh

A defesa individual domina o jogo. Salvo exceções muito pontuais, pode dizer-se que a maioria
das posses de bola em ataque tem uma relação baseada nos princípios da defesa hxh. Mais
estrita sobre o jogador sem bola ou mais flutuada para ela, consoante as escolhas estratégicas
com que a defesa se vai adaptando, o ataque de posição deve construir-se na base de um
conjunto de conceitos táticos que os jogadores devem dominar, independentemente dos
desenhos criados para construir circulações ou continuidades que tenham uma estrutura mais
ou menos identificada ou rigorosa. Esses conceitos mais específicos derivam como é óbvio dos
conceitos de carácter mais geral anteriormente apresentados e no fundo retratam uma
adaptação desses pressupostos mais genéricos à especificidade da defesa hxh.
Conceito 1 – Definir alinhamentos de entrada e/ou continuidades para isolamento de pontos
fortes

Os diferentes alinhamentos definidos para a entrada no ataque derivam do conceito genérico


da ocupação equilibrada do espaço. No entanto, a continuidade do ataque deve igualmente
ser regida por este conceito: procurar isolamentos exteriores ou interiores que favoreçam a
ofensividade do jogador com bola. Na prática, esta é a noção genérica da ideia “retirar
permanentemente ajudas à bola”. Em suma, para provocar que os defensores cumpram
maiores distâncias a percorrer em relação à bola e aos seus responsáveis diretos, é necessário
posicionarmos os atacantes entre si e face à bola de maneira a aumentar as condições de
ofensividade da equipa.

Exemplo de isolamentos para receção interior:

Subida de 4 à linha de lance livre procurando o triângulo para jogo alto-baixo (high-low). 5 está
a ser defendido pela frente ou a ¾ pelo meio, ganhando a posição em rotação sobre o
defensor.

No lado direito, 4 sobe procurando a mesma intenção. 5 está a ser defendido por trás ou a ¾
pela linha final, selando o seu defensor para ganhar a posição no meio.

No lado esquerdo, 2 aclara ao drible de 1 cortando sob o poste para jogar sem bola no lado
contrário. 1 melhora o ângulo da linha de passe a 5.
No lado direito, 2 “afunda” ao canto, permitindo uma relação de triângulo forte no lado da
bola.

Exemplo de isolamentos interiores após a receção:

Três exemplos de isolamento do poste após a receção: a subida de 4 no primeiro caso para
ficar no lado contrário da bola, no segundo caso para melhor se “mostrar” à bola e no lado
direito o corte de 4 para o lado contrário da bola.
Exemplo de isolamentos pela ocupação espacial:

Ilustração dos espaços gerados para a bola em função do posicionamento relativo dos
jogadores sem bola face a ela. O desenvolvimento do ataque deve refletir os espaços ótimos
para a bola explorar a sua ofensividade.
Exemplo de isolamentos exteriores na relação extremo/poste:

Possibilidade de abertura de corredores de penetração para a bola em função de diversos


tipos de aclaramento do poste.

Conceito 2 – Jogar sem bola de acordo com os timings do movimento global e das leituras
ofensivas.

Jogar sem bola não significa necessariamente estar sempre em movimento. A ideia é
taticamente agir em função de três referências: a bola – a sua posição, o seu movimento –, o
seu defensor direto e a ação que o atacante sem bola pode/deve fazer para tirar vantagens ao
seu opositor direto ou caso isso seja possível, proporcionar vantagem para um outro
companheiro. Este conceito implica o domínio das muitas circunstâncias técnico-táticas do
jogo. De todas estas são destacados cinco aspetos como os mais relevantes:
As técnicas de demarcação simples (cortes na frente e à sobremarcação), trabalho de receção
com recurso ao auto-bloqueio ou por rotação típicas dos extremos;
As leituras dos ganhos de posição interior típicas dos postes;
As leituras do espaço que as ajudas geram aos jogadores exteriores e interiores;
As diferentes formas táticas de explorar o lado fraco, particularmente quando a bola penetra
na defesa;
As reações aos “traps” montados pela defesa.
Exemplo de ajustamento do timing no jogo sem bola: cortes, desmarcação e uso de bloqueios

Corte de 3 na frente ou nas costas conforme a leitura da posição do respetivo defensor. O


timing (à receção de 4) e a velocidade do corte, antecipando-se à reação do defensor serão
fundamentais para a receção. 3 corta 1 repõe.

2 abre a sua linha de passe dando alternativa à mudança de lado da bola. O timing da sua ação
será fundamental para a receção.

2 usa o bloqueio de 5 para jogar 2x2. Uma vez mais o timing da saída pelo bloqueio nesta
leitura sem bola é determinante para a ofensividade das duas linhas de passe.

Exemplo do trabalho sem bola e da sua posição relativamente à abertura da linha de passe:
O uso do corpo e a noção da colocação do defesa deve ser utilizado nos timings corretos no
sentido de facilitar o passe interior. “Selar o defensor”, “auto-bloquear e aparecer para a
bola”, “rodar sobre o defensor, auto-bloqueando-o” são aspetos técnicos que devem ser
dominados e sobretudo efetuados nos timings certos. A figura representa apenas a relação
com o triângulo forte, mas o conceito deve ser igualmente refletido para as mudanças de lado
da bola.

Exemplos de formas de jogar sem bola no lado fraco:

3 penetra e fixa o defesa do poste. O movimento de 5 deve antecipar a ajuda procurar a


abertura de duas linhas de passe: em função da rotação defensiva 5 sela a ajuda de X2 ou X4.
Antecipa, sela e corta.

Face à ajuda de X5, o poste do lado contrário sela a rotação defensiva de X3. 1 carrega na linha
final. Timing: primeiro sela o defensor, depois corta.
No lado fraco faz bloqueio cego a X2, dando uma alternativa de passe no lado contrário.
Timing: primeiro bloqueia, depois corta.

4 faz pick & roll com 1. Face à profundidade da ajuda de 3 5 dá bloqueio cego. Timing: primeiro
bloqueia, depois corta.

3 joga bloqueio direto com 5. Caso X5 salte para a bola ou fique no 2x1, e enquanto X4 ajusta
no lado da bola o corte de 5, 4 faz bloqueio cego a X2 enquanto 2 carrega ao canto. Leitura da
defesa ao jogo de 2x2 entre 2 e 4.
Respostas sem bola às ajudas e 2x1:

Ajuda cedo, corte nas costas.

Ajuda profunda, mostrar-se à bola para receber: lançar ou continuar a gerar ofensividade –
mudar o lado da bola ou penetrar. Atacantes sem bola devem movimentar-se em oposição à
rotação defensiva. Mudar o lado da bola pelo menos uma vez – “fazer o campo grande”, por
outras palavras, alargar o espaço a ser defendido. Romper as rotações com penetrações ou
cortes nas costas, de modo a fixar dois defensores (pelo menos um defensor no caso do trap).
5 recebe interior e sofre o 2x1 do lado contrário da bola (X2). 3 corta fixando a o defensor X3
que rodou defensivamente; 2 mostra-se à bola.

Trap ao poste no lado contrário da bola com ajustamento defensivo no lado fraco. O defensor
X2 recua e fica com 2 jogadores no lado da bola. 1 corta, fixa o defensor X1 ou X2, enquanto 3
repõe e 2 carrega na linha.
O trap aparece do lado da bola. O extremo 3 corta fixando a ajuda de X2 ou X1. Os atacantes 2
e 1 repõem.

5 joga pick & roll com 1 e X1 e X5 fazem trap ao jogador com bola. X4 ajusta-se no corte de 5,
X3 roda defensivamente e X2 fecha a linha de passe de segurança.
4 sobe à linha de lance livre e dá oportunidade de passe a 1. 4 tem duas opções para jogar: 5 e
o extremo 3.

No caso da linha de passe em 4 ser pressionada por X3, o extremo corta para o lado da bola
enquanto de 1 retira a pressão do trap utilizado o drible.

5 passa fora e 1 penetra a recuperação do seu defensor. Fixando X2 tem boas linhas de passe
para marcar.
Estando o lado da bola pressionado, 5 passa fora a 4. 4 penetra a defesa ao contrário da
rotação defensiva, podendo fazer-se duas leituras conforme a reação de X3: X3 ajuda a bola e
segue o passe a 2, enquanto 3 corta nas costas; X3 ajuda cedo e 2 antecipa-se cortando nas
costas, enquanto 3 repõe.

5 muda o lado da bola para 3. Está criada uma situação de 2x1 do ponto de vista ofensivo no
lado contrário da bola. 3 pode penetrar e face à ajuda de X4 tem 4 a “saltar para fora” 5 a selar
X4 e ainda caso a ajuda venha de x1 1 no lado contrário da penetração.
Conceito 3 – Três soluções para uma decisão: penetração ou tiro; passe penetrante ou
continuidade para mudança de lado.

A continuidade da movimentação ofensiva deve construir-se na base de uma oferta de


soluções para uma decisão sobre a bola. O objetivo é tal como a tripla-ameaça, colocar a
defesa numa dúvida permanente sobre qual a ação de decisão que o ataque possa explorar,
por muito evoluído que seja o conhecimento da defesa sobre o ataque. Este conceito aponta
para a ideia de que na continuidade do ataque a exploração da ofensividade da bola passa por
construir uma lógica de decisão assente em três possibilidades: “quando recebes tens três
soluções para uma decisão: penetras ou atiras, carregas dentro ou muda o lado da bola e
continuas.

“Tens três soluções, qual é a melhor para a equipa?”. Cada vez mais a bola não pode parar nas
mãos dos atacantes, há que fluir. A interrupção da movimentação da bola significa dar armas
de ajustamento e reposição das posições da defesa.
Conceito 4 – Reagir coletivamente às penetrações em drible.

No basquetebol atual, o drible é muito provavelmente a ação técnica que quando bem
utilizada taticamente, maiores desequilíbrios produz na defesa. Simplesmente porque o drible
rompe a defesa e é uma ação extraordinariamente penalizadora em termos de faltas
provocadas. A equipa tem que reagir coletivamente à penetração, antecipando pela ocupação
dos espaços, a criação de permanentes vantagens sobre a defesa. Essas vantagens resultam na
oferta de lançamentos sem oposição (assistências), de penetrações contra a recuperação de
ajudas ou rotações defensivas e de posições vantajosas para a disputa do ressalto ofensivo.

Conceito 5 – Gerar continuidade como reação aos passes interiores.

O passe ao poste é uma das condições fundamentais para fazer a bola entrar no meio da
defesa, forçando ajudas e procurando a sua exploração. Este conceito indicia a necessidade do
ataque se construir na base de regras que mantenham a exploração dos conceitos anteriores
mesmo quando a bola é passada ao poste. A construção de triângulos para isolamento do
poste, a utilização de bloqueios indiretos e diretos para passar ao poste, são meios
fundamentais para se definir regras de continuidade no ataque por leituras com base no passe
interior. Para construir esse conjunto de regras, o princípio metodológico que deve ser seguido
é responder às seguintes questões:
De onde surge/quem realiza o passe ao poste?
Onde é que o poste recebe?

Receber a bola em cada uma destas posições significa três formas diferentes de enquadrar o
ataque do espaço.

Que típicas leituras defensivas irão surgir no lado da bola e no lado contrário da bola?

Em face dessas leituras, quais as soluções no lado da bola e no lado contrário da bola?

Passe interior, tirar a ajuda para as costas do defensor e decidir. No caso, corta pela linha ou
cortar pelo meio.
Ao passe de 2 para dentro, uma de duas outras soluções: 2 bloqueia 1 – split screen – e corta
em função da leitura da defesa ou recebe um “flare screen”.

Quais os timings da ação coletiva no lado da bola e no lado contrário da bola?

Dois exemplos da movimentação coletiva em função do passe interior.


Conceito 6 – Utilizar o bloqueio direto como arma de desequilíbrio.

O bloqueio direto é uma arma de desequilíbrio da defesa. A utilização do bloqueio direto é


hoje generalizada no início do ataque, na continuidade do mesmo, nas situações de crise de
tempo e ainda naquelas em que se percebe que vai ser a solução após a retenção da posse de
bola (p. ex. no final dos jogos).

Tal como a ideia de que o lançamento não é do jogador mas da equipa, o uso do bloqueio
direto deve permitir leituras coletivas do variado leque de soluções que se podem apresentar.
Para além das questões específicas da leitura de um bloqueio direto, a eficácia da sua ação
está associada a cinco aspetos:

A qualidade do lançamento dos jogadores que intervêm na relação de 2x2;

A vantagem que o primeiro drible de decisão consiga obter na leitura dos jogadores, seja pela
decisão de penetração ou pela abertura do ângulo de passe;

A vantagem com que o bloqueador se dirige para o bloqueio minimizando o papel defensivo
do seu defensor direto;

A vantagem com que o bloqueador desfaz do bloqueio procurando no espaço (interior ou


exterior) ganhar vantagens para receber;

A implicação que os aspetos anteriores possam ter no ajustamento defensivo global –


flutuações face à bola e respetivas rotações defensivas.

A diversidade de soluções que se pode obter a partir da realização do bloqueio direto é tão
grande quanto os argumentos técnicos e táticos que os seus intervenientes possuam. No
entanto, é possível e desejável definir o leque de soluções base que podem acontecer e
apresentá-las aos jogadores como cenários que conduzam a sua capacidade de análise e
perceção do comportamento defensivo. Naturalmente que conduzir os jogadores a reconhecer
as situações-padrão que se podem expressar a partir do típico comportamento da defesa,
significa ter o objetivo de melhorar a sua capacidade de decisão, não apenas pelas soluções
que lhes são fornecidas mas também pelas soluções que os próprios jogadores vão
conseguindo descobrir.

Defensor da bola fica preso no bloqueio.

Defensor da bola passa por trás do bloqueio.

Opção pelo re-bloqueio sempre que o defensor da bola, passando por trás do bloqueio,
permite um novo bloqueio numa zona mais próxima do cesto.
Reação aos tempos de ajuda e troca defensiva.

Opção de pop-out por parte do bloqueador.

Utilização de um terceiro interveniente na ação ofensiva bloqueio direto (triangular).

Conceito 7 – Ler os bloqueios indiretos para gerar decisão e/ou continuidades na exploração
dos pontos fortes.

A utilização e vulgarização das trocas defensivas retiraram ao bloqueio indireto, realizado na


sua forma mais tradicional, a expressão ofensiva que normalmente lhe podemos dar quando
desenhamos graficamente um movimento de ataque. Este é um sinal de evolução do jogo.
Neste sentido, importa reter que:
Parece necessário dar relevar a criação de soluções ofensivas que ofereçam aos jogadores
liberdade para decidir;

Pela razão atrás referida, é preciso treinar cada vez mais e melhor os fundamentos táticos da
decisão, com particular atenção para a tática individual enquadrada no coletivo – “o que eu
fizer vai influenciar as opções que a equipa tomar no passo seguinte do ataque!”;

Porque as defesas aos jogadores sem bola são seletivas e agressivas, torna-se determinante
um suporte físico de qualidade para os movimentos fundamentais que determinam o ganho
de vantagens nos bloqueios indiretos: as mudanças de direção e as mudanças de ritmo.
Basicamente, referimo-nos a duas qualidades físicas fundamentais: o tempo de reação e a
capacidade de aceleração em curtas distâncias (2-5m);

Uma mentalidade cada vez mais preparada para o choque, fazendo com que os jogadores
adquiram a ideia de que o contacto físico é sempre uma vantagem que o atacante deve saber
retirar. Os jogadores têm que aprender a sentir-se bem com o contacto físico e estarem tanto
mental como fisicamente preparados para o choque, percebendo que o jogo físico que a
defesa quer fazer pode ser um excelente argumento para ganhar vantagens posicionais na
receção e na criação de ruturas.

O treino da técnica da realização dos bloqueios e do seu respetivo aproveitamento


enquadrada nas situações específicas das movimentações coletivas, tornando pela força do
hábito e da repetição, a criação de condições para se executar com correção e velocidade de
execução adaptadas à intensidade do jogo requer.

Dar um bom bloqueio e aproveitá-lo da melhor forma parece uma tarefa do jogo simplificada
quando é feita sem oposição e desenquadrada das exigências do jogo.

Este pressuposto não é verdadeiro. Muito provavelmente, é este o pressuposto de que muitos
jogadores partem quando mais longe da bola dão e recebem bloqueios muitas vezes só para
cumprir a continuidade do ataque e não para dele retirar ou proporcionar verdadeiras
vantagens. Por esta razão, convém ficar claro que existem aspetos técnico-táticos que são
básicos e, por isso mesmo, sempre que não estão presentes nos hábitos de execução dos
jogadores, podem comprometer a leitura tática da utilização dos bloqueios indiretos.

Um bloqueio indireto é uma combinação de 3x3 pelo que existem questões básicas que,
previamente à sua leitura, implicam um jogador que é bloqueado, um outro que vai bloquear e
alguém que é o centro do jogo apenas porque tem bola.

Regras para o jogador que bloqueia:

Ver o companheiro que vai bloquear e a bola para, no timing certo, definir a posição.

A posição do bloqueador deve ter três requisitos: estável, “dura” na receção do contacto e
pronta para reagir após o bloqueio; os pés e os ombros têm que definir um ângulo de acordo
com a bola.

Após o bloqueio – depois do contacto com o defensor que quer bloquear –, e


independentemente da leitura do companheiro, pensar em receber a bola.

Bloquear mesmo. Não fingir o bloqueio!


“Ler” o seu defensor – se este não se interpõe entre o bloqueador e a bola, a acção mais
ofensiva é ganhar posição na frente do defensor (“flash”), abrindo linha de passe e mostrando
que quer a bola (“desiste” de bloquear).

Exemplos de saídas diferentes em função de leituras às estratégias defensivas mais comuns:

Saída normal com D2 preso no bloqueio. Pode igualmente ser utilizada como resposta à troca
defensiva ou flash agressivo do D5.

Saída em curl é a ideal para castigar as defesas que perseguem. Pop out por parte do
bloqueador.

Contra as defesas que passam a 4º homem, a saída em flare é a mais indicada. Desfazer do
bloqueio em conformidade com o movimento da bola: selar para 1 (meio) ou para 2 (linha
final).
No caso de D2 se posicionar de forma a negar a saída do jogador para o lado do bloqueio, a
saída alta é a opção mais aconselhada. O bloqueador desfaz em conformidade com o
movimento da bola: selar para 1 (meio) ou para 2 (linha final).

Regras para o jogador que recebe o bloqueio:

O bloqueio que vai aproveitar tem dois momentos: preparar e decidir. Fazer ambas à mesma
velocidade é tirar eficácia à vantagem que o bloqueio pode dar.

A preparação do bloqueio é feita reduzindo a velocidade: por vezes parar, provocar o choque e
meter o defensor no bloqueio.

A decisão é feita mudando o ritmo, passando ombro a ombro em relação ao bloqueador e ler a
defesa.

Para ler a defesa é preciso VER sabendo que posso até não olhar. Porém, é preciso VER.

Jogar estrategicamente com o defensor: experimentá-lo, habituá-lo a determinadas leituras


para em determinados momentos ler de forma diferente, variar as leituras.

Regras para o passador:

Ver o todo o jogo, mas no momento em que um bloqueio ocorre esse é o ponto forte para o
qual a sua atenção deve estar centrada – uma vez mais, VER NÃO SIGNIFICA OLHAR.

Conhecer as soluções que se podem retirar do bloqueio entre os dois jogadores em causa.

Estar pronto para passar no timing ajustado à leitura bloqueio.

Saber que o bloqueador é sempre um potencial ponto forte de receção e que pode desfazer de
forma muito efetiva muitas vezes em zonas favoráveis.

Ao mesmo tempo que dá atenção ao bloqueio, o passador é o jogador com bola logo é uma
arma apontada ao cesto – a utilização de fintas de passe e o desvio da atenção do seu
defensor direto para o bloqueio faz do jogador com bola o jogador mais perigoso.

É óbvio que na construção das opções de ataque, os bloqueios indiretos devem ser utilizados
estrategicamente para a libertação de pontos fortes ou para a criação de vantagens
provocadas pelo ataque. Nesta visão estratégica destacam-se algumas situações que podem
tornar mais efetivas as combinações em que os bloqueios indiretos são utilizados:
Os lançadores devem ter opções de saída com bloqueios

Sabendo que o contacto sobre os jogadores sem bola são cada vez mais fortes e ainda que as
trocas dificultam em grande medida a possibilidade de sair de bloqueios para atirar mesmo
assim, a construção das opções de ataque devem conceber opções de saída de bloqueios para
os melhores lançadores da equipa.

Preferir bloqueios desfasados para libertar lançadores

Os bloqueios de saída para os lançadores são mais efetivos quando estão desfasados e
seguidos um do outro (stagger screens). A razão prende-se com a maior possibilidade que o
segundo bloqueador pode ter para ajustar o seu movimento enquanto o lançador vai passando
e lendo o primeiro bloqueio.

Bloquear o bloqueador pode ser uma solução importante para libertar o jogador pretendido.

Este princípio assenta na ideia de que o bloqueio a quem antes bloqueia implica ajustamentos
defensivos que aumentam a possibilidade de leituras ofensivas para jogadores-chave (ex. para
libertar lançadores).

Bloquear para intencionalmente tirar vantagens dos “miss-match”

Os missmatch não são só os desajustamentos de altura e peso, são igualmente os


desajustamentos em termos da qualidade que os jogadores possam apresentar. Os bloqueios
indiretos podem forçar a determinadas trocas que a partir delas coloquem o ataque em
vantagem.

Usar bloqueios indiretos de diversão

Os bloqueios indiretos podem mascarar determinadas situações que se pretendem definir


como pontos fortes. Por exemplo, caso o ponto forte do movimento ofensivo seja o bloqueio
direto. O jogador que bloqueia antes de o fazer dá um bloqueio indireto a um outro
companheiro. Neste caso o objetivo é trazer para o bloqueio direto a vantagem do seu
defensor ter ajudado anteriormente e chegar atrasado ao ponto forte.
Fintar a realização de bloqueios

As fintas de ida para os bloqueios podem ser importantes recursos para ganhar posições na
frente aos defensores, particularmente por parte de jogadores interiores.

Tirar vantagem das trocas defensivas

Mesmo sabendo que a defesa assuma a troca defensiva como a solução para se ajustar ao
bloqueio, é fundamental que o bloqueador não deixe de bloquear. Nestas situações há que
tirar partido de duas soluções: (1) o bloqueador tem vantagem na troca se meter contacto no
bloqueio; (2) o jogador bloqueado pode aproveitar o momento de antecipação da troca. As
figuras abaixo demonstram na prática ambas as soluções.
Combinar em cada movimento (“set play”) diversos tipos de bloqueio

Em cada set play desenhada para a equipa é possível ter pelo menos duas a três soluções que
apresentem diferentes formas de bloqueio combinadas: bloqueios verticais com bloqueios
horizontais; bloqueios cegos com bloqueios horizontais, entre outras.

Criar soluções coletivas diferentes com base em estruturas idênticas.

A variedade das soluções de leitura parece muito mais importante que a variedade de soluções
“coreográficas”. A criação de estruturas de 3x3 basicamente idênticas na estrutura do 5x5 e
que possam ser lidas de forma diferente é mais “económica” do ponto de vista do tratamento
da informação por parte dos jogadores.

Conceito 8 – Reagir às mudanças da bola de lado

A mudança de lado da bola, apesar de ser uma ação de continuidade ofensiva, constitui um
excelente passo para a finalização do ataque. A obrigação de impor movimento à defesa,
obrigando-a a ajudar e recuperar, a fechar e a abrir, é algo que permite ao ataque reagir para
finalizar. Este conceito implica a presença de soluções que permitam explorar com maior
ofensividade as mudanças de lado da bola. Abaixo apresentam-se alguns exemplos da
exploração deste conceito.

Conceito 9 – Reagir como equipa ao lançamento

Ao lançamento, a equipa tem de reagir: carregar no ressalto ofensivo e fazer o balanço


defensivo. Reagir é a palavra de ordem. Das muitas incertezas que o jogo possui, três factos
são demonstrados pelas estatísticas dos jogos: em média metade dos lançamentos realizados
dão origem a ressalto; quanto mais perto o lançamento é efetuado do cesto, mais curtos são
os ressaltos; logo, lançamentos longos têm normalmente ressaltos longos; cerca de 75% dos
lançamentos produzem ressaltos no lado contrário da bola.

No fundo, são três argumentos estatísticos que sustentam a importância de ir ao ressalto


ofensivo. No entanto, pode-se dizer ainda: que os segundos lançamentos são, normalmente,
lançamentos de elevada eficácia porque ocorrem debaixo do cesto; Porque ganhar ressaltos
ofensivos permite lançamentos curtos, as probabilidades de ocorrerem com falta são
igualmente muito elevadas; Ganhar o ressalto ofensivo permite dar uma segunda vida à posse
de bola; Ter o ressalto ofensivo estruturado, significa transportar para os lançadores mais
confiança no seu lançamento; Finalmente, impede que a equipa adversária se desdobre
rapidamente no contra-ataque.

Por todas estas razões, a necessidade de estruturar a reação coletiva ao lançamento é uma
necessidade fundamental. De entre as diversas possibilidades que a transição para a defesa
pode ter, o princípio em que este conceito assenta é genericamente no encadeamento das
três soluções seguintes:

O base e um dos exteriores devem procurar um posicionamento no balanço defensivo –


ocupação dos círculos; 4 e 5 carregam no ressalto ofensivo tendo a preocupação de um deles
preencher a ocupação do lado contrário do lançamento; por fim, ao último jogador pode ser
dada a possibilidade de decisão de acordo com o contexto do jogo, momento do jogo,
características individuais, posição e local do lançamento, posição e local que ocupa aquando
do lançamento, questões estratégicas, e muitas outras que podem influenciar o seu
comportamento de entrada no ressalto ou contributo no balanço defensivo.
7. A preparação, o desenvolvimento e a finalização do ataque de posição

Um bom lançamento tanto pode ocorrer com 5’’ de posse de bola como após os 18’’ desde
que estejam garantidas boas condições de eficácia. No entanto, bem sabemos que o ataque de
posição envolve um conjunto de ações coletivas nas quais se podem descrever várias fases: a
entrada ou a preparação, a sua continuidade ou o desenvolvimento e a finalização ou seja, o
ponto forte que constitui o grande objetivo da movimentação coletiva.

A preparação do ataque ou a “entrada” é a primeira fase do ataque de posição. Caracteriza-se


pelo alinhamento escolhido no sentido de chamar a solução pretendida pela equipa no qual se
estruturará a continuidade dos movimentos ofensivos. As decisões estratégicas a tomar estão
relacionadas com um conjunto de perguntas que só a realidade da equipa, o nível a que se
treina e a filosofia do treinador podem dar uma resposta satisfatória. Sem contextualizar a
uma realidade de treino em concreto, estas perguntas não têm resposta objetiva. Porém, para
que os jogadores as consigam dar, a construção e planeamento do playbook tem
necessariamente de as resolver: Como se dispõem os jogadores á “entrada” do ataque/de
cada ataque? Por princípio (filosofia), como devo “entrar” no ataque ou em cada ataque? Por
que lado devo começar o ataque/cada ataque? Por quem devo começar o ataque/cada
ataque? Qual o ataque que devo escolher para “entrar”?

A continuidade ou o desenvolvimento do ataque são as ações que se desenvolvem após a


chamada do ataque. É o desenho coletivo que a equipa esboça para preparar o lançamento.
Para além das regras definidas relativamente a cada movimentação específica, há igualmente
decisões estratégicas de continuidade que se podem e devem previamente tomar: Como
distribuir os pontos fortes durante a continuidade do ataque/de cada ataque? Qual o
papel/contributo específico de cada jogador em cada ataque/no ataque? Concretamente, dos
bases, extremos e postes? Como gerir os ataques de “decisão rápida” com os ataques de
“continuidade”? Como reagir às situações do jogo que têm “ordem”? Como reagir às
situações do jogo de “desordem”?

Claro que a finalização do ataque corresponde à criação de um lançamento,


preferencialmente, dito de alta percentagem. Quer uma vez mais dizer que qualquer entrada e
desenho que corresponda à seleção do ataque efetuado deve responder ao critério de eficácia
que no fundo se concretiza com a conversão de um lançamento ou com a provocação de uma
falta defensiva.

Mais algumas decisões estratégicas no que respeita à finalização: Quem é que


preferencialmente finaliza o ataque/cada ataque? Que soluções alternativas existem para a
finalização quando algo imprevisto ocorre? No momento do lançamento, qual a solução
adotada para carregar no ressalto ofensivo e fazer o balanço defensivo? Caso ganho o ressalto
ofensivo, e jogue em 5x5, o que fazer a seguir? Caso não ganhe o ressalto ofensivo, que
consequências teremos para a posse de bola seguinte, caso seja jogada posicionalmente?
ATAQUE CONTRA DEFESAS ZONA

1. Atacar a zona, contrariando os seus objetivos

Ao nível da alta competição, só muito pontualmente a defesa zona se constitui como o sistema
de defesa fundamental de uma equipa. No basquetebol internacional dificilmente se
encontram equipas em que as defesas zona são os seus sistemas defensivos fundamentais. A
zona é frequentemente utilizada como uma defesa alternativa que responde a determinadas
necessidades estratégicas da preparação do jogo.

Por filosofia, o ataque contra defesas zona deve ser abordado de forma a contrariar os
objetivos fundamentais que a utilização de uma defesa zona pretende atingir, a saber:

A defesa zona é utilizada para quebrar o ritmo e a fluidez do jogo ofensivo

O ataque deve perceber isso. Provavelmente a defesa zona aparece como uma alternativa de
se opor às soluções que a equipa está a encontrar enquanto ataca contra hxh. Nestas situações
é importante que o ataque se adapte a um novo ritmo, a uma outra lógica de exploração dos
espaços e na procura de lançamentos diferentes daqueles que imediatamente antes a equipa
estava encontrando contra a defesa hxh.

A defesa zona aparece como consequência de uma estratégia de alternância defensiva que se
percebe preparada pela equipa adversária

O ataque deve em primeiro lugar descobrir qual é o critério para a alternância. Em face disso, a
equipa deve estar preparada mental e taticamente para se adaptar às transformações que se
vão efetuar de posse em posse. A defesa quer confundir o ataque, introduzir pressão temporal
na sua organização e provocar o erro. O ataque deve esclarecer-se tão rapidamente quanto
possível, procurando nunca perder o controlo e o equilíbrio dos movimentos da equipa.

A defesa zona ocorre para esconder insuficiências individuais ou coletivas da equipa quando
defende

Por exemplo, quando pretende “esconder” determinados jogadores por razões de faltas,
quando “esconde” jogadores que não estão a render o esperado defensivamente no hxh,
quando a equipa não está a dominar a sua tabela defensiva ou, por exemplo, quando, por
razões estratégicas, a equipa se apresenta com um cinco mais “baixo” ou mais “alto”. Nestas
situações e de acordo com o novo problema que a defesa zona irá colocar, o ataque deve estar
preparado para provocar essas fragilidades.

Esta noção não implica a necessidade de alterações táticas de grande dimensão na estrutura
do ataque, mas com certeza, poderá implicar pequenas adaptações de forma a contestar estes
objetivos muito concretos da defesa.

A defesa zona aparece para “fechar” o jogo interior

Nestas circunstâncias, sabendo que os espaços exteriores são mais evidentes, é preciso que a
equipa não se descaracterize e continue a entender que o jogo interior constitui uma aposta
fundamental no ataque contra zona. Nestas circunstâncias, o “mais fácil”, o “mais óbvio”, o
que aparentemente é a melhor decisão, tem obrigatoriamente de trazer eficácia. Caso isso não
aconteça, o lançamento poderá estar precipitado, a bola não estará a passar nos locais
adequados e pelos jogadores certos e, muito provavelmente, será a defesa que estará a impor
a sua vontade estratégica.
A defesa zona ocorre como uma aposta para fazer aumentar o ritmo do ataque

Quando isto acontece, percebe-se que as zonas são mais abertas e procuram traps em
determinados pontos de passagem da bola. É evidente que o ataque tem necessariamente de
estar preparado para se dispor adequadamente no espaço e em relação à bola, utilizar o passe
nos timings certos antecipando as situações de 2x1, e rodando rapidamente a bola obtendo,
com facilidade, boas soluções de lançamento.

Porém e mais uma vez, para que isso ocorra com fluidez há uma necessidade da equipa estar
preparada coletivamente para o fazer e ter eficácia nessas ações.

A defesa zona é utilizada num momento muito particular do jogo, apenas para apresentar algo
diferente – uma surpresa

Por exemplo, após uma falta técnica ou outro qualquer evento marcante que provoque uma
grande turbulência no jogo, após um desconto de tempo, após uma determinada substituição
que possa ser importante, no início de um quarto, nos últimos minutos do quarto, na última
posse de bola. Nestes casos particulares, há para além de um outro enquadramento defensivo,
uma necessidade do ataque se adaptar mentalmente à defesa. Nestes casos, há também um
enquadramento psicológico que se pretende introduzir no jogo ao qual o ataque deve esperar
e obviamente estar preparado para lhe dar resposta.

2. Fatores de eficácia do ataque contra defesas zona

Quando se fala em fatores de eficácia, parece evidente que os fatores enumerados para o
ataque hxh e aqueles que se podem listar para o ataque zona não serão radicalmente
diferentes. Mas, na verdade, a defesa zona coloca problemas diferentes ao ataque em todo o
conjunto de aspetos anteriormente descritos. A qualidade dos fundamentos dos jogadores, a
sua execução a elevados ritmos não deixa de ter uma grande relação com a eficácia das
movimentações coletivas. No entanto, parece desejável especificar detalhadamente como
esses fundamentos se refletem no contexto do ataque contra este tipo de defesas. Listam-se
seis aspetos que não serão únicos, mas serão porventura aqueles que mais decididamente
conduzirão a equipa a uma eficaz exploração da posse de bola no ataque contra defesas zona.

a) A exploração de outros – novos – espaços:

É provavelmente a primeira condição para o ataque contra zona. As zonas podem ter formas
diferentes e fazer apostas estratégicas também distintas e, por isso, pode-se organizar no
espaço defensivo de forma variável. Uma correta utilização dos espaços, uma boa leitura por
onde jogar – com e sem bola – é uma condição essencial para selecionar um lançamento
aberto.

b) O uso do drible:

O drible é um fundamento que deve ser usado de forma criteriosa. No ataque contra zona, o
uso do drible tal como é feito no jogo de 1x1 não existe. O uso do drible para determinados
espaços do jogo ofensivo é uma arma para a defesa e podem ser uma boa armadilha para o
ataque. O uso do drible tem critérios de eficácia diferente dos do ataque contra hxh, não só
nas penetrações para o cesto como nas mudanças de lado da bola e ainda no seu uso pelo jogo
interior.

c) A qualidade do passe:

É igualmente um fator de grande importância no ataque contra zona. As relações entre os


defensores e os jogadores sem bola são alteradas – por vezes linhas de passe aparentemente
abertas estão armadilhadas – o que faz com que os timings do passe possam estar alterados
do normal relacionamento bola-recetor. A técnica também sofre alterações isto é, o recurso a
outros argumentos de passe é uma necessidade dos atacantes e a sua ligação com os outros
aspetos técnicos – ligação ao drible e ao lançamento – tem no ataque contra zona uma
importância determinante.

d) O lançamento, com particular incidência para o lançamento de média e longa distância:

O ataque contra zona terá como natural consequência a abertura a situações de lançamentos
mais afastados do cesto. Claro que a eficácia do tiro exterior será uma condicionante de
importância capital para obrigar a mudar a defesa ou abrir espaços mais próximos ao cesto.

e) O papel dos bases:

A eficácia do ataque contra zona tem nos bases – na sua qualidade de liderança e decisão – um
fator de importância decisiva. Esta importância não é apenas relativa ao ataque contra zona
mas porque, quando esta ocorre, é por vezes um fator de perturbação para o ataque.
Destacam-se neste ponto três aspetos da função dos bases: Na comunicação estabelecida com
a equipa de forma a selecionar a opção de ataque mais ajustada; na tranquilidade transmitida
à equipa pela demonstração de controlo de cada posse; na gestão dos diferentes ritmos que
atacar contra hxh e contra uma defesa zona necessariamente implicam.

Nas situações em que a identificação do sistema defensivo não é claro, cabe aos bases
esclarecê-lo e comunicar efetivamente com a equipa de forma que toda ela perceba e
identifique o novo problema a enfrentar. A forma como a defesa gere a pressão na bola,
nomeadamente através da mudança de lado da bola pelo bases e o acompanhamento dos
cortes na linha final por parte dos extremos podem dar excelentes indicações aos bases sobre
o tipo de defesa que tem na frente.

Mudança de lado da bola em drible pelo base ou pelo jogador com bola: como é que os
defensores gerem a pressão na bola?
Corte dos extremos na linha final: como é que a defesa acompanha os cortes.

f) Fazer um scouting de qualidade:

É indispensável estudar os tipos de defesa do adversário e perceber quais os seus


ajustamentos mais relevantes. Através do scouting da defesa adversária será possível não
apenas entender os objetivos e as características da defesa como também melhor preparar o
ataque para a resolver.

3. Ataque contra defesas zona: ataques universais; ataques específicos para cada
tipo de zona

Como sabemos, podem-se descrever vários tipos de defesas zona, todas elas colocando
problemas de relacionamento de espaço diferentes ao ataque. No entanto, as defesas zona
que se praticam na atualidade, mais do que estruturadas nas suas características de base mais
convencionais, são defesas que se vão adaptando de uma forma permanente às características
do ataque.
Obviamente se o scouting é um fator de eficácia para o ataque, também não é menos
importante para a defesa. O mais interessante, é que cada vez mais as tradicionais defesas
zona evoluíram no basquetebol atual para conceitos de match-up, conceitos de adaptação da
estrutura geral da defesa, ora mais orientados para uma lógica de zona, ora mais orientados
para uma lógica individual. Esta tendência evolutiva coloca problemas acrescidos ao ataque se
este quiser pensar em termos de resolução de problemas diferentes para cada tipo de defesa
zona ou para cada tipo diferenciado de match-up. Se assim fosse, certamente as equipas
teriam de se estruturar com tantos movimentos contra zona quanto os tipos de defesa zona
ou match-up’s que se conheceriam. Impraticável.

Aparece neste ponto um tema que importa discutir: quando desenhamos os ataques contra
zona que decisões a tomar? Um ataque universal para todos os tipos de zona ou um ataque
específico para cada um?

O jogo da atualidade aconselha a que as equipas se estruturem ofensivamente com ataques


desenhados para poderem ser utilizados contra diversos tipos de zonas.

Não só porque é mais económico em termos da informação a fornecer e a tratar pelos


jogadores, mas também porque as características da intensidade a que o jogo acontece e deve
ser jogado o aconselha.
O ataque contra zona e defesas match-up deve ser visto de uma forma simples e
descomplexada. Devem ser reconhecidas as diferenças das defesas zona; deve existir uma
noção de que pequenos ajustamentos devem necessariamente ser feitos de forma a
“desencaixar” o ataque na estrutura defensiva; porém, o desenvolvimento do ataque deve
fluir de acordo com conceitos e sistemas que orientem o comportamento dos jogadores em
relação às diferentes leituras que se podem adaptar a diferentes tipos de defesas e match-ups.
Desta forma, ter um, dois ou três ataques universais que através de adaptações pontuais
possam adequar-se às diferentes zonas é a solução mais exequível.

4. Ideias chave para atacar as zonas

Antes de se apresentar a aplicação prática dos conceitos que se julgam importantes


relativamente ao ataque contra defesas zona e match-up, importa recuperar algumas ideias de
filosofia do ataque contra este tipo de defesas que, no fundo, transmitem um conjunto de
conceitos básicos que nos ajudarão a refletir.

Reconhecer a zona:

Uma vez mais se refere que o scouting é fundamental para conhecer as particularidades
defensivas dos adversários. Mas mais importante do que o tipo de zona é clarificar os
ajustamentos que são habitualmente feitos face ao ataque. A leitura dos detalhes que
constituem as formas adaptadas da zona reagir ao ataque será decisivo para o sucesso do
mesmo.

Pensar na adaptação dos movimentos contra hxh e a sua possível adaptação ao ataque contra
as zonas:

Ser económico na transmissão das ideias aos jogadores e facilitar a sua tarefa no tratamento
dessa informação é sem dúvida uma preocupação à qual devemos estar atentos. Com a
alteração de pequenos detalhes, muito provavelmente os nossos ataques contra hxh podem-
se tornar extraordinariamente interessantes para atacar uma defesa zona. Muitas vezes a
melhor forma para resolver um problema que aparentemente é complexo reside num
princípio muito utilizado para pensar no ataque contra defesas zona: “keep it simple and
stupid”.

Insistir nos fundamentos:

A necessidade de manter a agressividade ofensiva, apontando o cesto e demonstrando uma


vontade clara de o fazer, não deve ser abandonada apenas porque surge uma alteração
defensiva. A confrontação com a zona faz com que os jogadores muitas vezes “joguem para os
lados e para trás” ao invés de manterem posições, de orientarem a sua visão e intenção de
jogar para o cesto.

Não permitir que se instale a ideia que os melhores lançamentos contra zona são de 3 pontos:

Por vezes esta ideia está presente. Se não é clara, pode ser implícita, tornando toda a ação dos
jogadores no ataque contra zona centrada no lançamento exterior. Se o lançamento exterior é
importante para obrigar a zona a estender-se e abrir o seu interior, o equilíbrio na seleção de
lançamentos que possam ser exteriores mas não necessariamente de 3 pontos, é muito
importante na eficácia do ataque. O lançamento de média distância, apoiado muitas vezes em
fortes dribles de penetração tem que ser uma arma a recuperar no ataque contra zona.
Jogar “ao contrário” da zona:

Se jogar ao contrário da defesa é um objetivo geral do ataque, este princípio torna-se ainda
mais pertinente quando a defesa zona aparece ao longo do jogo. Sermos capazes de detetar o
objetivo da zona, procurar as estratégias para colocar o atacante “certo” no local certo e pôr lá
a bola (Gomes, 2006), será a forma mais clara para jogar ao contrário dos objetivos da defesa
zona. Este princípio gera de imediato uma primeira reação do ataque face à defesa: se a defesa
quer defender organizadamente e baixar o ritmo do jogo, o ataque tem no contra-ataque uma
primeira arma do ataque contra zona. Para além disso, se a zona vem baixar o ritmo do jogo,
logo a outra equipa pode igualmente socorrer-se de estratégias defensivas que aumentem o
ritmo do jogo (ex. subir a defesa para campo todo).

Descomplexar a ideia de que a zona é um problema:

O equilíbrio mental dos jogadores é alterado quando a sua eficácia é alterada pela introdução
de uma zona. Alguns temem jogar contra zona.
Este problema mental tem que ser resolvido com uma consciencialização de que caso a
disciplina tática esteja presente, alicerçada nos fundamentos do jogo, o ataque contra defesas
zona é ainda mais fácil e coloca uma menor exigência. “Jogar à rabia com a zona”; “metê-los a
correr atrás da bola e atrás de nós”; “assim ainda é melhor, porque lançamos sempre sem
oposição”; são expressões que devem ser utilizadas com o objetivo de consciencializar e tornar
percetivamente mais fácil aquilo que para alguns jogadores é um grande problema.
Assumir ainda de forma mais convicta a vertente coletiva do ataque:

A ideia é procurar que os jogadores assumam que o posicionamento da defesa em zona,


porque tem uma orientação mais evidente para a bola, requer soluções mais coletivas em que
a partilha da sua posse assume maior importância.

A eficácia é o problema do jogo mas, provavelmente, será o melhor antídoto para jogar contra
zonas e “match-up’s”:

Considerando que muitas vezes as defesas zona aparecem para resolver problemas pontuais
de uma equipa e, ainda que quando se altera a defesa, pretende-se obrigar o adversário a
jogar de forma diferente, torna-se fundamental deixar a ideia nos jogadores que a defesa terá
tanto mais sucesso quanto mais condicionar a eficácia do ataque. Por esta razão, mais ainda
nestas circunstâncias em que a defesa se altera para introduzir problemas novos ao ataque, o
ataque deve procurar privilegiar as suas eficácias.

5. Aplicação dos conceitos ofensivos aos diversos tipos de defesa zona

a) O ataque às zonas de frente par e de frente ímpar

Independentemente dos tipos de defesa zona que possamos caracterizar, o primeiro grande
confronto do ataque com a defesa é a relação da bola com a frente da zona.

Esta é estabelecida através do base ou de outro jogador que faça a entrada da bola no ataque
e no fundo é indicadora de um maior ou menor grau de pressão que a defesa, desde logo,
incida sobre a bola, limitando os espaços concedidos à circulação da mesma. Esta pressão está
muito associada à forma apresentada pela frente da defesa zona na sua primeira relação com
a bola.
Nesta perspetiva, a defesa zona pode apresentar dois grandes tipos de alinhamento à partida:
uma frente par ou uma frente ímpar. Como exemplos maiores de zonas de frente ímpar que
refletem sobre o ataque maior tendência de pressão e condicionamento dos espaços na
entrada do ataque, temos a zona 1:2:2 e a zona 1:3:1. Na zona 3:2, o condicionamento de
partida sobre o ataque, não se revela tanto pela pressão sobre a bola mas mais orientado para
uma maior pressão nas primeiras linhas de passe.

As zonas 2:1:2 e 2:3 são zonas mais posicionais e protetoras da área restritiva, colocando
maiores problemas à circulação da bola e ao lançamento no seu interior. Com base nesta
caracterização genérica, deve ser recordado o primeiro grande princípio do ataque a uma
defesa zonal: zonas de frente ímpar atacam-se com dois bases ao contrário, zonas de frente
par, devem ser atacadas com um base.

Como vamos observar mais à frente, um dos conceitos básicos do ataque contra zona é a sua
divisão. Obviamente que iniciar o ataque contra uma defesa zona através de um
desalinhamento para com a estrutura apresentada pela sua frente é, desde logo, dividir a zona
pelo dispositivo inicial do ataque. Respeitar este princípio pode constituir desde logo um
contributo para que o início do ataque seja um problema para a defesa desde a sua posição
inicial. Claro que não chega, será necessário respeitar todo um conjunto de conceitos que
seguidamente se descrevem e que integrados na dinâmica do ataque poderão oferecer
condições para aumentar a eficácia da posse de bola perante este tipo de defesas.

b) Conceitos de ataque contra defesas zona:

Em 1994, Vladimir Heger, então selecionador de Portugal, deixava um contributo no


basquetebol português designado por “A ameaça da defesa zona”. De facto, o ataque contra
defesas zona transporta para os ritmos do ataque, para a relação da bola com as linhas de
passe exteriores e interiores e, porque não dizê-lo, para a criação de situações de lançamento,
problemas diferentes daqueles que são colocados pela defesa hxh. Com esta expressão de
“ameaça”, Heger pretendia expressar a ideia de que há questões de natureza psicológica que
devem ser desbloqueadas pelos jogadores. Estas têm a ver com uma primeira necessidade do
ataque ultrapassar o receio, o medo instalado pelo facto do aparecimento de uma zona o
obrigar a encontrar outros ritmos e outros espaços que até então os atacantes não estavam
ainda habituados. Porém, do ponto de vista tático, há obviamente preocupações que não
devem ser descuradas.

Sistematiza-se seguidamente um conjunto de conceitos de importância decisiva para a


construção do ataque contra defesa zona. Associa-se a cada conceito alguns diagramas que o
ilustram de forma mais prática.

Conceito 1 – Assimetria do alinhamento inicial e procura de assimetrias de continuidade.

Face à disposição espacial da zona, o ataque deve começar por se dispor de forma assimétrica.
O princípio de relação do ataque com a frente da zona (atrás descrito) é uma das formas de
cumprir este conceito. Esta assimetria tende a provocar na defesa as seguintes ocorrências: a
sua adaptação de forma a ajustar-se à disposição espacial do ataque, facto que provoca
desequilíbrios potencialmente aproveitados pelo jogador com e sem bola; a criação de linhas
de passe que se abrem e permitem, através delas, circular a bola de acordo com as rotinas
estabelecidas e leituras ofensivas. Os exemplos que se apresentam caracterizam uma
disposição assimétrica inicial do ataque contra o posicionamento inicial da defesa. No fundo, o
que antes se dizia: uma zona de frente ímpar ataca-se com dois bases e uma zona de frente
par com apenas um.

Um exemplo de um ataque com disposição inicial em 1:3:1 contra uma zona 2:1:2 ou 2:3:

Um exemplo de um ataque com disposição inicial em 2:3 contra uma zona 1:3:1:

Um exemplo de um ataque com disposição inicial em 2:12 contra uma zona 1:2:2 ou 3:2:
As sobrecargas

As designadas sobrecargas consistem na colocação de atacantes em determinadas zonas do


ataque de forma a dividir a defesa pela sua posição. Podem ser no lado da bola ou no lado
contrário da mesma e constituem uma forma de colocação assimétrica na continuidade do
ataque. Uma sobrecarga procura que os desequilíbrios que se geram pela necessidade da
defesa lhe dar resposta sejam favoráveis ao ataque.

Um exemplo de uma sobrecarga no lado da bola. Corte de 4 do lado contrário da bola,


aparecendo como uma alternativa de linha de passe ao canto:

Um exemplo de uma sobrecarga no lado da bola. Corte de 4 do lado contrário para o lado da
bola, aparecendo a poste alto:

Um exemplo de uma sobrecarga no lado contrário da bola. Passe, corte e reposição do jogo
exterior. O poste aclara para o lado contrário da bola para dar um bloqueio de saída ao
atirador que corta:
Conceito 2 – Utilizar o drible para dividir a defesa.

O correto uso do drible no ataque contra zona tem uma importância determinante na abertura
de linhas de passe. Aliás podemos mesmo dizer que será a melhor forma de abrir linhas de
passe e dessa forma continuar a ser ofensivo circulando a bola. Driblar para o meio de dois
defensores obrigando-os a reagir perante o drible é uma condição essencial para atacar a
defesa.

A divisão da defesa em drible pode apenas ser o primeiro passo para desequilibrar a zona e
rompê-la com fortes penetrações para o seu interior.

Divide a frente de uma zona 2:3. Um exemplo de divisão da zona através do drible.

2 penetra ao meio, dividindo a zona através a fixação do defensor 1, dando continuidade à


mudança de lado da bola.

Soluções de leitura do ataque contra zona, iniciadas através do conceito que atrás se discute.
As soluções apresentadas têm origem na ação de divisão da zona por parte do jogador com
bola.
Conceito 3 – Garantir linhas de passe ao jogador da bola, de preferência, triangular as linhas
de passe.

Durante a circulação da bola, as movimentações sem bola devem oferecer ao jogador com
bola linhas de passe que se façam ver. A ideia será oferecer ao jogador com bola duas a três
linhas de passe que desajustem a zona pela sua posição e permitam triangular a rotação da
bola.

“... Driblar para o meio de dois defensores obrigando-os a reagir perante o drible é uma
condição essencial para atacar a defesa. ...”

Colocação de linhas de passe trianguladas em relação à bola. Na figura, um alinhamento muito


comum nos inícios do ataque contra zona. Na figura seguinte, a relação entre as linhas de
passe penetrante dadas pelos postes ao extremo e a linha de passe de segurança dada pelo
base.
O passe e as fintas de passe têm uma importância particular na circulação da bola contra zona.
Utilizar passes curtos, rápidos e sempre simulados com fintas e dribles de divisão da defesa são
condições determinantes para o desequilíbrio da zona. Não esquecer o passe por cima da
cabeça de um lado ao outro da zona – skip pass –, passe muito útil para uma rápida mudança
de lado da bola.

Triangulação poste alto-poste baixo e lado contrário da bola.

Skip pass ao lado contrário da bola com exploração de leituras consequentes: tiro, penetração
e trabalho sem bola.
Conceito 4 – Coordenar a rotação da bola com os movimentos dos jogadores sem bola –
timing do jogo com e sem bola.

O movimento da bola e dos jogadores sem bola devem ser rápidos e agressivos. No entanto,
não podem estar desfasados. Ao se encontrarem fora do timing, a bola não tem o suporte de
linhas de passe que podem ser fundamentais – como a dos postes por exemplo, perdendo-se
desta forma o potencial de movimentação que os cortes podem ter no interior da zona. Um
dos erros que muitas vezes ocorre no ataque contra zona é o desfasamento dos timings entre
a rotação da bola por fora e a movimentação dos postes no interior da zona. Quando isto
acontece, perde-se uma parte da ofensividade do ataque que está centrada no movimento dos
postes que são uma peça fundamental no ataque contra defesas deste tipo.
Conceito 5 - Jogar com os postes, ter em conta a sua presença em cada posse de bola.

Uma forma eficaz de atacar a zona passa pela necessidade de a fazer adaptar às diversas
posições da bola, inclusivamente ao jogo interior. É na ação de encolher e esticar a defesa que
o jogo exterior terá maiores condições de eficácia no tiro e na penetração. Este conceito faz
com que muitas vezes se definam regras muito claras: “Em cada quatro passes, um tem
obrigatoriamente de ser interior”; “primeiro lançar dentro, só depois procurar fora”. A entrada
da bola nos postes deve ser um sinal de ofensividade tão claro quanto possível por parte do
ataque. A capacidade do ataque para usar os postes reflete igualmente a relação exterior-
interior e vice-versa que a qualidade do ataque não pode esquecer.

Receção do poste alto com poste baixo a selar o tabuleiro que se encontra a defender nas
costas ou em sobremarcação a 45 graus.
Receção do poste alto com poste baixo a selar o tabuleiro, a defender na frente.

Poste alto assiste o corte do poste baixo na linha final atrás da linha da zona.

Poste baixo-poste alto: corte nas costas e corte na frente.


Conceito 6 – Dentro-fora-lado fraco: mudar o lado da bola preferencialmente a partir do
passe interior.

A rotação da bola – as mudanças de lado da bola – sendo um aspeto fundamental para o


desequilíbrio da defesa deve ter no jogo interior o seu ponto de referência. A ideia de jogar
com os postes, obrigar a que estes não sejam apenas focos de lançamento mas também de
referência para mudar o lado da bola, permite aproveitar o que mais ofensivamente se pode
fazer contra zona: encolhê-la, esticá-la e obrigá-la a mover-se provocando na zona espaços de
rutura da sua estabilidade.

Passe ao poste alto com consequente mudança da bola de lado e exploração do corte de 5 que
entretanto reage ao passe interior cortando nas costas da zona.

Passe do extremo 2 ao poste baixo.


À receção do poste baixo a equipa reage jogando sem bola: 4 corta no meio da zona enquanto
1 e 3 ajustam-se no lado contrário da bola.

Soluções ilustrativas do conceito dentro, fora, lado fraco.


Conceito 7 – Cortar para os buracos e fixar nas posições cinzentas da zona.

Todas as zonas têm “buracos” e áreas cinzentas cuja responsabilidade depende da posição de
dois defensores. Cortar para esses buracos e fixar os defensores em determinadas posições é
uma forma de provocar desequilíbrios posicionais da zona, utilizando vantagens que se abrem
por via dessas adaptações. Normalmente, o aproveitamento desses “buracos” e das áreas de
dúvida para os defensores, ocorre através de cortes que aparecem do lado contrário para o
lado da bola.
Conceito 8 – Utilizar bloqueios diretos e indiretos: os primeiros permitem tornar mais efetiva
a ação de dividir a zona, os segundos permitem criar condições para os lançadores
aparecerem.

Tal como na defesa hxh, os bloqueios podem ter uma função importante no ataque contra
zona. Claro que não no mesmo sentido que possuem no enquadramento individual no
entanto, podem ser aproveitados não só para melhorar as condições de divisão da zona como
também para abrir linhas de passe exterior e interior.

Os bloqueios diretos podem ser utilizados não só para explorar as soluções do jogador da bola
e do bloqueador mas rompendo a defesa através do drible e penetrando no seu interior
criando jogo ofensivo para topos. Podem ser também uma importante forma de apoiar a
mudança de lado da bola em drible. A utilização dos bloqueios diretos pode, no ataque contra
qualquer tipo de defesas, estar presente no início, na continuidade do movimento ou mesmo
como uma solução de recurso para jogar no final dos 24 ou 14’’.

Os bloqueios indiretos estão normalmente associados à realização de sobrecargas no sentido


de libertarem lançadores. De facto, podem ser formas poderosas de provocar o atraso dos
ajustamentos defensivos em relação ao movimento sem bola e abrir espaços de lançamento
mais confortável para o ataque.

Exemplo da utilização de bloqueios indiretos para libertação do lançador no lado contrário da


bola:
Exemplo da utilização de bloqueios no lado da bola para libertação do atirador:

Exemplo da utilização de bloqueios diretos no apoio à divisão da zona:


Conceito 9 – Ir ao ressalto ofensivo e cuidar do balanço defensivo.

Se a ida ao ressalto ofensivo deve ser um cuidado importante do ataque relativamente a


qualquer defesa, contra defesas zona, esse cuidado deve ser ainda maior. Não havendo um
ajustamento individual, criam-se oportunidades para os atacantes entrarem nos espaços de
ressalto que, por via do desajustamento da zona, podem obviamente estar livres. Uma outra
razão é a ocorrência mais frequente do lançamento de longa distância, obviamente com
menores probabilidades de eficácia, o que dá ainda uma maior relevância à fase do ressalto
ofensivo como uma possibilidade de recuperação da posse de bola.

6. Fatores condicionantes da seleção dos movimentos ofensivos para o ataque


contra defesas zona
As condicionantes da seleção dos movimentos contra zona e contra defesas hxh não se
diferenciam significativamente. Já anteriormente no tema ataque contra defesa H*H foram
descritas condicionantes que são igualmente válidas para o ataque contra zona. No entanto,
face à especificidade destas defesas, importa salientar ainda a especialização de alguns
fundamentos que, sem os quais, o ataque contra zona perde a eficácia que quem ataca sempre
deseja.

Mais uma vez, o papel dos bases:

Falou-se atrás nesta questão que tem uma importância determinante na forma como a equipa
reage ao aparecimento destas defesas. O desenho do ataque é habitualmente definido pelos
bases.

A qualidade do passe:

Pelas características das defesas zona, o passe é um fundamento do jogo fundamental para
dar eficácia à circulação da bola. Colocar bons passadores nos momentos em que se percebe a
ocorrência dos passes de decisão. Por vezes, ter dois bases dentro do campo para aumentar a
eficácia da circulação da bola é solução procurada no desenho dos movimentos contra zona.
O posicionamento dos lançadores no desenvolvimento do ataque:

Queiramos ou não, o lançamento exterior será uma arma fundamental no ataque contra zona.
Poderá ser mesmo a arma mais letal para obrigar a defesa a reagir de forma diferente. Ao
longo do movimento desenhado deve pensar-se como é que os lançadores são libertados mas,
do mesmo modo, deve perceber-se que os lançadores são sempre um foco de atração da zona.
Este facto pode deixar em aberto outros espaços que poderão ser aproveitados por outros
jogadores com outras características que eventualmente se reconheçam úteis.

A qualidade dos postes como finalizadores mas, também como passadores:

Os postes não devem ser vistos apenas como finalizadores ou ressaltadores, particularmente
no ataque contra zona. Os seus movimentos de abertura ao exterior, nomeadamente quando
são lançadores, são pontos de fixação da zona que devem ser explorados pelo
desenvolvimento do ataque. As suas qualidades de passe e lançamento influenciam
determinantemente o ataque se este os coloca no exterior como âncoras da circulação da
bola. Obviamente, as suas características, em termos de altura e de peso, vão determinar qual
o papel que os postes vão ter no ataque contra zona e, para além disso, se o ataque vai fixar
um ou dois jogadores às posições mais interiores.

O estudo da zona que se vai atacar:

Qualquer tipo de defesa zona tem matchup’s particulares que visam adaptar-se ao ataque.
Cumpre ao trabalho desenvolvido no scouting estudar com detalhe as características da defesa
zona que vai defrontar, no sentido de retirar mais eficácia das suas soluções.

7. Exemplos de alguns ataques

 Ataque de continuidade base – exploração de conceitos


 Tulsa “flare”
 Libertar o lançador contra zona
 Exemplo de set-play de continuidade contra zona 2:3
TRANSIÇÃO DEFENSIVA
1. Objetivos da defesa:
a. Não dar contra ataques;
b. Não dar penetrações na área restritiva;
c. Não dar segundos lançamentos.

Esta é uma das fases do jogo mais esquecida no processo de treino.

Por norma, as regras (muitas ou poucas) são definidas no início de época ou quando
este problema nos surge ao longo da mesma e só voltamos a falar delas nos jogos ou
em momentos circunstanciais do treino.

Objetivos do contra ataque: 1º passe rápido e eficaz após ressalto – momento chave
da recuperação defensiva.

. Submeter o ressaltador a uma dura defesa pressionante.

. Dificultar boas receções aos demais jogadores (1/2).

Três prioridades táticas da recuperação defensiva:

1. Não permitir lançamentos fáceis (contra ataques diretos);


2. Pressionar o jogador com bola, o diretor do contra ataque, sem ser
ultrapassado;
3. Não permitir ao adversário pôr em prática a sua transição ofensiva ou
jogadas marcadas.

RESPONSABILIDADES INDIVIDUAIS
NOTA: NAS CATEGORIAS DE FORMAÇÃO, A DIFERENCIAÇÃO DE FUNÇÕES DE CADA
JGADOR PODE FAZER, OU NÃO, SENTIDO; TUDO DEPENDE DO NÍVEL DE JOGO EM
CAUSA

Jogador 1

1. Se marcamos e 2 recupera a tempo, 1 avança, contém movimentos


penetrantes da bola e, se possível, pressiona o 1º passe;
2. Se 2 lança, 1 deve proteger o nosso cesto, passando 2 a desempenhar as
funções do 1;
3. Recupera para o círculo central até ver se marcamos cesto;
4. Se o lançador é outro jogador que não o 2, 1 é o responsável por travar o
diretor do contra ataque.
Prioridades: Contenção do contra ataque, impedir passe penetrante e
enquadrar-se com o portador da bola antes do 2º drible.

Particularidades: Não permitir que o diretor do contra ataque receba a bola ou


drible em movimento penetrante. Não damos penetração pela linha lateral.

Jogador 2

1. A sua primeira responsabilidade é a proteção do nosso cesto após tiro da


sua equipa (círculo central);
2. Deve “apanhar” o primeiro atacante, seja interior ou exterior;
3. Se 2 lança, troca responsabilidades com 1, ficando 2 defender o diretor do
contra ataque.

Prioridades: Evitar o 1*0 do adversário.

Particularidades: Comunicar no momento em que é o último defensor


ajudando no enquadramento de todos os seus colegas.

Jogador 3

1. Se lançou, pode ir ao ressalto ou recuperar rapidamente até ao ½ campo


defensivo (linha dos 6,75) ou enquadra-se com um jogador adversário.

Prioridades: Carregar no ressalto ofensivo (curto ou longo em função do tiro


efetuado) ou correr para trás.

Particularidades: Ouvir o 2 e atuar em conformidade provocando tráfego no


corredor central ou enquadrando-se com um jogador no corredor lateral.

Jogadores 4 e 5

1. Recuperam em função da proximidade de quem ganha o ressalto defensivo.


2. O mais próximo pressiona o 1º passe, recupera no corredor central (tráfego)
podendo ajudar o 1 na pressão sobre o jogador com bola se o atraso do seu
jogador direto o permitir.
3. O mais afastado recupera rapidamente no corredor central (linha dos 6,75)
a fim de se enquadrar com o primeiro poste adversário.

Prioridades: Irem ao ressalto ofensivo em todas as situações de ataque;


atenção aos tiros curtos e longos e formas de luta consequentes.

Particularidades: A área de chegada do primeiro poste será sempre no limite da


linha dos 6,75 para poder defender cortes e finalizações exteriores do seu par.
O segundo interior recupera igualmente até aos 6,75 facilitando, desta forma,
primeiras ajudas e enquadramento rápido com o 5º homem.
Coordenação Coletiva

Prioridades: 1 e 2 não podem falhar nas suas responsabilidades; os restantes


três jogadores podem abdicar circunstancialmente do ressalto ofensivo desde que
recuperem para o nosso ½ campo na velocidade adequada e para as posições e
funções já determinadas; os melhores dribladores adversários defendidos em todo o
campo pelos nossos 1, 2 e, ocasionalmente, o 3. Os mesmos devem ser defendidos
com um perfeito enquadramento sem permitirem ultrapassagens em drible.

Particularidades: Consideramos o corredor central de contenção defensiva – o 4/5


finta 2*1 e utiliza todo o seu corpo para impedir transições rápidas do 1 adversário; se
a bola está nas mãos do poste na transição – deixá-lo em 1*1 (o “scouting” pode levar
a outras decisões); a linha lateral é fechada pelo defensor exterior e 4/5 mantém-se no
corredor central; se 4 sente que pode fazer um “trap” favorável ao 1, tem liberdade de
o fazer sem nunca pôr em causa os objetivos da contenção defensiva; na recuperação
a partir de reposições pela linha final, o 5 deve recuperar rápido e enquadrar-se com o
1º poste adversário.

EXERCÍCIOS

Nota prévia: A fase de transição ataque/defesa dura poucos segundos. Todas


configurações assumidas para o treino desta fase do jogo devem ser curtas e muito
exigentes do ponto de vista da concentração.

Exercício 1: 2*0 e 1*1

Após uma situação de 2*0 no campo todo, pedimos ao jogador que finaliza que
conteste o 1º passe (4/5), contenha o avanço do driblador (1/2) ou corra e guarde o
seu cesto (2/3/4/5).

Exercício 2: 3*0; 2*1

Após uma situação de oito de 3, temos uma reposição da bola em jogo com o defensor
a assumir o papel do 1 (conter o avanço do driblador), do 2 (correr até à linha de ½
campo e sair a pressionar o jogador livre), do 3 (correr até à linha dos 6,75 e sair a
pressionar o jogador livre), do 4 (correr para trás até à linha dos 6,75 e enquadrar-se
com o 1º poste) ou do 5 (pressionar/contestar o 1º passe).
Exercício 3: 3*0 e 1*2

Após uma situação de 3*0 no campo todo com finalização após um movimento
ofensivo à escolha, o passador e o finalizador defendem o terceiro jogador que ressalta
e segue em drible para o cesto contrário. O defensor exterior contém o avanço do
driblador sem nunca se deixar ultrapassar e o defensor interior fecha o corredor
central, correndo para trás e, fintando o 2*1, dissuade o jogador com bola a fazer uma
transição rápida.

Exercício 4: 4*0 e 2*2

Após uma transição em 4*0 com finalização rápida pelo jogador interior que corre no
corredor central, o passador e o finalizador defendem em 2*2. Os dois defensores
agem de acordo com as normas definidas para a recuperação defensiva.

Nota: A complexidade deste exercício pode aumentar se não obrigarmos os dois


atacantes a repor a bola em jogo após o cesto em 4*0 acelerando a transição
defesa/ataque.

Exercício 5: 5*0 e 3*2

Após uma transição em 5*0 finalizada de acordo com uma qualquer movimentação
ofensiva pré-definida, temos uma situação de 3*2 onde os defensores serão
obrigatoriamente um interior e um exterior e a assumirem comportamentos de acordo
com as normas da recuperação defensiva.

Exercício 6: Do 2*1 até ao 5*5

Após uma situação inicial de 2*1, teremos uma sequência em que os ataques e as
defesas se alternam, com 3*2, 4*3, 5*4 uma final de 5*5 onde os defensores assumem
comportamentos de acordo com as normas da recuperação defensiva.

Exercício 7: Pensem num que considerem melhor do que os seis acima discriminados.
Certamente que, se o tentarem, conseguirão elaborá-lo, pois cada treinador, no seu
Clube, com a sua Equipa e os seus Jogadores sabe, melhor que ninguém, que formas
de trabalho mais se ajustam aos seus objectivos.
Terceira Parte:
Prioridades de Trabalho

- Aspetos a considerar
- Ataque contra HxH
- Exercícios

Coordenação de Mário Gomes


SELECÇÕES NACIONAIS DE SUB-16

SELECÇÕES REGIONAIS DE SUB-14, SUB-16

 As orientações adiante explicitadas são isso mesmo… Orientações.


Cabe a cada Treinador (desejavelmente, integrado numa verdadeira Equipa
Técnica) e, antes de mais, aos que são responsáveis por Selecções Regionais, tomar
as decisões quanto à sua aplicação, tendo em conta o estádio de evolução da
Equipa que treina (nível de jogo) e, mais importante ainda, de cada um dos
Jogadores que a integram.

 Tais decisões implicam escolhas, nomeadamente:


 Do grau de complexidade das várias combinações tácticas contidas nos
ataques;
 Dos exercícios mais adequados;
 Dos aspectos prioritários de intervenção/correcção em cada um dos
exercícios;
 Do tipo de exigência a colocar na sua aplicação/execução (Correcção?
Eficácia? Velocidade?).

 Um exemplo claro: duas Selecções Regionais, uma de SUB-14 e outra de SUB-16,


podem e devem trabalhar segundo as mesmas orientações, mas com graus de
complexidade e exigências de eficácia bem diferentes, pois encontram-se, por
norma, em estádios de evolução/níveis de jogo diferentes

 Com este documento, parte integrante das Orientações Nacionais para a Formação
de Jogadores, pretendemos transmitir aos nossos treinadores, particularmente aos
que se dedicam aos escalões de formação, uma súmula da análise que fazemos da
nossa experiência internacional (tendências do Basquetebol moderno, principais
dificuldades que as nossas equipas têm no confronto internacional) e um conjunto
de recomendações resultantes daquela análise, que se nos afiguram pertinentes e
de concretização urgente.

 A competição internacional evidencia, como sendo os nossos maiores problemas:

1) Muito maior dificuldade no ataque que na defesa, a nossa eficácia defensiva


está muito mais próxima do nível internacional que a nossa eficácia ofensiva;

2) Percentagens de lançamentos muito baixas;

3) Pouco eficácia a jogar em “campo aberto” (o que exige decidir bem e executar
bem em alta velocidade…), nomeadamente no aproveitamento das situações
de contra-ataque;
4) Baixa capacidade para jogar 1x1, tanto no ataque como na defesa, sendo
mesmo a nossa principal carência defensiva a defesa (em 1x1) do atacante
“exterior” com bola;

5) Ritmo de ataque lento, tanto no movimento/circulação da bola (normalmente


associado a uma utilização indiscriminada, não ofensiva, do drible), como nos
movimentos sem bola, quase sempre realizados de forma pouco intensa, a
baixa velocidade;

6) Inadaptação ao grau de intensidade e de contacto físico que caracteriza a


competição internacional, o que deriva não só do que referimos no ponto
seguinte, mas também dos hábitos de treino e de competição;

7) Capacidade físico-atlética nitidamente abaixo do que o Basquetebol moderno


exige.

As tendências de evolução do jogo e os dados evidenciados pela nossa participação


nas competições internacionais levam-nos a apontar como prioridades na formação
dos nossos Jogadores:

a) Investimento na preparação físico-atlética, respeitando os períodos críticos do


desenvolvimento das várias capacidades e considerando a especificidade das
exigências do jogo, com ênfase no Treino Funcional e no Treino da Força.

b) Para formarmos jogadores que sejam eficazes quando forem Seniores, há que
centrar a formação nos fundamentos do jogo – técnica individual (execução,
“comos”) e táctica individual (leitura e decisão, “quandos”) – ensinando-os e
treinando-os de forma integrada; é errado pretender formar jogadores,
ensinando-lhes somente técnica individual “pura” (1x0) e táctica colectiva
(“sistemas”).

c) Lançamento, em geral e, particularmente, nas seguintes situações - após drible


(quase só se utiliza o lançamento na passada); em contra-ataque; alguns pontos
a ter em atenção, de forma progressiva:
 Técnica de lançamento;
 Selecção do lançamento/decisão, confiança;
 Diferentes soluções de lançamento – “quando” e “como”;
 Eficácia – volume e intensidade, treino individual (objectivos).

d) 1x1, tanto ofensivo, como defensivo, com particular ênfase nalguns pontos:
 Defesa do 1x1 facial ao cesto;
 Ataque – 1x1 com bola, leitura e execução (caso especial dos nossos
“postes”, nomeadamente dos futuros “quatros”);
 Ataque – 1x1 sem bola, leitura e execução do 1x1 (abrir linhas de passe,
cortes, bloqueios).
e) Passe – execução e “timing” - trabalho de pés, fintas/ler o defensor,
nomeadamente nas seguintes situações – passe para dentro; passar em
movimento/velocidade (contra-ataque); utilização do drible para abrir uma
linha/ângulo de passe.

f) Trabalho de pés “básico”, quer ofensivo, quer defensivo, essencial no


ensino/treino da técnica individual.

g) Táctica individual ofensiva, com bola e sem bola – aprender a “ler a defesa”,
tomar decisões/escolher.

h) Contra-ataque – como correr no campo; como fazer avançar a bola (por passe,
por drible); eficácia na finalização (diferentes soluções; concretizar com
oposição; não recear o contacto).

i) Ritmo do ataque – decidir rápido, não ficar com a bola nas mãos - driblar para
atacar (penetrar, abrir um ângulo de passe); circulação rápida da bola, ritmo de
passe; movimentos sem bola rápidos e intensos.

j) Ensino e treino da defesa “homem-a-homem” (os demais sistemas defensivos


são cada vez mais secundários/alternativos), respeitando uma progressão,
tendo em conta dois princípios:
 O alicerce duma boa defesa é cada defensor conseguir “parar” o seu
adversário directo, em 1x1, sem recurso a ajudas defensivas, sendo pelo
1x1 (atacante com bola e atacantes sem bola) que se deve começar;
 Numa boa defesa (em equipas de rendimento) os cinco defensores são,
colectivamente, responsáveis por “parar” a bola.

k) Pressão defensiva - para limitar e condicionar o ataque adversário é


fundamental:
 Pressionar a bola, defender em 1x1 – parar as penetrações (em 1x1…),
contestar todos os lançamentos, dificultar os passes;
 Cortar/Condicionar a circulação da bola – fechar as linhas de primeiro
passe; pontos de pressão da defesa (passes para dentro; poste alto;
mudança de lado);
 Ajudar “na linha de passe”.
ATAQUE CONTRA HXH

 Os ataques que indicamos são formas possíveis de organização da equipa, sendo


que o mais importante é que os jogadores aprendam a ler o jogo e a decidir/agir,
em função dessa leitura.

 Permitem diversos graus de complexidade, em função do nível de jogo da equipa,


isto é, compete ao treinador perceber/decidir “até onde chegar” na sua aplicação.

 São ataques “contínuos”, com a preocupação de envolver todos os atacantes e


não um conjunto de “set plays” para explorar “pontos fortes”.

 Baseiam-se numa estrutura de “quatro fora, um dentro”, com espaços/aclarados


para jogar 1x1, tanto com bola, como sem bola.

 Pretende-se incentivar uma rápida circulação da bola, atacando com muitos


passes e com elevado ritmo, o que é facilitado por passes curtos.

 Independentemente dos movimentos utilizados, a continuidade do ataque assenta


num conjunto de regras que todos os jogadores devem dominar:
a) Como reagir às penetrações em drible;
b) Como continuar a jogar após um passe para dentro;
c) Como mudar a bola de lado e continuar.

EXERCÍCIOS

 O conjunto de exercícios descritos é composto pelos utilizados na preparação das


Selecções Nacionais de SUB-16 e por outros que fazem parte do reportório
habitual de diversos membros da Equipa Técnica Nacional.

 É a intervenção do Treinador que garante (ou não…) o valor/utilidade do exercício;


focar-se no tema central/prioridade do exercício, corrigir e criar um clima de
exigência é o que faz um bom exercício.

 O último bloco é constituído por exercícios de preparação táctica, a partir dos


ataques apresentados, os quais visam o ensino/treino da técnica e da táctica
individuais, de forma integrada. Conforme os objectivos em causa, podem ser
utilizados de formas diversas:
 Sem oposição;
 Com oposição condicionada;
 Com ou sem vantagens para o ataque (por exemplo, um “passador”);
 Com oposição total (“jogo”).
ATAQUE CONTRA
HxH
 
EQUIPA  TÉCNICA  NACIONAL  
ORIENTAÇÕES  METODOLÓGICAS  PARA  O  ENSINO/TREINO  DO  ATAQUE    
 
PASSE  PARA  DENTRO  
 
 
  • Passe  para  dentro  
  (opções):  
   
   -­‐  Passe  e  corte  
   -­‐  Reposição  no  sentido  da  
  bola  
 
 
 
 
  • Caso  o  atacante  no  
  topo  não  seja  
  lançador  
 
 
 
 
 
  • Caso  o  poste  não  
  consiga  jogar  1x1:  
 
hand-­‐off  
 
 
 
 
 
 
 
  •  Reagir  as  ajudas  (ou  
  2x1):  cortar  nas  costas  
  (para  o  cesto)  
 
 
 
 
 
 
  •    Opções  mais  avançadas  
 
 
   
 
 
 
 
PASSE  DE  RETORNO  –  MUDANÇA  DE  LADO  
 
 
 
  • Passe  de  retorno-­‐  
  ofensividade:  
   
  -­‐  "high-­‐low":  (obrigar  a)  
  ganhar  posição,  ver  dentro  
 
 
 
 
  • 2x2-­‐  Mudar  de  lado:  
   
  -­‐  Ao  drible;  fintar  para  a  
  bola,  corte  nas  costas  
  -­‐  "hand-­‐off"  
  -­‐  Bloqueio  direto  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  •  Possíveis  sequências  
  (exemplos)  do  "hand-­‐
  off"  
 
 
 
 
 
 
 
 
•  Opção  mais  avançada:  
 
Bloqueio  na  bola,  na  
   
sequência  do  "hand-­‐
 
  off"  
 
   
 
 
ATAQUE  “EM  TRANSIÇÃO”  (1)  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  • Diversas  opções  -­‐  leitura  da  
  defesa:  "1"  escolhe,  "2"  
  reage:  
  • Triângulos  ofensivos  
  • Leitura  da  defesa  nos  
  bloqueios  
  • Continuidade:  passe  dentro  ;  
  passe  ao  "poste  alto"  
 
 
 
• Outra  opção:  bloqueio  
 
  "poste"-­‐"  poste"  
   
   
   
   
   
   
   
   
  • Se  é  extremo  a  "subir"  a  bola  
  -­‐  duas  opções  :  
  • entrar  no  "jogo  básico"  
  • entrada  diferente  no  ataque  
  "em  transição"  (sequência  
  igual)  
 
 
ATAQUE  “EM  TRANSIÇÃO”  (2)  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  • Bloqueio  central,  se  
  necessário  e  se  o  nível  de  
  jogo  o  justificar  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATAQUE  COM  “DOIS  BASES”  (1)  
 
 
  • Início  com  passe  ao  extremo  
  ("Poste"  sobe  para  a  
  esquina)  
   
  • Aclarado  para  jogar  1x1  ou  
  corte  nas  costas  
 
 
 
  • Mudança  de  Lado  
   
  • Sobremarcação:  Costas  nas  
  costas  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  • Continuidade:  
   
   -­‐  passe  dentro/high-­‐low  
   -­‐  passe  ao  "4",  ou  1x1,  ou  
  mudança  de  lado  
 
 
 
 
 
• Mesmo  ataque,  com  início  
 
diferente  (bases  permutam)  
 
 
 
 
 
 
 
 
ATAQUE  COM  “DOIS  BASES”  (2)  
 
 
 
  • Início  por  qualquer  um  dos  
  lados  ou  definindo  um.  no  
  caso  dos  extremos  serem  
  "diferentes"  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  • Bloqueio  central,  se  
  necessário  e  se  o  nível  de  
  jogo  o  justificar  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOGO BÁSICO
Por Jogo Básico entendemos um conjunto de regras para a continuidade do ataque, quaisquer que
sejam os sistemas ofensivos, nos “momentos” comuns a todos eles:

 Penetrações em drible;
 Passes para dentro;
 Mudanças de lado da bola.

Cumprindo o princípio que, sempre que a bola se movimenta, todos os quatro atacantes sem bola
se devem movimentar, há que estabelecer um conjunto de normas, definindo as acções de cada um
deles, em função da bola e da área do campo em que se posiciona.

Para as Selecções Nacionais “de formação” foi adoptado o conjunto de regras a seguir explicitadas,
as quais dão forma ao respectivo Jogo Básico.

Assumindo uma continuidade do ataque com “4 fora e 1 dentro”, definimos quatro áreas que
devem estar sempre preenchidas por um atacante, sendo que numa delas haverá dois (um
“exterior” e o “interior”):

Acima da linha de lance livre (LLL) – lado direito e lado esquerdo

Abaixo da LLL – lado direito e lado esquerdo

Definimos também o seguinte:

a) Não devem acontecer duas penetrações seguidas;


b) A circulação rápida da bola é uma prioridade, o que é facilitado por passes curtos.

Ou seja:

a) Um atacante que recebe a bola na sequência duma penetração em drible deve lançar ou
passar e tem que decidir rápido (“não ficar com a bola na mão”);
b) Os outros atacantes têm que se movimentar, de modo a abrir, pelo menos, duas linhas de
passe ”fácil”/curto.

Anexo – Orientações Nacionais 1


COM A BOLA ACIMA DA LLL

- Na sequência duma penetração (e passe), os atacantes


movimentam-se na mesma direcção que a bola

- Se o passe é executado fora da área restritiva (AR), o passador


deve “abrir” para o mesmo lado (fora dos 6.75)

- Se o passe é executado dentro da AR, o passador corta para o canto


vazio/livre

- Mesma regra: movimento na mesma direcção que a bola


- “2” deve cortar para o cesto, nas costas do seu defensor, se este
ajudar na linha da penetração, comprometendo-se com a bola

- Cortar para o canto vazio

Anexo – Orientações Nacionais 2


COM A BOLA ACIMA DA LLL

- Caso “2” não corte para o cesto (porque o seu defensor ajudou
na linha de passe, não se comprometendo com a bola), “5” pode
optar por um dos dois movimentos

- Cortar para o canto vazio

COM A BOLA ABAIXO DA LLL

- Situações diferentes, conforme o poste está no lado forte ou no lado


fraco

- Poste no lado fraco: deve “esconder-se” junto da linha de fundo, fora


do ângulo de visão do seu defensor, “dividindo-o”, obrigando-o a
movimentar-se

- Penetração em drible: manter a regra, mas com uma excepção – há


que “carregar” o canto do lado fraco

Anexo – Orientações Nacionais 3


COM A BOLA ABAIXO DA LLL

- Passe para o canto: saída em diagonal, para o mesmo lado

- Passe de segurança: aclarar para o lado contrário, possibilidade


de explorar o triângulo ofensivo

- Se o passe é executado dentro da AR, o passador corta para o canto


vazio/livre

- Penetração pela linha de fundo, com o poste no lado forte:

a) “5” abre

b) “4” corta par o cesto/bola

c) “2” “carrega” o canto, a não ser que o defensor se encontre na linha


de passe (nesse caso, “sobe”)

COM A BOLA ABAIXO DA LLL

Anexo – Orientações Nacionais 4


- “3” continua movimentar-se, após ter passado a bola

- Se o passe é executado fora da área restritiva (AR), o passador


deve “abrir” para o mesmo lado (fora dos 6.75)

OUTROS EXEMPLOS DE PENETRAÇÕES EM DRIBLE

Anexo – Orientações Nacionais 5


PASSE PARA DENTRO

- Manter as quatro áreas preenchidas

- Lado forte: bloqueio “split”

- Lado fraco: “4” corta para o cesto/bola, “2” repõe

- Opções, caso um dos “exteriores” do lado forte não seja lançador

- Se o “5” não ganha vantagem


dentro, nem assiste para fora: “hand-
off”

Anexo – Orientações Nacionais 6


PASSE DE RETORNO

Poste no lado forte – triângulo ofensivo:

a) “High-low”

b) “Carregar” o canto, para lançamento

Poste no lado fraco:

a) Incentivar o 1x1

b) Poste ganha posição dentro, quando há passe de retorno

MUDAR A BOLA DE LADO

- Corte nas costas, antecipando o ponto de pressão da defesa

- 2x2 – “Hand-off” (ou passe e bloqueio directo lateral)

- “Pick and roll” (sequência, caso seja necessário)

Anexo – Orientações Nacionais 7


BLOQUEIOS DIRECTOS

- Bloqueio central

- Bloqueio lateral (“pick and roll”)

- Bloqueio lateral (“pick and pop out”)

Anexo – Orientações Nacionais 8


POSSÍVEL ENTRADA DIRECTA NO “JOGO BÁSICO”

 Passe e corte

OU

 Drible e aclaramento – “1” e


“2” permutam

- Passe para dentro


- Passe de retorno

- Triângulos ofensivos
- Mudança de lado

Continuidade

a) bloqueio cego

b) passe para dentro

c) passe de retorno

Anexo – Orientações Nacionais 9


Exercícios
Exercício 1 - 1x0 exterior – técnica individual ofensiva

1x0 – soluções diversas de arranque, penetração e finalização, variando ângulos e ritmos


de receção.

Exercício 2 - 1x0 interior – técnica individual ofensiva

1x0 – angulos diferentes de ganho da posição interior. Trabalho centrado em 4 soluções


de 1x0: decisão à linha com drible de rotação para finalização; ataque à linha para
inversão ao meio com lançamento em semi-gancho; ataque ao meio para lançamento em
semi-gancho; ataque ao meio para inversão para finalizar em envolvimento pela linha
final.

Exercícios 3 - 1x1 com vantagens ofensivas

1x1 com vantagens ofensivas em


velocidade
Exercícios 4 e 5 - 1x1 interior – ofensivo/defensivo

1x1 – exploração em situação de 1x1 dos argumentos e das regras defensivas treinadas
para as passagens pelo interior.

Exercício 6 - 1x1 exterior – ofensivo/defensivo

1x1 – exploração ofensiva/controlo defensivo à saída da ajuda – aplicações de soluções


ofensivas trabalhadas em 1x0.

Exercício 7- 1x1 exterior – ofensivo/defensivo

1x1 defensivo com tema tático


Exercício 8- 1x1 exterior – ofensivo/defensivo

1x1 defensivo com tema tático

Exercício 9 – 2x2 defesa de exteriores (1)

Regras defensivas de defesa de exteriores ao lado da bola.

Exercício 10 – 2x2 defesa de exteriores (2)

Regras defensivas de defesa de exteriores ao lado da bola.


Exercício 11 – 2x2 defesa do bloqueio direto

2x2 com exigência nas regras defensivs do bloqueio direto. Introdução de passadores
fixos em determinados pontos de forma a tornar mais real aexigência de determinadas
regras defensivas.

Exercício 12 – 2x2 relação exterior/interior lado da bola

2x2 ofensivo/defensivo com estímulo nas regras de relação extremo/poste.

Exercício 13 – 2x2 relação exterior/interior lado contrário


da bola

2x2 ofensivo/defensivo com estímulo às regras de reação às penetrações.


Exercício 14 – 3x3 relação exterior/interior lado da bola

3x3 com exigência nas regras de relação extremo/poste – jogar a partir do passe ao
interior.

Exercício 15 – 3x3 relação exterior/interior lado contrário


da bola

3x3 a partir das reações às penetrações.

Exercício 16 – 3x3 jogar a partir do bloqueio direto com


exterior ao lado contrário da bola

3x3 ofensivo/defensivo leitura do bloqueio direto com linha de passe ao apoio do lado
contrário da bola.
Exercício 17 – 3x3 jogar a partir do bloqueio direto com
exterior ao lado contrário da bola

3x3 ofensivo/defensivo leitura do bloqueio direto com linha de passe ao apoio do lado
contrário da bola.

Exercício 18 – passe/receção , 2x1

Exercício 19 – 2x1 em meio campo: quem não finaliza,


defende.
Exercício 20 – 2x1+1
Exercício 21 – 1x1+2x1 (1)

Exercício 22 – 1x1 +2x1 (2)

Exercício 23 – 5x0 + 3x2


Exercício 24 – 3x2+1 Exercício 25 – 3x2+2x1

Exercício 26 – 4x3+1 Exercício 27 – 4x3 contínuo


Conteúdo
Disposição inicial Descrição do exercicio Esquema
a treinar
3 filas
Inicia no meio campo junto à linha lateral, com o defesa colocado
1x1 entre o atacante e o cesto. (Disposição inicial)
em 1/2 campo e Joga 1x1 em 1/2 campo. (Fig. 1)
em campo Quando o defensor ganha a posse de bola (cesto sofrido ou RDfs)
1
aberto. faz passe para o CA, para o atacante que começa a correr do
Defesa do canto. (Fig. 2) Fig. 1 Fig. 2
driblador O jogador que atacou passa a defensor e há 1x1 em campo
aberto (Fig. 3).
Fig. 3
3 filas

W de recepção O jogador que está debaixo da tabela faz passe ao jogador da


do base, 1x1 em coluna central, corre e toca na bola. Vai defender.(Disposição
1/2 campo e 1x1 inicial).
em campo aberto Atacante com bola tenta 1x1, se não conseguir ultrapassar passa
2 Defesa do a bola ao extremo. (Fig. 1).
jogador sem bola Atacante tenta corte na frente, se não conseguir faz trabalho de
do lado da bola, recepção na posição de base. Pode cortar nas costas ou receber
na posição de fora, depois joga 1x1. Fig. 1 Fig. 2
base. Joga 1x 1 em campo aberto para o outro cesto.
W de recepção 4 filas Jogador na posição de base tenta 1x1. Se for bem defendio faz
Defesa dos passe ao extremo que já fez trabalho de recepção. (Fig.1).
cortes:Após 1 após passe, corta (tenta pela frente, se for bem defendido corta
passe nas costas) e vai para o lado contrário. (Fig.2).
Após corte do O defensor 1 fica em ajuda e atacante 2 tenta 1x1 (Fig.3).
lado fraco 1 corta do lado fraco para o lado da bola e decide se:
- corta para o cesto e sobe para o "cotovelo"
Fig. 1 Fig. 2
3 - corta para o "cotovelo" e desce para o "bloco"

Fig. 3 Fig. 4

2 equipas de 5 A equipa que ataca só faz passe. Os jogadores que defendem


alteram a sua posição (sobremarcação/ajuda/sobremarcação)
sempre que há passe.
Falam na defesa consoante a posição que adotam: BOLA, AJUDA,
Shell Drill FECHA, ULTIMO.
Defesa
4 sobremarcação e 1 - A defesa não interfere no passe
ajuda E 2 - A defesa pode interceptar o passe
T 3 - O atacante só faz passe e corte
A 4 - O atacante só pode fazer 1x1
P
A
5 - O atacante pode fazer 1x1 e passe e corte
S
Passe e recepção entre 3 jogadores que saem da linha de fundo
(disposição inicial).
O jogador do meio só recebe e passa .
Os jogadores dos corredores laterais driblam e passam. (Fig.1)
O passe é feito em corrida, com uma mão afastada do tronco: -
mão mais perto do colega ou
- mão mais afastada do colega
Passe e Quando chega à linha dos 3 pontos, todos lançam: Fig. 2
5 - o jogador do meio faz bloqueio direto ao extremo (jog. 1);
lançamento
- jogador 1 aproveita bloqueio e lança do cotovelo;
- jogador 2 que bloqueou desfaz para o cesto e recebe bola do
outro extremo (jog.3) - Fig.2
Jogador 2 que lançou vai ao ressalto e passa ao jogador 3

Fig. 1 Fig. 3

2 filas

Jogador 1 sem bola, faz trabalho de recepção, vai até ao bloco e


Fig. 1
sobe para a linha de lance-livre.
Quando recebe a bola enquadra com o cesto colocando primeiro
o apoio mais perto do cesto - Esq (Fig 1). Lança, vai ao ressalto e
6 Lançamento
muda de fila.
Jogador 2 que passou a bola, faz o mesmo trabalho do lado
contrário, enquadra com o cesto colocando primeiro o apoio
mais perto do cesto - Dir
Fig. 2
Close Out 4 filas Jogador 2 ataca cesto.
Ajuda e Jogador 1 reage à penetração do jogador 2 e baixa para a linha de
recuperação fundo.
Defensor 1 que está a defender atacante 1 e que está em ajuda,
7 fecha linha de penetração e pára a penetração de 2
2 passa a bola a 3 e 3 passa a bola a 1, que lança de 1/2 distancia
ou penetra em drible.
Defensor 1 corre para o seu atacante e recupera a sua posição
defensiva

Defesa do 1x1 em 3 corredores.


driblador Com compromisso:
Se ultrapassa- espera
Se tira a bola - devolve
Sem compromisso:
8 Ataque – Chegar 1º à LF
Defesa – Tirar a bola

Bloqueio Defensor 1 passa a bola ao extremo 2 e vai tocar na bola. (Fig.1)


defensivo 2 passa a bola a 3 (Fig.2) e defensor 1 passa de defesa do jog.
com bola a defesa do jog. sem bola do lado da bola -
sobremarcação (Fig.3).
3 passa a 4 (Fig. 3):
- O defensor 4 corre para contestar o lançamento. Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3
9 - O defensor 1 sai da posição de sobremarcação e entra em
ajuda.
Jogador 4 lança (Fig. 4):
- Defensor 1 vai bloquear fora o atacante 2
- Defensor 4 bloqueia o lançador
Atacantes 2 e 4 disputam ressalto ofensivo. Fig. 3 Fig. 4
EXERCÍCIOS DE RECUPERAÇÃO DEFENSIVA

Nota prévia: A fase de transição ataque/defesa dura poucos segundos. Todas


configurações assumidas para o treino desta fase do jogo devem ser curtas e muito
exigentes do ponto de vista da concentração.

Exercício 1: 2*0 e 1*1

Após uma situação de 2*0 no campo todo, pedimos ao jogador que finaliza que
conteste o 1º passe (4/5), contenha o avanço do driblador (1/2) ou corra e guarde o
seu cesto (2/3/4/5).

Exercício 2: 3*0; 2*1

Após uma situação de oito de 3, temos uma reposição da bola em jogo com o defensor
a assumir o papel do 1 (conter o avanço do driblador), do 2 (correr até à linha de ½
campo e sair a pressionar o jogador livre), do 3 (correr até à linha dos 6,75 e sair a
pressionar o jogador livre), do 4 (correr para trás até à linha dos 6,75 e enquadrar-se
com o 1º poste) ou do 5 (pressionar/contestar o 1º passe).

Exercício 3: 3*0 e 1*2

Após uma situação de 3*0 no campo todo com finalização após um movimento
ofensivo à escolha, o passador e o finalizador defendem o terceiro jogador que ressalta
e segue em drible para o cesto contrário. O defensor exterior contém o avanço do
driblador sem nunca se deixar ultrapassar e o defensor interior fecha o corredor
central, correndo para trás e, fintando o 2*1, dissuade o jogador com bola a fazer uma
transição rápida.

Exercício 4: 4*0 e 2*2

Após uma transição em 4*0 com finalização rápida pelo jogador interior que corre no
corredor central, o passador e o finalizador defendem em 2*2. Os dois defensores
agem de acordo com as normas definidas para a recuperação defensiva.

Nota: A complexidade deste exercício pode aumentar se não obrigarmos os dois


atacantes a repor a bola em jogo após o cesto em 4*0 acelerando a transição
defesa/ataque.
Exercício 5: 5*0 e 3*2

Após uma transição em 5*0 finalizada de acordo com uma qualquer movimentação
ofensiva pré-definida, temos uma situação de 3*2 onde os defensores serão
obrigatoriamente um interior e um exterior e a assumirem comportamentos de acordo
com as normas da recuperação defensiva.

Exercício 6: Do 2*1 até ao 5*5

Após uma situação inicial de 2*1, teremos uma sequência em que os ataques e as
defesas se alternam, com 3*2, 4*3, 5*4 uma final de 5*5 onde os defensores assumem
comportamentos de acordo com as normas da recuperação defensiva.
Exercícios de
Preparação Táctica
Espaços diferentes
2x0 / 2x2
Ângulos diferentes
- 1x1 sem bola
* abrir linha de passe
* corte nas costas

- Passe e corte
- 1x1 com bola
- Utilização do drible
* para atacar o cesto
* para "facilitar" o passe

3x0 / 3x3 (nalguns Exercícios, com


apoio/passador)
- A partir dum passe para dentro

- Primeira opção: jogar 1x1

2/8
- Triângulo Ofensivo (lado forte)

ou

- Mudança de Lado
* "hand-off", 2x2
* terceiro atacante no lado fraco

* Introduzir o bloqueio na bola, se o nível de


jogo se justificar

3/8
- Bloqueio Indireto
- Saída bloqueada
* bloqueio: garantir sempre duas linhas de
passe

- Com apoio/passador

ou

- Espaços / ângulos diferentes

4/8
- Corte "Shuffle"
* com apoio/passador

* Pode terminar com "bloqueio central", se o


nível de jogo já o permitir

ou

* Diferentes espaços/ângulos
- sem bloqueio na bola

* Associar corte "UCLA"

5/8
* Sequência igual à anterior

* Com o "Poste" a bloquear

- 3x3, sem bloqueio na bola, nem "hand-off", uma


atacante no lado fraco (2x2 no lado forte)

- 3x3, sem bloqueio na bola ou "hand-off"

6/8
* Bloqueio cego (vertical)

- Sem bloqueio na bola/"hand-off"

* 3x3, sem bloqueios


- simulação do bloqueio cego vertical

* Associar bloqueio indireto

- Terminando, ou não, com "bloqueio central"

7/8
* Sequências que podem, ou não, terminar com
"bloqueio Central"

ou

8/8
Anexos
PREPARAÇÃO FÍSICO-ATLÉTICA
A Preparação Físico-Atlética, enquanto meio fundamental de potenciar as capacidades/qualidades
dos nossos atletas, configura-se como uma parte determinante no planeamento a médio/longo
prazo do modelo de desenvolvimento do nosso Basquetebol.

Assim, consideramos de extrema importância que esta vertente do treino seja abordada ao longo
da carreira desportiva em paralelo com o ensino do jogo.

Porquê?

 Potencia as capacidades motoras /qualidades atléticas dos nossos atletas permitindo


elevar o nível de desenvolvimento do jogo. Pretendemos um jogo mais rápido, mais forte,
mais agressivo.

 Privilegia o trabalho da prevenção de lesões, com o objetivo de permitir aos praticantes


épocas desportivas consistentes e carreiras desportivas mais longas.

 Permite a individualização do trabalho físico respeitando as necessidades/carências de


cada atleta colmatando/corrigindo assimetrias e más posturas.
Onde?
Este trabalho seria realizado:

 Nas Seleções Nacionais e Centros de Treino;


 Nas Seleções Distritais/Regionais;
 Nos Clubes.
Como?

Sob a orientação de um especialista - preparador físico a trabalhar para a F. P. B. (tal como já


existe o médico e o fisioterapeuta que colaboram com as equipas técnicas), que definirá uma
orientação nacional do que será desejável realizar em cada escalão etário.

Deverá construir sessões tipo para as diferentes capacidades, com exercícios, circuitos, etc.

Todos os treinadores, envolvidos nas Seleções (Nacionais e Regionais) e nos Clubes, seriam os
responsáveis por aplicar este trabalho durante as sessões de treino que dirigem.

Seria importante que este especialista fizesse uma ronda pelas Associações, a exemplo do que fez
o novo D. T. N., chamando os Treinadores - Selecionadores Distritais e Treinadores dos Clubes
interessados - para divulgar a informação e explicar a importância da inclusão deste trabalho, na
otimização do desenvolvimento dos jogadores e respetiva contribuição para o desenvolvimento
do nível de jogo.

O Clinic anual de Formação (Cantanhede), onde comparece sempre um elevado número de


treinadores, será um momento adequado para apresentar o especialista, que integrará a Equipa
Técnica Nacional, bem como as linhas orientadoras do trabalho a desenvolver, que deve ter início
já no começo da próxima época – 2015/16.
F. P. BASQUETEBOL S. N. MASCULINAS DE FORMAÇÃO 2012/2014

SELECÇÕES NACIONAIS MASCULINAS (S 20, S 18, S 16)

2012/2014 – ANÁLISE E RECOMENDAÇÕES

A. INTRODUÇÃO

O presente documento não pretende ser um relatório, muito menos uma prescrição
de métodos e procedimentos. É, isso sim, o resultado duma reflexão colectiva sobre a
actividade das S. N. Masculinas “de jovens”, desde Janeiro de 2012 até ao presente,
período em que desempenhei as funções de coordenador das mesmas.

Para quem queira ter acesso a informações mais detalhadas, estão disponíveis para
consulta os relatórios elaborados anualmente pelos treinadores de cada S. N., os quais
foram enviados aos treinadores dos jogadores selecionados, bem como aos D. T. R. das
respectivas Associações.

Por outro lado, dado que estamos a cessar as nossas funções, parece-nos descabido,
neste momento, estar a propor um “Programa Técnico-Táctico” orientador da nossa
formação de jogadores, que venha a ter o seu reflexo na S. N. de cada escalão etário.
Essa é uma tarefa da próxima Equipa Técnica Nacional.

O que achamos ter cabimento é transmitir aos nossos treinadores, particularmente


aos que se dedicam aos escalões de formação, uma súmula da análise que fazemos da
nossa experiência internacional (tendências do Basquetebol moderno, principais
dificuldades que as nossas equipas têm no confronto internacional) e um conjunto de
recomendações resultantes daquela análise, que se nos afiguram pertinentes e de
concretização urgente.

B. ANÁLISE

No Basquetebol moderno, praticado a nível internacional, são identificáveis algumas


características comuns, tanto na dimensão individual (jogadores), como na forma de
jogar das equipas, o que não significa que sejam (todas, pelo menos) propriamente
“novidades”.

Para que a qualidade do nosso Basquetebol evolua, é fundamental que a nossa


formação de jogadores seja orientada por estas “tendências”, das quais destacamos
as que apontamos a seguir:

a) Polivalência/Versatilidade da grande maioria dos jogadores;

b) Jogadores com grande capacidade atlética, particularmente visível na


capacidade de executarem eficazmente em grande velocidade e na capacidade
de explosão e impulsão;

c) Elevada eficácia a jogar 1x1, tanto no ataque, como na defesa;

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d) Jogo em todo o campo e (quase) sem paragens, sem lugar para momentos de
“ir para o ataque” ou “ir para a defesa” – ataque, logo que se ganha a posse da
bola; defesa, logo que se perde a posse da bola; luta pela posse da bola
(ressalto, bolas divididas);

e) Defesa “homem-a-homem”, sempre que possível estendida a todo o campo e


tendo como principal alicerce a grande pressão sobre a bola;

f) Ataque em todo o campo (contra-ataque, “transição”/”chegar a jogar”),


procurando sistematicamente aproveitar vantagens numéricas ou posicionais,
para fazer pontos antes que a defesa esteja “montada”;

g) Ataque 5x5 em meio-campo (forçado pela defesa), jogando com muito espaço
entre os atacantes (normalmente, “4 fora e 1 dentro”) e baseado na grande
mobilidade dos jogadores (quatro atacantes, ou mesmo os cinco, móveis e
rápidos), num elevado ritmo ofensivo (grande velocidade de circulação da bola
e dos movimentos sem bola) e na efectiva ofensividade das acções de todos os
atacantes.

Face ao conjunto de exigências colocado pela competição internacional, é importante


apontar quais as principais dificuldades que as nossas equipas experimentaram,
devendo a nossa formação de jogadores centrar-se na melhoria das capacidades dos
nossos jovens praticantes relativamente a estes indicadores. Assim, destacamos as
seguintes conclusões:

1) Genericamente, temos muito maiores dificuldades no ataque que na defesa,


isto é, a nossa eficácia defensiva está muito mais próxima do nível internacional
que a nossa eficácia ofensiva;

2) Apresentamos percentagens de lançamentos muito baixas;

3) Os nossos jogadores são muito pouco eficazes a jogar em “campo aberto” (o


que exige decidir bem e executar bem em alta velocidade…), nomeadamente
no aproveitamento das situações de contra-ataque;

4) Pouca capacidade para jogar 1x1, tanto no ataque como na defesa, sendo
mesmo a nossa principal carência defensiva a defesa (em 1x1) do atacante
“exterior” com bola;

5) Movimento/circulação da bola muito lento, normalmente associado a uma


utilização indiscriminada do drible (“bola na mão, bola no chão”), o que diminui
bastante a capacidade ofensiva das equipas;

6) Os grupos que constituem as nossas Selecções Nacionais caracterizam-se por


uma grande heterogeneidade, nomeadamente no que se refere aos “hábitos”
de treino e ao conhecimento do jogo, o que torna ainda mais difícil “montar”
uma equipa, atendendo ao reduzido tempo de preparação de que dispomos;

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7) Ocorrência sistemática de períodos de quebra (frequentemente de “desnorte”)


durante os jogos, que originam, em poucos minutos, desvantagens pontuais
que, quase sempre, são impossíveis de recuperar; este problema de falta de
consistência tem a ver com o facto de termos que jogar em superação, algo a
que os nossos jogadores não estão habituados;

8) Grandes dificuldades em jogar com o grau de intensidade e de contacto físico


que a competição internacional exige, o que deriva não só do que referimos no
ponto seguinte, mas também dos hábitos de treino e de competição da
maioria dos nossos jogadores;

9) Capacidade físico-atlética nitidamente abaixo da generalidade das restantes


equipas.

Do que atrás ficou expresso resultam um conjunto de ideias orientadoras para a


nossa formação de jogadores, que passamos a expor.

a) O facto de termos algumas desvantagens antropométricas e morfológicas,


relativamente à maioria dos nossos adversários, torna ainda mais importante
que do ponto de vista físico-atlético sejamos, se não melhores, pelo menos tão
fortes como os mais fortes. No entanto, não é isso que acontece, antes pelo
contrário, somos claramente deficitários, sendo menos rápidos e menos
potentes que a maioria das outras equipas. Assim, Investir na preparação
físico-atlética, respeitando as etapas de progressão, tem que passar a ser,
urgentemente, uma das prioridades da nossa formação, nomeadamente no
que respeita ao treino da Força e ao Treino Funcional.

b) Relativamente à forma de treinar (distinguindo de ensinar/aprender e


aperfeiçoar) e acreditando que “se joga como se treina” (ressalvando que
treino e jogo não são a mesma coisa…), é decisivo que treino seja, para os
treinadores e para os jogadores, sinónimo de exigência/auto-exigência de
superação, intensidade, contacto físico sempre que necessário; se acreditamos
mesmo que a forma com treinamos determina a forma como jogamos, então
treinar não pode ser sinónimo de “dar treino” (para os treinadores), nem de “ir
ao treino” (para os jogadores); não serve de nada proclamar que é importante
“jogar concentrado”, “jogar intenso”, “jogar duro” e outras frases do género, o
que realmente conta é que o treino prepare para que se jogue dessa forma…

c) Para formarmos jogadores que sejam eficazes quando forem Seniores, há que
centrar a formação nos fundamentos do jogo – técnica individual (“comos”) e
táctica individual (“quandos”) – ensinando-os e treinando-os de forma
integrada; é errado pretender formar jogadores, ensinando-lhes somente
técnica individual “pura” (1x0) e táctica colectiva (“sistemas”).

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d) Todos os fundamentos do jogo são importantes, mas importa determinar


quais são os prioritários em cada momento; presentemente, entendemos que
os fundamentos que devem constituir prioridade de ensino/treino são os
seguintes:

 1x1, tanto ofensivo, como defensivo, com particular ênfase nalguns pontos:
 Defesa do 1x1 facial ao cesto;
 Ataque – 1x1 com bola, leitura e execução (caso especial dos nossos
“postes”, nomeadamente dos futuros “quatros”);
 Ataque – 1x1 sem bola, leitura e execução do 1x1 (abrir linhas de
passe, cortes, bloqueios)

 Lançamento, em geral e particularmente nas seguintes situações - após


drible (quase só se utiliza o lançamento na passada); em contra-ataque;
alguns pontos a ter em atenção, de forma progressiva:
 Técnica de lançamento;
 Selecção do lançamento/decisão, confiança;
 Diferentes soluções de lançamento – “quando” e “como”;
 Eficácia – volume e intensidade, treino individual (objectivos);

 Passe – trabalho de pés, fintas/ler o defensor, nomeadamente nas


seguintes situações – passe para dentro; passar em movimento/velocidade
(contra-ataque); utilização do drible para abrir uma linha/ângulo de passe;

 O trabalho de pés “básico”, quer ofensivo, quer defensivo, é essencial no


ensino/treino da técnica individual e a bagagem que os nossos jogadores
apresentam neste fundamento é, na generalidade, muito pobre;

 Táctica individual ofensiva, com bola e sem bola – aprender a tomar


decisões/escolher, em função da leitura do jogo.

e) Falando de ataque, a formação dos jogadores deve prepará-los para um jogo


em que a ideia central é a de todos os atacantes procurarem ganhar vantagem
(com bola e sem bola) desde que a equipa ganha a posse da bola, o que
significa atacar em todo o campo, com continuidade, reduzindo ao mínimo os
momentos de “paragem”.

f) O contra-ataque é um dos aspectos do jogo que nos exige especial atenção, já


que se verifica ser um dos nossos pontos fracos. Observando o jogo a alto nível,
constata-se que as equipas mais eficazes a jogar em contra-ataque têm vários
jogadores capazes de “fazer tudo”, o que permite que consigam ser ofensivos

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em situações de jogo (contra-ataque, neste caso) muito diversas, sabendo


aproveitar as situações de vantagem (numérica ou posicional), o que significa
que o ensino e o treino do contra-ataque têm que atender a alguns pontos
essenciais - a imprevisibilidade das situações de contra-ataque (diferente da
“transição”); a necessidade de formar jogadores versáteis e criativos
(fundamental), o que exige que, nas primeiras etapas de formação, “todos
façam tudo”; a simplicidade, associada a um elevado grau de dificuldade (é
muito difícil decidir e executar com velocidade máxima).

g) Nas equipas de formação, atacar 5x5 em meio-campo deve acontecer apenas


quando não foi possível explorar/finalizar o contra-ataque, ou seja, é a defesa
que “força” a jogar 5x5 em meio-campo, devendo o ataque basear-se nos
fundamentos - táctica individual (capacidade de “leitura” do jogo, de escolher a
melhor acção ofensiva, com bola e sem bola); técnica individual ofensiva
(capacidade de execução, eficácia).

h) Na formação, é essencial que os jogadores adquiram a mentalidade de tentar


sempre bater o adversário directo, tendo em conta o que o jogo actual exige:
 Elevada eficácia a jogar 1x1 (exige ser bom lançador), com bola e sem bola;
 Capacidade para fazer penetrar a bola, através de passe ou de drible;
 Que todos os (quatro) atacantes sem bola reajam a cada movimento da
bola (passe, drible ou lançamento)
 Ritmo ofensivo - grande velocidade de circulação da bola/mudar de lado,
para bater as defesas actuais, a bola “não pode parar” nas mãos dum
jogador; intensidade/velocidade dos movimentos sem bola
 Reagir ao lançamento – ressalto ofensivo/balanço defensivo

i) Assim, a construção dum “jogo básico” deve assentar numa progressão de


ensino e treino de alguns pontos essenciais:
 Atacante com bola tem que decidir rápido (1, 2 segundos)
 1º - “Tiro” ou penetração em drible (incentivar o 1x1)
 2º - Passe para dentro
 3º - Circulação rápida da bola (“não ficar com a bola na mão”)/Mudar de
lado
 Ofensividade do drible (não permitir o “bola na mão, bola no chão”) – para
penetrar para o cesto ou para abrir um ângulo de passe
 Atacantes sem bola – jogar 1x1 contra o seu defensor, “facilitar” o 1x1 do
atacante com bola; reagir a cada movimento da bola (passe, drible ou
lançamento)
 Explorar os triângulos ofensivos

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 Espaço e Tempo – equilíbrio/distância entre os atacantes; áreas aclaradas,


para jogar 1x1; ritmo de passe (passes curtos, “fáceis”); explicar com clareza
os “timing” dos cortes e bloqueios.

j) Relativamente à defesa, o ensino e treino da defesa “homem-a-homem” (os


demais sistemas defensivos são cada vez mais secundários/ alternativos) deve
respeitar uma progressão, tendo em conta dois princípios:
 O alicerce duma boa defesa é cada defensor conseguir “parar” o seu
adversário directo, em 1x1, sem recurso a ajudas defensivas;
 Os cinco defensores são, colectivamente, responsáveis por “parar” a bola.

k) Defender em todo o campo deve ser um “sistema básico” nos escalões de


formação, progredindo da defesa hxh “simples”, para o hxh com 2x1 e (ou)
“salta e troca” e, numa última etapa para as zonas “press”.

l) Ensinar (primeiro) e treinar (depois) a recuperação defensiva - não há


marcações individuais; entre a linha da bola e o cesto; “sprintar”, proteger o
cesto/área restritiva; parar a bola, pressionar; marcar sempre o atacante com
bola, contestar os “tiros”; comunicar.

m) Uma real capacidade de pressão defensiva é a base fundamental para limitar e


condicionar o ataque adversário, sendo essencial que os nossos jogadores
sejam capazes de
 Pressionar a bola, defender em 1x1 – parar as penetrações (em 1x1…),
contestar todos os lançamentos, dificultar os passes;
 Cortar/Condicionar a circulação da bola – fechar as linhas de primeiro
passe; pontos de pressão da defesa (poste alto; mudança de lado);
 Ajudar “na linha de passe”.

n) Os exercícios de treino (o que é diferente de aprendizagem e de


aperfeiçoamento) devem ser concebidos em função da realidade do jogo,
nomeadamente obrigando os jogadores a terem que reagir sempre, fazendo da
ideia que “o jogo não pára” um hábito adquirido pelos jogadores, o que passa
por usar exercícios que liguem os vários “momentos” do jogo, devendo o
ressalto fazer parte de todos os exercícios, de modo a “reproduzir o jogo”:
 Ataque – Ressalto ofensivo – Recuperação defensiva/Defesa pressionante
 Defesa – Ressalto defensivo – Contra-ataque/Transição ofensiva/Saída de
pressão.

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C. RECOMENDAÇÕES

Para os treinadores de formação

1. A nossa primeira recomendação, que fazemos sem quaisquer intuitos


moralistas ou doutrinadores, não tem a ver com questões técnico-tácticas, mas
sim com a nossa (dos treinadores) forma de estar na modalidade, com o nosso
compromisso. Tal como a generalidade dos envolvidos no Basquetebol, mas
com particular responsabilidade, dado o papel que nos cabe, os treinadores
vêm evidenciando, nos últimos anos, um crescente desinteresse pelos
problemas comuns a todos, assumindo uma postura predominantemente
individualista, que (nos) tem sido bastante prejudicial. É altura de nos
mobilizarmos, comprometendo-nos com o desenvolvimento da modalidade,
reassumindo o papel (que já foi nosso) de orientadores e motores do mesmo.

2. Damos um exemplo de algo que urge modificar radicalmente: o ambiente em


que decorrem a maioria dos jogos das competições “de formação”, quase
sempre de agressividade exacerbada, conflituoso, que os treinadores
raramente contrariam. Cabe ao treinador combater este clima, fazendo-o pelo
exemplo, quer na forma como se relaciona com os jogadores e com os demais
envolvidos no jogo, assim como nas atitudes que toma perante
comportamentos incorrectos dos jogadores que treina, que, lamentavelmente,
são frequentes e passam quase sempre sem intervenção adequada dos
treinadores.

3. O conceito de progressão é decisivo quando se treina equipas de formação,


isto é, quando o objectivo central é formar jogadores. Há que ter sempre
presente que “antes de se poder andar, há que gatinhar e aprende-se a andar
antes de se poder correr”. Ou seja, primeiro os jogadores têm que aprender (e
o treinador tem que ensinar e corrigir…), depois aperfeiçoar (dominar,
automatizar) e só depois estão em condições de treinar (repetir, com exigência
de intensidade/velocidade/eficácia). Esta ideia de progressão é válida tanto no
ensino/treino dum qualquer conteúdo técnico ou táctico do jogo, como para
os tipos e níveis de exigência que são colocados aos jovens praticantes.

4. Temos verificado que, dum modo geral, a ética de trabalho dos jogadores, de
todas as categorias, é excelente, traduzindo-se em disponibilidade e vontade
para aprender e treinar. No entanto, quanto à sua capacidade para treinar
(leia-se para o fazer sempre com atenção/concentração e intensidade
elevadas), há uma visível heterogeneidade; muitos dos nossos jogadores têm
que aprender a treinar (o que é diferente de quererem…), o que, obviamente,
só se consegue se os treinadores os ensinarem a treinar… Treinando mais e
melhor!

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5. Isto é, a evolução dos nossos jogadores passa (também) por aprenderem,


aperfeiçoarem e treinarem num clima de elevada exigência, o qual depende,
essencialmente, da intervenção (baseada na auto-exigência…) do treinador, em
particular através da correcção, tanto quanto possível individualizada; se
treinar é repetir, então treinar bem só pode ser repetir bem…

6. Recomendamos vivamente que a formação dos jogadores, particularmente nos


escalões etários mais baixos, se recentre nos fundamentos do jogo e não na
preocupação (que predomina hoje em dia…) de priveligiar organizações tácticas
colectivas pré-concebidas e complexas, em prejuízo de ser estimulada a leitura
do jogo e valorizada a execução técnica correcta.

7. Faz parte do “ser treinador” ir construindo uma filosofia própria, sustentada


em convicções (e não em modas…). Tratando-se da formação de jogadores, a
forma como se ensina e treina é determinada pela opção por uma de duas
concepções opostas:
 Os jogadores evoluem através da táctica colectiva;
 As equipas/nível de jogo evoluem através da evolução dos jogadores –
técnica individual, táctica individual.

8. A nossa opção é clara: há que privilegiar a evolução de cada um dos


jogadores, através da qual se faz a evolução do nível de jogo da equipa. Existe
uma diferença fundamental no raciocínio do treinador, conforme treine uma
equipa de Seniores ou um escalão de formação:
a) Nos Seniores, a tarefa do treinador é conseguir aproveitar ao máximo as
características dos jogadores que compõem a equipa;
b) Numa equipa de formação, trata-se de, respeitando as etapas dum
programa a médio/longo prazo, ir “construindo” o jogador, por forma a
poder atingir o mais alto nível quando for Sénior, de acordo com o
conhecimento que o treinador deve ter das tendências de evolução do jogo.

9. Nesta linha, é urgente desmistificar e ultrapassar algumas “crenças” e “modas”


que são prejudiciais para a qualidade da nossa formação de praticantes, das
quais referimos algumas:

a) O conceito redutor de “modelo de jogo”, enquanto decalque de sistemas e


combinações tácticas (“todos os escalões vão jogar da mesma forma” é uma
ideia errada!), substituindo-a pelo de Programa, respondendo às questões
verdadeiramente importantes:
 Quais são as exigências que o Basquetebol moderno coloca e para as
quais temos que formar jogadores? Ou, dito doutra forma: que “modelo

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de jogador” temos que formar, tendo em conta as tendências de


evolução do jogo?
 O que ensinar/treinar em cada uma das etapas de evolução dos
jogadores?
 Decisão + Execução… Conceitos + Técnica Individual… “Quandos” +
“Comos”…
 Táctica Individual antes da Táctica Colectiva…

b) Da mesma forma, o Planeamento duma equipa de formação é muito


distinto do duma equipa de Seniores, que tem como unidade fundamental
de planeamento ao longo da época o microciclo, orientado em função do (s)
jogo (s) da semana. Na formação, as variáveis que determinam as decisões
de planeamento são outras: o conhecimento das etapas de evolução dos
jogadores e do nível de jogo e a avaliação sistemática dos indicadores
individuais e colectivos dessa evolução, sendo a competição um elemento
importante de aferição. Planear semanalmente, tendo como preocupação
fundamental ganhar ao fim-de-semana, pode ser muita coisa, mas não é
certamente planear a formação de jogadores. Dito doutro modo, formar
jogadores é algo muito diferente de preparar equipas para “ganhar o jogo
seguinte”!

c) O erro de pensar que a formação dum jogador (que se quer “de alto nível”)
está terminada aos 18 anos; antes pelo contrário, a partir dessa idade a
formação do jogador deve passar por uma elevação significativa do nível de
exigência do treino e da competição. Se acreditamos mesmo que “se joga
como se treina”, então temos que treinar como queremos jogar… Ou seja,
nesta fase a evolução dos jogadores passa por:
 Treinar mais, com mais intensidade, mais concentração e mais
complexidade;
 Ter uma competição exigente – mais jogos, maior equilíbrio, maior
dificuldade.

d) A concepção de a Selecção de jogadores (ou “detecção de talentos”) se


resumir a um conjunto de momentos pontuais, mais ou menos isolados uns
dos outros, que mais não são que “predições” avulsas. Para ser um
realmente um processo, a selecção de jogadores tem que ser realizada, de
forma contínua, ao longo dum Programa de formação, que tem exigências
diferentes nas suas diferentes etapas. É impossível garantir que um jovem
de 15 anos vai ser um jogador de alto nível, é necessário que ele vá
continuando a ser avaliado ao longo do Programa.

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Para a (futura) Equipa Técnica Nacional

1. Do contacto que vamos mantendo com os treinadores, nomeadamente com os


que treinam equipas de formação, concluímos que, em geral, o nível de jogo e a
evolução dos jogadores ficam aquém dos conhecimentos que os treinadores
possuem. Isto é, as dificuldades destes residem, essencialmente, na aplicação do
seu conhecimento ao processo de treino, como um todo em que as diversas
“peças” interagem. Há muitos anos atrás, o Professor Hermínio Barreto
aconselhava os jovens (candidatos a serem…) treinadores a não se preocuparem
em ensinarem tudo o que sabiam, mas antes em que os seus jogadores
aprendessem o bastante, considerando o momento/nível da sua evolução.

Hoje, como nessa altura, este conselho é extrema relevância, pois refere-se à que
consideramos ser a principal “habilidade” do treinador de formação: conseguir
que os jogadores que treinam aprendam e aperfeiçoem o que é realmente
importante, no momento em que se encontram do seu percurso de formação.

Os nossos treinadores não precisam tanto de “mais conhecimento” (embora


quanto mais conhecimento tenhamos, melhores treinadores poderemos ser…),
mas sim de saber aplicá-lo, de modo a que os jogadores aprendam e, por outro
lado, de como motivar os seus jogadores/equipas, para conseguir os máximos
empenhamento e rendimento possíveis.

Esta necessidade/dificuldade de muitos dos nossos treinadores deve ter reflexo na


sua formação, inicial e contínua, através do reforço de áreas/temas, tais como:
Como Ensinar; Como Treinar; Motivação/Comunicação.

Intervir/influenciar nesta área deverá constituir uma prioridade da Equipa


Técnica Nacional, em colaboração com a Escola Nacional de Basquetebol e sob
supervisão desta.

2. É fundamental que se entenda, duma vez por todas, que um salto qualitativo ao
nível do nosso “alto rendimento” só será uma realidade, caso se cumpram três
premissas:

a) Que se trata dum processo gradual, cujos resultados apenas serão visíveis a
médio/longo prazo, o que exige um planeamento plurianual (no mínimo, com a
duração dum quadriénio);

b) Que a evolução do nível do nosso Basquetebol de “alta competição”, aferida


nos Seniores, depende da qualidade da nossa formação de praticantes;

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c) Que é da responsabilidade da Direcção da FPB e da sua Equipa Técnica a


definição dos objectivos e estratégias para o Basquetebol nacional, devendo a
actividade regional e inter-regional decorrer daquelas orientações nacionais.

3. Caso este seja o entendimento, caberá à (futura) E. T. N. dar resposta a algumas


necessidades urgentes:

i. Definir uma Proposta Táctica, ofensiva e defensiva, para as Selecções


Nacionais e divulgá-la, no sentido de a mesma vir a ser adoptada pelos
treinadores dos clubes;

ii. Elaborar, operacionalizar e aplicar um Programa de Formação de


Jogadores, por etapas/escalões etários, da responsabilidade da Equipa
Técnica Nacional, que constitua um guia orientador para os treinadores dos
Clubes;

iii. Estabelecer um Programa de “Treino Físico”, individualizado, para ser


cumprido pelos jogadores identificados como potenciais integrantes de
cada S. N. nos seus clubes, sob orientação dos treinadores dos mesmos;

iv. Diferenciar a qualidade de ensino/treino para os jovens que demonstrem


maior potencial (“talentos”), numa base bastante mais alargada que os
Centros de Treino e (ou) as Selecções Nacionais;

v. Elaboração duma lista (aberta, em constante actualização) de “Jogadores


de Interesse Nacional”, nos diversos escalões etários, que sejam
permanentemente acompanhados pela E. T. N., numa perspectiva de longo
prazo.

D. CONCLUSÃO

Dentro de muito pouco tempo tomará posse a Direcção da F. P. B. que dirigirá os


destinos da modalidade ao longo do próximo quadriénio, que esperamos seja de
desenvolvimento da mesma. Para que tal se verifique, é crucial definir um Plano
Estratégico, que nos sirva de orientação e que integre num todo coerente as decisões
a tomar, a actividade regular e os eventos especiais, garantindo que a intervenção dos
diversos agentes da modalidade contribui para objectivos comuns, com a finalidade
de, no final do mandato, termos um Basquetebol melhor.

O desenvolvimento da modalidade tem que ser perspectivado a médio-longo prazo,


ultrapassando a mera gestão das actividades e eventos anuais. Só com uma visão

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deste tipo será possível que as diversas iniciativas, de diferentes áreas, não se esgotem
em si próprias, antes ganhem significado para lá da sua concretização, como parte do
todo que deve ser o Basquetebol.

Em nosso entender, deverá constituir prioridade da próxima Direcção da F. P. B.


garantir os meios necessários para que a E. T. N. possa desempenhar cabalmente a
sua missão, designadamente através das seguintes medidas:

 Estabelecimento dum vínculo com a futura Equipa Técnica Nacional válido para
todo o quadriénio correspondente ao mandato da Direcção;

 Criação de condições operacionais para que, de forma directa e efectiva, a Equipa


Técnica Nacional possa intervir na formação dos “Jogadores de Interesse
Nacional”, bem como na formação contínua dos treinadores de jovens;

 Antecipação do trabalho organizado de detecção e preparação dos nossos


“talentos” implementando, de forma coordenada, a constituição de “selecções” (a
nível zonal e nacional) de Sub-13, Sub-14 e Sub-15;

 Avaliação e eventual modificação do Quadro Competitivo Nacional, entendido


como um todo e segundo alguns princípios orientadores, dos quais destacamos o
equilíbrio desportivo e a participação dos jogadores em competições adequadas ao
seu estádio de evolução. O Q. C. N. deve constituir um todo coerente, em que cada
competição tem objectivos claros, visando a melhoria do nível do jogo e dos
praticantes.

 Criação de condições que garantam qualidade de treino e competição exigente aos


jogadores de maior potencial, no momento da sua passagem a Seniores;

 Revisão dos regulamentos, com prioridade para as normas que mais directamente
estão relacionadas com a formação de jogadores, como, por exemplo, a
participação em competições de várias categorias e, eventualmente, a alteração
dos escalões etários.

Reafirmamos que o presente documento tem a pretensão de ser, tão-somente, o


que é: o resultado duma reflexão sobre o nosso Basquetebol, particularmente de
formação, a partir da experiência que o confronto internacional nos proporciona.

Mário Gomes

Outubro.2014

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