Relatório - Ana Beatriz Oliveira
Relatório - Ana Beatriz Oliveira
Relatório - Ana Beatriz Oliveira
Nº 160139001
novembro de 2018
Candidata: Ana Beatriz Pereira Marques de Oliveira
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Agradecimentos
Terminar o meu relatório significa, para mim, muito mais do que terminar o meu
curso. É sinónimo de uma grande vitória, sobretudo, pessoal. Terminar o meu relatório e
o meu curso é a realização de um sonho e uma prova de que quando queremos, quando
batalhamos por aquilo em que acreditamos, tudo é possível. No entanto, apesar de ser um
trabalho muito pessoal, importa referir que o apoio de algumas pessoas foi fundamental
para a concretização deste sonho.
Em primeiro lugar agradeço ao meu pai por ter acreditado sempre em mim, por
todo o apoio incondicional e pela pessoa que me ensinou a ser. Com o meu pai aprendi a
lutar pelos meus sonhos, mesmo quando pareciam impossíveis de realizar. Aprendi que
nada se consegue sem esforço e dedicação e, sobretudo, aprendi (e aprendo) a ser uma
pessoa melhor, todos os dias. Obrigada Pai!
Agradeço igualmente à restante família, à minha mãe, às minhas irmãs e aos meus
sobrinhos pelo apoio e pela força.
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Quero agradecer à Telma, amiga e colega de trabalho, pela amizade demonstrada,
pelo apoio, por todas as palavras de força e motivação. A Telma foi, sem dúvida, o meu
grande apoio no trabalho. A sua ajuda foi essencial para a minha integração e para a
elaboração do meu relatório. Mesmo quando eu sentia que já não era possível, a Telma
encontrava sempre uma solução viável para que o meu relatório não parasse. Obrigada
Telma!
Quero agradecer à minha orientadora Professora Doutora Ana Luísa Pires por todo
o apoio, pela compreensão e pela motivação transmitida ao longo de todo este processo.
Este apoio é (e foi) fundamental, sobretudo nos momentos mais difíceis em que nada
parecia fazer sentido.
Quero agradecer a todos os elementos do Infantário TAP, que até setembro foi o
meu local de trabalho, pela força, compreensão e pelo apoio demostrado no decorrer da
elaboração do meu relatório. Obrigada a todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram
a ultrapassar as adversidades trabalhar e estudar ao mesmo tempo.
A todos… obrigada!
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Resumo
Assim, o objetivo foi compreender de que forma é que a relação entre a instituição
educativa e a família é valorizada e respeitada nas salas de creche e de jardim-de-infância,
ou seja, compreender o lugar que as famílias ocupam, as suas formas de envolvimento
nas salas e o papel que desempenham no desenvolvimento do processo educativo.
Para a realização deste estudo observei e realizei intervenções junto das equipas
pedagógicas, as famílias e as crianças de quatro grupos distintos, com idades
compreendidas entre os 2 meses e os 6 anos. Os dois primeiros momentos de estágio
foram realizados no primeiro ano letivo do mestrado, tendo uma duração de 10 semanas
cada um. Os restantes momentos de estágio foram realizados no segundo ano letivo do
mestrado, tendo uma duração de 2 semanas cada um.
Este estudo, que tem por base uma metodologia de investigação qualitativa,
orientada pelos princípios da investigação-ação e foi elaborado através da observação dos
grupos e das famílias, dos sucessivos momentos de reflexão, das intervenções feitas e das
notas de campo recolhidas nos diversos momentos de contacto com as famílias,
nomeadamente nos momentos de acolhimento e de regresso às famílias e de alguns
eventos especialmente pensados para as famílias. Realizei também um inquérito por
questionário às educadoras e às famílias.
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Abstract
This research report was carried out within the scope of the Master's Degree in
Pre-School Education and focuses on the relationship between families in the context of
nursery and kindergarten and more particularly in their involvement. This study
describes, analyzes and interprets the observations and interventions done during the two-
year traineeship, based on field notes, theoretical foundations, questionnaires to educators
and families, and personal reflections.
Thus, the objective was to understand how the relationship between the
educational institution and the family is valued and respected in nursery and kindergarten
rooms, that is, to understand the place that families occupy, their forms of involvement
and the role they play in the development of the educational process.
In order to carry out this study, I observed and performed interventions with
pedagogical teams, families and children from four different groups, ranging from 2
months to 6 years. The first two stages of internship were carried out in the first academic
year of the master's degree, having a duration of 10 weeks each. The remaining stages of
the internship were carried out in the second year of the master's program, lasting 2 weeks
each.
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Índice
Introdução ........................................................................................................... 11
3. A Investigação-Ação ...................................................................................... 31
Observação ..................................................................................................... 37
Inquéritos ........................................................................................................ 40
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2.2-Projeto educativo da instituição ............................................................... 50
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1.4-Intervenções em Jardim de Infância – Segundo momento ..................... 116
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Índice de quadros
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Introdução
A escolha do tema para este relatório não foi fácil nem surgiu logo nos primeiros
dias de estágio, pois numa primeira fase eu não consegui entender, de uma forma clara, a
natureza deste relatório e de que forma poderia fazer intervenções nos contextos de
estágio que fossem significativas e benéficas para todos. No fundo eu não queria escolher
um tema que “servisse” apenas para elaborar este relatório. Queria, na verdade, que o meu
trabalho representasse uma melhoria nos contextos de estágio, com benefícios e
aprendizagens para mim, para o meu relatório, para as equipas pedagógicas, crianças e
respetivas famílias.
Por esta razão, estive bastante tempo sem conseguir definir um tema que eu
considerasse pertinente e com qual me identificasse e me sentisse confortável, sendo este
outro aspeto a que dei muita importância, pois tinha consciência de que a elaboração deste
relatório ia demorar vários meses e que ia exigir muito tempo e dedicação da minha parte.
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as famílias da sala. Nesta conversa expliquei à educadora que sentia que as famílias,
apesar de serem muito carinhosas e preocupadas com as crianças, não mostravam muito
interesse no dia-a-dia da sala e no trabalho que era desenvolvido pela equipa pedagógica.
Este era um aspeto que me incomodava bastante porque se por um lado eu sentia que era
fundamental existir um trabalho e uma relação estreita com as famílias, por outro, não
conseguia compreender o porquê de não existir interesse da parte das famílias, naquilo
que acontecia diariamente com as suas crianças.
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No segundo capítulo faço uma apresentação teórica sobre a metodologia utilizada
na elaboração do meu estudo, nomeadamente a investigação qualitativa e a investigação-
ação, complementadas pelos procedimentos de recolha de informação e de tratamento de
dados.
No terceiro capítulo faço uma descrição dos contextos de estágio, onde descrevo
as instituições, os grupos, as equipas pedagógicas e as famílias, respeitando sempre o
anonimato de todas as partes.
No quarto capítulo faço uma descrição e interpretação das intervenções feitas nos
diferentes contextos de estágio, dos meus objetivos, dos pontos fortes e das principais
dificuldades sentidas e como consegui ou tentei ultrapassar essas dificuldades.
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Capítulo I: Quadro teórico de referência
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Neste capítulo farei um enquadramento teórico relativamente à relação da
instituição educativa com a família, ao envolvimento das famílias nas salas e ao papel do
educador de infância na construção desta relação.
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Após o 25 de Abril surgiram várias iniciativas para a criação de respostas para as
necessidades das famílias relativamente ao cuidado das suas crianças, no entanto, “só em
1977 é definida a criação de uma rede oficial de educação pré-escolar.” (Oliveira-
Formosinho & Araújo, 2018, p. 15).
No que diz respeito ao envolvimento das famílias, a Lei Quadro da Educação Pré-
Escolar refere que cabe aos pais e encarregados de educação o seguinte:
Para além deste documento, existe um outro, elaborado pelo mesmo ministério,
onde são descritas as normas de higiene, segurança e correto funcionamento das creches
designado por Manual de processos-chave creche. Este documento refere que “A Creche
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constitui uma das primeiras experiências da criança num sistema organizado, exterior ao
seu círculo familiar, onde irá ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver
determinadas competências e capacidades.” (Social, 2010, p. 1).
No que concerne a esta relação são vários os conceitos que a ela estão associados.
Neste sentido irei apresentar alguns conceitos, nomeadamente o conceito de
envolvimento, parceria, partenariado, colaboração, cooperação e participação de
acordo com alguns autores.
Envolvimento
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da instituição, relacionando-se diretamente com as crianças e com a equipa pedagógica,
no dia-a-dia.
Esta perspetiva é partilha por Hohmann & Weikart (2011) que associam o
conceito de envolvimento ao reconhecimento da importância das famílias e das
experiências vividas em casa. Segundo os autores “quando as crianças escolhem aquilo
com que vão brincar e decidem a forma como vão utilizar os materiais, fazem
frequentemente escolhas que reflectem experiências tidas em casa”. (2011, p. 101)
Tal como Nunes (2004), também Davies (1989) afirma que “o envolvimento dos
pais proporciona múltiplos e diversos benefícios” (1989, p. 37) relativamente às crianças,
aos pais e às equipas pedagógicas.
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Parceria e Partenariado
Para Post & Hohmann (2011) o conceito de parceria implica que tanto a
instituição educativa como as famílias assumam um papel igualmente importante na
educação das crianças, ou seja, são coeducadoras da mesma criança. São parceiras no que
diz respeito à educação e ao desenvolvimento das crianças e reconhecem que ambas
oferecem contributos fundamentais.
Colaboração e cooperação
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Em suma, os autores defendem que na colaboração são definidos objetivos
comuns e todos os elementos trabalham conjuntamente para atingirem esses objetivos,
sem no entanto existir uma divisão de tarefas.
Participação
21
“um conhecimento do meio e das crianças, que é
atualizado, através da recolha de diferentes tipos de informação,
tais como observações registadas pelo/a educador/a, documentos
produzidos no dia a dia do jardim de infância e elementos obtidos
através do contacto com as famílias e outros membros da
comunidade.” (2016, p. 13).
Após a passagem por todas estas fases o educador regressa ao início do ciclo para
passar, novamente, por todas as fases e ir construindo e melhorando a sua prática com o
intuito de ir ao encontro das necessidades e dos interesses do grupo e das famílias.
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“os pais/famílias, como principais responsáveis pela
educação dos filhos/as, têm também o direito de participar no
desenvolvimento do seu percurso pedagógico, não só sendo
informados do que se passa no jardim de infância, como tendo
também a oportunidade de dar contributos que enriqueçam o
planeamento e a avaliação da prática educativa.” (Silva, Marques,
Mata, & Rosa, 2016, p. 16).
Tal como afirma Sousa (2014) “a relação entre famílias e os centros educativos,
como a creche e o jardim-de-infância, nem sempre é fácil.” (2014, p. 5). Tal acontece
devido à existência de múltiplas perspetivas, crenças, princípios e valores que, por vezes,
não são fáceis de gerir e de conciliar.
Assim, o educador deverá ter a capacidade de aceitar as famílias como elas são,
de aceitar as suas críticas e as sugestões, refletindo sobre a sua prática e melhorando-a,
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assumindo que, como profissional de educação, está sempre a aprender e a crescer
profissionalmente, sendo que só é possível fazer novas aprendizagens se assumir que não
sabe tudo e que, por vezes, também erra.
O primeiro passo para a construção de uma relação com as famílias deverá ser,
então, ter abertura para a construir, mesmo estando consciente de todos os “riscos”
inerentes. O educador deverá ter disponibilidade e abertura para conhecer as crianças e
as famílias, pois segundo Fernandes (2011) “é essencial que os educadores conheçam as
crianças e as famílias para que possam escolher e conceber os programas mais ajustados
às necessidades da instituição e das famílias.” (2011, p. 22).
Neste sentido Hohmann & Weikart (2011) afirmam que devemos aceitar e
valorizar as diferenças das famílias, pois “quando escolhemos valorizá-las, damos a nós
próprios autorização para nos aproximarmos dos outros e para aprendermos com eles.”
(2011, p. 121). Assim, as próprias diferenças das famílias poderão originar aprendizagens
significativas para adultos e crianças, dependendo da forma como o educador encara e
gere essas diferenças.
Uma outra estratégia a que o educador deverá recorrer diz respeito à comunicação
com as famílias que deverá ser aberta, honesta e coerente, devendo ter em conta que
comunicamos com o corpo todo, ou seja, “durante as trocas educador-pais, o educador
faz um esforço para estar em sintonia, de modo a que as suas emoções, postura corporal,
expressão facil e tom de voz coincidam com aquilo que está a dizer aos pais.” (Post &
Hohmann, 2011, p. 332). A honestidade é um aspeto fundamental para a construção de
qualquer relação, pois só com honestidade é que existe confiança.
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Os momentos de acolhimento e de regresso às famílias são momentos bastante
importantes, na medida em que, por um lado são os mais frequentes, acontecendo
diariamente e por outro, porque é quando o educador consegue observar melhor as
famílias. Neste sentido, Post & Hohmann (2011) afirmam que é essencial que o educador
reconheça o papel da separação e a sua natureza delicada, tentando transmitir confiança
e segurança, respeitando o tempo e o espaço das famílias. Assim, é fundamental que “os
educadores dêem às crianças e aos pais as boas vindas e as despedidas de uma forma
calorosa e que os apoiem nesse processo de separação e de reencontro.” (Post &
Hohmann, 2011, p. 213).
Para além do contacto diário com as famílias, estas também poderão ser
convidadas para participarem em atividades/eventos organizados pela escola ou mesmo
para estarem envolvidas na própria organização dessas ativiades/eventos, dando os seus
contributos e sugestões. De acordo com Fernandes (2011) “a creche e o jardim-de-
infância têm uma função muito importante, ao disponibilizar e promover a participação e
colaboração dos pais de diversas formas”. (2011, p. 17). A mesma autora refere ainda que
“estas formas de envolver os pais devem adaptar-se às características e necessidades das
famílias.” (2011, p. 17).
Esta ideia é partilhada por Matos (2012) que afirma que “a possibilidade de dar a
vez e a voz às famílias é uma mais valia das reuniões e a efetivação do direito à
participação.” (2012, p. 48).
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Independentemente da forma como o educador de infância contacta com as
famílias, seja formal ou informalmente, é fundamental criar um ambiente acolhedor para
as famílias e estabelecer um clima de apoio, confiança e respeito mútuo, onde todos se
sintam desejados e bem vindos à sala.
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Capítulo II: Metodologia
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Neste capítulo faço uma apresentação teórica do papel do professor enquanto
investigador, da investigação qualitativa, da investigação-ação e, por último, farei uma
apresentação dos procedimentos de recolha de informação e de tratamento de dados,
articulando com o estudo em questão.
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a questões prévias ou de testar hipóteses. Privilegia , essencialmente, a compreensão dos
comportamentos a partir da perspetiva dos sujeitos da investigação.” (Bogdan & Biklen,
2013, p. 16).
Isto significa que o investigador deverá introduzir-se nos contextos que pretende
investigar, durante bastante tempo, com o intuito de conhecer melhor o seu objeto de
estudo, através do que observa e vai registando, muitas vezes apenas através de um bloco
de apontamentos que, mais tarde, irá analisar e interpretar o que sentiu e experienciou nos
locais de estudo. Assim, na investigação qualitativa a principal fonte de dados é o local
de estudo, onde tudo acontece de forma natural e em tempo real, pois os investigadores
“entendem que as ações podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu
ambiente natural de ocorrência.” (Bogdan & Biklen, 2013, p. 48).
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• A investigação qualitativa é descritiva.
Isto significa que os dados são recolhidos através de palavras e/ou imagens e não
através de números, ou seja, todos os dados constituem descrições do local e do objeto de
estudo, tendo em conta aquilo que foi observado e experienciado no contexto. Na
investigação qualitativa a recolha de dados pode ser feita através de fotografias, vídeos,
entrevistas, notas de campo, documentos e/ou registos oficiais. Os investigadores
procuram ser minuciosos na recolha de dados, valorizando todos os pormenores, com o
intuito de não deixar escapar aspetos importantes e de compreender melhor o que está a
investigar. Assim, o investigador tem consciência de que “tudo tem potencial para
constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do
nosso objeto de estudo.” (Bogdan & Biklen, 2013, p. 49).
Isto significa que os dados recolhidos não têm como objetivo provar ou confirmar
determinada hipótese anteriormente formulada, ou seja, conforme os dados vão sendo
recolhidos e analisados, a investigação vai ganhando forma, vai sendo construída com
dados cada vez mais específicos. Assim, ao longo da sua investigação o investigador vai
aprofundando e interpretando o que observa e experiencia, tornando-a cada vez mais
minuciosa e concreta, isto é, “o processo de análise de dados é como um funil: as coisas
estão abertas ao início (ou no topo) e vão-se tornando mais fechadas e específicas no
extremo.” (Bogdan & Biklen, 2013, p. 50).
30
sentido que dão às suas vidas e a determinadas situações. Assim, o investigador procura
perceber a forma como as pessoas interpretam e encaram os acontecimentos,
reconhecendo e valorizando os diferentes pontos de vista, tendo em conta que ouvir os
participantes permite compreender melhor o objeto de estudo pois, “ao apreender as
perspetivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna
das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível para o observador exterior.”
(Bogdan & Biklen, 2013, p. 50).
3. A Investigação-Ação
A mesma autora refere que ambas as investigações podem ser utilizadas no campo
educativo, sendo uma poderá complementar a outra com o intuito de melhorar as
condições do contexto estudado. No entanto, a mesma autora reconhece que a mudança
poderá ser complexa, pois “pode estar a pôr em conflito as suas crenças, estilos de vida e
comportamentos.” (2005, p. 128). Apesar deste aspeto, a autora refere que “a
investigação-ação, como produtora de conhecimentos sobre a realidade, pode constituir-
se como um processo de construção de novas realidades sobre o ensino, pondo em causa
os modos de pensar e de agir das nossas comunidades educativas.” (2005, p. 130).
31
organização ou programa”. (2009, p. 72). A vertente da investigação tem como objetivo
a compreensão por parte do investigador, relativamente ao contexto que está a estudar,
ou seja, conhecer a realidade das pessoas e/ou organização que está a estudar e a forma
como se organizam e funcionam.
32
Ainda de acordo com Coutinho et al. (2009) a investigação-ação possui ainda três
modalidades, sendo elas: técnica, prática e emancipadora ou crítica.
Tal como Coutinho et al. (2009), também Amado (2014) defende que existem
diferentes modalidades na investigação-ação, no entanto, para o autor existem apenas
duas, sendo elas:
33
por um lado, e investigados com o seu conhecimento local e da prática,
por outro”. (Amado, 2014, p. 191).
Tal como Cardoso (2014) também Fernandes (2006) defende que a investigação-
ação tem como base uma espiral de ciclos que envolvem a planificação, ação, a
observação e reflexão. Assim, o autor defende que “a Investigação-acção deve estar
definida por um plano de investigação e um plano de acção, tudo isto suportado por um
conjunto de métodos e regras. São as chamadas fases neste processo metodológico.” (p.
73). As fases do processo metodológico encontram-se no esquema apresentado em baixo.
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Figura 1 - Espiral auto-reflexiva lewiniana. Fonte: Santos et al (2004), in Fernandes
(2006, p.75)
Seguidamente surge a fase da ação, sendo que é nesta fase que o investigador vai
colocar em prática o plano de ação definido na fase anteior. Nesta fase o investigador
coloca em prática as estratégias, previamente definidas e observa os seus
efeitos/resultados. Inerente a esta fase, surge a fase da reflexão, em que o investigador
vai refletir sobre as sua sintervenções e sobre os efeitos/resultados observados, retirando
algumas conclusões. É nesta fase que o investigador procura compreender se a situação
problema ficou resolvida ou se é necessário iniciar um novo ciclo de investigação com
um novo plano de ação e novas estratégias.
35
Após a execução destas quatro fases, o investigador poderá dar a investigação por
terminada ou poderá voltar ao início, repetindo todo o ciclo, ou seja, através das primeiras
conclusões retiradas, poderá iniciar a espiral de investigação seguindo outro caminho,
passando novamente pela planificação, pela ação, pela observação e pela reflexão e assim
sucessivamente, até que considere que a sua investigação está terminada.
Para Bogdan & Biklen (2013) o campo de trabalho é definido como “os locais
onde os sujeitos se entregam às suas tarefas quotidianas, sendo estes ambientes naturais,
por excelência, o objeto de estudo dos investigadores.” (2013, p. 113).
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Para a elaboração do meu relatório recorri a algumas técnicas e procedimentos de
recolha de informação, nomeadamente, à observação, às notas de campo, ao registo
fotográfico, inquéritos e pesquisa documental.
Observação
Observação participante
37
elaborar”, (2013, p. 125), ou seja, o investigador deverá respeitar as limitações do local
onde está inserido, tentando encontrar soluções para continuar a sua investigação.
Notas de campo
De acordo com Bogdan & Biklen (2013) as notas de campo possuem duas partes,
sendo a primeira uma parte descritiva, cujo “objetivo é captar uma fatia da vida”, (2013,
p. 152) sendo esta a parte mais extensa das notas de campo. Na parte descritiva o
investigador procura fazer um registo detalhado do que observou no local, dos diálogos
que ouviu, das pessoas e das ações que observou. A segunda parte das notas de campo
consiste numa reflexão feita pelo investigador, onde estão incluídos os seus sentimentos,
as suas ideias e o seu ponto de vista, ou seja, “a ênfase é na especulação, sentimentos,
problemas, ideias, palpites, impressões e preconceitos.” (Bogdan & Biklen, 2013, p. 165).
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momento em que ocorrem, as notas de campos constituem “anotações condensadas”, ou
seja, são pequenas anotações, palavras-chave ou frases, de algo que está a ser observado
no momento e que, posteriormente, o investigador irá desenvolver e registar de forma
mais detalhada. No momento pós ocorrência, as notas de campo constituem “anotações
mais extensas”, ou seja, as notas de campos, registadas sob a forma de pequenas
anotações, tornam-se mais precisas, detalhadas e reflexivas. Este momento deverá ser
feito o mais cedo possível, enquanto os acontecimentos estão bastante presentes na
memória do investigador.
De acordo com Bogdan & Biklen (2013) as notas de campo podem originar em
cada estudo um diário pessoal que ajuda o investigador a acompanhar o desenvolvimento
do projeto (…).” (2013, p. 151). Assim, através das notas de campo, o investigador poderá
compreender melhor, a forma como os acontecimentos vão surgindo, ao longo de todo o
processo.
Nos contextos de estágio em que estive, pela sua natureza, era bastante difícil
registar notas de campo, no momento exato em que os acontecimentos surgiam. Assim,
os meus registos eram feito nas horas de almoço, em formato de pequenas anotações e,
posteriormente, já em casa, reconstruia as notas de campo, fazendo descições mais
detalhadas dos acontecimentos e refletindo sobre eles.
Registo fotográfico
Segundo Bogdan & Biklen (2013) “as fotografias dão-nos fortes dados
descritivos, são muitas vezes utilizadas para compreender o subjetivo e são
frequentemente analisadas indutivamente.” (2013, p. 183). As fotografias ajudam o
investigador a analisar e a compreender os detalhes do local de estudo, explorando, muitas
vezes, aspetos que escaparam no decorrer da observação, ou seja as fotografias podem
ser utilizadas “como um meio de lembrar e estudar detalhes que poderiam ser descurados
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se uma imagem fotográfica não estivesse disponível para os refletir.” (Bogdan & Biklen,
2013, p. 189).
Nos contextos de estágio optei por recorrer às fotografias para fazer o registo de
algumas intervenções, no entanto, a maioria das intervenções não têm registo fotográfico,
pois foram intervenções de natureza espontanea, que surgiram, sobretudo no momento do
acolhimento, com uma riqueza de palavras e ações que nenhuma fotografia consegue
registar.
Inquéritos
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As entrevistas permitem ao investigador compreender o significado que os
participantes atribuem aos acontecimentos, ou seja, permitem ao investigador
“desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam
aspetos do mundo.” (Bogdan & Biklen, 2013, p. 134).
Segundo Bogdan & Biklen (2013) as entrevistas podem variar consoante o grau
de estruturação, podendo ser estruturada, semiestruturada ou não estruturada.
Uma vez que nos inquéritos por questionário o entrevistador não está presente, é
fulcral que as perguntas sejam claras e estejam corretamente estruturadas, pois o
entrevistador não estará presente para esclarecer eventuais dúvidas.
De acordo com Carmo & Ferreira (2008) existem vários tipos de perguntas que
integram um inquérito por questionário, sendo elas:
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• Perguntas de informação – Estas questões têm como objetivo recolher
as opiniões dos inquiridos.
42
À semelhança das educadoras cooperantes, também foram feitos inquéritos por
questionário às famílias com o intuito de compreender melhor as suas conceções
relativamente ao seu envolvimento. (Ver apêndice VI). Os inquéritos foram enviados às
famílias através dos cadernos de recados das crianças.
Pesquisa documental
Após a recolha dos dados é fundamental fazer o seu tratamento para que seja
possível compreender melhor aquilo que se está a estudar, ou seja, o objeto de estudo, a
comunidade e/ou a organização.
De acordo com Bogdan & Biklen (2013) este processo desenvolve-se através de
categorias de codificação elaboradas pelo investigador num sistema de codificação. Este
sistema de codificação caracteriza-se pela procura de semelhanças e repetições existentes
nos dados recolhidos e, posteriormente, no seu reagrupamento de acordo com as
caracteristicas que são comuns.
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categorias de codificação e têm como objetivo classificar os dados recolhidos “de forma
a que o material contido num determinado tópico possa ser fisicamente apartado dos
outros dados.” (2013, p. 121).
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• Códigos de atividade – Os códigos de atividade são utilizados para
agrupar dados que digam respeito a acontecimentos que acontecem com
regularidade.
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Capítulo III: Caracterização dos contextos
de estágio
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1-Caracterização dos contextos de estágio
Neste ponto irei apresentar uma caracterização dos contextos educativos onde os
estágios foram realizados, nas valências de creche e de jardim-de-infância. Por questões
éticas, será mantido o anonimato de todos os intervenientes, nomeadamente, das
instituições, das educadoras de infância cooperantes, dos grupos de crianças e das suas
famílias. Assim, daqui em diante, irei nomear as instituições por instituição A – Creche
e instituição B – Jardim de Infância.
47
sobretudo, por ser uma instituição pertencente à rede pública e ser este o horário da
educadora cooperante.
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2.1-Infraestruturas e espaço físico da instituição
Sala de berçário
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lúdicas e pedagógicas. Esta sala tem dimensões um pouco superiores à sala de atividades
I, exatamente por poder receber um maior número de crianças.
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O tema apresentado no Projeto Educativo tem como título “A Crescer e a Brincar
o Planeta vamos ajudar” cujo objetivo é despertar nas crianças e nas suas famílias o
interesse pelo meio ambiente, pela sua preservação e, também, a paixão pela natureza,
tendo em conta que é a brincar e a explorar o mundo que a rodeia que a criança aprende.
Esta temática deverá ser desenvolvida em conjunto com as famílias e com a comunidade.
(Projeto Educativo 2016/2020).
A equipa educativa da instituição é constituída por uma diretora técnica que, para
além destas funções, assume também o cargo de educadora de infância responsável pela
sala de berçário. É também constituída por mais duas educadoras de infância, uma para
cada sala, quatro ajudantes de ação educativa, sendo que duas são para o berçário e as
restantes dividem-se pelas outras duas salas e uma auxiliar de serviços gerais, que presta
apoio na hora do almoço e efetua as limpezas gerais da instituição. Como elementos da
equipa, são ainda considerados no projeto educativo da instituição, o professor de música
e a técnica superior de educação especial e reabilitação.
51
2.4-Equipa pedagógica da sala
52
expetativas em relação ao trabalho a desenvolver na sala e a fazer propostas de atividades
e novas sugestões sempre que considerarem pertinente. (Projeto Pedagógico de Sala
2016/2017).
53
momentos informais e das datas festivas, o preenchimento de uma ficha de diagnóstico,
no início do ano letivo, a partilha de ideias, sugestões e expetativas relativamente ao
trabalho que se pretende desenvolver em sala, a participação em atividades, momentos
informais, conversas, brincadeiras, entre outros, sempre que as famílias sentirem
necessidade e/ou vontade.
54
Quando iniciei este momento de estágio e tal como foi referido anteriormente, das
dezassete crianças do grupo, três encontravam-se pela primeira vez na creche e, por essa
razão, ainda estavam em processo de adaptação. Estas três crianças, dois meninos e uma
menina, tinham estado sempre em casa com a mãe ou com os avós. Relativamente à
menina e a um dos meninos, a adaptação decorreu de forma tranquila, sem grandes
dificuldades, tornando o momento do acolhimento cada vez mais natural e tranquilo para
ambas as crianças e para as suas famílias.
No que diz respeito ao outro menino, também em adaptação, este processo foi um
pouco mais complicado, pois apesar de todas as estratégias utilizadas pela educadora,
desde o dar tempo e espaço, dar colo e mimo, conversar, estimular uma brincadeira, entre
outras, nenhuma surtiu efeito e esta criança chorava durante todo o dia pela mãe. Apesar
de ter sido um processo lento, mas com progressos ao longo do tempo, este menino não
chegou a terminar o processo de adaptação nesta instituição, uma vez que, algum tempo
depois, a sua família, por motivos profissionais, mudou-se para outro país e, como tal, o
menino deixou de frequentar esta instituição.
55
dez meses. Destas cinco crianças, duas eram do sexo feminino e três eram do sexo
masculino. Pelas suas idades, todas as crianças encontravam-se a frequentar a creche pela
primeira vez, sendo que duas tinham irmãos, também a frequentar a creche. Neste grupo
quatro crianças viviam com a mãe e com o pai (alguns com irmãos) e uma vivia em
contexto de família alargada.
56
e como era de esperar, ainda não existia uma relação estabelecida entre a equipa
pedagógica e as famílias. Assim, a principal preocupação da educadora era começar a
construir os primeiros alicerces desta relação, mantendo algumas estratégias, como por
exemplo, convidando as famílias a entrarem na sala e a ficarem o tempo que considerarem
necessário, incentivando a partilha de informações, de momentos e/ou dúvidas,
procurando ouvir as famílias e perceber quais eram as suas expetativas e os seus receios
em relação à escola, transmitindo, em simultâneo, confiança e segurança.
57
O momento do acolhimento era considerado um momento bastante delicado, não
por ser complicado, mas pela sua natureza, por ser o momento de separação entre as
crianças e as famílias. Por esta razão, era um momento bastante respeitado pela equipa
pedagógica, quer estivesse completa ou apenas com um dos elementos na sala. Este
momento era feito, tanto pela educadora como pela ajudante de ação educativa, pois a
maioria das crianças chegava à creche a partir das 9h, hora em que já se encontravam os
dois elementos da equipa pedagógica na sala. As crianças que chegavam mais cedo, eram
recebidas pela ajudante da sala ou por outra ajudante que estivesse a fazer o acolhimento
no dia. No momento do acolhimento era dado tempo, às crianças e às famílias, para se
poderem despedir tranquilamente, sem pressa ou imposições feitas pela equipa
pedagógica, evitando que este momento fosse demasiado duro para as crianças e/ou para
as suas famílias. Dentro daquilo que foi possível observar durante este estágio, este
momento era bastante tranquilo, as crianças entravam na sala, após as despedidas, felizes,
pelo seu próprio pé e sem choro ou ansiedade.
O momento do Bom Dia era feito, em conjunto, pela educadora e pela ajudante
de ação educativa. Durante este momento, as crianças estavam sentadas no chão, em roda,
era cantada a canção do Bom Dia, a educadora dizia bom dia a cada criança que logo de
seguida respondia bom dia, contavam quantas crianças estavam e quem faltava. Por vezes,
consoante a capacidade de concentração do grupo naquele dia, era contada uma história,
com recurso a um livro ou ao flanelógrafo. Se chegasse alguma criança durante este
momento, a ajudante ia receber a crianças que, rapidamente, se juntava ao grupo para
participar neste momento.
• Acolhimento
59
• Exploração e interação com o espaço, materiais e pessoas (adultos e
crianças)
• Higiene
• Refeição
• Repouso
• Regresso à família
Na área dos livros era possível encontrar um colchão com almofadas, alguns
livros, no entanto, eram poucos os livros que eram adaptados a esta faixa etária, sendo
este um aspeto reconhecido pela educadora. A maioria dos livros tinha muitas páginas e
folhas fáceis de rasgar. A área dos livros era a área menos escolhida pelas crianças para
brincar, talvez pela razão enunciada em cima. Esta área, pelas razões já referidas,
encontrava-se em mau estado de conservação (livros rasgados).
A área da casinha era a área preferida das crianças e a mais escolhida para
brincar. Nesta área era possível encontrar copos, pratos, talheres, tolhas de mesa, aventais,
panelas de brincar, bonecas, camas, banheiras e carrinho de bonecas, panos de cozinha,
telefones e fotografias das famílias das crianças. Esta área encontrava-se em bom estado
de conservação e segurança.
Na área dos jogos e construções era possível encontrar diversos jogos adaptados
à faixa etária do grupo, uma mesa e cadeiras, blocos de construções, animais de brincar e
um comboio com uma pista. Esta área encontrava-se em bom estado de segurança e
conservação.
Para além das áreas e dos materiais descritos em cima, existia também uma
bancada com lavatório, um armário de arrumação e catres para o repouso das crianças.
Por último, ao lado da sala, existia uma copa de leite, onde eram preparadas todas
as papas e os leites dos bebés. Assim, na copa existia um frigorífico, um micro-ondas,
61
uma placa elétrica, um lavatório, um termo, um esterilizador de biberões e uma cafeteira
elétrica. Por uma questão de higiene e segurança, todos os biberões, são lavados,
esterilizados e guardados no frigorífico, de modo a evitar a propagação de bactérias. Esta
instituição aceita receber leite materno, caso fosse opção da família, sendo este
cuidadosamente armazenado.
62
Tal como referido anteriormente, a instituição B funcionava em simultâneo com
as valências de jardim-de-infância e 1º ciclo do ensino básico. Assim, a instituição B tinha
seis salas destinadas ao 1º ciclo e uma sala destinada ao jardim-de-infância, divididas
pelos dois pisos da instituição.
No piso 0 existia uma sala de aulas (1º ciclo), uma sala de jardim-de-infância, uma
biblioteca escolar, um refeitório onde almoçavam todas as crianças da instituição, uma
cozinha onde eram preparadas as refeições, instalações sanitárias utilizadas pelas duas
valências, instalações sanitárias adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, um
ginásio disponível para as duas valências, algumas arrecadações e uma sala de professores
com um frigorífico, um micro-ondas, máquina de café, sofás, mesa e cadeiras, arquivos e
instalações sanitárias.
O Projeto Curricular do Agrupamento, que não refere o ano letivo a que se destina
mas é o que se encontra atualmente disponível online para poder ser consultado, baseia-
se nas orientações prestadas pela Lei de Base do Sistema Educativo e, sendo bastante
63
extenso, apresenta de uma forma bastante estruturada os princípios educativos do
agrupamento, as competências das diferentes áreas disciplinares e não disciplinares, as
prioridades e opções curriculares para os diferentes níveis de ensino e respetivas
disciplinas, as medidas de diferenciação pedagógicas, as matrizes curriculares, as
diretrizes e metodologias, a calendarização e a avaliação.
Para além do pessoal docente e dos funcionários, a instituição B têm ainda o apoio
de uma psicóloga, que desempenha funções em todos os estabelecimentos de ensino do
agrupamento e um conjunto de cozinheiras pertencentes a uma empresa.
64
Uma vez que, no quarto momento de estágio, a instituição passou a ter mais uma
sala de jardim-de-infância, a equipa educativa da instituição aumento passando a ter maus
uma educadora de infância e uma assistente operacional.
No que diz respeito à equipa pedagógica da sala, esta é constituída por três
elementos, uma educadora de infância e duas assistentes operacionais, sendo que uma
apenas está presente após as 16h. A educadora de infância é licenciada em Educação de
Infância pela Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich. As assistentes
operacionais possuem o 12º ano.
No que diz respeito aos horários, a educadora de infância fazia o horário das 9h
às 15h, com 1h de almoço e a assistente operacional permanente fazia o horário das 8h30
às 16h30, com 1h de almoço. A segunda assistente operacional fazia o horário das 16h às
18h30.
A equipa da sala procurava reunir com alguma frequência para conversar sobre
aspetos relacionados com a sala e com o grupo, sendo as conversas informais, ocorridas
no dia-a-dia, as mais utilizadas.
65
Pedagógico de Sala é também referido que este é feito tendo como base as Orientações
Curriculares para a Educação Pré-Escolar, colocando o grupo de crianças e as suas
necessidades do centro da prática educativa. “Este projeto é elaborado de acordo com o
perfil do grupo e da sua avaliação diagnóstica, que será sempre um ato de reflexão em
contexto educativo tendo em conta todas as condicionantes e potencialidades dos recursos
humanos e materiais”. (Projeto Pedagógico de Sala 2016/2017, p. 2).
No Projeto Pedagógico de Sala, para além das famílias, são referidos também
como parceiros, as assistentes operacionais, focando a importância de uma boa relação
com as mesmas, os docentes do 1º ciclo, na medida em que se pretende desenvolver
atividades conjuntas e toda a comunidade educativa, referindo que esta articulação será
feita através de um blogue de sala.
No que diz respeito à avaliação, o Projeto Pedagógico de Sala faz referência a dois
tipos de avaliação, sendo eles, a avaliação das crianças e a avaliação do projeto. Segundo
o projeto, a avaliação das crianças deverá ser feita através de um portefólio individual,
66
tendo sempre que conta que “a avaliação é sempre um processo contínuo que parte de
uma avaliação diagnóstica realizada no início do ano letivo”. (Projeto Pedagógico de Sala
2016/2017, p. 16).
A temática a ser trabalhada também mudou, tendo agora o nome de “Eu cresço,
eu consigo” apesar dos objetivos principais serem bastante semelhantes. Esta temática
vai, à semelhança do ano letivo anterior, ao encontro do projeto delineado pelo
Departamento Curricular de Educação Pré-Escolar do agrupamento e pretende dar
resposta ao Projeto Curricular do Agrupamento.
Destas vinte e uma crianças, apenas duas frequentavam esta instituição pela
segunda vez, as restantes dezanove frequentavam a instituição pela primeira vez. Neste
grupo, nove crianças já tinham frequentado outras instituições por dois anos, oito crianças
por um ano e quatro crianças era a primeira vez que frequentavam uma instituição, tendo
estado em casa com a mãe ou com os avós. Com exceção das duas crianças que já
frequentavam a instituição, no ano letivo anterior, todas as outras estavam com a equipa
pedagógica pela primeira vez.
67
Relativamente aos contextos familiares, neste grupo, catorze crianças tinham
irmãos, dezassete crianças viviam com a mãe e com o pai e quatro crianças eram
provenientes de famílias monoparentais. No que diz respeito às habilitações literárias das
famílias, estas variam entre o 6º ano de escolaridade e o ensino superior, sendo que a
maioria situa-se no 12º ano de escolaridade. Cinco famílias possuem um dos elementos
do agregado familiar em situação de desemprego. Em termos socioeconómicos, das vinte
e uma crianças, onze recebem apoio.
De um modo geral era um grupo que gostava de brincar no recreio, ouvir música,
dançar e cantar, fazer trabalhos manuais e demonstrava ter uma grande curiosidade e
interesse em trabalhar no computador existente na sala. Segundo a educadora, era um
grupo que, no início do ano letivo, tinha muita dificuldade em ouvir, esperar pela sua vez,
respeitar os outros e as regras da sala e arrumar os brinquedos.
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anos, formando assim um grupo heterogéneo. Das vinte e cinco crianças, doze eram do
sexo feminino e treze eram do sexo masculino.
A maioria das crianças do grupo frequentava a instituição pela primeira vez, sendo
que apenas duas frequentavam pela segunda vez. Neste grupo, quinze crianças já tinham
frequentado outras instituições de educação pré-escolar e dez crianças frequentavam pela
primeira vez, sendo por isso, provenientes de meio familiar. Neste grupo, com exceção
das duas crianças que frequentavam a instituição pela segunda vez, todas as crianças
estavam com a equipa pedagógica pela primeira vez.
Por ser o início do ano letivo e, tendo em conta que quase todas as crianças
frequentavam a instituição pela primeira vez, durante este momento de estágio, pude
observar a fase da adaptação que, de um modo geral, decorria de forma natural e tranquila,
69
havendo apenas uma criança com alguma dificuldade. Esta criança não só frequentava
esta instituição pela primeira vez, como era a primeira vez que frequentava um
estabelecimento de ensino, tendo estado até a este momento, em casa com a família. As
estratégias utilizadas para apoiar as crianças durante o período de adaptação eram,
segundo a educadora, semelhantes às estratégias utilizadas no ano letivo anterior.
O momento do Bom Dia era feito pela educadora, com o grupo sentado em roda,
na área do tapete. Este momento funcionava como um género de ritual de bom dia, em
que, primeiramente, era cantada uma canção, de seguida o ajudante do bom dia (definido
às segundas feiras) iniciava, no calendário, a contagem dos dias do mês até ao dia certo
(1 a 31, consoante o mês), identificava o dia do mês e da semana, o ano, as condições
1
As crianças que frequentavam as Atividades de Animação e de Apoio à Família
permaneciam até às 17h as restantes saíam às 15h.
71
meteorológicas e a estação do ano. Por último eram contadas as novidades e mostrados
os brinquedos trazidos de casa que, posteriormente, eram colocados no cesto dos
brinquedos de casa. Todas as manhãs, à medida que as crianças iam chegando, cada uma
marcava a sua presença, no mapa das presenças.
Ainda no tapete, a educadora explicava ao grupo o que iam fazer durante o dia. Se
estivesse planificada alguma atividade estruturada, o grupo sentava-se à mesa, caso
contrário, se a atividade fosse brincadeira livre, o ajudante do bom dia distribuía os
cartões pelas restantes crianças e cada uma escolhia uma área para brincar.
Durante a brincadeira livre, cada criança podia escolher livremente uma área,
desde que ainda estivesse livre, pois as áreas tinham limite máximo de crianças. Após a
escolha da área, as crianças colocavam os seus cartões individuais (com nome e desenho)
no mapa existente em cada área. No final deste momento, o grupo reunia-se para que cada
individualmente ou em pequenos grupos, apresentassem aos colegas o trabalho que
estiveram a desenvolver, quer fosse um desenho, uma colagem ou uma construção, pois
todos os trabalhos/momentos de brincadeira eram valorizados.
O momento das refeições era feito, apenas, pela assistente operacional, uma vez
que a educadora não estava presente durante a hora do almoço nem durante o lanche. O
almoço era feito no refeitório da instituição e o lanche era feito na sala.
72
O momento da brincadeira do exterior era um dos momentos mais apreciados
pelo grupo, sendo que a atividade preferida, no exterior, era simplesmente correr. Para
além de correr, as crianças gostavam de brincar no escorrega e jogar à bola. Este momento
era feito, maioritariamente, pela assistente operacional, sendo que a educadora estava
mais presente na brincadeira no exterior, depois do período do almoço.
Para além destes momentos da rotina, uma vez por semana, o grupo dirigia-se à
biblioteca da instituição para ouvir uma história, fazer algumas atividades e requisitar
livros. Este momento era feito por uma professora específica e era acompanhado pela
educadora e pela assistente operacional.
73
3.8-Organização do espaço e materiais
A área do computador era uma das áreas preferidas das crianças e tinha um
computador, uma impressora, colunas, alguns jogos, acesso à internet, uma secretária e
duas cadeiras. Nesta área podiam estar, no máximo, duas crianças. Esta área tinha uma
utilização quase autónoma por parte das crianças, sendo necessário existir uma supervisão
por parte do adulto, sobretudo, em utilizações ligadas à internet. Esta área encontrava-se
em bom estado de segurança e conservação.
Na área das construções era possível encontrar diversos jogos de encaixe, blocos,
animais e carrinhos. Nesta área existia também um tapete, com estradas desenhadas
podiam estar, no máximo seis crianças. Esta área estava em bom estado de segurança e
conservação e tinha uma utilização autónoma por parte das crianças. O espaço físico desta
área, era também utilizado para os momentos da área do tapete.
A área do tapete era utilizada diariamente para iniciar o dia, com o ritual de bom
dia, cantar canções, conversar e para fazer comunicações. Nesta área existia um tapete e
alguns instrumentos reguladores, como por exemplo, o mapa das presenças, o mapa do
calendário, meteorologia e estação do ano, mapa das tarefas e mapa do “Gostei e não
gostei”. Nesta área, pela sua natureza, não existia qualquer limite máximo de crianças e
encontrava-se em excelente estado de conservação e segurança.
74
Na área das ciências existia uma mesa, cadeiras, uma mini estufa, sementes,
lupas, balança, pinças, lápis, óculos, materiais de registo e frascos. Para a utilização
completa desta área, cada criança tinha um bloco onde iam registando as suas
observações. Esta área tinha uma utilização autónoma por parte das crianças e podiam
estar, no máximo, duas crianças. Por ser uma área relativamente recente, esta área estava
em excelente estado de conservação e segurança.
A área da casinha era uma das áreas preferidas das crianças e tinha bonecas,
carrinho, cama e banheira de bonecas, mobiliário de cozinha, tábua e ferro de engomar
de brincar, alimentos de plástico, mesa e cadeiras, um telefone, uma casinha de bonecas,
um espelho e alguns fatos/disfarces. Esta área tinha equipamentos antigos mas em bom
estado de conservação e segurança. Nesta área existia uma utilização autónoma por parte
das crianças e podiam estar, no máximo, oito crianças.
Na área dos jogos de mesa existia uma mesa e cadeiras, jogos de encaixe,
puzzles, enfiamentos, entre outros. Esta área tinha uma utilização autónoma por parte das
crianças, sendo uma área pouco escolhida para brincar. Apesar dos jogos serem antigos,
encontravam-se em bom estado de segurança e conservação. Nesta área não existia limite
máximo de crianças.
A área da biblioteca era uma das áreas menos escolhidas pelas crianças e era
constituída por sofás, livros, fantoches e teatrinho de fantoches. Os materiais existentes
tinham alguns anos, no entanto, ainda estavam em bom estado de conservação e
75
segurança. Esta área tinha uma utilização autónoma por parte das crianças e podiam estar,
no, máximo, quatro crianças.
Para além destas áreas, a sala tinha também, uma bancada com lavatório, uma
estante com os portefólios de cada criança, gavetas individuais, um móvel com diversos
materiais, como por exemplo, cartolinas, papel creme, papel autocolante, entre outros e
um armário com materiais utilizados pelos adultos.
4.1-Contexto de creche
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Como aspetos variantes, o primeiro aspeto a destacar é o grupo de crianças que
sofreu alterações na íntegra, uma vez que, no ano anterior a educadora estava com um
grupo de 24/36 meses, este ano regressou à sala de berçário, passando a ter um grupo
novo. Outros aspetos variantes são a faixa etária e o número de crianças do grupo, pois
no ano anterior, o grupo tinha dezassete crianças entre os 24 e os 36 meses e, este ano,
passou a ter cinco crianças entre os dois e os dez meses. Como consequência da alteração
do grupo, também as famílias das crianças alteraram, sendo este outro aspeto variante.
Outro aspeto variante diz respeito ao espaço físico, mais especificamente a sala,
pois como a educadora mudou de grupo e de faixa etária, passou a estar na sala destinada
ao grupo de berçário. Como consequência dos últimos aspetos referidos, também a
organização do espaço e dos materiais sofreu alterações, estando agora a sala e a rotina
adaptadas à faixa etária do grupo de crianças que, como é natural, apresentava
necessidades e interesses muito diferentes. Nesta sala não existia uma rotina de grupo,
pois eram crianças muito pequenas, com ritmos de desenvolvimento diferentes e, por essa
razão, cada bebé tinha a sua rotina, sendo que este aspeto era bastante respeitado por toda
a equipa pedagógica. No que diz respeito ao espaço e aos materiais, enquanto na sala
anterior existiam mesas, cadeiras e a organização era feita por áreas, na sala de berçário
não existiam áreas e foi possível encontrar materiais adequados a esta faixa etária,
nomeadamente, espreguiçadeiras, tapetes de atividades, jogos e brinquedos destinados à
idade do grupo e cadeiras de alimentação. Nesta sala passaram a existir espaços próprios,
como um fraldário e uma copa de leites.
77
No que diz respeito à relação com as famílias também verifiquei algumas
alterações, na medida em que as famílias eram novas e, por essa razão, ainda não existia
qualquer relação estabelecida entre a equipa pedagógica e as famílias das crianças. Na
instituição A as educadoras acompanham os grupos desde a sala de berçário até à sala dos
24/36 meses. Neste caso, a educadora já conhecia bem a maioria das famílias, tendo já
uma relação estabelecida e, por essa razão, a principal preocupação era manter as famílias
envolvidas e presentes na sala.
78
4.2-Contexto de jardim-de-infância
Outro aspeto variante observado foi o facto de todas as crianças estarem em fase
de adaptação, tendo verificado alguma preocupação, por parte da equipa pedagógica,
relativamente a este aspeto, mais do que planificar e realizar atividades. Outro aspeto que
79
considero ter alguma influência na prática da educadora é o facto de, este ano, existirem
duas salas de jardim-de-infância e uma nova equipa pedagógica, passando a existir algum
trabalho em parceria com a outra sala.
No que diz respeito às famílias, apesar de terem alterado por completo, a pouca
relação existente com as famílias manteve-se. À semelhança do ano anterior, o
acolhimento continuava a ser feito, maioritariamente, pela assistente operacional, pois
quando a educadora chagava, já a maioria das crianças estavam na sala, não existindo
assim contacto direto com as famílias no dia-a-dia. Este ano verifiquei que a educadora
estava menos flexível, relativamente à hora de chegada das crianças até determinada hora.
Até ao momento não tinha sido enviado qualquer trabalho para as crianças fazerem em
casa com as famílias.
5.1-Contexto de Creche
80
Durante o segundo momento de estágio e, sobretudo, após o seu término, percebi
que esta mudança foi uma mais-valia, pois permitiu-me conhecer uma realidade bastante
delicada que é, não só a adaptação de um bebé tão pequeno e da sua família à creche mas
também o início da construção de uma relação entre educadora de infância/equipa
pedagógica e as famílias. Felizmente, a experiência neste contexto foi bastante positiva e
permitiu-me ficar bastante elucidada relativamente à natureza desta relação que implica
bastante trabalho e transmissão de segurança, conforto e tranquilidade. Assim, considero
que esta experiência, tão assustadora ao início, tornou-se bastante rica para a construção
do meu relatório.
Outro aspeto que me deixava muito nervosa era a questão do meu papel no local
de estágio, ou seja, a sensação de “ser só a estagiária” e que, por essa razão, as famílias
não sentissem tanta confiança em mim para deixar o seu bebé. Não quero com isto dizer
que a equipa pedagógica tenha feito com que me sentisse assim, antes pelo contrário, mas
por serem bebés tão pequenos e, pensando muitas vezes como seria se estivesse no lugar
das famílias, tinha bastante receio que me vissem como alguém que ainda não estava
preparado para cuidar dos bebés, por ainda ser estagiária.
Este aspeto foi, mais tarde, conversado com a educadora que, de uma forma
bastante reconfortante, referiu que eu nunca seria só a estagiária, eu era um elemento da
equipa e que a questão da confiança também partia muito da forma como as educadoras
apresentam as estagiárias às famílias, a forma como falam da estagiária, do seu percurso,
da confiança e da segurança que transmitem.
Assim, eu percebi que o facto de ter sido apresentada a cada uma das famílias e a
forma como foi feito, permitiu que todas sentissem tranquilidade, confiança e segurança
ao deixarem o seu bebé comigo.
Um outro aspeto que me preocupava bastante era o facto de não saber muito bem
que tipo de intervenções poderia fazer com crianças tão pequenas e com as suas famílias.
Depois de conversar com a educadora sobre esta questões que me inquietava bastante
percebi que o mais importante na construção de uma relação com as famílias já eu fazia
todos os dias, cada vez que recebia uma criança, que ouvia uma família a questionar, a
partilhar as suas dúvidas e os seus receios, cada vez que procurava acalmar uma família
ansiosa por deixar o seu bebé, cada vez que procurava transmitir segurança e confiança.
81
Assim, após uma reflexão sobre esta questão, eu percebi que estava tão
“formatada” para atividades planificadas, escritas no papel, com determinado
procedimento, que não conseguia pensar, reconhecer e valorizar os momentos
espontâneos, aquilo que acontecia e que não tinha sido planificado. No fundo, não
conseguia perceber a riqueza destes momentos que, são tão ou mais importantes do que
seguir exatamente o que está escrito e o que idealizámos, sem espaço para alterações.
Fazendo uma reflexão sobre esta questão eu acredito que esta “formatação” e este
receio de não fazer exatamente como foi planificado, prende-se um pouco por questões
de segurança da minha parte, ou seja, fazer como foi pensado é como estar dentro da zona
de conforto e sentir que, feito de determinada maneira vai correr bem, mesmo correndo o
risco de não correr. As intervenções espontâneas e os acontecimentos inesperados e que
não foram planeados, obrigam-nos a sair da zona de conforto, o que nem sempre é fácil.
No entanto, reconheço esta questão vai melhorando com a prática, com as experiências a
nível profissional mas também pessoal e que, em todos os campos da nossa vida é
necessário sair da zona de conforto, errar e aprender com esses erros.
Apesar das questões da pouco relação com as famílias existente neste local de
estágio, foi-me dada a oportunidade de realizar as minhas intervenções, no âmbito do meu
projeto, com algumas limitações. No segundo momento de estágio de jardim-de-infância,
senti que a educadora estava menos aberta a intervenções feitas com as famílias.
82
No segundo momento de estágio em jardim-de-infância, não houve qualquer tipo
de apresentação, sendo que, à semelhança do primeiro momento, a apresentação foi feita
por mim à medida que ia participando no acolhimento. Neste aspeto senti-me um pouco
desamparada e reforcei a ideia de que a forma como somos apresentadas ou o simples
facto de sermos apresentadas, faz toda a diferença na construção de uma relação com as
famílias.
Uma outra dificuldade sentida foi o fator tempo, ou seja, o tempo de duração do
segundo momento de estágio em jardim-de-infância, que durou apenas duas semanas.
Considero que duas semanas é muito pouco tempo para realizar intervenções de
qualidade, na medida em que, antes de intervir é necessário conhecer um pouco as
famílias e das suas dinâmicas, os seus interesses, as suas expetativas, conquistar a
confiança, entre outros aspetos fundamentais para a construção de uma relação. Apesar
de ter conseguido realizar algumas intervenções, senti-me um pouco desmotivada por não
poder dar continuidade a essas intervenções que, pela sua natureza, tinham espaço para
desenvolver muito mais trabalho, ficando com um sentimento de “corte”, como se tivesse
iniciado algo e depois sofresse um corte a meio, ficando algo por terminar.
83
Capítulo IV: Descrição e Interpretação das
Intervenções
84
Neste capítulo apresento as intervenções feitas nos momentos de estágio, em
contexto de creche e de jardim-de-infância. A descrição e interpretação das intervenções
é construída tendo por base as observações realizadas ao longo dos quatro momentos de
estágio, articuladas com notas de campo e com reflexões pessoais, recorrendo a
fundamentos teóricos.
Quando iniciei o meu primeiro estágio, em contexto de creche, ainda não tinha
uma temática pensada, por um lado porque, na altura, ainda não tinha conseguido
compreender a natureza deste relatório e, por outro, porque senti que a temática escolhida
deveria ir ao encontro de uma necessidade que fosse observada, no grupo, em contexto
de estágio. Assim, senti que era fundamental observar as práticas da instituição e da
equipa pedagógica, o grupo e até as famílias.
No fundo, senti que era essencial compreender como tudo funcionava, interpretar
o que observava e pensar em possíveis intervenções que fossem significativa e que
envolvessem todos os elementos educativos, pois “é importante que os pais ou os
auxiliares e outros profissionais se vejam como participantes competentes, com saberes e
experiências a partilhar.” (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2018, p. 123).
Passada esta primeira fase de observação e de registo das observações feitas, pude
então começar a planear as intervenções e, posteriormente, a refletir sobre elas, pois tal
como referem as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (2016) “observar,
registar, documentar, planear e avaliar constituem etapas interligadas que se desenvolvem
em ciclos sucessivos e interativos, integrados num ciclo anual.” (2016, p. 13).
Uma das maiores dúvidas relacionada com a escolha da temática foi compreender
de que forma poderia fazer a intervenção, nos restantes momentos de estágio, caso a
situação problema que esteve na origem do estudo, identificada no 1º contexto, não fosse
relevante nos contextos seguintes. Essa dificuldade foi rapidamente ultrapassada, pois
consegui compreender que existe sempre algo que pode ser melhorado ou ser um
acréscimo àquilo que já é feito.
85
qual era a resposta das famílias e o seu papel na construção desta relação. Nos restantes
momentos de estágio iniciei, logo no primeiro dia, as minhas observações relacionadas
com a temática, uma vez que, já tinha o olhar focado num determinado assunto.
Assim, a primeira etapa foi observar em cada uma das instituições o que era feito
com as famílias, a forma como as incluíam, ou não, no processo educativo. No fundo,
tentar compreender quais eram os alicerces desta relação e o seu modo de funcionamento.
Em simultâneo, tentei observar cada uma das educadoras e as suas práticas, questionando
de que forma é que as famílias estavam presentes na sala e quais as estratégias utilizadas,
pela equipa pedagógica, com o intuito de envolver as famílias.
Assim, a minha primeira preocupação foi tentar ganhar a confiança das famílias,
antes de qualquer intervenção que pudesse invadir o seu espaço. No fundo, considerei que
chegar a um local novo e começar, de imediato, a querer fazer intervenções e perguntas,
poderia não ser a melhor forma de me aproximar das famílias, podendo até ter o efeito
contrário.
86
algumas famílias, por outro porque eu própria fiquei um pouco perdida e sem saber como
agir, perante uma situação desta natureza.
A partir do momento em que senti que os primeiros laços estavam criados e que
já tinha alguma confiança com as famílias e, sobretudo, que estas já tinham alguma
confiança em mim, comecei a pensar em possíveis intervenções. Para a planificação das
intervenções pedi ajuda às educadoras, com o intuito de compreender qual seria a melhor
forma de conseguir envolver as famílias na sala, que tipo de atividades poderia
desenvolver que fossem ao encontro dos seus interesses e necessidades.
É importante referir que nem todas as intervenções foram planificadas, sendo que
esta era uma das minhas principais preocupações. Após algumas reflexões conclui que,
por vezes, existe uma preocupação excessiva com as atividades planificadas, no papel, e
em cumprir rigorosamente o que lá está, que, por vezes, temos alguma dificuldade ou até
nos esquecemos de olhar e compreender a riqueza que as intervenções espontâneas podem
constituir e que, por vezes, revelam-se muito mais interessantes, do que aquelas que foram
planificadas.
87
Neste primeiro momento de estágio não tive oportunidade de participar nos
momentos de regresso às famílias pois, tal como referido no capítulo anterior, fiz o
horário das 9h às 14h por ser trabalhadora estudante. Por esta razão, procurei participar
da forma mais ativa possível no momento do acolhimento desde o primeiro dia, mesmo
ainda não estando consciente de que esta seria a minha temática.
Quando escolhi o tema do envolvimento das famílias na sala e por saber que era
trabalhadora estudante e não tendo a mesma disponibilidade para acompanhar todos os
momentos da rotina, nomeadamente o regresso às famílias, organizei as minhas
intervenções, sobretudo para o momento do acolhimento, definindo o que pretendia
alcançar e como é que iria intervir. Para além do momento do acolhimento realizei
intervenções no âmbito da Festa de Natal.
88
A forma como iniciei as minhas intervenções foi um pouco tímida, por um lado,
por sentir alguma falta de confiança em mim e, por outro, por não saber qual seria a
melhor maneira de intervir, pois eu não queria “só” receber a criança. No fundo, eu queria
receber a criança, receber a família, transmitir confiança, mostrar compreensão,
minimizar a ansiedade do momento da separação, tornando este momento num momento
agradável e tranquilo para todos. Quando iniciei este estágio eu tinha bastante receio de
que as famílias não se sentissem confortáveis e não sentissem confiança em mim. Por esta
razão, eu não sabia qual era a melhor maneira de intervir, pois não queria invadir o espaço
das famílias e das crianças, sobretudo, num momento tão delicado como a separação entre
as duas.
89
Uns dias depois de ter iniciado o primeiro momento de estágio, percebi que apesar
de existir uma boa relação entre a equipa pedagógica e as famílias, senti que faltava
complementar esta relação com as dimensões que são trabalhadas em sala. Ou seja, apesar
da evidente cumplicidade entre as duas partes, senti que faltava envolver as famílias na
sala, no trabalho desenvolvido em sala, nas aprendizagens das crianças, no crescimento e
desenvolvimento que acontecia diariamente naquela sala.
Depois de ter chegado a estas conclusões falei com a educadora que, num primeiro
instante referiu que “as famílias não demonstram muito interesse no trabalho de sala.”
(Notas de campo 24/10/2016). Uns minutos depois iniciámos uma reflexão conjunta sobre
este assunto, tendo abordado diversas questões sobre as famílias, que a educadora já
acompanhava desde a sala de berçário.
90
para o nosso trabalho e para o bem-estar da criança e por outro porque demostram
interesse pelas famílias e pelas suas crianças. A forma como nos dirigimos às famílias e
às crianças também poderá ter influência nestes momentos, uma vez que “a presença de
um educador calmo e amigo pode ajudar crianças e pais a sentirem-se tranquilos e
confiantes.” (Post & Hohmann, 2011, p. 213).
Para além das questões colocadas, recorri a outras estratégias que considero
importantes, como por exemplo, o desejar um bom dia, ouvir as famílias e, sobretudo, dar
tempo e espaço para as despedidas, respeitando e reconhecendo a natureza delicada deste
momento, pois tal como afirmam Post & Hohmann (2011) “quando crianças e pais
percebem que os educadores reconhecem e compreendem os seus sentimentos, sentem
uma ajuda preciosa para começar a ganhar de novo uma certa estabilidade emocional.”
(p. 215).
Com o tempo fui sentido, a partir das questões levantadas pelas famílias, que me
tornava um membro da equipa cada vez mais importante, tal como evidenciado neste caso
concreto: “hoje a educadora referiu que as famílias perguntam por mim, nos dias em que
não estou na sala.” (Notas de campo 7/11/2016).
Momento de acolhimento
Para fazer um balanço das intervenções feitas nos momentos de acolhimento optei
por dividi-lo em principais dificuldades, pontos fortes e aspetos a melhorar.
Outra dificuldade que considero pertinente destacar diz respeito ao horário que
fiz, pois só conseguia estar presente durante uma parte do dia, tendo contacto com as
famílias apenas no momento do acolhimento. Apesar de ter sido por motivos de força
maior e de nem sempre podermos escolher um caminho mais fácil, durante o período de
91
estágio não senti que este fator tenha prejudicado o meu trabalho. No entanto, após o
término de todos os momentos de estágio e estando agora, uns meses depois, a fazer uma
reflexão deste momento em específico, considero que foi uma fragilidade que teve
bastante impacto no meu estudo, na medida em que não pude estar presente num momento
fundamental que é o momento do regresso às famílias.
Esta conquista foi visível na reunião de pais em que uma mãe referiu “(…) que eu
era muito atenciosa, tanto com as crianças, como com as famílias e que considerava isso
um aspeto essencial para a construção de uma relação de confiança entre a educadora e
as famílias.” (Nota de campo 15/12/2016). É importante reconhecer que esta conquista
foi bastante facilitada pela forma como a educadora me apresentou, a confiança que teve
em mim e que transmitiu às famílias.
Um outro ponto forte que gostaria de destacar diz respeito à mudança que
consegui fazer neste contexto de estágio, isto é, apesar de já existir uma boa relação entre
a equipa pedagógica, consegui que a educadora, através das nossas frequentes reflexões
conjuntas, discussões sobre ideias e preocupações em relação ao meu relatório, também
refletisse sobre a sua prática, encontrando aspetos que poderiam ser melhorados e que,
até ao momento, não tinham sido explorados. Segundo Post & Hohmann (2011) “é
92
importante que os educadores discutam e cheguem a acordo sobre os temas subjacentes
a um bom trabalho em conjunto.” (2011, p. 313).
Por esta razão, considero que foi uma mais-valia para as duas partes, tendo trazido
mudanças significativas que são fruto de um verdadeiro trabalho em equipa. As reflexões
entre os vários elementos educativos são fundamentais para o planeamento e
desenvolvimento do processo educativo, pois “a reflexão é assumida como componente
transversal a todo este trabalho, reconhecida no seu potencial de crescimento profissional
pela possibilidade de análise de crenças, práticas e resolução de problemas.” (Oliveira-
Formosinho & Araújo, 2018, p. 85).
Este foi o meu verdadeiro desafio, encontrar esse equilíbrio que me permitisse
agir sem medo de errar ou de desapontar os outros e a mim própria. No seguimento deste
equilíbrio, outros aspetos poderiam ser melhorados, como por exemplo, a autonomia no
início da relação com as famílias ou a ultrapassagem do “gelo” inicial, sem ter receio de
fazer sozinha e sem depender tanto da presença da educadora cooperante.
93
Intervenção II – Festa de Natal
Assim, começamos por distribuir uma ficha de inscrição para que pudessem
escolher um dia e ir à sala fazer uma atividade com as crianças. Importa referir que esta
atividade era de carácter facultativo.
94
oportunidades importantes para a aprendizagem das crianças e para a aprendizagem dos
pais.” (Oliveira-Formosinho & Araújo, 2013, p. 21).
Como aspetos positivos destaco o número de famílias presentes, pois apenas uma
das famílias não conseguiu estar presente, por motivos profissionais. Um outro aspeto
positivo a destacar foi a adesão e o interesse das famílias nas atividades propostas, pois
todas as que estavam presentes se inscreveram para ir à sala realizar atividades.
Como aspetos negativos gostaria de destacar o facto de, apesar de ter participado
nesta intervenção, não estive quando as famílias foram à sala, pois já era fora do período
de estágio. Considero que poderia ter sido muito interesse observar e participar nestas
atividades.
95
1.2-Intervenções em Creche – Segundo momento
96
• Partilhar episódios e experiências – Ouvir as famílias nos seus receios,
inseguranças e angústias.
• Dar tempo e espaço para as despedidas e respeitar o momento.
Neste momento de estágio em creche, quase todas as famílias eram “de primeira
viagem”, existindo bastante ansiedade, sobretudo das famílias, no momento da separação.
Após a fase da observação daquilo que já era feito, comecei a intervir de forma
mais autónoma, participando ativamente nos momentos de acolhimento e de regresso às
famílias. Assim, quando as famílias chegavam com as crianças, dirigia-me à porta,
cumprimentava, falava um pouco com as crianças, percebendo como estavam naquele dia
e procurava conversar bastante com as famílias. A base desta conversa eram, sobretudo,
questões relacionadas com o bem-estar da criança, a hora a que tinha comido, a que horas
97
deveria comer, se tinha passado bem a noite e preocupações das famílias em relação às
crianças, pois tal como afirmam Post & Hohmann (2011) “os educadores, enquanto
profissionais, estão fortemente interessados no bem-estar das crianças sob o seu cuidado.”
(2011, p. 331).
98
trabalho com as famílias é “promover a comunicação e as conexões entre o mundo
familiar da criança e o mundo da creche, capaz de ampliar as aprendizagens das crianças.”
(2018, p. 122). As mesmas autoras defendem ainda que, através da comunicação e das
trocas de informações “as famílias participam de forma mais efetiva no planeamento e
avaliação das vivências da creche” (2018, p. 122), na medida em que, ao transmitirem
informações pertinentes ao educador, este poderá planear a sua prática tendo em conta os
interesses e as motivações das famílias e das crianças.
Como principais dificuldades destaco, para além das questões relacionadas com
a segurança e confiança em mim própria, o receio que tinha de intervir, o receio de não
conseguir conquistar a confiança das famílias. Por um lado, reconheço que este receio se
deve ao facto de ser um grupo com crianças muito pequenas e, por essa razão, eu sentia
que talvez fosse mais difícil conquistar a confiança das famílias. Por outro lado, considero
que este receio é uma questão pessoal e que, qualquer que fosse a idade das crianças, iria
senti-lo da mesma maneira. Na minha perspetiva, todo este receio teve influência nas
99
minhas intervenções, na medida em que me impediu de intervir com confiança mais cedo.
Por outro lado, teve, seguramente, influência na forma como iniciei a construção da
relação com as famílias, pois se não estamos confiantes de nós próprios, dificilmente
conseguimos transmitir segurança aos outros.
Este receio vinha acompanhado pelo sentimento de ser “só a estagiária”, não que
alguma vez alguma família ou a própria equipa, me tenham feito sentir assim, antes pelo
contrário. No entanto, eu sentia que, por ser estagiária, não tinha a mesma capacidade que
a educadora e as auxiliares da sala. Esta questão foi ultrapassada com um episódio que
aconteceu com uma criança e a sua mãe, durante o momento do acolhimento. Neste dia,
estava apenas eu e uma auxiliar na sala quando chegou uma criança acompanhada pela
mãe que, contrariamente ao que eu pensava, colocou a sua bebé no meu colo como se o
fizesse desde sempre. “No meu pensamento eu achava que a mãe da C ia entregá-la à
auxiliar, por já a conhecer e por eu ser só a estagiária.” (Notas de campo 2/10/2017).
Uma vez que estava na sala um elemento que pertencia à equipa da sala e que a
família já conhecia, esperava que a mãe entregasse a criança a este elemento e nunca a
mim, exatamente por considerar que confiava muito mais em qualquer um dos elementos
da sala. Quando partilhei este acontecimento e expliquei o porquê de ter ficado
surpreendida, a educadora ficou até um pouco incomodada, não que tivesse feito algo de
errado mas por me sentir assim, tentando rapidamente desconstruir esta ideia que eu tinha,
como verificamos em “a educadora corrigiu-me de imediato dizendo que não sou só a
estagiária, que faço parte da equipa.” (Notas de campo 4/10/2017).
100
relatório. Com o passar dos dias fui ficando preocupada com esta situação e acabei por
partilhá-la com a educadora cooperante que tentou refletir comigo sobre este assunto,
referindo que “sempre que recebo e entrego uma criança, sempre que procuro ouvir as
famílias, sempre que tento utilizar as estratégias que as famílias utilizam com as crianças
nos diversos momentos da rotina, estou a fazer intervenções significativas” e que “(…) o
mais importante, para construir uma relação com as famílias, já eu fazia desde o primeiro
dia.” (Notas de campo 4/10/2017).
Foi neste momento que eu consegui compreender a riqueza de tudo o que já tinha
feito e continuava a fazer diariamente, cada vez que tinha contacto com as famílias, fosse
no momento do acolhimento, no momento de regresso às famílias ou numa outra qualquer
ocasião que implicasse contacto com as famílias.
Como pontos fortes destaco, por um lado o facto de ter conseguido ultrapassar os
obstáculos iniciais e todo o receio que tinha de intervir, por outro lado, destaco como
ponto forte a aprendizagem feita relativamente aos momentos de intervenção espontânea
e como podem ter resultados tão significativos.
Outro ponto forte que gostaria de destacar diz respeito à construção da relação
com as famílias da sala, pois apesar de todos os receios inicias, considero que consegui
estabelecer uma relação, sendo que isso foi visível em muitos momentos já referidos em
notas de campo. Considero que, por um lado, a atitude da educadora em relação a mim e
o facto de me ter apresentado a todas as famílias, ajudou bastante neste processo. Por
outro, considero que o facto de ter tentado ao máximo respeitar o tempo e o espaço das
famílias foi uma mais-valia que permitiu, num espaço de tempo tão curto, criar uma
relação tão positiva com as famílias.
Um último ponto forte que gostaria de destacar é um aspeto que já tinha destacado
no primeiro momento em creche e diz respeito às mudanças visíveis na prática da
educadora, relativamente a esta temática. À semelhança do primeiro momento em creche,
neste segundo momento foi bastante notória a atenção e a preocupação da educadora
relativamente às questões relacionadas com as famílias. Neste sentido, voltei a sentir que
o meu relatório, as minhas intervenções e todas as nossas reflexões conjuntas
contribuíram para mudanças significativas e novas aprendizagens para ambas as partes.
101
momento de estágio em creche, fizeram com que tivesse bastante dificuldade em parar e
refletir sobre o que tinha feito e se realmente tinham sido intervenções significativas. O
educador deverá ser capaz de refletir sobre a sua prática, pois refletir “permite ao/a
educador/a tomar consciência das conceções subjacentes à sua intervenção pedagógica e
o modo como estas se concretizam na ação.” (Silva, Marques, Mata, & Rosa, 2016, p.
15). A reflexão é também uma forma de poder descontruir ideias pré-concebidas e
modificar ou melhorar as práticas, pois “a reflexão fornece oportunidades para voltar atrás
e rever acontecimentos e práticas.” (Oliveira & Serrazina, 2002, p. 29).
A minha ideia inicial para a dinamização deste dia era, durante a manhã, convidar
um ou dois familiares para irem à sala, contar uma história ao grupo, pois tal como
afirmam Hohmann & Weikart (2011)
102
a associar a satisfação instrínseca a uma relação humana muito
significativa com as histórias e a leitura.” (2011, p. 547).
A ideia seria realizar um pequeno lanche convívio, no final do dia, após o horário
de trabalho das famílias, e preparar pequenas atividades para as famílias fazerem em
conjunto com as crianças.
No entanto a ideia de convidar familiares para irem à sala não foi bem aceite pela
educadora. A justificação apresentada pela educadora baseou-se no facto de que as
famílias só podem ir à escola a partir das 17h30, ou seja, depois da saída das crianças do
1º ciclo. Segundo a educadora, existe algum desconforto por parte das famílias das
crianças do 1º ciclo, pois, ao contrário das famílias das crianças do jardim-de-infância,
não têm autorização para entrar na escola. Por esta razão, “a educadora pediu que fosse
depois das 17h30, hora de saída das crianças do 1º ciclo, para não haver problemas.”
(Nota de campo 24/04/2017).
103
Assim, tinha como objetivo que as famílias e as crianças pudessem passar tempo
de qualidade juntas. Por outro lado, estas intencionalidades tiveram como base, a
necessidade de aproximação entre as famílias e a escola.
Após a definição das intencionalidades e das atividades a realizar, decidi que iria
enviar um convite às famílias, através dos cadernos de recados das crianças. No entanto,
como daí a poucos dias, seria a reunião de pais, combinei com a educadora que faria uma
primeira abordagem nesta reunião.
No dia da reunião de pais comecei por me apresentar, uma vez que eu não tinha
sido apresentada às famílias e algumas eu ainda não tinha conhecido, apesar de ter
decidido apresentar-me nos momentos do acolhimento à medida que as crianças iam
chegando. Assim, fiz uma breve apresentação, descrevi o meu percurso académico e o
qual era o objetivo do meu estágio. Após esta apresentação, expliquei a temática do meu
relatório e as suas intencionalidades e falei sobre a intervenção que estava a planear para
o Dia Internacional das Famílias, sendo que “as famílias mostraram-se entusiasmadas
com a iniciativa.” (Nota de campo 27/04/2017).
Nesta reunião, que aconteceu perto das 18h, estiveram presentes oito famílias,
talvez pelo horário da reunião. Por outro lado, senti que na reunião foram falados,
sobretudo, aspetos menos bons do grupo, nomeadamente aspetos de comportamento e
dificuldades de aprendizagem, ou seja, “nesta reunião, consegui perceber que as questões
abordadas foram, maioritariamente, aspetos negativos do grupo.” (Nota de campo
27/04/2017). Penso que, apesar do horário da reunião, este aspeto pode ser um fator de
peso, pois nenhuma família gosta de ser chamada à escola, apenas, para ouvir aspetos
negativos das suas crianças.
Assim, penso que seria importante, para além dos aspetos negativos, tentar em
conjunto encontrar estratégias para melhorar esses aspetos negativos e falar também dos
104
aspetos positivos das crianças e do que melhorou em aspetos de comportamento e de
novas aprendizagens e descobertas. Considero que é muito mais importante encontrar
estratégias e ajudar famílias e crianças a ultrapassar estas situações do que focar apenas
o lado negativo. Fazer juízos de valor e atribuir culpas por si só, para além de não
melhorar da situação, não traz qualquer benefício para a relação entre as famílias e a
escola. Pelo contrário, apenas “constrói um muro” que impede qualquer relação. Segundo
Oliveira-Formosinho & Araújo (2018) “mostrar às famílias que as reconhecemos como
peritas na educação dos seus filhos pode ajudar a construir relações mais equilibradas e a
evitar que os profissionais sejam vistos como os peritos e as famílias como os aprendizes.”
(2018, p. 122).
Uns dias após a reunião de pais enviei os convites para a dinamização do Dia
Internacional da Família, através dos cadernos, tal como planeado. O convite, enviado a
3 de maio de 2017, explicava o que ia ser comemorado, o dia, a hora e convidava as
famílias (dois elementos) a estarem presentes. (Ver apêndice II)
A primeira atividade planificada foi um lanche convívio que tinha como objetivo
ser um quebra-gelo, ou seja, ser o ponto de partida para as restantes atividades. Para este
lanche oferecemos às famílias uns bolinhos, batatas fritas e alguns sumos, que foram
disponibilizados pela instituição. Esta atividade foi realizada ainda dentro da sala, sendo
que à medida que as famílias iam chegando, eu estava à porta a receber e a dar as boas
vindas, tentando colocar as famílias à vontade e explicando o que ia acontecer.
No início eu estava muito nervosa, sobretudo por ter receio de não conseguir
corresponder às expetativas, tendo em conta que era a primeira vez que as famílias iam à
105
escola para um momento desta natureza. Segundo Hohmann & Weikart (2011) “famílias
diferentes têm estilos de interacção diferentes” (2011, p. 102) e, por esta razão, tentei
encontrar uma estratégia de interação diferente para cada família, tendo como base aquilo
que eu já conhecia de cada uma. Por outro lado tinha receio de que este momento não
tivesse qualquer impacto e que não contribuísse para melhorar significativamente a
relação entre estas famílias e a escola.
Neste momento inicial senti alguma dificuldade, pois queria ajudar as famílias a
ultrapassar este bloqueio mas eu própria sentia-me bloqueada, por estar tão nervosa.
Felizmente esta situação foi ultrapassada e as próprias famílias perceberam que estava
nervosa, tendo sido uma ajuda fundamental neste processo. Esta ajuda fez com que me
sentisse apoiada e mais confiante, ao mesmo tempo que me permitia ajudar as famílias a
ficarem mais confortáveis criando um ambiente tranquilo e agradável. Tal como referem
Hohmann & Weikart (2011) “conseguir sentir-se bem com as famílias das crianças
depende do estabelecimento de um clima de apoio no contexto educacional.” (2011, p.
104).
Assim, de um modo geral, considero que esta primeira parte correu bastante bem,
e que as famílias presentes gostaram e sentiram-se bem-vindas.
O lanche convívio foi o ponto de partida para as restantes atividades, sendo que a
atividade seguinte teve lugar ainda dentro da sala, durante o lanche.
106
Relativamente a esta atividade, senti que no início as famílias não tiveram muito
interesse em fazê-la, tendo ficado bastante preocupada e sem saber o que fazer. No
entanto, eu sabia que não queria forçar nada, pois o objetivo era criar uma relação baseada
em respeito, comunicação e confiança, logo forçar fosse o que fosse, só teria o efeito
contrário. Depois percebi que na realidade não era falta de interesse, era sim receio de
começar, receio de ser a primeira. No fundo senti que “houve alguma resistência
relativamente à primeira atividade, pois nenhuma família queria ser a primeira a escrever
na cartolina em branco.” (Nota de campo 15/05/2017).
Segundo Hohmann & Weikart (2011) devemos focar-nos nos pontos fortes das
crianças e das famílias, evitando focar os pontos que possam resultar em situações
negativas, pois “a ênfase nas forças e nos talentos das crianças e das famílias promove o
auto-respeito das crianças e ajuda a contra-atacar os estereótipos sociais.” (2011, p. 105).
Felizmente esta situação não se verificou e quando percebi que iam dar início a
esta atividade, optei por ficar a observar e perceber a forma como a família “resolvia” a
situação. Assim, através da observação, percebi que a filha mais velha assumia um papel
de tradutora e que falava e escrevia em português, aquilo que a mãe lhe dizia noutra
língua, tendo sido desta forma que esta família realizou a atividade.
107
De um modo geral, considero que também esta parte da intervenção correu
bastante bem, apesar do receio inicial, a atividade acabou por fluir naturalmente.
De um modo geral, considero que esta atividade correu bastante bem e que
conseguiu surpreender-me pela positiva, pois considero que teve o efeito pretendido e que
consegui até ultrapassar as expetativas que as famílias tinham, tendo em conta as reações
e as conversas que consegui ver e ouvir, como por exemplo: “as famílias e as crianças
108
estavam a sorrir, estavam radiantes”, “mãe, vamos ficar mais um bocadinho”, “tenta outra
vez, vamos conseguir”. (Notas de campo 15/05/2017).
Outra dificuldade diz respeito a uma criança cuja família não apareceu. Apesar de
ter enviado os convites para todas as famílias, através dos cadernos de recados, nem todas
as famílias deram um feedback, nem informaram se pretendiam participar ou não. Assim,
quando chegou o dia, houve uma criança que foi vendo as outras famílias a chegarem
menos a sua, deixando-a muito triste. “Não apareceu ninguém da família do F. que, como
é natural, ficou bastante triste. Confesso que não pensei nesta possibilidade… erro
enorme!” (Nota de campo 15/05/2017).
Tal como refere a nota de campo, em nenhum momento tive em conta que esta
situação poderia ocorrer, talvez por falta de experiência e até um pouco de ingenuidade,
de pensar que, por ser um momento de família, que todos iriam aparecer. É importante
referir que em nenhum momento esta família referiu que não iria estar presente. Quando
109
me apercebi da situação, fiquei bastante aflita e sem saber o que fazer, tendo sido a
educadora uma ajuda fundamental neste momento que, prontamente, se disponibilizou
para me ajudar. Assim, a criança cuja família não apareceu, acabou por participar nas
atividades com outra família. “Felizmente rapidamente se encontrou uma solução e essa
criança foi acompanhada pela família de outra criança.” (Nota de campo 15/05/2017).
Assim, considero que apesar de ser uma situação delicada que ocorreu por falta
de experiência, talvez pudesse ter sido evitada, através de uma melhor planificação, por
exemplo, confirmando mesmo com as famílias se viriam ou não e caso não pretendessem
participar, encontrar uma solução em conjunto com as famílias. Segundo as Orientações
Curriculares para a Educação Pré-Escolar (2016) devemos “combinar as formas de
participação que melhor correspondem às suas disponibilidades.” (2016, p. 28).
Como pontos fortes destaco, em primeiro lugar, a adesão das famílias que, no
meu ponto de vista foi elevada, sendo este um aspeto muito positivo. Mais importante do
que o número de famílias presentes, foi o facto de terem estado visivelmente felizes e de
estarem a disfrutar do momento, sendo o interesse demonstrado pelas atividades e pelo
momento, outro ponto forte a destacar. Segundo Hohmann & Weikart (2011) uma das
estratégias para o envolvimento das famílias passam por “ “agarrar” as famílias fazendo-
as sentir-se desejadas e bem aceites no contexto da escola.” (2011, p. 117). Considero
que, talvez por ser uma experiência nova para estas famílias, todas elas mostraram muito
entusiasmo em estar presente e em participar.
Houve, no entanto, uma família que mostrou alguma resistência em ficar. “A mãe
do R. não queria ficar, não queria participar. Chegou para vir buscar o filho, referiu que
já não se lembrava do que ia acontecer, mas, quando voltei a explicar, referiu que não
queria participar.” (Nota de campo 15/05/2017). Perante esta situação, tanto eu como a
educadora tentámos explicar a importância do momento e que seria bom estarem
110
presentes, sendo que, mais tarde tanto a mãe como o filho regressaram à escola para
participarem nas atividades e ficaram até ao fim. “Curiosamente esta foi a família em que
notei um maior entusiasmo, durante as atividades. Foi a primeira vez que vi o R. a sorrir
com tanta vontade.” (Nota de campo 15/05/2017). Por esta razão e por ter conseguido que
a família ficasse, considero que esta foi uma grande vitória e, por isso, um dos pontos
fortes mais importantes para mim.
Um outro ponto forte que considero importante destacar foi o apoio da equipa
pedagógica durante toda a intervenção, pois sem este apoio não teria sido possível realizar
estas atividades e, sobretudo, não teria conseguido resolver os imprevistos, pelo menos
de uma forma tão natural e tranquila.
Por último, gostaria de destacar um dos pontos fortes da minha intervenção, que
considero mais importantes, sendo ele, a relação observada entre as crianças e as famílias.
“O mais interessante destas atividades foi, sem dúvida, observar a relação entre as
crianças e as famílias. Observar os seus sorrisos, ouvir as suas conversas e sentir a
felicidade presente naquele momento, tanto das crianças como das famílias.” (Nota de
campo 15/05/2017).
De acordo com Zabalza (1998) a presença das famílias na escola também contrbuí
para aprendizagens singificativas para as equipas pedagógicas, relativamente às crianças
e às suas famílias, pois “aprendem muito com a presença dos pais e das mães, ao ver
como eles enfrentam os dilemas básicos da relação com crianças pequenas.” (1998, p.
55).
111
prevenção de determinadas situações. É evidente que a experiência leva-nos a equacionar
melhor o que pode ou não acontecer, no entanto, é importante que estejamos preparados
para os imprevistos e para tentar encontrar uma solução para contorná-los.
Dentro das várias intervenções feitas neste contexto, destaco algumas que
considero terem sido as mais relevantes e que mais significado tiveram, tanto para o meu
relatório, como para o meu crescimento pessoal e profissional, para as crianças e para as
famílias e para a construção de uma relação sólida.
112
• Transmitir disponibilidade, confiança, compreensão e respeito por cada
família e criança. – Apresentar-me e dar-me a conhecer.
• Promover o envolvimento das famílias na sala.
Para estas intervenções, para além das intencionalidades gerais, defini algumas
estratégias de intervenção, sendo elas:
Após alguns dias de observação apercebi-me que não tinha sido apresentada às
famílias, tendo iniciado aqui a primeira intervenção neste sentido, passando a participar
no momento do acolhimento aproveitando para me apresentar e explicar qual seria o meu
papel, durante o período de estágio. “Uma vez que não fui apresentada às famílias,
comecei a participar mais ativamente no momento do acolhimento e optei por me
apresentar às famílias, durante esse momento.” (Nota de campo 20/03/2017).
113
o momento do acolhimento as famílias não entram na sala, as despedidas são feitas à
porta.” (Nota de campo 22/03/2017). Apesar de achar estranha e fria a forma como este
momento, no meu ponto de vista tão delicado, era encarado e, apesar de poder fazer de
forma diferente, havia aspetos que não podia modificar, sendo este um deles. Assim, a
segunda intervenção prendeu-se com a forma como fazia o acolhimento, ou seja,
procurei participar neste momento de uma forma mais calorosa, com uma maior
preocupação, colocando questões, ouvindo as famílias, desejando um bom dia e,
sobretudo, dando tempo e espaço para as despedidas, mostrando muito respeito por este
momento.
Segundo Hohmann & Weikart (2011) o educador deverá “abordar as famílias das
crianças que tem ao seu cuidado com o respeito e carinho que espera que os outros tenham
com os elementos da sua família.” (2011, p. 120). Apesar de já serem crianças com cinco
e seis anos, considero que o momento da despedida e da separação continua a ser bastante
delicado, para crianças e famílias, merecendo todo o respeito e apoio.
114
por ser trabalhadora estudante, já me encontrava a trabalhar. Assim, dentro daquilo que
conseguia fazer neste momento, procurava entregar as crianças de forma igualmente
calorosa, tal como no momento do acolhimento, explicando como tinha corrido o dia da
criança e perguntando se estava tudo bem, ouvindo as famílias e desejando, no final, um
resto de bom dia.
Para fazer um balanço desta intervenção, optei, mais uma vez, por dividir o
balanço em principais dificuldades, pontos fortes e aspetos a melhorar.
Uma outra dificuldade sentida, que de certa forma está relacionada com a
primeira, diz respeito à dificuldade em conquistar a confiança das famílias. No início do
estágio, apesar de me ter começado a apresentar no momento do acolhimento, sentia que
havia famílias que continuavam a não confiar, criando uma espécie de “muro” que me
impedia de “chegar mais perto.” Inerente a esta dificuldade, surge uma outra que dizia
respeito ao sentimento de impotência perante esta situação, pois eu queria tentar chegar a
todas as famílias e algumas não permitiam, deixando-me sem saber como resolver a
situação. “Continuo a sentir que as famílias não confiam em mim.” (Notas de campo
5/4/2017). No entanto, com o passar do tempo e com o contacto diário com as famílias,
consegui superar esta dificuldade. Apesar dos aspetos negativos mencionados, o facto de
os ter conseguido ultrapassar, nomeadamente, a questão de não ter sido apresentada e de
isso ter dificultado o início da relação, acabou por se revelar um ponto forte.
Um outro ponto forte que gostaria de destacar diz respeito à aceitação da maioria
das famílias. Apesar de no início ter sido um pouco complicado este processo de conhecer
e dar-me a conhecer, sinto que a relação melhorou significativamente, sobretudo, após a
intervenção da Dinamização do Dia da Família: “Depois da minha intervenção, senti que
tudo melhorou. Tornou a nossa relação muito mais natural e positiva.” (Nota de campo
17/05/2017). Com o passar do tempo, apercebi-me que as famílias já confiavam em mim
e faziam questão de conversar comigo, durante os momentos de acolhimento e de regresso
115
às famílias. Assim, destaco como um dos principais pontos fortes a melhoria da minha
relação com as famílias desta sala.
Como aspetos a melhorar destaco, mais uma vez, a questão da confiança em mim
e a segurança. É fundamental, em qualquer relação, confiarmos em nós para que os outros
confiem em nós.
Para além das intervenções feitas nestes momentos, foi realizado um inquérito por
questionário, cujo objetivo era compreender as conceções das famílias relativamente ao
envolvimento na sala e, partindo das respostas, poder realizar novas intervenções. As
conceções das famílias serão descritas e interpretadas um pouco mais à frente.
116
Outra particularidade destas intervenções foi o facto de, neste ano, conseguir ter
mais contacto com as famílias, pois uma grande parte do grupo saía por volta das 15h.
Por esta razão, conseguia participar ativamente no momento de regresso às famílias,
chegando a conhecer outros familiares, para além dos pais, como por exemplo, os avós e
os tios. Dentro dos inúmeros momentos de acolhimento e de regresso às famílias, irei
destacar alguns que considero serem os mais relevantes.
117
por ser a fase da adaptação, procurei compreender a forma como a equipa pedagógica
geria este momento e como procurava ajudar as crianças e as famílias nesta fase.
Durante os primeiros dias, e tal como aconteceu no ano letivo anterior, eu percebi
que não tinha sido apresentada às famílias mas, estando já à espera desta situação,
comecei logo a apresentar-me. “Primeiro dia de estágio, neste regresso à instituição.
Voltei a não ser apresentada às famílias.” (Notas de campo 9/10/1017). Assim, as minhas
primeiras intervenções foram a participação ativa no acolhimento e a apresentação.
Durante estes momentos procurei conversar com as famílias, deixando-as à vontade para
colocarem qualquer questão, explicando o que estava a fazer, desejando um bom dia de
trabalho e, sobretudo, respeitando, mais uma vez, o momento das despedidas, momento
este já delicado em qualquer altura do ano, sendo muito mais delicado em fase de
adaptação.
118
momento do acolhimento, quando uma criança com cerca de quatro anos chorava no colo
da mãe dizendo que não queria ficar na escola. Perante esta situação, a educadora retirou
a criança do colo da mãe e sentou-a numa cadeira, junto das outras crianças, no meu ponto
de vista, de uma forma fria e pouco compreensiva. A educadora já tinha referido, em
conversa comigo sobre o grupo, que esta criança estava a ter dificuldades na fase da
adaptação, no entanto, era a mãe que mais dificuldades apresentava.
Esta situação deixou-me bastante perturbada, pois senti que não era a forma mais
correta de ajudar a criança e a família, no entanto, também senti que não consegui naquele
momento fazer nada, pois não queria interferir na decisão tomada pela educadora. “Neste
momento senti-me impotente e até um pouco magoada com a situação, senti que foi uma
atitude demasiado fria, tendo em conta que estamos no início do ano, o grupo é novo e
ainda estão todos em fase de adaptação.” (Notas de campo 13/10/2017).
No fundo, senti que tanto a criança como a mãe já estavam “rotuladas” como uma
família que tinha e teria sempre dificuldades e, por essa razão, já não existia compreensão
nem tolerância para com esta família. A partir do momento em que existe um “rótulo” e
que esse é partilhado, ainda que de forma inconsciente, com as restantes crianças e
adultos, penso que toda a relação ou construção da mesma fica condicionada. De acordo
com Hohmann & Weikart (2011)
Nos dias seguintes esta criança não apareceu na escola. Uns dias mais tarde,
durante a minha hora de almoço e no exterior da escola, cruzei-me com a criança e com
a sua mãe que, rapidamente, vieram cumprimentar. A mãe acabou por confessar que “(…)
não queria ir para a escola, que ficava em pânico quando se falava em ir para a escola e
que se recusava a passar à porta da escola.” (Notas de campo 17/10/1017).
Perante esta situação fiquei sem saber o que responder e como agir, por um lado
porque não estava à espera que a mãe desabafasse comigo, por me conhecer há tão pouco
tempo e, por outro, por não querer estar a assumir um papel e a “resolver” uma situação
119
que deveria ser da responsabilidade da educadora e na qual não deveria interferir. Naquele
momento, a forma que encontrei para ajudar, foi conversar com a criança e explicar-lhe
que na sala sentíamos a falta dela e que íamos fazer jogos e brincadeiras muito giras e
divertidas, deixando-a curiosa e entusiasmada. No final tentei fazer um acordo com ela,
com a esperança de que, no dia seguinte, ela aceitasse voltar à escola. “Fizemos uma “jura
de mindinho” em como ela iria à escola, no dia seguinte, e que eu estaria lá para recebê-
la.” (Notas de campo 17/10/2017). No dia seguinte, contrariamente aquilo que eu
esperava, esta criança regressou à escola, sendo que, para mim, esta foi uma grande
vitória, pois senti que tinha conseguido conquistar a confiança da criança e da sua família.
120
Esta situação aconteceu uns dias depois de ter enviado o inquérito por questionário
às famílias, onde tinha sido feita uma apresentação sobre mim e sobre o meu relatório,
fazendo-me crer que, provavelmente, algumas famílias, não tinham sido informadas da
minha presença. Tal como já referi, esta situação foi sendo ultrapassada ao longo do
tempo, quando comecei a participar mais ativamente no momento do acolhimento e do
regresso às famílias, no entanto, apesar de ter conseguido ultrapassar este obstáculo, senti-
me diversas vezes “sozinha”, com sentimentos de impotência, sem saber como resolver a
situação, sem apoio, tendo sido esta outra dificuldade sentida. No fundo, sinto que deveria
ter tido mais apoio nos primeiros dias, nomeadamente, no momento da apresentação às
famílias e na transmissão de segurança e confiança. Ou seja, penso que se a educadora
tivesse estado “ao meu lado” nestes momentos, talvez esta situação não se verificasse.
Esta questão de sentir-me sozinha e sem apoio, neste estágio, começou logo nos primeiros
dias quando a educadora questionou se o meu tema ainda era o mesmo. “A educadora
questionou se a temática do meu projeto ainda era a relação com as famílias e que poderia
ter mudado do ano anterior para este.” (Notas de campo 11/10/2017). Neste momento
senti que não era uma temática bem-vinda, no entanto, é importante referir que apesar de
não ter sentido muita abertura por parte da educadora, tive sempre oportunidade para
interagir com as famílias e para fazer intervenções, ainda que limitadas.
Uma outra dificuldade sentida, diz respeito à minha adaptação que, por motivos
de natureza pessoal, foi bastante difícil. Uma adaptação difícil acaba sempre por dificultar
toda a intervenção, pois se eu própria não me sentia bem neste contexto de estágio
dificilmente conseguiria fazer com que as famílias se sentissem bem comigo. À
semelhança de todos os outros obstáculos, também este foi ultrapassado com o tempo.
Como principal ponto forte, destaco a aceitação pela maioria das famílias, o que
também foi uma enorme ajuda na minha adaptação. Apesar de ter sentido dificuldade em
adaptar-me e em iniciar as minhas intervenções, considero que, no final, o resultado foi
muito positivo, na medida em que consegui ultrapassar estes obstáculos e consegui criar
uma relação com as famílias que, pelo curto espaço de tempo, não permitiu avançar mais.
121
capacidade de adaptação que nos permita continuar em frente, contornando os obstáculos
e as dificuldades que forem surgindo, por vezes quando menos esperamos.
Para analisar e interpretar as respostas obtidas optei por construir um quadro que
se encontra em apêndice (apêndice V), de forma a analisar, comparar e interpretar as
conceções apresentadas, relativamente à temática do estudo.
122
No que diz respeito à importância da relação escola-família (primeira questão),
tanto a educadora A como a educadora B referem que a existência desta relação é
fundamental, pois “é na creche que a criança passa o período que constitui a base de toda
a formação da sua personalidade e identidade.” (Educadora A) assim como “é através
dessa relação que conhecemos os nossos meninos (as) e conseguimos perceber os seus
interesses, experiências e potencialidades.” (Educadora B).
A educadora A acrescenta ainda que a existência de uma boa relação entre a escola
e a família permite que a criança se desenvolva a vários níveis, num ambiente saudável e
propício ao seu crescimento, como verificamos em “a simbiose entre família/instituição
contribuirá para um desenvolvimento integral da criança, proporcionando um ambiente
seguro e de conforto.” (Educadora A).
A educadora B defende que a importância desta relação tem duas vertentes, sendo
que a primeira diz respeito à criança, afirmando que “os pais devem ser chamados ao
Jardim de Infância para poderem participar e desta forma trabalhar em conjunto com o
educador, contribuindo assim para um melhor entendimento da criança”. Segundo as
Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (2016) “a relação que o/a
educador/a estabelece com cada família centra-se na criança e tem em conta que são co
educadores da mesma criança.” (2016, p. 28).
123
A segunda vertente diz respeito às famílias, ou seja, a existência de uma boa
relação entre a escola e a família permite que esta última compreenda as finalidades da
escola, como afirma: “ mostrando aos pais que o Jardim de Infância não é apenas um local
de guarda e de brincadeira, mas também um local onde se efetuam aprendizagens
significativas e intencionais brincando.” (Educadora B). Apesar de concordar com esta
ideia, considero-a muito redutora, pois na minha perspetiva a relação entre a escola e as
famílias, que são os dois grandes pilares na educação das crianças, não se pode basear só
nas famílias irem à escola participar em atividades, nem poderá ser só mostrar às famílias
que na escola também se aprende, para além de brincar.
Por outro lado e tendo em conta o que foi observado, considero que, apesar daquilo
que foi referido pela educadora, esta relação era pouco valorizada, pois a maior parte do
contacto com as famílias era feito pela assistente operacional, poucas eram as atividades
feitas com as famílias e durante o período de estágio não observei qualquer presença das
famílias na sala. Para reforçar esta minha perspetiva, considero importante relembrar que
quando sugeri convidar famílias para irem à sala no Dia Internacional as Famílias, a
124
educadora recusou esta ideia. Apesar de a educadora ter uma justificação para não
convidar as famílias para irem à sala durante o dia, considero que a principal razão para
o não envolvimento das famílias poderá estar relacionada com o receio da exposição, ou
seja, um receio de expor o seu trabalho, a sua sala e as suas práticas.
A segunda fase diz respeito ao primeiro dia em que a criança vai à escola, ou seja,
“o dia em que a família chega com o seu bebé e os seus pertences.” (Educadora A). A
educadora defende que este momento é fundamental, pois é quando a família entra na
sala, conhece o espaço e tem oportunidade de arrumar os pertences do bebé na sua gaveta
individual, “para que garanta que tudo se encontra correto e de forma organizada.”
(Educadora A). No meu ponto de vista, esta estratégia revela muito respeito pelas famílias
e pelo momento de ansiedade que as famílias estão a passar, pois é a primeira vez que
vão deixar o seu bebé na escola com pessoas que não conhecem. Quando refleti com a
educadora sobre esta estratégia, consegui perceber que a intenção é que as famílias sintam
que a sala também é um espaço seu e que ao arrumarem os pertences do seu bebé como
fazem em casa, sintam que fica tudo bem organizado e que tiveram algum controlo e
participação neste momento, ou seja, foram as famílias que preparam o local onde os seus
bebés irão estar durante a maior parte do dia.
125
promotores de uma melhor adaptação e de um desenvolvimento psicossocial global mais
adequado e adaptado das crianças.” (2010, p. 38).
A terceira fase diz respeito ao envolvimento das famílias em trabalhos que são
desenvolvidos na sala, reuniões, datas comemorativas, participação na elaboração do
projeto pedagógico, avaliação da criança e, sobretudo, “na conversa diária que se mantém
com as famílias quando, de manhã, nos entregam os seus filhos nos braços ou ao final da
tarde, quando partilhamos o dia da criança na creche.” (Educadora A). Esta última fase é,
provavelmente, a fase mais visível de todo o processo, no entanto, esta só poderá ter
sucesso depois da passagem por todas as outras, onde ambas as partes se conhecem,
conhecem os limites, as expetativas e os valores de cada uma. Este trabalho de
conhecimento é essencial para a construção das bases da relação e, mais tarde, para um
relação saudável, baseada no respeito e na comunicação.
126
“reuniões trimestrais de informação e discussão de problemas educativos” e ao “tempo
de atendimento semanal por iniciativa dos pais ou do educador.” (Educadora B).
127
compreensão por este momento e vontade de ajudar a ultrapassar esta fase inicial, caso
contrário dificilmente será possível contruir uma boa relação.
Fazendo uma análise mais profunda das conceções das educadoras e tendo como
base as observações feitas durante os momentos de estágio, considero que, de certa forma,
ambas as educadoras reconhecem a importância de construir uma boa relação com as
famílias e os benefícios que poderá trazer, sobretudo, para a criança e para o seu
desenvolvimento. No meu ponto de vista, apesar das conceções das educadoras terem este
reconhecimento da importância da relação como ponto comum, considero que existem
128
algumas diferenças entre elas, nomeadamente, na forma como esta relação é encarada
pelas educadoras e como é visível nas suas práticas.
Na minha perspetiva, a forma de olhar para a relação escola família e como esta é
(ou não) visível nas práticas depende de uma série de fatores pessoais, como por exemplo,
as experiências e vivências pessoais, a história de vida dos educadores, as crenças, as
conceções, os princípios e valores pessoais. Por outro lado, considero que também
depende muito da formação e da experiência profissional que o educador possui.
129
existentes. No fundo, sinto que aquilo que é feito é apenas o formal, aquilo que é
protocolo, o que existe em todos os jardins-de-infância, não existindo uma linha de
pensamento e estratégias de intervenção diferenciadora da educadora B.
Na minha perspetiva, penso que apesar dos trabalhos que a educadora envia para
casa, existe uma separação entre a escola e as famílias, pois no fundo, o que é feito com
as famílias é apenas entre famílias e crianças e não entre a equipa pedagógica da sala e as
famílias. Tal como já tinha referido anteriormente, considero que o motivo que leva a esta
separação e este afastamento entre a educadora e as famílias poderá ser o receio da
exposição, de partilhar a sala, de partilhar a sua prática, receio de que as famílias
questionem o seu trabalho e, por esta razão, a educadora acaba por se resguardar e fazer
com as famílias aquilo que é estritamente necessário, pois quanto menos as famílias
observarem e participarem menor poderão ser, à partida, as questões colocadas, as
sugestões e as críticas feitas.
130
3-Conceções das famílias – Envolvimento das famílias na sala
Esta ideia também surgiu, por um lado porque estávamos o início do ano letivo,
por ser um grupo novo e por considerar que seria uma boa forma de iniciar a construção
desta relação, percebendo o que pensavam as famílias, se estariam disponíveis para
participar e de que maneira. Por outro lado, mesmo que não viessem a ser realizadas por
mim, as informações dadas no inquérito serviriam para pensar futuras intervenções.
Optei por fazer um inquérito por questionário, pois considerei que seria a forma
mais confortável para as famílias, uma vez que o inquérito seria anónimo e facultativo,
ou seja, não existia a obrigação de resposta. Por outro lado, com o inquérito por
questionário conseguiria obter respostas mais rapidamente do que se recorresse, por
exemplo, a entrevistas individuais.
Assim, elaborei um inquérito por questionário, com uma breve introdução, onde
fiz uma apresentação pessoal e sobre o projeto que estava a desenvolver e duas questões,
que foi enviado às famílias através do caderno de recados das crianças. (Ver apêndice VI)
Uma vez que este estágio teve a duração de apenas duas semanas e que os
inquéritos foram enviados às famílias na última semana, combinei com a educadora que
na semana seguinte, após o término do estágio, voltaria ao contexto para recolher as
respostas das famílias.
131
Para a realização deste inquérito defini as seguintes intencionalidades:
Neste ponto farei uma análise e interpretação das respostas que as famílias das
crianças deram em cada uma das questões colocadas. Para fazer a análise optei por
construir um quadro de análise, semelhante ao que construí para as conceções das
educadoras. (Ver apêndice VII).
Após uma leitura atenta e cuidada das respostas obtidas consegui concluir que,
todas as famílias respondentes consideram que o seu envolvimento é um fator importante
para as elas mas, sobretudo, para as crianças e para o seu desenvolvimento.
No meu ponto de vista, esta resposta poderá revelar que, por um lado, esta família
considera os convívios a forma mais importante de envolvimento, provavelmente por
valorizar o facto de estarem todos juntos e de tentar transportar um pouco da cultura
familiar para a escola. Ou seja, talvez esta família valorize bastante os momentos em
família, onde todos estão reunidos e passam tempo de qualidade em conjunto, sobretudo
nas datas festivas, extremamente associadas aos momentos em família.
Esta perspetiva vai ao encontro da ideia defendida por John Dewey (1897, citado
por Hohmann & Weikart, 2011) que refere:
Por outro lado, a valorização, em primeiro lugar, das festas e destes momentos
também poderá revelar que, para esta família, o envolvimento das famílias na escola
deverá apenas ser feito em alguns momentos específicos e que deverá apenas ser isso, ou
seja, o envolvimento das famílias é importante mas apenas para comemorar determinadas
datas.
133
famílias preocupam-se com a sua vida, com o que fazem na escola, com os seus gostos,
com o que aprendem todos os dias. Esta perspetiva é também defendida por Spodek &
Saracho (1998) que afirma que “os pais precisam e querem saber sobre os seus filhos
desde a perspectiva da escola (…)” (1998, p. 174). Por outro lado, esta perspetiva não se
revê em nenhum dos conceitos apresentados no capítulo I, pois as famílias apenas são
informadas do que se passa na escola, não existindo uma participação direta, ou seja, as
famílias e a escola não tomam decisões conjuntamente. Esta minha reflexão é, de certa
forma, partilhada por Guzman (2012) que refere que esta forma de participação, bem
como a participação em festas e eventos organizados exclusivamente pelas escolas “não
se trata de participação real, já que não há uma tomada de decisões conjunta.” (2012, p.
18).
Apesar de ser uma situação focada apenas na segunda questão colocada, considero
pertinente referir nesta parte, em virtude do que foi abordado antes, a situação da falta de
tempo e das ocupações profissionais, mencionada por dois respondentes ao inquérito.
Tal como referido anteriormente, existem famílias cuja situação profissional não permite
134
que tenham o envolvimento que gostariam de ter, como verificamos em “infelizmente as
vidas profissionais não deixam muito tempo livre.” (Família K). No entanto, esta família
reforça que, apesar da falta de tempo, devem fazer um esforço para estarem presentes e
acompanharem os filhos.
Contudo, se existir um bom trabalho em equipa e uma boa parceria entre a escola
e as famílias, a participação e o envolvimento destas “pode ir além da sala de aula, e a
aprendizagem na escola e em casa podem se complementar mutuamente” (Spodek &
Saracho, 1998, p. 167) sem que a ausência física das famílias, em determinados
momentos, impeça a construção de uma boa relação.
135
perceberem que aquilo é o espaço deles, sem a proteção dos pais. Só assim eles crescem”.
(Família H).
Esta resposta leva-me a refletir sobre a questão da proteção dos pais ou da falta
dela. É evidente que na escola, na maior parte do tempo, as famílias não estão presentes
e não existe esta proteção ativa dos pais, no entanto, na minha perspetiva, é fundamental
que as famílias transmitam às crianças segurança, confiança e tranquilidade em relação à
escola e que as façam sentir que, tanto a escola como as famílias estão, conjuntamente,
empenhadas em apoiá-las. Uma das famílias frisou também que deverá existir uma
separação de papéis e uma figura de referência, consoante o local onde a criança se
encontra, ou seja, “os meninos devem entender que em casa a referência são os pais e na
escola a educadora”. (Família M).
Considero que estas últimas famílias focam um ponto muito importante que
revela, na minha perspetiva, a existência de um equilíbrio e de respeito por ambas as
partes, ou seja, escola e família. As famílias devem estar presentes mas tendo sempre em
conta que, naquele espaço (escola) a educadora é a pessoa quem organiza o espaço, os
materiais, as normas e as rotinas. Em contrapartida, em casa esta organização é da
responsabilidade das famílias. No entanto, é importante que exista uma boa relação e
comunicação entre ambas as partes, para que exista também aqui um equilíbrio entre a
escola e a família, com vista ao desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças.
Caso não exista este equilíbrio, poderá resultar numa discrepância muito acentuada nas
formas de estar, de agir e de pensar que poderão ser confusas para a criança.
No meu ponto de vista, considero que esta perspetiva de equilíbrio, respeito entre
ambas as partes, de parceria e trabalho em equipa entre famílias e escola é bastante
interessante, identificando-me bastante com ela. Só com o contributo de todos e com
136
relações baseadas no respeito, na confiança e na comunicação é possível obter bons
resultados que sejam benéficos e saudáveis para adultos e crianças. Esta ideia é defendida
por Post & Hohmann (2011) que referem que as parcerias entre a escola e as famílias
“caracterizam-se pela confiança e respeito mútuos e incluem um constante dar-e-receber
em conversas sobre o crescimento e desenvolvimento das crianças em que todos os
envolvidos têm um interesse comum e promissor.” (2011, p. 327). Esta perspetiva é
igualmente defendida por uma família que afirma que “apenas se houver um bom trabalho
entre a escola e a família é que as crianças terão um acompanhamento e desenvolvimento
adequado.” (Família D).
Analisando estas respostas e a frequência com que esta ideia é sugerida, reconheço
que, muito provavelmente, esta é a forma mais comum das famílias estarem envolvidas
na escola, ou seja, a forma que mais conhecem e estão habituadas. Penso que talvez seja
por ser a mais simples de todas as formas possíveis, no sentido em que, é muito fácil ter
as famílias presentes num dia específico e apenas num só dia. No entanto, é muito mais
difícil, sendo esse o verdadeiro desafio, envolver as famílias o ano inteiro, partilhar o
espaço, tê-las na sala a participar ativamente, envolvidas em todo o processo, a fazer
sugestões e, muitas vezes, críticas.
137
estar e de pensar e, muitas vezes, ser capaz de ouvir as críticas e crescer, pessoal e
profissionalmente, com elas. Esta questão da exposição não é uma questão fácil de lidar
e, por essa razão, acredito que a maior parte da resistência oferecida, relativamente ao
envolvimento das famílias, poderá dever-se ao medo da exposição.
Uma outra sugestão feita por duas famílias diz respeito à ida das famílias à sala
para desenvolver atividades da sua autoria, por exemplo, “falarem dos empregos”
(Família G) ou ainda “ir à escola contar a história favorita do seu filho.” (Família K). Esta
foi uma das minhas ideias iniciais para a dinamização do Dia Internacional da Família,
no entanto, não foi possível levar familiares à escola antes do horário estipulado pela
educadora.
Seguidamente, apesar de não ser uma sugestão, gostaria de destacar uma questão
mencionada no inquérito por uma família, sendo ela a existência da vontade de
participar e de querer estar envolvido mas, ao mesmo tempo, não saber como o podem
fazer, como verificamos em “eu gostaria de conhecer melhor o comportamento do meu
filho dentro da sala mas não sei qual seria a melhor forma de o fazer.” (Família M).
138
envolvimento das famílias e ter sempre em conta que “embora as parcerias educadores-
pais levem o seu tempo e esforço até serem estabelecidas, todos beneficiam.” (Post &
Hohmann, 2011, p. 329).
Por último, gostaria ainda de destacar a resposta de uma família que todos os
educadores (famílias e educadores de infância) deveriam ter sempre em consideração,
sendo ela “penso que por vezes os filhos, por mínimo que seja, apenas verem que os pais
estão presentes já é uma mais-valia, visto que têm como exemplo aqueles que os educam.
(…) No meu ponto de vista somos os seus heróis.” (Família E).
As famílias inquiridas focam dois aspetos que considero relevantes, sendo que o
primeiro diz respeito ao equilíbrio e respeito entre a escola e a família e o segundo diz
respeito à falta de tempo e às questões profissionais que, muitas vezes, impedem o
envolvimento desejado.
Por outro lado, considero que o facto de serem apresentadas diversas formas de
envolvimento, pois cada família tem a sua perspetiva, consoante os seus hábitos e a sua
cultura familiar, poderá ser uma mais-valia, no sentido em que poderá tornar as
intervenções futuras mais ricas e completas. No meu ponto de vista, todas as perspetivas
de envolvimento apresentadas poderão ser válidas, desde que sejam utilizadas de forma
equilibrada. Assim, considero que o educador de infância deverá ser flexível para
compreender e aceitar as diferentes perspetivas, utilizando-as para enriquecer o seu
139
trabalho, enquanto, em simultâneo, poderá partilhar e trabalhar com as famílias novas
perspetivas promovendo o envolvimento e o trabalho conjunto.
No entanto, receio que as minhas expetativas tenham sido muito elevadas, uma
vez que a educadora não mostrou interesse em ler as respostas das famílias. Tal como já
referi, quando enviei os inquéritos às famílias, combinei com a educadora ir buscá-los
uns dias mais tarde, já com a intenção de permitir à educadora recolhê-los e ler as
respostas. No entanto, quando me dirigi novamente à instituição e questionei a educadora
se tinha lido e o que tinha achado, a resposta que obtive foi que apenas tinha lido alguns
por alto. Tendo em conta que trouxe os inquéritos para poder continuar o meu relatório e
tudo aquilo que observei durante os dois momentos de estágio, tenho algumas dúvidas
que tenha existindo uma continuidade neste sentido.
Uma outra dificuldade sentida diz respeito ao facto de, à semelhança do ano letivo
anterior, não ter sido apresentada às famílias e, por essa razão, quando enviei os inquéritos
às famílias com a minha apresentação pessoal e do tema do meu projeto houve alguma
surpresa da parte das famílias. Algumas, com quem ainda não me tinha cruzado e não me
tinha apresentado, não sabiam que eu estava ali na qualidade de estagiária.
Como pontos fortes destaco, em primeiro lugar, a adesão das famílias que foi
bastante positiva, tendo em conta que mais de metade das famílias respondeu ao inquérito
140
o que, na minha perspetiva poderá revelar interesse em estar envolvido e participar na
vida pré-escolar das crianças.
141
Capítulo V: Considerações finais
142
Neste capítulo apresento algumas considerações finais relativamente ao meu
projeto, nomeadamente aspetos relacionados com a própria elaboração do projeto,
conclusões a que cheguei, aprendizagens significativas, principais dificuldades e
estratégias que utilizei para ultrapassá-las e, sobretudo, como é que este projeto me fez
crescer pessoal e profissionalmente.
143
muitas vezes, as suas fragilidades familiares, os defeitos, as dificuldades e as falhas, com
receio de que lhes apontem o dedo e coloquem em causa as suas capacidades parentais.
Em contrapartida esta relação também não é fácil para o educador de infância que
tem de assumir um papel extremamente flexível e compreensível, lidando com várias
famílias diferentes, com diferentes perspetivas, crenças, princípios e valores, sem se
esquecer de ser fiel aos seus próprios valores. Esta situação poderá ser muito difícil de
gerir. Por outro lado, ao envolver as famílias na sua sala, o educador de infância está
também a expor o seu trabalho e a sua prática, correndo o mesmo risco de ser julgado e
criticado.
O início desta relação deverá assim, partir do educador de infância que, através de
um conjunto de estratégias, deverá proporcionar momentos que permitam aproximar as
famílias da instituição. Estas estratégias devem ter como base o respeito e a comunicação,
reconhecendo que ambas as partes (escola e família) são essenciais para o
desenvolvimento e crescimento das crianças. Assim, o educador deverá estar à vontade
para “abrir” a porta da sua sala e partilhar com as famílias um pouco do seu trabalho,
sempre com a perspetiva de fomentar o envolvimento e a criação de parcerias com as
famílias.
Para que o educador de infância consiga dar este passo é, para além de vontade e
interesse em envolver as famílias, é fundamental que saiba como fazê-lo. No primeiro
contexto de estágio onde estive, era visível o interesse da educadora cooperante em
trabalhar com as famílias, no entanto, após alguns momentos de reflexão, percebi que não
acontecia por falta de estratégias e conhecimentos para o fazer. Por outro lado, no segundo
contexto de estágio, fui percebendo que o envolvimento das famílias na sala não era uma
prioridade e, depois de refletir com a educadora cooperante percebi que se poderia tratar
de receio da exposição do seu trabalho.
144
Através das observações e intervenções feitas nos contextos de estágio, consegui
compreender que os momentos de maior contacto e interação com as famílias são os
momentos informais, nomeadamente, os momentos de acolhimento e de regresso às
famílias. Assim, é fulcral que o educador de infância esteja presente nestes momentos
transmitindo confiança e segurança às crianças e às suas famílias. No segundo contexto
de estágio percebi que estes momentos eram, maioritariamente, feitos pela auxiliar de
ação educativa o que me fez questionar se o pouco envolvimento das famílias não teria
começado logo nestes momentos. Os recados e as informações eram transmitidas
exclusivamente através dos cadernos de recados, não havendo uma comunicação direta
com as famílias.
Assim, considero que a relação com as famílias deverá ser estabelecida logo nos
primeiros dias e que estes momentos devem ser valorizados, pois são aqueles que mais
permitem contacto com as famílias. É evidente que existem momentos formais,
nomeadamente as reuniões de famílias, no entanto, estes momentos devem ser utilizados
de uma forma equilibrada e não apenas para frisar os aspetos negativos das crianças.
Neste sentido entramos num outro campo que considero ser extremamente
importante para a construção de uma relação saudável: o conhecimento e a gestão das
expetativas. É fundamental que o educador conheça as expetativas que as famílias têm,
da mesma maneira que as famílias devem conhecer as expetativas do educador.
145
Mas fazer uma reflexão final implica também refletir sobre as dificuldades
sentidas e obstáculos enfrentados. Implica por isso, voltar um pouco atrás e rever todo o
processo desde a escolha do tema até ao término do meu estudo.
Foram vários os momentos em que pensei que nunca iria conseguir e que era
demasiado para mim, chegando mesmo a duvidar das minhas capacidades, enquanto
pessoa e, sobretudo, enquanto futura educadora. Esta angústia foi passando aos poucos,
sobretudo quando comecei a perceber que não era a única a sentir estes receios e
incertezas. Neste sentido, as aulas de Seminário de Investigação e de Projeto onde iniciei
o desenvolvimento do meu projeto e onde foi possível refletir com as minhas colegas
sobre estas questões, foram extremamente importantes, pois através destes momentos de
reflexão, consegui compreender que estes receios são naturais e, sobretudo, consegui
encontrar um apoio para poder ultrapassar os obstáculos que tinha pela frente.
Passada esta fase consegui entregar-me por completo ao meu projeto e iniciar esta
grande aventura a que eu chamo de “montanha russa de emoções”. Atribuí,
carinhosamente, este nome exatamente por ter sido um processo com muitos altos e
baixos, com momentos de muita inspiração e vontade de escrever e outros em que não
conseguia sequer pensar em tocar no computador.
146
uma grande capacidade de adaptação e de contornar obstáculos, sempre com os meus
objetivos bastante presentes.
Iniciei a escrita do meu projeto em janeiro de 2018, logo após o término da parte
curricular do mestrado e, rapidamente, percebi que a tarefa que tinha pela frente não seria
tão fácil como aquilo que eu estava à espera, tendo sido aqui que fiz a minha primeira
paragem. Depois de vários momentos em que começava a escrever e acabava por apagar
tudo, por achar que não era bom o suficiente, acabei por sentir que não ia conseguir e
parei.
Foi nesta altura que fiz a minha segunda paragem na escrita do meu projeto.
Escolhi parar por questões de saúde, sobretudo mental. Foi nesta altura que fui obrigada
a aceitar que não conseguia fazer tudo e que o facto de não conseguir não era errado. Esta
fase foi muito difícil pois sentia que estava a desapontar todas as pessoas à minha volta,
tendo sido extremamente difícil enfrentar este sentimento. Mais tarde percebi que o
problema estava nas minhas expetativas e não nas expetativas dos outros. Eu é que tinha
expetativas muito elevadas e estava a exigir de mim mais do que aquilo que era possível,
para mim e para qualquer ser humano. Esta foi, sem dúvida, a fase mais crítica da
elaboração do meu projeto, no entanto, foi também a que mais me fez crescer.
No entanto, porque acredito que o mundo dá muitas voltas e que todo o esforço e
dedicação acaba sempre por ser recompensado, mesmo que não seja logo, consegui
chegar ao fim e terminar esta etapa tão importante ainda mais certa de que quando
queremos muito uma coisa e quando nos esforçamos, conseguimos alcançá-la.
147
Bibliografia
Carmo, H., & Ferreira, M. (2008). Metodologia da Investigação: guia para auto-
aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
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Spodek, B., & Saracho, O. N. (1998). Ensinando Crianças de Três a Oito Anos. Porto
Alegre: Artmed.
Legislação
Documentos oficiais
150
Apêndices
151
Apêndice I – Planta das salas
Sala de Creche
Sala de berçário
152
Apêndice II – Convite Dia Internacional das Famílias
153
Apêndice III – Registo fotográfico Dia Internacional da Família
Lanche convívio
154
155
Apêndice IV – Inquérito por questionário – Educadoras cooperantes
2. Quais são as estratégias que utiliza para contruir uma relação próxima com as
famílias?
relação escola-família?
156
Apêndice V – Quadro – Conceções das educadoras cooperantes
157
Envolvimento e participação
nas festas e épocas festivas, e Participação em atividades de
na conversa diária que se dias especiais.
mantem com as famílias.
158
Apêndice VI – Inquérito por questionário – Famílias
Educação Pré-escolar e estou a realizar o meu último estágio na sala verde. Estou a
relacionadas com esta temática. Peço-vos que entreguem as vossas respostas até ao
as crianças?
159
Apêndice VII – Quadro – Conceções das famílias
Questão 1 Questão 2
160
Através de trabalhos manuais
Sou a favor do envolvimento
para fazermos em conjunto em
das famílias, pois a família e a
Família F casa, de modo a termos
escola formam uma equipa na
conhecimento de temas
educação das crianças.
abordados na escola.
No que fosse possível, devia
desenvolver mais atividades com
as crianças. Talvez os pais
Acho que devia haver mais
Família G falarem dos empregos e o que
atividades com a família.
fazem ou fazer o dia dos animais
de estimação coisas desse
género.
Como referi, penso que será
importante em algumas datas
Penso ser importante em
pontuais, podendo sempre
algumas datas pontuais, pois
utilizar datas e festas temáticas,
os meninos adoram mostrar os
de acordo com a época/data que
seus trabalhos a nós pais. Mas
se encontramos. Mas o resto do
para eles sentirem isso mesmo
Família H tempo não concordo, pois é o
que referi é necessário esse
espaço deles e para além disso
desvinculo, pois é importante
os pais que não podem
eles perceberem que aquilo é o
acompanhar esses momentos,
espaço deles, sem a proteção
por motivos profissionais, é uma
dos pais. Só assim eles crescem.
frustração enorme para a
criança.
No meu entender o
envolvimento das famílias na
vida dos filhos na escola, é
muito boa em relação às
crianças porque se sentem
No meu ver está ótimo assim,
protegidas e em relação aos
Família I mas se houver melhorias, ainda
pais porque veem o
melhor ficará.
desenvolvimento dos filhos no
aspeto de convivência, e como
crescem com as muitas
capacidades ganhas ao longo
dos anos.
Acreditamos que escola e
família devem trabalhar em De uma forma que a escola
Família J
conjunto para uma melhor achasse útil.
formação da criança.
As famílias devem promover o
Os pais devem ser chamados a
bom funcionamento da sala,
partilhar experiência profissional
devendo procurar não interferir
ou outra, ou podem ir à escola
nas decisões e auxiliar na
contar a história favorita do seu
implementação de novas ideias
Família K filho por exemplo. Infelizmente
sempre que solicitado. Os
as vidas profissionais não deixam
meninos devem entender que em
muito tempo livre, mas os pais
casa a referência são os pais e na
devem esforçar-se para
escola a educadora.
participar no que for pedido.
161
Na minha opinião as famílias
devem estar envolvidas nas
questões importantes para o
Penso que os trabalhos devem
desenvolvimento social e
ser desenvolvidos pelas crianças.
comportamental dos seus
Acho que os trabalhos
educandos, mas sem que este
elaborados com os pais em datas
envolvimento interfira com a
especiais devem continuar, como
prática da educadora dentro da
a decoração de desenhos do dia
sala, ou seja, sem que seja
da mãe, do pai, da criança etc.
necessária a presença
Eu gostaria de conhecer melhor o
consecutiva dos pais. Esta
Família M comportamento do meu filho
presença pode dificultar a
dentro da sala, mas não sei qual
evolução social da criança. Os
seria a melhor forma de o fazer.
pais devem estar a par de
Na minha opinião o trabalho
todas as práticas da aula,
desenvolvido pelas crianças com
assim como as evoluções e
a educadora está excelente até
dificuldades dos seus
ao momento, não sinto que
educandos, de forma a
exista necessidade de haver mais
poderem contribuir (em casa)
participação por parte dos pais.
para o melhoramento das
capacidades e felicidade da
criança.
Foi o que referi eu estarei
presente para qualquer projeto.
De que forma não sei, tudo o que
Acho bem sobre o
for relacionado com os nossos
envolvimento das famílias na
tempos. O que seja para bem
sala. O que está contra é o
estar deles e que eles estejam
tempo. O horário do meu
Família N felizes, que os pais estejam por
marido não é compatível agora
perto. É bom, eles assim sentem
eu Verónica Gonçalves tenho
conforto o que é muito bom
tempo para qualquer iniciativa
estarem aberta a iniciativa, a
que haja. Estarei presente.
trabalhos que sejam
desenvolvidos com as crianças.
(…)
162