Igor Furtado Targino - Dissertaçâo (Ppgegrn) 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DE
RECURSOS NATURAIS

IGOR FURTADO TARGINO

SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA


ÁGUA EM CISTERNAS

Campina Grande
Junho de 2021
IGOR FURTADO TARGINO

SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA


ÁGUA EM CISTERNAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia e Gestão de Recursos
Naturais da Universidade Federal de Campina
Grande – UFCG, em cumprimento às exigências
para obtenção do Título de Mestre.

Orientadora: Patrícia Hermínio Cunha Feitosa


Coorientadora: Dayse Luna Barbosa

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
Saneamento Ambiental

LINHA DE PESQUISA:
Engenharia de Recursos Naturais

Campina Grande
Junho de 2021
T185s Targino, Igor Furtado.
Sistema de baixo custo para monitoramento da qualidade da
água em cisternas / Igor Furtado Targino. – Campina Grande,
2021.
96 f. : il. : color.

Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão de Recursos


Naturais) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de
Tecnologia e Recursos Naturais, 2021.
"Orientação: Prof.ª Dr.ª Patrícia Herminio Cunha Feitosa;
Coorientação: Prof.ª Dr.ª Dayse Luna Barbosa".
Referências.

1. Medição Automatizada. 2. Ph. 3. Turbidez. 4. Comunidades


Rurais. I. Feitosa, Patrícia Herminio Cunha. II. Barbosa, Dayse
Luna. III. Título.

CDU 628.1(043)
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECÁRIA MARIA ANTONIA DE SOUSA CRB 15/398
FICHA DE AVALIAÇÃO

EXAME FINAL DE:


DISSERTAÇÃO

CURSO OU PROGRAMA:

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS


NATURAIS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
PROCESSOS AMBIENTAIS

TÍTULO DO TRABALHO:

SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM CISTERNAS

ALUNO(A):
Igor Furtado Targino

ORIENTADOR:
Patrícia Hermínio Cunha Feitosa

3
are
OBSERVAÇÕES DA BANCA EXAMINADORA:

...............................................................................................................................................................
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A BANCA EXAMINADORA, TENDO EM VISTA A EXPOSIÇÃO ORAL APRESENTADA PELO(A)


ALUNO(A) E PROCEDIDA A ARGÜIÇÃO PERTINENTEAO TRABALHO FINAL CONSIDEROU
O(A) CANDIDATO(A):

X APROVADO ____REPROVADO ____INDETERMINADO

MEMBRO DA BANCA TITULAÇÃO INSTITUIÇÃO ASSINATURA


Patrícia Herminio Cunha Feitosa Doutora UFCG

Dayse Luna Barbosa Doutora UFCG


Andrea Carla Lima Rodrigue Doutora UFCG
Marilia Marcy Cabral de Araújo Doutora UFCG

LOCAL DATA

Campina Grande 07 de junho de 2021

INSTRUÇÃO À BANCA EXAMINADORA


1. O conceito da avaliação deve ser expresso como: Aprovado, Em exigência, Indeterminado e
Reprovado;
2. A avaliação é feita após a exposição oral e argüição do (a) candidato(a);
3. Caso seja sugerida reformulação do trabalho final, a Banca Examinadora deverá estabelecer um
prazo disponível para o(a) aluno(a) procede-la;
4. Após o preenchimento da Ficha de Avaliação, a mesma deverá ser entregue à Secretaria do curso
de Pós-Graduação pelo Presidente da Banca Examinadora.

4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS
Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58109-970, Campina Grande - PB
Tel.: (0xx83) 2101 1199; Fax: (0xx83)2101 1651; E-mail: [email protected]

ATA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO

Ata da quinta sessão pública de Defesa de Dissertação , em 2021, no Programa de Pós-


Graduação em Engenharia e Gestão de Recursos Naturais PPGEGRN do Centro de Tecnologia e
Recursos Naturais CTRN da Universidade Federal de Campina Grande UFCG. Ao sétimo dia do
mês de junho de 2021, às 14:00 horas por meio de videoconferência reuniu-se na forma e
Termos do Art. 62 do Regulamento Geral dos Cursos e Programas de Pós-G ad açã S ic
Sen da UFCG e d Reg lamen d P g ama de P -Graduação em Engenharia e Gestão de
Recursos Naturais, Resolução 02/2019 do Colegiado Pleno do Conselho Superior de Ensino,
Pesquisa e Extensão CONSEPE/UFCG, a Banca Examinadora composta pelos
professores/pesquisadores Profa. Dr.(a) Patrícia Herminio Cunha Feitosa/UFCG, como
orientador(a) principal e a Prof.(a.) Dr.(a.) Dayse Luna Barbosa/UFCG como coorientadora;
Prof.(a.) Dr.(a) Andrea Carla Lima Rodrigues/UFCG, como membro interno; Prof.(a.) Dr.(a)
Marilia Marcy Cabral de Araújo/UFCG, como membro externo, a qual foi constituída pela
Portaria PPGEGRN 14/2021 da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Gestão de Recursos Naturais, juntamente com Sr. Igor Furtado Targino, candidato(a) ao Grau
de Mestre em Recursos Naturais. Abertos os trabalhos, o(a) Senhor (a) Presidente da Banca
Examinadora, Prof.(a.) Dra. Patrícia Herminio Cunha Feitosa, anunciou que a sessão tinha a
finalidade de julgamento da apresentação e de defesa da Dissertação sob o título: SISTEMA DE
BAIXO CUSTO PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM CISTERNAS . Área de
Concentração: Processos Ambientais, orientado pelo(a) Professor(a) Dra. Patrícia Herminio
Cunha Feitosa. O(A) presidente concedeu à palavra ao candidato para, no prazo de tempo
estipulado, efetuar a apresentação de seu trabalho. Concluída a exposição do candidato, a
Presidente iniciou a segunda etapa do processo de defesa passando a palavra a cada membro da
Banca Examinadora para as devidas considerações, correções e arguição da candidata. Em
seguida, a Banca Examinadora solicitou a saída dos presentes para, em sessão secreta, avaliar a
apresentação e defesa. Após chegar a uma decisão final, a Banca Examinadora solicitou o retorno
da Assembléia e anunciou, de conformidade com o que estabelece o Art. 57 do Regulamento do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Gestão de Recursos Naturais, o Conceito
APROVADO, o qual será atribuído após o candidato, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, efetuar
as correções e modificações sugeridas e aprovadas pela Banca Examinadora. Nada mais havendo
a tratar pelo Coordenador, pelo candidato e pelos membros da Banca Examinadora.

Campina Grande, 07 de Junho de 2021.


Assinaturas:
Coordenador do PPGEGRN __________________________________
Candidato(a)______________________________________________
FurtadoTargino
Igor
Presidente _______________________________________________
Examinador ______________________________________________
Examinador ______________________________________________
Examinador ______________________________________________
Examinador ______________________________________________
a
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, o Todo Poderoso, que está comigo todos os


dias da minha vida. Meu sustento, minha paz, minha fortaleza, minha fonte de
sabedoria, sem o qual jamais chegaria aonde cheguei. A Ele toda a honra e toda
glória, sempre.
Agradeço aos meus pais, Hélder e Morgana, por toda a dedicação,
investimentos e cuidados. Por me ensinarem princípios, pela educação e pelo
encorajamento. Muito obrigado por muitas vezes abrirem mão de pensar em vocês
para pensarem em seus filhos. Agradeço a vocês por todo o amor, por se alegrarem
comigo nas alegrias e chorarem comigo nas tristezas.
À minha noiva, Eliza, por ser um porto seguro, por me incentivar, cuidar e me
amar tanto. Por sonhar nossos sonhos e por me fazer ser melhor. Por acreditar e por
me ajudar tanto, até quando nem imagina. Por se alegrar com minhas conquistas e
ser papel essencial em cada uma delas.
À minha pastora e sogra, Graça Moreira, por todos os ensinamentos e pelo
tempo dedicado a orar por mim. Pelo cuidado de mãe, conselhos e pelo exemplo de
liderança que é para mim. Sem suas orientações eu não estaria concluindo mais essa
etapa, muito obrigado por tudo.
À minha irmã, Thainá, pelo companheirismo, cumplicidade e amor. Sua vida é
demasiadamente importante para mim.
À minha família Celebrando VIDA, família que Deus me deu e que me ajuda
ser melhor. Por todo o apoio e incentivo, por acreditarem e torcerem por mim. Por
todas as orações e por todo o amor. Vocês são um presente de inestimável valor na
minha vida.
À toda a minha família e amigos que se fazem presentes, contribuindo para
fazer os meus dias mais felizes. Sou grato à Deus por cada vida.
Às professoras Patrícia e Dayse e ao amigo Igor Antônio de Paiva Brandão, por
toda a dedicação, ensinamentos, paciência e prontidão para ajudar no
desenvolvimento e montagem deste trabalho.
Agradeço a todos os professores que já tive, pelos bons ensinamentos que
agregam conhecimento para profissão e para a vida.
Por fim, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para o meu
crescimento e para a concretização deste trabalho. Muito obrigado!
RESUMO

A qualidade da água para consumo humano influencia diretamente o bem-estar


dos seus consumidores. Doenças infectocontagiosas de veiculação hídrica surgem
como problemas de saúde pública que poderiam ser evitados pela fiscalização
contínua dos sistemas de abastecimento de água quanto ao atendimento dos padrões
de potabilidade apresentados na Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde.
Comunidades que residem em áreas mais afastadas dos centros urbanos e que fazem
uso de águas advindas de sistemas alternativos de abastecimento, são muitas vezes
excluídas de ações de fiscalização dos parâmetros de qualidade da água, geralmente
pela dificuldade de acesso e de logística que há para coleta de amostras nesses
locais. Os parâmetros pH e Turbidez, utilizados para controle da qualidade água de
solução alternativa coletiva, informam sobre a presença de substâncias
contaminantes que podem oferecer risco à saúde humana. O uso de sistemas de
monitoramento remoto para acompanhar as variações desses parâmetros apresenta-
se como solução de controle qualitativo da água que abastece tais comunidades,
permitindo a verificação em tempo real de eventuais alterações na água. Este trabalho
tem como objetivo desenvolver um dispositivo de baixo custo para monitorar em
tempo real os parâmetros de pH, turbidez e temperatura da água. Para isso, foi criado
um hardware, contendo componentes sensoriais, controladores e de alimentação,
seguindo-se a programação do software em linguagem Arduino, similar à linguagem
C. A calibração e validação dos sensores foram feitas mediante ensaios no
Laboratório de Saneamento da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
utilizando pHmetro e turbidímetro. O sistema foi testado em duas cisternas,
localizadas na zona rural da cidade de Alagoa Grande, Paraíba, enviando os dados
coletados em tempo real para a plataforma ThingSpeak, que apresentava
graficamente as informações sobre os parâmetros de interesse. Falhas nas redes
locais de internet, quedas de energia e eventuais descalibrações do sistema com o
manuseio, foram algumas das dificuldades encontradas com a utilização do sistema
em campo. Apesar disso, os resultados obtidos comprovaram a eficiência do sistema
para monitoramento remoto do pH, turbidez e temperatura da água.

Palavras-chave: medição automatizada, pH, turbidez, comunidades rurais.


ABSTRACT

The quality of water for human consumption directly influences the well-being
of its final consumers. Infectious and contagious waterborne diseases emerge as
public health problems that could be avoided by the continuous inspection of water
supply systems regarding compliance with the drinking standards presented in
Ordinance No. 888/2021 of the Brazil Ministry of Health. Communities residing in areas
further away from urban centers and which make use of water from alternative supply
systems, are often excluded from actions to monitor water quality parameters,
generally due to the difficulty of access and logistics for collecting samples in these
locations. The pH and Turbidity parameters, used to control the quality of water in a
collective alternative solution, inform about the presence of contaminating substances
that may pose a risk to human health. The use of remote monitoring systems to monitor
variations in these parameters is a qualitative control solution for the water that
supplies these communities, allowing real-time verification of any changes in water.
This work aims to develop a low-cost device to monitor in real-time the pH, turbidity
and water temperature parameters in real time. For this, hardware will be created,
containing sensors, controllers and power components, following the programming of
the software in Arduino language, similar to the C language. The calibration and
validation of the sensors were made through tests at the Sanitation Laboratory of the
Federal University of Campina Grande (UFCG). The system was tested in two cisterns,
located in the rural area of Alagoa Grande city, sending the data collected in real time
to the ThingSpeak platform, which graphically presented information about the
parameters of interest. Failures in the local internet networks, power outages and
possible system decalibrations with handling, were some of the difficulties encountered
with the use of the system in the field. Despite this, the results obtained proved the
efficiency of the system for remote monitoring of pH, turbidity and water temperature.

Key words: automated measurement, pH, turbidity, rural communities.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução temporal das portarias de potabilidade no Brasil........................ 22


Figura 2: Fluxograma metodológico .......................................................................... 40
Figura 3: Esquema para desenvolvimento do sistema de monitoramento da
qualidade da água ..................................................................................................... 41
Figura 4: Esquema do monitoramento da qualidade da água ................................... 43
Figura 5: Esquema para montagem do hardware ..................................................... 50
Figura 6: Sistema de monitoramento da qualidade da água ..................................... 51
Figura 7: Mapa de indicação da localização das cisternas ....................................... 53
Figura 8: Calibração do pHmetro da UFCG .............................................................. 54
Figura 9: Leituras de pH com o protótipo desenvolvido ............................................ 55
Figura 10: Validação da turbidez com turbidímetro Hach 2100P .............................. 55
Figura 11: Comparativo entre o sistema com módulo para conexão 3G/4G e com
módulo para conexão Wi-Fi ....................................................................................... 57
Figura 12: Formas de alimentação energética testadas............................................ 59
Figura 13: Montagem do sistema com placa de circuito impresso artesanal ............ 59
Figura 14: Montagem dos circuitos com fios de cobre .............................................. 60
Figura 15: Médias diárias dos valores de pH durante testes de bancada ................. 61
Figura 16: Médias diárias dos valores de turbidez durante testes de bancada......... 62
Figura 17: Gráfico da correlação entre turbidez e temperatura durante os testes de
bancada ..................................................................................................................... 62
Figura 18: Registro fotográfico da cisterna 01 ........................................................... 63
Figura 19: Registro fotográfico da cisterna 02 ........................................................... 64
Figura 20: Valores diários das leituras de pH na cisterna 01 .................................... 66
Figura 21: Histograma de frequência dos valores de pH na cisterna 01 ................... 67
Figura 22: Gráfico de correlação entre pH e temperatura na cisterna 01 ................. 67
Figura 23: Valores das médias diárias das leituras de turbidez na cisterna 01......... 68
Figura 24: Histograma de frequência dos valores de turbidez na cisterna 01........... 69
Figura 25: Variação da turbidez com a temperatura ................................................. 70
Figura 26: Médias diárias de pH na cisterna 02 ........................................................ 71
Figura 27: Histórico de precipitações durante as medições na cisterna 02 .............. 72
Figura 28: Histograma da variação do pH na cisterna 02 ......................................... 72
Figura 29: Gráfico de correlação entre a temperatura e o pH na cisterna 02 ........... 73
Figura 30: Médias diárias da temperatura nas cisternas 01 e 02 .............................. 74
Figura 31: Falha identificada na criação das médias diárias pela ferramenta
ThingSpeak................................................................................................................ 76
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Critérios e valores de referência para o monitoramento do pH e turbidez 43


Tabela 2: Coordenadas geográficas das cisternas monitoradas............................... 52
Tabela 3: Valores dos materiais utilizados ................................................................ 76
Tabela 4: Valores médios de equipamentos similares fornecidos no mercado......... 77
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Etapas de funcionamento do Software.......................................................44


Quadro 2: Componentes de Hardware.......................................................................45
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

1.1 Objetivos .......................................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo Geral............................................................................................ 12

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 12

2.1 A importância do saneamento na qualidade de vida ....................................... 12

2.2 Qualidade da água para consumo humano ..................................................... 14

2.2.1 Fatores que exercem influência na qualidade da água ............................. 17

2.2.2 Influência da educação ambiental e das práticas culturais na qualidade da


água.................................................................................................................... 18

2.3 Controle da qualidade da água de abastecimento no Brasil............................ 19

2.3.1 pH .............................................................................................................. 22

2.3.2 Turbidez..................................................................................................... 24

2.4 Sistemas alternativos de abastecimento de água para comunidades ............. 25

2.4.1 Caminhões-pipa ........................................................................................ 28

2.4.2 Poços......................................................................................................... 29

2.4.3 Cisternas ................................................................................................... 31

2.5 Uso de automatização no controle da qualidade da água usada para o


abastecimento humano .......................................................................................... 33

2.5.1 Uso da ferramenta Arduino na automatização de sistemas ...................... 37

3. METODOLOGIA ................................................................................................. 39

3.1 Desenvolvimento do protótipo.......................................................................... 41

3.1.1 Software .................................................................................................... 44

3.1.2 Hardware ................................................................................................... 44

3.2 Calibração e validação dos sensores .............................................................. 48

3.3 Montagem do Sistema ..................................................................................... 49


3.4 Locais escolhidos para os testes de campo .................................................... 52

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 53

4.1 Calibração do sensor de pH............................................................................. 53

4.2 Calibração do sensor de turbidez .................................................................... 55

4.3 Conexão à internet ........................................................................................... 56

4.4 Fonte de energia utilizada ................................................................................ 57

4.5 Montagem dos circuitos ................................................................................... 59

4.6 Testes em bancada.......................................................................................... 60

4.7 Caracterização das cisternas e testes em campo ........................................... 63

4.71 Monitoramento da qualidade da água na cisterna 01 ................................ 65

4.7.1.1 Monitoramento do pH na cisterna 01 .................................................. 65

4.7.1.2 Monitoramento da turbidez na cisterna 01.......................................... 68

4.7.2 Monitoramento da qualidade da água na cisterna 02 ............................... 70

4.7.2.1 Monitoramento do pH na cisterna 02 .................................................. 71

4.7.3 Monitoramento da temperatura em campo ............................................... 73

4.7.4 Dificuldades encontradas durante o monitoramento da qualidade da água


em campo ........................................................................................................... 74

4.7.5 Falha na criação de gráficos de médias diárias no ThingSpeak ............... 75

4.8 Custos do sistema de monitoramento remoto da qualidade da água .............. 76

5. CONCLUSÕES .................................................................................................. 78

6. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................... 80

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81
1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade, as civilizações demonstram cuidados com o


abastecimento e qualidade da água para consumo humano, desenvolvendo técnicas
de captação, tratamento, irrigação e de transporte através de tubulações ou
aquedutos. Práticas sanitárias coletivas já eram desenvolvidas pelos gregos e
romanos, que relacionavam a qualidade da água de consumo com a ocorrência de
doenças, mesmo antes de ser descoberto que seres microscópios eram responsáveis
por tais patologias (SANTOS; SILVA, 2018).
A água é fundamental para a existência da vida e para a realização da maioria
das atividades humanas. A sua ausência em quantidade ou qualidade afeta o
desenvolvimento econômico de regiões e está diretamente relacionada com o
aumento de casos de doenças e mortes prematuras de pessoas (ALVES et al., 2017).
A gestão dos processos de tratamento, distribuição e fiscalização qualitativa da água
deve ser feita tanto em sistemas de abastecimento de água convencionais, que
contam com estações de tratamento e redes de distribuição, como nos sistemas
alternativos de abastecimento de água que suprem as necessidades das pequenas
comunidades, maximizando a qualidade de vida das pessoas de forma universal e
equitativa (MACHADO et al., 2016).
Para uniformizar a qualidade da água que é distribuída às populações, suportes
legais e normativos por meio de padrões de potabilidade da água para consumo
humano são desenvolvidos em todo o mundo, os quais são geralmente fiscalizados
por meio dos órgãos de vigilância sanitária locais e pelos responsáveis pelo
abastecimento da água. Tais normas estabelecem parâmetros para controle
microbiológico, turbidez, substâncias químicas, substâncias radioativas, desinfecção,
entre outros, além de instituir processos ideais para assegurar a eficiência no
tratamento e distribuição da água, variando com a legislação de cada país
(VENTURA; VAZ FILHO; NASCIMENTO, 2019).
No Brasil, 16,3% da população não tem acesso a rede geral de distribuição de
água, recorrendo a soluções alternativas de abastecimento para usufruírem de água
em suas residências. Na região Nordeste, 26,1% da população não possui água
chegando em suas residências por meio da rede geral de abastecimento, enquanto
na região Norte esse número é ainda maior, representando 42,5% da população
(SNIS, 2019). Municípios com mais de 100.000 habitantes, geralmente, contam com

10
um sistema de tratamento convencional da água, enquanto municípios com até 20.000
habitantes são, em sua maioria, contemplados apenas com o processo de
desinfecção, devido à limitação de recursos financeiros e operacionais (SOUZA;
SANTOS, 2016).
Sistemas alternativos de abastecimento de água, como poços, cisternas e
caminhões-pipa, são amplamente utilizados no nordeste brasileiro, principalmente nas
zonas rurais, que muitas vezes não contam com ligações às redes públicas de
fornecimento de água. As cisternas são utilizadas como alternativas para suprir as
necessidades básicas das populações que residem nessas áreas, sendo empregadas
para captação da água da chuva ou armazenamento da água advinda de caminhões-
pipa. Porém, a água proveniente de sistemas alternativos de abastecimento carece
de vigilância e controle da sua qualidade (GOMES; HELLER, 2016).
O uso de sistemas automatizados é uma alternativa para auxiliar nas medições
de parâmetros qualitativos da água, reduzindo esforços, custos e tempo que seriam
gastos com recolhimento e análise de amostras. O uso de tais tecnologias permite o
acompanhamento das alterações nos parâmetros de interesse em tempo real, por
meio de esforços de programação computacional e do uso de dispositivos de
monitoramento e transmissão de dados, beneficiando principalmente o
monitoramento da qualidade da água em zonas rurais ou em áreas de difíceis
acessos.
A plataforma de prototipagem Arduino possibilita a criação de sistemas
automatizados de baixo custo. Além dos baixos preços dos seus componentes
eletrônicos e da gratuidade do seu software programador, a popularização desse
microcontrolador cresce no meio educacional e no âmbito acadêmico para pesquisas
de monitoramento de variáveis em campo, graças a sua linguagem de programação
intuitiva, sua portabilidade e precisão nos resultados (SPINELLI; GOTTESMAN;
DEENIK, 2019).
Para avaliar o desempenho do sistema desenvolvido neste trabalho, foram
realizados testes de bancada no laboratório de Saneamento da UFCG e testes em
campo, executados em cisternas da zona rural do município de Alagoa Grande,
Paraíba. A testagem do sistema em campo foi exercida com objetivo de avaliar o
desempenho dos sensores de monitoramento da qualidade da água quando
submetidos a condições de movimentação e recarga hídrica, inerentes ao uso das
cisternas em situações do dia a dia.

11
1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver um sistema de baixo custo – hardware e software – visando o


monitoramento automatizado dos parâmetros de pH, turbidez e temperatura das
águas de cisternas para maximização da segurança quanto ao seu consumo.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Criar um sistema automatizado com diferentes componentes para monitoramento


dos índices de pH, turbidez e temperatura em cisternas;
• Configurar um sistema de gerenciamento da informação, capaz de armazenar o
histórico de medições realizadas e apresentá-lo por meio de recursos visuais ao
usuário final do sistema;
• Avaliar o funcionamento do sistema desenvolvido na zona rural do município de
Alagoa Grande.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A importância do saneamento na qualidade de vida

Saneamento básico envolve os serviços de abastecimento de água,


esgotamento sanitário, drenagem urbana e limpeza urbana de um local, visando a
promoção de saúde e qualidade de vida da sua população. Nos países em
desenvolvimento que apresentam infraestrutura de saneamento precária, altas taxas
de morbidade e mortalidade são, muitas vezes, relacionadas às doenças
infectocontagiosas de veiculação hídrica, colocando em evidência a relação direta que
há entre problemas sociais e degradação ambiental. Conhecer as áreas onde há
maiores ocorrências de tais doenças e relacioná-las com a probabilidade de risco a
que está submetida a população de determinada área, são iniciativas tanto de
vigilância sanitária como de combate à precariedade de investimentos em
saneamento (SILVA; OLIVEIRA; LOPES, 2019).

12
A falta de investimento em serviços de saneamento básico causa, além de
diminuição no bem-estar da população, prejuízos econômicos e diminuição dos
indicadores de desenvolvimento de uma região, ambos relacionados a degradação
dos recursos naturais em quantidade e qualidade. Essa deficiência de investimento
tem se mostrado uma das principais causas de contaminação das águas utilizadas
para abastecimento urbano, muito devido à destinação incorreta de rejeitos urbanos,
que retornam aos mananciais. Como consequência, os custos com o tratamento da
água a ser distribuída sofrem elevação e o número de pessoas acometidas por
doenças de veiculação hídrica aumenta nos hospitais, situações que ampliam os
gastos públicos (PAIVA; SOUZA, 2018).
O ambiente urbano e o cotidiano de uma família são diretamente influenciados
pela qualidade de gestão dos serviços de saneamento urbano, podendo resultar em
degradação da vida social quando houver desatenção das autoridades com tais
serviços. Com isso, as famílias que residem em áreas com saneamento precário,
muitas vezes, desenvolvem estratégias individuais para mitigar a salubridade do
ambiente, tais como construções de fossas, aberturas de valas e compra de água de
caminhões-pipa. Serviços de saneamento com déficit quantitativo e qualitativo são
reflexos da falta de cobrança e de participação da sociedade nos conselhos
municipais, o que dificulta a detecção de problemas e posterga a implantação de
medidas reparatórias (FERREIRA, RAMOS E BERNARDES, 2015).
Assim como investimentos financeiros em infraestrutura sanitária, medidas de
gestão dos recursos hídricos são de fundamental importância para a manutenção do
bom funcionamento de um abastecimento de água. Uma das maneiras de gerar renda
a ser revertida para a melhoria da qualidade da água e preservação das bacias
hidrográficas, além de contribuir para um maior rigor nas etapas de captação e de
despejos de efluentes em corpos hídricos, seria a realização da cobrança pelo uso da
água, como já é feita nos estados do Ceará e Paraíba (MATSUSHITA; GRANADO,
2017).
Sistemas de abastecimento de água são classificados, segundo Nascimento et
al. (2016), como infraestruturas urbanas com objetivo de fornecer água potável com o
menor índice possível de interrupção no fornecimento. As perdas nas diversas etapas
do abastecimento de água, desde a captação até o consumo, constituem gastos
operacionais significativos, ocorrendo por conta de vazamento em tubulações, falhas
em equipamentos de medições, fraudes de usuários ou ainda por erros humanos

13
durante as medições. A diminuição das perdas aumentaria a verba disponível para
investimento em melhorias destinadas ao sistema de tratamento e distribuição de
água, através da modernização de equipamentos, capacitação técnica, obras de
manutenção preventiva, entre outros (KUSTERKO et al., 2018).
Historicamente, a diminuição nas taxas de mortalidade infantil nos Estados
Unidos da América está diretamente relacionada com intervenções nos serviços de
saneamento, onde no início do século XX, o investimento em tecnologias de
tratamento de água contribuiu para a redução da taxa de mortalidade infantil em 46%
(GERUSO & SPEARS, 2018). No Egito, o impacto de investimento em saneamento
básico resultou no início do século XXI em uma redução média de 27% na mortalidade
infantil, sendo a qualidade da água para consumo e higiene humana a maior
influenciadora para tal redução (LAMBERT, 2019).

2.2 Qualidade da água para consumo humano

A água pode atuar como veículo de agentes infecciosos, transportando


bactérias, vírus, fungos, protozoários entre outros tipos de patógenos que podem
causar doenças, principalmente gastrointestinais e dermatoses. A qualidade das
águas e a existência de um meio propício à manutenção da vida de microrganismos
contaminantes sofrem influência de fatores antrópicos ligados ao desenvolvimento
urbano e de atividades agrícolas, assim como de fatores naturais, tais como o clima,
geografia, tipo de solo e vegetação (DUTRA et al., 2016).
Devido ao processo de identificação dos microrganismos patogênicos
presentes em uma água ser complexo e oneroso, a identificação da presença de
determinados grupos de bactérias funciona como indicador de risco potencial para
consumo (COELHO et al., 2017). A espécie bacteriana E. coli é comumente utilizada
como indicador de que houve contato direto da água com material fecal, sugerindo a
presença de organismos patogênicos, inclusive com a possibilidade de existirem
outras espécies bacterianas no meio analisado (SILVA; YAMANAKA; MONTEIRO,
2016). Porém, os vírus são a principal causa das doenças relacionadas à água, sendo
de difícil remoção ou inativação pelos métodos convencionais de tratamento, trazendo
riscos de infecção 10 a 10.000 vezes maiores do que poderia causar uma bactéria ou
protozoário (NASCIMENTO et al., 2018).

14
O consumo e contato direto com uma água contaminada são algumas das
causas principais de ocorrência das doenças hídricas. Doenças como cólera, malária,
esquistossomose e diarreia acometem um grande número de pessoas, principalmente
em países em desenvolvimento, atingindo maiores índices em épocas chuvosas, onde
a infraestrutura urbana precária permite o escoamento superficial de águas poluídas
pelas ruas. Na ausência de sistemas de distribuição ou de soluções alternativas que
atendam às normas vigentes de potabilidade da água, muitas pessoas ainda se
sentem obrigadas a fazer o uso de águas sem nenhum tipo de controle qualitativo,
além de muitas dessas não receberem o mínimo de instruções a respeito dos riscos
que tal situação pode oferecer (SALLA et al., 2019).
Além das doenças infeciosas e parasitárias adquiridas por contato com um
corpo hídrico poluído, uma população pode estar sujeita a outros tipos de riscos
causados por disruptores endócrinos, contaminantes capazes de gerar disfunções
endócrinas e perturbação hormonal. Substâncias como fármacos, hormônios e
pesticidas diluídos na água, imunes às técnicas convencionais de tratamento de
esgotos, retornam às estações convencionais de tratamento da água bruta, que não
dispõem de métodos de tratamento para eliminação de tais contaminantes, assim
alcançando os consumidores finais. Em humanos, o contato com os disruptores
endócrinos está ligado com alterações na qualidade de esperma e geração de abortos
espontâneos, além de alterações neurológicas em fetos durante a gestação. Bactérias
presentes na água sofrem mutações e tornam-se mais resistentes a determinados
antibióticos (CRUZ; MIERZWA, 2020).
A água pode fornecer determinadas substâncias ao corpo humano que, em
quantidades ideais, seriam benéficas e necessárias, porém em grandes quantidades
trariam efeitos nocivos. É o caso do cálcio, elemento vital que é encontrado no corpo
humano em ossos e dentes, contudo se ingerido em excesso, pode potencializar os
riscos de osteoporose, câncer de colo, aumento da pressão sanguínea, resistência à
insulina e até a obesidade. O excesso de fluoreto pode ocasionar fluorose, assim
como o aumento do nível de cloreto nas águas pode ser prejudicial às pessoas que
sofrem de problemas nos rins ou coração (NADIKATLA; MUSHINI; MUDUMBA, 2019).
Sweileh et al. (2016), estudaram ainda a relação entre doenças como câncer,
Alzheimer e distúrbios cardiovasculares ou neurais com a contaminação hídrica,
principalmente por exposição a metais pesados. Os autores mostram ainda que os
efeitos da toxicidade de contaminantes e micróbios na água de beber são

15
preocupações mais intensas nos países em desenvolvimento, enquanto os efeitos
negativos de contaminação por doenças hídricas em atividades recreativas, como
piscinas, estão sendo motivos de discussões mais comuns nos países desenvolvidos.
O monitoramento da qualidade da água para consumo humano deve ser
realizado tanto pela vigilância em saúde ambiental como pela concessionária
responsável pelo abastecimento. As Secretarias de Saúde buscam a prevenção de
agravos que poderiam ser transmitidos pela água, enquanto é cabível aos
responsáveis pelo sistema de distribuição da água o controle do produto em oferta. O
consumidor final, que paga uma taxa para o uso do recurso hídrico, possui uma
importante função fiscalizadora da qualidade da água, acionando algum desses
órgãos quando percebe alterações na cor, sabor ou cheiro da água (CASTRO;
CRUVINEL; OLIVEIRA, 2019).
Segundo Nascimento et al. (2016), a segurança do fornecimento de água para
a população depende da quantidade de potenciais fontes contaminantes, das
limitações laboratoriais no controle qualitativo da água, da integridade física dos
componentes do sistema e dos métodos de controles operacionais utilizados pela
liderança das instituições gestoras e distribuidoras das águas.
Além do controle qualitativo das águas, a distribuição desse recurso em
quantidade suficiente para atendimento de todas as populações é um fator de grande
importância. Situações de escassez de água influenciam na sua qualidade por meio
da eutrofização e proliferação de algas nos mananciais, assim como estão
relacionadas com o aumento dos casos de fome, pobreza, desnutrição, de surtos de
doenças infectocontagiosas, doenças respiratórias e até com transtornos
psicossociais (GRIGOLETTO et al., 2016).
A descoberta de novos tipos de contaminantes aumenta cada vez mais a
necessidade de criação de novas metodologias para monitoramento da qualidade da
água, visando a eliminação dos perigos por contaminação física, química,
microbiológica e radiológica. Além de cuidados nas etapas de captação e de
tratamento em sistemas de abastecimento de água, são importantes cuidados e
observações contínuas aos modos de armazenamento e distribuição do recurso
hídrico para que sejam reduzidos os riscos de recontaminação (COLLIVIGNARELLI,
2017).
As águas provenientes de sistemas de abastecimento público necessitam
seguir os critérios estabelecidos por padrões de potabilidade locais no intuito de

16
reduzir os riscos de contaminação de uma população por doenças de veiculação
hídrica. A importância de tais regulamentações torna-se mais evidente a partir de
dados numéricos que mostram o potencial de contaminação que a água pode oferecer
caso seja utilizada em condições impróprias. Nos Estados Unidos, por exemplo, é
estimado que anualmente 900 mil pessoas são acometidas por alguma doença
transmitida pela água; a nível mundial, 2 milhões de pessoas morrem anualmente
como consequência de doenças de veiculação hídrica (MORAIS et al., 2016).

2.2.1 Fatores que exercem influência na qualidade da água

No estudo das condições que exercem influência sobre a qualidade das águas,
características locais e sazonais da região onde se concentra um manancial devem
ser levadas em consideração. O conhecimento dos períodos chuvosos e de seca é
um dos fatores que tem que ser levado em consideração para a compreensão da
dinâmica de um sistema de abastecimento de água. Nas regiões tropicais, por
exemplo, a contaminação dos mananciais tende a aumentar na estação chuvosa,
principalmente como consequência do escoamento superficial e da subsequente
introdução de nutrientes e bactérias ao sistema, apontando a relação direta que há
entre a dinâmica da natureza e a qualidade das águas (SILVA; LOPES; AMARAL,
2016).
Alterações de temperatura, fortes chuvas, secas e inundações são eventos que
influenciam na ocorrência de doenças entéricas, atuando sobre o ciclo de vida e de
reprodução dos patógenos, sensíveis a fatores como calor, agitação da água, níveis
de oxigênio, luz e quantidade de nutrientes disponíveis. A declividade dos cursos
d’água, vegetação, vazão, taxa de infiltração e sobrecarga dos sistemas de tratamento
de água influenciam no transporte e suspensão de patógenos que estavam confinados
em sedimentos, por meio da movimentação das águas de fundo (LEVY et al., 2016).
A poluição de poços ocorre em grande parte pelo descarte inadequado de
dejetos humanos ou animais em corpos hídricos, além de haver influência do uso de
agrotóxicos entre outros produtos agrícolas que contaminam as águas subterrâneas
ou são transportados para águas superficiais pela ação do escoamento das águas de
chuva. Além disso, pode ocorrer contaminação por meio de despejos industriais,
atividades mineradoras, lixiviação de chorume de aterros sanitários, etc. Como

17
consequência, além do risco de aparecimento de doenças em humanos, a flora e
fauna têm suas saúdes prejudicadas (MEDEIROS; LIMA; GUIMARÃES, 2016).
As águas dos sistemas de distribuição podem sofrer contaminação diretamente
nas fontes de água bruta ou na etapa de adução, entre o manancial e o tratamento ou
entre o tratamento e o consumidor final, devido a existência de tubulações quebradas
ou corroídas. As substâncias poluidoras e potencialmente prejudicais à saúde humana
atingem a água como consequência de acidentes, ações de irresponsabilidade dos
operadores ou ainda de sabotagem, podendo afetar tubulações, tanques de
armazenamento de água e até os próprios mananciais (RUTKOWSKI; PROKOPIUK,
2018).
Além das condições da água bruta e da dinâmica local na região onde se
encontra o recurso hídrico, segundo Hamdan, Libânio e Costa (2019), a qualidade de
um sistema de abastecimento de água está intimamente ligada a fatores que derivam
da quantidade monetária disponível para investimento no setor de saneamento, o que
influencia diretamente na eficiência dos serviços de operação e manutenção.
Silva et al. (2019) cita que a evaporação do cloro residual na água e mudanças
na temperatura são fatores determinantes no ciclo de vida de seres fotossintetizantes
e de microrganismos patógenos presentes na água, influenciando em sua qualidade.
Para famílias que fazem o uso de águas de soluções alternativas de abastecimento,
águas armazenadas por longos períodos devem ser periodicamente tratadas.

2.2.2 Influência da educação ambiental e das práticas culturais na qualidade da


água

Práticas culturais e regionais de captação e uso da água podem ter conexão


com os índices de doenças de veiculação hídrica. Seja através do uso para lavagem
de roupas, para higiene pessoal ou para beber, o modo como uma água é ou não
tratada varia de acordo com a confiabilidade dada por uma certa população à sua
qualidade. Pessoas que tiveram parentes ou conhecidos afetados por algum tipo de
doença em sua localidade tendem a adotar medidas preventivas e receberem melhor
as políticas governamentais de suporte e orientação (GUEDES et al., 2015).
A educação ambiental se mostra como forte aliada da saúde no controle das
doenças infectocontagiosas, ensinando às pessoas como se protegerem dos perigos
da contaminação. O campo de ação das medidas educativas são as comunidades,

18
sendo de grande importância a adaptação de abordagem para cada realidade cultural
e social. Métodos de comunicação persuasiva são comumente utilizados para ensinar
sobre estilo de vida saudável e higiene, de forma que atividades do dia a dia sejam
executadas de maneira consciente pela população e contribuam para melhorias nas
suas condições de vida (LIMACHI et al., 2019).
Para que a população usufrua de uma água de boa qualidade, além das
Secretarias Municipais de Saúde e da comunidade exercerem seus papéis de
fiscalização da qualidade das águas distribuídas pelas concessionárias, através da
exigência e acompanhamento de laudos, faz-se importante o cuidado com o
armazenamento dessas nas residências. Para isso, a limpeza periódica das caixas
d’água e cisternas é essencial para que haja a garantia de consumo de uma água
potável, diminuindo riscos de contaminação que poderiam ser potencializados nos
períodos de inércia da água nos reservatórios. Todavia, é notável a falta de
conhecimento da população em relação a higienização dos seus reservatórios de
água, evidenciando uma necessidade de medidas de conscientização nessa linha
(SOUZA; SANTOS, 2019).
Dentro de tais atividades educacionais, ações que façam as comunidades
conhecerem os prejuízos que recaem sobre elas quando existem danos físicos às
tubulações de abastecimento de água, muitas vezes causadas de forma proposital
para desvios ilícitos da água, são de grande importância. Perfurações nas tubulações
de adução causam danos de pressurização e outros prejuízos às estações
elevatórias, que necessitam por vezes até realizar o recálculo de bombeamento para
correção das vazões (FERREIRA, 2017). Caracterizadas no Artigo 155 do Código
Penal Brasileiro como crime, essas práticas geram riscos de explosões das
tubulações, o que demanda ainda custos para correção das falhas e interrupção dos
serviços de abastecimento, havendo prejuízo para os usuários do sistema que deixam
de receber água regularmente em suas residências (AESBE, 2015).

2.3 Controle da qualidade da água de abastecimento no Brasil

Segundo Simões et al. (2018), do ponto de vista tecnológico, qualquer água


pode ser transformada em água potável. Porém, os custos operacionais que permitem
a realização de tal feito podem ser economicamente inviáveis, devido ao tempo e
recursos que seriam demandados. Portanto, para a escolha de mananciais e

19
metodologias de tratamento de água, análises laboratoriais e simulações de custos
são imprescindíveis, permitindo assim que certas tecnologias sejam consideradas ou
não para o tratamento de uma água.
Ventura, Vaz Filho e Nascimento (2019) concluíram que o risco de
contaminação humana ou animal por problemas com a qualidade da água está
associado ao nível de perigo a qual uma determinada população está exposta. A
avaliação do risco que um recurso hídrico pode oferecer a uma população e ao meio
ambiente pode ser mensurado com auxílio de ferramentas de probabilidade de
ocorrência de eventos e de amostragens realizadas com frequências
predeterminadas, sendo de grande importância a existência de uma base de dados
históricos para efeito de comparação e validação. Para a compreensão dessas
análises, características inerentes a cada localidade do estudo devem ser levadas em
consideração, como os usos do solo, pluviometria local, composição geomorfológica,
condições da cobertura vegetal e vulnerabilidade à poluição antrópica (BOJARCZUK;
JELONKIEWICZ; LENART-BOROń, 2018).
A Portaria nº 888 do Ministério da Saúde, de 04 de maio de 2021, atualização
da Portaria de Consolidação nº 5 do Ministério da Saúde, de 28 de setembro de 2017,
estabelece normas sobre as ações e os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS),
dispondo sobre procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade, sem, porém, ter modificado os
valores de controles qualitativos da água estabelecidos pela portaria de 2017. Através
dessa portaria, são estabelecidos padrões da água para consumo humano, válidos
tanto para as águas provenientes dos sistemas de abastecimento convencionais
como para as demais soluções alternativas de abastecimento. Além de estabelecer
parâmetros qualitativos, a portaria abrange diretrizes sobre o tratamento da água,
manuseio, transporte, coleta de amostras, entre outras atividades que visam a
segurança do consumidor final quanto ao consumo de uma determinada água
(BRASIL, 2021).
Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios a vigilância da qualidade da
água, em articulação com os responsáveis pelo abastecimento da qualidade da água
para consumo humano. Para isso, as secretarias de saúde devem realizar a inspeção
da qualidade da água produzida e distribuída e a identificação de eventuais surtos de
doenças e outros agravos relacionados à qualidade da água. Os responsáveis pelo
sistema de distribuição ou solução alternativa de abastecimento são responsáveis

20
pelo controle da qualidade da água por meio de análises laboratoriais, pela operação
e manutenção das instalações e pelo encaminhamento dos relatórios das análises
dos parâmetros às autoridades de saúde pública (BRASIL, 2021).
A delegação de tarefas dentro das etapas de monitoramento é uma ferramenta
de gestão de grande importância. Saber quem realizará as coletas em campo, como
estas serão verificadas, qual será a frequência de verificação, onde a verificação
ocorrerá e quem fará as verificações são medidas organizacionais simples que
contribuirão para o sucesso de um sistema de abastecimento (SORLINI et al., 2017).
A existência de diálogo entre os órgãos responsáveis pelas vigilâncias
epidemiológicas, em saúde ambiental, saúde do trabalho, entre outras, além da
contribuição com informações por parte dos órgãos responsáveis pelo planejamento
urbano e das unidades de saúde básica, por exemplo, são de grande importância para
maximizar a eficiência do monitoramento qualitativo da água e a identificação de focos
de doenças de veiculação hídrica (SOARES; CARMO; BEVILACQUA, 2017).
O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano (SISAGUA) é um instrumento do Programa Nacional de Vigilância da
Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) e visa auxiliar o
gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da água por meio de ações
do SUS, caracterizar o abastecimento de água no Brasil e identificar possíveis
vulnerabilidades relacionadas ao consumo de água pela população. O sistema possui
dados, fornecidos manualmente pelos profissionais das secretarias de saúde e pelos
prestadores dos serviços de abastecimento de água, que informam a respeito das
formas de abastecimento de água utilizadas pela população, incluindo análises das
condições de infraestrutura, operação e de monitoramento da qualidade da água
(OLIVEIRA et al., 2019).
O anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5/2017, incluído na Portaria nº
888/2021 do Ministério da Saúde, apresenta parâmetros para controle microbiológico
da água para consumo humano e planos de amostragem que variam com a
quantidade de pessoas que serão abastecidas por um determinado sistema. Os
parâmetros de controle variam com o tipo de manancial e são mais rigorosos para as
amostras coletadas após a saída do tratamento. Para o controle da qualidade da água
de sistema de abastecimento, devem ser analisados os seguintes parâmetros: cor,
turbidez, cloro residual livre, cloraminas, dióxido de cloro, pH, fluoreto, gosto e odor,
coliformes totais, cianotoxinas, produtos secundários da desinfecção, substâncias

21
químicas que representam risco à saúde, cianotoxicinas, substâncias radioativas,
entre outros. Para o controle da qualidade da água de solução alternativa coletiva, os
principais parâmetros são: pH, turbidez, cor aparente, coliformes totais e cloro residual
livre (BRASIL, 2017).
Durante o processo de revisão da Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde,
a sociedade pôde contribuir por meio da participação em oficinas regionais
promovidas pelo Ministério da Saúde e da sugestão de alterações, exclusões ou
inclusões de tópicos por meio de preenchimento de um formulário digital
disponibilizado na plataforma eletrônica do SUS. Alguns dos tópicos da revisão
trataram dos planos de amostragem, definição de parâmetros de controle de
desinfecção, controle de aceitação da presença de substâncias químicas, como
agrotóxicos, fármacos e desreguladores endócrinos, entre outros. A normatização dos
padrões de potabilidade da água para consumo humano é realizada pelo Ministério
da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental
(CGVAM) (BRASIL, 2020). A Figura 1 mostra a evolução temporal das portarias de
potabilidade no Brasil.

Figura 1: Evolução temporal das portarias de potabilidade no Brasil

Fonte: Autoria Própria, 2021

2.3.1 pH

O pH, que significa Potencial Hidrogeniônico, é um índice indica a medida da


concentração relativa de íons de hidrogênio numa solução, informando assim a
respeito da acidez ou alcalinidade de uma solução. O valor de pH varia de 0 a 14,
sendo calculado como logaritmo negativo de base 10 da concentração de íons de
hidrogênio em moles por litro. Um valor de pH igual a 7 indica uma solução neutra;
índices de pH maiores do que 7 são indicativos de soluções básicas, acusando um
maior número de moléculas de oxigênio do que de hidrogênio, enquanto valores de
pH abaixo de 7 são indicativos de soluções ácidas, acusando a presença de mais

22
moléculas de hidrogênio do que de oxigênio na solução (SILVA JUNIOR; CARVALHO;
RAGASSI, 2019).
Para a água potável, geralmente o pH está compreendido entre a faixa de 6 a
8. Entretanto, esse índice pode sofrer variações quando há contato da água com
materiais orgânicos, seres vivos fotossintetizantes, rochas, gases atmosféricos,
despejos domésticos ou industriais, entre outros. Tais variações ocorrem geralmente
pelo consumo ou produção de dióxido de carbono pelos organismos presentes na
massa d’água, o que resulta na produção de ácidos orgânicos fracos (SILVA JUNIOR;
CARVALHO; RAGASSI, 2019; CÂNDIDO et al., 2015).
O fenômeno da erosão tende a alterar o pH de uma água, principalmente
próximo a áreas agrícolas, por meio do transporte de nutrientes do solo para a água
(BRIZZI; SOUZA; COSTA, 2017). Por sua vez, águas localizadas próximas a regiões
com muita poluição no ar tendem a possuir pH mais baixo devido às chuvas ácidas
(MARTINS; OLIVEIRA; SCHVEITZER, 2016). Os efeitos de substâncias químicas
tóxicas na água, como os metais pesados, sofrem variação conforme o pH é alterado
(FIGUR; REIS, 2017).
O pH fornece informações a respeito da qualidade das águas e é um parâmetro
de grande importância para os seres vivos, uma vez que as atividades biológicas são
realizadas de formas mais eficientes dentro de faixas limitadas de pH. O pH sanguíneo
está diretamente ligado ao pH da água ingerida; este varia diretamente com o teor de
bicarbonato ou sais de bicarbonato, que, por sua vez, devem ser estar presente no
corpo humano na proporção de 2g/L. Observar a variação do pH de uma água em
tempo real é, portanto, uma atividade que coopera para a manutenção da saúde dos
seres vivos, auxiliando na prevenção de doenças cardiovasculares e da osteoporose,
por exemplo (NOGUEIRA-DE-ALMEIDA; RIBAS FILHO, 2018; WANG et al., 2019).
Durante o processo de tratamento da água, faixas específicas de pH são
necessárias para que exista uma coagulação eficiente das impurezas existentes, uma
vez que os valores de pH afetam as cargas e formas superficiais dos coagulantes e
impurezas a ser removidas. As células provenientes das algas são efetivamente
coaguladas a valores de pH compreendidos na faixa entre levemente ácidos a
neutros, devido a interações entre essas e os coagulantes à base de ferro e alumínio,
enquanto partículas inorgânicas sofrem coagulação preferencialmente em valores de
pH neutros (NACERADSKA; PIVOKONSKA; PIVOKONSKY, 2019).

23
A Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde, em seu Art. 39 do Anexo XX,
estabelece que a faixa ideal de pH deve estar compreendida entre os valores de 6,0
a 9,0 no sistema de distribuição. A medição do pH deve ser feita na saída do
tratamento a cada duas horas para águas provenientes de mananciais superficiais.
Para o controle da qualidade da água de solução alternativa coletiva, a análise do pH
da água deve ser feita diretamente no ponto de consumo, devendo as amostras ser
coletadas semanalmente, na proporção de uma para cada 500 habitantes (BRASIL,
2017).

2.3.2 Turbidez

Turbidez é um parâmetro de indicação qualitativa da água de abastecimento


que quantifica a interferência à passagem de um feixe de luz por uma amostra de
água, causada por partículas sólidas em suspensão, como areia, argila, silte, materiais
orgânicos, rejeitos de mineração, bactérias, algas, etc., que desviam ou absorvem os
raios luminosos que penetram na água, conferindo uma aparência turva à mesma. As
medições são feitas em equipamentos denominados turbidímetros e os resultados das
medições são expressos em unidades nefelométricas de turbidez (UNT) (SILVA
JUNIOR; CARVALHO; RAGASSI, 2019).
Uma elevada turbidez evidencia uma grande quantidade de sedimentos em
uma água. A chegada de sedimentos a um manancial, antes da etapa de tratamento,
se dá principalmente pela erosão dos solos, intensificada em períodos de maior
intensidade pluviométrica (VISCHI FILHO et al., 2016). Nesses períodos, as Estações
de Tratamento de Água devem realizar adaptações operacionais nas dosagens de
coagulantes e nos processos de decantação e filtração, conforme for identificado o
tipo de material que está em maior suspensão na água (KEOGH et al., 2017).
Além de apresentar aparência, sabor e cheiro desagradáveis, a água de beber
com elevados índices de turbidez pode ser prejudicial à saúde humana. Caso a
turbidez não seja removida, a água pode se tornar um meio propício ao crescimento
de microrganismos patógenos, causando doenças gastrointestinais, por exemplo. A
remoção da turbidez se constitui gradativamente por cada uma das etapas
convencionais de tratamento da água, desde a coagulação até a desinfecção. Os
processos de coagulação e floculação são de grande importância na separação de
partículas sólidas da água, podendo reduzir a intensidade da cor e diminuir os níveis

24
de turbidez por meio da remoção de compostos orgânicos, bactérias, algas e de
partículas argilosas. Já nas comunidades que não possuem acesso à água de
abastecimento, os métodos de desinfecção são os mais acessíveis e utilizados para
a clarificação da água (ABOUBARAKA; ABOELFETOH; EBEID, 2017).
Em todo o mundo, a turbidez é frequentemente utilizada como indicador da
qualidade da água potável, pois esse parâmetro, embora por si só não represente
risco à saúde humana, pode revelar a presença de contaminação da água por
microrganismos patogênicos (STEVENSON; BRAVO, 2019). Muoio et al. (2020)
afirmaram que a probabilidade de contração de doenças gastrointestinais por meio do
consumo da água de beber aumenta conforme maior for o nível de turbidez dessa.
No Brasil, a Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde estabelece em seu
Artigo 30, no 2º parágrafo, um valor máximo de 5,0 UNT a ser encontrado em toda a
extensão do sistema de distribuição, incluindo reservatório e rede. Porém, o Anexo II
da mesma portaria informa ainda que após a etapa de filtração rápida, o valor máximo
permitido em 95% das amostras, coletadas no mínimo a cada duas horas, é de 0,5
UNT; caso seja empregada a filtração lenta, 95% das amostras, coletadas no mínimo
uma vez ao dia, devem apresentar valor máximo de 1,0 UNT após essa etapa de
tratamento. Já para fontes de abastecimento alternativo de água, as amostras devem
ser coletadas no mínimo uma vez por semana, na quantidade de uma para cada 500
habitantes que fizerem o uso dessa água, sendo o limite aceitável de turbidez igual a
5,0 UNT (BRASIL, 2021).

2.4 Sistemas alternativos de abastecimento de água para comunidades

O abastecimento de água para comunidades pode acontecer através de


sistemas convencionais de abastecimento, compostos por um conjunto de obras civis,
materiais e equipamentos, que são responsáveis pela captação, produção de água
potável e ligações das redes de abastecimento. Pode ser feito por meio de soluções
alternativas coletivas, modalidade de abastecimento coletivo para fornecimento de
água captada superficialmente ou subterraneamente, com ou sem rede de
distribuição. Existem ainda as soluções alternativas individuais, modalidade para
abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais
com uma única família (OLIVEIRA et al., 2019).

25
A grande maioria dos municípios brasileiros são abastecidos com águas
provenientes de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e de sistemas
convencionais de adução da água, principalmente aqueles com mais de 100 mil
habitantes (BARTIKO; JULIO, 2015). Diante dos custos elevados de implantação e
operação de ETAs convencionais, por muitas vezes a construção de tais unidades em
locais onde existe baixo adensamento populacional são inviabilizadas, uma vez que
a demanda por abastecimento nas pequenas comunidades não é vista como
oportunidade de lucro para as concessionárias de água (GUEDES et al., 2019).
As longas distâncias que deveriam ser percorridas pelas tubulações de adução
entre as ETAs já existentes e as comunidades mais distantes dos grandes centros
urbanos, implicariam em altos custos de investimento que dificilmente seriam cobertos
pelo consumo regular da água ofertada para os seus habitantes. Motivações políticas
ou financeiras, como a existência de áreas de produção industrial ou agrícola,
influenciariam na expansão das redes de abastecimento de água para localidades
remotas.
Além de ser possibilitado por meio das redes de abastecimento público, o
acesso à água se dá através de veículos transportadores, de sistemas de captação
de água de chuva em cisternas, por captação direta de recursos hídricos com auxílio
de baldes, através da coleta em poços, entre outros. Em todas essas formas de
acesso, a vigilância da qualidade da água se faz necessária para garantir boa
qualidade de vida aos seus usuários (MACHADO et al., 2016).
Fontes alternativas de água, como bicas, poços rasos e pequenos córregos,
são utilizadas com frequência pela população por serem classificadas
equivocadamente como limpas e melhores do que as águas fornecidas pelas
companhias de saneamento, devido ao fato de serem águas não manipuladas. Tal
pensamento deriva de questões culturais, passadas por gerações, de que águas de
fontes naturais teriam qualidade superior às águas que chegam nas residências por
não receberem aditivos químicos, como o cloro. Em tais fontes, protozoários, vírus ou
bactérias podem estar presentes devido a contaminação por esgotos domésticos,
agrotóxicos ou decomposição de matéria orgânica, se fazendo necessário a avaliação
qualitativa da água para que seja averiguada sua segurança quanto ao consumo
humano (SILVA; YAMANAKA; MONTEIRO, 2016).
Bezerra et al. (2017), estudaram o comportamento de comunidades em bairros
de Fortaleza, no Estado do Ceará, quanto a aceitação de águas de chafarizes.

26
Segundo alguns moradores do bairro, a preferência pela água de chafarizes ao invés
da opção pelas águas que chegam às torneiras das casas, se dá pela ausência do
sabor de cloro. Os autores citam exemplos de outras comunidades que consideram
as águas distribuídas por estações de tratamento inferiores em qualidade do que as
águas subterrâneas coletadas em poços, rejeitando fatores como cor, sabor e turbidez
daquelas.
Existem casos de populações que possuem suas casas conectadas às redes
de abastecimento, mas optam por comprar água de caminhões pipa, seja por
problemas como baixa pressão na distribuição, interrupção do abastecimento durante
alguns dias da semana ou ainda pela percepção negativa do sabor da água
proveniente de estações de tratamento. Casos como este ocorrem em localidades
supridas pela existência de poços que fornecem águas duras ou salgadas. Há
situações onde a população opta por não consumir a água das redes de distribuição
devido às altas taxas cobradas pelas companhias de distribuição de água (GÓMEZ-
VALDEZ; PALERM-VIQUEIRA, 2016).
Quando há captação da água diretamente de mananciais, técnicas de
tratamento da água se fazem necessárias nas pequenas comunidades, muitas das
quais podem ser realizadas sem grandes investimentos financeiros. A fervura, método
físico de desinfecção bastante difundido pelo mundo, assegura a inativação dos
microrganismos após a água atingir o seu tempo de ebulição e manter-se sob contato
de uma fonte de calor, sendo indicada para consumos domésticos e situações de
emergência quando a água não oferece confiabilidade ao consumidor. Métodos
adicionais de tratamento, como adição de cloro e a filtração, são indicados para que
haja melhoramento no gosto, cor e odor da água (BRASIL, 2005; PINTO et al., 2017).
A cloração, porém, é o método de desinfecção mais utilizado pelo mundo no
tratamento de água, tendo como principal objetivo a eliminação ou inativação de
microrganismos patógenos que possam existir na água, sendo a inativação através
da interrupção do ciclo reprodutivo dos patógenos. Sua fácil operação contribui para
os processos de desinfecção de reservatórios de água nas comunidades que não são
abastecidas pelas redes de distribuição (LIMA et al., 2018).
Além de esforços tecnológicos para o tratamento da água nas pequenas
comunidades, a gestão e o uso consciente da água são de grande importância para
a existência de um bom sistema de captação, armazenamento e distribuição. Embora
existam problemas de disponibilidade hídrica no semiárido brasileiro, outras regiões

27
semiáridas pelo mundo apresentam menores índices pluviométricos e mesmo assim
garantem abastecimento às suas populações (CARVALHO; LIMA; SILVA, 2017).
Exemplo de eficiência na utilização de fontes de água não convencionais, como águas
recicladas ou salobras, para suprir inclusive a irrigação, pode ser visto em Israel, país
com muitas regiões de seca que tem recebido investimentos científicos e tecnológicos
nessa área (RAVEH; BEN-GAL, 2018).

2.4.1 Caminhões-pipa

A água transportada por caminhões-pipa, seja para suprir uma falta de água
momentânea ou como forma rotineira e única de abastecimento de água potável à
uma comunidade, deve garantir condições de qualidade que assegurem a inexistência
de riscos à saúde. Para isso, a coleta das águas é geralmente feita diretamente nas
Estações de Tratamento de Água, tendo-se garantia de que estas sigam as
recomendações da Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde (CARVALHO,
2015; BRASIL, 2021).
Para cada caminhão-pipa de água, deve ser requerido, junto aos fornecedores,
um laudo do atendimento aos requisitos de saúde, estabelecidos na Portaria nº 888
de 2021 do Ministério da Saúde, contendo análises laboratoriais segundo os planos
de amostragem contidos na mesma portaria em vigência. Os profissionais que
trabalham de forma direta no fornecimento e controle da qualidade da água para
consumo humano devem ser capacitados e atualizados quantos às técnicas de
segurança (BRASIL, 2021).
Conforme a Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde, uma análise de
cloro residual livre deve ser realizada para cada carga de água transportada, enquanto
análises de cor, turbidez, pH e coliformes totais devem ser feitas na fonte de
fornecimento da água com frequência mensal. A autoridade de saúde pública pode
determinar outra forma de amostragem, de maneira a sempre existir o controle dos
veículos transportadores de água para consumo humano (BRASIL, 2021).
Além da qualidade da água presente na fonte de captação, outra preocupação
quanto ao comércio da água em caminhões-pipa é referente aos diversos riscos de
contaminações aos quais os veículos estão expostos, sejam durante o abastecimento,
descarga ou transporte. Fatores como a temperatura da água no interior do container
de armazenamento, que quando elevada pode evaporar o cloro presente na água, a

28
idade da água transportada, o material do qual é feito o container e a ausência de
higienização desses, o que acaba constituindo ambientes propícios a criação de
biofilmes, influenciam diretamente na qualidade da água. Um estudo realizado na
cidade de Caruaru analisou dez amostras de água de cinco caminhões-pipa,
coletadas em diferentes pontos da cidade, identificando que 90% dessas possuíam
contagem de coliformes totais e bactérias heterotróficas em desacordo com os
padrões de potabilidade estabelecidos pela legislação vigente da época (MENDONÇA
et al., 2017).
Lucena (2018) analisou laboratorialmente as águas de cinco caminhões-pipa e
cinco cisternas que fazem parte dos sistemas alternativos de abastecimento de água
da cidade de Campina Grande, Paraíba. As águas transportadas pelos caminhões-
pipa não eram potáveis, de acordo com os parâmetros mínimos da normativa vigente,
tendo como única medida de tratamento a cloração. Misturas de águas de diversas
fontes, como açudes, poços e provenientes do sistema convencional de
abastecimento, eram distribuídas para a população. Foi identificado ainda que após o
abastecimento de cisternas com águas de caminhões pipa, não há mais controle da
qualidade, evidenciando a ausência de ações de monitoramento e tratamento da água
por parte dos órgãos gestores.
O monitoramento automatizado e em tempo real da qualidade da água em
caminhões-pipa, contribuiria para majorar a segurança do usuário final quanto ao seu
consumo. Medições inteligentes via sensores acoplados nos tanques de
armazenamento de água desses veículos, com o auxílio de dispositivos de
transmissão de dados 3G/4G, poderiam auxiliar no controle de eventuais alterações
nos parâmetros de potabilidade. As dificuldades de captação de sinal de internet em
localidades remotas poderiam ser supridas pelo uso de cartões de memória, que
armazenariam o histórico de monitoramento ao longo do dia para posteriores análises.

2.4.2 Poços

A água subterrânea é uma fonte utilizada em todo o mundo para consumo


humano principalmente em comunidades que não possuem acesso à rede pública de
abastecimento, ou que o possuem, mas com irregularidade no fornecimento. Por não
estarem visualmente expostas às fontes de contaminação, existe a falsa ideia da
isenção total de contaminação das águas de poços por microrganismos patógenos.

29
Porém, essa fonte de abastecimento não está isenta da contaminação que se propaga
pelo solo em contato com fezes, agrotóxicos ou contaminantes de origens industriais,
por exemplo, carecendo de cuidados e controle de qualidade para garantir a saúde
dos seus consumidores (BAGATINI; BONZANINI; OLIVEIRA, 2017).
Soares, Carmo e Bevilacqua (2017) relatam, por meio de entrevistas feitas com
pessoas de pequenas comunidades, a relação de carinho e confiabilidade que há
entre elas e as águas de poços. Os poços são vistos como parte integrante da casa e
da história da família, influenciando na preservação da percepção da boa qualidade
de sua água.
Porém, estudos comprovam a vulnerabilidade da água captada em poços.
Bortoli et al. (2017) analisaram a qualidade da água em dez poços particulares no
município de Encantado-RS, identificando valores de cor e turbidez superiores aos
recomendados pela legislação, além de análises microbiológicas em desacordo com
os padrões de potabilidade. Os autores sugerem como soluções para minimização da
contaminação das águas o revestimento das bordas, paredes e tampas dos poços
com alvenaria ou concreto, o afastamento de animais das proximidades onde ficam
os poços e a não utilização de adubos orgânicos de origem animal próximo ao recurso
hídrico.
A contaminação da água superficial, agravada pelos fenômenos de
crescimento populacional e expansão industrial, tem feito um número cada vez maior
de poços serem perfurados para suprir a demanda de água no abastecimento. Apesar
de terem maior proteção natural aos agentes contaminantes do que as águas
superficiais, as águas de poços não estão imunes à contaminação, sendo de grande
importância a realização de serviços de impermeabilização e cuidados com as
tubulações que eventualmente existam. Os processos de desinfecção são essenciais,
devendo ser realizados após a verificação dos testes microbiológicos, que informarão
a respeito dos contaminantes e servirão como guia na tomada de decisão sobre qual
o método de desinfecção mais apropriado para ser utilizado (SOUZA et al., 2018).
O uso de sistemas automatizados para monitoramento da qualidade da água
de poços de comunidades rurais, apresenta-se como alternativa às coletas de
amostras de água de forma convencional. A economia de tempo, recursos financeiros
e de mobilização de pessoal em campo, justificaria a implantação de sensores e
dispositivos para transmissão de dados de forma remota, objetivando a medição de
parâmetros de potabilidade da água de poços. De posse dos valores medidos, os

30
órgãos de vigilância poderiam fazer ações reparatórias na qualidade da água de forma
mais pontual.

2.4.3 Cisternas

Em locais onde há longos períodos de estiagem, o uso das cisternas se


popularizou e estas acabaram por estar, convencionalmente, presentes nas
construções de casas e prédios de múltiplos usos. A captação das águas das chuvas
utilizando-se das áreas dos telhados das casas, de calhas e tubulações que as
direcionem até as cisternas, é de grande importância para locais que não são
beneficiados com o acesso à rede pública de abastecimento. As cisternas são grandes
reservatórios construídos em concreto armado, alvenaria de tijolos ou até mesmo
feitas de polietileno ou fibra de vidro que permitem o armazenamento de água das
chuvas mesmo nos períodos de estiagem, garantindo primeiramente o acesso à água
para beber e para manutenção das atividades de higiene de uma família (GRIS;
BERTOLINI; JOHANN, 2017).
No Brasil, o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), financiado a partir de
2003 pelo Governo Federal, consistiu na construção de cisternas de 16.000L que
viessem a beneficiar comunidades, famílias e organizações da sociedade civil que
não tivessem acesso à água encanada em quantidade e qualidade suficiente para
consumo humano, produção de alimentos e criação de animais. As cisternas do P1MC
seriam, teoricamente, suficientes para o armazenamento de água para suprir, pelo
menos, as necessidades básicas de uma família de até cinco pessoas pelo período
de um ano (SOARES JUNIOR; LEITÃO, 2017)
Porém, o controle qualitativo das águas armazenadas nas cisternas do P1MC
é muitas vezes negligenciado pelos órgãos de vigilância e pelos próprios usuários,
que não são corretamente instruídos a realizarem os processos de desinfecção ou
não recebem constantemente os produtos desinfetantes que deveriam ser distribuídos
como ação do próprio programa. O volume das cisternas é tido muitas vezes como
insuficientes para a realização das atividades diárias pelas famílias, que despejam
águas de outras fontes não tratadas nas cisternas. Além disso, a falta de manutenção
nas cisternas possibilita o aparecimento de defeitos estruturais como a formação de
trincas, expondo a água aos agentes contaminantes externos, causando prejuízo à
saúde dos seus usuários (GOMES; HELLER, 2016).

31
A qualidade da água de cisternas rurais pode ser afetada por fatores como
localização geográfica da propriedade, estações do ano, presença de vegetação no
entorno da área de captação, movimentações do solo em épocas de plantio, tipo de
cobertura dos telhados e tipo do material de construção da cisterna. Em regiões
agropecuárias, a chuva pode apresentar maiores concentrações de nitrato, devido ao
uso de fertilizantes, motivo que aumenta a necessidade de monitoramento qualitativo
da água armazenada (PALHARES, 2016).
Em cisternas para captação de água da chuva, a filtração é de grande
importância ao auxiliar na retenção de sedimentos, geralmente acontecendo entre o
telhado e o tanque de armazenamento. Como medida de segurança, as águas das
primeiras chuvas devem ser descartadas, pois essas apresentam maiores
concentrações de partículas sólidas contaminantes, como restos vegetais, fezes de
pássaros e de pequenos animais, insetos, poeiras, restos do revestimento do telhado,
entre outros. Alguns filtros domésticos apresentam ainda dispositivos de desinfecção
microbiológica da água, sejam esses por meio da adição de agentes desinfetantes ou
através dos próprios materiais que constituem os filtros (DALPAZ et al., 2019).
Para maximizar a conservação da qualidade da água armazenada em
cisternas, é recomendada a impermeabilização da sua estrutura. Além disso, as
cisternas devem ser construídas com materiais opacos, de forma a evitar a entrada e
luz e diminuir o crescimento de algas, como também não devem conter materiais e
pinturas que liberem substâncias prejudiciais à saúde de humanos e animais. A
entrada de água e o extravasor devem ser protegidos com telas, evitando a entrada
de insetos e pequenos animais, devendo haver uma abertura na cobertura das
cisternas para ações de inspeção e limpeza (PALHARES, 2016).
As formas de transporte da água, desde a captação nas cisternas até os locais
de uso, podem se constituir meios de contaminação. Para isso, o uso de bombas para
a retirada da água das cisternas é mais apropriado do que a coleta feita em baldes,
evitando o contato direto dos usuários com os reservatórios. Uma pesquisa realizada
na cidade de Campina Grande com 54 famílias, constatou que 57% dos entrevistados
apenas filtram as águas das cisternas antes de beberem, 17% realizam a cloração,
17% não fazem nenhum tipo de tratamento, 6% apenas coam a água antes do
consumo e 4% realizam a coação e cloração das águas. Além do uso das cisternas
para captar a água das chuvas, os entrevistados alegaram o uso dessas para
armazenar as águas provenientes de caminhões-pipa (ALVES, 2016).

32
Um estudo realizado na cidade de San Miguel Tulancingo, México, identificou
que a água de chuva armazenada em seis cisternas diferentes excedeu os limites
estabelecidos pela potabilidade local para consumo humano nos parâmetros de
sabor, turbidez, alumínio, ferro e mercúrio, necessitando receber posterior tratamento
(HERNÁNDEZ et al., 2017).
Carvalho e Silva (2014) avaliaram que oito cisternas, localizadas no município
de Cuité, Paraíba, quando abastecidas pelas chuvas e tratadas por meio de processos
de filtração e cloração, apresentaram valores dentro do estabelecido pelo Ministério
da Saúde para os parâmetros pH, turbidez, condutividade elétrica, dureza e
alcalinidade, apresentando apenas níveis de cloreto abaixo do recomendado. Quando
as cisternas eram abastecidas com água de caminhões-pipa, os valores de
condutividade elétrica aumentavam, evidenciando a necessidade de controle da água
nessa modalidade de abastecimento. Os autores identificaram ainda que cisternas
construídas a partir de folhas de zinco favoreciam a entrada de partículas e pequenos
animais, enquanto as construídas de madeira favoreciam o desenvolvimento de
microrganismos poluidores.
Cunha (2014) estabeleceu um estudo direto entre as condições de higienização
de cisternas de placas e o atendimento aos parâmetros de potabilidade das águas
armazenadas. Nesse trabalho, 25 cisternas foram analisadas, dentre as quais cinco
se destacaram negativamente, apresentando altos valores de condutividade elétrica,
salinidade e sólidos totais dissolvidos. A falta de limpeza periódica dessas cisternas,
presença de aberturas em suas estruturas e falta de higienização de componentes
dos sistemas de captação da água da chuva, como calhas e bombas, foram os
maiores responsáveis pela contaminação das águas.

2.5 Uso de automatização no controle da qualidade da água usada para o


abastecimento humano

O monitoramento convencional da água, realizado através do recolhimento de


amostras e da realização de testes qualitativos por meio de planos de amostragem, é
a forma mais comum para avaliação de parâmetros de segurança que uma água
fornece quanto ao consumo humano. Porém, tecnologias têm sido desenvolvidas para
minimizar os custos e o tempo de coleta e análise de amostras, contando com

33
sensores para medição de propriedades da água e ferramentas computacionais para
validação do modelo criado (ROCHA; ITO; LAUTENSCHLAGER, 2018).
Segundo Pasika e Gandla (2020), Smart Water Quality Monitoring (SWQM) ou
monitoramento inteligente da qualidade da água são sistemas compostos por
microcontroladores e sensores, montados de forma compacta para verificação de
parâmetros como pH, turbidez, nível da água, temperatura e umidade atmosférica,
funcionando continuamente e enviando dados em tempo real para estações de
monitoramento via tecnologias wireless. Aplicações como ThingSpeak e Temboo são
comumente usadas como interface de interpretação e apresentação dos dados
recebidos, podendo ser usadas em computadores ou dispositivos móveis.
A redução de tempo gasto em operações de controle qualitativo da água,
redução de custos energéticos, de deslocamento e a possibilidade de aumento do
rendimento na produção de água tratada, são alguns dos benefícios que os sistemas
de tratamento e distribuição de água obtém com o uso de automatização em suas
etapas de produção e monitoramento. Um investimento inicial em uma Unidade
Terminal Remota (UTR), que envolve a aquisição, processamento e transmissão de
dados, além de treinamentos das equipes de operação dos instrumentos de coleta em
campo e dos responsáveis pelo tratamento e envio dos dados, se faz necessário. A
eficácia do uso da automatização é possível por meio da inserção de parâmetros pré-
determinados nos dispositivos de controle e da capacidade dos controladores de
tomarem decisões após terem posse dos dados coletados (VASCONCELOS;
ROCHA; ALEXANDRIA, 2018).
Sistemas automatizados de monitoramento de contaminação mostram-se
como grandes aliados no controle e manutenção da qualidade das águas, diminuindo
o tempo de detecção de eventuais contaminantes e reduzindo o trabalho de equipes
de campo. Exemplo disso, o Contamination Monitoring System (CMS) funciona como
um ambiente de trabalho e interação on-line entre as equipes que compõem uma
estação de tratamento de água, utilizando-se de sensores para medições de vários
parâmetros na água, o que possibilita a identificação de mudanças na sua qualidade.
Após a identificação de uma possível contaminação, o CMS pode ainda ser
programado, com o auxílio de algoritmos avançados, para identificar as possíveis
fontes de contaminação e como essa se dá dentro de um sistema de distribuição,
facilitando ações de contingência no abastecimento em situações de emergência
(RUTKOWSKI; PROKOPIUK, 2018).

34
Outro aliado no controle qualitativo da água é o Failure Mode and Effect
Analysis (FMEA), um método utilizado para identificar e prevenir sistemas, produtos
ou processos de ser acometidos por falhas antes que essas ocorram, sendo realizado
através de análises sistemáticas e contribuindo com a saúde e segurança de uma
população envolvida (SHARMA; SRIVASTAVA, 2018). Nos estudos de avaliações de
risco de contaminação da água, o FMEA mostrou-se útil na identificação da
degradação da qualidade de água no Sistema de Abastecimento Público de Campina
Grande (Nascimento, 2016) e na avaliação de risco de contaminação pela utilização
de galões de 5 litros como refis para comercialização de água para consumo humano
no distrito de Rungkut, Surabaya (WICAKSONO; KARNANINGROEM, 2019).
Porém, a implantação de sistemas de automatizados requer investimentos
iniciais, tanto financeiros como de tempo, que irão variar dependendo das
características da bacia hidrográfica local, da experiência da equipe de apoio, da
existência de uma base de dados a respeito do recurso hídrico em estudo, do tamanho
e complexidade do sistema e da eficiência dos sistemas de controle já existentes
(RONDI; SORLINI; COLLIVIGNARELLI, 2015).
Os altos custos de alguns sensores já existentes no mercado para
monitoramento da qualidade, temperatura, vazão e outros parâmetros relacionados à
água, são obstáculos à implantação dessas tecnologias em ETAs de menor porte, que
contam com arrecadações financeiras insuficientes para patrocinarem a implantação
da automatização em seus sistemas. Diante disso, dispositivos de baixo custo têm
sido desenvolvidos para auxiliar nas leituras de dados em campo e testados para o
monitoramento de pequenos corpos hídricos ou reservatórios. Tais leituras realizadas
pelos sensores podem ser acessadas por usuários através de softwares instalados
em computadores ou dispositivos móveis, que fornecem dados visuais e gráficos a
respeito de determinados parâmetros de interesse (ALVES; MANERA; CAMPOS,
2019).
Para o desenvolvimento de sensores inteligentes, a elaboração do hardware,
que diz respeito aos componentes físicos sensoriais e ao local onde os dados
coletados são pré-processados, constitui a primeira etapa de sua criação. A
transmissão de dados e o software de processamento são as etapas a serem
desenvolvidas a seguir na elaboração da arquitetura da rede de monitoramento.
Diante dos elevados custos de muitos medidores de parâmetros da qualidade
da água comercializados, algumas tecnologias têm se tornado aliadas no

35
desenvolvimento de sensores inteligentes de baixo custo, tais como o
armazenamento de dados em nuvens, o uso de pequenas baterias para alimentação
dos hardwares e as redes de transmissão de dados com boas velocidades, obtidas
via operadoras telefônicas que fornecem serviços de internet com 4G e 5G (ZHANG
et al., 2019).
No âmbito do desenvolvimento de sistemas automatizados para monitoramento
do uso sustentável da água, Luciani et al. (2019) criaram um sistema de
monitoramento e processamento dos dados de consumo da água em tempo real para
residências utilizando de componentes de hardware facilmente disponíveis no
mercado, a fim de informar aos usuários finais a respeito de eventuais perdas no
sistema de abastecimento, utilizando um computador de placa única e programação
com sistema operacional Linux. Nesse sistema, os sensores de medição de vazão
coletam dados de consumo da água e realizam a transmissão desses, via módulo de
rádio, para o sistema de monitoramento, que por sua vez encaminha esses dados
para uma plataforma em nuvem, via módulo Wifi/3G/4G. Esta processa os dados a
fim de retornar informações úteis em tempo real para os usuários finais, que podem
ser os consumidores ou a concessionária de água.
Zin et al. (2019) desenvolveram um sistema de monitoramento da qualidade da
água por meio de cinco sensores, responsáveis pela leitura de dados de temperatura
da água, nível da água, pH, turbidez e dióxido de carbono presente na superfície da
mesma. O sistema foi montado em uma placa mãe de alta velocidade e a linguagem
C++ foi escolhida para projetar o software do dispositivo. Os dados são coletados em
tempo real em cada um dos cinco sensores que foram postos em contato com a água,
sendo a seguir transmitidos via um módulo de transmissão wireless para uma estação
de controle, que permite então o acesso remoto às informações por outros
dispositivos. Após a coleta e análise dos dados, experimentos laboratoriais foram
realizados para validar as leituras desse novo sistema de monitoramento. Diferenças
muito pequenas foram identificadas entre os resultados das medições por sensores e
por testes laboratoriais, atestando a eficiência da tecnologia sensorial na minimização
de tempo de operação, custo e consumo de energia.
A avaliação da qualidade da água por meio de sensores de baixo custo ainda
enfrenta alguns desafios, como a programação para leituras de baixa potência, a
transferência automática de dados, principalmente em áreas que contam com sinais
fracos de internet, alternativas de fornecimento de energia, durabilidade dos

36
componentes e portabilidade dos dispositivos de monitoramento. Ainda assim, o
desenvolvimento de sistemas para monitoramento remoto da água de consumo
humano pode beneficiar comunidades de zonas rurais e de difícil acesso, contribuindo
para o melhoramento da qualidade de vida dessas populações (SRIVASTAVA;
VADDADI; SADISTAP, 2018). Pule, Yahya e Chuma (2017) identificaram por meio de
pesquisas bibliográficas os seguintes parâmetros da água como sendo os mais
explorados pelos sistemas de monitoramento remoto: temperatura, pH, turbidez, nível
da água, salinidade, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido.

2.5.1 Uso da ferramenta Arduino na automatização de sistemas

Na elaboração de sistemas automatizados de baixo custo, a plataforma de


desenvolvimento Arduino é uma das mais populares e utilizadas mundialmente na
prototipação rápida de projetos. Arduino é uma plataforma de hardware livre com base
em uma placa simples de entrada/saída que possui uma linguagem de programação
padrão, similar à linguagem C, a qual pode ser usada para controlar sensores,
motores, luzes e outras diversas aplicações, conforme a necessidade dos projetistas.
Sua facilidade de utilização em relação a outras plataformas é um fator impulsionador
do seu uso, permitindo que pessoas de diversas áreas explorem a automatização de
sistemas por meio do aprendizado em tempos relativamente curtos (SILVA et al.,
2017).
A plataforma Arduino possui uma rede de cooperativismo entre os usuários,
que são os responsáveis por manterem o movimento de código aberto em
funcionamento e impulsionarem a criação de novos protótipos baseados nesse
microcontrolador. Eles compartilham informações, esquemas lógicos e resultados,
além de fornecerem auxílios à eventuais problemas e dúvidas que venham a surgir
por meio de fóruns, sites e redes sociais. A placa Arduino é um pequeno computador
com portas de acesso aos componentes externos, como sensores, transmissores de
dados, botões, potenciômetros, displays, motores, cartões de memória, entre outros
componentes. A escolha desses varia com a demanda de cada protótipo a ser
construído, podendo ser encontrados com certa facilidade no mercado e
apresentando características que permitem fáceis manipulações e adaptações quanto
a programação (RAMOS; ANDRADE, 2016).

37
O uso do Arduino para monitoramento qualitativo da água vem sido praticado
em vários estudos pelo mundo, abrangendo uma grande diversidade de parâmetros
de interesse e contribuindo para o desenvolvimento de sistemas de baixo custo. Para
a obtenção de dados de pH em igarapés na cidade de Manaus, Miranda et al. (2020)
realizaram o monitoramento qualitativo das águas por meio do sistema Arduino,
acoplado com um sensor de pH e ligados a um notebook. Os autores recomendaram
o acréscimo de mais sensores ao sistema desenvolvido, dentro os quais foi citado o
sensor de turbidez.
Santos et al. (2018) utilizaram sensores de pH e temperatura conectados à uma
placa de Arduino para monitoramento da qualidade da água de reservatórios
destinados à aquicultura, sendo esse sistema alimentado por uma fonte de 9V.
Quando os resultados obtidos pelos sensores foram comparados com as leituras das
mesmas amostras realizadas em equipamentos profissionais, notou-se diferenças de
± 0,01 para leituras de pH e ± 0,5ºC para leituras de temperatura. Conforme for a
necessidade de acompanhamento dos parâmetros de interesse, o Arduino pode ser
programado para armazenar informações ou até mesmo transmitir em tempo real os
dados de leitura. Neste trabalho, para possibilitar o armazenamento dos dados, foi
adicionado ao sistema um módulo de cartão SD e um cartão SD HC.
Lima (2018) desenvolveu um sistema para monitoramento dos parâmetros pH,
temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica nas águas de dois poços da
Universidade Estadual de Feira de Santana. A análise dos parâmetros por meio dos
sensores era feita em laboratório, a partir de amostras coletadas, e o envio dos dados
para nuvem da plataforma Temboo era realizado por meio de comunicação Ethernet,
onde a placa de Arduino Mega estava conectada à um modem de internet por meio
de um cabo, uma vez que foram identificadas dificuldades quanto ao uso de
transmissão de dados via Wi-fi ou 3G. As variáveis foram monitoradas e organizadas
em gráficos que mostraram a evolução dessas ao longo dos dias. O sistema contava
com saída de armazenamento para pen drive, que possibilitava o salvamento de
dados quando aconteciam eventuais problemas de internet. Os resultados obtidos
pelos sensores mostraram grande precisão quando comparados à medidores de
multiparâmetros.
Gavhane et al. (2018) utilizaram um sensor de turbidez ligado a um
microcontrolador do tipo Arduino UNO para realização de leituras de turbidez e o
software LabView para facilitar o monitoramento contínuo dos dados. O sistema

38
desenvolvido foi utilizado para análise de 9 amostras de águas diferentes em bancada
de laboratório, obtendo erros que variaram entre 1,707% e 4,88%. Apesar de uma boa
acurácia obtida pelo sensor de turbidez utilizado no estudo, a inclusão de mais
sensores se faz necessária para a obtenção de um sistema mais completo quando se
avalia a qualidade da água.
O monitoramento da qualidade da água tem sido aplicado, geralmente, em
amostras controladas em laboratórios, onde há a presença de recursos para
transmissão wireless dos dados coletados e fontes de energia para alimentação do
sistema. Porém, o monitoramento da qualidade da água em tempo real pode
beneficiar comunidades que não possuem acesso à água distribuída pelas redes
públicas de abastecimento.
Cisternas, poços ou outras fontes alternativas de armazenamento de água,
podem ter a qualidade das suas águas monitoradas por sistemas automatizados de
baixo custo, compostos por microcontroladores, sensores, módulos de transmissão
de dados wireless, placas fotovoltaicas para alimentação das baterias, entre outros
componentes que garantam o acompanhamento de eventuais alterações nos
parâmetros de potabilidade da água. Diante disso, este trabalho pretendeu
desenvolver um sistema de baixo custo para a realização do monitoramento
automatizado dos parâmetros de pH, turbidez e temperatura das águas de cisternas,
visando maximizar a segurança dos seus consumidores. Mediante conexão Wi-fi, o
sistema possibilitou o envio de notificações remotas e em tempo real sobre eventuais
variações na qualidade da água.

3. METODOLOGIA

Este trabalho teve início a partir da definição dos parâmetros que foram
analisados pelo sistema proposto, tendo como respaldo uma revisão bibliográfica
relativa à temática. O desenvolvimento do sistema remoto de controle da qualidade
da água partiu da criação e montagem dos componentes de hardware e de software.
Após a criação e validação do sistema em laboratório, esse foi transportado até a zona
rural da cidade de Alagoa Grande, Paraíba, onde foi testada a sua eficiência em duas
cisternas. Os dados foram enviados em tempo real para a plataforma ThingSpeak por
meio de conexão Wi-fi local, permitindo a análise dos parâmetros de pH, turbidez e

39
temperatura nas águas das cisternas avaliadas. A Figura 2 detalha o fluxograma
metodológico desenvolvido neste trabalho.

Figura 2: Fluxograma metodológico

Fonte: Autoria Própria (2020).

A Figura 3 detalha o esquema que foi utilizado para o desenvolvimento do


sistema de monitoramento da qualidade da água.

40
Figura 3: Esquema para desenvolvimento do sistema de monitoramento da qualidade da água

Fonte: Autoria Própria (2020).

3.1 Desenvolvimento do protótipo

O sistema desenvolvido neste trabalho teve como objetivo o monitoramento


remoto dos parâmetros de pH, turbidez e temperatura da água. Para isso,
componentes de hardware foram utilizados para permitirem o funcionamento correto
do sistema em todas as etapas propostas, desde a sua alimentação energética até a
conexão com a internet. Cada parâmetro investigado possuía um sensor dedicado ao
seu monitoramento, totalizando três sensores no sistema proposto.
A programação das rotinas de leitura foi realizada por meio da IDE do Arduino
e transferida para o microcontrolador Arduino, que funcionava como processador dos
dados de cada leitura realizada. O microcontrolador conectava-se aos sensores
através de cabos. Os equipamentos eletrônicos foram envolvidos por uma caixa de
proteção, flutuando dentro do reservatório com a utilização de uma estrutura de isopor,
de forma que apenas as extremidades dos sensores estivessem em contato com a

41
água. Estando o sistema ligado a uma fonte de 5V conectada à tomada por meio de
uma extensão elétrica, as rotinas de leituras dos parâmetros de qualidade em
monitoramento tinham início.
O microcontrolador Arduino iniciava a rotina de medições com a leitura do pH
da água, seguindo-se a medição da temperatura e depois da turbidez. Os dados das
leituras de pH e turbidez eram captados na forma de pulsos elétricos pelas portas
analógicas do microcontrolador, sendo em seguida convertidos para valores reais de
ambos os parâmetros, a partir da programação instalada. Para isso, foi necessária a
calibração em laboratório dos sensores utilizados neste trabalho.
A grande maioria dos medidores de multiparâmetros da água vendidos no
mercado possuem o monitoramento da temperatura da água. Para relacionar
possíveis alterações de pH ou turbidez com a variação da temperatura da água ao
longo de um dia, optou-se pelo acréscimo de um sensor de temperatura ao sistema
deste estudo.
Realizadas duzentas medições de cada um dos parâmetros, os resultados das
médias das leituras eram apresentados na tela LCD, conectada ao Arduino. Em
seguida, os dados das leituras realizadas no Arduino eram enviados para o
microcontrolador NodeMCU, que tinha a função de se conectar a uma rede Wi-Fi e
enviar os dados para a plataforma ThingSpeak. O envio dos dados para o ThingSpeak
foi possível mediante o cadastro de uma chave, fornecida por esta plataforma, na
programação do software para monitoramento da qualidade da água. A escolha
quanto a utilização do ThingSpeak se deu pela facilidade, gratuidade e praticidade
quanto ao seu uso em diversos tipos de dispositivos móveis, permitindo ainda a
análise dos dados por meio de gráficos que são atualizados em tempo real.
O armazenamento e visualização dos dados ocorreu na plataforma
ThingSpeak, onde os dados das leituras foram armazenados na nuvem e
apresentados em forma de três gráficos, um para cada parâmetro analisado. Também
foram criados histogramas dos dados de pH e turbidez, a fim de facilitar a visualização
das entradas numéricas mais recorrentes e foram gerados gráficos que
correlacionavam as variações de pH e turbidez com a temperatura. Após o envio dos
dados para o ThingSpeak, o sistema foi programado para entrar em modo de repouso
por cinco minutos, reiniciando automaticamente as leituras após esse intervalo.
Foi elaborada uma programação no ThingSpeak que fazia publicações via
Twitter a respeito do funcionamento do sistema, notificando o usuário em tempo real

42
caso os valores de turbidez ou pH estivessem em desobediência aos valores citados
na Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde, apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Critérios e valores de referência para o monitoramento do pH e turbidez

Critérios e valores de referência para o Monitoramento da Qualidade da Água conforme


valores da Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde
pH Turbidez (NTU)
Ruim pH < 6 e pH > 9 Ruim Turbidez >= 5
Bom 6 <= pH <= 9 Bom Turbidez < 5

Fonte: Autoria Própria (2021).

Testes de funcionamento das leituras e do envio de dados ao ThingSpeak


foram realizados durante 11 dias contínuos, na bancada do laboratório de
Saneamento da UFCG. Nesta ocasião, o sistema foi mantido dentro de um
reservatório de isopor contendo água da torneira, estando esse fechado com tampa e
sem contato direto com o sol.
Após a montagem e validação do sistema de monitoramento da qualidade da
água proposto neste trabalho, este foi transportado até a zona rural do município de
Alagoa Grande, onde realizou leituras em duas cisternas relativas aos parâmetros que
foram propostos e criou-se um banco de dados de pH, turbidez e temperatura na
plataforma ThingSpeak, que serviu para avaliar a qualidade das águas dessas
cisternas. A Figura 4 apresenta o esquema de monitoramento da qualidade da água
deste trabalho.

Figura 4: Esquema do monitoramento da qualidade da água

43
Fonte: Autoria Própria (2020).

3.1.1 Software

O software utilizado no sistema deste estudo foi desenvolvido a partir do IDE


do Arduino. As etapas de funcionamento do software são resumidas no Quadro 1.

Quadro 1: Etapas de funcionamento do Software

Etapa 1 Conexão do microcontrolador NodeMCU à


Internet.
Etapa 2 Conexão do microcontrolador ao servidor NTP,
do qual foram retirados os valores de data e hora.
Etapa 3 Início da programação no Arduino, em que foi
ativada uma função para captura de pulsos
elétricos pelos sensores sempre que estes eram
ativados, de 5 em 5 minutos.
Etapa 4 Os valores numéricos fornecidos pelos sensores
de pH, temperatura e de turbidez eram
convertidos para valores reais, que podiam ser
interpretados pelo usuário final.
Etapa 5 Os valores convertidos foram apresentados no
display LCD.
Etapa 6 A cada intervalo de 5 minutos, os valores de pH,
temperatura e turbidez foram enviados e
armazenados no ThingSpeak. O
armazenamento local era zerado, permitindo
assim que uma nova rotina de leitura fosse
iniciada após o intervalo de repouso.

Fonte: Autoria Própria (2021).

3.1.2 Hardware

Os materiais utilizados para a criação do sistema de monitoramento remoto da


qualidade de água desenvolvido neste trabalho estão descritos no Quadro 2. A
calibração e validação dos sensores de pH, temperatura e turbidez foram realizadas

44
objetivando a minimização de possíveis erros e a maximização na exatidão dos
resultados.

Quadro 2: Componentes de Hardware

COMPONENTE IMAGEM DESCRIÇÃO

Controlador eletrônico
programável, com pequenas
dimensões. Permitia a
Arduino Nano obtenção, tratamento e
disponibilização de dados de
acordo com a programação e
com os sensores utilizados.

Controlador eletrônico
programável na mesma IDE
do Arduino. Possuía uma
placa da família ESP 8266,
que possibilita a sua conexão
NodeMCU
com a internet via Wi-Fi. Sua
utilização no sistema
substituiu a utilização de um
módulo específico para
conexão Wi-Fi.

Conjunto formado por um


eletrodo pH, que foi utilizado
imerso em água, e um
Sensor de pH módulo eletrônico que fazia
a intermediação com o
Arduino, este sem contado
com a água.

45
Módulo eletrônico de
monitoramento da turbidez.
Possuía um componente
que necessitava estar em
contato com a água. Este
emitia uma luz
infravermelha, imperceptível
à visão humana, capaz de
Sensor de turbidez detectar partículas que
estivessem em suspensão
na água e assim fazia a
medição da taxa de
dispersão de luz na água.
Também contava com um
componente que ficava
acoplado ao controlador,
sem contato com a água.

Termômetro digital a prova


d’água, utilizado para
Sensor de monitoramento de
temperatura temperatura em aquários ou
em climatizações de
ambientes.

Cabeamento que permitiu a


montagem dos circuitos,
Fios de cobre
fazendo as conexões entre
(obtidos de cabos de
os sensores, a tela LCD e o
rede) microcontrolador na
protoboard.

46
Dispositivo utilizado para
controlar a passagem de
corrente elétrica proveniente
Resistor 10K Ohm do sensor de temperatura.
Sua finalidade foi converter
energia elétrica em energia
térmica.
Componente eletrônico que
possuía sua resistência
ajustável por meio de um
Potenciômetro 1K pino central. Foi utilizado
Ohm para calibrar a tensão de
entrada no módulo
eletrônico de monitoramento
da turbidez.

Teve como função


apresentar
instantaneamente as ações
Display LCD que ocorriam no
microcontrolador, facilitando
as operações de instalação
e manutenção no sistema.

Placa de prototipagem.
Possuía furos e conexões
Protoboard internas que facilitavam a
montagem de circuitos,
dispensando o uso de solda.

Caixa utilizada como


Caixa de proteção proteção do sistema contra
umidade e exposição ao sol.

47
Caixa de isopor utilizada
Caixa de Isopor para permitir a flutuação do
sistema na água.

Fonte de 5V e 1A, utilizada


Fonte 5V para fornecer alimentação
ao sistema.

Cabo do tipo mini USB,


utilizado para fazer a
Cabo Mini USB
conexão entre o Arduino e a
fonte de 5V.

Fonte: Autoria Própria (2021).

3.2 Calibração e validação dos sensores

Antes da realização de leituras em campo, foram necessárias a calibração e


validação dos sensores de pH e turbidez por meio de testes de bancada, objetivando
a minimização de possíveis erros e a maximização na exatidão dos resultados.
O sensor de pH utilizado na montagem do sistema era formado por uma sonda
com plug tipo BNC, que ficava em contado com a água, e um módulo para conexão
com o microcontrolador Arduino, estando este contido dentro da caixa de proteção do
sistema. O sensor de pH foi calibrado para duas faixas de valores: uma para valores
entre 4 e 7 e outra para valores entre 7 e 10. Para cada faixa de valores, o
microcontrolador Arduino convertia os valores dos pulsos elétricos lidos por suas
portas analógicas em valores reais de pH. A validação do sensor de pH foi possível

48
mediante comparação com os valores lidos por um pHmetro de bancada modelo mPa-
210.
O sensor de turbidez era formado por dois componentes: um módulo de leitura,
que era responsável pela emissão de luz infravermelha para detecção de partículas
suspensas na água e um módulo controlador, responsável por conectar-se ao
Arduino. O sensor de turbidez foi calibrado em laboratório tomando-se como
referência uma amostra de água destilada e uma amostra de água da torneira. Tais
amostras serviram como padrão para converter as leituras realizadas pelas portas
analógicas do microntrolador Arduino em valores reais de turbidez. O sensor de
turbidez utilizado para o desenvolvimento do sistema proposto neste trabalho teve
seus valores validados por meio da comparação com os valores das leituras das
mesmas amostras em um turbidímetro da marca Hach, modelo 2100P.
Por ser o único sensor que independia dos valores de tensão captadas pelo
sistema, o sensor de temperatura não necessitou de calibragem, apenas de testagem
e comparação com os valores lidos por um termômetro do laboratório de saneamento
da UFCG. Os valores reais de temperatura eram lidos de imediato pelo Arduino.

3.3 Montagem do Sistema

Após a calibração de cada sensor, foi necessária a montagem do sistema com


todos os componentes em funcionamento simultâneo. Cada um dos sensores era
conectado ao microcontrolador Arduino por meio de três portas conectoras: uma de
alimentação 5V, uma porta GND, conhecida como “terra”, e outra porta analógica que
recebia as leituras. Apenas o sensor de temperatura possuía um resistor antes de sua
ligação com a porta de alimentação no Arduino.
A tela LCD conectava-se diretamente com o microcontrolador Arduino. O
microcontrolador NodeMCU conectava-se ao Arduino por meio de duas portas digitais,
que realizavam recebimento e transmissão de dados entre ambos, e uma porta GND.
O NodeMCU era acionado por meio de uma rotina de programação no Arduino,
realizando conexão imediata com a internet para que o envio de dados ao ThingSpeak
fosse realizado.
O monitoramento da temperatura da água foi feito por meio de um termômetro
digital, do mesmo tipo que pode ser encontrado para o monitoramento da temperatura
da água em aquários. Este era ligado a um resistor de 10KΩ, que atuava como

49
referência para o sensor de temperatura. Quando alguma variação de resistência
elétrica era identificada, o resistor entendia que houve uma variação de temperatura,
fornecendo a leitura em graus Celsius ao microcontrolador. Diferentemente dos
sensores de pH e turbidez, as leituras de temperatura independiam da tensão
fornecida ao microcontrolador e nenhum módulo de processamento se fez necessário
para intermediar a conexão entre esse e o termômetro, não sendo necessária para o
sensor de temperatura a etapa de calibração. O esquema para montagem do
hardware está ilustrado na Figura 5.

Figura 5: Esquema para montagem do hardware

Fonte: Autoria Própria (2021).

Os componentes do sistema foram montados sobre uma caixa acrílica dentro


de uma estrutura de isopor, de forma a permitir sua flutuação. Os componentes
elétricos do sistema necessitavam estar dentro da caixa flutuadora e não
externamente às cisternas devido ao pequeno comprimento dos cabos que
conectavam os sensores ao microcontrolador Arduino. Os três sensores, que
necessitavam estar em contato com a água, ficavam localizados externamente à caixa
de proteção, montados sobre outra estrutura de isopor que possibilitava a flutuação
dos sensores. A fonte de 5V e o cabo mini USB ficavam externos à estrutura de
proteção, necessitando ser envolvidos por plástico quando levados a campo. A Figura
50
6 apresenta o sistema de monitoramento da qualidade da água desenvolvido neste
trabalho.

Figura 6: Sistema de monitoramento da qualidade da água

Fonte: Autoria Própria (2020).

Durante o desenvolvimento do sistema abordado neste trabalho, algumas


adaptações se fizeram necessárias para garantir um bom monitoramento da
qualidade da água. Objetivando construir um sistema mais duradouro e resistente ao
manuseio e até a eventuais impactos físicos, foi feita a tentativa de instalação do
sistema utilizando-se uma placa de circuito impresso (PCI) com soldagem artesanal.
Porém, optou-se pela utilização de protoboards e fiação de cobre para a elaboração
dos circuitos do sistema desenvolvido.
O tipo de conexão à internet foi testado de duas formas distintas: uma via
3G/4G e outra através de uma rede Wi-Fi. A conexão à internet 3G/4G era possível
por meio da instalação de um componente do tipo SIM800L acoplado ao
microcontralador. Este componente permitia a inserção de um chip de telefonia móvel,
garantindo o acesso à internet em locais onde não existissem redes Wi-Fi disponíveis.
Esse tipo de conexão seria ideal para o monitoramento da qualidade da água em
caminhões-pipa.

51
A conexão do sistema à internet por meio de uma rede Wi-fi era possível com
a utilização do microcontrolador NodeMCU. Esta alternativa de conexão à internet foi
escolhida para aplicação no sistema desenvolvido neste trabalho, visando a redução
dos custos com a manutenção de uma rede de telefonia e maior estabilidade no envio
de dados.
A alimentação energética do sistema foi estudada de três maneiras diferentes.
Primeiramente, foi feita a tentativa de alimentação do sistema utilizando-se de uma
bateria alcalina de 9V. Posteriormente, painéis fotovoltaicos foram testados para
alimentação de duas baterias de 4.2V conectadas ao sistema. Por fim, a alternativa
de fornecimento de energia escolhida para montagem do sistema foi por meio de
utilização de uma fonte 5V conectada na tomada.

3.4 Locais escolhidos para os testes de campo

Para este estudo, o sistema desenvolvido foi instalado em duas cisternas,


localizadas na zona rural do município de Alagoa Grande, Paraíba. O número de
pontos de monitoramento foi reduzido devido às limitações causadas pela pandemia
do COVID-19. As cisternas selecionadas possuíam acesso à energia elétrica e
estavam em áreas que possuíssem sinal ativo de internet via Wi-fi. A Tabela 2 indica
as coordenadas geográficas das duas cisternas monitoradas neste estudo, enquanto
a Figura 7 apresenta o mapa de indicação dessas.

Tabela 2: Coordenadas geográficas das cisternas monitoradas

Cisterna Latitude Longitude


1 -7.017950534820557 -35.65825271606445
2 -7.0383024 -35.6172104
Fonte: Autoria Própria (2021)

52
Figura 7: Mapa de indicação da localização das cisternas

Fonte: Adaptado do Google Earth (2021)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Calibração do sensor de pH

A calibração dos sensores de pH foi realizada com o auxilio de soluções tampão


em laboratório. As soluções tampão utilizadas possuíam pH de 4, 7 e 10,
representando, respectivamente, soluções básicas, neutras e ácidas. O sensor de pH
foi conectado ao microcontrolador por meio de uma entrada analógica, que permitia a
leitura de números que variavam de 0 a 1023. Cada leitura de pH era lida então pelo
microntrolador como um número inteiro contido neste intervalo.
Com base nas faixas de valores de pH comumente encontradas para águas
potáveis, foi estabelecido para este estudo a limitação da leitura de valores de pH
entre 4 e 10. A restrição da faixa de leitura do pH durante a calibração do sensor,

53
permitiu a redução do percentual de erro obtido durante a conversão de valores lidos
pelo microcontrolador para valores de pH.
Para a conversão dos dados lidos para dados reais de pH, foram elaboradas
as seguintes equações de conversão:

𝑝𝐻 = [−0.02307692308 ∗ (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎)] + 26.2 (1)


𝑝𝐻 = [−0.01829268293 ∗ (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎)] + 22.2195122 (2)

A equação 1 foi utilizada na programação em Arduino quando os valores das


leituras obtidas nos sensores fossem menores do que 832, o que indicava que o pH
real da solução estaria dentro do intervalo de 7 a 10. Caso o número obtido na leitura
fosse maior ou igual a 832, a rotina de programação utilizaria a equação 2 para
converter os números lidos em valores reais de pH, estando estes contidos no
intervalo de 4 a 7.
Para validação do sensor de pH deste estudo, foi utilizado um pHmetro de
bancada mPa-210 do laboratório de saneamento da Universidade Federal de
Campina Grande. O pHmetro do laboratório foi calibrado com as mesmas soluções
tampão utilizadas na calibração do sistema desenvolvido. Diferenças de ±0,05 foram
identificadas entres os dois pHmetros. A Figura 8 mostra a calibração do pHmetro do
laboratório com soluções tampão, enquanto a Figura 9 mostra as leituras de pH em
funcionamento.

Figura 8: Calibração do pHmetro da UFCG

Fonte: Autoria Própria (2021)

54
Figura 9: Leituras de pH com o protótipo desenvolvido

Fonte: Autoria Própria (2021)

4.2 Calibração do sensor de turbidez

O sensor de turbidez utilizado para a construção do sistema proposto neste


trabalho, foi formado por uma sonda que emitia uma luz infravermelha, imperceptível
à visão humana, capaz de detectar partículas que estivessem em suspensão na água
e assim fazer a medição da taxa de dispersão de luz na água, além de um módulo
para conexão com Arduino, este sem contato com a água. Para a calibração e
validação do sensor de turbidez, foi utilizado um turbidímetro da marca Hach, modelo
2100P, pertencente ao laboratório de Saneamento da UFCG, conforme mostra a
Figura 10.

Figura 10: Validação da turbidez com turbidímetro Hach 2100P

55
Fonte: Autoria Própria (2020).

O turbidímetro do laboratório foi calibrado com padrões de formazina


estabilizada Stablcal, contidos em ampolas seladas com valores de 0,1, 20, 100 e 800
UNT. Após a calibração deste turbidímetro, uma amostra de água destilada com 0,35
UNT e uma mostra de água da torneira com 2,05 UNT foram utilizadas como valor de
referência para a calibração do sensor de turbidez desenvolvido neste estudo. Para a
obtenção dos valores de turbidez da água destilada e da água da torneira, utilizou-se
o valor médio de quatro amostras de cada tipo de água.
As leituras realizadas pela porta analógica do Arduino podem ter valores
variando de 0 até 1023. Cada valor desse deve ser convertido para valores reais de
turbidez. Foi identificado que uma de leitura analógica pelo microcontrolador com valor
de 213 equivalia à turbidez de 0,35 UNT. Um valor analógico de 225 equivalia a uma
turbidez real de 2,05 UNT. Tais valores serviram como referência para a conversão
de valores de tensão para valores reais de turbidez na IDE do Arduino, possibilitando
a calibração do sensor de turbidez deste trabalho.
Verificou-se que pequenas variações de tensão resultavam em grandes
variações nos valores reais de turbidez. Para regular com mais precisão os valores de
turbidez lidos pelo sensor, foi utilizado um potenciômetro de 1KW.

4.3 Conexão à internet

A utilização do microcontrolador NodeMCU para conexão à uma rede Wi-Fi


mostrou-se mais estável do que uma conexão via chip de telefonia móvel quando
submetido à testes. Conectado à rede sem fio do laboratório de Saneamento da
UFCG, o microcontrolador não aprestou sinais de instabilidade no envio de dados à
plataforma ThingSpeak. A opção por utilizar uma conexão wireless reduziu os custos
que seriam investidos na manutenção de uma rede de telefonia móvel. A Figura 11
mostra o sistema montado de duas formas distintas: uma com o módulo para conexão
3G/4G e outra com o módulo Wi-Fi.

56
Figura 11: Comparativo entre o sistema com módulo para conexão 3G/4G e com módulo para
conexão Wi-Fi

Fonte: Autoria Própria (2020).

Tendo em vista a necessidade de conexão com novas redes de Wi-fi sempre


que o sistema fosse trocado para uma nova localidade, utilizou-se a biblioteca
Wifimanager na programação do NodeMCU. Por meio desta, o sistema criava um
ponto de acesso Wi-fi que podia ser utilizado para um smartphone conectá-lo com
uma nova rede, facilitando o manuseio do sistema pelo seu operador em campo.

4.4 Fonte de energia utilizada

Inicialmente, testou-se a alimentação do sistema por meio de uma bateria de


9V alcalina, a fim de verificar a sua autonomia. Após os testes de durabilidade,
observou-se por meio dos intervalos de envio dos dados à plataforma ThingSpeak
que o sistema acoplado com a bateria durou apenas um dia e meio em funcionamento.
A eficiência máxima da bateria durou somente em torno de oito horas quando
utilizada a bateria de 9V. Após esse período, a tensão fornecida pela bateria foi menor
do que 5V, que é a tensão necessária para o funcionamento correto dos sensores,
tendo feito com que as leituras de pH e Turbidez apresentassem valores alterados.
Apenas o sensor de temperatura, que independe da tensão fornecida pela bateria,
manteve o envio de dados constantes à internet.
Como alternativa ao uso de baterias de 9V, testou-se a utilização de um sistema
de placas fotovoltaicas para fazer o recarregamento de duas baterias de 4.2V e
16.800mAh. Para isso, utilizou-se um total de cinco painéis solares de 5V, sendo
quatro com 60mA e um com 200mA. Os painéis menores foram ligados entre si em

57
paralelo, para que a corrente do conjunto fosse o resultado da soma da corrente de
cada painel solar e para que a tensão do conjunto fosse mantida. A seguir, os painéis
foram conectados às baterias por meio de um módulo de carregamento do tipo
TP4056.
As duas baterias de 4.2V foram ligadas entre si em série, estando totalmente
carregadas no início do monitoramento, a fim de que a tensão de alimentação
disponível para o sistema fosse resultada da soma de suas tensões. Entretanto, a
utilização do sistema de placas fotovoltaicas resultou em um pleno funcionamento do
sistema por apenas cinco horas, sendo identificado o seu desligamento após esse
período. O rápido descarregamento pôde ser atribuído a grande quantidade de
equipamentos a serem alimentados, dentre os quais destacaram-se os dois
microcontroladores na requisição de altas correntes.
Apesar da tensão gerada pelas duas baterias ter sido suficiente para o
funcionamento correto do sistema, constatado através da análise dos dados captados
sem alterações durante as cinco horas de seu funcionamento, os painéis solares não
foram suficientes para sustentar as cargas nas baterias por muito tempo, mesmo
quando receberam alta incidência solar sobre as suas superfícies. A utilização de
painéis solares maiores é uma sugestão para trabalhos futuros.
Para o desenvolvimento do sistema de monitoramento de água deste trabalho,
optou-se pela utilização de alimentação por uma fonte de 5V conectada em tomadas.
A fonte utilizada é do mesmo modelo aplicado para carregamento de smartphones. A
fonte se conectava ao microcontrolador Arduino por meio de um cabo mini USB.
A opção por utilizar a entrada de energia do Arduino e não a do NodeMCU
ocorreu pelo fato do Arduino manter constante a tensão no sistema, enquanto a
tensão no outro microcontrolador apresentava pequenas variações, que foram
medidas com o uso de um multímetro. Mesmo sendo pequenas diferenças de tensão,
na ordem de 0,05V, foram identificadas variações nos valores de pH e turbidez quando
ligados pela porta de carregamento do NodeMCU.
Para a ligação do sistema em cisternas da zona rural, se fazia necessário,
portanto, que o local contasse com acesso a energia elétrica. Foi feita uma extensão
elétrica com 30 metros de comprimento para garantir a ligação do sistema em
ocasiões onde a cisterna encontrava-se distante da residência. A Figura 12 mostra as
três maneiras testadas neste trabalho para alimentação energética do sistema.

58
Figura 12: Formas de alimentação energética testadas

Fonte: Autoria Própria (2020).

4.5 Montagem dos circuitos

A alta taxa de retrabalho de soldagem caso fosse necessária alguma mudança


no layout do projeto, tornou a utilização de Placas de Circuito Impresso (PCI) pouco
viável quando se tratava da criação de um protótipo do sistema, submetido a diversos
testes que demandavam constantes alterações na disposição dos componentes do
sistema. Além disso, eventuais problemas de curto-circuito, ocasionados por contatos
indevidos entre diferentes trilhas condutoras, geravam alterações nas tensões de
entrada nos sensores. A montagem da PCI pode ser vista na Figura 13.

Figura 13: Montagem do sistema com placa de circuito impresso artesanal

Fonte: Autoria Própria (2020)

Como os sensores deste estudo funcionam convertendo leituras de tensões


para dados reais de pH e turbidez, qualquer variação de tensão poderia alterar
significativamente os dados que estavam sendo medidos. Sendo assim, adotou-se
protoboards para a montagem do sistema, o que permitiu uma velocidade maior entre
cada tentativa de montagem.

59
Como ponto negativo da utilização do conjunto formado por protoboards e
jumpers para criação dos circuitos, foi identificada a suscetibilidade à desconexão dos
jumpers quando o sistema passasse por movimentações em seu transporte ou por
eventuais impactos acidentais em campo.
Foram utilizados pequenos fios de cobre para a conexão entre os circuitos,
obtidos a partir de cabos de rede desencapados. Os fios foram fixados nas
protoboards com pinos de aço, a fim de evitar que esses se soltassem quando sujeitos
ao manuseio. Os fios de cobre fizeram as conexões entre os microcontroladores, a
tela LCD e os sensores. A Figura 14 mostra as conexões dos circuitos nas
protoboards.

Figura 14: Montagem dos circuitos com fios de cobre

Fonte: Autoria Própria (2020).

4.6 Testes em bancada

Um período de testagem de 11 dias de funcionamento contínuo foi realizado no


laboratório de Saneamento da UFCG antes do envio do sistema para as cisternas
rurais. Durante esse período de avaliação, o sistema leu dados de pH, turbidez e
temperatura em intervalos de 30 minutos, resultando em 344 leituras no total. A
ausência de alguns dados de leituras ocorreu devido a falhas no sinal da internet do
laboratório de Saneamento e também devido a uma queda de energia.
Analisando as médias diárias de valores de pH, identificou-se um valor médio
de 7.42 no primeiro dia de medição. Os valores médios de pH tiveram aumentos

60
diários de 0,05, até se estabilizarem em aproximadamente 7.65, até o final do período
de 11 dias de captação dos dados. Os valores de pH não apresentaram significativas
alterações com as variações de temperatura. O valor de R-quadrado para o modelo
que relacionava pH com a temperatura correspondeu 0,1047, revelando ter ocorrido
pouca variação do pH com a variação da temperatura durante a realização dos testes
de bancada. Entretanto, o curto período de testagem utilizado para a composição
desse modelo, não anula a existência de correlação entre as variáveis pH e
temperatura, fazendo-se necessárias análises mais detalhadas. A Figura 15 mostra
os valores médios diários de pH durante o período de análise.

Figura 15: Médias diárias dos valores de pH durante testes de bancada

Fonte: Autoria Própria (2021)

A partir das leituras da turbidez, foi possível identificar uma sensibilidade do


sensor a pequenas variações de temperatura. Ao longo do período de medições, a
turbidez mostrou-se estável com médias diárias entre 2,00 UNT e 2,05 UNT. Porém,
valores pontuais de até 2,80 UNT, nos horários menor temperatura, entre 09:30hrs e
10:30hrs, foram identificados. A Figura 18 mostra a variação das médias diárias da
turbidez e a Figura 19 mostra um gráfico de correlação entre a turbidez e a
temperatura, evidenciando a tendência que a turbidez apresentou em diminuir com o
aumento da temperatura. O valor de R-quadrado para o modelo que correlacionava
essas variáveis foi de 0,7782, demonstrando ter ocorrido alta influência da
temperatura nas variações de turbidez durante os testes de bancada neste trabalho.

61
Figura 16: Médias diárias dos valores de turbidez durante testes de bancada

Fonte: Autoria Própria (2021)

Figura 17: Gráfico da correlação entre turbidez e temperatura durante os testes de bancada

Fonte: Autoria Própria (2021)

O sensor de temperatura teve seu funcionamento de maneira esperada durante


os testes de bancada, servindo para analisar o comportamento das variáveis pH e
turbidez com as variações de temperatura.
Tomando-se como referência os equipamentos do laboratório de Saneamento,
o sistema desenvolvido apresentou durante a testagem de 11 dias, erros de 0,261%
para leituras de pH e de 2,45% para leituras de turbidez quando a média de todo o
período de testagem foi comparada com uma amostra retirada da água monitorada
no décimo dia dos testes de bancada.

62
4.7 Caracterização das cisternas e testes em campo

A primeira cisterna monitorada neste estudo utilizava a estrutura de uma caixa


d’água de polietileno, sendo armazenada no terraço de uma residência rural, sem
incidência direta da luz solar. Sua tampa permaneceu fechada durante todo o período
de testes, exceto quando os moradores precisavam retirar água da mesma. A retirada
de água na primeira cisterna era feita por meio de baldes, geralmente no período da
manhã.
O abastecimento de água nessa cisterna era realizado por meio de baldes,
após transporte da água da chuva que era coletada em um reservatório ao lado. Esse
reservatório ao lado recebia água da chuva por meio de calhas, possuindo um filtro
para retenção de impurezas. O tratamento da água na cisterna 01 era realizado por
meio do acréscimo de hipoclorito de sódio. A Figura 18 ilustra a cisterna 01 monitorada
neste trabalho.

Figura 18: Registro fotográfico da cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

A segunda cisterna monitorada neste estudo ficava localizada em outra


propriedade rural. Essa foi construída em concreto armado, posicionada

63
externamente à residência que era beneficiada com sua água. A cisterna 02 era
abastecida exclusivamente com água da chuva por meio de uma calha de PVC, como
se pode ver na Figura 19. O tratamento da sua água era realizado por meio da adição
de hipoclorito de sódio. Porém, não havia filtro na calha de coleta da água da chuva,
aumentando a probabilidade de chegada de sujeiras oriundas das calhas.
A cisterna 02 era o principal reservatório de água da residência. Durante o
monitoramento da qualidade da água, essa encontrou-se fechada por meio de uma
tampa, a fim de evitar a entrada de insetos e materiais poluentes. Nesta, a retirada de
água era realizada por meio de baldes.

Figura 19: Registro fotográfico da cisterna 02

Fonte: Autoria Própria (2021)

O período total de captação dos dados em campo, oito dias, resultou em 1382
leituras realizadas pelos sensores. As leituras de pH, temperatura e turbidez foram
enviadas para a plataforma ThingSpeak em intervalos de cinco minutos, conforme
programado. Pequenos atrasos, na ordem de 25 segundos, foram identificados entre
as medições armazenadas na nuvem, o que pode ser atribuído ao tempo que o
NodeMCU levava para se conectar à rede Wi-Fi local.

64
O intervalo de cinco minutos de repouso foi estabelecido devido ao sistema
apresentar a sua melhor resposta de reinicialização. Quando testados intervalos
maiores do que 30 minutos, o sistema apresentou falhas durante a etapa de
reinicialização. Após os 5 minutos de descanso estabelecidos, o sistema era reiniciado
automaticamente, conforme programado em seu software, refazendo toda a rotina de
leitura e envio de dados.
Os gráficos de pH, temperatura e turbidez foram atualizados em tempo real
durante todo o período das medições. Cada entrada nova de dados informava o valor
da leitura, a data e a hora da medição. A plataforma Thingspeak permitia personalizar
a escala de tempo no eixo x de cada gráfico, possibilitando a análise dos dados hora
a hora ou ainda diariamente. Além de apresentar os dados graficamente, o
ThingSpeak possibilitava a exportação dos dados de cada leitura para a ferramenta
Microsoft Excel.
A ausência de alguns dados foi identificada em alguns momentos. Notificações
via Twitter eram emitidas quando nenhum dado era recebido no ThingSpeak dentro
de um período de 30 minutos. Quedas de energia e falhas na internet local foram as
possíveis causas para a interrupção na captação dos dados. Entretanto, as leituras
eram reiniciadas automaticamente após a ocorrência dessas falhas.
As notificações via Twitter deveriam acontecer caso os valores do pH fossem
menores do que 6 ou maiores do que 9. Eram emitidas notificações quando os valores
de turbidez superavam 5 UNT. Durante o monitoramento da qualidade da água da
primeira cisterna, o sistema notificou sobre valores de pH inferiores a 6.
O tempo de estabilização médio para o sistema passar a ler valores constantes
na água, foi de aproximadamente 3 minutos e 30 segundos. A captação dos dados na
primeira cisterna ocorreu por 4 dias. No quarto dia de medição, o sistema foi retirado
da cisterna 01 para ser transferido para a cisterna 02.

4.71 Monitoramento da qualidade da água na cisterna 01

4.7.1.1 Monitoramento do pH na cisterna 01

Analisando as médias diárias de valores de pH na primeira cisterna,


identificou-se um valor médio de 5,88 no primeiro dia de medição. No segundo dia, a
média dos valores de pH foi de 5,92, seguindo-se as médias de 6,37 e 6,92 no terceiro

65
e quarto dia, respectivamente. A Figura 20 mostra os valores médios de pH durante o
monitoramento da qualidade da água na cisterna 01.

Figura 20: Valores diários das leituras de pH na cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

A elevação na média de pH no terceiro e quarto dia sobreveio devido a um


pico de elevação nos valores de pH entre 23hrs do dia 06 de maio e 04hrs do dia 07
de maio. Após esse intervalo, o pH voltou a estabilizar-se em valores entre 6,2 e 5,8,
até o sistema ser retirado do local no dia 07 de maio. Quando os moradores foram
questionados sobre algum tipo de intervenção feita na cisterna nesse horário,
informaram que não ocorreu atividade incomum. É possível ter ocorrido algum tipo de
variação de tensão na rede da concessionária de energia ou ainda na própria
residência, o que influenciaria diretamente nos valores das leituras de pH. Porém, uma
investigação mais profunda nas instalações elétricas locais se faria necessária para
validar essa hipótese.
A plataforma ThingSpeak gerou um histograma de frequência dos dados de
leituras de pH, criado através do desenvolvimento de um código, facilitando a
identificação dos valores mais recorrentes para este parâmetro. O gráfico de
distribuição de frequências para dados de pH está apresentado na Figura 21,
evidenciando a maior quantidade de leituras com valores entre 5,8 e 6,2.

66
Figura 21: Histograma de frequência dos valores de pH na cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

O ThingSpeak tornou possível correlacionar os dados de temperatura e pH


por intermédio de um gráfico, criado a partir da programação em uma linguagem
própria dessa ferramenta. Observando a Figura 22, é possível concluir que não há
relevantes variações de pH com o aumento ou diminuição da temperatura. O valor do
R-quadrado para o modelo que correlaciona as variáveis pH e temperatura na cisterna
01 foi igual a 0,3518, revelando ter ocorrido baixa influência da variação da
temperatura nas leituras de pH durante o monitoramento da água da cisterna 01.
Contudo, medições com maiores períodos de captação de dados seriam necessárias
para averiguar a correlação entre o pH e a temperatura.

Figura 22: Gráfico de correlação entre pH e temperatura na cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

67
Comparando os dados de pH lidos pelo sistema de monitoramento da
qualidade da água com as leituras de uma amostra da mesma água, coletada no
quarto dia de monitoramento, realizadas no pHmetro do laboratório de saneamento
da UFCG, identificou-se um erro de 0,119%. Para tal resultado, considerou-se a média
entre os quatro dias de medições de pH na cisterna 01 de 6,2725 e o valor estabilizado
lido pelo pHmetro do laboratório de saneamento de 6,28.
Os valores das leituras de pH na cisterna 01 estiveram sempre próximos ao
limite mínimo de 6,0 estabelecido pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde,
sendo informado aos usuários da cisterna sobre a necessidade de tratamento da
água.

4.7.1.2 Monitoramento da turbidez na cisterna 01

Analisando as leituras de turbidez na cisterna 01 ao longo do período de quatro


dias de medições, essa mostrou-se estável com médias diárias de 2,87 UNT, 2,80
UNT, 2,80 UNT e 2,83 UNT. A Figura 23 mostra a variação das médias diárias da
turbidez e a Figura 24 apresenta o histograma de frequência dos valores de turbidez.
Por meio deste, é possível identificar a ocorrência de turbidez igual a 2,80 UNT na
grande maioria dos dados lidos.

Figura 23: Valores das médias diárias das leituras de turbidez na cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

68
Figura 24: Histograma de frequência dos valores de turbidez na cisterna 01

Fonte: Autoria Própria (2021).

De acordo com Chagas (2015), os valores da turbidez estão diretamente


relacionados com as substâncias que não estão dissolvidas na água, mas sim
suspensas. Valores pontuais de até 3,30 UNT, identificados nos horários de menor
temperatura, entre 06:00hrs e 08:00hrs, podem estar relacionados com a diminuição
da solubilidade dos sólidos suspensos na água provenientes da queda da
temperatura, resultando assim em um aumento da turvação (LAMBERTI, 2017). A
Figura 25 apresenta as variações de turbidez em horários de acréscimo e decréscimo
da temperatura. O valor de R-quadrado para o modelo que correlaciona essas
variáveis foi de 0,4493, revelando ter corrido uma correlação entre a variação da
temperatura e a variação da turbidez, porém em menor relevância do que identificado
nos testes de bancada.

69
Figura 25: Variação da turbidez com a temperatura

Fonte: Autoria Própria (2021).

Para efeito de validação, utilizou-se o turbidímetro do laboratório de


saneamento da UFCG. Neste, a partir de quatro medições da turbidez em uma
amostra da água da cisterna 01, coletada no quarto dia de medições, foi identificado
um valor médio de 1,07 UNT. O sistema desenvolvido apresentou uma diferença de
+1,80 UNT quando comparado com as leituras realizadas no turbidímetro do
laboratório, o que equivale a um erro de 161,7%. Apesar do percentual de erro
identificado, o sistema se mostrou sensível a eventuais variações de turbidez. Caso o
valor da turbidez fosse maior ou igual a 5, notificações via Twitter seriam enviadas,
possibilitando que ações corretivas fossem tomadas.

4.7.2 Monitoramento da qualidade da água na cisterna 02

Após as medições na primeira cisterna terem sido finalizadas, o sistema foi


deslocado para uma nova residência, onde ficou por mais quatro dias de medições.
Durante a instalação do sistema na segunda cisterna, o potenciômetro responsável
por garantir a calibração do sensor de turbidez foi desregulado, fazendo com que as

70
leituras de turbidez tenham sido captadas na segunda cisterna com valores incorretos.
Devido a isso, os valores de turbidez na cisterna 02 foram classificados como
inconclusivos, tomando-se como válidos para essa cisterna apenas as leituras de pH.

4.7.2.1 Monitoramento do pH na cisterna 02

A análise das leituras de pH na cisterna 02 durante os quatro dias de medições


tiveram, em ordem, os seguintes resultados: 8,19, 8,35, 8,31 e 8,16, conforme pode
ser observado na Figura 26. Durante o período de medições do pH nessa cisterna,
índices consideráveis de chuva ocorreram na cidade de Alagoa Grande,
principalmente no dia 11 de maio. Essa recarga hídrica pode ter sido a causa de uma
diferença de 0,16 na média do pH entre o primeiro e o segundo dia de medições. A
Figura 27 mostra o histórico de precipitações no município de Alagoa Grande no
período em que o sistema deste estudo esteve em funcionamento.

Figura 26: Médias diárias de pH na cisterna 02

Fonte: Autoria Própria (2021).

71
Figura 27: Histórico de precipitações durante as medições na cisterna 02

Fonte: AESA (2021).

O gráfico de distribuição de frequências para dados de pH na cisterna 02 está


apresentado na Figura 28, evidenciando a maior quantidade de leituras deste
parâmetro com valores entre 8,0 e 8,3.

Figura 28: Histograma da variação do pH na cisterna 02

Fonte: Autoria Própria (2021).

O gráfico de correlação entre a temperatura e o pH na cisterna 02, confirmou


a influência quase nula que a variação de temperatura exerce sobre a variação do pH
da água. Para o modelo que correlaciona essas variáveis, o valor de R-quadrado foi
de 0,0043. Por meio da Figura 29, é possível observar as alterações de pH com a
variação da temperatura.

72
Figura 29: Gráfico de correlação entre a temperatura e o pH na cisterna 02

Fonte: Autoria Própria (2021).

Para efeito de validação, os valores das leituras de pH realizados em campo


foram comparados com o valor da medição do pH em laboratório, utilizando-se para
isso de uma amostra da água da cisterna 02. A partir dessa verificação, foi identificado
que o pHmetro do sistema desenvolvido neste estudo realizou medidas descalibradas
durante o período em que esteve na cisterna 02. Enquanto o pHmetro do laboratório
de saneamento identificou um valor de 6,20 para a água da cisterna 02, os valores
lidos em campo tiveram como média ao longo do período de medições o valor de 8,25.
O sistema foi testado novamente com as soluções tampão, onde foi identificada uma
diferença de +2,0 nas leituras realizadas pelo sistema.

4.7.3 Monitoramento da temperatura em campo

O monitoramento da temperatura foi realizado sem nenhuma falha em ambas


as cisternas monitoradas. A Figura 30 ilustra as médias diárias de temperatura para
as cisternas 01 e 02. A partir dessas médias, é possível ver que maiores temperaturas
foram registradas na cisterna 02 de concreto armado, principalmente pela sua
exposição direta a luz solar. A cisterna 01 ficava localizada no terraço de uma
residência, sem ter incidência direta da luz do sol.

73
Figura 30: Médias diárias da temperatura nas cisternas 01 e 02

Temperaturas nas cisternas 01 e 02


29

28 27,96
27,77
27,59 27,37
27

26

25 24,91 24,87
24,86
24,76

24

23
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4

Temperatura na Cisterna 01 Temperatura na Cisterna 02

Fonte: Autoria Própria (2021).

4.7.4 Dificuldades encontradas durante o monitoramento da qualidade da água


em campo

Foram identificados erros nas leituras de turbidez na cisterna 01 e nas leituras


de pH na cisterna 02 após comparação com as leituras feitas pelos equipamentos do
laboratório. A descalibração do potenciômetro do sensor de turbidez durante a
manipulação e transporte do sistema para os locais de testagem, foi o causador do
elevado erro identificado nas leituras de turbidez na cisterna 01. A criação de uma
ferramenta que permita o acesso remoto à programação do Arduino seria de grande
contribuição ao trabalho, permitindo que tais erros fossem corrigidos a distância, sem
necessidade de deslocamento de uma equipe de suporte até a localidade das
cisternas.
No quarto dia de medições na cisterna 02, houve interrupção na leitura dos
dados pelo período da manhã. Foi identificado que a fonte 5V que fazia a alimentação
do sistema havia oxidado, após ter entrado em contato com a água proveniente das
fortes chuvas que ocorreram durante o período de medições. Como os valores das
leituras de pH são lidos pelo microcontrolador como pulsos elétricos para
posteriormente serem convertidos para valores reais, alterações no fornecimento da

74
tensão de alimentação para o Arduino, causados provavelmente pela oxidação da
fonte de alimentação, podem ter causado leituras falhas do pH na cisterna 02.
A longo prazo, fatores como a evaporação do cloro residual na água e
mudanças na temperatura da água, poderiam ser fatores determinantes na alteração
dos índices de pH e turbidez na água ao influenciarem diretamente no ciclo de vida
de patógenos que viessem a existir na água (SILVA et al., 2019).
Contudo, devido ao curto prazo de análise utilizado para monitoramento de
cada cisterna, as alterações nos dados lidos podem ter sido causadas também por
fatores como agitação da água no processo de recarga hídrica, introdução de águas
com novas composições, advindas de novas chuvas e das calhas com sujeiras, ou
ainda incorporação de hipoclorito de sódio na composição da água, visando o seu
tratamento. A introdução de fontes externas de contaminação, provenientes da poeira
do ar ou de animais na água, eram minimizadas com os fechamentos das tampas das
cisternas.

4.7.5 Falha na criação de gráficos de médias diárias no ThingSpeak

Durante a análise dos gráficos de médias diárias de pH, turbidez e


temperatura gerados pelo ThingSpeak, foi possível identificar uma falha. Por meio da
investigação de cada entrada dos dados em planilha do Microsoft Excel exportada
pelo ThingSpeak, foi constatado que as primeiras e últimas médias diárias
apresentadas pelos gráficos gerados pela ferramenta não condiziam com a realidade.
Para efeito de comprovação, tomando-se como referência o gráfico de médias
diárias de pH na cisterna 02, foi possível identificar a existência de uma média diária
o dia 9 de maio. Porém, as leituras na cisterna 02 somente tiveram início no dia 10 de
maio. O dado apresentado como média das leituras de pH no dia 9 de maio equivale,
na verdade, ao valor da primeira leitura do dia 10 de maio, realizada às 09:24hrs deste
dia, conforme pode ser observado na Figura 31.

75
Figura 31: Falha identificada na criação das médias diárias pela ferramenta ThingSpeak

Fonte: Autoria Própria (2021).

Devido a existência dessa falha na criação automática dos gráficos das médias
diárias, os gráficos de médias diárias obtidas em campo utilizados neste trabalho
foram elaborados manualmente com o auxílio da ferramenta Microsoft Excel.

4.8 Custos do sistema de monitoramento remoto da qualidade da água

Apesar da existência de falhas pontuais na calibração dos sensores durante o


monitoramento remoto da qualidade da água em campo, o sistema se mostrou de
grande eficiência no envio de informações à distância. O custo do sistema
desenvolvido neste estudo foi de R$306,82, cujo detalhamento está descrito na
Tabela 3.

Tabela 3: Valores dos materiais utilizados

Materiais Quantidade Preço Unitário (R$) Preço Total (R$)

NodeMCU 1 27,90 27,90

Arduino Nano 1 22,90 22,90

Sensor de pH 1 99,14 99,14

Sensor de Turbidez 1 61,48 61,48

Sensor de temperatura 1 14,90 14,90

Resistor 10K Ohm 1 1,00 1,00

76
Potenciômetro 1K Ohm 1 2,00 2,00

Display LCD 1 22,90 22,90

Protoboard 2 10,90 21,80

Fios de cobre 1 1,80 1,80

Caixa de proteção 1 19,00 19,00

Isopor 1 12,00 12,00

Custo Total R$ 306,82

Fonte: Autoria Própria (2020).

Os equipamentos listados na Tabela 4 possuem propostas similares à deste


trabalho, objetivando o monitoramento de parâmetros qualitativos da água. Como
diferencial, o sistema de monitoramento da qualidade da água desenvolvido neste
trabalho permitiu a captação e transmissão dos valores lidos via internet em tempo
real, além de enviar notificações personalizadas à computadores ou dispositivos
móveis a respeito do seu funcionamento. Os valores dos equipamentos portáteis de
monitoramento da água citados na Tabela 4 foram consultados em julho de 2020. A
partir dos valores apresentados, é possível identificar que o custo total do sistema
desenvolvido neste trabalho representa um valor de 29% do custo do equipamento de
monitoramento mais barato vendido no mercado.

Tabela 4: Valores médios de equipamentos similares fornecidos no mercado

Sensores
Equipamento Valor
pH CE Temp. OD STD Salin.

Medidor Multiparâmetro
x x x R$ 1.247,62
PH-026 Impac

Medidor Multiparâmetro
x x x x R$ 4.742,74
WA-2015 Lutron

Medidor Multiparâmetro
x x x x R$1.433,30
HI9813-5 Hanna

Medidor Multiparâmetro
x x x x R$1.230,12
HI98129 Hanna

77
Medidor Multiparâmetro
x x x x x R$ 1.515,72
Combo 5

Medidor Multiparâmetro
x x x x R$2.840,00
AK88 Akso

Medidor Multiparâmetro
x x x R$1.228,19
PTC-100 Instrutherm

pH: Potencial Hidrogeniônico; CE: Condutividade Elétrica;

Legenda Temp.: Temperatura da Água; OD: Oxigênio Dissolvido;

STD: Sólidos Totais Dissolvidos; Salin.: Salinidade.

Fonte: Autoria Própria (2020).

5. CONCLUSÕES

Para este trabalho, foi criado um sistema automatizado para monitoramento


dos índices de pH, turbidez e temperatura em cisternas rurais. As informações
coletadas pelo sistema foram armazenadas e apresentadas na plataforma
ThingSpeak, possibilitando o acompanhamento em tempo real de cada um dos
parâmetros.
Os resultados deste estudo comprovaram a eficiência no envio remoto de
dados pelo sistema de baixo custo para monitoramento da qualidade de água.
Entretanto, os resultados das medições de pH e turbidez evidenciaram uma
diminuição na precisão dos resultados com o aumento do manuseio do sistema em
campo. As leituras realizadas na cisterna 01 apresentaram menores erros do que as
leituras realizadas na cisterna 02. Já os valores das leituras de temperatura,
evidenciaram um correto funcionamento do termômetro digital.
Quando o sistema foi utilizado para monitoramento da qualidade da água em
ambiente controlado por 11 dias, apresentou erros de 0,261% para leituras de pH e
de 2,45% para leituras de turbidez. Porém, em situações de campo a acurácia do
sistema diminuiu consideravelmente, exceto na medição do pH na cisterna 01. O
sistema desenvolvido apresentou erros de 0,119% para leituras de pH e 161,7% para
leituras de turbidez em campo na cisterna 01.
A ocorrência de descalibração do sensor de turbidez durante o monitoramento
da qualidade da água, evidencia a necessidade de uma maior proteção do seu

78
potenciômetro contra manipulações acidentais. Pequenas movimentações neste
dispositivo resultaram em grandes alterações nas leituras de turbidez, o que
invalidaram as leituras deste parâmetro na cisterna 02 e causaram variações nos
resultados das leituras desse parâmetro na cisterna 01. O contato com a água da
chuva interrompeu a captação dos dados na cisterna 02.
O sistema mostrou-se apto a identificar variações significativas de pH e turbidez
e notificá-las via Twitter quando estiveram em desobediência com os padrões
estabelecidos pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde. Na cisterna 01,
valores de pH abaixo do estabelecido pelos padrões de potabilidade foram
identificados e notificados aos moradores. Os valores de turbidez na cisterna 01
mostraram-se dentro dos padrões estabelecidos pela portaria de potabilidade em
vigência. Os resultados obtidos na cisterna 02 foram inconclusivos devido a
descalibração do sistema.
Foi identificada uma sensibilidade do sensor de turbidez a pequenas variações
de temperatura, fazendo que os valores das leituras de turbidez tenham decaído
quando a temperatura foi elevada. O valor de R-quadrado para o modelo que
correlacionava essas variáveis foi de 0,4493 na cisterna 01, mostrando-se condizente
com a literatura apresentada. Todavia, períodos maiores de captação dos dados
seriam necessários para avaliar com maior propriedade a correlação entre a turbidez
e a temperatura.
A plataforma ThingSpeak se mostrou uma excelente alternativa gratuita para o
recebimento dos dados, apesar de ter sido identificadas falhas nas criações
automáticas de gráficos de médias diárias. A possibilidade de exportação dos dados
em formato compatível com o Microsoft Excel cria novas oportunidades de estudos
relacionados aos dados lidos.
As baterias testadas neste trabalho para a alimentação do sistema não foram
bem-sucedidas no que se propuseram, optando-se então pela alimentação do sistema
por uma tomada de 220V. A utilização de placas fotovoltaicas se mostrou uma
alternativa promissora para a alimentação de baterias neste sistema. A montagem dos
circuitos em protoboards com pequenos fios de cobre não apresentou erros de
desconexão em situações de campo.
Eventuais quedas de energia e falhas na conexão Wi-fi foram causadores da
interrupção no envio de dados em alguns horários. Contudo, o sistema se mostrou

79
rápido para reiniciar e retomar as leituras automaticamente e sem alterações assim
que esses problemas eram solucionados.
O baixo custo para a criação do sistema desenvolvido neste trabalho mostra-
se favorável para a aplicação do monitoramento remoto em áreas de difíceis acessos,
de forma a ampliar a segurança no consumo da água em tais localidades. O sistema
desenvolvido neste trabalho teve um custo total de R$306,82, valor inferior aos preços
de equipamentos semelhantes encontrados no mercado. Como diferencial com
relação aos medidores de multiparâmetros convencionais, o sistema proposto permite
conexão à internet para envio de dados e de notificações em tempo real, permitindo
o monitoramento da qualidade da água por meio de celulares, tablets ou
computadores, reduzindo assim a necessidade de deslocamento de equipes de
campo.

6. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

• Aumento da resistência do sistema à água;


• Investigação do comportamento do sistema quando utilizadas placas
solares com maior capacidade de geração de cargas;
• Utilização de placas de circuito impresso para ampliar a vida útil do
hardware;
• Testagem de sensores de pH e turbidez de marcas diferentes;
• Utilização de cartões de memória para armazenamento do histórico de
leituras a longo prazo;
• Calibração do sensor de turbidez sem o uso de um potenciômetro adicional;
• Acréscimo de mais sensores para a avaliação dos demais parâmetros de
potabilidade da água estabelecidos pelo Portaria n º888/2021 do Ministério da Saúde.

80
REFERÊNCIAS

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