Salomao
Salomao
Salomao
O rei Salomão também era conhecido por Jedidias, que significa “amado pelo Senhor”, como assim
foi chamado pelo profeta Natã (2Sm 12:25). Não existe praticamente nenhuma informação sobre os
primeiros anos de vida e a juventude de Salomão.
Sabe-se que ele foi o segundo filho de Davi e Bate-Seba, ex-mulher de Urias, já que o primeiro filho
do casal morreu logo após o nascimento (2Sm 12:18). Falando especificamente sobre seu pai,
Salomão então foi o quarto dos filhos de Davi nascidos em Jerusalém (Sm 5:14; 12:24).
Durante o período em que Davi esteve debilitado antes de sua morte, houve uma intensa luta pelo
trono de Israel. A oposição inicial de Absalão também pôde ser vista na pessoa de Adonias, o mais
velho dos filhos sobreviventes de Davi (2Sm 3:4; 1Rs 1:5s).
Adonias conseguiu o apoio de Joabe, ex-general de Davi, e do sacerdote Abiatar, e tentou de todas
as maneiras ocupar o trono de Davi ainda nos últimos dias dele, fazendo inclusive uma festividade
de coroação.
Quando souberam do plano de Adonias, os aliados de Salomão trataram de trabalhar para que Davi
se lembrasse da promessa ainda não cumprida a respeito de Salomão, de que ele seria seu sucessor
(1Cr 22:9,10). Assim, Davi deu ordens acerca da ascensão de Salomão ao trono, e este foi coroado
rei em Israel, sendo ungido por Zadoque (1Rs 1:28-39). Provavelmente quando foi coroado rei
Salomão não tinha muito mais do que 18 anos.
O rei Salomão reinou por 40 anos em Israel. Os estudiosos discutem se o seu período de reinado
ocorreu aproximadamente entre 971 e 931 ou entre 960 e 920 a.C., sendo a primeira possibilidade a
mais provável.
Logo após a morte de Davi, o rei Salomão seguiu as instruções de seu pai e agiu em conformidade
para solidificar sua posição como rei e desmantelar sua oposição. Assim, após as mortes de Adonias
e Joabe, e o banimento de Abiatar, Salomão passou a reinar sem oposição interna.
O rei Salomão herdou de Davi um extenso território, com aproximadamente 128 mil quilômetros
quadrados. Durante seu reinado, Salomão melhorou muito as condições domésticas em Israel. O rei
Salomão substituiu as antigas divisões tribais por uma divisão de seu território em 12 distritos
administrativos, os quais cada um possuía um oficial comissionado pelo rei.
Esses distritos tinham a responsabilidade de prover o sustento para corte durante o ano, sendo
então cada distrito responsável pelo suprimento de um mês. A lista de mantimento era bastante
onerosa e pode ser consultada em 1Reis 4:22,23.
A corte do rei Salomão era bastante completa e organizada, e os seus auxiliares de governo eram
chamados de príncipes, sendo eles:
Azarias, filho de Natã, como supervisor dos 12 oficiais comissionados nas unidades administrativas.
Aisar, mordomo.
Adonirão, superintendente do serviço forçado que foi utilizado por Salomão em suas realizações.
No âmbito militar, o rei Salomão também fez melhorias significativas. Ele introduziu carros de
batalha e cavalaria em seu exército. Também proveu novas estradas e estabeleceu fortalezas de
fronteira para guardar as rotas de comércio.
A atividade comercial era o ponto forte do reinado de Salomão. Ele controlou rotas de comércio e
estabeleceu pontos estratégicos de atuação que lhe renderam muita receita, de modo que a prata
tornou-se tão comum em seu reino quanto à pedra e o cedro, fazendo com que ele vivesse em meio
a um esplendor de riquezas nunca visto antes em Israel. Salomão conseguiu boa receita através das
taxas cobradas das caravanas que precisavam cruzar seu território.
O rei Salomão foi um grande diplomata, e utilizou até mesmo os seus casamentos para conseguir
vantajosos acordos internacionais para sua nação, fazendo com que durante todo o seu reinado,
raramente Israel preciasse se preocupar com alguma ameaça militar.
O primeiro acordo comercial de Salomão foi com Hirão, rei de Tiro. Nele, Salomão pagava
anualmente algo equivalente a 2.000 toneladas de trigo e 400 mil litros de azeite de oliva puro, em
troca de madeira e marmoreiros para suas construções.
O rei Salomão também firmou um contrato com comerciantes do Egito para o comércio de cavalos e
carros, e, por sua vez, os exportava aos heteus e sírios obtendo bom lucro (1Rs 10:28ss).
A atuação comercial que trouxe mais lucro para o rei Salomão foi seu comércio marítimo, onde seus
barcos navegavam pelo Mar Vermelho, no Oceano Índico, chegando até Ofir. Tais viagens poderiam
durar até três anos.
Quando considerara a receita anual proveniente de suas estratégias comerciais, das taxas que
recebia pelo tráfego de mercadorias e dos impostos que recebia da população presente em todo o
território que controlava, a estimativa da soma atinge um nível excepcional, colocando o rei Salomão
como um dos homens mais ricos de toda a História da humanidade. A construção do Templo e os
outros edifícios do rei Salomão
Para obter a mão de obra necessária, o rei Salomão recorria ao trabalho forçado. Ele fez colocou os
cananeus na condição de escravos do estado de Israel (1Rs 9:20,21). Todavia, o número de
trabalhadores cananeus era insuficiente para suprir seus planos, então ele recrutou israelitas para
tal tarefa, obrigando-os também a um tipo de trabalho forçado.
Essa medida foi bastante impopular, fato que ficou evidenciado no episódio do assassinato de
Adonirão, o superintendente dos grupos de trabalhadores (1Rs 4:6; 5:13-18; 2Cr 2:17,18).
O Templo construído por Salomão ficava localizado no Monte Moriá, o lugar onde o rei Davi havia
edificado um altar ao Senhor (2Sm 24:16-25; 1Cr 21:15-25) e provavelmente onde Abraão teria
subido com Isaque para sacrificá-lo.
Apesar de Davi ter coletado materiais para a construção do Templo (1Cr 22:2-4), foi no quarto ano
do reinado de Salomão que ele começou a ser construído. Mesmo parecendo uma construção com
uma dimensão modesta na atualidade, o edifício do Templo representava uma construção grande na
época, medindo: 30 metros de comprimento, 10 de largura e 15 metros de altura. Sua construção
levou um período de sete anos.
Quando concluiu a construção do Templo no décimo primeiro ano de seu reinado, o rei Salomão
planejou uma grande celebração, onde muitos sacrifícios foram oferecidos na dedicação do edifício
(1Rs 8-9; 2Cr 5-7).
Dentre os outros edifícios construídos pelo rei Salomão em Israel, podemos destacar:
Uma casa para a filha de Faraó, uma de suas esposas, cujo local possuía a imponência digna de uma
filha de um monarca egípcio.
A própria residência de Salomão foi um uma construção considerável, onde acomodava 700 esposas
e 300 concubinas, além dos servos necessários (1Rs 11:3). Salomão também edificou Milo, uma
enorme fortaleza para proteger o Templo (1Rs 9:24).
Em 1 Reis 3 e 2 Crônicas 1 lemos o registro do sonho que o rei Salomão teve, onde o Senhor lhe
apareceu e lhe perguntou o que ele mais desejava receber. Salomão poderia ter pedido riquezas,
longevidade ou honra, porém o jovem rei pediu sabedoria, isto é, “um coração compreensivo” para
poder governar prudentemente o seu povo.
Um dos episódios que mais destaca a sabedoria do rei Salomão é aquele em que duas mães
compareceram à sua presença disputando um único recém-nascido. O caso era bastante difícil, pois
não havia nenhuma testemunha.
Com muita sabedoria, o rei Salomão propôs que o menino fosse dividido em duas partes para
solucionar o problema. Diante da possibilidade da morte de seu filho, a verdadeira mãe preferiu
entregar o menino à mulher impostora, e isto fez com que Salomão julgasse aquela causa de forma
impecável.
A sabedoria do rei Salomão também pode ser percebida em toda literatura que ele produziu.
Salomão compôs milhares de provérbios e cânticos (1Rs 4). A profundidade de seus provérbios
também impressiona, de modo que a Bíblia relata que ele discorreu sobre as árvores, os animais, as
aves, os répteis e os peixes (1Rs 4:33).
Além dos relatos bíblicos, muitas lendas e documentos da antiguidade se referem a espetacular
sabedoria de Salomão. Entre os livros da Bíblia, é atribuído a Salomão a autoria de uma grande parte
do livro de Provérbios, bem como Eclesiastes e Cântico dos Cânticos, também chamado de Cantares
de Salomão e os Salmos 72 e 127.
A Bíblia diz que a sabedoria de Salomão impressionava de tal modo que vinham pessoas de todos os
povos e de todos os reis da terra para ouvir de sua sabedoria (1Rs 4:34). Uma dessas visitas foi feita
pela rainha de Sabá, que “veio dos confins da terra” para poder ouvir pessoalmente a sabedoria do
rei Salomão (Mt 12:42).
A rainha de Sabá fez muitas perguntas e enigmas a Salomão, e o rei respondeu inteligentemente a
todos os questionamentos feitos por ela, deixando-a completamente impressionada (1Rs 10:8). Na
ocasião, a rainha de Sabá presenteou o rei Salomão com muitos presentes, além de 120 talentos de
ouro (1Rs 10:8-10). Saiba mais sobre os pesos e medidas na Bíblia. O declínio e morte do rei Salomão
Apesar de toda a sabedoria que tinha, o rei Salomão tomou atitudes que lhe trouxeram problemas,
dentre as quais podemos destacar:
As práticas comerciais internacionais que de alguma foram fizeram com que a idolatria entrasse no
meio do povo pelo contato com outros povos.
A intensa poligamia, que foi o principal meio pelo qual outros deuses começaram a ser considerados
em território hebreu.
De toda essa lista, certamente sua vida conjugal é a que mais merece destaque, pois além da
poligamia praticada por Salomão, suas esposas estrangeiras fizeram com que, em sua velhice, ele
praticasse uma adoração mista, seguindo outros deuses (1Rs 11:4).
Para o rei Salomão, o casamento fazia parte de sua estratégia política, ou seja, ele firmava muitas
alianças através de seus casamentos. Foi assim que ele atingiu o impressionante número de 700
esposas além de 300 concubinas.
Entres as esposas do rei Salomão estava a filha de Faraó, e, por ocasião dessa união, o Faraó do Egito
lhe deu como dote a cidade de Gezer (1Rs 9:16). Algumas tradições árabes, judaicas e etíopes,
sugerem que Salomão também teve um relacionamento amoroso com a rainha de Sabá, tendo até
mesmo nascido um filho desse envolvimento, Menelik I, fundador da casa real etíope, porém a Bíblia
não relata nada acerca disso.
O grave pecado do rei Salomão, ao afrontar a adoração monoteísta em Israel quando começou a
seguir outros deuses para satisfazer suas esposas estrangeiras, não poderia ficar impune. Tal
comportamento foi reprovado pelo Senhor que, por sua misericórdia e amor a Davi, suspendeu seu
julgamento total durante o período de vida de Salomão, ou seja, não lhe tirou o reino, mas após a
sua morte o castigo foi derramado e o reino foi tirado de seu filho, na ocasião em que o reino de
Israel foi dividido.
Mesmo em vida, Salomão experimentou as ameaças de inimigos levantados por Deus, como
Hadade, Rezom e Jeroboão. Esse último era um líder forte e trabalhador que se rebelou contra as
políticas do rei Salomão, e nos dias de reinado do filho de Salomão, Roboão, ele dividiu o reino de
Israel em duas partes, norte (Israel) e sul (Judá), e se tornou rei sobre as 10 tribos do norte. Saiba
mais sobre os reis de Israel e reis de Judá.
Apesar de encerrar sua vida de forma melancólica, deixando um reino desgastado e prestes a ruir, o
rei Salomão fez contribuições importantíssimas para Israel, sendo aquele que construiu o Templo, o
que colocou Israel no cenário internacional e foi o principal autor da literatura de sabedoria
hebraica.
Também é importante mencionar que toda a glória e esplendor do reino de Salomão tipificou o
reino eterno do Messias, de forma que o Salmo 72, num frequente uso de linguagem hiperbólica, ao
mesmo tempo em que se refere ao rei humano também prenuncia o Cristo.
Laryssa Aguiar