Artigo Científico 3 Dayane
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2 authors, including:
Jáima de Oliveira
Federal University of Minas Gerais
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possibilita a compreensão de toda essa relação. estarão presentes nesse momento. As contri-
Nestes pressupostos, Vygotsky6 deu ênfase, ainda, buições dessas áreas serão para compreender os
ao papel da linguagem na constituição das funções fatores que interferem no processo de aquisição e
mentais superiores. Para ele, a linguagem, além de desenvolvimento dessas habilidades e problema-
ser fundamental na comunicação, fornece suporte tizar questões sobre as concepções de linguagem,
para a organização e a estruturação do conheci- o ensino da Língua Portuguesa, as variações socio-
mento. Novamente, observa-se uma ênfase no linguísticas, os gêneros textuais, usos e funções da
tocante às funções cognitivas. linguagem.
Em relação às contribuições mais específicas Por fim, não se pode esquecer que a Educação
para a Educação, Vygotsky6 indicou, também, uma envolve políticas públicas. Portanto, a compreensão
noção de que o bom ensino é aquele que se adianta dessas políticas será crucial para o entendimento
ao desenvolvimento. A essa noção está vinculado o da dinâmica escolar.
conceito Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
Após, essa breve exposição acerca de conceitos
que se trata da distância entre as habilidades que o
fundamentais nessa atuação, é possível arriscar,
aluno consegue realizar sozinho e aquelas que ele
ainda, a sugestão de uma forma de trabalhar com
só conseguiria fazer com a ajuda de um mediador
todas essas questões. Trata-se de um método
(um indivíduo mais experiente).
adotado em estágio curricular, voltado para a área
Esses pressupostos auxiliaram e, ainda
de Fonoaudiologia Educacional, cuja dinâmica foi
auxiliam, muito, as relações de contextos escolares
descrita em estudo anterior8. Nesse estudo, foram
inclusivos. Nestes conceitos de zonas de desenvol-
destacados pontos importantes dessa atuação8.
vimento está implícita a valorização das interações
Um destes pontos foi a opção pelo uso da metodo-
entre alunos diferentes, desmistificando a ideia
logia da problematização. Essa metodologia se
de homogeneização de turmas7. Nas situações
traduz num modelo de ensino fundamentado numa
de interações heterogêneas, todos se beneficiam,
educação renovada ou progressista9 e tem se
pois, aqueles alunos mais experientes têm que
mostrado como uma alternativa adequada para os
reelaborar, a todo instante, suas contribuições,
quando auxiliam os alunos menos experientes, cursos que tem como foco a prestação de serviços
em tarefas que estes, por sua vez, só conseguem à comunidade.
com a ajuda daqueles. Nessas interações, será Essa metodologia foi consolidada por meio do
considerado outro objeto que, sem dúvida, é o “Método do Arco” de Charles Maguerez, repre-
que mais produz situações-problema, em âmbito sentado por Pereira10. Nesse esquema de arco
educacional: a linguagem. Tanto as alterações de são representadas cinco etapas: observação da
linguagem oral, quanto de linguagem escrita estão realidade; ponto-chave; teorização; hipótese de
presentes, com frequência, no cenário escolar. solução e aplicação à realidade9. Adaptando-se
Sobre isso, novamente, é possível reportar-se às o esquema proposto pelos autores, em relação
influências para a atuação com esse objeto. Tanto a às ações desenvolvidas pela Fonoaudiologia na
Psicologia do Desenvolvimento, como a Linguística escola, poderia ser suposto o seguinte ciclo.
Figura 1 – Sugestão de esquema de atuação do fonoaudiólogo em ambiente escolar, com base nos
passos do processo de ensino-aprendizagem da pedagogia da problematização.
Neste ciclo destaca-se a importância da postura públicas é crucial para o entendimento da dinâmica
profissional do fonoaudiólogo na instituição escolar. escolar.
Essa postura deve transmitir disponibilidade A metodologia da problematização possibilita o
articulada com aspectos de interdisciplinaridade, de conhecimento da instituição escolar e a proposição
acordo com a estrutura e a rotina, encontradas na de intervenções que sejam condizentes com essa
escola. É importante lembrar que essa instituição realidade.
possui uma dinâmica própria e a equipe escolar
Diante disso, o fonoaudiólogo que pretende
deve estar envolvida em qualquer mudança que
atuar em ambiente escolar, de maneira satisfatória,
possa ocorrer nessa dinâmica.
precisa considerar o papel desempenhado pelos
contextos socioculturais, nos quais os indivíduos
CONSIDERAÇÕES FINAIS estão inseridos e operam, adotando pressupostos
não só psicológicos, mas também as contribuições
Observa-se que as influências de conceitos de de outras teorias, a exemplo das sociopolíticas.
outras ciências estão, cada vez mais, presentes
na atuação do fonoaudiólogo. Na área de REFERÊNCIAS
Fonoaudiologia Educacional não é diferente. No
entanto, estudos e pesquisas acerca dessas áreas
tornam-se fundamentais para um exercício profis- 1. CFFa. Conselho Federal de Fonoaudiologia.
sional eficiente e coerente com a realidade institu- Resolução n° 309, de 1º de abril de 2005. Disponível
cional na qual esse profissional pode se deparar. em: www.fonoaudiologia.org.br, acessada em 10
de dezembro de 2009.
Considera-se de fundamental importância, o
conhecimento de pressupostos teóricos relacio- 2. Cavalheiro MTP. Reflexões sobre a relação entre
nados ao processo de aprendizagem escolar, a Fonoaudiologia e a Educação. In: Giroto CRM.
articulados aos de desenvolvimento infantil, para Perspectivas atuais da fonoaudiologia na escola.
essa atuação. No que se refere ao conceito de São Paulo: Plexus Editora. 2001. 11-23.
promoção de saúde, estes também são de extrema 3. Souza EM, Grundy E. Promoção da saúde,
importância para compreender aspectos de saúde epidemiologia social e capital social: inter-relações
da comunidade na qual se está lidando. Além disso, e perspectivas para a saúde pública. Cadernos
a compreensão da Educação e de suas políticas de Saúde Pública. [periódico na internet]. 2004.
[acesso em 13 de setembro de 2006]; 20(5): 8. Aspilicueta P, Oliveira JP, Zaboroski AP. Estágio
1354-60. Disponível em: www.scielo.br. em Fonoaudiologia Educacional: conhecendo e
4. Spinillo AG, Roazzi A. A atuação do psicólogo intervindo na realidade escolar. In: Pietrobon SRG.
na área cognitiva: reflexões e questionamentos. Estágio Supervisionado Curricular na Graduação:
Psicologia: ciência e profissão. [periódico na experiências e perspectivas. Curitiba: CRV Editora.
internet]. 1989. [acesso em 10 de abril de 2010]; 2009. 85-96.
9(3): 20-5. Disponível em: www.scielo.br. 9. Berbel NAN. A problematização e a aprendizagem
5. Piaget J. A equilibração das estruturas cognitivas. baseada em problemas: diferentes termos ou
Rio de Janeiro: Zahar; 1976. diferentes caminhos? Interface – comunicação,
6. Vygotsky LV. A formação social da mente. São saúde e educação. [periódico na internet]. 1998.
Paulo: Martins Fontes. 1991. [acesso em 12 de dezembro de 1998]; 2(2): 139-54.
7. Cruz MRDF. Desmistificando o mito da turma Disponível em: www.scielo.br.
homogênea: caminhos duma sala de aula 10. Pereira ALF. As tendências pedagógicas e a
inclusiva. Revista Educação Especial. [periódico prática educativa nas ciências da saúde. Cadernos
na internet]. 2010. [acesso em 02 de agosto de de Saúde Pública. [periódico na internet]. 2003.
2011]; 23(36): 27-42. Disponível em: www.ufsm.br/ [acesso em 12 de dezembro de 2002]; 19(5):
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