Final Acul
Final Acul
Final Acul
2°Ano Laboral
Maputo
2022
2
Maputo
2022
3
Índice
Introdução......................................................................................................................................4
Objectivos.......................................................................................................................................5
Metodologia.....................................................................................................................................5
1.0. Feitiçaria..................................................................................................................................6
2.0. Racionalidade..........................................................................................................................9
2.1.A Ciência.................................................................................................................................10
4.0. Religião..................................................................................................................................13
Considerações finais....................................................................................................................18
Referencias bibliográficas...........................................................................................................19
4
Introdução
Moçambique é um país africano localizado no sudeste da África. Possui uma superfície territorial
de 799.380 km2, sendo banhado pelo Oceano Índico em toda a faixa Leste. A Norte, o país faz
fronteira com a Tanzânia, a Oeste com o Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e Swazilândia, e a Sul com
a África do Sul. É composto por 11 províncias: Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia,
Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo Província e Maputo Cidade que tem o estatuto
de província (INTIC - Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação, 2015).
Objectivos
Geral
Compreender a Feitiçaria, Ciências e Racionalidade cultura, Tradição e religiosidade no
contexto Sociocultural do Moçambique Moderno.
Específicos
Metodologia
O presente trabalho é do tipo exploratório, com finalidade de Apresentar, Feitiçaria, Ciências e
Racionalidade cultura, Tradição e religiosidade no contexto Sociocultural do Moçambique
Moderno; tem delineamento qualitativo, com enfâse a pesquisa documental e bibliográfica, a sua
pesquisa será fundamentada em ideias e pressupostos teóricos, para tal se fará uso de fontes
primária.
6
1.0. Feitiçaria
Paula Meneses (2009. p.177) afirma que “com a emergência do moderno sistema colonial, a
feitiçaria transformou-se no símbolo do mundo selvagem, numa prática a ser abolida com
introdução de uma racionalidade moderna”. Com as medidas violentas de extermínio das práticas
religiosas, culturais e de magia nas sociedades africanas, as práticas de feitiçaria, aparentemente,
iriam desaparecer do seio de algumas estruturas sociais.
Pode estar relacionada com cultos às forças da natureza ou aos antepassados já falecidos, sendo
que está também frequentemente relacionadacomousodeartesconsideradasmágicas, àinvocação
de entidades, comoporexemplo, espíritos, deuses, géniosoudemónios, ou oemprego de diversas
formasdeadivinhação. Os praticantese líderesdafeitiçaria, designadosde feiticeiros, gozavam de
uma considerável influência social em diversas comunidades, sendo encarados como líderes
religiosos ou conselheiros. Os espíritosdafeitiçariaactuamrecebendopagamentoscomo: sangue
deanimais, bebidas, perfumes e uma infinidadede objectos que valorizam, apesarda
dimensãoincorpóreaem que se encontram. São emgeralespíritosarrogantes,
agressivosemuitoautoconfiantes.
7
Tal actuação através de viagem espiritual, xamânica, é contrastante com as visões dominantes
nosul ecentrodopaís. Aí, sãoosespíritosque possuemosindivíduosvivos, ouqueestesúltimos
conseguem dominar, quem actua sobre arealidadepercetível através de formas a quechamaríamos
mágicas, nãoofazendonumoutromundoinvisível,mas, emborasejamelespróprios invisíveis, no
nosso mundo, que também habitam. Uma pessoaacusada de
serfeiticeirarepresentaumaameaçaàsolidariedadecomunitária, devendo ser descoberta e
combatida através de todos os meios de que a comunidade dispõe. É esta ideiade
traiçãoaopróprio grupo, umataqueàverdadeirabase da estruturasocialquetransforma a suspeita da
prática de feitiçaria num crime odioso (EVANS, 1992: 50).
A crença é que o uso de partes do corpo humano produz medicamentos tradicionais muito fortes"
afirmou Simon Fellows. Em Moçambique, vários relatos têm associado o recurso a órgãos
humanos com a crença de que podem proporcionar riqueza e poderes sobrenaturais (AS DUAS,
2011).
Segundo Geschiere (2006), aos casos relatados sobre o sumiço de pessoas e/ou tráfico de órgãos
em Moçambique, foram destaques nos noticiários internacionais, ocupando as principais folhas,
manchetes nas cadeias nacionais e internacionais dos principais jornais do mundo. Como no caso
a abaixo: Órgãos genitais masculinos procurados para feitiçaria.
9
2.0. Racionalidade
Aracionalidade implicaaconformidadedesuascrençascomumasprópriasrazões paracrer, ou desuas
açõescomumasrazõesparaaação. “Racionalidade" tem significadosdiferentesespecializados em
economia, sociologia, psicologia, biologia evolutiva e ciência política. Uma decisão racional é
aquela que nãoé apenas fundamentada, mas também é ideal para alcançar um objetivo ou
resolver um problema.
Eleé obrigado aassumi-lopara manter seu projecto de racionalidade. Incluir “lógicas concretas”
que se organizassem, p. Ex: admitindo a simultaneidade dos opostos (é contradição), implodiria
o próprio projecto estruturalista. Racionalidade A
racionalidadeimplicaaconformidadedesuascrençascomumaspróprias razões paracrer, ou
desuasaçõescomumasrazõesparaaação. “Racionalidade” tem significadosdiferentesespecializados
em economia, sociologia, psicologia, biologia evolutiva e ciência política. Uma decisão racional
é aquela que nãoé apenas fundamentada, mas também é ideal para alcançar um objetivo ou
resolver um problema. A negaçãode um a únicaformadeclassificaçãomarcaorompimentodeLévi-
Strauss coma tradição logica que pretendi encontrar uma estrutura mínima do discurso
enunciativo que dessa conta da relação entre a linguagem, pensamento e mundo. Ele esta muito
mais próximo de uma conceção pluralista de formas de classificaçãoeordenaçãodomundo,
concebidoestecomo uma descontinuidadereal.O princípio fundamental
darazãoedodiscursoenunciativonão apenas esta salvocomo organiza toda a interpretação da
actividade intelectual humana. Entretanto, razão, ratio,
significaamedidacomumpelaqualépossívelestabelecerum anexoentre termos. Apesar
deapontarumasoluçãoparaoproblemadoprojecto logicotradicional, da
qualseseguiriaorelativismoabsoluto, Lévi-Strauss mostra-se muitoconfiantequantoàsuficiência do
princípiouniversalda não contradição. Eleé obrigado a assumi-lopara manter seu projecto de
racionalidade. Incluir “lógicas concretas” que se organizassem, p. Ex: admitindo a
simultaneidade dos opostos (é contradição), implodiria o próprio projecto estruturalista.
2.1.A Ciência
Etimologicamente, o termoantropologiaderiva das palavras gregas “anthropos” (ser humano) e
“logos” (ciência, estudo, conhecimento) esignificaoestudodoserhumano. O
objetivodaAntropologia é buscar um entendimento amplo, comparativo e crítico dos seres
humanos, seusconhecimentos eformasdeser. A
antropologiasurgiucomociêncianoiníciodoséculoXX, com a sistematização dos estudos sobre
culturas consideradas “exóticas”.
11
A antropologia abrange oestudo do ser humano como ser cultural, fazedor decultura. Investiga as
culturas humanas no tempo e noespaço, suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças e
diferenças. Tem seu focodeinteressevoltadoparaoconhecimentodocomportamento cultural
humano, adquiridoporaprendizadosocial.A partir dacompreensãodavariedadedeprocedimentos
culturais dentrodoscontextosemquesãoproduzidos, aantropologia, como oestudo das culturas,
contribui para erradicar preconceitos derivados do etnocentrismo, fomentar o relativismo cultural
e o respeito à diversidade.
Tylor foi o primeiro a formular um conceito de cultura. Para ele essa “é aquele todo complexo
que incluio conhecimento, ascrenças, aarte, amoral, alei, oscostumesetodososoutroshábitos
eaptidõesadquiridospelohomemcomomembrodasociedade”. Poderíamos entãoafirmar quea
cultura, nãoénada mais, nadamenos, queoconjuntodesaberes (axiológicos estéticos, técnicos,
teológicos, epistemológicos, etc.) característicos de um determinado grupo humano ou deuma
sociedade, ouseja, o conjuntode comportamentos, saberes-fazeres adquiridas através de
aprendizagem e transmitidas ao conjunto de seus membros.
3.1. Elementosdacultura
DeacordocomMARCONIe PRESOTTO (2006),constituem-se comoelementosdacultura: as
ideias, acrença, osvalores, asnormas, asatitudesoucomportamentos, aabstracçãodo
comportamento, as instituições, as técnicas e os artefactos.Enquanto coisas reais e observáveis, a
cultura pode ser classificada em três tipos:
Cultura material-quando ela é formada por coisas ou objetos materiais, desde os machados
e dos valores;
13
O anthropos-ouseja,ohomemnasuarealidadeindividualepessoal, ohomemcomoser
biológico, físico;
O Oiko- Refere-se ao ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra a actuar.
Da palavraoikosderivaapalavraecologia. São osfactoresnaturais, geográficos, ecológicos que
influem na cultura.
4.0. Religião
Religião (do latimreligio, -onis)éumconjuntodesistemasculturaisedecrenças, alémdevisões
demundo, queestabeleceossímbolosquerelacionamahumanidadecom a
espiritualidadeeseusprópriosvaloresmorais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradiçõese
14
histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo.
As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas
ouumestilodevidapreferidodesuasideiassobreo cosmos eanaturezahumana. Os
modelosreligiososexógenossão: o cristianismo; judaísmo; hinduísmo; islamismo; budismo;
xintoísmo; siquismo; bahai; jainismo.
Portanto, por detrás de toda a manifestação religiosa (ritos, cultos, crenças adorações, etc.) está a
sociedade, poisfoielaquecrioua sua concepçãoreligiosa. Edward Tylor(1871) afirmava que para
oHomem primevo, tudo é dotado de alma, e esta crença fundamental e universal não só explica o
culto aos mortos e aos antepassados, mas também o nascimento de deuses. Para Radcliffe-Brown
(1999) areligiãoestabelecenormasconsuetudinárias(sanções legais), normais morais(sanção
daopiniãopública) enormassobrenaturais(sanção daconsciência), são estas três maneiras de
controlar o comportamento humano.
atingiuoseuaugenoséculo IIIdepoisdeCristo,
sobaCascallaimperadoresHeliogabálicoseSeveraAlexandre(211- 235) (KAEMER, s.d. p.1).
Podemos observar o fenómeno do sincretismo religioso desde a formaçãodasreligiõesmais
primitivasaté a actualidade. Ele surge por meiodo processo deenraizamento da culturanareligião,
ouseja, ospovosvãose organizando, gradualmente, e as crenças vão se tornando prática comum e
expressão cultural (SALES, s/d. p.5).
Segundo Honwana (2002), o uso dos termos tradição e modernidade para caracterizar o
fenómeno zionista é problemático por duas razões:
Par Meyer (1998, p.183), o processo de ruptura com a tradição ou passado é feito através do
engajamento na dialéctica de recordação e esquecimento. Assim, as Igrejas Pentecostais
apresentam ideias religiosas que incluem uma elaboração do discurso sobre o mal e demónios,
oferecendo rituais durante os quais esse poder do mal se manifesta e é exorcizado – libertação.
17
Aqui, a libertação é concebida como uma luta espiritual entre Deus e Satanás onde impera o
desejo das pessoas se libertarem de todas as formas de servidão.
Para os pentecostais é importante lutar contra Satanás, pois acredita-se que ele opera em
consonância com os espíritos tradicionais. No entanto, esta luta contra o mal não pode ser
entendida meramente em termos de quebra com a tradição. Pelo contrário, como demónios
cristãos, através das imagens dos maus espíritos, as divindades são integradas no universo de
discursos protestantes. A pré-condição para a ruptura com as crenças tradicionais, é a construção
das tradições enquanto fusão de ideias antigas e novas. Neste âmbito, a lembrança não tem como
objectivo restaurar a história a fim de servir como uma base identitária para configurar o futuro,
mas antes, para revelar a fonte oculta dos problemas do presente. A libertação é imaginada como
alcançável à custa da história e pela destruição de todas as ligações com o passado (Idem, 187).
A questão fundamental é que a ruptura com o passado pode ser somente feita pelo processo de
lembrança, meio com o qual os laços existenciais são desvendados. As pessoas são levadas a
reconhecer que os problemas que encontram no presente têm a sua origem nos laços passados. A
quebra com o passado pressupõe uma construção através da recordação. Aqui, os pentecostais
têm duas noções contraditórias de identidade. Por um lado, as pessoas são representadas como
produto do passado, por outro, esta identidade é vista como impeditiva para o alcance do ideal de
pessoa moderna que tem controlo de si mesmo (MEYER, 1998).
No contexto das Igrejas Zione do Sul de Moçambique a relação tradição e modernidade não pode
ser colocada em termos de ruptura. Pelo contrário, o discurso zionista tolera as ideias da tradição
e dos espíritos. Aqui, a questão fundamental colocasse precisamente na forma de lidar com esse
fenómeno. Enquanto os Nhanga lidam com os espíritos de forma directa, isto é, através da acção
de um outro espírito que se apossa no adivinho, as Igrejas Zione lidam com o mesmo fenómeno
através da acção do espírito santo. Esta ideia de Espírito Santo tem levado muitas pessoas a
iniciarem-se nas Igrejas Zione, pois considera-se que estas têm uma forma mais moderna no
sentido de que não incluem rituais pesados como os das escolas de iniciação dos Nhanga.
Todavia, quer os profetas zione, quer os Nhanga, têm a mesma ênfase – intermedeiam o discurso
entre os vivos e os mortos. Logo, a possessão espiritual permite às pessoas redefinirem e
desenharem identidades a partir dessa acção.
18
Por isso, justificavam-se que um indivíduo acometido pela doença de chamamento para a
iniciação Nhanga pode decidir-se pela iniciação numa Igreja Zione. Devo enfatizar que, o poder
transformativo dos espíritos antepassados em anjos zione, que as Igrejas Zione têm, é visto por
muitas pessoas do Sul de Moçambique como um aspecto novo, logo pode ser conotado com a
modernidade. No entanto, toda a sua essência enquanto prática religiosa é tradicional, ao
sustentar-se na mesma base etiológica que a dos Nhanga– diálogo entre vivos e mortos,
reproduzindo uma série de continuidades, como temos vindo a explicar (MEYER, 1998).
Considerações finais
Depois de vasta leitura efectuada perante o domíniodosimbólico, percebe-se, que a feitiçaria se
torna um elemento chave nas novas relações sociais travadas num território dominado pelas
profundas chagas da colonização e minado pelas teorias eurocêntricas. A feitiçaria é o elo entre o
passado tradicional e uma África moderna, onde as tensões sociais ao passo que são produzidas
pelo capitalismo produzem também os elementos que lhe confere resistência. No contexto
moçambicano a feitiçaria serve como a
formamaiscomumdeemtemposdecriseeconómicaededeclíniosocialdeoportunidades,
seconseguirsucessopessoal, riquezaeprestígio. Os líderespolíticos são amplamente
referenciadosporrecorreremàfeitiçariaafimdeassegurarempoderesucessoeleitoral, e muitos usam
engenhosamente este conhecimento para ganhar visibilidade e mesmo deferência. E tambémse
anotouqueMoçambiqueé umPaísformadoporjuncãodeculturas, crenças, religiões, de todos os
povos que pelo Pais passaram na antiguidade, alguns a quando colonizadores (Portugal). Quanto
a religiosidadeanotou-se oscomerciantesárabestraziamoIslãeoCristianismofoitrazidopelos
Português. O sincretismoéa mistura, afusão, aassimilaçãodeumoumaiselementosculturais
entrereligiõesdiferentes, ouseja, determinadareligiãoseutilizadosmitoseritosreligiosos distintos
aos seus.
19
Referencias bibliográficas
1. MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: Guia para estudo. Paulinas
Editorial. Ed. 5ª, Maputo, 2007.
2. MARCONI, Maria de Andrade & PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma
Introdução; São Paulo: Atlas. Ed. 7ª, 2010.
3. MAHUMANE, Jonas Alberto. Representações e Percepção sobre Crenças e Tradições
Religiosas no Sul de Moçambique. Ed. 1ª. Dicionário online; Maputo, 2008.
4. HAWANA, Alcinda. Espíritos vivos, Tradições Modernas: Possessão de Espíritos e
Reintegração Social Pós-guerra No sul de Moçambique. Promedia, Maputo.
5. LEVI-STARAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. Papirus editorial, Campinas, 1989.
6. SHILS, Edward. Traditio.Chigado. University of Chicago Press, 1981.