Imagem Corporal e Somatotipo - Investigações em População de Mulheres Universitárias

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JULIO DE MESQUITA FILHO”


INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO
CLARO

______________________________________________________

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA MOTRICIDADE


(Área de Biodinâmica da Motricidade Humana)
______________________________________________________

Imagem corporal e somatotipo: investigações em população de


mulheres universitárias

MARCELA RODRIGUES DE CASTRO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Ciências da Motricidade do Instituto de Biociências da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Campus Rio Claro, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutorado em Ciências da
Motricidade, área Biodinâmica da Motricidade Humana.

Junho - 2014
Marcela Rodrigues de Castro

Imagem corporal e somatotipo: investigações em população de mulheres universitárias

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Ciências da Motricidade do Instituto de
Biociências da Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, Campus Rio Claro,
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Doutorado em Ciências da Motricidade, área
Biodinâmica da Motricidade Humana.

Orientador: Ismael Forte Freitas Junior

Rio Claro - SP
2014
796.1 Castro, Marcela Rodrigues
C355i Imagem corporal e somatotipo: investigações em
população de mulheres universitárias / Marcela Rodrigues
Castro. - Rio Claro, 2014
149 f. : il., figs., forms., quadros

Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista,


Instituto de Biociências de Rio Claro
Orientador: Ismael Forte Freitas Junior

1. Expressão corporal. 2. Dimensão atitudinal. 3.


Dimensão perceptiva. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP


Campus de Rio Claro/SP
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a uma pessoa que me ensinou a diferença entre conhecimento e
sabedoria, que o verdadeiro saber não se encontra apenas nos livros e que é preciso parar e
“ouvir” o ritmo da vida. A você, tio Fernando (In Memorian) que se despediu cedo demais,
mas que deixou um legado importante a mim e em nossa família. E sei que de onde estiver
estará torcendo por mim. Obrigada por fazer parte da minha formação pessoal e acadêmica!
Até breve...
AGRADECIMENTOS

“Não vai ser fácil!”. Algo me dizia. Mas, eu não precisava que fosse fácil, eu precisava
fosse possível! E foi! E agora estou no começo do fim, e no fim do começo, pois, a estrada
mais longa ficou pra trás e agora é hora de iniciar um novo ciclo. Escrever esta parte da tese
significa retomar esse caminho, rever as dificuldades, as soluções, as derrotas, os sucessos, os
aprendizados, os choros e os risos. Mas, mais do que isso é momento de agradecer e lembrar
aqueles que me ajudaram, e por vezes, me carregaram até aqui.
Como não elevar os pensamentos a Deus e agradecer nesse momento, porque Ele
disse: “Mil cairão à tua esquerda e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti [...]. Nenhum
mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus
caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra”
(Salmo 91). E eu acreditei, obrigada Senhor pela sua proteção em todos os momentos difíceis,
e por me fornecer discernimento e humildade para lidar com os sucessos.
Uma homenagem especial àqueles que me deram a base fundamental para chegar até
aqui: minha família! Aos meus pais, Mauro e Sueli, que me deram a vida, me forneceram
boa educação, com valores sólidos e verdadeiros que me permitiram lidar com as dificuldades
e não me envaidecer com as conquistas. Sei que o maior orgulho de vocês não é o título, mas
sim o caminho honesto que trilhei para consegui-lo.
Sinto também a presença de vocês que disseram um “até breve”: meus avós queridos,
Erodina e Zezé, e tios Paulo e Fernando (In Memorian), pois, não morre quem em nós ainda
vive. Além disso, acredito que “o fim é belo e incerto, depende de como você vê” (O Teatro
Mágico), e eu tenho certeza que vocês estarão aqui, sempre, e “só enquanto eu respirar, vou
me lembrar de você (s)” (Idem). O meu mais profundo agradecimento por contribuírem para
eu ser quem sou hoje.
Agradeço também a todos que de uma forma ou de outra, mais perto ou mais distantes
se fizeram presentes: tio Zé Carlos, tia Carmen, tia Jussara, tio Eduardo, tia Isabel, tio Ymin,
tia Rita, e a todos os primos. Vocês fazem parte da minha história e sempre vão fazer.
A vocês também meus irmãos, Rachel e Thiago, apesar da distância nesses últimos
anos sei da admiração e da torcida de vocês por mim. Para homenageá-los tomo emprestadas
as palavras de Drummond em “Boitempo”: “Ser irmão é ser o quê? Uma presença a decifrar
mais tarde, com saudade? Com saudade de quê? De uma pueril vontade ser irmão futuro,
antigo e sempre?”. Saudades das nossas brigas de infância, crescemos rápido demais, e a vida
se tornou muito séria. Obrigada por trazer novamente os bons ventos e o frescor do nosso
passado tão feliz!
Amo todos vocês! Sofremos de “lonjuras”, dito no bom “mineirês”, afinal,
segundo Simone de Beauvoir, “toda vitória oculta uma abdicação”, mas sei que
caminham sempre comigo! Obrigada!
Olhar para essa caminhada, neste momento, é também lembrar as despedidas e
ausências. Mas, mais ainda é contemplar os (re) encontros de vidas. E sem dúvida, meu maior
ganho nesse processo (re) encontrá-lo Luiz, meu amor, meu amigo, meu companheiro e...meu
esposo! Aprendi há muito tempo que não ENCONTRAMOS um amor, mas sim o
RECONHECEMOS, e hoje sei que isso é verdade. É impossível traduzir em palavras a
importância da sua presença nesse percurso, o qual sem você certamente seria muito tortuoso.
Obrigada por todo apoio, carinhos, colo, leituras críticas do meu texto, pelos sorrisos,
leitinhos quentes e sua presença constante. “Foi um passarinho que me contou que não vale a
pena esconder sentimentos, que não é bom viver sozinho e que todo mundo quer formar um
ninho... Eu concordo com o passarinho!” Te amo e que venham os próximos 58 anos!
O (re) encontro não teria sido completo sem vocês Jandira e Tamyres (My), sogra e
cunhada, obrigada por me permitirem entrar na sua família, por me apoiar, me ouvir e me
incentivarem, que juntamente com Tia Rô, Maria e Kimie torceram e oraram por mim
fazendo que eu sentisse que aqui eu tenho uma família.
Uma homenagem especial à família que Deus e a vida me permitiram escolher: meus
amigos! Com vocês, aprendi que “Somos todos anjos com uma asa só; e só podemos voar quando
abraçados uns aos outros” (Luciano de Crescenzo).
Inicio com vocês, Rapha e Lívia, com quem cresci e aprendi que ser amigo é mesmo na sua ausência
sentir a sua presença. E é nosso lema que nos conecta mesmo apesar da distância. Obrigada por se fazerem
presentes em cada momento.
Daniel (Dani), como olhar para trás e não sentir seu olhar de amigo, de irmão mais velho, obrigada por
me levantar tantas vezes, por me dar segurança e curtir comigo minhas vitórias. A você também João Paulo, meu
amigo, irmão e agora “dindo” e afilhado querido, obrigada pelos colos e conselhos, como é bom sentir o orgulho
nos seus olhos! Claudiney, meu amigo tão culto, nossas risadas e estudo de inglês antes da minha vinda, nunca
vou me esquecer daqueles momentos.
Flávia e Priscila, ainda ouço aquele “Lamento Nordestino” e vocês se despedindo de mim, e mesmo
distantes vocês me apoiaram e me encheram de ânimo para continuar. Norma (Normete), minha amiga querida,
obrigada pelas horas no telefone, pelas confidências trocadas, por acreditar no meu potencial e me encher de
mimos a cada ida minha a Juiz de Fora, sinto muito sua falta em meus dias. Obrigada também Grace
(Greicinhaaa!) a quem segui os passos e vim parar aqui, minha amiga agradeço pela parceria de tantos anos. A
Fabi, minha amiga, irmã, parceira acadêmica, seus traços estão na minha vida pessoal e profissional, obrigada
pelo apoio em todos os sentidos, pelos longos telefonemas me ouvindo e me aconselhando.
Um agradecimento especial às famílias do Sr. Paulo e D. Clélia; Joaquim, Maria, Gá,
Gil e João; que me adotam há muitos anos e acompanham à distância meu progresso e
crescimento, com um orgulho imensurável. Sinto muito falta de todos vocês, mas saibam que
tudo que me ensinaram continua indo comigo.
Sem dúvida a distância de todos vocês nunca significou falta, mas a saudade doía. E
novamente fui abençoada com novos amigos, a quem devo aqui registrar minha singela
homenagem e agradecimentos. Vera e Zeca, os primeiros a me receber, sem nem me
conhecerem, nunca me deixaram sozinha até que eu realmente me encontrasse, obrigada pelos
papos, por ouvirem sobre o projeto incansavelmente e pelos almoços agradáveis de domingo.
Regina, Anísio e Gui, meus primeiros alunos, que me confiaram seus corpos e reforçaram o
meu profissionalismo. Laurem e Maurício, agradeço por tantas vezes ouvirem meus anseios
acerca da pós, sobre estatística e ainda me presenteavam com “mimos da boa vizinhança”.
Milena (Mi) minha amiga linda, me sustentou e orou comigo em momentos difíceis, obrigada!
Após esse processo de doutoramento, mais do que o título levarei verdadeiras joias.
Ana Clara (Aninha), Thais (Thatazilda) e Bruna (Brunete), como é bom saber que nossos
laços jamais serão destruídos. Com vocês aprendi que a dor pode ser aliviada com sorriso, um
abraço, e claro, com café. Obrigada pelas risadas, e como falamos besteiras não é mesmo?
Mas termino essa caminhada com uma certeza: conquistei verdadeiras amizades, que estarão
comigo pelo resto da minha vida!
Leo e Sissy, meus amigos e “dindos” queridos, foi um prazer tê-los perto de mim a
todo o momento, vocês são verdadeiros presentes que recebi nesse caminho. Obrigada por
todas as vezes que me apoiaram e me ouviram. Vocês moram no meu coração!
Um agradecimento especial a um grupo que literalmente me adotou: Aline, Irlla,
Amanda, Vitinho e Yumi. Acho que vocês não tem noção da importância que tiveram esse
tempo todo, e aqui eu registro a minha gratidão por vocês não me deixarem na solidão, por se
tornarem meus amigos, por me escutarem, me levarem pra dançar (eita forró!), pelas esfirras e
papos. Tenham certeza: sem vocês teria sido muito, muito mais difícil!
Laurita, Carlos, Carmem e Marim, meus alunos, meus amigos, meus mestres, meus
exemplos. Todos esses adjetivos se misturam, mas vocês acompanharam e sentiram comigo
cada momento desse processo, obrigada pela confiança que depositaram em mim, pela
orientação em diferentes momentos, pelo brilho nos olhos de orgulho. Saibam, vocês fazem
parte disso, minha conquista é a de vocês também!
Existem pessoas que acreditam em um projeto, e outras que verdadeiramente
“militam” por ele. Esse foi o caso de três pessoas fundamentais para essa pesquisa acontecer:
Larissa, Mayara e Fernanda. Nós trabalhamos arduamente, mas nos divertimos na mesma
proporção, daria pra escrever um livro apenas acerca dos “causos” nas coletas. Se esse
trabalho hoje está pronto, devo isso a vocês! Fica aqui o meu mais profundo agradecimento, e
ao mesmo tempo saudades, desse tempo que não voltará mais.
Dois verdadeiros anjos guardiães estiveram presentes comigo. O primeiro é você Ana
Paula, ou melhor, Vi, minha amiga, minha irmã, minha “dinda”. Não conseguirei traduzir em
palavras o que sinto agora, pois, vai além de agradecimento, e sei que você sente o mesmo.
Por isso, me sinto abençoada por ter tido você ao meu lado, do início ao fim, sem você não
teria conseguido. Obrigada por tantas vezes que me fez enxergar as coisas de forma mais clara
quando a mente estava atordoada, e o coração pesado, obrigada por escutar meus choros, por
me acolher no seu colo. Obrigada também por todas as risadas, pelas novelas, pelo “besteirol”
sem fim que me fazia desconectar da imagem de pós-graduanda (séria) que sou. Esse sucesso
é seu! Te amo Vi!
O segundo anjinho chama-se Stephanie, minha irmã de alma, minha flor de Lis mais
linda, minha “dinda”! Sabe por que podemos comemorar hoje? Porque um dia você me disse:
“não desiste, porque você é meu exemplo”. Você se lembra disso? Pois, eu nunca me esqueci.
E foi exatamente isso que me impulsionou e me fortaleceu. Posso dizer que nós vencemos
amiga, porque essa vitória é toda sua. Não tem um só detalhe que você não saiba ou não tenha
coloca sua marca, você sentiu na carne esse doutorado tanto quanto eu. Não consigo nem
imaginar como seria sem sua presença. Por isso, espero que essa parceria se propague, e já
estamos colhendo frutos dela. Agradeço a Deus por ter te colocado na minha vida, dando a ela
mais brilho, mais coragem e reforçando a minha fé. “We are the champions, my friend…” Te
amo flor de Lis!
A todos meus amigos registro meu mais verdadeiro agradecimento, estou certa
que "um verdadeiro amigo é alguém que pega a sua mão e toca o seu coração” (Gabriel
García Márquez), e eu hoje me sinto abençoada por ter ao redor verdadeiros amigos,
que doutora ou não estarão comigo, no processo mais árduo que existe: a vida! Amo
vocês!
Registro aqui também minha homenagem aos alunos da Universidade Estadual
Paulista do Campus de Rio Claro que participaram efetivamente dessa pesquisa, que se
disponibilizaram, e doaram um pouco do seu tempo com compromisso e responsabilidade
para que essa pesquisa pudesse acontecer, e por todos que se engajaram na divulgação e na
seleção de outros participantes.
Agradeço ao financiamento na forma de bolsa de doutorado fornecido pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPS. Ao excelente
trabalho exercido pelas secretárias da pós-graduação Ivana e Rose, ah se todos os funcionários
públicos fossem iguais a vocês! Ao Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e
Prescrição de Atividades Motoras – CELAPAM – que me acolheu carinhosamente em um
momento de mudanças, especialmente Bárbara, Ana Cláudia, Loreana, Paula, Tiego, Fabrício
e Lucas, como eu disse a alguns de vocês: lamento não ter passado mais tempo com vocês,
espero reencontrá-los em breve. Obrigada por me receberem, me apoiarem e acreditarem no
meu trabalho, me permitindo fazer parte sua realidade.
Um dos “desafios” que tive que driblar ao longo da pós-graduação foi a estatística. Por
isso, registro aqui o meu profundo respeito pelo docente José Sílvio Govone, primeiro pelo
exemplo de professor que é, segundo pela paciência em me iniciar no mundo da estatística e
solucionar todas as minhas dúvidas. Tal processo foi reforçado pelo professor Diego Giulliano
Destro Christofaro, que cuidadosamente conseguiu me ensinar coisas que na minha visão
eram tão complexas, me deu segurança e me fez acreditar que eu realmente era capaz.
Agradeço a professora Maria Elisa por me guiar desde o início da minha vida
acadêmica e contribuir para a profissional e pessoa que sou hoje. Obrigada pelo carinho e
atenção em todos os momentos, pela presença apesar da distância, e pela parceria acadêmica
que foi sendo reforçada. Espero que possamos continuar nessa caminhada da vida juntas, por
bastante tempo.
“Às vezes quando imaginamos que nos perdemos, é então que nos encontramos” disse
Leonardo Boff. Tive certeza disso ao ser recebida pelo senhor, professor Ismael!
Generosidade é a palavra que usarei sempre para descrevê-lo, pois, certamente foi essa
qualidade que o fez me acolher. Obrigada por aceitar me orientar, e mais ainda por me dar
segurança, liberdade, por acreditar no meu potencial, por me acalmar. Apenas lamento por ter
passado tão rápido, tenho certeza que ainda teria muito a aprender com sua presença e da sua
equipe. Carregarei comigo o seu exemplo de orientador, aquele que possui capacidade de
reforçar as qualidades de seus orientandos. Obrigada por me oportunizar isso tudo! Vou sentir
saudades do sertão!
Sempre é preciso reconhecer quando chegamos ao final, fechando ciclos, encerrando
etapas. Tendo a certeza de que é preciso continuar, e que seremos interrompidos antes
mesmo de terminar, por isso é necessário fazer da interrupção um novo caminho. E como é
bom terminar essa trajetória e saber que inúmeras pessoas que se fizeram presentes
continuarão comigo! Que esse seja então apenas um recomeço...
EPÍGRAFE

O Corpo, a Culpa, o Espaço

Que corpo é esse que já não se aguenta?


Que resiste ao limiar
Que desaba sobre si
Músculos e ossos
Poros e narinas
Olhos e joelhos
Seios, costas, cataratas
Suas torres de vigia
Que corpo é esse?
Que pulsa, escuta,
Expulsa, abraça
Expele, comporta, adéqua
Contém, desarruma!
O corpo ocupa!
O corpo não é culpa
O corpo a culpa o espaço
Que corpo é esse?
Que protege, reage
Que é origem
Que é passagem
Que corpo é esse que já não se aguenta?
E se esgota
E não se resgata

(O Teatro Mágico)
RESUMO

Objetivou-se compreender as associações entre perfil somatotípico e imagem corporal a partir


de uma leitura multidimensional, na qual envolvemos as dimensões perceptiva e atitudinal.
Buscou-se à verificação das qualidades psicométricas de instrumentos que avaliam
insatisfação e percepção corporal com enfoque na imagem real do sujeito, imagem dinâmica e
somatotipo (Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito- ESPS, Escala de Silhuetas Baseadas no
Somatotipo - ESBS, Imagem Dinâmica do Corpo - IDC). Participaram 142 universitárias
(21,81± 3,014 anos) submetidas à avaliação do Índice de Massa Corporal e do somatotipo,
conforme protocolos da Organização Mundial da Saúde e Heath-Carter, respectivamente. Para
avaliação da dimensão atitudinal foram aplicados os instrumentos: Body Shape Questionnaire,
Body Attitudes Questionnaire, Body Image Avoidance Questionnaire, Sociocultural Attitudes
Towards Appearance Scale, Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito (ESPS) e Escala de
Silhuetas Baseadas no Somatotipo (ESBS). Para mensuração da dimensão perceptiva foram
utilizadas 3 tarefas psicofísicas: ESPS, Estimação de Magnitude e Estimação de Categoria. As
duas últimas incluíram 2 condições: visualização do próprio corpo e de 4 modelos
desconhecidas às participantes. Foi realizada análise descritiva por meio de medidas de
tendência central, dispersão, frequência relativa e absoluta. Para verificação da associação
entre as variáveis categóricas realizamos o teste Qui-quadrado. Para verificação da
normalidade dos dados contínuos procedemos ao teste Shapiro-Wilk (p <0,05). Às variáveis
as quais os resultados apresentaram distribuição normal foi aplicada estatística multivariada
de variância (MANOVA one-way). Aos resultados que não apresentaram distribuição normal
aplicamos o teste Kruskal-Wallis para análise de variância. Na verificação da associação entre
variáveis aplicamos o teste Mann-Whitney para amostras independentes e correlação de
Spearman. As escalas ESPS, ESBS e IDC constituíram-se em ferramentas válidas, seguras e
estáveis na avaliação da imagem corporal. A insatisfação corporal, evitação corporal e
atitudes negativas referentes à aparência, estão atrelados entre si e influenciados por perfis
somatotípicos mesomorfos e endomorfos. Por outro lado, o elevado índice de insatisfação
com o excesso de peso e desejo de aumentar a mesomorfia, verificado por meio das escalas de
silhuetas, não se associaram ao perfil somatotípico. Não houve influência do perfil
somatotípico na percepção da imagem estática e dinâmica independente do plano de
visualização. As participantes, de forma geral, demonstraram superestimação da sua forma
corporal nas diferentes tarefas. Porém, os achados carecem de cuidado em sua interpretação,
pois a condução da ESPS pode ter sofrido incremento de algum componente afetivo
motivando superestimação corporal em mais de 50% da amostra. Ademais, não houve
correlação entre se ver em imagem estática e em movimento, indicando que tais
processamentos perceptivos são diferentes e independentes da forma corporal. O perfil
somatotípico também não modulou os resultados referentes à verificação da qualidade
perceptiva acerca das modelos desconhecidas. Aparentemente, as tarefas apresentam
diferenças, pois na Estimação de Magnitude houve tendência à acentuação dos extremos:
superestimação dos tamanhos corporais maiores e subestimação dos menores; já na tarefa de
visualização da imagem dinâmica, todas as modelos tiveram seus corpos avaliados como
sendo maiores. Concluímos que a dimensão atitudinal é mais sensível ao perfil somatotípico
enquanto que a dimensão perceptiva é dependente da tarefa.

Palavras-chave: Imagem corporal. Somatotipo. Dimensão atitudinal. Dimensão perceptiva.


ABSTRACT

This study aimed to understand the associations between somatotypical profile and body
image from a multidimensional approach, in which we include perceptual and attitudinal
dimensions. We sought to verifying whether the psychometric qualities of instruments
assessing dissatisfaction and body perception with a focus on real image of the subject,
dynamic image and somatotype (Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito- ESPS, Escala de
Silhuetas Baseadas no Somatotipo - ESBS, Imagem Dinâmica do Corpo - IDC). The sample
included 142 undergraduate female students (21.81 ± 3.014 years) who underwent to
assessment of Body Mass Index and somatotype, according to the World Health Organization
and Heath-Carter protocols, respectively. To assess the attitudinal dimension we applied the
instruments: Body Shape Questionnaire, Body Attitudes Questionnaire, Body Image
Avoidance Questionnaire, Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale, Self Subject
Silhouettes Scale (ESPS) and Silhouettes Based on Somatotype Scale (ESBS). To measure
perceptual dimension 3 psychophysical tasks were used: ESPS, Estimation of Magnitude and
Estimation of Category. This last one was performed in two conditions: own body image and
body of the 4 unknown models. We performed descriptive analysis using measures of central
tendency, dispersion, relative and absolute frequency. To verify the association between
categorical variables we performed Chi-square test. To verify the normality of continuous
data we proceeded to Shapiro-Wilk test (p<0.05). We applied multivariate statistical variance
(one-way MANOVA) for variables that showed normal distribution. We applied the Kruskal-
Wallis test for analysis of variance to the results which were not normally distributed. To
verify the association between variables we applied the Mann-Whitney test for independent
samples and Spearman correlation. The ESPS, ESBS and IDC scales were considered valid,
reliable and stable tools to assess body image. The body dissatisfaction, body avoidance and
negative attitudes regarding appearance components are interconnected and influenced by
mesomorph and endomorphs somatotypical profiles. On the other hand, the high level of
dissatisfaction with overweight and desire to increase mesomorph, verified by silhouettes
scales, was not associated with somatotypical profile. There was no influence of
somatotypical profile in the perception of static and dynamic image, independent of the
viewing plane. The participants, in general, showed overestimation of their body shape in
different tasks. However, the findings require careful interpretation because the conduct of
ESPS may have suffered increment of some affective component motivating body
overestimation by more than 50% of the sample. Furthermore, look to yourself in the static
image is not correlated with watching yourself in moving, indicating that these perceptual
processes are different and independent of body shape. The somatotypical profile also do not
modulated the results concerning to the verification of perceptual quality about unknown
models. Apparently, the tasks are different, because in the Magnitude Estimation there was a
trend to accentuation the extremes: overestimation of larger body sizes and underestimation of
minors; in the task of dynamic image display, all models had their bodies assessed as larger.
We conclude that the attitudinal dimension is more susceptible to somatotypical profile
whereas the perceptual dimension dependens of the task.
Keyword: Body image. Somatotype. Attitudinal dimension. Perceptive dimension.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Abordagens de análise da imagem corporal .................................................. 23


Figura 2: Etapas da pesquisa ....................................................................................... 52
Figura 3: Cálculo da razão de incremento - Exemplo com uma pessoa com IMC=25,2 Kg/m2
................................................................................................................................... 58
Figura 4: Cálculo dos estímulos .................................................................................. 58
Figura 5: ESPS FRONTAL- Escala dos estímulos distorcidos mais a imagem do próprio
corpo sem distorção .................................................................................................... 59
Figura 6: ESPS PERFIL- Escala dos estímulos distorcidos mais a imagem do próprio corpo
sem distorção .............................................................................................................. 59
Figura 7: IPC FRENTE – Tarefa estimação de magnitude com imagem da própria ..... 62
Figura 8: IPC PERFIL - Tarefa estimação de magnitude com imagem da própria ........ 62
LISTA DE TABELAS

Página
Artigo I

Tabela 1: Medidas de tendência central e dispersão das variáveis atitudinais


da imagem corporal 82
Tabela 2: Caracterização da amostra: frequência relativa e absoluta das
variáveis: insatisfação corporal (ESPS e ESBS) e percepção corporal (ESPS) 83

Artigo II

Tabela 1: Valores de expoente (n) e Coeficiente de Determinação (r2) – Média


e desvio padrão 99
Tabela 2: Valores de média e desvio padrão dos expoentes (n) nas tarefas de
estimação de magnitude 99
Tabela 3: Frequência relativa e absoluta acurácia perceptiva
100
Artigo III

Tabela 1: Percepção da imagem dinâmica (IDC, IDCD) e estática (IPEF,


IPEL) 113
Tabela 2: Frequência relativa e absoluta acurácia perceptiva 114
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AF Atividade Física
BAQ Body Attitudes Questionnaire
BIAQ Body Image Avoidance Questionnaire
BSQ Body Shape Questionnaire
CC Circunferência da cintura
CQ Circunferência de quadril
DC Dobras cutâneas
DENS Densidade
DF Diâmetro fêmur
DPS Distância Posicional do Somatotipo
DU Diâmetro biepicondilar de úmero
DSM-V Diagniostic and Statical Manual of Mental Disorders
Ecto Ectomorfia
Endo Endomorfia
ESBA Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos
ESBS Escala de Silhuetas Baseadas no Somatotipo
ESPS Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito
G% Percentual de Gordura
H Estatura
IC Índice de Conicidade
ICD Imagem do Corpo Desconhecido
IDC Imagem Dinâmica do Corpo
IDCD Imagem Dinâmica do Corpo Desconhecido
IMC Índice de Massa Corporal
IMCG Índice de Massa Corporal Gorda
IMCM Índice de Massa Corporal Magra

IP Índice Ponderal de Sheldon


IPC Imagem do Próprio Corpo
IPEF Índice de Percepção Estática Frontal
IPEF Índice de Percepção Estática Lateral
MCG Massa corporal Gorda
MCM Massa Corporal Magra

Meso Mesomorfia
MPS Média Posicional do Somatotipo
n Expoente
PB Perímetro do braço corrigido pela subtração de TR
PM Panturrilha medial
PP Perímetro da panturrilha corrigida pela subtração de PM
R Raiz cúbica do peso (Kg)
r Razão de incremento
r2 Coeficiente de determinação
SATAQ-3 Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale
SB Subescapular
SE Supra espinhal
Sf Estímulo final
SFRS Stunkard’s Figure Rating Scale
Si Estímulo inicial
SI Supra Ilíaca
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCAP Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
TR Tríceps
SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 20
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 23
2.1 Base conceitual de imagem corporal..................................................................... 23
2.1.1. Abordagens para análise da imagem corporal ............................................... 23
2.1.1.1 Dimensão perceptiva ......................................................................... 25
2.1.1.2 Dimensão atitudinal........................................................................... 25
2.2 Evidências científicas sobre imagem corporal: aspectos relevantes na literatura
............................................................................................................................... 27
2.3 Avaliação da imagem corporal ............................................................................ 32
2.3.1 A imagem corporal como um constructo .......................................................... 32
2.3.2 Avaliação da dimensão atitudinal .................................................................... 34
2.3.3 Avaliação da dimensão perceptiva: a imagem corporal sob o enfoque psicofísico
.......................................................................................................................... 35
2.3.4 Índices antropométricos, composição corporal e somatotipo enquanto
parâmetros na avaliação da imagem corporal ................................................... 38
3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 42
4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 45
5 HIPÓTESES ALTERNATIVAS................................................................................ 45
6 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 47
6.1 Delineamento ......................................................................................................... 47
6.2 Aspectos éticos ....................................................................................................... 47
6.3 População e amostra.............................................................................................. 47
6.4 Critério de inclusão e exclusão .............................................................................. 48
6.5 Instrumento para coleta de dados......................................................................... 48
6.6 Etapas e estruturação da coleta de dados ............................................................. 52
6.6.1 Fase I: Projeto Piloto ...................................................................................... 52
6.6.2 Fase II: primeiro encontro ............................................................................... 53
6.6.3 Fase III: construção dos estímulos e organização das tarefas .......................... 56
6.6.4 Fase IV: segundo encontro............................................................................... 59
7 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 66
8 RESULTADOS ........................................................................................................... 67
8.1 Verificação das qualidades psicométricas da ESPS e ESBS ................................ 67
8.1.2 Validade de conteúdo ....................................................................................... 67
8.1.3 Validade de constructo ..................................................................................... 68
8.1.4 Validade de critério ......................................................................................... 68
8.1.5 Fidedignidade .................................................................................................. 68
8.1.6 Análise estatística ............................................................................................ 68
8.1.7 Resultados ...................................................................................................... 69
8.1.8 Discussão e orientações para aplicação da ESBS e ESPS..................................70
8.2 Verificação das qualidades psicométricas da IDC ............................................... 72
8.2.1 Validade de constructo ..................................................................................... 72
8.2.2 Fidedignidade .................................................................................................. 72
8.2.3 Análise dos dados ............................................................................................ 72
8.2.4 Resultados ....................................................................................................... 72
8.2.5 Discussão e orientações para aplicação da IDC.................................................73
8.3 Artigo I: Relação entre aspectos atitudinais da imagem corporal e perfil
somatotípico ....................................................................................................................... 76
8.4 Artigo II: Relação entre aspectos perceptivos da imagem corporal e perfil
somatotípico ....................................................................................................................... 91
8.5 Artigo III: Percepção tridimensional e dinâmica e estática do corpo ............... 107
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 120
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 123
ANEXO I: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UNESP – Rio Claro ................ 137
ANEXO II: Body Shape Questionnaire (BSQ) .......................................................... 138
ANEXO III: Body Attitudes Questionnaire (BAQ) .................................................... 140
ANEXO IV: Body Image Avoidance Questionnaire (BIAQ) ...................................... 141
ANEXO V: Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale (SATAQ-3) .............. 142
ANEXO VI: Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos (ESBA) ............................ 143
ANEXO VII: Stunkard’s Figure Rating Scale (SFRS) ............................................... 144
ANEXO VIII: Escala de Silhuetas Baseadas no Somatotipo (ESBS) ......................... 145
ANEXO IX: Somatocarta ........................................................................................... 146
APÊNDICE I: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - (TCLE) .................... 147
APÊNDICE II: Anamnese pré-teste ........................................................................... 149
20

1 INTRODUÇÃO

Imagem corporal configura-se como a representação mental do corpo sendo elaborada


a partir de experiências corporais, perceptivas e mecanismos intelectuais do indivíduo com o
mundo ao seu redor (SCHILDER, 1994; KRUEGER, 2004). Pessoas com distorções na
imagem corporal podem sofrer prejuízos em sua vida social, profissional, afetiva e ainda na
saúde psicológica, a exemplo dos transtornos alimentares1 (THOMPSON, 1990; TOVÉE;
EMERY; CONHEN-TOVÉ, 2000; SMOLAK, 2002; WATTS; CRANNEY; GLEITZMAN;
2008; GARDNER, 2011; CASH; SMOLAK, 2011).
Considerada um constructo multidimensional a imagem corporal compreende a
dimensão perceptiva e atitudinal que se modificam ao longo da vida (CASH et al., 2004).
Enquanto campo de pesquisa teve seu ponto inicial no século XVI quando o francês Ambroise
Paré, ao tratar pacientes amputados, identificou consistente e persistente característica entre
eles: a sensação da existência do segmento corporal retirado, nomeada de “membro
fantasma2” (OLIVIER, 1999). Contudo, há um avanço substancial com as reformulações
feitas pelo psiquiatra Paul Schilder em 1935 ao vislumbrar aspectos fisiológicos, sociais e
libidinais da imagem corporal (SCHILDER, 1994).
Cash e Smolak (2011) destacam que a partir dos anos 90 o campo de pesquisa nessa
área ampliou direcionado ao contexto clínico, onde podem ser observados distúrbios e
distorções da imagem corporal, como por exemplo, investigações em pessoas com transtornos
alimentares (DELINSKY; 2011 CROWTHER; WILLIAMS, 2011; HRABOSKY, 2011).
Vale destacar, conforme DSM-V (APA, 2013), que distúrbios referem-se a um termo genérico
a um grupo heterogêneo de manifestações seja de cunho afetivo, cognitivo, dentre outros, que
podem ocorrer em diferentes patologias. Já a distorção da imagem corporal, tem sido algo de
maior discussão e que envolve uma complexidade de elementos a serem considerados, tais
como avaliações neuroperceptivas, afetivas, cognitivas e atitudinais relativas ao corpo. Assim,
para o diagnóstico de anorexia nervosa, por exemplo, o Diagniostic and Statical Manual of
Mental Disorders (DSM-V) (APA, 2013) incorpora critérios psicodinâmicos como: a negação

1
Cabe esclarecer que há na literatura controvérsias acerca dessa questão não explicitando se são as alterações na
imagem corporal que causam os transtornos ou características individuais tais como as de origem emocional,
cognitiva, comportamental, tendências suicidas e conflitos de autonomia (ver: DELINSKY, S.S. Body Image
and anorexia nervosa. In: CASH, T.F.; SMOLAK, L. Body image: a handbook of science, practice, and
prevetion, 2a edition. New York: Guildford Press, 2011.
2
A dor fantasma é uma sensação dolorosa referente ao membro (ou parte dele) perdido que pode se manifestar
em diversas formas tais como ardor, aperto, compressão ou até mesmo uma dor intensa e frequente (DEMIOFF;
PACHECO; SHOLL-FRANCO, 2007). Disponível em:
<http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v12/m347199.pdf > Acesso em: 12 jan 2014.
21

da gravidade da perda de peso (negação dos riscos) e autoavaliação negativa centrada na


forma e peso corporal.
Mais recentemente, o foco de pesquisa é voltado para o contexto médico-cirúrgico, o
qual envolve pesquisas acerca das implicações das alterações importantes na aparência
(CASH; SMOLAK, 2011), como mastectomia (HARCOURT; RUNSEY, 2011), cirurgia
bariátrica (CASTRO et al. 2010; CASTRO et al. 2013), procedimentos cirúrgicos estéticos e
redução acentuada de peso (SARWER; CASH, 2008; SARWER; CRERAND; MAGEE,
2011).
Segundo McCabe et al. (2006), embora o contexto clínico e médico-cirúrgico ainda
sejam foco de pesquisas no campo da imagem corporal, há um evidente direcionamento da
atenção de pesquisadores para amostras não clínicas (onde não é evidenciada presença de
disfunções e/ou desordens da imagem corporal e procedimentos de intervenção invasiva na
aparência), obtendo registros de alterações significativas na imagem corporal relacionadas a
diferentes fatores como gênero, idade, aspectos sociais e culturais. Isso demonstra a
legitimidade em se pesquisar o dinamismo desse constructo e seus processos de elaboração
em diferentes grupos e contextos.
Além disso, a legitimidade no estudo da imagem corporal deve expandir os registros
de alterações nesse constructo, considerando as implicações dessas alterações para o quadro
de imagem corporal negativa (angústia, depressão, baixa autoestima, desgosto profundo com
o corpo, ansiedade, entre outros), contudo, sem desprezar a importância de se fomentar e
valorizar o desenvolvimento de um quadro de imagem corporal positiva. Nesse último, o
enfoque pode ser acerca da autoaceitação, o elevado bom humor, a apreciação corporal, a
relação prazerosa e saudável com o próprio corpo, entre outros aspectos.
Considerando que uma das formas de conexão do sujeito com o mundo é por
intermédio do corpo, e que a este são impostos padrões rígidos de beleza estética, não
corresponder a estes padrões pode significar frustração, sofrimento e descontentamento.
Assim, pesquisas indicam que as dimensões corporais, especialmente no público feminino,
incidem negativamente sobre a imagem corporal, como por exemplo, a relação direta e
proporcional entre a insatisfação corporal e parâmetros antropométricos tais como Índice de
Massa Corporal (IMC), percentual de gordura (G%) e razão cintura quadril (GRAUP et al.,
2008; PALLAN et al., 2011; DAMASCENO et al., 2012).
Todavia, destacamos duas lacunas existentes que necessitam serem melhores
investigadas: a primeira é que comumente a imagem corporal é investigada de forma
unidimensional, sendo seus componentes analisados isoladamente sem, contudo abranger na
22

mesma amostra outras dimensões e componentes desse constructo que por essência é
multidimensional. A segunda refere-se à carência de estudos nesse contexto que investiguem
parâmetros de proporcionalidade, simetria e distribuição corporal, visando identificar
elementos e características da estrutura do corpo humano que possam desencadear alterações
importantes na imagem corporal.
Assim, o presente estudo origina-se da análise da imagem corporal partindo de um
entendimento amplo, que contempla tanto a dimensão perceptiva quanto atitudinal, e dentro
desta última seus quatro componentes – insatisfação geral subjetiva, afetivo, cognitivo,
comportamental – como proposto por Thompson e van den Berg (2002). Para avaliação da
estrutura corporal optou-se pelo somatotipo, na técnica proposta por Heath-Carter (1990), por
considerar a distribuição dos componentes corporais, especialmente tecido adiposo, massa
muscular, e a relação de proporcionalidade entre esses componentes.
Diante disso, a presente pesquisa tem interesse e motivação direcionados à
compreensão da relação da imagem corporal em função da morfologia humana no que tange
às características físicas da estrutura corporal. Tal entendimento ainda encontra-se sob a
perspectiva linear de corpo com a utilização de parâmetros como, por exemplo, o Índice de
Massa Corporal (IMC) que é fortemente relacionado à insatisfação corporal (ALVARENGA
et al., 2010; MARTINS et al. 2012; SWAMI; STEADMAN; TOVÉE, 2009). Tal parâmetro é
amplamente utilizado nesse contexto devido a sua fácil aplicabilidade e praticidade, contudo,
torna-se importante ampliar tal perspectiva investindo no aprofundamento do estudo das
relações entre imagem e estrutura corporal de forma multidimensional no intuito de fornecer
informações precisas e relevantes aos profissionais que lidam diretamente com o corpo,
podendo contribuir para que suas intervenções sejam mais assertivas no estímulo a uma
imagem corporal mais positiva.
Dessa forma, com a intenção de conduzir esta investigação para uma interpretação
complexa do que se entende por imagem corporal, transcendendo a percepção linear de corpo
para uma concepção que possibilite compreender se proporcionalidade e simetria corporal,
recorreu-se aos conhecimentos sobre composição corporal, psicofísica, cultura e imagem
corporal por meio do olhar de diferentes autores dentre os quais destacam-se: Carter e Heath
(2002); Da Silva e Ribeiro-Filho (2006); Gardner (1996, 2002, 2011); Pruzinsky e Cash
(2002); Cash e Smolak (2011); Thompson (1990, 2004); McCabe et al. (2006); Campana e
Tavares (2009).
23

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Base conceitual de imagem corporal


Imagem corporal refere-se a um constructo multifacetado e dinâmico que se configura
na representação mental do corpo (articulada por meio da percepção da aparência e do
funcionamento corporal) e se desenvolve a partir de experiências corporais, perceptivas e
mecanismos intelectuais do indivíduo com o mundo ao seu redor (SCHILDER, 1994;
KRUEGER, 2004; PRUZINSK; CASH, 2002).
A análise da complexidade de tal constructo depende inicialmente da base conceitual
adotada pelo pesquisador. Segundo Thompson (2004), estabelecer e deixar claro sob qual
perspectiva a imagem corporal será estudada, é o primeiro passo para evitar equívocos na
escolha dos instrumentos de avaliação e na interpretação dos resultados.

2.1.1. Abordagens para análise da imagem corporal


De acordo com Cash e Pruzinsky (2002) é possível notar que nas últimas décadas
cinco grandes abordagens foram estruturadas e diferenciaram-se na forma de conceber a
imagem corporal (Figura 1).

Sociocultural

Neurológica Cogntivo-
comportamental
Imagem
Corporal:
Abordagens

Teoria do
processamento Psicodinâmica
de informação

Figura 1: Abordagens de análise da imagem corporal

a) Abordagem Sociocultural: assume que há uma relação intrínseca entre valores


culturais e a forma como as pessoas percebem a si e aos outros, busca compreender a extensão
com que os valores sociais, individuais e comportamentos se relacionam. As diferenças
culturais revelam peculiaridades com relação ao conceito de aparência e atratividade. Seus
representantes de maior destaque são J.Kevin Thompson, Linda Smolack e Nancy Etcoff.
24

b) Abordagem Psicodinâmica: compreende imagem corporal enquanto


representação mental do corpo, sendo dinâmica, singular e multifacetada. A inabilidade de
expressar sentimentos e sensações conduz a uma falha na representação do corpo, tornando o
indivíduo incapaz de integrar self corporal e self psicológico, o que não é traduzido em
palavras é feito pela linguagem corporal. Seus estudiosos mais importantes são Krueger e
Meissner.
c) Abordagem Cognitivo-Comportamental: considera que a imagem corporal é
constituída por dois fatores: influências do passado (fatos passados que determinaram a forma
de pensar, sentir e agir sobre o corpo) e eventos futuros (que desencadeia e/ou suscita as
influências na experiência da imagem corporal, como diálogos internos, elaboração de
comportamentos e esquemas de aparência). Estes últimos são delineados na avaliação da
imagem corporal como mensuração da satisfação e opinião sobre o corpo, além do
investimento na aparência que se refere à importância cognitiva, emocional e comportamental
que o corpo tem para autoavaliação. Sendo uma das linhas mais aceitas atualmente, ela é
representada pelos estudiosos Cash, Freedman, Gardner e Rosen.
d) Abordagem da Teoria do Processamento de Informação: a imagem corporal é
tratada como uma espécie de pré-disposição cognitiva que é influenciada e influencia outros
processos cognitivos tais como o conhecimento, o comportamento social e a
autorrepresentação. A preocupação desta abordagem é explicar como o sujeito processa a
informação sobre sua imagem corporal. Conforme Campana e Tavares (2009) tal abordagem
utiliza alguns conceitos específicos que se interrelacionam, tais como: esquema corporal
(definido e organizado por informações individuais acerca da aparência), enciclopédia mental
(onde são construídas as relações entre um fato real e seus significados pessoais),
processamento de situações sociais (o que dá suporte às crenças a respeito do corpo) e
representação do self (interconectado com o esquema corporal). Williamson, Thompson,
Fairburn e Rosen são alguns pesquisadores nessa linha.
e) Abordagem Neurológica: esta abordagem deu início às pesquisas em imagem
corporal relacionando lesões cerebrais a sintomas relacionados à percepção do corpo. Após
várias revisões, esta linha passou a pesquisar a experiência da lesão, porém, a partir de uma
visão mais ampla e integrada para o fenômeno do membro fantasma e consciência corporal.
São pesquisadores nessa área Antônio Damásio, Oliver Sachs e Semenza.
Diante do estabelecimento das abordagens acima, a partir dos anos 2000 grande parte
dos estudos vem assumindo que a imagem corporal é elaborada a partir da construção
cognitiva, dos desejos, das emoções e da interação social (CASH; PRUZINSKY, 2002),
25

podendo ser caracterizada por duas dimensões: a perceptiva; que é relativa à capacidade de
julgar tamanho, forma e peso corporal e atitudinal; que envolve pensamentos, sentimentos,
crenças e comportamentos que o sujeito possui acerca de sua aparência corporal. Ambas
merecem ser olhadas com maior precisão e cuidado. Em 2011, Cash e Smolak acrescentam
outras abordagens: evolutiva, genética, neurocientífica, feminista (Teoria da Objetificação) e
positiva (CASH; SMOLAK, 2011), as quais incorporam novos elementos aos estudos em
imagem corporal.

2.1.1.1 Dimensão perceptiva


Perceber não implica apenas em ver bem. Smeets (1997) explica que este conceito
aplicado na área de pesquisas em imagem corporal é entendido de diferentes formas. Pode-se
assumir que o que está sendo mensurado é a imagem visual do sujeito, que envolve a memória
visual que o próprio tem de seu tamanho e proporções, ou uma reconstrução imagética
baseada nas suas sensações e impressões. Outro entendimento, é que esteja sendo avaliada a
percepção visual do tamanho do corpo, sendo este um reflexo verdadeiro de como a pessoa se
enxerga no espelho e acredita ser. Sendo assim, as alterações encontradas em testes
representam a percepção visual alterada do corpo.
Outra perspectiva desta dimensão é considerá-la enquanto uma medida atitudinal, ou
que ao menos é influenciada pelas atitudes (insatisfação com o corpo, comportamentos de
evitação e checagem corporal, angústia, entre outros). Portanto, distorções perceptivas são
reflexos das tendências cognitivas na avaliação de forma e tamanho corporal, e não somente
uma capacidade de ver o corpo. Por último McCabe et al. (2006) trazem uma concepção mais
ampla ao assumir que a percepção da imagem corporal é resultante da integração de diversas
informações sensoriais, táteis e cinestésicas. A inacurácia, neste caso, é consequência de
fatores sensoriais, por exemplo, a intensidade do estímulo e grau de atenção.

2.1.1.2 Dimensão atitudinal


De forma ampla a dimensão atitudinal envolve insatisfação corporal, crença, afetos e
comportamentos que as pessoas têm referentes ao corpo. No entanto, Thompson e van den
Berg (2002) descreveram quatro nuances principais que precisam estar bem claras antes do
desenvolvimento da pesquisa. Como a proposta aqui é integrá-las torna-se importante seu
detalhamento.
Componente afetivo
26

O componente afetivo é relativo à experiência das emoções relacionadas ao corpo,


resultando em avaliação e interpretação de eventos, objetos ou situações, o que pode gerar
ansiedade, disforia (mal estar psíquico, seguido de sentimentos depressivos, tristeza,
melancolia e pessimismo), desconforto e medo. Fortemente relacionada a esse componente
está a insatisfação corporal. Em estudo recente e longitudinal conduzido por Rosenström et al.
(2013), mulheres jovens ao longo de 16 anos responderam a inventários acerca de parâmetros
depressivos, traços de personalidade entre outros, esta pesquisa demonstrou ser o componente
afetivo preditor da disforia crônica em consequência de sentimentos negativos relacionados ao
corpo.
Componente cognitivo
A pesquisa com foco nesse componente envolve pensamentos, crenças, opiniões que
demonstram elevado senso crítico e exigência exacerbada sobre o corpo. Tal exigência
comumente conduz o sujeito a comportamentos considerados de risco para saúde. Grande
parte das pesquisas trata da influência da mídia sobre a imagem corporal, investigando como
pessoas aceitam normas e sentem-se pressionadas por padrões de beleza propagados pelos
canais midiáticos (THOMPSON et al., 2004; THOMPSON, 2004). Estes, estão repletos de
mensagens consideradas prejudiciais à saúde, e pessoas de todas as idades são de alguma
forma, atraídas e motivadas a usá-los (LEVINE; MURNEN, 2009). As mensagens midiáticas,
comumente apontam para a elaboração de ideais corporais, na maioria das vezes não
condizentes com a realidade corporal de quem consome tais informações (FROIS;
MOREIRA; STENGEL, 2011; CONTI; BERTOLIN; PERES, 2010).
Devido a sua poderosa capacidade de propagar e instalar costumes, crenças, hábitos e
motivações, a mídia tem recebido atenção especial de pesquisadores, pois, segundo Cafri et
al. (2005) e Dittmar (2009) tal processo pode modular a imagem corporal dos sujeitos.
Todavia, o mecanismo e a relação causa-efeito entre mídia e autoimagem ainda não está
totalmente explicado. Porém, o que já se sabe é que a exposição aos canais midiáticos pode
ser considerada um “gatilho” para os esquemas corporais negativos, podendo afetar tanto
aspectos atitudinais quanto perceptivos da imagem corporal (LEGENBAUER; RÜHL;
VOCKS, 2008; HALLIWELL; EASUN; HARCOURT, 2011).
Componente comportamental
O estudo desse componente da imagem corporal indica ações relativas ao corpo, de
cunho auto-defensivo no intuito de prevenir e/ou evitar desconfortos com o corpo ou dor
emocional. Em sua maioria os comportamentos são de evitação corporal (evitar olhar-se no
espelho e pesar-se, busca do isolamento social) e checagem do corpo (preocupação com
27

medidas, palpação dobras em diferentes pontos do corpo, comparação do próprio corpo com o
de outras pessoas). Pesquisas relatam que tais comportamentos são comuns em populações
com excesso de peso (LATNER, 2008) e transtornos alimentares (TIMERMAN;
SCAGLIUSI; CORDÁS, 2009). Porém, recentemente White e Warren (2013) indicaram que
amostras não clínicas, como mulheres universitárias, também estão suscetíveis às mesmas
atitudes relativas ao corpo.
Componente Insatisfação corporal
Refere-se à autoavaliação negativa sobre o corpo que denota um profundo
descontentamento com o mesmo. Thompson (1990) destaca que a insatisfação corporal pode
estar associada aos componentes anteriores (afetivo, cognitivo e comportamental). Além
disso, o autor coloca ser o próprio conceito de insatisfação multidimensional diferenciado em
insatisfação com o peso, com a aparência e com o corpo.
A insatisfação com o peso é dada pela diferença entre o peso percebido pelo sujeito
como atual e o peso que o mesmo deseja para si. Já a insatisfação com a aparência refere-se à
aparência geral, podendo ser averiguado por instrumentos que se reportam a partes corporais
específicas ou com escalas das escalas de silhuetas considerando-se, portanto, a diferença
entre a imagem desejada e a imagem real. Por último, a insatisfação com o corpo refere-se ao
grau de importância ou estima direcionada pelo indivíduo para as diferentes partes do seu
corpo (THOMPSON, 1990). Thompson e Gray (1995) explicam que de forma geral a
insatisfação é fruto das relações sociais e culturais. Assim, esclarecem os autores, este é um
componente que possibilita diferentes interpretações e, portanto, deve ser avaliada com
instrumentos específicos.

2.2 Evidências científicas sobre imagem corporal: aspectos relevantes na literatura


Estudiosos em imagem corporal vêm se dedicando a investigar como este constructo
se manifesta e quais as consequências de suas alterações em diferentes contextos e
populações. Diante da literatura disponível, nacional e internacionalmente, podemos elencar
ao menos seis pontos já consolidados e aceitos: 1) a insatisfação corporal tornou-se
prevalência; 2) a fase da adolescência é a mais crítica para a influência negativa na imagem
corporal; 3) quadros patológicos alteram negativamente a autoimagem; 4) imagem corporal e
atividade física: uma relação ainda não esclarecida; 5) a insatisfação corporal é proporcional
aos valores de IMC; e 6) correlatos neurais associam-se aos aspectos atitudinais e perceptivos
da imagem corporal. Discorreremos melhor sobre cada um abaixo.
Insatisfação corporal enquanto prevalência
28

Sem dúvida a insatisfação com o corpo é o componente da imagem corporal mais


estudado. Conforme Thompson (1990) são facilitadores da insatisfação corporal: o processo
de comparação social, reforço social sobre padrões rígidos de beleza e exposição a
comentários negativos sobre a aparência na infância. Há 25 anos foi descrita por Rodin et
al. (1985) como “descontentamento normativo” devido ao elevado nível de incidência. Hoje
esse quadro é tão atual que estar insatisfeito com o corpo é considerada uma tendência
“global” (SWAMI et al., 2010; RUNFOLA et al., 2013).
Quase unanimidade entre as mulheres, a insatisfação corporal vem sendo tratada como
característica feminina independente da idade (LEVINE; MURNEN, 2009; SWAMI et al.,
2010; SLEVEC; TIGGEMANN, 2011; LAUS et al. 2012; MARTINS et al., 2012;
RUNFOLA et al., 2013) demonstrando ser esse público mais vulnerável aos desgosto com a
aparência. Isso pode ser atribuído à crença que a mulher ficaria mais bonita se perdesse algum
peso, como no caso das brasileiras que desejam constantemente reduzir em média dois
quilogramas de massa corporal (ALVARENGA et al., 2010). Além disso, há uma diferença
pontual entre os sexos, enquanto mulheres estimam mais as pernas, homens importam-se mais
com braços e peito (STEWART et al., 2003; JOHNSTONE et al., 2008; URDAPILLETA et
al., 2010).
Adolescentes são mais sensíveis a impactos negativos sobre a imagem corporal
É sabido que alterações na imagem corporal ocorrem ao longo de toda a vida, no
entanto, a adolescência é considerada uma fase crítica devido à aceitação, estruturação e
avaliação da identidade corporal (WHITE; HALLIWELL, 2010). Além disso, é nessa fase
que há maior risco para a influência da mídia (ALVARENGA et al., 2010; LEVINE;
MURNEN, 2009). Diferentes pesquisadores afirmam que a exposição às imagens de corpos
super magros pode conduzir principalmente meninas, a autoavalição negativa e insatisfação
com seu corpo (GRABE; WARD; HYDE, 2008; BAILEY; RICCIARDELLI, 2010;
TIGGEMANN; MILLER, 2010; SCHOOLER; TRINH, 2011).
Tiggemann (2009) explica que a exposição à mídia por si só não provoca danos, mas
sim a intensidade e a extensão das crenças e suposições sobre a importância e significado da
aparência na vida do indivíduo, que podem permanecer até a fase adulta, como demonstrado
no presente estudo. Assim, algumas estratégias no âmbito internacional têm se mostrado
eficientes na prevenção dos prejuízos causados pela mídia, especialmente em idades iniciais.
Um exemplo é a Media Literacy, uma espécie de educação midiática que embasada na teoria
cognitivo-comportamental propõe uma interação de forma crítica com os meios de
comunicação, que segundo Tiggemann e Miller (2010), Halliwell, Easun e Harcourt (2011) e
29

McLean, Paxton e Wertheim (2013) conseguem evitar a internalização e comparação com


modelos corporais não realistas, reduzindo assim, alterações adversas à imagem corporal.
Alguns fatores somados a pouca idade são capazes de acentuar o efeito negativo da
mídia sobre a imagem corporal, tais como a obesidade ou sobrepeso, a internalização do
corpo magro como ideal de beleza, histórico de baixa autoestima transtornos alimentares
(HAUSENBLAS et al., 2013) e cobrança dos pais e grupo de amigos sobre aparência e
alimentação (GONDOLI et al., 2011; RODGERS et al., 2011).
Quadros patológicos alteram negativamente a autoimagem
Em 1973 a psiquiatra H. Brush (1973) relatou que pessoas com transtornos
alimentares frequentemente apresentam personalidade instável e frágil e o distúrbio de
imagem corporal é associado a dificuldades em reconhecer e perceber estímulos corporais, a
exemplo da fome. Houve aumento importante nos estudos a fim de compreender como é
elaborada e processada a imagem corporal no contexto clínico, especialmente em pessoas com
anorexia nervosa (DELINSKY, 2011), bulimia nervosa (CROWTHER; WILLIAMS, 2011) e
TCAP (Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica) (HRABOSKY, 2011). Acometidos
por tais doenças possuem seu foco na preocupação excessiva com o corpo tendo como
sintomas a fobia de ganhar peso e aumentar a forma corporal. Esse descontentamento com a
aparência pode levar a comportamentos de risco no intuito de atingir o corpo que julga-se ser
ideal (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION [APA], 1994).
A dismorfia muscular, ou dismorfofobia, de forma semelhante aos transtornos
alimentares, é descrito pelo DSM-V como uma alteração psicótica, um tipo de desordem
delirante com presença de distúrbio na imagem corporal. Refere-se à preocupação excessiva
com a aparência causando forte estresse ou prejuízo social (PHILLIPS, 2011) sendo
caracterizada pela preocupação excessiva com os músculos, com maior incidência nos
homens (OLIVARDIA, 2007).
Pesquisadores vêm tentando entender a imagem corporal de pessoas que possuem sua
forma corporal alterada de forma significativa, seja por dietas, por cosméticos ou por meio de
intervenções cirúrgicas (SARWER; CASH, 2008; SARWER, CRERAND; MAGEE, 2011;
CASTRO et al., 2010; CASTRO et al., 2013). São exemplos pessoas sobreviventes de graves
queimaduras e indivíduos com câncer (principalmente mulheres mastectomizadas) que
necessitaram passar por cirurgias plásticas reconstrutivas (HARCOURT; RUNSEY, 2011).
Lawrence e Fauerbach (2011) explicam que esse público sofre múltiplos estresses e distúrbios
em sua imagem corporal, podendo ser amenizados por meio de reconstrução plástica.
30

No entanto, a busca “patológica” pelo corpo entendido como ideal tem feito crescer
indiscriminadamente o número de cirurgias plásticas para fins estéticos, trazendo para o
contexto médico pessoas aparentemente saudáveis. Um exemplo disso é o crescimento nos
últimos anos da busca por cirurgias plásticas corretivas. O Brasil ocupa o 2º país que mais
realiza tais procedimentos (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE CIRURGIA PLÁSTICA,
2011), sendo 70% deles de cunho estético (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA
PLÁSTICA – [SBCP], 2009), com objetivo de remodelar o corpo visando melhora na
aparência. A busca pela beleza per se pode afetar outras esferas da vida do indivíduo,
alterando a forma como ele se apresenta bem como a estima com seu próprio corpo. Sarwer,
Crerand e Magee (2011) alertam que o impacto em longo prazo da cirurgia plástica em
aspectos como a autoestima, sintomas depressivos e qualidade de vida estão ainda pouco
esclarecidos.
Além da aparência a função corporal também constitui-se de elemento fundamental
para imagem corporal, e juntos tornam-se fatores de motivação em grupos de obesos
mórbidos ao submeterem-se à cirurgia bariátrica (CASTRO et al., 2010; CASTRO et al,
2013). Tal procedimento provoca a redução de 40 a 60% do peso corporal (MARCELINO;
PATRÍCIO, 2011), o que ocorre é que essa mudança brusca nem sempre é acompanhada
proporcionalmente por mudanças na imagem corporal, podendo causar danos psicológicos
(CASH, 1990), levando à conclusão que intervenções cirúrgicas podem ser consideradas
“cirurgias da imagem corporal” (PRUZINSKY; EDGERTON, 1990).
Imagem corporal e atividade física: uma relação ainda não esclarecida
Em outra vertente, afora o contexto clínico e médico-cirúrgico, os estudos em imagem
corporal na atualidade têm sido conduzidos também em amostras não clínicas com foco na
saúde, na prática de atividades físicas voltadas para qualidade de vida (SEGAR et al.,2012;
ANDERSON; LIBONATI, 2012; FERRARI et al., 2012) e no contexto esportivo competitivo
(TORRES-MCGEHEE et al., 2009; URDAPILLETA et al., 2010). Os achados são ainda
inconclusivos, de forma que enquanto alguns autores afirmam que a prática de exercícios
reduz a insatisfação com o corpo (ROSENDAHL et al., 2009; FORTES; FERREIRA, 2011),
outros apontam para o contrário, especialmente atletas de alto rendimento possuem o foco
voltado para o corpo, e devido à cobrança constante estão mais pronos a desenvolverem
distúrbios de imagem corporal (DE BRUIN; OUDEJANS; BAKKER, 2007; SWAMI;
STEADMAN; TOVEÉ, 2009).
Especificamente em atletas, a insatisfação com o corpo somada ao elevado percentual
de gordura propicia o desenvolvimento de transtornos alimentares em especial as mulheres,
31

enquanto que para homens os fatores de risco são insatisfação corporal, percentual de gordura,
comprometimento psicológico para o exercício, idade e nível competitivo (FORTES;
ALMEIDA; FERREIRA, 2014).
Contudo, tais interpretações devem ser feitas com cautela uma vez que tais pesquisas
são transversais, e embora importantes, não é possível encontrar relações de causalidade em
um corte único. Recentemente, Ginis et al. (2014) realizaram estudo experimental testando o
efeito de treino aeróbico e resistido na imagem corporal e encontraram que a alteração na
percepção da gordura corporal bem como a autoavaliação positiva do condicionamento físico
na fase pós treino promoveu melhoras na imagem corporal. Todavia, tais pesquisas ainda são
raras, impossibilitando conclusões mais aprofundadas.
A insatisfação é proporcional aos valores IMC
Pesquisas apontam que a imagem corporal possui relação direta e proporcional com o
status nutricional (FERRARI et al., 2012,; LAUS et al., 2012). Por conta disso, parâmetros
antropométricos têm sido testados e apontados como indicadores na predição de alterações na
imagem corporal (TEHARD et al., 2002; PELEGRINI et al., 2011), a exemplo do Índice de
Massa Corporal (IMC), o qual em diversos estudos é apontado como preditor da insatisfação
com o corpo (CONTI; FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005; KAKESHITA; ALMEIDA,
2006; GRAUP et al., 2008; PALLAN et al., 2011). Por outro lado, outras pesquisas apontam
que pessoas com peso dentro da normalidade apresentam níveis altos de distúrbios com a
imagem corporal (PINHEIRO; GIUGLIAN, 2006). Portanto, a questão entre valores
antropométricos e imagem corporal ainda não está totalmente resolvida. Como esta é a
temática central do presente trabalho a detalharemos mais adiante.
Correlatos neurais estão associados a aspectos atitudinais e perceptivos da imagem corporal
A pesquisa em imagem corporal historicamente vem se pautando em estudos que
correlacionam fenômenos, alterações e efeitos, na maioria das vezes, sem se preocupar com a
causa. A perspectiva neurológica vem passando por reestruturação em sua concepção da
imagem corporal e por meio de alta tecnologia como os escaneamentos cerebrais, vêm
associando as manifestações desse constructo a ativações de regiões de sistema nervoso
central (SUISMAN; KLUMP, 2011; OWEN; SPENCER, 2013). Estudos de Hashimoto e Iriki
(2013) em amostra não clínica detectaram ativação neural em áreas diferentes na percepção
corporal nos planos frontal e sagital, bem como no reconhecimento do próprio corpo e no
corpo do outro.
Pesquisas em pessoas anoréxicas vêm demonstrando anormalidades no tecido neural
de forma geral (TITOVA et al., 2013) e alterações na atividade do lobo parietal inferior, além
32

de redução do volume cerebral na região da ínsula, hipocampo e giro fusiforme (BROOKS et


al., 2011; PIETRINI et al., 2011; GAUDIO; QUATTROCCHI, 2012). Já estudos em homens
com transtorno dismórfico corporal (TDC) mostraram que há maior ativação no hemisfério
esquerdo, no córtex pré-frontal e lobo temporal, ao examinar faces. Tais regiões são
importantes na detecção de detalhes sugerindo que pacientes com tal desordem sejam mais
minuciosos e (até por isso) mais exigentes e meticulosos com seus corpos (SUISMAN;
KLUMP, 2011). Ademais, Buchanan et al. (2014) identificaram redução do volume neural no
córtex órbito-frontal direito e esquerdo do córtex cingulado anterior em homens com TDC
independentes de reduzidos volumes cerebrais globais.
Aspectos atitudinais também têm sido emparelhados a correlatos neurais. É o caso do
estudo de Friederich (2007) que por meio de neuroimagem funcional demonstrou ativação
diferenciada no giro fusiforme, lóbulo parietal inferior direito, córtex pré-frontal lateral direito
e o cingulado anterior esquerdo em mulheres ao visualizarem seus corpos junto a modelos
super magras. Além disso, as participantes apresentaram níveis elevados de ansiedade durante
o experimento, positivamente relacionados à ativação na conhecida “rede do medo”
(incluindo amígdala, cingulado anterior dorsal, rostral do córtex pré-frontal e córtex pré-
frontal lateral inferior). Os autores concluíram que existe insatisfação com o corpo em um
nível neurobiológico. A resposta de medo (exemplo o medo de engordar) pode estar
subjacente à insatisfação corporal que, por sua vez, pode levar a transtornos alimentares.
Nessa mesma direção, Riva (2012) demonstrou que junto às ativações de regiões
neurais específicas, especialmente lobo temporal medial, encontram-se fatores como estresse
crônico e ansiedade relacionada ao corpo conduzindo ao controle exagerado da alimentação.
Esse processo é retroalimentado constantemente, de forma que não há atualização entre a
percepção egocêntrica (o corpo como referência de experiência) e alocêntrica (o corpo como
objeto no mundo físico) ocasionando distorção da percepção da imagem.
De posse do panorama geral sobre a base conceitual (componentes e dimensões), que
norteiam os estudos, e dos aspectos já descritos e consolidados nas pesquisas em imagem
corporal, que favorece uma “linguagem comum” entre os pesquisadores, o próximo passo é a
escolha do instrumento que melhor atenda ao componente e dimensão estudada, bem como às
características da população alvo e promova contribuição para comunidade científica
(THOMPSON, 2004; CAMPANA; TAVARES, 2009).

2.3 Avaliação da imagem corporal


2.3.1 A imagem corporal como um constructo
33

O fato de a imagem corporal tratar-se de um constructo inspira alguns cuidados no que


tange à sua avaliação (CASH, 2011). Em sua essência, um constructo é elaborado para
descrever ou explicar um determinado comportamento. No entanto, não é possível vê-lo,
ouvi-lo ou tocá-lo, mas sim fazer inferências a partir de um comportamento manifesto, no
caso uma ação observável, ou o produto dela. Assim o constructo pode ser denominado de
sensação porque na verdade seu conceito é construído a partir de observações que são feitas
sobre os organismos (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Da mesma forma que não é possível mensurar de diretamente constructos como
autoestima, inteligência entre outros, analogamente não é possível ver ou tocar alterações na
imagem corporal. Entretanto, podemos perceber, captar e sistematizar alguns dos seus efeitos.
Da Silva e Ribeiro-Filho (2006) e Pasquali (2009) destacam que diferentemente dos
constructos físicos, os psicofísicos são inerentes às pessoas e/ou observadores, portanto
subjetivos. Sendo assim, explicam os autores, não há alternativa a não ser estudar as reações
subjetivas.
A medição de diferentes constructos requer o entendimento de que há duas variáveis
interrelacionadas: a variável latente que é uma sensação, e a variável manifesta, representada
por um escore ou parâmetro que revela sua magnitude. Em suma, escalas, questionários
dentre outros tipos de instrumentos, refletem um resultado observável (aproximado, uma vez
que a medida não é direta) de um constructo (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Existem dois critérios que precisam ser considerados na escolha do instrumento de
avaliação da imagem corporal, a validade3 e a fidedignidade (THOMPSON, 2004; CASH,
2011), que são as qualidades psicométricas do instrumento. A validade implica na capacidade
da ferramenta em avaliar aquilo que ela se propõe, podendo ser de três tipos: conteúdo,
critério e de constructo. Já fidedignidade (precisão e confiabilidade) consiste na consistência
dos resultados em diferentes medições, sendo realizado pelas técnicas: confiabilidade
interobservador e intraobservador; consistência interna, correlação de formas alternativas,
método de split-half e teste-reteste (MALHOTRA, 2004).

3
A validade pode englobar três tipos principais: 1) validade de conteúdo, a qual avalia o modo com que o
domínio específico do conteúdo é abordado pela escala; 2) validade de critério em que se verifica se a escala
possui associação empírica com algum critério considerado “padrão ouro” e está preocupada com a predição de
um determinado comportamento (podendo ser preditiva e concorrente); 3) validade de constructo, nesta é
verificada se a escala constitui uma representação legítima e adequada do constructo, se ela é sensível ao
domínio relacionado à variável observada (há dois tipos: validade convergente e discriminante) (Ver:
MORGADO et al. Diretrizes teóricas e metodológicas para criação de escalas de medidas em imagem corporal.
In: FERREIRA, M.E.C.; CASTRO, M.R.; MORGADO, F.F.R Imagem Corporal: reflexões, diretrizes e práticas
de pesquisa. Editora UFJF: 2014.)
34

Considerando que o valor científico das pesquisas em imagem corporal depende da


qualidade dos instrumentos (CASH, 2011), na escolha destes além das características acima
devem ser observadas as especificidades e características da amostra bem como da dimensão
pesquisada (THOMPSON, 2004).

2.3.2 Avaliação da dimensão atitudinal


A avaliação da dimensão atitudinal pode ser realizada por meio de entrevistas
semiestruturadas (maior foco em pesquisas qualitativas), questionários e/ou escalas de
silhuetas (voltados aos estudos quantitativos). Segundo Da Silva e Ribeiro-Filho (2006),
escalas fornecem um valor numérico único que constitui o resultado da medição, sendo
unidimensional. Já os questionários, podem ser compostos de diferentes escalas, chamadas de
subescalas, portanto de cunho multidimensional.
Como já descrito, é preciso estar certo de qual (ou quais) dimensão será estudada para
escolha adequada do instrumento. No Brasil existem alternativas metodológicas válidas e
confiáveis para avalia tais as diferentes dimensões e componentes da imagem corporal, dentre
elas, podemos destacar:
 Avaliação da insatisfação geral subjetiva: Escala de Silhuetas para Adultos e Crianças
(KAKESHITA, 2008), Stunkard’s Figure Rating Scale (SCAGLIUSI et al., 2006),
Stunkard Figure Rating Scale for Brazilian Men (CONTI et al., 2013), Body Shape
Questionnaire (BSQ) (DI PIETRO, 2001);
 Avaliação da dimensão afetiva: Body Shape Questionnaire (BSQ) (DI PIETRO,
2001); Body Attitudes Questionnaire (BAQ) (SCAGLIUSI et al., 2005) e Body
Investment Scale (BIS) (GOUVEIA et al., 2008);
 Avaliação da dimensão comportamental: Body Image Avoidance Questionnaire
(BIAQ) (CAMPANA et al., 2013) e o Body Checking Questionnaire (BCQ)
(TAVARES; CAMPANA, 2009); Male Body Checking Questionnaire (MBCQ)
(CARVALHO et al., 2014).
 Avaliação da dimensão cognitiva: Escala de Autoavaliação do Esquema Corporal
(FARIAS; CARVALHO, 1987); Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale
(SATAQ-3) (AMARAL; CONTI; CORDÁS; FERREIRA, 2011; AMARAL et al., 2013)
e o Questionário de Autoestima e Autoimagem (STEGLISH, 1978).
Gardner, Friedman e Jackson (1998) sugerem que sejam tomados alguns cuidados na
apresentação das escalas de silhuetas, tais como apresentá-las individualmente em cartões, de
35

forma contínuas e não ordinais, e que o número de silhuetas seja o suficiente para cobrir as
possibilidades na amostra pesquisada. Além disso, tanto no uso de escalas quanto de
questionários é necessário determinar se o que está sendo avaliado é traço ou estado, e se a
informação coletada é referente àquele momento ou por exemplo, o sujeito tem sentido nas
últimas 4 semanas (THOMPSON, 2004; CAMPANA; TAVAVES, 2009; CASH, 2011).
É importante esclarecer que não existe um “padrão ouro” em avaliação da imagem
corporal. Assim, o processo de avaliação precisa ser cuidadosamente planejado. A definição
dos instrumentos precisa ser rigorosa na verificação dos seus parâmetros psicométricos. Ou
seja, se a ferramenta escolhida é adequada para as características da população estudada.
Além disso, é extremamente recomendado que sejam utilizadas mais de uma medida de
avaliação (CASH, 2011; GARDNER, 2002).
O mesmo rigor também é recomendado para o ambiente de coleta, análise e
interpretação dos dados. Importante destacar a especificidade dos resultados, por se tratar de
um constructo fluido e subjetivo não é possível mensurar a imagem corporal de forma direta e
objetiva como, por exemplo, verificar a massa corporal de alguém em uma balança. Sendo
assim, os dados obtidos, seja por meio de questionários, escalas ou softwares, serão referentes
à dimensão que o instrumento se propõe a medir, e principalmente pertencentes àquele
contexto e momento da avaliação, portanto sujeito a mudanças.
É importante evidenciar que medidas atitudinais não tem valia para mensurar a
dimensão perceptiva, porém o inverso é verdadeiro (CAMPANA; TAVAVES, 2009). A
avaliação perceptiva demonstra a capacidade de estimar acuradamente o tamanho e forma
corporal (BENSON et al.,1999; TOVÉE et al., 2000; GARDNER, 2011). As técnicas
avaliativas dessa dimensão são inicialmente estruturadas na década de 60 quando descritos os
primeiros casos de transtornos alimentares, passando por reconceitualização na década de 80,
é repensada por autores, como Gardner, à luz da área da psicofísica (GARDNER, 2011),
como abordaremos no próximo item.

2.3.3 Avaliação da dimensão perceptiva: a imagem corporal sob o enfoque psicofísico


No século XIX a Psicologia ao se separar da Filosofia para criar um campo de ciência
própria buscou compreender os sistemas sensoriais e comportamento humano. Dessa forma, a
psicofísica surge como uma teoria das relações exatas entre sensações, atividades neurais
subjacentes a ela e propriedades físicas materiais (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Assim, a psicofísica busca relacionar funcionalmente estímulos, sensações e
perceptos, envolvendo os processos de detecção, discriminação e atribuição de magnitude à
36

sensação. Em uma concepção ampla e moderna, a suposição central é que o sistema


perceptual é um instrumento totalmente apto a realizar mensurações e a gerar resultados que
podem ser analisadas e interpretados de forma sistemática. Dessa forma, a relação estreita
entre estímulo e resposta dá lugar à organização interna da experiência perceptiva (DA
SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Nesse contexto discorremos acerca da avaliação perceptiva da imagem corporal, a
qual passou e ainda passa por diversos desafios devido a sua complexidade avaliativa e
interpretativa. Em meados da década de 70 os primeiros estudos a respeito nessa dimensão da
imagem corporal surgiram do interesse de alguns pesquisadores por determinados constructos
psíquicos – transtorno alimentar, autoestima e depressão – apresentarem resultados
inconsistentes (THOMPSON; PENNER; ALTABE, 1990). Como por exemplo, Slade e
Russel (1973) identificaram maior superestimação do tamanho corporal em amostras de
mulheres anoréxicas quando comparadas ao grupo controle. Todavia, em estudos posteriores
confirmaram que este fato não era específico apenas dessa população (SLADE et al., 1990).
Fatos como estes bem como a impossibilidade de delinear os componentes sensórios
(respostas do sistema visual) e não sensórios (interpretação do cérebro dos estímulos) na
avaliação perceptiva incentivaram a criação de novos métodos avaliativos, sendo o
pesquisador Rick Gardner o grande nome nesse desfecho. Para o autor, o conhecimento da
relação entre esses dois componentes seria essencial para o tratamento mais adequado de
pessoas acometidas por alterações da imagem corporal. Dessa forma, Gardner propõe novas
formas de realizar avaliação perceptiva da imagem corporal, mais complexas e abrangentes,
utilizando técnicas psicofísicas sofisticadas, bem como incorporando como estratégia
metodológica a teoria da detecção de sinal.
Discussões feitas por Gardner (1996) sobre o uso de técnicas psicofísicas no estudo de
imagem corporal apontam para o entendimento da detecção do estímulo enquanto processo,
sendo este mediado em parte pela sensibilidade do sujeito ao estímulo e em parte pelos fatores
cognitivos. Seguindo essa lógica, o autor afirma ser possível quantificar a habilidade que um
indivíduo tem de discernir entre estímulo e ruído. Dessa forma, a análise estatística das
respostas expressará duas medidas: 1) sensibilidade sensorial, que reflete a habilidade em
detectar o estímulo e 2) tendência de resposta, que indica a tendência em responder ao
estímulo independente de sua natureza. Portanto, a avaliação do índice de percepção e
insatisfação respectivamente.
Assim, tendo como ponto de partida a Teoria de Detecção do Sinal, Gardner e outros
pesquisadores integraram à avaliação perceptiva da imagem corporal propriedades
37

psicofísicas das variáveis não métricas (sem referência física conhecida) na testagem tanto de
magnitudes externas como internas (sentimentos, emoções etc.) (CAMPANA; TAVAVES,
2009). Portanto, a percepção da imagem corporal passa a ser concebida como resultado de
componentes sensoriais (informações visuais, táteis e cinestésicas) e não sensoriais
(interpretação das informações a nível neural, cognitivo e afetivo) (CASH; PRUZINSKY,
2002; MACCABE et al., 2006). O corpo, que é sujeito à métrica de uma escala, integra ambos
os componentes. A dificuldade está em identificar quantitativamente a contribuição de um e
de outro. Outra informação importante foi que distorções da percepção não se estendiam a
objetos e outras pessoas, mas era pessoal (CASH; PRUZINSKY, 2002; SMEETS, 1997).
Da Silva e Ribeiro-Filho (2006) pontuam que o problema não está em obter a
experiência perceptual, pois, nenhum aparelho é necessário para obter os perceptos, mas sim
descrever e investigar as individualidades de forma que estas possam ser reunidas e
compartilhadas. A solução da psicofísica para tal é emparelhar experiência perceptual aos
estímulos físicos, sendo estes um sistema de referência. Os autores consideram que a “arte da
psicofísica” consiste em elaborar protocolos precisos e simples para que sejam obtidos
resultados convincentes.
A partir desses conceitos, diferentes métodos de avaliação da dimensão perceptiva
foram criados e são classificados de acordo com a abordagem do corpo – métodos de partes
do corpo e métodos de corpo inteiro – e baseados nos procedimentos para estimativa do
tamanho – Métodos de réguas, Métodos de Marcação e Métodos de Distorção (BANFIELD;
McCABE, 2002; TAVARES; CAMPANA, 2009).
O método de distorção em vídeo (do inglês Distorting Video Technique), adotado para
essa pesquisa, consiste em expor ao avaliado imagens que podem sofrer alterações globais,
variando de mais estreito a mais largo, tendo como ferramentas lentes, espelhos e/ou
softwares, solicitando ao sujeito avaliado que realize ajustes de acordo com sua percepção
(FARRELL; LEE; SHAFRAN, 2005).
Grande parte dos pesquisadores contemporâneos interessados no estudo da dimensão
perceptiva da imagem corporal moveram seus esforços a construir softwares nos quais são
elaboradas tarefas psicofísicas com as imagens dos próprios avaliados. Os primeiros
programas possuem apenas duas dimensões e como foco de pesquisa mulheres com
transtornos alimentares (BENSON et al., 1999; TOVEÉ et al., 2003; LETOSA-PORTA,
FERRER-GARCÍA;GUTIÉRREZ-MALDONADO,2005;FERRER-GARCÍA; GUTIÉRREZ-
MALDONADO, 2008; CORNELISSEN; JOHNS; TOVÉE, 2013); sujeitos obesos
(JOHNSTONE et al., 2008); atletas (STEWART et al., 2003; URDAPILLETA et al., 2010) e
38

os programas mais recentes e modernos apresentam imagens tridimensionais (STEWART et


al., 2009; STEWART et al., 2012).
Apesar de todas essas possibilidades, no Brasil, para estudar metricamente como o
indivíduo estima o tamanho e forma do seu corpo, o único programa válido é o Software de
Avaliação Perceptiva (SAP), o qual avalia a percepção da forma e tamanho do corpo
(TAVARES; CAMPANA, 2009). Todavia, é possível, com base nos parâmetros discutidos
acima, elaborar tarefas psicofísicas acessíveis e simples, capazes de avaliar o componente
perceptivo, como fez Paula (2010) ao investigar mulheres com risco para transtornos
alimentares e Braga (2012) em grupo de pessoas com hemiplegia.
Nos estudos de Paula (2010) e Braga (2012), a percepção foi verificada por meio da Lei
de Stevens4 na qual uma função de potência é capaz de descrever a característica operatória do
sistema sensorial (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006). O componente atitudinal também
pode ser avaliado por meio da Lei de Stevens como no estudo de Fran, Liu, Wu e Dai (2004)
onde os autores encontraram relação com conceito de atratividade corporal.
Tavares et al. (2010) apontam alguns cuidados a serem tomados durante a avaliação
perceptiva. Inicialmente o protocolo deve ser claro e preciso, é possível haver discrepâncias
entre informações prioritariamente afetivas “quanto você se sente grande?” e informações
prioritariamente cognitivas “quão grande você pensa ser?”. Além disso, podem interferir no
teste a iluminação da sala (salas claras propiciam superestimação), cores da roupa (estampas
podem desviar a atenção do avaliado) número de repetições do teste e marcas na face.
Pelo fato da experiência perceptiva, afetiva, cognitiva e comportamental da imagem
corporal variar amplamente de indivíduo para indivíduo, conforme situações e contextos,
torna-se importante o rigor na escolha do método bem como a utilização de diferentes
estratégias metodológicas em conjunto (THOMPSON, 2004; CASH, 2011).

2.3.4 Índices antropométricos, composição corporal e somatotipo enquanto parâmetros


na avaliação da imagem corporal
Nas últimas décadas parâmetros antropométricos foram agregados ao contexto da
avaliação da imagem corporal, tanto na elaboração de aparatos metodológicos, quanto na
identificação de possíveis alterações na imagem corporal (SILVA; SILVA; PETROSKI,
2011).

4
A Lei de Stevens propõe que a forma da relação entre a magnitude da sensação e a intensidade do estímulo é
uma função de potência (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
39

Sem dúvida o parâmetro mais utilizado é o IMC gerando uma gama de estudos que
destacam relação diretamente proporcional entre tal índice e a insatisfação com o corpo
(CONTI; FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005; KAKESHITA; ALMEIDA, 2006; GRAUP
et al., 2008; AUSTIN; HAINES; VEUGELERS, 2009; PALLAN et al., 2011; LAUS et al.,
2012) e comportamento alimentar inadequado (GAPIN; PETRUZZELLO, 2011).
No que tange à percepção do corpo, Madrigal et al. (2000) identificaram forte relação
entre IMC e distorção do tamanho corporal, em seu estudo investigaram sujeitos obesos e
perceberam que quanto maior o IMC maior é a subestimação do corpo. Resultados similares
também foram observados por Kakeshita e Almeida (2006) em população de universitários,
acrescentando que além das pessoas obesas, os homens de uma forma geral tendem a
subestimar seu tamanho e forma corporal, no entanto, mulheres tendem a superestimação.
O uso do IMC em composição corporal, segundo Ricardo e Araújo (2002) e Nevill et
al. (2006) pode implicar em resultados falsos positivos (elevada massa muscular e óssea,
baixo percentual de gordura) e falsos negativos (baixa massa muscular e óssea, elevado
percentual de gordura). Outros índices corporais devem ser considerados para verificação da
associação entre proporcionalidade da estrutura física e imagem corporal.
Assim, alguns autores tentaram agregar ao IMC outros índices antropométricos na
avaliação da imagem corporal, como o percentual de gordura aplicado em estudos com
escolares asiáticos (PALLAN et al., 2011), adolescentes brasileiras (CORSEUIL et al., 2009)
universitárias espanholas (ARROYO et al., 2008) e homens e mulheres praticantes de
musculação (DAMASCENO et al., 2012); e a tríade IMC, percentual de gordura e razão
cintura/quadril aplicadas em pesquisas com escolares brasileiras (GRAUP et al., 2008). Em
todos foi verificada relação entre níveis elevados desses parâmetros e insatisfação corporal.
Estudando dismorfia muscular Sardinha, Oliveira e Araújo (2008) constataram que a
razão circunferência do bíceps/panturrilha (denominado por eles de índice B/P) constitui-se
em bom diagnóstico (embora não deva ser usado isoladamente) da dismorfia corporal em
homens de 18 a 35 anos. Em outra vertente, as pesquisas de Tovée, Hancock, Mahmoodi,
Singleton e Cornelissen (2002); Fran, Liu, Wu e Dai (2004) e Crossley, Cornelissen e Tovée
(2012) investigaram quais são os índices antropométricos importantes na elaboração do corpo
ideal (no quesito de atratividade) entre homens e mulheres. Os autores destacaram que para
ambos os sexos o primeiro preditor de beleza é o IMC, a hipótese de ambas as pesquisas é que
há uma relação cultural envolvida com este índice que reflete fertilidade e saúde. No entanto,
explicam os autores, o refinamento do olhar do observador implica em analisar as relações de
40

proporções corporais verificadas no estudo pelos índices de relação cintura/quadril,


cintura/peito e comprimento perna/altura.
Outros estudos demonstraram que protocolos de duas e cinco dobras cutâneas
possuem melhor desempenho na discriminação da insatisfação corporal do que o IMC
(COQUEIRO et al., 2008; PELEGRINI et al., 2011). Resultados semelhantes foram
encontrados na pesquisa de Pereira et al. (2009) com grupo de idosas, onde identificaram
também associação diretamente proporcional entre insatisfação e dobra triciptal e razão
cintura/quadril.
Embora o IMC, e outros índices de distorção linear do corpo continuem sendo
ferramentas importantes, pesquisadores em imagem corporal, há alguns anos passaram a
considerar a morfologia humana pautada também na muscularidade, densidade óssea e
estatura, ou seja, o somatotipo (TUCKER, 1982; THOMPSON; TANTLEFF, 1992; LYNCH;
ZELLNER, 1999; HILDEBRANDT; LANGENBUCHER; SCHLUNDT, 2004; PULVERS et
al., 2004; CAFRI; THOMPSON, 2004; PEDRETI, 2008).
Na década de 40, dois psicólogos de Havard, Sheldon e Stevens, criaram nova forma
de interpretar o biotipo humano, tendo como base os folhetos embrionários: endoderma
(deriva os órgãos digestivos), mesoderma (deriva os músculos) e ectoderma (deriva ossos e
tecidos conjuntivos). Dessa forma, eles passam a classificar os indivíduos em endomorfo,
mesomorfo e ectomorfo, com uma amplitude de 1 a 7 de participação de cada componente.
Como característica física aparente o sujeito prioritariamente endomorfo apresenta
arredondamento das linhas corporais sem relevo muscular; o mesomorfo tem o corpo
anguloso dotado de grande desenvolvimento e tônus muscular; já o ectomorfo destaca-se
linearidade, fragilidade e delicadeza corporal (FERNANDES FILHO, 2003).
Aos fatores somáticos Sheldon associou padrões de comportamento e personalidade,
que são por ele denominados de “viscerotonia”, “somatotonia” e “cerebrotonia” relacionados
respectivamente ao endomorfismo, mesomorfismo e ectomorfismo. À viscerotonia estão
associados o prazer pelo conforto, pelo relaxamento, pela sociabilidade e pela glutonaria. A
somatotonia revela prazer e motivação pela prática de exercícios vigorosos. Já a cerebrotonia
preponderam características de submissão e atenção. Sheldon reforçou a imutabilidade da
relação entre os três componentes (um adulto essencialmente endomorfo não passará a ser
ectomorfo), por ser elas de caráter genético. E assim chegou a conclusão de que há uma
personalidade integrada ao genótipo, que pode ser expressa individualmente tanto pelo viés
somático quanto psicológico (FERNANDES FILHO, 2003).
41

O somatotipo é uma técnica utilizada para estimar a forma e estrutura corporal,


aferindo a proporcionalidade entre densidade de gordura, muscular e óssea. É expresso por
três números que representam os componentes endomórfico (adiposidade relativa),
mesomórfico (magnitude musculoesquelética) e ectomórfico (linearidade do físico),
respectivamente, e sempre na mesma ordem (FERNANDES FILHO, 2003). A combinação
desses três componentes constitui ponto fulcral da conceituação do somatotipo.
Conforme Fernandes Filho (2003), o somatotipo foi bastante utilizado para descrever
e comparar atletas em diferentes níveis de competição; caracterizar mudanças do físico
durante o crescimento, o envelhecimento e treinamento; comparar a forma relativa de homens
e mulheres e como ferramenta em estudos que avaliam a imagem corporal, embora hoje não
seja mais considerado aparato suficiente na avaliação de composição corporal.
Estudos de Eklund e Crawford (1994), Stewart et al. (2003), e de Bahran e Shafizadeh
(2006) verificaram uma relação negativa entre satisfação corporal e componentes de
endomorfia e mesomorfia. Garganta (2000) e Stewart et al. (2003) ressaltam que, atualmente,
há certa tendência para idealização de morfologias mesomórficas para homens e ectomórficas
para mulheres. Pedretti (2008) realizou um estudo comparando as mulheres brasileiras com as
portuguesas no que tange a relação entre somatotipo, percepção e satisfação da imagem
corporal. Ele verificou que a mulher portuguesa possui um perfil somatotípico endomorfo-
mesomorfo, tendo como ideal o perfil central da somatotipia (equilíbrio entre os três
componentes). Quanto à mulher brasileira, o pesquisador constatou que ela possui perfil
somatotípico classificado como endomorfo equilibrado (endomorfia dominante e mesomorfia
igual à ectomorfia), tendo como ideal corporal o perfil mesomorfo. Com relação à satisfação
com o corpo as portuguesas tenderam a ser mais insatisfeitas do que as brasileiras. Vale
ressaltar que no estudo de Pedretti (2008) não foi encontrada uma diferença significativa entre
os dois grupos pesquisados com relação à distorção da percepção corporal.
Assim, em consonância ao que afirmam Muñoz-Cachón et al. (2009), não é o caso de
substituir o uso de instrumentos como questionários e silhuetas por parâmetros
antropométricos na avaliação da imagem corporal, porém estes merecem atenção e maiores
estudos, pois, podem colaborar como ferramentas rápidas, precisas e acessíveis no diagnóstico
de distúrbios em especial em grande amostras populacionais. Além disso, correspondem à
razão de simetria e proporcionalidade corporal (NEVILL et al., 2004), que são os indicativos
quando se refere à beleza e estética corporal, assuntos tratados no contexto da imagem
corporal.
42

3 JUSTIFICATIVA

O conhecimento aprofundado acerca do funcionamento da imagem corporal pode


possibilitar a compreensão de forma mais ampla dos alunos/pacientes pelos profissionais da
área da saúde, dentre estes, o profissional de Educação Física.
No contexto brasileiro a literatura em imagem corporal aumentou de forma
significativa nos últimos anos fornecendo dados consistentes, por exemplo, no que tange à
insatisfação com a aparência (prioritariamente em populações de adolescentes e
universitários) relacionada à propensão aos transtornos alimentares, à influência da mídia e ao
nível socioeconômico. Todavia, grande parte dos estudos em imagem corporal possui caráter
unidimensional, ao tratarem as 2 dimensões (perceptiva e atitudinal) e os 4 componentes
atitudinais (insatisfação, afetivo, cognitivo e comportamental) da imagem corporal são de
forma isolada, descaracterizando a essência multidimensional desse constructo. Assim, há
necessidade de investigar como tais elementos articulam-se e interagem entre si.
Além disso, existem fragilidades nos aparatos metodológicos em imagem corporal,
ainda são encontrados inúmeros trabalhos com alguns equívocos destacados por Gardner e
Brown (2010a) tais como a utilização de instrumentos sem a verificação das qualidades
psicométricas, o uso de escalas de silhuetas que apresentam imagens não realistas do corpo
humano, a ausência de ferramentas capazes de verificar perceptos e atitudes simultaneamente.
Estar munido de aparato avaliativo robusto que envolva todas as dimensões das atitudes
referentes à imagem corporal e a imagem realista do sujeito em medições da percepção
significa a busca pelo aperfeiçoamento de uma prática já realizada, de modo que os resultados
possam servir de base para ações futuras.
Embora o estudo do componente perceptivo seja bastante explorado no contexto
internacional, ainda é escasso no Brasil (TAVARES et al., 2010). Assim, avaliação psicofísica
da imagem corporal pode ser uma estratégia útil no acompanhamento de intervenções de
profissionais da área de saúde, além de oferecer um complemento diagnóstico baseado em
dados quantitativos relacionados com a métrica das alterações da imagem corporal e superar
problemas relacionados à aplicação de instrumentos que não se adéquam às características do
público pesquisado. Assim, de posse de medidas robustas, profissionais de Educação Física
podem acompanhar o impacto de suas intervenções sobre as atitudes e percepções dos seus
alunos/clientes com o próprio corpo.
Outro aspecto que merece discussão no contexto brasileiro diz respeito à diversidade
das formas corporais. A composição corporal, aplicada tanto à aparência quanto à
43

funcionalidade - eixos centrais e articuladores da imagem corporal (CASH; PRUZINSKY,


2002), vem sendo estudada, ainda que timidamente, na população brasileira considerando
apenas índices antropométricos isolados, o que prejudica a interpretação dos resultados de
forma global e por consequência o entendimento da autoimagem do brasileiro e suas
características corporais tão variadas.
Acredita-se que, considerar informações detalhadas sobre a morfologia humana pode
tornar avaliações de imagem corporal mais acuradas e fidedignas. Isso porque quando se trata
de conceitos de beleza e estética, que tangenciam esse constructo, ainda que
inconscientemente, o que é avaliado pelas pessoas são noções de simetria e
proporcionalidade. Sendo assim, índices como o IMC não definem de forma precisa e clara a
distribuição corporal, não permitindo explorar os conceitos acima. Por outro lado, o
somatotipo constitui-se de uma medida da forma, simetria e proporcionalidade (NEVILL et
al., 2004). Portanto, esse parâmetro pode constituir-se em ferramenta rápida, acessível e
simples na detecção de propensão a alterações negativas na imagem corporal.
Ademais, destacamos também a importância em explorar os pontos acima na
população de mulheres em idade universitária, não somente pelo fácil acesso, mas
especialmente por dois motivos centrais. O primeiro motivo refere-se ao fato de que essa fase
da vida (juventude – idade universitária) constitui-se em um momento de transição entre
adolescência e fase adulta, assim, diversos aspectos relacionados ao corpo, vida pessoal e
profissional estão em profunda alteração, como sentimentos, crenças, comportamentos e
opiniões. Em consequência, a jovem nessa fase precisa aprender a administrar uma série de
sentimentos como ansiedade, angústia, frustração relacionada à sua identidade corporal e
profissional. Outro motivo de ter esse público como foco nessa pesquisa reside na
particularidade do sexo feminino: as mulheres têm sido apontadas como mais vulneráveis a
alterações da imagem corporal quando comparadas aos homens. Internalização dos ideais de
beleza, insatisfação com o corpo, baixa autoestima, entre outros aspectos, têm sido relevantes
para a marcante relação negativa com o corpo no sexo feminino.
Dessa forma, voltamos o olhar dessa pesquisa para o público feminino em idade
universitária a partir de uma visão ampliada, multidimensional e complexa da imagem
corporal, articulando esse estudo em três eixos centrais: avaliar de forma conjunta e
entrelaçada os quatro componentes atitudinais da imagem corporal, fornecer dados sobre a
percepção do corpo por meio de parâmetros psicofísicos e, concomitantemente, verificar
como a estrutura corporal pode influenciar (ou não) aspectos atitudinais e perceptivos.
44

Assim, acredita-se que possuir conhecimento a respeito da relação existente entre


estrutura corporal, percepto e atitudes relativas à imagem corporal pode auxiliar profissionais
da saúde a direcionarem de forma mais assertiva sua intervenção e abordagem com o sujeito.
Em suma, este estudo se justifica por três questões fundamentais: (1) há necessidade estudar
de forma articulada os quatro elementos atitudinais da imagem corporal em uma mesma
amostra; (2) é importante considerar perfis corporais diversos ao pesquisar imagem corporal;
(3) a detecção e o conhecimento da magnitude de distorções na percepção da imagem
corporal podem ser dados importantes para identificar sujeitos com riscos de alterações
adversas na autoimagem. Sendo assim este estudo, tem o intuito de investigar de forma global
e integrada a imagem corporal, envolvendo suas dimensões perceptiva e atitudinal, bem como
os 4 componentes desta, verificando a influência sobre estas da simetria e proporcionalidade
corporal tendo como referência o somatotipo.
45

4 OBJETIVOS

Objetivo geral
O presente estudo tem como foco principal analisar as possíveis relações entre a
estrutura corporal, mais especificamente o perfil somatotípico, com as dimensões perceptivas
e atitudinais da imagem corporal de mulheres, bem como refinar o aparato metodológico em
imagem corporal, procedendo à verificação das qualidades psicométricas de instrumentos que
considere a imagem real do sujeito.

Objetivos específicos
1. Identificar se o perfil somatotípico possui associação com parâmetros
perceptivos das dimensões corporais.
2. Verificar se o perfil somatotípico possui associação com a insatisfação
corporal, comportamento de frequência de evitação corporal, sentimento
negativo acerca do corpo e maior suscetibilidade à mídia.
3. Identificar se existem diferenças na percepção da imagem do próprio corpo e
do corpo de outra pessoa comparando imagens estática e dinâmica
4. Verificar as qualidades psicométricas de instrumentos de avaliação em imagem
corporal que contemplem a imagem estática e dinâmica da própria pessoa e o
perfil somatotípico.
46

5 HIPÓTESES ALTERNATIVAS

1. Existe associação entre perfil somatotípico e parâmetros perceptivos das


dimensões corporais;
2. Mulheres que apresentam somatotipo predominantemente endomorfo e
mesomorfo, são as que apresentam maior insatisfação corporal, comportamento
de evitação corporal, sentimentos negativos referentes ao corpo e elevada
influência da mídia;
3. A percepção do corpo é mais acurada com a imagem dinâmica comparada à
imagem estática.
4. Os instrumentos terão a validade e confiabilidade confirmadas.
47

6 MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Delineamento
O delineamento do estudo é de caráter transversal.

6.2 Aspectos éticos


O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual
Paulista- Campus de Rio Claro/SP, sob o protocolo de número 298 e decisão de número
071/2012 (Anexo I). Como procedimento ético exigido para realização da pesquisa, os adultos
selecionados a participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice
I), tendo ciência do que trata o estudo e sua participação.

6.3 População e amostra


A seleção dos participantes foi baseada no cadastro de estudantes de graduação do
sexo feminino do campus de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista/UNESP, a partir do
qual foi realizado cálculo amostral para população finita, estratificado por curso por meio da
seguinte fórmula: N= (Zα/2σ| E)2 .Onde: N = Número de indivíduos na amostra, Z α/2 = Valor
crítico que corresponde ao grau de confiança desejado, σ =Desvio-padrão populacional da
variável estudada e E = Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Optamos pelo grau de
confiança de 90%, como α não é previamente conhecido pode-se assumir o valor de 0,10 (σ ≈
amplitude/4) (LEVINE et al., 2000) e o valor crítico (Z α/2) correspondente de 1,96. Para
correção do tamanho da amostra utilizaremos a fórmula: N *= n/1+n/N. Onde: N*= amostra
corrigida, n= amostra obtida pela primeira fórmula e N = tamanho da população. Resultando
assim, em amostra de 142 mulheres (21,81± 3,014 anos) escolhidas de forma randômica e
aleatória, distribuídas nos cursos: Engenharia Ambiental (n=14), Ciências Biológicas (n=27),
Ciências da Computação (n=7), Ecologia (n=21), Educação Física (n=19), Física (n=8),
Geografia (n=14), Geologia (n= 4), Matemática (n=9) e Pedagogia (n=19). As participantes
foram escolhidas aleatoriamente por meio de sorteio. A estratificação teve o objetivo de obter
uma amostra representativa de cada curso e evitar um possível viés nos resultados devido à
relação com o corpo diferenciada que alguns cursos apresentam, como por exemplo, o curso
de educação física.
48

6.4 Critério de inclusão e exclusão


Foram considerados os seguintes critérios de inclusão de participação na pesquisa: 1)
ser mulher; 2) estudante de graduação da UNESP, campus Rio Claro; 3) possuir o IMC5 dentro
da amplitude de 16,5 a 40 Kg/m2, aceitando até 2 pontos de IMC para limite superior e
inferior. Houve um caso de participante com 16,2 Kg/m2 (0,3 pontos de IMC abaixo do limite
inferior) e outro 41,7 Kg/m2 (1,7 pontos de IMC acima do limite superior). Portanto, não foi
necessário descarte amostral nesse caso.
Como critérios de exclusão foram controlados os seguintes parâmetros: a) ter realizado
exercício físico menos de três horas antes do teste; b) ter passado por situações atípicas
(insônia ou sono alterado) na noite anterior ao teste, e c) ter passado por algum evento
estressante (mau-humor, ansiedade, tristeza, euforia, dores musculares, tensão pré-menstrual)
no dia do teste; d) não ter compreendido as tarefas.
Os itens de a-c foram avaliados por meio de anamnese (formulário elaborado pela
autora – Apêndice II) no momento da coleta, sendo necessário obter resposta negativa em
todos. O item d foi verificado por meio de tarefa-teste, similar à tarefa experimental, prévia ao
procedimento experimental. Apenas para a tarefa psicofísica Estimação de Magnitude
(descrita na sequência deste tópico) foi necessária exclusão conforme o critério d. Houve
descarte de 23 mulheres por não entendimento, configurando um quadro de 119 participantes
(21,7±2,8 anos) para esta tarefa, não implicando em redução do quadro amostral (142
mulheres) nas demais tarefas realizadas.

6.5 Instrumento para coleta de dados


I. Material para avaliação antropométrica (balança de plataforma, estadiômetro com cabeçal
móvel, fita métrica flexível, adipômetro, paquímetro pequeno, calculadora).
II. Software de manipulação de imagens Photoshop CS3 Extended (adobe®).
III. Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, versão 18 para
análise estatística dos dados.
IV. Software FPotenc/1.0, para cálculo da função de potência de autoria de Ribeiro, Fukusima
e Da Silva (1988);
V. Máquina fotográfica e filmadora da marca Sony, modelo Cyber Shott.
VI. Notebook da marca HP, modelo Pavilion, tela de 14 polegadas.

5
A amplitude de IMC foi pensada seguindo alguns parâmetros: inicialmente optamos pela maior amplitude
possível na tentativa de abarcar maior possibilidade de perfis corporais, na sequência estabelecemos o parâmetro
inferior considerado saudável pela OMS, e o limite superior foi fixado mediante ao consenso existente na
literatura de que variáveis antropométricas aferidas em sujeitos muito obesos não são consideradas fidedignas.
49

VII. Carta somatotípica – formulário específico elaborado por Heath e Carter (1990) que
contém os componentes de endomorfia, mesomorfia e ectomorfia.
VIII. Questionários: aparato na avaliação da dimensão atitudinal da imagem corporal, todos
validados para o público brasileiro:
 Body Shape Questionnaire (BSQ) (DI PIETRO, 2009): avalia a componente insatisfação
geral subjetiva e preocupação com a aparência. É composto por 34 questões em uma escala
tipo Likert, o avaliado aponta com que frequência, no último mês, experimentou os eventos
propostos pelas alternativas. O grau da frequência é pontuado da seguinte forma: nunca (1
ponto), raramente (2 pontos), às vezes (3 pontos) frequentemente (4 pontos), muito
frequentemente (5 pontos) e sempre (6 pontos). O escore total é associado ao nível de
preocupação com a imagem corporal: nenhuma preocupação (menor ou igual a 110 pontos),
preocupação leve (maior que 110 ou menor ou igual a 138), preocupação moderada (maior
que 138 ou menor ou igual a 167), grave preocupação (acima de 168). A consistência interna
da escala total apresentou alfa de Cronbach de 0,97 (Anexo II).
 Body Attitudes Questionnaire (BAQ) (SCAGLIUSI et al., 2005): avalia o componente
afetivo da imagem corporal e desconfortos que mulheres podem ter com sua aparência. A
partir de 44 questões em escala tipo Likert as respondentes são avaliadas em seis fatores,
quatro atitudes negativas (sentir-se gorda, depreciação do corpo, importância do peso e da
forma do corpo, depósito de gordura nos membros inferiores) e duas atitudes positivas (força
e condicionamento físico e atratividade). A pontuação para cada resposta é dada de acordo
com o grau de concordância do avaliado para cada questão: concordo plenamente (5 pontos),
concordo (4 pontos), discorda (2 pontos), discorda plenamente (1 ponto). Quanto maior o
escore maior é o desconforto da avaliada com sua aparência. Foi verificada boa validade
discriminante e concorrente, bem como boa estabilidade por meio do teste e reteste variando
entre r=0,57 a r=0,85 para as subescalas e r=0,88 para escala total (Anexo III).
 Body Image Avoidance Questionnaire (BIAQ) (CAMPANA et al., 2009): verifica o
componente comportamental da imagem corporal e objetiva avaliar a frequência de evitação6
do corpo. A escala possui 19 assertivas divididas em quatro fatores: vestuários, atividades
sociais, restrição alimentar e arrumação/pesagem. A pontuação para cada resposta é em escala
tipo Likert conforme o grau de concordância do avaliado: sempre (5 pontos), muito
frequentemente (4 pontos), frequentemente (3 pontos), às vezes (2 pontos), raramente (1

6
O termo evitação provém da tradução do termo em inglês “avoidance” e compreende um conjunto de
comportamentos tais como: recusar ser pesado, evitar olhar-se em espelhos e/ou reflexos de janelas, disfarçar a
forma utilizando roupas largas, evitar a exposição do corpo, buscar do isolamento social (WHITE; WARREN,
2013).
50

ponto), e nunca (zero ponto). Somam-se os pontos de todas as assertivas, quanto maior o
escore, maior é a evitação corporal. O modelo estrutural do BIAQ foi submetido à estimação
de Máxima Verossimilhança apresentando as medidas de ajustamento: Qui-quadrado
ponderado=3,43; RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation)=0,068; NFI (Normed
Fit Index)=0,97; NNFI (Nonnormed Fit index)=0,97; CFI (Comparative Fit Index)=0,98; GFI
(Goodness-of-Fit Index)=0,94 e AGFI (Adjusted Goodness-of-Fit Index)=0,91. Atestando
validade do instrumento bem como estabilidade com a análise confirmatória (Anexo IV).
 Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale (SATAQ-3) (AMARAL et al., 2011;
AMARAL et al., 2013): avalia a dimensão cognitiva que mensura a influência da mídia sobre
a imagem corporal. A terceira versão foi traduzida, adaptada e validada para o público
brasileiro de ambos os sexos (AMARAL et al., 2011; AMARAL et al., 2013). O instrumento
é composto por 30 perguntas em escala Likert de pontos, com amplitude de 1 (discordo
totalmente) a 5 (concordo totalmente). A pontuação pode ser feita pelo escore total da escala
e/ou separadamente por 4 subescalas: 1) Internalização Geral – avaliação da aceitação das
mensagens midiáticas em relação aos ideais estéticos; 2) Informação – avalia a importância
das mídias enquanto fontes de informação sobre a aparência; 3) Pressão – avalia a pressão
sofrida pelas várias mídias para que o sujeito invista no ideal corporal 4) Internalização
Atlética – avalia a adesão e aceitação do corpo atlético. Não há classificação por nível de
influência e sim considera-se que quanto maior o escore maior influência dos aspectos
midiáticos sobre a imagem corporal. A consistência interna da escala total apresentou alfa de
Cronbach de 0,91. Já para as subescalas, analisadas individualmente, esses valores ficaram
entre 0,74 e 0,90. Foi observada ainda boa validade convergente (p<0.01) bem como boa
estabilidade por meio de teste e reteste (Anexo V).
IX. Escala de silhuetas humanas: foram escolhidas três escalas de silhuetas femininas que
verificam o nível de insatisfação com o corpo, mais especificamente o descontentamento
com o peso e forma corporal. As duas primeiras são validadas para mulheres brasileiras, já
a última foi criada para mulheres brasileiras e portuguesas, mas não tiveram confirmadas
suas qualidades psicométricas verificadas, procedimentos os quais fazem parte do escopo
desse estudo e será apresentado no o item 7 na sequência:
 Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos - ESBA (KAKESHITA et al., 2009): Este
instrumento foi criado baseado nas características corporais dos brasileiros apresentando
coeficientes de correlação entre teste e reteste positivos e significativos para o IMC real e
IMC percebido (r=0,84; p<0,01). Cobrindo um intervalo de IMC de 12,5 a 47,5 kg/m2, a
escala é composta por 15 silhuetas em cartões individuais e ordenadas de forma crescente de
51

tamanho a partir das quais a participante é instruída da seguinte forma: (1) “escolha a silhueta
que melhor representa seu corpo atual”, (2) “escolha a silhueta que representa o corpo que
desejaria se parecer” e (3) “escolha a silhueta que considera o tamanho ideal para o próprio
gênero em geral”. A insatisfação geral com a imagem corporal é definida pela diferença entre
a silhueta percebida e a desejada. A amplitude das respostas pode ser expressa em unidades
compreendendo o intervalo entre -14 (quatorze negativos) a +14 (quatorze positivos) ou em
valores de IMC entre -35(trinta e cinco negativos) a +35(trinta e cinco positivos). O valor zero
corresponde a sujeitos que se reconhecem como satisfeitos. Valores diferentes de zero
equivalem a indivíduos insatisfeitos, sendo valores positivos referentes à insatisfação com
excesso de peso e valores negativos referentes à insatisfação com baixo peso (Anexo VI).
 Stunkard’s Figure Rating Scale - SFRS (Scagliusi et al., 2006): A versão original desse
instrumento foi concebida por Stunkard, Sorensen e Schlusinger (1983) sendo validada para
mulheres brasileiras por Scagliusi et al. (2006) obtendo boa validade concorrente (r=0.76,
p<0.0001) e discriminante (X2 (1)=19,2; p<0.005). São 9 silhuetas expostas em um único
cartão em ordem crescente de tamanho dentre as quais a participante é instruída da seguinte
forma: (1) “escolha a silhueta que melhor representa seu corpo atual”, (2) “escolha a silhueta
que representa o corpo que desejaria se parecer” e (3) “escolha a silhueta que considera o
tamanho ideal para o próprio gênero em geral”. A insatisfação geral com a imagem corporal é
definida pela diferença entre a silhueta percebida e a desejada. A amplitude das respostas
compreende o intervalo entre -8 (oito negativos) a +8 (oito positivos). O valor zero
corresponde a sujeitos que se reconhecem como satisfeitos. Valores diferentes de zero
equivalem a indivíduos insatisfeitos, sendo valores positivos referentes à insatisfação com
excesso de peso e valores negativos referentes à insatisfação com baixo peso (Anexo VII).
 Escala de Silhuetas Baseadas no Somatotipo - ESBS (Pedretti, 2008): Foi construída pelo
autor com foco no público feminino do Brasil e de Portugal, englobando os três componentes
somatotípicos: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia. É constituída por um conjunto de
dezessete silhuetas representando as condições somatotípicas. A cada silhueta é atribuída
valores de somatotipos, orientados em função da predominância de um entre os outros dois
componentes, aos subgrupos de silhuetas referidas, de forma que cubram todo o espectro de
possibilidades proposto por Carter e Heath (1990): 1-1-7; 1-7-1; 7-1-1. Diante das 17
silhuetas em cartões individuais dispostas em três colunas a participante é instruída da
seguinte forma: 1) “escolha a silhueta que melhor representa seu corpo atual”, (2) “escolha a
silhueta que representa o corpo que desejaria se parecer” e (3) “escolha a silhueta que
considera o tamanho ideal para o próprio gênero em geral”. A insatisfação geral com a
52

imagem corporal é definida pela diferença entre a silhueta percebida e a desejada. Os valores
possíveis de serem encontrados para a insatisfação situam-se entre -12 (doze negativos) e 12
(doze positivos). O valor zero corresponde a sujeitos que se reconhecem como satisfeitos.
Valores diferentes de zero equivalem a indivíduos insatisfeitos, sendo valores positivos
atribuídos ao desejo de aumento do volume corporal (mesomorfia) e valores negativos ao
desejo de uma redução do volume corporal (endomorfia) (Anexo VIII). Diante da inexistência
de outro instrumento que contemple o somatotipo, esta escala foi utilizada após passar pelo
processo de verificação das qualidades psicométricas, como será apresentado no item 7 deste
estudo.

6.6 Etapas e estruturação da coleta de dados


A coleta de dados foi estruturada em quatro etapas, sendo constituída de dois
encontros com o grupo pesquisado, a síntese dessas etapas está apresentada na Figura 2.

Fase I Fase II Fase III Fase IV


• Avaliação • Construção dos • Aplicação das
• Projeto Piloto antropométrica estímulos e tarefas psicofísicas
• Aplicação de organização das e escala de
questionários tarefas silhuetas humanas
• Captura da
imagem e
filmagem
Figura 2: Etapas da pesquisa

6.6.1 Fase I: Projeto Piloto


A seleção da amostra para o projeto piloto atendeu aos mesmos critérios de inclusão
para o grupo pesquisado: ser do sexo feminino, ser aluna da UNESP e possuir IMC dentro da
amplitude 16,5 e 40 Kg/m2. Assim, foram selecionadas de 45 mulheres (21,5±2,1 anos). Os
procedimentos de coletas e análises realizados foram semelhantes aos descritos abaixo. O
projeto piloto teve o objetivo ajustar as medidas e condutas a uma pesquisa válida e confiável,
eliminando possíveis erros no momento da coleta com a amostra. Para esta etapa utilizamos
os questionários, já descritos acima, e a Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito (ESPS) que
será detalhada adiante.
Esta fase suscitou algumas alterações que foram realizadas: 1) foi incluída a variação
de eixo de visualização da imagem incorporando à imagem frontal também a imagem lateral
na ESPS e na tarefa de Estimação de Magnitude; 2) na imagem lateral da ESPS a posição dos
braços que originalmente era para frente foi modificada para trás; 3) optamos por randomizar
a apresentação dos estímulos da tarefa Estimação de Magnitudes, para evitar efeito de
53

ancoragem; 4) foi incluída nesse momento a tarefa de Estimação de Categorias, como uma
estratégia para verificação da percepção da imagem dinâmica e 5) por fim, ao invés de ter
apenas uma modelo para as tarefas com o corpo desconhecido, ampliamos para quatro
modelos representantes dos perfis somatotípicos central, endomorfo, mesomorfo e ectomorfo,
julgando que dessa forma ficaria mais coerente com a proposta da pesquisa. Cumpre ressaltar
que os dados referentes ao projeto piloto não foram aproveitados por conta dessas alterações.

6.6.2 Fase II: primeiro encontro


Aplicação dos questionários
Os participantes responderam aos questionários supracitados: BSQ, BAQ, BIAQ e
SATAQ-3.
Avaliação da composição corporal, índices antropométricos e perfil somatotípico
Para construção do somatotipo são necessárias dez medidas: estatura em extensão
máxima, massa corporal, quatro dobras cutâneas (DC) (tríceps/TR, supraespinhal/SE,
subescapular/SB e panturrilha medial/PM), dois diâmetros ósseos (biepicondilar de
úmero/DU e fêmur/DF), dois perímetros (braço flexionado/PB em contração máxima e
panturrilha/PP).
Fórmulas utilizadas para o cálculo do somatotipo:
Componente de endomorfia:
Corrigindo-se o valor pelo fator (Σ DC x 170,18) dividido pela altura: XC=
(TR+SB+SE) x 170,18/ H.
Onde: TR=dobra triciptal, SB=dobra subescapular, SE=dobra supraespinhal e H=estatura.
O valor de XC é lançado na equação padrão do componente:
Endo = - 0, 7182+0, 1451(XC)-0,00068(XC)2 =0,0000014(XC)3
Componente de mesomorfia:
Meso=0,858(DU)+0,601(DF)+0,188(PB)+0,161(PP)-0,131(H)+4,5.
Onde: DU=diâmetro do úmero, DF=diâmetro do fêmur, PB=perímetro do braço corrigido
pela subtração de TR em cm, PP=perímetro da panturrilha corrigida pela subtração de PM em
cm, H=estatura
Componente de ectomorfia:
Calcula-se o Índice Ponderal de Sheldon (IP): IP= H/R.
Onde: IP=Índice Ponderal de Sheldon, R=raiz cúbica do peso (Kg) e H=estatura.
Aplicam-se os resultados nas seguintes equações: se IP ≥ 40,75: Ecto = (IP x 0,732)-28,58;
se 38,25 < IP < 40,75: Ecto = (IP x 0,463)-17,63; Se IP ≤ 38,25: Ecto= 0,1.
54

Escalas de valores no somatotipo:


Para cada componente os valores irão variar entre: baixo (valores entre 0,1 e 2,5),
moderado (valores entre 3 e 5), alto (valores entre 5,5 e 7) e extremamente (acima de 7).
Categorias do somatotipo
Baseados nos valores calculados para cada um dos componentes e de acordo com a
ordem de distribuição quanto às magnitudes encontradas, torna-se possível classificar o
somatotipo do avaliado em diferentes categorias. Estabelece-se então, conforme Carter e
Heath (1990) Carter (2002) combinações entre os três componentes, o que resulta na
definição de 13 categorias do somatotipo mutuamente exclusivas:
1. Quando um componente é dominante (um dos componentes é maior em pelo menos 0,5
pontos) e:
1.1 Dois componentes são iguais: classifica-se o componente principal seguido do
atributo equilibrado:
 Endomorfo equilibrado 7: endo dominante e meso igual à ecto.
 Mesomorfo equilibrado: meso dominante e endo igual à ecto.
 Ectomorfo equilibrado: ecto dominante e endo igual à meso.
1.2 Dominância secundária: insere-se o nome do componente dominante por extenso
precedido pelo valor secundário derivado:
 Meso-endomorfo8: endo dominante e meso secundário
 Ecto-endomorfo: endo dominante e ecto secundário
 Endo-mesomorfo: meso dominante e endo secundário
 Ecto-mesomorfo: meso dominate e ecto secundário
 Endo-ectomorfo: ecto dominate e endo secundário
 Meso-ectomorfo: ecto dominante e meso secundário
2. Quando dois componentes são dominantes (são iguais e o terceiro é inferior em menos
de 0,5 pontos) atribui-se nome composto de ambos por extenso:
 Mesomorfo-endomorfo: meso igual a endo e ecto menor que ambos
 Endomorfo-ectomorgo:endo igual a ecto e meso menor que ambos
 Mesomorfo-ectomorfo: meso igual a ecto e endo menor que ambos
3. Quando os três componentes não se diferem entre si em mais do que 0,5 pontos:

7
Adaptação de nomenclatura realizada: optamos por não realizar tradução literal do nome original Balanced endomorph,
adotando a palavra equilibrado como a maioria dos autores brasileiros
8
Adaptação de nomenclatura realizada: adotamos abreviar o primeiro componente e hifenizá-lo ao segundo ao invés de
manter o original - Mesomorphic endomorph
55

 Central: equivalência entre endo, meso e ecto.


Tratamento estatístico do somatotipo
A apresentação isolada dos componentes pode levar a graves deturpações quando da
análise das informações, visto que o somatotipo caracteriza-se pelo estabelecimento dos três
componentes como um conjunto indissociável, e não pelas dimensões equivalentes à
endomorfia, à mesomorfia e à ectomorfia separadamente. Assim, os valores não devem ser
considerados exclusivamente quanto à sua magnitude, mas, sobretudo, de modo relativo aos
demais componentes (FERNANDES FILHO, 2003):
Vale lembrar que o somatotipo na realidade é tridimensional, porém tradicionalmente
a classificação de três números do somatotipo é colocada em um gráfico chamado
somatocarta bidimensional, utilizando as coordenadas X e Y, seguindo equação
(FERNANDES FILHO, 2003): X=Ecto-Endo e Y = 2 x Meso-(Endo+Ecto). No entanto, no
presente estudo utilizaremos para análise do somatotipo a somatocarta tridimensional. Para
tanto são importantes alguns conceitos (CARTER; HEATH, 1990):
 Somatotipo: ponto no espaço tridimensional, representado por uma tríade de
coordenadas x, y e z. As escalas nos erres das coordenadas são unidades dos
componentes com o somatotipo hipotético 0-0-0, na origem dos três erres.
 Distância Posicional do Somatotipo (DPS): É a distância tridimensional, entre dois
somatopontos. Calcula-se em unidades de componentes. Ou seja, o DPS representa a
distância real no espaço tridimensional ente dois pontos A e B, segundo a fórmula:
DPS = √ (IA – IB)2 + (IIA – IIB)2 + (IIIA – IIIB)2
Onde: I, II e III se referem aos valores equivalente à endomorfia, à mesomorfia e à
ectomorfia, respectivamente. Os subíndices A e B oferecem indicações de dois somatotipos a
serem comparados. Por meio desse cálculo pode-se inferir que quanto maior o valor de DPS
maiores as diferenças entre os somatotipos comparados. Em nosso estudo, isso se traduzirá
em avaliar a distância entre o somatotipo percebido e o real.
 Média Posicional do Somatotipo (MPS): é a medida dos valores do DPS de cada
somatoponto, comparado desde o somatotipo médio (S) dado pela fórmula: MPS = ∑ DPS/N.
Onde N é o tamanho da amostra.
Isso irá indicar a variabilidade dos somatotipos individuais em relação ao somatotipo
médio do grupo amostral considerado, e para identificar o quão homogênea é a amostra. Em
analogia ao uso do desvio padrão como parâmetro estatístico: quanto menor for o MPS,
56

menores diferenças ocorreram entre os somatotipos individuais e somatotipos médios


calculado do grupo amostral, sendo então a amostra homogênea.
Para confrontação do somatotipo apresentado pelo avaliado com o somatotipo de
referência proposto com base em valores médios, tendo em vista a necessidade de levar em
conta a variabilidade estatística em torno da média, sugere-se considerar a existência de
eventuais diferenças somente quando a distância posicional do somatotipo individuais e
médios (DPS A–B) se apresentar maior que o MPS correspondente à idade e ao sexo do
avaliado. Na eventualidade de a DPS A–B se mostrar igual ou menor ao MPS, deve-se
considerar que o somatotipo do avaliado se aproxima do somatotipo de referência
considerado.
Nos casos de análises comparativas com o somatotipo de referência, esta prática
representa avanço estatístico em relação à interpretação da MPS= 1 na medida em que esta
considera não somente a distância entre os dois somatotipos, mas também que deu origem ao
somatotipo de referência.
Essa avaliação em nosso estudo terá o objetivo de verificar o quão homogênea é nossa
amostra e como cada indivíduo se relaciona com a amostra geral no quesito da distorção da
percepção da sua própria imagem.
Captura da imagem (foto) e filmagem do participante
As participantes foram recebidas individualmente em ambiente preparado com luz
adequada e fundo escuro, após vestirem-se com bermuda e camiseta sem manga na cor preta
com tecido aderente (tipo lycra, de modo que o formato do corpo ficasse delineado), elas
foram fotografadas de corpo inteiro de frente com braços no prolongamento do corpo e de
perfil com leve extensão de ombro em relação ao tronco, pernas afastadas na largura do
quadril. Foram fixados marcadores foto-reflexivo, em função da maior largura do quadril,
tendo como referência a cabeça do fêmur de ambos os lados e a cicatriz umbilical e região
lombar. Na sequência, os sujeitos foram filmados de um ângulo que permitisse visualizá-los
de frente, de perfil e de costas, caminhando por uma extensão de três metros. Foi solicitado à
participante que estacionasse a caminhada por três segundos em cada uma dessas posições. A
participante foi convidada a retornar na semana seguinte para realizar as tarefas psicofísicas
de percepção do tamanho corporal e escalas de silhuetas humanas.

6.6.3 Fase III: construção dos estímulos e organização das tarefas


Para avaliação da dimensão perceptiva e atitudinal (mais especificamente o
componente insatisfação corporal) foi elaborado um instrumento nomeado de Escala de
57

Silhuetas do Próprio Sujeito (ESPS), individualizado e com a imagem do próprio avaliado,


pautado em escalas de silhuetas humanas já existentes (STUNKARD; SORENSEN;
SCHULSINGER, 1983; SWAMI et al., 2008; KAKESHITA et al., 2009; GARDNER;
JAPPE, 2009; GARDNER; BROWN, 2010b; CONTI et al., 2013) e embasado pela teoria
Psicofísica a qual busca relacionar funcionalmente estímulos, sensações e perceptos
(SIMÕES; TIEDEMANN, 1985; DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
O instrumento ESPS proposto foi inicialmente delineado por Paula (2010) em
mulheres com transtornos alimentares e adaptado por Braga (2011) para pessoas com
hemiplegia, porém sem verificação das qualidades psicométricas do instrumento e apenas
com a imagem frontal.
Para a construção da escala foram seguidas as orientações de Gardner, Friedman e
Jackson (1998): optar por um número mínimo de estímulos que atendessem ao maior número
de possibilidades do parâmetro escolhido (no nosso caso o IMC), estabelecer razão de
incremento constante e não muito elevado entre os estímulos e manter constante a altura das
silhuetas.
Optamos por 8 (7 imagens distorcidas e imagem real) estímulos compreendidos no
intervalo de 16,5 Kg/m²>IMC< 40 kg/m², onde os valores correspondem a magreza e
obesidade extrema (WHO, 1995), respectivamente. O IMC de cada pessoa foi transformado
em porcentagem, por exemplo, para calcular o primeiro valor de estímulo de uma pessoa com
IMC 25,2 Kg/m² realiza-se uma regra de três simples, onde 25,2 Kg/m² corresponderá a 100%
e 16,5 Kg/m² (limite inferior padronizado do intervalo) corresponderá a uma incógnita a qual
entraremos o valor de 65,5%. Este será primeiro estímulo em porcentagem. O mesmo
processo é realizado para encontrar o último estímulo, o limite superior (IMC 40 Kg/m²).
Considerando que a relação sensação-estímulo obedece à lei logarítmica, convertemos os
valores em porcentagem para logaritmos para que sejam encontrados os demais estímulos.
Assim o valor em logaritmo de 65,5% é 1,81 (Figura 3).
A razão de incremento (r), quantidade mínima necessária para que a diferença seja
perceptível, foi calculada a partir da equação: Sf = Si + (n-1)r (DA SILVA; MACEDO,
1983). Onde Sf é o valor do estímulo final (40 Kg/m²), Si é o valor do estímulo inicial (16,5
Kg/m²), n é número de estímulos. O valor de incremento de distorção de uma silhueta para
outra corresponde a 0,064 Kg/m² (Figura 3), o equivalente a 1,57% (Anti-Log). Conhecidos
os valores iniciais e razão de incremento é possível calcular os demais estímulos, que são
convertidos em porcentagem, por meio do cálculo do seu anti-log, indicando o valor de
distorção para cada silhueta (Figura 4).
58

A imagem real foi tratada no software Photoshop CS3 Extended (adobe®) compondo
os 7 estímulos distorcidos. Estes foram dispostos em ordem crescente de porcentagem, sendo
a imagem real do sujeito (sem distorção) considerada a de valor 100(%). Os 8 estímulos
justapostos formam a Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito (ESPS) frontal e lateral,
individualizada para cada participante (Figura 5 e 6). A preparação de cada experimento para
avaliar uma pessoa, englobando todo o processo descrito, desde os cálculos dos estímulos, a
manipulação (distorção) da imagem e seu agrupamento em ordem crescente de tamanho
demorou em média 60 minutos.

Figura 3: Cálculo da razão de incremento - Exemplo com uma pessoa com IMC=25,2 Kg/m2

Figura 4: Cálculo dos estímulos

Além da imagem do próprio sujeito, foram manipuladas as imagens de quatro


mulheres desconhecidas a ele (cada qual representante de um dos extremos do somatotipo:
endomorfo, mesomorfo e ectomorfo e o central). A apresentação das tarefas encontra-se
detalhada no próximo item.
59

Figura 5: ESPS FRONTAL- Escala dos estímulos distorcidos mais a imagem do próprio corpo sem distorção

Figura 6: ESPS PERFIL- Escala dos estímulos distorcidos mais a imagem do próprio corpo sem distorção

6.6.4 Fase IV segundo encontro:


No segundo encontro agendado com a participante procedemos à coleta de dados que
se divide em três experimentos e suas respectivas tarefas detalhados abaixo:
Experimento 1 - Avaliação da dimensão atitudinal da imagem corporal
Para avaliar a dimensão atitudinal da imagem corporal, componente insatisfação geral
subjetiva do corpo, as participantes foram submetidas a 4 instrumentos de avaliação: a) Escala
de Silhuetas do Próprio Sujeito – ESPS; b) Escala de Silhuetas Baseadas no Somatotipo –
ESBS - (PEDRETTI, 2008); c) Stunkard’s Figure Rating Scale - SFRS - (SCAGLIUSI et
al., 2006); e d) Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos - ESBA (KAKESHITA et al.,
2009) . Como descrito anteriormente, na sessão “instrumento para coleta de dados, item IX”,
os três últimos foram apresentados à participante e solicitado a ela que: 1) “escolha a silhueta
que melhor representa seu corpo atual”, (2) “escolha a silhueta que representa o corpo que
desejaria se parecer” e (3) “escolha a silhueta que considera o tamanho ideal para o próprio
gênero em geral” (silhueta ideal).
A ESPS diferencia-se dos demais instrumentos em três aspectos, primeiro por ser
digitalizada, não impressa, segundo por ser a imagem da própria pessoa e último por incluir a
imagem também de perfil. No entanto, a tarefa é semelhante, a ESPS foi apresentada
60

individualmente às participantes na tela de notebook, e as mesmas foram instruídas a


escolher: 1) “a silhueta que melhor representa seu corpo atual”, 2) “a silhueta que
representa o corpo que desejaria se parecer” e 3) “a silhueta que considera o tamanho ideal
para o próprio gênero em geral”. Esse procedimento é realizado para a imagem frontal e
perfil.
Nos 4 instrumentos a insatisfação geral subjetiva com o corpo é definida pela
diferença entre a silhueta percebida e a desejada. Como a ESPS é composta por 8 silhuetas em
um intervalo de IMC entre 16,5 a 40, a amplitude das respostas pode ser considerada em
unidades dentre -7 (sete negativos) e +7 (sete positivos) e valores de IMC entre -23,5 (vinte e
três e meio negativos) e +23,5 (vinte e três e meio positivos). Foi parametrizado que o valor
zero correspondente a satisfação. Qualquer número diferente de zero indica insatisfação,
sendo os valores positivos referentes à insatisfação pelo excesso de peso e valores negativos
insatisfação devido ao baixo peso.
A aplicação de cada instrumento demorou em torno de cinco minutos, sendo prática,
de fácil entendimento e rápida.
Experimento 2 - Avaliação da dimensão perceptiva da imagem corporal: tamanho e forma
corporal
Para verificação da dimensão perceptiva foram elaboradas e organizadas três tarefas
(A, B, C) a partir da teoria psicofísica, envolvendo detecção, discriminação e estimação de
magnitude da sensação aos estímulos. No caso desse experimento, a avaliação dos parâmetros
perceptivos da imagem corporal foi realizada a partir do emparelhamento entre um contínuo
físico (estímulo) e um contínuo percebido (sensação). Para as tarefas A e B o método
utilizado é conhecido como Estimação de Magnitudes por meio do qual o sujeito deve emitir
estimativas numéricas diretas da magnitude perceptual produzida por cada estímulo
apresentado, o que irá refletir a impressão subjetiva do mesmo. Existem dois tipos, estimação
de magnitude sem e com a presença de módulo. Para esta pesquisa optamos pelo último em
que é apresentado um estímulo padrão com valor pré-estabelecido, sobre o qual o avaliado
deve basear-se para atribuir valor aos demais estímulos (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO,
2006) Já a tarefa C segue os mesmos pressupostos descritos no Experimento 1.
Tarefa A – Estimação de magnitude do tamanho da imagem do próprio corpo (IPC)
Para essa tarefa foram utilizados os mesmos 7 estímulos manipulados para o
Experimento 1, com a imagem da própria pessoa frontal e de perfil. As imagens foram
apresentadas individualmente e não em sequência (Figura 7 e 8). Cada participante, sentada à
frente do monitor, visualizou duas imagens emparelhadas, uma nomeada de padrão (imagem
61

sem distorção, com valor fixo de 100) e outra imagem distorcida (mais gordas ou mais
magras, cobrindo todas as possibilidades de distorção dentro da amplitude de IMC escolhida:
16,5 a 40 Kg/m2). Assim, a experimentadora apontou os estímulos na tela e a participante foi
instruída da seguinte forma: “Se esse estímulo padrão é igual a 100, quanto vale esse próximo
estímulo?”. Em seguida, foi substituído por um dos outros estímulos distorcidos, e assim
sucessivamente, tanto para imagem frontal quanto para de perfil.
A ordem dos estímulos foi randomizada, pois, segundo Gardner (2011) o observador
ancora-se na imagem anterior, sendo assim, nas escalas crescentes (que se iniciam pelo menor
estímulo) há tendência à subestimação e nas escalas descendentes (que se iniciam pelo maior
estímulo) o contrário. Este comportamento é denominado erro por antecipação.
Para verificação da percepção do corpo por meio da estimação da magnitude, foi
utilizada a lei de Stevens para descrever a relação entre a magnitude física do estímulo e o
julgamento perceptivo do mesmo, conforme a equação: R = K.En. Onde R é a magnitude de
julgamento subjetivo, K representa a constante escalar arbitrária (dependente da unidade de
medida), E o valor físico do estímulo e n é o expoente que determina a inclinação da reta
(descrevendo aumento geométrico) (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Conforme Da Silva e Ribeiro-Filho (2006) o expoente n é o parâmetro mais
importante, pois, irá representar o aumento relativo ao longo da escala, indicando, portanto, o
índice de sensibilidade perceptiva. Esta é diretamente relacionada ao tamanho do expoente,
sendo que se n for igual a 1 a função segue uma tendência linear, ou seja, a magnitude da
sensação numericamente mensurada varia diretamente com intensidade do estímulo, o que
indica constância perfeita. Caso o expoente seja menor que 1 indica que a sensibilidade
relativa é menor que aquela do contínuo numérico, indicando tendência à subconstância
perceptiva. Por outro lado se n for maior que 1 indica o contrário, sendo portanto uma
superconstância perceptiva. Dessa forma o expoente n servirá como parâmetro na avaliação
da sensibilidade perceptiva do tamanho e forma corporal.
O coeficiente de determinação (r2) gerado pela mesma equação indica que a resposta
pode ser explicada, em quase sua totalidade pelo estímulo, sendo que quanto mais próximo de
1 melhor é a relação estímulo-resposta. Como valores discrepantes indicam o não
entendimento da tarefa, foram excluídos os sujeitos que obtiveram r2 menor que 0,5. Desta
forma, para esta tarefa foram descartados da análise dos dados vinte e três participantes,
configurando totalizando 119 mulheres para esta tarefa.
62

Figura 7: IPC FRENTE – Tarefa estimação de magnitude com imagem da própria


pessoa, imagens sem e com distorção à esquerda e à diretita, respectivamente

Figura 8: IPC PERFIL - Tarefa estimação de magnitude com imagem da própria


pessoa, imagens sem e com distorção à esquerda e à diretita, respectivamente

Tarefa B – Estimação de magnitude do tamanho da imagem de um corpo desconhecido (ICD)


Esta tarefa psicofísica tem o objetivo de averiguar se o julgamento perceptivo do
tamanho corporal de uma pessoa desconhecida é diferente do julgamento da própria imagem
corporal. Foram utilizados sete estímulos construídos a partir da fotografia de quatro mulheres
representantes das três categorias extremas do somatotipo (endomorfo, mesomorfo e
ectomorfo) e a categoria central, todas desconhecidos à participante. Os demais
procedimentos (teóricos, metodológicos e de tratamento dos dados) foram idênticos aos da
tarefa A, descritos anteriormente. Tanto na tarefa A quanto na B as participantes demoraram
cerca de dez a quinze minutos para estimação de cada grupo de 14 estímulos (7 de frente e 7
63

de perfil). Destacando que como nessa foram incluídas quatro pessoas desconhecidas a serem
avaliadas, o tempo aumenta proporcionalmente.
Tarefa C – Índice de percepção do tamanho e forma corporal
Utilizando a ESPS com o mesmo procedimento descrito no Experimento 1, o índice de
percepção do tamanho e forma corporal é calculado a partir da subtração entre a silhueta
percebida e a silhueta real da participante. Semelhante ao índice de insatisfação, o índice de
percepção pode ser considerado em unidades entre -7 (sete negativos) e +7 (sete positivos) e
valores de IMC entre -23,5 (vinte e três e meio negativos) e +23,5 (vinte e três e meio
positivos). Foi parametrizado que o valor zero correspondente a precisão na percepção
corporal. Qualquer número diferente de zero indica imprecisão, sendo os valores positivos
correspondentes à superestimação do tamanho corporal, e valores negativos à subestimação
do tamanho corporal. O mesmo procedimento é realizado para percepção frontal e lateral do
corpo. Tal como no Experimento 1 a ESPS (componente perceptivo) é de rápida aplicação
demorando em torno de três a cinco minutos.
Experimento 3 - Percepção da imagem dinâmica do corpo
Ao contrário dos experimentos anteriores, que apresentam contínuos físicos
caracterizados por variáveis contínuas, o presente experimento envolve contínuos físicos
considerados discretos ou verificados pela qualidade dos estímulos. Dessa forma, é utilizado o
Método de Estimação de Categorias, que ao contrário do Método de Estimação de
Magnitudes, é dado um número limitado de categorias. Isto é enquanto no primeiro a
amplitude de respostas é infinita no segundo método a amplitude é limitada pelas categorias.
Assim, enquanto que para as escalas de magnitude os julgamentos são de razão, para as
escalas de categorias julgam-se as diferenças (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
A tarefa da pessoa avaliada consiste em assinalar uma categoria a cada estímulo, de
modo que as categorias sejam equidistantes no contínuo psicológico. Como o objetivo deste
experimento é avaliar a percepção da proporção entre os componentes corporais por meio da
imagem dinâmica, optamos pela Somatocarta (Anexo IX) que de forma categórica representa
a composição corporal. Trata-se de um gráfico tridimensional, sendo os eixos x, y, z limites
representando o máximo do endomorfismo, mesomorfismo e ectomorfismo, respectivamente.
Os demais pontos no gráfico (embora numéricos) representam as diferentes possibilidades de
combinação entre eles (x, y, z), denotando assim a proporcionalidade corporal.
Resumidamente, cabe à participante emparelhar o estímulo, que no caso é a imagem
tridimensional do corpo, a um conjunto de categorias dispostas em um instrumento também
tridimensional. A descrição detalhada da tarefa segue abaixo.
64

Tarefa A: Percepção do tamanho e proporção corporal: imagem dinâmica do próprio corpo


(IDPC)
A participante visualizou o vídeo dela própria na tela do computador e em seguida foi
mostrada a ela a somatocarta com as seguintes instruções:
a) “Este gráfico chamado somatocarta expressa os diferentes tipos corporais das pessoas. Em
cada extremidade localizam-se os perfis corporais extremos: obesidade, musculosidade e
magreza. Ao centro localiza-se aquele perfil corporal em que há equilíbrio entre massa
muscular, gordura e densidade óssea”.
b) A fim de assegurar o entendimento teórico da participante sobre o instrumento foi
mostrado a ela o ponto 7-4-2 e solicitado que dissesse qual a proporcionalidade entre os
componentes, foi esperado que elas respondessem que este ponto representa uma pessoa que
possui prioritariamente mais tecido adiposo seguido da musculosidade, tendo baixa estatura.
Caso a resposta fosse muito discrepante nova explicação era dada.
c) “Após ver seu vídeo localize e aponte onde você se encontra na somatocarta”. Não foi
colocada restrição de números de visualizações do vídeo, uma vez que consideramos que este
fato não interfere na tarefa.
Como o somatoponto é uma relação entre três números a estratégia adotada para
avaliar a percepção corporal com essa tarefa foi o cálculo da Distância Posicional do
Somatotipo (DPS). Esse representa a distância real no espaço tridimensional ente dois pontos
A e B, segundo a fórmula: DPS = √ (IA – IB)2 + (IIA – IIB)2 + (IIIA – IIIB)2. Onde: I, II e III
referem-se aos valores equivalente à endomorfia, à mesomorfia e à ectomorfia,
respectivamente. Os subíndices A e B oferecem indicações de dois somatotipos a serem
comparados, sendo padronizado A como o somatoponto mensurado pela participante e B o
somatoponto real da mesma. O resultado é expresso em unidades de componentes, com esse
cálculo pode-se inferir que quanto maior o valor de DPS maiores as diferenças entre os
somatotipos comparados. Em nosso estudo, isso se traduzirá em avaliar a distância entre o
somatotipo percebido e o real.
Tarefa B: Percepção do tamanho e proporção corporal: imagem dinâmica do corpo
desconhecido (IDCD)
Para esta tarefa foram seguidos os mesmos pressupostos teóricos, metodológicos e
tratamento dos dados da tarefa anterior (Tarefa A). Sendo assim, a participante recebeu as
mesmas instruções. Porém, agora ela visualizou o vídeo de quatro pessoas desconhecidas a
ela, representantes dos extremos da somatocarta (endomorfo, mesomorfo, ectomorfo e
65

central). A ordem da apresentação foi randomizada e foi solicitada à participante: “Após ver
esse vídeo localize e aponte na somatocarta o perfil corporal dessa pessoa”.
O cálculo da percepção do corpo de cada pessoa desconhecida foi realizado também
por meio do DPS conforme a tarefa anterior.
O tempo gasto pelas participantes tanto na Tarefa A quanto na Tarefa B foram
semelhantes, cerca de dois a três minutos. Lembrando que na Tarefa B a avaliação é referente
a quatro pessoas, o tempo aumenta proporcionalmente.
66

7 ANÁLISE DOS DADOS

Realizamos análise descritiva por meio de medidas de tendência central, dispersão,


frequência relativa e absoluta. Para verificar associação entre as variáveis categóricas
utlizamos o teste Qui-quadrado. Para verificação da normalidade dos dados contínuos
procedemos ao teste Shapiro-Wilk (p <0,05). Às variáveis as quais os resultados se
enquadraram no sistema Gaussiano de distribuição foi aplicada estatística paramétrica
multivariada de variância (MANOVA one-way). Já para os resultados que não apresentaram
distribuição normal utilizamos o teste Kruskal-Wallis para análise de variância em função das
variáveis analisadas. Por fim, para verificação da associação entre variáveis aplicamos o teste
Mann-Whitney para amostras independentes e correlação de Spearman.
Todas as análises foram realizadas no software SPSS, v. 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL,
USA) com valor de significância estabelecido em 5%.
67

8 RESULTADOS

Os resultados estão apresentados em duas etapas. A primeira consiste na apresentação


da verificação das qualidades psicométricas de três escalas (ESPS, ESBS, IDC). Na segunda
etapa, os resultados, provenientes das variáveis desse estudo foram organizados em três
artigos separados conforme a dimensão da imagem corporal estudada.

8.1 Verificação das qualidades psicométricas da ESPS e ESBS


A premissa de um bom instrumento é que o mesmo seja válido e confiável
(THOMPSON, 2004; CASH, 2011). Assim, seguindo as orientações de Alexandre e Coluci
(2011) e Pasquali (2003), o estudo das qualidades psicométricas envolveu validade de
conteúdo, validade de constructo, validade de critério e teste de fidedignidade. Importante
esclarecer a finalidade a qual pretende-se validar cada instrumento: assumimos que a ESPS
seja capaz de avaliar a tanto a percepção do corpo em dois eixos de visualização (frontal e
lateral) e a insatisfação corporal, enquanto que a ESBS, por não contemplar a imagem real do
sujeito avaliado seja uma medida apenas da insatisfação corporal.

8.1.2 Validade de conteúdo


Para verificação da validade de conteúdo convidamos dez juízes especialistas em
imagem corporal que julgaram a ESPS e ESBS quanto a sua capacidade de avaliação desse
constructo, especificamente a medição da insatisfação corporal por ambos os instrumentos, e
a percepção corporal verificada pela ESPS. Além disso, outros dez juízes especialistas e
antropometria foram contatados a avaliar a ESBS no que tange aos parâmetros referentes ao
somatotipo.
Os juízes receberam um formulário onde, após visualização das escalas, deveria
indicar seu nível de concordância atribuindo notas de zero (não concordo) a dez (concordo
plenamente) acerca de três aspectos centrais: a) existe coerência entre a imagem das escalas
com o corpo humano; b) as escalas são visíveis, práticas e de fácil aplicabilidade; c) as escalas
são capazes de avaliar tanto a dimensão atitudinal (especificamente insatisfação corporal)
quanto a dimensão perceptiva da imagem corporal.
Ainda, aos juízes que avaliaram especificamente ESBS foi apresentado outro
formulário contendo três questões básicas às quais foram solicitados a conferirem notas
referentes ao seu nível de concordância na amplitude de zero (não concordo) a dez (concordo
plenamente): a) esta escala representa o corpo feminino; b) esta escala discrimina e contempla
68

as particularidades e possibilidades do somatotipo; c) esta escala é capaz de avaliar a


insatisfação corporal.

8.1.3 Validade de constructo


Para a validade de constructo, foram aplicadas duas escalas validadas para o público
feminino brasileiro Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos - ESBA (KAKESHITA;
SILVA; ZANATTA; ALMEIDA, 2009) e Stunkard’s Figure Rating Scale – SFRS
(SCAGLIUSI et al., 2006) que igualmente verificam a insatisfação corporal, como já descritas
no tópico “6 – Materiais e Métodos” .

8.1.4 Validade de critério


A verificação da validade de critério constou da utilização de dois parâmetros aceitos
na comunidade científica, no caso o IMC e somatotipo, com os quais procedemos ao teste de
verificação da correlação entre estes e a silhueta indicada como percebida (atual) por meio das
escalas ESPS e ESBS respectivamente.

8.1.5 Fidedignidade
Como última etapa, atestamos a fidedignidade dos instrumentos que diz respeito à
estabilidade e reprodutibilidade dos resultados (ANASTASI; URBINA, 2000). Para tanto,
realizamos o reteste em 30% da amostra (45 mulheres), número que segundo Thompson
(2004) é suficiente para este fim. Destaca-se que as escalas foram aplicadas em dias distintos.
O intervalo entre os dois momentos (teste e reteste) foi de 30 dias para ESBS e 35 dias para
ESPS.

8.1.6 Análise estatística


A validade de conteúdo foi realizada por meio de análise descritiva de percentuais, os
formulários foram somados a fim de configurar um escore único de percentual de
concordância, sendo adotado um critério de 70% de concordância entre os juízes. Como as
variáveis contínuas não atenderam aos pressupostos da análise paramétrica por não se
enquadrarem no sistema Gaussiano de distribuição, verificado pelo teste Shapiro-Wilk
(p<0,05), e apresentaram outliers, procedemos à análise não paramétrica, utilizando
correlação de Spearman para avaliar a validade de constructo e a fidedignidade dos dados. A
estabilidade temporal do instrumento foi analisada também por meio do coeficiente de
concordância de Kappa (AGRESTI, 2013). Todos os procedimentos foram realizados
69

utilizando o software SPSS, v. 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA) com nível de significância
foi estabelecido em 5%.

8.1.7 Resultados
A verificação do desempenho das escalas na avaliação da imagem corporal, a validade
de conteúdo, apresentou os escores de concordância dos juízes acima dos critérios
previamente estabelecidos: 90% e 85% para ESPS e ESBS respectivamente. Além disso,
houve 75% de concordância entre os peritos em antropometria no quesito representatividade
somatotípica da ESBS e sua capacidade em avaliar a imagem corporal. Segundo Pasquali
(2003) esses são valores suficientes para assegurar a qualidade do instrumento. Todavia, os
peritos sugeriram as seguintes alterações: 1) apresentação da ESBS em cartões individuais; 2)
apresentação da imagem lateral da ESPS com os braços para trás e não para frente como
originalmente foi feito.
Foi demonstrada convergência entre as escalas com resultados significantes tanto para
ESPS e ESBA (rho=0,81; p<0,0001) quanto para ESPS e SFRS Scale (rho=0,75; p<0,0001).
Da mesma forma, houve convergência tanto para ESBS e ESBA (rho=0,65; p<0,0001) quanto
para ESBS e SFRS (rho=0,62; p<0,0001). Indicando que ESPS e ESBS avaliam com
segurança a insatisfação corporal em mulheres jovens.
Houve correlação positiva e significantes entre o IMC real do sujeito e o IMC
percebido na escala ESPS (rho=0,87; p<0,0001). O mesmo ocorreu para a correlação o
somatotipo real do sujeito e o somatotipo percebido na escala ESBS (rho=0,69; p<0,0001),
demonstrando correspondência entre as variáveis e atestando a validade de critério.
O teste de fidedignidade apresentou correlação entre teste (momento 1) e reteste
(momento 2) positiva e significante tanto para ESPS (rho=0,77; p<0,0001) quanto para ESBS
(rho=0,61 e p<0,0001). O índice Kappa indicou estabilidade temporal moderada tanto para
ESPS (κ = 0, 593; p <0,0005), quanto para ESBS (κ = 0,581; p <0,0005).
Os resultados apresentados acima são suficientes para indicar que as escalas ESPS e
ESBS possuem boas qualidades psicométricas, confirmando sua validade e fidedignidade
(AGRESTI, 2013; ANASTASI; URBINA, 2000; PASQUALI, 2003), estando estes em
consonância com outros estudos na área (SWAMI; SALEM; FURNHAM; TOVÉE, 2008;
GARDNER; JAPPE, 2009; GARDNER; BROWN, 2010a; ADAMI et al., 2012; CONTI et
al.,2013; MORGADO et al., 2013) sugerindo assim, que estes instrumentos encontram-se
válidos e estáveis para verificação da insatisfação corporal de mulheres jovens e que a ESPS
avalia satisfatoriamente a percepção corporal da mesma população.
70

8.1.8 Discussão e orientações para aplicação da ESBS e ESPS

A diversidade não só cultural, mas também corporal de um país como o Brasil torna
legítima a necessidade de instrumentos que contemplem tais características no que tange a
avaliação da imagem corporal. Dessa forma, tanto a ESBS quanto a ESPS podem agregar em
procedimentos avaliativos, diagnósticos e profiláticos das alterações da insatisfação corporal e
na distorção da percepção do corpo no caso da ESPS. Além disso, essa última ao considerar a
imagem real do sujeito torna-se uma ferramenta singular e específica do avaliado.
Acreditamos que essas informações possam agregar no âmbito prático, junto às intervenções
clínicas, bem como no contexto científico.
Todavia destacamos alguns procedimentos importantes a serem seguidos para
eficiência e fidedignidade dos resultados no caso da utilização das ferramentas:

 Etapa I: preparação da avaliada


a) As ferramentas foram validadas para mulheres entre 17 e 35 anos, com IMC entre 16,5
Kg/m2 a 40 Kg/m2. Assim, é importante se certificar se o público a ser pesquisado
corresponde a essas características.
b) Aplicar “Anamnese pré-teste” conforme apresentado no Apêndice II desse
documento, eliminando assim, variáveis que podem interferir no teste.
c) Solicitar à participante trajar a seguinte vestimenta padrão: bermuda e camiseta (sem
manga), ambos da cor preta e de material aderente ao corpo (do tipo lycra).
d) Devem ser aferidas as seguintes variáveis antropométricas: estatura, massa corporal,
dobras cutâneas (tríceps, supraespinhal, subescapular, panturrilha medial); diâmetros
ósseos (úmero e fêmur), perímetros (braço e panturrilha). Esses dados devem ser
utilizados para cálculo do IMC conforme a OMS (1995) e do somatotipo seguindo o
protocolo de Heath e Carter (1990).
 Etapa II: preparação do espaço de coleta da imagem (foto)
a) O espaço para fotografar a avaliada consiste em uma parede onde deve ser anexado
tecido da cor azul com as dimensões 4 metros de largura por 2 metros de altura.
b) O posicionamento da avaliada deve ser padronizado da seguinte forma: a avaliada
deve manter os pés paralelos à largura do quadril, na fotografia da imagem lateral os
ombros devem estar em leve extensão. A câmera fotográfica deve estar posicionada em
um tripé de suporte a 1 metro uma altura em relação ao solo e a uma distância
71

aproximada de 1 metro e 30 centímetros em relação à avaliada. Tais posicionamentos


podem ser alterados conforme a altura da avaliada, importante que todo o corpo esteja
inserido na imagem.
 Etapa III: preparação da ESPS para cada participante
a) Os estímulos (imagens distorcida) bem como a escala como um todo deve ser
preparada conforme descrição no tópico “6 – Materiais e Métodos, subtópico 6.6.3”
desse documento.
 Etapa IV: apresentação da ESPS e ESBS
a) A apresentação da ESPS deve ser realizada em tela de computador com dimensões
entre 14-16 polegadas. Já a ESBS9 deve ser apresentada na forma de cartões distribuídos
aleatoriamente em uma mesa especificamente para o teste, preferencialmente lisa sem
detalhes ou estampas que possam chamar atenção da avaliada.
b) Emparelhadas à apresentação das escalas a participante receberá as seguintes
orientações: 1) escolha a silhueta que melhor representa seu corpo atual (Silhueta
Percebida - P); 2) escolha a silhueta que representa o corpo que desejaria se parecer
(Silhueta Desejada - D); 3) escolha a silhueta que considera o tamanho ideal para o
próprio gênero em geral (Silhueta Ideal - I)
 Etapa V: cálculo da insatisfação e percepção corporal
a) A insatisfação corporal avaliada pela ESBS e ESPS é calculada pela diferença entre as
silhuetas percebida e desejada
b) A percepção corporal avaliada pela ESPS é calculada pela diferença entre as silhuetas
percebida e real (esta é o valor real realizado na avaliação antropométrica)
c) A silhueta ideal pode ser utilizada pra identificação da idealização corporal da amostra
investigada
Como toda escala subjetiva, estas também requerem cuidados na sua aplicação, além
da importância de seguir os passos acima, reforçamos o cuidado nas informações dadas à
avaliada, bem como a entonação no momento da instrução verbal, manter sempre o mesmo
avaliador pode também contribuir para a consistência dos resultados. Recomendamos que
ESBS e ESPS sejam aplicadas em dias distintos, sugerimos que a primeira seja aplicada no
dia da coleta das imagens e em segundo encontro a ESPS, uma vez que será necessário um
tempo para preparação dos estímulos individuais como exige esta escala.

9
O pesquisador deve ser contatado por meio do endereço eletrônico [email protected] para
obtenção da ferramenta
72

8.2 Verificação das qualidades psicométricas da IDC

Devido à indisponibilidade e inacessibilidade à tecnologia na verificação da percepção


da imagem dinâmica (LEGENBAUER et al. 2011; VOCKS et al., 2007) optamos pela
elaboração de um aparato metodológico que contemplasse tanto o movimento e a estrutura
física corporal. Para tal utilizamos o paradigma psicofísico o qual permite uma avaliação
detalhada e independente das habilidades de processamento de movimento e forma
(VANGENEUGDEN et al., 2014). Assim, utilizamos a tarefa psicofísica conhecida como
Estimação de Magnitudes emparelhada à somatocarta, ambos já descritos na metodologia
desta pesquisa. Contudo, procedemos à verificação das qualidades psicométricas desta
metodologia a fim de atestar sua validade e fidedignidade.

8.2.1 Validade de constructo


A fim de verificar a validade da somatocarta na percepção dinâmica e tridimensional
da proporcionalidade corporal (somatotipo), devido à inexistência de outro instrumento
semelhante válido para o público brasileiro, optou-se pela Escala de Silhuetas Baseadas no
Somatotipo (ESBS) (validade convergente: rho=0,65, p<0,001; estabilidade rho=0,61;
p<0,001) para realização da validade de constructo. Embora tratar-se de um instrumento de
imagem estática, ele possui como parâmetro o somatotipo, sendo então possível verificar a
correlação entre os dois instrumentos.

8.2.2 Fidedignidade
Atestamos também a fidedignidade do instrumento por meio do reteste em 45
mulheres aplicando novamente a tarefa IDC conforme recomenda Thompson (2004).

8.2.3 Análise dos dados


Para validade de constructo e teste de fidedignidade, entre momento 1 (teste) e
momento 2 (reteste), foram utilizadas correlação de Spearman. A estabilidade temporal do
instrumento foi analisada também por meio do coeficiente de concordância de Kappa
(AGRESTI, 2013). Todos os procedimentos foram realizados utilizando o software SPSS, v.
18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA).
73

8.2.4 Resultados
Foi observada convergência significante entre ESBS e Somatocarta (rho=0,67;
p<0,0001). O teste de fidedignidade para o uso da Somatocarta apresentou correlação positiva
significante entre teste (momento 1) e reteste (momento 2) (rho=0,63 e p<0,0001). A partir do
índice Kappa é possível afirmar que a estabilidade temporal foi moderada (κ=0,
523, p <0,0005). Os valores de correlação observados e a significância estatística obtida
conferem aos instrumentos validade e confiabilidade (AGRESTI, 2013; PASQUALI, 2003;
ANASTASI; URBINA, 2000). Além disso, assemelham-se a outros estudos na área específica
(GARDNER; JAPPE, 2009; GARDNER; BROWN, 2010; SWAMI; SALEM; FURNHAM;
TOVÉE, 2008; CONTI et al., 2013; MORGADO et al., 2013) indicando que o instrumento é
útil na avaliação da imagem corporal dinâmica em populações de mulheres jovens.

8.2.5 Discussão e orientações para aplicação da IDC

A avaliação da imagem corporal dinâmica constitui-se ainda em uma grande desafio


para a comunidade científica, porém, proporcionalmente importante, uma vez que é sabido
enquanto a imagem corporal estática correlaciona-se com a preocupação com forma e
tamanho e desejo de emagrecer, a imagem corporal dinâmica está atrelada à insegurança e
evitação corporal (LEGENBAUER et al., 2011; VOCKS et al., 2007). Além disso, o
melhor desempenho perceptivo implica na articulação entre ambas (O’TOOLE et al., 2011),
tornando legítimo a investigação também da imagem corporal dinâmica.
A estratégia aqui apontada demonstrou-se válida e segura para avaliação perceptiva da
imagem corporal dinâmica em mulheres jovens, todavia, requer ampliação e pesquisas
futuras. Caso o pesquisador queira replicar o aqui realizado elencamos abaixo alguns passos
importantes na eficiência e fidedignidade dos resultados.

 Etapa I: preparação da avaliada


a) A ferramenta foi validada para mulheres entre 17 e 35 anos, com IMC entre 16,5
Kg/m2 a 40 Kg/m2. Assim, é importante se certificar se o público a ser pesquisado
corresponde a essas características.
b) Aplicar “Anamnese pré-teste” conforme apresentado no Apêndice II desse
documento, eliminando assim, variáveis que podem interferir no teste.
c) Solicitar à participante trajar a seguinte vestimenta padrão: bermuda e camiseta (sem
manga), ambos da cor preta e de material aderente ao corpo (do tipo lycra).
74

d) Devem ser aferidas as seguintes variáveis antropométricas: estatura, massa corporal,


dobras cutâneas (tríceps, supraespinhal, subescapular, panturrilha medial); diâmetros
ósseos (úmero e fêmur), perímetros (braço e panturrilha). Esses dados devem ser
utilizados para cálculo do IMC conforme a OMS (1995) e do somatotipo seguindo o
protocolo de Heath e Carter (1990).
 Etapa II: preparação do espaço de coleta da imagem (foto)
a) O espaço para filmagem da avaliada consiste em uma sala com no mínimo 7 metros de
comprimento por 5 de largura. Em uma das paredes deve ser anexado tecido da cor azul
com as dimensões 4 metros de largura por 2 metros de altura.
b) Em um dos extremos da parede a avaliada deve ser posicionada. No outro extremo
deve estar localizada a câmera filmadora que deve estar fixada em um tripé de suporte a 1
metro uma altura em relação ao solo e a uma distância aproximada de 4 metros em
relação à avaliada. A câmera filmadora deve estar posicionada de forma oblíquo em
relação ao campo onde irá caminhar a participante.
c) Um trajeto em linha reta deve ser delimitado pelo qual a participante irá caminhar em
seu ritmo normal de marcha. Deve ser solicitado a ela que estacione 3 segundos (contados
mentalmente por ela) em cada uma dessas posições: posição inicial (de frente para a
câmera filmadora a 4 metros); posição intermediária I (de frente para a câmera filmadora
a 1 metro); posição intermediária II (de costas para a câmera filmadora a 1 metro);
posição intermediária III (de costas para a câmera filmadora a 4 metros); posição final (de
frente para a câmera filmadora a 4 metros)
 Etapa III: preparação da IDC para cada participante
a) Os vídeos devem ser editados de forma que possuam tempo entre 25 e 30 segundos,
sendo também retirado o seu áudio.
 Etapa IV: apresentação da IDC
a) A apresentação da IDC deve ser realizada em tela de computador com dimensões entre
14-16 polegadas. Emparelhadas à apresentação do vídeo será apresentada à participante
uma somatocarta impressa conforme Anexo IX, em seguida devem ser apresentadas as
instruções conforme o “Tópico 6 Materiais e Métodos – subtópico 6.6.4 –
Experimento 3 - Tarefa A: Percepção do tamanho e proporção corporal: imagem
dinâmica do próprio corpo (IDPC) desse documento.
 Etapa V: cálculo da percepção corporal dinâmica
75

a) A percepção da imagem corporal dinâmica é calculada inserido os somatopontos reais


e mensurados na equação de Heath e Carter (1990) DPS = √ (IA – IB)2 + (IIA – IIB)2 +
(IIIA – IIIB)2
b) Como parâmetro temos que quanto mais próximo de zero for o resultado da equação
mais acurada será a avaliada.
Novamente reforçamos a importância da sequência das etapas acima. Ademais,
sugerimos que as informações dadas às avaliadas sejam pontuais e precisas. Como esta
avaliação envolve movimento destacamos também que o avaliador deve manter o mais
estático possível na captura da filmagem da participante. Outro cuidado importante na coleta
de dados refere-se à garantia de compreensão da tarefa por parte da avaliada, na seção de
Materiais e Métodos desse documento, sugerimos uma estratégia para minimizar possíveis
erros de compreensão. Manter sempre o mesmo avaliador e parâmetros de coletas podem
contribuir para a consistência e robustez dos resultados.
76

8.3 Artigo I: Relação entre aspectos atitudinais da imagem corporal e perfil somatotípico

Resumo
Esta pesquisa objetivou verificar associações entre os quatro principais componentes
atitudinais da imagem corporal – insatisfação corporal, comportamento, afetivo e cognitivo
– e perfil somatotípico. Participaram 142 universitárias (21,81± 3 anos) submetidas à
avaliação do Índice de Massa Corporal e do somatotipo, conforme protocolos da
Organização Mundial da Saúde e Heath-Carter, respectivamente. Para avaliação da
imagem corporal foram aplicados os seguintes instrumentos: Body Shape Questionnaire,
Body Attitudes Questionnaire, Body Image Avoidance Questionnaire, Sociocultural
Attitudes Towards Appearance Scale, Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito e Escala de
Silhuetas Baseadas no Somatotipo. Para análise dos dados contínuos procedemos à análise
multivariada de variância (MANOVA one-way) e para dados categóricos realizamos teste
de Qui-Quadrado. Concluímos que os componentes insatisfação corporal, evitação
corporal e atitudes negativas referentes à aparência, estão atrelados entre si e são
influenciados por perfis corporais com predominância mesomórfica e endomórfica. Por
outro lado, o elevado índice de insatisfação com o excesso de peso e desejo de aumentar a
mesomorfia, verificado por meio das escalas de silhuetas, não se associaram ao perfil
somatotípico.
Palavras-chave: Imagem corporal. Somatotipo. Dimensão atitudinal.

Abstract
This study aimed to investigate associations between the four major attitudinal components
of body image - body dissatisfaction, behavioral, affective and cognitive - and
somatotypical profile. The sample included 142 undergraduate female students (21.81 ± 3
years) who underwent to assessment of Body Mass Index and somatotype, according to the
World Health Organization and Heath-Carter protocols, respectively. To assess body
image the following instruments were applied: Body Shape Questionnaire, Body Attitudes
Questionnaire, Body Image Avoidance Questionnaire, Sociocultural Attitudes Towards
Appearance Scale, Self Subject Silhouettes Scale (ESPS) and Silhouettes Based on
Somatotype Scale (ESBS). To the analysis of continuous data we proceeded to multivariate
analysis of variance (MANOVA one-way) and to the categorical data we performed Chi-
Square test. We concluded that body dissatisfaction, body avoidance and negative attitudes
about appearance components are linked to each other and they are influenced by body
profiles with mesomorphic and endomorphic predominance. On the other hand, the high
level of dissatisfaction with overweight and desire to increase mesomorph component,
verified by silhouettes scales, was not associated with somatotypical profile.
Keyword: Body image. Somatotype. Attitudinal dimension.
77

Introdução
O componente da imagem corporal (IC) mais investigado até o momento é a
insatisfação geral subjetiva, definida por Thompson (1998) como o descontentamento com o
corpo, com a aparência e com o peso. Dentre as mulheres há maior prevalência, com caráter
mundial e em diferentes faixas etárias (SWAMI et al., 2010; RUNFOLA et al., 2013;
MARTINS et al, 2012; LEVINE; MURNEN, 2009; SLEVEC e TIGGEMANN, 2011; LAUS
et al. 2012).
Todavia, o foco majoritário na insatisfação corporal na grande maioria dos estudos da
área implica, muitas vezes, na desconsideração da sua relação e articulação com os demais
componentes atitudinais da IC, tais como os componentes afetivos, cognitivos e
comportamentais, negligenciando assim, o caráter multidimensional da IC (THOMPSON; van
den BERG, 2002; CASH; PRUZINSKY, 2002 LEGENBAUER; RÜHL; VOCKS, 2008).
A literatura vem demonstrando consequências na IC devido a alteração de um ou outro
componente atitudinal. Sabe-se, por exemplo, que o componente afetivo está estreitamente
relacionado à insatisfação. Estudo longitudinal recente demonstrou ser essa preditora da
disforia crônica em consequência de sentimentos negativos relacionados ao corpo
(ROSENSTRÖM et al., 2013).
O componente cognitivo é destacado nos estudos que investigam como pessoas
aceitam e sentem-se pressionadas por padrões de beleza propagados por canais midiáticos
(THOMPSON et al., 2004) e, consequentemente, como tal processo poderá incidir sobre a
satisfação com a aparência (SWAMI et al.,2010; HAUSENBLAS et al.,2013). Um possível
desdobramento dessa relação, refere-se a ações relativas ao corpo, de cunho autodefensivo no
intuito de prevenir e/ou evitar desconfortos corporais ou emocionais, conhecido como
componente comportamental (CASH, 2002).
Além da interpretação desarticulada dos componentes da imagem corporal, Cash e
Pruzinsky (2002) alertam que raramente os pesquisadores incorporam em seus estudos
aspectos objetivos da aparência (exceto massa corporal), o que auxiliaria a compreender a
relação entre autoimagem e parâmetros verídicos da aparência física. Podemos assumir que a
exigência sobre o corpo, tanto intrínseca (do próprio sujeito) quanto extrínseca (pais, amigos,
mídia entre outros) pode ser resultante de duas tensões: o corpo que se tem e o que se deseja
ter. Todavia, o corpo possui características singulares e, na comumente, não modificadas
facilmente, dentre elas a estrutura corporal.
Alguns estudos avançaram no sentido de verificar associações entre imagem corporal e
parâmetros antropométricos como IMC, razão cintura/quadril e percentual de gordura,
78

indicando serem estas preditoras da insatisfação com o corpo (CONTI; FRUTUOSO;


GAMBARDELLA, 2005; KAKESHITA; ALMEIDA, 2006; GRAUP et al., 2008; AUSTIN;
HAINES; VEUGELERS, 2009; PALLAN et al., 2011; LAUS et al., 2012; CORSEUIL et al.,
2009; DAMASCENO et al., 2011; FARIES; BARTHOLOMEW, 2012; STEWART et al.,
2014).
Contudo, as características físicas avaliadas por meio do IMC e percentual de gordura,
por exemplo, não refletem a distribuição corporal e não permitem verificar noções de simetria
e proporcionalidade, conceitos pertinentes quando se trata de aparência, beleza e estética
(NEVILL; STEWART; OLDS; HOLDER, 2006). Ademais, parâmetros antropométricos
podem constituir-se em ferramentas rápidas, acessíveis e simples na detecção da propensão a
alterações negativas na autoimagem.
Diante disso, este estudo teve por objetivo principal verificar, em uma mesma amostra,
associações entre os quatro principais componentes atitudinais da IC – insatisfação,
comportamento, afetivo e cognitivo – e a estrutura corporal, no caso o somatotipo, uma
medida da forma e não do tamanho corporal, e que expressa relação de proporcionalidade
entre componentes de adiposidade, musculosidade e linearidade. Acredita-se que, mulheres
com perfil prioritariamente endomorfo apresentem maior comprometimentos nos
componentes atitudinais da imagem corporal.

Metodologia
Aspectos éticos
Esta pesquisa teve aprovação no Comitê de Ética da Universidade Estadual Paulista-
Campus de Rio Claro/SP, sob o protocolo de número 298 e decisão de número 071/2012 e
todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido tendo ciência do que trata o
estudo e sua participação.
Participantes
Foi realizado cálculo amostral para população finita, estratificado por curso, baseado
no número total de estudantes do sexo feminino do campus de Rio Claro da Universidade
Estadual Paulista/UNESP. Assim, fizeram parte da pesquisa 142 mulheres (21,81± 3,014
anos) distribuídas nos cursos: Engenharia Ambiental (n=14), Ciências Biológicas (n=27),
Ciências da Computação (n=7), Ecologia (n=21), Educação Física (n=19), Física (n=8),
Geografia (n=14), Geologia (n= 4), Matemática (n=9) e Pedagogia (n=19).
Instrumentos e procedimentos
79

Foram utilizados os seguintes materiais: balança de plataforma (Tannita, digital,


precisão de 0,1 kg), estadiômetro com cabeçal móvel (Sanny, precisão 1 cm), fita métrica
flexível (Sanny, precisão 1 cm), adipômetro (Sanny, precisão 1mm), máquina fotográfica
(Sony Cyber Shott); notebook (HP, modelo Pavilion, tela de 14 polegadas), software de
manipulação de imagens Photoshop CS3 Extended (adobe®).
Avaliação somatotípica
Para mensuração do somatotipo são necessárias dez medidas: estatura em extensão
máxima, peso corporal, quatro dobras cutâneas (tríceps, supraespinhal, subescapular e
panturrilha medial), dois diâmetros ósseos (biepicondilar de úmero e fêmur), dois perímetros
(braço flexionado em contração máxima e panturrilha).
Avaliação da imagem corporal
Para medição da imagem corporal foram aplicados seis instrumentos detalhados
abaixo.
Componente Insatisfação Geral Subjetiva:
Foram utilizadas duas escalas de silhuetas, a Escala de Silhuetas do Próprio Corpo
(ESPS) (validade convergente: rho=0,81; p<0,0001; estabilidade rho=0,77; p<0,0001) e
Escala de Silhuetas Baseada no Somatotipo (ESBS) (PEDRETTI, 2008) (validade
convergente: rho=0,65; p<0,001; estabilidade rho=0,61; p<0,001). A primeira foi apresentada
em tela de notebook e a segunda em cartões individuais. Em ambas as participantes foram
instruídas a escolher: “a silhueta que melhor representa seu corpo atual” e “a silhueta que
representa o corpo que desejaria se parecer”. O índice de insatisfação foi calculado pela
diferença entre as duas escolhas. O valor zero correspondente a satisfação corporal. Qualquer
número diferente refere-se à insatisfação, sendo valores negativos referentes à insatisfação
com a magreza (ESPS) e desejo de aumentar componente de endomorfia e reduzir
mesomorfia (ESBS); valores positivos são atribuídos à insatisfação com o excesso de peso
(ESPS) e desejo de diminuir componente de endomorfia e aumentar mesomorfia (ESBS).
Também foi aplicado o Body Shape Questionnaire (BSQ) (DI PIETRO, 2009) (consistência
interna da escala total apresentou alfa de Cronbach de 0,97).
Componente afetivo
Para esse componente foi aplicado o Body Attitudes Questionnaire (BAQ)
(SCAGLIUSI et al., 2005) (r=0,57 a r=0,85 para as subescalas e r=0,88 para escala total), é
composta por subescalas que representam aspectos negativos e positivos sobre o corpo(sentir-
se gorda, depreciação do corpo, importância do peso e da forma do corpo, depósito de gordura
nos membros inferiores, força e condicionamento físico e atratividade).
80

Componente comportamental
Aplicamos o Body Image Avoidance Questionnaire (BIAQ) (CAMPANA et al., 2009)
(Qui-quadrado ponderado=3,43; RMSEA=0,068; NFI=0,97, NNFI=0,97; CFI=0,98,
GFI=0,94 e AGFI=0,91) para identificação de comportamentos de evitação corporal.
Componente cognitivo
Utilizamos o Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale (SATAQ-3)
(AMARAL, CONTI, CORDÁS e FERREIRA, 2011) (alfa de Cronbach de 0,91 escore total e
subescalas entre 0,74 e 0,90) composta por subescalas (Internalização Geral, Informação,
Pressão, Internalização Atlética) para verificação da influência da mídia na imagem corporal.

Análise dos dados


Questionários
Após atestar a normalidade na distribuição dos dados por meio do teste Shapiro-Wilk
(p < 0,05) procedemos à análise multivariada de variância MANOVA one-way realizada para
determinar o efeito do perfil somatotípico das mulheres pesquisadas acerca dos componentes
atitudinais da imagem corporal. O grupo foi dividido conforme as quatro denominações do
perfil somatotípico: central (GC, n=2), endomorfo (GEN, n=104), mesomorfo (GM, n=20),
ectomorfo (GEC, n=16). Foram realizadas doze medidas de alterações da imagem corporal:
preocupação com a aparência (BSQ), sentimento de excesso de peso (subescala do BAQ
“sentir-se gorda”), depreciação com o corpo (subescala do BAQ “depreciação”), importância
do peso e da forma do corpo (subescala do BAQ “saliência”), incômodo com depósito de
gordura nos membros inferiores (subescala do BAQ “gordura nos membros inferiores”),
percepção de força e condicionamento físico (subescala do BAQ “força e condicionamento
físico”), percepção de atratividade (subescala do BAQ “atratividade”), internalização do
corpo ideal imposto pela mídia (subescala do SATAQ-3 “internalização geral”), importância
que as informações têm sobre o sujeito (subescala do SATAQ-3 “informação”), pressão
sentida para alcançar o perfil ideal de corpo (subescala do SATAQ-3 “pressão”), pressão
sentida para atingir ideal de corpo atlético (subescala do SATAQ-3 “internalização atlética”),
comportamento de evitação corporal (BIAQ).
Escalas de silhuetas
Realizamos o teste Qui-quadrado para verificar associação entre somatotipo e
insatisfação com o corpo na visão frontal e lateral utilizando a ESPS e ESBS. Todas as
análises foram realizadas no software SPSS, v. 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA) com valor
de significância estabelecido em 5%.
81

Resultados
Questionários
Análise preliminar revelou que os dados foram distribuídos normalmente avaliados
pelo teste Shaprio-Wilk (p > 0,05); não existiam valores extremos univariados ou
multivariados, avaliada por boxplot e distância de Mahalanobis (p > 0,001), respectivamente.
Houve relação linear entre as variáveis dependentes para cada variável independente
verificado pela avaliação da dispersão, sem multicolinearidade (r < 0,6; p < 0,005) e houve
homogeneidade de variâncias-covariâncias matrizes. Os valores de tendência central (média,
mediana), dispersão (desvio padrão) e escores máximos e mínimos estão expressos na Tabela
1. Existem diferenças entre os grupos delineados pelos perfis somatotípicos acerca das
variáveis dependentes combinadas, no caso os componentes da imagem corporal F (36, 375)
= 1, 81, p <0,0005; Wilk de Λ = 0,623, η parcial 2 = 0,146. Acompanhamento de ANOVAs
univariadas mostraram que o perfil somatotípico tem efeito estatisticamente significativo
apenas sobre os componentes da imagem corporal expressos pelos instrumentos BSQ (F (3,
138) = 6,1; p <0,005; η parcial 2 = 0,11), BIAQ (F (3, 138) = 4,7; p <0,005; η parcial 2 =
0,94), “sentir-se gorda” (F (3, 138) = 10; p <0,0005; η parcial 2 = 0,18), “depreciação do
corpo” (F (3, 138) = 2,6; p <0,05; η parcial 2 = 0,54), “gordura nos membros inferiores”
(F (3, 138) = 1,7; p <0,005; η parcial 2 = 0,36), “atratividade” (F (3, 138) = 2,8; p <0,05; η
parcial 2 = 0,57). O teste de Tukey identificou diferenças com significância estatística entre
dois pares de grupos, GEC e GEN e GEC e GM, para os escores médios do BSQ (p=0,001;
p=0,003); BIAQ (p=0,002; p=0,01); “sentir-se gorda” (p=0,0001; p=0,0001); “gordura nos
membros inferiores” (p=0,002; p=0,0001).
Escalas de silhuetas
A análise descritiva dos dados é expressa por meio de frequência relativa e absoluta e
apresentada na Tabela 2. Não houve associação estatisticamente significativa entre as
variáveis tanto para a ESPS imagem frontal χ2 (6) = 5,8 (p = 0,42), quanto para ESPS imagem
lateral χ2 (6) = 11,5 (p = 0,08), a mesma tendência foi verificada com o instrumento ESBS
χ2 (6) = 9,25 (p = 0,16). Isso faz com que a hipótese nula de independência entre estrutura
física (somatotipo) e insatisfação corporal seja aceita, portanto elas não possuem nenhuma
relação.
82

Tabela 1: Medidas de tendência central e dispersão das variáveis atitudinais da imagem corporal

Perfil somatotipológico
*
Variáveis Amostra total Central Endomorfo Mesomorfo Ectomorfo

85,6±30 64,5±34,6 88,8±28,3 89,2±29,5 58,1±19,2


BSQ (85,5; 34-45) (64,5; 40-89) (84,5; 34-175) (89; 34-175) (66; 39-112)

22,3±7,2 19±4,2 23,2±7,2 23,1±7,9 16,2±5


BIAQ (22; 5-42) (19; 16-22) (23; 5-42) (22; 5-42) (20,5; 8-25)

BAQ
88,1±21,5 70,5±26,1 90,7±20,4 91,1±20,5 66,3±16,4
Atitudes negativas (88,5; 40-147) (70,5; 52-89) (86; 40-147) (91; 40-147) (76; 40-102)

40±11,8 29±19,7 41,7±10,5 41,8±10,5 26,7±12,2


Sentir-se gorda
(40; 14-61) (29; 15-43) (39; 14-61) (41; 14,61) (33; 14-52)

Depreciação do 13,8±4,2 10,5±2,2 14,1±4,7 14,1±4,3 11,5±2,4


corpo (13; 8-32) (10,5; 9-12) (13; 8-28) (13; 8 32) (13,5; 8-18)

21,7±6,3 21±2,8 22±3,7 22,1±6,6 18,4±3,9


Saliência corporal (21; 9- 64) (21; 19- 23) (21; 9-64) (22; 9-64) (19,5; 11-28)

12,5±3,27 10±1,1 12,8±3,1 12,9±3,2 9,7±2,3


Gordura nos
membros inferiores
(12; 5-22) (10; 9-11) (12; 7-22) (13; 7-22) (10; 5-14)

Atitudes positivas 34±5,6 43,5±2,1 33,5±2,8 33,8±5,6 34,3±5,4


(35; 17-45) (43; 42-45) (35; 17-45) (35; 17-45) (34; 23-42)

16,6±4,1 21±1,4 16,4±1,8 16,6±4,1 15,8±4


Condicionamento (17; 6-25) (21; 20-22) (17; 6-25) (17; 6-25) (14; 10-24)

17,4±3 22,5±3,5 17,1±3,4 17,2±2,9 18,5±3,6


Atratividade (17; 8-25) (22; 20-25) (17; 8-24) (17; 8-24) (20; 10-25)

84,1±21,7 109,5±13,4 83,2±15,1 83,9±21,8 81±21,6


SATAQ-3 (84; 38-133) (109,5; 100-119) (83,5; 38-133) (84; 38-133) (70; 43-131)

28,4±8,9 35,5±9,1 28,2±8,9 28,3±9,1 27,4±7,3


Internalização
(29; 10-50) (35,5; 29-42) (28,5; 12-50) (29; 10-50) (24,5; 17-45)
Geral

34±2,8 23,5±4,9 23,8±7,7 24,3±8


24±7,7
Informação (34; 32-36) (23; 9-44) (24;9-44) (23; 9-45)
(23,5; 9-45)

20,1±6,9 24,5±4,9 20,1±4,9 20,4±6,9 17,8±7,7


Pressão
(20,5; 7-35) (24,5; 21-28) (20; 7-35) (21; 7-35) (14; 8-32)

Internalização 11,4±4,1 15,5±2,1 11,2±3,5 11.3±4,1 11,3±3,9


atlética (11; 4-20) (15,5; 14-17) (11; 4-20) (11; 4-20) (8,5; 6-18)

Fonte: próprio autor (2014). *Valores expressos como média ± desvio-padrão (mediana; mínimo – máximo). BSQ
(Body Shape Questionnaire); BIAQ (Body Image Avoidance Questionnaire); BAQ (Body Attitudes
Questionnaire); SATAQ-3 (Sociocultural Attitudes Towards Appearance Questionnaire)
83

Tabela 2: Caracterização da amostra: frequência relativa e absoluta das variáveis: insatisfação corporal (ESPS e
ESBS) e percepção corporal (ESPS)

Variáveis n %

Índice de insatisfação com a imagem corporal - ESPS


Satisfeita 22 15.5
Insatisfeita com a magreza 22 15.5
Insatisfeito com a obesidade 98 69

Índice de insatisfação com a imagem corporal - ESBS


Satisfeita 16 11,26
Insatisfeita: deseja aumentar mesomorfia e reduzir endomorfia 80 56,33
Insatisfeita: deseja aumentar endomorfia e reduzir mesomorfia 46 32,4

Fonte: próprio autor (2014)

Discussão
Este estudo teve como principal objetivo investigar conjuntamente os 4 componentes
atitudinais da IC, verificando suas possíveis relações com o perfil somatotípico. Foi possível
identificar que a estrutura corporal esteve relacionada com a insatisfação geral subjetiva
(BSQ), comportamento de evitação corporal (BIAQ), sentimento de excesso de peso, em
especial nos membros inferiores (BAQ). Ademais, tais elementos apresentam-se de forma
articulada e não são mutuamente exclusivos, justificando assim, o caráter multidimensional da
IC (CASH, PRUZINSKY, 2002).
A literatura específica aponta a importância da estrutura física na elaboração da IC,
indicando que mulheres com valores elevados de tais índices (percentual de gordura e IMC)
estão mais propensas à insatisfação corporal. (BUCCHIANERI et al., 2013; RUNFOLA,
2013; DAMASCENO et al., 2011; SWAMI et al., 2010; CONTI; FRUTUOSO;
GAMBARDELLA, 2005; KAKESHITA; ALMEIDA, 2006; GRAUP et al., 2008; AUSTIN;
HAINES; VEUGELERS, 2009; PALLAN et al., 2011; LAUS et al., 2012). Todavia, tais
parâmetros são lineares dificultando a interpretação sob o ponto de vista da proporcionalidade
corporal.
Na presente pesquisa mulheres ectomorfas tenderam a ser menos insatisfeitas quando
comparadas aos demais perfis. Nesse quesito, o tamanho corporal pareceu ter mais
importância do que a proporção entre tecido adiposo, muscular e linearidade. Resultados
semelhantes são encontrados nos estudos de Eklund e Crawford (1994), Stewart et al. (2003),
e de Bahran e Shafizadeh (2006), os quais verificaram uma relação negativa entre satisfação
corporal e componentes de endomorfia e mesomorfia. Em pesquisa recente, Stewart et al.
(2014) ao considerarem o perfil somatotípico em amostras com e sem transtornos alimentares,
e identificaram que todos os grupos desejaram o corpo mais próximo da ectomorfia. Este, é
84

coerente com o corpo extremamente magro, ainda idealizado pela maioria das mulheres
(SWAMI et al., 2010; STEWART et al., 2003).
Fortemente relacionado à insatisfação corporal está o componente afetivo, relativo às
experiências das emoções concernentes à aparência física (CAMPANA, TAVARES, 2009).
Em nossos resultados mulheres endomorfas e mesomorfas apresentaram sentimentos
negativos referentes à adiposidade corporal (“sentir-se gorda”), principalmente que os
membros inferiores são gordos (“gordura nos membros inferiores”). Interessante destacar que
o perfil mesomorfo diferentemente do endomorfo possui prioritariamente tecido muscular, e
ainda assim os dois grupos apresentaram o mesmo comportamento. Alleva et al. (2014)
destacam que mulheres que apresentam sentimentos negativos a respeito do próprio corpo
superestima feedback social sobre elas, podendo interferir nas relações interpessoais.
Por outro lado, mulheres ectmorfas demonstraram escores mais altas de atitudes
positivas referentes à aparência ao acharem-se atraentes fisicamente (“atratividade”) (apesar
de a significância ser apontada na análise, não foi confirmada no Post Hoc). Pesquisadores
explicam que a elaboração do corpo ideal para mulheres, no quesito atratividade, envolve
baixos valores de IMC e reduzidas proporções entre cintura/quadril (TOVÉE et al., 2002;
FRAN et al., 2004; SWAMI, 2011; CROSSLEY, CORNELISSEN, TOVÉE, 2012; PRICE et
al.,2013). Este último é impactado pelo percentual de gordura, uma vez que o crescimento
desta pode alterar tamanho e forma do corpo da mulher (FARIES; BARTHOLOMEW, 2012).
Assim, medidas que remetem ao corpo esguio, portanto, ectomorfo, são valorizadas por esse
grupo.
O componente afetivo comumente é investigado em populações clínicas como
mulheres com transtornos alimentares (TIMERMAN et al., 2010; HRABOSKT et al., 2009) e
que passam por alterações corporais marcantes, como gestantes (HILL et al., 2013). Em
ambos os casos, assim como na presente pesquisa, sentimentos negativos referentes à
aparência são correlacionados com a predominância da adiposidade, ainda que ela não seja
verdadeira, como no caso da mesomorfia. Rosenström et al. (2013) pontuam que a
insatisfação corporal atrelada aos sentimentos negativos referentes à aparência pode acarretar
disforia crônica em mulheres, independente da idade.
As condições descritas acima podem desencadear comportamentos prejudiciais, tais
como checagem (preocupação com medidas, palpação de dobras em diferentes pontos do
corpo, comparação do próprio corpo com o de outras pessoas) e evitação corporal (evitar
olhar-se no espelho e pesar-se, buscar o isolamento social). Nesse estudo, avaliamos apenas o
último, e observamos que houve a mesma tendência que nas demais variáveis, perfis
85

somatotípicos endomorfo e mesomorfo apresentaram maiores escores de evitação corporal.


Resultados semelhantes foram encontrados em populações com excesso de peso (LATNER,
2008) e transtornos alimentares (TIMERMAN; SCAGLIUSI; CORDÁS; 2010). Porém,
estudos recentes (WHITE; WARREN, 2013; LYDECKER et al., 2014) indicaram que
amostras não clínicas, como universitárias, também estão suscetíveis às mesmas atitudes
relativas ao corpo e que estas estão relacionadas ao elevado IMC. Por outro lado, Bamford et
al. (2014) destacam que a relação entre evitação corporal e peso não é clara, e que pode estar
presente em mulheres com diferentes pesos, sendo mais influenciada pelo status de ansiedade.
O panorama acima também está atrelado ao componente cognitivo que envolve
pensamentos, crenças e elevado senso crítico e exigência sobre o corpo. Nessa amostra
investigamos a influência da mídia devido à sua poderosa capacidade de propagar e instalar
costumes, hábitos, motivações e consequentemente modular a imagem corporal (DITTMAR,
2009; GRABE et al., 2008). Apesar do grupo pesquisado cognitivamente aceitar normas e
padrões de beleza propagados pela mídia (SATAQ-3) (THOMPSON et al., 2004) isso não foi
modulado pelo perfil somatotípico. Estudos apontam que outros aspectos deixam mulheres
mais suscetíveis à influência midiática, tais como condição socioeconômica e risco a
transtornos alimentares (DUNKER; FERNANDES; CARREIRA FILHO, 2009;
ALVARENGA; DUNKER; PHILIPPI; SCAGLIUSI, 2010).
Por fim, a variável insatisfação com peso e forma corporal foi verificada por meio das
escalas de silhuetas (ESPS e ESBS). Tradicionalmente, esses instrumentos trazem silhuetas
que aumentam linearmente da magreza para a obesidade. Nesta pesquisa, tal como outros
pesquisadores, optamos por considerar a imagem real da avaliada (SWAMI, et al., 2012;
STEWART et al., 2012; JOHNSTONE et al., 2008) possibilitando identificar suas
características singulares. Não houve associação entre perfil somatotípico e insatisfação,
embora 69% da amostra esteja insatisfeita com o excesso de peso e 56,33% deseja reduzir
endomorfia e aumentar mesomorfia.
Ademais, ao considerar o tecido muscular, como na ESBS, possibilitou identificação
do desejo de redução do componente de endomorfia e aumento da mesomorfia. Esses achados
são consistentes aos de Damasceno et al. (2011) que em amostra feminina encontraram
tendência à escolha do corpo mais magro e musculoso. Os autores sugerem que atualmente há
maior aceitação de padrões estéticos anteriormente aceitos apenas para homens. Kościński
(2013) em sua pesquisa acrescentou à escala de silhuetas a proporção cintura/quadril e obteve
resultados expressivos comparados ao IMC, no quesito atratividade. Isso demonstra a
86

necessidade de inserir outros elementos que representam detalhes das características físicas da
morfologia humana.
O presente trabalho possui limitações de cunho metodológico. A primeira refere-se ao
desequilíbrio numérico entre os grupos, o que pode ter influenciado os resultados. Além disso,
não verificamos o comportamento de checagem corporal, aspecto que está intimamente
atrelado à evitação corporal. Recomenda-se que novos estudos considerem essas lacunas a fim
de enriquecer os resultados.

Considerações finais
Aspectos atitudinais da imagem corporal, especificamente insatisfação geral subjetiva,
evitação corporal e atitudes negativas referentes à aparência, estão atrelados entre si e são
influenciados por perfis corporais com predominância mesomórfica e endomórfica. Os dados
aqui obtidos possuem implicações teóricas e práticas. As primeiras referem-se à necessidade
da avaliação multidimensional e com características físicas reais da imagem corporal em
amostras não clínicas. As implicações práticas envolvem o uso de tais informações em
intervenções em áreas que lidam diretamente com o corpo, tornando-as mais assertivas e
eficientes.

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91

8.4 Artigo II: Relação entre aspectos perceptivos da imagem corporal e perfil
somatotípico

Resumo
Objetivou-se identificar relações entre o perfil somatotípico, comportamento e tendência
perceptiva relativa ao próprio corpo (em função do eixo de apresentação da imagem: frontal e
lateral) e ao corpo de pessoas desconhecidas (em função do perfil somatotípicos destas).
Participaram 119 universitárias (21,7±2,8 anos) submetidas à avaliação do Índice de Massa
Corporal (OMS) e somatotipo (Heath-Carter). Para avaliação da percepção da imagem
corporal utilizamos a Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito e a tarefa psicofísica Estimação
de Magnitude. Esta última em duas condições: imagem do próprio corpo e do corpo de 4
mulheres desconhecidas à participante. Procedemos ao teste não paramétrico Kruskal-Wallis
para análise de variância em função das variáveis analisadas (acurácia perceptiva nas
diferentes condições e perfil somatotípico). Os valores de n e r2 foram emparelhados ao valor
1,0 (normativo) e analisados pelo teste Mann-Whitney para identificação da tendência
perceptiva e teste de Spearman para verificação de correlação da acurácia perceptiva do
próprio corpo de frente e lado. Para variáveis categóricas provenientes das escala de silhuetas
realizamos o teste Qui-Quadrado. O perfil somatotípico não influenciou a dimensão
perceptiva das avaliadas. Os resultados merecem cuidado na interpretação, uma vez que estes
foram diferentes em ambas as tarefas. A condução da ESPS pode ter sofrido incremento de
algum componente afetivo motivando superestimação corporal em mais da metade da
amostra. Em contrapartida, isso não ocorreu na tarefa de Estimação de Magnitude. Na
avaliação do corpo de mulheres desconhecidas houve tendência à acentuação dos extremos:
superestimação dos tamanhos maiores e subestimação dos menores.
Palavras-chave: Imagem corporal. Dimensão perceptiva. Somatotipo.
Abstract
This study aimed to identify relationships between somatotypical profile, behavior, and
perceptual bias on the own body (depending on the axis for the picture: frontal and by side)
and the body of unknown people (depending on somatotypical profile). The sample included
119 undergraduate female students (21.7 ± 2.8 years) who underwent to assessment of Body
Mass Index (WHO) and somatotype (Heath-Carter). To assess the perception of body image
was used Self Subject Silhouettes Scale (ESPS) and the psychophysical task Magnitude
Estimation. This last one was performed in two conditions: own body image and body of the 4
unknown models. We proceeded to the Kruskal-Wallis nonparametric analysis of variance
test due to the analyzed variables (perceptual accuracy in different conditions and
somatotypical profile). The values of n and r2 were matched to the value 1.0 (normative) and
analyzed by Mann-Whitney test to identifying the perceptual tendency, and Spearman
correlation test to verify own body perceptive accuracy from the front and by side. For
categorical variables from the range of profiles we conducted Chi-Square test. The
somatotypical profile did not influence the perceptual dimension of the participants. The
results deserve careful interpretation since they were different in both tasks. However, the
findings require careful interpretation because the conduct of ESPS may have suffered
increment of some affective component motivating body overestimation by more than half of
the sample. On the other hand, this did not occur in the Magnitude Estimation task. In the
evaluation of the body of unknown women there was a trend to accentuation the extreme:
overestimation of the larger sizes and underestimation of minors.
Keyword: Body image. Perceptive dimension. Somatotype.
92

Introdução

O componente perceptivo é descrito como a capacidade de estimar tamanho corporal


com precisão (CORNELISSEN et al., 2013) e envolve interação entre fatores sensoriais (tato,
cinestesia, visão) e não sensoriais (crenças, sentimentos e pensamentos acerca do corpo)
(THOMPSON; GARDNER, 2002; MCCABE et al., 2006). Internacionalmente percebem-se
crescentes esforços no sentido de avaliar tal aspecto por meio da imagem bidimensional da
própria pessoa aplicada em softwares com foco em mulheres com transtornos alimentares
(BENSON et al. 1999; TOVEÉ et al., 2003; LETOSA-PORTA; FERRER-GARCÍA;
GUTIÉRREZ-MALDONADO, 2005; FERRER-GARCÍA; GUTIÉRREZ-MALDONADO,
2008; CORNELISSEN; JOHNS; TOVÉE, 2013); sujeitos obesos (JOHNSTONE et al., 2008)
e atletas (STEWART et al., 2003; URDAPILLETA et al., 2010). Programas modernos
apresentam imagens tridimensionais (STEWART; ALLEN; HAN; WILLIAMSON, 2009;
STEWART et al., 2012) utilizados como “realidade virtual” na avaliação e tratamento de
transtornos alimentares (FERRER-GARCÍA; GUTIÉRREZ-MALDONADO, 2012). Já no
contexto brasileiro, os estudos sobre a qualidade perceptiva das dimensões corporais são ainda
insipientes.
Da Silva e Ribeiro-Filho (2006) pontuam que o problema não está em obter a
experiência perceptual, pois, nenhum aparelho é necessário para obter os perceptos, mas sim
descrever e investigar as individualidades de forma que estas possam ser reunidas e
compartilhadas. Uma estratégia é a elaboração de aparatos metodológicos com embasamento
na teoria psicofísica, a qual consiste em emparelhar experiência perceptual aos estímulos
físicos, sendo estes um sistema de referência. Foi o que fizeram Paula (2010) e Braga (2012)
ao investigar mulheres com risco para transtornos alimentares e hemiparéticos,
respectivamente, e identificaram tendência à distorção da percepção em ambos os grupos.
Para isso se pautaram na Lei de Stevens na qual uma função de potência é capaz de descrever
a característica operatória do sistema sensorial (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
A questão metodológica da avaliação perceptiva é um ponto a ser destacado, pois,
frequentemente os instrumentos utilizados não incorporam imagens realistas do sujeito
avaliado e, na maioria das vezes, são bidimensionais e apenas no plano frontal (MARTINS et
al., 2012; GARDNER; BROW, 2010b; GARDNER; BROWN, 2010a). Em estudo recente,
Hashimoto e Iriki (2013) demonstraram haver ativação neural em áreas diferentes na
percepção corporal conforme o plano (frontal e sagital), bem como no reconhecimento do
próprio corpo e no corpo de outra pessoa. Nesse aspecto, Berlucchi e Aglioti (2010)
93

suspeitam haver uma categoria cognitiva referente a características físicas específicas tanto
para percepção do próprio corpo quanto para as demais pessoas.
Nesse sentido, amostras não clínicas têm sido investigadas na busca da relação entre
percepção da forma e tamanho corporal e parâmetros antropométricos. Madrigal et al. (2000)
ao investigarem sujeitos obesos identificaram relação diretamente proporcional entre IMC e
subestimação do corpo. Resultados similares foram observados por Kakeshita e Almeida
(2006) em população de universitários, acrescentando que, homens de uma forma geral tendem
a subestimar seu tamanho e forma corporal, enquanto mulheres tendem à superestimação.
Considerando que o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) possa gerar resultados
falsos positivos (elevada massa muscular e óssea, baixo percentual de gordura) e falsos
negativos (baixa massa muscular e óssea, elevado percentual de gordura) (NEVILL et al.,
2006), pesquisadores em imagem corporal, há alguns anos, passaram a considerar a
morfologia humana pautada também na muscularidade, densidade óssea e estatura, ou seja, o
somatotipo (LYNCH; ZELLNER, 1999; BENSON et al., 1999; HILDEBRANDT;
LANGENBUCHER; SCHLUNDT, 2004; PULVERS et al., 2004; CAFRI; THOMPSON,
2004; PEDRETI, 2008). Todavia, esse parâmetro vem sendo comumente usado na elaboração
de instrumentos e não enquanto variável correlacionada à precisão da percepção de forma e
tamanho do corpo.
Assim, a presente pesquisa teve como objetivo identificar a influência do perfil
somatotípico no comportamento e tendência perceptiva relativa ao próprio corpo (em função
do eixo de apresentação da imagem: frontal e lateral) e ao corpo de pessoas desconhecidas
(em função do perfil somatotípicos destas). Acredita-se que mulheres prioritariamente
endomorfas e mesomorfas tendem à superestimação corporal enquanto mulheres centrais e
ectomorfas sejam mais acuradas independente do eixo de visualização e que isso não se
estende ao corpo desconhecido para nenhum dos grupos.

Metodologia
Aspectos éticos
Esta pesquisa teve aprovação no Comitê de Ética da Universidade Estadual Paulista-
Campus de Rio Claro/SP, protocolo 298 e decisão 071/2012. Os participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido tendo ciência do que trata o estudo.
Participantes
A seleção das participantes foi baseada no cadastro de estudantes de graduação do
sexo feminino do campus de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista/UNESP, a partir do
94

qual foi realizado cálculo amostral para população finita, estratificado por curso por meio da
seguinte fórmula: N= (Zα/2σ| E)2 .Onde: N = Número de indivíduos na amostra, Z α/2 = Valor
crítico que corresponde ao grau de confiança desejado, σ =Desvio-padrão populacional da
variável estudada e E = Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Optamos pelo grau de
confiança de 90%, sendo o α de 0,10 e o valor crítico (Z α/2) correspondente de 1,96. Para
correção do tamanho da amostra utilizaremos a fórmula: N *= n/1+n/N. Onde: N*= amostra
corrigida, n= amostra obtida pela primeira fórmula e N = tamanho da população. Resultando
assim, em amostra de 142 mulheres, distribuídas nos cursos: Engenharia Ambiental (n=14),
Ciências Biológicas (n=27), Ciências da Computação (n=7), Ecologia (n=21), Educação
Física (n=19), Física (n=8), Geografia (n=14), Geologia (n= 4), Matemática (n=9) e
Pedagogia (n=19). Como critérios de exclusão foram controlados os seguintes parâmetros: a)
ter realizado exercício físico menos de três horas antes do teste; b) ter passado por situações
atípicas (insônia ou sono alterado) na noite anterior ao teste, e c) ter passado por algum evento
estressante (mau-humor, ansiedade, deprimida, triste, eufórica, dores musculares, tensão pré-
menstrual) no dia do teste; d) não possuir o IMC dentro da amplitude de 16,5 a 40 Kg/m2,
aceitando até 2 pontos de IMC para limite superior e inferior; e) não ter compreendido a
tarefa.
Os itens de a-c foram avaliados por meio de anamnese no momento da coleta, sendo
necessário obter resposta negativa em todos. O item d foi verificado por meio do cálculo do
IMC e o item e foi por meio de tarefa-teste prévia ao procedimento experimental. Houve um
caso de participante com 16,2 Kg/m2 (0,3 pontos de IMC abaixo do limite inferior) e outro
41,7 Kg/m2 (1,7 pontos de IMC acima do limite superior). Portanto, não foi necessário
descarte amostral nesse caso. Todavia, houve descarte de 23 mulheres por não entendimento
das tarefas, configurando um quadro de 119 participantes (21,7±2,8 anos). Estas foram
classificadas conforme o perfil somatotípico: central (GC, n=2), endomorfo (GEN, n=84)
mesomorfo (GM, n=20) e ectomorfo (GEC, n=13).
Instrumentos e procedimentos
Materiais utilizados: balança de plataforma (Tannita, digital, precisão de 0,1 kg),
estadiômetro com cabeçal móvel (Sanny, precisão 1 cm), fita métrica flexível (Sanny,
precisão 1 cm), adipômetro (Sanny, precisão 1mm), máquina fotográfica (Sony Cyber Shott);
notebook (HP, modelo Pavilion, tela de 14 polegadas), software de manipulação de imagens
Photoshop CS3 Extended (adobe®).
Avaliação antropométrica
95

O IMC foi mensurado conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde


(WHO, 1995): razão entre peso/ (estatura)2. Para mensuração do somatotipo foi utilizado o
protocolo de Heath-Carter (CARTER, 2002) no qual são necessárias dez medidas: estatura em
extensão máxima, peso corporal, quatro dobras cutâneas (DC) (tríceps, supraespinhal,
subescapular e panturrilha medial), dois diâmetros ósseos (biepicondilar de úmero e fêmur),
dois perímetros (braço flexionado em contração máxima e panturrilha).
Avaliação da imagem corporal
Captura da foto da participante
As participantes foram fotografadas de corpo inteiro de frente e de lado, pernas
afastadas na largura do quadril, trajando bermuda e camiseta sem manga na cor preta com
tecido aderente (lycra) a fim delinear o corpo. Os mesmos procedimentos foram realizados na
captura da imagem de quatro mulheres representantes dos perfis somatotípicos: central,
endomorfo, mesomorfo e ectomorfo (Imagem do Corpo Desconhecido – ICD).
Tarefa 1 – Estimação de Magnitude
Optou-se por 8 (7 imagens distorcidas e imagem real) estímulos compreendidos no
intervalo de 16,5 Kg/m²>IMC< 40 kg/m², onde os valores correspondem a magreza e
obesidade extrema (WHO, 1995), respectivamente. O IMC de cada pessoa foi transformado
em porcentagem, por exemplo, para calcular o primeiro valor de estímulo de uma pessoa com
IMC 20 Kg/m² realiza-se uma regra de três simples: 20 Kg/m² corresponderá a 100% e 16,5
Kg/m² (limite inferior padronizado do intervalo) é a incógnita a qual encontraremos o valor de
82,5%, portanto, este é primeiro estímulo em porcentagem. O mesmo processo é realizado
para encontrar o último estímulo, o limite superior (IMC 40 Kg/m²). Considerando que a
relação sensação-estímulo obedece à lei logarítmica, convertemos os valores em porcentagem
para logaritmos para que sejam encontrados os demais estímulos.
A razão de incremento (r), quantidade mínima necessária para que a diferença seja
perceptível, foi calculada a partir da equação: Sf = Si + (n-1)r (DA SILVA; MACEDO,
1983). Onde Sf é o valor do estímulo final (40 Kg/m²), Si é o valor do estímulo inicial (16,5
Kg/m²), n é número de estímulos. O valor de incremento de distorção de uma silhueta para
outra corresponde a 0,064 Kg/m², o equivalente a 1,57%. Conhecidos os valores iniciais e
razão de incremento é possível calcular os demais estímulos, que são convertidos em
porcentagem, por meio do cálculo do seu anti-log, indicando o valor de distorção para cada
silhueta. A imagem real foi tratada no software Photoshop CS3 Extended (adobe®) compondo
os 7 estímulos distorcidos. O mesmo procedimento foi realizado para as quatro mulheres
desconhecidas às participantes (Imagem do Corpo Desconhecido – ICD).
96

Foi utilizada a tarefa psicofísica Estimação de Magnitudes com presença de módulo


(estímulo padrão de referência com valor pré-estabelecido) por meio da qual o sujeito deve
emitir estimativas numéricas diretas da magnitude perceptual produzida por cada estímulo
apresentado, o que irá refletir a impressão subjetiva do mesmo (DA SILVA; RIBEIRO-
FILHO, 2006). A avaliada sentada à frente do monitor visualizou duas imagens emparelhadas
lado a lado: uma padrão com valor fixo de 100 (à esquerda do observador) e outra distorcida
(à direita do observador) sendo instruída da seguinte forma: “Se esse estímulo padrão é igual
a 100, quanto vale esse próximo estímulo?”. Cada participante realizou a tarefa ao visualizar
seu próprio corpo de frente e perfil (Imagem do Próprio Corpo – IPCF e IPCL) e de quatro
mulheres desconhecidas a ela (Imagem do Corpo Desconhecido - ICD) de frente. A ordem
dos estímulos foi randomizada, a fim de evitar ancoragem na imagem anterior, provocando o
erro de antecipação (GARDNER, 2011).
Para mensuração do comportamento perceptivo utilizamos a Lei de Stevens que
descreve a relação entre a magnitude física do estímulo e o julgamento perceptivo do mesmo,
conforme a equação: R = K.En. Onde R é a magnitude de julgamento subjetivo, K representa a
constante escalar arbitrária (dependente da unidade de medida), E o valor físico do estímulo e
n é o expoente que determina a inclinação da reta (descrevendo aumento geométrico),
indicando, portanto, o índice de sensibilidade perceptiva (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO,
2006). Sendo assim, se n for igual a 1 a função segue uma tendência linear: a magnitude da
sensação numericamente mensurada varia diretamente com intensidade do estímulo, o que
indica constância perfeita. Caso o expoente seja menor que 1, a sensibilidade relativa é menor
que aquela do contínuo numérico, indicando tendência à subconstância perceptiva. Por outro
lado, se n for maior que 1 indica superconstância perceptiva. Dessa forma o expoente n
servirá como parâmetro na avaliação da sensibilidade perceptiva do tamanho e forma
corporal. O coeficiente de determinação (r2) gerado pela mesma equação indica que a
resposta pode ser explicada, em quase sua totalidade pelo estímulo, sendo que quanto mais
próximo de 1 melhor é a relação estímulo-resposta. Como valores discrepantes indicam o não
entendimento da tarefa, foram excluídos os sujeitos que obtiveram r2 menor que 0,5.
Tarefa 2 – Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito (ESPS)
Para verificação da percepção corporal utilizamos a Escala de Silhuetas do Próprio
Corpo - ESPS (validade convergente: rho=0,81, p<0,0001; validade de critério: rho=0,87,
p<0,0001; fidedignidade: rho=0,77, p<0,0001) a qual inclui a imagem real do avaliado, sendo
apresentada às participantes na tela de notebook com a instrução: “escolha a silhueta que
melhor representa seu corpo atual”. A ESPS gera um índice de percepção que corresponde à
97

discrepância entre silhueta percebida e real (LIECHTY, 2010). A amplitude das respostas da
ESPS está compreendida entre -7 (sete negativos) e +7 (sete positivos) unidades arbitrárias. O
valor zero correspondente à precisão na percepção corporal. Qualquer número diferente de
zero indica imprecisão, sendo os valores positivos correspondentes à superestimação do
tamanho corporal, e valores negativos à subestimação do tamanho corporal.

Análise dos dados


Tarefa 1
A análise descritiva dos dados foi expressa em valores de média e desvio padrão.
Como as variáveis não atenderam aos pressupostos da análise paramétrica por não se
enquadrarem no sistema Gaussiano de distribuição verificado pelo teste Shapiro-Wilk (p <
0,05), e apresentaram outliers, procedemos à análise não paramétrica, utilizando o teste
Kruskal-Wallis para análise de variância em função das variáveis analisadas para determinar
se a acurácia das dimensões da imagem do próprio corpo de frente (IPCF), imagem do
próprio corpo de lado (IPCL) e a respeito da imagem do corpo desconhecido (ICD)
diferenciam-se conforme o perfil somatotípico. Os valores expressos em expoente (n) e
coeficiente de determinação (r2) referem-se à acurácia e relacionamento estímulo-resposta,
respectivamente, para cada uma das variáveis acima. Os valores de n e r2 foram emparelhados
ao valor 1,0 (valor de n e r2 reais) e analisados pelo teste Mann-Whitney para amostras
independentes com objetivo de identificar a tendência perceptiva (constância, subconstância e
superconstância). Além disso, foi realizada verificação de correlação da acurácia perceptiva
(n) do próprio corpo de frente e lado por meio do teste de Spearman.
Tarefa 2
Foi realizada análise descritiva dos dados expressa em frequência relativa e absoluta.
Procedemos ao teste Qui-quadrado para verificar associação entre as variáveis categóricas:
somatotipo e percepção do corpo na visão frontal e lateral: escala de silhuetas do próprio
sujeito frente (ESPSF) e escala de silhuetas do próprio sujeito lado (ESPSL), na sequência a
correlação entre estas foi verificada de teste de Spearman.
Todas as análises foram realizadas no software SPSS, v. 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL,
USA) com valor de significância estabelecido em 5%.

Resultados
Tarefa 1
Comportamento perceptivo
98

Imagem do próprio corpo – IPC


Os dados descritivos são apresentados na Tabela 1, onde é possível verificar que,
valores de expoente (n) são semelhantes para visualização do corpo de frente (IPCF) e lado
(IPCL) entre os grupos GC, GEN e GM. Já GEC apresentou valor de n menor para IPCL. De
forma geral, GEN e GEC (exceto pela visualização lateral) são mais acurados (n mais
próximo de 1), enquanto GC apresenta subconstância (n <1) e GM superconstância (n >1).
Todavia, não houve diferenças significativas para as variáveis por grupo: IPCF (H (3) = 2,4;
p=0,5); IPCL (H (3) = 4,4; p=0,7). Em suma, não houve interação de grupo em função do
perfil somatotípico e em função do eixo de visualização da imagem. Além disso, houve
relacionamento significante e positivo entre a percepção do corpo de frente e lado (rho=0,6,
p=0,001) indicando que tais condições assemelham-se.
Imagem do corpo desconhecido – ICD
Na Tabela 1 é possível entender que, ao visualizar imagens de 4 corpos desconhecidos
(ICD), às imagem endomorfa (ICD ENDO) e mesomorfa (ICD MESO) foram atribuídos
valores maiores, gerando portanto, expoente maiores para GEN, GEC e GM, já GC
apresentou subconstância. Quando mulheres ectomorfas (ICD ECTO) e centrais (ICD CENT)
foram visualizadas, todos os grupos sem exceção apresentaram expoentes menores. Não
houve diferenças significativas para a maioria dos grupos para nenhuma das variáveis: ICD
ENDO (H (3) = 2,6; p=0,5); ICD MESO (H (3) = 4,4; p=0,2); ICD CENT (H (3) = 2,7;
p=0,4). A exceção está na visualização do corpo ectomorfo - ICD ECTO (H (3) = 8; p=0,034)
onde foi encontrada diferença significativa entre grupos. Para realização do teste Post Hoc
utilizamos a correção de Bonferroni conforme as orientações de Field (2009). Optamos por
comparar todos os grupos contra o grupo o grupo que apresentou valor mais discrepante (GC),
assumindo assim o valor crítico de 0,0167 (0,05/3 comparações). Contudo, esse procedimento
não foi capaz de identificar a diferença entre grupos. Em suma, não houve efeito de grupo na
percepção do corpo desconhecido (ICD) em função do perfil somatotípico do mesmo.
Relação estímulo-resposta e tendência perceptiva – IPC e ICD
Não foi apresentada diferença significante entre os grupos para valores de coeficiente
de determinação (r2), os mesmos estão apresentados na Tabela 1. Os valores médios de r2
para todas as tarefas ficaram em torno de 0,9, sendo possível inferir que para esta amostra
90% das respostas são explicadas, ao menos em parte, pela variação de estímulos.
99

Tabela 1: Valores de expoente (n) e Coeficiente de Determinação (r2) – Média e desvio padrão

Grupos
Variáveis
dependentes GC GEC GEN GM TOTAL
n r2 n r2 n r2 n r2 n r2
0,7414 0,935626 1,0003 0,892213 1,0991 0,913550 1,1316 0,935786 1,0814 0,915327
IPCF*
79 ±0,3 ±0,005 17±0,4 ±0,07 65±0,4 ±0,09 22±0,4 ±0,04 95±0,3 ±0,08
0,7351 0,960243 0,7835 0,817447 1,0199 0,905847 1,1378 0,900336 1,0104 0,896178
IPCL**
60±0,2 ±0,02 88±0,4 ±0,2 49±0,3 ±0,09 24±0,4 ±0,05 18±0,4 ±0,12
ICD*** 1,1727 0,9619 1,5013 0,901370 1,3307 0,867609 1,3013 0,876828 1,3211 0,874432
ENDO 98±0,2 2±0,05 95±0,5 ±0,06 11±0,5 ±0,1 14±0,5 ±0,1 95±0,5 ±0,09
0,8977 0,8381 1,4705 0,848748 1,1610 0,829378 1,2416 0,869395 1,2075 0,838367
ICD MESO
2±0,07 7±0,05 04±0,5 ±0,06 58±0,4 ±0,1 32±0,7 ±0,06 77±0,4 ±0,09
0,3750 0,8452 0,8804 0,895660 0,6743 0,889018 0,5985 0,849598 0,6724 0,882383
ICD ECTO
9±0,05 9±0,06 24±0,3 ±0,08 90±0,2 ±0,09 30±0,3 ±0,1 64±0,3 ±0,09
0,5217 0,8893 0,9227 0,873031 0,7976 0,914773 0,7212 0,896177 0,7964 0,906660
ICD CENT
61±0,1 ±0,005 23±0,5 ±0,07 80±0,6 ±0,09 36±0,2 ±0,04 85±0,6 ±0,07
Fonte: próprio autor (2014). *Imagem do Próprio Corpo Frente** Imagem do Próprio Corpo Lado*** Imagem do Corpo
Desconhecido

A partir do emparelhamento dos valores de n ao valor real 1 foi possível identificar


que a tendência perceptiva para as tarefas com o próprio corpo (IPCF e IPCL) apenas o GEC
exibiu diferença significativa, tendendo à subconstância perceptual (n<1) para visualização do
corpo de lado (Tabela 2). Já para as tarefas com o corpo desconhecido (ICD’s), GEC, GEN e
GM apresentaram superconstância perceptual (n>1) na visualização de uma pessoa
endomorfa. O mesmo ocorreu para o GEN ao visualizar uma pessoa mesomorfa. Por fim,
GEC, GEN e GM em tarefa com os modelos ectomorfo e central, exibiram subconstância
perceptual (n<1) (Tabela 2).

Tabela 2: Valores de média e desvio padrão dos expoentes (n) nas tarefas de estimação de magnitude
Grupos
Variáveis
dependentes GC GEC GEN GM
n p n p n p n p
0,7414 1,0003 1,0991 1,1316
IPCF* 0,09 0,09 0,2 0,5
79 ±0,3 17±0,4 65±0,4 22±0,4
0,7351 0,7835 1,0199 1,1378
IPCL** 0,07 0,01* 0,7 0,5
60±0,2 88±0,4 49±0,3 24±0,4
ICD*** 1,1727 1,5013 1,3307 1,3013
0,08 0,002* 0,001* 0,006*
ENDO 98±0,2 95±0,5 11±0,5 14±0,5
0,8977 1,4705 1,1610 1,2416
ICD MESO 0,07 0,09 0,003* 0,2
2±0,07 04±0,5 58±0,4 32±0,7
0,3750 0,8804 0,6743 0,5985
ICD ECTO 0,07 0,01* 0,001* 0,001*
9±0,05 24±0,3 90±0,2 30±0,3
0,5217 0,9227 0,7976 0,7212
ICD CENT 0,08 0,09 0,001* 0,0001*
61±0,1 23±0,5 80±0,6 36±0,2
* Diferença significativa em relação ao expoente (n) verdadeiro 1 (p < 0,05)

Tarefa 2
A análise descritiva dos dados está apresentada na Tabela 3 e exibe inacurácia
perceptiva em mais da metade da amostra. Não houve associação estatisticamente significante
entre as variáveis tanto para a ESPSF χ2 (6) = 7,805 (p = 0,25), quanto para ESPSL χ2 (6) =
4,729 (p = 0,579). Isso faz com que a hipótese nula de independência entre estrutura física
100

(somatotipo) e percepção corporal seja aceita, portanto, elas não possuem nenhuma relação.
Ademais, houve relacionamento significante e positivo entre a percepção do corpo de frente e
lado (rho=0,63, p=0,001), demonstrando que a percepção independe do eixo de visualização.

Tabela 3: Frequência relativa e absoluta acurácia perceptiva

Variáveis n %

Índice de percepção do próprio corpo – ESPS* Frente


Acurada 43 36,13
Subestima a imagem 10 8,4
Superestima a imagem 66 55,46

Índice de percepção do próprio corpo – ESPS* Lado


Acurada 38 31,92
Subestima a imagem 16 13,44
Superestima a imagem 65 54,62
*Escala de Silhuetas do Próprio Sujeito

Discussão
Este estudo objetivou identificar relações entre o perfil somatotípico, comportamento e
tendência perceptiva relativa ao próprio corpo (em função do eixo de apresentação da
imagem: frontal e lateral) e ao corpo de pessoas desconhecidas (em função do perfil
somatotípicos destas). Para tanto, realizamos duas tarefas perceptivas que envolvessem a
própria imagem da participante (STEWART al., 2012; GARDNER; BROWN, 2010b) e
basicamente buscamos responder três questões: 1) houve efeito de grupo em ambas as tarefas?
2) houve efeito do eixo de visualização da imagem em ambas as tarefas? e 3) qual o
comportamento perceptivo relativo a corpos desconhecidos?
Contrariando nossa hipótese, o perfil somatotípico, aparentemente, não foi
determinante na estimação do próprio corpo em nenhuma das tarefas, o que implica dizer que
nessa amostra a forma corporal não interferiu no comportamento perceptivo das mulheres.
Cornelissen et al. (2013) ao revisarem pesquisas acerca da dimensão perceptiva também
identificaram que esse aspecto não se correlaciona com a estrutura física do observador. No
caso, verificaram a influência do IMC na percepção de mulheres com e sem anorexia, e
constataram que a superestimação teve mais relação com aspectos atitudinais do que com o
percepto. Outra explicação provém do viés neurológico, pesquisas em pessoas anoréxicas com
distorções na percepção corporal, vêm demonstrando anormalidades no tecido neural
(TITOVA et al., 2013), alterações na atividade do lobo parietal inferior, além de redução do
volume cerebral na região da ínsula, hipocampo e giro fusiforme, o que não ocorre em
101

amostras não clínicas (BROOKS et al., 2011; PIETRINI et al., 2011; GAUDIO;
QUATTROCCHI, 2012) como a nossa.
Todavia, embora na tarefa 1 a tendência geral aponte para super-constância perceptual,
esta ainda é leve, uma vez que os valores estão bem próximos de 1. Por outro lado, na tarefa 2
é possível identificar que mais da metade da amostra superestima seu tamanho corporal.
Apesar de não ter sido escopo desse estudo verificar efeito entre tarefas, é possível
compreender que na segunda tarefa há um componente atitudinal embutido na questão
“escolha a silhueta que corresponde com seu corpo atual”, diferentemente de quando é
solicitado atribuir valor numérico a imagem. Stewart et al. (2012) em sua pesquisa
encontraram que grupos de anoréxicas e controle não diferem quanto a acurácia perceptiva a
alteração é de cunho atitudinal. Gardner e Brown (2010b) reforçam que aspectos atitudinais e
perceptivos são independentes um do outro, especialmente em amostras não clínicas, e que
avaliações com escalas de silhuetas induzem à superestimação. Portanto, os resultados devem
ser interpretados com cautela, pois, podem ser dependentes da tarefa, uma vez que conforme o
que for questionado ao participante, haverá maior contribuição perceptiva e/ou atitudinal
(CORNELISSEN et al., 2013).
Ao investigarmos o eixo de visualização da imagem verificamos que ver-se de frente e
de lado estão correlacionados. Esse resultado está em consonância com a pesquisa de
Urdapilleta et al. (2010) na qual avaliaram a percepção de nadadores e encontraram apenas
efeito de sexo: mulheres não alteram sua percepção conforme o eixo, porém homens sim. Por
outro lado, Hashimoto e Iriki (2013) em estudo com amostra não clínica detectaram ativação
neural em áreas diferentes na percepção corporal conforme os planos frontal e sagital. Os
autores sugerem que a manifestação dessa diferenciação se dê com envolvimento de aspectos
atitudinais e perceptivos.
Convém destacar que o grupo ectomorfo exibiu diferença significativa, tendendo à
subconstância perceptual (n<1) para visualização do corpo de lado. Contudo, acreditamos que
essa diferença seja explicada pela especificidade da tarefa: Cornelissen et al. (2013) destacam
que métodos de distorção em vídeo alteram o corpo apenas na horizontal, o que não condiz
com a alteração real da forma do ser humano. Além disso, os autores sugerem que tamanhos
muito maiores que a referência tendem a ser subestimados. Como o perfil ectomorfo já é
caracterizado pelo sujeito longilíneo, e isso é evidenciado ainda mais na visão lateral,
acreditamos que a manipulação dessa imagem possa ter se distanciado da realidade corporal.
Ao avaliarem mulheres desconhecidas as participantes (exceto GC) exibiram tendência
à super-constância perceptual (n>1) ao visualizarem a modelo endomorfa, e sub-constância
102

perceptual (n<1) ao visualizarem mulheres de perfis central e ectomorfo. Destacamos


também que a modelo de perfil mesomorfo foi superestimada apenas pelas participantes
endomorfas. Sabemos que há áreas neurais específicas que são ativadas para percepção do
próprio corpo e corpo de outra pessoa (HASHIMOTO; IRIKI, 2013) e que existe uma
categoria cognitiva referente a características físicas de ambos (BERLUCCHI; AGLIOTI,
2010). Contudo estas variáveis não foram aqui avaliadas. Por outro lado, a literatura nesse
aspecto tem focado no quesito atratividade, evidências demonstram que é a esse conceito que
as pessoas se apoiam ao estimarem a estrutura física do outro, ainda que do mesmo sexo
(BATESON et al., 2014; GEORGE et al., 2011; CORNELISSEN et al., 2009), sendo o IMC
ainda maior preditor de atratividade (STEPHEN; PERERA, 2014).
A pesquisa de George et al. (2011) comparou a percepção de mulheres anoréxicas e
grupo controle a respeito de modelos com diferentes IMCs. Os autores destacaram que
enquanto mulheres com transtornos alimentares fixam seu olhar em regiões amplas aos
inspecionar os corpos, o grupo controle foca a atenção apenas na região do estômago. E
justamente por isso os autores encontraram que o IMC foi o principal preditor de atratividade.
Esses dados podem ajudar a explicar nossos resultados na medida em que entendemos que
nossa amostra é não clínica e, possivelmente, ao focar na silhueta, contrariando os achados de
Cornelissen et al. (2013), tamanhos muito maiores que a referência foram superestimados
enquanto que tamanho muito menores foram subestimados.
Bateson et al. (2014) demonstraram que amostras não clínicas focam seu olhar na
região abdominal na avaliação de outra pessoa. Isso reforça a nossa crença de que ao solicitar
que as participantes verificassem metricamente corpos desconhecidos, elas passaram a encará-
los como grupos e não como indivíduos. Tal fato, explicam os autores, faz com que o
tamanho da pessoa avaliada emparelhada a uma referência faça toda diferença.
É possível inferir que processos de comparação social possam desencadear alterações
de imagem corporal mais relacionada aos aspectos atitudinais (BATESON et al., 2014) não
avaliados aqui. Provavelmente alterações na dimensão perceptiva sejam condições extremas e
patológicas (LIECHTY, 2010), não comumente verificadas em amostras não clínicas, mas
que merecem tal atenção. Estamos conscientes das limitações envolvidas nessa pesquisa, a
começar pela amostra reduzida e o desequilíbrio numérico entre os grupos, bem como a
avaliação apenas do sexo feminino. Além disso, vários aspectos da metodologia precisam ser
lapidados, inicialmente pela ausência da tridimensionalidade na visualização da imagem e a
distorção apenas na horizontal. Todavia, pesquisar a dimensão perceptiva é um desafio
103

(TURTON et al., 2013) na mesma proporção em que é necessária sua investigação, bem como
exploração de novas propostas metodológicas acessíveis e práticas.

Considerações finais
A presente pesquisa demonstrou que o perfil somatotípico não influenciou a dimensão
perceptiva das avaliadas. Porém, os resultados merecem cuidado na interpretação, uma vez
que estes foram diferentes em ambas as tarefas. É possível que a condução da ESPS tenha
incrementado um componente afetivo que motivou superestimação corporal em mais da
metade da amostra. Em contrapartida, aparentemente isso não ocorreu na tarefa de estimação
de magnitude. Já na avaliação do corpo de mulheres desconhecidas houve tendência de
acentuação dos extremos, superestimar tamanhos corporais maiores e subestimar os menores.
O estudo da dimensão perceptiva na população brasileira ainda é bastante insipiente
dificultando intervenções em amostras clínicas e não clínicas. Nossas práticas ainda são
baseadas em estudos realizados em outras populações com características físicas e culturais
diferentes das nossas. Assim, esta pesquisa forneceu, ainda que de forma preliminar, uma
estratégia metodológica e informações a respeito do comportamento perceptivo de mulheres
universitárias, que podem auxiliar em pesquisas futuras.

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107

8.5 Artigo III: Percepção tridimensional e dinâmica e estática do corpo

Resumo
O objetivo dessa pesquisa foi analisar e verificar a influência do somatotipo no
comportamento e tendência perceptiva de mulheres em tarefas de visualização da imagem
estática e dinâmica do próprio corpo, bem como na visualização de modelos desconhecidos a
elas. Participaram 142 mulheres (21,81± 3,014 anos) submetidas à avaliação do Índice de
Massa Corporal e do somatotipo, conforme protocolos da Organização Mundial da Saúde e
Heath-Carter, respectivamente. Para avaliação da percepção da imagem estática foi utilizada a
Escala de Silhuetas do Próprio Corpo (ESPS) e para percepção da imagem dinâmica foi
utilizada a tarefa psicofísica de Estimação de Categorias. Esta última em duas condições:
próprio corpo e corpo de 4 modelos desconhecidas. Procedemos ao teste não paramétrico
Kruskal-Wallis para análise de variância em função das variáveis analisadas. Os valores
referentes à percepção da imagem dinâmica e estática foram emparelhados ao valor zero (total
acurácia) e analisados pelo teste Mann-Whitney para verificação da tendência perceptiva. Foi
realizada correlação de Spearman para detectar associações entre as variáveis. Para verificar
associação entre as variáveis categóricas (somatotipo e ESPS) foi aplicado teste Qui-
Quadrado. Concluímos que o perfil somatotípico não influenciou a percepção da imagem
estática e dinâmica do próprio corpo, bem como do corpo desconhecido. Ademais, ver-se em
imagem estática não se correlaciona com ver-se em movimento, indicando que tais
processamentos perceptivos são diferentes e independentes da forma corporal.
Palavras-chave: Imagem Corporal. Dimensão perceptiva. Imagem estática. Imagem
Dinâmica. Somatotipo.

Abstract
The aim of this research was to analyze and verify the influence of somatotype on behavior
and perceptual trend of women in visualization tasks of static and dynamic image of their own
body as well as the visualization of models unknown to them. The sample included 142
undergraduate female students (21.81 ± 3.014 years) who underwent to assessment of Body
Mass Index and somatotype, according to the World Health Organization and Heath-Carter
protocols, respectively. To evaluate the perception of static image it was used the Self Subject
Silhouettes Scale (ESPS) and for dynamic image perception it was used the psychophysical
task of Estimation of Categories. This last one was performed in two conditions: own body
image and body of the 4 unknown models. We proceeded to the Kruskal-Wallis
nonparametric analysis of variance test due to the analyzed variables. The values on the
perception of dynamic and static image were matched to zero (total accuracy) and analyzed
by Mann-Whitney test to check the perceptual tendency. Spearman correlation was performed
to detect associations between variables. To assess the association between categorical
variables (somatotype and ESPS) it was applied Chi-Square. We concluded that
somatotypical profile did not influence the perception of static and dynamic body's own
image as well as the unknown body. Furthermore, look to yourself in the static image is not
correlated with watching yourself in moving, indicating that these perceptual processes are
different and independent of body shape.
Keyword: Body image. Perceptive dimension. Static image. Dynamic Image. Somatotype
108

Introdução
A consciência corporal implica em perceber, conhecer e avaliar o próprio corpo e o de
outras pessoas (BERLUCCHI; AGLIOTI, 2010). A percepção das dimensões corporais
envolve a capacidade de estimar o tamanho corporal (CORNELISSEN et al., 2013), sendo
elaborada e atualizada a partir da interação entre fatores sensoriais (tato, visão, cinestesia) e
não sensoriais (crenças, sentimentos e pensamentos) (THOMPSON; GARDNER, 2002;
MCCABE et al. 2006), processo que ocorre, na maioria das vezes, com a experiência do
movimento (GINIS et al., 2014).
Segundo Berlucchi e Aglioti (2010), se olharmos pela perspectiva neurocientífica essa
questão resume-se em entender as mensagens que o cérebro recebe do resto do corpo e como
elas são integradas e organizadas para execução de tarefas. No entanto, esclarecem os autores,
tais mecanismos são capazes de perceber e reconhecer a estrutura e movimentos de outros
indivíduos no intuito de interpretar gestos e ações para comunicação social. Assim, é possível
que haja uma categoria cognitiva que inclua tanto características específicas do próprio corpo
quanto de corpos de outras pessoas. Tal diferenciação é importante uma vez que a capacidade
refinada do ser humano em captar e detalhar a ação e linguagem corporal do outro lhe
proporcionará interações sociais mais eficazes (VANGENEUGDEN et al., 2014; ROCHÉ et
al., 2013; MILLER, SAYGIN; 2013).
O movimento do corpo humano revela uma série de atributos como peso corporal
(LAUSBERG; VON WIETERSHEIM; FEIREIS, 1996), estados emocionais (POLLICK et
al., 2001), sexo (HILL; JOHNSTON, 2001), identidade (TROJE; WESTHOFF; LAVROV,
2005) e possivelmente noções de proporcionalidade da morfologia corporal (CAZZATO et
al., 2012; O’TOOLE et al., 2011; VOCKS et al., 2007). Todavia, embora tais aspectos sejam
importantes na elaboração da imagem corporal, grande parte das avaliações da dimensão
perceptiva é realizada com visualização das imagens estáticas e bidimensionais como, por
exemplo, as escalas de silhuetas (LEGENBAUER et al., 2011; VOCKS et al., 2007).
Estudos em pacientes com transtorno de compulsão alimentar periódica
(LEGENBAUER et al., 2011) e bulimia (VOCKS et al., 2007) são exemplos dentre as poucas
pesquisas que investigaram a percepção do corpo sob a perspectiva estática e dinâmica no
contexto da imagem corporal. Legenbauer et al. (2011) e Vocks et al. (2007) utilizaram a
técnica de distorção de movimento, na qual os participantes visualizam um continuum de 15
pontos de luzes brancas em fundo preto exibidos em computador. A partir disso, geraram uma
figura andando no plano frontal. Após sua visualização foram feitas as seguintes perguntas:
“com qual imagem você realmente se parece?”; “com qual imagem você acha que se
109

parece?” e “com qual imagem você gostaria de parecer?”. Em ambos os estudos os sujeitos
acometidos por desordens alimentares apresentaram maior superestimação para imagem
dinâmica do que para a imagem estática, quando comparados com o grupo controle.
Esses achados demonstram a importância de incluir nas avaliações perceptivas o
componente dinâmico. Nesse tocante, há uma questão prática que se refere à percepção da
simetria e proporcionalidade corporal: estes são aspectos avaliados, ainda que de forma
inconsciente, quando se trata de beleza e estética corporal, assuntos pertinentes ao contexto da
imagem corporal (NEVILL et al., 2004).
Tendo como ponto de partida as questões levantadas por Legenbauer et al. (2011) e
Vocks et al. (2007), este estudo teve como objetivo analisar o comportamento perceptivo de
indivíduos de amostra não clínica em tarefas de visualização da sua imagem estática e
dinâmica, e se esta é influenciada pela estrutura corporal (somatotipo). Além disso, buscou-se
identificar se a qualidade perceptiva se estende para avaliação do corpo de outras pessoas com
perfis somatotípicos distintos. Nossa premissa é a de que mulheres endomorfas e mesomorfas
tenham maior tendência à distorção da percepção da visualização da imagem para todas as
tarefas (dinâmica e estática) e suas respectivas condições (próprio corpo, corpo
desconhecido).

Metodologia
Aspectos éticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual Paulista-
Campus de Rio Claro/SP, sob o protocolo de número 298 e decisão de número 071/2012 e
assinatura dos participantes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Participantes
A seleção dos participantes foi baseada no cadastro de estudantes de graduação do
sexo feminino do campus de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista/UNESP, a partir do
qual foi realizado cálculo amostral para população finita, estratificado por curso por meio da
seguinte fórmula: N= (Zα/2σ| E)2. Onde: N = Número de indivíduos na amostra, Z α/2 = Valor
crítico que corresponde ao grau de confiança desejado, σ =Desvio-padrão populacional da
variável estudada e E = Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Optamos pelo grau de
confiança de 90%, sendo o α de 0,10 e o valor crítico (Z α/2) correspondente de 1,96. Para
correção do tamanho da amostra utilizaremos a fórmula: N *= n/1+n/N. Onde: N*= amostra
corrigida, n= amostra obtida pela primeira fórmula e N = tamanho da população. Assim,
fizeram parte da pesquisa 142 mulheres (21,81± 3,014 anos) dos cursos: Engenharia
110

Ambiental (n=14), Ciências Biológicas (n=27), Ciências da Computação (n=7), Ecologia


(n=21), Educação Física (n=19), Física (n=8), Geografia (n=14), Geologia (n= 4), Matemática
(n=9) e Pedagogia (n=19). Os participantes foram classificados em quatro grupos: central
(GC, n=2), endomorfo (GEN, n=104) mesomorfo (GM, n=20) e ectomorfo (GEC, n=16).
Instrumentos e procedimentos
Foram utilizados os seguintes materiais: balança de plataforma (Tannita, digital,
precisão de 0,1 kg), estadiômetro com cabeçal móvel (Sanny, precisão 1 cm), fita métrica
flexível (Sanny, precisão 1 cm), adipômetro (Sanny, precisão 1mm), máquina fotográfica
(Sony Cyber Shott); notebook (HP, modelo Pavilion, tela de 14 polegadas).
Avaliação antropométrica
O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado meio da razão entre peso/ (estatura)2
(WHO, 1995). Para mensuração do somatotipo são necessárias dez medidas: estatura, peso
corporal, quatro dobras cutâneas (tríceps, supraespinhal, subescapular e panturrilha medial),
dois diâmetros ósseos (biepicondilar de úmero e fêmur), dois perímetros (braço flexionado em
contração máxima e panturrilha) (CARTER, 2002).
Captura da imagem
As participantes foram fotografadas de frente e de lado e filmadas de um ângulo que
permitisse visualizá-las de frente, de perfil e de costas, caminhando por uma extensão de 3
metros. Foi solicitado a elas que estacionassem a caminhada por 3 segundos em cada uma
dessas posições. A vestimenta padrão foi bermuda e camiseta sem manga na cor preta com
tecido aderente (lycra). Foram filmadas 4 mulheres (desconhecidas às participantes)
representantes das categorias somatotípicas: endomorfo, mesomorfo e ectomorfo e central.
Avaliação da imagem corporal
Tarefa 1 – Percepção da imagem dinâmica do corpo (IDC)
Devido à indisponibilidade e inacessibilidade à tecnologia utilizada por Legenbauer et
al. (2011) e Vocks et al. (2007) (que inclui captura óptica do movimento humano), o aparato
metodológico utilizado teve como base teórica e prática a psicofísica, por esta permitir uma
avaliação detalhada e independente das habilidades de processamento de movimento e forma
(VANGENEUGDEN et al., 2014).
Assim, utilizamos a tarefa psicofísica chamada de Método de Estimação de
Categorias, na qual é apresentado ao avaliado um número limitado de categorias de modo que
as estas sejam equidistantes no contínuo psicológico. A análise dos julgamentos é feita a partir
das diferenças entre elas (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006). A tarefa consiste no
emparelhamento entre categoria e estímulo físico. Como o objetivo deste experimento é
111

avaliar a percepção da proporção entre os componentes corporais por meio da imagem


dinâmica, optamos pela Somatocarta (CARTER, 2002) que, de forma categórica, representa a
estrutura corporal. Trata-se de um gráfico tridimensional, sendo os eixos limites x, y, z
representando o máximo do endomorfismo, mesomorfismo e ectomorfismo, respectivamente.
Os demais pontos no gráfico representam as diferentes possibilidades de combinação entre
eles. Resumidamente, cabe à participante emparelhar o estímulo físico, que no caso é a
imagem tridimensional e dinâmica do corpo (visualizada no vídeo), a um conjunto de
categorias na somatocarta.
Essa tarefa, com objetivo de mensurar a dimensão perceptiva da imagem corporal teve
suas qualidades psicométricas verificadas para o público feminino universitário (validade
convergente rho=0,67; p<0,0001; estabilidade rho=0,63; p<0,0001).
Apresentação das tarefas:
1) Imagem dinâmica do corpo (IDC)
A participante foi apresentada à somatocarta com as instruções abaixo, e na sequência
visualizou seu vídeo na tela do computador:
a) “Este gráfico chamado somatocarta expressa os diferentes tipos corporais das pessoas.
Em cada extremidade estão representados os extremos da obesidade, da musculosidade e da
magreza. Ao centro localiza-se aquele perfil corporal em que há equilíbrio entre massa
muscular, gordura e densidade óssea”.
b) A fim de assegurar o entendimento teórico acerca do instrumento, mostramos às
participantes o ponto 7-4-2 e solicitado que dissesse qual a proporcionalidade entre os
componentes. Foi esperado que elas respondessem que este ponto representa uma pessoa que
possui, prioritariamente, mais tecido adiposo seguido da musculosidade, tendo baixa estatura.
Caso a resposta fosse discrepante nova explicação era dada. Não houve caso de não
entendimento total da tarefa a ponto de ser necessário descarte amostral.
c) “Após ver seu vídeo localize e aponte na somatocarta, o seu perfil corporal atual”. Não foi
colocada restrição de números de visualizações do vídeo, uma vez que consideramos que este
fato não interfere na tarefa.
2) Imagem dinâmica do corpo desconhecido(IDCD)
As filmagens das quatro mulheres desconhecidas (IDCDs) foram apresentadas
separadamente e na sequência as participantes receberam a instrução: “Após ver esse vídeo
localize e aponte na somatocarta o perfil corporal dessa pessoa”.
Como o somatoponto é uma relação entre três números, a estratégia adotada para
avaliar a percepção corporal com essa tarefa foi por meio do cálculo da Distância Posicional
112

do Somatotipo (DPS) que se refere à distância tridimensional, entre dois somatopontos. O


DPS representa a distância real no espaço tridimensional ente dois pontos A e B, segundo a
fórmula: DPS = √ (IA – IB)2 + (IIA – IIB)2 + (IIIA – IIIB)2 (Carter, 2002). Onde: I, II e III
referem-se aos valores equivalente à endomorfia, à mesomorfia e à ectomorfia,
respectivamente. Os subíndices A e B oferecem indicações de dois somatotipos a serem
comparados, sendo A o somatoponto mensurado pela participante e B o somatoponto real da
mesma. Através desse cálculo pode-se inferir que quanto maior o valor de DPS maiores as
diferenças entre os somatotipos comparados, sendo zero a equivalência perfeita, portanto,
acurácia perceptiva. Em nosso estudo, esse valor se traduz na distância entre o somatotipo
percebido e o real.
Tarefa 2 – Percepção da imagem estática
Para verificar a percepção estática do corpo utilizamos a Escala de Silhuetas do
Próprio Corpo - ESPS (validade convergente: rho=0,81, p<0,0001; validade de critério:
rho=0,87, p<0,0001; fidedignidade: rho=0,77, p<0,0001).
Apresentação das tarefas
A ESPS foi apresentada às participantes na tela do notebook e estas foram instruídas a
escolher: “a silhueta que melhor representa seu corpo atual” (silhueta percebida). O índice
de percepção estática frontal (IPEF) e índice de percepção estática lateral (IPEL) são
calculados pela discrepância entre silhueta percebida e real (LIECHTY, 2010), sua amplitude
de respostas está compreendida entre -7 (sete negativos) e +7 (sete positivos) unidades
arbitrárias. O valor zero correspondente a precisão na percepção corporal. Qualquer número
diferente de zero indica imprecisão, sendo os valores positivos correspondentes à
superestimação do tamanho corporal, e valores negativos à subestimação do tamanho
corporal.
Assim, são variáveis nesse estudo: a) percepção dinâmica do próprio corpo (IDC) e
percepção dinâmica da pessoa desconhecida (IDCDs), ambas calculadas por meio do DPS; b)
Índice de Percepção Estática Frontal (IPEF) e Lateral (IPEF) do próprio corpo, ambos
calculados por meio da ESPS.

Análise dos dados


Foi realizada análise descritiva dos dados expressa em valores de tendência central e
dispersão. As variáveis não atenderam aos critérios de distribuição normal verificada pelo
teste de Shapiro-Wilk (p>0,05). Sendo assim, procedeu-se à análise não paramétrica,
utilizando o teste Kruskal-Wallis para análise de variância em função das variáveis analisadas
113

para determinar se o comportamento perceptivo na tarefa de visualização da imagem


dinâmica do próprio corpo (IDC) e do corpo desconhecido (IDCD) diferencia-se conforme o
perfil somatotípico. Para verificar associação entre as variáveis categóricas (somatotipo, IPEF
e IPEL) procedemos ao teste Qui-quadrado. Além disso, os valores de IDC, IDCD, IPEF e
IPEL foram emparelhados ao valor zero (valor de total acurácia) e analisados pelo teste
Mann-Whitney para amostras independentes com objetivo de identificar a tendência
perceptiva dinâmica e estática. Por fim, foi realizada correlação de Spearman para detectar
associações entre as variáveis. Todas as análises foram realizadas no software SPSS, v. 18.0
(SPSS Inc., Chicago, IL, USA) com valor de significância estabelecido em 5%.

Resultados
Considerando-se que o valor zero representa a precisão na percepção do corpo é
possível identificar que, de forma geral os participantes foram mais precisos na percepção da
imagem estática (IPEF, IPEL) (Tabela 1). Há um cuidado a ser tomado ao interpretar análises
de tendência central aplicadas a escalas de silhuetas (GARDNER, 2011), podendo gerar
interpretação errônea a respeito da qualidade perceptiva da amostra. Dessa forma,
demonstramos na Tabela 2 que realmente, há tendência da amostra à superestimação (mais de
50%), contudo existiram sujeitos que exibiram acurácia e subestimação perceptual dos seus
corpos.

Tabela 1: Percepção da imagem dinâmica (IDC, IDCD) e estática (IPEF, IPEL)

Variáveis Grupos
dependentes GC* GEC* GEN* GM* TOTAL
IDC# 2,6±0,3 2,8±0,7 2,3±1,1 2,7±4,9 2,4±1,2
IDCD##ENDO 5,8±1,1 4,8±1,0 4,9±0,9 4,6±1,0 4,9±1,0
IDCD MESO 3,1±1,9 2,0±2,0 2,8±1,1 2,6±1,0 2,7±1,1
IDCD ECTO 1,8±0,3 2,3±0,8 1,9±0,6 2,9±1,1 2,0±0,7
IDCD CENT 2,3±0,5 2,5±0,7 2,5±2,5 2,4±0,8 2,5±0,8
IPEF° 2* 0 1* 1* 1
IPEL°° 2* 0 1* 1* 1

#Imagem Dinâmica do Corpo##Imagem Dinâmica do Corpo Desconhecido (valores expressos em média e desvio padrão) °Índice de
Percepção Estática Frontal – °°Índice de Percepção Estática Lateral (valores expressos em mediana) * Diferença significativa em relação ao
valor verdadeiro 0 (p < 0,05)

Não houve interação de grupo para nenhuma das condições da tarefa dinâmica: IDC
(H (3) = 3,4; p=0,3), e IDCD ENDO H (3) =3,2; p=0,3), IDCD MESO H (3) =6,4; p=0,9);
IDCD ECTO H (3)=4,4; p=0,2), IDCD CENT H (3)=0,4; p=0,9). Além disso, não houve
associação estatisticamente significante entre perfil somatotípico e percepção da imagem
estática tanto para visualização frontal da imagem IPEF χ2 (6) = 6,635 (p = 0,35), quanto para
114

visualização lateral IPEL χ2 (6) = 8,340(p = 0,2). Isso indica que o comportamento perceptivo
para as duas tarefas (dinâmica e estática) de percepção do próprio corpo e do corpo
desconhecido não é influenciado pela estrutura física (somatotipo) das avaliadas.
Ao emparelhar os valores das variáveis ao valor de total precisão (zero) foram
demonstradas diferenças significantes (p<0,05) para todos os grupos em ambas as tarefas. A
exceção foi o GEC, que para a tarefa de percepção estática tanto para frente quanto para lado
não apresentou diferença significativa (p=0,42) entre o escore mensurado e o valor de
precisão total. Em suma, é possível dizer que, de forma geral, houve tendência perceptiva de
superestimação nas tarefas estática e dinâmica tanto para o próprio corpo quanto para o corpo
desconhecido.

Tabela 2: Frequência relativa e absoluta acurácia perceptiva

Variáveis n %

Índice de percepção do próprio corpo – IPEF*


Acurada 48 33.8
Subestima a imagem 14 9.9
Superestima a imagem 80 56.3

Índice de percepção do próprio corpo – EPEL*


Acurada 43 30.28
Subestima a imagem 20 14.08
Superestima a imagem 79 55.63
*Índice de Percepção Estática

A correlação de Spearman entre as variáveis analisadas demonstrou relacionamento


positivo e significante entre IPEF e IPEL (rs=0,7; p=0,0001). Por outro lado, não houve
associação entre IDC tanto com IPEF (rho=0,01; p=0,8) quanto com IPEL (rho= -0,1; p=0,1).
Demonstrando que existem diferenças entre perceber o corpo por meio de uma imagem
estática (p.ex. fotografia) e perceber o corpo em movimento (p.ex. vídeo).

Discussão
O presente estudo teve como objetivo analisar e verificar a influência da estrutura
física corporal no comportamento e tendência perceptiva de mulheres universitárias em
tarefas de visualização da imagem estática e dinâmica do próprio corpo bem como na
visualização de modelos desconhecidos a elas.
Nossa hipótese de que os perfis endomorfo e mesomorfo apresentariam maior
superestimação em comparação com os demais nas tarefas foi rejeitada, uma vez que não
115

houve interação de grupo. Portanto, o perfil somatotípico, não modulou a percepção corporal,
sendo a tendência perceptiva geral direcionada ao aumento das dimensões corporais. A única
exceção foi o grupo ectomorfo, o qual na tarefa de visualização da imagem estática
apresentou valores próximos à normativa (zero equivalente à acurácia perceptiva).
Resultados semelhantes foram encontrados por Legenbauer et al. (2011) e Vocks et al.
(2007), em pesquisa com avaliação da percepção dinâmica e estática do corpo. Contudo,
ambos os estudos avaliaram amostras clínicas: obesos com e sem transtorno da compulsão
alimentar periódica no primeiro e bulimia no segundo. Os autores sugerem que tais resultados
estejam mais relacionados aos aspectos atitudinais (p.ex. insatisfação com a aparência) do que
aos perceptivos per se.
Embora não tenhamos avaliado aspectos atitudinais, acreditamos que eles possam ter
interferido nos resultados, uma vez que a experiência perceptiva rotineira (que inclui o
próprio corpo e de outros pessoas) possa modular a apreciação estética (MELE et al., 2013),
conduzindo à predileção por determinado padrão corporal, no caso a magreza. Suspeitamos
que talvez esse seja o motivo pelo qual o grupo ectomorfo foi mais acurado na tarefa estática:
por sua proximidade com os padrões considerados ideais de beleza.
O comportamento e tendência perceptiva da imagem dinâmica referente aos modelos
desconhecidos foram semelhantes à do próprio corpo: superestimação. Apesar de não ter
havido diferença significante em função dos perfis somatotípicos é interessante notar que a
modelo endomorfa teve seu tamanho mensurado como muito maior do que realmente é.
Cazzato et al. (2012) detectaram que há tendência em maximizar tamanhos extremos, em seu
estudo, e, além dos resultados semelhantes aos nossos, encontraram também que as modelos
mais magras foram julgadas como mais magras ainda. Os autores explicam que a apreciação
estética da forma e tamanho corporal não pode ser explicada apenas pela estrutura física e
proporcionalidade corporal, mas também pelas emoções evocadas pelo movimento. Ademais,
existe um viés de “intenção social” na visualização do movimento quando comparado com a
imagem estática, capaz de alterar a atividade neural e consequentemente a sensibilidade
perceptiva (ROCHÉ et al., 2013).
O exposto acima pode minimamente explicar nosso último achado: percepção estática
de frente e lado foram altamente correlacionadas, contudo, percepção estática e dinâmica não.
Roché et al. (2013) atribuem essa diferença ao fato de que o ser humano é habilidoso em
detectar e diferenciar intenções sociais. Eles explicam que a marcha contém características
sociais não evidenciadas na imagem estática. Por conta disso, a atenção viso-espacial do
observador tem por foco, na primeira situação, o tronco, e na segunda, as extremidades.
116

Considerando que a região do tronco concentra informações acerca do tamanho corporal, isso
pode explicar porque em nossa tarefa dinâmica os valores se distanciam mais da normativa
(zero) quando comparadas à tarefa estática.
Legenbauer et al. (2011) e Vocks et al. (2007) também encontraram diferenças
significativas entre tarefas estáticas e dinâmicas, porém como suas amostras são clínicas os
autores consideram que a imagem corporal estática esteja mais correlacionada à preocupação
com a forma, peso e desejo de emagrecer, enquanto que a percepção da imagem dinâmica
associa-se à insegurança e evitação corporal.
Cazzato et al. (2012) explicam que enquanto o sistema de percepção do movimento do
corpo pode extrair informação do mesmo a partir das posições relativas às partes corporais,
independente das suas dimensões, o sistema cognitivo envolvido na percepção da forma
(estática) corporal é influenciado por configurações relacionadas ao movimento do corpo.
Assim, destacam Vangeneugden et al. (2014), a dificuldade em avaliar e interpretar o
processamento preceptivo de imagens estáticas e dinâmicas reside no fato de que estes são
intimamente integrados.
Sob o ponto de vista neurológico existe uma dissociação entre mecanismos neurais
subjacentes na discriminação do corpo estático e em movimento (VANGENEUGDEN et al.,
2014) sendo necessárias redes neurais mais complexas na identificação de rostos e corpos em
movimento (O’TOOLe et al., 2011). O’Toole et al. (2011) ressaltam que a melhor
performance na precisão dos julgamentos da identificação humana provém da combinação
entre condição estática de percepção da face e condição dinâmica de percepção de corpo todo,
daí a importância do estudo de ambos.
Em suma, acreditamos que o entendimento amplo da dimensão perceptiva, envolvendo
estrutura física corporal, bem como elementos da percepção estática e dinâmica seja
fundamental para o refinamento de pesquisas no contexto da imagem corporal, em especial
aquele no qual existe relação com a atividade física, uma vez que estudos experimentais vêm
demonstrando que esta é capaz de promover alterações positivas na imagem corporal (GINIS
et al., 2014).
Concordamos com Vangeneugden et al. (2014) ao sugerirem o paradigma psicofísico
como estratégia avaliativa tanto da forma (estática) quanto do movimento corporal, e apesar
da alta tecnologia já existente, nos prestamos a buscar alternativas acessíveis e práticas.
Todavia, convém destacar suas limitações tais como a não eliminação de atributos sociais, o
que pode dificultar a separação entre aspectos perceptivos e atitudinais (Legenbauer et al.
2011). Estamos conscientes desta limitação no estudo bem como a amostra reduzida e o
117

desequilíbrio numérico entre os grupos, e a avaliação apenas do sexo feminino. Encorajamos


pesquisadores a ampliar as pesquisas nesses quesitos.

Considerações finais
A presente pesquisa demonstrou que a estrutura física corporal, aqui representada pelo
somatotipo não influencia a percepção da imagem estática e dinâmica do próprio corpo bem
como do corpo desconhecido. Pudemos observar que ver-se em imagem estática não se
correlaciona com ver-se em movimento, o que indica que tais processamentos perceptivos
sejam diferentes e independentes da forma corporal.
Todavia, tais interpretações e generalizações requerem cuidados, uma vez que
consideramos essa investigação de cunho exploratório, merecendo, portanto, ser replicada em
amostras maiores incluindo o sexo masculino e outras faixas etárias. Tentamos avançar
ampliando os questionamentos acerca da percepção dinâmica do corpo humano, que até então
é focada em aspectos étnicos e de atratividade. Por isso, almejamos a exploração da avaliação
da proporcionalidade corporal na percepção do corpo em movimento.
Há no Brasil ainda uma lacuna nas pesquisas da dimensão perceptiva, o que nos obriga
a conduzir nossas práticas com base em estudos realizados em outras populações com
características culturais e físicas diversas. Assim, essa pesquisa forneceu, ainda que de forma
sucinta, alternativa metodológica e informações acerca da qualidade perceptiva de mulheres
universitárias que podem ser facilmente incorporadas em pesquisas futuras.

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120

9 CONSIDERÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo compreender as associações entre perfil


somatotípico e imagem corporal, a partir de uma leitura multidimensional desta, na qual
envolvemos a dimensão perceptiva e atitudinal (componentes: insatisfação corporal, afetivo,
cognitivo e comportamental). Além disso, nos propusemos a refinar o aparato metodológico
em imagem corporal procedendo à verificação das qualidades psicométricas de instrumentos
que contemplassem a imagem real do sujeito, a percepção da imagem dinâmica e o
somatotipo.
Inicialmente, a partir dos resultados desta pesquisa, foi possível verificar que as
escalas ESPS, ESBS e IDC constituíram-se em ferramentas válidas, seguras e estáveis na
avaliação da imagem corporal de mulheres jovens. Destaca-se que a especificidade de cada
ferramenta: ESPS e ESBS avaliam a insatisfação corporal, ESPS e IDC mensuram a dimensão
perceptiva, a primeira estática e a segunda dinâmica. Isso agrega à literatura específica mais
opções em procedimentos avaliativos que considerem características físicas individuais,
percepção da imagem dinâmica do corpo e a proporcionalidade da estrutura corporal.
Constatamos também que, na amostra pesquisada, a dimensão atitudinal,
especificamente a insatisfação com o corpo, a evitação corporal e as atitudes negativas
referentes à aparência, estão atreladas entre si e estão mais presentes em mulheres
mesomórficas e endomórficas. Ademais, houve predominância de insatisfação com o excesso
de peso associado ao desejo de redução do componente de endomorfia e aumento do
componente de mesomorfia. Isso reforça dados consistentes na literatura que apontam a
magreza como corpo idealizado por mulheres. Contudo, ao menos para o grupo pesquisado,
há uma tendência de as mulheres desejarem aumentar a muscularidade. Já o componente
cognitivo, aqui verificado pela influência da mídia na imagem corporal não demonstrou
associação com a estrutura física corporal dessas mulheres. De forma relativamente
homogênea, elas apresentaram escores elevados de aceitação cognitiva de padrões corporais
impostos pela mídia, independente de suas formas físicas.
No que tange à dimensão perceptiva relativa ao próprio corpo e seus diversos
parâmetros aqui avaliados, podemos inferir, a partir dos resultados, que não há influência do
perfil somatotípico na percepção da imagem estática e dinâmica independente do plano de
visualização (frontal e lateral). As participantes, de forma geral, demonstraram
superestimação da sua forma corporal nas diferentes tarefas. Porém, os achados carecem de
cuidado em sua interpretação. É provável que a condução de tarefas como a ESPS tenha
121

incrementado algum componente afetivo à mesma, que pode ter motivado a superestimação
corporal em mais da metade da amostra. Além disso, visualizar a própria imagem estática não
se correlacionou com visualizar a imagem dinâmica, indicando que tais processamentos
perceptivos foram diferentes para estas participantes.
O perfil somatotípico da amostra não modulou os resultados referentes à verificação
da qualidade perceptiva acerca das modelos desconhecidas. Por outro lado, aparentemente, há
diferenças entre tarefas, uma vez que na tarefa de estimação de magnitude houve tendência de
acentuação dos extremos, superestimação dos tamanhos corporais maiores e subestimação dos
menores; já na tarefa de visualização da imagem dinâmica, todas as modelos tiveram seus
corpos avaliados como sendo maiores.
Algumas limitações são apontadas nesse estudo. Inicialmente no que se refere ao
desequilíbrio numérico entre os grupos somatotípicos, o que dificultou as análises estatísticas,
podendo ter influenciado alguns resultados. Além disso, abrangemos apenas uma faixa etária
e o sexo feminino, o que pode dar um viés ao trabalho restringindo as generalizações, uma
vez que sabemos que fatores de idade e sexo interferem na imagem corporal. No estudo da
dimensão atitudinal não investigamos o comportamento de checagem corporal, aspecto que
está intimamente relacionado à evitação corporal. Todavia, isso elevaria a quantidade de
instrumentos aplicados, o que já consideramos também uma limitação, pois, embora tenhamos
dividido em dias alternados as coletas, o número de medidas tomadas pode interferir nos
resultados.
Além disso, vários aspectos na preparação do aparato metodológico de avaliação da
dimensão perceptiva precisam ser lapidados. Ao validar a ESPS não estabelecemos um valor
normativo, e utilizamos um número reduzido de silhuetas com organização em ordem
crescente, limitações que tentamos suprir com as demais tarefas. Outro fator importante em
técnicas de distorção em vídeo é a ausência da tridimensionalidade e o aumento da imagem
apenas no eixo horizontal, descaracterizando assim, a forma natural que o ser humano altera
sua composição corporal. Por fim, a imagem dinâmica utilizada na tarefa IDC não eliminou
atributos sociais do movimento humano (como, por exemplo, características da marcha, cor
de pele, tônus muscular, gestos, entre outros), podendo dificultar a separação entre dimensão
perceptiva e atitudinal. Encorajamos pesquisadores a ampliar a exploração desses quesitos a
fim de preencherem essas lacunas, enriquecendo assim, a pesquisa em imagem corporal.
Os dados aqui obtidos possuem implicações teóricas e práticas. As primeiras referem-
se à necessidade da avaliação multidimensional da imagem corporal que inclua características
físicas reais do avaliado. O estudo da imagem corporal no Brasil sob tal perspectiva ainda é
122

bastante insipiente, dificultando intervenções em amostras clínicas e não clínicas. Nossas


ações ainda são baseadas em estudos realizados em outras populações com características
físicas e culturais diferentes. Assim, acreditamos ter avançado no sentido de realizar uma
leitura ampla e complexa da temática, fornecendo informações acerca dos componentes
atitudinais de forma integrada, bem como a respeito do comportamento perceptivo de
mulheres universitárias, que podem auxiliar em pesquisas futuras. Sob o ponto de vista das
implicações práticas, esta pesquisa sugeriu, ainda que de forma preliminar, estratégias
metodológicas aplicáveis, fáceis e acessíveis, que podem prontamente ser incorporadas em
intervenções e pesquisas.
Em suma, pesquisar imagem corporal é um desafio tão grande quanto a necessidade de
sua investigação. Acreditamos que as informações, discussões e reflexões aqui contidas
possam contribuir para intervenções de profissionais que lidam direta ou indiretamente com o
corpo, tornando-as mais assertivas e eficientes.
123

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137

ANEXO I
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP – IB – UNESP – Rio Claro
138

ANEXO II
Body Shape Questionnaire (BSQ)

Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência nas últimas
quatro semanas. Por favor, leia cada questão e faça um círculo apropriado. (Obs: Essa informação
do tempo de 4 semanas é apenas para esse questionário e não para os demais)
Use a legenda abaixo:
1. Nunca. 2. Raramente. 3. Às vezes. 4. Frequentemente. 5. Muito frequentemente. 6.
Sempre.
1-Sentir-se entediado (a) faz você se preocupar com sua forma
1 2 3 4 5 6
física?
2-Você tem estado tão preocupado (a) com sua forma física a
1 2 3 4 5 6
ponto de sentir que deveria fazer dieta?
3-Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são grande
1 2 3 4 5 6
demais para o restante de seu corpo?
4-Você tem sentido medo de ficar gordo (a) ou mais gordo (a)? 1 2 3 4 5 6
5-Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser
1 2 3 4 5 6
suficientemente firme?
6-Sentir-se satisfeito (a) (por exemplo, após ingerir uma grande
1 2 3 4 5 6
refeição) faz você sentir-se gordo (a)?
7- Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que chegou a
1 2 3 4 5 6
chorar?
8- Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo poderia
1 2 3 4 5 6
balançar?
9- Estar com homens (mulheres) magros (as) faz você se sentir
1 2 3 4 5 6
preocupado (a) em relação ao seu físico?
10-Você já se preocupou com o fato de suas coxas poderem
1 2 3 4 5 6
espalhar-se quando se senta?
11-Você já se sentiu gordo (a), mesmo comendo uma quantidade
1 2 3 4 5 6
menor de comida?
12-Você tem reparado no físico de outros homens (mulheres) e, ao
1 2 3 4 5 6
se comparar, sente-se em desvantagem?
13-Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se
concentrar em outras atividades (como por exemplo, enquanto 1 2 3 4 5 6
assiste à televisão, lê ou participa de uma conversa)?
14. Estar nu (nua), por exemplo, durante o banho, faz você se
1 2 3 4 5 6
sentir gordo (a)?
15-Você tem evitado usar roupas que o (a) fazem notar as formas
1 2 3 4 5 6
do seu corpo?
16-Você se imagina cortando fora porções de seu corpo? 1 2 3 4 5 6
17-Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em calorias faz
1 2 3 4 5 6
você se sentir gordo (a)?
18-Você deixou de participar de eventos sociais (como, por
1 2 3 4 5 6
exemplo, festas) por sentir-se mal em relação ao seu físico?
19 - Você se sente excessivamente grande e arredondado (a)? 1 2 3 4 5 6
20-Você já teve vergonha do seu corpo? 1 2 3 4 5 6
139

21- A preocupação diante do seu físico leva-lhe a fazer dieta? 1 2 3 4 5 6


22-Você se sente mais contente em relação ao seu físico quando de
1 2 3 4 5 6
estômago vazio (por exemplo, pela manhã)?
23- Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de
1 2 3 4 5 6
autocontrole?
24-Você se preocupa que outras pessoas possam estar vendo
1 2 3 4 5 6
dobras na sua cintura ou estômago?
25- Você acha injusto que os outros homens (mulheres) sejam
1 2 3 4 5 6
mais magros (as) que você?
26 -Você já vomitou para se sentir mais magro (a)?
1 2 3 4 5 6
27- Quando acompanhado (a), você fica preocupado (a) em estar
ocupando muito espaço (por exemplo, sentado num sofá ou no
1 2 3 4 5 6
banco de um ônibus)?
28-Você se preocupa com o fato de estarem surgindo dobrinhas
1 2 3 4 5 6
em seu corpo?
29- Ver seu reflexo (por exemplo, num espelho ou na vitrine de
1 2 3 4 5 6
uma loja) faz você sentir-se mal em relação ao seu físico?
30- Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há de
1 2 3 4 5 6
gordura?
31- Você evita situações nas quais as pessoas possam ver seu
1 2 3 4 5 6
corpo (por exemplo, vestiários ou banhos de piscina)?
32- Você toma laxantes para se sentir magro (a)? 1 2 3 4 5 6
33-Você fica particularmente consciente do seu físico quando em
1 2 3 4 5 6
companhia de outras pessoas?
34-A preocupação com seu físico faz-lhe sentir que deveria fazer
1 2 3 4 5 6
exercícios?
Fonte: Di Pietro (2002).
140

ANEXO III
Body Attitudes Questionnaire (BAQ)
Instruções: este questionário contém uma série de afirmativas. Por favor, leia cada uma delas e
marque na coluna que melhor demonstra como você concorda com cada uma destas afirmativas. As
opções de respostas são: Concordo Plenamente (CP), Concordo (C), Neutro (N), Discordo (D), e
Discordo Plenamente (DP).
CP C N D DP

Eu usualmente me sinto fisicamente atraente


Eu prefiro não deixar que as outras pessoas vejam meu corpo
As pessoas raramente me acham sexualmente atraente
Eu fico tão preocupada com minha forma física que sinto que preciso fazer uma dieta
Eu me sinto gorda quando não consigo passar as roupas pelos meus quadris
As pessoas me evitam por causa da minha aparência
Eu me sinto satisfeita com meu rosto
Eu me preocupo se as pessoas veem ‘pneus’ de gordura ao redor de minha cintura e estômago
Eu acho que mereço atenção do sexo oposto
Eu dificilmente me sinto gorda
Existem coisas mais importantes na vida do que a forma do meu corpo
Eu acho ridículo fazer cirurgias plásticas para melhorar a aparência
Eu gosto de me pesar regularmente
Eu me sinto gorda quando uso roupas apertadas que são apertadas na cintura
Eu já considerei suicídio por causa da forma como pareço aos outros
Eu fico exausta rapidamente se faço muito exercício
Eu tenho cintura fina
Minha vida está arruinada por causa da minha aparência
Usar roupas magras faz-me sentir magra
Eu dificilmente penso a respeito da forma do meu corpo
Eu sinto que meu corpo foi mutilado
Eu tenho orgulho de minha força física
Eu sinto que tenho coxas gordas
Eu não consigo participar de jogos e exercícios por causa da minha forma física
Comer doces, bolos ou outros alimentos calóricos faz-me sentir gorda
Eu tenho um corpo forte
Eu acho que minhas nádegas são muito largas
Eu me sinto gorda quando saio em fotos
Eu tento e consigo me manter em forma
Pensar a respeito das formas do meu corpo tira minha concentração
Eu gasto muito tempo pensando em comida
Eu estou preocupada com meu desejo de ser mais leve
Se me vejo em um espelho ou vitrine, sinto-me mal quanto à minha forma física
As pessoas riem de mim por causa da minha aparência
Eu frequentemente me sinto gorda
Eu gasto muito tempo pensando sobre meu peso
Eu sou um pouco de um ‘Homem de Ferro’
Eu me sinto gorda quando estou sozinha
Eu me preocupo que minhas coxas e nádegas tenham celulite
As pessoas frequentemente elogiam minha aparência
Perder um quilo de peso não afetaria realmente meus sentimentos a respeito de mim mesma
Eu me sinto gorda quando não consigo entrar em roupas que antes me serviam
Eu nunca fui muito forte
Eu tento evitar roupas que me fazem sentir especialmente ciente de minhas formas
Fonte: Scagliusi et al, 2005.
141

ANEXO IV
Body Image Avoidance Questionnaire (BIAQ)
Marque um X na alternativa que melhor descreve a frequência que você tem estes
comportamentos atualmente:
Muito
Frequen- Rara-
Sempre Frequen- Às Vezes Nunca
temente mente
temente
Eu uso roupas de cores escuras
Eu uso um tipo específico de
roupas, por exemplo, minhas
“roupas de gorda”
Eu controlo a quantidade de
comida que eu como
Eu como somente frutas, legumes,
e outros alimentos de baixa caloria
Eu deixo de ir a encontros sociais
onde as pessoas vão falar respeito
do peso
Eu deixo de ir a encontros sociais
se as pessoas que estiverem lá
forem mais magras do que eu
Eu deixo de ir a encontros sociais
onde se tem que comer
Eu me peso
Eu sou sedentária
Eu me olho no espelho
Eu uso roupas que desviam a
atenção sobre meu peso
Eu evito sair para comprar roupas
Eu me visto bem e me maquio
(isto é, eu me arrumo bem)
Fonte: Campana, 2009
142

ANEXO V
Sociocultural Attitudes Towards Appearance Scale (SATAQ-3)
Leia os itens abaixo cuidadosamente e indique o número que melhor reflete o quanto você
concorda com a afirmação.Discordo totalmente = 1 Discordo em grande parte = 2 Nem concordo
nem discordo = 3 Concordo em grande parte = 4 Concordo totalmente = 5
PERGUNTAS 1 2 3 4 5
Programas de TV são importantes fontes de informação sobre moda e sobre
“como ser atraente”
Já me senti pressionado (a) pela TV ou por revistas a perder peso
Não me importo se meu corpo se parece com o de pessoas que estão na TV
Comparo meu corpo com o de pessoas que estão na TV
Comerciais de TV são importantes fontes de informação sobre moda e sobre
“como ser atraente”
PARA MULHERES: Não me sinto pressionada pela TV ou pelas revistas a ficar
bonita
PARA HOMENS: Não me sinto pressionado pela TV ou pelas revistas a ficar
musculoso
Gostaria que meu corpo fosse parecido com o dos (as) modelos das revistas
Comparo minha aparência com a das estrelas de TV e do cinema
Videoclipes não são importantes fontes de informação sobre moda e sobre “como
ser atraente”
PARA MULHERES: Já me senti pressionada pela TV ou pelas revistas a ser
magra
PARA HOMENS: Já me senti pressionado pela TV ou pelas revistas a ser
musculoso
Gostaria que meu corpo fosse parecido com o dos (as) modelos dos filmes
Não comparo meu corpo com o das pessoas das revistas
Artigos de revistas não são importantes fontes de informação sobre moda e sobre
“como ser atraente”
Já me senti pressionado (a) pela TV ou pelas revistas a ter um corpo perfeito
Gostaria de me parecer com os (as) modelos dos videoclipes
Comparo minha aparência com a das pessoas das revistas
Anúncios em revistas são importantes fontes de informação sobre moda e sobre
“como ser atraente”
Já me senti pressionado (a) pela TV ou por revistas a fazer dieta
Não desejo ser tão atlético (a) quanto as pessoas das revistas
Comparo meu corpo ao das pessoas em boa forma
Fotos de revistas são importantes fontes de informação sobre moda e sobre “como
ser atraente”
Já me senti pressionado (a) pela TV ou pelas revistas a praticar exercícios
Gostaria de ter uma aparência tão atlética quanto a das estrelas do esporte
Comparo meu corpo com o de pessoas atléticas
Filmes são importantes fontes de informação sobre moda e sobre “como ser
atraente”
Já me senti pressionado (a) pela TV ou pelas revistas a mudar minha aparência
Não tento me parecer com as pessoas da TV
Estrelas de cinema não são importantes fontes de informação sobre moda e sobre
“como ser atraente”
Pessoas famosas são importantes fontes de informação sobre moda e sobre “como
ser atraente”
Tento me parecer com atletas

Fonte: Amaral et al., 2011


143

ANEXO VI
Escala de Silhuetas Brasileiras para Adultos (ESBA)

Fonte: Kakeshita et al., 2009


144

ANEXO VII
Stunkard’s Figure Rating Scale (SFRS)

Fonte: Scagliusi et al., 2006


145

ANEXO VIII
Escala de Silhuetas Baseadas no Somatotipo (ESBS)

Aumento do índice de massa corporal

Fonte: Pedretti, 2008


146

ANEXO IX
SOMATOCARTA

Fonte: Heath-Carter, 1990


147

APÊNDICE I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - (TCLE)
(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96)
Departamento de Educação Física
UNESP - Universidade Estadual Paulista - Instituto de Biociências de Rio
Claro
Eu Marcela Rodrigues de Castro convido você a participar deste estudo “Relações
entre percepção de dimensões corporais, somatotipo e satisfação com a imagem corporal”,
sob minha responsabilidade e orientação do Profo Dro Ismael Forte Freitas Junior. O objetivo
é avaliar como a constituição corporal (músculos, gordura, altura, densidade óssea) pode
interferir na percepção e na satisfação do indivíduo com o seu corpo. Para isso, você terá dois
encontros comigo no Laboratório de Ação e Percepção ou local de sua conveniência. No
primeiro encontro você será entrevistada acerca de dados gerais e atuais de condição de saúde,
e responderá a um questionário sobre o seu nível de atividade física. Em seguida, iremos
fotografá-la de corpo inteiro e filmá-la andando. Marcadores reflexores por meio de fita
dupla-face hipo-alérgica serão afixados em seu quadril, ombro e cintura. Para isso, você
deverá trajar roupa preta de ginástica. Iremos também registrar suas medidas antropométricas
(dobras cutâneas, diâmetro ósseo de joelho e cotovelo, circunferência de perna e braço, peso e
altura). Em um segundo encontro com intervalo de duas semanas, você irá realizar as
seguintes tarefas: inicialmente você irá observar na tela de um computador fotos distorcidas
do seu corpo, do corpo de três desconhecidos e de um cubo e responderá utilizando uma
escala numérica subjetiva a magnitude da alteração destas imagens. Na segunda tarefa você
verá na tela do computador a filmagem de corpo inteiro de 7 desconhecidos andando e
novamente responderá utilizando uma escala numérica subjetiva a magnitude destas imagens.
Em seguida, você responderá a três questionários e escolherá, de uma escala com sete
silhuetas, uma que reflete como você percebe e sente seu corpo. O tempo aproximado de sua
participação será de uma hora em meia em média. Para garantir sua privacidade e
tranquilidade, apenas os responsáveis pelo estudo e você estarão presentes na sala de
avaliação. Entenda também, que todas as informações coletadas no estudo serão confidenciais
e que seu nome e suas imagens não serão divulgados em hipótese alguma. As informações,
julgamentos numéricos e respostas nos questionários, serão utilizados para fins estatísticos,
científicos ou didáticos, ficando resguardado o seu anonimato, tanto em relação aos dados
coletados como imagens processadas. Os riscos da sua participação são mínimos e incluem:
148

sentir-se constrangida, envergonhada, ansiosa, cansada ou até mesmo desmotivada a


participar na pesquisa. Durante a sua participação, caso ocorra algum desses, ou outros riscos
e você não queira mais prosseguir participando, você poderá interromper a atividade e sair do
recinto de avaliação sem nenhum constrangimento e contará com nossa total compreensão e
apoio. No caso de ocorrências de dano a sua saúde pela participação neste estudo,
providências cabíveis serão tomadas imediatamente pelo responsável da pesquisa.
Os benefícios deste estudo vão ao encontro da descoberta de novos procedimentos que
possam contribuir para o melhor entendimento sobre o estudo da imagem corporal e fatores
de distorção da forma corporal. E por esse motivo convido você a participar desse estudo na
área de imagem corporal.
Tendo lido o presente Termo, bem como sido esclarecida em todas as minhas dúvidas, eu
aceito participar do estudo, assinando-o em duas vias, sendo que uma ficará comigo e outra
com o pesquisador responsável.
Dados do participante
Nome do participante _________________________________________________
Endereço___________________________________ Cidade/Estado:_____________________
CEP:______________________________________Telefone:____________________
RG:_______________________________________Local____________________Data_______
Para questões relacionadas a este estudo, contate:
Dados do projeto:
Título do Projeto: “Relações entre percepção de dimensões corporais, somatotipo e satisfação com a
imagem corporal”
Identificação do responsável pelo estudo
Aluno (Pesquisador)
Marcela Rodrigues de Castro, RG: 11.945.331
E-mail: [email protected]
Orientador
Prof. Dr. Ismael Forte Freitas Junior
Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição de Atividades Motoras
UNESP. Rua Roberto Simonsen, 305, Presidente Prudente/SP. Fone: (19) 35264333.
_______________________________ ______________________________
Assinatura do participante Assinatura do pesquisador
149

APÊNDICE II
Anamnese pré-teste

Data ___________________________________________________
Nome ___________________________________________________
Idade ___________________________________________________
Curso ___________________________________________________

Agradecemos sua disponibilidade em participar dessa pesquisa e solicitamos que leia


atentamente as questões abaixo e as responda conforme a realidade ocorrida

Questão 1: Você realizou atividade física há menos de três horas?

___________ sim ____________ não

Questão 2: Como foi sua noite de sono ontem?

___________Dormi normalmente ___________Sono alterado ___________Insônia

Questão 3: Marque com um X se hoje você passou ou está passando por algum
dos eventos estressantes abaixo:

___________Mau humor ___________Ansiedade ___________Tristeza ___________


Euforia___________ Dores musculares ___________ Tensão pré-menstrual

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