Resoluções Do Encontro Nacional de Direitos Humanos Do PT - Partido Dos Trabalhadores

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Resoluções do Encontro Nacional de Direitos


Humanos do PT
Leia aqui a íntegra dos documentos aprovados em 12 de dezembro de 2021
Publicado em 29/04/2022 17h33
Reunião virtual, transmitida pelo canal no YouTube do Setorial Nacional de Logística, Transportes e Mobilidade do
PT, terá participação do especialista Carlos Jamel

O Encontro Nacional de Direitos Humanos do PT, realizado em 12 de dezembro de 2021, com


delegados e delegadas eleit@s em encontros setoriais de 21 Estados e o Distrito Federal,
aprovou as seguintes resoluções, validadas em sua redação final na primeira reunião do
Coletivo Nacional eleito, em fevereiro de 2022:

UNIDADE NOS DIREITOS HUMANOS: TODAS AS FORÇAS EM CONSTRUÇÃO!


RECONSTRUIR E AVANÇAR!
É preciso recuperar o tema dos direitos humanos como elemento central para a agenda
política do PT! Esse é o papel dos encontros setoriais de 2021 e do reconhecimento, pela
Direção Nacional do PT, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos e de sua contribuição
como responsável pela agenda dos Direitos Humanos na elaboração e ação do Partido sobre
o tema.

NEOLIBERALISMO E REVOGAÇÃO DE DIREITOS


A agenda neoliberal é fundamentalmente uma agenda de revogação de direitos. E, hoje, o
neoliberalismo se transformou em filosofia oficial do Governo Brasileiro: a depreciação do que
é público e a mistificação da superioridade do que é privado, a tentativa permanente de vender
p ç p q p p
como mercadorias o que o Estado oferece como direito universal, a campanha difamatória
que associa empresas públicas à corrupção, a valorização da meritocracia e do
individualismo, a diluição dos interesses e da identidade de classe de trabalhadores e
trabalhadoras em um discurso de generalização do consumo e da classe média como
horizonte para a ascensão social, foram e são promovidas pelo capital e seus aparelhos de
dominação cultural e ideológica.

Mesmo assim, os anos de governo Lula e Dilma impuseram a essa hegemonia várias derrotas
pontuais. Por isso, o golpe de 2016 precisava apresentar às classes dominantes uma
plataforma de seus interesses reprimidos por esse ciclo de governos de esquerda. Dessa
forma, a Ponte para o Futuro de Temer e sua continuidade na agenda econômica de Paulo

Guedes sintetizam esse caminho das elites na destruição da democracia brasileira: foram a
justificativa para a unanimidade construída no capital contra Dilma, o PT e a esquerda, numa
plataforma neoliberal que visava, na apropriação do patrimônio e do fundo público, as
condições para um novo ciclo de acumulação de riquezas e poder.

Como bem sintetizou a presidenta Dilma em seu histórico e premonitório discurso de 31 de


agosto de 2016: “O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam
por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas;
direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à
cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas,
da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra
o povo e contra a nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a
imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.”

NEOFASCISMO E REVOGAÇÃO DE DIREITOS


A violência do Golpe de 2016 e o caráter regressivo de direitos logo se afirmaram na pauta
econômica do Governo Temer, em suas reformas trabalhistas, no aprofundamento da
recessão e do desemprego, na aprovação de um ajuste estrutural nas contas públicas para
institucionalizar o corte de gastos sociais e a chamada austeridade fiscal, na apresentação de
um projeto de privatizações amplo e profundo.

Foi preciso lançar mão novamente da criminalização da esquerda, de Lula diretamente, pela
perseguição judicial da Lavo Jato, para impedir que a esquerda retornasse ao governo nas
eleições de 2018. As instituições do Estado Democrático de Direito, corrompidas pela Lava
Jato e coniventes com Temer, permitiram interditar a candidatura Lula e assegurar todo tipo de

artifícios ilegais de fraude no processo eleitoral de 2018 contra a candidatura de Fernando


Haddad.

Seguramente Bolsonaro não era a opção imediata do núcleo duro do golpismo de 2016 para
as eleições de 2018. Mas, a necessidade de uma mão pesada do Estado para a imposição da
agenda neoliberal paralisada pela crise política do governo Temer permitiram a Bolsonaro
ganhar as eleições com a agenda neoliberal na economia, representada no governo pelo Posto
Ipiranga Paulo Guedes, a agenda anticorrupção na política, representada no governo pela
entrega do Ministério da Justiça ao chamado superministro Sérgio Moro e pela agenda de
revogação dos direitos sociais e culturais conquistados pelas mulheres, pelo movimento
negro, pelos povos indígenas, pelos LGBTQIA+, entre outros segmentos, alvos de toda sorte de
argumentos preconceituosos e discriminatórios, representada no governo pela ministra
Damares Alves e pelo próprio Presidente.

A soldar toda essa aliança, militares e milicianos foram aprofundando relações de


conveniência mútua e ampliando a presença militar, progressivamente em importantes áreas
do governo. Assim, completa-se o quadro que configura o governo Bolsonaro como um
governo anti-Direitos Humanos.

Aqui, salientamos que há também outras duas questões que são inescapáveis para quem
deseja tratar de direitos humanos no Brasil: as forças armadas e as polícias militares.

No que se refere às Forças Armadas, sabemos bem que o governo Bolsonaro defende forças
armadas que sejam tutoras do poder civil, antagonistas da democracia e dos Direitos
Humanos e subordinadas ao Comando Sul dos Estados Unidos. A atual cúpula das forças
armadas é cúmplice desta conduta do governo Bolsonaro. Não há como separar as FFAA da
catástrofe que é o governo Bolsonaro. Transformaram-se em peça fundamental desde o apoio
ao golpe contra a presidente Dilma, à prisão do Lula e construção da candidatura do atual
governante. Mais do que participar do governo, avalizam e conduzem as diretrizes políticas e
orientações governamentais, aceitam o programa neoliberal de ajuste fiscal, que envolve a
eliminação de direitos e privatizações, a supremacia do capital financeiro e submissão à
hegemonia americana. As FFAA são uma força importante de governo Bolsonaro, ocupando
cargos, exercendo funções chaves e definindo orientações. Os compromissos são mais
profundos do que aparentam, os vínculos nasceram na campanha, na montagem do atual
governo e na viabilização de suas políticas. Desta feita, nós: defendemos mudanças
estruturais nas instituições políticas, entre as quais o papel das FFAA nas suas relações com a
sociedade e com Estado e o governo.

O desafio do PT e das esquerdas é fundir as bandeiras da luta democrática com uma visão
programática por novas instituições políticas, o que deve ser considerado na discussão – já
realizada pelo PT – acerca da necessidade de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Já as Polícias Militares brasileiras são as que matam em escala industrial. Não é possível
falar-se em democracia quando, na prática, a PM tem licença para matar. Há toda uma sorte
de violências e humilhações, praticadas no dia a dia dos centros urbanos e especialmente das
periferias, cujo alvo principal é o jovem negro e pobre. Essa intimidação diária e constante é
Terrorismo de Estado.

As Polícias Militares envolveram-se na repressão política Brasil afora, durante a Ditadura


Militar, e isso deixou marcas: A PM de São Paulo produziu o massacre do Carandiru (1992). A
PM do Pará produziu a chacina de Eldorado dos Carajás (1996) e, mais recentemente, a
chacina da Fazenda Pau D’Alho (2017). A selvageria da chacina do Morro do Fallet (2019), obra
da PM do Rio de Janeiro, rivaliza com a selvageria da chacina do Cabula (2015), obra da PM
da Bahia. Esses exemplos terríveis — entre milhares de outros que poderiam ser listados —
mostram a profunda incompatibilidade entre as Polícias Militares e qualquer arremedo de
regime democrático. Se realmente consideramos que os jovens negros e a população das
favelas, periferias, bairros pobres, quilombos e aldeias têm direito a viver suas vidas, e
merecem respeito do poder público, não é possível continuar tolerando esse extermínio.

A desmilitarização das Polícias Militares é uma medida indispensável à construção de um


regime minimamente democrático no Brasil. Hoje, as Polícias Militares brasileiras são a força
policial mais letal do mundo. Não existirá democracia enquanto as PMs tiverem “licença para
matar”, pois, embora a pena de morte formalmente não exista no nosso país, há uma série de
dispositivos legais e judiciários que favorecem a execução de cidadãos e cidadãs por policiais
militares, sobretudo nas favelas e bairros pobres das periferias e nas regiões remotas dos
interiores.

Assim, acreditamos que a ação das forças armadas e a ação das polícias são temas que
precisam ser tratados de forma enfática, profunda e publicamente. Sem isto, não haverá
direitos humanos em nosso país.

GENOCIDIO E VIOLAÇÃO MASSIVA E DISSEMINADA DE DIREITOS HUMANOS


No momento em que esse manifesto tem sua versão final fechada, na manhã de 29 de
outubro de 2021, a imprensa brasileira contabilizava 21.781.436 casos oficialmente
registrados de contaminação por COVID-19 no Brasil, desde o início da pandemia do
coronavírus, com 607.068 vítimas fatais. A pandemia no Brasil não é mais um fato da
natureza, um desafio sanitário. Deixou de ser. O que explica a realidade brasileira, e nos
diferencia no mundo, é que está em curso em nosso país um genocídio, fruto de decisões
humanas, políticas, baseadas em teses, cálculos e opções que assumiram a contaminação
em massa e descontrolada e as mortes delas decorrentes como riscos aceitáveis.

Foram inúmeros os estudos divulgados por ocasião do trágico patamar de 500 mil mortes no
Brasil por COVID-19, em junho de 2021, comparando as taxas de letalidade pela doença nos
vários países do mundo. A marca lamentável dos 500 mil óbitos no Brasil motivou diferentes
pesquisas que nos remetem ao debate sobre o caráter efetivamente genocida da política de
gestão da pandemia no Brasil. Não há sociedade humana que tenha passado por um
genocídio das proporções do que verificamos no Brasil, com a massiva violação de direitos
humanos da maioria da população, que não passe por pelo menos três grandes diretrizes em
suas lutas, que com certeza se desenrolarão, em suas consequências, por anos ou décadas:
Memória, Verdade e Justiça; Políticas Públicas para as Vítimas da COVID e a sociedade
atingida; Responsabilização dos envolvidos nos crimes e ações do genocídio.

As vítimas da COVID-19 no Brasil precisam se organizar para um esforço profundo de


Memória, Verdade e Justiça para si, suas famílias, suas comunidades e o conjunto do povo
brasileiro. O PT pode e deve participar desse processo de organização das vítimas da COVID e
seus familiares. A participação de petistas em redes e campanhas de solidariedade,
instituições de várias matizes religiosas, movimentos sociais organizados, conselhos de
saúde, entidades de direitos humanos, associações de vítimas de vários estados e na
construção da Associação Nacional Vida e Justiça em Apoio e Defesa dos Direitos das
Vítimas da COVID tem sido importante, e pode ser muito potencializada com uma definição
nítida de responsabilidade da militância de direitos humanos do PT em assumir essa causa
como expressão da nossa luta pela construção de novos direitos a partir da luta dos sem
direitos.

DIREITOS HUMANOS NA LUTA DO PT, NA CAMPANHA FORA BOLSONARO E LULA


LIVRE, BRASIL LIVRE

A oposição que o PT oferece ao governo Bolsonaro, desde o seu primeiro dia, foi pautada por
dilemas ainda em aberto na elaboração partidária. As lacunas na elaboração estratégica do
Partido para enfrentar esse governo de extrema-direita se fizeram sentir em várias
oportunidades em que crises de governo estiveram a ponto de gerar crises institucionais
capazes de precipitar as chances reais de afastamento de Bolsonaro. A agudização da crise
social e política com a crise sanitária da pandemia tornaram possível a aprovação do Fora
Bolsonaro por parte do PT e dos partidos de esquerda somente em maio de 2020, e desde
então esse eixo se incorpora a outro eixo fundamental da resistência democrático, a
campanha Lula Livre.

Fora Bolsonaro e Lula Livre eram eixos fundamentais e articulados da proposta das esquerdas
do PT para o 7º Congresso Nacional do PT para o período. Eixos que incorporavam direitos
humanos em todas as suas dimensões ao centro de ação partidária, visto que a resistência ao
governo e o enfrentamento da Lava Jato colocam em debate toda a regressão de direitos
vivenciada desde o Golpe de 2016. Essas duas campanhas lançam pontes também com todas
as lutas dos movimentos sociais contra a revogação de direitos. Do movimento sindical,
contra as reformas trabalhistas e previdenciárias que, aprovadas, aprofundaram a
precarização das relações de trabalho e a o aviltamento das condições de trabalho de cada
vez mais amplos setores da classe trabalhadora. Dos movimentos populares por políticas
sociais, destruídas pelos ajustes fiscais e pelo desmonte de programas governamentais
criados em nossos governos nas áreas da moradia, da saúde, da educação, da assistência.
Dos movimentos de mulheres, LGBTQIA+, dos povos indígenas, quilombolas e do movimento
negro, pelos ataques constantes de natureza misógina, racista, LGBTfóbica e genocida do
núcleo duro do pensamento reacionário de Bolsonaro e seu governo.

A conquista dos direitos civis e políticos de Lula com as decisões do STF sobre a sua
inocência e a suspeição de Moro nos processos da Lava Jato teve consequências imediatas e
profundas sobre o ânimo geral da sociedade e dos movimentos políticos e sociais da
esquerda brasileira. Uma voz potente se afirmou no plano nacional e internacional contra as
políticas de Bolsonaro, sintetizada no discurso realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC em 10 de março desse ano. O “efeito Lula” se associa ao “efeito das ruas” a partir de 29
de maio, quando a campanha Fora Bolsonaro passa a realizar seus atos nacionais de massa
em locais abertos à participação presencial da militância e do povo, colocando Bolsonaro nas
cordas.

DIREITOS HUMANOS NA AGENDA POLÍTICA DO PT


Em 2007, num esforço de reorganização setorial coordenado pela Secretaria Nacional de
Movimentos Populares do PT, cujo Secretário era à época o companheiro Renato Simões, o 3º
Congresso Nacional do PT aprovou um conjunto de resoluções sobre a vida setorial do Partido
que foram, posteriormente, incorporadas aos Estatutos do PT. Nesse Congresso foi aprovada
a resolução que criou as Secretarias Setoriais de Cultura e de Direitos Humanos: “Que a
Secretaria Setorial de Cultura e a Secretaria Setorial de Direitos Humanos sejam incorporadas
estatutariamente como Secretaria Setorial, conforme decisão do Diretório Nacional do PT.”

Nos encontros setoriais posteriores foram estruturados os setoriais e as novas Secretarias


Setoriais. Estabeleceu-se um quórum diferenciado para as Secretarias Setoriais e as
Coordenações Setoriais. Estabeleceu-se também que a Secretarias Setoriais que não
obtivessem quórum funcionariam como Coordenações Setoriais até o processo seguinte de
encontros setoriais. Pois bem, não tendo obtido quórum exigido para Direitos Humanos, a
Secretaria de Direitos Humanos funcionou como Coordenação Setorial até que, no último
processo setorial, o quórum foi atingido, com a eleição de um coletivo da Secretaria sob
coordenação do companheiro Adriano Diogo. Em pelo menos duas oportunidades, a Executiva
Nacional do PT anterior à atual foi demandada, pelo companheiro Renato Simões, em reuniões
em Belo Horizonte e em São Paulo, para que fosse feito o reconhecimento do caráter da
Secretaria Nacional com a correspondente estrutura de funcionamento e a garantia de voz ao
Secretário Nacional nas reuniões da Executiva Nacional. Os argumentos contrários, que
prevaleceram, objetivamente impediram que a Secretaria levasse, de forma organizada, como
prevê o nosso Estatuto, à Comissão Executiva Nacional do PT, como as demais Secretarias
Setoriais o fazem, a temática e propostas de atuação partidária na área dos Direitos Humanos.

Diante do exposto, este processo de encontro setorial de Direitos Humanos deve se colocar
fortemente esse objetivo: realizar um processo politizado, amplo, consistente, de realização de
encontros com o quórum exigido para Secretarias Setoriais, que devser reconhecido pela
Direção Nacional do PT, conforme prevê a resolução do 3º Congresso Nacional do Partido. É
preciso que esse processo atual de organização setorial repercuta diretamente no centro da
discussão e elaboração partidária, a Comissão Executiva Nacional e o Diretório Nacional do
PT, por todo o exposto nos capítulos anteriores sobre a centralidade desse agente no
enfrentamento da extrema-direita neofascista e neoliberal hoje no governo federal.
ELEMENTOS PARA UM PROGRAMA DE GOVERNO COMPROMETIDO COM OS DIREITOS
HUMANOS
Esboçando plataforma mínima de direitos humanos para contribuir no desenho do que será a
campanha Lula-2022 , listamos algumas prioridades:

1. O PT   vai  promover em 2022 Conferências Populares de Direitos Humanos, em todos os


estados do Brasil, como parte da mobilização social e construção programática da campanha
Lula;

2. Recriar, desde o primeiro dia de governo a democracia, revogando todas medidas golpistas
 (decretos, portarias, etc) e começar o desmonte do Estado  de exceção;

3. Convocar  nos primeiros dias de governo uma grande Conferência Nacional Popular de

Direitos Humanos, que vai desenhar as linhas mestras do Plano Nacional de DH 4, recriando e
reconstruindo toda arquitetura institucional das políticas de proteção,  defesa e promoção dos
DH no Brasil;

4. Recriar os Ministérios das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, bem
como a Secretaria Nacional de Juventude, LGBTI e das Pessoas com Deficiência;

5. Instituir uma política de reparação e punição. Memória, Verdade e Justiça. Processar e punir
os responsáveis pelo genocídio (Covid), criar uma política de promoção da memória, da
verdade, com a criação de uma justiça de transição. Tribunal de Manaus para julgar Bolsonaro
e seus cúmplices;

6. Implantar políticas imediatas para acabar com o extermínio em massa de jovens pretos,
priorizando  a redução dos homicídios – hoje são 45 mil pessoas por ano

7. Rever toda arquitetura da Segurança Pública. Reorganizar e desmilitarizar as polícias.


Retomar e ampliar as diretrizes do Pronasci, colocar a pauta da segurança cidadã como
prioridade de todo governo Lula;

8. Cessar a guerra às drogas: regular, descriminalizar, redução de danos, educação e saúde

9. Reverter o encarceramento em massa de pretos e pobres, a começar por desencarcerar


milhares de presos provisórios;

10. Educação em Direitos Humanos. Estruturar um aparato de educação e cultura de direitos


humanos, com propaganda massiva de valores democráticos, pluralistas, enfrentando o
neofascismo

11. Criar o Sistema Nacional de Direitos Humanos – com marco legal aprovado no Congresso,
estrutura federal, estadual e municipal – política federativa –

, recursos orçamentários, planos organizados

12. Desarmar o país, campanha massiva anti-armas, rever toda legislação bolsonarista,
política radical de redução do número de armas circulando no país, retomar Estatuto do
Desarmamento.

13. Reconstruir todas políticas para as pessoas com deficiência, em todas áreas do governo, ir
além do “viver sem limites”, assegurar mais recursos e estrutura;

14. Recomeçar a promoção de direitos das LGBTI; estruturar uma política nacional de defesa e
promoção dos direitos da população LGBTI, com verba federal, marco legal, indução de ações,
transversalidade; criar o Transcidadania nacional;

15. Incluir a questão do envelhecimento no centro da agenda, a começar enfrentando a


violência contra os idosos; colocar de pé uma política articulada de promoção dos direitos
integrais, da saúde, da assistência e de uma rede pública que vai garantir o bem-viver dessa
população

16. Nortear todas ações relacionadas às crianças e adolescentes tendo a revalorização do


ECA como fundamento. Romper com as manipulações conservadores dessa pauta – criando
e fortalendo ações que de fato protejam crianças e adolescentes de abusos sexuais, do
trabalho infantil, da violência, do abandono. Fortalecendo espaços de participação social,
como os Conselhos tutelares;

17. Fortalecer os programas de proteção dos defensores e defensoras de direitos humanos;

18. Reconhecer a cidadania plena das pessoas migrantes, através de políticas públicas de
acolhida, integração económica, social e cultural, lutar pelo direito ao voto e garantir espaços
de participação, revogar o decreto de Temer que regulamenta a Lei 13445 de 2017 e
regulamentar o artigo 120 que institui uma política nacional de migração ampla, participativa e
acolhedora.

19. Reconstruir a política de saúde mental que respeita os direitos humanos, valorizar a rede
de atenção psicossocial, retomar o investimento nos CAPS; focar no SUS – voltar às diretrizes
da reforma psiquiátrica, nenhum financiamento às organizações privadas auto-denominadas
“comunidades terapêuticas”;

20. Garantir dinheiro; sem recursos não há políticas públicas; o orçamento  para o conjunto
das políticas de promoção e defesa dos DH será enormemente ampliado.

FUNCIONAMENTO DA SECRETARIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DO PT


Entre as propostas que precisamos efetivar nesse novo período de funcionamento da
Secretaria Nacional de Direitos Humanos do PT, contam-se:

SECRETÁRIO ADJUNTO E COORDENAÇÕES TEMÁTICAS. A unidade alcançada entre os cinco


candidatos ao longo do processo de debates deve se expressar numa gestão democrática e
colegiada sob coordenação do Secretário Nacional, dando visibilidade e efetividade ao
compromisso coletivo de criação e fortalecimento da Secretaria Nacional de Direitos
Humanos. As chapas que participaram do processo indicaram quadros altamente qualificados
e sempre disponíveis ao debate de alto nível e à busca da unidade de ação. Assim, a
Secretaria Nacional de Direitos Humanos espera contar com a participação de todos na
coordenação das principais áreas temáticas: Secretaria Adjunta; Coordenação de Programa de
Governo; Coordenação de Memória, Verdade e Justiça; Coordenação de Articulação com as
Comissões Legislativas de Direitos Humanos; Coordenação de Direitos das Vítimas da COVID
19. Encerrado o Encontro, faremos os entendimentos necessários para a plena incorporação
desses valorosos companheiros às tarefas e composição desses espaços.
A interação da agenda dos direitos humanos com os demais setoriais se insere na visão de
que direitos humanos, universais, indivisíveis e interdependentes, abarcam dimensões de
direitos de setores organizados em vários outros setoriais do PT. A pauta de uma Secretaria
Setorial de Direitos Humanos interage, na verdade, com todas as demais organizações
setoriais do Partido, e deve, portanto, fortalecer os espaços intersetoriais de reflexão e
construção de unidade de ação.

A concepção de direitos humanos de um partido socialista como o PT com certeza difere da


concepção liberal de direitos humanos, e, portanto, deve ser entendida como um espaço
permanente de disputa de direitos na estratégia anticapitalista e antineoliberal do PT, e

abarcar seus componentes estruturantes: socialista, feminista, antirracista, ambientalista,


libertário!

Como organizador da militância de Direitos Humanos do Partido, cabe à Secretaria Nacional


elaborar com ela a intervenção na luta de classes, na luta social e política de todos os
segmentos sociais excluídos, marginalizados, discriminados, formar e proteger defensores e
defensoras de direitos humanos em todas as áreas de atuação. No âmbito do Parlamento, em
que nossas bancadas em todos os níveis têm forte atuação em direitos humanos, promover
uma plataforma legislativa e uma integração permanente de nossos e nossas parlamentares
atuantes nas comissões legislativas de direitos humanos em todos os níveis. No âmbito das
administrações, em que muitas das iniciativas dos nossos governos federais permanecem
vivas em governos estaduais e municipais, promover uma reflexão permanente sobre as
políticas públicas promotoras e efetivadoras de direitos em todas as áreas.

Como coordenadora do processo de elaboração programática, cabe à Secretaria a condução


dos debates sobre o programa de Governo da candidatura presidencial, e igualmente nos
estados. Deve se valer, com certeza, como todos os setoriais, da elaboração dos NAPPs,
Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas hoje vinculados à Fundação Perseu
Abramo, sem, no entanto, deixar de levar em conta que a elaboração programática é
conduzida pelas instâncias eleitas da organização setorial militante do Partido, conforme os
Estatutos preconizam. Os mesmos estatutos responsabilizam também os setoriais pela
interface com os governos e bancadas parlamentares eleitas, como guardiã do programa
partidário e espaço de reflexão crítica e criativa sobre as políticas públicas desenvolvidas nas
administrações com base no programa submetido e aprovado ao Partido.

Diante dos desafios do momento presente e os riscos à democracia que esse governo de
Bolsonaro representa, é preciso transformar a Secretaria e o NAPP de Direitos Humanos, que
deve ser constituído para acompanhar as ações do governo e propor iniciativas ao Partido e
às bancadas, num grande formulador de denúncias dos retrocessos em Direitos Humanos no
País e de alternativas a serem disputadas nos movimentos sociais, no Parlamento e nos
nossos governos. O PT deve formular e aprovar resoluções sobre direitos humanos,
enfrentando o conservadorismo presente na sociedade sobre muitas das temáticas de direitos
humanos: as posições mais retrógradas de Bolsonaro encontram respaldam em importantes
segmentos da opinião público, e portanto cabe à Secretaria conduzir com o Partido o
enfrentamento político e ideológico a todo tipo de negacionismo, fundamentalismo,
obscurantismo presentes no governo e na sociedade, fazendo nítida polarização e disputa por
hegemonia.

Os traços do escravismo, dos longos períodos de autoritarismo na vida republicana, entre elas
a ditadura de 1964, do latifúndio, da violência do Estado contra os pobres, as mulheres, os
povos indígenas, comunidades quilombolas, ciganos, negros e negras, LGBTQIA+, pessoas
com deficiências e doenças raras, crianças e adolescentes, juventudes, entre tantos
segmentos oprimidos e discriminados, torna obrigatório esse embate permanente. Do legado
de nossos governos, ficam como prioridades a defesa dos conteúdos organizados pela
Comissão Nacional da Verdade, pelo PNDH 3 (Programa Nacional de Direitos Humanos 3),
pelas políticas públicas dos Ministérios e órgãos do governo federal nas gestões Lula e Dilma
desmontadas pelos dois governos do Golpe. Esse legado permanece atual, deve ser defendido
e aprimorado no programa partidário, atualizado e aprofundado em suas linhas essenciais.

Direitos Humanos se constroem e são defendidos com participação popular. É preciso


incorporar à plataforma de direitos humanos do Partido o tema da participação popular, cujos
mecanismos institucionais, como os Conselhos, Conferências e plataformas digitais de
governo, foram duramente atacados, muitos deles extintos, pelo governo Bolsonaro. Associar
participação popular à educação popular, conforme nos recordou dos ensinamentos de Paulo
Freire a importante iniciativa da Nova Primavera, é parte essencial do processo de
consolidação, efetivação e expansão de direitos. É da luta dos sem-direitos que se constroem
as conquistas e aprovação, por toda a sociedade, desses novos direitos que emergem dos
movimentos sociais e processos de luta e participação social.

COORDENAÇÕES REGIONAIS. Foi um ganho significativo do Coletivo e do Coordenador


Adriano Diogo, que ora encerram sua gestão, bem como do amplo processo de movimentação
da militância de direitos humanos e das várias forças políticas internas ao PT comprometidas
com o processo a multiplicação de Setoriais Estaduais. Estamos organizados hoje em 22 das
27 Unidades da Federação, em todas as regiões do País, e o fortalecimento, formação política
e acompanhamento permanente desses setoriais pelo Coletivo Nacional será uma prioridade.
Para tanto, o Coletivo Nacional eleito coordenações para as várias regiões do País (Norte,
Centro Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul), visando integrar o mais fortemente possível as
Secretarias Estaduais de Direitos Humanos entre si e com a Secretaria Nacional, inclusive
avançando em pautas e elaborações conjuntas de caráter regional que levem em conta as
características e lutas específicas da luta de Direitos Humanos em cada realidade desse
imenso país.

Entre os desafios do presente momento, face à estratégia genocida do governo federal na


pandemia do coronavírus, está o apoio à organização e luta por direitos das vítimas da COVID.
O PT apoiará esse processo defendendo um amplo movimento por Memória, Verdade e
Justiça para as vítimas da COVID, a elaboração de políticas públicas para anteder às
consequências da pandemia e do genocídio junto a massivos setores da sociedade atingidos
e a responsabilização de toda a cadeia de comando da estratégia genocida de Bolsonaro, que
passa por uma rede de Ministérios, Secretarias, órgãos do governo federal, administrações
estaduais e municipais, parlamentares, comunicadores de fake news a soldo do governo
federal ou sob sua hegemonia, empresas que lucraram com a desinformação, a promoção e
venda de medicamentos irrelevantes para o combate à COVID e a corja que buscou na
corrupção do Estado brasileiro o enriquecimento ilícito em plena pandemia.

COLETIVO NACIONAL FORTE E DEMOCRÁTICO. O Encontro Nacional de Direitos constituirá,


com o coletivo da Secretaria, um amplo processo de elaboração da plataforma nacional de
direitos humanos do PT, que se desdobrará em iniciativas para a luta popular e para a luta
eleitoral de 2022 e de 2024. Esse processo, a ser desenvolvido no primeiro trimestre de 2022,
será essencial para a vitória de Lula na disputa presidencial e para que esse novo governo
tenha a marca e a radicalidade dos direitos humanos em suas ações de reconstrução e
transformação social do Brasil. Para tanto, será muito importante que a implantação da
Secretaria Nacional e do Coletivo Nacional conte com a participação efetiva de todos e todas,
sem distinção entre Titulares e Suplentes, integrando às tarefas organizativas e ao debate
político todas as forças, tendências, coletivos que participaram do processo de constituição
da Secretaria de Direitos Humanos e dos imensos desafios que se nos apresentam
ELEMENTOS PARA O PLANO DE TRABALHO DA SECRETARIA NACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS DO PT
Colocar os Direitos Humanos no centro da agenda política do  PT;

2. CRIAR a Secretaria Nacional de Direitos Humanos ; criar interlocução real com a Executiva Nacional PT, com as
bancadas da Câmara Federal, do Senado e com Lula;

3. Lula Presidente: prioridade é contribuir na construção do programa e campanha, defendendo que os DH sejam
prioridade, sem recuos e concessões;

4. Dar visibilidade à Secretaria Nacional de DH; transformá-la em instrumento de disputa política e ideológica para fora do
Partido, com voz pública, com incidência nacional;

5. Trabalhar para reconectar o PT organicamente com os movimentos de DH, feministas, da juventude, das pretas e
pretos, das LGBTI;

6. Impulsionar um salto qualitativo no PT, construindo uma cultura de defesa dos DH mais forte e orgânica;

7. Implantar um programa de formação política: cultura de DH no PT;

8. Criar plataforma e uma articulação nacional das candidaturas dos DH no PT em 2022,com acompanhamento e apoio
estrutural (o fundo partidário deve privilegiar candidaturas dos DH);

9. Orientar e dirigir o conjunto do PT em todas questões nacionais de visibilidade. O Partido deve ter posições públicas
(notas, posts, vídeos) nos casos de violações de DH, não pode se omitir; disputar todo dia contra o neofascismo,
 demarcar nosso campo;

10. Trabalhar em sintonia e de forma coordenada com as Secretarias de Mulheres, Combate ao Racismo, Juventude,
Meio Ambiente, Cultura e LGBT.
 

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