A Liberdade Cristã

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A LIBERDADE CRISTÃ

Texto: 1ª Coríntios 8

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Introdução:

            Paulo, após mostrar a virtude do matrimônio e a


benção de estar solteiro, retoma o tema da liberdade cristã
que iniciara no capítulo 6.12-13; aqui ele retoma este tema
para fincar de vez as bases de uma verdadeira liberdade
cristã.

            E porque o apóstolo procura discorrer sobre tema?


A resposta é simples, ao que parece alguns irmãos da
igreja de Corinto achavam que com essa liberdade
poderiam fazer o que quisessem a ponto de ferir a
consciência alheia! Paulo escreve este texto em tônica de
advertência e orientação para a igreja de seu tempo. O
apóstolo sagrado alerta para os perigos dessa falta de
compreensão. Mostrando-nos que:

I –  O CONHECIMENTO PODE GERAR ORGULHO


ESPIRITUAL (vs. 1-3):

“No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos,


reconhecemos que todos somos senhores do saber. O
saber ensoberbece, mas o amor edifica. 2 Se alguém julga
saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como
convém saber. 3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é
conhecido por ele.  ”

            Aqui Paulo relembra aos seus leitores que todos os


homens tem conhecimento. Na sociedade da época havia a
prática de que os grandes centros de culto pagãos
realizarem sacrifícios com animais, e a carne que sobrava
era vendida no mercado; os membros da igreja tinham
dificuldade em assimilar esta questão, e perguntavam se
era legitimo os crentes comerem carne sacrificada a
ídolos?

            Havia alguns irmãos que diziam que sim, mas


aproveitavam desta liberdade cristã, para ir aos centros de
celebração pagã apenas com a finalidade de pegar estas
carnes; mas ao mesmo tempo em que assim agiam
mostravam insensibilidade para com os irmãos fracos na
fé.

            Esse conhecimento, de saber que podiam comer da


carne sacrificadas aos ídolos, estava gerando crentes
arrogantes, orgulhosos, que faziam as coisas sem amor –
então, Paulo repreende: “O saber ensoberbece, mas o
amor edifica.” no grego “Ἡ γνῶσις “ [He gnosis] significa
conhecimento que deve levar a uma prática, mas neste
caso aqui leva a uma atitude contrária a vida do cristão – o
orgulho. A soberba se dá quando buscamos o
conhecimento pelo conhecimento. Calvino nos lembra
“não admira de eu dizer que maldito, pois, seja o
conhecimento que produz seres arrogantes e insensíveis ao
bem-estar de outras Pessoas”.

            Era precisamente isto que estava ocorrendo em


Coríntios, alguns irmão tinha o conhecimento aguçado da
liberdade cristã, mas estavam esquecendo do irmão mais
fraco na fé. Paulo exorta de forma pastoral dizendo que o
conhecimento pode gerar orgulho, mas é o amor que
edifica.

            O amor edifica: o que isto significa? Que o amor


me leva a preocupar-me com a vida espiritual do meu
irmão. Um conhecimento fora da esfera do amor, gera
orgulho e soberba, a ponto de ferir a consciência alheia.
Quando o temor a Deus e o amor estão ausentes na vida do
homem – o seu conhecimento leva-o a soberba desmedida.

            vs. 2  - “. 2 Se alguém julga saber alguma coisa,


com efeito, não aprendeu ainda como convém saber.”
Paulo enfatiza isso aqui para mostrar-nos que se o nosso
conhecimento nos leva a soberba, na verdade não
aprendemos adequadamente isto porque o amor ficou
ausente de nós.

            Vs 3 – o verdadeiro conhecimento é reflexo do


nosso amor para com Deus, e se amarmos a Deus
certamente amaremos o nosso próximo.

II - O CONHECIMENTO CERTO APLICADO DE


MODO ERRADO (vs.4-6)

4 No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o


ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão
um só Deus.  5 Porque, ainda que há também alguns que
se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há
muitos deuses e muitos senhores,  6 todavia, para nós há
um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para
quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual
são todas as coisas, e nós também, por ele.

            Paulo agora retoma a questão que iniciara este


capítulo revelando que o ídolo em si não nada, é algo
inútil e vão. Paulo havia condenado o conhecimento que é
desdenhoso, aquele que não é temperado com amor; por
isso, aqui ele mostra o argumento dos coríntios que
julgavam-se maduros de mais para lidar com a questão da
comida sacrificada aos ídolos. Paulo concorda com eles,
ao afirmar de fato a nulidade dos ídolos é perceptível. Que
a igreja tem um único Deus que é  soberano sobre todas as
coisas, e que nos criou para sermos dele em nossa
existência. Mas também mostrando-nos que Cristo é
senhor sobre tudo onde tudo é possessão dele – cosmo e
nós mesmos! Ou seja, a idolatria é uma pura perca de
tempo, quer seja no ato de culto, quer seja nas carnes que
são vendidas no mercado.

            È certo que o ídolo é vão assegura Paulo, mas vale-


se disso para ferir a consciência de um irmão, no comer a
carne sacrificada aos ídolos era como que ter o
conhecimento certo, mas colocá-lo, na prática de modo
errado. E Paulo explica isso nos versos  seguintes:

III – OS RESULTADOS NOCIVOS DE UM


CONHECIMENTO NÃO NUTRIDOS PELO AMOR
(vs.7-13):

7 Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque


alguns, por efeito da familiaridade até agora com o ídolo,
ainda comem dessas coisas como a ele sacrificadas; e a
consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se. 8
Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada
perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se
comermos.  9 Vede, porém, que esta vossa liberdade não
venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos. 10
Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à
mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é
fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a
ídolos?  11 E assim, por causa do teu saber, perece o irmão
fraco, pelo qual Cristo morreu.  12 E deste modo, pecando
contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é
contra Cristo que pecais.  13 E, por isso, se a comida serve
de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para
que não venha a escandalizá-lo.

            No verso 7 – Paulo repreende aos que tem


conhecimento dizendo-lhes: olhem nem todos tem esse
conhecimento que você tem. Pois, alguns membros da
igreja nutriam ações supersticiosas referentes aos ídolos.
Um exemplo que podemos ilustrar isso é que no período 
da páscoa [celebrada pelo romanismo] os cristãos se
privam de comer carne vermelha, por mera supertição;
outro exemplo é o comer um bom e saboroso sarapatel,
porque muitos julgam ser pecado.

            Paulo exorta aos crentes que são realmente


maduros na fé a agir com maturidade frente a este
problema. Paulo diz: “não busquem seus próprios
interesses, mas sempre os de seu irmão que é fraco na fé”.
Nas palavras paulinas fica implícito que esta ignorância
dos crentes era compreensiva, uma vez que ninguém lhes
havia partilhado o verdadeiro ensino e conhecimento
nutridos de amor. Pois, privados do verdadeiro
conhecimento que leva à liberdade cristã a mente daqueles
crentes tornara-se fraca, porque os sábios e entendidos se
omitiram de ensinar-lhes, em amor, o verdadeiro ensino.

8 Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada


perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se
comermos.

            Aqui neste verso Paulo mostra-nos que a comida


ou bebida em si mesmas não nos torna mais aceitáveis ou
menos aceitáveis diante de Deus. Nós pensamos deste
modo. Achamos, por exemplo, que apenas uma música
evangélica deve ser tocada em nosso aparelho de som!
Achamos que devemos colocar na santa ceia o suco de
uva, porque o vinho é pecaminoso e não nos recomenda
perante Deus! Que a roupa adequada que nos recomendará
diante de Deus são as mais longas possíveis!

            De maneira clara e cristalina Paulo diz que isso em


si nada é, não são essas coisas que vão ser o termômetro
de nossa espiritualidade cristã. Mas, embora isso não seja
nada Paulo ordena a prudência com a liberdade cristã:

  9 Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de


algum modo, a ser tropeço para os fracos. 10 Porque, se
alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em
templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco
induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? 

            O amor que edifica procurará de forma clara a não


ser um tropeço na vida daqueles que são fracos na fé. O
verso 10 revela que os Coríntios estavam frequentando as
festas dos templos pagãos para comer e beber. Ou seja,
eles estavam, com o seu testemunho de vida, fazendo com
que os fracos na fé ajam de forma contrária a consciência
deles.

11 E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco,


pelo qual Cristo morreu.  12 E deste modo, pecando contra
os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra
Cristo que pecais.  13 E, por isso, se a comida serve de
escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para
que não venha a escandalizá-lo.

            O conhecimento é uma benção. Mas o que me


aproveita ele se, por causa deste mesmo saber,  meu irmão
perecer? Paulo agora exorta aos crentes tidos como
maduros em Corinto a refletirem sobre o conhecimento
que carregam. Ora, se eu sei que não é pecado algum
comer um bom sarapatel, uma galinha cabidela, ou mesmo
tomar vinho, cerveja , mas simplesmente prático estas
coisas, sem instruí os irmãos fracos na fé, estou fazendo
perecer o irmão pelo qual Cristo deu a vida.

            E não somente isso eu estou pecando contra os


irmãos, ferindo-lhes a consciência fraca, é contra Cristo
que estamos pecando. Por isso, Paulo termina de forma
resignada: se alguma coisa que faço leva o meu irmão ao
escândalo, então me privo de fazer aquilo para que não
seja transgressor da lei de Deus.

           

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