Delírios e Alucinações Na Esquizofrenia

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FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E

EDUCAÇÃO DE GUARULHOS

CARLOS EDUARDO DE HOLANDA SILVA

DELÍRIOS E ALUCINAÇÕES NA ESQUIZOFRENIA:


Uma abordagem psicanalítica

GUARULHOS
2021
CARLOS EDUARDO DE HOLANDA SILVA

DELÍRIOS E ALUCINAÇÕES NA ESQUIZOFRENIA:


Uma abordagem psicanalítica

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Psicologia das Faculdades Integradas
de Ciências Humanas, Saúde e Educação de
Guarulhos.
Orientador: Prof.ª Me. Cristina Harumi
SumitaTakahashi.

GUARULHOS
2021
CARLOS EDUARDO DE HOLANDA SILVA

DELÍRIOS E ALUCINAÇÕES NA ESQUIZOFRENIA:


Uma abordagem psicanalítica

_____________________________________
Orientadora: Me. Cristina Harumi Takahashi
Faculdades Guarulhos

_____________________________________
Banca Examinadora: Me. Marcus Vinicius F.
Lopes
Faculdades Guarulhos

_____________________________________
Banca Examinadora: Dr° Paula Cavalcante
Faculdades Guarulhos

GUARULHOS
2021
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus e toda a espiritualidade, por ter chego até aqui em meio
tantas as dificuldades no decorrer do caminho.
Agradeço aos meus pais por sempre me apoiarem no decorrer de toda a graduação e
sempre me motivar a continuar, em momentos que pensei em desistir.
Agradeço aos meus irmãos por sempre estarem ao meu lado nessa jornada e sempre me
motivando a continuar.
Agradeço ao meu companheiro Junior Cavalcanti, pois quando pensei em desistir ele
me motivou a continuar.
Agradeço a minha amiga Rose, que sempre me motivou nos estudou e por ter me
ajudado a chegar até aqui.
Agradeço as minhas Amigas de graduação Géssica, Viviane, Tamires por sempre
estarem ao meu lado nessa jornada, mesmo nos momentos de desespero sempre estávamos
juntos.
Agradeço minha orientadora Cristina Harumi por ter toda a paciente de me orientar e
ser uma inspiração profissionalmente.
Agradeço aos professores Marcus Vinícius e Paula Cavalcante, por ter lido meu trabalho
e ter feito as considerações, pois são dois professores que admiro muito como profissional.
“Não corro como corria, nem salto como saltava,
mas vejo mais do que via e sonho mais que
sonhava”
Agostinho da Silva
RESUMO
Esta pesquisa abrange os estudos e a investigação de como a psicanálise vem estudando
os sintomas na esquizofrenia e suas terapêuticas como proposta de restabelecer ao paciente o
contato com a realidade para uma vida saudável e de qualidade. Segundo a Organização
Mundial de Saúde- OMS, a esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1% de população
mundial, ou seja, aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo. As características
mais notáveis dessa doença psiquiátrica são as alucinações e delírios, tal qual perturbações de
afeto e de emoções. (OMS, 2000). Segundo o dicionário da psicanálise, a Esquizofrenia é
definida como uma psicose, é um termo que foi substituído o vocábulo da loucura e define os
doentes da alma numa perspectiva psiquiátrica. (ROUDINESCO, 1944). As psicoses implicam
em um processo deteriorativo das funções do ego, e em graus variáveis, pode ocorrer sério
prejuízo no contato com a realidade. (MORAIS, 2006 apud ZIMERMAN, 1999). Autores como
Karlin, Shirakawa, Almasan e Gimenez, destacam que não é possível de acontecer a relação
transferencial, isto é, o paciente não se vincula com o analista, pois ele se apresenta como um
ego fragmentado (em partes), no entanto, é possível a realização de tratamento junto com a
farmacologia. Conclui-se que através dos estudos da psicanálise, o psicótico, não passou pelo
processo de castração e considera ser uma doença tratável, contrariamente às afirmações de
Freud que enxergava esses sintomas como um mecanismo para ocultar os desejos inconscientes,
tendo, então, como efeito o desligamento da realidade externa, enfatizando, ainda, de que os
sintomas psicóticos era algo intratável.

Palavras chave: Alucinações e delírios, psicanalise e esquizofrenia, psicoses.


ABSTRACT

This research encompasses the studies and investigation of how psychoanalysis has been
studying the symptoms in schizophrenia and its therapies as a proposal to reestablish the
patient's contact with reality for a healthy and quality life. According to the World Health
Organization-WHO, schizophrenia is a disease that affects about 1% of the world population,
that is, approximately 70 million people worldwide. The most notable features of this
psychiatric illness are hallucinations and delusions, as well as disturbances of affect and
emotions. (WHO, 2000). According to the psychoanalytic dictionary, Schizophrenia is defined
as a psychosis, it is a term that has replaced the word madness and defines the sick of the soul
in a psychiatric perspective. (ROUDINESCO, 1944). Psychoses imply a deteriorating process
of the ego's functions, and in varying degrees, serious damage can occur in contact with reality.
(MORAIS, 2006 apud ZIMERMAN, 1999). Authors such as Karlin, Shirakawa, Almasan and
Gimenez emphasize that the transference relationship cannot happen, that is, the patient is not
linked with the analyst, as he presents himself as a fragmented ego (in parts), however, it is
possible to carry out treatment together with pharmacology. It is concluded that through
psychoanalytic studies, the psychotic did not go through the castration process and considers it
to be a treatable disease, contrary to Freud's statements that he saw these symptoms as a
mechanism to hide unconscious desires, thus having the effect of the disconnection from
external reality, emphasizing, further, that psychotic symptoms were intractable.

Keywords: Hallucinations and delusions, psychoanalysis and schizophrenia, psychoses.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 7
2. OBJETIVOS........................................................................................................................ 9
2.1. Objetivo Geral: ................................................................................................................ 9
2.2. Objetivos específicos: ...................................................................................................... 9
3. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 10
3.1. A compreensão da esquizofrenia ................................................................................... 10
3.1.1. Compreendendo a Esquizofrenia ea origem da palavra ............................................. 10
3.1.2. Um pouco mais sobre a esquizofrenia, e agora nosograficamente ............................ 13
3.1.3. Apresentando os tipos de Esquizofrenia .................................................................... 14
3.1.4. Atuação da saúde pública no Brasil sobre esquizofrenia ........................................... 15
3.1.5. Falando um pouco mais sobre o Centro de atenção psicossocial - CAPS ................. 17
3.1.6. O dia da consciência sobre Esquizofrenia no Brasil .................................................. 18
4. SOB A PERSPECTIVA DA PSICANALISE .................................................................. 21
4.1. Delírios e alucinações .................................................................................................... 21
4.2. Compreender quem é o paciente esquizofrênico, segundo a abordagem psicanalítica . 22
4.3. Caso Schreber, por onde tudo começou ........................................................................ 23
4.4. Esquizofrenia em Psicanaliseé definida como uma psicose .......................................... 26
4.5. Para explicar um pouco mais sobre o termo – Psicose .................................................. 28
5. ESQUIZOFRENIA E TERAPÊUTICAS ......................................................................... 29
5.1. Abordagens psicossociais .............................................................................................. 30
5.2. Farmacologia ................................................................................................................. 30
5.3. Psicoterapias .................................................................................................................. 30
5.4. Psicoterapia de Grupo .................................................................................................... 30
5.5. Grupos de autoajuda ...................................................................................................... 30
5.6. Orientação familiar ........................................................................................................ 31
5.7. Tratamento Hospitalar ................................................................................................... 31
5.8. A terapêutica, segundo a psicanalise ............................................................................. 31
6. QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL DOS PACIENTES COM
DIAGNOSTICO DE ESQUIZOFRÊNICOS. .......................................................................... 35
7. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 36
8. ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................................................................................... 37
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 42
7

1. INTRODUÇÃO

Em contato com uma pessoa diagnosticada com esquizofrenia, o pesquisador percebeu que
suas alucinações e delírios eram constantes. As tentativas de suicídio também eram frequentes,
ela achava que tinha "asas de anjos" e assim poderia voar. Quanto aos seus delírios e as
alucinações pareciam que ela não tinha dúvida do que enxergava, de que tudo era tratado como
uma verdade absoluta. Isto é, não abria se quer dúvidas acerca de suas asas de anjo que cresciam
e uma voz imaginária dando forças e incentivando para que ela voasse. Naquela época as
pessoas que estavam ligadas diretamente a esta paciente tiveram um desgaste emocional
intenso, por não entenderem sobre o transtorno, pensando ser uma atitude de “frescura”, ou ter
alguma relação com uso de drogas. Pois seus familiares, dos quais uma parte eram religiosas
acreditavam que aqueles sintomas só teriam melhora, se a levassem num templo de suas igrejas.
Esse contato foi crucial para que o pesquisador pudesse interessar-se, primeiramente, pelo
curso de psicologia e aqui, no trabalho de conclusão de curso, procurando entender sobre esse
transtorno que afeta várias pessoas de seu entorno, além de serem isolados do convívio familiar.
Observando os sintomas dessa estrutura psíquica- a psicose, o pesquisador interessou-se por
esse estudo a investigar como a psicanálise vem estudando os sintomas na esquizofrenia e suas
terapêuticas como proposta de restabelecer ao paciente o contato com a realidade para uma
vida saudável e de qualidade.
A esquizofrenia, denominada anteriormente por Emil Kraepelin (1856-1926) como
Demência precoce, está presente na história da humanidade desde o século XIX e possuía este
nome, pois se expressava no início da vida com alguns sintomas presentes, tais como:
alucinações, delírios e dificuldades de concentração. E em relação a este tema, surge o seguinte
problema de pesquisa.
Os primeiros sinais e sintomas da doença aparecem mais frequentemente durante a
adolescência ou início da idade adulta, incluindo perda de energia, iniciativa e interesses, humor
depressivo, isolamento, comportamento inadequado (SILVA, 2006). Segundo Morais (2006),
o que está comprometido é a percepção da realidade, resultante da utilização maciça de
mecanismos de defesa, estando por trás dos aparecimentos dos sintomas.
Os sintomas da esquizofrenia, como a alucinação e o delírio para Freud tem um sentido
que é diferente para Lacan. Segundo Freud, a gênese dos delírios se encontra aplicado como
um remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu na relação do ego com o
mundo externo. Se essa precondição de um conflito com o mundo externo não nos é muito mais
observável do que atualmente acontece, isso se deve ao fato de que, no quadro clínico da
8

psicose, as manifestações do processo patogênico, para o autor são muitas vezes recobertas por
manifestações de uma tentativa de uma reconstrução do ego. (FREUD, 1923, p.90). Já em
Lacan, que estudou a partir da autobiografia do caso Schreber ( 1913) introduziu um novo
conceito, nomeado por ele de foraclusão. Para designar um mecanismo especifico da psicose,
nos apresentando a origem da estrutura psicótica, diferenciando a partir da clínica da neurose
em Freud (LACET, 2004).
Esses pacientes com esquizofrenia buscam por uma qualidade de vida melhor em seus
tratamentos, essa qualidade de vida é a da percepção que esse paciente que sofre desse
transtorno tem acerca na sua posição de vida, assim se inserindo em contexto dos sintomas de
cultura e valores, assim tendo então a relação aos seus objetivos, esperanças e suas
preocupações referentes aquela doença. (Sousa et al. 2017).
A esquizofrenia tem uma predisposição genética que requer ativação intrapsíquica e
interpessoal, ele considera também que os fatores ambientais e psicológicos têm considerável
importância no desenvolvimento da esquizofrenia. Afirmando ainda que 10% desses pacientes
são capazes de ter sucesso numa abordagem de tratamento, utilizando apenas medicação
antipsicótica e hospitalização breve, sendo assim os 90% necessitam de abordagens de
tratamento de orientação, que inclui a farmacologia dinâmica, terapia individual, terapia de
grupo, abordagens familiares e tratamento hospitalar de orientação. (Almasan e Gimenes, 2006)
Conclui- se que a esquizofrenia é um transtorno cujo os pacientes são privados do
convívio social por terem seus transtornos constantes e incuráveis. Vivem sua própria realidade
acreditando naquilo que está vendo e ouvindo. O papel da família é importante no
restabelecimento do mesmo com a sociedade, e é ela quem irá ampará-lo e auxiliar no seu
tratamento. Os sintomas presentes são: pensamento desorganizados (delírios) e na percepção
(alucinação), e não há dúvidas naquilo que está a sua frente. Para o controle desses surtos é
preciso uma equipe interdisciplinar, a fim de proporcionar um tratamento necessário e amenizar
esses surtos, promovendo então uma qualidade de vida. A partir da leitura do Seminário 3 de
Jacques Lacan, podemos então afirmar que através da psicanálise, o psicótico, não passou pelo
processo de castração e considera ser uma doença tratável, contrariamente às afirmações de
Freud que enxergava esses sintomas como um mecanismo para ocultar os desejos inconscientes,
tendo, então, como efeito o desligamento da realidade externa, enfatizando ainda de que os
sintomas psicóticos era algo intratável.
9

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral:

Compreender como a psicanálise vem estudando os sintomas na esquizofrenia e suas


terapêuticas como proposta de restabelecer ao paciente o contato com a realidade para uma
vida saudável e de qualidade.

2.2. Objetivos específicos:

Para buscar responder às perguntas de nossa pesquisa, compreendemos inserir no


objetivo específico, com o propósito, também, de um trabalho apurado de revisão de literatura,
os seguintes pontos:
• Compreender a esquizofrenia – em seu sentido Nosográfico;
• Subtipos de esquizofrenia;
• Compreender o estudo da esquizofrenia a partir dos sintomas da alucinação e delírios
em psicanalise;
• Atuação da saúde pública no Brasil sobre esquizofrenia
• Investigar algumas terapêuticas existentes, na abordagem psicanalítica;
• Compreender quem é o paciente para a psicanálise, com sintomas de esquizofrenia;
• Relato de um caso de esquizofrenia;
• Pesquisar sobre qualidade de vida e saúde mental para os pacientes com o diagnóstico
de esquizofrenia.
10

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. A compreensão da esquizofrenia

3.1.1. Compreendendo a Esquizofrenia e a origem da palavra

A esquizofrenia afeta cerca de 24 milhões de pessoas em todo o mundo, com maior


incidência nos países desenvolvidos. É considerada pela Organização Mundial de Saúde –OMS
(2009) como uma das dez doenças mais debilitantes que afeta os seres humanos. De acordo
com o CID-10 (1993) A esquizofrenia é caracterizada por distorções do pensamento (delírios)
e da percepção(alucinação) e por embotamento afetivo ou afetos inapropriados, ou seja, esse
indivíduo se apresenta com dificuldades em expressar emoções e sentimentos. Desenvolvendo
alguns déficits cognitivos ao longo do tempo.

Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a


imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção
delirante, ideias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes
alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa,
transtornos do pensamento e sintomas negativos. CID-10.p. 12 ,1993)

A Esquizofrenia é considerada como uma das doenças mais incapacitantes. Sendo uma
perturbação complexa e de caráter crónico, gerando prejuízos significativos na vida dos
pacientes com esquizofrenia e seus familiares, assim prejudicando então sua qualidade de vida.
(SOUSA et al., 2017). Cujo esses prejuízos obtêm impacto da doença, provocando perdas
funcionais, relacionadas a habilidades de trabalho, afetivas e de relacionamento social. As
perdas objetivas e subjetivas são percebidas, logo pelos pacientes como fatores que interferem
a sua qualidade de vida. (SANTANA et al., 2009).
A Esquizofrenia é um termo proposto por Eugen Bleuler em 1911, a partir do grego
schizein (fender, clivar) e phrenós (pensamento), para designar uma “forma de loucura a que
Emil Kraepelin dera o nome de “demência precoce”, e cujos sintomas fundamentais são a
incoerência do pensamento, da afetividade e da ação” (ROUDINESCO, 1944).
Segundo Silva (2006), o termo "esquizofrenia" (esquizo = divisão, phrenia = mente),
Bleuler Substitui o termo demência precoce na literatura. Conceitualizou esse termo para
indicar presença de uma cisma (separação), entre os pensamentos, emoção e comportamento
nos pacientes afetados. Para explicar melhor essa teoria das cismas (separação) mentais internas
que os pacientes apresentam, Bleuler então descreveu os sintomas fundamentais (primários) e
sintomas acessórios (secundários):
11

Sintomas fundamentais o autismo, a ambivalência afetiva, as alterações da afetividade


e os próprios distúrbios das associações. Já os sintomas acessórios podem não estar
presentes em todos os casos e/ou em todos os momentos e são representados pelos
delírios, pelas alucinações e pelos quadros catatônicos, entre outros. (PEREIRA,
2000, pag 162.)

Paul Eugen Bleuler (1857/1939), Era um psiquiatra suíço e notável pelas suas
contribuições para a esquizofrenia, o psiquiatra não acabou com o conceito de demência
precoce, mas substituiu esse conceito por esquizofrenia, assim ampliando seus conhecimentos.
(AMARAL, 2014).
PEREIRA (2000), destaca que Carl Jung era líder do movimento que aproximava a
psiquiatria da psicanalise e assistente de Bleuler. Em 1906, o líder do movimento Carl Jung
publicou seus estudos de diagnóstico de associação e, em seguida da demência precoce,
publicação essa que teria uma imensa influencia no pensamento de Bleuler. Bleuler estabeleceu
as bases para o conceito nosológico e nosográfico, conhecido hoje como esquizofrenia
(JARDIM, 2011). E Através de Carl Jung1foi influenciado pela psicanalise freudiana.
O propósito de Bleuler "era o de definir para além das meras constelações
sintomatológicas regulares estabelecidas por Krapelin, o fundamento psicopatológico daquela
afecção [...]". (PEREIRA, 2000, p.159).
Logo, o objetivo Emil Kraepelin (1856-1926) era demarca a existência de doenças com
etiologia, sintomatologia, curso e resultados comuns. Chamando então uma dessas entidades de
demência precoce, porque essa doença se iniciava no início vida da quase invariavelmente
levava a problemas psíquicos. (SILVA, 2006).

Os sintomas característicos incluíam alucinações, perturbações em atenção,


compreensão e fluxo de pensamento, esvaziamento afetivo e sintomas
catatônicos. A etiologia era endógena, ou seja, o transtorno surgia devido a
causas internas. A demência precoce foi separada do transtorno maníaco-
depressivo e da paranoia com base em critérios relacionados aos seus sintomas
e curso. (SILVA, 2006, pag.263)

Tendo um problema na teoria de Kraepelin sobre esse quadro de psicose era o fato de,
o autor ter considerado por muito tempo, que a paranoia era apenas uma das manifestações, em
geral terminal, da forma paranoide da demência precoce (JARDIM 2011).
De acordo com D’agord (2005) Kraepelin distinguiu três formas do transtorno:
hebefrênica, catatônica e paranoide são elas:

1
Carl Jung, foi o príncipe herdeiro do movimento psicanalítico, escolhido por Freud, trabalhou no sanatório de
Burgholsli, sob direção de Bleuler. (FREUD,S 1914-1916).
12

1) A forma hebefrênica foi descrita como uma psicose pós-pubertária caracterizada por
fenômenos que hoje chamaríamos de regressivos: infantilidade, passividade e
desagregação da personalidade.
2) Compreendida como o estado depressivos a forma catatônica, seguidos de uma fase de
excitação e que ao final, poderia evoluir para um estupor catatônico, que conduziria à
fase confusional que precedia à demência terminal.
3) A forma paranoide ou delirante foi caracterizada como uma forma grave tendo grande
atividade alucinatória, delírios incoerentes acompanhados de alucinações cinestésicas e
psíquicas incluindo os fenômenos de transmissão de pensamento.

Na célebre monografia intitulada Dementiapraecox ou o grupo das


esquizofrenias (1911), Bleuler mostrou que o fenômeno psicopatológico, sendo então
fundamental da esquizofrenia era a ruptura da integração entre as diversas funções
psíquicas (JARDIM, 2011).

Segundo Pereira (2000), esse termo esquizofrenias, utilizado pelo autor desde 1906,
denota a rompimento em relação ao pensamento krapeliano, ou seja, esse transtorno se trataria
de um grupo de doenças e não apenas de uma única. "de um grupo ainda determinado de
condições com um núcleo psicopatológico em comum” (PEREIRA, 2000, p.161).

De acordo com Pereira (2000) Com essa perspectiva, Kraepelin toma condições
clínicas bastante díspares e até então consideradas como entidades independentes e
lhes confere unidade psicopatológica segundo um início precoce e uma evolução a um
estado terminal comum. Assim, a catatonia, descrita por Kahlbaum entre 1863 e 1874;
a hebefrenia, estabelecida por Heckel (um discípulo de Kahlbaum) em 1871 e a
paranoia, passam a ser consideradas como formas clínicas da demência precoce.

Para Pereira (2000), Eugen Bleuler, em 1911, aprofunda sua visão cientifica, publicando
em sua monografia nomeada como demência precoce ou o grupo das esquizofrenias.

Bleuler vai se dedicar ao estudo da demência precoce, só que dessa vez munido do
instrumental teórico e metodológico fornecido pela psicanálise freudiana. De Jung,
ele já recebera a noção, expressa em A psicologia da demência precoce, segundo a
qual o que faz a especificidade dessa psicopatologia não é propriamente a qualidade
dos complexos, mas a extrema fixação que o sujeito tem a estes, instalando-se uma
situação insuportável de absorção de todos os interesses do indivíduo em seu próprio
mundo psíquico, isolando-se dos laços afetivos, da vida social e do próprio contato
com a realidade. (PEREIRA, p. 161, 2000)

De acordo com Santos et al. (2012), o início do processo de descoberta da esquizofrenia


é considerado um processo extremamente difícil e doloroso, pois conviver com esse transtorno
esquizofrênico, vem acompanhada de intenso sofrimento e limitações.
13

A esquizofrenia é caracterizada “por anormalidades em um ou mais dos cinco


domínios a seguir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado,
comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo
catatonia) e sintomas negativos”. (KRACHENSKI; OLIVEIRA 2018)

Para Menezes (2000), o ajustamento no prejuízo social é considerado uma das principais
dimensões relacionada ao prognóstico da esquizofrenia uma das principais dimensões do
prognóstico da esquizofrenia, de tal forma que o DSM-IV requer a presença dessa característica.
No DSM-5 (2013), refere essas características dos sintomas negativos, onde tem a maior relação
com o prognostico do que os sintomas positivos, e costumam ser mais persistente.

Considerando a complexidade, a gravidade, o intenso sofrimento e os inúmeros


prejuízos que vem acompanhada da esquizofrenia é importante um novo olhar diferenciado para
os portadores deste transtorno, assim dando-lhes voz, acolhendo e valorizando seus sofrimentos
neste processo de descoberta de novo sentido para a sua convivência com transtorno de
esquizofrenia. (OLIVEIRA, et al. 2012).

3.1.2. Um pouco mais sobre a esquizofrenia, e agora nosograficamente

O CID-10 (1993) refere-se à esquizofrenia como um transtorno caracterizado,


geralmente, por distorções fundamentais e características do pensamento (delírio) e da
percepção (alucinação), por afeto inadequado ou embotado. Os pensamentos, sentimentos e
atos mais íntimos são sentidos como conhecidos e partilhados por outros. As alucinações,
especialmente auditivas, são comuns e podem acarretar sobre o comportamento ou
pensamentos do paciente portador desse transtorno. O humor é caracteristicamente superficial,
caprichoso ou incongruente. (ALMASAN e GIMENEZ 2006).
De acordo com ALMASAN e GIMENEZ (2006). No caso do paciente observado, a
patologia diagnosticada é considerada esquizofrenia paranoide que, segundo o CID-10, é o tipo
mais comum de esquizofrenia. Comparando os sintomas observados com os descritos no CID-
10, pode-se afirmar que o paciente apresenta alguns sintomas, tais como: caminhar de um lado
para o outro conversando com alguém que não é real, ocorrendo a alucinação e tendo então o
aparecimento de outras pessoas às vezes olha para trás, enquanto caminhava, repetidas vezes;
também, deita-se no chão, fazendo movimentos sexuais e mexendo nas genitais, sempre
conversando, relata o autor.

A maior parte das evidências sugere que a esquizofrenia é uma doença que envolve
uma predisposição genética que requer ativação intrapsíquica e interpessoal, mas
fatores ambientais e psicológicos têm considerável importância no desenvolvimento
14

da esquizofrenia. Provavelmente, não mais de 10% dos pacientes esquizofrênicos são


capazes de ter sucesso numa abordagem de tratamento que consista apenas em
medicação antipsicótica e hospitalização breve. Os restantes 90% necessitam de
abordagens de tratamento de orientação dinâmica, incluindo farmacoterapia dinâmica,
terapia individual, terapia de grupo, abordagens familiares e tratamento hospitalar de
orientação dinâmica como ingredientes importantes no manejo bem-sucedido de sua
esquizofrenia. (ALMASAN; GIMENES, 2006, p. 4)

Segundo o DSM-V (2013) Pelo menos dois sintomas do critério devem estar presentes
por um período de tempo significativo, durante um mês ou mais. Pelo menos um desses
sintomas deve conter a presença de delírios, alucinações ou paciente ter um discurso
desorganizado. Outro sintoma que também podem estar presentes nesse transtorno é o
comportamento catatônico ou grosseiramente desorganizado e sintomas negativos.
As características psicóticas da esquizofrenia geralmente surgem entre o final da
adolescência e meados dos 30 anos de idade, sendo raro o início antes da adolescência. O pico
de início do primeiro episódio psicótico é próximo dos 20 anos de idade em homens e pouco
menos de 30 anos de idade nas mulheres. (DSM-V 2013).
Em relação a influência da genética nessa patologia está bem caracterizada, mas a
combinação de outros fatores como ambiente, estrutura e químicas cerebrais alteradas podem
influenciar, no entanto, a natureza exata do modo de transmissão ainda não é clara. (SILVA
2015).
Os modelos mais atuais de natureza neuropsicológica da esquizofrenia resultam dos
avanços da imagiologia cerebral em tempo real, nomeadamente, da tomografia por
emissão de positrões (PET) e da RMN. Estas técnicas permitiram reconhecer que o
cérebro de um indivíduo com esquizofrenia sofre mudanças físicas. (SILVA, 2015p.
34)

3.1.3. Apresentando os tipos de Esquizofrenia

Diferentes Tipos de Esquizofrenia

• Esquizofrenia Paranoide (CID 10 - F20.0)


A esquizofrenia paranoide, onde os principais sintomas estão às alucinações, delírios,
sensação de perseguição e conspirações, e geralmente estas alucinações giram em torno do
mesmo tema com o paciente podendo apresentar confusão na fala e escrita. Pacientes com esse
tipo de esquizofrenia são considerados tensos, desconfiados e muito agressivos. (CID10-1993).

• Esquizofrenia Catatônica (CID 10 - F20.2)


A esquizofrenia catatônica é dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que
podem alternar entre extremos tais como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência
automática e o negativismo. (CID10-1993).
15

• Esquizofrenia Hebefrênica (CID 10 - F20.1)


Forma de esquizofrenia é caracterizada pela presença proeminente de uma perturbação
dos afetos; as ideias delirantes e as alucinações são fugazes e fragmentárias. Nessa
esquizofrenia é considerada o comportamento do esquizofrênico irresponsável e imprevisível,
as mudanças de humor e o afeto superficial alternando-se com rapidez, seus pensamentos são
desorganizados e o discurso incoerente. Pessoas com essa esquizofrenia tem uma tendência ao
isolamento social. (CID10-1993).

• Esquizofrenia Residual (CID 10 - F20.5)


Esquizofrenia residual é conhecida pelos sintomas negativos, os pacientes costumam
chamar menos a atenção. Estes correspondem a uma redução ou a falta de capacidades
essenciais, falta de iniciativa, pouca comunicação, assim como qualquer outro tipo de
esquizofrenia os delírios e alucinações normalmente estão diminuídos. (MIDON, 2018)
(CID10-1993).

3.1.4. Atuação da saúde pública no Brasil sobre esquizofrenia

De acordo com Ministério da saúde (2013), a Atenção Básica- AB tem como um de seus
princípios possibilitar o primeiro acesso das pessoas ao sistema de Saúde, inclusive daquelas
pessoas que necessitam de um cuidado em saúde mental. Vale ressaltar que as ações são
desenvolvidas em um território geograficamente conhecido, pelos profissionais, assim
possibilita esses profissionais de saúde uma proximidade para conhecer a história de vida e seus
vínculos com a comunidade/território das pessoas, bem como outros elementos dos seus
contextos de vida.
Segundo o Ministério da saúde, Brasil (2013), O papel importante desempenhado pela
AB- Atenção básica no diagnóstico precoce, é o início rápido do tratamento, na manutenção do
tratamento farmacológico dos quadros estáveis e na reabilitação psicossocial para os quadros
de psicose. Os pacientes mesmo acompanhados pelo Centro de atenção psicossocial-CAPS,
devem ser acompanhados, pela rede de AB- atenção Básica.
Devido suas demandas psiquiátricas e psíquicas o acompanhamento é necessário, e
esses pacientes necessitam continuar sendo acompanhados pela rede de saúde. “Esses pacientes
estão, também, submetidos a diversas formas de preconceito, e têm que enfrentar o estigma
associado à esquizofrenia”. (SOUZA; COUTINHO 2006).
A esquizofrenia é a considerada a única condição atual conhecida como psicose, não
por caso sendo um caso de um quadro de evolução insuficiente, oferecendo uma leitura
16

biologizante, tendo a ação farmacologia e a ações de reabilitação podendo ser umas ações
generosas de inclusão social quanto, dependendo da inflexão, podem pender para uma prática
de normalização e adaptação. (TENÓRIO, 2016).
Existe na Atenção básica o matriciamento, que é uma prática interdisciplinar e a
proposta é que profissionais da AB- Atenção Básica e especialistas de diferentes áreas atuem
juntos, com as visitas e a qualificação do cuidado fornecido na Atenção Básica -AB e assim
diminuindo os encaminhamentos desnecessários. É considerado um ambiente onde os
profissionais trocam informações, ampliando suas concepções sobre o adoecimento do paciente
e as formas de tratamento de cada sujeito. (FAGUNDES, et al. 2021).
Conforme é recomendado pela reforma psiquiátrica, a garantia da assistência integral e
humanizada, existe a necessidade de um suporte financeiro á rede dos serviços comunitários
em saúde e sistematização do processo de trabalho, sendo fundamental conhecer as
necessidades dos cuidadores e das famílias, assim traçando estratégias para a resolução dessas
demandas. (SILVA et al, 2019).
O objetivo da visita da equipe da atenção básica em relação ao paciente com transtornos
mentais, é acolher, diagnosticar e tratar os casos de sofrimentos mental inespecífico,
favorecendo atenção integral à família. Considerando a diversidade de casos de transtornos
mentais, torna-se importante a formação em saúde mental, treinamentos ou atualizações, assim
minimizando as dificuldades em desenvolver ações nesta aérea e acompanhando mudanças
proposta nas diretrizes da reforma psiquiátrica Brasileira (SILVA et al., 2019).
No texto pesquisado chamado por traz da “Mascara da loucura”, Segundo Silva et al.
(2019) Entre os desafios, destaca-se o fortalecimento da saúde mental na Atenção Básica (AB),
estruturada a partir da Estratégia Saúde da Família -(ESF) sofre com a falta de recursos
humanos para se ampliarem as ações e os atendimentos às demandas nesse campo e carece de
maiores investimentos financeiros. A estratégia suade da família (ESF), concentra importante
papel na assistência Psiquiátrica, em relação a municípios que ainda não oferece uma Rede de
atenção psicossocial- RAPS ou Centro de atenção psicossocial – CAPS.
A organização dos serviços ou das ações mental na atenção básica prioriza as
necessidades de saúde dos usuários e de seus familiares tendo o eixo central do cuidado. Em
relação a atuação de profissionais de saúde especialistas e específicos para casos de saúde
mental não exclui as ações a serem desenvolvidas pelos profissionais que interagem com várias
áreas, conhecidos como profissionais generalistas da atenção básica, de modo a constituir um
sistema de referência e contra referência que, de maneira mais ampliada e articulada, constitui
então a Rede de atenção psicossocial- RAPS. (SILVA et al., 2019).
17

Vale destacar que mesmo com os avanços decorrentes coma terapêutica medicamentosa
e o nova paradigma da reabilitação psicossocial, que faz com que o individuo estimule o
processo de convívio social da pessoa com transtorno metal, o autor afirma ainda que muitos
profissionais de saúde demonstram desconhecimento ou falta de habilidade em lidar com
pessoas com esquizofrenia e seus familiares. (SILVA 2019). Sendo assim o paciente na
reabilitação psicossocial facilitador de oportunidade para esse sujeito, que são prejudicados,
invalidados por uma desordem mental- alcançarem um ótimo nível de funcionamento
independente na comunidade. (HIRDES; KANTORSK, 2004).
Deve-se ressaltar que, além disso, devido a questões culturais, o esquizofrênico acaba
por serem excluído da sociedade pela família, ou por ele mesmo e pelas outras pessoas, e isso
acaba agravando o quadro clinico do paciente. Já que a evolução desta patologia está atrelada
ao convívio social. Sendo assim necessária a educação para a saúde mental tanto para os
familiares como para a sociedade em geral. (SHIRAKAWA, 2000).
Vale destacar a importância do papel central da família, pois o indivíduo com
esquizofrenia, precisa se restabelecer seu contato com o convívio social, visto que o paciente
em grande parte do tempo está em convívio familiar. É preciso desmistificar os preconceitos
existentes em relação a estas pessoas, para que ela possa ser acolhida no meio social, esses
pacientes diagnosticados com esquizofrenia geralmente tende se a se isolar e tornam-se recluso
a esse convívio social. (SILVA et al., 2019).
Segundo Souza (2005) A valorização da qualidade de vida de indivíduos com
esquizofrenia vai ao encontro das reformulações hoje em curso no âmbito da assistência em
saúde mental oferecida ou pretendida pelas redes públicas de saúde no Brasil.

3.1.5. Falando um pouco mais sobre o Centro de atenção psicossocial - CAPS

O CAPS- Centro de atenção psicossocial é um espaço de criatividade, de construção de


vida, de novos saberes e práticas. Ao invés de excluir esses pacientes, devem medicalizar e
disciplinar, o Centro de atenção psicossocial deve acolher, cuidar e estabelecer pontes com a
sociedade (MOLL; SAEKI 2009). De forma geral os portadores de esquizofrenia frequentam o
CAPS- Centro de atenção psicossocial de uma (01) a quatro (04) vezes por semana (TOMAZI
et al., 2019).
Sendo assim uma das novas propostas estabelecida pelo Centro de atenção psicossocial
é a proposta assistencial que deve oferecer tratamento que valorize a reinserção social e a
18

melhora das condições de vida dos usuários, assistidos nesse espaço terapêutico. (MOLL;
SAEKI, 2009).
Com uma demanda mais específica por atenção e cuidado, surge CAPS- Centro de
atenção psicossocial a grande importância do serviço voltado à atenção e cuidado aos pacientes
e familiares, auxiliando-os a compreender a doença e lidar com ela de modo que não se torne
um estigma, um fator de exclusão e discriminação e excluindo qualquer forma de preconceito.
(TOMAZI et al., 2019).

Assim sendo, a reabilitação pode ocorrer através de psicoterapia, terapia ocupacional,


acompanhamento terapêutico, orientação familiar, abordagem psicossocial em
instituições, grupos de autoajuda, ou seja, atividades que visam reinserir o sujeito na
família e na sociedade, exercendo papéis anteriormente desenvolvidos (TOMAZI et
al., 2019).

Segundo o ministério da Saúde (2004) as equipes multiprofissionais, atuam no Centro


de atenção psicossocial tais como: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais,
terapeutas ocupacionais, pedagogos, psiquiatras, professores de educação física e outros
profissionais que são necessários para as atividades oferecidas nos CAPS- Centro de atenção
psicossocial.
Segundo Shirakawa (2000) em relação ao psiquiatra ele faz o planejamento para segui-
lo ao longo do tempo, com objetivo as prevenções de recaída, pois essas contribuem para a
piora do paciente.
Sendo assim CAPS – Centro de atenção psicossocial é um serviço que vem
demonstrando afetividade na substituição da internação de longos períodos. (SCHRANK e
OLSCHOWSKY, 2008).

3.1.6. O dia da consciência sobre Esquizofrenia no Brasil

Ao pesquisar sobre a esquizofrenia no Brasil foi encontrado alguns grupos que atendem
pessoas diagnosticadas com esquizofrenia no Rio de Janeiro e foram encontradas as seguintes
informações. No dia 24 de maio, onde vários países comemoram o Dia da Consciência sobre a
Esquizofrenia, um dia dedicado a levar informações de qualidade sobre a doença para a
sociedade, com o objetivo de elevar a compreensão e combater o estigma, muitas vezes
alimentado por falsas crenças acerca da doença.
No momento desta revisão de literatura foram identificados alguns programas que
atendem pacientes diagnosticados e incluem a reintegração social, em que o indivíduo passa a
se reinventar, se reinserir, E começam a conquistar seu bem estar e sua qualidade de vida. O
programa identificado foi “Entre laços”, um programa de atenção do setor de família do IPUB
19

(Instituto de psiquiatria da universidade do Rio de Janeiro) voltados para famílias que convivem
com transtornos mentais severos. Esta proposta tem como o princípio de estimular a autonomia
e a autodeterminação, para as pessoas trabalharem, se conhecerem e fazer suas escolhas. O
grupo acredita na capacidade de aprendizado, onde todas as pessoas podem aprender crescer,
amadurecer e viver de forma diferente. Para as famílias são oferecidas gratuitamente e
seminários sobre os transtornos mentais graves (incluindo esquizofrenia, transtorno esquizo
afetivo e transtorno bipolar) tanto para os familiares e pacientes e depois terapia em grupo. O
encontro ocorre aos sábados e o objetivo deste programa é empoderar as famílias e os pacientes,
ajudando-os a buscar soluções conjuntas para os conflitos, auxiliando na recuperação e na
qualidade de vida.
O programa “Entre laços” se torna um amparar não só para os pacientes e sim para os
familiares que recebem o diagnóstico sobre a esquizofrenia. Dentro desse programa existem
subgrupos que atendem essas pessoas com transtornos mentais e seus familiares. São eles:

• Grupo “Mentes em ação”: no rio de janeiro tem o objeto e ter a conscientização da


esquizofrenia levando informações e mostrando que é possível ter a melhora. o grupo é
composto de familiares e se reúne uma vez por mês em datas específicas, aos sábados
pela manhã.
End: Auditório da Unidade de Saúde Manoel Ferreira, Rua Silveira Martins, 161,
Catete.

• Grupo “Quinze de nós”: formado apenas por pacientes, durante 1 hr 30 min a cada 15
dias trocando experiências entre eles. Nesse momento de pandemia os encontros foram
feitos online.

• Grupo “Abra sua mente”: o grupo é composto de familiares e paciente e se reúne uma
vez por mês em datas específicas, aos sábados pela manhã.
End: Igreja Batista Itacuruça – Praça Barão de Corumbá, 49, Tijuca.

• Grupo “É possível”: o grupo é composto de familiares e se reúne uma vez por mês em
datas específicas, aos sábados pela manhã.
End: Auditório da Unidade de Saúde Manoel Ferreira, Rua Silveira Martins, 161,
Catete.

• Grupo “Construindo Horizontes”: o grupo é composto de familiares e paciente e se


reúne a cada quinze dias em datas específicas, aos sábados pela manhã.
20

End: Auditório do Centro Municipal de Saúde Dom Helder Câmara, Rua Voluntários
da Pátria 136, Botafogo.

• Grupo “Movimente”: o grupo é composto de familiares e paciente e se reúne a cada


quinze dias em datas específicas, aos sábados pela manhã.
End: Igreja Batista de Barão da Taquara – Praça Seca nº 32, Jacarepaguá.

• Grupo “Equilibrarte” o grupo é composto de familiares e pacientes e se reúne a cada


quinze dias em datas específicas, aos sábados pela manhã.
End: Espaço Contemporâneo – Rua Humberto de Campos nº 315, Leblon.

• Grupo “Trilhando Caminhos”: o grupo tem a proposta de proporcionar lazer aos


pacientes portadores de transtorno mentais, acompanhados de seus familiares ou
cuidadores, realizando passeios, encontros psicoeducativos, partilhas, dinâmicas de
grupo, relaxamento e brincadeiras.
21

4. SOB A PERSPECTIVA DA PSICANALISE

4.1. Delírios e alucinações

No Rascunho K, (1911) Freud se estende sobre as alucinações e os delírios na paranoia,


e suas relações com a defesa. Feud situa o delírio de observação, juntamente às alucinações
táteis, visuais e auditivas, como sintomas do retorno do recalcado2, tal como na neurose3
(CALAZANS; REIS, 2014).
Briggs e Rinaldi (2014) destacam que alguns autores estudaram e dividiram o então
chamado delírio em fases segundo a evolução observada como Magnan (1835-1916), o autor
sugere, por exemplo, a divisão em quatro períodos: um primeiro período de incubação e
inquietude. Um segundo, de perseguição e sistematização. Um terceiro período, de grandeza,
no qual as ideias de grandeza apareceriam por dedução lógica e, no quarto período, de
demência.

Assim, no século XIX, alguns estudiosos da loucura, considerando a origem do erro


na sensopercepção, consideravam o delírio análogo aos sonhos, acreditando que sua
evolução seria tão mutável e variável como os últimos; enquanto outros, apostando
no erro de julgamento, começam a tentar circunscrever os delírios segundo um modo
de evolução interna que lhes seria próprio. É aí que surgem as primeiras nosologias,
como o delírio. (BRIGGS; RINALDI, 2014)

Na nosografia psiquiátrica, chama-se delírio de interpretação a uma forma de delírio


crônico, caracterizada pela preponderância de um tema persecutório e de um raciocínio mono-
ideativo, que impede o sujeito a proceder a construções alucinatórias, convencido de que todas
as manifestações da realidade externa se referem a ele. (ROUDINESCO, 1944. P. 389)
Bezerra (2019) destaca que Freud percebeu que o sujeito ama o delírio assim como ama
a si mesmo. Logo, esse delírio pode sustentar o sujeito na vida, sendo uma espécie de
amarração, como uma “solução psicótica” já Lacan estuda os três registros Real, Simbólico e
Imaginário, estudados por Lacan. (CORREIA, 2010).
De acordo com Freud, S. (1923), as esquizofrenias, inclina-se a acabar em uma hebetude
afetiva - isto é, em uma perda de toda participação no mundo externo.

2
O retorno do recalcado- é quando recalcamos, ou seja, reprimimos algo e assim tirando do campo da consciência,
revelando através dos sonhos, chistes, sintomas, na dor etc. Aquilo que foi recalcado ele retorna. (HOMEM, M,
2021).
3
Neurose é um termo proposto em 1769, pelo médico escocês Willian Cullen (1710-1790) para definir as doenças
nervosas que acarretavam distúrbio da personalidade. Logo após Sigmund Freud retoma esse conceito a partir de
1983, esse termo é empregado para designar uma doença nervosa cujos sintomas simbolizam um conflito psíquico
recalcado. (ROUDINESCO, 1944, dicionário de psicanálise).
22

Com referência à gênese dos delírios, inúmeras análises nos ensinaram que o delírio
se encontra aplicado como um remendo no lugar em que originalmente uma fenda
apareceu na relação do ego com o mundo externo. Se essa precondição de um conflito
com o mundo externo não nos é muito mais observável do que atualmente acontece,
isso se deve ao fato de que, no quadro clínico da psicose, as manifestações do processo
patogênico são amiúde recobertas por manifestações de uma tentativa de cura ou uma
reconstrução. (FREUD, 1923, p.90)

Os delírios são do tipo persecutório em 90% dos casos podendo no restante ser de
referência, de controle, grandiosidade, hipocondríaco, religioso, entre outros (BALDAÇARA;
BORGIO 2019 apud Almeida). Existem o delírio primário que é caracterizador como juízo
falso, e o delírio secundário são os estados psicologicamente alterados, como os transtornos do
humor, alteração de senso percepção e rebaixamento de nível de consciência. (TEIXEIRA,
2015).
Em contrapartida na confusão alucinatória, a alucinação é descrita como aquilo que
mantém o recalcado o mais afastado possível. Além disso, uma vez que a defesa na confusão
alucinatória é mais bem sucedida, afastando a representação juntamente ao seu afeto, não há
como falarmos de fracasso da defesa. (CALAZANS; REIS, 2014).

Freud afirma: “o eu rompe com a representação incompatível; esta, porém, fica


inseparavelmente ligada a um fragmento da realidade, de modo que, à medida que o
eu obtém esse resultado, também ele se desliga, total ou parcialmente, da realidade”.
(CALAZANS; REIS, 2014)

Com a utilização que Hippolyte Bernheim fez, em 1895, da noção de alucinação: essa
autora então designa a “falta de percepção de um objeto presente no campo do sujeito”.
(ROUDINESCO, 1944. P. 245).

4.2. Compreender quem é o paciente esquizofrênico, segundo a abordagem psicanalítica

A psicanalise compreende esse paciente como aquele que se distancia e rompe o contato
com as pessoas e consigo mesmo, isto é, diminuindo gradualmente o vínculo com elas.
(TRINCA, 2011).
Para Lacan as psicoses nos ensinam que os caminhos do tratamento são possíveis, porem
são muito complexos e variados. Já para Freud é impossível esse tratamento ocorrer (GUERRA,
2010).
Há um empasse da técnica psicanalítica, na relação analista e paciente, isto é, quanto a
transferência que é indispensável, para o êxito de uma análise. O psicótico apresenta
dificuldades de estabelecer a transferência com o psicanalista (KARLIN 2014).
23

Esses pacientes podem utilizar o mecanismo de projeções no terapeuta e assim eles


distorcem a realidade. Sendo assim o terapeuta menos neutro ajudara esse paciente a diferenciar
o que é fantasia do que não é fantasia (ZANINI, 2000).
Segundo Trinca (2011), o autor observou clinicamente que o “paciente mantém a
condição de ser nada, ninguém, num estado de extremo distanciamento consigo próprio”.

4.3. Caso Schreber, por onde tudo começou


Daniel Paul Schreber foi um famoso paciente analisado por Freud a partir do livro
autobiográfico Memórias de um doente dos nervos (1905/1984). Em seu livro dedicado à
Schreber, Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranoia
(Dementia Paranóides) (1911/1969). Segundo o autor, Freud revela que teve acesso a sua
historia somente por meio de seu livro e n nunca o encontrou pessoalmente. (GUARANÁ;
VIEIRA, 2018).

Lacan estudou a esquizofrenia a partir do caso Schreber, que esteve doente de 1883 a
1884, que teve em seguida oito anos de repouso, em outubro de 1893, que as coisas
recomeçam no plano patológico. Ele retorna a clínica onde havia sido tratado, pela
primeira vez, que foi dirigida pelo Dr . Flechsig, e vai ficar aí até por volta de junho
de 1894. (LACAN, p. 126, 1955-1956)

James Strachey, tradutor, editor e comentador da obra freudiana aponta que Freud se
interessou pela obra de Schreber em 1910, apenas trocando correspondência a respeito com
Ferenczi e Abraham, seus discípulos ao mesmo tempo em que iniciava a redação de seu trabalho
(MARINHO; SOUZA FILHO, 2006).

Contudo, é bom ressalvar que muitos dos dados desta cronologia não eram do
conhecimento de Freud que só teve acesso ao que estava contido no livro
autobiográfico e à informação de que o paciente teria 42 anos, quando de sua segunda
doença. Freud nunca teve qualquer espécie de contato com o paciente, nem com seus
familiares. (MARINHO; SOUZA FILHO, p. 188, 2006)

De acordo com os autores Marinho e Souza Filho (2006), no caso Schreber existiram
três momentos da doença, são elas:

• Primeiro momento da doença – 08/12/1884 a 01/06/1885 (período de internação)


Ocorreu no serviço do Doutor e Prof. Flechsig, após algumas semanas em que esteve no
hospício de Sonnestein. Foi diagnosticado pelo médico Flechsig com um caso de hipocondria
24

severa4. Tentou cometer suicídio por duas vezes, imaginando ter perdido de 15 a 20 quilos,
embora tenha engordado dois, o que não acredita achando que intencionalmente o enganam a
respeito.
• Intervalo entre as doenças – 1885 a 22/11/1893
Schreber sonhou por 2 ou 3 vezes que a antiga doença teria voltado, isso ocorreu em
junho e julho de 1893. Apresentando um grande quadro de ansiedade, ao mesmo tempo ficando
feliz por saber que se tratava apenas de um sonho. Foi nessa época que Schreber pensou que
deveria ser deveria ser muito bom ser uma mulher e submetendo-se ao ato de copular.

• Segunda doença – 10/11/1893 a 20/12/1902


Consulta o Dr. Flechsig com queixa de uma insônia torturante, em 10/11/1893, sendo
tentado um tratamento ambulatorial. Nessa época Schreber tenta novamente o suicídio, mas
dessa vez na casa de sua mãe e é internado no dia 21/11/1893 no Hospital Psiquiátrico de
Leipzig. Schreber começa então apresentar: ideias: hipocondríacas, queixa de amolecimento do
cérebro, morte iminente, hiperestesia – grande sensibilidade à luz e ruído – Schreber apresenta
ideias de perseguição embrionárias baseadas em alucinações; seus pensamentos aos poucos
começam a girar em torno de suas alucinações visuais e auditivas assim como os distúrbios
cenestésicos e seu quadro começa a ser agravado. (MARINHO et al, 2006).

O delírio evoluiu para uma comunicação direta com Deus, ouvir música sagrada, ser
brinquedo dos demônios e ver “aparições miraculosas”. Sentia-se perseguido pelo Dr.
Flechsig, a quem chamava de “assassino de almas”. Era comum gritar pelo hospital:
“Pequeno Flechsig”, frisando o “pequeno”.(MARINHO et al, p.191 2006).

• Intervalo entre a segunda e terceira doença – 20/12/1902 a 27/11/1907


Schreber mantém a convicção que é uma mulher, assim tendo seios e outros atributos
relacionados aos aspectos femininos. Em 1903, por iniciativa de Schreber, o casal adota uma
menina de 10 anos, a qual relata, em sua velhice, que foi muito bem tratada por Schreber.
(MARINHO et al, 2006).

• Terceira doença – 27/11/1907 a 14/04/1911


Schreber mostra-se incompreensivo, com marcha e apresentando postura rígidas,
alucinações auditivas e delírios. Repetindo compulsivamente: “já... já”. Schreber já tendo sua
alucinações diz sentir que querem matá-lo, tendo delírios persecutórios, assim como que não

4
A hipocondria é a preocupação com medo ou a idéia de sofrer de uma enfermidade com base numa
interpretação errônea de sintomas ou funções corporais, em que o indivíduo teme sofrer de uma
doença grave (DIB et al., 2006).
25

dorme há vários meses. Dr Schreber permanece internado até a sua morte. (MARINHO et al,
2006)
Freud então propôs, a partir da análise do relato autobiográfico de paranoia de Schreber,
que a doença expressaria um mecanismo de defesa do sujeito contra sua libido homossexual.
Ele também estabeleceu a projeção como mecanismo característico e relacionados ao da
paranoia, sendo assim sustentando esse delírio por uma tentativa de cura da ruptura psíquica na
psicose, feita pelo doente (COUTINHO 2005).
Para Freud (1911), O sujeito ansiado tornou – se o perseguidor, isto é, o conteúdo da
fantasia torna se o desejo do conteúdo da perseguição, o que ocorreu no caso de Dr. Flechsig.
Sendo assim Schreber, imaginava ser perseguido por seu 1º médico- que era Dr. Flechsig. Nesse
caso podendo ser aplicável em outros casos de delírios persecutório. (FREUD, 1911/1913).
Na primeira doença que Schreber apresenta Freud (1911) “diz que não foi possível
penetrar na doença de Schreber, mas foi indispensável para a compreensão da segunda
enfermidade que segundo ele foi a mais grave”. (FREUD, 1911).
Segundo Faria et al. (2011), Inicialmente essa patologia de Schreber apresentou delírios
de perseguição que só foram diminuindo de intensidade quando atingiu o auge de sua
enfermidade, ou seja, quando “Schreber conciliou os seus desejos de se transformar em mulher,
tendo com os propósitos de Deus”. (FREUD, 1911).
O delírio é, portanto, uma articulação, uma produção de saber por
meio da qual o sujeito vai tentar mobilizar significações para então construir
uma nova realidade. Há também aí um esforço para localizar o gozo do Outro5,
gozo esse que se impõe pelo fato de o sujeito não dispor, devido ao fracasso da
metáfora paterna, de recursos sustentados na significação/ resposta fálica.
(RODRIGUES; CASTRO 2016).

Tal como o mecanismo alucinatório, portanto, é, para Freud, uma tentativa de


restabelecimento, ou seja, uma tentativa de cura. (OLIVEIRA, et al.2014).

Por alucinações se entendem, até onde sei, estímulos nervosos graças aos quais
aquele que delas padece e que tem uma constituição nervosa doentia acredita
ter impressões de certos eventos que se passam no mundo externo,
particularmente perceptíveis pela visão e pela audição, eventos que na
realidade não existem. (SCHREBER, 1903/1995, p. 198).

5
O grande Outro, em Lacan, se escreve com a inicial maiúscula - O grande outro como discurso do inconsciente
é um lugar, é uma outra parte onde o sujeito é mais pensado do que realmente pensa, sendo assim a alteridade do
eu consciente. É o palco que, ao dormir, se ilumina para receber os personagens e as cenas dos sonhos. É de onde
vêm as determinações simbólicas da história do sujeito. Sendo um arquivo dos ditos de todos os outros que foram
importantes para o sujeito em sua infância e até mesmo antes de ter nascido (QUINET, 2012).
26

Segundo Oliveira nas últimas grandes referências que Freud apresenta sobre a
alucinação aparece então como uma percepção que o indivíduo busca corresponder à nova
realidade, que para Freud essa realidade está sendo remodelada - remodelada, poderíamos
entender, pelo delírio. Freud então enxerga nas vozes alucinadas de Schreber uma função
semelhante ao desempenhado pelo do delírio. (OLIVEIRA, et al.2014).
Neste sentido, a concepção freudiana do delírio psicótico desloca a importância do
aspecto patológico, passando então a ressaltar seu caráter uma tentativa espontânea de
restabelecimento. (Freud, 1911/1996).
Para Lacan o delírio central de Schreber, inicialmente na concepção que ele constrói
para si dessa transformação do mundo, foi então o que constitui seu delírio, chamando de
“Seelenmord”, o assassino d’alma. Ele mesmo apresenta como um enigma, difícil de ser
compreendido. (LACAN, 1955-1956, p. 91).
Portando para Coutinho (2005) as perturbações que acometeram a paranoia do paciente
Schreber configuram, um caso de esquizofrenia paranoide, devido a presença dos sintomas de
alucinações e delírios. De acordo com Nunes, et al. (2020), a esquizofrenia paranoide tem seus
principais sintomas são: alucinações, delírios, sensação de perseguição.

4.4. Esquizofrenia em Psicanalise é definida como uma psicose

Na Psicanálise, a Esquizofrenia é definida como uma psicose. Segundo Roudinesco,


em (1944) Psicose é um termo que substituem o vocábulo da loucura, e defini os doentes da
alma numa perspectiva psiquiátrica.
Para Amaral (2014), é importante ressaltar que a dissociação, que rege o curso do
pensamento, é o sintoma fundamental dessa psicose, por isso a importância da revisão histórica
desde a Dementia Praecox até o surgimento do conceito de Esquizofrenia, para então nos
atermos ao que o nosso principal objeto de estudo, a Psicanálise que nos traz maciças
contribuições acerca dessa temática.
Freud, (1894/1996) Explica que o processo de defesa em sua radicalidade conduz à psicose
alucinatória:

Neste caso, acontece uma modalidade defensiva muito mais poderosa e bem-sucedida.
A representação irreconciliável com o eu é totalmente rejeitada, inclusive seu afeto,
divergindo por isso do recalcamento da representação incompatível conquistado pela
separação de seu afeto correspondente. O sujeito psicótico se comporta como se a
representação jamais lhe tivesse ocorrido, a expensas de seu total ou parcial
desligamento da realidade. (SANTOS, 2012).
27

Melaine Klein, explica a gênese das psicoses se sustenta na pulsão de morte. Ela defende
a ideia de que todos nós nascemos com um quantum de pulsão de vida 6e de morte7. Klein ainda
ressalta a hipótese de que indivíduos psicóticos possuem uma quantidade de pulsão de morte
muito mais intenso, o que dificultaria a saída do bebê do mundo de fantasias no qual se encontra
imerso. (SANTOS, 2010).
Essas dificuldades de a pessoa encontrar tal recursos internos para dominar a pulsão de
morte, desde de o início dos processos do desenvolvimento emocional, significa que desde o
princípio a pulsão de morte força sua introdução no falso self8, que pode se constituir em
depositário de seus produtos. (TRINCA, 2011).
Segundo Alvarenga (2008), no transtorno esquizofrênico, ocorre o afastamento da
libido9do exterior e sua concentração no ego são traços característicos e as alucinações seriam
então uma tentativa de restabelecimento, por devolver assim essa libido novamente a seus
objetos.
Freud acreditava que a psicanálise era contraindicada no tratamento do psicótico, pois
na psicose não se estabelece o laço de amor transferencial com o analista que é essencial a uma
análise. (GUERRA, 2010).
Em contrapartida para Migueles (2011) Jung discorda a hipótese, pois, para ele, a
psicose é a expressão de uma simbólica arcaica que pode ser reencontrada nos mitos10.

6
Pulsão de vida, trata-se de preservar a vida e existência de um organismo vivo. ( AZEVEDO et al. 2015).
7
pulsão de morte, redução por completo das atividades do sujeito, descarregando, a falta do novo, a falta de vida,
ou seja a morte. ( AZEVEDO et, al. 2015).
8
A expressão “falso self” foi cunhada por Donald Woods Winnicott* em 1960, para designar uma distorção da
personalidade que consiste em enveredar, desde a infância, por uma vida ilusória (o eu inautêntico), a fim de
proteger, através de uma organização defensiva, o verdadeiro self (o eu autêntico). O falso self, portanto, é o meio
de alguém não ser ele mesmo de acordo com diversas gradações, que chegam até a uma patologia de tipo
esquizóide, na qual o falso self é instaurado como sendo a única realidade, com isso vindo expressar a ausência do
self verdadeiro. (ROUDINESCO, 1944, dicionário de psicanálise).
9
Foi com a introdução da palavra libido que Sigmund Freud construiu o que desde então passou a ser chamado
de sua teoria da sexualidade, enunciada de maneira programática em 1905 nos Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade. . (ROUDINESCO, 1944, dicionário de psicanálise)
10
O mito é, para Jung, o elemento “interpretante” que carrega os símbolos, os quais possibilitam a leitura do
sexual.( MIGUELEZ 2011).
28

4.5. Para explicar um pouco mais sobre o termo – Psicose

Vale dizer, o termo “psicose” é um termo que especifica o “psíquico” e foi criado no
âmbito da medicina mental, nessa condição, como objeto que especificando a psiquiatria.
(Tenório 2016).
Segundo Tenório (2016) Tem cabido à psicanálise sustentar a validade clínica e
doutrinária da categoria “psicose”, pois se trata de uma noção da psicanalise, mais do que a
psiquiatria. Mas vale lembra que essa categoria “psicose” foi criada para especificar a
psiquiatria inicialmente em relação aos aspectos neurológicos da doença mental, logo depois
em relação às doenças mentais leves, sendo trabalho da própria psicanálise.
Segundo Lacan citado por Pontes e Calazans (2017), partindo da ideia freudiana, e
enfatizando a importância da relação do sujeito com o Outro e a organização significante nessa
construção subjetiva da realidade. Partindo, então dessa ideia de alucinação é pensada pela via
do simbólico, assentando que a “estabilidade e a boa ordem da relação perceptiva com a
realidade não são tão naturais quanto se poderia imaginar, e sim uma função dos fenômenos
significantes”.
Para Lacan citado por Bulhões (2003), em seus estudos sobre a psicose ele forneceu o
conceito de foraclusão11 , para pensar o fenômeno psicótico.

A psicose, diz Lacan, é isso diante do que um analista não deve recuar em nenhum
caso. Na psicose, a condição de sujeito fica comprometida, o corpo é gozado pelo
Outro, a fala pode tornar-se apenas a reverberação do eco de um Outro não barrado,
isto é, um sujeito que não passou pela falta, pela castração. (LACAN, 1998).

Conforme Miguelez (2011), como um autor que leu também Jacques Lacan, a
esquizofrenia na categoria nosográfica, foi surgida da interface da psicanálise com a psiquiatria,
concebida por Bleuler como conceito da psicopatologia, que antes era conhecida como
demência precoce, e abordada como fenômeno natural por Kraepelin. Na hipótese freudiana
sendo então uma ruptura com o mundo, desligamento total com a realidade e com os outros, na
psicose estando ligado também no campo da linguagem.

11
Conceito foraclusão forjado por Jacques Lacan, para designar um mecanismo específico da psicose,
como o mecanismo que estaria na origem da estrutura psicótica - estabelecendo, uma clínica diferencial
em relação à neurose, - e que consistiria na rejeição do significante do Nome-do-Pai para fora do
registrodo simbólico, sendo esse fracasso da metáfora paterna, essa falha na operação de castração, o
que conferiria à psicose sua condição essencial (LACET, 2004).
29

Ainda para Miguelez (2011) A escola inglesa de psicanálise, especificamente Kleiniana


de Melanie Klein ao postular a teoria das posições – esquizo-paranoide12 e depressiva13 – e
fundamentar os quadros psicóticos, a esquizofrenia, paranoia e psicose maníaco-depressivas –
na elaboração dos conflitos e defesas ligados a essas posições, propondo também uma linha de
continuidade entre normalidade, psicose e neurose.
Segundo Nobre (2011) cita Freud (1924) postula em Neurose e Psicose – sujeito com
esquizofrenia apresenta em seus sintomas, “... uma tentativa de cura ou uma reconstrução”
De acordo com Nobre (2011) compreende-se que a base desta patologia, a psicose, é a
cisão, ou seja, a quebra de contato do sujeito com o mundo externo, mas com uma diferença
em relação a neurose em que os sintomas podem estar a serviço de uma fuga da realidade, de
uma tentativa que chega ser quase delirante de satisfação de desejo, apesar do reconhecimento
exagerado de uma realidade cujo superego14apreende com severidade.
Em Neurose e psicose (1924), Freud afirma que na neurose a perda da realidade seria
evita, já na psicose essa perda de realidade está presente.
Também, na obra “Neurose e psicose” (1924), citadas por Freud se atêm às causas do
conflito psicótico, que para ele está situado “... nas relações entre o ego e o mundo externo.”
(Freud, 1996, p. 167), onde o ego, a serviço dos impulsos desejosos do id, recusa as realidades
interna e externa, assim criando sua nova realidade, ou seja, o psicótica cria novo mundo, tantos
interno, como externo.

5. ESQUIZOFRENIA E TERAPÊUTICAS

Neste capitulo, como proposto no objetivo geral desta pesquisa, foram incluídos a
investigação de pesquisas relacionadas com as terapêuticas em pacientes diagnosticado com
esquizofrenia. Assim, foram levantados alguns métodos possíveis de tratamento da
esquizofrenia, dos quais incluem:

12
A posição esquizo-paranóide caracteriza-se pelo fato de as crianças não tom arem conhecimento das “pessoas” ,
mantendo relacionamentos com objetos parciais, e pela prevalência dos processos de divisão (splitting) e de
ansiedade paranóide. (SEGAL, 1975)
13
Posição depressiva é marcado pelo reconhecimento da mãe como uma pessoa total; caracteriza-se pelo
relacionam então com objetos totais e pela prevalência da integração, ambivalência, ansiedade depressiva e culpa.
(SEGAL, 1975)
14
Conceito criado por Sigmund Freud para designar uma das três instâncias da segunda tópica, juntamente com
o eu e o isso. O supereu mergulha suas raízes no isso e, de uma maneira implacável, exerce as funções de juiz e
censor em relação ao eu. No Brasil também se usa “superego”. ( ROUDINESCO, 1944).
30

5.1. Abordagens psicossociais

A esquizofrenia é uma doença que compromete a vida do portador sendo ampla. Nesses
casos de transtorno é preciso uma equipe multidisciplinar. O psiquiatra deve ponderar que a
abordagem exclusivamente médica não dá conta da questão. Sendo indispensável o tratamento
psicossocial para que o paciente volte a organizar sua vida. Sendo assim essa modalidade da
abordagem psicossocial deve ser escolhida de acordo com a evolução de cada quadro e das
possibilidades do paciente. (SHIRAKAWA, 2000).

5.2. Farmacologia

Sendo considerada a medicação psicotrópica é altamente eficaz no manejo de sintomas


positivos da esquizofrenia. Entretanto, os sintomas negativos e relacionamentos interpessoais
perturbados são muito menos afetados pela medicação, exigindo abordagens psicossociais.
(ALMASAN e GIMENEZ 2006).

5.3. Psicoterapias

Segundo o autor tem se mostrado um importante recurso terapêutico o papel das


psicoterapias, estando ligado ao tratamento farmacológico, na recuperação e na reabilitação do
indivíduo esquizofrênico. Por meio de abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou
dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo no nível psíquico, interpessoal e social. (ZANINI,
2000).

5.4. Psicoterapia de Grupo

A terapia de grupo pode ser tão eficaz quanto a individual, afirma o autor. Podendo ser
úteis para criar confiança e oferecer um grupo de apoio, assim os pacientes possam se reunir e
conversar livremente sobre as preocupações acerca de como manejar alucinações auditivas e
como lidar como o estigma da doença mental. (ALMASAN; GIMENEZ 2006).

5.5. Grupos de autoajuda

Ao longo da vida, grupos de auto-ajuda como os Psicóticos Anônimos (PA) e os Amigos


e Parentes dos Psicóticos Anônimos (APPA), são considerados muito importantes para que os
portadores de doença metal e seus familiares possam trocar experiencias, encontrem-se,
apoiem-se e busquem alternativas para melhor conviver com a doença que te afeta.
(SHIRAKAWA, 2000).
31

5.6. Orientação familiar

Toda doença crônica dificulta tanto a vida do sujeito e a relação com sua família. Sendo
assim é importante conscientizar tanto o portador da doença para que ele possa ter meios de
combatê-las, e seus familiares terão que ser conscientizados da mesma forma, pois os choques
serão inevitáveis. Segundo o autor quando o ambiente é mais estressante, as recaídas do
paciente se tornam mais frequentes. Assim, existem as intervenções definidas como programas
de tratamento psicopedagógico das famílias que têm a finalidade de diminuir as tensões
presentes no ambiente familiar e de melhorar o funcionamento social do portador.
(SHIRAKAWA, 2000).

5.7. Tratamento Hospitalar

A unidade hospitalar oferece uma forma de abrigo seguro para evitar que os pacientes
causem danos a si mesmos ou aos outros. A hospitalização prolongada, é somente indicada para
aqueles pacientes esquizofrênicos que recusam a medicação, ou não respondem à medicação,
sendo autodestrutivos, ou suicidas, agressivos com os outros e não têm apoio em outro sistema
de suporte familiar para ajudá-los a manejarem as instabilidades da vida diária. (ALMASAN e
GIMENEZ 2006).
De acordo Shirakawa (2000), é muito importante que o psiquiatra acompanhe o paciente
por longo prazo, para que o psiquiatra faça um planejamento para segui-lo ao longo do tempo.
O objetivo principal desse acompanhamento psiquiátrico é de prevenir o paciente de recaídas,
pois essas contribuem para a piora do paciente.

5.8. A terapêutica, segundo a psicanalise

Segundo a Psicanalista Karlin. M (2014) criou um código de SIM e NÃO com o paciente
que apresentava mutismo, onde o sim seria a caneta azul e o não a caneta vermelha, no decorrer
das sessões ela também trouxe livros e o primeiro o nome do personagem era o mesmo nome
do paciente, ela informou ao paciente que o livro era antigo porem muito especial e não poderia
deixar se perde no tempo. O personagem do livro com o mesmo nome dele era a tentativa de
fazê-lo reconhecer que existiam outras pessoas com seu nome, mas que a história de cada um
era diferente. O paciente nas sessões sempre levava seus cadernos antigos. Na 4° sessão o
paciente faltou e o pai relata que se esqueceu da consulta, uma hora depois o pai liga e informa
que o seu filho está em surto. Rapidamente a terapeuta diz ao pai que está indo a casa do
paciente, embora isso possa contrariar a técnica psicanalítica tradicional na qual a saída do
setting pode de alguma maneira contaminar a relação com o paciente, só que ela não queria que
32

ele fosse internado de novamente. Ao chegar na casa do paciente ele se encontrava tranquilo e
conversou pouco com a analista; mesmo sem surto o pai levou o paciente até o psiquiatra, onde
foi aplicado uma medicação de calmante. O paciente no decorrer das sessões foi falando mais
e a terapeuta foi buscando ferramentas para esse diálogo, como por exemplo, livro, leituras e
desenhos onde o paciente foi se expressando.
Em uma das sessões, segundo a descrição da autora, o paciente disse que quando
terminasse de montar o quebra cabeça, uma atividade proposta pela analista não iria continuar
com o tratamento, porque seu pai tinha comprado uma televisão muito grande e teria que pagar
em dez vezes.
Se me perguntassem, disse a analista: se esse paciente chegou a fazer associação livre,
eu diria que sim. Lógico que eu dirigia perguntas a ele. Mas, se não fosse dessa forma, acredito
que ele não teria sequer iniciado a falar. Com pacientes nesse estado de embotamento, o desejo
do psicanalista tem que se fazer presente.
Se me perguntassem, disse a analista se eu interpretava a fala do paciente, eu diria que
não. Sei que alguns psicanalistas fariam isso, mas eu achei perigoso. O que poderia provocar
uma interpretação errada em um paciente com um ego tão fragmentado era algo que eu tinha
medo de experimentar. Eu diria que, em vez eu vivia a experiência com ele.
Se me perguntassem, disse a analista se ele apresentou resistência, eu responderia que sim. Ele
parou a análise no momento em que ele estava se sentindo melhor. O que seria isso senão um
sinal de que a resistência vinha operando contra essa melhora?

Ninguém é psicótico 24 horas por dia, assim como todos nós temos nossos momentos
de regressão ao nosso estado esquizo-paranoico15. Um paciente psicótico tem uma
dificuldade maior para viver esse processo de entrar e sair desse estado. (KARLIN,
2014)

Segundo Karlin (2014) até a fala dele “Quando terminarmos esse quebra-cabeça eu vou
parar” poderia ser traduzida como: sinto-me mais inteiro e quero parar, ou mesmo, me sinto
mais inteiro, mas tenho medo de continuar! Um paciente psicótico se sente muito invadido e,
dessa forma, a posição do analista é muito delicada exigindo uma grande dose de sensibilidade,
pois trabalhando no limiar do suportável psíquico do sujeito é importante saber respeitar esses
limites. Por isso, eu sempre falei com ele de forma muito verdadeira. Um mundo falso e de
segredos ele já vivia em casa, e eu não queria que essa experiência se repetisse no setting, assim
como sempre respeitei seu tempo dentro do set.

15
Melanie Kleine e Jacques Lacan desenvolveram para a psicanálise uma concepção estrutural da paranóia, uma
aproximando-a da esquizofrenia (posição esquizo-paranóide), no contexto de uma definição da relação de objeto,
o outro fazendo dela a própria essência do processo psicótico. (ROUDINESCO,1944).
33

O esquizofrênico não vai ao médico porque se sente mal. Ele vai ao médico porque os
“outros” o levam e dizem que ele tem algo errado. Quem denuncia seu sintoma são os “outros”.
Os remédios controlam o esquizofrênico, mas não devolvem afeto e não os tiram dos sintomas
negativos. Aliás, o próprio termo sintoma negativo já soa estranho, pois “negativo” é o sintoma
que não se mostra. O remédio pode ajudar a criar a base para que o psicanalista possa intervir,
mas só o remédio também não basta. Karlin (2014).
Segundo o autor Itiro Shirakawa na RevBrasPsiquiatr 2000, no item Psicoterapia, diz
que não se recomendam psicoterapias baseadas em interpretações, com várias sessões por
semana e por longos anos", porem ele utiliza a psicanalise que tem essas características, muitas
vezes aliada a outras aproximações como psicofarmacoterapia, observando um acentuado
desenvolvimento emocional em muitos dos seus pacientes, tal colocação contrasta com sua
experiência clínica.
Baseando-se na provável, mas ainda não comprovada etiologia biológica da doença, só
reconhece intervenções quantificáveis e que visam uma redução dos sintomas. Em relação à
esquizofrenia, por exemplo, disfunções dopaminérgicas16que seriam causais há algumas
décadas, são agora vistas como provavelmente secundárias a patologias estruturais ou de
desenvolvimento cerebral. (SHIRAKAWA, 2000).
Já Segundo Almasan e Gimenez (2006), afirmam que a esquizofrenia é uma doença que
se modifica muito rápido e facilmente, é considerada uma doença heterogênea, que não existe
cura para essa doença, que todas as intervenções terapêuticas devem ser adaptadas as
necessidades de cada paciente individual.
Almasan e Gimenez (2006) ainda esclarece que uma organização útil da sintomatologia
descritiva do transtorno constitui–se numa visão em três grupos: 1) sintomas positivos; 2)
sintomas negativos e 3) relacionamentos pessoais desordenados, como seguem:

1) Os sintomas positivos: incluem distúrbios do conteúdo do pensamento, como por


exemplo, os delírios, distúrbios da percepção, ou seja, a alucinações e as manifestações
comportamentais tais como: (catatonia e agitação), que se desenvolvem num curto
espaço de tempo e com frequência acompanhando um episódio agudo. (ALMASSAN;
GIMENEZ , 2006).

16
A teoria dopaminérgica da esquizofrenia foi baseada na observação de que certas drogas tinham habilidade em
estimular a neurotransmissão da dopamina (DA). Constatou-se que a droga psicoestimulante anfetamina, quando
administrada em doses altas e repetidas, causa uma psicose tóxica com características muito semelhantes às da
esquizofrenia paranóide em fase ativa. (SILVA 2006).
34

2) Os sintomas negativos: Podem ser designados por uma série de padrões que sugere
anormalidade da estrutura cerebral, ou seja, incluindo o ajustamento pré - mórbido
pobre, mau desempenho escolar, maior dificuldade na manutenção de emprego, pobre
desempenho na testagem cognitiva, assim os sintomas negativos tem pouca resposta no
seu tratamento. (ALMASSAN; GIMENEZ , 2006).
3) Os relacionamentos pessoais desordenados: incluem várias dificuldades
interpessoais, tão variadas quanto à variação da personalidade humana, por exemplo:
solicitações excessivas, isolamento social, expressões inadequadas de agressão e
sexualidade, falta de consciência das necessidades dos outros. (ALMASSAN;
GIMENEZ , 2006).

Trinca.W (2011) Diz que o “paciente esquizofrênico que chega à análise geralmente se
encontra em estado de ruptura consigo próprio, ou seja, o rompimento consigo próprio e esse
paciente chega se sentindo-se invalidado e aniquilado sob inúmeros aspectos, além de estar
repleto de fraqueza e desesperança”.
Também em uma perspectiva de atuação em uma clínica da psicose, aquilo que definirá
a participação ou não dos pais no tratamento de seu filho não pode ser considerado uma regra
pré-definida. Dependerá então da posição, como representantes do Outro eles sustentam na
relação com seu filho: se colocam em cena outro inconsistente, tirânico, indiferente ou invasor.
(TAVARES, 2003).
Em uma atuação de uma psicanalista Lacaniana tem que ter claro, quem é este Outro
que participará do tratamento da criança atendida e não apenas uma figuras de carne e osso
chamadas de pais. É a partir disto que o analista definirá a participação ou não deles no
tratamento. (TAVARES, 2003).
Não é de realidade que se trata com ele, mas de certeza. O psicótico acredita naquilo
que ele está vendo como certeza. (LACAN, 1955-1956. p,91).
Mesmo quando ele se exprime no sentido de dizer que o que sente não é da ordem da realidade, isso não atinge a
sua certeza, que lhe concerne. Essa certeza é radical. O natural mesmo daquilo de que ele está certo pode muito
bem continuar sendo de uma ambigüidade perfeita, em toda a gama que vai da malevolência à benevolência.
Mas isso significa alguma coisa de inabalável para ele. (LACAN, 1955-1956. p,91).
35

6. QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE MENTAL DOS PACIENTES COM


DIAGNOSTICO DE ESQUIZOFRÊNICOS.

Esse interesse em relação à qualidade de vida desses indivíduos portadores de


esquizofrenia, começou com uma grande preocupação com o retorno dos doentes mentais. As
questões como a pobreza e o isolamento social tornaram-se preocupações pessoais dos
pacientes agressores de hospitais psiquiátricos (SOUZA; COUTINHO, 2006). Esses fatores
podem ter uma contribuição para que esses indivíduos apresentem dificuldades em aproveitar
uma qualidade de vida adequada (SOUZA et al. 2017).
Segundo Sousa et al. (2017) ao citar a OMS (Organização Mundial da Saúde), a
qualidade de vida é a da percepção que o paciente tem acerca da sua posição na vida, se
inserindo em contextos dos sistemas de cultura e valores. Tendo relação aos seus objetivos,
padrões, esperanças e preocupações que ele tem sobre aquela doença.
Souza destaca que “em condições crônicas, a qualidade de vida torna-se ainda mais
importante, pois uma vez que o tratamento não é curativo, como no caso dos transtornos mentais
graves e persistentes”. (SOUZA; COUTINHO, 2006).
Os avanços nesse tratamento da esquizofrenia, nem sempre vem acompanhados da
melhora na qualidade de vida desses pacientes, levando em consideração aspectos psicossociais
no paciente. (SOUZA 2017 apud MALDONADO). Aspectos estes que vão conduzir o sujeito
a acreditar que pertence a uma rede de comunicação e obrigações mútuas, assim o sujeito terá
ao seu dispor recursos e unidade sociais (Souza, 2017 apud Pais; Ribeiro).
O suporte social nesse aspecto tem sido considerado um papel importante na qualidade
de vida destes pacientes com transtornos esquizofrênicos. (SOUZA et.al 2017).
Como podemos notar a esquizofrenia é uma doença que não tem cura, mas através dos
medicamentos que são utilizados para o controle das crises, esse tratamento é considerado um
tratamento paliativo. Tendo esse controle das crises esse paciente tem uma qualidade de vida
melhor. Assim, essa atenção voltada para a qualidade de vida tanto dos pacientes com
transtornos esquizofrênicos, quanto para os familiares favorecerá uma qualidade de vida para
ambos (MORAIS. M, 2015).
36

7. MATERIAL E MÉTODOS

O objetivo de nossa pesquisa é compreender como a psicanálise vem estudando os


sintomas na esquizofrenia e suas terapêuticas como proposta de restabelecer ao paciente o
contato com a realidade para uma vida saudável e de qualidade. Dessa maneira, será utilizada
a revisão de literatura, já especificado em nosso objetivo específico.
Esse tipo de pesquisa se propõe a “aquisição e atualização de conhecimento sobre um
determinado tema em curto período de tempo” [...] apropriadas para descrever e discutir o
desenvolvimento ou o "estado da arte" de um determinado assunto, sob ponto de vista teórico
ou contextual (ROTHER, 2007). Como fonte dos dados será utilizado artigos, livros e
produções acadêmicas em geral que abordem o tema em questão.
Para a realização do estudo, será utilizado como base para a coleta dos dados o(s)
repositório(s): SciELO os artigos encontrados nesse repositório passam por um processo
minimamente rigoroso para sua publicação. Também engloba várias áreas do conhecimento
como Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra,
Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes e
Psicanálise.  Periódicos Eletrônicos em Psicologia - PePSIC. Difusão de periódicos em
psicologia da América Latina com critérios de inclusão das revistas. Tem um formato de busca
baseado na Scielo, apesar de ser uma base diferente. Também Foi utilizado o livro de Freud
caso Schreber (19911-1913), dicionário de psicanalise sobre esquizofrenia com Roudinesco e
com Pontalis e Laplanche e revistas de psicanálise- tais como variantes da cura, revista da
associação psicanalítica de porto alegre, Pluralidades em Saúde Mental-Curitiba, Revista
brasileira de psiquiatria, Revista Estudos Psicanalíticos.
A busca pelos materiais utilizará os seguintes termos de busca, de palavras chaves como:
alucinações e delírios, psicanalise e esquizofrenia, tratamento psicanalítico com
esquizofrênicos, esquizofrenia e psicanálise, psicanalise e psiquiatria, esquizofrenia e atenção
básica, psicose e psicanalise de maneira que ao utilizar essas palavras chaves, obtivemos
melhores resultados das pesquisas.  Cabe destacar, ainda, que, os textos que estão na SciELO
estarem também no PePSIC, optamos por realizar a busca nas duas bases pois utilizam motores
de busca diferentes. Nesse estudo o pesquisador incluirá somente pesquisas sobre os sintomas
relacionados á esquizofrenia e sob o enfoque na abordagem psicanalítica. Sob os sintomas
incluem delírios e alucinações na esquizofrenia. E não estará incluído nesta pesquisa outros
conceitos como neurose e perversão e a esquizofrenia associado as outras doenças.
37

8. ANÁLISE E DISCUSSÃO

Conforme o desenvolvimento desse trabalho foi abordado ao longo desta pesquisa, e a


partir do objetivo proposto, a análise teve como base o conteúdo estudado, e foi analisado o
conteúdo e sua trajetória, tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos. A análise do
conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante
aperfeiçoamento, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens. (BARDIN, 2011).
Partindo da psicanálise procuramos discutir como esta abordagem vem estudando os
sintomas na esquizofrenia, como os delírios e as alucinações e suas terapêuticas, para que o
paciente possa ter uma vida com qualidade.
O termo esquizofrenia foi proposto por Bleuler, estabelecendo o conceito nosologico e
nosógrafico (JARDIM 2011). Cujo seus sintomas mais comuns são delírios e alucinações ou
discurso desorganizado e o afastamento do mundo externo, vivendo sua própria realidade e a
esquizofrenia pode ocorrer no começo da adolescência até os 30 anos de idade em média, como
descrito no DSM-V (DSM-V, 2013).
Para Miguelez (2011), A esquizofrenia – como categoria nosográfica surgiu da interface
da psicanálise com a psiquiatria, concebida por Bleuler como um conceito da psicopatologia,
derivada de sua antecessora demência precoce, e abordada como fenômeno natural por
Kraepelin. E na hipótese freudiana entendida como uma ruptura com o mundo e com os outros,
e para Lacan como uma psicose estando ligado ao campo da linguagem.
Os estudos mostraram que a influência da genética nessa patologia está caracterizada e
também outros fatores como ambientais e as alterações da estrutura e químicas cerebrais,
embora a natureza exata do modo de transmissão, ainda não é clara. (SILVA, 2015).
O esquizofrênico apresenta os sintomas fundamentais como o autismo, a ambivalência
afetiva, as alterações da afetividade e os próprios distúrbios das associações. Já os sintomas
acessórios podem não estar presentes em todos os casos e/ou em todos os momentos e são
representados pelos delírios, pelas alucinações e pelos quadros catatônicos, entre outros.
(PEREIRA 2000, pág. 162.)
Quando esquizofrenia diagnosticada em fase mais avançada constitui um problema de
saúde pública a ser enfrentado, especialmente no âmbito dos serviços que compõem a atenção
básica, cabendo aos profissionais propiciar cuidados, também, em saúde mental voltado às
pessoas com esquizofrenia, mesmo que estas estejam sob os cuidados de outros profissionais.
(SILVA, 2019).
38

E mesmo com os avanços advindos com a terapêutica medicamentosa e o novo


paradigma da reabilitação psicossocial que estimula o processo de convívio social da pessoa
com transtorno mental, os profissionais da área da saúde vem demonstrando desconhecimento
ou falta de habilidade em lidar com pacientes diagnosticado com esquizofrenia e seus
familiares. (SILVA 2019). Sendo assim o paciente na reabilitação psicossocial facilita a
oportunidade para esse sujeito, que são prejudicados, invalidados por uma desordem mental-
alcançarem um ótimo nível de funcionamento independente na comunidade. (HIRDES;
KANTORSK, 2004).
É importante conhecer as necessidades dos cuidadores e das famílias e assim traçar
estratégias para a resolução dessas demandas. Visto que para a garantia da assistência integral
e humanizada na rede de saúde mental, conforme é recomendado pela reforma psiquiátrica,
existe a necessidade de suporte financeiro à rede dos serviços comunitários em saúde e
sistematização do processo de trabalho (SILVA et al, 2019).
O papel da família é importante no tratamento do paciente com esquizofrenia, igual
destaca Mello et al., (2019) pois o indivíduo precisa restabelecer o seu contato no convívio
social, visto que o paciente em grande parte do tempo está junto à família. Explica Menezes
(2000) como Uma das principais dimensões do prognostico negativo é o prejuízo no
afastamento social. Onde tem a maior relação com o prognostico do que os sintomas positivos,
e costumam ser mais persistente, como afirma DSM-v (2013).
Para Freud, os sintomas como alucinações e os delírios na paranoia e suas relações com
a defesa situa o delírio de observação, juntamente às alucinações táteis, visuais e auditivas,
como sintomas do retorno do recalcado, isto é, considerando ainda neurose (CALANZA; REIS
2014). Freud ainda vai dizer que o apresenta nos seus sintomas, uma tentativa de cura ou uma
reconstrução da realidade (NOBRE; 2011). Devemos ressaltar que para Freud, a psicose era
vista como uma doença intratável, notável diferença na clínica Lacaniana, que embora partisse
dos estudos de Freud, especificamente, do caso Schreber, afirmou que era possível tratar um
psicótico (GUERRA, 2010).
Lacan parte do estudo sobre o caso Schreber que foi apresentado por Freud, Lacan olha
pra esses sintomas da psicose como um transtorno tratável e ainda afirma que o analista não
deve recuar em nenhum caso de psicose. Lacan então introduz o termo foraclusão, termos esse
que designa a psicose, onde o indivíduo não passou pelo processo de castração. (LACAN,
1998).
39

O esquizofrênico não vai ao médico porque se sente mal. Ele vai ao médico porque os
“outros” o levam e dizem que ele tem algo de errado. Quem denuncia seu sintoma são os
“outros” (Para explicar esse outro minúsculo quer dizer: o seu semelhante, seu pais, seus
cuidadores, seus parentes, seus vizinhos etc.). Os remédios controlam o esquizofrênico, mas
não devolvem afeto e não os tiram dos sintomas negativos. Aliás, o próprio termo sintoma
negativo já soa estranho pois “negativo” é o sintoma que não se mostra. E o remédio pode
ajudar a criar a base para que o psicanalista possa intervir, mas só o remédio também não basta.
(KARLIN, 2014).
A psicanalista Karlin (2014) em seu estudo de caso não interpretava seu paciente, devido
seu paciente estar com o ego muito fragmentado, e outro empasse da técnica psicanalítica com
esse sujeito psicótico é a dificuldade no estabelecimento da transferência desses com o
psicanalista, sabendo o quanto a transferência é indispensável, para o êxito de uma análise.
Alguns autores, também destacam que não é recomendada a técnica da interpretação
para esse paciente esquizofrênico, mas segundo Itiro Shirakawa (2000), ele usa a psicanalise
que tem essas características junto com a psicofarmacologia.
Almasan e Gimenez (2006), afirmam que não existe o tratamento de esquizofrenia e que
todas as intervenções terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades de cada paciente
individual.
Essas terapêuticas podem ser encontradas no Caps – Centro de atenção psicossocial com
proposta assistencial que deve oferecer tratamento que valorize a reinserção social e a melhora
das condições de vida dos usuários, assistidos nesse espaço terapêutico. (MOLL; SAEKI,
2009).
Em relação às terapêuticas na psicanálise alguns autores tais como a Psicanalista Karlin,
em um dos seus estudos de caso mostra que essa terapêutica clinica é diferente pois não é de
interpretar. Para Freud a psicose era algo intratável, diferente de Lacan que mostra que a psicose
é tratável (GUERRA, 2010). Outro ponto que os autores destacam que não é possível a
utilização de transferência, no tratamento dessa psicose, pois o paciente está com ego
fragmentado e por esse motivo não será possível, mas com a psicofarmacologia é possível o
tratamento do paciente, igual cita os autores Karlin, Shirakawa, Almasan e Gimenez.
40

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa se propôs como objetivo geral em Compreender como a psicanálise vem
estudando os sintomas na esquizofrenia e suas terapêuticas como proposta de restabelecer ao
paciente o contato com a realidade para uma vida saudável e de qualidade. Através dos
levantamentos espera-se que os assuntos obtidos nesta pesquisa possam contribuir para a vida
desses pacientes com esse diagnóstico. Como já foi citado o termo esquizofrênico foi criado
por Eugen Bleuler, cujo seus sintomas mais comuns são as alucinações e os delírios, que pode
aparecer no início da adolescência como muitos autores destacam. Os pacientes com esse
transtorno psicótico muitas vezes se isolam do mundo externo e acaba vivendo na sua própria
realidade, e obtendo grandes prejuízos, tais como: tais como distanciamento social, delírio de
perseguição, e muitas vezes cometem até o suicídio, esse sujeito psicótico ele acredita naquilo
que ele está vendo e ouvindo, criando uma situação delirante e se concentra como uma verdade.
A família nesse contexto é muito importante no tratamento do esquizofrênico. Muitas vezes o
paciente esquizofrênico acaba sendo excluído pela família ou por ele mesmo, quando isso
ocorre acaba agravando o quadro clinico do paciente, quando se tem o apoio da família muitas
das vezes o paciente consegue restabelecer seu contato com o convívio social. O paciente com
esquizofrenia sofre muito preconceito e desse modo foi criado o dia da esquizofrenia no Brasil,
esse evento deveria ser mais divulgado, para que as pessoas pudessem se conscientizar e
entender melhor esse quadro, e para preparar tanto o paciente, quanto os familiares que
receberam esse diagnóstico.
No levantamento apresentado podemos perceber que é possível o paciente psicótico
restabelecer seu contato com a realidade e ter uma vida saudável e de qualidade, mas para que
isso ocorra a paciente precisa da farmacologia e da terapêutica proposta pelo CAPS- Centro de
atenção psicossocial, para que ele possa através do acompanhamento interdisciplinar, possa
reduzir os surtos e entender suas alucinações e seus delírios.
Freud, na biografia do caso Schreber, revela que nunca teve qualquer contato com o
paciente, que seu único contato foi por meio de cartas, podemos compreender que nesse caso
para Freud ele parte da histeria, ou seja partiu da neurose para depois ir para psicose, ele
compreende que o caso de delírio de Schreber era uma tentativa de ruptura psíquica na psicose,
feita pelo doente.
A psicose termo que foi tratado pela medicina, foi estuda a partir de Freud, porem ele
não avançou as explicações das psicoses. Foi então através dos desdobramentos da psicanalise,
que Lacan propôs o termo foraclusão, cujo termo é utilizado para designar um mecanismo
41

especifico dessa psicose, onde o sujeito alucina e delira. Essas alucinações e delírios para Lacan
ocorre quando o paciente não passou pela falta e pelo processo da castração, desse modo ocorre
esses delírios.
Na psicanalise trata desse termo psicose para identificar o paciente com transtornos
mentais, igual está no DSM-V. Podemos observa que cada psicanalista trata seu paciente de um
modo diferente, mas todos com o mesmo objeto. Alguns autores dizem que não é possível
trabalhar através de interpretação com fala do paciente psicótico, por muito tempo, até porque
o paciente nesse estado tem a linguagem desorganizada, mas é possível trabalhar junto com a
psicofarmacologia. No exemplo do caso da psicanalista Karlin (2014) ela não interpreta o
paciente, mas usa da associação livre e direciona perguntas, até porque o paciente psicótico está
com ego muito fragmentado.
Outros pontos que devemos destacar é que muitos profissionais de saúde não tem um
preparo para lidar com esse tipo de transtornos, e identificar os tipos de esquizofrenia existente
como, por exemplo: hebrefenica, catatônica, residual, paranoide, e através das terapêuticas, da
psicofarmacologia e dos acompanhamentos o paciente consegue diminuir seus surtos.
Partindo de Freud ele fica somente na neurose, considerando os sintomas da esquizofrenia,
apenas um rompimento com a realidade e que não é possível de tratar e ocorrer a transferência.
Mas, para Lacan, como podemos observar, através do caso Schreber que é possível ter um
tratamento.
Esse paciente, com os cuidados necessários, é possível sim ter uma vida mais saudável
e de qualidade, assim podendo voltar sua rotina normal. A esquizofrenia é considerada um
transtorno que afeta muitas pessoas, porém a farmacologia, auxiliar esse paciente a diminuição
das crises e voltar a restabelecer seu contato com a realidade, junto com as terapêuticas citada
na pesquisa, tendo esse controle das crises desse paciente ele pode ter uma qualidade de vida
melhor, não só para ele, mas para seus familiares também.
42

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