DCI Prática - Slide 1
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• A Constituição possui superioridade jurídica face às demais regras jurídicas, já que se considera
que é atravessada por princípios aos quais é reconhecido um valor específico superior.
Constitucionalismo
inglês
Movimentos
Constitucionais
Constitucionalismo Constitucionalismo
norte-americano francês
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês
1. Período monocrático - corre desde 1215 até meados do século XVII; caracteriza-se pela prevalência
do poder da coroa.
2. Período aristocrático - mediou entre o Bill of Rights (1689) e a reforma eleitoral de 1832;
corresponde ao período de prevalência da Câmara dos Lordes (câmara alta do parlamento do Reino
Unido, corpo não-eleito) nas instituições do poder político britânicas.
3. Período democrático - encetado no século XIX; corresponde a um período de democratização das
instituições políticas, de ascensão e prevalência da Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento
do Reino Unido, composta pelo equivalente a deputados).
1) Formação e evolução
- Em 1215, com a Magna Charta, assiste-se a um período monárquico com vasta autoridade
régia. Através deste documento, o Rei obrigava-se a respeitar os direitos e privilégios da nobreza,
igreja, municípios e corporações. Não incluía verdadeiros direitos fundamentais, tratando-se
essencialmente de uma limitação ao poder real.
- No séc. XVII inicia-se o período aristocrático, marcado pela conquista de direitos, com a
Revolução Puritana e a chamada Glourious Revolution, surgindo estes enunciados em vários
documentos, como a Petition of Rights (1628), a Lei do Habeas Corpus (1679) e na Bill of
Rights (1689). Os poderes ficam centralizados na Câmara dos Lordes.
3) Soberania Parlamentar
- Com a Revolução Inglesa, o Rei deixa de ser o Governante supremo e o órgão supremo passa a
ser o Parlamento. O Parlamento é composto pela Coroa, pela Câmara dos Lordes e pela Câmara
dos Comuns. O Governo era responsável pelo Parlamento.
5) Constituição flexível
- As alterações à constituição podem ser feitas a todo o tempo através de leis do Parlamento que
não têm de seguir um procedimento específico.
- As “law of the land”, reguladoras da tutela das liberdades, são interpretadas e reveladas pelo Juiz,
que é quem cria o direito comum (“common law”).
2. Movimentos Constitucionais
2.1. Constitucionalismo inglês
7) Rule of Law
Magna Charta (1215): limita o poder do rei de criar e aumentar impostos, Parliament Act (1911)
proclama a liberdade da Igreja, garante os direitos das classes sociais perante
o rei, etc. European Communities Act (1972)
Bill of Rights (1689): determinava que ao rei era vedado anular leis ou Costumes constitucionais (prática reiterada com a convicção da respectiva
suspender a sua execução, criar impostos ou manter um exército sem obrigatoriedade);
autorização do Parlamento; continha uma série de garantias jurídicas dos
indivíduos (ex: liberdade de expressão) Convenções constitucionais (prática reiterada não acompanhada da convicção
da respectiva obrigatoriedade). Ex., o facto de o discurso do primeiro-
Act of Settlement (1701): disposições destinadas a preservar a supremacia ministro ser lido pela Rainha.
parlamentar
We the People of the United States, in Order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquility,
provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our
Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America.
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano
1) Formação e evolução
- Os direitos dos ingleses, conquistados no séc. XVII pela Revolução Puritana e pela Glorious Revolution, são transportados para os
territórios coloniais, começando aí a crescer e a afirmar-se como Revolução Americana.
- Esta revolução ficou marcada por uma grande desconfiança face ao Parlamento inglês, nomeadamente por o mesmo impor às colonias o
pagamento de impostos, sem lhes assegurar representação (“no taxation without representation”).
- É com a Constituição de Virgínia que se inicia este constitucionalismo, tornando-se as 13 colonias inglesas em Estados Soberanos.
- Pretende-se uma Constituição, uma lei superior, que sirva de garantia aos cidadãos contra as leis do legislador parlamentar soberano.
- Criou-se uma Federação e a respetiva Convenção Federal. Em 1787, com a Convenção de Filadélfia, os vários Estados constituíram uma
união forte que acabaria por conciliar os seus interesses. Nasce, assim, um Estado Federal, acima dos Estados federados, e com a sua
própria Constituição. Os vários Estados têm autonomia mas entregam certos poderes de soberania ao Estado Federal.
2. Movimentos Constitucionais
2.2. Constitucionalismo norte-americano
2) Constituição rígida
- As alterações à Constituição estão dependentes da adoção de um procedimento específico, particularmente
exigente (que reclama a intervenção de todos os Estados federados) e distinto daquele que é requisito da emanação
das demais leis. A alteração da constituição é feita através de aditamentos (“amendments”) que são anexados ao texto
da constituição. As 10 primeiras emendas são designadas por Carta dos Direitos dos Estados Unidos (Bill of
Rights) por conterem os direitos básicos do cidadão face ao poder do estado.
3) Constituição flexível
- As sucessivas emendas, adendas, bem como a atividade hermenêutica dos tribunais e a jurisprudência
constitucional permitem adequar o texto da Constituição à realidade constitucional.
- A Constituição é uma lei que, por ser superior, torna nula qualquer lei inferior que a viole.
- Vale aqui o princípio da fiscalização da constitucionalidade das leis, que pressupõe que o poder legislativo é um poder
constituído e não pode ser exercido em sentido contrário à Constituição.
- E o princípio do carácter rígido da Constituição, que significa que existe um procedimento agravado de revisão
constitucional.
1) Formação e evolução
- Forma-se a partir de 1789, com a Revolução Francesa, que pretende romper com o Áncien Régime, contra os privilégios
ou direitos estamentais, contra o poder absoluto e o monarca.
- Pretende-se criar uma nova ordem assente nos direitos naturais dos indivíduos: todos os homens nascem livres e iguais
em direitos. Esta nova ordem surge através de um contrato social (J. J. Rousseau), assente nas vontades individuais, por
via do qual os indivíduos deixam o “Estado de Natureza” e passam a integrar o “Estado Civil”. Torna-se então necessária
a criação de uma lei escrita, de uma constituição que afirme os direitos naturais individuais e a nova ordem política.
v Ao poder ou força de criar uma Constituição dá-se o nome de poder constituinte originário.
v O poder constituinte não se confunde com os poderes constituídos (legislativo, executivo, judicial e de revisão)
1. Conceito de poder constituinte
• A Constituição inglesa foi sendo formada com base no costume, nas tradições, nas convicções
religiosas. É a sedimentação histórica dos direitos adquiridos pelos ingleses. Daí que o conceito de
Constitucion poder constituinte seja estranho a este constitucionalismo.
alismo inglês
• Afirma-se a ideia do poder constituinte como poder de criar uma Constituição, a qual está plasmada na
fórmula “We, the People” consagrada no início da Constituição dos EUA de 1787. Apesar disso, este
Constitucion constitucionalismo traz subjacente uma intenção bastante pragmática, vislumbrando a Constituição
alismo norte- como um instrumento funcionalizado à produção de um sistema de limites para aqueles que exercem o
americano poder e de direitos para aqueles que a ele estão subordinados.
• A Nação é o titular do poder de querer e criar uma nova ordem política e social, que rompe com o
Antigo Regime. A ideia de um poder constituinte afirma-se com as Constituições modernas que
Constitucion pretendem valer como lei fundamental que regula a vida da comunidade. As mesmas tratam-se de leis
alismo escritas impostas por uma autoridade, pelo poder constituinte.
francês
1. Conceito de poder constituinte
Críticas à tese tradicional
Procedimentos
Constituintes
v Assembleia Não Soberana - À Assembleia (eleita, pelo povo, através de sufrágio) cabe apenas elaborar
e discutir o projeto da Constituição ou os projetos, competindo, depois, ao povo aprovar, através de
referendo, esse mesmo projeto. Verifica-se uma clara influência da teoria da soberania popular de J. J.
Rousseau: só o povo pode deliberar e aprovar (foi assim com a Constituição do Chile de 1980);
v Através de Convenções do Povo - A constituição é elaborada por uma Assembleia Constituinte, sendo,
depois, ratificada pelo povo através de convenções reunidas para esse efeito (Constituição dos EUA de
1787).
2. Processos constituintes
v Referendário - O povo aprova livremente uma proposta de Constituição elaborada por determinados
órgãos políticos ou por um número indeterminado de cidadãos (iniciativa popular). É um procedimento
transparente. Exemplo da Constituição Suíça de 1999 (alterações à Constituição devem ser
referendadas).
v Plebiscitário - O projeto de Constituição é elaborado por um comité de peritos ou pelo governo, sendo
depois aprovado pelo povo. Visa-se alterar, de forma duvidosa, a ordem constitucional vigente. Há
quem fale de uma “má consulta”, dada a falta de transparência que normalmente vem associada a um tal
processo. É o exemplo da Constituição de 1933.
2. Processos constituintes
v Carta Constitucional ou Constituições Outorgadas - Carta elaborada e assinada pelo Monarca, que
depois a outorga ou doa à Nação. É o caso da Carta Constitucional de 1826.
v Constituições dualistas ou pactuadas - Constituição é elaborada e discutida por uma assembleia eleita
pelo povo (as Cortes), sendo depois submetida à aprovação do monarca. Há quem entenda que este é o
caso da Constituição de 1838.
História do Constitucionalismo Português
1. Esquema do Constitucionalismo Português
• A Constituição de 1838 surge no contexto de um clima de grande instabilidade política, tentando satisfazer os anseios liberais
nacionalistas e dos monárquicos.
Constituição • No entanto, não foi suficiente para acalmar o clima de instabilidade política que se fazia sentir.
de 1838 • A Constituição de 1838 foi revogada em 1842, pela reposição da vigência da Carta Constitucional.
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.1. Constituições Monárquicas
1. Esquema do Constitucionalismo Português
• António Salazar preparou e apresentou um projeto de Constituição, que seria objeto de plebiscito em 1933.
CONSTITUIÇÕES • A Constituição de 1933 foi objeto de 10 revisões constitucionais.
REPUBLICANAS Constituição • Vigorou até 1974, ano em que cessa o período do Estado Novo.
de 1933
Constituição • Só com a revisão de 1982 foi possível concluir o processo democrático e desmilitarizar a Constituição.
de 1976 • Esta Constituição foi revista 7 vezes.
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.2. Constituições Republicanas
1. Esquema do Constitucionalismo Português
1.3. Características genéricas do Constitucionalismo português
Características genéricas
do Constitucionalismo
português
ØEntre 1823-1826 não vigora qualquer constituição. D. João VI promete uma nova constituição ao seu povo.
ØJá em 1826 a Carta Constitucional é outorgada por D. Pedro IV de Portugal, depois da morte de D. João VI.
ØConstituição elaborada e aprovada pelo monarca - é introduzido o denominado poder moderador (art. 11.º e 71.º) – o Rei tinha o poder de garantir a
manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos.
ØApesar de ter jurado a Carta por duas vezes, D. Miguel sempre mostrou reservas em relação ao documento e acabaria por praticar uma série de atos em
desrespeito da Carta, atos esses que conduziram à sua abolição e à restauração do poder absoluto, o que culiminaria com a Guerra civil de 1828-1834.
ØCom a vitória de D. Pedro na Guerra Civil, os liberais repõem em vigor a Carta Constitucional, ainda que também este segundo período de vigência tenha
sido curto, já que a Carta voltou a ser abolida em 1836.
ØTrês períodos de vigência: 1826-1828; 1834-1836; 1842-1910
2. Períodos da história constitucional portuguesa
2.1. O período do constitucionalismo liberal monárquico
ØFoi utilizado um procedimento constituinte representativo ou indireto, tendo sido eleita uma assembleia
constituinte com poderes soberanos para elaborar e aprovar o projeto de constituição (Assembleia Nacional
Constituinte).
1982 – revisão ordinária - Procurou diminuir a carga ideológica da Constituição, flexibilizar o sistema
económico e redefinir as estruturas do exercício do poder político, sendo extinto o Conselho da
Revolução e criado o Tribunal Constitucional
◦ Normalização política – altera o sentido revolucionário socializante.
◦ Eliminação de fórmulas linguísticas típicas das narrativas emancipatórias. Ex.:, “transição para o socialismo”,
“sociedade sem classes”, “processo revolucionário”.
◦ Desmilitarização do projeto constitucional
1989 – revisão ordinária - Maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo ao
princípio da irreversibilidade das nacionalizações diretamente efetuadas após o 25 de abril de 1974
◦ Normalização económica – põe termo ao modelo socializante para a economia.
◦ Supressão da “irreversibilidade das nacionalizações”.
◦ Constituição aberta ao mercado comum.
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado
1992 – revisão extraordinária - Veio adaptar o texto constitucional aos princípios dos Tratados da
União Europeia
◦ Adaptação do texto constitucional ao Tratado de Maastricht, de 7 de fevereiro de 1992.
◦ Aditou o n.º 6 ao artigo 7.º quanto ao exercício em comum dos poderes necessários à construção da
União Europeia
1997 – revisão ordinária – Procedeu a uma reforma da organização do Poder Político
◦ Reforma do sistema politico – Ex.: alargamento do universo eleitoral a eleitores portugueses
recenseados no estrangeiro relativamente a alguns atos eleitorais e referendários
◦ Fim do modelo republicano clássico do serviço militar – princípio do voluntariado
◦ Liberdades e direitos fundamentais – cidadãos portugueses passam a poder ser extraditados
3. A Constituição de 1976 – o exercício do poder constituinte derivado