Apostila Fertilidade Do Solo
Apostila Fertilidade Do Solo
Apostila Fertilidade Do Solo
FERTILIDADE DO SOLO
Organizadores
Pombal, 2020
1
SUMÁRIO
2
UNIDADE 5: MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO...............................................53
5.1 Aspectos gerais...........................................................................................53
5.2 Compartimentos da matéria orgânica do solo.............................................54
5.3 Funções da matéria orgânica......................................................................57
5.4 Decomposição da matéria orgânica ...........................................................61
3
9.4 Fertilizantes orgânicos ..............................................................................130
UNIDADE 10: SOLOS AFETADOS PELO EXCESSO DE SAIS E
SÓDIO.............................................................................................................132
10.1 Aspectos gerais.......................................................................................132
10.2 Recuperação de solos afetados pela salinidade ...................................135
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................145
4
1. IMPORTÂNCIA DA FERTILIDADE DO SOLO
1.2 Breve histórico da Fertilidade do Solo
1
verdade, estes solos poderiam continuar produzindo satisfatoriamente se
fossem aplicadas técnicas simples como a rotação de cultura, para
enriquecimento do solo com matéria orgânica e atender uma das importantes
leis da fertilidade do solo, ou seja, a "Lei da Restituição", começando pela
análise de solo seguido das recomendações necessárias.
Estima-se que apenas 1,33% da superfície da Terra seja agricultável,
admitindo-se que 75% compreendem os oceanos e 23,67% seja ocupada por
rios, lagos, desertos, florestas muito acidentadas e geleiras. Portanto, resta um
resíduo da superfície do planeta para se produzir alimentos, fibras e diversos
tipos de matéria-prima. Dos solos que constituem este resíduo, poucos são
naturalmente férteis, a exemplo da Terra Preta de Índio na Amazônia.
No Brasil cerva de 63% da área de solos é afetada por acidez elevada e
Al e 25% destas áreas apresentam elevada fixação de P (NOVAIS et al.,
2007). Muitos solos mesmo sendo férteis não necessariamente são produtivos,
pois podem apresentar impedimentos físicos como elevada pedregosidade,
baixa profundidade, elevada compactação ou apresentarem impedimentos
químicos como elevada salinidade, excesso de sódio, excesso de alumínio, ou
outros elementos considerados tóxicos para as plantas ou estarem localizados
em área sob baixa precipitação pluviométrica. Por outro lado, há muitos solos
que apresentam baixa fertilidade natural, mas possuem atributos físicos
favoráveis ao desenvolvimento das plantas e, portanto, podem vir a se tornar
produtivos desde que sejam adotadas a prática da adubação e a da calagem.
2
matéria orgânica e assim aumentando o movimento de água no perfil do solo.
O relevo é outro fator fundamental neste processo, já que pode aumentar ou
diminuir o processo lavagem e, ou perdas de solo.
Fertilidade
do solo
Exaustão
Erosão e ou
Lixiviação desequilíbrio
3
adubação, é a prática da rotação de culturas, já que as culturas diferentes têm
exigências nutricionais diferentes, promovendo um maior equilíbrio de
nutrientes no solo. Ressalta-se que a suscetibilidade do solo ao processo de
exaustão está também relacionado como os fatores de formação do solo, pois
o grau de intemperização do solo é influencia diretamente na disponibilidade de
nutrientes.
Além das plantas, o processo de erosão é um dos grandes responsáveis
pela perda de fertilidade do solo. O tipo de erosão mais importante depende
das condições climáticas da região. Sob região semiárida, em especial sob
Bioma Caatinga, devido a pouca profundidade da maior parte dos solos, ocorre
mais intensamente a erosão laminar proporcionada pelo ventos e pelas águas
das chuvas. Esse processo remove a camada de solo mais rica em minerais
com maior superfície de adsorção de nutrientes e também a matéria orgânica
do solo, além das sementes. Para nutrientes móveis no solo como o potássio,
cálcio, magnésio, enxofre e nitrogênio, a perda das superfícies de adoção
(argila e matéria orgânica coloidal) representam perdas destes nutrientes por
lixiviação. Contudo, nutrientes de baixa mobilidade no solo como o fósforo,
também pode ser perdido pelo processo erosivo, sem haver necessariamente
lixiviação, pois este será transportado juntamente com o solo removido como
sedimentos.
Desequilíbrios químicos no solo também podem contribui com sua
degradação mais rapidamente. Um das formas mais graves de desequilíbrio
químico no solo é o processo de salinização e sodificação. A salinização dos
solos é um dos principais problemas relacionados com a perda de
produtividade das culturas. Estima-se que os prejuízos anuais no mundo inteiro
na produção agrícola, devido a salinidade, cheguem a cerca de 12 bilhões de
doares (QADIR et al., 2007). Além disso, a salinidade proporciona efeitos
ambientais e sociais negativos devido ao abandono das áreas afetadas e
abertura de novas áreas para a exploração agrícola.
Quando se deseja tomar medidas para solucionar problemas
relacionados com a fertilidade do solo, o ponto de partida é o diagnóstico
(Figura 2), o qual pode ser feito através da análise do solo, sendo esta
envolvendo metodologias tradicionais ou mais sofisticadas, dependo dos
objetivos e metas dimensionados. As amostras obtidas na propriedade pode m
4
ser ou não georeferenciadas. Caso sejam, pode-se elaborar mapas de
fertilidade, com o qual é possível o manejo mais apropriado como práticas de
calagem, adubação mineral e, ou orgânica em taxas variáveis, ou seja, doses
diferentes para situações diferentes. Da mesma forma, adota-se para os
problemas com excesso de sais e de sódio. Para se verificar o efeito das
medidas adotadas, é necessário fazer o acompanhamento por meio de novas
amostragens de solo e posterior análises (Figura 2).
Acompanhamento
Solo Produtivo – é aquele que, sendo fértil, se encontra localizados numa zona
climática capaz de proporcionar suficiente umidade, luz, calor, etc, para bom
desenvolvimento das plantas nele cultivadas.
Desta forma, apenas os atributos químicos do solo favoráveis ao crescimento e
desenvolvimento das plantas não garante produtividades adequadas. Os
atributos físicos como densidade do solo, profundidade, relevo, capacidade de
infiltração de água podem ser limitantes à produção das culturas.
Deve-se ter em mente que a produção de uma cultura não depende
apenas do solo, mas de uma série de fatores tais como:
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Sementes
Umidade
Temperatura
Luminosidade
Época de plantio
Tratos culturais
Rotação de culturas
Cobertura viva ou morta
Manejo integrado de pragas e doenças
Densidade de plantio
Adubação equilibrada
Etc, etc, etc
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reservatório de matéria orgânica do solo e comprometimento de sua atividade
biológica. Além das perdas de nutrientes na biomassa cortada e queimada,
ocorrem transformações significativas nos estoques de matéria orgânica e
nutrientes do solo, com tendência de rápida diminuição dos reservatórios de
nutrientes associados à matéria orgânica nos meses imediatamente
subsequentes à queima (FRAGA; SALCEDO, 2004).
Nesse contexto, há necessidade urgente da implantação de medidas
que possam reverter este cenário, tendo em vista que o processo de
desertificação da Caatinga tem implicações não apenas ambientais, mas
também socioeconômicas, uma vez que a população local é fortemente
dependente dos recursos naturais desse bioma. Uma das formas de se reverter
esse processo é o reflorestamento com espécies nativas.
A maior parte da vegetação de Caatinga encontra-se sob LUVISSOLOS
(BRASIL, 1972). Estes solos são caracterizados por apresentar geralmente
elevados teores trocáveis de cálcio, magnésio e potássio, mas apresentam
sérias limitações quanto aos teores de matéria orgânica, nitrogênio, enxofre,
fósforo, boro e micronutrientes catiônicos (EMBRAPA, 2006). Estas limitações
são intensificadas principalmente sob processo de degradação devido a
retirada da vegetal, o que leva a perdas por erosão (ANDRADE, 2013). Devido
à baixa profundidade e elevada pedregosidade destes solos, as áreas sob
LUVISSOLOS geralmente não são utilizadas para o cultivo agrícola, sendo
normalmente utilizadas com pastagem natural. Contudo, devido a aceleração
da degradação pelo pisoteio de animais, a revegetação com espécies nativas é
a melhor indicação para estes solos.
No que se refere ao diagnóstico da fertilidade do solo no semiárido, as
informações disponíveis ainda são incipientes, não obstante algumas
pesquisas já foram realizadas por pesquisadores espalhados em diversas
universidades do Nordeste com a UFPE, UFC, UFPB, UEPB, UFCG dentre
outras.
No trabalho realizado por Silveira et al. (2006) com 10 classes de solos
representativos do Estado da Paraíba e do Pernambuco, os autores,
observaram que o pH do solo variou de 5,1 (Neossolo Quartzarênico) a 6,2
(Neossolo Flúvico). Os teores de matéria orgânica ficaram na faia de 4,8 g/kg
(Neossolo Quartzarênico) a 18,6 g/kg (Neossolo Flúvico). Os teores de P-
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Mehlic apresentaram ampla variação entre os solos, sendo encontrado teores
de 1,0 mg kg-1 em Cambissolo, Planossolo e Neossolo Regolítico até 202 no
Neossolo Flúvico. Em geral, neste trabalho ficou demonstrado que a maioria
destes solos apresentam grande limitação de matéria orgânica e fósforo,
inclusive quando se considera os teores totais deste nutriente no solo.
Outro trabalho relevante foi realizado por Brito (2010) num trabalho de
monografia realizado no Centro de Saúde e Tecnologia Rural da UFCG
(Campus de Patos). A autora avaliou a fertilidade do solo de 645 amostras
distribuídas nos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do
Norte. Parte destes resultados são apresentados na Figura 3. Assim como
observado por Silveira et al. (2006), Brito (2010) observou que mais de 90%
das amostras apresentavam teores baixos de matéria orgânica, 47% com
teores baixos de fósforo. Por outro lado, os teores de potássio, na maioria das
amostras encontravam-se de médio a altos, assim como a saturação por
bases.
100 92 50 POTÁSSIO
M.O 40,62
Frequência (%)
38,6
Frequência (%)
80 40
60 30
40 20
20 10
0 0
<15 15- 25 0 a 45 46 a 90 91 a 180 > 180
g MO kg-1 mg K dm-3
50 47 60
50
Frequência (%)
Frequência (%)
40 FÓSFORO V%
40
30
30
20 20
10 10
0 0
0 a 10 11 a 30 > 30 20,1 a 44 44,1 a 60 60,1 a 80 > 80
8
2: LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO
2.1 Lei da Restituição
Os nutrientes do solo são perdidos naturalmente pela retirada e
exportação pela parte colhida da planta, de modo que os teores desses
elementos tendem a diminuir a cada safra. Além do carreio de nutriente pelas
plantas, os processos erosivos e de compactação do solo contribuem para o
depauperamento da fertilidade. Na tabela 1, pode-se observar as quantidades
de nutrientes que são exportados pela cultura da soja em kg/ha, para cada
produtividade atingida.
9
2.2 Lei do Mínimo ou de Liebig
A otimização da produtividade das culturas só será possível com
adequada disponibilidade de todos os macros e micro nutrientes do solo. Caso
contrário, a produção será invariavelmente limitada pelo elemento essencial
que se encontra em menor disponibilidade no solo.
A Lei do Mínimo, também conhecida como lei de Liebig, foi enunciada
em 1862. Relaciona o crescimento vegetal com a quantidade do elemento
existente no solo. Segundo ela, o crescimento de uma planta está limitado por
aquele nutriente que se encontra em menor proporção no solo, em relação à
necessidade das plantas.
Do ponto de vista prático a aplicabilidade dessa lei é complexa, porque
em condições normais de campo, muitas vezes são vários os nutrientes ou
fatores que limitam a produção, além da ação de suas interações.
Em sistemas altamente produtivos, o conhecimento da Lei do Mínimo ou
de Liebig é determinante para o sucesso do empreendimento.
Essa lei tem sido também ilustrada, tradicionalmente, por um barril,
tendo algumas tábuas com diferentes alturas, sendo a tábua com a menor
altura a que representa o elemento mais limitante. O aumento dessa tábua
permitirá aumentar o nível de líquido no barril até o limite de outra tábua, agora
a de menor altura. No exemplo da Figura 4, se a deficiência de Mg for corrida,
o fator mais limitante passará a ser o N.
10
Figura 4. Representação esquemática da Lei do Mínimo. Fonte: Lopes (1998).
11
A Lei dos Incrementos Decrescentes afirma que à medida que se
enriquece o solo por meio da adubação, não são observados ganhos
proporcionais e correspondestes aos incrementos de nutrientes minerais
fornecidos pelos fertilizantes. Na prática o que se observa são elevadas
respostas inicias das culturas ao fornecimento de nutrientes, porém, havendo,
a partir de determinado ponto, ganhos em produção decrescentes com os
incrementos dos fertilizantes (Figura 5).
400
Aumento de produção (kg/ha)
300 0
48 22
200
98
100
144
0
0 10 20 30 40 50 60
Dose de N (kg/ha)
12
2.4 Lei do Máximo: Qualquer fator de produção, quando em excesso, tende a
não aumentá-la ou mesmo a diminuí-la. No caso dos nutrientes, o decréscimo
da produção pode ser provocado pelo efeito tóxico do elemento ou pelos
desbalanceamentos entre os nutrientes (Figura 6).
60
Produção de tomate (t/ha)
50
40
30
y = -0,001x2 + 0,3629x + 22,81
20
10
0
0 100 200 300
Doses de N (kg/ha)
EXERCÍCIOS
1) Explique como o uso racional de fertilizantes pode contribuir com a
conservação dos recursos naturais.
13
5) Elabore um gráfico ilustrando a Lei dos Incrementos não Proporcionais e
explique sucintamente como ela se relaciona com o uso racional de
fertilizantes na Agricultura.
3: AS FASES DO SOLO
25%
45%
25%
Fase gasosa
5%
Fase sólida orgâmica
14
3.1 Fase sólida: Composição e características
15
Solo
Areia Silte Argila
Minerais em
Minerais
transformação secundários
Minerais 1:1
Minerais 2:1
Óxidos de Fe
Óxidos de Al
16
A transformação de minerais 2:1 em 1:1 também depende das
condições locais de drenagem e da razão remoção/acumulação dos produtos
de decomposição, podendo ocorrer reversão desse processo em locais de
acúmulo, como depressões e áreas mal drenadas.
No final do intemperismo ocorrem condições favoráveis à transformação
das argilas 1:1 em hidróxidos de alumínio (gibbsita). Solos em estágio de
intemperismo avançado são predominantemente oxídicos, como alguns
Latossolos, nos quais se verifica uma concentração relativamente elevada dos
óxidos de ferro e alumínio devido à remoção dos demais elementos pelo
intemperismo. Certas condições de intemperismo podem levar os minerais
primários diretamente ao último estágio de intemperismo, a gibbsita. Isto se
verifica em condições de lixiviação elevadas, como no caso de regiões
tropicais.
A argila é a fração mais importante do solo em termos reatividade e
interações com os demais constituintes sólidos devido à sua elevada superfície
específica. Suas propriedades físicas e químicas, como a retenção de
umidade, capacidade de troca iônica e as propriedades como a friabilidade,
plasticidade e pegajosidade são derivadas de sua natureza coloidal.
Superfície específica
17
orgânica etc.) e é, usualmente, expressa em metros quadrados por grama (m2
g-1), podendo inferir no grau de reatividade do solo. Deve-se, esperar grandes
variações entre solos quanto às suas superfícies específicas.
Entre os fatores responsáveis por essas variações, encontram-se:
Textura ou granulometria;
Tipos de minerais de argila;
Teor de matéria orgânica.
3.2.1 Importância
18
a) Cargas permanentes:
19
b.1) Superfície de óxidos de Fe e Al
3H+ 3OH-
OH2+ OH OH-
Al Al Al
Al Al Al
OH2+ OH-
OH
Carga 3+ Carga 0 Carga 3-
20
O O
R C OH + OH- R C O- + HOH
Grupos carboxílicos
R OH + OH- R O- + HOH
Grupos fenólicos
21
Tabela 4. Capacidade de troca de cátions de alguns minerais do solo em
comparação com a matéria orgânica.
Reversível: Os íons da CTC podem ser trocados por outros da solução do solo
obedecendo o princípio estequiométrico.
22
3.2.3 Índices associados com a CTC do solo
2+ 2+ + + + +3
CTC = Ca + Mg + K + Na + H + Al
CTC = T = CTC potencial ou CTC a pH 7,0
2+ 2+ + + +3
t = CTC efetiva = Ca + Mg + K + Na + Al
2+ 2+ + +
SB= Soma de Bases: Ca + Mg + K + Na
V% = saturação por bases
V% = (SB/CTC) x 100
m% = saturação por Al
m% = (Al/t) x 100
K% = (K/t) x 100
PST = Percentagem de sódio trocável (Na/CTC) x 100
Exemplo de aplicação
Suponha a seguinte análise de solo
pHCaCl2 = 4,5
-3
-3 CTC = 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 + 4,0 = 5,49 cmolc dm
P = 2,6 mg dm
+ -3
-3
Na = 0,04 cmolc dm H = (H + Al) – Al = 4,0 -1,0 = 3,0 cmolc dm
+ -3
K = 0,05 cmolc dm
-3
2+ -3 t= 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 + 1,0 = 2,49 cmolc dm
Ca = 1,2 cmolc dm
2+ -3
Mg = 0,2 cmolc dm -3
SB= 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 = 1,49 cmolc dm
-3
H + Al = 4,0 cmolc dm
V% = (1,49/5,49) x 100 =27,1%
3+ -3
Al = 1,0 cmolc dm
23
K% = (0,05/2,49) x 100 =2,0%
PST% = (0,04/5,49) x 100 =0,7%
24
Tabela 6. Concentração de alguns íons na solução do solo de um Latossolo
Vermelho distrófico típico do Estado do Rio Grande do Sul.
Íons Concentração (mmolL-1)
Ca2+ 70
Mg2+ 47
K+ 96
Na 14
NH4+ 71
Al3+ 15
NO3- 464
SO4 2- 12
H2PO4 16
Zn2+ 6
Cu2+ 2
AsO4-2 -
Ni2+ -
Cd2+ -
Pb2+ -
Substâncias orgânicas -
Fonte: Meurer (2006)
A composição do solo depende de uma série de fatores, dentre os mais
importantes, estão:
Material de origem;
Adição de produtos;
pH;
Disponibilidade de O2.
Quase todas as reações químicas que ocorrem no solo são mediadas ou
ocorrem em sua solução, dentre as quais se podem destacar as reações de
hidrólise, oxirredução e complexação. Assim, para o adequado manejo da
fertilidade do solo, se torna de suma importância a compreensão fase liquida
do solo, como se dá o transporte de nutrientes na solução até a planta, além da
inferência da solubilidade de nutrientes nesta fase do solo (Figura 12).
25
Figura. Interação da fase líquida (solução) com as demais fases do solo.
Fonte: NOVAIS et al. (2007)
27
Tabela 8. Compostos envolvidos nos processos de redução do solo, como
consequência da diminuição da concentração de O2.
28
processos responsáveis pelo transporte de nutrientes até as raízes, são eles:
interceptação radicular, fluxo de massa e difusão (Figura 13).
A interceptação radicular ocorre na medida em que as raízes crescem
e entram em contato com os nutrientes dissolvidos na solução do solo. No
entanto, esse processo contribui com uma pequena parcela dos nutrientes
absorvidos pelas plantas (0,2 a 4%). Além disso, o nutriente para ser absorvido
deve necessariamente estar dissolvido na solução do solo.
O fluxo de massa, por sua vez, é o processo de transporte que contribui
com a maioria dos elementos essências absorvidos. O nutriente chega até as
raízes sendo carreado pelo fluxo em massa das moléculas da solução do solo,
que obedecem a um gradiente de potencial hídrico gerado pela transpiração
das plantas. Além disso, o fluxo de massa ocorre de forma bastante rápida e
quantidade de nutrientes absorvidos é proporcional ao volume de água que
chega até as raízes. Isso implica que para a adequada nutrição das plantas, o
teor de água no solo deve estar adequado.
Vale salientar que para o transporte de elementos pouco moveis no solo,
como P e K, o fluxo de massa contribui muito pouco ou quase nada.
Normalmente esses nutrientes são transportados em quantidades adequadas
pele terceiro processo, a difusão.
A difusão de nutrientes no solo ocorre como resultada do gradiente de
concentração gerado entre as raízes e solução do solo. Esse processo é
demasiadamente lento e normalmente ocorre a pequenas distancias (< 10
mm). Isso implica que para satisfazer as quantidades ideais de elementos
pouco moveis e que dependem desse processo para chegar até as raízes, os
fertilizantes devem ser aplicados próximos ao sistema radicular das plantas.
A difusão obedece a Lei de Fick (1855), que pode ser expressa na
seguinte equação:
D = Di x (dc/dx)
Onde:
D = taxa de difusão (mol cm -2 s -1);
Di = coeficiente de difusão (cm2 s -1);
dc/dx = gradiente de concentração (mol cm-3 água cm-1).
29
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão
(2) H2 O
M M
H2O
K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ K+ M
Solução
(3)
K+ K+ K+ K+ K+ do solo
Figura 13. Mecanismos de conato íon –raiz. Fonte: Adaptado de Malavolta et
Clóide do solo
al. (1997).
K fixado
Colóide do solo EXERCÍCIOS
Fracamente disponível
A. Questões sobre a composição do solo
1.Sobre a composição do solo é correto afirmar que:
30
b) Elevada superfície específica
c) Alta capacidade de retenção de ânions
d) Ao seu formato cilíndrico
a) Superfície específica
b) Teor de argila
c) Tipo de argila
d) Teor de matéria orgânica
e) Presença de minerais secundários
31
e) Aumenta a lixiviação de ânions
32
a) 1,95 cmolc/dm3
b) 19,5 cmolc/dm3
c) 3,95 cmolc/dm3
d) 2,95 cmolc/dm3
a) 69,5 cmolc/dm3
b) 6,95 cmolc/dm3
c) 9,55 cmolc/dm3
d) 7,95 cmolc/dm3
a) 41,3% e 28,1%
b) 28,1% e 33,9%
c) 61,5% e 28,1%
d) Nenhuma das alternativas acima
a) 40,7% e 13,6%
b) 20,5% e 61,5%
c) 5,8% e 17,3%
d) 17,3% e 5,8%
5. Caso a referida análise tivesse sido realizada em amostras de solo nunca
cultivado, o solo poderia ser considerado: *
a) Eutrófico
b) Distrófico
c) Alta fertilidade natural
Nenhuma das alternativas anteriores
a) Está em excesso
b) Não provocaria problemas físicos ao solo
33
c) A PST é maior que 15%.
d) Há possibilidade de adensamento do solo.
a) 2,95 cmolc/dm3
b) 1,95 cmolc/dm3
c) 3,95 cmolc/dm3
d) 6,95 cmolc/dm3
8. Sabendo que a CTC do solo é 8,2 cmolc/dm3, o valor da soma H+Al será:
a) 4,25 cmolc/dm3
b) 6,25 cmolc/dm3
c) 1,95 cmolc/dm3
d) 2,95 cmolc/dm3
a) 2,37%
b) 23,8%
c) 25,8%
d) 0,24%
10. Se a saturação por alumínio do referido solo (QUESTÃO II) for de 30%, o
teor de Al trocável será de:
a) 2,78 cmolc/dm3
b) 0,84 cmolc/dm3
c) 0,59 cmolc/dm3
d) 1,0 cmolc/dm3
34
UNIDADE 4: ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM
Intemperismo
Ca2+ + Lixiviação
Lixiviação
K+ H Na+ H+ Al3+ H+
H+ Mg+2 H+ H+ Al3+ + H+
H
Ca2+ Na+ H+
Mg+2 Na+
K+
Ca2+ Na+
35
A decomposição da meteria orgânica gera acidez de diversas formas. O
CO2 produzido, em solos com pH acima de 5,2, promove a acidificação,
segundo as reações:
36
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão
(2) H2 O
Ca2+ M K+ H+ M
H2O
olo K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ Mg2+ K+
2H+ Solução +
M
+ 2H (3)
K+ K+ K+ K+ K do solo
ponível Figura 15. Processo de acidificação do solo pela exclusão de íons H + pela
absorção
Clóidede
docátions.
solo Fonte: autoria própria
K fixado
Colóide do solo
4.2 Componentes da acidez do solo
Fracamente disponível
a) Acidez ativa
A atividade dos íons H+ dissociados na solução do solo são
denominados acidez ativa, que é estimada pelo pH.
Ex. solo com pH = 5,0
5,0 = -log (H+)
(H+) = 10-5 mol /L de H+ = 0,00001 mol/L
37
Acidez potencial Acidez ativa
pH = 6,0 Solo A: 6,5 t/ha calcário
pH = 6,0
Solo B: 2,8 t/ha calcário
38
É relativamente fácil corrigir a acidez ativa, basta alguns quilos de
calcário por hectare. Mas à medida que se neutraliza os prótons de H +, a fase
solida libera indireta ou indireta mais para a solução. Os íons H+ (diretamente) e
Al3+ (indiretamente) constituem a acidez potencial do solo.
39
4.3 Causa do pouco crescimento das plantas em solos ácidos
40
O alumínio também pode ser fitotóxico na parte área das plantas, com
sintomas que podem ser semelhantes aos de deficiência nutricional,
notadamente de fósforo e cálcio. A tabela 10 fornece uma lista de culturas com
sua respectiva tolerância à saturação de por Al.
Algodão 10 Cevada 30
Alfafa 15 Trigo 30
Aveia 15 Milho 30
Soja 20 Arroz 45
Feijão 20 Eucalipto 88
Fonte: Furtini Neto et al. (2001).
41
• Elimina a acidez do solo;
• Fornece cálcio e magnésio;
• Estimula o crescimento radicular (Ca);
• Aumenta a disponibilidade de fósforo;
• Reduz disponibilidade de alumínio e manganês;
• Aumenta a mineralização da matéria orgânica;
• Aumenta a agregação do solo, podendo reduzir a compactação e;
•Aumento da CTC do solo
42
4.5 Corretivos da acidez do solo
Calcítico 40 - 45 <5
Magnesiano 30 - 40 6 - 12
Dolomítico 25 - 30 > 13
a) Reação do calcário
b) Óxidos
- Principal óxido: cal vigem (CaO)
c) Hidróxidos
-
Ca(Mg) (OH)2 + H2O → Ca2+ (Mg2+) + 2OH
43
Ca (Mg)O + H2O → Ca(Mg) (OH)2 + calor
d) Escórias de Siderurgia
- Subproduto da indústria do aço.
Ca(Mg)SiO3 + H2O → Ca2+ (Mg2+) + SiO32-
44
V2= saturação por base desejada (esperada)
V1= saturação por base atual do solo
V1= SB x 100
CTC
CTC potencial = SB + H+Al
45
c) Método baseado da neutralização da acidez trocável
d) Método da Incubação
- Aplica-se doses crescentes de calcário (CaCO3);
- Após 10-15 dias mede-se o pH (até o pH estabilizar-se);
- Objetiva estabelecer uma curva pH vs doses de CaCO3
De posse dos dados da tabela abaixo elabora-se uma função no excel (Figura
18), a qual será utilizada para a estimativa das dose de CaCO 3 em função do
pH desejado.
50 mL
0 2 4 6 8 10
Doses de CaCO3 (t/ha)
46
8,0
7,5 y = 0,2507x + 4,7012
R² = 0,9687
7,0
6,5
pH 6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
0 2 4 6 8 10 12 14
Doses de Calcário (t/ha)
t = CTC efetiva
mt = saturação por alumínio tolerada pela a cultura
X = fator planta quanto ao requerimento de Ca e Mg: varia de 1,0 a 4,0 (Tabela
13).
47
Tabela 13. Valores máximos de saturação por Al3+ tolerados pelas culturas
(mt), valores de X para o método do Ale do Ca +Mg trocáveis para algumas
culturas e valores de saturação por bases esperada (V2) com o método de
saturação por bases.
Cultura mt X V2
% cmolcdm-3 %
Cereais (milho, trigo, sorgo, arroz) 15-25 2,0 50
Leguminosas (feijão, soja, adubos 20 2,0 50
verdes)
Hortaliças (tomate, repolho, alho, ervilha) 5 3,0 60-70
Café 25 3,5 60
Cana-de-açúcar 30 3,5 60
Fruteiras tropicais (mamoeiro, citros, 5-15 2,0 -3,5 60-80
banana, abacaxi)
Pastagens de leguminosas 15-25 1,0-2,5 40-60
Pastagens de gramíneas 20-30 1,0-2,5 40-50
Eucalipto 45 1,0 30
Fonte: Adaptado de Alvarez V. & Ribeiro (1999).
EXERCÍCIOS
I. Marque apenas as afirmativas que considerar corretas
49
5. A principal causa da acidez dos solos brasileiros é o elevado grau de
imtemperização, causando acúmulo de Al.
6. A acidez ativa é de mais difícil correção que a acidez potencial.
7. A acidez ativa pode ser representada pela expressão: pH = -log (H+).
8. A acidez potencial é representada pelos teores de Al solúvel e o íons H+
não -trocável.
9. A acidez potencial pode ser estimada pela soma H+Al.
10. Solos mais ricos em matéria orgânica e argila apresentam maior acidez
potencial.
11. Solos com maior acidez potencial apresentam maiores teores de bases
trocáveis.
12. Solos com maior acidez trocável geralmente são mais ricos em Fe, Cu e
Mn e pobres em Mo e P.
13. Solos com pH acima de 5,5 não apresentam problema com Al tóxico.
14. A maior disponibilidade de S, B e N no solo ocorre em pH próximo a 6,5.
15. O aumento do pH até 6,5 causa um decréscimo na disponibilidade de P,
Ca e Mg.
16. A nitrificação e a decomposição da matéria orgânica contribuem com a
acidez potencial do solo.
17. A ureia tem maior potencial de acidificação do solo que o sulfato de
amônio.
18. A absorção de nutrientes pelas plantas é uma fonte de acidez potencial.
19. Os minerais 2:1 apresentam maior capacidade de gerar acidez no solo
que os óxidos de Fe e Al.
20. A acidez trocável pode ser determinada em laboratório por titulação com
NaOH.
21. Solos alcalinos só ocorrem em solos jovens.
22. Na região semiárida os solos são todos alcalinos.
23. Solos originados de calcário serão sempre alcalinos.
24. Solos alcalinos podem ser originados de vários tipos de rocha.
25. A supercalagem refere-se a aplicação de calcário em excesso.
II- Calcule o PRNT de um calcário que 40% de CaO e 12% de MgO. Sabe-se
que 30% das partículas tem diâmetro de 2 a 0,84 mm, 25% com diâmetro
50
entre 0,84 e 0,3 mm e a as demais partículas são de tamanho inferior a 0,3
mm.
a)101,36%
b) 66%
c) 66,90%
d) 45%
a) 2,21 t/ha
b) 4,42 t/ha
c) 1,10 t/ha
d) 5,54 t/ha
a) 7,34 t/ha
b) 5,68 t/ha
c) 3,52 t/ha
d) 1,4 t/ha
Curva de incubação
51
1. Com base na imagem acima, qual a dose de calcário necessária para o
solo atingir pH 5,8?
a) 4,0 t/ha
b) 4,38 t/ha
d) 2,1 t/ha
d) 4,80 t/ha
a) 4,5
b) 4,7
c) 5,0
d) 3,5
52
5. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
5.1 Aspectos gerais
O solo é um compartimento que apresenta grade dinamismo em seus
constituintes e está intimamente ligado às características e aos processos que
ocorrem na atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera (Figura 19). A fase sólida
é constituída da fração mineral e orgânica. A fração orgânica corresponde a
matéria orgânica do solo, sendo que o elemento carbono corresponde a 58%
da MOS, H 6%, O 33%, enquanto que N, S, P contribuem com cerca de 3%,
individualmente.
Atmosfera Biosfera
solo
Hidrosfera Litosfera
Figura 19. Solo (pedosfera) como sistema integrador das quatro esferas
fundamentais da terra. Fonte: Novais et al. (2007).
Luz
CO2 + H2O → GLICOSE + O2 VEGETAIS
Clorofila
53
Desta forma, de uma maneira mais ampla, a matéria orgânica do solo
(MOS) compreende todos os compostos orgânicos do solo. Entretanto, quando
se realizada uma análise de solo para matéria orgânica, geralmente considera-
se apenas a matéria orgânica que passa na peneira de 80 mesh ou 0,177 mm
de abertura.
54
Microrganismos Biomassa
(60 – 80%) Fungos e bactérias microbiana
Microfauna Protozoários e
nematoides
VIVA Macrorganismos
Mesofauna Ácaros
<4% (15 – 30%)
Minhocas
Macrofauna Cupins
formigas
Raizes (5 a 10%)
MOS Mat. Macrorgânica Resíduos vegetais em diferentes estágios de
(10 – 30%) decomposição (serrapilheira + FL)
Substâncias - Lipídeos
Não-humicas - Ácidos orgânicos
(30%) - Carboidratos
a) Matéria viva
55
compreende aos resíduos de origem vegetal depositados na superfície do solo,
desde os não decompostos aos em estágio de decomposição avançada.
Geralmente essa fração constitui uma manta de resíduos orgânicos sobre o
solo das floretas. A serapilheira não só é fonte de carbono e nutrientes para a
fauna e microrganismos do solo, mas pode ser também o próprio abrigo dos
mesmos. Daí a necessidade se compreender mais essa fração, com fins na
manutenção da vida no sistema solo e para a manutenção do equilíbrio
ambiental das florestas.
A fração leve, por sua vez, corresponde aos materiais orgânicos sobre
do solo em diversos estágios de decomposição e que, diferentemente da
serrapinheira, não são reconhecíveis, ou seja, não se pode dizer sobre a sua
origem (vegetal ou animal).
As substâncias não-húmicas correspondem as biomoléculas como
lipídeos, ácidos orgânicos, carboidratos, proteínas e pigmentos. Algumas
destas substâncias podem se modificar em ou se combinarem para formar as
substâncias húmicas.
As substâncias húmicas (Figuras 21, 22 e 23) podem ser classificadas
como ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e humina. As figuras abaixo ilustram
exemplos destas substâncias.
56
Figura 21. Modelo de substâncias húmicas e da associação substâncias
húmicas-argila e substâncias húmicas-íons metálicos proposto por Kleinhempel
(1970) citado por Steinberg (2003).
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncias_h%C3%BAmicas
Figura 23. Exemplo de ácido húmico. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncias_h%C3%BAmicas
57
conformado pelo excesso de carga positiva no horizonte B destes solos, onde o
teor de matéria orgânica é praticamente zero. A CTC na matéria orgânica é
desenvolvida pela dissociação do H dos grupos funcionais como carboxílicos,
fenólicos e álcoois terciários.
b) Complexação de metais
As cargas negativas presente nos grupos funcionais da matéria
orgânica, podem atuar como quelantes ou complexantes e assim diminui a
sua toxicidade para as plantas de íons tóxicos como Al, Cd, Pb e diversos
outros. Por outro lado, a complexação de micronutrientes como Fe, Mn e Zn
pode evitar a precipitação destes elementos no solo em pH elevado, e
portanto, aumentar a disponibilidade para as plantas.
58
Figura 24. Modelo de interação entre substâncias húmicas e argilas por
meio de pontes de cátions. Fonte: Canellas et al. (2008)
59
Superfície específica
CTC e capacidade tampão
Complexação
Destoxificação
QUÍMICAS
M.O.S
Energia metabólica
Estoque de nutrientes Agregação e estabilidade
Ativação biológica Aeração e porosidade
Equilíbrio da microbiota Retenção de umidade
Fluxo hídrico
e) Fonte de nutrientes
Durante sua decomposição, a matéria orgânica poderá liberar nutrientes
para as plantas em quantidade que dependerá da quantidade disponível, da
taxa de decomposição, grau de decomposição e, dentre outro fatores da
relação C/N (carbono/nitrogênio) (Tabela 14 e Figura 27)
Tabela 14. Matéria orgânica como fonte de nutrientes em função das
relações C/N, C/P e C/S.
Qualidade da Relações Imobilização Disponibilidad
M.O (I)/Mineralização e dos
C:N C:P C:S
(M) nutrientes
60
Figura 27. Esquema ilustrativo dos processos de mineralização e
imobilização durante a decomposição dos resíduos orgânicos. Fonte:
modificado de Stevenson (1986).
f) Ativação biológica
Por ocasião a decomposição e, ou alteração da matéria orgânica
do solo, muitos compostos orgânicos são liberados pela atividade
biológica, os quais podem estimular a atividade de muitos grupos de
microrganismos do solo como fixadores de nitrogênio, nitrificadores,
solubilizadores de fosfatos, micorrizas, e diversos outros.
61
Humificação: Processo conservador que provoca a alteração nos resíduos
orgânicos que resulta em complexos coloidais relativamente estáveis.
Compreende a síntese e ressíntese de produtos de
decomposição/mineralização para formar compostos de alto peso molecular.
A quantidade de matéria orgânica retida no solo é resultante do balanço
entre a quantidade adicionada e a quantidade removida pela decomposição
(Figura 28). Diversos fatores influenciam a taxa de decomposição da matéria
orgânica do solo, tais como clima, relevo, temperatura, fertilidade do solo, teor
de argila, mineralogia, pH do solo, presença de substâncias tóxicas, relação
C/N dos materiais orgânicos adicionados, composição química dos resíduos
(teores de proteínas, carboidratos, nutrientes, ligninas, fenóis, outros) (Figura
29).
Decomposição
+ CO2
Humificação
Substâncias
húmicas
Mineralização
62
Decomposição dos componentes da matéria orgânica do solo
< 1ano
6- 8 anos
Tempo
63
A preservação do C existente no solo ou as práticas que favorecem o
aporte de resíduos orgânicos, como reflorestamento, calagem e adubação, são
fundamentais para recuperação e posterior inclusão de áreas degradadas aos
sistemas agrícolas. Como se ver a infinidade de benefícios da MO, não se
pode pensar em sustentabilidade ambiental sem lavar em consideração a
conservação da MOS.
EXERCÍCIOS
1. Conceitue matéria orgânica do solo.
2. Cite os compartimentos da matéria orgânica do solo.
3. Com base nas características de clima, solo e relevo, explique de forma
objetiva porque em solos sob vegetação de Caatinga o teor de matéria
orgânica, geralmente é muito baixo.
4. Explique porque solos mais argilosos geralmente têm maior teor de
matéria orgânica que solos arenosos.
5. Descreva sobre os efeitos físicos, químicos e biológicos da matéria
orgânica do solo.
6. Fale sobre a importância das substâncias húmicas nos atributos físicos e
químicos do solo.
7. Manejando o solo, como você faria para aumentar o teor de matéria
orgânica do solo?
8. Você acha que a adubação mineral aumenta a matéria orgânica do
solo?
9. A calagem aumenta ou diminui a matéria orgânica do solo? Explique.
10. Para proteger o solo contra a erosão que características da matéria
orgânica são desejáveis?
11. Descreva o significado de relação C/N, imobilização e mineralização.
12. Porque em sistema de plantio direto o Al tóxico geralmente é baixo,
mesmo em alguns casos o solo sendo ácido.
64
6. MACRO E MICRONUTRIENTES NO SOLO
6.1 Nitrogênio
O nitrogênio é o macronutriente exigido em maiores quantidades pelas
plantas, ao mesmo tempo em que é o mais dinâmico no solo. Essa dinâmica se
dá pela alta reatividade do elemento e de seus compostos, podendo ser
perdido para maiores profundidades, pela lixiviação, ou perdido para atmosfera
na forma gasosa, como consequência dos processos de volatilização (Figura
30).
65
elementar. Assim sendo, só pode ser aproveitado pelas plantas quando na
forma orgânica ou inorgânica.
a) Fixação atmosférica de N
Uma das formas de aporte de N da atmosfera é quando o mesmo sofre
oxidação na atmosfera terrestre, utilizando calor e energia das descargas
elétricas, tendo como produto o nitrito. O nitrito pode ser carreado ao solo pelas
chuvas e, no solo, pode ser oxidado novamente no processo de nitrificação,
formando o nitrato, que é o composto mineral preferencialmente absorvido
pelas plantas. O processo de fixação atmosférica de N ocorre de acordo com
as seguintes equações:
N2 + O2 →NO
NO + H2O →HNO2
HNO2 + O2→HNO3
b) Fixação biológica de N
Outra forma de incorporação de N é pelo processo de fixação biológica
feita por microrganismos de vida livre, ou em simbiose com os vegetais,
notadamente as bactérias do gênero Rhizobium, que se associam ao sistema
radicular das leguminosas formando nódulos de infecção (Figura 31). O N
fixado nos vegetais pode potencialmente ser mineralizado e enriquecer as
áreas de cultivo. Assim, a fixação biológica é de grande importância não só
para as leguminosas (Tabela 15), supridas em até 75% do N fixado, mas
também para as não-leguminosas, que se beneficiam da mineralização dos
restos de leguminosas deixando sobre o solo ou incorporado como adubação
verde, economizando fertilizantes nitrogenados.
66
2.2 Fixação biológica de N
67
Tabela 15. Estimativas de fixação de nitrogênio em diversas espécies
leguminosas
c) Fixação industrial
A fixação industrial é realizada pela indústria de fertilizantes e pode
ocorrer das seguintes formas:
a) Oxidação direta
O
N2
Δ
2
2NO O2
2NO2 H2O
3NO2 H2O
2HNO3 NO
b) Síntese da amônia
68
3 H2 + N2 →2 NH3
O gás amônia é a base para a fabricação de diversos fertilizantes
nitrogenados como a ureia, o sulfato de amônio, o nitrato de amônio e outros.
c) Formas de N no solo
LIXIVIADO
IMOBILIZADO POR
MICRORGANISMOS
Nitrosomonas
Nitrobacter
NO2- + O2 → 2NO3-
Nitratação
Destinos do NO3-
IMOBILIZADO POR
MICRORGANISMOS
NO3-
LIXIVIADO
70
2NO3- → 2NO2- → 2NO → N2O → N2
EXERCÍCIOS
1) Explique como os processos de mineralização e imobilização de N no solo
são influenciados pela relação C/N e pela composição dos materiais orgânicos
adicionados e como estas informações podem ajudar na escolha dos materiais
orgânicos serem utilizados como adubo orgânico ou como cobertura morta.
71
7) A aplicação de KNO3 em uma lavoura de arroz inundado não surtiu o efeito
no aumento de produção esperado por um agricultor, mesmo sabendo que o
solo era deficiente em N. Como se explica isso?
72
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão
P lábil(2) P não-lábil
H2 O
K Ca2+ M K+ H+ M
H2O
s do Solo K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ Mg2+ K+
P-solução
2H+ Solução +
M
K 2H (3)
K+ K+ K+ K+ K+ do solo
Indisponível
Clóide do solo
K fixado
Colóide do solo
Fracamente disponível
Figura 32. Ilustração esquemática da distribuição das frações de fósforo no
solo. Fonte: Adaptado de Raij (1991).
Conceitos importantes
73
Fator quantidade (Q) ou P-lábil: corresponde ao reservatório de P que em
equilíbrio com o P –solução. Corresponde ao P capaz de ressuprir a solução do
solo
Fator capacidade: É a relação entre o P-lábil (Q) e o P-solução (I= PODER
TAMPÃO = Q/I
P-planta
Influxo
Efluxo
P-junto a
P-mineral P-orgânico
raiz
Difusão
Fixação Adsorção
P Não-Lábil P Lábil P–solução
NQ (Q) (Q/I) (I)
Liberação Dessorção
Perda
Erosão
Lixiviação
74
Fósforo precipitado
Fósforo adsorvido
Constitui o fósforo ligado covalentemente aos óxidos de Fe e de Al (Figura 34)
e ao P ligado de forma eletrostática à superfícies destes óxidos ou de caulinita,
carregadas positivamente.
Fósforo orgânico
75
- fosfatos de inositol
Compostos - fosfolipídeos
contendo P - ácidos nucléicos
- ATP
EXERCÍCIOS
76
6.3 Potássio no solo
No Brasil o potássio é terceiro nutriente mais aplicado no solo na forma
de fertilizantes. Os solos brasileiros, altamente intemperizados apresentam
baixos teores de K disponível. Em comparação ao N e ao P, o potássio
apresenta dinâmica relativamente simples (Figura 35), estando no solo como
íon K+.
K-planta
Influxo
Efluxo
K-junto a Fonte
raiz orgânica
Fertilizantes
Difusão
Adsorção Solução
K-trocável do solo
Dessorção (K+)
Potássio Potássio
fixado mineral
Lixiviação
6
Figura 35. Esquema representativo da dinâmica de potássio no solo.
a) K solução
- Apenas uma pequena fração do K trocável
- Controla a difusão de K até as raízes
- Apresenta interações com outros cátions (Ca, Mg, Na, Al).
b) K trocável
77
- Fração de K na fase sólida capaz de suprir a solução do solo.
- Íons K+ adsorvido nas cargas negativas dos coloides do solo
- Em termos de disponibilidade para as plantas, é a forma mais
importante.
c) K Não-trocável
- Fração ligada fortemente a estrura de mineais 2:1
- Pode se tornar trocável a médio e a longo prazo
- Mais presente em solos pouco intemperizados
K trocável
K não- trocável
K trocável
d) K Mineral
78
e) K lixiviado
EXERCÍCIOS
79
Ca trocável Ca mineral
Ca solução
Ca lixiviado
b) Cálcio trocável
- Ca adsorvido aos coloides do solo
- Está em equilíbrio com o Ca da solução do solo.
- O Ca absorvido da solução é reposto pelos coloides
- O Ca é fortemente adsorvido
Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > NH4+ > Na+
- Faz ligações com substâncias húmicas (humatos de cálcio).
c) Cálcio mineral
80
d) Cálcio lixiviado
A lixiviação de Ca não é muito comum nos solos, especialmente em
solos de elevada CTC. Este fato ocorre porque o Ca é o terceiro cátion retido
mais fortemente na CTC do solo depois do H e do Al. Contudo, em solos muito
arenosos como os Neossolos Regolíticso e Neossolos Quartzarênicos pode
haver lixiviação de Ca, principalmente sob baixo teor de matéria orgânica e
irrigação descontrolada.
O magnésio apresenta dinâmica similar ao Ca conforme ilustra o
esquema abaixo (Figura 37). Trata-se de um macronutriente pouco exigido
pelas plantas, contudo, pode haver situações de carência tais como:
* Solos arenosos
* Solos altamente intemperizados
* Altas doses de calcário pobre em magnésio
* Cultivo de espécies mais exigentes (milho, batata, algodão, citros, fumo)
Mg trocável Mg mineral
Mg solução
Mg lixiviado
81
a) Magnésio na solução
- Fonte imediata de Mg para as plantas
- A solução do solo apresenta concentração elevada (a exceção de solos
ácidos).
- Chega até as raízes por fluxo de massa (principalmente).
- Sua absorção é muito afetada pela presença de: Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, NH4+ e
Na+.
b) Magnésio trocável
Perfaz de 2 a 20% do complexo de troca catiônica
Idealmente para a maioria das culturas e solos: 10 a 20%
Adubar com Mg se:
% de Mg na CTC inferior a 3% efetiva
% de Mg for inferior a % de K na CTC efetiva.
Concentração de Mg < 0,4 cmolc/dm3
c) Magnésio mineral
Solos pouco intemperizados: biotita, dolomita, horblenda, olivina,
A maioria dos solos brasileiros possuem pouco Mg mineral
EXERCÍCIOS
1. Porquê não se faz adubações específicas com Ca e Mg?
2. Na agricultura, qual a principal forma de aplicação de Ca e Mg no solo?
3. Qual a melhor relação Ca:Mg para as plantas?
4. Em que situação faz-se necessário a aplicação de Ca e Mg além da
calagem?
5. Quais espécies agrícolas são muito exigentes em Ca e em Mg?
6. Como o Ca pode diminuir a toxicidade de Al em solos ácidos?
S -adsorvido S -orgânico
S -solução
S -lixiviado
a) Enxofre orgânico
83
Mineralização:
4
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Doses de S° (g/dm3)
84
- Solos alagados: SO4-2 → H2S → HS- + Fe2+ → FeS2 (pirita)
b) Enxofre adsorvido
A adsorção de S ocorre basicamente na superfície dos óxidos de Fe de Al
quem podem desenvolver cargas positivas. Assim, em solos jovens do
semiárido com relevada CTC, este fenômeno praticamente não ocorre.
85
6.6 Micronutrientes no solo
86
Tabela 16. Teores médios de micronutrientes na crosta terrestre e em rochas.
Material Fe Mn Zn Cu B Mo Cl
---------------------------------------------mg/kg--------------------------
-----
Crosta terrestre 50.000 1.000 80 70 10 2,3 -
Rochas ígneas
granito 27.000 400 40 10 15 2 70
basalto 86.000 1.500 100 100 5 1 200
Rochas
sedimentares
calcário 3.800 1.100 20 4 20 0,4 -
arenito 9.800 10- 16 30 35 0,2 10
100
argilito 47.000 800 95 45 100 2,6 180
Água do mar 2 x 10- 2 x 10- 1 x 10- 5 x 10- 4,4 0,01 19.000
3 4 6 4
87
b) Formas de micronutrientes no solo
O teor de micronutrientes (M) na solução do solo é controlada pelos
processos de adsorção (M-adsorvido), precipitação e solubilização de minerais
como ilustra o esquema abaixo (Figura 40).
M -solução
M -Precipitado
88
hidróxidos insolúveis diminuindo a disponibilidade destes micronutrientes para
as plantas como no exemplo a seguir:
89
a) Adsorção de molibdênio em Oxi-hidróxido de alumínio
O O O
2R C O- + Zn2+ R C O Zn O C R
2R O- + Cu2+ R O Cu O R
EXERCÍCIOS
90
5) A que você atribui o fato de geralmente não vermos recomendação de doses
de Fe, Mn e Cu nos boletins técnicos de recomendação de adubação, sendo
mais comum recomendações para B e Zn?
91
Amostragem do solo Envio ao laboratório Preparo da amostra
Confirmação dos
procedimentos
Análises (físicas,
Interpretação dos Análises física e
Recomendações químicas,
resultados química
microbiológicas)
92
Para ilustrar os conceitos de exatidão e precisão convêm analisar a
ilustração abaixo. Se considerarmos que o centro do alvo é o resultado
verdadeiro da variável analisado no solo (Figura 42), o terceiro alvo é a
situação que se deseja em uma análise de solo, ou seja, que os resultado sem
precisos e exatos. Viés e imprecisão, podem ocorrer quando a amostra
composta não for representativa da gleba ou quando o equipamento utilizado
não estiver adequadamente calibrado.
X
X
X
X
X X X
X
X
X
X
X X
93
tipo de cultura (perene, anual, etc).
94
O tamanho das subáreas não é fixo, mas não recomenda-se estabelecer
subáreas com tamanho superior aos mostrado na tabela 18, afim de se obter
uma amostra composta o mais representativa possível.
Pastagem natural 15 a 20
Pomar 0,5 a 1
95
80
ERRO (%)
40
20
10
0
0 5 10 20 30
96
0 a 20 cm e de 20 a 40 cm
97
Figura 46. Ferramenta mais comuns empregadas para a obtenção das
amostras simples. Fonte: Alvarez V. et al. (1999).
98
A amostragem em profundidade, ou seja, superior a zona de exploração
do sistema radicular é útil para se obter informações acerca de possíveis
barreiras físicas ao desenvolvimento das plantas, como camadas compactadas
ou adensadas, presença de barreira química, como o excesso de alumínio e
excesso de elementos móveis no solo como NO3-, SO4-2 e K+.
99
Nome do proprietário...................................................................................................................
Propriedade.................................................................................................................................
Endereço.....................................................................................................................................
E-mail................................................................................................................
Telefone......................................................................................................................
CEP.................................... Município................................. Estado......................
Nº da Adubação anterior?.................... kg/ha de .............................
amostra..........................
Cultura anterior...................... Cultura atual/cobertura Cultura a ser
vegetal............................... implantada............
100
8. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Temperatura Kelvin K
101
Área - m2
Volume - m3
Densidade - kg/m3
Concentração - mol/m3
Tabela 21. Unidades que não fazem parte do SI, mas de uso comum em
fertilidade do solo.
Grandeza Unidades Símbolo Equivalente ao SI
hora h 3.600 s
dia d 86.400 s
102
área hectare ha 10.000 m2
b) Múltiplos e submúltiplos
km hm dam m dm cm mm µm
kL hL daL L dL cL mL µ
kg hg dag g dg cg mg µg
kL hL daL L dL cL mL µL
103
No segundo esquema abaixo é possível converter para múltiplos e
submúltiplos das unidades derivadas de área de volume. Desta forma 1,0 m 2
corresponde a 1/10-4 = 10.000 cm2 e 1,0 m3 = 1/10-6 = 1.000.000 cm3. Estas
conversões podem ser facilmente demonstradas tomando como referências as
unidades básicas e os conceitos de área e volume. Assim, 1,0 m2 resulta do
produto 1,0 m x 1,0 m = 1,0 m2; se 1,0 m = 100 cm, então 100 cm x 100 cm =
10.000 cm2 . Da mesma forma, se 1m3 resulta do produto 1,0 m x 1,0 m x 1,0
m, então 100 cm x 100 cm x 100 cm = 1.000.000 cm 3. Este raciocínio pode ser
empregado para qualquer outra conversão de unidade e corresponde a base
para a elaboração dos esquemas dois esquemas apresentados.
104
A massa de qualquer quantidade de matéria correspondente a um mol
(6,022 x 1023 entidades) é denominada de massa molar (M). Tem-se, portanto
a massa molar para moléculas - massa molecular -(p. ex. CO2 = 44 g/mol),
para elementos - massa atômica - (p. ex. Na = 23 g/mol) e também para íons
(p.ex. H+ = 1,0 g/mol), para elétrons e outros. Deste modo, o termo peso
atômico e peso molecular estão em desuso. Para facilitar o entendimento
deste conceito, suponha que é possível juntarmos 6,022 x 1023 átomos de Ca
(cálcio), um a um; estes átomos colocados em uma balança pesariam 40 g ou
seja, a própria massa atômica do elemento cálcio. O mesmo raciocínio pode
ser empregado para outras entidades, ou seja, se fossemos capazes de
separar 6,022 x 1023 moléculas de NaCl e colocarmos numa balança, a massa
destas moléculas seriam de 58,5g (23 + 35,5), ou seja, a própria massa molar
do NaCl.
105
Tabela 22. Variações da unidade mol mais utilizadas em análises de solos.
íon mol molc cmolc mmolc µmolc massa (g)
106
N_NO3- 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 14,0
+
N_NH4 = nitrogênio na forma de amônio
107
No caso de corretivos e fertilizantes, os teores da maioria dos elementos
químicos são expressos em percentagem (não aceita no SI) do óxido
correspondente, como por exemplo os teores de Ca e Mg nos calcários são
expressos em %CaO e %MgO e os teores de P e K nos fertilizantes são
expressos em %P2O5 e %K2O. Esta forma de expressar a concentração destes
elementos, provavelmente é derivado da química analítica que no passado
expressava a concentração de qualquer elemento químico na forma de óxidos
tendo em vista que os materiais analisados eram calcinados (queimados) antes
de sua quantificação.
Apresar de as recomendações de adubação expressarem as doses em
P2O5 e K2O, em adubações de vasos, as recomendações geralmente
utilizam a unidade mg/dm3. Suponha que para um experimento em vasos com
solo foram recomendadas 300 mg de P/dm 3 de solo na forma de superfosfato
simples (18% P2O5). Assim teremos o seguinte cálculo:
18% P2O5= 18x10 = 180g/kg P2O5 =180 mg/g P2O5
Massa molecular do P2O5 = 142
108
K/dm3 de solo na forma de cloreto de potássio (58% K 2O). Assim teremos o
seguinte cálculo:
58% K2O= 58x10 = 580g/kg K2O
Massa molecular do K2O = 94
100g MgO_______________60g Mg
X ______________________5g Mg
X= 8,3% MgO
109
Para facilitar pode-se utilizar a seguinte expressão:
%Óxido = (% do elemento no material analisado)/(Pa/M)
Assim: %MgO = (5)/(24/40) = 8,3%
Pa = massa atômica do Mg e M = massa molar do MgO
110
Mg2+ (4) cmolc/dm3 ≤0,15 0,16- 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50 >1,50
3
Al3+ (4) cmolc/dm ≤0,20 0,21 - 0,50 0,51- 1,00 1,01 - 2,00 > 2,00
C.O =carbono orgânico; M.O = matéria orgânica
3 3
(1) dag/kg = % (m/m); cmolc/dm = meq/100cm ; (2) O limite superior desta classe indica o nível
crítico.
(3) Método Walkley & Black; M. O. = 1,724 x C. O.; (4) Método KCl 1 mol/L; (5) A interpretação
desta característica, nestas classes, deve ser Alta e Muito alta em lugar de Bom e Muito bom.
111
Base Faixa adequada (%)
Ca 60 - 70
Mg 10 - 20
K 2 -5
112
Tabela V. Classes de interpretação da disponibilidade para enxofre de acordo
com o valor de fósforo remanescente
Classificação
Muito Baixo Médio Bom Muito bom
P-remanescente
baixo
0-4 ≤ 1,7 1,8 – 2,5 2,6 – 3,6 3,7 – 5,4 > 5,4
4 – 10 ≤ 2,4 2,5 – 3,6 3,7 – 5,0 5,1 – 7,5 > 7,5
10 - 19 ≤ 3,3 3,4 – 5,0 5,1 – 6,9 7,0 – 10,3 > 10,3
19 - 30 ≤ 4,6 4,7 – 6,9 7,0 – 9,4 9,5 – 14,2 > 14,2
30 - 44 ≤ 6,4 6,5 – 9,4 9,5 – 13,0 13,1 – 19,6 > 19,6
44 - 60 ≤ 8,9 9,0 – 13,0 13,1 – 18,0 18,1 – 27,0 > 27,0
(1) (2)
Método Hoeft et al. (1973) Ca(HPO4)2, 500 mg/L de P , em HOAc 2,0 mol/L. Esta classe
113
O Estado da Paraíba não tem um Boletim de recomendação de
adubação atualizado, sendo a última versão do ano de 19. Portanto, é muito
comum em nosso Estado os produtores utilizarem o Boletim do Estado de
Pernambuco (CAVALCANTI et al., 2008) para procederem com a
recomendação de adubação, tendo em vista a semelhança de solos e clima
entre estes estados. Assim, para o exemplo a seguir será empregado o Boletim
do Estado do Pernambuco.
Suponha que um solo coletado na camada de 0 - 20 cm apresentou os
seguintes atributos: pH (CaCl2) = 7,5; P = 2,6 mg dm-3; K+ = 0,15 cmolc dm-3;
Ca2+ = 17,3 cmolc dm-3; Mg2+ = 4,8 cmolc dm-3; Cu=0,20 mg dm-3; Fe=6,25 mg
dm-3; Mn=36,0 mg dm-3; Zn= 4,3 mg dm-3; Na+= 0,4 cmolc dm-3; Al3+= 0,1 cmolc
dm-3; H++Al3+= 1,0 cmolc dm-3; matéria orgânica = 13,6 g kg-1; areia = 311 g kg-
1
; silte = 446,6 g kg-1 ; argila = 241,7 g kg-1. Considerando estes resultados
qual é a recomendação de adubação e calagem para o meloeiro irrigado?
Tomando-se o Boletim do Estado de Pernambuco (Cavalcange et al., 2008) as
recomendações seriam as apresentadas a seguir.
Considerando o pH, os teores de Ca, Mg, observa-se que não há
necessidade de calagem para o solo em questão. Em relação aos
micronutrientes a interpretação seria que Zn, Fe, e B estariam em níveis altos e
Cu em nível muito baixo. De acordo com o Boletim do Estado de Pernambuco,
assim como ocorre em outros, não há recomendação de Cu com base na
análise de solo. Entretanto, considerando o pH do solo, seria recomendável
uma adubação foliar com uma fonte de cobre (sulfato de cobre ou cloreto de
cobre). Neste caso, uma ou duas aplicações de sulfato de cobre na dose de 2
kg/400L por hectare poderia resolver o problema.
No caso de N, P e K, as recomendações seriam: N => 40 kg /ha no
plantio e 80 kg/ha em cobertura (dividir em duas aplicações, uma aos 20 e
outra aos 40 dias após o plantio), P2O5 => 160 kg/ha todo em fundação e K2O
=> 40 kg/ha no plantio e 80 kg/ha em cobertura (dividir em duas
aplicações, uma aos 20 e outra aos 40 dias após o plantio). O próximo
passo é a escolha das fontes a serem utilizadas. Escolhendo-se ureia, MAP e
cloreto de potássio como fonte de N, P e K, respectivamente teremos a
seguinte recomendação: MAP = 160/0,48 = 333,3kg/ha. Lembrar que o MAP
tem 9% de N e portanto 333,3 kg de MAP tem 333,3x0,09 = 30 kg de N.
114
Portanto, no plantio teremos que descontar o N do MAP e completar com outra
fonte (neste caso com ureia). Então 40 -30 = 10kg/ha de N na forma de ureia =
10/0,45 =22,2 kg/ha de ureia no plantio. Para o K teremos que aplicar no
plantio 40/0,48 = 69,0 kg/ha e duas coberturas de 40 kg/ha (Tabela 24).
115
Tabela 26. Quantidades totais de nitrogênio para adubação do milho no
estado de SP.
Produtividade (t/ha) Classe de resposta a nitrogênio
esperada 1 2 3
----------------------------------------------------kg/ha--------------------------------------------------
2-4 50 30 20
4-6 80 60 40
6-8 120 90 60
8-10 150 120 80
10-12 170 140 100
1- Alta resposta esperada: solos corrigidos, com muitos anos de plantio contínuo
de gramíneas.
2- Média resposta esperada: solos muito ácidos que serão corrigidos: com plantio
anterior com leguminosas.
3- Baixa resposta esperada: solos em pousio por 2 anos ou mais, ou após
pastagem; cultivo intenso com leguminosas
116
teores dos nutrientes disponíveis no solo com sua quantidade disponível para a
planta, considerando, além dos teores disponíveis, atributos do solo como teor
de argila, fósforo remanescente e taxa de mineralização de nitrogênio no solo
(POSSAMAI, 2003; SANTOS NETO, 2003; OLIVEIRA et al., 2005; SANTOS et
al., 2008).
Neste sentido, vários trabalhos foram realizados com diversas culturas,
visando determinar o balanço nutricional (BN), ou seja, as quantidades de
nutrientes a serem restituídas ao solo. Este procedimento é uma alternativa aos
métodos oficiais de recomendação de adubação, que utilizam tabelas
estabelecidas com base em estudos de correção e calibração da análise de
solo. No Brasil, estes trabalhos foram orientado principalmente por
pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (POSSAMAI, 2003;
OLIVEIRA et al., 2005; CARVALHO et al., 2006; SANTOS et al., 2008; SILVA,
et al., 2009), os quais desenvolveram um sistema de recomendação de
corretivos e fertilizantes para diversas culturas, denominado genericamente de
FERTCALC®, baseando-se no balanço nutricional. Desta forma o
FERTCALC® tem com base as seguintes expressões:
BN = SUPtotal - REQtotal
Onde:
117
SUPsolo = Quantidade do nutriente suprida pelo solo, em kg/ha, calculado com
base na análise de solo e considerando a camada de 0 - 20cm e a área
ocupada por cada planta SUPfert = Suprimento do nutriente pelos fertilizantes
em kg/ha;
NP = número de plantas por hectare; Lb =largura do bulbo molhado;
P = profundidade efetiva do sistema radicular (0,3 m);
TAS = teor do nutriente na análise química do solo (mg/kg);
TR = taxa de recuperação do extrator do nutriente no solo (em fração);
Dessa forma, valores de BN negativos indicarão as quantidades necessárias
de nutrientes a serem acrescentadas à fertirrigação, enquanto valores positivos
de BN indicarão as quantidades de nutrientes a serem diminuídas da
fertirrigação da cultura, considerando a produtividade esperada.
Os valores de TR para cada nutriente serão estabelecidos com base nos
trabalhos de POSSAMAI (2003), OLIVEIRA et al. (2005), SANTOS et al. (2008)
e SILVA et al. 2009), fazendo-se os ajustes necessários para o sistema de
cultivo a ser empregado no presente projeto, ou seja, fertirrigação.
Uma das dificuldades do uso do FERTCAL® é que há ainda muitas
lacunas a serem preenchidas, relacionadas principalmente com a capacidade
de fornecimento de nutrientes pelo solo à cultura, a qual depende dos diversos
fatores que controlam a disponibilidade de nutriente no solo (TAS e TR), bem
com a eficiência de recuperação (ER) do nutriente pela planta. Portanto, cada
cultura, cultivada em uma determinada região apresentará seus próprios
valores de ER e SUPsolo.
No exemplo acima, considerando o suprimento de nutrientes apenas
pelo solo, em função da análise de solo, teríamos que a quantidade total de N,
P e K a serem aplicadas seriam de 155,0 kgN/ha; 102 kg P 2O5/ha e 326 kg
K2O/ha. Comparando-se estas doses com as recomendadas pela análise de
solo (item 4.1) verifica-se que as doses de N e K foram subestimadas e a de P
superestimada, considerando que o método do Balanço nutricional é mais
realista.
118
9 CARACTERÍSTICAS DOS FERTILIZANTES
Exemplos:
Exemplos:
119
Compostagem: Mistura de produtos com relação C/N (baixa) com C/N (alta);
Esterco de galinha: (C/N baixa) + palha de milho (C/N alta);
Torta de filtro: (C/N média) + bagaço de cana (C/N alta).
Exemplos:
120
contudo, de baixa solubilidade. A solubilidade desses materiais é aumentada
em meio ácido.
b) Superfosfato simples
Obtido por meio da mistura estequiométrica de H2SO4 com fosfatos naturais
(apatitas). Possui, no mínimo, 18% de P2O5 solúvel em citrato neutro de
amônio (CNA) + água, 11% de S e 19% de Ca.
c) Superfosfato triplo ou concentrado
Obtido a partir da mistura estequiornétrica de HPO4 com fosfatos naturais
(apatitas). Possui, no mínimo, 41 % de P2O5 solúvel em (NA + água e 13 % de
Ca.
d) Escória de Thomas
É um subproduto da indústria do aço. Possui 17% de P2O5 total, 12% de P2O5
solúvel em. ácido cítrico (AC) a 2 %, 25% de Ca e pequenas quantidades de Si,
Mg, Fe e Mn.
e) Termofosfato
Obtido pela fusão a 1450 °C de fosfato natural (apatita ou fosforita) com uma
rocha magnesiana (serpentina). Contém, no mínimo, 17 % de P2O5 total, 16,5
% de P2O5 solúvel em AC a 2 %, 20 % de Ca e 9 % de Mg.
f) Fosfato monoamônico (MAP)
Obtido por meio da neutralização parcial de HPO4 pela amônia. Possui, no
mínimo, 48 % de P2O5 solúvel em CNA + água e 9% de N.
g) Fosfato diamônico (DAP)
Obtido por meio da neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. Possui, no
mínimo, 45% de P2O5 solúvel em CNA + água e 16% de N.
h) Fosfato parcialmente acidulado
Obtido pela reação do fosfato natural (apatita) com uma quantidade de ácido
sulfúrico inferior à necessidade estequiométrica para a reação completa.
Contém 20% de P2O5 total, 9% de P2O5 solúvel em CNA + água, 25% de Ca e
6% de S.
i) Farinha de ossos autoclavados
Possui 20% de P2O5 total, 16% de P2O5 solúvel em AC a 2%, 1,5% de N e 22%
de Ca.
121
O nitrogênio é um dos nutrientes mais importantes para as plantas e,
com frequência, o mais limitante à produção das culturas em geral, exceto as
leguminosas. A fertilização nitrogenada é uma complementação à capacidade
de suprimento de nitrogênio dos solos, a partir da mineralização de seus
estoques de matéria orgânica, geralmente alta em relação às necessidades
das plantas.
Os fertilizantes nitrogenados químicos são subdivididos em quatro
grupos:
a) Os amoniacais, que apresentam o nitrogênio na forma amoniacal, como a
amônia anidra (82% N), as soluções amoniacais (20% N), o sulfato de amônio
(21% N), o cloreto de amônio (25% N), o fosfato monoamônio (MAP) (9% N), o
fosfato diamônio (DAP) (16% N), o fosfossulfato de amônio (13%N).
b) Os nítricos, que apresentam o nitrogênio na forma nítrica, como o nitrato de
sódio (16% N), o nitrato de potássio (13% N), o nitrato de cálcio (16% N), o
nitrofosfato (14% N).
c) Os nítrico-amoniacais, que apresentam o nitrogênio nas formas nítrica e
amoniacal, como o nitrato de amônio (32% N), o nitrato de amônio e cálcio
(20% N), o nitrossulfocálcio (25% N), o sulfonitrato de amônio (25% N), o
sulfonitrato de amônio e magnésio (19% N).
d) Os amídicos, que apresentam o nitrogênio na forma amídica, como a ureia
(44% N), a ureia formaldeído (35 %N), a ureia revestida com enxofre (39% N) e
a crotonilidina diuréia (28% N).
O potássio constitui, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, o grupo
denominado de elementos nobres da fertilização. É de ocorrência generalizada
na natureza, aparecendo sempre em formas combinadas inorgânicas ou, no
solo, em forma iônica.
A fertilização potássica tem que garantir uma concentração de K na
solução do solo suficientemente alta para satisfazer as necessidades da planta,
nos períodos em que o elemento é mais exigido. Este objetivo poderá ser
alcançado quando forem evitadas perdas por lavagem e fixação.
A eficiência dos fertilizantes potássicos depende sistematicamente da
maneira de como são aplicados e das condições do solo a ser fertilizado.
Diante disso, pode-se inferir algumas sugestões quando ao uso do potássio do
solo:
122
a) solos naturalmente pobres em potássio requerem adições frequentes e
moderadas.
b) práticas culturais que melhoram as condições de aeração do solo (aração,
gradagem, drenagem), bem como aquelas que evitam as perdas por lixiviação
(adição de matéria orgânica e calagem) e por erosão (plantio em nível, terraço,
etc.) tendem a promover um melhor aproveitamento do K no solo.
c) A tendência para o equilíbrio entre o K não trocável, trocável e em solução e
as perdas às quais o K solúvel está sujeito, sugerem dois princípios básicos
para a adição de K como fertilizante: o primeiro, é que o elemento deve ser
aplicado parceladamente em lugar de toda a quantidade necessária de uma só
vez; o segundo, é que se deve concentrar o K no sulco ou na cova de plantio,
sempre que possível.
Os fertilizantes potássicos mais utilizados são: cloreto de potássio (60%
de K2O), sulfato de potássio (50% de K2O), sulfato duplo de potássio e
magnésio (22% de K2O) e nitrato de potássio (44% de K2O).
123
c) Concentração dos nutrientes
d) Compostos indesejáveis
124
a) Estado físico
b) Granulometria e misturas
125
Os mais diferentes tipos de formulações NPK sob a forma de mistura de
grânulos podem apresentar evidências de segregação, conforme ilustrado na
Tabela 1.
A segregação dificulta particularmente a obtenção de amostras
representativas ao influenciar a coleta de amostras, o processo de redução da
quantidade amostrada e a medida de uma massa do fertilizante para análise. A
segregação poderia ser minimizada se o controle de qualidade dos produtos
que entram na composição das misturas fosse direcionado para que suas
partículas apresentem uniformidade de tamanho. Contudo, como parte da
matéria prima dos fertilizantes no Brasil é importada esse controle torna-se
muito difícil.
c) Consistência
126
d) Fluidez
e) Densidade
f) Solubilidade
127
Gesso (sulfato de cálcio) 0,24
Nitrato de amônio 190
Nitrato de potássio 31
Sulfato de amônio 73
Sulfato de potássio 11
Superfosfato simples 2
Superfosfato triplo 4
Sulfato de manganês 105
Sulfato de zinco 75
Sulfato de cobre 22
Ureia 100
a) Higroscopicidade
b) Empedramento
128
do empedramento é a formação pontes de cristais entre as partículas de
fertilizante, os quais atuam como pontos de ligação entre elas.
Também contribuem para o empedramento a consistência das
partículas, a temperatura de estocagem e altura das pilhas. Em pilhas com
mais de 20 sacas, considerada como uma altura moderada, a pressão de
estocagem favorece o empedramento em fertilizantes que já apresentam essa
tendência.
c) Índice salino
129
d) Índice de acidez
a) Importância
130
Resíduos Vegetais: Restos de culturas, resíduos de podas, serrapilheira,
outros. Apresenta concentração de nutrientes é muito variada. Geralmente
palhadas com menos de 2% de N e C/N>30 promove imobilização inicial de N.
Resíduos Animais: De 75 a 80% dos elementos minerais e 40% do C são
eliminados pelas fezes e urina. O seu uso é fundamental pois evitar poluição.
Resíduos Agroindustriais: Indústrias de sulcos, óleos vegetais, doces, álcool,
farinha. Um litro de álcool produz 12 L de vinhaça.
X = A_______
B/100. C/100.D/100
X = Quantidade do fertilizante a ser aplicado (kg/ha; g/planta)
131
B= Teor de matéria seca do fertilizante (%)
X = A_______
C/100
A = Quantidade do nutriente aplicado (kg/ha; g/planta)
132
são reconhecidos no campo pela presença de crostas brancas de sal em sua
superfície. Em tais solos, o estabelecimento de um sistema de drenagem
eficiente permite, através da lavagem, eliminar o excesso de sais na zona
radicular da plantas (RICHARDS, 1954). Uma classificação destes solos é
apresentada na Tabela 32.
Tabela 32. Classificação dos solos com excesso de sais solúveis e sódio
trocável.
133
Tabela 33. Atributos químicos de um solo salino-sódico em comparação com
um solo não salino.
-----------------------cmolc/dm3------------- dS/m
-
Salino- 10,0 0,23 16,2 0,4 0,1 96 38,84
sódico
Não 6,1 0,38 0,09 2,0 0,4 2 0,83
salino
O solos sódicos são aqueles cuja PST é maior que 15, com CEes menor
que 4,0 4,0 dS m-1 a 25° C e valores de pH que variam entre 8,5 a 10,0. Neste
solos, a fração argila e a matéria orgânica em geral encontram-se dispersa, o
que causa um escurecimento característico na superfície destes solos. A
infiltração e a percolação da água nestes solos é extremamente afetada, o que
causa uma maior dificuldade na sua reabilitação/recuperação. Assim como nos
solos salino-sódicos, o uso de corretivos químicos antes da aplicação de uma
lâmina de lixiviação é fator crítico.
134
substituindo-os e diminuindo sua disponibilidade no solo para as plantas, e
promovendo dispersão de argilas, uma vez que os cátions divalentes são
substituídos por monovalentes promovendo o aumento da espessura da dupla
camada difusa (MCBRIDE, 1995).
135
1990; SUAREZ, 2001). Os efeitos dos corretivos químicos na recuperação de
solos salinizados, entretanto, podem ser potencializados quando são
empregadas espécies mais tolerantes as condições adversas de tais solos, em
especial as espécies arbóreas (QADIR et al., 2007).
b) Uso de gesso
136
rápida. Seus efeitos positivos na melhoria dos atributos químicos é físicos do
solo tem sido verificados em diversos trabalhos (SANTOS, 1995, HAQ et al.,
2001; OAD et al., 2001; BARROS et al., 2004; VITAL et al., 2005; LEITE et al.;
2007; MELO et al., 2008; LEAL et al., 2008). O modo de ação do gesso é bem
conhecido. Após sua solubilização, são liberados os íons Ca +2 e SO4-2 para a
solução do solo. O cátion Ca+2 liberado, desloca o sódio do complexo de troca
para a solução do solo, enquanto o ânion SO 4-2 reage com o Na+ formado o
Na2SO4 10 H2O o qual, juntamente com uma lâmina de água de percolação, é
removido da zona radicular das plantas. Além disso, a substituição de um íon
monovalente (sódio) por um íon divalente (cálcio), tende aumentar a floculação
do solo e conseqüentemente sua estruturação. O gesso agrícola, embora
tenha reação neutra, alguns trabalhos têm mostrado que o mesmo é capaz de
reduzir o pH de solos salinos alcalinos (GUPTA & GOI, 1992; SANTOS, 1995;
QADIR et al., 1996; DURAN et al., 2000; GOMES et al., 2000; VITAL et al.,
2005; LEITE et al., 2007). Tal fato é atribuído à remoção do perfil dos solos,
íons com caráter básico como o Na+, CO3-2 e OH- após a aplicação da água de
lixiviação (QADIR et al., 1996).
Na+
Na+
Argilomineral Ca 2+
Na+ + 2 Ca2+
Argilomineral
Na+ Ca 2+
137
h = profundidade de correção (cm)
Ds = Densidade do solo (g cm-3)
d) Uso de Enxofre
138
2S0 + 3H2O + H2 ↔ 2H2SO4
139
fixam o nitrogênio atmosférico e concentram grande quantidade de matéria
orgânica no solo.
140
na solução do solo, promove precipitação destes óxidos aumentando o P
disponível.
No caso do cloro, a toxidez no campo tem sido mais comum do que sua
deficiência, pois o fornecimento de Cl como KCl, vai muito além da
necessidade das culturas. O molibdênio por ser o micronutriente menos exigido
pelas plantas, também não tem sido observado grandes problemas. No
entanto, as espécies fixadoras de nitrogênio como as leguminosas são
particularmente exigentes em molibdênio, pois este nutriente é componente da
nitrogenase, complexo enzimático envolvido na FBN.
143
Finalizando, deve-se ressalta que no manejo dos nutrientes do solo, o
conhecimento individual da dinâmica de cada nutriente é desejável, mas, é de
fundamental importância conhecer em profundidade as interações que ocorrem
entre os mesmos dentro do sistema solo, tendo em vista que em condições
reais, esta interação é inevitável. Pelos motivos já expostos anteriormente e
pelas funções dos nutrientes dentro da planta, não se deve esquecer a Lei do
Mínimo, pois a produção sempre será limitada por aquele nutriente que não
está atendendo a necessidade da planta. Também a Lei dos incrementos
decrescentes não deve ser esquecida, uma vez os custos com adubos são
bastante elevados, podendo ainda haver prejuízos por toxidez de determinados
nutrientes como também prejuízos ao meio ambiente (poluição).
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