Apostila Fertilidade Do Solo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR


UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

FERTILIDADE DO SOLO

Organizadores

Josinaldo Lopes Araujo Rocha


CCTA/UFCG
Alexandre Paiva da Silva
CCA/UFPB
Pedro Jorge da Silva Severo
(Colaborador)

Pombal, 2020

1
SUMÁRIO

UNIDADE 1: IMPORTÂNCIA DA FERTILIDADE DO SOLO.............................1


1.1 Breve Histórico da Fertilidade do Solo..........................................................1
1.2 Fertilidade do Solo e fatores de formação.....................................................2
1.3 Fertilidade do solo: solo fértil e solo produtivo...............................................5
1.4 Fertilidade de solos do semiárido..................................................................6

UNIDADE 2: LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO..............................................9


2.1 Lei da Restituição..........................................................................................9
2.2 Lei do Mínimo ou Lei de Liebig....................................................................10
2.3 Lei dos acréscimos não proporcionais (Mitscherlich)..................................11
2.4 . Lei do máximo...........................................................................................13

UNIDADE 3: AS FASES DO SOLO..................................................................14


3.1 Fase sólida: Composição e características.................................................14
3.2 Origem de cargas elétricas na fase sólida..................................................18
3.3 Fase líquida.................................................................................................24
3.4 Fase gasosa................................................................................................26
3.5 Transporte de nutrientes para as raízes......................................................28

UNIDADE 4: ACIDEZ DO SOLO E CAGEM....................................................35


4.1 Origem da acidez do solo............................................................................35
4.2 Componentes da acidez do solo..................................................................37
4.3 Causa do pouco crescimento das plantas em solos ácidos.......................40
4.4 Correção da acidez do solo.........................................................................41
4.5 Corretivos da acidez.do solo......................................................................43
4.6 . Características dos corretivos...................................................................44
4.7 Métodos para recomendação da necessidade de calagem......................44
4.8. Aspectos práticos da calagem...................................................................48

2
UNIDADE 5: MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO...............................................53
5.1 Aspectos gerais...........................................................................................53
5.2 Compartimentos da matéria orgânica do solo.............................................54
5.3 Funções da matéria orgânica......................................................................57
5.4 Decomposição da matéria orgânica ...........................................................61

UNIDADE 6: MACRO E MICRONUTRIENTES NO SOLO...............................65


6.1 Nitrogênio ....................................................................................................65
6.2 Fósforo .......................................................................................................72
6.3 Potássio ......................................................................................................77
6.4 Cálcio e magnésio ......................................................................................79
6.5 Enxofre no solo ...........................................................................................82
6.6 Micronutrientes no solo ..............................................................................86

7 AMOSTRAGEM DO SOLO PARA AVALIAÇÃO DE SUA FERTILIDADE...91


7.1 Aspectos gerais ..........................................................................................91
7.2 Conceitos importantes ................................................................................92
7.3 Seleção da área ..........................................................................................93
7.4 Coleta da amostra de solo ..........................................................................95
7.5 Profundidade de amostragem.....................................................................98
7.6 Processamento das amostras.....................................................................99
7.7 Frequência de amostragem.......................................................................100

8. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO E RECOMENDAÇÃO DE


ADUBAÇÃO....................................................................................................101
8.1 Unidades usuais em fertilidade do solo ....................................................101
8.2 Tabelas de interpretação dos resultados...................................................110
8.3 Recomendação de adubação ...................................................................113

UNIDADE 9: CARACTERÍSTICAS DOS FERTILIZANTES...........................119


9.1 Características químicas dos fertilizantes minerais...................................119
9.2 Características físicas dos fertilizantes minerais.......................................124
9.3 Características físico-químicas dos fertilizantes minerais.........................128

3
9.4 Fertilizantes orgânicos ..............................................................................130
UNIDADE 10: SOLOS AFETADOS PELO EXCESSO DE SAIS E
SÓDIO.............................................................................................................132
10.1 Aspectos gerais.......................................................................................132
10.2 Recuperação de solos afetados pela salinidade ...................................135

SÍNTESE SOBRE O MANEJO DE NUTRIENES EM SOLOS


TROPICAIS.....................................................................................................140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................145

4
1. IMPORTÂNCIA DA FERTILIDADE DO SOLO
1.2 Breve histórico da Fertilidade do Solo

A preocupação com a manutenção da fertilidade do solo ocorre desde a


antiguidade, quando os gregos já recomendavam, ainda que intuitivamente, a
aplicação de estercos e água de esgoto nos solos que consideravam como
"mais fraco". Teofrasto (372 – 287 aC) recomendava usar de forma abundante
estercos nos solos rasos, mas os solos ricos deveriam ser menos adubados.
Da mesma forma, romanos e gauleses já utilizavam margas (material à base
de argila e calcário) para melhorar o solo onde eram cultivados cereais e
videiras. Intuitivamente os povos antigos se preocupavam em manter a
fertilidade do solo através da aplicação de materiais que julgavam conservar os
"elementos responsáveis" pelo crescimento e produtividade das culturas.
Nos dias atuais, há muita pesquisa disponível acerca das técnicas de
conservação do solo, apesar de em sua grande maioria não ser aplicada pelos
proprietários rurais em muitas regiões do Brasil, especialmente naquelas mais
pobres como na Região Norte e no semiárido do Nordeste. Contudo, as causas
da falta de aplicação do conhecimento da Ciência do Solo para sua
conservação não será abordado neste trabalho.
A manutenção da qualidade do solo nos agroecossistemas é
fundamental para a sustentabilidade dos sistemas de produção e conservação
do solo. Sobre este prisma, um dos aspectos fundamentais para a conservação
do solo é o adequado manejo de sua fertilidade, com vistas a manutenção de
sua capacidade produtiva, dos níveis de nutrientes, de matéria orgânica e da
atividade biológica.
Em muitas áreas do semiárido Nordestino, apesar de todo conhecimento
científico acumulado na região, ainda adota-se sistemas arcaicos de cultivo,
onde áreas exploradas com culturas anuais, anos após anos são abandonadas
pela baixa produtividade adquirida em função da exaustão de nutrientes e
matéria orgânica do solo. A decadência dos níveis de fertilidade nestas áreas
tornam a atividade agrícola economicamente inviável. Assim, estas áreas ficam
expostas aos agentes erosivos, tais como água e vento, proporcionado a
remoção da camada de solo contendo as superfícies de adsorção mais ativas
(argilas e matéria orgânica) levando com o tempo a degradação dos solos. Na

1
verdade, estes solos poderiam continuar produzindo satisfatoriamente se
fossem aplicadas técnicas simples como a rotação de cultura, para
enriquecimento do solo com matéria orgânica e atender uma das importantes
leis da fertilidade do solo, ou seja, a "Lei da Restituição", começando pela
análise de solo seguido das recomendações necessárias.
Estima-se que apenas 1,33% da superfície da Terra seja agricultável,
admitindo-se que 75% compreendem os oceanos e 23,67% seja ocupada por
rios, lagos, desertos, florestas muito acidentadas e geleiras. Portanto, resta um
resíduo da superfície do planeta para se produzir alimentos, fibras e diversos
tipos de matéria-prima. Dos solos que constituem este resíduo, poucos são
naturalmente férteis, a exemplo da Terra Preta de Índio na Amazônia.
No Brasil cerva de 63% da área de solos é afetada por acidez elevada e
Al e 25% destas áreas apresentam elevada fixação de P (NOVAIS et al.,
2007). Muitos solos mesmo sendo férteis não necessariamente são produtivos,
pois podem apresentar impedimentos físicos como elevada pedregosidade,
baixa profundidade, elevada compactação ou apresentarem impedimentos
químicos como elevada salinidade, excesso de sódio, excesso de alumínio, ou
outros elementos considerados tóxicos para as plantas ou estarem localizados
em área sob baixa precipitação pluviométrica. Por outro lado, há muitos solos
que apresentam baixa fertilidade natural, mas possuem atributos físicos
favoráveis ao desenvolvimento das plantas e, portanto, podem vir a se tornar
produtivos desde que sejam adotadas a prática da adubação e a da calagem.

1.2 Fertilidade do solo e fatores de formação


Há uma estreita relação entre a fertilidade do solo com os fatores de
formação do solo (Figura 1). A disponibilidade imediata e a reserva de
nutrientes dependem não apenas da riqueza do material de origem mas
também da intensidade do processo de lixiviação/lavagem do solo
proporcionado pelo clima, da natureza da rocha e sua suscetibilidade ao
processo de intemperismo aliado a atividade dos organismos, os quais podem
contribuir com a adição de nutrientes no solo pelo processo de biocliclagem. De
outra forma, os organismos do solo podem contribui com o processo de
lavagem do solo aumentando sua porosidade ou ainda podem contribuir para
diminuir o processo de remoção de solo por erosão, aumentando o teor de

2
matéria orgânica e assim aumentando o movimento de água no perfil do solo.
O relevo é outro fator fundamental neste processo, já que pode aumentar ou
diminuir o processo lavagem e, ou perdas de solo.

Atributos do Fatores de form.


solo (Cl,o,r,p,t)

Fertilidade
do solo

Exaustão
Erosão e ou
Lixiviação desequilíbrio

Figura 1. Inter-relações entre fertilidade do solo e diversos processos e


fenômenos que ocorrem no solo. Fonte: Autoria própria.

Pela atuação dos fatores de formação do solo, fica evidente que os


fatores de formação do solo, interferem diretamente nos seus atributos
químicos, físicos e bilógicos. Estes atributos por sua vez exercem influência
sobre a fertilidade do solo por contribuem com o acúmulo ou com a remoção de
nutrientes de seu perfil (Figura 1). A título de exemplo cita-se a porosidade do
solo, em especial a macroporosidade, que dependendo da pluviosidade ou da
lâmina de irrigação pode contribuir para a remoção de elementos móveis como
o potássio e o nitrogênio. Por outro lado, a fertilidade do solo pode ser
favorecida pelos atributos que favorecem a atividade biológica e o crescimento
das plantas que, em última instância, podem elevar o processo adição de
carbono e nutrientes ao solo. A exaustão é outro fator de relevante influência
na fertilidade do solo, na medida em que leva ao depauperamento de sua
fertilidade e inviabiliza o desenvolvimento das plantas. De acordo com Lopes &
Guilherme (2007) a presença de nutrientes é um dos aspectos fundamentais
que garante a boa qualidade do solo, seu bom uso e manejo, principalmente
em agroecossitemas. Esse efeito ocorre quando se realiza monocultivos, anos
após anos na mesma área sem haver a restituição dos nutrientes extraídos
pelas culturas. Uma das formas de se evitar este tipo de processo, além da

3
adubação, é a prática da rotação de culturas, já que as culturas diferentes têm
exigências nutricionais diferentes, promovendo um maior equilíbrio de
nutrientes no solo. Ressalta-se que a suscetibilidade do solo ao processo de
exaustão está também relacionado como os fatores de formação do solo, pois
o grau de intemperização do solo é influencia diretamente na disponibilidade de
nutrientes.
Além das plantas, o processo de erosão é um dos grandes responsáveis
pela perda de fertilidade do solo. O tipo de erosão mais importante depende
das condições climáticas da região. Sob região semiárida, em especial sob
Bioma Caatinga, devido a pouca profundidade da maior parte dos solos, ocorre
mais intensamente a erosão laminar proporcionada pelo ventos e pelas águas
das chuvas. Esse processo remove a camada de solo mais rica em minerais
com maior superfície de adsorção de nutrientes e também a matéria orgânica
do solo, além das sementes. Para nutrientes móveis no solo como o potássio,
cálcio, magnésio, enxofre e nitrogênio, a perda das superfícies de adoção
(argila e matéria orgânica coloidal) representam perdas destes nutrientes por
lixiviação. Contudo, nutrientes de baixa mobilidade no solo como o fósforo,
também pode ser perdido pelo processo erosivo, sem haver necessariamente
lixiviação, pois este será transportado juntamente com o solo removido como
sedimentos.
Desequilíbrios químicos no solo também podem contribui com sua
degradação mais rapidamente. Um das formas mais graves de desequilíbrio
químico no solo é o processo de salinização e sodificação. A salinização dos
solos é um dos principais problemas relacionados com a perda de
produtividade das culturas. Estima-se que os prejuízos anuais no mundo inteiro
na produção agrícola, devido a salinidade, cheguem a cerca de 12 bilhões de
doares (QADIR et al., 2007). Além disso, a salinidade proporciona efeitos
ambientais e sociais negativos devido ao abandono das áreas afetadas e
abertura de novas áreas para a exploração agrícola.
Quando se deseja tomar medidas para solucionar problemas
relacionados com a fertilidade do solo, o ponto de partida é o diagnóstico
(Figura 2), o qual pode ser feito através da análise do solo, sendo esta
envolvendo metodologias tradicionais ou mais sofisticadas, dependo dos
objetivos e metas dimensionados. As amostras obtidas na propriedade pode m

4
ser ou não georeferenciadas. Caso sejam, pode-se elaborar mapas de
fertilidade, com o qual é possível o manejo mais apropriado como práticas de
calagem, adubação mineral e, ou orgânica em taxas variáveis, ou seja, doses
diferentes para situações diferentes. Da mesma forma, adota-se para os
problemas com excesso de sais e de sódio. Para se verificar o efeito das
medidas adotadas, é necessário fazer o acompanhamento por meio de novas
amostragens de solo e posterior análises (Figura 2).

- Amostragem e análises tradicionais


Diagnóstico - Ferramentas da geoestatística
- Mapas de fertilidade

- Correção da reação do solo


Indicação do - Correção da salinidade/sodicidade
manejo - Adubação mineral/orgânica

Acompanhamento

Figura 2. Modo de ação para solucionar possíveis problemas relacionados com


a fertilidade do solo. Fonte: Autoria própria.

1.3 Solo fértil e solo produtivo


Solo Fértil: é aquele que contém, em quantidades suficientes e
balanceadas, todos os elementos essenciais em formas absorvíveis.

Solo Produtivo – é aquele que, sendo fértil, se encontra localizados numa zona
climática capaz de proporcionar suficiente umidade, luz, calor, etc, para bom
desenvolvimento das plantas nele cultivadas.
Desta forma, apenas os atributos químicos do solo favoráveis ao crescimento e
desenvolvimento das plantas não garante produtividades adequadas. Os
atributos físicos como densidade do solo, profundidade, relevo, capacidade de
infiltração de água podem ser limitantes à produção das culturas.
Deve-se ter em mente que a produção de uma cultura não depende
apenas do solo, mas de uma série de fatores tais como:

5
 Sementes
 Umidade
 Temperatura
 Luminosidade
 Época de plantio
 Tratos culturais
 Rotação de culturas
 Cobertura viva ou morta
 Manejo integrado de pragas e doenças
 Densidade de plantio
 Adubação equilibrada
 Etc, etc, etc

1.4 Fertilidade do solo no semiárido

Na região semiárida encontra-se a Caatinga, que é um dos biomas mais


ameaçados do globo, em função da exploração indiscriminada dos seus
recursos naturais e de sua biodiversidade, tendo como principais causas o
desmatamento e as queimadas de espécies nativas para fins de retirada de
lenha e fabricação de carvão vegetal (MENEZES et al., 2002; 2005). Neste
bioma a retirada da vegetação natural, aliada aos longos períodos de estiagem,
provoca acentuada degradação do solo, deixando-o descoberto e exposto por
mais tempo à ação dos agentes erosivos. Estes efeitos reduzem
consequentemente, o potencial produtivo dos solos, causando danos muitas
vezes irreversíveis ao meio (GARLINDO et al., 2008), levando o bioma ao
processo de desertificação em função das perdas de sementes, matéria
orgânica e nutrientes (SAMPAIO et al., 1995).
Outra prática adotada, nesta região, que intensifica ainda mais esse
processo é a queima dos resíduos vegetais, gerados pelo desmatamento.
Embora, haja uma liberação rápida de nutrientes minerais presentes nas
cinzas, como o cálcio, o magnésio e o potássio; grande parte do nitrogênio e do
carbono são perdidos por volatilização, com consequente destruição do

6
reservatório de matéria orgânica do solo e comprometimento de sua atividade
biológica. Além das perdas de nutrientes na biomassa cortada e queimada,
ocorrem transformações significativas nos estoques de matéria orgânica e
nutrientes do solo, com tendência de rápida diminuição dos reservatórios de
nutrientes associados à matéria orgânica nos meses imediatamente
subsequentes à queima (FRAGA; SALCEDO, 2004).
Nesse contexto, há necessidade urgente da implantação de medidas
que possam reverter este cenário, tendo em vista que o processo de
desertificação da Caatinga tem implicações não apenas ambientais, mas
também socioeconômicas, uma vez que a população local é fortemente
dependente dos recursos naturais desse bioma. Uma das formas de se reverter
esse processo é o reflorestamento com espécies nativas.
A maior parte da vegetação de Caatinga encontra-se sob LUVISSOLOS
(BRASIL, 1972). Estes solos são caracterizados por apresentar geralmente
elevados teores trocáveis de cálcio, magnésio e potássio, mas apresentam
sérias limitações quanto aos teores de matéria orgânica, nitrogênio, enxofre,
fósforo, boro e micronutrientes catiônicos (EMBRAPA, 2006). Estas limitações
são intensificadas principalmente sob processo de degradação devido a
retirada da vegetal, o que leva a perdas por erosão (ANDRADE, 2013). Devido
à baixa profundidade e elevada pedregosidade destes solos, as áreas sob
LUVISSOLOS geralmente não são utilizadas para o cultivo agrícola, sendo
normalmente utilizadas com pastagem natural. Contudo, devido a aceleração
da degradação pelo pisoteio de animais, a revegetação com espécies nativas é
a melhor indicação para estes solos.
No que se refere ao diagnóstico da fertilidade do solo no semiárido, as
informações disponíveis ainda são incipientes, não obstante algumas
pesquisas já foram realizadas por pesquisadores espalhados em diversas
universidades do Nordeste com a UFPE, UFC, UFPB, UEPB, UFCG dentre
outras.
No trabalho realizado por Silveira et al. (2006) com 10 classes de solos
representativos do Estado da Paraíba e do Pernambuco, os autores,
observaram que o pH do solo variou de 5,1 (Neossolo Quartzarênico) a 6,2
(Neossolo Flúvico). Os teores de matéria orgânica ficaram na faia de 4,8 g/kg
(Neossolo Quartzarênico) a 18,6 g/kg (Neossolo Flúvico). Os teores de P-

7
Mehlic apresentaram ampla variação entre os solos, sendo encontrado teores
de 1,0 mg kg-1 em Cambissolo, Planossolo e Neossolo Regolítico até 202 no
Neossolo Flúvico. Em geral, neste trabalho ficou demonstrado que a maioria
destes solos apresentam grande limitação de matéria orgânica e fósforo,
inclusive quando se considera os teores totais deste nutriente no solo.
Outro trabalho relevante foi realizado por Brito (2010) num trabalho de
monografia realizado no Centro de Saúde e Tecnologia Rural da UFCG
(Campus de Patos). A autora avaliou a fertilidade do solo de 645 amostras
distribuídas nos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do
Norte. Parte destes resultados são apresentados na Figura 3. Assim como
observado por Silveira et al. (2006), Brito (2010) observou que mais de 90%
das amostras apresentavam teores baixos de matéria orgânica, 47% com
teores baixos de fósforo. Por outro lado, os teores de potássio, na maioria das
amostras encontravam-se de médio a altos, assim como a saturação por
bases.

100 92 50 POTÁSSIO
M.O 40,62
Frequência (%)

38,6
Frequência (%)

80 40
60 30
40 20
20 10
0 0
<15 15- 25 0 a 45 46 a 90 91 a 180 > 180
g MO kg-1 mg K dm-3

50 47 60
50
Frequência (%)
Frequência (%)

40 FÓSFORO V%
40
30
30
20 20
10 10
0 0
0 a 10 11 a 30 > 30 20,1 a 44 44,1 a 60 60,1 a 80 > 80

mg P dm-3 Saturação por bases (V)

Figura 3. Distribuição da frequência para teores de matéria orgânica (M.O),


potássio, fósforo e saturação por bases em solos do semiárido nordestino.
Fonte: Brito (2010).

8
2: LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO
2.1 Lei da Restituição
Os nutrientes do solo são perdidos naturalmente pela retirada e
exportação pela parte colhida da planta, de modo que os teores desses
elementos tendem a diminuir a cada safra. Além do carreio de nutriente pelas
plantas, os processos erosivos e de compactação do solo contribuem para o
depauperamento da fertilidade. Na tabela 1, pode-se observar as quantidades
de nutrientes que são exportados pela cultura da soja em kg/ha, para cada
produtividade atingida.

Tabela 1. Quantidades de nutrientes extraídas e exportadas pela cultura da


soja em função das expectativas de produtividade.

Nutrientes extraídos Total extraído


N (kg/100 t) 143
P (kg/100 t) 19
K (kg/100 t) 174
Ca (kg/100 t) 87
Mg (kg/100 t) 49
S (kg/100 t) 44
B (g/100 t) 235
Cu (g/100 t) 339
Fe (g/100 t) 7.318
Mn (g/100 t) 2.470
Zn (g/100 t) 592
Fonte: Orlando Filho (1983).
.
Assim sendo, é indispensável a restituição de todos os nutrientes que
são retirados do solo, afim de se evitar o seu empobrecimento nutricional e
consequente declínio em produtividade de ciclos posteriores. Essa
necessidade periódica da reposição dos nutrientes removidos e denominada
Lei da Restituição.

9
2.2 Lei do Mínimo ou de Liebig
A otimização da produtividade das culturas só será possível com
adequada disponibilidade de todos os macros e micro nutrientes do solo. Caso
contrário, a produção será invariavelmente limitada pelo elemento essencial
que se encontra em menor disponibilidade no solo.
A Lei do Mínimo, também conhecida como lei de Liebig, foi enunciada
em 1862. Relaciona o crescimento vegetal com a quantidade do elemento
existente no solo. Segundo ela, o crescimento de uma planta está limitado por
aquele nutriente que se encontra em menor proporção no solo, em relação à
necessidade das plantas.
Do ponto de vista prático a aplicabilidade dessa lei é complexa, porque
em condições normais de campo, muitas vezes são vários os nutrientes ou
fatores que limitam a produção, além da ação de suas interações.
Em sistemas altamente produtivos, o conhecimento da Lei do Mínimo ou
de Liebig é determinante para o sucesso do empreendimento.
Essa lei tem sido também ilustrada, tradicionalmente, por um barril,
tendo algumas tábuas com diferentes alturas, sendo a tábua com a menor
altura a que representa o elemento mais limitante. O aumento dessa tábua
permitirá aumentar o nível de líquido no barril até o limite de outra tábua, agora
a de menor altura. No exemplo da Figura 4, se a deficiência de Mg for corrida,
o fator mais limitante passará a ser o N.

10
Figura 4. Representação esquemática da Lei do Mínimo. Fonte: Lopes (1998).

Portanto, quando se pensa em adubação, deve-se pensar em equilíbrio


entre os nutrientes. Não adianta gastar fortunas com NPK, se as quantidades
de magnésio, ou enxofre, são baixas no solo. Conforme ilustra a figura 4
abaixo, as maiores produtividades do milho ocorreram nas maiores doses de N
e K, indicando que a aplicação de um nutriente é potencializada quando o outro
se encontra em níveis adequados. Por outro lado, nas maiores doses de K e
combinado com as menores doses de N, houve decréscimo na produtividade.

2.4 Lei dos incrementos decrescentes


Em 1909, o alemão E. A. Mitscherlich, tomando como base uma série de
ensaios, desenvolveu uma equação relacionando o crescimento de plantas ao
suprimento de nutrientes (Tisdale & Nelson, 1975). Matematicamente a Lei é
expressa pela seguinte expressão:
log (A - Y) = log A - c (X + b)

onde, Y é a produção obtida; A é a produção máxima esperada em resposta ao


nutriente X colocado à disposição da planta (ou outro fator de produção, como
luz, temperatura etc.); c é uma constante de proporcionalidade ou "coeficiente
de eficácia", e b é a quantidade do mesmo nutriente já existente no solo.

11
A Lei dos Incrementos Decrescentes afirma que à medida que se
enriquece o solo por meio da adubação, não são observados ganhos
proporcionais e correspondestes aos incrementos de nutrientes minerais
fornecidos pelos fertilizantes. Na prática o que se observa são elevadas
respostas inicias das culturas ao fornecimento de nutrientes, porém, havendo,
a partir de determinado ponto, ganhos em produção decrescentes com os
incrementos dos fertilizantes (Figura 5).

400
Aumento de produção (kg/ha)

300 0
48 22

200
98

100
144

0
0 10 20 30 40 50 60
Dose de N (kg/ha)

Figura 5. Curva de resposta hipotética de uma determinada cultura à doses de


N, evidenciando os incrementos de produção para cada 10 kg/ha. Fonte:
autoria própria.

E essa lei é de grande importância prática para o manejo da fertilidade


do solo em sistemas agrícolas, uma vez que os gastos aumentam linearmente
em função das doses de fertilizantes e não se terá uma resposta linear em
produtividade. Assim, se pode buscar uma produtividade ótima
economicamente viável ou produtividade máxima econômica, a qual
normalmente se situa entre 80-90% da produtividade máxima. Em outras
palavras, no manejo da adubação, seguindo os princípios dessa lei, se
recomendarão quantidades de fertilizantes que possam proporcionar de 80-
90% da produtividade máxima esperada.

12
2.4 Lei do Máximo: Qualquer fator de produção, quando em excesso, tende a
não aumentá-la ou mesmo a diminuí-la. No caso dos nutrientes, o decréscimo
da produção pode ser provocado pelo efeito tóxico do elemento ou pelos
desbalanceamentos entre os nutrientes (Figura 6).

60
Produção de tomate (t/ha)

50

40

30
y = -0,001x2 + 0,3629x + 22,81
20

10

0
0 100 200 300
Doses de N (kg/ha)

Figura 6. Exemplo da Lei do máximo aplicada a produção de tomate em


função de doses de nitrogênio. Fonte: Autoria própria.

EXERCÍCIOS
1) Explique como o uso racional de fertilizantes pode contribuir com a
conservação dos recursos naturais.

2) Quais as diferenças entre solos produtivo e solos férteis?

3) Estabeleça uma relação entre os fatores de formação com a fertilidade


do solo.

4) Como a Lei do Mínimo e a Lei dos incrementos não-proporcionais


podem ser empregadas para otimizar a produtividade rentabilidade das
culturas?

13
5) Elabore um gráfico ilustrando a Lei dos Incrementos não Proporcionais e
explique sucintamente como ela se relaciona com o uso racional de
fertilizantes na Agricultura.

6) Os solos do semiárido nordestino são férteis? Explique.

3: AS FASES DO SOLO

O sistema sola-planta é constituído por três fases: a fase sólida, a fase


liquida e a fase gasosa (Figura 7). Apesar da fase gasosa também ser
importante para o desenvolvimento das plantas, (a absorção iônica, por
exemplo, é influenciada pelo teor de O2 no meio), será dada maior ênfase à
fase sólida e a fase liquida.
Composição geral do solo
Fase sólida mineral
Fase líquida

25%
45%

25%

Fase gasosa
5%
Fase sólida orgâmica

Figura 7. As fases do solo e suas proporções relativas considerando um solo


hipotético. Fonte: Autoria própria.

A fase sólida é composta pela fração mineral. e orgânica e a liquida, pela


solução. do solo. Em cada uma destas fases e, principalmente, na interfase
ocorrem reações que favorecem (ou limitam) o crescimento vegetal.

14
3.1 Fase sólida: Composição e características

A fase sólida é proveniente dos materiais derivados das rochas e /ou


sedimentos, associados aos compostos de origem orgânica. A constituição
química das rochas ou sedimentos é variável em função de sua origem e
natureza, afetando as características do solo formado. Esta influência tende a
se reduzir na medida em que o intemperismo atua, podendo levar solos
derivados de materiais de origem diferentes a apresentarem feições e
composição química similares.
A fase sólida é constituída de agregados que se apresentam, até certo
ponto, individualizados. Os agregados são formados de partículas unitárias,
cimentadas entre si por matéria orgânica, óxidos de Fe e Al, sílica, entre outros.
As partículas individuais são obtidas após a dispersão dos agregados. Limites
de tamanho definem as partículas como pertencentes a diferentes frações.
Esses limites são estabelecidos pela classificação de Atterberg ou classificação
internacional (Tabela 2).

Tabela 2. Frações granulométricas do solo.


Areia Silte Areia fina Areia grossa Cascalho
.......................................................mm..............................................................
≤ 0,002 0,002 - 0,05 0,05 – 0,2 0,2 - 2,0 >2

A fração areia pode conter minerais primários, originados do material de


origem do solo, no caso dos solos pouco intemperizados. Com o avanço do
intemperismo, apenas o quartzo se mantém nesta fração (Figura 8). Os
minerais de menor resistência ao intemperismo, como os feldspatos,
piroxênios, olivinas e biotita, se decompõem em minerais secundários. Na
fração grosseira podem ser também encontrados nódulos e concreções
formados pedogeneticamente pela cimentação por óxidos de ferro presentes
nas frações mais finas.

15
Solo
Areia Silte Argila

Minerais em
Minerais
transformação secundários

Minerais primários Filossilicatos

Minerais 1:1

Minerais 2:1

Colóides minerais Óxidos


(minerais secundários)

Óxidos de Fe

Óxidos de Al

Figura 8. Composição da fase sólida do solo.

A fração silte é composta por fragmentos de minerais do material de


origem e/ou microagregados formados por partículas de argila cimentadas. Nos
solos altamente intemperizados, predomina a segunda situação, sendo
frequentemente observados teores significativos de silte nos resultados
analíticos. Isto se deve à forte estabilidade dos microagregados,
impossibilitando aos procedimentos de dispersão na análise textural uma
perfeita separação das frações.
A fração argila é composta por minerais secundários originados do
intemperismo dos minerais primários. O processo de formação dos minerais
secundários se dá pelo rompimento da rede cristalina destes e pela remoção
dos íons pela água que atravessa as fraturas nas rochas. Em condições de
intemperismo pouco acentuado, quando a remoção de cátions e sílica não é
muito drástica, formam-se os minerais de argila silicatados do tipo 2:1. O ferro
contido nos minerais primários pode se precipitar como óxido/hidróxido. O
avanço do intemperismo proporciona progressiva perda de cátions e sílica,
desestabilizando os minerais 2:1 e favorecendo a formação das argilas 1:1
(Figura 8).

16
A transformação de minerais 2:1 em 1:1 também depende das
condições locais de drenagem e da razão remoção/acumulação dos produtos
de decomposição, podendo ocorrer reversão desse processo em locais de
acúmulo, como depressões e áreas mal drenadas.
No final do intemperismo ocorrem condições favoráveis à transformação
das argilas 1:1 em hidróxidos de alumínio (gibbsita). Solos em estágio de
intemperismo avançado são predominantemente oxídicos, como alguns
Latossolos, nos quais se verifica uma concentração relativamente elevada dos
óxidos de ferro e alumínio devido à remoção dos demais elementos pelo
intemperismo. Certas condições de intemperismo podem levar os minerais
primários diretamente ao último estágio de intemperismo, a gibbsita. Isto se
verifica em condições de lixiviação elevadas, como no caso de regiões
tropicais.
A argila é a fração mais importante do solo em termos reatividade e
interações com os demais constituintes sólidos devido à sua elevada superfície
específica. Suas propriedades físicas e químicas, como a retenção de
umidade, capacidade de troca iônica e as propriedades como a friabilidade,
plasticidade e pegajosidade são derivadas de sua natureza coloidal.

Sistema coloidal do solo

O solo pode ser considerado um sistema disperso, pois é constituído de


mais de uma fase, sendo que a fase sólida está em estado de acentuada
subdivisão. Há, portanto, um sistema coloidal no solo, constituído de partículas
diminutas, de tamanho coloidal (inferior a 2 µm), minerais ou orgânicas, ou
organo-minerais, como fase dispersa na solução (ou no ar) do solo, como meio
de dispersão. Nesse sistema ocorrem reações químicas, físico-químicas e
microbiológicas de imensa importância no estudo dos solos. Neste tamanho, os
materiais adquirem propriedades particulares, relacionadas ao aumento relativo
da superfície específica e ao pequeno tamanho das partículas.

Superfície específica

O termo ‘superfície específica’ refere-se à área por unidade de massa


do material considerado (solo como um todo, fração argila apenas, matéria

17
orgânica etc.) e é, usualmente, expressa em metros quadrados por grama (m2
g-1), podendo inferir no grau de reatividade do solo. Deve-se, esperar grandes
variações entre solos quanto às suas superfícies específicas.
Entre os fatores responsáveis por essas variações, encontram-se:
 Textura ou granulometria;
 Tipos de minerais de argila;
 Teor de matéria orgânica.

Em virtude do menor tamanho da fração argila do solo, em relação às


outras frações, pode-se deduzir que esta fração, de natureza coloidal, contribui
em maior proporção com o valor da superfície específica do solo.
Quanto ao tipo de mineral de argila presente, sabe-se, por exemplo, que
a caulinita apresenta superfície específica de 10 a 30 m 2/g, os óxidos de Fe de
100 a 400 m2/g, e a montmorilonita, no outro extremo, de 700 a 800 m2/g. É de
se esperar, portanto, que solos tropicais, que têm nos óxidos e na caulinita os
maiores constituintes da fração argila, tenham menor superfície específica, em
geral, que solos de regiões temperadas, onde há predominância de
montmorilonita e de outras argilas silicatadas mais reativas.

3.2 Origem das cargas elétricas na fase sólida do solo

3.2.1 Importância

As cargas elétricas geradas na fase sólida do solo são fundamentais


para a manutenção de sua fertilidade e qualidade. As cargas elétricas
negativas são responsáveis pela capacidade de troca de cátions (CTC) e
positivas pelo capacidade de troca ânions (CTA). Embora o fenômeno de CTC
seja mais expressivo nos solos, ambas as cargas são fundamentais para a
manutenção da vida no planeta porquê retêm os nutrientes de plantas no solo
evitando sua lixiviação e contaminação do ambiente.

As cargas elétricas podem ser de dois tipos:


a) Cargas elétricas permanentes
b) Cargas elétricas dependentes de pH

18
a) Cargas permanentes:

- São sempre negativas (com raras exceções)

- Não variam com o pH do solo

- São originadas em minerais 2:1 por SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA

A substituição isomórfica ocorre em minerais primários e secundários 2:1,


devido a similaridade dos raios iônicos de alguns elementos químicos
constituintes destes minerais, notadamente Si, Al, Mg e Fe (Tabela 3).

Tabela. Raio iônico de alguns elementos químicos


Elemento Raio iônico (nm)
Si4+ 0,41
Al3+ 0,50
Fe3+ 0,64
Mg2+ 0,65
2+
Zn 0,70
Fe2+ 0,75
Ca2+ 0,94
Na+ 0,98
K+ 1,33
O-2 1,45
1 nm = 10-9m

Fonte: McBride (1991)

b) Cargas elétricas dependentes de pH


- Podem ser positivas ou negativas

- Ocorre principalmente em solos altamente intemperizados

- Ocorre em minerais 1:1 (caulinita), na superfície de óxidos de Fe e Al

19
b.1) Superfície de óxidos de Fe e Al

Nas superfícies com hidroxila exposta, dos óxidos de ferro e alumínio os


íons H+ do solo (sob acidez) protonam estas hidroxilas gerando cargas
positiva. Sob pH elevado os íons OH- do solo (sob alcalinidade) dissociam
a hidroxila do mineral gerando carca negativa e formando uma molécula de
água.

3H+ 3OH-
OH2+ OH OH-

Al Al Al

O OH2+ O OH O OH- + 3H2O

Al Al Al

OH2+ OH-
OH
Carga 3+ Carga 0 Carga 3-

Figura 9. Representação esquemática do desenvolvimento de cargas positivas


e negativas variáveis em gibbsita. Fonte Furtini Neto et al. (2001).

b.2) Grupos carboxílicos e fenólicos da matéria orgânica

Os grupos funcionais da matéria orgânica que mais contribuem para a


geração de cargas são os grupos carboxílicos e os grupos fenólicos. A matéria
orgânica por ter ponto de carga zero (PCZ) geralmente abaixo de 3,5, em
condições de solos agrícolas, ela desenvolve apenas cargas negativas,
diferentemente do que ocorre com os minerais de carga variável, cujos valores
de PCZ geralmente são bem mais elevados que o da matéria orgânica.

20
O O

R C OH + OH- R C O- + HOH

Grupos carboxílicos

R OH + OH- R O- + HOH

Grupos fenólicos

Figura 10. Geração de cargas negativas em grupos funcionais da matéria


orgânica do solo. Fonte: Furtini Net et al. (2001).

b.3) Arestas quebradas de minerais 1:1

Devido às imperfeições dos minerais 1:1 como a caulinita, como


fraturas/quebras, estes minerais expõem superfícies hidroxiladas. Tal como
ocorre nos óxidos de Fe e Al, nas superfícies com hidroxila exposta os íons H+
do solo (sob acidez) protonam estas hidroxilas gerando cargas positiva. Sob pH
elevado os íons OH- do solo (sob alcalinidade) dissociam a hidroxila do mineral
gerando carca negativa e formando uma molécula de água.

Figura 11. Representação esquemática do desenvolvimento de cargas


positivas e negativas variáveis em caulinita. Fonte Furtini Neto et al. (2001).

21
Tabela 4. Capacidade de troca de cátions de alguns minerais do solo em
comparação com a matéria orgânica.

Tipo de Carga da CTC ASE


Componente
mineral camada (cmolCkg-1) (m2 g-1)

Mica 2:1 1,0 20-40 70-120


Vermiculita 2:1 0,6-0,9 120-100 600-800
Montmorilonita 2:1 0,25-0,6 80-120 600-800
Clorita 2:1:1 1 20-40 70-150
Caulinita 1:1 0 1-10 10-20
Matéria orgânica - - 200-300 -

Fonte: Adaptado de Mello et al. (1983).

3.2.2 Características da CTC

Eletrostática: Cargas negativas da fase sólida são neutralizadas por cargas


positivas dos cátions presentes na solução do solo.

Estequeométrica: uma carga negativa é neutralizada por outra positiva na


proporção de 1:1. Assim, 1,0 cmolc de K+ neutraliza 1,0 cmolc de carga
negativa e portanto, 1 cmolc de Ca2+ equivalem a 2,0 cmolc de K+ em termos de
capacidade de neutralização de carga negativa.

Reversível: Os íons da CTC podem ser trocados por outros da solução do solo
obedecendo o princípio estequiométrico.

Processo rápido: Em laboratório geralmente uma agitação do solo por cinco


minutos adicionado de um cátion deslocante (geralmente K) é suficiente para
promover o deslocamento dos cátions da fase sólida para a solução do solo,
enquanto a fase sólida fica saturada com íons K.

22
3.2.3 Índices associados com a CTC do solo

Os índices abaixo listados normalmente são utilizados como referência


para se inferir sobre o grau de fertilidade do solo. Contudo, deve-se ter em
mente que um único índice isolado não é suficiente para saber se um solo é
fértil ou não. Atualmente, busca-se avaliar os atributos químicos, físicos e
biológicos para conhecer melhor a capacidade produtiva do solo.

2+ 2+ + + + +3
CTC = Ca + Mg + K + Na + H + Al
CTC = T = CTC potencial ou CTC a pH 7,0
2+ 2+ + + +3
t = CTC efetiva = Ca + Mg + K + Na + Al
2+ 2+ + +
SB= Soma de Bases: Ca + Mg + K + Na
V% = saturação por bases
V% = (SB/CTC) x 100
m% = saturação por Al
m% = (Al/t) x 100
K% = (K/t) x 100
PST = Percentagem de sódio trocável (Na/CTC) x 100

Exemplo de aplicação
Suponha a seguinte análise de solo
pHCaCl2 = 4,5
-3
-3 CTC = 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 + 4,0 = 5,49 cmolc dm
P = 2,6 mg dm
+ -3
-3
Na = 0,04 cmolc dm H = (H + Al) – Al = 4,0 -1,0 = 3,0 cmolc dm
+ -3
K = 0,05 cmolc dm
-3
2+ -3 t= 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 + 1,0 = 2,49 cmolc dm
Ca = 1,2 cmolc dm
2+ -3
Mg = 0,2 cmolc dm -3
SB= 1,2 + 0,2 + 0,05 + 0,04 = 1,49 cmolc dm
-3
H + Al = 4,0 cmolc dm
V% = (1,49/5,49) x 100 =27,1%
3+ -3
Al = 1,0 cmolc dm

Ca% = (1,2/2,49) x 100 =48,2%


Mg% = (0,2/2,49) x 100 =8,0%

23
K% = (0,05/2,49) x 100 =2,0%
PST% = (0,04/5,49) x 100 =0,7%

A tabela abaixo, extraída de Furtini Neto et al (2001) fornece uma referência


para os valores de saturação para Ca, Mg e K na CTC efetiva.

Tabela 5. Proporções ideais na CTC efetiva para as bases trocáveis.


Base Faixa adequada (%)
Ca 60 - 70
Mg 10 - 20
K 2 -5

O valor t também é referido como CTC a pH natural. Esta distinção da


CTC a pH 7,0 é decorrente do fato dos íons H + estarem ligados de forma
covalente na fase sólida do solo e são liberados desta fase apenas quando o
solo atinge pH 7,0 ou superior, liberando, desta forma, a carga negativa.

3.3 Fase líquida


A fase liquida do solo constitui uma solução que permeia os poros,
interagindo com as fases sólida e gasosa. O termo solução do solo é
empregado porque, de fato, a porção aquosa do solo é uma complexa solução
química, onde água é naturalmente o solvente e nela vários tipos de partículas
e moléculas orgânicas e minerais estão dissolvidas (Tabela 6).
Os principais íons presentes na solução do solo, com pH próximo a
neutralidade são:
Cátions trocáveis: Ca2+, Mg2+, K+, Na+, NH4+, H+, Al3+ seus teores são
facilmente alterados pelo manejo do solo, no caso do Al em solos acidificado
poderá ser fitotóxico e em solos corrigidos com calcário os teores de Ca e Mg
serão altos.
Ânions: NO3- , SO42-, Cl-, HCO3-, CO32- apresenta-se em menores teores que
os cátions trocáveis, entretanto podem estar presentes em solos com grande
quantidade de matéria orgânica, o excesso de NO3- é um exemplo.

24
Tabela 6. Concentração de alguns íons na solução do solo de um Latossolo
Vermelho distrófico típico do Estado do Rio Grande do Sul.
Íons Concentração (mmolL-1)
Ca2+ 70
Mg2+ 47
K+ 96
Na 14
NH4+ 71
Al3+ 15
NO3- 464
SO4 2- 12
H2PO4 16
Zn2+ 6
Cu2+ 2
AsO4-2 -
Ni2+ -
Cd2+ -
Pb2+ -
Substâncias orgânicas -
Fonte: Meurer (2006)
A composição do solo depende de uma série de fatores, dentre os mais
importantes, estão:
 Material de origem;
 Adição de produtos;
 pH;
 Disponibilidade de O2.
Quase todas as reações químicas que ocorrem no solo são mediadas ou
ocorrem em sua solução, dentre as quais se podem destacar as reações de
hidrólise, oxirredução e complexação. Assim, para o adequado manejo da
fertilidade do solo, se torna de suma importância a compreensão fase liquida
do solo, como se dá o transporte de nutrientes na solução até a planta, além da
inferência da solubilidade de nutrientes nesta fase do solo (Figura 12).

25
Figura. Interação da fase líquida (solução) com as demais fases do solo.
Fonte: NOVAIS et al. (2007)

3.3 Fase gasosa


Figura 12. Representação esquemática do equilíbrio dinâmica que ocorre entre
a solução do solo e as fases líquida e gasosa. Fonte: Novais et al. (2007).

3.4 Fase gasosa


O ar do solo ocupa principalmente os macroporos. Sua característica é
semelhante ao do ar atmosférico (Tabela 7), diferenciando apenas na
concentração dos gases que os constituem.

Tabela 7. Concentrações ideais de gases na atmosfera do solo.


Atmosfera 78% N2 21% O2 0,03% CO2
Solo 78% N2 20,08% O2 0,25% CO2

Essa diferenciação nos teores dos gases ocorre porque, em primeiro


lugar, as raízes e organismos que vivem no solo necessitam respirar. Neste
processo, eles consomem o oxigênio (O2) e liberam gás carbônico (CO2),
aumentando os teores de CO2 e diminuindo os teores de O2. No solo os teores
26
de CO2 ficam próximos a 1% enquanto que na atmosfera é de 0,03%. Em
segundo lugar a difusão do ar no solo é dificultada porque os poros são
tortuosos e descontínuos. Quando estamos em uma sala fechada e abrimos a
porta e a janela, o ar atmosférico dentro da sala é rapidamente renovado. No
solo também existe essa difusão e renovação do ar, porém isso não é
instantâneo, e ocorre em um tempo maior.
É importante frisar que a boa aeração do solo é importante para a
produção agrícola e o crescimento das plantas em geral, pois sem ar as raízes
não conseguem respirar e podem morrer, causando danos e perdas no
desenvolvimento vegetal. Um solo que permaneça muito tempo com excesso
de água pode causar problemas de aeração para as raízes. Se a aeração for
deficiente no solo, os organismos vão competir com as raízes, o que também
pode causar danos à produção agrícola.
Quando a concentração de CO2 for maior que 5% ou a concentração de
O2 menor do que 15%, há riscos de redução do crescimento das raízes e da
parte área, sendo o limite crítico superior a 10% de CO2.
As atividades agrícolas que prejudicam a boa aeração do solo são
normalmente as que causam compactação, contração, secagem, expansão,
dispersão e agregação das partículas do solo, são elas:
 Tráfico intenso de maquinas e implementos agrícolas sobre o solo;
 Pisoteio de animais em sistemas intensivos de criação;
 Uso de água salobras para irrigação, que salinizem o solo e com
consequente desagregação e compactação das partículas.
A diminuição da areação (Tabela 8) do solo provoca uma serie de
prejuízos para as plantas e todos os organismos que habitam o solo, dentre
eles, estão:
 Toxidez de elementos químicos;
 Perdas de nutrientes;
 Diminuição da taxa de decomposição da M.O;
 Poluição ambiental.

27
Tabela 8. Compostos envolvidos nos processos de redução do solo, como
consequência da diminuição da concentração de O2.

Potenciais Redox (mV) Reações

+600 a +400 ½ O2 + 2é => H2O

+500 a +200 NO3- + 2H+ + 2é => ½ NO2 +,H2O

+400 a +200 MnO2 + 4H+ + 2é => Mn2+ + 2H2O

+300 a +100 FeOOH + 3H+ + é => Fn2+ + 2H2O

0 a -150 SO4-2 + 9H+ + 6é => HS- + 4H2O

-150 a -220 H+ + é => ½ H2

-150 a -220 CH2O)n => n/2 CO2 + n/2 CH4

Fonte: Bonh et al.(1985) citado por Meurer (2006).


Existem algumas práticas de recuperação da aeração do solo, de modo
que podem ser usadas para tornar áreas improdutivas novamente produtivas
ou na recuperação de áreas degradadas e destinadas a preservação
ambiental, são exemplos:
 Correção do pH do solo através da calagem;
 Aração do solo;
 Correção da salinidade do solo;
 Aporte de resíduos orgânicos;
 Uso de gramíneas.
Assim, para o correto manejo da fertilidade do solo, que visa
rendimentos financeiros satisfatórios com a produção agrícola e a
sustentabilidade dos ecossistemas, fundamentalmente deve abranger os
conhecimentos sobre a atmosfera que compõe o solo e as suas interações
com as outras fases.

3.5 Transporte de nutrientes para as raízes

À princípio, para que os nutrientes de plantas sejam absorvidos, é


necessário que os mesmos atinjam o sistema radicular das plantas. São três os

28
processos responsáveis pelo transporte de nutrientes até as raízes, são eles:
interceptação radicular, fluxo de massa e difusão (Figura 13).
A interceptação radicular ocorre na medida em que as raízes crescem
e entram em contato com os nutrientes dissolvidos na solução do solo. No
entanto, esse processo contribui com uma pequena parcela dos nutrientes
absorvidos pelas plantas (0,2 a 4%). Além disso, o nutriente para ser absorvido
deve necessariamente estar dissolvido na solução do solo.
O fluxo de massa, por sua vez, é o processo de transporte que contribui
com a maioria dos elementos essências absorvidos. O nutriente chega até as
raízes sendo carreado pelo fluxo em massa das moléculas da solução do solo,
que obedecem a um gradiente de potencial hídrico gerado pela transpiração
das plantas. Além disso, o fluxo de massa ocorre de forma bastante rápida e
quantidade de nutrientes absorvidos é proporcional ao volume de água que
chega até as raízes. Isso implica que para a adequada nutrição das plantas, o
teor de água no solo deve estar adequado.
Vale salientar que para o transporte de elementos pouco moveis no solo,
como P e K, o fluxo de massa contribui muito pouco ou quase nada.
Normalmente esses nutrientes são transportados em quantidades adequadas
pele terceiro processo, a difusão.
A difusão de nutrientes no solo ocorre como resultada do gradiente de
concentração gerado entre as raízes e solução do solo. Esse processo é
demasiadamente lento e normalmente ocorre a pequenas distancias (< 10
mm). Isso implica que para satisfazer as quantidades ideais de elementos
pouco moveis e que dependem desse processo para chegar até as raízes, os
fertilizantes devem ser aplicados próximos ao sistema radicular das plantas.
A difusão obedece a Lei de Fick (1855), que pode ser expressa na
seguinte equação:
D = Di x (dc/dx)
Onde:
D = taxa de difusão (mol cm -2 s -1);
Di = coeficiente de difusão (cm2 s -1);
dc/dx = gradiente de concentração (mol cm-3 água cm-1).

29
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão

(2) H2 O
M M
H2O
K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ K+ M
Solução
(3)
K+ K+ K+ K+ K+ do solo
Figura 13. Mecanismos de conato íon –raiz. Fonte: Adaptado de Malavolta et
Clóide do solo
al. (1997).
K fixado
Colóide do solo EXERCÍCIOS
Fracamente disponível
A. Questões sobre a composição do solo
1.Sobre a composição do solo é correto afirmar que:

a) Nem todos os solos têm porosidade


b) Num solo saturado a matéria orgânica é praticamente inexistente
c) A maioria dos solos têm cerca de 5% de matéria orgânica
d) Num solo ideal as proporções entre macro e microporos são semelhantes

2. Sobre a fração areia é correto afirmar que:

a) Em todos os solos a areia é uma reserva de nutrientes para as plantas


b) Em solos muito intemperizados a fração areia é constituída principalmente
por minerais de fácil intemperização
c) Em solos muito intemperizados a fração areia é constituída principalmente
pelo quartzo
d) Solos mais intemperizados tentem a ser mais arenosos

3. A fração argila é a mais reativa no solo, contribuindo para a formação das


unidades estruturais devido:

a) Sua baixa CTC

30
b) Elevada superfície específica
c) Alta capacidade de retenção de ânions
d) Ao seu formato cilíndrico

4. Em relação à composição da fase sólida mineral do solo é correto afirmar


que:

a) Os minerais primários são formados no solo


b) Os minerais 1:1 e Óxidos estão em maior concentração em solos jovens
c) Os minerais 2:1 estão em maior concentração em solos pouco
intemperizados.
d) Solos do semiárido, em geral, são mais intemperizados e portanto, mais
ricos em minerais 1:1.

5. Sobre a origem das cargas elétricas do solo é correto afirmar que:

a) As cargas permanentes podem ser positivas ou negativas


b) A substituição isomórfica ocorre em minerais 1:1 e óxidos.
c) Apenas minerais silicatados 2:1 geram cargas negativas permanentes
d) A matéria orgânica é o componente que mais contribui na geração de
cargas dependentes de pH em solos em solos mais jovens

6. A CTC do solo é determinada pelas características de sua fase sólida,


exceto:

a) Superfície específica
b) Teor de argila
c) Tipo de argila
d) Teor de matéria orgânica
e) Presença de minerais secundários

7. São características da CTC, exceto:


a) Processo eletrostático
b) Processo dinâmico e reversível
c) Estequiométrico
d) Aumenta a lixiviação de cátions

31
e) Aumenta a lixiviação de ânions

8. Em relação às cargas elétricas do solo, é correto afirmar que:

a) No PCZ (Ponto de Carga Zero) os minerais 2:1, 1:1 e óxidos não


desenvolvem cargas elétricas
b) Quando o pH do solo encontra-se acima do PCZ, os minerais de carga
variável (dependente) desenvolvem carga positiva.
c) O aumento do pH solo aumenta a densidade de cargas permanentes do
solo.
d) Horizontes superficiais de solos velhos, ricos em matéria orgânica, sempre
apresentam excesso de carga negativa.

9. A CTC é fundamental para a qualidade do solo devido sua participação nos


seguintes processos, exceto:

a) Retenção de nutrientes para as plantas


b) Diminuição da poluição por lixiviação de cátions
c) Diminuição da poluição por lixiviação de ânions
d) Retenção de matéria orgânica no solo

10. Os processos abaixo listados adicionam substâncias à solução do solo,


com exceção de:
a) Dessorção
b) Precipitação
c) Mineralização
d) Intemperismo
e) Dissociação

B. Questões sobre CTC

I-A análise de um solo resultou nos seguintes resultados: pHCaCl 2 = 4,5; P =


2,6 mg dm-3; Na+ = 0,2 cmolc dm-3; K+ = 0,15 cmolc dm-3; Ca2+ = 1,2 cmolc dm-
3; Mg2+ = 0,4 cmolc dm-3; H + Al = 5,0 cmolc dm-3; Al3+ = 1 cmolc dm-3 .

1. Qual o valor correto da soma de bases:

32
a) 1,95 cmolc/dm3
b) 19,5 cmolc/dm3
c) 3,95 cmolc/dm3
d) 2,95 cmolc/dm3

2. Considerando o resultado da análise descrita, a CTC do solo é:

a) 69,5 cmolc/dm3
b) 6,95 cmolc/dm3
c) 9,55 cmolc/dm3
d) 7,95 cmolc/dm3

3. Os valores corretos da saturação por bases e saturação por Al, são


respectivamente:

a) 41,3% e 28,1%
b) 28,1% e 33,9%
c) 61,5% e 28,1%
d) Nenhuma das alternativas acima

4. Os valores de %Ca e % Mg são respectivamente:

a) 40,7% e 13,6%
b) 20,5% e 61,5%
c) 5,8% e 17,3%
d) 17,3% e 5,8%
5. Caso a referida análise tivesse sido realizada em amostras de solo nunca
cultivado, o solo poderia ser considerado: *

a) Eutrófico
b) Distrófico
c) Alta fertilidade natural
Nenhuma das alternativas anteriores

6. Em relação à concentração de Na neste solo, é correto afirmar que:

a) Está em excesso
b) Não provocaria problemas físicos ao solo

33
c) A PST é maior que 15%.
d) Há possibilidade de adensamento do solo.

7. A capacidade de troca de cátions efetiva é:

a) 2,95 cmolc/dm3
b) 1,95 cmolc/dm3
c) 3,95 cmolc/dm3
d) 6,95 cmolc/dm3

II - Considere os seguintes resultados de uma análise de solo: Na + = 0,2


cmolc/dm3; K+ = 0,15 cmolc dm-3; Ca2+ = 1,2 cmolc dm-3; Mg2+ = 0,4 cmolc dm-
3
.

8. Sabendo que a CTC do solo é 8,2 cmolc/dm3, o valor da soma H+Al será:

a) 4,25 cmolc/dm3
b) 6,25 cmolc/dm3
c) 1,95 cmolc/dm3
d) 2,95 cmolc/dm3

9. O valor correto da saturação por bases do solo da questão II é:

a) 2,37%
b) 23,8%
c) 25,8%
d) 0,24%

10. Se a saturação por alumínio do referido solo (QUESTÃO II) for de 30%, o
teor de Al trocável será de:

a) 2,78 cmolc/dm3
b) 0,84 cmolc/dm3
c) 0,59 cmolc/dm3
d) 1,0 cmolc/dm3

34
UNIDADE 4: ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM

Os solos brasileiros, na sua maioria, são ácidos, sobretudo aqueles que


possuem vegetação de cerrado. Os solos ácidos são caracterizados pelas
baixas concentrações de cálcio e magnésio, elementos diretamente envolvidos
no desenvolvimento das raízes, além de elevados valores de alumínio trocável
e baixa concentração de fosforo disponível no solo.

4.1 Origem da acidez do solo

A acidez do solo, basicamente, se origina da remoção da cátions


básicos do solo – Ca2+, Mg2+, K+ e Na+ - substituindo-os por cátions ácidos –
Al3+, H+ (Figura 14).

Intemperismo
Ca2+ + Lixiviação
Lixiviação
K+ H Na+ H+ Al3+ H+
H+ Mg+2 H+ H+ Al3+ + H+
H
Ca2+ Na+ H+

Mg+2 Na+
K+
Ca2+ Na+

Figura 14. Formação de horizontes ácidos pelo processo de intemperismo e


lixiviação de bases. Fonte: autoria própria.
Diversos são os fatores que influenciam o grau de acidez de um solo. A
principio de tudo, o material de origem. Solos originados de rochas matrizes
pobres em bases naturalmente serão ácidos, assim como aqueles que tiveram
sua origem, mesmo de rochas ricas em bases, de intensos processos de
intemperismo. Esta última situação é apresentada por muitos Latossolos
ácidos.

35
A decomposição da meteria orgânica gera acidez de diversas formas. O
CO2 produzido, em solos com pH acima de 5,2, promove a acidificação,
segundo as reações:

CO2 + H2O H+ + HCO3-

HCO3- + H2O H+ + CO32-

A decomposição da M.O também pode acidificar o solo com a liberação


NH4+, que pode gerar acidez pela reação de nitrificação, e pelo processo de
oxidação do enxofre oriundo dos compostos orgânicos, que por sua vez libera
prótons de H+ no solo.

NH4+ + 2O2 + H2O NO3- + 2H3O+

Sº + 3/2O2 + 3H2O SO4-2 + 2H3O+

O íon H3O+, denominado hidrônio, é equivalente ao íon H+ de acordo


com o conceito de ácido de BRÖNSTED-LOWRY (1923), que segundo o qual,
ácido é uma substância capaz de doar prótons.

As emissões de óxidos de enxofre pelas refinarias de petróleo,


termoelétricas, siderúrgicas e outras fontes poluidoras da atmosfera resultam
na chuva ácida, representando mais um processo de acidificação. Os óxidos de
enxofre e de nitrogênio precipitados podem ser oxidados no solo formando
ácidos fortes.
Adição de fertilizantes também pode ser importante forma geração de
acidez no solo, sobretudo os amoniacais, ou aqueles que liberam NH4+, como
no caso da ureia.
Por fim, vale salientar que as próprias plantas podem alterar o pH da sua
rizosfera, por meio da exsudação de íons H+ ou OH-, afim de se manter a
estequiometria dos processos de absorção de outros cátions e aníons.

36
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão

(2) H2 O
Ca2+ M K+ H+ M
H2O
olo K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ Mg2+ K+
2H+ Solução +
M

+ 2H (3)
K+ K+ K+ K+ K do solo
ponível Figura 15. Processo de acidificação do solo pela exclusão de íons H + pela
absorção
Clóidede
docátions.
solo Fonte: autoria própria

K fixado
Colóide do solo
4.2 Componentes da acidez do solo
Fracamente disponível
a) Acidez ativa
A atividade dos íons H+ dissociados na solução do solo são
denominados acidez ativa, que é estimada pelo pH.
Ex. solo com pH = 5,0
5,0 = -log (H+)
(H+) = 10-5 mol /L de H+ = 0,00001 mol/L

b) Acidez potencial: Os íons H e Al+3, ligados à fase sólida, são


denominados acidez potencial. Os íons Al+3 podem ser deslocados por
outros cátions, sendo, por isso, denominados de Al trocável ou acidez
trocável. O íons H+ não são trocáveis, uma vez que são ligados à fase
sólida por ligação covalente. Em termos de dificuldade de correção, a
acidez potencial é considerada mais importante (Figura 16).

37
Acidez potencial Acidez ativa
pH = 6,0 Solo A: 6,5 t/ha calcário

Acidez potencial Acidez ativa

pH = 6,0
Solo B: 2,8 t/ha calcário

Figura 16. Ilustração esquemática da acidez potencial comparativamente a


acidez ativa em solos com diferentes capacidade tampão.
A acidez ativa (Tabela 9), embora em baixas concentrações, tem grande
influência na disponibilidade de nutrientes no solo. Portanto, se torna de suma
importância a sua estimação para fins agronômicos, sendo comumente feita
através da determinação do pH em água ou em CaCl2. Todavia alguns
laboratórios preferem fazer essa análise com, ao invés de água, CaCl 2 0,01
mol/L, mantendo constante a concentrações de sais e evitando a redução do
pH pelos sais do solo.

Tabela 9. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH)


Classificação química
Acidez Neutro Alcalinidade
Muito Elevada Média Fraca Fraca Elevada
elevada
< 4,5 4,5 - 5,0 5,1 - 6,0 6,1 - 6,9 7,0 7,1 - 7,8 > 7,8
(1)
pH em água na relação 1:2,5, TFSA
Classificação agronômica
Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto
<4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0
Fonte: Alvarez et al. (1999).

38
É relativamente fácil corrigir a acidez ativa, basta alguns quilos de
calcário por hectare. Mas à medida que se neutraliza os prótons de H +, a fase
solida libera indireta ou indireta mais para a solução. Os íons H+ (diretamente) e
Al3+ (indiretamente) constituem a acidez potencial do solo.

O alumínio é o componente de destaque na acidez dos solos. A


princípio, a hidrólise dos cátions de alumínio, deslocados dos sítios de
adsorção, libera prótons de H+, conforme as seguintes reações:
Al] OH + H2O ↔ Al] O + H+
Si] OH + H2O ↔ Si] O + H+

Portanto, o alumínio trocável gera acidez ativa, que existia em potencial.


Contudo, é importante salientar que quando se eleva o pH do solo, por meio da
calagem por exemplo, o alumínio consome sucessivamente os hidroxilas
liberados e precipita-se na forma de Al(OH)3, até atingir valores de pH acima de
aproximadamente 6 unidades, de acordo com a equação.

OH- OH- OH-


Al3+solução Al(OH)2+
solução Al(OH)2+ Al (OH)30 insolúvel
+
H+ H+ H

Além da capacidade de geração de acidez ativa, o alumínio em qualquer


uma das formas trocáveis, é altamente fitotóxico, sendo seu teor no solo
representa a parte da acidez potencial ou nociva.
A acidez não trocável é representada pelos prótons de H+
covalentemente ligados aos coloides. Da a alta força da ligação covalente, a
ligação dos H+ com os coloides requer alta quantidade de energia para ser
desfeita, que pode ser conseguida pela reação de neutralização pelas
hidroxilas.
Por fim, a continuada neutralização da acidez não-trocável, até atingir
uma faixa entre 6 e 7, traria como benefício agronômico o aumento da CTC e
da faixa de disponibilidade de macro e micro nutrientes para as plantas.

39
4.3 Causa do pouco crescimento das plantas em solos ácidos

Ainda há dificuldade em indicar os efeitos diretos dos prótons de H +


sobre o crescimento das plantas. Todavia estudos apontam que em condições
de pH do solo abaixo de 4,5, o excesso de H+ pode deslocar o Ca2+ da
plasmalema, alterando a sua permeabilidade e reduzindo o crescimento das
raízes.

Afim de se aliviar os efeitos fitotóxicos do excesso de H+, destaca-se a


importância do aumento da concentração de Ca na solução do solo, que é o
nutriente mais importante para o crescimento das raízes. A injeção de Ca pode
se pode dá pela própria calagem e, em subsuperfície, pela gessagem.
Altas concentrações de Mn2+ também podem proporcionar toxidez as
plantas. Essas condições podem ser encontradas em solos com material de
origem rico em Mn. Neste caso, semelhante como ocorre com o alumínio, a
elevação do pH neutraliza a disponibilidade de Mn2+.
O alumínio, em qualquer estágio de sua hidrólise, apresenta um grande
espectro de atuação no metabolismo das plantas. Mais notadamente
proporcionado o desenvolvimento de raízes curtas e grossas. Como
consequência da baixa proliferação das raízes, há redução na capacidade de
absorção de água e nutrientes presentes ao logo do perfil do solo.

40
O alumínio também pode ser fitotóxico na parte área das plantas, com
sintomas que podem ser semelhantes aos de deficiência nutricional,
notadamente de fósforo e cálcio. A tabela 10 fornece uma lista de culturas com
sua respectiva tolerância à saturação de por Al.

Tabela 10. Níveis críticos da percentagem da saturação de alumínio no solo


para algumas espécies vegetais.

Espécie Vegetal m (%) Espécie Vegetal m (%)

Algodão 10 Cevada 30

Alfafa 15 Trigo 30

Aveia 15 Milho 30

Soja 20 Arroz 45

Feijão 20 Eucalipto 88
Fonte: Furtini Neto et al. (2001).

Além dos efeitos fitotóxicos já mencionados ocasionados pelo alumínio,


deve se ressaltar, que por este elemento apresentar elevada capacidade de
adsorção aos coloides, o mesmo desloca cátions essenciais às plantas – Ca,
Mg e K – dos sítios de adsorção, os quais podem ser perdidos por lixiviação.
Assim, a acidez delimita o crescimento das plantas por estar associada a
disponibilidade de nutrientes.
A disponibilidade de molibdênio e fósforo em solos ácidos é,
normalmente, muito baixa dada a fixação dos ânions molibdato e fosfato, além
da baixa atividade biológica dos organismos mineralizadores da matéria
orgânica sob condições de acidez.

4.4 Correção da acidez do solo

A calagem é maneira mais fácil, correta e econômica viável de se corrigir


a acidez da camada arável. Dentre os benefícios da calagem, estão:

41
• Elimina a acidez do solo;
• Fornece cálcio e magnésio;
• Estimula o crescimento radicular (Ca);
• Aumenta a disponibilidade de fósforo;
• Reduz disponibilidade de alumínio e manganês;
• Aumenta a mineralização da matéria orgânica;
• Aumenta a agregação do solo, podendo reduzir a compactação e;
•Aumento da CTC do solo

Como se verifica na figura, o condicionamento do solo para obtenção de


pH entre 6 e 7, direta e indiretamente, favorece uma boa faixa de
disponibilidade da maioria dos nutrientes, o que, obviamente, proporciona
maiores produtividades em solos corrigidos.

Figura 17. Influência do pH sobre a disponibilidade de alumínio e nutrientes


para as plantas. Fonte: Malavolta (1979).

O sucesso da calagem depende basicamente de três aspectos técnicos:


das características do corretivo utilizado; da dose utilizada e da forma e época
de aplicação. Além dos aspectos técnicos, os econômicos devem ser levados
em consideração, como o preço dos corretivos e custos com transporte e
aplicação.

42
4.5 Corretivos da acidez do solo

Os corretivos comumente usados na calagem são óxidos, hidróxidos,


carbonatos ou silicatos de cálcio ou magnésio.
O calcário é corretivo mais indicado e usado na prática da calagem. É
obtido através da moagem das rochas calcárias, constituídas por CaCO3 e
MgCO3. As reações de solubilização e neutralização ocorrem conforme as
equações a seguir:

Todo calcário é relativamente rico em cálcio, mas não necessariamente


apresenta um teor adequado de magnésio. Assim, os corretivos podem ser
classificados pelo teor de MgO (Tabela 11).

Tabela 11. Classificação dos calcários conforme os teores de óxidos de Ca e


de Mg.

Calcários % CaO %MgO

Calcítico 40 - 45 <5

Magnesiano 30 - 40 6 - 12

Dolomítico 25 - 30 > 13

Fonte: Furtini Neto et al. (2001).

a) Reação do calcário

CaCO3 + H2O → Ca2+ + CO3-2


CO3-2 + H2O → HCO3- + OH-
HCO3- + H2O → H2CO3 + OH-

b) Óxidos
- Principal óxido: cal vigem (CaO)

c) Hidróxidos
-
Ca(Mg) (OH)2 + H2O → Ca2+ (Mg2+) + 2OH

43
Ca (Mg)O + H2O → Ca(Mg) (OH)2 + calor

d) Escórias de Siderurgia
- Subproduto da indústria do aço.
Ca(Mg)SiO3 + H2O → Ca2+ (Mg2+) + SiO32-

4.6 Características dos corretivos

a) Poder de Neutralização (PN): Corresponde a capacidade do corretivo


neutralizar os íons H+ em comparação ao padrão (CaCO3 = 100%). O PN é
calculado pela seguinte expressão:

PN = (%CaO x 1,79) + (%MgO x 2,48), onde %CaO e % MgO correspondem


às percentagens destes óxidos nos corretivos.

b) Eficiência Relativa (ER): corresponde a eficiência do corretivo em relação à


sua granulometria e sua capacidade de reagir em até três meses. É calculada
pela seguinte expressão:
ER (%) = A x 0,2 + B x 0,6 + C

A = Percentagem de partículas de 0,84 a 2 mm divido por 100


B = Percentagem de partículas de 0,3 a 0,84 mm dividido por 100
C = Percentagem de partículas menor que 0,3 mm dividido por 100

c) Poder relativo de neutralização total (PRNT): Calculado pela seguinte


expressão: PRNT (%) = (PN x ER)/100

4.7 Métodos para recomendação da necessidade de calagem

a) Método baseado na saturação de bases


NC= (V2 – V1) x CTC onde:
PRNT

NC = necessidade de calcário em t/ha

44
V2= saturação por base desejada (esperada)
V1= saturação por base atual do solo
V1= SB x 100
CTC
CTC potencial = SB + H+Al

b) Método SMP (Shoemaker, McClean, Pratt)


 Baseia-se em adicionar ao solo uma solução padrão com pH conhecido
(7,0).
 Preparo de uma suspensão solo + solução padrão (pH = 7,0)
 Agita-se a suspensão e mede-se o pHSMP
 Consultar tabela 12 para determinar a necessidade de calcário.

Tabela 12. Recomendações de calagem (PRNT = 100%) com base no índice


SMP, para correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, para aplicação na camada de 0 a 20 cm.
Índice pH em água a atingir Índice pH em água a atingir
SMP SMP
5,5 6,0 6,5 5,5 6,0 6,5
< 4,4 15,0 21,0 29,0 5,8 2,3 4,2 6,3
4,5 12,5 17,3 24,0 5,9 2,0 3,7 5,6
4,6 10,9 15,1 20,0 6,0 1,6 3,2 4,9
4,7 9,6 13,3 17,5 6,1 1,3 2,7 4,3
4,8 8,5 11,9 15,7 6,2 1,0 2,2 3,7
4,9 7,7 10,7 14,2 6,3 0,8 1,8 3,1
5,0 6,6 9,9 13,3 6,4 0,6 1,4 2,6
5,1 6,0 9,1 12,3 6,5 0,4 1,1 2,1
5,2 5,3 8,3 11,3 6,6 0,2 0,8 1,6
5,3 4,8 7,5 10,4 6,7 0,0 0,5 1,2
5,4 4,2 6,8 9,5 6,8 0,0 0,3 0,8
5,5 3,7 6,1 8,6 6,9 0,0 0,0 0,2
5,6 3,2 5,4 7,8 7,0 0,0 0,0 0,2
5,7 2,0 4,8 7,0 7,1 0,0 0,0 0,0
Fonte: COMISSÃO (2004).

45
c) Método baseado da neutralização da acidez trocável

Objetiva reduzir a concentração de Al3+ a < 0,5 cmolcdm-3


Objetiva neutralizar o Al+3 trocável
NC (t/ha) = necessidade de calcário
3+
NC = f x Al

f = fator de calagem (variável: 1,5 a 2,0)


NC = Al3+ x 1,5 →solos arenosos e baixo teor de matéria orgânica – M.O)
NC = Al3+ x 2,0 → solos textura media e teor médio de M.O.
NC = Al3+ x 2,4 → solos argilosos e alto teor de M.O.

d) Método da Incubação
- Aplica-se doses crescentes de calcário (CaCO3);
- Após 10-15 dias mede-se o pH (até o pH estabilizar-se);
- Objetiva estabelecer uma curva pH vs doses de CaCO3
De posse dos dados da tabela abaixo elabora-se uma função no excel (Figura
18), a qual será utilizada para a estimativa das dose de CaCO 3 em função do
pH desejado.

50 mL

0 2 4 6 8 10
Doses de CaCO3 (t/ha)

Dose de CaCO3 (t/ha) pH


0 4,5
2 4,8
4 5,5
6 6,0
8 6,5
10 7,0

46
8,0
7,5 y = 0,2507x + 4,7012
R² = 0,9687
7,0
6,5
pH 6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
0 2 4 6 8 10 12 14
Doses de Calcário (t/ha)

Figura 18. Variação do pH do solo em função de doses de calcário

Dose (t/ha) = (y - 4,7012)/0,2507


Se pH = 6,4; Dose = (6,4-4,7012)/0,2507 = 6,6t/ha

e) Método dos teores de Al+3 e Ca + Mg trocáveis

NC (t/ha)= Y [Al+3 – (mt. t/100)] + [X- (Ca2+ + Mg2+)]

Y = 0,0 – 1,0 (solos arenosos: menos de 15% de argila)


Y = 1,0 – 2,0 (solos de textura média: 16 – 35%)
Y = 2,0 – 3,0 (solos argilosos: 35 – 60% de argila)
Y = 3,0 – 4,0 (solos muito argilosos: mais de 60%)

t = CTC efetiva
mt = saturação por alumínio tolerada pela a cultura
X = fator planta quanto ao requerimento de Ca e Mg: varia de 1,0 a 4,0 (Tabela
13).

47
Tabela 13. Valores máximos de saturação por Al3+ tolerados pelas culturas
(mt), valores de X para o método do Ale do Ca +Mg trocáveis para algumas
culturas e valores de saturação por bases esperada (V2) com o método de
saturação por bases.

Cultura mt X V2
% cmolcdm-3 %
Cereais (milho, trigo, sorgo, arroz) 15-25 2,0 50
Leguminosas (feijão, soja, adubos 20 2,0 50
verdes)
Hortaliças (tomate, repolho, alho, ervilha) 5 3,0 60-70
Café 25 3,5 60
Cana-de-açúcar 30 3,5 60
Fruteiras tropicais (mamoeiro, citros, 5-15 2,0 -3,5 60-80
banana, abacaxi)
Pastagens de leguminosas 15-25 1,0-2,5 40-60
Pastagens de gramíneas 20-30 1,0-2,5 40-50
Eucalipto 45 1,0 30
Fonte: Adaptado de Alvarez V. & Ribeiro (1999).

Quantidade de calcário a ser aplicada

QC = NC × SC/100 × (PF/20) × 100/PRNT, t/ha

NC = necessidade de calagem por um dos métodos


SC = percentagem da superfície do terreno a ser coberta na calagem, %;
PF = profundidade de incorporação do calcário, cm;
PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo, %

4.8 Aspectos práticos da calagem


a) Época de aplicação dos calcários
-calcário comum: 3 a 6 meses antes do plantio
-calcário calcinado, calcário tipo filler e cal virgem (óxidos): 1 mês antes do
plantio.
48
-cal virgem: ter cuidado com riscos com queima da semente
-rotação leguminosa-gramíneas: aplicar antes da gramínea, tendo em vista
a maior tolerância das gramíneas a acidez.

b) Aplicação dos corretivos


Distribuição a lanço com máquinas dosadoras
Gradear- arar-gradear para incorporar o corretivo

c) Aplicação na linha de plantio


- objetiva fornecer apenas Ca e Mg: aplicar de 150 a 300kg/ha

d) Lavouras perenes já implantadas


- Aplicação a lanço sem incorporação (cobrir a área da copa)

e) Lavouras perenes a serem implantadas


- Aplicação a lanço seguida de incorporação
- Em geral aplica-se 100g de calcário na cova para cada ton de calcário
aplicada em área total.

f) Aplicação em profundidade (30 a 40 cm)


- Usar grade pesada e, ou subssolador.

g) Aplicação em pequenas áreas


- Aplicar a lanço manualmente. Deve-se usar luvas ao se manusear o calcário
tendo em vista se tratar de um material cáustico.

EXERCÍCIOS
I. Marque apenas as afirmativas que considerar corretas

1. A maior parte dos solos brasileiros são ácidos.


2. A maior parte dos solos brasileiros são alcalinos.
3. A principal causa da acidez dos solos é a matéria orgânica
4. A principal causa da acidez dos solos brasileiros é o material de origem.

49
5. A principal causa da acidez dos solos brasileiros é o elevado grau de
imtemperização, causando acúmulo de Al.
6. A acidez ativa é de mais difícil correção que a acidez potencial.
7. A acidez ativa pode ser representada pela expressão: pH = -log (H+).
8. A acidez potencial é representada pelos teores de Al solúvel e o íons H+
não -trocável.
9. A acidez potencial pode ser estimada pela soma H+Al.
10. Solos mais ricos em matéria orgânica e argila apresentam maior acidez
potencial.
11. Solos com maior acidez potencial apresentam maiores teores de bases
trocáveis.
12. Solos com maior acidez trocável geralmente são mais ricos em Fe, Cu e
Mn e pobres em Mo e P.
13. Solos com pH acima de 5,5 não apresentam problema com Al tóxico.
14. A maior disponibilidade de S, B e N no solo ocorre em pH próximo a 6,5.
15. O aumento do pH até 6,5 causa um decréscimo na disponibilidade de P,
Ca e Mg.
16. A nitrificação e a decomposição da matéria orgânica contribuem com a
acidez potencial do solo.
17. A ureia tem maior potencial de acidificação do solo que o sulfato de
amônio.
18. A absorção de nutrientes pelas plantas é uma fonte de acidez potencial.
19. Os minerais 2:1 apresentam maior capacidade de gerar acidez no solo
que os óxidos de Fe e Al.
20. A acidez trocável pode ser determinada em laboratório por titulação com
NaOH.
21. Solos alcalinos só ocorrem em solos jovens.
22. Na região semiárida os solos são todos alcalinos.
23. Solos originados de calcário serão sempre alcalinos.
24. Solos alcalinos podem ser originados de vários tipos de rocha.
25. A supercalagem refere-se a aplicação de calcário em excesso.

II- Calcule o PRNT de um calcário que 40% de CaO e 12% de MgO. Sabe-se
que 30% das partículas tem diâmetro de 2 a 0,84 mm, 25% com diâmetro

50
entre 0,84 e 0,3 mm e a as demais partículas são de tamanho inferior a 0,3
mm.

a)101,36%
b) 66%
c) 66,90%
d) 45%

III -A análise de um solo resultou nos seguintes resultados: pHCaCl 2 = 4.5; P


= 2.6 mg dm-3; Na+ = 0.2 cmolc dm-3; K+ = 0.15 cmolc dm-3; Ca2+ = 1,2 cmolc
dm-3; Mg2+ = 0,4 cmolc dm-3; H + Al = 5.0 cmolc dm-3; Al3+ = 1 cmolc dm-3 .
Neste solo, após a calagem e adubação de plantio serão cultivadas plantas
de milho (V2 = 60%) até o estádio v8 (oito folhas definitivas). Para calagem,
se necessário será utilizado calcário dolomítico calcinado com PRNT =100%.

1. A necessidade de calagem calculada pelo método da saturação por bases


será de:

a) 2,21 t/ha
b) 4,42 t/ha
c) 1,10 t/ha
d) 5,54 t/ha

2. Para o solo da questão III, qual a necessidade de calcário calculada pelo


método dos teores de Al, Ca e Mg trocáveis? Considere Y= 3,5; X = 3,0, mt =
10% e PRNT = 110%

a) 7,34 t/ha
b) 5,68 t/ha
c) 3,52 t/ha
d) 1,4 t/ha

IV-Considere que foi realizado um ensaio da curva de incubação para


recomendação de calagem, obtendo-se a seguinte curva:

Curva de incubação

51
1. Com base na imagem acima, qual a dose de calcário necessária para o
solo atingir pH 5,8?

a) 4,0 t/ha
b) 4,38 t/ha
d) 2,1 t/ha
d) 4,80 t/ha

2. Qual o pH inicial do solo (antes da calagem)?

a) 4,5
b) 4,7
c) 5,0
d) 3,5

52
5. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
5.1 Aspectos gerais
O solo é um compartimento que apresenta grade dinamismo em seus
constituintes e está intimamente ligado às características e aos processos que
ocorrem na atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera (Figura 19). A fase sólida
é constituída da fração mineral e orgânica. A fração orgânica corresponde a
matéria orgânica do solo, sendo que o elemento carbono corresponde a 58%
da MOS, H 6%, O 33%, enquanto que N, S, P contribuem com cerca de 3%,
individualmente.

Atmosfera Biosfera

solo

Hidrosfera Litosfera

Figura 19. Solo (pedosfera) como sistema integrador das quatro esferas
fundamentais da terra. Fonte: Novais et al. (2007).

Luz
CO2 + H2O → GLICOSE + O2 VEGETAIS
Clorofila

C, H, O, N, S, P + cinzas (K, Ca, MOS


Mg + outros elementos).

53
Desta forma, de uma maneira mais ampla, a matéria orgânica do solo
(MOS) compreende todos os compostos orgânicos do solo. Entretanto, quando
se realizada uma análise de solo para matéria orgânica, geralmente considera-
se apenas a matéria orgânica que passa na peneira de 80 mesh ou 0,177 mm
de abertura.

A MOS influencia sobremaneira os atributos do solo e, portanto, além de


constituinte do sistema solo, deve ser entendida como condicionante das
características do mesmo e não erroneamente como apenas fornecedora de
nutrientes às plantas. Daí a importância do estudo aprofundado da MOS com
fins do manejo da fertilidade do solo, afim de se obter maiores produtividades
por área, bem como para preservação dos ecossistemas agrícolas.

5.2 Compartimentos da matéria orgânica do solo

De maneira geral, a matéria orgânica é constituída por dois grandes


compartimentos: a matéria orgânica viva que compreende cerca de 4% da
matéria orgânica total do solo e a matéria orgânica morta com cerca de 96%
(Entretanto, esta classificação pode ser mais bem detalhada para fins de
compreensão de suas funções no solo (Figura 20).

54
Microrganismos Biomassa
(60 – 80%) Fungos e bactérias microbiana
Microfauna Protozoários e
nematoides
VIVA Macrorganismos
Mesofauna Ácaros
<4% (15 – 30%)
Minhocas
Macrofauna Cupins
formigas
Raizes (5 a 10%)
MOS Mat. Macrorgânica Resíduos vegetais em diferentes estágios de
(10 – 30%) decomposição (serrapilheira + FL)
Substâncias - Lipídeos
Não-humicas - Ácidos orgânicos
(30%) - Carboidratos

MORTA Húmus - Proteínas


(70– 90%) - Pigmentos
Subs. Húmicas
>96% (70%) -Ácidos Húmicos
-Ácidos Fúlvicos
-Huminas

Figura 20. Compartimentos da matéria orgânica do solo. Fonte: Novais et al.


(2007).

a) Matéria viva

Compreende ao C associado às células vivas – raramente ultrapassa


4% do C do solo - que está temporariamente imobilizado, mas que apresenta
potencial de mineralização (fonte). Geralmente, se subdivide a matéria
orgânica viva em três compartimentos: raízes (5 – 10%) macrorganismos ou
fauna do solo (15 – 30%) e microrganismos (60 – 80%).
Esses três compartimentos são parte integrantes dos processos
biológicos, mineralização, imobilização e formação das substâncias húmicas.
É importante ressaltar que se trata dos aspectos ligados ao manejo da
fertilidade do solo, quando se fala em matéria orgânica se denota ao material
orgânico na vivente do solo.

b) Matéria orgânica não vivente


Geralmente compreende mais de 96% da matéria orgânica do
solo e engloba a matéria macrorgânica (serrapiheira e fração leve), as
substâncias húmicas e as susbtâncias não húmicas. A serrapilhera, ou pilheira

55
compreende aos resíduos de origem vegetal depositados na superfície do solo,
desde os não decompostos aos em estágio de decomposição avançada.
Geralmente essa fração constitui uma manta de resíduos orgânicos sobre o
solo das floretas. A serapilheira não só é fonte de carbono e nutrientes para a
fauna e microrganismos do solo, mas pode ser também o próprio abrigo dos
mesmos. Daí a necessidade se compreender mais essa fração, com fins na
manutenção da vida no sistema solo e para a manutenção do equilíbrio
ambiental das florestas.
A fração leve, por sua vez, corresponde aos materiais orgânicos sobre
do solo em diversos estágios de decomposição e que, diferentemente da
serrapinheira, não são reconhecíveis, ou seja, não se pode dizer sobre a sua
origem (vegetal ou animal).
As substâncias não-húmicas correspondem as biomoléculas como
lipídeos, ácidos orgânicos, carboidratos, proteínas e pigmentos. Algumas
destas substâncias podem se modificar em ou se combinarem para formar as
substâncias húmicas.
As substâncias húmicas (Figuras 21, 22 e 23) podem ser classificadas
como ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e humina. As figuras abaixo ilustram
exemplos destas substâncias.

56
Figura 21. Modelo de substâncias húmicas e da associação substâncias
húmicas-argila e substâncias húmicas-íons metálicos proposto por Kleinhempel
(1970) citado por Steinberg (2003).

Figura 22. Estrutura proposta para o ácido fúlvico (Adaptado de Schnitzer,


1878)

Exemplo de ácido húmico

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncias_h%C3%BAmicas
Figura 23. Exemplo de ácido húmico. Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncias_h%C3%BAmicas

5.3 Funções da matéria orgânica do solo


a) CTC
A matéria orgânica influência os atributos físicos, químicos e biológicos
do solo (Figura). Em solos altamente intemperizados a CTC do solo é
proveniente principalmente da matéria orgânica. Este fato geralmente é

57
conformado pelo excesso de carga positiva no horizonte B destes solos, onde o
teor de matéria orgânica é praticamente zero. A CTC na matéria orgânica é
desenvolvida pela dissociação do H dos grupos funcionais como carboxílicos,
fenólicos e álcoois terciários.
b) Complexação de metais
As cargas negativas presente nos grupos funcionais da matéria
orgânica, podem atuar como quelantes ou complexantes e assim diminui a
sua toxicidade para as plantas de íons tóxicos como Al, Cd, Pb e diversos
outros. Por outro lado, a complexação de micronutrientes como Fe, Mn e Zn
pode evitar a precipitação destes elementos no solo em pH elevado, e
portanto, aumentar a disponibilidade para as plantas.

c) Diminuição da adsorção de fósforo


Em solos altamente intemperizados a adsorção de P em formas solúveis
de Fe e Al, e em óxidos de Fe e óxidos de Al e ainda em argilas 1:1 com
cargas positivas (em pH ácido), a matéria orgânica pode bloquear os
pontos de adsorção de fósforo na fase sólida do solo e aumentar a
disponibilidade de P para as plantas.

d) Agregação do solo e unidade do solo


Por meio de forças físicas e ligações químicas (pontes de cátions, troca
de ligantes), a matéria orgânica promove a união de partículas primárias
(argila, silte e areia) do solo e promove a formação e estabilidade de
agregados (Figuras 24 e 25). Desta forma, a matéria orgânica contribui para
a formação da estrutura granular, a qual proporciona maior espaço para a
retenção de água e ar para as plantas d forma mais equilibrada. A melhoria
da estrutura do solo impacta positivamente no fluxo de ar e água para as
plantas e na atividade biológica do solo (Figura 26).

58
Figura 24. Modelo de interação entre substâncias húmicas e argilas por
meio de pontes de cátions. Fonte: Canellas et al. (2008)

Figura 25. Representação esquemática de um polímero adsorvido


diretamente à superfície do mineral de argila formando um macroagregado.
Fonte: Canellas et al. (2008).

59
Superfície específica
CTC e capacidade tampão
Complexação
Destoxificação

QUÍMICAS

M.O.S
Energia metabólica
Estoque de nutrientes Agregação e estabilidade
Ativação biológica Aeração e porosidade
Equilíbrio da microbiota Retenção de umidade
Fluxo hídrico

Figura 26. Influência da matéria orgânica sobre os atributos químicos, físicos e


biológicos. Fonte: Adaptado de Guerra et al. (2008).

e) Fonte de nutrientes
Durante sua decomposição, a matéria orgânica poderá liberar nutrientes
para as plantas em quantidade que dependerá da quantidade disponível, da
taxa de decomposição, grau de decomposição e, dentre outro fatores da
relação C/N (carbono/nitrogênio) (Tabela 14 e Figura 27)
Tabela 14. Matéria orgânica como fonte de nutrientes em função das
relações C/N, C/P e C/S.
Qualidade da Relações Imobilização Disponibilidad
M.O (I)/Mineralização e dos
C:N C:P C:S
(M) nutrientes

Pobre > 30 > 300 > 400 I >M Diminui

Intermediária 20-30 200-300 200- 400 I=M Não altera

Rica < 20 < 200 < 200 I<M Aumenta

Fonte: Novais et al (2007).

60
Figura 27. Esquema ilustrativo dos processos de mineralização e
imobilização durante a decomposição dos resíduos orgânicos. Fonte:
modificado de Stevenson (1986).

f) Ativação biológica
Por ocasião a decomposição e, ou alteração da matéria orgânica
do solo, muitos compostos orgânicos são liberados pela atividade
biológica, os quais podem estimular a atividade de muitos grupos de
microrganismos do solo como fixadores de nitrogênio, nitrificadores,
solubilizadores de fosfatos, micorrizas, e diversos outros.

5.4 Decomposição da matéria orgânica do solo

Decomposição: Decompor significa separar em partes (fragmentação mecânica


e física) os constituintes de um certo material.
Mineralização: Processo de decomposição que leva a desorganização
estrutural dos

61
Humificação: Processo conservador que provoca a alteração nos resíduos
orgânicos que resulta em complexos coloidais relativamente estáveis.
Compreende a síntese e ressíntese de produtos de
decomposição/mineralização para formar compostos de alto peso molecular.
A quantidade de matéria orgânica retida no solo é resultante do balanço
entre a quantidade adicionada e a quantidade removida pela decomposição
(Figura 28). Diversos fatores influenciam a taxa de decomposição da matéria
orgânica do solo, tais como clima, relevo, temperatura, fertilidade do solo, teor
de argila, mineralogia, pH do solo, presença de substâncias tóxicas, relação
C/N dos materiais orgânicos adicionados, composição química dos resíduos
(teores de proteínas, carboidratos, nutrientes, ligninas, fenóis, outros) (Figura
29).

Decomposição

+ CO2
Humificação

Substâncias
húmicas

Mineralização

Figura 28. Visão esquemática do solo como uma máquina decompositora


(Moreira & Siqueira, 2006).

62
Decomposição dos componentes da matéria orgânica do solo

Açúcares, amido proteínas celulose Lignina, gorduras


Taxa de decomposição
Resistência à decomposição

< 1ano

6- 8 anos

> 100 anos

Tempo

Figura 29. Esquema ilustrativo da taxa de decomposição hipotética de


resíduos orgânicos em função da sua composição. Fonte: Moreira & Siqueira
(2006).

A MO presente no solo pode ser entendida como sinônimo de fertilidade


do solo. A sua presença afeta sobremaneira os atributos químicos, físicos e
biológicos do mesmo, além de fornecer nutriente às plantas.
A compreensão da importância da MOS é de suma importância para o
desenvolvimento de uma agricultura sustentável, que gere produção de
alimentos e fibras, mas que impacte o mínimo possível ao meio ambiente.
Sistemas de produção agrícolas ou áreas nativas que sofrem perda
significativa de MOS, em virtude das atividades antrópicas, são mais propensos
a sofrerem também a destruição paulatina do sistema solo, por consequente,
perda da capacidade de sustentar a vida. Isso porque a MO é um
condicionante dos atributos do solo e componente do ciclo do C, mantendo
continua comunicação com as outras esferas fundamentais – atmosfera,
hidrosfera, litosfera e biosfera. Ao passo que se acelera a decomposição da
MOS, pela exposição e aeração da superfície, como por meio da retirada da
cobertura vegetal, seguida de arações sucessivas, libera maiores quantidades
de C para atmosfera, aumentado a problemática do aquecimento global.

63
A preservação do C existente no solo ou as práticas que favorecem o
aporte de resíduos orgânicos, como reflorestamento, calagem e adubação, são
fundamentais para recuperação e posterior inclusão de áreas degradadas aos
sistemas agrícolas. Como se ver a infinidade de benefícios da MO, não se
pode pensar em sustentabilidade ambiental sem lavar em consideração a
conservação da MOS.

EXERCÍCIOS
1. Conceitue matéria orgânica do solo.
2. Cite os compartimentos da matéria orgânica do solo.
3. Com base nas características de clima, solo e relevo, explique de forma
objetiva porque em solos sob vegetação de Caatinga o teor de matéria
orgânica, geralmente é muito baixo.
4. Explique porque solos mais argilosos geralmente têm maior teor de
matéria orgânica que solos arenosos.
5. Descreva sobre os efeitos físicos, químicos e biológicos da matéria
orgânica do solo.
6. Fale sobre a importância das substâncias húmicas nos atributos físicos e
químicos do solo.
7. Manejando o solo, como você faria para aumentar o teor de matéria
orgânica do solo?
8. Você acha que a adubação mineral aumenta a matéria orgânica do
solo?
9. A calagem aumenta ou diminui a matéria orgânica do solo? Explique.
10. Para proteger o solo contra a erosão que características da matéria
orgânica são desejáveis?
11. Descreva o significado de relação C/N, imobilização e mineralização.
12. Porque em sistema de plantio direto o Al tóxico geralmente é baixo,
mesmo em alguns casos o solo sendo ácido.

64
6. MACRO E MICRONUTRIENTES NO SOLO

6.1 Nitrogênio
O nitrogênio é o macronutriente exigido em maiores quantidades pelas
plantas, ao mesmo tempo em que é o mais dinâmico no solo. Essa dinâmica se
dá pela alta reatividade do elemento e de seus compostos, podendo ser
perdido para maiores profundidades, pela lixiviação, ou perdido para atmosfera
na forma gasosa, como consequência dos processos de volatilização (Figura
30).

Figura 30. Esquema do ciclo do nitrogênio na natureza. Fonte: Epstein &


Bloom (2006).

Em razão da complexa mobilidade do N, se torna difícil a sua


manutenção, bem como determinação dos teores N presente ao logo do perfil,
para fins agronômicos.
O N aportado no solo, ao contrario dos demais minerais, quase não é
fornecido pela rocha matriz. Mais de 78% da atmosfera é constituída por N em
sua forma gasosa, entretanto não é absorvido pelas plantas na forma

65
elementar. Assim sendo, só pode ser aproveitado pelas plantas quando na
forma orgânica ou inorgânica.

a) Fixação atmosférica de N
Uma das formas de aporte de N da atmosfera é quando o mesmo sofre
oxidação na atmosfera terrestre, utilizando calor e energia das descargas
elétricas, tendo como produto o nitrito. O nitrito pode ser carreado ao solo pelas
chuvas e, no solo, pode ser oxidado novamente no processo de nitrificação,
formando o nitrato, que é o composto mineral preferencialmente absorvido
pelas plantas. O processo de fixação atmosférica de N ocorre de acordo com
as seguintes equações:

N2 + O2 →NO

NO + H2O →HNO2

HNO2 + O2→HNO3

Geralmente a quantidade de N fixada por este processo é pequena (em


torno de 1 a 50 kg/ha/ano (contribuindo pouco com a nutrição nitrogenada das
culturas.

b) Fixação biológica de N
Outra forma de incorporação de N é pelo processo de fixação biológica
feita por microrganismos de vida livre, ou em simbiose com os vegetais,
notadamente as bactérias do gênero Rhizobium, que se associam ao sistema
radicular das leguminosas formando nódulos de infecção (Figura 31). O N
fixado nos vegetais pode potencialmente ser mineralizado e enriquecer as
áreas de cultivo. Assim, a fixação biológica é de grande importância não só
para as leguminosas (Tabela 15), supridas em até 75% do N fixado, mas
também para as não-leguminosas, que se beneficiam da mineralização dos
restos de leguminosas deixando sobre o solo ou incorporado como adubação
verde, economizando fertilizantes nitrogenados.

66
2.2 Fixação biológica de N

BNL Associativas Vida livre

Figura 31. Tipos de microrganismos fixadores de N. Fonte: Mengel & Kirkby


(1987).

67
Tabela 15. Estimativas de fixação de nitrogênio em diversas espécies
leguminosas

Espécie leguminosa N2 fixado


kg de N/ha/ano ou ciclo
Produtoras de grãos
Soja (Glycine max) 60 - 178
Feijão (Phaseolus vulgaris) 2,7 - 110
Caupi (Vigna unguiculata) 73 - 354
Amendoim (Arachis hypogaea) 72 - 124
Guandu (Cajanus cajan) 168 - 280
Calopogonio (Calopogonium 370 - 450
mucunoides)
Feijão mungo (Vigna mungo) 63 - 342
Grão de bico (Cicer arietinum) 50 - 103
Ervilha (Pisum sativum) 52 - 77
Forrageiras
Leucena (Leucaena leucocephala) 500 - 600
Centrosema (Centrosema pubescens) 126 - 398
Estilosantes (Stylosanthes spp.) 34 - 220
Pueraria (Pueraria phaseoloides) 30 - 99
Espécie arbórea
Acacia (Acacia mearnsii) 200
Floresta tropical
Em regeneração 71 - 78
Após estabilização (40 anos) 35 - 45

Fonte: Novais et al.(2007)

c) Fixação industrial
A fixação industrial é realizada pela indústria de fertilizantes e pode
ocorrer das seguintes formas:
a) Oxidação direta

O
N2 

Δ
2
2NO  O2 
 2NO2  H2O

3NO2  H2O 
 2HNO3  NO
b) Síntese da amônia

68
3 H2 + N2 →2 NH3
O gás amônia é a base para a fabricação de diversos fertilizantes
nitrogenados como a ureia, o sulfato de amônio, o nitrato de amônio e outros.

c) Formas de N no solo

O nitrogênio mineral no solo é representado pelas formas iônicas amônio


(NH4+), nitrato (NO3-) e, muito raramente, como nitrito (NO2-).
Tendo em vista que a quase totalidade do N do solo se encontra na
forma orgânica, tem-se que a incorporação de matéria orgânica ao solo bem
como sua decomposição ou mineralização controla, em última instancia, o teor
de N no solo.
Fatores como teor de argila e temperatura influenciam, em princípio, a
taxa de decomposição e mineralização, por conseguinte a o teor N no solo.
A mineralização do N orgânico (98 a 99% do N presento no solo) ocorre
na medida em que os microrganismos heterotróficos decompõem a matéria
orgânica, os quais requerem carbono orgânico como fonte de energia. Diversos
gêneros de fungos e bactérias atuam no processo, em uma ou em mais de
uma ação, dentre as várias que ocorrem na decomposição da matéria
orgânica.
A aminação consiste na hidrólise de proteínas, com a liberação de
aminas e aminoácidos, e é considerada a primeira etapa da mineralização do N
orgânico (figura).
O amônio é o primeiro produto mineral da mineralização e é liberado por
microrganismos heterotróficos que utilização a as aminas e aminoácidos. Essa
etapa é considera a segunda da mineralização, sendo denominada de
Amonificação.
MINERALIZAÇÃO (AMINAÇÃO + AMONIFICAÇÃO)
AMINAÇÃO:
Hidrólise enzimática
Proteína-----------------------------→R- NH2 + CO2 + ATP+...
Fungos, actnomicetos
AMONIFICAÇÃO:
Hidrólise enzimática
R-NH2 + H2O----------------------------------------→ NH3 + R-OH2 + ATP
Bactérias, fungos, actnomicetos
NH3 + H2O -------------------→ NH4+ + OH-

FATORES QUE AFETAM A MINERALIZAÇÃO 69


• Umidade
• Reação do solo
PERDIDO POR VOLATILIZAÇÃO (NH3) EM pH ALTO

ABSORVIDO PELAS PLANTAS


NITRIFICAÇÃO
NH4+

FIXADO POR MINERAIS 2:1

LIXIVIADO

IMOBILIZADO POR
MICRORGANISMOS

Nitrosomonas

NH4+ + 3O2 → 2NO2- + 2 H2O + 4H+


Nitritação

Nitrobacter

NO2- + O2 → 2NO3-
Nitratação

Destinos do NO3-

PERDIDO POR DESNITRIFICAÇÃO

IMOBILIZADO POR
MICRORGANISMOS
NO3-

ABSORVIDO PELAS PLANTAS

LIXIVIADO

70
2NO3- → 2NO2- → 2NO → N2O → N2

Perdidos por volatilização

d) Definição da adubação nitrogenada

A adubação nitrogenada é baseada na seguinte expressão:

N (kg/ha) = (RNC – SNS) f, onde:

RNS = Requerimento de N pela cultura (produção de matéria seca)


SNS = Suprimento de N pelo solo (dificuldade)
f = fator de eficiência de uso de N (cultura bem manejada: f = 1,33 = 1/0,75)

EXERCÍCIOS
1) Explique como os processos de mineralização e imobilização de N no solo
são influenciados pela relação C/N e pela composição dos materiais orgânicos
adicionados e como estas informações podem ajudar na escolha dos materiais
orgânicos serem utilizados como adubo orgânico ou como cobertura morta.

2) Cite o nome de cinco espécies de leguminosas que poderiam ser


empregadas como adubos verdes em função de sua grande capacidade de
fixação biológica de N.

3) Por que não se dispõe de métodos analíticos adequados a laboratório de


rotina para estimar a disponibilidade de N?

4) Qual a forma de nitrogênio (NH4 + ou NO3 - ) que a planta tolerante a Al 3+

deverá, preferencialmente, absorver? Justifique.

5) Como você explicaria a falta de resposta de algumas leguminosas a


adubação nitrogenada em muitas regiões do Brasil?

6) Por que os fertilizantes amoniacais têm poder acidificante do solo? A ureia,


apesar que apresenta o N na forma amídica, é mais ou menos acidificante que
o sulfato de amônio? Justifique.

71
7) A aplicação de KNO3 em uma lavoura de arroz inundado não surtiu o efeito
no aumento de produção esperado por um agricultor, mesmo sabendo que o
solo era deficiente em N. Como se explica isso?

8) O que você pensa sobre a recomendação para aplicação de sulfato de


amônio e calcário simultaneamente na cova de plantio de goiabeira?

6.2 Fósforo no solo

O fósforo é o nutriente mais aplicado no solo por meio das adubações.


Éste fato é devido a pobreza dos solos brasileiros neste nutriente, associado à
sua forte interação com a fase sólida do solo, priincipalmente em solos
altamente intemprizados e ácidos. Estima-se que mais de 90% das análises de
solo no Brasil mostram teores baixos.
De forma simplificada, o fósforo se encontra no solo em três principais
frações: P-solução, P-lábil, e P não-lábil (Figura 32). O P-solução está
prontamente disponível para as plantas, mas é encontrado em baixíssimas
concentrações (geralmente inferior a 0,05 mg /L de solução). O P-lábil
encontra-se em equilíbrio dinâmico com o P-solução e corresponde a reserva
de manutenção do P –solução do solo. Geralmente o P-lábil é referido como P
disponível para as plantas. O P-não lábil corresponde à diversas formas de P
ligadas fortemente à fase sólida do solo, ou mais precisamente aos
argilominerais do solo e aos óxidos de Fe e Al.

72
1- Interceptação
2- Fluxo de massa
3- Difusão

P lábil(2) P não-lábil
H2 O
K Ca2+ M K+ H+ M
H2O
s do Solo K+ K+ K+ K+ K+
(1) K+ Mg2+ K+
P-solução
2H+ Solução +
M
K 2H (3)
K+ K+ K+ K+ K+ do solo
Indisponível
Clóide do solo

K fixado
Colóide do solo

Fracamente disponível
Figura 32. Ilustração esquemática da distribuição das frações de fósforo no
solo. Fonte: Adaptado de Raij (1991).

Dependendo da natureza do composto, o P pode se encontrar como P


orgânico (na forma de fosfatos de inositol, ácidos nucleicos e ésteres de P), e P
inorgânico em ligações com Fe, Al, Ca, argilas silicatadas e óxidos, dentre
outras formas (Gatiboni et al., 2005; Souza Júnior et al., 2012).
Dentre as formas inorgânicas de P precipitado, têm-se a estrengita
(FePO4.2H2O), a variscita (AlPO4.2H2O), fluorapatita (Ca10(PO4)6F2),
hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2), fosfato dicálcico dihidratado (CaHPO4.2H2O)
e fosfato octacálcico (Ca8H2(PO4)6.5H2O). Em pH menor que 5,0, há maior
ocorrência do P nos minerais que contém Fe e Al, enquanto em pH maiores,
isso acontece preferencialmente nos com cálcio, sendo que a variação do pH
pode promover a dissolução e formação de outros compostos (Fixen &
Ludwixk, 1982; Moore & Reddy, 1994).

Conceitos importantes

Fator intensidade (I): corresponde a concentração de P na solução do solo (P


solução: 0,05 mg/L a 0,2 mg/L). As análises de P avaliam P-lábil + P na
solução

73
Fator quantidade (Q) ou P-lábil: corresponde ao reservatório de P que em
equilíbrio com o P –solução. Corresponde ao P capaz de ressuprir a solução do
solo
Fator capacidade: É a relação entre o P-lábil (Q) e o P-solução (I= PODER
TAMPÃO = Q/I

As diferentes formas e transformações do P do solo podem ser melhor


visualizadas na figura abaixo (Figura 33).

P-planta

Influxo

Efluxo
P-junto a
P-mineral P-orgânico
raiz
Difusão

Fixação Adsorção
P Não-Lábil P Lábil P–solução
NQ (Q) (Q/I) (I)
Liberação Dessorção
Perda

Erosão
Lixiviação

Figura 33. Formas de fósforo no sistema solo-planta; interdependências e


equilíbrios. Fonte: Novais & Smith (1999).

A forma de P absorvida pela planta depende do pH do solo conforme as reações


abaixo.
H3PO3 ↔ H2PO4- ↔ HPO4-2 ↔ PO4-2

pH < 2,0 pH 2 - 7 pH 7- 12 pH > 12

74
Fósforo precipitado

Al (OH)2+solúvel + H2PO4- solúvel Al(OH)2H2PO4


(variscita)

Fe(OH)2+solúvel + H2PO4- solúvel Fe(OH)2H2PO4


(estrengita)

Ca2+ solúvel + H2PO4- solúvel CaHPO4


(monetita-fosfato bicálcico)

Fósforo adsorvido
Constitui o fósforo ligado covalentemente aos óxidos de Fe e de Al (Figura 34)
e ao P ligado de forma eletrostática à superfícies destes óxidos ou de caulinita,
carregadas positivamente.

Figura 34. Esquema representativo da adsorção do P por meio de ligações


mono e bidentadas (binucleadas), proporcionado a formação de fósforo não –
lábil no solo. Fonte: Novais & Smith (1999).

Fósforo orgânico

- Constitui de 20 a 70% do P total do solo


- O P orgânico ocorre em teores proporcionais a M.O

75
- fosfatos de inositol
Compostos - fosfolipídeos
contendo P - ácidos nucléicos
- ATP

Po não é prontamente disponível - necessário ocorrer sua mineralização:


depende da relação C/P.
C/P 200-300→ I = M
C/P < 200 → M > I
C/P > 300 → I> M

- Para cada 1% de M.O será fornecido 1 a 4 kg/ha de P ou 3 a 10 kg/ha de


P2O5
- Plantas deficientes em P apresentam aumento da atividade da fosfatases
ácidas (liberação de P).

EXERCÍCIOS

1. Fale sobre a importância da adubação fosfatada nos solos brasileiros.


2. Porque nos solos brasileiros aplicam-se elevadas doses de P, mesmo
sendo um nutriente pouco exigido pelas plantas?
3. O que você entende por P fixado?
4. O que é fósforo lábil?
5. Descreva os seguintes termos: Fator intensidade, fator quantidade e
fator capacidade de P no solo.
6. Como a textura do solo influencia na sua capacidade de fixação de P?
7. O que você entende por fósforo orgânico?
8. Como os microrganismos podem interferir na disponibilidade de P para
as plantas?
9. Você recomendaria a adubação fosfatada antes ou após a calagem?
Explique.
10. Em solos jovens deveria haver mais fósforo ligado a Ca ou a Al?
Explique.

76
6.3 Potássio no solo
No Brasil o potássio é terceiro nutriente mais aplicado no solo na forma
de fertilizantes. Os solos brasileiros, altamente intemperizados apresentam
baixos teores de K disponível. Em comparação ao N e ao P, o potássio
apresenta dinâmica relativamente simples (Figura 35), estando no solo como
íon K+.

K-planta

Influxo

Efluxo
K-junto a Fonte
raiz orgânica
Fertilizantes
Difusão

Adsorção Solução
K-trocável do solo
Dessorção (K+)

Potássio Potássio
fixado mineral
Lixiviação

6
Figura 35. Esquema representativo da dinâmica de potássio no solo.

De forma simplificada, o K do solo encontra-se em cinco compartimentos:

a) K solução
- Apenas uma pequena fração do K trocável
- Controla a difusão de K até as raízes
- Apresenta interações com outros cátions (Ca, Mg, Na, Al).

b) K trocável

77
- Fração de K na fase sólida capaz de suprir a solução do solo.
- Íons K+ adsorvido nas cargas negativas dos coloides do solo
- Em termos de disponibilidade para as plantas, é a forma mais
importante.

c) K Não-trocável
- Fração ligada fortemente a estrura de mineais 2:1
- Pode se tornar trocável a médio e a longo prazo
- Mais presente em solos pouco intemperizados

K trocável

K não- trocável

K trocável

d) K Mineral

- K que compõe a estrutura de muitos minerais primários


- Principais minerais: muscovita, biotita , feldspatos (ortoclásio)
- Principal fonte de potássio, sob condições naturais
- Liberação lenta de K.
- Dependente das condições climáticas e do material de origem.
Exemplo (ortoclásio)

2KAlSi3O8 + 2H+ + 9H2O → H4Al2Si2O9 + 4H4SiO4 + 2K+

78
e) K lixiviado

- O K da solução do solo pode ser absorvido ou poderá ser fixado ou poderá


perdido por lixiviação.
- A quantidade de K lixiviado depende de: volume de água percolada,
concentração na solução do solo, CTC, etc.
- Depende da presença de ânions na solução.

EXERCÍCIOS

1. Explique porquê é comum a carência de K nos solos brasileiros.


2. Descreva a dinâmica do K no solo.
3. Descreva a origem do potássio na natureza.
4. Cite cinco minerais primários contendo K.
5. Descreva a importância do K trocável, K não-trocável e no K mineral.
6. Como ocorre a fixação de K no solo?
7. Porque o K não é mineralizável?
8. Quais minerais contendo K deverá ser encontrados na fração areia de
solos velhos e de solos jovens?
9. Quais minerais são utilizados na produção de fertilizantes potássico?
10. Quais os fertilizantes potássicos mais utilizados?
11. Que resíduos orgânicos são ricos em K?

7.4 Cálcio e magnésio no solo

O cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), assim como o K, apresentam dinâmica


bastante simples no solo. Normalmente não se faz adubaões específicas com
Ca e Mg uma vez que estes nutrientes são fornecidos às plantas via calagem.
No solo o Ca está presente em quatro compartimentos como mostra a
Figura 36 a seguir.

79
Ca trocável Ca mineral

Ca solução

Ca lixiviado

Figura 36. Compartimentos do cálcio no solo.


a) Cálcio na solução
- O Ca atinge as raízes por fluxo de massa
- Umidade do solo é muito importante
- Pode ser inibido competitivamente pelos íons K+, NH4+, Mg2+ e Al+3.

b) Cálcio trocável
- Ca adsorvido aos coloides do solo
- Está em equilíbrio com o Ca da solução do solo.
- O Ca absorvido da solução é reposto pelos coloides
- O Ca é fortemente adsorvido
Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > NH4+ > Na+
- Faz ligações com substâncias húmicas (humatos de cálcio).

c) Cálcio mineral

- A anortita (CaAl2Si2O8) é o principal mineral contendo cálcio para regiões


mais chuvosas.
A calcita (CaCO3) é dominante em regiões semiáridas
- A calagem, a gessagem e a fosfatagem com fosfato natural: Ca mineral.
- A presença de Ca mineral é muito dependente do material de origem e
condições climáticas.

80
d) Cálcio lixiviado
A lixiviação de Ca não é muito comum nos solos, especialmente em
solos de elevada CTC. Este fato ocorre porque o Ca é o terceiro cátion retido
mais fortemente na CTC do solo depois do H e do Al. Contudo, em solos muito
arenosos como os Neossolos Regolíticso e Neossolos Quartzarênicos pode
haver lixiviação de Ca, principalmente sob baixo teor de matéria orgânica e
irrigação descontrolada.
O magnésio apresenta dinâmica similar ao Ca conforme ilustra o
esquema abaixo (Figura 37). Trata-se de um macronutriente pouco exigido
pelas plantas, contudo, pode haver situações de carência tais como:

* Solos arenosos
* Solos altamente intemperizados
* Altas doses de calcário pobre em magnésio
* Cultivo de espécies mais exigentes (milho, batata, algodão, citros, fumo)

- A presença de CO2 pode aumentar a lixiviação de Ca em função da seguinte


reação: CaCO3 + CO2 + H2O →Ca(HCO3)2 (mais solúvel)

Mg trocável Mg mineral

Mg solução

Mg lixiviado

Figura 37. Compartimentos do magnésio no solo.

81
a) Magnésio na solução
- Fonte imediata de Mg para as plantas
- A solução do solo apresenta concentração elevada (a exceção de solos
ácidos).
- Chega até as raízes por fluxo de massa (principalmente).
- Sua absorção é muito afetada pela presença de: Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, NH4+ e
Na+.

b) Magnésio trocável
Perfaz de 2 a 20% do complexo de troca catiônica
Idealmente para a maioria das culturas e solos: 10 a 20%
Adubar com Mg se:
 % de Mg na CTC inferior a 3% efetiva
 % de Mg for inferior a % de K na CTC efetiva.
 Concentração de Mg < 0,4 cmolc/dm3

c) Magnésio mineral
Solos pouco intemperizados: biotita, dolomita, horblenda, olivina,
A maioria dos solos brasileiros possuem pouco Mg mineral

EXERCÍCIOS
1. Porquê não se faz adubações específicas com Ca e Mg?
2. Na agricultura, qual a principal forma de aplicação de Ca e Mg no solo?
3. Qual a melhor relação Ca:Mg para as plantas?
4. Em que situação faz-se necessário a aplicação de Ca e Mg além da
calagem?
5. Quais espécies agrícolas são muito exigentes em Ca e em Mg?
6. Como o Ca pode diminuir a toxicidade de Al em solos ácidos?

6.5 Enxofre no solo


A concentração de enxofre (S) total no solo varia de 20 mg kg-1 a 400
mg kg-1 dependendo de muitos fatores, mas sobretudo do teor de matéria
orgânica. A fonte primária de S são as rochas ígneas onde o S encontra-se na
formam de sulfato (SO4-2). No solo, cerca de 95% do S encontra-se na forma
82
orgânica, e por tanto, não prontamente disponível para as plantas. Em regiões
áridas e semiáridas sais como CaSO4 2H2O, MgSO4, K2SO4, Na2SO4 são uma
importante fonte de S. Outra fonte de S é a atmosfera na forma de SO2 por
meio da queima de combustíveis fósseis e atividade vulcânica.
No solo, o enxofre encontra-se basicamente em quatro compartimentos
como ilustra a figura abaixo (Figura 38).

S -adsorvido S -orgânico

S -solução

S -lixiviado

Figura 38. Compartimentos do enxofre no solo.

a) Enxofre orgânico

A liberação de S para as plantas depende da relação C/S:

C/S 200-400→ I = M (Mineralização é igual a imobilização)


C/S < 200 → M > I (mineralização é maior que imobilização)
C/S > 400 → I> M (Imobilização é superior a mineralização)

As plantas absorvem o S na forma de íon sulfato (SO 4-2). Após a


mineralização do S da matéria orgânica ocorre a redução do S a sulfato no solo
que é intermediada pelas bactérias do gênero Thiobacllus, conforme esquema
abaixo. Estima-se que 1% de matéria orgânica fornece de 1 a 4 kg
S/ha/cultivo, assim, um solo com 3% de matéria orgânica seria capaz de
fornecer cerca de 3 a 9 kg de S/ha por cultivo.

83
Mineralização:

S-OGÂNICO H2S SO4-2


Oxidação
(Thiobacillus thiooxidans)

O processo de oxidação de S° (enxofre elementar) é semelhante é


similar ao que ocorre com o S da matéria orgânica e ocorre conforme a reação
abaixo:
2S0 + 3H2O + H2 ↔ 2H2SO4
A adição de S° ao solo gera ácido sulfúrico após sua oxidação,
diminuindo o pH do solo. Este processo é útil para solos alcalinos como os da
Figura 39 abaixo.
12
NS y = -2,5011*x + 8,2149
R² = 0,980
10 SS y = 3,0221**x2 - 5,9751**x + 8,4776
R² = 0,999
8
pH CaCl2

4
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25

Doses de S° (g/dm3)

Figura 39. Efeito de doses de S° sobre o pH de dois solos alcalinos, sendo um


sódico (SS) e outro não sódico (NS). Fonte: Autoria própria.

Embora o S° seja geralmente utilizado na composição de defensivos


agrícolas como os inseticidas, atualmente tem sido utilizado também como
revestimento dos grânulos de ureia para diminuir a taxa de mineralização e
volatilização do N da ureia e em grânulos de fertilizantes fosfatados para
diminuir a taxa de fixação de P no solo.

b) Enxofre na solução do solo


- Solos oxidados: enxofre na forma de SO4-2
- Fácil lixiviação
- Forma pares iônicos com Ca, Mg, K e Na

84
- Solos alagados: SO4-2 → H2S → HS- + Fe2+ → FeS2 (pirita)

b) Enxofre adsorvido
A adsorção de S ocorre basicamente na superfície dos óxidos de Fe de Al
quem podem desenvolver cargas positivas. Assim, em solos jovens do
semiárido com relevada CTC, este fenômeno praticamente não ocorre.

Fatores que interferem no processo de adsorção:


- pH: quanto menor maior a taxa de adsorção
- Matéria orgânica: maiores teores de M.O diminuem a adsorção de S
-Teores de argila: maiores teores de argila aumentam a adsorção
-Teores de óxidos de Fe e Al: Quanto maiores os teores de óxidos maior
a taxa de adsorção
- Tipo de argila: Caulinita> ilita> bertonita

c) Adubação com enxofre


Ainda não existem recomendações seguras conforme a análise de solo.
Contudo, há algumas sugestões para culturas de alta produtividade como a
soja.
Adubar com gesso se:
Ca2+< 0,4 cmolc/dm3
Al3+> 0,5 cmolc/dm3
m%> 30

Fertilizantes minerais contendo S


- Gesso (18% S).
- Sulfato de amônio (22% S)
- Sulfato de potássio (15% S)
- Sulfato de magnésio (12% S)
- Superfosfato simples (12% S)

85
6.6 Micronutrientes no solo

Atualmente a literatura internacional específica sobre nutrição mineral de


plantas reconhece como micronutrientes os elementos: Cl, Cu, B, Fe, Mn, Ni,
Mo e Zn. A fonte primária dos micronutrientes são as rochas, as quais
apresentam teores variáveis (Tabela 16) Outros elementos comumente
referidos como micronutriente em alguns livros tais como Co, Se e Si, são
apenas considerados elementos benéficos ou úteis, uma vez que não atendem
aos critérios de essencialidade descritos em Malavolta et al. (1997).
Os micronutrientes são assim denominados devido à sua pequena
exigência pelas plantas (geralmente dada em g/ha). Contudo, devido sua baixa
exigência pelas plantas, sintomas de deficiência no campo são raros, ao
contrário, podem se tornar tóxicos com maior facilidade em comparação aos
macronutrientes. Dentre os micronutrientes, B e Zn são os que mais provocam
deficiência no campo, especialmente em solos arenosos e, ou com elevado
grau de intemperização. Os micronutrientes são absorvidos da seguinte forma:

- Cátions: Fe2+, Cu2+, Mn2+, Zn2+ e Ni2+


- Ânions: Cl-, MoO4-2
- Neutro: H3BO3
Nas plantas, o papel principal dos micronutrientes é sua atuação como
componente ou ativador enzimático. Sua baixa exigência pelas plantas, de
certo modo, se relaciona com suas concentrações no solo (Tabela 16).
 Exigência das plantas: Fe>Mn>B> Zn> Cu> Mo>Ni
 Concentração no solo: Fe> Mn>Zn > Cu> B> Mo>Ni

a) Origem dos micronutrientes no solo


Os micronutrientes do solo têm as seguintes origens
- Material de origem (rochas/sedimentos)
- Resíduos animais vegetais
- Fertilizantes e corretivos
- Defensivos agrícolas
- Precipitações pluviométricas (Cl)

86
Tabela 16. Teores médios de micronutrientes na crosta terrestre e em rochas.

Material Fe Mn Zn Cu B Mo Cl

---------------------------------------------mg/kg--------------------------
-----
Crosta terrestre 50.000 1.000 80 70 10 2,3 -
Rochas ígneas
 granito 27.000 400 40 10 15 2 70
 basalto 86.000 1.500 100 100 5 1 200
Rochas
sedimentares
 calcário 3.800 1.100 20 4 20 0,4 -
 arenito 9.800 10- 16 30 35 0,2 10
100
 argilito 47.000 800 95 45 100 2,6 180
Água do mar 2 x 10- 2 x 10- 1 x 10- 5 x 10- 4,4 0,01 19.000
3 4 6 4

Fonte: Harmsen & Vlek (1985) citado por Raij (1991).

Tabela 16. Faixas de teores de micronutrientes no solo


Micronutriente Teor (mg/kg)
Fe 10.000 - 100.000
Mn 20 - 3.000
Zn 10 - 300
Cu 2 -100
B 2 - 100
Mo 0,2 – 5,0
Fonte: Bissani et al. (2004)

87
b) Formas de micronutrientes no solo
O teor de micronutrientes (M) na solução do solo é controlada pelos
processos de adsorção (M-adsorvido), precipitação e solubilização de minerais
como ilustra o esquema abaixo (Figura 40).

M -adsorvido M –Mineral estável

M -solução

M -Precipitado

Figura 40. Esquema ilustrativo dos compartimentos dos micronutrientes no


solo.

Abaixo seguem alguns minerais contendo micronutrientes


- Fe: óxidos de ferro, pirita
- Mn: óxidos de Mn (Mn2O3. nH2O e MnO2. nH2O).
- Cu:Calcopirita (CuFeS2), Calcocita (Cu2S) e Bornita (CuFeS4)
- Zn: Esfarelita (ZnS) e hemifortita ([Zn4 (OH)2Si2O7 H2O)]

Na solução do solo os micronutrientes são encontrados a seguinte forma:


Fe , Fe3+, Cu2+, Mn2+, Zn2+ e Ni2+, Cl-, MoO4-2
2+
e H3BO3. É importante
mencionar que os micronutrientes catiônicos podem formar complexos com
moléculas orgânicas da baixo peso molecular num processo denominado de
quelação. Este processo é importante porque diminui os processos de
adsorção e precipitação, os quais reduzem a disponibilidade imediata de
micronutrientes catiônicos para as planta. Contudo, ressalta-se que em o Cu
pode formar complexos estáveis com substâncias húmicas do solo, diminuindo
sua disponibilidade para as plantas em solos como elevado teor de matéria
orgânica.
O processo de precipitação, por sua vez, ocorre com Fe2+, Cu2+, Mn2+, Zn2+
e Ni2+ quando o pH do solo é elevado. Neste caso corre a formação de oxi-

88
hidróxidos insolúveis diminuindo a disponibilidade destes micronutrientes para
as plantas como no exemplo a seguir:

Fe3+ + OH- => Fe (OH)3

No caso de ânions como o MoO4-2 a precipitação ocorre com óxidos de Fe


e de Al solúveis em solos ácidos, como mostrado a seguir:

HMoO4- solúvel + Al(OH)2+ solúvel => Al (OH)2HMoO4 sólido


HMoO4- solúvel + Fe(OH)2+ solúvel => Fe(OH)2HMoO4 sólido

Os processos de oxidação e redução também podem alterar disponibilidade


de micronutrientes para as plantas. Em solos alagados por longos períodos,
como é o caso dos cultivos de arroz inundado, os micronutrientes Fe, Mn e Cu
sofrem redução, ou seja, ganham elétrons como no exemplo a seguir:

Mn3+ + é => Mn2+

No caso do Fe e do Mn, a redução aumenta os teores solúveis destes


micronutrientes para as plantas podendo provocar fitotoxidez. No caso do Cu,
sua redução de Cu2+ para Cu+ provoca deficiência, pois as plantas absorvem o
Cu na sua forma bivalente.
No caso da oxidação, ou seja, perda de elétrons, Fe e Mn tem sua
disponibilidade reduzida, podendo haver deficiências nutricionais nas plantas.
Este processo ocorre em situações de secas, tendo em vista a elevada
disponibilidade de oxigênio no solo em detrimento da disponibilidade de água.
A adsorção de micronutrientes ocorre em grupos funcionais da matéria
orgânica, argilominerais 1:1, 2:1 e em óxidos de Fe e de Al, como mostrado
nas ilustrações a seguir:

89
a) Adsorção de molibdênio em Oxi-hidróxido de alumínio

b) Adsorção de zinco em grupos carboxílicos e fenólicos da matéria


orgânica do solo

O O O

2R C O- + Zn2+ R C O Zn O C R

2R O- + Cu2+ R O Cu O R

EXERCÍCIOS

1) Esquematize as transformações que o enxofre sofre no solo.

2) Explique porque o enxofre adsorvido é pouco importante em solos jovens.

3) Cite algumas culturas exigentes em enxofre.

4) Quais fertilizantes contêm enxofre? A aplicação de 300 kg de sulfato de


amônio fornece quantos kg/ha de S?

90
5) A que você atribui o fato de geralmente não vermos recomendação de doses
de Fe, Mn e Cu nos boletins técnicos de recomendação de adubação, sendo
mais comum recomendações para B e Zn?

6) Explique porque em solos ricos em matéria orgânica ocorre há maior risco


de deficiência de Cu nas plantas, mas não de Fe, Mn e Zn.

7) Porque há pouca preocupação com Cl na Fertilidade do Solo?

8) Porque em solos com elevado teor de matéria orgânica geralmente não


ocorre problemas com deficiência de B?

9) Fale sobre os fatores que interferem na disponibilidade de micronutrientes


para as plantas.

10) Cite os principais adubos contendo micronutrientes para as plantas.

7 AMOSTRAGEM PARA DIAGNÓSTICO DA FERTILIDADE DO SOLO

7.1 Aspectos gerais

A amostragem é a primeira (Figura 41) e principal etapa da avaliação do


solo para fins de recomendação de adubação e calagem. Neste sentido o
laboratório não corrige erros de amostragem, o máximo que se consegue após
a amostragem é a precisão dos resultados, pois amostragem inadequada
resulta em análise inexata.

91
Amostragem do solo Envio ao laboratório Preparo da amostra

Confirmação dos
procedimentos

Análises (físicas,
Interpretação dos Análises física e
Recomendações químicas,
resultados química
microbiológicas)

Figura 41. Etapas do processo de avaliação da fertilidade do solo. Fonte:


Embrapa (2009).

7.2 Conceitos importantes


Antes de descrever os procedimentos envolvimento na amostragem,
cabe definir alguns conceitos fundamentais.

Amostragem do solo: processo pelo qual, por meio de critérios


preestabelecidos, se obtém amostras representativas de uma gleba
homogênea para análise química, física, biológica, etc.
Amostras simples: amostras individuais obtidas em diversos pontos da gleba,
por meio do caminhamento, que ao final serão reunidas em uma única
amostra.
Amostra composta: corresponde a uma massa de cerca de 0,5 kg de terra
obtida a partir das subamostras reunidas e homogeneizadas. Este material
será encaminhando para o laboratório de solos e representará a gleba ou
talhão amostrado para fins de recomendação.
Subamostra: parte da amostra composta que será utilizada no laboratório para
uma análise específica. Ex. 10 cm3 de solo para análise de pH.

92
Para ilustrar os conceitos de exatidão e precisão convêm analisar a
ilustração abaixo. Se considerarmos que o centro do alvo é o resultado
verdadeiro da variável analisado no solo (Figura 42), o terceiro alvo é a
situação que se deseja em uma análise de solo, ou seja, que os resultado sem
precisos e exatos. Viés e imprecisão, podem ocorrer quando a amostra
composta não for representativa da gleba ou quando o equipamento utilizado
não estiver adequadamente calibrado.

X
X
X
X
X X X

X
X
X
X
X X

Preciso e inexato Impreciso e inexato Preciso e exato


“Viés”

Figura 42. Situações em que os resultados da análise de solo podem se


enquadrar. Fonte: Autoria própria.

Para se ter ideia da representatividade de uma subamostra no


laboratório suponha uma gleba de 10 ha. O volume total do solo desta gleba na
camada de 0 a 20 cm será: 1 ha => 2 x 106 dm3 solo => 10 ha = 2 x 107 dm3
de solo. Se a subamostra for de 10 cm 3, teremos que: 10 cm3 = 0,01
dm3/20.000.000 dm3 = 1:2.000.000.000, portando para esta análise específica
teremos no laboratório uma proporção de 1 parte no laboratório representando
dois bilhões de partes no campo.

7.3 Seleção da área


Inicialmente deve-se dividir a aérea a ser amostrada (Figura 43) em sub
áreas homogêneas. Para isso, e de posse de um croqui da área, separam-se
as subáreas com base em:
 vegetação
 cor e textura
 topografia
 histórico de uso

93
 tipo de cultura (perene, anual, etc).

Como ilustra a figura 43, os limites de uma gleba de terra para


amostragem não deve ser definida pela área (hectares), mas, sim, pelas
características já enumeradas, que determinam sua homogeneidade. Sugere-
se, no entanto, para maior eficiência, não amostrar glebas superiores a 10 ha.
Deste modo, glebas muito grandes, mesmo que homogêneas, devem ser
divididas em sub-glebas com áreas de até 10 ha. Para fins ilustrativos apenas,
a tabela 1 dá uma ideia do tamanho de áreas homogêneas para diversas
situações.

Figura 43. Divisão da área em glebas para amostragem de solos. Fonte:


Alvarez V. et al. (1999).

A Figura 43 exemplifica uma eficiente divisão do terreno para


amostragem de solos: a gleba 1 representa a encosta íngreme, parte que
recebeu calagem (1a) e parte que não recebeu (1b); a 2, a encosta mais suave
usada com agricultura esporádica; a gleba 3, pastagem no sopé da encosta; a
4 constitui-se do terraço de relevo suave-ondulado, de coloração mais
acinzentada (4a) e de cor mais amarelada (4b); a gleba 5 consiste em
pastagem nativa com drenagem deficiente. Na gleba 4b, está representado o
sistema de coleta de amostras simples (21 pontos) para formar uma amostra
composta.

94
O tamanho das subáreas não é fixo, mas não recomenda-se estabelecer
subáreas com tamanho superior aos mostrado na tabela 18, afim de se obter
uma amostra composta o mais representativa possível.

Tabela 18. Tamanho de subáreas em função dos diversos usos.

Uso Subárea (ha)

Pastagem natural 15 a 20

Terreno plano com culturas anuais 2a7

Terreno erodido com culturas anuais 1a2

Terreno irrigado com culturas anuais 0,5 a 1

Pomar 0,5 a 1

Hortaliças irrigadas 0,5 a 1

Fonte: Alvarez V. et al. (1999).

7.4 Coleta da mostra de solo

Antes da coleta da amostra de solo, é fundamental definir os objetivos e,


ou o tipo de cultura que se deseja implantar, pois para algumas situações,
como o cultivo de culturas perenes, ou quando a área é analisada pela primeira
vez, é necessário uma amostragem diferenciada. Em qualquer caso, o número
de amostras simples deve estar entre 20 e 30, pois, de acordo com a figura 44
este é o número em que o erro de amostragem é mínimo. O maior número de
amostras simples (30) deve ser coletado em glebas sujeitas à maior
heterogeneidade do solo, como pode ocorrer em solos de baixada (aluviais),
em solos muito argilosos, em solos sob pastagens ou, então, em solos
intensamente cultivados.

95
80

ERRO (%)
40

20

10

0
0 5 10 20 30

NÚMERO DE PONTOS (n)

Figura 44. Influência do número de pontos no erro de amostragem do solo.

Outro aspecto fundamental é a distribuição espacial das amostras


simples na gleba. As amostras simples devem ser uniformemente distribuídas
por toda a gleba, o que é obtido realizando a coleta ao longo de um
caminhamento em zig-zag pela gleba. Maior eficiência de distribuição dos
pontos de coleta é obtida em glebas menores que 10 ha, por isto recomenda-
se a subdivisão das glebas muito grandes.
No caso de amostragem de solo em glebas de cultura perene (arbóreas,
fruteiras, etc.), os pontos de coleta das amostras simples devem ser
localizados na área adubada, em geral, sob a projeção da copa (Figura 45).
Havendo interesse em amostrar toda a área, devem-se amostrar
separadamente a área adubada na projeção da copa e a área das entrelinhas.
Para tanto, coletam-se amostras simples em cada uma das áreas para obter
duas amostras compostas distintas.

96
0 a 20 cm e de 20 a 40 cm

Projeção da copa: local de coleta da


subamostra

Figura 45. Localização das amostras simples em culturas perenes já


instaladas. Fonte: Autoria própria.

É importante que as amostras simples coletadas em uma gleba tenham


o mesmo volume de solo. Isto se consegue padronizando a área e a
profundidade de coleta da amostra simples. Obtém-se boa padronização,
utilizando os instrumentos denominados trados de amostragem (Figura 46). No
entanto, nem sempre é possível a utilização de trados, principalmente em se
tratando de solos adensados/compactados e seco, como nos Luvissolos do
sertão paraibano. Neste caso, pode-se utilizar com eficiência satisfatória
strumentos mais simples, tais como o enxadeco. Quando se utiliza enxadeco,
deve-se abrir um buraco com as paredes verticais (pequena trincheira).
Observando-se a profundidade de amostragem, coleta-se a amostra cortando-
se fatias para dentro da trincheira e coletando-se em seguida uma porção de
solo de cerca de 500 cm3.

97
Figura 46. Ferramenta mais comuns empregadas para a obtenção das
amostras simples. Fonte: Alvarez V. et al. (1999).

No ponto de coleta das amostras simples, a superfície do solo deverá


ser limpa,
removendo restos vegetais sem, contudo, remover a camada superficial do
solo. Os pontos de coleta das amostras simples não devem ser localizados
próximos a acidentes atípicos na área, como por exemplo, cupinzeiros, local de
queimadas de restos culturais, local de deposição de fezes e cochos ou
saleiros em áreas de pastagens.

7.5 Profundidade de amostragem

Em relação a profundidade de amostragem adota-se o seguinte critério:


 Regra geral: profundidade de exploração das raízes das plantas
 Culturas anuais: 0-20 cm (0-20 cm e 20-40 cm na 1ª vez)
 Culturas perenes (exceto pastagens): 0-20 cm e 20-40 cm
 Espécies florestais: 0-30 cm e 30-60.

98
A amostragem em profundidade, ou seja, superior a zona de exploração
do sistema radicular é útil para se obter informações acerca de possíveis
barreiras físicas ao desenvolvimento das plantas, como camadas compactadas
ou adensadas, presença de barreira química, como o excesso de alumínio e
excesso de elementos móveis no solo como NO3-, SO4-2 e K+.

7.6 Processamento das Amostras

As amostras simples devem ser reunidas em um recipiente limpo, como


um balde plástico. Devem-se evitar recipientes metálicos, principalmente
aqueles galvanizados, que podem acarretar contaminação das amostras,
recomendando-se, preferencialmente, recipientes de plástico. O volume de solo
das amostras simples deve ser cuidadosamente destorroado e perfeitamente
homogeneizado, para obter uma amostra composta representativa, que deve
ser constituída por um volume aproximado de 300 cm 3. Este volume de solo
pode ser seco à sombra e depois enviado ao laboratório. Não se recomenda
que o solo da amostra composta seja peneirado.
O volume de solo da amostra composta deve ser acondicionado em
saco plástico limpo, ou em caixas de papelão apropriadas. A amostra composta
deve ser devidamente identificada de modo que os resultados possam ser
relacionados com as respectivas glebas. As etiquetas devem ser escritas a
lápis e protegidas perfeitamente com plástico para que a umidade da amostra
do solo não as deteriore. Assim, a etiqueta deve ficar entre dois sacos
plásticos.
Além disso, é importante que seja fornecido ao laboratório o nome do
proprietário, o município e o nome da propriedade. Quando o laboratório
apresenta sugestões de correção e de adubação, outras informações devem
ser prestadas, como a cultura que será implantada ou manejada conforme
formulário abaixo.

99
Nome do proprietário...................................................................................................................
Propriedade.................................................................................................................................
Endereço.....................................................................................................................................
E-mail................................................................................................................
Telefone......................................................................................................................
CEP.................................... Município................................. Estado......................
Nº da Adubação anterior?.................... kg/ha de .............................
amostra..........................
Cultura anterior...................... Cultura atual/cobertura Cultura a ser
vegetal............................... implantada............

7.7 Frequência de amostragem

A frequência de amostragem dependerá do manejo adotado no solo e


das culturas a serem exploradas. Como regra geral orienta-se aos produtores
que, para áreas exploradas com culturas anuais de ciclo e que permanecem
em pousio na época seca, a amostragem deve ser realizada a cada três anos.
Entretanto, para produtores altamente tecnificados, com rotação de culturas ou
em área cultivadas com culturas perenes com altas doses de nutrientes e de
calcário a amostragem deve ser anual ou a cada ciclo produtivo.
Em qualquer das situações acima mencionadas, é sempre importante
realizar a amostragem do solo com antecedência de pelo menos três meses
antes do plantio, considerando o tempo necessário para a obtenção dos
resultados, o tempo necessário para a aquisição, aplicação e reação dos
corretivos e fertilizantes. Quando se deseja utilizar um calcário de baixo PRNT
(Poder Relativo de Neutralização Total) o tempo mínimo entre a coleta do solo
é o plantio deve ser de seis meses.

100
8. INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE DE SOLO

8.1 Unidades usuais em fertilidade do solo


É muito frequente as dúvidas sobre as unidades de representação dos
resultados da análise de solo, principalmente quando se trata daquelas que já
consideradas obsoletas, mas que muitas vezes aparecem em algumas análises
de solo ou em livros de fertilidade do solo mais antigo.
Em 1960 foi aprovado em Paris o Sistema Internacional de Unidades
(SI), o qual tem sido regulamentado por diversas entidades internacionais, com
o objetivo de padronizar as unidades adotadas nos diversos ramos da ciência,
a exemplo da fertilidade do solo e nutrição de plantas.
O Brasil passou a adotar o SI em 1980, o qual é, atualmente,
reconhecido como oficial, sendo que a sua regulamentação compete ao
Instituto Nacional de Peso e Medidas (INPM). No entanto, sua adoção pelo
meio técnico-científico é ainda irregular. Na Ciência do Solo, especificamente, o
SI foi oficialmente adotado a partir de 1993, por ocasião da realização do XXIV
Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Goiânia.

a) Unidades do SI diretamente relacionadas ao solo, fertilizantes e corretivos


Abaixo encontram-se algumas das unidades usuais em fertilidade do
solo, incluindo as grandezas a que pertencem e o respectivo símbolo
(Tabelas 19, 20) e 21.

Tabela 19. Unidades relativas às grandezas mais utilizadas em fertilidade


do solo
Grandeza Unidade Símbolo

Comprimento metro m

Massa quilograma kg

Tempo segundo s

Temperatura Kelvin K

Quantidade de matéria mol mol

101
Área - m2

Volume - m3

Densidade - kg/m3

Volume específico - m3/kg

Concentração - mol/m3

Tabela 20. Prefixos recomendados pelo SI mais empregados em fertilidade


do solo.
Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo
multiplicativo multiplicativo

10-9 nano n 101 deca da

10-6 micro µ 102 hecto h

10-3 mili m 103 quilo k

10-2 centi c 106 mega M

10-1 deci d 109 giga G

Tabela 21. Unidades que não fazem parte do SI, mas de uso comum em
fertilidade do solo.
Grandeza Unidades Símbolo Equivalente ao SI

Tempo minuto min 60 s

hora h 3.600 s

dia d 86.400 s

volume litro L 1 L = dm3 = 10-3 m3

massa tonelada t 103 kg = 1.000 kg

102
área hectare ha 10.000 m2

comprimento Angstron Aº 10-9 m

Comprimento Microm µ 10-6 m

b) Múltiplos e submúltiplos

Constantemente nos deparamos com a necessidade de converter as


unidades do SI (ou diferente do SI) em seus múltiplos ou submúltiplos. Essa
necessidade decorre da variação da magnitude que os valores de determinada
unidade pode assumir. Assim quando se trabalha com pequenos volumes em
análises de solo, geralmente os volumes são medidos em mililitros (mL), ao
passo quando se trabalha com água para o preparo de calda para adubação
foliar os volumes são medidos em litros. Uma maneira simples de se realizar
estas conversões encontram-se nos esquemas abaixo.

km hm dam m dm cm mm µm

kL hL daL L dL cL mL µ

kg hg dag g dg cg mg µg

kL hL daL L dL cL mL µL

0,001 0,01 0,1 1 10 100 1.000 106

Para converter multiplicar por... Para converter multiplicar por..

De acordo com o esquema acima converte-se metro (m) para milímetro


(mm) dividindo-se o valor correspondente me metro por 0,001, ou seja, 1,0 m
corresponde a 1/0,001 = 1.000 mm e 1,0 m = 1/0,01 = 100 cm e assim por
diante.

103
No segundo esquema abaixo é possível converter para múltiplos e
submúltiplos das unidades derivadas de área de volume. Desta forma 1,0 m 2
corresponde a 1/10-4 = 10.000 cm2 e 1,0 m3 = 1/10-6 = 1.000.000 cm3. Estas
conversões podem ser facilmente demonstradas tomando como referências as
unidades básicas e os conceitos de área e volume. Assim, 1,0 m2 resulta do
produto 1,0 m x 1,0 m = 1,0 m2; se 1,0 m = 100 cm, então 100 cm x 100 cm =
10.000 cm2 . Da mesma forma, se 1m3 resulta do produto 1,0 m x 1,0 m x 1,0
m, então 100 cm x 100 cm x 100 cm = 1.000.000 cm 3. Este raciocínio pode ser
empregado para qualquer outra conversão de unidade e corresponde a base
para a elaboração dos esquemas dois esquemas apresentados.

km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2


10-6 10-4 10-2 1 102 104 106

km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

10-9 10-6 10-3 1 103 106 109

Para converter Multiplicar por... Para converter Multiplicar por...

Uma das grandezas mais evidentes em análises de solo, plantas e


corretivos é a concentração, a qual é expressa em quantidade de matéria por
unidade de volume, ou por unidade de massa. No SI a quantidade de matéria é
representada pela grandeza. Quando se conhece a composição química da
matéria (NaCl, por exemplo) a quantidade de matéria é expressa pelo mol.
Quando sua composição, no entanto, não é conhecida (matéria orgânica do
solo, por exemplo) utiliza-se as unidades de massa para expressar a
quantidade de matéria. O mol, é definido como a quantidade de matéria de um
sistema que contem as mesmas unidades elementares, quantas forem os
átomos contidos em 12 g do 12C.

104
A massa de qualquer quantidade de matéria correspondente a um mol
(6,022 x 1023 entidades) é denominada de massa molar (M). Tem-se, portanto
a massa molar para moléculas - massa molecular -(p. ex. CO2 = 44 g/mol),
para elementos - massa atômica - (p. ex. Na = 23 g/mol) e também para íons
(p.ex. H+ = 1,0 g/mol), para elétrons e outros. Deste modo, o termo peso
atômico e peso molecular estão em desuso. Para facilitar o entendimento
deste conceito, suponha que é possível juntarmos 6,022 x 1023 átomos de Ca
(cálcio), um a um; estes átomos colocados em uma balança pesariam 40 g ou
seja, a própria massa atômica do elemento cálcio. O mesmo raciocínio pode
ser empregado para outras entidades, ou seja, se fossemos capazes de
separar 6,022 x 1023 moléculas de NaCl e colocarmos numa balança, a massa
destas moléculas seriam de 58,5g (23 + 35,5), ou seja, a própria massa molar
do NaCl.

c) Resultados de análises de solo

Em análises de solo o uso de submúltiplos do mol (cmol, mmol e µmol) nas


unidades de concentração é mais comum que o mol. Entretanto, nestes casos,
para expressar concentração de íons utiliza-se o conceito de molc (mol de
carga). Este conceito é derivado de um conceito mais usual na química
analítica conhecido como equivalente-grama (eq.g) ou normalidade (N). Assim,
1,0 equivalente do íon cálcio corresponderia a 40g/2 = 20g, ou seja a relação
entre a massa atômica e a valência do íon. No caso de bases e ácidos o eq.g
corresponde à relação entre a massa molar da substância e o número de
hidrogênio ou hidroxila ionizável. Exemplificando com HCl, 1 eq.g desse ácido
teria 36,5g/1 = 36,5g de HCl = 1N. Da mesma forma, 1eq-g de H2SO4 teria 98/2
= 49g = 1N. Tanto normalidade quanto equivalente-grama são unidades
obsoletas e atualmente o molc e seus submúltiplos são as unidades aceitas no
SI. Pelo exposto pode-se dizer que 1,0 eq-g = 1,0 molc em qualquer caso, e
que 1N = 1,0 eq-g = 1,0 molc no caso de ácidos e bases. A Tabela 22 ilustra
algumas conversões de unidades envolvendo o molc e seus submúltiplos mais
comuns em análises de solo.

105
Tabela 22. Variações da unidade mol mais utilizadas em análises de solos.
íon mol molc cmolc mmolc µmolc massa (g)

Ca2+ 1,0 2,0 200 2.000 2.000.000 40,0

Mg2+ 1,0 2,0 200 2.000 2.000.000 24,3

K+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 39,0

Na+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 23,0

Al3+ 1,0 3,0 300 3.000 3.000.000 27,0

N_NH4+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 14,0

N_NO3- 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 14,0


+
N_NH4 = nitrogênio na forma de amônio

Quando se trata de unidades de concentração, há apenas que se fazer as


devidas conversões do numerador e do denominador (Tabela 23). Por exemplo
qual é o valor corresponde a 25 mmolc/L de Ca2+ em cmolc/L de Ca2+?
Resposta: 25/10 = 2,5 cmolc/L de Ca2+. Portanto, se a unidade do denominador
for a mesma, converte-se apenas o numerador.

Tabela 23. Variações de unidades de concentração mais utilizadas em análises


de solos.

íon mol/dm3 molc/dm3 cmolc/dm3 mmolc/dm3 µmolc/dm3 g/ dm3

Ca2+ 1,0 2,0 200 2.000 2.000.000 40,0

Mg2+ 1,0 2,0 200 2.000 2.000.000 24,3

K+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 39,0

Na+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 23,0

Al3+ 1,0 3,0 300 3.000 3.000.000 27,0

N_NH4+ 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 14,0

106
N_NO3- 1,0 1,0 100 1.000 1.000.000 14,0
+
N_NH4 = nitrogênio na forma de amônio

É muito comum aparecer em artigos e em livros antigos sobre fertilidade do


solo a unidade miliequivalente (meq)/100g. Neste caso eq-grama = molc, então
meq = mmolc. Deduz-se que 1meq/100g = 1,0 mmolc/0,1kg = 10 mmolc/kg =
1,0 cmolc/kg, pois 10 mmolc = 1,0 cmolc.
Dessas unidades resulta que mg = massa atômica x mmol ou mg/L = massa
atômica x mmol/L ou ainda que mg/L = (mmolc/L x massa atômica)/valência.
Lembrando que mg/L ou mg/kg ou mg/dm 3 também é referida como ppm
(partes por milhão).
Finalmente cabe destacar que as vezes deseja-se saber a quantidade
disponível de nutrientes em um volume de solo correspondente a um hectare.
Um hectare na camada de 0 -20 cm corresponde a um volume de 100 m x 100
m x 0,2 m = 2.000 m3 de terra, ou 2.000.000 dm3 de terra. Assim um solo que
apresenta 5,0 mg de P/dm3 de solo na camada de 0 -20 cm, contem 2.000.000
x 5 = 10.000.000 mg de P/ha ou 10 kg de P/ha, ou seja:
kg/ha = mg/dm3 x 2

c) Resultados de análises de tecidos vegetais, fertilizantes e corretivos

Em se tratando de tecidos vegetais, da mesma forma como ocorre com


as análises de solo, a literatura mais antiga, geralmente apresenta os teores de
macronutrientes em percentagem e os de micronutrientes em mg/kg. No
segundo caso, os valores se encontram no SI, mas no primeiro não. Para se
converter percentagem (%) em unidades do SI como g/kg, multiplica-se o valor
correspondente em percentagem por 10. Assim 1% = 10g/kg, pois, 1% =
1g/100g = 1g/0,1kg = 10g/kg. Portanto, pode-se deduzir que 1% corresponde
a 10.000 ppm ou 10.000 mg/kg. É interessante que no Boletim técnico do
Estado de Minas Gerais o valores expressos em percentagem passaram para
SI sem alterar a magnitude dos valores, apenas utilizando a unidade dag/kg
(dag = decagrama = 10g) ou dag/dm3. Portanto, 1% = 10g/kg = 1dag/kg.

107
No caso de corretivos e fertilizantes, os teores da maioria dos elementos
químicos são expressos em percentagem (não aceita no SI) do óxido
correspondente, como por exemplo os teores de Ca e Mg nos calcários são
expressos em %CaO e %MgO e os teores de P e K nos fertilizantes são
expressos em %P2O5 e %K2O. Esta forma de expressar a concentração destes
elementos, provavelmente é derivado da química analítica que no passado
expressava a concentração de qualquer elemento químico na forma de óxidos
tendo em vista que os materiais analisados eram calcinados (queimados) antes
de sua quantificação.
Apresar de as recomendações de adubação expressarem as doses em
P2O5 e K2O, em adubações de vasos, as recomendações geralmente
utilizam a unidade mg/dm3. Suponha que para um experimento em vasos com
solo foram recomendadas 300 mg de P/dm 3 de solo na forma de superfosfato
simples (18% P2O5). Assim teremos o seguinte cálculo:
18% P2O5= 18x10 = 180g/kg P2O5 =180 mg/g P2O5
Massa molecular do P2O5 = 142

Então 142g de P2O5 _____________2x31g de P


180 g de P2O5______________X = 78,591g de P
Daí surge o fator de conversão de P2O5 para P = 0,4366; portanto 180 x
0,4366 = 78,591. Para facilitar os cálculos do problema proposto, pode-se
ainda dizer que 78,591g/kg = 78,591mg/g. Assim teremos:

78,591 mg de P ________________1,0g de superfosfato simples


300 mg de P ________________________ X = 3,817 g de superfosfato simples

Portanto, para converter mg de P para mg de fertilizante fosfatado pode-se


utilizar a seguinte expressão derivada do cálculo realizado acima:

dF = (dP/0,4366) x [(1/(% P2O5 /100)]


Em que dF = dose do fertilizante em mg e dP = dose de fósforo em mg.

Para o potássio (K) pode-se se utilizar o mesmo raciocínio. Assim, suponha


que para um experimento em vasos com solo foram recomendadas 150 mg de

108
K/dm3 de solo na forma de cloreto de potássio (58% K 2O). Assim teremos o
seguinte cálculo:
58% K2O= 58x10 = 580g/kg K2O
Massa molecular do K2O = 94

Então 94g de K2O _____________2x39g de K


580 g de K2O______________X = 481,276g de K
Daí surge o fator de conversão de K2O para K = 0,829787; portanto 580 x
0,829787 = 481,276. Para facilitar os cálculos do problema proposto, pode-se
ainda dizer que 481,276g/kg = 481,276 mg/g. Assim teremos:

481,276 mg de K ________________1,0g de cloreto de potássio


150 mg de K ________________________ X = 0,312 g de cloreto de potássio

Portanto, para converter mg de K para mg de fertilizante potássico pode-se


utilizar a seguinte expressão derivada do cálculo realizado acima:

dF = (dk/0,83) x [(1/(% K2O /100)]


Em que dF = dose do fertilizante em mg e dK = dose de potássio em mg.

Nos demais casos como os teores totais em análises de fertilizantes e de


solo a exemplo de CaO, MgO, Fe2O3, Al2O3 etc. emprega-se o mesmo
raciocínio empregado acima, além disso, pode utilizar o raciocínio inverso. Por
exemplo: Qual a percentagem de óxido de MgO num calcário que contém 5%
de Mg?
Cálculo:
Massa molecular do MgO= 40
40g de MgO____________24g de Mg
100g MgO_____________ X =60g =60%

100g MgO_______________60g Mg
X ______________________5g Mg
X= 8,3% MgO

109
Para facilitar pode-se utilizar a seguinte expressão:
%Óxido = (% do elemento no material analisado)/(Pa/M)
Assim: %MgO = (5)/(24/40) = 8,3%
Pa = massa atômica do Mg e M = massa molar do MgO

8.2 Tabelas de interpretação dos resultados

No Brasil existem diversas tabelas de interpretação da análise de solo,


que embora apresentem semelhanças, cada uma apresenta as particularidade
do Estado onde foram desenvolvidas. Devido a falta de informação mais
precisa para os estados do Nordeste como um todo, será apresentado, a título
de exemplo, as tabelas de interpretação da análise de solo (Tabelas de I a VI)
utilizadas pelo Estado de Minas Gerais (ALVAREZ et al., 1999).

Tabela I. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH)1


Classificação química
Acidez Neutro Alcalinidade
Muito Elevada Média Fraca Fraca Elevada
Elevada
< 4,5 4,5 - 5,0 5,1 - 6,0 6,1 - 6,9 7,0 7,1 - 7,8 > 7,8
(1)
pH em água na relação 1:2,5, TFSA
Classificação agronômica
Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto
<4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0

Tabela II. Classes de interpretação da análise de solo para a matéria orgânica


e para os teores dos principais cátions do solo (ALVAREZ et al., 1999).
Atributo Unidade Classificação
Muito Baixo Médio2 Bom Muito bom
baixo
C.O (3) dag/kg ≤0,40 0,41-1,16 1,17- 2,32 2,33 -4,06 > 4,06
M.O (3) dag/kg ≤0,70 0,71 - 2,00 2,01- 4,00 4,01 - 7,00 >7,00
Ca2+(4) cmolc/dm3 ≤0,40 0,41- 1,20 1,21 - 2,40 2,41 -4,00 > 4,00

110
Mg2+ (4) cmolc/dm3 ≤0,15 0,16- 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50 >1,50
3
Al3+ (4) cmolc/dm ≤0,20 0,21 - 0,50 0,51- 1,00 1,01 - 2,00 > 2,00
C.O =carbono orgânico; M.O = matéria orgânica
3 3
(1) dag/kg = % (m/m); cmolc/dm = meq/100cm ; (2) O limite superior desta classe indica o nível
crítico.
(3) Método Walkley & Black; M. O. = 1,724 x C. O.; (4) Método KCl 1 mol/L; (5) A interpretação
desta característica, nestas classes, deve ser Alta e Muito alta em lugar de Bom e Muito bom.

Tabela III. Classes de interpretação da análise de solo para alguns índices


relacionados ao complexo de troca (ALVAREZ et al., 1999).
Atributo Unidade1 Classificação
Muito Baixo Médio2 Bom Muito
baixo bom
(3) dag/kg ≤0,60 0,61 - 1,80 1,81- 3,60 3,61- 6,00 > 6,0
SB
H + Al (4) cmolc/dm3 ≤1,00 1,01 - 2,50 2,51 - 5,00 5,01 - 9,00 >9,0
CTC efetiva cmolc/dm3 ≤0,80 2,51 - 5,00 2,31- 4,60 4,61 -8,00 > 8,00
(5)
(t)
CTC(6) a pH cmolc/dm3 ≤0,160 0,81- 2,30 4,31- 8,60 8,61 - 15,0 >15,0
7,0
(7) cmolc/dm3 ≤15,0 1,61- 4,30 30,1- 50,0 50,1- 75,0 >75,0
m
% ≤20,0 15,1- 30,0 40,1- 60,0 60,1- 80,0 > 8,0
V(8)
3
(1) cmolc/dm 3 = meq/100 cm ; (2) O limite superior desta classe indica o nível crítico; (3) SB =
(5) 3+
Ca+Mg+K+Na. (4) H+AL, Método Ca(OAc)2 0,5 mol/L, pH 7. t = SB + Al . (6) T = SB +
(7) 3+
(H+Al). m = 100 Al / t. (8) V = 100 SB/T. (9) A interpretação desta característica, nestas
classes, deve ser Alta e Muito alta em lugar de Bom e Muito bom.

Além dos índices acima, é interessante conhecer também a relação


entre as bases Ca, Mg e K para evitar problemas de desequilíbrios nutricionais
proporcionados por inibição competitiva. Para isso calcula-se as relações: %Ca
= (Ca/t)x100; %Mg = (Mg/t)x100 e (K/t)x100. Em geral adora-se com
adequados as seguintes faixas:

111
Base Faixa adequada (%)
Ca 60 - 70
Mg 10 - 20
K 2 -5

Tabela IV. Classes de interpretação da disponibilidade para fósforo de acordo


com o teor de argila do solo ou do valor de fósforo remanescente (P-rem) e
para o potássio (ALVAREZ et al., 1999).
CLASSIFICAÇÃO
Característica Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom
3 1/
(mg/dm )
2/
Argila (%) Fósforo disponível (P)
3/
60-100 < 2,7 2,8-5,4 5,5-8,0 8,1-12,0 > 12,0
35-60 < 4,0 4,1-8,0 8,1-12,0 12,1-18,0 > 18,0
15-35 < 6,6 6,7-12,0 12,1-20,0 20,1-30,0 > 30,0
0-15 < 10,0 10,1-20,0 20,1-30,0 30,1-45,0 > 45,0
4/
P-rem (mg/L)
3/
0-4 < 3,0 3,1-4,3 4,4-6,0 6,1-9,0 > 9,0
4-10 < 4,0 4,1-6,0 6,1-8,3 8,4-12,5 > 12,5
10-19 < 6,0 6,1-8,3 8,4-11,4 11,5-17,5 > 17,5
19-30 < 8,0 8,1-11,4 11,5-15,8 15,9-24,0 > 24,0
30-44 <11,0 11,1-15,8 15,9-21,8 21,9-33,0 > 33,0
44-60 < 15,0 15,1-21-8 21,9-30,0 30,1-45,0 > 45,0
2/
Potássio disponível
≤15 16 - 40 41 - 70 71- 120 > 120
1/ 3 2/ 3/
mg/dm = ppm (m/v). Método Mehlich-1. Nesta classe apresentam-se os níveis críticos de acordo com
4/
o teor de argila ou com o valor do fósforo remanescente. P-rem = Fósforo remanescente,
concentração de fósforo da solução de equilíbrio após agitar durante 1 h a TFSA com solução de CaCl2 10
mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação 1:10.

112
Tabela V. Classes de interpretação da disponibilidade para enxofre de acordo
com o valor de fósforo remanescente

Classificação
Muito Baixo Médio Bom Muito bom
P-remanescente
baixo
0-4 ≤ 1,7 1,8 – 2,5 2,6 – 3,6 3,7 – 5,4 > 5,4
4 – 10 ≤ 2,4 2,5 – 3,6 3,7 – 5,0 5,1 – 7,5 > 7,5
10 - 19 ≤ 3,3 3,4 – 5,0 5,1 – 6,9 7,0 – 10,3 > 10,3
19 - 30 ≤ 4,6 4,7 – 6,9 7,0 – 9,4 9,5 – 14,2 > 14,2
30 - 44 ≤ 6,4 6,5 – 9,4 9,5 – 13,0 13,1 – 19,6 > 19,6
44 - 60 ≤ 8,9 9,0 – 13,0 13,1 – 18,0 18,1 – 27,0 > 27,0
(1) (2)
Método Hoeft et al. (1973) Ca(HPO4)2, 500 mg/L de P , em HOAc 2,0 mol/L. Esta classe

indica os níveis de acordo com o valor de P-remanescente.

Tabela VI. Classes de interpretação da disponibilidade para micronutrientes


(ALVAREZ et al., 1999).
Micronutrientes Teor no solo
Muito baixo Baixo Médio Bom Alto
3
--------------------------------------mg/dm ------------------------------------------------
Boro ≤ 0,15 0,16- 0,35 0,36 -0,60 0,61 - 0,90 > 0,90
Cobre ≤ 0,30 0,40 -0 ,70 0,8 - 1,2 1,3 - 1,8 > 1,8
Ferro ≤ 8,0 9,0 - 18,0 19 - 30 31- 45 > 45
Manganês ≤ 2,0 3,0 - 5,0 6,0 - 8,0 9,0 - 12 > 12
Zinco ≤ 0,4 0,5 - 0,9 1,0 - 1,5 1,6 - 2,2 > 2,2
Extratores: (1) Boro=água quente; (2) Cu. Fe. Mn. Zn=Mehlich-1

8.3 Recomendação de adubação

a) Uso de tabelas de recomendação

A recomendação de fertilzantes é um processo relativamente simples e


até certo ponto mecânico, pois para isto basta apenas está de posse de um
boletim de recomendação do Estado em que se deseja realizar a adubação e
o resultado da análise de solo.

113
O Estado da Paraíba não tem um Boletim de recomendação de
adubação atualizado, sendo a última versão do ano de 19. Portanto, é muito
comum em nosso Estado os produtores utilizarem o Boletim do Estado de
Pernambuco (CAVALCANTI et al., 2008) para procederem com a
recomendação de adubação, tendo em vista a semelhança de solos e clima
entre estes estados. Assim, para o exemplo a seguir será empregado o Boletim
do Estado do Pernambuco.
Suponha que um solo coletado na camada de 0 - 20 cm apresentou os
seguintes atributos: pH (CaCl2) = 7,5; P = 2,6 mg dm-3; K+ = 0,15 cmolc dm-3;
Ca2+ = 17,3 cmolc dm-3; Mg2+ = 4,8 cmolc dm-3; Cu=0,20 mg dm-3; Fe=6,25 mg
dm-3; Mn=36,0 mg dm-3; Zn= 4,3 mg dm-3; Na+= 0,4 cmolc dm-3; Al3+= 0,1 cmolc
dm-3; H++Al3+= 1,0 cmolc dm-3; matéria orgânica = 13,6 g kg-1; areia = 311 g kg-
1
; silte = 446,6 g kg-1 ; argila = 241,7 g kg-1. Considerando estes resultados
qual é a recomendação de adubação e calagem para o meloeiro irrigado?
Tomando-se o Boletim do Estado de Pernambuco (Cavalcange et al., 2008) as
recomendações seriam as apresentadas a seguir.
Considerando o pH, os teores de Ca, Mg, observa-se que não há
necessidade de calagem para o solo em questão. Em relação aos
micronutrientes a interpretação seria que Zn, Fe, e B estariam em níveis altos e
Cu em nível muito baixo. De acordo com o Boletim do Estado de Pernambuco,
assim como ocorre em outros, não há recomendação de Cu com base na
análise de solo. Entretanto, considerando o pH do solo, seria recomendável
uma adubação foliar com uma fonte de cobre (sulfato de cobre ou cloreto de
cobre). Neste caso, uma ou duas aplicações de sulfato de cobre na dose de 2
kg/400L por hectare poderia resolver o problema.
No caso de N, P e K, as recomendações seriam: N => 40 kg /ha no
plantio e 80 kg/ha em cobertura (dividir em duas aplicações, uma aos 20 e
outra aos 40 dias após o plantio), P2O5 => 160 kg/ha todo em fundação e K2O
=> 40 kg/ha no plantio e 80 kg/ha em cobertura (dividir em duas
aplicações, uma aos 20 e outra aos 40 dias após o plantio). O próximo
passo é a escolha das fontes a serem utilizadas. Escolhendo-se ureia, MAP e
cloreto de potássio como fonte de N, P e K, respectivamente teremos a
seguinte recomendação: MAP = 160/0,48 = 333,3kg/ha. Lembrar que o MAP
tem 9% de N e portanto 333,3 kg de MAP tem 333,3x0,09 = 30 kg de N.

114
Portanto, no plantio teremos que descontar o N do MAP e completar com outra
fonte (neste caso com ureia). Então 40 -30 = 10kg/ha de N na forma de ureia =
10/0,45 =22,2 kg/ha de ureia no plantio. Para o K teremos que aplicar no
plantio 40/0,48 = 69,0 kg/ha e duas coberturas de 40 kg/ha (Tabela 24).

Tabela 24. Recomendação de adubação para a cultura do meloeiro irrigado.


Fertilizante Quantidade (kg/ha)
Plantio 1ª Cobertura 2ª Cobertura
MAP 333,3 - -
Cloreto de potássio 69,0 69,0 69,0
Ureia 22,2 89,0 89,0

Nos Estados do Rio Grande do Sul, a adubação nitrogenada do milho é


realizada considerando o teor de matéria orgânica e a produtividade esperada
como se vê na Tabela 25.

Tabela 25. Quantidades de nitrogênio para adubação do milho nos estados do


RS e SC.

Teor de M.O (%) Expectativas de rendimento


< 3t/ha 3-6t/ha > 6t/ha
kg/ha
≤ 2,5 80 130 160
2,6-3,5 70 110 140
3,6-4,5 60 90 120
4,6-5,5 50 80 100
> 5,5 ≤ 40 ≤65 ≤80

No estado de São Paulo a adubação nitrogenada do milho leva em


consideração a produtividade esperada e a classe de resposta conforme ilustra
a Tabela 26.

115
Tabela 26. Quantidades totais de nitrogênio para adubação do milho no
estado de SP.
Produtividade (t/ha) Classe de resposta a nitrogênio
esperada 1 2 3
----------------------------------------------------kg/ha--------------------------------------------------
2-4 50 30 20
4-6 80 60 40
6-8 120 90 60
8-10 150 120 80
10-12 170 140 100
1- Alta resposta esperada: solos corrigidos, com muitos anos de plantio contínuo
de gramíneas.
2- Média resposta esperada: solos muito ácidos que serão corrigidos: com plantio
anterior com leguminosas.
3- Baixa resposta esperada: solos em pousio por 2 anos ou mais, ou após
pastagem; cultivo intenso com leguminosas

Em alguns casos, é preferível mistura os fertilizantes para facilitar a


aplicação ao solo. Entretanto nem todos os fertilizantes podem ser misturados,
devendo-se observar a compatibilidade apresentada na figura abaixo. Pela
figura abaixo os fertilizantes nitrogenados em geral são incompatíveis com
produtos de reação alcalina, a exemplo do sulfato de amônio com calcário.

b) Método baseado no balanço nutricional

O balanço nutricional, genericamente, pode ser obtido pela diferença


entre o requerimento total de cada nutriente pela cultura e o suprimento pelo
solo e por fontes externas como a adubação (SILVA et al., 2009).
O requerimento pela cultura pode ser obtido pelas quantidades
acumuladas em cada parte da planta, levando-se em consideração o que é
restituído ao solo na forma de resíduos da parte aérea e raízes, assim como a
eficiência de recuperação do respectivo nutriente. A determinação do
suprimento de nutrientes pelo solo, por sua vez não é uma tarefa fácil, devido
às diversas transformações cada um sofre no solo. Contudo, muitos trabalhos
foram realizados neste sentido, onde foram estabelecidas relações entre os

116
teores dos nutrientes disponíveis no solo com sua quantidade disponível para a
planta, considerando, além dos teores disponíveis, atributos do solo como teor
de argila, fósforo remanescente e taxa de mineralização de nitrogênio no solo
(POSSAMAI, 2003; SANTOS NETO, 2003; OLIVEIRA et al., 2005; SANTOS et
al., 2008).
Neste sentido, vários trabalhos foram realizados com diversas culturas,
visando determinar o balanço nutricional (BN), ou seja, as quantidades de
nutrientes a serem restituídas ao solo. Este procedimento é uma alternativa aos
métodos oficiais de recomendação de adubação, que utilizam tabelas
estabelecidas com base em estudos de correção e calibração da análise de
solo. No Brasil, estes trabalhos foram orientado principalmente por
pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (POSSAMAI, 2003;
OLIVEIRA et al., 2005; CARVALHO et al., 2006; SANTOS et al., 2008; SILVA,
et al., 2009), os quais desenvolveram um sistema de recomendação de
corretivos e fertilizantes para diversas culturas, denominado genericamente de
FERTCALC®, baseando-se no balanço nutricional. Desta forma o
FERTCALC® tem com base as seguintes expressões:

BN = SUPtotal - REQtotal

REQtotal = REQplanta/ER + DEMSust SUPtotal = SUPsolo + SUPfert

SUPsolo = (NP x Lb x P x TAS/TR)/1.000

Onde:

REQtotal = requerimento total do nutriente pela cultura em kg/ha; REQplanta =


quantidade de cada nutriente extraída pela planta
DEMSust = demanda de sustentabilidade (Corresponde a 40% da demanda
nutricional da fração a ser exportada, no caso do nitrogênio. Para os demais
nutrientes , o valor é de 60%). ER = é a eficiência de recuperação do nutriente
pela planta;
SUPtotal = Suprimento total em kg/ha;

117
SUPsolo = Quantidade do nutriente suprida pelo solo, em kg/ha, calculado com
base na análise de solo e considerando a camada de 0 - 20cm e a área
ocupada por cada planta SUPfert = Suprimento do nutriente pelos fertilizantes
em kg/ha;
NP = número de plantas por hectare; Lb =largura do bulbo molhado;
P = profundidade efetiva do sistema radicular (0,3 m);
TAS = teor do nutriente na análise química do solo (mg/kg);
TR = taxa de recuperação do extrator do nutriente no solo (em fração);
Dessa forma, valores de BN negativos indicarão as quantidades necessárias
de nutrientes a serem acrescentadas à fertirrigação, enquanto valores positivos
de BN indicarão as quantidades de nutrientes a serem diminuídas da
fertirrigação da cultura, considerando a produtividade esperada.
Os valores de TR para cada nutriente serão estabelecidos com base nos
trabalhos de POSSAMAI (2003), OLIVEIRA et al. (2005), SANTOS et al. (2008)
e SILVA et al. 2009), fazendo-se os ajustes necessários para o sistema de
cultivo a ser empregado no presente projeto, ou seja, fertirrigação.
Uma das dificuldades do uso do FERTCAL® é que há ainda muitas
lacunas a serem preenchidas, relacionadas principalmente com a capacidade
de fornecimento de nutrientes pelo solo à cultura, a qual depende dos diversos
fatores que controlam a disponibilidade de nutriente no solo (TAS e TR), bem
com a eficiência de recuperação (ER) do nutriente pela planta. Portanto, cada
cultura, cultivada em uma determinada região apresentará seus próprios
valores de ER e SUPsolo.
No exemplo acima, considerando o suprimento de nutrientes apenas
pelo solo, em função da análise de solo, teríamos que a quantidade total de N,
P e K a serem aplicadas seriam de 155,0 kgN/ha; 102 kg P 2O5/ha e 326 kg
K2O/ha. Comparando-se estas doses com as recomendadas pela análise de
solo (item 4.1) verifica-se que as doses de N e K foram subestimadas e a de P
superestimada, considerando que o método do Balanço nutricional é mais
realista.

118
9 CARACTERÍSTICAS DOS FERTILIZANTES

A instrução normativa Nº 61, de 8 de julho de 2020 estabelece as regras


sobre definições, exigências, especificações, garantias, tolerâncias, registro,
embalagem e rotulagem dos fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes,
destinados à agricultura.

Define-se como fertilizante toda substância mineral ou orgânica, natural


ou sintética fornecedora de um ou mais nutrientes para as plantas. Os
fertilizantes podem ser classificados de duas maneiras: pelo critério químico,
em minerais (ou inorgânicos), orgânicos e organominerais, e pelo critério físico
em sólidos, líquidos e gasosos. Será dada maior ênfase nas aulas práticas aos
fertilizantes minerais sólidos.

9.1 Características químicas dos fertilizantes minerais

Os fertilizantes podem ser classificados quanto a sua natureza química


em: fertilizantes minerais: (simples, compostos e mistos), orgânicos e
oragominerais.
Fertilizante mineral: produto de natureza fundamentalmente mineral, natural ou
sintético obtido por processo físico, químico ou físico-químico, fornecedor de
um ou mais nutrientes de plantas;

Exemplos:

Natural: Fluorapatita: 3Ca3(PO4)2 CaF2 ou Ca10(PO4)6F2


Sintético: CO2 + NH3 CO(NH2)2 (45%N)
Cloreto de potássio: KCl (60% K2O)
Superfosfato Triplo: CaH2PO4 (42% P2O5)

Fertilizante orgânico: produto de natureza fundamentalmente orgânica, obtido


por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou
controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural,
vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais;

Exemplos:

Natural: Cama de frango, esterco de bovino, torta de mamona;

119
Compostagem: Mistura de produtos com relação C/N (baixa) com C/N (alta);
Esterco de galinha: (C/N baixa) + palha de milho (C/N alta);
Torta de filtro: (C/N média) + bagaço de cana (C/N alta).

Fertilizante organomineral: produto resultante da mistura física ou combinação


de fertilizantes minerais e orgânicos.

Exemplos:

Fosfato natural + Esterco de curral;


Gesso agrícola + Cama de frango.
Um fertilizante pode conter um, dois ou vários macronutrientes primários,
macronutrientes secundários e micronutrientes. Uma vantagem obvia de
fertilizantes com vários nutrientes é a economia de trabalho na aplicação, mas
deve-se considerar ainda que os nutrientes serão aplicados na mesma
proporção.
a) Classificação quanto ao nutriente
Os fertilizantes podem ser classificados quanto ao nutriente contido em:
 Fosfatados;
 Nitrogenados;
 Cálcicos;
 Magnesianos;
 Sulfatados;
 Contendo micronutrientes.
As fontes minerais de fósforo são todas originadas de rochas fosfáticas,
conhecidas como "fosfatos naturais", que são encontrados na forma de
compostos de ferro, alumínio e de cálcio. Os fosfatos de ferro e de alumínio
têm sua solubilidade aumentada com a elevação do pH do solo. Os fosfatos de
cálcio (apatitas e fosforitas), por sua vez, são mais solúveis em solos com pH
ácido.
No comércio, são encontradas fontes naturais de fósforo e fontes
industrializadas obtidas a partir de naturais.
a) Fosfatos naturais
Os fosfatos naturais de maior ocorrência são as apatitas. Esses fosfatos
possuem um teor considerável de fósforo total (24 a 27% de P2O5 total),

120
contudo, de baixa solubilidade. A solubilidade desses materiais é aumentada
em meio ácido.
b) Superfosfato simples
Obtido por meio da mistura estequiométrica de H2SO4 com fosfatos naturais
(apatitas). Possui, no mínimo, 18% de P2O5 solúvel em citrato neutro de
amônio (CNA) + água, 11% de S e 19% de Ca.
c) Superfosfato triplo ou concentrado
Obtido a partir da mistura estequiornétrica de HPO4 com fosfatos naturais
(apatitas). Possui, no mínimo, 41 % de P2O5 solúvel em (NA + água e 13 % de
Ca.
d) Escória de Thomas
É um subproduto da indústria do aço. Possui 17% de P2O5 total, 12% de P2O5
solúvel em. ácido cítrico (AC) a 2 %, 25% de Ca e pequenas quantidades de Si,
Mg, Fe e Mn.
e) Termofosfato
Obtido pela fusão a 1450 °C de fosfato natural (apatita ou fosforita) com uma
rocha magnesiana (serpentina). Contém, no mínimo, 17 % de P2O5 total, 16,5
% de P2O5 solúvel em AC a 2 %, 20 % de Ca e 9 % de Mg.
f) Fosfato monoamônico (MAP)
Obtido por meio da neutralização parcial de HPO4 pela amônia. Possui, no
mínimo, 48 % de P2O5 solúvel em CNA + água e 9% de N.
g) Fosfato diamônico (DAP)
Obtido por meio da neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. Possui, no
mínimo, 45% de P2O5 solúvel em CNA + água e 16% de N.
h) Fosfato parcialmente acidulado
Obtido pela reação do fosfato natural (apatita) com uma quantidade de ácido
sulfúrico inferior à necessidade estequiométrica para a reação completa.
Contém 20% de P2O5 total, 9% de P2O5 solúvel em CNA + água, 25% de Ca e
6% de S.
i) Farinha de ossos autoclavados
Possui 20% de P2O5 total, 16% de P2O5 solúvel em AC a 2%, 1,5% de N e 22%
de Ca.

121
O nitrogênio é um dos nutrientes mais importantes para as plantas e,
com frequência, o mais limitante à produção das culturas em geral, exceto as
leguminosas. A fertilização nitrogenada é uma complementação à capacidade
de suprimento de nitrogênio dos solos, a partir da mineralização de seus
estoques de matéria orgânica, geralmente alta em relação às necessidades
das plantas.
Os fertilizantes nitrogenados químicos são subdivididos em quatro
grupos:
a) Os amoniacais, que apresentam o nitrogênio na forma amoniacal, como a
amônia anidra (82% N), as soluções amoniacais (20% N), o sulfato de amônio
(21% N), o cloreto de amônio (25% N), o fosfato monoamônio (MAP) (9% N), o
fosfato diamônio (DAP) (16% N), o fosfossulfato de amônio (13%N).
b) Os nítricos, que apresentam o nitrogênio na forma nítrica, como o nitrato de
sódio (16% N), o nitrato de potássio (13% N), o nitrato de cálcio (16% N), o
nitrofosfato (14% N).
c) Os nítrico-amoniacais, que apresentam o nitrogênio nas formas nítrica e
amoniacal, como o nitrato de amônio (32% N), o nitrato de amônio e cálcio
(20% N), o nitrossulfocálcio (25% N), o sulfonitrato de amônio (25% N), o
sulfonitrato de amônio e magnésio (19% N).
d) Os amídicos, que apresentam o nitrogênio na forma amídica, como a ureia
(44% N), a ureia formaldeído (35 %N), a ureia revestida com enxofre (39% N) e
a crotonilidina diuréia (28% N).
O potássio constitui, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, o grupo
denominado de elementos nobres da fertilização. É de ocorrência generalizada
na natureza, aparecendo sempre em formas combinadas inorgânicas ou, no
solo, em forma iônica.
A fertilização potássica tem que garantir uma concentração de K na
solução do solo suficientemente alta para satisfazer as necessidades da planta,
nos períodos em que o elemento é mais exigido. Este objetivo poderá ser
alcançado quando forem evitadas perdas por lavagem e fixação.
A eficiência dos fertilizantes potássicos depende sistematicamente da
maneira de como são aplicados e das condições do solo a ser fertilizado.
Diante disso, pode-se inferir algumas sugestões quando ao uso do potássio do
solo:

122
a) solos naturalmente pobres em potássio requerem adições frequentes e
moderadas.
b) práticas culturais que melhoram as condições de aeração do solo (aração,
gradagem, drenagem), bem como aquelas que evitam as perdas por lixiviação
(adição de matéria orgânica e calagem) e por erosão (plantio em nível, terraço,
etc.) tendem a promover um melhor aproveitamento do K no solo.
c) A tendência para o equilíbrio entre o K não trocável, trocável e em solução e
as perdas às quais o K solúvel está sujeito, sugerem dois princípios básicos
para a adição de K como fertilizante: o primeiro, é que o elemento deve ser
aplicado parceladamente em lugar de toda a quantidade necessária de uma só
vez; o segundo, é que se deve concentrar o K no sulco ou na cova de plantio,
sempre que possível.
Os fertilizantes potássicos mais utilizados são: cloreto de potássio (60%
de K2O), sulfato de potássio (50% de K2O), sulfato duplo de potássio e
magnésio (22% de K2O) e nitrato de potássio (44% de K2O).

b) Forma química dos nutrientes

Dependendo do nutriente, eles podem se apresentam nos fertilizantes


sob diferentes formas químicas. O potássio, por exemplo, é o caso mais
simples, pois ele é encontrado apenas na forma iônica, K +, fornecida sobretudo
através de KCl e mais raramente por K2SO4, KMg(SO4)2 e KNO3. Como esses
sais são solúveis em água, o comportamento no solo do potássio é
praticamente invariável com relação à fonte empregada.
Já o nitrogênio pode ser aplicado ao solo em diferentes formas:
amoniacal, NH4+ e NH3; nítrica, NO3-; amídica, NH2; cianamidica, e protéica.
Além do mais, essas formas, uma vez presentes no solo, sofrem
transformações acentuadas em um espaço de tempo relativamente curto.
Com relação ao fósforo ele é aplicado basicamente como espécies
protonadas do íon fosfato: H2PO4- ou HPO42- ou até mesmo H3PO4. A
concentração total dessas formas no solo vai depender estritamente da
solubilidade da fonte empregada.

123
c) Concentração dos nutrientes

Os fertilizantes minerais apresentam uma vantagem bastante atraente


do ponto de vista econômico, que é apresentarem elevadas concentrações de
nutrientes, resultando em menores custos de armazenamento, transporte e
aplicação por unidade de massa de nutriente. O emprego de fertilizantes mais
concentrados pode trazer problemas com relação a macronutrientes
secundários e micronutrientes. A concentração dos nutrientes no fertilizante
mineral deve estar em acordo com o que foi especificado e garantido pelo
fabricante. Este pode se constituir em um ponto crítico na relação entre o
agricultor, usuário de fertilizante, e o fornecedor do produto.
Na adubação de plantio de eucalipto são empregadas formulações mais
concentradas em fósforo como 6-30-6 e 8-28-6, compostas em geral por
fosfato diamônico, superfosfato triplo, ureia e KCl. Na adubação de cobertura
são empregadas as misturas 20-0-20 e 20-5-20.
Uma lista completa de fertilizantes minerais mais utilizados no Brasil e
no mundo e as respectivas concentrações de nutrientes pode ser acessado No
anexo I da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39, DE 8 DE AGOSTO DE 2018.

d) Compostos indesejáveis

Compostos tipicamente citados como nocivos às plantas e presentes


nos fertilizantes são o biureto, formado na produção da ureia, os íons tiocianato
e perclorato e a dicianodiamida. Recentemente, tem despertado interesse a
ocorrência de metais pesados em fertilizantes e nesse sentido, a questão que
mais tem causado polêmica é o uso de resíduos industriais como fonte de
micronutrientes, como aqueles da indústria siderúrgica.

9.2 Características físicas do fertilizantes minerais

Ao contrário das características químicas, as características físicas dos


fertilizantes são mais difíceis de serem controladas pela legislação oficial e
muitas vezes pendências podem ser resolvidas por acordo direto entre
fornecedor e consumidor.

124
a) Estado físico

Fertilizantes são empregados predominantemente na forma sólida;


soluções e suspensões ainda são de emprego relativamente restrito no Brasil.
Os fertilizantes sólidos podem se apresentar sob os seguintes tipos:
 Misturas de grânulos: são os fertilizantes mistos ou misturas fertilizantes
obtidas pela mistura física de dois ou mais fertilizantes granulados;
 Misturas granuladas: são os fertilizantes mistos ou misturas fertilizantes
onde cada grânulo contém todos os nutrientes garantidos;
 Misturas complexas: são os fertilizantes mistos ou misturas resultantes
de reação química entre matérias, primas como NH3, H3PO4 e H2SO4,
onde cada grânulo também contém todos os nutrientes garantidos.

b) Granulometria e misturas

A granulometria é característica física dos fertilizantes muito importante,


uma vez que a facilidade do transporte, manuseio, acondicionamento e
solubilidade dependem muito da granulometria. Exemplo: geralmente
fertilizantes na forma de grânulos são sais que não sofrem problemas de
solubilidade no solo. Ao contrario disso, a fabricação de fertilizantes na forma
de pó tem o intuito de facilitar a solubilidade do produto.
A granulometria de fertilizantes sólidos é determinada pelo tamanho e
pela forma de suas partículas, sendo expressa quantitativamente por meio dos
resultados de uma análise granulométrica. Esta análise consiste, basicamente,
em fazer uma massa conhecida do produto passar por uma série de peneiras
com tamanho de abertura de malha decrescente. Pesando-se a massa retida
em cada peneira, expressa-se cada fração em termos percentuais. A
classificação granulométrica completa dos fertilizantes é estabelecida pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio da
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39, DE 8 DE AGOSTO DE 2018.

Como consequência da composição granulométrica, os fertilizantes


sólidos podem apresentar o fenômeno da segregação. Segregação é a
separação das partículas componentes de uma mistura de fertilizantes por
ordem de tamanho. O fator que mais favorece esse processo é a
desuniformidade de tamanho das partículas.

125
Os mais diferentes tipos de formulações NPK sob a forma de mistura de
grânulos podem apresentar evidências de segregação, conforme ilustrado na
Tabela 1.
A segregação dificulta particularmente a obtenção de amostras
representativas ao influenciar a coleta de amostras, o processo de redução da
quantidade amostrada e a medida de uma massa do fertilizante para análise. A
segregação poderia ser minimizada se o controle de qualidade dos produtos
que entram na composição das misturas fosse direcionado para que suas
partículas apresentem uniformidade de tamanho. Contudo, como parte da
matéria prima dos fertilizantes no Brasil é importada esse controle torna-se
muito difícil.

c) Consistência

Consistência significa o grau de dureza ou resistência a quebra (Tabela


27) ou abrasão do grânulo de fertilizante. Quando os grânulos são frágeis
ocorre a quebra e ou a formação de pó, que resulta em partículas
desuniformes.

Tabela 27. Índice de degradação de alguns fertilizantes pela abrasão durante o


manuseio.
Fertilizantes Percentagem de degradação pela
abrasão
Nitrato de amônio (perolado) 7,0
Sulfato de amônio (cristais) 2,5
Monoamônio fosfato (MAP) 0,8
Diamôniofosfato (DAP) 0,2
Superfosfato triplo 1,6
Superfosfato simples 13,0
Cloreto de potássio 3,8
Fonte: Novais et al. (2007).

126
d) Fluidez

É a capacidade de livre escoamento pelos sistemas mecânicos de


aplicação e se relaciona com a eficiência de distribuição dos fertilizantes. A
tendência de escoamento dos fertilizantes é avaliada pelo parâmetro ângulo de
repouso; quanto menor este, maior a fluidez.

e) Densidade

É o parâmetro que relaciona massa e volume do produto. O


conhecimento da densidade é importante no dimensionamento de áreas de
armazenamento e de embalagens, bem como no transporte. Como exemplos
de densidade podem ser citados os valores da ureia, 1,33 g cm-3; fosfato
diamônico, 1,78 g cm-3 e KCl, 1,99 g cm-3.

f) Solubilidade

Refere-se a capacidade de dissolução em água do fertilizante em g/100


mL de água (Tabela 28).
Quando se aplica um fertilizante ao solo pretende-se que ele consiga
estabelecer uma concentração adequada de nutrientes na solução do solo. Já
nas primeiras observações relacionadas à nutrição mineral de plantas
constatou-se que os fertilizantes solúveis em água eram mais eficientes que
fertilizantes orgânicos tradicionais como estercos, por exemplo. Mas há que se
considerar o outro lado desta questão, ou seja, a perda de eficiência na
adubação determinada pela lixiviação de nutrientes presentes em fontes
solúveis.

Tabela 28. Solubilidade de alguns dos fertilizantes mais utilizados.


Fertilizante Solubilidade (g/100 mL) a 20°C
Ácido fosfórico (sólido) 45,7
Ácido bórico 5,0
Cloreto de cálcio 60
Cloreto de potássio 34
DAP 40
MAP 22

127
Gesso (sulfato de cálcio) 0,24
Nitrato de amônio 190
Nitrato de potássio 31
Sulfato de amônio 73
Sulfato de potássio 11
Superfosfato simples 2
Superfosfato triplo 4
Sulfato de manganês 105
Sulfato de zinco 75
Sulfato de cobre 22
Ureia 100

Qualquer fertilizante que libere seus nutrientes no decorrer de um


período relativamente longo pode ser considerado, em princípio, como sendo
de solubilidade controlada e, neste aspecto, os fertilizantes nitrogenados foram
os mais estudados. O baixo custo dos fertilizantes potássicos desestimularam
esforços de se aumentar sua eficiência e com relação aos adubos fosfatados a
tendência é justamente a oposta, ou seja, pesquisas são dirigidas para
obtenção de fontes mais solúveis.

9.3 Características físico-químicas dos fertilizantes minerais

a) Higroscopicidade

É a tendência que os materiais apresentam em absorver água do ar


atmosférico. É expressa pelo parâmetro umidade relativa crítica, definida como
a umidade relativa máxima a que o produto pode ser exposto sem absorver
umidade. A mistura de dois fertilizantes apresenta maior higroscopicidade que
a dos componentes envolvidos, o que dificulta a elaboração de misturas. Uma
mistura de ureia e cloreto de potássio, por exemplo, apresenta umidade relativa
crítica de 60,3%.

b) Empedramento

Empedramento é a cimentação das partículas de fertilizante para formar


massas de dimensões muito maiores que as das partículas originais. A causa

128
do empedramento é a formação pontes de cristais entre as partículas de
fertilizante, os quais atuam como pontos de ligação entre elas.
Também contribuem para o empedramento a consistência das
partículas, a temperatura de estocagem e altura das pilhas. Em pilhas com
mais de 20 sacas, considerada como uma altura moderada, a pressão de
estocagem favorece o empedramento em fertilizantes que já apresentam essa
tendência.

c) Índice salino

Índice salino é um parâmetro do fertilizante que informa sobre sua


capacidade em aumentar a pressão osmótica da solução do solo (Tabela 29).
As plantas, sobretudo as mais novas, sofrem problemas com o aumento de
salinidade do solo, pois existe a tendência de a água caminhar para fora da
célula do vegetal, causando murchamento.

Tabela 29. Índice salino de alguns dos fertilizantes minerais.


Fertilizantes Índice salino
Nitrato de sódio 100
Nitrato de amônio 105
Sulfato de amônio 69
MAP 30
DAP 34
Nitrocálcio 61
Ureia 75
Amônia anidra 47
Superfosfato simples 8
Superfosfato triplo 10
Cloreto de potássio 116
Sulfato de potássio 46
Nitrato de Potássio 74
Sulfato de amônio 69
Fonte: Furtini Neto et al. (2001).

129
d) Índice de acidez

Corresponde a capacidade para acidificar ou alcalinizar o solo. Os


fertilizantes nitrogenados são os que mais alteram a reação do solo (Tabela
30).

Tabela 30. Índice de acidez de alguns fertilizantes nitrogenados.

Fertilizante Índice de acidez*


Amônia anidra 147
Sulfato de amônio 110
Nitrato de amônio 62
Ureia 71
MAP 58
DAP 75
* Quantidade de carbonato de cálcio em kg, necessária para neutralizar a acidez gerada por
100 kg do fertilizante.

9.4 Fertilizantes orgânicos

a) Importância

Fertilizantes orgânicos são todos aqueles produtos que, adicionados ao


solo, têm como objetivo fundamental produzir húmus e contribuir, desta forma,
para manter, ou elevar, o equilíbrio húmico dos solos cultivados. É possível que
esses produtos contenham, também, outros elementos fertilizantes, porém,
este aspecto deve ser considerado secundário.
A eficiência dos fertilizantes orgânicos para melhorar a produtividade do
solo depende de alguns fatores que devem ser considerados: (a) qualidade e
quantidade de aplicação; (b) épocas e condições de utilização; (c) métodos de
aplicação; (d) adequabilidade aos sistemas agrícolas predominantes na região;
(e) custo relativo de sua utilização. A matéria orgânica favorece o aumento da
produção, ao melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
b) Fontes

130
Resíduos Vegetais: Restos de culturas, resíduos de podas, serrapilheira,
outros. Apresenta concentração de nutrientes é muito variada. Geralmente
palhadas com menos de 2% de N e C/N>30 promove imobilização inicial de N.
Resíduos Animais: De 75 a 80% dos elementos minerais e 40% do C são
eliminados pelas fezes e urina. O seu uso é fundamental pois evitar poluição.
Resíduos Agroindustriais: Indústrias de sulcos, óleos vegetais, doces, álcool,
farinha. Um litro de álcool produz 12 L de vinhaça.

Tabela 31. Faixas de teores de N, P2O5 e K2O em alguns materiais orgânicos.


Fertilizantes N P2O5 K2O C/N
Casca de café 0,6-1,2 0,2-0,5 2,1 -3,8 50-120
Gramíneas 0,8-1,3 0,2-0,5 0,4-0,7 40-80
Palhada de milho 0,4-0,6 0,2-0,4 0,9 -1,7 60-120
Palhada de leguminosas 1,5- 5,0 0,3- 1,0 0,6-3,0 30-120
Bagaço de cana 0,8 -2,0 01-03 0,5-1,6 200-800
Serragem de madeira 0,05 0,02 0,03 15-30
Esterco bovino 0,3 -3,5 0,3-2,0 0,3-2,0 15-30
Esterco equino 0,3-2,0 0,4-2,5 0,3-2,0 10-20
Esterco ovino 0,3-4,0 0,6-2,1 0,3-3,0 10-20
Esterco de aves 0,3-5,0 0,2- 4,0 0,3-4,0 30-50
Esterco suíno 0,3-3,0 0,2-3,0 0,3-4,0 10-20
Tortas 0,8-2,0 0,5-2,0 0,3-1,0 30-50
Lixo urbano 0,3-1,3 0,2-1,5 0,2-1,5 -
Farinha de osso 1,0 18,0 -
Farinha de sangue 10,0 - - -
Fonte: Adaptado de Furtini Neto et al. (2001).

a) Cálculo da dose de fertilizante orgânico sólido

X = A_______
B/100. C/100.D/100
X = Quantidade do fertilizante a ser aplicado (kg/ha; g/planta)

A = Quantidade do nutriente aplicado (kg/ha; g/planta)

131
B= Teor de matéria seca do fertilizante (%)

C = Teor do nutriente na matéria seca (%)

D= índice de conversão (%) (Tabelado)

b) Cálculo da dose do fertilizante líquido

X = A_______
C/100
A = Quantidade do nutriente aplicado (kg/ha; g/planta)

C = concentração do nutriente no fertilizante em kg/m3

10. SOLOS COM EXCESSO DE SAIS E SÓDIO TROCÁVEL

10.1 Aspectos gerais

Os solos halomóficos são caracterizados por apresentarem


concentrações elevadas de sais solúveis (salinidade), sódio trocável
(sodicidade) ou ambos. Tais solos ocorrem em todo o mundo, particularmente
em regiões áridas e semi-áridas da terra, onde a precipitação pluviométrica é
limitada. No Brasil os solos salinizados localizam-se na região Nordeste ou
mais especificamente nos perímetros irrigados, encontrados nos polígonos das
secas, que perfazem 57% da área total da região semi-árida (CORDEIRO et al.
1988; RIBEIRO et al., 2003). Nesta região as áreas afetadas por problema de
salinidade somam quase 9,1 milhões de hectares (PEREIRA et al., 1986;
RIBEIRO et al., 2003).

Conforme o tipo de problema que afeta os solos, eles podem ser


classificados em salinos, salino-sódicos e sódicos. Os solos salinos
correspondem a solos com elevado teor de sais de Na, K, Ca, Mg que se
acumulam no perfil do solo (RIBEIRO et al., 2003). Nestes solos a
condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) é maior que 4 dS m -1 a
25 ° C, com uma percentagem de sódio trocável (PST) menor que 15,
geralmente apresentam valores de pH menor que 8,5. Tais solos quase sempre

132
são reconhecidos no campo pela presença de crostas brancas de sal em sua
superfície. Em tais solos, o estabelecimento de um sistema de drenagem
eficiente permite, através da lavagem, eliminar o excesso de sais na zona
radicular da plantas (RICHARDS, 1954). Uma classificação destes solos é
apresentada na Tabela 32.

Tabela 32. Classificação dos solos com excesso de sais solúveis e sódio
trocável.

Classificação CEes (dS m-1) pH PST


Salino > 4,0 < 8,5 < 15
Salino - sódico > 4,0 < 8,5 > 15
Sódico < 4,0 > 8,5 > 15
Fonte: Richards (1954).

Solos salino-sódicos são aqueles que apresentam elevados teores de


sais solúveis associados a elevados teores de sódio trocável (Tabela 33) em
comparação com os solos não-sódicos e não salinos (Tabela 33). Esses solos
apresentam CEes maior que 4,0 dS m-1 a 25° C, PST superior a 15 e pH
raramente maior que 8,5. Nestes solos a simples lavagem não é suficiente para
sua recuperação. Sob tal condição, o excesso de sódio promove dispersão de
argilas, que vão sendo iluviadas no perfil do solo, entupindo os poros,
promovendo a formação de camadas adensadas ou impermeáveis. Em geral a
recuperação requer o uso de corretivos químicos para a remoção do sódio
trocável, melhorar a estruturação do solo antes de ser procedida a aplicação de
uma lâmina de lixiviação (SANTOS & MURAOKA, 1997).

133
Tabela 33. Atributos químicos de um solo salino-sódico em comparação com
um solo não salino.

Solo K+ Na+ Ca2+ Mg2+ PST CEes


pHCaCl2

-----------------------cmolc/dm3------------- dS/m
-
Salino- 10,0 0,23 16,2 0,4 0,1 96 38,84
sódico
Não 6,1 0,38 0,09 2,0 0,4 2 0,83
salino

Fonte: Sousa et al. (2012).

O solos sódicos são aqueles cuja PST é maior que 15, com CEes menor
que 4,0 4,0 dS m-1 a 25° C e valores de pH que variam entre 8,5 a 10,0. Neste
solos, a fração argila e a matéria orgânica em geral encontram-se dispersa, o
que causa um escurecimento característico na superfície destes solos. A
infiltração e a percolação da água nestes solos é extremamente afetada, o que
causa uma maior dificuldade na sua reabilitação/recuperação. Assim como nos
solos salino-sódicos, o uso de corretivos químicos antes da aplicação de uma
lâmina de lixiviação é fator crítico.

A salinidade proporciona alterações químicas e físicas no solo, as quais


em última instância refletem no comportamento das espécies vegetais nos
quais são cultivadas. A fertilidade do solo é grandemente afetada pelas
condições de salinidade do solo. Os solos salinos apresentam elevados teores
de ânions como cloreto, sulfato, carbonato, bicarbonatos e boratos na solução
solo os quais podem causam distúrbios nutricionais às plantas (SANTOS &
MURAOKA, 1997).

Sob condições de sodicidade um agravante é o elevado pH (> 8,5), o


qual origina toxidez de íons como o sódio e o cloro ou deficiências nutricionais,
especialmente micronutrientes catiônicos como o zinco, cobre, manganês,
cobalto e ferro (RAIJ, 1991). Os íons Na+ em solos sódicos ou salino-sódicos
promove o deslocamento dos cátions Mg2+, Ca2+ e K+ do complexo de troca

134
substituindo-os e diminuindo sua disponibilidade no solo para as plantas, e
promovendo dispersão de argilas, uma vez que os cátions divalentes são
substituídos por monovalentes promovendo o aumento da espessura da dupla
camada difusa (MCBRIDE, 1995).

Além de influenciar nas propriedades químicas, as condições salinas,


especificamente o excesso de sódio, provoca alterações nas propriedades
físicas do solo. O elevado poder dispersante do sódio reduz a floculação e a
estabilidade dos agregados do solo, reduzindo sua porosidade e a capacidade
de retenção e de infiltração de água no solo (SANTOS & MURAOKA, 1997). O
aumento da força iônica da solução do solo pelo excesso de sais também
diminui a energia livre da água, dificultando sua absorção pelas plantas.

O alto pH, o excesso de sais e de sódio trocável, as propriedades físicas


indesejáveis e a reduzida disponibilidade de nutrientes invariavelmente
prejudicam o crescimento normal das culturas nesses solos, embora o efeito
seja em diferentes intensidades conforme a tolerância das espécies vegetais.
As principais alterações fisiológicas e distúrbios incluem redução na taxa de
crescimento, fotossíntese, condutância estomática, transpiração e
condutividade hidráulica das raízes, e injúria e abscisão foliar (MUNNS, 2002).

10.2 Recuperação de solos afetados pela salinidade

a) Uso de corretivos químicos

A minimização dos impactos ambientais e sociais proporcionados pelas


áreas degradadas pelo excesso de sais em áreas irrigadas passa
necessariamente pela adoção de técnicas de recuperação. O emprego de
corretivos químicos (Tabela 34) como o gesso, o ácido sulfúrico e o enxofre
elementar em solos salino-sódicos tem sido largamente difundido na literatura
pertinente (PITMAN & LAÜCHILI, 2002; QADIR et al., 2007). Quando
empregado corretamente, tais corretivos têm se mostrado eficientes na
melhoria das condições químicas e físicas do solo, pela remoção do excesso
de sódio trocável e estabelecimento de um pH mais apropriado para o
adequado desenvolvimento das plantas e melhoria da estrutura do solo (TANJI,

135
1990; SUAREZ, 2001). Os efeitos dos corretivos químicos na recuperação de
solos salinizados, entretanto, podem ser potencializados quando são
empregadas espécies mais tolerantes as condições adversas de tais solos, em
especial as espécies arbóreas (QADIR et al., 2007).

Muitos trabalhos já foram conduzidos visando estabelecer estratégias de


recuperação de tais solos de forma a reintegrá-los à exploração agrícola
(SANTOS, 1995; DURAN et al., 2000; VITAL, 2002; NERY et al., 2007;
CARNEIRO et al., 2007; HOLANDA et al., 2007; MENEZES Jr, 2008). OS
resultados têm mostrado que o uso de corretivos neutros, como o gesso, ou de
reação ácida, como o H2SO4 e o enxofre elementar podem se constituir em
uma alternativa importante para recuperação desses solos, associados ao
cultivo de espécies arbóreas tolerantes a ambientes salinos (TERTULIANO &
SANTOS, 1998; AMEZKETA et al., 2005).

Tabela 34. Corretivos recomendados para recuperação de solos com excesso


de solúveis e sódio trocável.

Corretivo Composição Peso em kg equivalente a 1,0


química kg de gesso
Gesso CaSO42H2O 1,00
Enxofre S° 0,19
Ácido sulfúrico H2SO4 0,57
Carbonato de cálcio CaCO3 0,58
Cloreto de cálcio CaCl2 2H2O 0,85
Sulfato ferroso FeSO4 7H2O 1,61
Sulfato férrico Fe2(SO4)3 9H2O 1,09
Sulfato de alumínio Al2 (SO4)318H2O 1,29
Pirita FeS2 0,63
Santos & Moraoka (1997).

b) Uso de gesso

Dentre os corretivos químicos, o gesso tem sido o mais empregado,


principalmente devido ao seu baixo custo em relação aos demais. O gesso
agrícola é um subproduto da produção do ácido fosfórico, um insumo básico na
produção dos diversos adubos fosfatados. O produto em comparação ao
calcário, apresenta alta solubilidade e sua ação corretiva é relativamente

136
rápida. Seus efeitos positivos na melhoria dos atributos químicos é físicos do
solo tem sido verificados em diversos trabalhos (SANTOS, 1995, HAQ et al.,
2001; OAD et al., 2001; BARROS et al., 2004; VITAL et al., 2005; LEITE et al.;
2007; MELO et al., 2008; LEAL et al., 2008). O modo de ação do gesso é bem
conhecido. Após sua solubilização, são liberados os íons Ca +2 e SO4-2 para a
solução do solo. O cátion Ca+2 liberado, desloca o sódio do complexo de troca
para a solução do solo, enquanto o ânion SO 4-2 reage com o Na+ formado o
Na2SO4 10 H2O o qual, juntamente com uma lâmina de água de percolação, é
removido da zona radicular das plantas. Além disso, a substituição de um íon
monovalente (sódio) por um íon divalente (cálcio), tende aumentar a floculação
do solo e conseqüentemente sua estruturação. O gesso agrícola, embora
tenha reação neutra, alguns trabalhos têm mostrado que o mesmo é capaz de
reduzir o pH de solos salinos alcalinos (GUPTA & GOI, 1992; SANTOS, 1995;
QADIR et al., 1996; DURAN et al., 2000; GOMES et al., 2000; VITAL et al.,
2005; LEITE et al., 2007). Tal fato é atribuído à remoção do perfil dos solos,
íons com caráter básico como o Na+, CO3-2 e OH- após a aplicação da água de
lixiviação (QADIR et al., 1996).

CaSO4 2H2O ↔ Ca2+ + SO42- + 2H2O

Na+
Na+
Argilomineral Ca 2+
Na+ + 2 Ca2+
Argilomineral
Na+ Ca 2+

2 Na+ + SO42- ↔ Na2 SO4 10 H2O


LIXIVIAÇÃO

NG = (PSTi – PSTf) * CTC* 86* h*Ds


100
NG = Necessidade de gesso (kg/ha)
PSTi = Percentagem de saturação por sódio inicial
PSTf = Percentagem de saturação por sódio final (desejada)
86 = Peso equivalente do gesso

137
h = profundidade de correção (cm)
Ds = Densidade do solo (g cm-3)

Exemplo.: PSTi = 60%; PST tolerável pela cultura = 15%; DS = 1,0; h = 30


cm; CTC = 8,0 cmolc/dm3
NG = 9.288 kg/ha ou 9,3 t/ha de gesso

c) Uso de ácido sulfúrico

O ácido sulfúrico tem sido outro corretivo empregado em solos sódicos


ou salino-sódicos. Tem como vantagem sua alta eficiência em reduzir o pH dos
solos para níveis mais apropriados para o desenvolvimento das plantas
(TERTULIANO & SANTOS, 1998; AMEZKETA et al., 2005) por proporcionar
uma maior disponibilidade nutrientes e maior atividade microbiológica. Em
solos alcalinos e calcários, sua utilização se torna ainda mais importante devido
o mesmo aumentar a solubilização do calcário e, ou, do gesso nativo do solo e
aumentar a liberação de íons Ca2+ o qual irá contribuir para a neutralização do
sódio do solo (Vital et al., 2005). Como desvantagem, o ácido sulfúrico, é um
corretivo de custo mais elevado que o gesso, além de necessitar de um maior
cuidado no seu manuseio, devido ser um ácido extremamente forte com alto
poder destrutivo quando concentrado. Dessa forma, produto é aplicado na
forma de soluções diluídas (TERTULIANO & SANTOS, 1998).

d) Uso de Enxofre

O enxofre elementar tem sido igualmente relatado na literatura


pertinente como um importante corretivo de solo salinizados, principalmente
aqueles afetados por excesso de sódio (STAMFORD et al., 2002; QADIR et al.;
2007). Seus efeitos são semelhantes aos proporcionados pelo ácido sulfúrico,
uma vez que quando o produto é oxidado no solo por intermédio de bactérias
Thiobacillus thiooxidans ocorre a produção do ácido sulfúrico cujo modo de
ação no solo é idêntico ao ácido sulfúrico industrializado. A reação do enxofre
elementar ocorre na da seguinte forma:

138
2S0 + 3H2O + H2 ↔ 2H2SO4

e) Uso de espécies vegetais

Além do uso de corretivos à utilização de espécies tolerantes à


salinidade é uma das medidas eficientes na recuperação de solos degradados
excesso de sais e sódio. A tolerância à salinidade de plantas é a capacidade de
se desenvolverem e completarem seu ciclo de vida sobre um substrato que
contém elevada concentração de sais solúveis (FLOWERS et al., 1977,
GREENWAY & MUNNS, 1980). Contudo, esta tolerância se dá de diferentes
formas e intensidades (TAIZ & ZEIGER, 2004). Plantas que podem tolerar
estas elevadas quantidades de sais na rizosfera sem afetar seu crescimento
são denominadas halófitas (Flowers et al. 1977; TAIZ & ZEIGER, 2004). Já
plantas que não conseguem desenvolver-se sob condições de elevada
salinidade são as glicófitas (CHEESEMAN, 1988; MUNNS, 2002). A vantagem
das halófitas sobre as glicófitas advém da melhor atuação em novos
mecanismos de tolerância, que proporcionam um manejo mais eficiente em
acumular e compartimentar os solutos.

As plantas ampliaram seus mecanismos bioquímicos e moleculares para


tolerar o estresse salino através de produtos e processos alternativos. Estes
mecanismos atuam unidos (IVENGAR & REDDY, 1996). As estratégias
bioquímicas utilizadas incluem acumulação ou exclusão seletiva de íons,
controle da entrada de íons pelas raízes e transporte para as folhas,
compartimentalização de íons a nível celular (vacúolos) e estrutural (folhas),
síntese de osmólitos, alterações nas vias fotossintéticas, modificações na
estrutura de membrana, indução de enzimas antioxidantes e hormônios.

Neste contexto, o uso de espécies vegetais tolerantes às condições de


solos salinos pode contribuir para que essas áreas sejam reintegradas mais
rapidamente a produção agrícola. As espécies arbóreas são importantes para
recuperação dessas áreas por possuírem sistema radicular profundo,
aumentando a permeabilidade do solo, a lixiviação dos sais e o abaixamento
do lençol freático. Além do mais, geralmente são espécies de uso múltiplo,

139
fixam o nitrogênio atmosférico e concentram grande quantidade de matéria
orgânica no solo.

SÍNTESE SOBRE O MANEJO DE NUTRIENES EM SOLOS TROPICAIS

O solo é um sistema bastante complexo constituído basicamente por


quatro fases: fase sólida (minerais e matéria orgânica), fase líquida (água e
solutos dissolvidos), fase gasosa (composta por diversos gases: CO 2, O2, N2
etc.) e a fase viva (organismos do solo). Estas fases apresentam uma interação
entre si bastante forte e complexa que, juntamente com as influências externas,
(manejo) são responsáveis pelo suprimento adequado ou não de nutrientes ás
plantas.

Solos de regiões tropicais apesar de na maioria dos casos apresentarem


atributos físicos favoráveis ao cultivo agrícola, apresentam uma série de
limitações químicas. Isso se deve ao fato de serem solos altamente
intemperizados. Assim o manejo de nutrientes em tais solos é primordial para
que sejam atingidas as produtividades desejadas.

O diagnóstico correto da fertilidade atual do solo é condição


indispensável para o correto manejo de sua fertilidade. Ë ele quem vai guiar as
práticas de adubação e calagem.

Solos tropicais em sua maioria apresentam necessidade de calagem


devido à alta lixiviação de bases, material de origem rico em elementos de
natureza ácida –principalmente alumínio- e por apresentarem altas
concentrações de óxidos de ferro e alumínio como produtos finais do
intemperismo, os quais apresentam forte interação com alguns elementos
essenciais, principalmente o fósforo. Assim a calagem é a primeira prática a ser
realizada antes de se pensar em adubar o solo.

Nutrientes como o fósforo, apresentam baixa disponibilidade em solos


tropicais, pois grande parte deste elemento encontra-se fixado, pela adsorção e
também pela precipitação com óxidos de ferro e de alumínio, ocorrendo com
maior intensidade em solos com maior teor de argila e pH mais baixo (e por
consequência maior teor de Al+3). A prática da calagem por aumentar hidroxilas

140
na solução do solo, promove precipitação destes óxidos aumentando o P
disponível.

Em solos com baixa disponibilidade de fósforo, que é o caso em


questão, a adubação fosfatada corretiva é uma prática recomendada. Ela visa
saturar as fontes de fixação de fósforo no solo, para que se possa construir a
fertilidade do solo neste nutriente, por tanto, não dispensa a adubação
fosfatada propriamente dita. Nesta prática, o ideal é que seja utilizado uma
fonte solúvel, aplicada a lanço (devido baixa mobilidade no solo), pois, como a
calagem foi feita anteriormente, a aplicação de fosfatos naturais se constituirá
em desperdício.

Ao contrário do fósforo, o potássio apresenta uma dinâmica bastante


simples e por isso não é tão limitante em solos tropicais. Apesar disso, é um
elemento que requer também atenção no seu manejo, pois, no processo de
absorção é inibido competitivamente por Ca+2, Mg+2 , NH4+ e por Fe+2 e Mn+2
em solos mal aerados ou com baixo potencial redox. Perdas deste elemento
por lixiviação podem ocorrer quando se fazem adubações pesadas em solos
arenosos (principalmente se for em suco) e com baixa CTC –outra importância
da calagem-como também da presença dos íons acompanhantes: NO 3-, SO4-2,
Cl-, H2PO4-. Outro cuidado que se deve ter na adubação potássica é a fonte a
ser utilizada. O nitrato de potássio e cloreto de potássio apresentam alto índice
salino, portanto deve-se observar a tolerância das espécies ä salinidade
quando do seu uso.

Assim como o K+, o Ca+2 e o Mg+2 também apresentam dinâmica


simples no solo, sendo na maioria dos casos, fornecidos adequadamente na
prática da calagem. No entanto tem se observado com freqüência no campo
deficiência de Ca+2 para algumas culturas como o tomate e a maçã, que são
culturas mais exigentes neste nutriente. Isso ocorre porque o cálcio é imóvel na
planta, e em condições mais úmidas, as folhas competem por cálcio com os
frutos que transpiram menos e por tanto apresentam a deficiência. Mg +2, K+ e
NH4+ inibem competitivamente a absorção de Ca+2, principalmente o NH4+.
Assim, a prática da adubação nitrogenada em culturas exigentes em Ca +2 com
sulfato de amônio agrava ainda mais o problema (SO4-2 poderá reagir com o
Ca+2), com também condições de baixa nitrificação (alta disponibilidade de
141
amônio)-mais uma vez, ressalta-se a importância da calagem que favoreceria a
atividade de microorganismos nitrificadores. A lixiviação de Ca+2 do ponto de
vista de perdas, é de pouca importância, mas tem relevância para o
enraizamento em profundidade. Isso pode ser obtido pela prática da gessagem
devido a mobilidade do sulfato de cálcio no perfil do solo. No caso do Mg +2 a
lixiviação é indesejável. Este elemento é inibido competitivamente no processo
de absorção por Ca+2, K+, NH4+, e também compete pelos sítios de troca das
argilas, ficando mais susceptível a lixiviação, principalmente em solos com
baixa CTC, com manejo inadequado de irrigação (percolação), além da prática
da gessagem feita inadequadamente. A relação Ca/Mg de 4/1 a 3/1 dita como
adequada, mas, ultimamente não tem sido dada tanta importância a essa
relação, pois tem sido observado que culturas como a soja toleram uma
relação de até 20/1.

Dentre os elementos essências, o N é o mais exigido (com raras


exceções) e o que uma dinâmica mais complexa, necessitando desta forma,
um cuidado muito especial no seu manejo.

As plantas adquirem o N principalmente pela FBN e pela solução do solo


(da mineralização da matéria orgânica ou via adubação). No solo as formas
disponíveis de N se encontram na forma de NO3- ou NH4+, sendo que as
espécies diferem na preferência por uma forma ou outra. Assim além da
preferência da planta, tem que ser observada os fatores que influenciam nas
transformações do N no solo quando da escolha do adubo. Por exemplo, a
adubação com fontes nítricas em solos inundados ou com pH elevado
(supercalagem) promove desnitrificação e portanto perda de N. Por outro lado
adubação com fontes amoniacais requer condições favoráveis a nitrificação
(tais como: pH próximo a neutralidade, temperatura adequada e boa fertilidade
do solo) tendo em vista que a presença de N apenas na forma de NH 4+ é
indesejável, devido a toxidez deste íon para a planta e sua interação com
outros nutrientes presentes na solução do solo.

Quase todo o nitrogênio do solo encontra-se na forma orgânica. Assim


os fatores que influenciam os teores de matéria orgânica no solo bem como
sua mineralização, também afetam a disponibilidade de N no solo. Neste
sentido, a qualidade da matéria orgânica no solo exerce importante papel na
142
disponibilidade de N, já que imobilização (no caso materiais com alta relação
C/N: maior que 30/1) e mineralização são processos concorrentes.

O enxofre assim como o nitrogênio apresenta uma dinâmica complexa


no solo. Também como o N, a maior proporção de S no solo se encontra na
matéria orgânica, e portanto sua disponibilização para as plantas depende dos
processos que envolvem a atividade microbiana e dos fatores que interferem
nos processos (ex.: mineralização) Apesar de ser pouco exigido pelas plantas,
hoje tem que se tomar cuidado o manejo deste nutriente. Tal fato é atribuído a
utilização de fertilizantes cada vez mais pobres neste nutriente. Perdas de S
podem ocorrer por lixiviação, devido a precipitação com Ca +2, Mg+2 e K+ e no
caso de supercalagem, a competição do sulfato com hidroxilas, aumenta o
SO4-2 da solução e conseqüentemente a lixiviação. Perdas também podem
ocorrer em condições de anaerobiose devido à respiração do sulfato por
microganismos.

Em relação aos micronutrientes, atenção especial tem sido dada ao Boro


e ao Zn, os quais tem apresentado problemas de deficiência no campo. Tal fato
tem sido atribuído a adsorção em caso de supercalagem, lixiviação e aos
baixos teores de matéria orgânica na maioria dos solos tropicais. No caso do
Ferro e do Mn, é mais comum a ocorrência de toxidez destes nutrientes.
Contudo, no caso do Mn, assim como para o Zn, em caso de supercalagem
pode ocorrer deficiência deste nutriente para as culturas mais exigentes. Tanto
Zn como Cu formam complexos solúveis com compostos orgânicos
provenientes da matéria orgânica aumentando sua disponibilidade, daí a
importância do manejo da matéria orgânica na disponibilidade de
micronutrientes.

No caso do cloro, a toxidez no campo tem sido mais comum do que sua
deficiência, pois o fornecimento de Cl como KCl, vai muito além da
necessidade das culturas. O molibdênio por ser o micronutriente menos exigido
pelas plantas, também não tem sido observado grandes problemas. No
entanto, as espécies fixadoras de nitrogênio como as leguminosas são
particularmente exigentes em molibdênio, pois este nutriente é componente da
nitrogenase, complexo enzimático envolvido na FBN.

143
Finalizando, deve-se ressalta que no manejo dos nutrientes do solo, o
conhecimento individual da dinâmica de cada nutriente é desejável, mas, é de
fundamental importância conhecer em profundidade as interações que ocorrem
entre os mesmos dentro do sistema solo, tendo em vista que em condições
reais, esta interação é inevitável. Pelos motivos já expostos anteriormente e
pelas funções dos nutrientes dentro da planta, não se deve esquecer a Lei do
Mínimo, pois a produção sempre será limitada por aquele nutriente que não
está atendendo a necessidade da planta. Também a Lei dos incrementos
decrescentes não deve ser esquecida, uma vez os custos com adubos são
bastante elevados, podendo ainda haver prejuízos por toxidez de determinados
nutrientes como também prejuízos ao meio ambiente (poluição).

Estabelecer as condições necessárias para solos improdutivos se


tornarem produtivos, é condição fundamental para sua conservação. É
fundamental manter em quantidade e em qualidade os nutrientes do solo para
que ele possa produzir alimentos e ao mesmo tempo manter o seu equilíbrio
ecológico. Por outro lado, quanto mais se consegue produzir por unidade de
área, menos áreas novas serão abertas, ou seja, menos desmatamento e
menos áreas sujeitas aos processos erosivos.
A ideia que os solos jovens do semiárido são férteis, deve vista com
muita cautela, pois grande parte destes solos apresentam sérias limitações em
matéria orgânica e por consequência em nutrientes como nitrogênio e enxofre,
assim como nos teores de potássio. Em relação ao fósforo, deve-se ressaltar a
grande variabilidade de sua disponibilidade em solos do semiárido.
Finalmente, concluímos lembrando que a pesquisa em solos no
semiárido ainda é incipiente e que há com poucas informações passíveis de
generalização. Contido, os estudos existentes não devem ser menosprezados,
devendo ser o ponto de partida para pesquisas mais aprofundadas e
ampliadas, de forma que venham contribuir efetivamente com a conservação
do solo desta frágil região.

144
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