Op 005st 22 Ifba Comum Professor
Op 005st 22 Ifba Comum Professor
Op 005st 22 Ifba Comum Professor
7908403526826
IFBA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLO-
GIA DA BAHIA
Língua Portuguesa
1. Semântica e Estilística: denotação e conotação; sinonímia; antonímia; homonímia; polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Sentido próprio e sentido figurado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3. Funções de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4. Leitura e interpretação de textos: informações implícitas e explícitas. Significação contextual de palavras e expressões. Ponto
de vista do autor. Linguagem verbal e não verbal. Tipologia textual e gêneros de circulação social: estrutura composicional;
objetivos discursivos do texto; contexto de circulação; aspectos linguísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
5. Texto e Textualidade: coesão, coerência e outros fatores de textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Variação linguística: heterogeneidade linguística: aspectos culturais, históricos, sociais e regionais no uso da Língua Portuguesa.
Registros formal e informal da escrita padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
7. Fonética e fonologia: ortografia e acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
9. Colocação Pronominal: sintaxe de colocação dos pronomes oblíquos átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
10. Sinais de pontuação como fatores de coesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Morfologia: classificação e flexão das palavras, emprego de nomes, pronomes, conjunções, advérbios, preposições, modos e
tempos verbais. Análise morfológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
12. Sintaxe: frase, oração, períodos compostos por coordenação e subordinação, concordâncias verbal e nominal, regências verbal
e nominal, colocação pronominal. Análise sintática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
13. Conhecimento gramatical de acordo com o padrão culto da língua. Ortografia oficial – Novo Acordo Ortográfico . . . . . . . . 35
Formas variantes
SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA: DENOTAÇÃO E CONOTA- São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
ÇÃO; SINONÍMIA; ANTONÍMIA; HOMONÍMIA; POLIS- que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
SEMIA farto / gatinhar – engatinhar.
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LÍNGUA PORTUGUESA
-efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho. Figuras de Construção
(o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado). Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres-
- continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que construção:
contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no
-abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co-
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do
seja, mulheres grávidas). verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos
e garrafas vazias).
- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo- Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes
para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
gadores.)
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa-
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar
(Fumei um saboroso charuto.).
para dentro”, etc.
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas- Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”.
tes da cruz. (Não te afastes da religião.). Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam.
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados. Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”). orações com o fim de lhes dar destaque:
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
- indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua. de Andrade)
(Alguns astronautas foram à Lua.). “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
- singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às sei.” (Graciliano Ramos)
ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma) Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no
início da frase.
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.) Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da
- matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma- oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá-
téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”). tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
nome de Sinédoque. A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
Castelo Branco)
Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
pressos. A silepse pode ser:
- de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de
adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
antonomásia.
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
Exemplos:
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
bem. rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. pessoal sugere).
- de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- que fala está incluída em os brasileiros).
lêncio = auditivo; negro = visual)
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de de palavras os sons da realidade.
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
da cadeira” .
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LÍNGUA PORTUGUESA
As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é,
Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de expressa uma ideia de forma exagerada.
um verso). Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou
“Vozes veladas, veludosas vozes, várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar-
cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e
(Cruz e Sousa) apagou o que estava gravado?
Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma- Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa-
ção ou sugerir insistência, progressão: radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente
“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca- absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o
sona.” (Bernardo Élis) mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão) Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de
ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracio-
Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun- nais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa
ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se- manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que
gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.)
gosto de português.).
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado.
Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam Exemplo:
se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim, “De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não
vi, venci. sei se digo.” (Machado de Assis)
Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior.
texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual
trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
seria o procedimento.
toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
e que um dia nos há de salvar
FUNÇÕES DE LINGUAGEM
Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo: Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de
Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa. acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans-
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim São seis as funções da linguagem, que se encontram direta-
do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo- mente relacionadas com os elementos da comunicação.
rário).
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CONHECIMENTOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS
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CONHECIMENTOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
não pode ficar reduzido a palavras e a raciocínios desvinculados da ponsável por assegurar o direito da educação a todo e qualquer ci-
experiência de ser inferiorizados vivida pelos negros, tampouco das dadão, deverá se posicionar politicamente, como já vimos, contra
baixas classificações que lhe são atribuídas nas escalas de desigual- toda e qualquer forma de discriminação.
dades sociais, econômicas, educativas e políticas. A luta pela superação do racismo e da discriminação racial é,
Diálogo com estudiosos que analisam, criticam estas realidades pois, tarefa de todo e qualquer educador, independentemente do
e fazem propostas, bem como com grupos do Movimento Negro, seu pertencimento étnico-racial, crença religiosa ou posição polí-
presentes nas diferentes regiões e Estados, assim como em inúme- tica. O racismo, segundo o Artigo 5º da Constituição Brasileira, é
ras cidades, são imprescindíveis para que se vençam discrepâncias crime inafiançável e isso se aplica a todos os cidadãos e instituições,
entre o que se sabe e a realidade, se compreendam concepções e inclusive, à escola.
ações, uns dos outros, se elabore projeto comum de combate ao Outro equívoco a esclarecer é de que o racismo, o mito da
racismo e a discriminações. Temos, pois, pedagogias de combate democracia racial e a ideologia do branqueamento só atingem os
ao racismo e a discriminações por criar. É claro que há experiências negros. Enquanto processos estruturantes e constituintes da forma-
de professores e de algumas escolas, ainda isoladas, que muito vão ção histórica e social brasileira, estes estão arraigados no imaginá-
ajudar. rio social e atingem negros, brancos e outros grupos étnico-raciais.
Para empreender a construção dessas pedagogias, é funda- As formas, os níveis e os resultados desses processos incidem de
mental que se desfaçam alguns equívocos. Um deles diz respeito maneira diferente sobre os diversos sujeitos e interpõem diferentes
à preocupação de professores no sentido de designar ou não seus dificuldades nas suas trajetórias de vida escolar e social.
alunos negros como negros ou como pretos, sem ofensas. Por isso, a construção de estratégias educacionais que visem
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que ser negro no ao combate do racismo é uma tarefa de todos os educadores, in-
Brasil não se limita às características físicas. Trata-se, também, de dependentemente do seu pertencimento étnico-racial. Pedagogias
uma escolha política. Por isso, o é quem assim se define. Em segun- de combate ao racismo e a discriminações elaboradas com o ob-
do lugar, cabe lembrar que preto é um dos quesitos utilizados pelo jetivo de educação das relações étnico/raciais positivas têm como
IBGE para classificar, ao lado dos outros, branco, pardo, indígena, objetivo fortalecer entre os negros e despertar entre os brancos a
a cor da população brasileira. Pesquisadores de diferentes áreas, consciência negra.
inclusive da educação, para fins de seus estudos, agregam dados Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e seguran-
relativos a pretos e pardos sob a categoria negros, já que ambos ça para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos,
reúnem, conforme alerta o Movimento Negro, aqueles que reco- poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição,
nhecem sua ascendência africana. a participação e a importância da história e da cultura dos negros
É importante tomar conhecimento da complexidade que en- no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas,
volve o processo de construção da identidade negra em nosso país. notadamente as negras. Também farão parte de um processo de
Processo esse, marcado por uma sociedade que, para discriminar reconhecimento, por parte do Estado, da sociedade e da escola, da
os negros, utiliza-se tanto da desvalorização da cultura de matriz dívida social que têm em relação ao segmento negro da população,
africana como dos aspectos físicos herdados pelos descendentes de possibilitando uma tomada de posição explícita contra o racismo e
africanos. a discriminação racial e a construção de ações afirmativas nos dife-
Nesse processo complexo, é possível, no Brasil, que algumas rentes níveis de ensino da educação brasileira.
pessoas de tez clara e traços físicos europeus, em virtude de o pai Tais pedagogias precisam estar atentas para que todos, negros
ou a mãe ser negro(a), se designarem negros; que outros, com e não negros, além de ter acesso a conhecimentos básicos tidos
traços físicos africanos, se digam brancos. É preciso lembrar que o como fundamentais para a vida integrada à sociedade, exercício
termo negro começou a ser usado pelos senhores para designar pe- profissional competente, recebam formação que os capacite para
jorativamente os escravizados e este sentido negativo da palavra se forjar novas relações étnico-raciais. Para tanto, há necessidade,
estende até hoje. como já vimos, de professores qualificados para o ensino das dife-
Contudo, o Movimento Negro ressignificou esse termo dando- rentes áreas de conhecimentos e, além disso, sensíveis e capazes
-lhe um sentido político e positivo. Lembremos os motes muito uti- de direcionar positivamente as relações entre pessoas de diferentes
lizados no final dos anos 1970 e no decorrer dos anos 1980, 1990: pertencimentos étnico-racial, no sentido do respeito e da correção
Negro é lindo! Negra, cor da raça brasileira! Negro que te quero ne- de posturas, atitudes, palavras preconceituosas.
gro! 100% Negro! Não deixe sua cor passar em branco! Este último Daí a necessidade de se insistir e investir para que os professo-
utilizado na campanha do censo de 1990. res, além de sólida formação na área específica de atuação, rece-
Outro equívoco a enfrentar é a afirmação de que os negros se bam formação que os capacite não só a compreender a importância
discriminam entre si e que são racistas também. Esta constatação das questões relacionadas à diversidade étnico-raciais, mas a lidar
tem de ser analisada no quadro da ideologia do branqueamento positivamente com elas e, sobretudo criar estratégias pedagógicas
que divulga a ideia e o sentimento de que as pessoas brancas se- que possam auxiliar a reeducá-las.
riam mais humanas, teriam inteligência superior e, por isso, teriam Até aqui apresentaram-se orientações que justificam e funda-
o direito de comandar e de dizer o que é bom para todos. Cabe mentam as determinações de caráter normativo que seguem.
lembrar que, no pós-abolição, foram formuladas políticas que visa-
vam ao branqueamento da população pela eliminação simbólica e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Determinações
material da presença dos negros. A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro-Bra-
Nesse sentido, é possível que pessoas negras sejam influencia- sileira e Africana nos currículos da Educação Básica trata-se de
das pela ideologia do branqueamento e, assim, tendam a reprodu- decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive
zir o preconceito do qual são vítimas. O racismo imprime marcas na formação de professores. Com esta medida, reconhece-se que,
negativas na subjetividade dos negros e também na dos que os dis- além de garantir vagas para negros nos bancos escolares, é preciso
criminam. valorizar devidamente a história e cultura de seu povo, buscando
Mais um equívoco a superar é a crença de que a discussão so- reparar danos, que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e
bre a questão racial se limita ao Movimento Negro e a estudiosos a seus direitos.
do tema e não à escola. A escola, enquanto instituição social res-
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CONHECIMENTOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cul- cendentes para a construção da nação brasileira; de fiscalizar para
tura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, que, no seu interior, os alunos negros deixem de sofrer os primeiros
ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem e continuados atos de racismo de que são vítimas.
educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade Sem dúvida, assumir estas responsabilidades implica compro-
multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação demo- misso com o entorno sociocultural da escola, da comunidade onde
crática. esta se encontra e a que serve, compromisso com a formação de
É importante destacar que não se trata de mudar um foco et- cidadãos atuantes e democráticos, capazes de compreender as re-
nocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, mas lações sociais e étnico-raciais de que participam e ajudam a manter
de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cul- e/ou a reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações
tural, racial, social e econômica brasileira. Nesta perspectiva, cabe a partir de diferentes perspectivas, de desempenhar-se em áreas de
às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades, que propor- competências que lhes permitam continuar e aprofundar estudos
ciona diariamente, também as contribuições histórico-culturais dos em diferentes níveis de formação.
povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de raiz Precisa, o Brasil, país multiétnico e pluricultural, de organiza-
africana e europeia. ções escolares em que todos se vejam incluídos, em que lhes seja
É preciso ter clareza que o Art. 26-A acrescido à Lei 9.394/1996 garantido o direito de aprender e de ampliar conhecimentos, sem
provoca bem mais do que inclusão de novos conteúdos, exige que ser obrigados a negar a si mesmos, ao grupo étnico/racial a que
se repensem relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas, procedi- pertencem e a adotar costumes, ideias e comportamentos que lhes
mentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem, obje- são adversos.
tivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas. Veja- E estes, certamente, serão indicadores da qualidade da educa-
mos: ção que estará sendo oferecida pelos estabelecimentos de ensino
de diferentes níveis.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de Para conduzir suas ações, os sistemas de ensino, os estabeleci-
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da mentos e os professores terão como referência, entre outros perti-
história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nentes às bases filosóficas e pedagógicas que assumem, os princí-
nº 11.645, de 2008). pios a seguir explicitados.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo in-
cluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam → Consciência política e histórica da diversidade
a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos ét- Este princípio deve conduzir:
nicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a - à igualdade básica de pessoa humana como sujeito de direi-
luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e tos;
indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade - à compreensão de que a sociedade é formada por pesso-
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econô- as que pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem
mica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela cultura e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto
Lei nº 11.645, de 2008). constroem, na nação brasileira, sua história;
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira - ao conhecimento e à valorização da história dos povos afri-
e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de canos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e cultural
todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artís- brasileira;
tica e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº - à superação da indiferença, injustiça e desqualificação com
11.645, de 2008). que os negros, os povos indígenas e também as classes populares
às quais os negros, no geral, pertencem, são comumente tratados;
A autonomia dos estabelecimentos de ensino para compor os - à desconstrução, por meio de questionamentos e análises
projetos pedagógicos, no cumprimento do exigido pelo Art. 26-A da críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias, comportamentos
Lei 9.394/1996, permite que se valham da colaboração das comuni- veiculados pela ideologia do branqueamento, pelo mito da demo-
dades a que a escola serve, do apoio direto ou indireto de estudio- cracia racial, que tanto mal fazem a negros e brancos;
sos e do Movimento Negro, com os quais estabelecerão canais de - à busca, da parte de pessoas, em particular de professores
comunicação, encontrarão formas próprias de incluir nas vivências não familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e sociais
promovidas pela escola, inclusive em conteúdos de disciplinas, as com o estudo de história e cultura afro-brasileira e africana, de in-
temáticas em questão. formações e subsídios que lhes permitam formular concepções não
Caberá, aos sistemas de ensino, às mantenedoras, à coordena- baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas;
ção pedagógica dos estabelecimentos de ensino e aos professores, - ao diálogo, via fundamental para entendimento entre dife-
com base neste parecer, estabelecer conteúdos de ensino, unida- rentes, com a finalidade de negociações, tendo em vista objetivos
des de estudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes comuns, visando a uma sociedade justa.
componentes curriculares.
Caberá, aos administradores dos sistemas de ensino e das man- → Fortalecimento de identidades e de direitos
tenedoras prover as escolas, seus professores e alunos de material O princípio deve orientar para:
bibliográfico e de outros materiais didáticos, além de acompanhar - o desencadeamento de processo de afirmação de identida-
os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar que questões tão com- des, de historicidade negada ou distorcida;
plexas, muito pouco tratadas, tanto na formação inicial como con- - o rompimento com imagens negativas forjadas por diferentes
tinuada de professores, sejam abordadas de maneira resumida, meios de comunicação, contra os negros e os povos indígenas;
incompleta, com erros. - o esclarecimentos a respeito de equívocos quanto a uma
Em outras palavras, aos estabelecimentos de ensino está sendo identidade humana universal;
atribuída responsabilidade de acabar com o modo falso e reduzido - o combate à privação e violação de direitos;
de tratar a contribuição dos africanos escravizados e de seus des-
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CLEGISLAÇÃO DAS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA DE NÍVEL MÉDIO E SUPERIOR
VII - garantia de padrão de qualidade.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da
SUAS ALTERAÇÕES (ARTIGOS 1º A 14; 37 A 43; 205 A 217 E educação escolar pública, nos termos de lei federal.
226 A 230) IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo
da vida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Educação, Cultura e Desporto Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba-
lhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a
• Educação fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos
A educação é tratada nos artigos 205 a 214, da Constituição. de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Constituindo-se em um direito de todos e um dever do Estado e da dos Municípios.
família, a educação visa ao desenvolvimento da pessoa, seu prepa- Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-cien-
ro para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. tífica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obe-
decerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
Organização dos Sistemas de Ensino extensão.
Prevê o Art. 211, da CF, que: A União, os Estados, o Distrito Fe- § 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos
deral e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
sistemas de ensino. § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesqui-
sa científica e tecnológica.
ENTE FEDERADO ÂMBITO DE ATUAÇÃO Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado me-
(PRIORITÁRIA) diante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
União Ensino superior e técnico (dezessete) anos de idsade, assegurada inclusive sua oferta gratuita
Estados e DF Ensino fundamental e médio para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
Municípios Educação infantil e ensino III - atendimento educacional especializado aos portadores de
fundamental deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Zf8R- (cinco) anos de idade;
GtlpQiwJ:https://www.grancursosonline.com.br/download-de- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
monstrativo/download-aula-pdf-demo/codigo/47mLWGgdrdc%- criação artística, segundo a capacidade de cada um;
253D+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do educando;
CAPÍTULO III VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da edu-
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO cação básica, por meio de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
SEÇÃO I § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
DA EDUCAÇÃO subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Pú-
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da fa- blico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autorida-
mília, será promovida e incentivada com a colaboração da socieda- de competente.
de, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no en-
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes prin- responsáveis, pela frequência à escola.
cípios: Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- guintes condições:
cola; I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen- II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
samento, a arte e o saber; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fun-
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis- damental, de maneira a assegurar formação básica comum e res-
tência de instituições públicas e privadas de ensino; peito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garanti- disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fun-
dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen- damental.
te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
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LEGISLAÇÃO DAS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NACIONAL COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA DE NÍVEL MÉDIO E SUPERIOR
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua § 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de impostos,
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a uti- serão redefinidos os percentuais referidos no caput deste artigo e
lização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendi- no inciso II do caput do art. 212-A, de modo que resultem recur-
zagem. sos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios como os recursos subvinculados aos fundos de que trata o art. 212-
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. A desta Constituição, em aplicações equivalentes às anteriormente
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos praticadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e § 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação e
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de controle das despesas com educação nas esferas estadual, dis-
de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e trital e municipal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de
padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência téc- 2020)
nica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios des-
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino funda- tinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 des-
mental e na educação infantil. ta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais,
ensino fundamental e médio. respeitadas as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Consti-
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os tucional nº 108, de 2020)
Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de co- I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o
laboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada median-
equidade do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Cons- te a instituição, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
titucional nº 108, de 2020) um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de natureza
ensino regular. contábil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão
exercerão ação redistributiva em relação a suas escolas. (Incluído constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) os incisos I, II e III do caput do art. 155, o inciso II do caput do art.
§ 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste 157, os incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as alíneas “a” e “b” do
artigo considerará as condições adequadas de oferta e terá como inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição; (Incluído
referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ), pactuados em regime de pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
colaboração na forma disposta em lei complementar, conforme o III - os recursos referidos no inciso II do caput deste artigo se-
parágrafo único do art. 23 desta Constituição. (Incluído pela Emen- rão distribuídos entre cada Estado e seus Municípios, proporcional-
da Constitucional nº 108, de 2020) mente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades da
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoi- educação básica presencial matriculados nas respectivas redes, nos
to, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida 3º do art. 211 desta Constituição, observadas as ponderações re-
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento feridas na alínea “a” do inciso X do caput e no § 2º deste artigo;
do ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela IV - a União complementará os recursos dos fundos a que se
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos refere o inciso II do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Cons-
Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito titucional nº 108, de 2020)
do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. V - a complementação da União será equivalente a, no mínimo,
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» deste 23% (vinte e três por cento) do total de recursos a que se refere o in-
artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e ciso II do caput deste artigo, distribuída da seguinte forma: (Incluído
municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Estado e do
ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se Distrito Federal, sempre que o valor anual por aluno (VAAF), nos
refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equida- termos do inciso III do caput deste artigo, não alcançar o mínimo
de, nos termos do plano nacional de educação. definido nacionalmente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência 108, de 2020)
à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos per-
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentá- centuais em cada rede pública de ensino municipal, estadual ou dis-
rios. trital, sempre que o valor anual total por aluno (VAAT), referido no
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de inciso VI do caput deste artigo, não alcançar o mínimo definido na-
financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida cionalmente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
pelas empresas na forma da lei. c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais nas
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contri- redes públicas que, cumpridas condicionalidades de melhoria de
buição social do salário-educação serão distribuídas proporcional- gestão previstas em lei, alcançarem evolução de indicadores a se-
mente ao número de alunos matriculados na educação básica nas rem definidos, de atendimento e melhoria da aprendizagem com
respectivas redes públicas de ensino. redução das desigualdades, nos termos do sistema nacional de ava-
§ 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º liação da educação básica; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
e 6º deste artigo para pagamento de aposentadorias e de pensões. 108, de 2020)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que trata o inciso
X do caput deste artigo, com base nos recursos a que se refere o
inciso II do caput deste artigo, acrescidos de outras receitas e de
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transferências vinculadas à educação, observado o disposto no § 1º § 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI do caput deste
e consideradas as matrículas nos termos do inciso III do caput deste artigo, deverá considerar, além dos recursos previstos no inciso II
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) do caput deste artigo, pelo menos, as seguintes disponibilidades:
VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV do caput deste (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
artigo serão aplicados pelos Estados e pelos Municípios exclusiva- I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de Municípios vincu-
mente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme ladas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino não integran-
estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição; (Incluído tes dos fundos referidos no inciso I do caput deste artigo; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao desenvol- II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do salário-edu-
vimento do ensino estabelecida no art. 212 desta Constituição su- cação de que trata o § 6º do art. 212 desta Constituição; (Incluído
portará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
União, considerados para os fins deste inciso os valores previstos no III - complementação da União transferida a Estados, ao Dis-
inciso V do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional trito Federal e a Municípios nos termos da alínea “a” do inciso V do
nº 108, de 2020) caput deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de
IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constituição aplica-se 2020)
aos recursos referidos nos incisos II e IV do caput deste artigo, e seu § 2º Além das ponderações previstas na alínea «a» do inciso
descumprimento pela autoridade competente importará em crime X do caput deste artigo, a lei definirá outras relativas ao nível so-
de responsabilidade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, cioeconômico dos educandos e aos indicadores de disponibilidade
de 2020) de recursos vinculados à educação e de potencial de arrecadação
X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas nos inci- tributária de cada ente federado, bem como seus prazos de imple-
sos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208 e as metas pertinentes mentação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
do plano nacional de educação, nos termos previstos no art. 214 § 3º Será destinada à educação infantil a proporção de 50%
desta Constituição, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº (cinquenta por cento) dos recursos globais a que se refere a alínea
108, de 2020) «b» do inciso V do caput deste artigo, nos termos da lei.” (Incluído
a) a organização dos fundos referidos no inciso I do caput deste pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
artigo e a distribuição proporcional de seus recursos, as diferenças Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas pú-
e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas, blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais
modalidades, duração da jornada e tipos de estabelecimento de ou filantrópicas, definidas em lei, que:
ensino, observados as respectivas especificidades e os insumos ne- I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exce-
cessários para a garantia de sua qualidade; (Incluído pela Emenda dentes financeiros em educação;
Constitucional nº 108, de 2020) II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola
b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III do caput comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no
deste artigo e do VAAT referido no inciso VI do caput deste artigo; caso de encerramento de suas atividades.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser desti-
c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alínea “c” do nados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na
inciso V do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
nº 108, de 2020) quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública
d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o contro- na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público
le interno, externo e social dos fundos referidos no inciso I do caput obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na
deste artigo, assegurada a criação, a autonomia, a manutenção e localidade.
a consolidação de conselhos de acompanhamento e controle social, § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
admitida sua integração aos conselhos de educação; (Incluído pela fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por institui-
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) ções de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio
e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte do ór- financeiro do Poder Público. (Redação dada pela Emenda Constitu-
gão responsável, dos efeitos redistributivos, da melhoria dos indica- cional nº 85, de 2015)
dores educacionais e da ampliação do atendimento; (Incluído pela Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de
XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento) de cada educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
fundo referido no inciso I do caput deste artigo, excluídos os recur- metas e estratégias de implementação para assegurar a manuten-
sos de que trata a alínea “c” do inciso V do caput deste artigo, será ção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas
destinada ao pagamento dos profissionais da educação básica em e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos
efetivo exercício, observado, em relação aos recursos previstos na das diferentes esferas federativas que conduzam a:
alínea “b” do inciso V do caput deste artigo, o percentual mínimo I - erradicação do analfabetismo;
de 15% (quinze por cento) para despesas de capital; (Incluído pela II - universalização do atendimento escolar;
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) III - melhoria da qualidade do ensino;
XII - lei específica disporá sobre o piso salarial profissional na- IV - formação para o trabalho;
cional para os profissionais do magistério da educação básica públi- V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
ca; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos
XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212 em educação como proporção do produto interno bruto.
desta Constituição para a complementação da União ao Fundeb,
referida no inciso V do caput deste artigo, é vedada. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
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