Dissertacao EstevanRochaSuzini PROEF 2020
Dissertacao EstevanRochaSuzini PROEF 2020
Dissertacao EstevanRochaSuzini PROEF 2020
SÃO CARLOS - SP
2020
ESTEVAN ROCHA SUZINI
SÃO CARLOS – SP
2020
ESTEVAN ROCHA SUZINI
RESUMO
ABSTRACT
O profissional de Educação Física tem uma vasta área para sua atuação
profissional. Nesse sentido podemos ter o professor licenciado que exclusivamente
trabalhará ministrando aulas de Educação Física dentro das escolas de educação
básica, escolas técnicas e instituições de ensino superior. O professor que tem a
graduação de bacharel tem sua área de atuação dentro de academias, clubes de lazer,
escolinhas de esportes, organizações de campeonatos, na fisiologia do exercício,
marketing esportivo, etc. É comum o profissional de Educação Física e aqui
chamaremos de professor, ser licenciado e bacharel, atuando assim em todas as
perspectivas e possibilidades apresentadas.
Após terminar minha graduação (licenciatura e bacharel), me tornei um
professor que dividia o tempo trabalhando em escolas de educação básica e secretarias
de esporte, nos dois casos em instituições públicas e ligadas a prefeitura municipal da
cidade. Foi atuando dentro de uma secretaria de esportes que tive a oportunidade de
trabalhar com pessoas de diferentes idades e histórias de vida, e ver como o exercício
e a atividade física podem influenciar de forma positiva suas vidas. Observava em
minhas aulas que os alunos tinham diferentes níveis de habilidades motoras e pude
constatar que os alunos que estavam ali para aulas de ginastica ou pilates tinham
grandes dificuldades em executar os exercícios; não somente por falta de
condicionamento físico, mas por dificuldades motoras em repetir ou executar os gestos
propostos. Em conversas informais, acabei descobrindo que eles em sua maioria
começaram a trabalhar muito cedo e pouco experimentaram atividades físico-
esportivas, de recreação e lazer.
Pensando nessa problemática, comecei a refletir sobre a importância do
aprendizado das habilidades e da coordenação motora na vida das pessoas. Passei a
entender que a falta de habilidade motora acabava afugentando o aluno e impedindo,
muitas vezes, algumas atividades de lazer que eles poderiam desenvolver como a
dança, o jogo (qualquer espécie), a ginastica, vivências aquáticas, etc.
Em contrapartida, trabalhando nas escolas, principalmente na pré-escola
e nos anos iniciais do ensino fundamental, via meus alunos muito estimulados a
executarem as tarefas propostas dentro das aulas, independente de saberem ou não
algum gesto. Os alunos desejam conhecer e experimentar novas formas de
16
movimentos, seja através de jogos e brincadeiras, desafios motores, nas danças, lutas
e etc.
Comecei, então, a me questionar o que poderia ser feito para melhorar a
vida de todas as pessoas que, por falta de habilidade motora, se inibiam e não
realizavam alguma atividade de seu interesse. Percebi que inclusive eu, mesmo sendo
professor muitas vezes me esquivo de alguma tarefa por ter medo do meu
desempenho, posso citar a dança e a prática de alguns esportes.
Pensando nessa problemática e na realidade de muitas escolas em
relação a oferta da disciplina de Educação Física, buscaremos a partir dessa pesquisa
aumentar as discussões acerca do papel do professor de Educação Física na educação
infantil, e a importância do aprendizado das habilidades motoras para a vida das
pessoas, de forma a subsidiar suas práticas de lazer e recreação, sejam elas esportivas
ou não.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
2 REVISÃO DE LITERATURA
infantil ao ensino médio. Clark (2007) acrescenta ainda que a “alfabetização” motora
é tão importante quanto a alfabetização em leitura; e justifica o seu posto de vista
afirmando que, se queremos pessoas fisicamente ativas, precisamos desenvolver
neles habilidades motoras que lhes possibilitem participar de uma ampla gama de
atividades físicas.
Considerando a visão dinâmica de desenvolvimento, participar em uma
ampla gama de atividades possibilitaria ao aluno ter experiências ricas que certamente
contribuirão para o seu desenvolvimento. Sobre este desenvolvimento integral
(cognitivo, afetivo-social e motor), Gallahue e Donnelly (2008) apontam que as aulas
de Educação Física podem contribuir para o desenvolvimento desses domínios. Da
mesma forma, Tani (1987, p. 27) ao falar sobre a aprendizagem de habilidades
motoras pelas crianças durante as aulas de Educação Física afirma que:
3 MÉTODO
3.3 Participantes
Tabela 1. Tabela apresenta o número de participantes e os valores de idade, massa, estatura e tempo
em que estavam matriculados na escola (media ± desvio padrão) para ambos os grupos. a Grupos não
foram significativamente diferentes (p>0,05).
3.5 Procedimentos
Habilidades Motoras
Controle Postural
Habilidades Motoras
Controle Postural
4 RESULTADOS
Figura 1. Escore Bruto Total (em pontos) no pré-teste e no pós-teste para os dois grupos (GRef e
GEsp. Dados apresentados como média (‘+’), mediana (linha), intervalo interquartil (caixa), e mínimo e
máximo (hastes). *Diferença significativa, p < 0,05.
Figura 2. Escore Bruto (em pontos) (a) e Idade Motora Equivalente (em anos) (b) no Subteste
Locomotor no pré-teste e no pós-teste para os dois grupos (GRef e GEsp). Dados apresentados como
média (‘+’), mediana (linha), intervalo interquartil (caixa), e mínimo e máximo (hastes). *Diferença
significativa, p < 0,05.
a)
b)
Figura 3. Escore Bruto (em pontos) (a) e Idade Motora Equivalente (em anos) (b) no Subteste Controle
de Objetos no pré-teste e no pós-teste para os dois grupos (GRef e GEsp). Dados apresentados como
média (‘+’), mediana (linha), intervalo interquartil (caixa), e mínimo e máximo (hastes). *Diferença
significativa, p < 0,05.
a)
b)
para o GRef que para o GEsp, indicando que este grupo apresenta um comportamento
mais heterogêneo que o GEsp.
Figura 4. Variabilidade do CP nas direções AP (a) e ML (b) na condição STOF no pré-teste e no pós-
teste para os dois grupos (GRef e GEsp. Dados apresentados como média (‘+’), mediana (linha),
intervalo interquartil (caixa), e mínimo e máximo (hastes). *Diferença significativa, p < 0,05.
a)
b)
37
5 DISCUSSÃO
com o que outros estudos já observaram (p. ex. KEULEN et al, 2016; RODRIGUES et
al, 2013).
Keulen e colegas (2016), por exemplo, realizaram um estudo utilizando
o TGMD-2 com o objetivo de investigar o aprendizado das habilidades motoras de
controle de objetos. Para isso separaram três grupos que receberiam orientações
distintas durante suas atividades (prática randômica, prática em blocos e um grupo
sem mediação do professor). Os resultados apontaram que, ambos os grupos com
intervenção mediada e sistematizada pelo professor (randômica e em blocos)
evoluíram nas habilidades de controle de objetos, enquanto o grupo sem intervenção
e mediação do professor manteve-se no mesmo nível do pré-teste para o pós-teste.
Dessa forma, os resultados apontam um avanço nas habilidades à medida que estas
são praticadas e vivenciadas de forma sistematizada, independentemente do método
pedagógico (organização da prática/tipo de prática) empregado.
Rodrigues e colegas (2013) também conduziram um estudo com 50
crianças da educação infantil utilizando o TGMD-2. O objetivo era avaliar as
habilidades motoras de crianças com idade entre 4 e 5 anos, divididas em dois grupos:
um grupo que fazia aulas de Educação Física com professor licenciado em Educação
Física e um grupo que fazia aulas com professor de referência da turma (graduado
em Pedagogia). Vale mencionar que os pesquisadores deste estudo também
buscaram averiguar o crescimento somático (conjunto de fatores mensuráveis, entre
eles estatura e peso) dos alunos. Os resultados obtidos apontam desenvolvimento em
ambas as habilidades (locomotoras e controle de objetos) para os dois grupos;
contudo os autores evidenciam que as habilidades de controle de objetos se
desenvolveram de forma mais significativa no grupo que tinha aulas com professor
licenciado em Educação Física.
Entretanto, ao contrário do estudo de Rodrigues e colegas (2013), que
observou melhora para ambos os grupos no desempenho das habilidades de controle
de objetos, no nosso estudo somente o grupo que teve aulas com o professor de
Educação Física apresentou melhoras do início (pré-teste) para o final (pós-teste) do
ano letivo. A este respeito, é importante destacar que o estudo de Rodrigues e colegas
(2013) não apresenta informações sobre as atividades desenvolvidas pelo professor
de referência da turma, o que dificulta o entendimento destes resultados. Por outro
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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APÊNDICE A
53
APÊNDICE B
Roteiro para entrevista – Professora de Referência (GRef)
Professora de Referência: “Na pedagogia, é o normal superior que é a mesma coisa que a
pedagogia.”
Professora de Referência: “Eu fiz o magistério, terminei, depois eu fiz o superior, que é
chamado… quando foi exigido né que tivesse uma faculdade os professores, aí no município
foi oferecido para nós esse curso que seria equivalente a uma pedagogia, chamado normal
superior, pra quem já estava na área né atuando, então nós... Aproveitei a oportunidade e fiz
o curso.”
Entrevistador: “Agora já sobre a sua graduação. Durante a sua graduação, você teve alguma
disciplina voltada para a Educação Física, ou algo ligado a aprendizagem de movimentos?”
Professora de Referência: “A gente tem, mas não aprofundado. A gente tem que trabalhar
com o lúdico, então a gente acha que a brincadeira tá envolvendo Educação Física, porque a
gente tem um objetivo ali… que a criança aprenda um conteúdo relacionado ao movimento...
entendeu? Mas não, nada...”
Entrevistador: “Durante a própria graduação você teve…, mas, não vamos chamar de
disciplina, era um momento em que se trabalhou a aprendizagem…?”
Entrevistador: “Agora já algo mais recente, você já fez algum curso, oficina ou formação para
trabalhar a Educação Física? Assim, o município já ofereceu, ou você…?”
54
Entrevistador: “E foi um curso longo, eram vários encontros, uma oficina só?”
Professora de Referência: “Olha... não, o ano retrasado (2017) nós tivemos um, que foi
desenvolvido aqui com professores daqui da rede mesmo que estavam desenvolvendo algum
trabalho e nós tivemos a muito tempo atrás uns professores que vieram de uma faculdade de
Minas.”
Professora de Referência: “Sim, mas tudo voltado mesmo para a recreação, nada assim
envolvendo a Educação Física em si. No momento se foi falado eu não me recordo, tá.?”
Entrevistador: “Nas atividades com movimento né que são essas que eu acredito serem
feitas fora da classe, o que costuma ser desenvolvido com as crianças aqui? Aí aqui, você
pode ser bem sincera, ex. “a gente deixa a criança mais livre, a gente faz atividade dirigida”,
aí você pode dar exemplo...”
Entrevistador: “Humm... então vamos pensar assim, talvez fora dá classe vocês vão
trabalhar alguma brincadeira ou algo que remeta a isso que tá apreendendo dentro da sala.”
Entrevistador: “Você pode dar exemplo de alguma brincadeira assim, que você...”
Professora de Referência: “Ahh eu posso falar alto, baixo, você tá subindo em alguma coisa.
Alto, vai subir, ou na fila mesmo, qual que é o aluno mais alto, mais baixo? Que vai estar por
último? A gente tá encostando um no outro, umas coisas assim pra tá comparando o tamanho,
hã... dentro, fora que eu te falei, hã... pra gente tá trabalhando um forma geométrica por
exemplo o círculo, vamos entrar dentro do círculo, mas ai já voltado para o pensamento lógico,
não em si a Educação Física, o conteúdo que a gente ta desenvolvendo.”
Entrevistador: “Eu posso pensar que é mais ou menos assim, talvez vocês usem a questão
do movimento, pra ensinar algo que é da classe, da sala.”
psicomotores que a gente pode fazer e aí a partir disso a gente também tenta ensinar para a
criança, “ó vai lá e identifica a cor e volta correndo, passa por baixo”
Entrevistador: “Legal”
Entrevistador: “Já estamos acabando faltam só duas, você se sente preparada para
desenvolver atividades mais voltadas à Educação Física?”
Professora de Referência: “Não. Não me sinto preparada, pra Educação Física não, porque
eu acho que envolve muitos conceitos que a gente não tem conhecimento né. E a gente
precisava ter um estudo maior para desenvolver um trabalho relacionado a isso.”
Entrevistador: “É, a gente pode pensar que o professor (Educação Física) fica quatro anos
na faculdade...”
Professora de Referência: “Na faculdade só para aprender isso... então eu já te falei que a
gente não tem essa preparação, te falei a gente trabalha sim o movimento, mas tudo voltado
para o que a gente tá trabalhando lá.”
Entrevistador: “Última pergunta, seria importante pra você um profissional com formação
específica desenvolvendo essas atividades.”
APÊNDICE C
REFERÊNCIA
ANEXO A