Dimensionamento Calhas
Dimensionamento Calhas
Dimensionamento Calhas
Fonte de referência para esta página: Norma brasileira NBR-10.844 - Instalações Prediais de Águas Pluviais -
Edição de dezembro de 1989.
O engenheiro Roberto Massaru Watanabe, Poli/USP 1972, que fez centenas de vistorias em telhados com problemas
ao longo de sua vida profissional como Perito, apresenta umas dicas para você evitar as causas de transbordamentos
e infiltrações em calhas e condutores, visto que o mercado brasileiro é muito pobre em literatura técnica sobre o
assunto e os livros e apostilas, mesmo que de faculdades famosas da Europa ou dos Estados Unidos, não se aplicam
no caso brasileiro, de clima tropical úmido, único no mundo, pois as condições geográficas, geológicas e de vento
são substancialmente diferentes daquelas predominantes em outros países e demonstra que até a norma NBR-
10844, de cumprimento obrigatório nos edifícios brasileiros, é baseada numa concepção de chuva bastante
ultrapassada, mas que, ainda, serve de base para os cursos superiores e técnicos ministrados no Brasil. Veja
detalhes sobre os climas no mundo em .
Procurei ser o mais didátivo possível com exemplos simples para que qualquer pessoa tenha condições de fazer o
projeto e o cálculo de dimensionamento de calhas e condutores.
Siga, passo-a-passo, um pequeno roteiro que mostra os detalhes importantes que vai te ajudar a evitar que seu
telhado venha a transbordar e causar um grande prejuízo ao danificar móveis, computadores, livros e documentos.
As chuvas são fenômenos cíclicos e ocorrem ao longo de diversos períodos. Por exemplo, o ciclo mais
conhecido é o Ciclo Anual, aquele que ocorre todo ano com poucas chuvas no inverno e muitas chuvas no
verão. Além do Ciclo Anual, existem outros ciclos como o quinquenal, o decenal, o secular, o milenar, o
decamilenar e muitos outros. Quanto maior o período de tempo considerado no estudo, mais catastróficas
serão as chuvas. Exemplo, uma chuva anual pode trazer uma chuva de 122 milímetros por hora de
intensidade enquanto que um período quinquenal pode trazer uma de intensidade 167 mm/h e uma de 25
anos a intensidade de 227 mm/h. Em obras muito importantes como em Usinas Hidroelétricas, por exemplo
Ilha Solteira, Itaiiu e Tucuruí, o período de recorrência adotado é o DECAMILENAR, isto é, estuda-se a
pluviometria para um período de dez mil anos. A Pluviologia é a ciência que estuda as chuvas e ela chama
esse período de tempo de Período de Retorno. Veja mais detalhes clicando aqui .
Você pode escolher qualquer um desses períodos de retorno e para isso deve considerar a importância do
impacto que essa chuva vai provocar na sua instalação. Por exemplo, na casinha dos porcos (chiqueiro) é
até bom que a chuva invada os chiqueiros e lave tudo. Na África, o rio Nilo que atravessa diversos países,
muitos deles em tórridos desertos onde nada cresce, oferece cheias anuais que invadem as margens e
depositam material orgânico rico em nutrientes que vai propiciar uma agricultura vigorosa ao longo das
margens. Veja as fotografias que mostram o rio Nilo cercado de deserto de ambos os lados mas que
apresenta uma agricultura de alta produtividade nas duas margens que são inundadas, no período de
chuva, pelo rio Nilo:
Uma vez determinado (escolhido e adotado) o Período de Retorno você deve calcular a quantidade de
água que vai cair nesse Período de Retorno que voi adotado por você e para isso existem diversos Métodos
de Cálculo. Veja alguns em .
Para o cálculo das Calhas devemos calcular, antes, a quantidade de chuva que vai cair no telhado.
A quantidade de água que uma chuva joga sobre um telhado varia em função de diversos fatores como o clima
(tropical, equatorial, etc.), a estação do ano (primavera, verão, etc.) e a localização geográfica (norte, nordeste,
sul, etc.). As Cartas Pluviométricas indicam a quantidade de água que cai e que é indicada em "milímetros". São
geralmente a quantidade total de água que cai durante o ano. Dizem 80 milímetros por ano, por exemplo.
Para o cálculo da quantidade de água, não se leva em consideração tais fatores mas apenas a maior intensidade
(força) da chuva. Mesmo em regiões de poucas chuvas como no nordeste brasileiro, quando chove a chuva pode
ter uma intensiade pluviométrica tão grande como uma chuva em São Paulo. Não é a quantidade total de água
que cai mas sim a quantidade em um determinado tempo. Por isso, você deve ter muito cuidado ao consultar as
Cartas Pluviométricas. O que importa para dimensionamento das calhas e condutores é a intensidade
pluviométrica, isto é, os litros por segundo ou os litros por minuto.
Outro alerta que faço é que algumas cartas foram elaboradas em época em que não se conhecia bem o
fenômeno das chuvas e a norma brasileira NBR-10844 versão 1989 diz que mesmo dentro de uma cidade, a
intensidade das chuvas é diferente de bairro para bairro. Veja, por exemplo, o que diz a Tabela 5 da norma em
relação à cidade do Rio de Janeiro:
1 5 25
Quando um Arquiteto ou um Engenheiro faz o projeto de um telhado, deve tomar o cuidado de analisar bem o
fenômeno da chuva. Embora a escola de arquitetura e de engenharia sejam obrigadas a lecionar estritamente
dentro das normas, o aluno deve ficar atento quando for fazer o cálculo do volume de chuva que cai sobre um
telhado.
Hoje, conhecemos melhor o ciclo de chuvas, que as mais fortes têm origem na Amazônia e que fenômenos como
o El Niño afetam a distribuição das chuvas no território brasileiro fazendo com que em determinado ano chova
mais no sudeste (Rio de Janeiro, Minas e São Paulo) e em outro ano chova mais em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Por isso, se você mora numa casa em Jacarepaguá cujo telhado foi dimensionado com a
intensidade pluviométrica de 152 milímetros por hora pode, perfeitamente, ser surpreendido com uma chuva de
227 milímetros por hora que, quando vier, não vai chover apenas no Jardim Botânico mas sim na cidade toda.
Clique na figura seguinte para você conhecer o fenômeno Célula de Hadley e outros fenômenos como aquele
que alguns falam que a chuva que cai no sudeste tem origem na floresta amazônica mas que na verdade a
própria floresta amazônica existe por que lá também chove e chove o tempo todo e esse mar de água que cai
por lá e também a que cai no sudeste tem origem, na verdade, no vasto Oceano Atlántico e também, acreditem
se quiser, no Deserto do Saara. A pouca água que tem no deserto evapora por causa do calor escaldante e vai
embora levada pela Célula de Hadley.
Situação difícil é a do Arquiteto ou Engenheiro que faz o projeto de uma obra pública como uma Escola ou um
Hospital. Sendo uma obra pública, o Tribunal de Contas irá fiscalizar os exatos valores que foram adotados no
projeto para o dimensionamento das partes de um telhado. Por exemplo, o telhado de um Hospital público no
Jacarepaguá deve, obrigatoriamente, ser calculado para uma chuva máxima de 152 mm/h pois se for adotado
um valor maior, o TC irá denunciar alegando haver super-faturamento. Então, na primeira chuva depois da
inauguração, o hospital será manchete nos jornais, como é comum a gente ver no noticiário.
É por isso que quando chove, é muito comum entrar chuva ou desabar forro ou ter inundações em Escolas,
Hospitais e outras obras públicas como estradas e até barragens. Embora tenha havido um erro na elaboração
do projeto, o Arquiteto ou o Engenheiro não pode ser responsabilizado pelos danos decorrentes pois eles
seguiram estreitamente as recomendações contidas em Normas Brasileiras Oficiais. As autoridades políticas
irão, obviamente, alegar que "choveu mais que o esperado". A gente não devia mas aceita esta desculpa pois
compreendemos que eles são leigos. O Profissional Competente não cai no "conto da norma" e sabedor dessa
fragilidade que a norma apresenta faz o cálculo da chuva baseado em parâmetros reais e, para não correr o
risco de ser acusado de superfaturamento, e conhecedor do fenômeno Célula de Hadley descreve no memorial
descritivo as razões para a adoção de valores acima do que preconiza a norma.
Nesses mais de 40 anos de trabalho em vistorias e perícias, Watanabe chegou a um número que atende bem os
casos de dimensionamento de calhas e condutores assegurando escoamento adequado das águas da chuva. Um
bom número para quantidade de água que uma chuva forte despeja sobre o telhado é o seguinte:
0,067 litros por segundo por m2 = 4,02 litros por minuto por m2 = 244 milímetros por hora por m2
Adotando este valor, em qualquer local do território brasileiro, o arquiteto estará mais ou menos seguro quanto
ao risco de transbordamento das calhas. Eu digo "mais ou menos" por que vai ocorrer uma combinação de
vários fenômenos, e um deles é o El Niño, que pode fazer cair uma verdadeira cachoeira com até 350 mm/h. O
número 244 corresponde a uma chuva com período de recorrência de 100 anos e com intensidade aplicável na
maior parte do território brasileiro. Entretanto deve-se tomar o cuidado em determinadas regiões que podem
apresentar valores bem acima. Veja na norma NBR-10.844 uma tabela com as intensidades pluviométricas em
diversas regiões do Brasil. Para um valor mais preciso consulte o serviço de meteorologia mais próximo e
procure ter um mãos pelo menos 50 anos de medição e peça a um técnico especializado em Hidrologia uma
simulação.
EXEMPLO PRÁTICO:
Vejamos como calcular a quantidade de água nas calhas de um exemplo como o da figura abaixo.
Essa casa tem apenas uma água (para facilitar a compreensão). O telhado mede 8 X 11,70 metros.
Primeiro você deve determinar os pontos de descida de água. Os pontos de descida devem ser livres de
interferências como janelas, portas, antenas, etc. Vamos colocar 3 condutores de descida nas posições
indicadas na figura acima. Observe que o telhado ficou dividido em 2 áreas. A Área 1 de 7,20 X 8,00 e a
Área 2 de 4,50 X 8,00 m.
NOTA IMPORTANTE: Na determinação dos pontos de descida, é bom sempre pensar que um deles pode
ser entupido por folhas de árvores ou uma embalagem plástica. Já encontrei na boca de descida um
daqueles capuz de plástico que se usa para não molhar o cabelo. Por isso, você deve analisar o
comportamento de cada descida e simulando seu entupimento verificar para que lado e por quais
condutores a água vai descer.
Esse cuidado é bom ter quando calculamos telhados próximos de mata, floresta ou bosque com árvores
altas e também em região com prédios altos onde é comum o vento carregar embalagens plásticas,
jornais, peças de roupas e outros objetos leves.
A água da chuva que cai na Área 1 será recolhida pela Calha 1. A Calha 1 tem duas caídas, metade da água
corre para o Condutor 1 e a outra metade para o Condutor 2. Vamos chamar de V1 a vazão que corre para
cada lado na Calha 1. Lembre-se que o ponto que divide a Calha 1 não precisa, necessariamente, estar no
meio da calha, podendo estar mais próximo do Condutor 2 para que se tenha menos água correndo para o
Condutor 2. Observe que o Condutor 2 vai desaguar bem perto da porta da Cozinha.
Você pode mexer no caimento das calhas e fazer com que mais água escoe para um dos lados. No caso do
exemplo, a vazão V1 poderia ser separada em V1a e V1b para que menos água seja conduzida para o
Condutor 2, assim a entrada para a porta da cozinha terá menos água. Isso de o escoamento seja feito por
cima do cimentado.
A vazão é calculada pela fórmula V = I X Área do Telhado. Então, para a Calha 1 temos:
V1 = 0,067 X 8,00 X 7,20/2 = 1,93 litros por segundo = 116 litros por minuto
V2 = 0,067 X 8,00 X 4,50/2 = 1,21 litros por segundo = 73 litros por minuto
Existem muitos modelos de calhas e a escolha se faz em função das características arquitetônicas do edifício
e a capacidade de vazão delas é em função da forma da seção transversal. As seções mais usuais são:
Você deve escolher uma calha com as dimensões que conseguem dar vazão ao volume de água fornecida pelo
telhado.
A norma NBR-10844 dá as vazões para um caimento de 2%
Consultando a tabela acima, vemos que a Calha 1 que precisa conduzir 116 litros por minuto pode ter o
diâmetro de 100 mm podendo conduzir até 348 litros por minuto, deixando uma folga de mais de 200%. Da
mesma forma, vemos que a Calha 2 que precisa conduzir 73 litros por minuto pode ter tembém um
diâmetro de 100 mm com uma folga bem maior. Estamos com bastante folga e podemos até pensar em
algum obstáculo para o escoamento dentro da calha. Por exemplo, caso haja um entupimento dos
condutores 1 e 3, toda a água deverá ser conduzida pelo condutor 2.
Neste caso, a vazão total será de 2(116+73) = 378 litros por minuto que não cabe no semi-circulo de
100mm vindo a invadir a parte reta da calha. Subindo apenas 2 centímetros a capacidade da calha aumenta
em 38 litros por minutos, totalizando 386 litros por segundo, maior que os 378.
5o PASSO: Dimensionamento dos Condutores de Descidda:
De acordo com o item 5.6.1 da norma NBR-10844, os condutores verticais devem ser projetados, sempre
que possível, em uma só prumada, evitando desvios, curvas, trechos inclinados e horizontais.
A descida das águas pluviais pelos condutores de descida se vale do fenômeno da sucção quando se
forma um regime afogado no condutor de descida.
Veja os regimes de escoamento que se formam no bocal da calha:
Em todos esses regimes de escoamento há penetração de ar de modo que a água que desce escoa em tubo
aberto. Do ponto de vista da hidráulica, o bocal funciona como um orifício de pequenas dimensões e a vazão
que passa pelo orifício pode ser calculada pela fórmula:
D = 100 mm D = 75 mm
H (cm) Q litros/min Q litros/min
1 500 282
2 708 398
3 867 488
4 1.001 563
5 1.119 630
6 1.226 690
7 1.324 745
8 1.415 797
9 1.501 845
10 1.583 891
Ao contrário, quando a calha afoga o bocal de descida, a água que desce passa para o regime afogado e
exerce uma força de sucção que é proporcional ao comprimento L do tubo e à altura H da lâmina da água
na calha.
Ao contrário do regime em tubo livre em que há uma fórmula, o regime afogado não possue uma fórmula
de fácil manipulação e os parâmetros envolvidos são determinados de forma experimental ou por meio de
nomogramas.
A norma NBR-10844 leva em consideração o escoamento em regime afogado no Tubo de Queda e para
facilitar a determinação dos parâmetros, fornece um nomograma que, à primeira vista, é de manuseio
muito complicado:
Mas, vou mostrar através de exemplos práticos como é muito fácil usar o nomograma. Veja algumas
simulações que fiz:
Para que haja a formação do regime afogado é necessário que o tubo de queda seja
instalado perfeitamente na vertical. Qualquer inclinação favorecerá a formação do vórtice que criará uma
sucção do ar. Veja algumas situações em que não há a formação do fenômeno do regime afogado e,
portanto, a saída da água da calha ocorre no regime de escoamento livre, sem tirar proveito da força de
sucção e, consequentemente, a capacidade de escoamento será bem menor.
Esta é uma das situações relativamente comuns de transbordamento e inundação das áreas internas do
edifício causando grandes danos aos móveis. Mesmo que seja um pequeno trecho será sempre positivo
instalar um condutor de queda na vertical.
Grelhas e outros objetos instalados na boca do Tubo de Queda agirá contra a formação do afogamento, isto
é, vai impedir a formação do afogamento. Além disso as folhas de árvores que cairem no telhado e
carregadas pela enxurrada para as calhas entopem as grelhas e causam transbordamento.
O ideal é não colocar nada no bocal de entrada do tubo de queda. Sendo instalado um tubo com
comprimento de no mínimo 1,50 metros, a pressão de sucção é tão forte que suga as folhas para
dentro do tubo de queda e as folhas vão parar na caixa de inspeção instalada no solo.
Nos telhados de casas localizadas próximo a floresta e mata, recomendamos não colocar calhas. A mesma
recomendação para casas localizadas próximas a prédios altos pois é comum vir voando jornais,
embalagens e até touca de banho.
Por fim, veja um comparativo entre as capacidades de escoamento de algumas soluções comuns:
UM POUCO DE HIDRODINÂMICA DO FLUXO DE ÁGUA:
Olhando para os desenhos acima, vem uma pergunta: Por que um mesmo tubo de 100 mm apresenta
capacidades de vazão diferentes quando disposto na horizontal ou na vertical?
A Hidrodinâmica dos Fluidos define 2 regimes de escoamento de um líquido por um condutor: o Regime
Forçado e o Regime Livre.
A vazão depende apenas da diferença de pressão entre 2 pontos, por exemplo A e B, e não importa
se o tubo está na horizontal, na vertal ou qualquer inclinação. A vazão só depende da diferença de
pressão. Quanto maior a diferença maior será a vazão.
A principal característica desse regime é que a água ocupa totalmente o interior do tubo.
A vazão depende da inclinação do tubo e quando o tubo está na horizontal, isto é, em nível, não há
desnível então a vazão será zero, isto é, não há escoamento da água. Quanto maior for a
inclinação do tubo maior será a vazão da água dentro dele.
A principal característica desse regime é que haverá sempre uma camada de ar convivendo com o
escoamento da água. Então, diferentemente do regime forçado a vazão vai depender
exclusivamente da força da gravidade.
Segundo estudos laboratoriais, a velocidade máxima ocorre quando a água atinge uma altura, no
interior do tubo, a altura y = 0,81D e a vazão máxima ocorre quando a água atinge uma altura
de y = 0,95D. Um tubo que escoa água em regime livre jamais terá a sua seção transversal
totalmente ocupada pelo fluxo.
A vazão da água fluindo em regime livre num tubo pode ser calculada pela Fórmula de Chézy:
onde:
Bazin realizou experiências práticas e elaborou uma outra fórmuila para o coeficiente C:
No nosso exemplo, tubo de PVC com 2% de declividade, podemos ter os seguintes valores de
vazão máxima:
ESTADO DE CONSERVAÇÃO ENTRE ESTADO NOVO E
ESTADO VELHO
DIÂMETRO
DO TUBO PERFEITO BOM REGULAR MAU
(polegadas)
2 177 170 164 153
3 494 479 464 438
4 1.022 995 968 919
Para um tubo de 4 polegadas, isto é, 100 milímetros de diâmetro e inclinação de 2%, a vazão
máxima depende ainda do estado de conservação das paredes internas do tubo. Tubo novo é liso e
tubo velho apresenta as paredes internas um tanto quanto rugoso. Nestas condições, a vazão
máxima será de Q = 919 litros por minuto.
CASO PRÁTICO:
Então, por que o tubo na condição da foto abaixo, isto é, um tubo de 100 mm saindo da lateral da
calha, não consegue dar vazão a Q = 919 litros por segundo?
é porque existe um fenômeno, chamado Efeito de Borda, que atua hidrodinâmicamnete sobre o
fluxo da água. Veja o que acontece numa abertura circular de 100 mm de diâmetro.
Efeito interessante é o Paradoxo do Bocal Cilíndrico Exterior, que é um fenômeno em que
naquela abertura do desenho acima acoplamos um tubo cilíndrico também de 100 mm de diâmetro
e achando que, pela "perturbação" causada pelo tubo, a vazão de Q = 180 litros por minuto irá
diminuir mas não é isso que acontece, paradoxalmente, a vazão aumenta. No caso do tubo de 100
milímetros, o aumento é de exatamente 32%, passando de Q = 180 l/min para Q = 238 l/min.
Você pode aumentar a vazão, isto é, diminuir o Efeito de Borda, arredondando a borda da
abertura. Quanto maior o raio, ou os raios pois a curvatura bhidráulica não é circular, menor será o
efeito. Entretanto, o aumento do raio aumenta a superfície de atrito criando uma perda de carga
por singularidade que, também, reduz a vazão. A vazão máxima é obtida quando a curvatura de
entrada no tubo tem um perfil geométrico de Creager que garante que ao longo da superfície de
contato a pressão na água varie linearmente.
Infelizmente, na conexão da calha com o bocal não há espaço suficiente para a formação de uma
superfície curva que direcione o fluxo da água de forma a se atingir vazões maiores que Q =
238 litros por minuto.
Bem, além da limitação imposta pelo Efeito de Borda na entrada do tubo horizonal, devemos
considerar as perdas de carga localizadas (singularidades) existentes ao londo tubo como luvas,
curvas e emendas e também as perdas que ocorrem na saída do tubo.
EFEITO DE BORDA NO TUBO VERTICAL:
O Efeito de Borda age também no bocal vertical, limitando a vazão em Q = 219 litros por minuto.
Neste caso não ocorre o Paradoxo do Bocal Cilíndrico Exterior. Também não ocorre o fenômeno de
sucção. Então a vazão máxima será sempre Q = 219 litros por minuto em todos os casos
seguintes:
Não sendo capaz de conduzir toda a água que cai no telhado, a calha irá transbordar: