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DIREITO CONSTITUCIONAL I

ANO LETIVO 2021/2022

Constituição e Movimentos Constitucionais


História do Constitucionalismo Português

JOANA NETO ANJOS –


[email protected]
Constituição e Movimentos Constitucionais
1. Constituição
Tipologias constitucionais

• “Constituição real” ou “Constituição enquanto realidade social” remete-nos para a


utilização do termo “constituição” num sentido amplo, para designar a estruturação do
poder, ou seja, o “corpus politico” de uma comunidade.

• Constituição formal remete-nos para o texto da lei fundamental. É um documento escrito,


elaborado de acordo com um procedimento específico, que possui superioridade hierarquica
no plano jurídico e que, em regra, apresenta um procedimento agravado de revisão.

• Constituição material remete-nos para o conjunto de valores que agregam os indivíduos


de uma determinada comunidade e que imprimem neles uma sensação de pertença,
comunhão e identidade.
1. Constituição

Constituição em sentido normativo

• Pressupõe a existência de uma relação entre o texto constitucional e o conteúdo normativo


específico – é um “dever ser”.

• A Constituição possui superioridade jurídica face às demais regras jurídicas, já que se considera
que é atravessada por princípios aos quais é reconhecido um valor específico superior.

• Segundo J. J. Gomes Canotilho, a Constituição traduz-se no conjunto de regras e princípios que,


pelo seu conteúdo normativo específico, gozam na comunidade de um valor superior.
1. Constituição
Relação entre o texto e o corpus constitucional

• O corpus constitucional é todo o texto


O corpus identifica-se constitucional
com o texto? • Identificação entre a constituição formal e a
constituição material

O corpus vai para além • O corpus constitucional inclui matérias que


não estão no texto da constituição
do texto? • Exemplo: costume constitucional

O corpus é mais restrito • Existem normas que apesar de estarem


inseridas no texto da constituição não são
do que o texto normas materialmente constitucionais
formalmente designado • Exemplo: normas com escassa relevância Para Gomes Canotilho, todas as normas
da Constituição têm o mesmo valor.
constituição? constitucional
1. Constituição
Do constitucionalismo antigo... Ao constitucionalismo moderno

• o conjunto de regras e princípios escritos ou consuetudinários alicerçadores da


existência de direitos estamentais perante o monarca e simultaneamente limitadores
do seu poder” (Canotilho, 2003).
• servia-se de outras estratégias, uma vez que a constituição com que aqui nos
deparamos traduz-se num conjunto de regras e princípios geralmente não carecidos de
Constitucionalismo positivação [contudo há excepções: a Magna Carta (1215) ou a Bula Áurea de André II da
antigo Hungria (1225)]

• É um movimento que procurou revisitar o problema do domínio político e delinear uma


estratégia – a constituição em sentido amplo – para fundar, legitimar e limitar o poder
político, por um lado, e garantir, por outro, um conjunto de direitos negativos ou
de liberdades, isto é, espaços de não ingerência que os indivíduos podem opor aos
Constitucionalismo titulares do poder político (Canotilho, 2003, p. ).
moderno
2. Movimentos Constitucionais

Constitucionalismo
inglês

Movimentos
Constitucionais

Constitucionalismo Constitucionalismo
norte-americano francês
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

Vários períodos de evolução no constitucionalismo inglês:

1. Período monocrático - corre desde 1215 até meados do século XVII; caracteriza-se pela prevalência
do poder da coroa.
2. Período aristocrático - mediou entre o Bill of Rights (1689) e a reforma eleitoral de 1832;
corresponde ao período de prevalência da Câmara dos Lordes (câmara alta do parlamento do Reino
Unido, corpo não-eleito) nas instituições do poder político britânicas.
3. Período democrático - encetado no século XIX; corresponde a um período de democratização das
instituições políticas, de ascensão e prevalência da Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento
do Reino Unido, composta pelo equivalente a deputados).

A intencionalidade subjacente: progressivamente pôr termo ao arbítrio do poder, proteger a propriedade e a


liberdade dos cidadãos de ataques fiscais ou outros promovidos pelo monarca, preservar os privilégios
adquiridos.
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

1) Formação e evolução

- Em 1215, com a Magna Charta, assiste-se a um período monárquico com vasta autoridade
régia. Através deste documento, o Rei obrigava-se a respeitar os direitos e privilégios da nobreza,
igreja, municípios e corporações. Não incluía verdadeiros direitos fundamentais, tratando-se
essencialmente de uma limitação ao poder real.

- No séc. XVII inicia-se o período aristocrático, marcado pela conquista de direitos, com a
Revolução Puritana e a chamada Glourious Revolution, surgindo estes enunciados em vários
documentos, como a Petition of Rights (1628), a Lei do Habeas Corpus (1679) e na Bill of
Rights (1689). Os poderes ficam centralizados na Câmara dos Lordes.

- Em 1832 inicia-se a chamada fase contemporânea ou período democrático. Os poderes passam


a ser essencialmente atribuídos à Câmara dos Comuns.
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

2) Constituição não escrita


- A principal fonte era o costume, não existindo um texto único da Constituição. Encontravam-se
apenas algumas regras constitucionais sobre a organização do poder político e alguns usos
correntes sobre o funcionamento dos poderes públicos.

3) Soberania Parlamentar
- Com a Revolução Inglesa, o Rei deixa de ser o Governante supremo e o órgão supremo passa a
ser o Parlamento. O Parlamento é composto pela Coroa, pela Câmara dos Lordes e pela Câmara
dos Comuns. O Governo era responsável pelo Parlamento.

4) Governo Misto e Constituição Mista


- Em cada época existe um órgão que exerce o maior numero de atribuições, estando, contudo,
sujeito à influencia de outros órgãos, que o limitam (Governo Misto): o poder era partilhado
pelo Rei, pela Câmara dos Lordes e pela Câmara dos Comuns.
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

5) Constituição flexível

- As alterações à constituição podem ser feitas a todo o tempo através de leis do Parlamento que
não têm de seguir um procedimento específico.

6) Papel relevante da jurisprudência

- As “law of the land”, reguladoras da tutela das liberdades, são interpretadas e reveladas pelo Juiz,
que é quem cria o direito comum (“common law”).
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

7) Rule of Law

O Rule of Law pode ser sintetizado em quatro notas:


1. Observância de um processo justo legalmente regulado, quando se tiver de julgar e punir os cidadãos,
privando-os da sua liberdade e propriedade, na senda da Magna Charta.
2. Proeminência dos costumes, princípios e instituições que a tradição e a experiência dos juristas e dos tribunais
mostraram ser essenciais para a salvaguarda dos indivíduos face ao poder político.
3. Sujeição de todos os atos do executivo à soberania do parlamento - o exercício do poder político deve ser
sempre conforme o Direito.
4. Igualdade perante a lei e na igualdade de todos no acesso aos tribunais, a fim destes aí defenderem os seus
direitos segundo os princípios de direito comum dos ingleses (Common Law) e perante qualquer entidade
(indivíduos ou poderes públicos).
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês

As normas que integram a Constituição inglesa advêm das


seguintes fontes:

Magna Charta (1215): limita o poder do rei de criar e aumentar impostos, Parliament Act (1911)
proclama a liberdade da Igreja, garante os direitos das classes sociais perante
o rei, etc. European Communities Act (1972)

Petition of Rights (1628) Human Rights Act (1998)

Habeas Corpus Act (1679) Constitutional Reform Act (2005)

Bill of Rights (1689): determinava que ao rei era vedado anular leis ou Costumes constitucionais (prática reiterada com a convicção da respectiva
suspender a sua execução, criar impostos ou manter um exército sem obrigatoriedade);
autorização do Parlamento; continha uma série de garantias jurídicas dos
indivíduos (ex: liberdade de expressão) Convenções constitucionais (prática reiterada não acompanhada da convicção
da respectiva obrigatoriedade). Ex., o facto de o discurso do primeiro-
Act of Settlement (1701): disposições destinadas a preservar a supremacia ministro ser lido pela Rainha.
parlamentar

Act of Union (1707): criou o Reino Unido da Grã-Bretanha (tronos da


Escócia e de Inglaterra)
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano

We, the People


«the Constitution is of the
people, for the people, and by the people of the United States»

We the People of the United States, in Order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquility,
provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our
Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America.
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano

1) Formação e evolução

- Os direitos dos ingleses, conquistados no séc. XVII pela Revolução Puritana e pela Glorious Revolution, são transportados para os
territórios coloniais, começando aí a crescer e a afirmar-se como Revolução Americana.
- Esta revolução ficou marcada por uma grande desconfiança face ao Parlamento inglês, nomeadamente por o mesmo impor às colonias o
pagamento de impostos, sem lhes assegurar representação (“no taxation without representation”).
- É com a Constituição de Virgínia que se inicia este constitucionalismo, tornando-se as 13 colonias inglesas em Estados Soberanos.
- Pretende-se uma Constituição, uma lei superior, que sirva de garantia aos cidadãos contra as leis do legislador parlamentar soberano.
- Criou-se uma Federação e a respetiva Convenção Federal. Em 1787, com a Convenção de Filadélfia, os vários Estados constituíram uma
união forte que acabaria por conciliar os seus interesses. Nasce, assim, um Estado Federal, acima dos Estados federados, e com a sua
própria Constituição. Os vários Estados têm autonomia mas entregam certos poderes de soberania ao Estado Federal.
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano

2) Constituição rígida
- As alterações à Constituição estão dependentes da adoção de um procedimento específico, particularmente
exigente (que reclama a intervenção de todos os Estados federados) e distinto daquele que é requisito da emanação
das demais leis. A alteração da constituição é feita através de aditamentos (“amendments”) que são anexados ao texto
da constituição. As 10 primeiras emendas são designadas por Carta dos Direitos dos Estados Unidos (Bill of
Rights) por conterem os direitos básicos do cidadão face ao poder do estado.

3) Constituição flexível
- As sucessivas emendas, adendas, bem como a atividade hermenêutica dos tribunais e a jurisprudência
constitucional permitem adequar o texto da Constituição à realidade constitucional.

4) A Constituição como Higher Law


- Pretendia-se que o povo fixasse num texto escrito as regras que disciplinassem o poder. É o povo que toma as
decisões (”We the People”). A Constituição é, assim, uma lei superior e os governantes sancionados caso a violassem.
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano

5) A Constituição como Paramount Law

- A Constituição é uma lei que, por ser superior, torna nula qualquer lei inferior que a viole.
- Vale aqui o princípio da fiscalização da constitucionalidade das leis, que pressupõe que o poder legislativo é um poder
constituído e não pode ser exercido em sentido contrário à Constituição.
- E o princípio do carácter rígido da Constituição, que significa que existe um procedimento agravado de revisão
constitucional.

6) Judicial Review of Legislation


- Como a Constituição é concebida como “Higher Law” e “Paramount Law”, o poder judicial tornou-se no guardião e
defensor da Constituição, através da fiscalização da constitucionalidade da lei pelos juízes, por qualquer tribunal. A
Constituição foi, assim, adotada como parâmetro de controlo.
2. Movimentos Constitucionais
2.3. Constitucionalismo francês
2. Movimentos Constitucionais
2.3. Constitucionalismo francês

1) Formação e evolução
- Forma-se a partir de 1789, com a Revolução Francesa, que pretende romper com o Áncien Régime, contra os privilégios
ou direitos estamentais, contra o poder absoluto e o monarca.
- Pretende-se criar uma nova ordem assente nos direitos naturais dos indivíduos: todos os homens nascem livres e iguais
em direitos. Esta nova ordem surge através de um contrato social (J. J. Rousseau), assente nas vontades individuais, por
via do qual os indivíduos deixam o “Estado de Natureza” e passam a integrar o “Estado Civil”. Torna-se então necessária
a criação de uma lei escrita, de uma constituição que afirme os direitos naturais individuais e a nova ordem política.

2) A declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)


- Procurando criar esta nova ordem social, França produz, em 1789, a conhecida Déclaration des Droits d l´Homme et du
Citoyen.
- A mesma afirma, no seu artigo 16.º, que qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos
fundamentais, nem consagrada a separação de poderes, não tem constituição.
2. Movimentos Constitucionais
2.3. Constitucionalismo francês

3) O nascimento do conceito de poder constituinte


- O poder constituinte (E. Sieyés) é o poder de criar uma constituição, ou seja, uma nova ordem social e política. O seu
titular é a Nação (o povo), sendo esta quem legitima o poder constituinte originário.

4) A exigência de uma constituição escrita e a descontinuidade formal


- A Revolução dura vários anos e ao longo destes nascem várias Constituições (12), daí que se fale numa descontinuidade
formal. A Constituição atualmente em vigor é a de 1958, sendo uma Constituição que se ocupa quase só do poder
político, deixando de fora os direitos fundamentais. Uma forma de demonstrar o caracter supraconstitucional dos
mesmos é a previsão, no seu preâmbulo, da receção da DDHC de 1789.
- A Constituição tem de ser escrita, para que sejam mais facilmente percetíveis as violações à mesma, dissuadindo-se, deste
modo, os governantes de não observarem os preceitos fundamentais.
2. Movimentos Constitucionais
2.3. Constitucionalismo francês

5) Aversão à ideia de fiscalização da constitucionalidade das leis pelos tribunais


- A ideia de lei (ordinária) ou do seu primado como expressão da vontade geral formada a partir de assembleias soberanas
(a lei, emanada pelo poder legislativo e dotada das características de generalidade e da abstração, seria necessariamente um
instrumento de justiça), fez com que se afastasse, desde logo, a possibilidade de um outro poder questionar a
conformidade das leis com a Constituição.
- Vale o entendimento vigente do princípio da separação de poderes, que conduzia à prevalência do poder legislativo sobre
os demais poderes, fenómeno igualmente designado por legicentrismo (influência de Rousseau).
2. Movimentos Constitucionais
2.3. Constitucionalismo francês

6) Estado de mera legalidade formal


- O Estado é um Estado de predomínio ou hegemonia do poder legislativo, por um lado, acompanhado de uma presunção
de que a lei, pelas características que assimila (generalidade, abstração e racionalidade) e por ser o produto da vontade
geral, é necessariamente um instrumento racional e justo.
- Apagamento normativo da Constituição: a supremacia do poder legislativo desonera os órgãos políticos de tentarem
apurar da conformidade das leis com a constituição.
- Formalmente há uma constituição que ocupa o topo da pirâmide normativa, mas não há ninguém que controle se o
legislador respeita a mesma – fraco controlo da constitucionalidade pelos tribunais.
2. Movimentos Constitucionais
Em suma....

• Um English man sentir-se-ia arrepiado ao falar-se de


Movimento uma “ordenação sistemática e racional da comunidade
através de um documento escrito. Para ele, a
constitucional inglês Constituição será a sedimentação histórica dos
direitos adquiridos pelos ingleses.

• A um Founding Father (e a um qualquer americano) não


Movimento repugnaria a ideia de uma carta escrita garantidora de
constitucional norte- direitos e reguladora de um governo com “freios” e
americano “contrapesos” feita por um poder constituinte

• Aos olhos de um citoyen revolucionário, a Constituição


Movimento teria de transportar necessariamente um momento de
rutura com a “ordem histórico-natural das coisas”
constitucional francês que outra coisa não era senão os privilèges do ancien
regime.

Canotilho, 2003, p. 52 e 53.


Poder Constituinte e Constituição
1. Conceito de poder constituinte

Poder constituinte originário ≠ Poder constituinte derivado ou de revisão

v Ao poder ou força de criar uma Constituição dá-se o nome de poder constituinte originário.

v Já ao poder de a rever dá-se o nome de poder constituinte derivado ou de revisão.

v O poder constituinte não se confunde com os poderes constituídos (legislativo, executivo, judicial e de revisão)
1. Conceito de poder constituinte

Contributos para a construção do conceito de poder constituinte

John Locke e o “Supreme Power”


v A transferência dos poderes individuais (justiça privada) a favor do poder político (contrato social) está limitada
vinculativamente por dois direitos naturais – a propriedade privada e a liberdade. Esta transferência qualifica-se como uma
delegação de poderes para que o Estado garanta daqueles direitos.
v A passagem a uma sociedade politicamente organizada pressupõe uma relação de confiança, na qual a sociedade confere um
poder supremo ao legislador, embora limitado, específico e não arbitrário.
v Só o corpo político, reunido no povo, tem a autoridade para estabelecer a constituição política da sociedade.
v O autor distingue com exatidão o poder de alcançar uma nova forma de governo e o poder ordinário de fazer e aplicar as
leis. Contudo, nunca se referiu diretamente a um poder constituinte.
1. Conceito de poder constituinte

E. Sieyès e o “pouvoir constituant”


v Antes de ser constituinte, este é um poder desconstituinte: visa romper com a monarquia absoluta. Para além disso, é um
poder reconstituinte: depois de abolida a monarquia absoluta, há que criar uma nova ordem jurídico-política.
v É um poder inicial ou originário - não existe um outro poder anterior); autónomo - não depende de nenhum outro poder;
omnipotente: não está sujeito a limites ou pré-condições (é desvinculado).
v O seu titular é a Nação: “a nação existe antes de tudo, ela é a origem de tudo. Antes e acima dela só o direito natural”.
v É um poder domesticado através dos limites ao poder de revisão.

Madison e a “constitutional politics and ordinary politics”


v A “constitutional politics” surge em momentos excecionais de mobilização popular e destina-se a estabelecer os esquemas
fundadores de uma nova ordem constitucional.
v A “ordinary politics” desenvolve-se com base nas regras e princípios estabelecidos na lei superior e fundamental.
1. Conceito de poder constituinte

• A Constituição inglesa foi sendo formada com base no costume, nas tradições, nas convicções
religiosas. É a sedimentação histórica dos direitos adquiridos pelos ingleses. Daí que o conceito de
Constitucion poder constituinte seja estranho a este constitucionalismo.
alismo inglês

• Afirma-se a ideia do poder constituinte como poder de criar uma Constituição, a qual está plasmada na
fórmula “We, the People” consagrada no início da Constituição dos EUA de 1787. Apesar disso, este
Constitucion constitucionalismo traz subjacente uma intenção bastante pragmática, vislumbrando a Constituição
alismo norte- como um instrumento funcionalizado à produção de um sistema de limites para aqueles que exercem o
americano poder e de direitos para aqueles que a ele estão subordinados.

• A Nação é o titular do poder de querer e criar uma nova ordem política e social, que rompe com o
Antigo Regime. A ideia de um poder constituinte afirma-se com as Constituições modernas que
Constitucion pretendem valer como lei fundamental que regula a vida da comunidade. As mesmas tratam-se de leis
alismo escritas impostas por uma autoridade, pelo poder constituinte.
francês
1. Conceito de poder constituinte
Críticas à tese tradicional

O resultado do movimento revolucionário não é necessariamente


um poder absoluto, indivisível, ilimitado e soberano:
- Após uma guerra ou uma revolução existem perdedores que
Tese tradicional do Abade de Sieyès fazem parte do novo momento e que merecem representação;
- As novas regras que os vencedores pretendem impor não são
legítimas só por serem desconstituintes, elas estão limitadas
- “Pouvoir constituant” como uma expressão da pelo respeito a valores universais.
O povo está sujeito a padrões e modelos de conduta espirituais,
vontade direta do poder do povo.
culturais, étnicos, sociais, radicados na consciência jurídica geral: a
vontade do povo limita o poder constituinte.
- “Pouvoir constitué” enquanto poder Este é um poder que se encontra vinculado à comunidade
legislativo conformado pelo primeiro. internacional e, como tal, aos princípios de direito internacional
(princípio da independência, princípio da autodeterminação,
princípio da observância dos direitos humanos).

Este é um poder juridicamente vinculado.


Posição de Gomes Canotilho
1. Conceito de poder constituinte

Porquê e como uma Constituição no século XXI?

Para instituir a Paz?


A Constituição da Bósnia e Herzegovina é o anexo IV do Tratado de Paz assinado em 1995 (Acordo de
Dayton)

Para reconciliar um povo multiétnico?


A Constituição da África do Sul, de 1996, só foi aprovada depois de se chegar a uma versão que respeitava os
princípios fundamentais pré-determinados. “We, the people of South Africa, Recognise the injustices of our
past”

A modelação do poder constituinte em função da ordem jurídica internacional


O processo constituinte como fonte de legitimação
2. Processos constituintes

Procedimentos
Constituintes

Representativo Diretos Monárquico

Com Assembleia Com Assembleia Através de


Constituinte Constituinte Convenções do
Soberana Não Soberana Povo
2. Processos constituintes

Processo constituinte representativo

v Assembleia Soberana – A elaboração, discussão e aprovação da Constituição é feita pela Assembleia


Constituinte (eleita, pelo povo, através de sufrágio), não havendo qualquer intervenção do povo através
de referendo ou de plebiscito (foi assim com a CRP de 1976);

v Assembleia Não Soberana - À Assembleia (eleita, pelo povo, através de sufrágio) cabe apenas elaborar
e discutir o projeto da Constituição ou os projetos, competindo, depois, ao povo aprovar, através de
referendo, esse mesmo projeto. Verifica-se uma clara influência da teoria da soberania popular de J. J.
Rousseau: só o povo pode deliberar e aprovar (foi assim com a Constituição do Chile de 1980);

v Através de Convenções do Povo - A constituição é elaborada por uma Assembleia Constituinte, sendo,
depois, ratificada pelo povo através de convenções reunidas para esse efeito (Constituição dos EUA de
1787).
2. Processos constituintes

Processo constituinte direto

Aprovação pelo povo de um projeto de Constituição sem a participação de representantes.

v Referendário - O povo aprova livremente uma proposta de Constituição elaborada por determinados
órgãos políticos ou por um número indeterminado de cidadãos (iniciativa popular). É um procedimento
transparente. Exemplo da Constituição Suíça de 1999 (alterações à Constituição devem ser
referendadas).

v Plebiscitário - O projeto de Constituição é elaborado por um comité de peritos ou pelo governo, sendo
depois aprovado pelo povo. Visa-se alterar, de forma duvidosa, a ordem constitucional vigente. Há
quem fale de uma “má consulta”, dada a falta de transparência que normalmente vem associada a um tal
processo. É o exemplo da Constituição de 1933.
2. Processos constituintes

Processo constituinte monárquico

A Constituição é elaborado pelo Monarca.

v Carta Constitucional ou Constituições Outorgadas - Carta elaborada e assinada pelo Monarca, que
depois a outorga ou doa à Nação. É o caso da Carta Constitucional de 1826.

v Constituições dualistas ou pactuadas - Constituição é elaborada e discutida por uma assembleia eleita
pelo povo (as Cortes), sendo depois submetida à aprovação do monarca. Há quem entenda que este é o
caso da Constituição de 1838.
História do Constitucionalismo Português
1. Esquema do Constitucionalismo Português

• Influência da Revolução Francesa de 1789


• Surge no contexto da revolução liberal de 1820
Constituição • Curta vigência inicial, de setembro de 1822 a junho de 1823
de 1822

• Em 1826, D. Pedro outorga ao Reino a Carta Constitucional de 1826.


• É um documento fundado na legitimidade monárquica, sendo de referir o aparecimento do poder moderador do Rei.
CONSTITUIÇÕES
MONÁRQUICAS Carta • A Carta Constitucional teve três períodos de vigência – 1826 a 1828; 1834 a 1836; 1842 a 1851
Constitucional
• A Carta Constitucional teve 4 Atos Adicionais: 1852, 1885, 1896 e 1907.
de 1826

• A Constituição de 1838 surge no contexto de um clima de grande instabilidade política, tentando satisfazer os anseios liberais
nacionalistas e dos monárquicos.

Constituição • No entanto, não foi suficiente para acalmar o clima de instabilidade política que se fazia sentir.
de 1838 • A Constituição de 1838 foi revogada em 1842, pela reposição da vigência da Carta Constitucional.
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.1. Constituições Monárquicas
1. Esquema do Constitucionalismo Português

• Surge no seguimento da implementação da República em 1910


• A Constituição de 1911 rompe com as estruturas tradicionais do constitucionalismo monárquico.
Constituição • A Constituição de 1911 foi revista por seis vezes e teve duas vigências temporais: entre 1911 e 1917; e entre 1918 a 1926.
de 1911

• António Salazar preparou e apresentou um projeto de Constituição, que seria objeto de plebiscito em 1933.
CONSTITUIÇÕES • A Constituição de 1933 foi objeto de 10 revisões constitucionais.
REPUBLICANAS Constituição • Vigorou até 1974, ano em que cessa o período do Estado Novo.
de 1933

• Surge na sequencia da revolução de 25 de abril de 1974.


• A Constituição de 1976 continha uma marca muito expressiva da revolução e de alguns radicais liberais.

Constituição • Só com a revisão de 1982 foi possível concluir o processo democrático e desmilitarizar a Constituição.
de 1976 • Esta Constituição foi revista 7 vezes.
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.2. Constituições Republicanas
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.3. Características genéricas do Constitucionalismo português

Em dois séculos, a ordem jurídica portuguesa


Descontinuidade conheceu 6 diferentes textos constitucionais, com um
formal
período de interregno constitucional (1828-1834)

Características genéricas
do Constitucionalismo
português

Com exceção da Carta


As duas primeiras Constituições
Constitucional, todas as outras Vigência intermitente Portuguesas tiveram uma vigência
Constituições foram precedidas Via revolucionária das constituições intermitente, reflexo da instabilidade
por atos revolucionários, tendo monárquicas
que marcou a história politica
sido por eles fortemente
correspondente a este período.
condicionadas.
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do constitucionalismo liberal monárquico

Constituição de 1822 – a fase da iniciação constitucional


ØAntecedida pela Revolução liberal de 1820. Os revolucionários pretendiam que o rei D. João VI, que tinha ido para
o Brasil em 1807, regressasse e reassumisse o poder.
ØA Constituição de 1822 pretendia a instituição de uma Monarquia Constitucional, ou seja, a partilha de poderes
entre o rei e o Parlamento, de forma a que o monarca apenas exercesse os poderes que a Constituição lhe atribuísse.
ØConstituição foi elaborada e aprovada pelas Cortes Extraordinárias Constituintes
ØMonarca apenas aceitou e jurou a Constituição. Foi um procedimento constituinte representativo com assembleia
soberana.
ØO legislador constituinte optou pela separação entre poderes legislativo, executivo e judicial (artigo 30.º)
ØForte influência do princípio da soberania estadual e da igualdade jurídica de todos os cidadãos.
ØDois períodos de vigência: 1822-1823; 1836-1838
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do constitucionalismo liberal monárquico

A Carta Constitucional de 1826 – a fase da reafirmação constitucional


ØNão obstante D. João VI ter jurado a Constituição de 1822, quer a sua mulher, D. Carlota Joaquina, quer o seu filho, D. Miguel, nunca se conformaram com
esta limitação do poder soberano do rei.
ØEm 1823 houve uma investida dos partidários absolutistas, liderada por D. Miguel, a partir de Vila Franca de Xira (Vilafrancada) que, contudo, não foi bem
sucedida, já que D. João VI acabaria por dominar a revolta. Isso não impediu a revogação da Constituição de 1822 e a restauração do regime anterior.

ØEntre 1823-1826 não vigora qualquer constituição. D. João VI promete uma nova constituição ao seu povo.
ØJá em 1826 a Carta Constitucional é outorgada por D. Pedro IV de Portugal, depois da morte de D. João VI.

ØConstituição elaborada e aprovada pelo monarca - é introduzido o denominado poder moderador (art. 11.º e 71.º) – o Rei tinha o poder de garantir a
manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos.

ØApesar de ter jurado a Carta por duas vezes, D. Miguel sempre mostrou reservas em relação ao documento e acabaria por praticar uma série de atos em
desrespeito da Carta, atos esses que conduziram à sua abolição e à restauração do poder absoluto, o que culiminaria com a Guerra civil de 1828-1834.
ØCom a vitória de D. Pedro na Guerra Civil, os liberais repõem em vigor a Carta Constitucional, ainda que também este segundo período de vigência tenha
sido curto, já que a Carta voltou a ser abolida em 1836.
ØTrês períodos de vigência: 1826-1828; 1834-1836; 1842-1910
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do constitucionalismo liberal monárquico

A Constituição de 1838 – a fase da afirmação do parlamento


ØA partir de 1836 manteve-se um clima de “guerra civil”, entre Setembristas (radicais que invocavam a soberania nacional) e
Cartistas (conservadores que defendiam o respeito pelos princípios vertidos na Carta Constitucional).
Ø Com a revolução de setembro de 1836, entre fações liberais (cartistas e vintistas), entra novamente em vigor a Constituição de
1822 (1836-1838, 2.ª vigência)
Ø1838 – Passos Manuel chega ao poder e é aprovada uma nova constituição com um carácter pactuado, que tentaria satisfazer os
anseios dos liberais nacionalistas e dos monárquicos, mas que acabou por não agradar verdadeiramente a ninguém.
ØElaborada por uma Assembleia Constituinte, eleita pelo povo – Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes
ØDepois de elaborada foi submetida à Rainha D. Maria II, que aceitou e jurou a Constituição de 1838: verdadeira sanção régia ou
ato meramente confirmativo?
Ø1838 – 1842 – vigência da Constituição de 1838
Ø1842 – golpe de Costa Cabral (reposta em vigor a Carta Constitucional de 1826)
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do constitucionalismo liberal republicano (Iª República)

A Constituição de 1911 – a fase da República parlamentar

ØRevolução de 5 de outubro de 1910


ØQueda da Monarquia e implantação da República

ØA Assembleia Nacional Constituinte - elaborou e aprovou a Constituição.


ØEntre as principais características desta constituição destaca-se: a consagração de um catálogo de direitos e garantias
individuais no início do texto; a instituição de um modelo bicameral (Câmara dos Deputados e Senado) para o poder
legislativo; eleição indireta do Presidente da República (eleito pelo Congresso), a quem era atribuído o poder executivo mas
que não tinha poderes próprios relevantes – o que o colocava na dependência do poder legislativo.

ØA Constituição de 1911 foi revista por seis vezes.


2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do Estado Autoritário e Corporativo (IIª República)

A Constituição de 1933 – a fase do Estado Novo


Ø1.ª República - Instabilidade governamental – 44 governos em 15 anos.
Ø28 de maio de 1926 – Revolução Militar que deu início ao período da ditadura militar, que vai até 1933
Ø1933-1974 – Estado Novo
ØFoi criado o Conselho Político Nacional, que tinha o poder de apreciar projetos de Constituição, que lhe eram entregues.
ØConstituição foi baseada no projeto de constituição da autoria de Oliveira Salazar (com a colaboração de Fezas Vital,
Marcello Caetano e Quirino de Jesus)
ØO Projeto é aceite pelo Conselho Político Nacional e é submetido à aprovação popular através de um plesbicito.
ØÉ de destacar que esta constituição previa um catálogo de direitos e garantias individuais dos cidadãos mas com a
possibilidade de os mesmos serem restringidos por leis especiais, o que permitia, com facilidade, neutralizar o seu âmbito
de proteção.
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do Constitucionalismo Democrático (IIIª República)

A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

ØRevolução de 25 de abril de 1974.


ØO Movimento das Forças Armadas entregou o poder à Junta de Salvação Nacional presidida pelo General
António Spínola.
ØTivemos 35 leis constitucionais que antecederam a preparação da Constituição de 1976.

ØFoi utilizado um procedimento constituinte representativo ou indireto, tendo sido eleita uma assembleia
constituinte com poderes soberanos para elaborar e aprovar o projeto de constituição (Assembleia Nacional
Constituinte).

ØVigora até à atualidade, tendo já sofrido 7 revisões constitucionais.


2. Períodos da história constitucional portuguesa

Constituição Antecedentes Proc. constituinte Vigência

1822 Revolução liberal de 1820 Representativo 1822-1823


A. C. soberana 1836-1838
1826 Vila-Francada Monárquico 1826-1828
Carta Constitucional 1834-1836
1842-1910
1838 Revolução setembrista de Monárquico com constituição 1838-1842
1836 pactuada
1911 Implantação da República Representativo 1911-1926
(1910) A. C. soberana
1933 Golpe de Estado militar de Directo plebiscitário 1933-1974
1926 / (natureza antidemocrática e
Ditadura militar autoritária)
1976 25 de abril de 1974 Representativo 1976-?
A. C. soberana
Constituição de 1976
3. A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

CRP 1976 - Estrutura


Princípios
Princípios fundamentais
◦ Artigo 1.º - República Portuguesa
◦ Artigo 2.º - Estado de direito democrático
◦ Artigo 3.º - Soberania e legalidade
◦ Artigo 4.º - Cidadania portuguesa
◦ Artigo 5.º - Território
◦ Artigo 6.º - Estado unitário
◦ Artigo 7.º - Relações internacionais
◦ Artigo 8.º - Direito internacional
◦ Artigo 9.º - Tarefas fundamentais do Estado
◦ Artigo 10.º - Sufrágio universal e partidos políticos
◦ Artigo 11.º - Símbolos nacionais e língua oficial
3. A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

CRP 1976 - Estrutura


A Constituição dos Direitos e Deveres Fundamentais

Parte I - Direitos e deveres fundamentais


◦ Título I - Princípios gerais
◦ Título II - Direitos, liberdades e garantias
◦ Capítulo I - Direitos, liberdades e garantias pessoais
◦ Capítulo II - Direitos, liberdades e garantias de participação política
◦ Capítulo III - Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores

◦ Título III - Direitos e deveres económicos, sociais e culturais


◦ Capítulo I - Direitos e deveres económicos
◦ Capítulo II - Direitos e deveres sociais
◦ Capítulo III - Direitos e deveres culturais
3. A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

CRP 1976 - Estrutura


A Constituição Económica

Parte II – Organização económica


◦ Título I - Princípios gerais
◦ Título II – Planos
◦ Título III –Políticas agrícola, comercial e industrial
◦ Título IV – Sistema financeiro e fiscal
3. A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

CRP 1976 - Estrutura


A Constituição Organizatória

Parte III – Organização do poder político


◦ Título I - Princípios gerais
◦ Título II – Presidente da República
◦ Título III – Assembleia da República
◦ Título IV – Governo
◦ Título V – Tribunais
◦ Título VI – Tribunal Constitucional
◦ Título VII – Regiões Autónomas
◦ Título VIII – Poder Local
◦ Título IX – Administração Pública
◦ Título X – Defesa Nacional
3. A Constituição de 1976 – a fase do constitucionalismo democrático

CRP 1976 - Estrutura


Garantia (lato sensu) da Constituição
Parte IV - Garantia e revisão da constituição
◦ Título I - Fiscalização da constitucionalidade
◦ Artigo 277.º - Inconstitucionalidade por ação
◦ Artigo 278.º - Fiscalização preventiva da constitucionalidade
◦ Artigo 279.º - Efeitos da decisão
◦ Artigo 280.º - Fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade
◦ Artigo 281.º - Fiscalização abstracta da constitucionalidade e da legalidade
◦ Artigo 282.º - Efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou da ilegalidade
◦ Artigo 283.º - Inconstitucionalidade por omissão
◦ Título II - Revisão constitucional
◦ Artigo 284.º - Competência e tempo de revisão
◦ Artigo 285.º - Iniciativa da revisão
◦ Artigo 286.º - Aprovação e promulgação
◦ Artigo 287.º - Novo texto da Constituição
◦ Artigo 288.º - Limites materiais da revisão
◦ Artigo 289.º - Limites circunstanciais da revisão
Constituição de 1976
EVOLUÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1976: O
EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado

A Constituição de 1976 – Revisões Constitucionais

1982 – revisão ordinária - Procurou diminuir a carga ideológica da Constituição, flexibilizar o sistema
económico e redefinir as estruturas do exercício do poder político, sendo extinto o Conselho da
Revolução e criado o Tribunal Constitucional
◦ Normalização política – altera o sentido revolucionário socializante.
◦ Eliminação de fórmulas linguísticas típicas das narrativas emancipatórias. Ex.:, “transição para o socialismo”,
“sociedade sem classes”, “processo revolucionário”.
◦ Desmilitarização do projeto constitucional
1989 – revisão ordinária - Maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo ao
princípio da irreversibilidade das nacionalizações diretamente efetuadas após o 25 de abril de 1974
◦ Normalização económica – põe termo ao modelo socializante para a economia.
◦ Supressão da “irreversibilidade das nacionalizações”.
◦ Constituição aberta ao mercado comum.
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado

A Constituição de 1976 – Revisões Constitucionais

1992 – revisão extraordinária - Veio adaptar o texto constitucional aos princípios dos Tratados da
União Europeia
◦ Adaptação do texto constitucional ao Tratado de Maastricht, de 7 de fevereiro de 1992.
◦ Aditou o n.º 6 ao artigo 7.º quanto ao exercício em comum dos poderes necessários à construção da
União Europeia
1997 – revisão ordinária – Procedeu a uma reforma da organização do Poder Político
◦ Reforma do sistema politico – Ex.: alargamento do universo eleitoral a eleitores portugueses
recenseados no estrangeiro relativamente a alguns atos eleitorais e referendários
◦ Fim do modelo republicano clássico do serviço militar – princípio do voluntariado
◦ Liberdades e direitos fundamentais – cidadãos portugueses passam a poder ser extraditados
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado

A Constituição de 1976 – Revisões Constitucionais

2001 – revisão extraordinária - internacionalização da constituição penal


◦ Permite a ratificação, por Portugal, da Convenção que cria o Tribunal Penal Internacional.
◦ E não só...aproveitou-se para alargar proteções no âmbito dos direitos fundamentais (Ex.: aprofundar a igualdade
de direitos de cidadãos de língua portuguesa (art. 15.º/3), alargar a possibilidade de restrições da inviolabilidade do
domicílio (art. 34.º/5), etc.)

2004 – revisão ordinária - autonomia político-administrativa das regiões autónomas


◦ Aprofundamento da autonomia político-administrativa das regiões autónomas dos Açores e da Madeira,
aumentando os poderes das respetivas Assembleias Legislativas e eliminando o cargo de “Ministro da República”,
criando o de “Representante da República”.
◦ Clarificação da vigência na ordem jurídica interna dos tratados e normas da União Europeia
◦ Outras alterações (limitação dos mandatos, reforço do princípio da não discriminação)

2005 – revisão extraordinária – Referendo Tratado constitucional europeu


◦ Aditamento de um novo artigo, permitiu a realização de referendo sobre a aprovação de tratado que vise a
construção e o aprofundamento da União Europeia.
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado

A Constituição de 1976 – Revisões Constitucionais


3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado

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