Roteiro de Aula - Intensivo I - Direito Civil - Mônica Queiroz - Aula 1

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INTENSIVO I

Mônica Queiroz
Direito Civil
Aula 1

ROTEIRO DE AULA

Tema: Parte Geral

A professora destaca, inicialmente, que a Parte Geral é a parte mais importante do Direito Civil.
Por opção metodológica, a LINDB será trabalhada após o estudo da parte geral.

Direito Objetivo
Conceito: é o complexo de normas regulador das relações com fixação em abstrato.

A professora explica que o Código Civil, por exemplo, é Direito Civil objetivo.
Exemplo: artigo 186 do CC informa que todo aquele que de forma culposa ou dolosa causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, terá praticado um ato ilícito.
A professora ressalta que esta norma traz um conteúdo fixado abstratamente e isso é direito objetivo. Note que, se
um veículo bate no veículo de “A” causando danos ao seu patrimônio, a norma de direito objetivo se convalida em
direito subjetivo.

Direito Subjetivo
Conceito: é a projeção ou a manifestação individual da norma.

Elementos do Direito Subjetivo:


✓ Sujeito.
✓ Objeto.
✓ Relação Jurídica.

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A professora explica que alguns autores chamam esses elementos de trilogia do direito subjetivo.

Obs.: O Código Civil é dividido em Parte Geral e Parte Especial.


A Parte Geral ocupa por volta de 200 artigos. Esta parte é subdividida em 3 livros/segmentos, conforme transcrito
abaixo.
• Sujeito: Livro I (arts. 1º e ss., CC)
• Objeto: Livro II (arts. 79 e ss., CC)
• Relação Jurídica: Livro III (arts. 104 e ss., CC)

SUJEITO
• Conceito: Sujeito é o titular do direito subjetivo.
• São eles: - Pessoa natural
- Pessoa jurídica
- Entes despersonalizados

Pessoa Natural
Conceito: Pessoa natural é o ser humano, independentemente de qualquer adjetivação*.
* sexo, idade, religião, raça...

A professora ressalta que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o direito civil atual caminha no
sentido da despatrimonialização, tanto é que o Código Civil de 2002, em momento algum, denomina o ser humano
como pessoa física, tão somente como pessoa natural.

Atenção: a terminologia “pessoa física” está em decadência. Assim, a professora destaca que, em provas, o aluno
jamais deve chamar o ser humano de “pessoa física”.

➢ Toda pessoa natural possui personalidade jurídica (personalidade civil ou personalidade). As 3


expressões são sinônimas.

- Personalidade Jurídica (Civil)


Conceito: Personalidade é a aptidão genérica reconhecida a toda e qualquer pessoa para que possa titularizar relações
jurídicas e reclamar a proteção dedicada aos direitos da personalidade.

A professora afirma que a personalidade jurídica (ou civil) possui duas funções.
Veja o esquema a seguir:

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titularizar relações jurídicas;

reclamar a proteção destinada aos direitos da personalidade.

Obs.: 1: Titularizar relações jurídicas – Todas as pessoas naturais podem ser titulares de relações jurídicas, pois
possuem personalidade.

Obs.: 2: É em virtude da personalidade que a pessoa pode reclamar a proteção destinada aos direitos da
personalidade.
Não se pode confundir o conceito de “personalidade” com o conceito de “direitos da personalidade”.

Direitos da Personalidade:
Conceito: São os direitos aos nossos atributos fundamentais.
Exemplo: honra, imagem, privacidade, integridade física.

Exemplo: imagine que a TV X comece a exibir a imagem de “A” sem a autorização da pessoa. Neste caso, “A” pode
reclamar a proteção pelo dano moral sofrido e isso ocorre pela existência da personalidade de “A”.

INÍCIO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

TEORIAS:

1) Teoria Natalista: Nascimento + Vida (art. 2º, 1ª met., CC)


A professora ressalta que os autores clássicos são adeptos da teoria natalista (exemplos: Silvio Rodrigues, Caio Mário
da Silva Pereira).

É a teoria adotada pelo Código Civil Brasileiro (art. 2º, 1ª metade).

Por essa teoria, a personalidade da pessoa natural se inicia do nascimento com vida.
✓ O nascimento ocorre com a separação do bebê do ventre materno.

✓ A vida ocorre com a primeira respiração fora do ventre materno.

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Obs.1: Para a Teoria Natalista, são exigidos apenas 2 requisitos: nascer e nascer com vida. Não se exige qualquer outro
requisito.
✓ A professora destaca que não se exige forma humana; não se exige tempo de nascido; não se exige
viabilidade de vida etc.

A lei não exige também registro da pessoa natural, pois ele é meramente declaratório.

Obs.2: Neomorto x Natimorto


Neomorto não se confunde com natimorto.
• O neomorto nasceu, respirou e faleceu.
• Já o natimorto é aquele que nasceu morto (não chegou a respirar fora do ventre materno).
Para os natalistas, o neomorto chegou a adquirir personalidade, enquanto o natimorto não chegou a adquiri-la.

✓ O neomorto é submetido a dois registros: registro de nascimento e registro de óbito.


✓ O natimorto possui apenas um registro, o qual é feito no Livro C Auxiliar (Cartório de Registro Civil).
✓ Os longevos são aqueles que nasceram, respiraram e permaneceram vivos.

Obs.3: Nascituro (art. 2º, 2ª met., CC)


Nascituro é o ser que foi concebido, mas que ainda não nasceu. Ele está protegido desde a concepção.

CC, art. 2º: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro. ”

2) Teoria da Personalidade Condicional


Segundo essa teoria, a personalidade se inicia na concepção, porém está condicionada a um evento futuro, que é o
nascimento com vida.

São adeptos desta teoria: Washington de Barros, Serpa Lopes.

Para Maria Helena Diniz:


Para Maria Helena Diniz, a partir da concepção, há uma personalidade formal. A partir do nascimento com vida, há
uma personalidade material.
• A personalidade formal é afeta aos direitos da personalidade.
• A personalidade material é afeta aos direitos patrimoniais.

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Os autores contemporâneos criticam o art. 2º do CC. Eles criticam a Teoria Natalista e a Teoria da Personalidade
Condicional, mas adotam a Teoria Concepcionista.

3) Teoria Concepcionista: Concepção.


Para essa teoria, a personalidade se inicia na concepção.
Doutrinadores mais modernos são adeptos a esta teoria: Silmara Chinellato, Rubens Limongi, Francisco Amaral, Nelson
Rosenvald, Pablo Stolze, Cristiano Chaves, Flávio Tartuce.

Teoria da Personalidade Condicional x Teoria Concepcionista


A Teoria da Personalidade Condicional condiciona a personalidade ao nascimento com vida. Para os concepcionistas,
ainda que não ocorra o nascimento com vida, o ente já adquiriu personalidade.

Argumentos que fundamentam a Teoria Concepcionista:


• É possível o reconhecimento de paternidade do nascituro (art. 1.609, p.ú, CC1);
Os concepcionistas entendem que, se o próprio código dá direitos ao nascituro, é porque este é dotado de
personalidade.
• O nascituro tem legitimidade para herdar (art. 1.798, CC2).
• É possível a nomeação de curador ao nascituro (art. 1.779, CC3).
Ex.: Uma moça está grávida e, por algum motivo, foi interditada. Neste caso, nomeia-se curador ao nascituro.
• O nascituro pode ser donatário (art. 542, CC4)
Ex.: Em um contrato de doação, o nascituro poderá ser donatário.

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CC, art. 1.609: “(...) Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes.”
2 CC, art. 1.798: “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”
3
CC, art. 1.779: “Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.”
4 CC, art. 542: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.”

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• Lei 8.069/90 (ECA), art. 8º5: defere ao nascituro a garantia de nascer saudável.
• CP: criminaliza o aborto, sendo considerado crime contra a pessoa.
Considera o nascituro uma pessoa, por isso, dotada de personalidade.
• Lei nº 11.804/08, Lei de alimentos gravídicos.
Alimentos destinados ao nascituro.

Jurisprudência:
• STJ: reconhece a proteção aos direitos da personalidade do nascituro (REsp 931.556 – RS), implicando
reparação por dano moral ao nascituro.
• O STJ possui decisões que se inclinam fortemente à terceira teoria (Concepcionista).
A professora destaca que é possível afirmar que o STJ é concepcionista e isso ocorre por conta de várias
decisões em que o STJ reconhece a indenização decorrente de seguro DPVAT em caso de morte de nascituro.
Exemplo: “A” está grávida, sofre um acidente de trânsito e perde o bebê. Neste caso, “A” pode pleitear a
indenização decorrente de seguro DPVAT.

“Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 –
alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão
enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea [...] Por outro ângulo, cumpre frisar que
as teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes
na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002.” (Trecho do voto
do Rel. Min. Luis Felipe Salomão, no REsp nº 1.415.727 – SC, j. 04/09/2014)

Enunciado nº 01, CJF: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos
direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. ”

Obs.: Enunciados têm natureza doutrinária e, apesar de não serem leis, servem como um guia para solucionar
questões obscuras/omissas/contraditórias da lei.

➢ O STJ e os autores contemporâneos são concepcionistas.

5 ECA, art. 8º: “É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)”

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FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

MORTE
CC, art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos
em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. ”

A morte põe fim à existência da pessoa natural.

Questão: A personalidade termina com a morte. Entretanto, os direitos da personalidade também terminam com a
morte?
Não. Os direitos da personalidade se projetam para além da morte da pessoa.
O STJ trouxe uma decisão importante em 2019 em um caso em que a pessoa, em vida, manifestou o desejo de ser
congelado após a morte. A pessoa morreu, foi congelada e permaneceu nesse estado por 7 anos. Depois desse
período, as filhas do morto desejaram enterrar o pai, mas o STJ decidiu que, como era desejo do morto ser assim
preservado, ele deveria assim permanecer, pois se trata de direito de personalidade post mortem.
• REsp 1.693.718-RJ – O STJ reconhece a manutenção de procedimento de criogenia ou criopreservação.

ESPÉCIES DE MORTE:

A) Morte Real
Conceito: É aquela em que há um corpo cujas funções vitais cessaram.
Neste caso, como há um corpo, é possível fazer o registro do óbito e conseguir a respectiva certidão.

B) Morte Civil/Fictícia
A morte civil significa tratar uma pessoa que está viva como se morta estivesse. Assim sendo, como esse tratamento
ofende a dignidade da pessoa humana, não é possível aceitar a morte civil ou fictícia no ordenamento jurídico
brasileiro.

A professora ressalta que há resquícios da morte fictícia em nosso ordenamento jurídico em dois institutos do direito
sucessório:
1) Na exclusão do herdeiro por indignidade; e
2) Deserdação.
Nestes casos a pessoa é afastada da sucessão, ou seja, apesar de ela estar viva, ela é tratada como se estivesse morta.

C) Morte Presumida
Conceito: Não há um corpo; não há prova da materialidade (é o inverso da morte real).

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Obs.: Para fins de doação de órgãos, considera-se quando há a cessação da função encefálica - Lei 9.434/97.
✓ A função encefálica é mais ampla do que a função cerebral.

C) Morte Presumida
Morte presumida é o oposto da morte real, ou seja, é aquela em que não há um corpo (não há prova da materialidade).

Há previsão de morte presumida em duas leis brasileiras:


Lei Especial: Lei nº 9.140/95
Para esta Lei, presume-se a morte da pessoa que tenha participado de atividade política durante o período da Ditadura
Militar.
Código Civil: - Art. 7º, CC
- Ausência (arts. 22/39)
Obs.: A professora destaca que o CC traz duas situações distintas de morte presumida: art. 7º e procedimento de
ausência e uma não possui relação com a outra.

CC, art. 7º: “Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
✓ Exemplos: casos trágicos (acidente de avião, náufrago, rompimento da barragem de Brumadinho, caso Eliza
Samudio).
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da
guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.”

A professora ressalta que, nos casos citados no art. 7º do CC, não é necessário abrir procedimento de ausência.
Entretanto, é necessário ser preenchido o requisito do parágrafo único, ou seja, devem ser esgotadas todas as buscas
e averiguações.
✓ Na sentença, o juiz deve fixar a data provável da morte da pessoa.

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Ausência (arts. 22/39, CC)

Hipóteses que autorizam a abertura do procedimento da Ausência:


1ª) Art. 22, CC: “Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado
ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. ”
➢ Ocorre quando a pessoa desaparece de seu domicílio.
Exemplo: Pessoa que foi comprar cigarro e nunca mais retornou.

2ª) Art. 23, CC: “Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que
não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. ”
➢ A pessoa desparece de seu domicílio, mas deixa um mandatário/procurador para gerir a sua vida. Neste caso,
ou o mandatário não quer continuar a gestão da vida do desaparecido ou os poderes a ele outorgados são insuficientes
para gerir os negócios do desaparecido.

Procedimento de Ausência
1ª Fase
✓ Declaração de ausência (Art. 22 e 23 do CC) – 1º ato.
A professora observa que pessoa interessada ou o próprio Ministério Público poderá pedir a declaração de
ausência (a qual não possui prazo). Após declarada a ausência, o juiz verificará se a pessoa ausente deixou
bens.
O juiz, para abrir o procedimento de ausência, precisa ser provocado.

✓ Arrecadação dos bens – 2º ato.


Se forem deixados bens, o juiz nomeará curador.

✓ Nomeação de curador (art. 25, CC)


O curador se presta a administrar os bens do ausente. O art. 25 denomina quem será o curador.

Quem pode ser nomeado como curador?


✓ Cônjuge (desde que não esteja separado de direito).
Obs.1: O cônjuge que tenha se separado de fato do ausente por mais de 2 anos e, neste período, não tenha
realizado a separação de modo formal, não pode ser nomeado como curador.
Obs.2: O companheiro ou a companheira podem ser nomeados como curadores – Enunciado 97 do CJF.

✓ Pais/Descendentes (nessa ordem)

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✓ Terceiro (art. 25, CC)

CC, art. 25: “O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos
antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não
havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
(Obs.: A lei é clara ao mencionar os pais e não os “ascendentes”. Além disso, mencionou os descendentes e não os
“filhos”).
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.”

Enunciado nº 97, CJF: “No que tange à tutela especial da família, as regras do Código Civil que se referem apenas ao
cônjuge devem ser estendidas à situação jurídica que envolve o companheiro, como, por exemplo, na hipótese de
nomeação de curador dos bens do ausente (art. 25 do Código Civil). ”

✓ Como o código não menciona o companheiro (união estável), o Enunciado acima garante este poderá ser
nomeado como curador.

2ª Fase
Sucessão Provisória (art. 26, CC)
✓ Prazo: 01 ou 03 anos a contar da arrecadação dos bens
Aguardar 1 ou 3 anos a depender da hipótese que abriu a declaração de ausência. 1 ano para a hipótese do
art. 22 do CC e 3 anos para a hipótese do art.23 do CC.

A professora ressalta que a parte interessada deve comunicar ao juízo para que se dê prosseguimento à segunda fase
e se concretize a partilha dos bens (art. 27, CC6). Deste modo, os herdeiros se imitirão na posse.

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CC, art. 27: “Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem
sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.”

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✓ Efeitos: partilha dos bens e imissão na posse.

Obs.: Para alguns autores (ex.: Professor Flávio Tartuce), o art. 26 do CC foi revogado tacitamente pelo art. 745,
parágrafo 1º do CPC.

CC, art. 745: “Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mu ndial de computadores, no sítio do
tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1
(um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 (um) ano, reproduzida de 2
(dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens.
§1º Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória, observando-
se o disposto em lei.”

3ª Fase
Sucessão Definitiva (art. 37, CC)

Prazo: 10 anos após a sucessão provisória.


Efeitos: A propriedade é dada aos herdeiros e haverá a declaração de morte presumida.

CC, art. 37: “Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória,
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.”

O art. 38 do CC trata de ação autônoma e estabelece que, preenchidos os requisitos, se o ausente possuir 80 anos de
idade e estiver há 5 anos desaparecido, o juiz realizará a sucessão definitiva (ou seja, pulará para a última fase).

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CC, art. 38: “Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade,
e que de cinco datam as últimas notícias dele.”

CC, art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos
em que a lei autoriza (arts. 37 e 38 do CC) a abertura de sucessão definitiva”.

Questão: A declaração de morte presumida no procedimento da ausência ocorre no momento da sucessão provisória?
Errado. Ela ocorre no momento da sucessão definitiva.

Reaparecimento do ausente:

➢ Se reaparecer até a sucessão definitiva: o ausente receberá os bens de volta;


Neste caso, os herdeiros se imitem na posse, contudo, não estão autorizados a vender os bens.

➢ Se reaparecer dentro de 10 anos após a sucessão definitiva: receberá os bens no estado em que se encontrem,
inclusive, os sub-rogados em seu lugar (art. 39, CC7).
Ex.: O herdeiro “A” vendeu o apartamento herdado no valor de R$ 500 mil e comprou outro apartamento de
mesmo valor. Este novo apartamento (bem sub-rogado) deverá ser entregue ao ausente que retornou.

➢ Se reaparecer depois dos 10 anos do art. 39 do CC: não terá direito a nada.
Posicionamento doutrinário, pois a lei é silente.

Comoriência (art. 8º, CC)


Conceito: A comoriência ocorre quando há uma presunção de simultaneidade de mortes entre duas ou mais pessoas,
desde que herdeiras ou beneficiárias entre si.
✓ Presunção relativa (iuris tantum);
Trata-se de presunção que admite prova em sentido contrário.

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CC, art. 39: “Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-
rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados
depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover
a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.”

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Obs.: a presunção relativa é o oposto da presunção absoluta (iure et de iure), sendo que esta não admite prova
em contrário.

✓ Mortes simultâneas;
Presume-se que as pessoas faleceram no mesmo momento.

✓ Herdeiras ou beneficiárias entre si.

Exemplos: pais e filhos, marido e mulher.

Exemplo 1: Marido e mulher falecem simultaneamente em decorrência de um acidente. Ambos não deixaram
ascendentes e descendentes, somente irmãos. Foram tentadas todas as formas em direito admitidas para que se
descobrisse quem faleceu primeiro e não foi possível fazer tal constatação. Neste caso, há comoriência. Não há
sucessão entre os falecidos. Os irmãos dos falecidos herdarão os bens deixados.

Exemplo 2: Mulher (sem ascendentes e descendentes, somente irmãos) falece 5 minutos antes do marido (sem
ascendentes e descendentes, somente irmãos). Haverá sucessão da mulher ao marido. Após, haverá sucessão do
marido aos seus irmãos. Os irmãos da mulher nada herdarão.

Uma situação interessante:


Exemplo: Pai que mora em São Paulo e é atropelado na Av. Paulista às 8h. O filho que mora no Rio de Janeiro morre
ao pular de asa delta também às 8h. Há comoriência?
Sim, pois não é necessário que seja no mesmo acidente, tão pouco na mesma cidade, mas tão somente no mesmo
momento, conforme o art. 8º do CC.

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Comoriência

CC, art. 8º: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. ” (Grifamos)

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