Portugal 111
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Zé do Telhado: o
português que roubava
aos ricos para dar aos
pobres
No século XIX, Zé do Telhado roubava aos ricos para dar aos
pobres. Mito ou lenda? Descubra a fascinante história do Robin dos
Bosques português.
por VxMag
Mai 20, 2021
Só após esta condecoração o seu tio deixou que se casasse com a sua prima, da qual
veio a ter cinco filhos. Diz-se que o seu primeiro crime foi feito porque não tinha como
sustentar os filhos, e que pediu perdão a Deus por o ter cometido.
Acabou por assumir a liderança de uma quadrilha que foi responsável por vários
assaltos no norte de Portugal, altura em que começa a ser conhecido por Zé do Telhado
e em que conquista a admiração popular.
Numa das surtidas, um dos elementos da quadrilha mata um criado, sendo a primeira
morte causada pelo grupo, algo que marca profundamente Zé do Telhado. O bando
começa a ser procurado com mais insistência pelas autoridades, e Zé do Telhado acaba
por ser preso a bordo de um navio, quando tentava escapar para o Brasil. Foi levado
para a prisão e aguardava julgamento, pensando que iria receber pena de morte pelos
seus crimes.
Foi na prisão que entrou em cena uma personagem improvável na vida deste
homem: Camilo Castelo Branco, que tinha sido preso por adultério, e que acaba por lhe
salvar a vida, juntamente com o seu advogado, que o consegue livrar d apena de morte.
Zé do Telhado acabou por ser apenas condenado ao degredo em Angola.
Zé do Telhado
Aqui, Zé do Telhado acaba por reconstruir a sua vida, ficando na memória do povo por
ajudar igualmente os pobres e por ser uma personagem afável e amiga. Foi na aldeia de
Xissa, a uma centena de quilómetros de Malanje, que veio a falecer, em 1875. Está hoje
sepultado num pequeno mausoléu, nesta mesma aldeia, e a sua memória ainda é
mantida viva pela população.
Manteve ainda uma vasta rede de informadores de todas as classes sociais: criadas,
padres, pedreiros, fidalgos e agricultores. E até taberneiros e donos de estalagens, que
tinham sempre informações privilegiadas para lhe dar proporcionadas pelos viajantes.
Com base em toda esta estrutura, Zé do Telhado consegue criar um clima de terror em
algumas localidades no Norte de Portugal.
A fama que dele perdura é, no entanto, a de ser o Robin dos Bosques português. Talvez
isto tenha acontecido pela forma como Camilo Castelo Branco romanceou a sua
imagem. Ou talvez, apesar de todos os roubos cometidos, Zé do Telhado tivesse mesmo
um coração bom e ajudasse quem mais precisava. A verdade é que nunca saberemos
muito bem como tudo aconteceu. Resta apenas a lenda!
Para chegar ao centro geodésico a partir de Vila de Rei siga em direção à Sertã e
percorra 1,8 km. Nessa altura encontrará assinalada a indicação que tem como destino o
Picoto da Melriça, que é literalmente o Centro Geodésico de Portugal e que encontrará
menos de 1 km depois, mais precisamente 900m.
No Picoto da Melriça estará a uma altitude considerável e próxima dos 600 m, mais
precisamente 592 m. Conforme já introduzimos terá a possibilidade de observar com
uma visão de 360º um horizonte vasto e longínquo, que lhe permitirá identificar vários
pontos de referência.
Em relação ao marco geodésico este está representado por uma pirâmide de alvenaria
que tem nove metros de altura e mais de três metros de base. Rigorosamente 9,1 metros
de altura e 3,25 metros de base. O começo da sua construção data de 1802, sendo que ao
longo de tempo, e mais recentemente, sofreu várias obras de melhoria. Foi uma das
primeiras pirâmides geodésicas do país e naturalmente é atualmente muito emblemática,
sendo alvo de visitas de milhares de turistas anualmente.
Para além de ser o local onde está localizado o Centro Geodésico de Portugal
Continental existem outros aspetos que devem destacar-se sobre a importância do Pico
da Melriça. Nesta perspetiva é importante referir que foi a partir deste local que se
iniciaram as observações angulares dos restantes vértices geodésicos do país.
Nos pontos mais a sul é de destacar que se avistam as planícies do Alto Alentejo,
valendo a pena referir que a lezíria ribatejana é também avistada. Na direção Sudoeste é
ainda possível vislumbrar uma leve gravura da linha dourada do mar.
Vale destacar que a rota merece bem a pena o desvio, pois para além de ser o Centro
Geodésico de Portugal, Vila de Rei tem inúmeros pontos de interesse em todas as
estações do ano. Só a título de curiosidade deixamos a indicação de belíssimas Praias
Fluviais, como a Praia Fluvial da Zaboeira, a Praia Fluvial do Penedo Furado e a Praia
Fluvial de Fernandaires, que curiosamente tem água a uma temperatura mais elevada
que o habitual das praias portuguesas.
Estas são zonas a visitar no Verão, mas no Inverno pode igualmente aventurar-se pela
Água formosa, Aldeia de Xisto da freguesia e Concelho de Vila de Rei ou visitar
o Museu do Fogo e da Resina. Uma referência final à gastronomia, onde os famosos
maranhos e o bucho são reis. Portanto, ótimas razões para ir, literalmente, ao Centro de
Portugal.
Entre Oporto y Galicia hay playas para todos los gustos. Elegi-
mos ocho arenales del norte de Portugal, accesibles tanto para
un día al sol como para pasar un fin de semana. Entornos natura-
les, lugares históricos o zonas perfectas para coger olas. Seguro
que en esta lista encontrarás alguna playa que te anima a cruzar la
frontera.
2. Moledo (Caminha)
UN LUGAR HISTÓRICO
Aquí no perderás Galicia de vista, literalmente. Con el horizonte
hacia el Monte de Santa Trega a la derecha, la Praia do Moledo
es una de las primeras que encontramos al pasar la frontera por
Tui. Y es idílica para quedarse a disfrutar de un día al sol. Además,
puedes acceder en barco al Fuerte de Ínsua, construido en el s.
XV como convento, fue esencial para la defensa de la costa
portuguesa durante los siglos XVII y XVIII.
3. Madalena (Gaia)
UNA EXPERIENCIA INOLVIDABLE
Al sur de la ciudad de Oporto, en Gaia, se encuentra una de las
capillas más curiosas de Portugal. Es la Capela do Senhor da
Pedra y se sitúa en la Praia da Madalena, una zona tranquila, lejos
del ir y venir de turistas de la ciudad. Ver cómo golpean las olas en
esta pequeña iglesia es todo un espectáculo. Eso sí, ten cuidado
si decides entrar, puedes quedar atrapado al subir la marea.
5. Ofir (Esposende)
Caros amigos portugueses, permitam-me que vos trate por irmãos, tal como vocês nos
tratam a nós, os espanhóis, por “nuestros hermanos”. Amo o vosso país com todo o meu
coração. Preciso de vos contar, ante de começar, que amo tanto o vosso país que me
casei com uma portuguesa, tenho duas filhas portuguesas e vivo em Portugal há 10
anos. Vivo em Portugal o tempo suficiente para me poder considerar também um pouco
português mas também para poder ver, como quem vê de fora, o bom e o mau que este
maravilhoso país e este maravilhoso povo possuem.
Não pensem, meus caros irmãos portugueses, que isto é uma crítica. É apenas uma
forma de vos dizer o quanto vos amo e também, ao mesmo tempo, o quanto vocês me
confundem por vezes.
Não fiquem tristes ou furiosos com as minhas palavras. E espero que, quando lerem as
minhas palavras, percebam que apesar das críticas, vos amo com todo o meu coração. E
como é óbvio, nem todos os portugueses são como as minhas palavras os descrevem
mas, pela minha próxima experiência, posso dizer que uma grande parte de vocês se irá
rever no meu texto. De qualquer das formas, esta é a minha lista de defeitos e de coisas
menos boas dos portugueses.
Confessem: vocês vibram com este tipo de notícias e rankings. Nestes anos em que vivo
em Portugal tenho tentado encontrar a justificação para este comportamento e só me
ocorre uma: a falta de auto-estima. Portugueses: vocês valem muito mais do que aquilo
que imaginam. Deixem de olhar para rankings e concentrem-se em apreciar vocês
próprios o vosso país. Não precisam que um estrangeiro vos diga que têm o melhor
vinho do mundo, o melhor queijo do mundo, etc… são vocês mesmo que têm que achar
que as vossas coisas são boas e valorizá-las.
Portugal é extraordinário em muitas coisas mas não precisa de ser o melhor em tudo
para ser bom. Percebam isso! O vosso sistema de saúde, por muito que vocês o
critiquem, é um dos melhores do mundo. Basta verem as estatísticas sobre a esperança
média de vida, por exemplo. O vosso sistema de ensino, embora possa ser melhorado,
faz inveja a muitos países da Europa. Meus irmãos portugueses: vivam a vida com mais
calma e não se exaltem demasiado nem se deprimam demasiado.
Prova disso é a forma como falam dos diferentes governos que governaram Portugal nos
últimos anos. Reparo, por exemplo, que muitos de vocês criticam um governante pelas
medidas impopulares que ele teve que tomar, mas esquecem-se de como esse
governante encontrou o país quando foi eleito. Esquecem-se também que, quem
governava o país antes dele, está agora a ser julgado por corrupção. E também se
esquecem de todas as críticas negativas que fizeram ao vosso presidente da Câmara se
ele pavimentar a vossa rua um mês antes das eleições.
Vocês são um povo sereno, amável e carinhoso. São dos poucos povos do mundo que
nos fazem sentir genuinamente em casa e por isso não fico nada admirado quando vejo
tantos turistas a falar bem do vosso país e tantos trabalhadores estrangeiros em Portugal
a dizer que este é um local formidável para trabalhar e viver.
A vossa comida é das melhores do mundo. Não é apenas a vossa forma de a cozinhar
mas também os vossos produtos. Não há melhor vinho ou azeite do que aqueles que são
feitos em Portugal pelos portugueses. A vossa fruta e os vossos legumes são excelentes.
A carne e o peixe que se vende em Portugal são das melhores do mundo. E se não
acreditam, viajem até países como Suécia, Alemanha ou Rússia e tentem comer o peixe
e a carne que eles produzem.
O vosso país é lindíssimo. Não é um país de uma beleza perfeita e harmónica. O vosso
país prima pela beleza da simplicidade. Em Portugal, mesmo uma casa em ruínas numa
aldeia de pedra na Beira Interior consegue ter uma beleza cativante. O vosso país, com a
simplicidade das suas pessoas e da sua paisagem, é um país acolhedor, que nos faz
sentir em casa, que nos faz regressar às nossas origens.
O vosso sistema de ensino é muito bom. O vosso serviço nacional de saúde é fantástico.
As vossas estradas são das melhores do mundo. Os vossos políticos não são assim tão
corruptos como vocês dizem (não são tão bons como os políticos do norte da Europa
mas são bem melhores do que os políticos de mais de meio mundo). E acima de tudo, os
vossos políticos são sensatos. Bem mais sensatos do que os políticos do meu país, a
Espanha.
2. Macaca
Com um pau de giz e uma pedrinha fazia-se a festa. Desenhava-se no chão vários
rectângulos (casas) conforme a figura ao lado e passavam-se umas belas horas a atirar a
dita pedrinha, a caminhar em pé coxinho para apanhá-la em equilíbrio num só pé e a
regressar também em pé-coxinho. Em algumas casas podiam ser colocados os 2 pés em
simultâneo (as que tinham 2 quadrados lado a lado), outras só podia ser num pé. Ora aí
está um belo exercício que poderia dispensar algumas horas de step ou spinning (e bem
mais barato). Alguém quer alinhar?
3. Pião
Uns simples, outros coloridos, este jogo poderia ser partilhado com quem quisesse.
Bastava que tivessem um pião, uma corda para o fazer girar e algo para desenhar um
círculo no chão. O objectivo era deixar girar um pião no círculo e correr com os piões
dos outros para fora desse espaço. De facto era necessário alguma perícia de mãos (que
confesso que nunca tive). Ainda assim, ainda bem me lembro de tentar atingir recordes
do tempo em que o pião ficava a rodopiar. Não convinha muito ser em casa sob pena do
chão de ficar com uns relevos esquisitos e a Mãe ficar colada ao tecto. Algo tão simples
e como pegou durante décadas a fio.
4. Malha
Remonta ao tempo em que se começou a colocar ferraduras nos cavalos do exército
romano. Para ocupar o tempo, os soldados lá acharam piada a atirar tais ferraduras com
o objectivo de derrubar ou chegar perto de um pau. Mais curioso ainda é que, em
Portugal, o nome mais popular é “chinquilho”. Daí o verbo verbo “achincalhar”, que
significa ridicularizar/rebaixar/humilhar, pelo facto deste ser um passatempo tradicional
das classes mais desfavorecidas. E havia autênticos mestres, geralmente carecas ou de
cabelos brancos, na arte do “malhar” ou “achincalhar” (no bom sentido da palavra).
5. Escondidas
Este jogo das Escondidas era tanto mais divertido quanto maior o potencial de
esconderijos a área tivesse. Era um clássico nos recreios e nas festas de aniversário dos
amigos. Claro que quase ninguém queria ficar no papel de contar alto até 100 virado
contra uma parede ou árvore e depois ter que “ir á cata” dos amiguinhos escondidos.
Mas enfim, tocava a todos. Terminada a contagem lá esse jogador tinha que anunciar o
início das buscas com um sonoro “AÍ VOU EU” e todos os outros ficavam que nem
múmias nos seus esconderijos. Nunca a palavra “coito” foi tão inocente como a simples
chegada vitoriosa do jogador que estava escondido ao posto inicial, sem ser apanhado
no trajecto. Caso conseguisse tal proeza, podia dizer “1,2,3 salvo xpto” (xpto = nome do
amigo/amiga que estivesse naquele momento no top do seu ranking de amizade ou
quiçá algo mais) ou, se fosse do género altruísta: “1,2,3, salvo todos!”.
6. Salto ao eixo
Fazia parte de algumas aulas de ginástica mas muitas crianças se divertiam a saltitar por
cima de um(a) coleguinha que amochava o tronco para a frente, apoiava bem as mãos
nas pernas e virava a cabeça para baixo. Se era necessária alguma agilidade para saltar o
dito “eixo humano”, se bem se recordam, quem estivesse amochado tinha quase que
rezar 3 “Pais-Nosso” seguidos não fosse o próximo a saltar aquele(a) “mastronço(a)”
desengonçado(a) que mais parecia uma “wrecking ball” (mas sem Miley Cyrus
atrelada).
7. Saltar ao elástico
Este jogo, de tão simples e clássico que é, quase que dispensa explicação. Tinha que
haver pelo menos 3 meninas (não querendo parecer sexista, não me lembro de ver
rapazes aos saltinhos neste jogo), 2 das quais tinham que servir de “poste” para segurar
o elástico nos tornozelos. A 3ª pulava sobre o elástico, ora só com 1 pé, ora com os 2, ao
ritmo do “1,2,3…1,2,3…1,2…1,2”. Confesso que já não me lembro das respectivas
músicas mas ainda me recordo que o grau de dificuldade ia aumentando à medida que o
elástico ia subindo pelas “meninas-poste” (termo inventado agora mesmo). E com isto,
muitas doses de energia e gotas de suor foram gastas.
8. Sirumba
Na Sirumba (também conhecida por jogo do polícia e ladrão) desenhava-se um
rectângulo grande no chão, com seis quadrados lá dentro, divididos por corredores.
Depois decidia-se quem era ladrão e polícia. Os polícias só andavam nos corredores e
tinham que apanhar (com um toque apenas) os ladrões que saltavam de quadrado em
quadrado. O ladrão tinha que passar por todos os quadrados até chegar à barra oposta
que dizia “Sirumba” e voltar à base inicial. O primeiro ladrão que chegasse sem ser
apanhado gritava bem alto “SIRUMBA” e ganhava o jogo.
9. Berlinde
Para começar, ter uma bela panóplia de bolinhas de vidro maciço, pedra ou metal,
pequenas ou grandes, lisas ou às riscas, brilhantes ou opacas era uma emoção! Há
imensas variedades de jogos do berlinde mas a que mais gostava era a das “3 covinhas”.
O objectivo era tentar enfiar os berlindes, sucessivamente, nas 3 covas dispostas em
linha recta. Quando se conseguisse chegar à última cova fazia-se o percurso inverso. À
medida que ia concluindo estas etapas o jogador ficava com o direito de alvejar os
berlindes dos outros, apoderando-se assim dos mesmos.
10. Jogo do Mata
Quase que não existia limite de jogadores. Num campo dividido ao meio e com duas
equipas de cada lado, o principal objectivo era eliminar os adversários com uma bola. O
jogador na posse da bola tinha de lança-la em direcção aos outros jogadores e, se
tocasse em alguém, estaria “morto” (ou não se chamasse jogo do “mata”). Claro que
havia sempre aquelas alminhas que adoravam despejar toda a sua fúria naquele
coleguinha irritante…
14 percursos de sonho
para descobrir Portugal a
pé
SOCIEDADE
27.05.2017 às 9h00
Trilhos, passadiços, caminhadas, rotas grandes e pequenas.
Descubra paisagens únicas em percursos a pé e também um
outro tipo de oferta turística, mais local e sustentável
MIGUEL JUDAS
2 - PASSADIÇOS DO PAIVA
Arouca
Ponto de Partida e chegada: Espiunca
Distância: 17 km
Ao todo, são 17 quilómetros (ida e volta) de passadiços de madeira, a
serpentear por árvores e rochas, por vezes suspensos em falésias ou
sobre pequenos desfiladeiros, sempre ao longo da margem esquerda
do Paiva, considerado o rio mais selvagem de Portugal. Tem início na
aldeia de Espiunca, junto à praia fluvial, e o troço inicial é em linha reta
e quase plano, o que permite apreciar a paisagem sem grande
esforço. Mais ou menos a meio, fica a praia fluvial do Vau, acessível
através de uma ponte suspensa. Prossegue-se então para o troço
mais espetacular do percurso, que contorna a grande garganta do
Paiva e após a qual é necessário vencer cerca de 500 degraus, até a
um miradouro, a quase 300 metros de altitude, com vista panorâmica
sobre toda a região. A partir daqui é sempre a descer, até à praia do
Areinho, onde muitos voltam novamente para trás, até ao ponto de
partida.
6 - FISGAS DO ERMELO
Vila Real
Ponto de partida e de chegada: Ermelo
Distância: 12 km
No ponto de encontro entre Douro, Minho e Trás-os-Montes, este trilho
reúne o melhor destas três regiões, num pequeno paraíso natural
situado entre os concelhos de Mondim de Basto e de Vila Real,
conhecido como serra do Alvão. Trata-se de um cenário natural único,
que pode ser explorado e apreciado através deste percurso, com
início na aldeia de Ermelo, uma das mais antigas de Portugal. Sempre
junto às margens do Olo, acompanha-se a mudança da paisagem,
cada vez mais selvagem, à medida que o rio prossegue o seu
caminho através de apertadas gargantas, até se precipitar, montanha
abaixo, de uma altura de cerca de 400 metros, nas Fisgas do Ermelo,
numa das maiores quedas de água da Europa.
7 - TRILHOS DO CONHAL
Nisa
Ponto de partida e de chegada: Arneiro
Distância: 11 km
Uma aldeia piscatória no Norte do Alto Alentejo, com barcos e redes
de pesca nas ruas, não é a imagem mais usual, mas é deste
improvável cenário que parte um dos mais belos trilhos do País. O
ponto de partida fica situado mesmo no centro da localidade de
Arneiro, também conhecida pela imensa escombreira de seixos
rolados, resultante da exploração do ouro de aluvião pelos romanos o
"conhal", que dá nome ao trilho. O caminho percorre em seguida parte
da serra de São Miguel, continuando depois até ao topo sul do
monumento natural das Portas de Ródão, onde se pode apreciar, bem
de perto, o majestoso voo dos muitos grifos que ali nidificam.
8 - MONGE
Sintra
Ponto de partida e de chegada: Convento dos Capuchos
Distância: 4,5 km
Com partida do Convento de Santa Cruz dos Capuchos, fundado no
século XVI por frades franciscanos, que aqui queriam viver em
"estreita relação com a natureza", esta é uma rota marcada pela
exuberância da vegetação, em especial nas exóticas matas de cedros
do Buçaco, salpicadas por carvalhos, medronheiros e urzes. Sempre a
subir, chega-se ao marco geodésico, onde a deslumbrante vista impõe
uma paragem mais demorada nos dias limpos consegue-se avistar a
linha de costa quase até ao cabo Espichel.
Um pouco mais à frente, num dos cumes mais altos da serra, chega--
se ao lugar de Tholos do Monge, uma sepultura coletiva pré-histórica
orientada a norte.
14 - ROTA VICENTINA
Santiago do Cacém
Ponto de partida: Santiago do Cacém
Ponto de chegada: Cabo de São Vicente
Distância: 340 km
Esta grande rota permite conhecer, ao pormenor e de forma
sustentada, toda a riqueza cultural, paisagística e social de um dos
mais bem preservados troços costeiros da Europa. Com mais de 300
quilómetros de extensão, cruza os concelhos de Santiago do Cacém,
Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, estando dividida em dois
percursos: o Caminho Histórico (pelo interior) e o Trilho dos
Pescadores (pelo litoral), que se cruzam em Porto Covo e Odeceixe.
O Trilho dos Pescadores inclui 4 etapas, que ligam Porto Covo ao
cabo de São Vicente, sempre junto ao mar, por entre falésias,
enseadas e praias desertas, através dos trilhos usados há gerações
para aceder aos pesqueiros. Por sua vez, o Caminho Histórico
percorre um itinerário rural, passando por uma paisagem de montado,
serra e vales.
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Quais são as maiores palavras da Língua Portuguesa? As palavras mais compridas serão,
sem dúvida, palavras técnicas relacionadas com algumas profissões, mais propriamente
da área da medicina ou da justiça. Mas não só: na lista surgem ainda outras palavras
relacionadas com as mais variadas áreas. Percorra a lista e aceite o desafio: tente ler em
voz alta estas palavras e diga-nos o que achou na caixa de comentários! Temos a certeza
que, muito provavelmente, não voltará nunca mais a precisar de usar estas palavras mas,
mesmo assim, sabemos que irá divertir-se um pouco a lê-las ou a soletrá-las. Estas são as
palavras mais compridas da Língua Portuguesa e os seus significados.
1. Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico (46
letras)
Indica alguém ou algo relacionado com uma doença aguda nos pulmões que se origina
com a inalação de cinzas vulcânicas.
Aviones que acaban de despegar o que descienden hacia el aterrizaje atruenan sin
descanso el cielo occidental de Lisboa. Se oyen muy fuerte y muy cerca en este
palacio de magnificencia virreinal que es la sede del Museo de la Ciudad, con su
vasto jardín por el que pasean los pavos reales, lentos y solemnes como príncipes
sin trono que se aburren en un cautiverio dorado. En la mañana de llovizna el
jardín se dilata en profundidades de vegetación tropical empapada y oscura. En
los intervalos entre el fragor de dos aviones se hace un gran silencio, sobresaltado
de pronto por los gritos extraños de los pavos reales, que al desplegar su plumaje
parecen plantas repentinas abriéndose entre la niebla selvática. En el breve
silencio oigo mis pasos en la grava y el picoteo de las gotas de lluvia sobre el
paraguas. En este lugar no hay indicios de las multitudes de turistas que llegan en
oleadas sucesivas en los aviones que rugen sobre mi cabeza, o en los cruceros
que cierran el horizonte del río como torres de un Benidorm o un Torremolinos
flotante.
Costa Martins y Palla salían a la calle, el uno con una Leica, el otro con una
Rolleiflex, y retrataban todo lo que llamaba su atención, que era casi todo lo que
se ofrecía a sus ojos. No tenían un afán documental preciso. Miraban con la
actitud de no perderse nada y también con la familiaridad del que vuelve una y
otra vez a los mismos lugares en los que lleva viviendo toda su vida. Hicieron
más de 6.000 fotos, pero eligieron para el libro unas 200. En el museo puede
seguirse una parte del trabajo exigente y dubitativo de selección: también el
modo en que un encuadre particular limita una zona precisa de una foto más
amplia, y al concentrarse en ella, en una figura sola, en el primer plano de una
cara, al prescindir de lo que la rodea y también es valioso, logra una intensidad
insospechada, una composición más depurada y nítida, o quizás un grado mayor
de ambigüedad, al suprimir un pormenor narrativo evidente.
‘Lisboa, cidade triste e alegre’. Victor Palla y Costa Martins. Museo de la Ciu-
dad. Lisboa. Hasta el 16 de septiembre.
BELÉN RODRIGO
Actualizado:14/09/2014 23:38h
1. Braga (Espanhol)
Que nos desculpem os nossos amigos da cidade de Braga, a belíssima capital do Minho
mas... Braga em Espanhol quer dizer cuecas. Isso mesmo, leu bem. Estamos mesmo a
imaginar a cara dos espanhóis que visitam Portugal quando vão na autoestrada e reparam
na placa a indicar o caminho para Braga (ou para as cuecas, na língua deles).
2. Droga (Polaco)
Aqui está uma palavra curiosa. Se em Portugal, droga é sinónimo de algo mau, de
substância viciante e com efeitos nocivos, em Polaco quer dizer apenas... estrada. Por
isso, se na Polónia alguém lhe disse que anda na droga, não estranhe porque
provavelmente decidiu apenas apanhar o caminho para casa.
3. Rui (Russo)
Na Língua Portuguesa, Rui é um nome próprio masculino. Mas se por acaso se deslocar a
Moscovo de férias, por favor tenha algum cuidado em dizer esta palavra em voz alta em
frente aos russos. É que, para eles, Rui é uma asneira, uma palavra do calão mais básico
para designar... um pénis.
4. Propina (Espanhol)
A palavra pode não ter um bom significado na língua portuguesa, mas para quem fala
espanhol não significa nada demais. Propina para eles é apenas gorjeta. Por isso não se
assuste se algum funcionário lhe pedir uma propina em algum restaurante da Espanha.
5. Burro (Italiano)
O que faria se estivesse a tomar o pequeno almoço alguém dissesse: “burro”? Se isso
acontecer na Itália, não se preocupe, provavelmente a pessoa está apenas a pedir-
lhe manteiga. Isto porque na língua italiana a palavra burro é o nome dado ao produto.
6. Assume (Inglês)
Em português a palavra assume é o verbo assumir conjugado, no entanto, em inglês a
palavra quer dizer supor alguma coisa.
7. Subir (Francês)
Consegue imaginar o que significa a palavra “subir” em francês? Muitas pessoas poderiam
associá-la à palavra do português que é escrita da mesma maneira. Porém “subir” para os
franceses significa sofrer. Isso mesmo!
8. Acreditar (Espanhol)
Em português acreditar é crer em algo, mas em espanhol não. Para os falantes de
castelhano, “acreditar” nada mais é do que creditar dinheiro.
9. Despido (Espanhol)
Por causa da semelhança entre as línguas, existem muito falsos cognatos na língua
espanhola. Outro deles é o “despido”. Caso algum espanhol lhe diga que foi "despido" isso
significa, provavelmente, que perdeu o seu emprego.
10. Bâton (francês)
Em francês, a palavra “bâton” não significa batom, embora a grafia se pareça bastante. A
palavra francesa significa bastão.
Um novo estudo decidiu tentar traduzir as palavras sem tradução – as palavras que, em
todo o mundo, não têm tradução literal em mais nenhuma língua. Três são portuguesas e
constam na lista. A mais óbvia é saudade, mas existem mais duas. O estudo foi elaborado
por Tim Lomas, da Universidade de Londres, e conta já com um projecto pessoal, o
Positive Lexicography Project. O objectivo é tornar familiar aquelas palavras que só são
entendidas num certo país e que não têm tradução literal em nenhuma outra língua, mas
que transmitem um sentimento específico que, segundo conta a BBC, é negligenciado
pelas outras línguas.
O Projecto de Lomas tentou então encontrar “sentimentos” não traduzíveis, por todo o
mundo, na esperança de conseguir incorporá-los noutras culturas, que não as de origem.
Para encontrar as palavras ‘intraduzíveis’, Lomas procurou na literatura académica e falou
com as pessoas do país de origem das palavras que pretendia descobrir. Os primeiros
resultados do seu projecto foram lançadas num jornal de psicologia, no ano passado. E foi
nessa pesquisa que descobriu três palavras portuguesas.
1. Saudade
Esta palavra é, há muito, catalogada como sendo ‘só portuguesa’. Segundo a tradução
feita, esta palavra significa um desejo melancólico ou nostálgico por uma pessoa, lugar ou
coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo. Uma vaga de nostalgia que
sonha, por vezes, com fenómenos que podem mesmo nem existir. Assim é a explicação
da saudade, para Lomas. Para ilustrar a palavra ‘saudade’, o artigo da BBC fala da fadista
Cristina Branco e das suas músicas com o tema do que é sentir-se saudoso a ponto de se
morrer de saudade. Tal como tantos outros artistas o fazem.
2. Desbundar
A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e,
simplesmente, entrar em modo de diversão.
3. Desenrascanço
Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o
ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a
expressão exacta para traduzir.
Além das palavras portuguesas, existem várias outras. Por acaso já se sentiu um pouco
mbuki-mvuki? Ou talvez já tenha sentido um pouco kilig, ou até mesmo uitwaaien. O que
lhe parece? Confuso? Pois bem, veja alguns exemplos de palavras (e sentimentos) que
provavelmente nem sabia que existiam:
Mbuki-mvuki – Esta palavra é do dialecto africano Bantu e significa algo como ter uma
vontade irresistível de tirar a roupa enquanto se dança.
Uitwaaien – Esta palavra faz juz ao efeito revitalizante de fazer uma caminhada ao vento e
é holandesa.
Shinrin-yoku – Esta palavra é japonesa e significa algo como a sensação relaxante que
se tem através de um banho na floresta (literalmente ou de forma figurativa).
Yuan bei – Palavra chinesa que simboliza um sentido de realização completa e perfeita.
Sehnsucht – Palavra alemã que, se traduzirmos de forma literal, fica algo como “desejos
de vida”, ou seja, é uma espécie de desejo intenso por estados de espírito alternativos e
de realizações pessoais, mesmo que sejam inalcançáveis.
Para descobrir mais exemplos de palavras cheias de significado em mais línguas, mas
quase impossíveis de traduzir, visite o estudo aqui.
Fonte: observador.pt
O site Buzzfeed elegeu “28 belas palavras que a língua inglesa deveria roubar”, por
lamentavelmente não existirem sinónimos no idioma do senhor Shakespeare. E a prova de
que o trabalho foi bem feito está tanto na qualidade das palavras escolhidas (a maior parte
das quais, diga-se de passagem, a língua portuguesa também deveria roubar), como no
facto de a palavra gualdripada ao português não poder ser melhor escolhida.
Não foi “fado”, não foi “saudade”, foi mesmo “desenrascanço”, que é assim traduzida: “the
last minute improvisation of a hasty but perfectly sound solution; pulling a MacGuyver”. Ou
seja: “improvisação de última hora de uma solução apressada mas perfeitamente eficaz”.
É mesmo isso. A que se segue uma palavra em inglês que não tem exactamente tradução
na língua de Camões, mas que é sempre uma bonita citação de um extraordinário ícone
dos anos 80... que, sim, foi o grande mestre internacional do desenrascanço. Só lhe faltou
mesmo ser português.
2. Desbundar
A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e,
simplesmente, entrar em modo de diversão.
3. Desenrascanço
Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o
ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a
expressão exacta para traduzir.
Remesa (español)
sustantivo: rato de conversación o tertulia que se disfruta tras el almuerzo sin
haberse levantado aún de la mesa
Los españoles son conocidos por disfrutar de largas comidas juntos, pero
comer no siempre se trata de alimentarse únicamente. Cuando se quedan en la
mesa después del almuerzo para degustar una agradable conversación con la
familia o los amigos, estarán disfrutando de la sobremesa.
Abbiocco (italiano)
sustantivo: somnolencia que aparece tras una comida pesada
Todo el mundo ha sido víctima de una terrible somnolencia después de una
comida, pero solo a los italianos se les ocurrió encapsular este concepto en
una sola palabra. Cuando estás deseando echarte una siesta después del
almuerzo, se dice que “tienes el abbiocco” (avere l’abbiocco).
Desenrascanço (portugués)
sustantivo: la habilidad de improvisar una solución rápidamente
Desenrascanço es el modus operandi de cualquier procastinador empedernido.
Su significado no solo implica resolver un problema o tarea, sino que incluye
hacerlo en el último minuto y con una solución absolutamente improvisada. En
definitiva es lo que MacGyver hacía en cada capítulo de su serie cuando
necesitaba evitar un peligro, eso sí, usando tan solo un clip doblado y el
envoltorio de un chicle.
Hyggelig (danés)
adjetivo: cómodo, acogedor, íntimo
¿Sabes qué es hygge? ¿Alguna vez has deseado una palabra que combinara
todo lo que es cómodo, cariñoso, seguro y acogedor? ¡Pues los daneses la
tienen! Se trata de hyggelig, y la usan tan a menudo que muchos de ellos la
consideran una parte del carácter nacional.
Utepils (noruego)
sustantivo: la cerveza que se toma al aire libre
Los noruegos tienen que soportar un invierno largo, duro y muy oscuro antes
de poder disfrutar el luminoso y corto verano. De manera que esa cerveza que
te puedes tomar al aire libre mientras te bañas en los gloriosos rayos del astro
rey no es cualquier cerveza, ¡es una utepils!
Verschlimmbessern (alemán)
verbo: empeorar algo cuando se está tratando de mejorarlo
Todos lo hemos hecho antes: tratando de resolver un problema menor hemos
terminado provocando uno mucho mayor. ¿Tal vez intentaste arreglar el
pinchazo en tu bici pero resulta que ahora la rueda no gira? ¿Al reinstalar
Windows tu ordenador no arranca y se queda bloqueado cada vez que intentas
reiniciarlo? Oh no, ¡no me digas que has intentado arreglar ese corte de pelo
tan malo tú solo!
Não, não estamos a afirmar que a sua professora de português era uma grande mentirosa,
nem que estava completamente errada. Estamos apenas a dizer que, muitas vezes, de
forma a simplificar a informação transmitida, são cometidas incorrecções, contribuindo
para a criação de verdadeiros mitos gramaticais. A criação de regras é ainda mais
acentuada devido à tendência generalizada que existe entre os estudantes de decorar
regras. Mais importante, contudo, do que decorar regras, é entender o funcionamento e a
estrutura da língua e saber aplicar as regras nos diversos contextos, sendo feita uma
análise e reflexão sobre a língua em uso.
Apesar disso, é possível o uso de as, sem acento grave, em construções que indiquem
intervalos exatos de horas:
Ele acabou por esperar as cinco horas previstas pela recepcionista das urgências
do hospital.
Incorrecção 2: Não se usa crase antes de pronomes
O mais usual é, efectivamente, a inexistência de crase antes de pronomes, porque há
apenas a presença da preposição a, não sendo usado o artigo definido a antes de
pronomes. Apesar disso, é possível que ocorra crase antes de diversos pronomes, em
situações já previstas na gramática:
É também possível o uso do acento grave antes de pronomes quando existem termos que
se encontram omitidos:
água (á-gua)
génio (gé-nio)
ânsia (ân-sia)
Apesar disso, devido à flexibilidade na pronúncia do ditongo, essas palavras podem ser
também classificadas como proparoxítonas aparentes, sendo o ditongo convertido para
hiato e ficando em sílabas separadas na divisão silábica:
água (á-gu-a)
génio (gé-ni-o)
ânsia (ân-si-a)
Quando o uso da conjunção e tem como objectivo um efeito enfático: Ele disse, e
fez, e desfez, e refez, e se contrariou, e repetiu tudo outra vez!
Quando orações coordenadas possuem sujeitos distintos, sendo marcadas por
uma pausa: Eu é que fui assaltada, e ele é que ficou traumatizado.
Apesar disso, podem ser usados no início das frases em diversas situações,
principalmente com finalidades literárias e expressivas, dando ênfase ao enunciado e
simplificando o discurso. Esse recurso é utilizado por muitos autores de renome.
Mas como é que isso foi acontecer? Alguém viu alguma coisa?
Bessa-Luís se casó a través de un anuncio de prensa, que puso ella para entablar
correspondencia con una "persona culta". Así conoció al abogado Alberto Luís,
con quien se casó en 1945 y con quien vivió hasta que este falleció en 2017, a los
94 años de edad. El matrimonio tuvo una hija, Mónica.
Rebelo de Sousa asegura: "Del 'antes romper que torcer' testimonió, como el
rigor de su escritura, nunca corregida, el fin de un Portugal y el nacimiento de
otro. Uno y otro, hechos del Portugal eterno, a ese Portugal eterno al que ella
pertenece. El presidente de la República se inclina ante su genio".
Ah! Isso não significa necessariamente que essas gírias são faladas e
compreendidas no país todo. Como em qualquer lugar do mundo, muitas
expressões coloquiais são locais e só fazem sentido em determinada região.
Vamos a elas:
1. "Estou!"
É assim que se atende o telefone em Portugal.
Equivalente no Brasil: alô!.
2. Abiscoitado
"Este gajo (sujeito, cara) só pode ser um abiscoitado."
3. Malta
Diogo é o gajo mais fixe da tua malta!
Equivalente no Brasil: galera, turma.
4. Bué
Eu estou bué cansada hoje.
5. Ter lata
Tu não tens lata para isto!
6. Sandes
Na última vez que a vi, ela estava a comer um sandes.
7. Foda-se
Tua nota de história foi 3? Foda-se!
8. Piroco
Nem tudo é o que parece, felizmente. Piroco, em Portugal, é uma cantada.
Equivalente no Brasil: xaveco.
9. Brutal, grave
*Esta noite foi brutal! Bebi muito, mesmo grave!*
Equivalente no Brasil: sinistro, pesado, louco.
10. Do piorio
Diz-se de alguém ou algo que é terrível, muito ruim.
Alguém que não se aguenta nas canetas é alguém que está muito cansado.
Equivalente no Brasil: estar só o pó, embora essa gíria seja considerada
tipicamente paulistana.
Alfonso Masoliver
Última actualización:21-09-2020 | 23:32 H/
De convento a palacio
Los orígenes del Palacio da Pena (Palacio de la Peña en español) vienen tan
atrás como el siglo XV. Cuando el conocido monarca portugués, Manuel I, divi-
só desde lo alto de la peña mientras andaba de caza a las carabelas de Vasco
da Gama que regresaban de su arriesgado viaje a la India. Alabó a Dios y juró
construir un templo en el mismo sitio en que había descubierto el esperado re-
greso. Y este pequeño convento, entregado por Manuel I a los jerónimos, se
sostuvo sin demasiados problemas en lo alto de la peña durante los trescientos
años siguientes.
Todos los palacios en los que he estado, palacios o castillos o lujosas mansio-
nes de grandes personajes de la historia, tienen como objetivo inevitable mos-
trar una único elemento. El poder. Poder en el grosor de los muros, en la altura
de sus torres, el brillo de sus pinturas, las filigranas de la puerta de entrada, el
estilo de los salones. Un palacio o un castillo son algo así como un potente gri-
to que desciende desde lo alto de su montaña, fluyendo valle abajo hasta llegar
al populacho. Dice, soy vuestro poderoso señor y os hablo desde mi poderoso
castillo: haréis bien en temerme y guardarme respeto. La Ciudad Prohibida de
los emperadores chinos, Versalles, el Gran Palacio de Bangkok, el Castillo de
Olite, incluso palacios tan recientes como La Moncloa o La Casa Blanca, cerra-
dos a cal y canto a ojos del público, son escondidos tras verjas y alambradas y
excitantes dosis de misterio.
Nunca fue conveniente que el pueblo sepa qué se cuece realmente dentro. Pero
hete aquí que en el Palacio da Pena no encontramos nada de esto. Creo que se-
ría la primera vez que me encuentro un palacio que no estuviese destinado a
mostrar algún tipo de poder. Quiero decir, era la casa de recreo de un rey extre-
madamente culto, aburrido por su falta de utilidad cuando era su esposa quien
gobernaba. No era un símbolo de poder. Podría decirse que, cuando las obras
comenzaron en 1836, en el punto exacto en el que se había situado el convento
de los jerónimos, María II de Portugal ya imaginaba que su marido se disponía
a levantar un palacio que simbolizase su aburrimiento.
Quise imaginar que el Palacio da Pena representa algo así como los pensa-
mientos que merodeaban por la mente del tedioso consorte. Igual de variados,
así de bruscos. De la misma manera que sus ideas rondaban entre la Historia y
la música, en el palacio se encuentran muros de azulejos intercalados con otros
pintados de amarillo, arcos de herradura con torres de inspiración alemana.
Uno de los edificios de azulejos del palacio./Foto: Alfonso Masoliver
La última parte de la visita pasa por las habitaciones interiores, intactas desde
los años de Fernando. Se trata de la última orgía artística que nos ofrece el Pa-
lacio da Pena, donde ningún techo se asemeja al de la siguiente habitación,
cada pared es más delicada en sus detalles; los muebles de ébano todavía hue-
len a nuevo, parecen estar sin estrenar.
Cerca del Palacio da Pena, bajando por sus mismos jardines, puede visitarse
también el chalé de la Condesa de Edla, precisamente la segunda esposa de
Fernando, la cantante de ópera. No llega al nivel del palacio pero rebosa estilo y
belleza.
Copy Desk
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29/12/2017
Portugal, apesar de ser um país pequeno, tem muita história e muitos locais
dignos de se visitar. Quer seja pelos monumentos, quer seja pela gastronomia,
quer seja pelo clima ou até mesmo pelo nome incomum que determinada terra
tem. Venha daí conhecer 84 terras portuguesas com os nomes mais estranhos
e engraçados!
A mitologia portuguesa tem como base a mitologia dos povos autóctones da Lusitânia pé-
romana, legado este que não sobreviveu à conversão para o cristianismo, no entanto é
possível que alguns elementos tenham sido preservados, e cristalizados, nos contos e
tradições populares. A Mitologia lusitana que nos chega sob a forma de testemunhos
esculpidos na pedra, revela a existência de uma miríade de divindades das quais se
destacam Atégina, Bandua e Endovélico.
A tolerância religiosa, irá deixar de existir ainda durante o Império Romano. Os cultos
pagãos acabaram por ser proibidos motivados por interesses de ordem político-religiososa
por parte do clero cristão a partir do momento em que o Império Romano assumiu o
cristianismo como sua religião.
No contacto ente o paganismo e o cristianismo supõe-se que haja indícios de ter havido
em alguns casos uma sobreposição de cultos, nomeadamente no culto à deusa Atégina
que parece ter sido substituído pelo culto a Santa Eulália de Mérida, perseguida no
período de Deocleciano, pela similitude dos epitáfios dedicados a ambas.
No século VI é evidente a existência de deidades pagãs «uns adoravam o sol, outros a lua
ou as estrelas, outros o fogo, outros a água profunda ou os mananciais, acreditando que
todas estas coisas não tinham sido criadas por Deus para uso dos homens, mas que tendo
nascido por si mesmas eram deuses». Diversos mitos e lendas foram criados durante a
época histórica da criação da nacionalidade e a sua elaboração foi ganhando contornos
mais elaborados ao longo das gerações.
Os mitos portugueses integram diversos tipos de narrativas, que nos revelam os aspectos
da imaginação nacional portuguesa concentrada em torno do ciclo da da vida e da morte e
das forças da natureza, com origem em diversas fontes: O corpus mítico português
contínua a constituir-se e densificar-se. Desde o século XIX que importantes contribuições
foram feitas na recolha de contos, lendas e folclore.
Deusa Tripla: da Natureza, da Cura e Infernal. Identificada pelos romanos por Prosepina,
daí ser considerada mais tarde, de Deusa Infernal, que desaparece no Submundo para
depois renascer. Deusa de Turóbriga (Betúria Céltica), sede do seu culto, provém do
céltico Ate- (irlandês antigo Aith) e gena, que significa Renascida , sendo uma Deusa da
fertilidade e dos frutos da terra, que renascem todos os anos, portanto ligada à Terra e ao
Renascimento.
Era-lhe também prestado um culto devotio, que consistia em invocar, através de certas
fórmulas, divindades para prejudicar alguém (da simples praga até à morte). Era, contudo,
também Deusa Curadora, como comprovam muitas inscrições. Tal como Endovélico,
poderá ter sido a divindade principal de uma Trindade, a sul do Tejo, juntamente com um
Arenito (Deus da Força) e de Quangeio(?) (Deus da Fertilidade).
Ares Lusitani
Deus adorado a Norte do Tejo. Os Lusitanos, segundo Tito Lívio e Estrabão, sacrificavam
um bode e cavalos de guerra. É possível que exista uma estreita analogia entre a iniciação
cavaleiresca e a simbólica do cavalo como veículo da demanda espiritual. Neste sentido, o
cavalo era o símbolo do guerreiro, daquele que se eleva ao céu pelo seu triunfo ou pelo
seu sacrifício.
Bandonga
Deusa conhecida por uma inscrição que contém uma interessante referência a um
indivíduo de nome Celtius, podendo aqui referir não tanto um nome próprio mas mais um
nome de proveniência étnica, isto é, “dos Celtas”. O nome da Deusa parece comprovar
esta teoria, pois Band significa em celta “ordenar” ou “proibir”, mas também um prefixo
feminino (ainda hoje usado na Irlanda, com por exemplo em Banshee).
Bormanico
Deus ou Génio tutelar das águas termais; equivalente a Esculápio. O seu nome significa
“faço ferver”, isto é, a água que brota nas caldas. Esta entidade pode ter um carácter
iniciatório. Com efeito, «na água tudo se “dissolve”, toda a “forma” se desintegra, a toda a
“história” é abolida (…) A imersão equivale, no plano humano, à morte e no plano cósmico,
à catástrofe (dilúvio) que dissolve periodicamente o mundo no oceano primordial (…) As
águas possuem a virtude da purificação, de regeneração e de renascimento, porque
mergulhado nela “morre” e, erguendo-se das águas, é semelhante a uma criança sem
pecados e sem “história”, capaz de receber uma nova revelação (Eduardo Amarante,
1991).
Cariocecus
Durbedicus
Nome decomposto em Durb (irl. ant. drucht, “orvalho”) + ed + icus, estes últimos sufixos
comuns entre os celtas. Seria assim, “o Deus que goteja”, ou seja, um Deus ligado à água,
de uma fonte ou do rio Avus, que passa perto de Ronfe, onde a inscrição foi encontrada.
Endovélico
O mais conhecido dos Deuses Antigos da Lusitânia, semelhante ao Deus celta Sucellus
(lê-se Suke-los) de cujo o culto existem vestígios. O seu templo no outeiro de S. Miguel da
Mota, perto de Terena no Concelho do Alandroal, no Alentejo, foi estudado
abundantemente. Investigações recentes mostram que Endovellico está presente numa
área geográfica maior do que se julgava e revelaram inclusive novos locais de culto de
origem nitidamente indo-europeia, pelo que a atribuição de Endovellicus aos celtas é por
muitos aceite.
Leite de Vasconcelos explicou que o nome céltico Andevellicus, compara-o com nomes
galeses e bretões, dando-lhe o significado “o Deus Muito Bom” curiosamente o mesmo
espíteto do deus irlandês Dagda. Atribui-se-lhe a característica de Deus tópico do outeiro
onde seu culto se realizava e também de um Deus da Terra e da Natureza. De origens
antigas, foi no período celta que melhor se definiu (e daí o seu nome céltico), tendo os
romanos prestado homenagem e culto, como se comprova pelos numerosos ex-votos por
eles deixados.
Endovélico poderá ter sido o Deus principal de uma Trindade juntamente com Atégina e
um Runesocesius. As provas arqueológicas remetem-nos para uma divindade do mundo
subterrâneo dotada para a profecia e protectora da vida após a morte. Arcanjo Miguel
assume, posteriormente, o papel de Endovélico, como patrono de Portugal (Lusitânia).
Mars Cariociecus
Divindade local, cujo culto se fazia na região da Galiza (Tuy). Leite de Vasconcelos
esgrime entre a hipótese do elemento cario provir do celta corio que significa corpo de
tropas.
Navia ou Nabia
Deusa tal como Tongoenabiagus, é uma divindade da Água, associada a rios, pois existem
vários com esse nome em alguns lugares em que apareceram as inscrições onde também
passam rios. Significa “água corrente”
Nantosvelta (Gaulesa)
Deusa da Natureza; esposa de Sucellus.
Runesocesius
Deus da região eborense referido como Runesus Cesius, sendo a segunda partícula um
epíteto. Atribuem-lhe origem céltica e significa “O Misterioso” do irlandês antigo Run-,
“mistério”, e/ou de “armado de dardo”, que seria o seu epíteto segundo um mote celta.
Ora, “O misterioso” pode ser considerado “O Deus”, sendo assim Runesocesius “O Deus
dos Dardos” ou “O Misterioso armado do Dardo”. O seu carácter guerreiro é indiscutível.
Sucellus (Gaulês)
Deus da Agricultura, das Forestas e das bebidas alcoólicas (é muitas vezes representado
a carregar um barril de cerveja, (suspenso numa estaca), e um martelo de Deus. A sua
consorte é Nantosvelta.
Tongoenabiagus
Deus da(s) fonte(s) dos juramentos, (o seu nome significa Deus da fonte que se jura).
Existe na cidade de Braga uma fonte dedicada a este Deus, pelas promessas feitas junto
da mesma. Compreende-se, portanto, que se fizeram juramentos por Ele, junto da fonte(s)
da sua Invocação. E quem jurava, diria pouco mais ou menos o que num texto antigo da
Irlanda acerca do festim de Bricriu (Fled Bricrend) se diz: “tong a toing mo thuath” (juro o
que jura o meu povo). Compreende-se assim, que se fizessem juramentos por
Tongenabiago, junto da fonte da sua invocação.
Trebaruna
Divindade inicialmente doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de
Deusa Guerreira, da batalha e da morte em batalha. Muitas inscrições referem-se a esta
característica da nossa deusa. O nome, explica-o d´Arbois de Jubainville, eminente celtista
do princípio do século, porTrebo + runa, isto é, “Segredo da casa”.
Turiacus
Esta é uma viagem pela Lisboa desconhecida e pelos encantos que a capital de Portugal
possui em cada recanto. Venha descobri-los e conheça 10 segredos de Lisboa que o vão
encantar (mesmo que seja Lisboeta).
Portugal, a sudoeste da Europa, com a sua faixa litoral voltada para o Atlântico, era a
geografia mais central no mundo e portanto propícia à navegação. O país voltou-se para o
mar e lançou-se na Expansão Marítima. Há mais de 500 anos, a Tecnologia
Portuguesa consolidou e aperfeiçoou instrumentos como cartas náuticas, roteiros de
viagens, agulha de marear (bússola), naus e caravelas.
Caravela
A caravela, um barco de maior calado que a barca. Possuía dois mastros e velas
triangulares (panos latinos). Era veloz e, e o mais importante, navegava à bolina. A
Tecnologia Portuguesa descobriu e desenvolveu a primeira embarcação adequada à
exploração oceânica. Os navegadores portugueses passaram a orientar-se pelos astros
(Sol e outras estrelas) – inventando a navegação astronómica, com o aperfeiçoamento de
instrumentos como o Astrolábio e o Quadrante; além disso, transformaram o Báculo de
Jacob na Balestilha.
Nau Portuguesa
Ao longo dos séculos, outros portugueses como Serpa Pinto ou Hermenegildo Capelo,
Gago Coutinho deram continuidade ao ADN genuinamente português de inovação,
audácia e desenvolvimento. Hoje, Portugal é um dos países que mais utiliza e implementa
novas ferramentas e tecnologias de informação.
A tecnologia portuguesa, foi nos últimos 600 anos, e continuará a ser uma das mais
importantes no desenvolvimento da Europa e do mundo.
Botafogo
Pese o facto deste documentário ter já alguns anos, a verdade é que o seu conteúdo
mostra perfeitamente o que era o desenvolvimento tecnológico deste país plantado à beira
mar e de brandos costumes. Passamos da maior potência mundial há uns séculos para
um país que se recolheu às suas fronteiras.
Quando estes testemunhos históricos são recolhidos através da opinião dos melhores
historiadores mundiais e os resultados foram surpreendentes.
Nau
A caravela possuía um casco estreito e fundo e por isso ela possuía uma grande
estabilidade. Por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os
mantimentos, o castelo que era os aposentos do capitão e do escrivão se localizava na
popa do navio. Porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares
em mar aberto, as quais permitiam que a caravela avançasse em zig-zag mesmo com
ventos contrários.
Nau
Caravelas
Os já famosos Passadiços do Paiva foram uma das mais geniais ideias na área do turismo
que surgiu em Portugal nos últimos tempos. O sucesso nacional foi imediato e os prémios
internacionais começaram a chegar rapidamente. Ao longo do rio Paiva podemos desfrutar
de vários quilómetros de puro encanto em contacto com a natureza, sempre ao longo do
leito do rio e com várias praias fluviais pelo caminho para fazer uma paragem e relaxar. Os
passadiços do Paiva sofreram um duro revés e parte deles foi consumida por um violento
incêndio mas rapidamente foram recuperados e até ampliados.
O passeio pelos Passadiços do Paiva dura sensivelmente duas horas e meia. O nível de
dificuldade é alto, mas a experiência é superior aos períodos complicados — leia-se,
cansaço — que terás durante o percurso.
Além dos Passadiços do Paiva, o Arouca Geopark — reconhecido pela UNESCO como
Património Geológico da Humanidade — confere-te a possibilidade de visitares diversas
aldeias tradicionais, estações de biodiversidade, uma rota de geossítios, museus e
unidades interpretativas.
A zona é bem apetrechada de espaços para passares uma ou mais noites, pelo que não
terás problemas em encontrar alojamento. O turismo rural, dizemos nós, deverá ser a
melhor opção.
1. Passadiços do Sistelo
No Parque Nacional Peneda-Gerês, na região de Arcos de Valdevez, vais encontrar o
Passadiço do Sistelo: tem cerca de dez quilómetros de extensão e percorre as margens do
rio Covo, Alhal e Cerradinha. O passeio vai deixar-te sem fôlego: primeiro, pelas
paisagens, depois pela sua duração, que pode estender-se até às três horas!
Passadiços do Sistelo
O percurso pedestre tem início na aldeia de Sistelo, onde poderás visitar o Castelo — um
dos ex-líbris da pequena localidade — que foi habitado pelo Visconde de Sistelo durante o
século XIX. A Ponte Romana e o Moinho, a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as
Capelas de Santo António, São João Evangelista, Senhora dos Remédios e Senhora do
Carmo são locais de passagem obrigatória durante o percurso no Passadiço do Sistelo.
No final, segue até ao Parque de Merendas de Sistelo, faz um piquenique e dorme uma
sesta. Acredita, é o melhor que fazes!
A zona do Gerês tem bastante alojamento, pelo que difícil será escolher entre os vários
espaços de qualidade com vistas de cortar a respiração.
Para matar tua curiosidade — sim, sabemos que estás a pensar no nome do passadiço e
da praia — aqui vai a explicação de origem popular: no início do século XX, terá aparecido,
neste areal, um esqueleto de baleia. O facto foi testemunhado pelos locais, que batizaram
a zona com aquele nome. E ficou Passadiço do Osso da Baleia.
Chegar até cá é fácil: A1, saída para Pombal e, daí, até esta praia. A dormida também é
simples, não fosse esta uma cidade próxima de Leiria e Figueira da Foz.
3. Passadiços do Alvor
Mais a sul, no Algarve, encontrarás o Passadiço do Alvor, em Portimão. São seis
quilómetros de extensão sobre as dunas que unem as praias dos Três Irmãos à Ria de
Alvor. No verão, este passeio deverá convidar-te a um mergulho na praia. No resto do ano,
a ideia passa essencialmente por contemplar toda a paisagem e o extenso areal que o
passadiço abarca.
Além de proporcionar uma caminhada bastante agradável, o Passadiço do Alvor tem ainda
a vantagem de ser um excelente acesso às várias praias. O areal é grande, já o dissemos,
pelo que toda a ajuda pode ser pouca para chegar ao mar ou, no limite, para evitar
queimar os pés na areia nos dias de maior calor.
Se não fores um connoisseur do Algarve e de Portimão, deves colocar “Alvor” no GPS e
vens, com toda a certeza, cá parar.
4. Passadiços do Alamal
Quando a discussão for sobre que passadiço em Portugal melhor conjuga beleza e
facilidade na caminhada, a resposta só pode ser o Passadiço do Alamal, situado em
Gavião, no distrito de Portalegre.
Aqui, poderás percorrer um troço do vale do Tejo — dois quilómetros — sempre junto à
água, enquanto vais observando as várias ilhas perdidas no maior rio português, praias
fluviais ou até a presença das aves que habitam esta região.
O percurso faz-se entre a praia fluvial do Alamal e a ponte de Belver. Ah, quase nos
esquecíamos de dizer que durante esta caminhada irás ver o castelo de Belver que, claro,
pode e deve ser visitado.
Se a tua ideia for ficar alguns dias por aqui, sugerimos que contactes os serviços turísticos
da Câmara Municipal de Gavião.
Para aqui chegares, deves seguir as indicações Portalegre, Gavião e, a partir daqui, Praia
do Alamal. Depois daqui, não será muito difícil encontrares o Passadiço do Alamal e
começares por fim, o teu desejado passeio.
5. Passadiço de Fiães
Na zona do distrito de Aveiro, perto de Santa Maria da Feira, situa-se o Passadiço de
Fiães. É, talvez, um dos menos falados pelos aficionados das caminhadas, mas não deixa
de ser uma bela opção. Afinal, estás perto de cidades como Aveiro — olá, Ovos Moles! —
ou Porto — já marchava uma Francesinha.
Mas antes de introduzires calorias, convém que as tires, pelo que te recomendamos o
passeio de cerca de quatro quilómetros entre uma densa vegetação, curvas e contra
curvas, cascatas e uma enorme variedade de aves, sempre com o rio Uíma como cenário
e companheiro de viagem.
Este, é não uma ótima alternativa aos Passadiços do Paiva, como é também um
passadiço especialmente pouco exigente. Dá-te a oportunidade de mergulhares na
natureza que engole Fiães e Corga do Lobão. Deves ainda visitar uma torre de
observação de aves que vai fazer maravilhas dos amantes de birdwatching (observação
de aves). Se és um, experimenta!
Se após a caminhada a fome apertar e não tiveres tempo de te deslocares às cidades das
Francesinhas e dos Ovos Moles, aproveita os parques de merendas para tapar o buraco
do estômago. Depois, com calma, dás um pulo a Aveiro e, mais tarde, à Invicta.
Este passadiço, construído nas arribas da Foz do Arelho, está estrategicamente localizado
para que contemples o Oceano Atlântico na sua plenitude. O nosso conselho: escolhe o
pôr do sol ou o amanhecer quando visitares o Passadiço da Foz do Arelho. Terás as fotos
mais giras do Instagram — pelo menos durante um dia — isso é garantido.
Caso o Passadiços do Paiva seja longe para ti e se quiseres ser romântico(a), leva a tua
cara metade até ao Passadiço da Foz do Arelho — obra prima da responsabilidade da
arquiteta paisagista Nádia Schilliing — e transporta contigo dois copos e uma garrafa de
vinho. E alguma coisa para comer, pois podes optar por aqui ficar algumas horas a olhar
para o mar.
Chegar até cá é fácil: na A8, sais para as Caldas da Rainha e depois segues as indicações
até à Foz do Arelho. Et voilá!
Ao longo da costa, existem vários locais de interesse para além da actividade balnear,
entre os quais se destacam a Capela do Senhor da Pedra, em Miramar, a vila piscatória da
Aguda e finalmente, o lugar da Granja, uma das mais famosas antigas estâncias balneares
portuguesas. O percurso é extenso mas fácil, sendo verdadeiramente espectacular.
8. Barrinha do Esmoriz
Na Barrinha do Esmoriz mora um dos mais recentes passadiços do país — concluído em
2017. Possui oito quilómetros de extensão e une as margens das freguesias banhadas
pela lagoa: Esmoriz, em Ovar e Paramos, em Espinho.
A caminhada pela Barrinha de Esmoriz pode ser realizada com vários objetivos —
destinos, entenda-se — em mente: visitar a praia de Esmoriz e de Paramos, a estação de
comboio de Esmoriz, e a ponte que une aqueles dois municípios. Pelo meio, há também
um posto de observação de aves, mobiliário urbano e pontos de descanso e visita.
A lagoa, as pontes e a vegetação que acompanham a tua caminhada são motivos mais
que suficientes para quereres repetir o passeio pela Barrinha do Esmoriz.
Para aqui chegares, recomendamos a A1, saída para Ovar e, de seguida, ir atrás de tudo
o que indique Esmoriz. Se não estiveres confortável, usa o GPS que te fará chegar a bom
porto. Entenda-se, a Barrinha de Esmoriz.
1. D. Afonso Henriques
Abram alas para o Pai da Pátria, D. Afonso Henriques (1109-1185). O fundador encabeça
esta lista por mérito próprio: a bravura, capacidade de liderança e sagacidade diplomática
consagraram-no como cabo-de-guerra e chefe político. À frente de um grupo de cavaleiros
minhotos, o filho de Henrique de Borgonha e neto de Afonso VI venceu os apoiantes de
sua mãe, D. Teresa, e tomou o poder no Condado Portucalense, em 1128. Passou o resto
dos seus longos dias (morreu com 76 anos, caso raro numa época em que a esperança
média de vida era inferior a 30 anos) a alargar as fronteiras do território à custa do primo
leonês e do inimigo muçulmano, até ver Portugal reconhecido como reino independente
(por Afonso VII de Leão e Castela em 1143 e pelo papa Alexandre III em 1179, pela
bula Manifestis probatum).
Casou-se em 1146 com D. Mafalda, filha de Amadeu III, conde de Saboia. Além dos sete
filhos que teve com a rainha, incluindo o sucessor, D. Sancho I, D. Afonso Henriques foi
pai de pelo menos dois bastardos: Fernando Afonso, que chegou a alferes-mor do Reino e
grão-mestre dos Hospitalários, filho de Chamôa Gomes; e Pedro Afonso, de mãe
desconhecida.
À sua volta teceram-se mitos que, de tão coloridos, continuam a concorrer com a realidade
histórica, apesar de haver muito desmentidos: nasceu com as pernas tortas e foi curado
por milagre ou trocado por outro menino pelo aio Egas Moniz que, anos mais tarde, poria
uma corda ao pescoço para o defender; bateu na mãe, que lhe rogou uma praga,
cumprida quando partiu uma perna durante o cerco de Badajoz; teve uma visão
sobrenatural que o ajudou a ganhar a batalha de Ourique, em 1139; foi aclamado rei nas
Cortes de Lamego; impôs a nomeação de um bispo negro…
Ainda hoje D. Afonso Henriques provoca discussões — a tese que aponta Viseu em vez
de Guimarães ou Coimbra como o lugar onde nasceu tem alimentado uma polémica
apaixonada.
2. D. Dinis
A preocupação de D. Dinis (1261-1325) com o povoamento do território e o
desenvolvimento da agricultura valeu-lhe o cognome de O Lavrador. Foi o primeiro rei de
Portugal mais governante do que guerreiro. Os forais que deu a muitas localidades
estimularam a fixação das populações, beneficiando vastas áreas até então incultas,
designadamente na Beira Alta e em Trás-os-Montes.
Deve-se-lhe também a fundação de uma das universidades mais antigas do mundo. Num
documento datado de 1 de Março de 1290, o rei anunciava a criação, em Lisboa, de um
Estudo Geral, com “cópia de doutores em todas as artes e robustecida com muitos
privilégios”, garantindo ainda a protecção aos estudantes. O papa Nicolau IV confirmou a
universidade pela bula De statu regni Portugaliae, de 9 de Agosto do mesmo ano. Ficou
instalada em Lisboa, perto de S. Vicente de Fora, onde ainda hoje fica a Rua das Escolas
Gerais. Em 1308, D. Dinis decidiu transferir o Estudo Geral para Coimbra.
Protector da cultura, o próprio D. Dinis foi poeta. Durante o seu reinado, os documentos
oficiais passaram a ser escritos em português.
A imagem do rei a mandar plantar o pinhal de Leiria, ao mesmo tempo que cantava “Ai
flores, ai flores do verde pino” e já pensava no aproveitamento da madeira para a
construção das caravelas das Descobertas foi um mito ensinado nas escolas do Estado
Novo. Mas essa lenda tem um fundo de verdade: a importância do pinhal de Leiria na
paisagem portuguesa e o fomento da reflorestação no início do século XIV. O rei Lavrador
podia também ser chamado Amigo do Ambiente. E não há dúvidas de que deu um impulso
decisivo à marinha nacional ao contratar o genovês Manuel Pessanha como almirante,
para dirigir as construções navais e organizar a frota, “na paz como na guerra”.
O casamento com D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, em 1282, não refreou os ímpetos
do rei, que gerou pelo menos meia dúzia de bastardos de diferentes amantes. O especial
carinho por um deles, Afonso Sanches, provocou ciúmes ao herdeiro legítimo, o futuro D.
Afonso IV, que por causa disso pegou em armas contra o pai e o meio-irmão. A guerra civil
durou cinco anos e esteve à beira de uma batalha campal, em Alvalade, então um
arrabalde de Lisboa. O banho de sangue terá sido evitado pela Rainha Santa, que,
segundo a lenda, se interpôs entre os contendores.
3. D. João I
Não nasceu para ser rei mas teve um dos reinados mais longos da nossa história: 48
anos. A capacidade de liderança revelada por D. João, mestre da Ordem de Avis (1357-
1433), durante a revolução de 1383, o cerco de Lisboa, em 1384, e a resistência à invasão
castelhana levou os representantes do clero e da nobreza a imitarem o povo e a escolhê-lo
como rei, nas cortes de Coimbra de 1385. Inaugurou uma nova dinastia, confirmou
Portugal como país independente e lançou, em 1415, a expansão ultramarina. Chamaram-
lhe o rei da Boa Memória.
Tudo começou a 6 de Dezembro de 1383, quando D. João, Mestre de Avis, filho bastardo
de D. Pedro I e meio-irmão de D. Fernando, o rei há pouco falecido, entrou, com um grupo
de amigos armados, no Paço de a-par de São Martinho, ao Limoeiro, em Lisboa. Lá
dentro, D. João empunhou um cutelo comprido e desferiu um golpe na cabeça do homem
mais poderoso de Portugal. O conde Andeiro não morreu logo e ainda tentou chegar aos
aposentos da rainha, sua amante, mas um dos homens do Mestre, Rui Pereira, acabou
com ele à espadeirada.
Aos 26 anos, D. João não sonhava com a coroa. Mas temia pela própria vida, pois tinham-
lhe dito que a viúva do seu meio-irmão e o amante desta planeavam matá-lo. Foi por medo
que o Mestre de Avis apunhalou o conde Andeiro. Por essa altura já Lisboa estava em
alvoroço. Perante a insurreição, D. João hesitava. Pensou em fugir para Inglaterra, mas
desistiu. Quando os ricos proprietários e mercadores da capital, pressionados pelos
homens dos ofícios e pela arraia-miúda, lhe declararam apoio, aceitou o título de Regedor
e Defensor do Reino e preparou a resistência ao invasor.
O rei de Castela, Juan I, vinha cobrar a herança de sua mulher, D. Beatriz, filha única de
D. Fernando, que a dera em casamento ao vizinho na sequência da terceira derrota
consecutiva nas guerras entre os dois países. A maioria dos nobres portugueses, com a
rainha Leonor Teles à cabeça, seguiu a lógica feudal e reconheceu a soberania de Beatriz
e do marido castelhano. Mas outros membros da fidalguia e, sobretudo, os burgueses e o
povo pobre opuseram-se-lhe.
Nos dois anos seguintes, Portugal foi palco de batalhas contra o estrangeiro mas também
de uma guerra civil. As Cortes de Coimbra, em Março de 1385, deram razão aos
argumentos do jurista João das Regras e deliberaram que o trono estava vago, sendo
legítimo eleger um novo rei. Por unanimidade, aclamaram o Mestre de Avis com o nome
de D. João I. Mas logo em Agosto seguinte, o novo rei teve que provar ser capaz de
manter a coroa na cabeça. Conseguiu-o com a vitória de Aljubarrota. Governou durante
mais 47 anos. Em 1415 conquistou a cidade marroquina de Ceuta, dando início ao período
da expansão marítima.
O casamento com a inglesa Filipa de Lencastre confirmou a mais antiga aliança do mundo.
Mas D. João I não foi só pai da Ínclita Geração: um dos seus filhos bastardos, Afonso, viria
a ser o primeiro duque de Bragança, antepassado da última dinastia real portuguesa.
Ou seja, a antiga Bracara Augusta (nome romano da cidade de Braga), era a capital da
província Romana da Galécia e, aquando da invasão dos Suevos, tornou-se capital do
Reino Suevo, um reino que, no seu apogeu, incluiu todo o território desde a actual Galiza
até ao actual Algarve, assim como muitas cidades que pertencem agora a Espanha. Mas
afinal, quem eram os Suevos?
Os Suevos foram uma das tribos de origem na Germânia, mais concretamente de entre os
rios Elba e Oder, a migrar para o Império Romano no decurso da segunda metade do
século IV d. C. por causa do avanço e caos provocado pela chegada dos Hunos à Europa.
Assim como a generalidade das tribos bárbaras que migraram durante este período, a falta
de informação escrita sobre a sua história, cultura, política, economia e vida quotidiana
impede a historiografia de compreender melhor a vida deste povo. Essencialmente são os
textos romanos que descrevem esta tribo.
Parte dos Suevos mantiveram-se na região da Baviera e Suíça, mas outra parte continuou
a migração até se fixarem na província romana da Galécia, naquilo que actualmente
corresponde à Galiza e Norte de Portugal, em 409. Outros povos acompanharam os
Suevos nesta migração: os Vândalos, os Alanos, os Búrios e mais tarde
os Visigodos também chegaram à Península Ibérica.
“Mientras los pobres gusten del capital, el capitalismo vence”, nos dice para
encuadrar su vida. Mortágua sigue rompiendo platos. Sobre una mesa, a medio
leer, El pueblo contra la democracia, de Yascha Mounk. El antiguo partidario de
la “acción directa” tiene hoy a sus dos hijas, Mariana y Joana, sentadas en el
parlamento. Son diputadas del Bloco de Esquerda.
“Éramos dos equipos de 11”, recuerda Mortágua. “El de los españoles y el de los
portugueses, 22 activistas en un barco con más de 600 pasajeros. Para dar la
impresión de mayor número, cambiábamos de posiciones constantemente”.
-¿Quién disparó?
-¡El pueblo!
Mortágua nunca ha revelado el nombre del autor de los disparos, aunque fuesen
accidentales. El herido fue desembarcado para que fuera atendido en un hospital,
donde murió.
El mundo cambia, los métodos también, pero los objetivos son los mismos
Los días pasaron sin más contratiempos que los ideológicos, pues Galvão
deseaba llevar el barco a Angola y los otros no. Diez días después, en febrero de
1961, el Santa María atracó en la brasileña Recife. El primero en abordarles fue
un aguerrido periodista, Gil Delamare, que se lanzó en paracaídas sobre el barco;
no acertó por metros, pero se ganó la portada de Paris Match.
A Mortágua le tocó formar una guardia de honor para recibir a los mandos de un
submarino norteamericano que había brotado a su lado. “Junté un grupo de unas
10 personas con las mejores armas que teníamos, para dar el pego ante fotógrafos
y periodistas. En primer lugar, dispuse lo más grande que teníamos, una vieja
ametralladora Thompson, con el cañón inutilizado con un clavo, el siguiente fusil
era de los de matar pajarillos”.
Los hombres del Santa María fueron las estrellas del Carnaval de Río de 1961.
Tras la juerga, llegó la inactividad, la espera de nuevas órdenes superiores. “Para
un combatiente de la libertad nada hay peor que la pasividad y el aplazamiento
constante de nuevas acciones”. Los líderes no se ponían de acuerdo: el capitán
Galvão quería tomar un cuartel en Portugal y resistir unas semanas; el general
Humberto Delgado, asaltar el cuartel para coger las armas y salir. Entretanto, un
avión sobrevolaría el país y lanzaría panfletos contra Salazar.
Llegó a Marruecos el grupo de Galvão y a los pocos días llega la orden de que se
cancela la operación, sin embargo, los cinco de Mortágua deciden seguir por su
cuenta. Tánger era como la película Casablanca. En el café Zágora coincidían los
activistas portugueses, por un lado, y su policía secreta, por otro. “Nos
conocíamos todos, tomábamos café cada tarde, copas a la noche, nos
insultábamos y cada grupo regresaba a sus casas a dormir. La PIDE enviaba a
Lisboa informes alarmistas sobre “fuerzas invasora” que se preparaban para
atacar. “Ellos sabían que éramos seis, pero era su forma de asegurarse el puesto
de trabajo y el envío de más dinero, pues también se quejaban de estar mal
pagados”.
En una noche de esas noches, El 8 de noviembre del mismo 1961, los seis
portugueses se subían en Casablanca a un DC-6 con destino a Lisboa. En esta
ocasión les tocaban dos pasajeros por activista. Los panfletos y las pistolas
habían pasado sin problema los escasos controles de la época. De los seis
‘bandidos comunistas’ -según la terminología oficial-, solo Mortágua y Palma
habían participado en el asalto al Santa María.Tirar panfletos desde un avión no
es fácil, pero el piloto inició la maniobra de aterrizaje, el mecánico Coragem
despresurizó varias ventanillas y sobre Lisboa volaron las cuartillas del Frente
Antitotalitario de los portugueses libres en el extranjero.
Por fin con algún dinero, Mortágua es encargado de comprar armas para ampliar
el combate. “Era un pardillo en un mercado oscurísimo. No teníamos ningún
contacto, pero había acabado la guerra de los Seis Días en Israel y pensamos que
allí sería posible. Me llevaron de aquí para allá y acabé viviendo un mes en un
kibutz en los Altos del Golán. Un sábado, sin avisar y sin armas, me volví.
Éramos un grupo sin patrón y fuera del orden ideológico imperante. El gran
mercado estaba en Checoslovaquia, pero eso era terreno vedado por los
comunistas”.
Con la revolución de los claveles de 1974, Mortágua regresó y se asentó en la
región más roja de Portugal, en el Alentejo. “Jamás fui juzgado ni condenado,
tengo la hoja de penales limpia”, recuerda el excombatiente en su casa de Alvito,
donde sentó cabeza y en 1986, a los 52 años, fue padre de dos gemelas, hoy
diputadas del Bloco de Esquerda.
“Discutimos mucho. Nos llevamos 50 años, ellas creen en cosas en las que yo ya
dejé de creer”. Otra larga pausa. “Digamos que tengo grandes dudas
democráticas sobre los partidos políticos. No puede ser que la militancia
partidaria conlleve la dimisión completa de las opiniones propias. Si no estoy de
acuerdo, no me callo. A eso me dediqué 30 años”.
Si para unos Portugal es el último país de Europa y para otros el primero, ¿qué
será Viana do Castelo? ¿Rincón o rotonda, esquina o cruce de caminos? Para su
alcalde no hay duda: con dos aeropuertos de dos países (Oporto y Vigo) a menos
de una hora de coche, es el centro del universo. Y si alguien no lo cree, que se
suba a la punta de Santa Luzia.
Esplendor en la frontera
Pessoa escribió que una frontera, aunque separe también une. Han
pasado cien años y la historia sigue hablando de un tópico: Portugal y
España se miran con recelo
Este artículo pertenece a la revista Portugal: la magia de lo improbable,
de eldiario.es. Lee aquí la versión en portugués. Hazte socia ya y recibe
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Antonio Sáez Delgado - Profesor de la Universidad de Évora y traductor
28/12/2019 - 21:23h
Vivo en una ciudad de la frontera. Salgo cada día de mi casa a las nueve de la
mañana, hago una hora de camino en coche y llego al trabajo a las nueve en
punto. En algunas ocasiones, incluso, si voy con prisa, llego a las nueve me-
nos cinco. Esa especie de viaje en el tiempo, disfrazado de cambio horario, lo
experimentamos a diario los cientos de extremeños que vivimos en España y
trabajamos en Portugal. Salgo a las nueve de la mañana de Badajoz y llego a
la Universidad de Évora, en el Alentejo, a las nueve en punto. O a menos cin-
co. El territorio alrededor de esa frontera, en el tramo extremeño, tiene un
nombre de alto voltaje simbólico: La Raya. Los habitantes de esa Raya han
aprendido a viajar de un territorio a otro buscando lo mejor de cada sitio, en
una suerte de doble nacionalidad cultural que es, quizá, el mejor privilegio de
quien vive en esta región.
En un texto escrito hace un siglo, Fernando Pessoa defendía que por fin los
dos países se habían dado cuenta de que una frontera, aunque separe, también
une; y que si dos naciones vecinas son dos por el hecho de ser dos, pueden
moralmente ser casi una exactamente por ser vecinas. Han pasado cien años y
la obstinada historia nos sigue hablando de un tópico que resiste ferozmente a
la erosión del paso de tiempo: Portugal y España, dos países de espaldas, que
se miran con recelo, desconfiados o soberbios, arrogantes o desdeñosos. Sin
embargo, nada mejor que rascar la piel de la realidad para comprobar que esa
imagen de los vecinos desentendidos hoy no es cierta, e incluso para cuestio-
narnos si alguna vez lo fue en realidad.
Nunca se han traducido tantos autores de los dos estados (incluyendo del uni-
verso cultural catalán, seguido muy de cerca en Portugal), nunca ha habido en
los medios de ambos países una atención al “otro” tan equilibrada (durante dé-
cadas, mientras los medios portugueses publicaban con mucha frecuencia no-
ticias sobre España, en nuestro país era raro encontrar información sobre Por-
tugal), nunca ha habido tantos visitantes españoles por toda la geografía lusa
(no solo Lisboa y Oporto) como en este momento.
Vivimos, por así decirlo, el inicio de una época de oro. El festival Correntes
d’Escritas, que se celebra cada año en el norte de Portugal, reúne en cada con-
vocatoria a decenas y decenas de escritores y editores del universo ibérico,
con salas abarrotadas de público. Al otro lado de la raya, la Feria del Libro de
Sevilla de este año está dedicada a Portugal y las grandes editoriales españolas
publican a los autores más destacados de una actualidad que, si hablamos de la
grandísima literatura portuguesa, se prolonga durante al menos un siglo: Fer-
nando Pessoa, Eça de Queirós, José Saramago, António Lobo Antunes. Inclu-
so, ha nacido en Madrid una pequeña editorial con una colección dedicada en
exclusiva a las letras portuguesas, La umbría y la solana, en cuyo catálogo en-
contramos clásicos modernos y autores actuales, como Dulce Maria Cardoso,
cuya novela El retorno ha sido un éxito entre los lectores españoles.
Permítanme, para cerrar, una nota personal. Cuando era adolescente y pensaba
en "el extranjero" como un espacio mágico y atrayente en el que pasaban otras
cosas y se hablaba otra lengua, ese lugar tenía un nombre propio: Portugal.
Ser portugués significa hoy estar saliendo de una crisis indigna para la vida de
los ciudadanos y mirar hacia el futuro con ojos llenos de esperanza: un país
estructurado que intenta revertir los efectos del despoblamiento interior y
acercarse a la media europea en sus salarios (uno de los aspectos donde más
queda por hacer), con una educación a la vanguardia del continente y una so-
ciedad y una cultura envidiables de las que tenemos, sin duda, mucho que
aprender.
Una brújula posible para ese viaje son los libros de los autores actuales de la
literatura portuguesa: Lídia Jorge, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, Jo-
sé Luís Peixoto, João Tordo, Afonso Cruz, Patrícia Reis. En sus palabras es
posible aprender a mirar Portugal por dentro y por fuera, a distancia y desde
su mismo corazón, un reto al que es fácil sucumbir, ahora sí, con toda la pa-
sión.
El doble fin del colonialismo era radical porque dictaba no solo el fin del colo-
nialismo, sino también el fin del propio capitalismo que, en los imperios do-
minantes, se había nutrido a lo largo de los siglos del colonialismo mediante el
pillaje de las riquezas naturales y humanas (de la esclavitud al mestizaje por la
violación de las mujeres nativas). Los países que se liberaron del colonialismo
portugués optaron sin excepción por la vía del socialismo para su desarrollo,
un caso único nunca visto en la historia de las descolonizaciones de las colo-
nias europeas. A su vez, tras despabilarse de la confusión de despertar en un
lugar tan diferente de aquel en el que se habían adormecido, los portugueses
de la Revolución de los Claveles tomaron el rumbo hacia la revolución socia-
lista con el mismo voluntarismo y desafiando a las mismas leyes deterministas
con las que se habían internado en los océanos ignotos. Fue, sin embargo, un
radicalismo tan real como ilusorio. El capitalismo de otros tiempos, casero y
raquítico, supo al mismo tiempo globalizarse y fortalecerse con los parientes
que dominaron el reparto del mundo, dotados de instrumentos tan mortíferos
como el FMI y la llamada guerra fría. Las ex colonias fueron disciplinadas
una a una bajo pena de castigos aterradores, y Portugal, doce años después de
la Revolución, se acogió al capitalismo de los ricos –la Unión Europea– con la
esperanza de encontrar un sustituto de El Dorado que en vano había imagina-
do siglos atrás con la aventura colonial. Pero, como antes, esa búsqueda no
cumplió con las expectativas. A los portugueses, que se creían y querían ser
finalmente blancos, iguales a los europeos de siempre, les fue reservado un
rincón en el aula menos iluminado, donde los colores se confunden y el mal
alumno permanece, por muy buen alumno que sea. Un colegio para deficien-
tes tiende a ser un colegio deficiente. Europa se transformó en un inmenso
mar seco y lo que llegaba a la costa fue mucho y muy bueno, pero bajo la con-
dición de que Portugal no saliese de donde se encontraba.
No caso dos jovens, os ganhos médios caíram um terço; para quem detém um
título do ensino superior, a perda de rendimento foi de 20%; para os 10% mais
pobres, a perda foi de 25%. A crise económica foi agravada pela política de
austeridade e ainda pelas medidas discricionárias contra alguns setores de
trabalhadores ou da população pobre (400 mil pessoas que recebiam o
Rendimento Social de Inserção, uma prestação para desempregados e idosos
pobres, foram retiradas da lista de apoios pelo governo das direitas). O
desemprego real ultrapassou os 20%. A miséria cresceu.
Senhor Milhão
Na viragem para o século XX, a figura dominante da finança portuguesa era
Henry Burnay, nascido em Lisboa de pais belgas. Fez carreira numa agência
financeira, casou com a filha do dono, acumulou fortuna com especulação
com dívida pública (comprou por tuta e meia títulos de dívida do pretendente
derrotado na guerra civil dos anos anteriores, D. Miguel, e cobrou-os pelo
valor nominal) e com negócios coloniais. Investiu em transportes e no Banco
Nacional Ultramarino. Do seu palácio da Junqueira dirigiu um império e,
quando morreu, era um dos homens mais ricos da Europa.
Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o país ia
alegremente e lindamente para a banca-rota.
Las elecciones europeas son ignoradas por la mayor parte de la población por-
tuguesa (un 69% de abstención). Pero, incluso con esa limitación, el tercio de
la población que ha votado ha confirmado el hundimiento electoral de las dis-
tintas derechas que, desde 2015, han perdido representatividad: el principal
partido de la derecha, el PSD, ha logrado cerca del 22%, el peor resultado de
su historia, a un 11% de distancia del PS, el partido del Gobierno, que ocupa
el centro del espectro político. Las izquierdas mantienen cerca del 16%, debi-
do a que el Bloco de Esquerda ha duplicado sus resultados. Así, estos resulta-
dos confirman el apoyo popular mayoritario a los acuerdos establecidos hace
cuatro años entre el PS y los partidos a su izquierda, el llamado Gobierno de la
jerigonza, así como el rechazo al regreso a las políticas de austeridad.
Más aún, el efecto de ese empobrecimiento fue dramático. Entre 2009, cuando
se inicia la recesión tras la crisis financiera internacional, y 2014, un tercio de
la población entra en algún momento en situación de pobreza (32,6%), y una
parte importante lo hace durante un año entero (12,6%), sin contar el cerca del
20% que vive en la pobreza. Así, en 2012, el 24,5% de los pobres lo eran por
primera vez en su vida. La escalera social solo funcionó hacia abajo. Durante
la vigencia del programa de la troika (FMI, Comisión Europea y BCE), la po-
breza se instaló incluso entre las familias con uno o dos sueldos.
En el caso de los jóvenes, los ingresos medios cayeron un tercio; para quienes
contaban con un título de enseñanza superior, la pérdida de renta fue del 20%;
para el 10% más pobre, la pérdida fue del 25%. La crisis económica se agravó
por la política de austeridad y también por las medidas discrecionales contra
algunos sectores de trabajadores o de población pobre (el gobierno de las de-
rechas eliminó de la lista de ayudas a 400.000 personas que recibían la Renta
Social de Inserción, una prestación para desempleados y mayores en situación
de pobreza). El desempleo real superó el 20%. La miseria creció.
Señor Millón
En el cambio al siglo XX, la figura dominante de la banca portuguesa era
Henry Burnay, nacido en Lisboa de padres belgas. Hizo carrera en una agen-
cia financiera, se casó con la hija del propietario, hizo fortuna especulando
con deuda pública (compró por nada y menos títulos de deuda del pretendiente
derrotado en la guerra civil de los años anteriores, D. Miguel, y los cobró por
el valor nominal) y con negocios coloniales. Invirtió en transportes y en el
Banco Nacional Ultramarino. Desde su palacio de Junqueira dirigió un impe-
rio y, cuando murió, era uno de los hombres más ricos de Europa.
El dibujante Bordalo Pinheiro, que plasmó esos tiempos, lo retrató como un
ambicioso hombre de negocios, pero el escritor Fialho de Almeida, más atre-
vido, le llamó “pulgón polimórfico”. La prensa, respetuosa, le puso el mote de
Señor Millón. Pero fue Eça de Queiroz, el mayor de los escritores portugueses
de comienzos de siglo, quien dejó de él el retrato más completo, como el ban-
quero Jacob Cohen, “un hombre pequeño, esmerado, de hermosos ojos y pati-
llas tan negras y lustrosas que parecían pintadas, sonreía, quitándose los guan-
tes, y contaba que según los ingleses, existía también la gota del pobre. Era
esa, naturalmente, la que a él le aguardaba…”. Los Maia, el libro que narra la
historia, desvela el negocio del banquero. Aquí se encuentra en una cena de
gala:
—Sí, a un galope discreto pero seguro —dijo Cohen sonriendo—. A ese res-
peto nadie se hace ilusiones, mi querido amigo. ¡Ni los propios ministros de
Hacienda!… La bancarrota es inevitable: como dos y dos son cuatro…
Un fraude de banqueros
No hace mucho se debatía en Portugal el caso de Joe Berardo, condecorado
con la Gran Cruz de la Orden del Infante D. Henrique, y que ha construido su
imperio sencillamente acumulando mil millones de euros de deudas a la ban-
ca. Con la quiebra del mayor banco privado, Espírito Santo, se descubrió un
fraude de miles de millones de euros, rutas hacia paraísos fiscales e ingenie-
rías contables para ocultar las cuentas, para beneficio de algunos banqueros.
En otros casos, es una casta que se organiza para ejecutar las deudas o las
transferencias de beneficios: en un estudio realizado con algunos compañeros
sobre las carreras profesionales de todos los gobernantes desde 1975, constaté
que uno de cada tres ministros o secretarios de Estado o bien había entrado en
el gobierno procedente de un banco o de una empresa financiera, o bien termi-
nó en el consejo de una de esas empresas tras finalizar su mandato.
Con estas puertas giratorias, la conexión entre el poder y el sector financiero
se ha ido estrechando. Este es el fantasma dentro del armario portugués; y es
la razón por la que los primeros pasos en la lucha contra la austeridad exigen
una política comprometida con la eliminación de las rentas de los señores mi-
llones.
24/12/2019 - 18:34h
Portugal é a terra onde acontece tudo o que não se esperava que acontecesse.
O que esperar de um Estado Nação já com quase mil anos de história que,
para se tornar independente, vê um filho declarar guerra à mãe? Ou que o seu
dia nacional é o dia de um poeta? Ou que possui em Belém a torre militar
mais gay da Europa?
Por aqui, tudo é impossível e possível. Falo de um povo que em 1500, com
apenas um milhão de habitantes e sem exército, chega a todo o mundo,
levando consigo o pior e o melhor da Europa. Ao desembarcar na Índia, como
diria Eduardo Lourenço, Portugal não se colocou apenas no centro do mundo.
Colocou a Europa no mapa do mundo, até então totalmente desconhecida na
Ásia e nas Américas.
Fomos um povo que baptizou de Coração e Barbados duas ilhas por pura
evocação poética. Que introduziu o coco e a manga no Brasil, a malagueta na
Índia que deu origem ao caril, hoje o seu prato nacional, o hábito do chá na
corte inglesa, a tempura e mais de 60 palavras utilizadas no quotidiano do
Japão, o alfabeto latino no Vietname, a palavra mandarin em Espanha (aquele
que manda) ou o ukelele no Havai, criando novas paisagens culturais que se
acredita sempre terem estado lá. Mas é bom relembrar o improvável de tudo
isto: como é que, numa nesga de terra, com uma horda de analfabetos e um
gigante como vizinho, surge nela um Camões, um Gil Vicente ou um Fernão
Mendes Pinto - aquele que sim, deveria ser o verdadeiro ícone da nação, o
retrato fiel de morto de fome, cuja Peregrinação, muito superior à escrita de
Marco Polo, é apenas o reflexo de um desesperado à procura de coisa melhor.
Quando eu era criança, gostava de imaginar que Portugal era o país que tinha
mais mentes brilhantes por metro quadrado. E ainda hoje quero acreditar
nisso, ao ver um golo do Ronaldo ou um discurso de António Guterres ao
presidir à ONU.
Mas o problema é: em Portugal tudo é acaso, tudo é acidente, não existe nem
nunca existiu qualquer política de Estado para a cultura. Tudo é uma soma de
improváveis. Somos feitos de sucessos exclusivamente individuais, que não
significam nada, pois a cada sucesso, por aqui, recomeçamos sempre do zero.
E talvez seja isso que nos torne improváveis: a nossa resiliência. Somos um
povo quase a completar um milénio de existência, uma espécie de musgo que
teima em persistir. O povo-barata que sobrevive a tudo, inclusive à
indiferença e maus-tratos dos seus.
Mas talvez seja esta plácida inocência, este mar gigante, que nos faz a todos
sonhar, que torne Portugal e em especial Lisboa um doce e viciante purgatório
que não conseguimos abandonar. O que me leva a pensar que seja a nossa
indiferença, a nossa displicência congênita ou a nossa genética naif que tenha
feito os Malkovich, as Madonna’s, os Michael Fassbender, as Monicas Belluci
da vida terem escolhido este lugar pra habitar. Porque aqui, por mais
acompanhados que estejamos, estaremos sempre sós.
Hoje somos apenas 10 milhões. Alguns estudos sobre natalidade alertam para
que possamos desaparecer ainda este século. Eu, por mim, não acredito. Um
povo-barata sobrevive sempre!
24/12/2019 - 18:33h
Aquí todo es imposible y posible. Hablo de un pueblo que en 1500, con tan
solo un millón de habitantes y sin ejército, llega a todo el mundo, llevando
consigo lo peor y lo mejor de Europa. Al desembarcar en India, como diría
Eduardo Lourenço, Portugal no solo se situó en el centro del mundo. Situó a
Europa en el mapa del mundo, hasta entonces totalmente desconocida en Asia
y en las Américas.
Somos un pueblo que bautizó como Corazón y Barbados a dos islas por pura
evocación poética. Que introdujo el coco y el mango en Brasil; la guindilla en
India, que luego dio origen al curry, hoy su plato nacional; la costumbre del té
en la corte inglesa; la tempura y más de 60 palabras empleadas en el día a día
de Japón; el alfabeto latino en Vietnam; la palabra mandarín en España (el que
manda) o el ukelele en Hawái, creando nuevos paisajes culturales que se cree
que siempre habían estado ahí. Pero siempre está bien recordar lo improbable
de todo esto: como el hecho de que, en una franja de tierra con una partida de
analfabetos y un gigante como vecino, surge de ella un Camões, un Gil Vicen-
te o un Fernão Mendes Pinto (que debería ser el verdadero símbolo de la na-
ción, el retrato fiel de muerto de hambre, cuya peregrinación, muy superior a
la escrita sobre Marco Polo, es solo el reflejo de un desesperado en busca de
algo mejor.
Cuando era niño, me gustaba imaginar que Portugal era el país que tenía más
mentes brillantes por metro cuadrado. E incluso hoy quiero creer en ello, al
ver un gol de Cristiano Ronaldo o un discurso de António Guterres al presidir
la ONU.
Y quizás sea eso lo que nos convierte en improbables: nuestra resiliencia. So-
mos un pueblo a punto de completar un milenio de existencia, una especie de
musgo que insiste en resistir. El pueblo-cucaracha que sobrevive a todo, inclu-
so a la indiferencia y al maltrato de los suyos.
Entonces, cuando retratan a Portugal como el país de la melancolía, lamento
no estar de acuerdo. Creo que solo somos indiferentes a las amarguras de la
historia: líderes que abandonan varias veces a su pueblo, terremotos que des-
truyen varias veces el país, una guerra colonial ridícula y anacrónica que duró
unos desesperantes 13 años. Una indiferencia que nos vuelve los reyes del sar-
casmo y de la protesta.
La verdad es que 50 años de dictadura nos han vuelto apáticos. Porque es más
fácil ser víctima que actuar. Es más fácil ser los pobrecitos y culpar a los de-
más. Somos “el pueblo pequeño, el pueblo niño”, de Cesariny, que cree que su
salvación está en los astros. Nuestra eterna fe en el Espíritu Santo y en el éxta-
sis. Y así, basta ver imágenes de los años 40 para darnos cuenta de que éra-
mos, y todavía somos, un pueblo rural. Mientras en Nueva York los zepelines
sobrevolaban los rascacielos, en Portugal las mujeres del pueblo caminaban
descalzas.
Siempre solos
Desgraciadamente, la élite portuguesa siempre ha sido mediocre, y todavía lo
es. Una élite que cree que la cultura se resume en saber hablar francés, tocar el
piano y quizás tener algunas antigüedades en casa. Que nunca se ha preocupa-
do por el bien común, sino por el poder por el estatus del poder, no para ejer-
cerlo en pro de alguna meta. La política cultural del Estado portugués está per-
fectamente simbolizada en la sede del Ministerio de Cultura, un antiguo pala-
cio real nunca terminado y que cuenta desde hace más de 200 años con una
falsa pared, una falsa fachada que remata el conjunto arquitectónico. En el
fondo, en términos políticos, todo aquí es fachada. Y si, a lo largo de la histo-
ria, en la mayoría de países, el arte es y siempre ha sido un ejercicio de bur-
gueses, aquí, por el contrario, siempre ha sido un ejercicio de desharrapados
que, como yo, con 40 años y ganando mil euros al mes, ingenuamente creen
que pueden hacer algo por su país.
Pero quizás sea esta plácida inocencia, este mar gigante, el que nos hace a to-
dos soñar, el que convierte a Portugal, y en especial a Lisboa, en un dulce y
adictivo purgatorio que no conseguimos abandonar. Lo que me lleva a pensar
que tal vez sea nuestra indiferencia, nuestra displicencia congénita o nuestra
genética naíf las que han hecho que los Malkovich, Madonna, Michael Fass-
bender o Monica Belluci hayan escogido este lugar para vivir. Porque aquí,
por más acompañados que estemos, estaremos siempre solos.
Hoy somos solo 10 millones. Algunos estudios sobre natalidad alertan de que
podemos desaparecer este mismo siglo. Por mi parte, no lo creo. ¡Un pueblo-
cucaracha sobrevive siempre!
25/12/2019 - 21:16h
A história pode começar mais perto ou mais longe. Para falar de Portugal,
hoje, uma boa possibilidade é recuar 50 anos e traçar os caminhos da geração
que nasceu para a liberdade nas lutas estudantis dos anos 60, e que está na
origem de três grandes transformações do nosso país.
Primeiro, uma revolução nos costumes, com uma mudança profunda no lugar
da mulher e nas relações sociais, também com a emergência de novas famílias
e a diversidade sexual e de género.
Segundo, uma abertura ao mundo, com o fim do isolacionismo salazarista e do
colonialismo, a adesão à União Europeia e ao multilateralismo, a afirmação de
uma vontade cosmopolita.
O recuo
Gostaria de ver Portugal ainda mais envolvido, no plano internacional, na
agenda da paz e dos direitos. Temos condições para dar um importante
contributo ao mundo, como bem se demonstra na acção do secretário-geral
das Nações Unidas, António Guterres, e do director-geral da Organização
Internacional das Migrações, António Vitorino, mas também dos directores-
gerais da FAO e da Organização Mundial do Comércio, todos de língua
portuguesa.
Navigare necesse est – É com esta velha máxima latina, Navegar é preciso,
que Stefan Zweig abre o seu livro sobre Fernão de Magalhães: "Apenas
enriquece a humanidade, de maneira duradoura, aquele que alarga os
conhecimentos e reforça a consciência criadora".
Não podemos prever o futuro, mas podemos preparar-nos para um futuro que
ainda não conhecemos. Preparar é educar, conhecer, criar, é cultivar o gosto
pela liberdade, permitir que cada ser humano faça o seu caminho. Sem partida
não há viagem. Agora, é a vez da geração de 2019, nascida nos primeiros anos
do milénio. Pertence-lhes continuar. O nosso futuro é no mundo. Uma vez
mais.
La historia puede comenzar antes o después. Para hablar de Portugal, hoy, una
buena posibilidad es retroceder 50 años y trazar los caminos de la generación
que nació para la libertad en las luchas estudiantiles de los años 60, y que está
en el origen de tres grandes transformaciones de nuestro país.
Segundo, una apertura al mundo, con el fin del aislacionismo salazarista y del
colonialismo, la adhesión a la Unión Europea y al multilateralismo, la afirma-
ción de una voluntad cosmopolita.
Tercero, la construcción de una democracia con derechos, desde la participa-
ción política hasta los derechos sociales. Como se cantaba en las calles en los
tiempos de la revolución de Abril: "Solo hay libertad en serio cuando haya/La
paz, el pan, vivienda, salud, educación".
Estas tres transformaciones son la marca de una generación que, a partir de di-
ferentes posiciones e ideologías, ha sabido mantener un rumbo para el país.
Portugal es, hoy, infinitamente mejor de lo que era en 1969.
El retroceso
Me gustaría ver a Portugal todavía más implicado, en el plano internacional,
en la agenda de la paz y de los derechos. Tenemos condiciones para hacer una
importante aportación al mundo, como se demuestra en la actividad del secre-
tario general de Naciones Unidas, António Guterres, y del director general de
la Organización Internacional de las Migraciones, António Vitorino, pero tam-
bién de los directores generales de la FAO y de la Organización Mundial del
Comercio, todos de lengua portuguesa.
Los tres movimientos que han marcado a la generación de 1969 están hoy en
retroceso y definen las luchas que nos esperan. Es cierto que estas tendencias
están más presentes en otros países que en Portugal. Pero sería ceguera igno-
rar su impacto en todo el mundo.
Navigare necesse est. Con esta vieja máxima latina, Navegar es necesario,
Stefan Zweig abre su libro sobre Fernando de Magallanes: "Solo enriquece la
humanidad, de manera duradera, aquel que amplía los conocimientos y refuer-
za la conciencia creadora".
26/12/2019 - 22:02h
Quando o colunista conservador Vasco Pulido Valente usou pela primeira vez
a expressão "geringonça" ainda o atual primeiro-ministro português, António
Costa, estava a concorrer às primárias do Partido Socialista (PS) para derrubar
o anódino António José Seguro. Meses mais tarde, Paulo Portas, ainda líder
do CDS (direita), recuperou a palavra para caracterizar o novo governo de
esquerda. O governo que tinha, de facto, uma forma estranha. Era do PS, que
tinha ficado em segundo nas eleições, mas apoiado pelo Bloco de Esquerda
(BE, aliado do Podemos) e pelo Partido Comunista Português (PCP). Era a
primeira vez, na democracia portuguesa, que um partido que não tinha
vencido as eleições liderava um governo. Mas também era a primeira vez a
esquerda tinha maioria sem que o PS tivesse ficado em primeiro. A palavra
"geringonça" acabou por ser adotada pela esquerda. Não era um governo de
coligação – PCP e BE não entraram no governo – e não se podia falar de um
entendimento parlamentar – as más relações entre o PCP e o BE não
permitiram um acordo conjunto e cada partido assinou o seu com os
socialistas. "Geringonça" abreviava o que seria impossível de explicar.
Aproveitar a oportunidade
Como se explica que a direita tenha conseguido, depois das brutais doses de
austeridade que ministrou ao país, ter 38%? Foi possível porque a recuperação
económica começou logo em 2014, ainda Passos Coelho era primeiro-
ministro. E começou como efeito da recuperação europeia e do crescimento
do turismo. Este é o primeiro mito que é necessário desfazer para
compreender a situação portuguesa: que foi a esquerda que recuperou, por si
só, a economia. Dizê-lo é repetir um erro que destruiu o PS quando a crise
rebentou – foi responsabilizado, sem ter em conta a situação externa, pela
bancarrota nacional. Não foi José Sócrates (primeiro-ministro em 2011) que
faliu o país, não foi Passos Coelho que impôs a austeridade, não foi António
Costa que recuperou a economia. Em todos estes momentos Portugal seguiu,
às vezes apenas com um pouco de atraso, as tendências europeias.
A diferença foi como cada um lidou com o contexto externo. Assim como a
direita acrescentou doses de austeridade ao que já vinha de fora, o governo da
"geringonça" aproveitou o momento de recuperação de forma muitíssimo
diferente do que teria aproveitado Pedro Passos Coelho. As reposições de
rendimentos e direitos sociais e laborais foram muitíssimo mas rápidas e
profundas. E não foram acompanhadas pela liberalização das leis laborais ou
privatizações, como aconselham sempre as instituições europeias e o FMI.
Pelo contrário, as alterações às leis laborais, mesmo que muito tímidas, foram
num sentido positivo para os trabalhadores. E até foi anulada a concessão a
privados dos transportes públicos de Lisboa e Porto e parcialmente revertida a
privatização da TAP (transportadora aérea).
Como a situação era boa, houve menos resistência dos agentes económicos e
da Europa a aumentos dos salários mínimos (mesmo assim houve alguma), a
comissão europeia não chumbou orçamentos (chegou a ameaçar) e o clima
político e social foi, nos primeiros dois anos, invulgarmente favorável para um
governo de esquerda. Tudo isto tornou as relações entre os três partidos muito
mais fáceis e a capacidade da direita fazer oposição muito mais difícil.
Ao fim dos dois primeiros anos de governo, o conteúdo dos acordos, que
correspondiam à reposição de rendimentos e de direitos, esgotou-se. A
navegar à vista, começaram os atritos. No fim de mandato, os atritos
transformaram-se em confronto. O recuo do PS na negociação de uma nova
Lei de Bases de Saúde que retiraria poder aos grupos privados levou a um
forte desentendimento com o BE e a acusações mútuas de deslealdade. E
perante a aprovação, com o voto da direita, PCP e BE, da contagem integral
do tempo de carreira que fora congelado aos professores durante a crise, o
primeiro-ministro ameaçou demitir-se. Muitos observadores consideraram
esta simulação de crise forçada, para fins eleitorais. O PS estava a cair nas
sondagens por causa de um escândalo envolvendo a nomeação de dezenas de
familiares de ministros para gabinetes do governo e para a Administração
Pública. Esta dramatização contra uma lei que exibia "irresponsabilidade
orçamental" permitia recuperar votos à direita.
Com esta crise, o PS recuperou um pouco. Até porque uma boa parte do
crescimento do PS tem sido feito às custas da direita, graças ao equilíbrio das
contas públicas imposto com mão de ferro por Mário Centeno, o "Ronaldo das
Finanças". Equilíbrio que, mesmo num bom momento económico, tem sido
conseguido às custas dos mais baixos investimentos públicos das últimas
décadas e duma degradação dos serviços públicos, sobretudo na Saúde e nos
transportes coletivos. Este é o reverso da medalha do milagre português: a
reposição de rendimentos e direitos e a diminuição de custos para os
utilizadores dos serviços fundamentais não têm sido acompanhadas por um
investimento na qualidade do Serviço Nacional da Saúde e dos transportes.
Adeus à 'geringonça'?
Com a aproximação das eleições europeias, tem ficado claro que a estratégia
de longo prazo de António Costa já não passa pela "geringonça". António
Costa tem-se afastado de Pedro Nuno Santos, o principal peão de todas as
negociações com esquerda e promovido recentemente a ministro do
Equipamento. O jovem rosto da ala mais à esquerda do PS é um defensor, em
Portugal e na Europa, do reforço de um bloco à esquerda que rivalize com as
correntes neoliberais. Pelo contrário, o primeiro-ministro está cada vez mais
sintonizado com Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros. O
confesso seguidor da terceira via e de Macron tem defendido que a aliança
indispensável terá de ser entre europeístas para combater esquerda eurocética
e extrema-direita. Este rumo, com o reforço da aliança com os liberais,
incluindo Macron e os Ciudadanos, é evidente na estratégia que o PS definiu
para a Europa. Há quem diga que Costa sonha com uma carreira em Bruxelas.
No estado em que se encontra a esquerda na Europa, exigem-se novos aliados.
Mas nas europeias abriu-se uma porta. O PAN (Pessoas, Animais, Natureza)
um partido muito particular que entrou no parlamento há quatro anos, que não
é nem de esquerda nem de direita, é quase exclusivamente composto por
vegans, tem nos animais o centro da sua ação política mas nos últimos meses
conseguiu passar a ideia de que é ecologista, saltou para os 5% nestas
europeias. Parece não ser um epifenómeno e os olhos de António Costa
brilham. Esta seria uma aliança sem custos. Sendo um partido de nicho e
pequenas causas, bastaria dar-lhe algumas bandeiras simbólicas e estria
garantido o seu apoio em tudo o que seja importante, da economia às leis
laborais.
A aritmética dos votos
Seja como for, o futuro da "geringonça" dependerá da aritmética dos votos.
Essa é a grande lição destes quatro anos: as alianças que podem mudar o rumo
de um país – ou pelo menos travar por uns tempos a caminhada para as
políticas neoliberais que dominam grande parte da Europa – dependem mais
da correlação de forças do que da boa-vontade dos políticos. E mesmo depois
dos eleitores da esquerda criarem, consciente ou inconscientemente, as
condições para que os entendimentos sejam inevitáveis, os partidos não
mudam de um dia para o outro. O PS continua a querer fazer as mesmas
escolhas que levaram os seus congéneres europeus, na Alemanha ou em
França, a uma crescente irrelevância. O PCP, sendo um dos poucos partidos
comunistas ortodoxos que sobreviveu na Europa, continua a viver nos seus
anacronismos. O BE, como partido nascido depois da crise dos partido de
massas, continua a ser inconsistente. E os limites impostos por uma Europa
onde os equilíbrios políticos são muito diferentes da que vivemos em Portugal
e Espanha, continuam a ser o mesmos. Assim como será com a mesma moeda,
tão desajustada à realidade dos países periféricos como em 2009, que teremos
de enfrentar uma nova crise, quando ela inevitavelmente vier. A dívida
continua insustentável, os limites do tratado orçamental continuam absurdos, a
economia portuguesa continua de uma fragilidade assustadora.
26/12/2019 - 21:00h
Cuando el columnista conservador Vaco Piludo Valente usó por primera vez
la expresión jerigonza, el actual primer ministro portugués, António Costa, to-
davía estaba concurriendo a la primarias del Partido Socialista (PS) para derri-
bar al anodino António José Seguro. Meses más tarde, Paulo Portas, todavía
líder del CDS (derecha), recuperó la palabra para describir al nuevo gobierno
de izquierda. Un gobierno que tenía, de hecho, una composición extraña. Era
del PS, que había quedado en segundo lugar en las elecciones, pero apoyado
por el Bloco de Esquerda (BE, aliado de Podemos) y por el Partido Comunista
Portugués (PCP). Era la primera vez, en la democracia portuguesa, que un
partido que no había vencido las elecciones lideraba un gobierno. Pero tam-
bién era la primera vez que la izquierda tenía una mayoría sin que el PS hubie-
se quedado primero. La palabra jerigonza ha terminado por ser adoptada por
la izquierda. No es un gobierno de coalición (PCP y BE no han entrado en el
Gobierno) y no se podía hablar de acuerdo parlamentario (las malas relaciones
entre el PCP y el BE no han permitido un acuerdo conjunto y cada partido ha
firmado el suyo por separado con los socialistas. Jerigonza significaba lo que
sería imposible de explicar.
Pero hasta la noche electoral no se empezó a constatar que, esta vez, la cosa
podría ir en serio. La coalición de derecha había ganado, con un 38,5%. Eso
sucedía porque habían concurrido en coalición, mientras que la izquierda, que
en conjunto había obtenido el 51% de los votos y 122 de los 230 diputados, se
había presentado por separado. Esa noche, los medios de comunicación y los
líderes de la derecha, siguiendo la tradición, dieron como segura la continui-
dad de Pedro Passos Coelho como primer ministro. Pero, ante el resultado, Je-
rónimo de Sousa, líder de los comunistas, pronunció la frase que marcó el fu-
turo: "El PS no forma gobierno porque no quiere". Comenzaba a nacer la jeri-
gonza.
Solo una alineación única de los astros permitiría esa solución: un pueblo ma-
chacado por la austeridad e intransigente ante la posibilidad de más desen-
cuentros entre la izquierda, un PS con la posibilidad de gobernar pero debilita-
do por no haber quedado el primero, un líder socialista que necesitaba llegar
inmediatamente al poder, la dirección del PCP presionada por sindicalistas y
alcaldes para que no permitiese que la ofensiva mediática y de austeridad con-
tinuase y el hecho de que este entendimiento solo era aritméticamente posible
si el PCP y el BE entrasen a la vez en la solución. Si lo hiciese antes uno de
ellos, podría haberse dado un impasse.
Aprovechar la oportunidad
¿Cómo se explica que la derecha haya conseguido, tras las brutales dosis de
austeridad que suministró al país, alcanzar el 38% de los votos? Fue posible
porque la recuperación económica comenzó en 2014, siendo todavía primer
ministro Passos Coelho. Y comenzó como efecto de la recuperación europea y
del crecimiento del turismo. Este es el primer mito que es necesario deshacer
para comprender la situación portuguesa: que fue a izquierda la que recuperó,
por sí sola, la economía. Decirlo es repetir un error que destruyó al PS cuando
la crisis explotó: fue responsabilizado, sin tener en cuenta la situación externa,
de la bancarrota nacional. No fue José Sócrates (primer ministro en 2011)
quien hizo quebrar el país, no fue Passos Coelho quien impuso la austeridad,
no fue António Costa quien recuperó la economía. En todos esos momentos
Portugal seguía, a veces solo con un poco de retraso, las tendencias europeas.
Este conjunto de medidas ha sido posible gracias a una situación externa muy
favorable pero, al mismo tiempo, aceleró la recuperación, ya que aumentó las
rentas disponibles, el consumo interno, la confianza económica, el empleo y
los ingresos fiscales. Por ello, permitió combinar recuperación económica, de-
volución de derechos sociales y equilibrio de las rentas públicas a niveles nun-
ca vistos desde la entrada del euro. El PIB creció a un ritmo desconocido des-
de comienzos de siglo, el desempleo cayó del 14%, en 2014, al 6,5%, en
2019; la inversión está cerca de la de los años anteriores a la crisis y el déficit
presupuestario continúa su camino hacia llegar a ser nulo, lo que se debe a los
grandes superávits primarios.
Una vez más, es necesario tener cuidado con algunos equívocos. Desgraciada-
mente, estos cuatro años no han sido suficientes para demostrar que las políti-
cas expansionistas en un país periférico de la UE permiten casar recuperación
económica con el complimiento de las metas europeas. En un periodo de cri-
sis, sería altamente improbable que todas estas medidas pudiesen tomarse con
superávits primarios nunca vistos en Portugal. Fue la recuperación externa lo
que lo permitió. Como las cuentas se comportaron bien y las instituciones eu-
ropeas confiaron en que ningún elemento estructural de sus dogmas ideológi-
cos sería puesto en cuestión por un gobierno apoyado por comunistas y radica-
les, el rating de la deuda subió, los niveles de interés descendieron y el Go-
bierno se ahorró más de mil millones de euros en pagos de deuda. No es poca
cosa.
Como la situación era buena, hubo menos resistencias por parte de los agentes
económicos y de Europa a los aumentos de los salarios mínimos (aun así,
hubo algunas), la Comisión Europea no rechazó los presupuestos (llegó a
amenazar con ello) y el clima político y social fue, en los primeros dos años,
inusualmente favorable para un gobierno de izquierdas. Todo esto hizo que las
relaciones entre los tres partidos fuesen mucho más fáciles y la capacidad de
la derecha de hacer oposición, mucho más difícil.
Con esta crisis, el PS se ha recuperado un poco. Una buena parte del creci-
miento del PS se ha producido a costa de la derecha, gracias al equilibrio de
las cuentas públicas impuesto con mano de hierro por Mário Centeno, el Cris-
tiano Ronaldo de las Finanzas. Un equilibrio que, incluso en un buen momen-
to económico, se ha conseguido a costa de la inversión pública más baja de las
últimas décadas y de una degradación de los servicios públicos, sobre todo en
Sanidad y en el transporte público. Ese es el reverso de la moneda del milagro
portugués: la restitución de los servicios fundamentales no se ha visto acom-
pañada por una inversión en la calidad del Servicio Nacional de Salud y de los
transportes.
¿Adiós a la 'Jeringonza'?
Con la aproximación de las elecciones europeas ha quedado claro que la estra-
tegia a largo plazo de António Costa ya no pasa por la jerigonza. António
Costa se ha alejado de Pedro Nuno Santos, el principal activo de todas las ne-
gociaciones con la izquierda y ascendido recientemente a ministro de Fomen-
to. El joven rostro del ala más a la izquierda del PS es un defensor, en Portu-
gal y en Europa, del refuerzo de un bloque a la izquierda que rivalice con las
corrientes neoliberales. Sin embargo, el primer ministro sintoniza cada vez
más con Augusto Santos Silva, ministro de Asuntos Exteriores. El confeso se-
guidor de la tercera vía y de Macron ha defendido que la alianza imprescindi-
ble deberá ser entre europeístas, para luchar contra la izquierda euroescéptica
y la extrema derecha. Este rumbo, con el refuerzo de la alianza con los libera-
les, incluyendo a Macron y a Ciudadanos, es evidente en la estrategia que el
PS ha definido para Europa. Hay quien dice que Costa sueña con una carrera
en Bruselas. En el estado en el que se encuentra la izquierda en Europa, se
exigen nuevos aliados.
Todo indica que, en este momento, António Costa quiere deshacerse de la je-
rigonza. Para ello, tenía tres posibilidades. Una mayoría absoluta, una alianza
solo con el PCP y un gobierno en minoría, con acuerdos puntuales a izquierda
y derecha. Los resultados de las últimas elecciones europeas han hecho que
todas estas posibilidades sean improbables. El PS alcanzó el 33,5% de los vo-
tos y, a pesar de hay algunas encuestas optimistas, nada indica que sea posible
repetirlos. El PCP obtuvo el peor resultado de su historia en unas elecciones
que, por presentar menos abstención, suelen favorecer bastante a un partido
que tiene un electorado más fiel. Y los dos partidos de derecha fueron arrasa-
dos. Rui Rio, líder del Partido Social Demócrata (centro-derecha), abierto a
acuerdos hacia el centro, deberá retirarse después de las elecciones legislativas
de octubre. Y quien venga deberá endurecer la oposición.
La caída del PCP y la subida del BE, en estas europeas, son datos importantes
para un análisis riguroso. El PCP parece estar sufriendo el abrazo del oso. Su
electorado, con muchos pensionistas y funcionarios públicos, parece estar su-
friendo el abrazo del oso. Desde que comenzó esta solución política, ha perdi-
do tres elecciones consecutivas: presidenciales, municipales y europeas. Y
nada indica que se deba a que a sus electores no les guste el gobierno que ellos
apoyan. Puede que les guste demasiado. El fin del cordón sanitario con los so-
cialistas está costándoles votos. El BE, más joven, con más peso entre trabaja-
dores del sector privado y más maleable, ha conseguido mantener su fuerza
electoral o incluso ampliarla, dependiendo de los candidatos. Es un partido
que comparte muchos votantes con el PS y la porosidad entre ambos puede
beneficiarlo. Eso, y una evidente dificultad de diálogo, llevan a António Costa
a querer verse libre del BE. El sueño de gobernar solo con los comunistas ca-
yó por tierra en las europeas. El PCP jamás aceptaría mantener una aventura a
dos con un Bloco de Esquerda creciendo sin freno.
23/12/2019 - 22:06h
Há um país na Europa que reverteu os cortes, melhorou as pensões, conseguiu
manuais escolares gratuitos, baixou as taxas universitárias e os preços do
transportes públicos. É um lugar onde o desemprego desceu de 14% para
6,5% e em simultâneo com a subida do salário mínimo. É um Estado que
conseguiu equilibrar as contas púlblicas e baixar o défice, aumentando os
impostos para os mais ricos, ao invés de passar a fatura aos do costume. Uma
nação onde as coisas se fizeram de uma outra forma, uma forma que
funcionou.
Esse país não fica muito longe. Chama-se Portugal e, para muitos espanhóis, é
um grande desconhecido: o país mais próximo, geográfica e culturalmente, e o
mais distante em termos de debate público. Lá em casa desse vizinho que
ignoramos, se deixarmos de olhar de cima, vemos que há um Governo de
esquerdas que veio mostrar que é possível outra política, que as receitas
neoliberais não são a única forma de cumprir o rigor orçamental, que também
se pode gerar riqueza a partir da justiça social, coisa que nunca foi impossível,
por muito que se dissesse o contrário. Lá em Portugal, a social-democracia, a
nova esquerda e o comunismo conseguiram pactuar para formar Governo e
superar os seus desencontros históricos: os mesmos ódios que em Espanha
existem entre as diferentes famílias progressistas, cuja lista de rancores e
conflitos contrasta com a provada capacidade que as direitas têm de sempre
chegar a acordo entre si. Nos últimos meses, por proximidade das eleições,
essa aliança à esquerda portuguesa sofreu um abanão. Também nisto a
experiência dos portugueses nos pode servir de ensinamento.
Sabemos quase tudo sobre Emmanuel Macron e quase nada sobre António
Costa. Por isso, e porque tanto tem para nos ensinar, quisemos dedicar a
Portugal esta edição monográfica do eldiario.es. Trata-se de uma revista
especial, pois a maioria dos autores são portugueses. Foram escolhidos com a
generosa ajuda da presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río –
obrigado, Pilar, por ser a editora convidada deste número da nossa revista.
Há tanto a aprender sobre Portugal. Tanto que viajar. Tanto que ler e ouvir.
Tanto que admirar e tanto para nos deixarmos surpreender que esta revista não
é mais do que um mero aperitivo de tudo aquilo que estamos a perder dos
nossos vizinhos nesta jangada de pedra chamada Ibéria.
23/12/2019 - 21:08h
Hay un país en Europa que ha revertido los recortes, que ha mejorado las pen-
siones, que ha logrado que los libros de texto sean gratuitos, que ha bajado las
tasas universitarias y los precios del transporte público. Es un lugar donde el
paro se ha reducido del 14% al 6,5%, y eso ha ocurrido al mismo tiempo que
se subía el salario mínimo. Es un Estado que ha logrado cuadrar las cuentas
públicas y rebajar el déficit, pero lo ha hecho aumentando los impuestos a los
más ricos, en vez de pasar la factura a los de siempre. Es una nación donde las
cosas se han hecho de otra manera, y esa manera ha funcionado.
Ese país no queda nada lejos. Se llama Portugal y, para muchos españoles, es
un gran desconocido: el más próximo cultural y geográficamente, el más le-
jano en el debate público. Allí, en la casa de ese vecino al que ignoramos,
cuando no lo miramos por encima del hombro, un Gobierno de izquierdas ha
demostrado a toda Europa que otra política es posible, que las recetas neolibe-
rales no son la única forma de cumplir con el rigor presupuestario, que tam-
bién se puede crear riqueza desde la justicia social, que nunca fue imposible,
por mucho que repitieran lo contrario. Allí, en Portugal, la socialdemocracia,
la nueva izquierda y el comunismo han logrado pactar un Gobierno y superar
sus desencuentros históricos: los mismos odios que en España también se dan
entre las distintas familias progresistas, cuya lista de rencores y agravios
contrasta con la probada capacidad que siempre tienen las derechas para po-
nerse de acuerdo entre ellas. En los últimos meses, por la cercanía de las elec-
ciones, ese acuerdo de la izquierda portuguesa se ha agrietado. También en
esto su experiencia nos puede servir como enseñanza.
Sabemos casi todo de Emmanuel Macron y casi nada de António Costa. Por
eso, y porque ellos tienen tanto que contarnos, hemos querido dedicar a Portu-
gal este monográfico de eldiario.es. Es una revista algo especial, porque la
mayoría de los autores son portugueses. Los hemos escogido con la generosa
ayuda de la presidenta de la Fundación José Saramago, Pilar del Río –gracias,
Pilar, por ejercer de directora invitada de este número de nuestra revista–.
Mulheres, as primeiras
Escritores, professores, cantores, políticos, artistas, ativistas: de Celeste
Caeiro, o ícone da revolução, à cantora Teresa Salgueiro, as mulheres
portuguesas não são mais lavadeiras, como a música repetia
esmagadoramente, hoje são referentes
Pilar del Río - Jornalista e tradutora. Preside atualmente a Fundação José Saramago
23/12/2019 - 22:03h
Celeste Caeiro tem 86 anos, vive com as dificuldades inerentes a quem nunca
deixou de ser pobre, tem cerca de um metro e meio e olhos brilhantes, deu o
nome a uma revolução – a Revolução dos Cravos – e não se julga merecedora
de qualquer medalha ou homenagem; talvez por essa razão não lhe seja
atribuído um reconhecimento geral e oficial.
Paula Rego vive em Londres. Tem quase 85 anos, continua a pintar o mundo e
a sua obra está nos melhores museus de arte contemporânea. E também
Helena Viera da Silva, que viveu no exílio e construiu a partir da memória as
obras mais belas. Ela e a grande poeta Sophia de Mello Breyner afirmaram,
após a Revolução, que a poesia está na rua e deixaram-no claro num cartaz
que é impossível observar sem que nos emocionemos.
Impõe-se uma viagem até Lisboa para percorrer os lugares de Sophia, subir ao
miradoura da Graça e ler un poema, quiçá este, de seu nome "25 de
abril": Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo /
Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do
tempo. E em seguida, com esse prazer incorporado, aravessar a cidade e entrar
na Fundação Vieira da Silva, nas Amoreiras, ver os cravos vermelhos que
povoam levemente o cartaz de "A poesia está na rua" e sentir que estas
mulheres organizaram o mundo e lhe conferiram beleza. Talvez ali mesmo
ouvir a Teresa Salgueiro cantar, ao som da sua voz de lua nascente calcorrear
as ruas da cidade, como fez Alain Tanner em "A cidade branca". A voz de
Teresa Salgueiro penetra nas casas e nas almas e é uma bandeira, assim se
disse no México e se repetiu em vários continentes.
As "Capazes"
As mulheres portuguesas não são lavandeiras, como tanto se cantava em
Espanha, são pessoas capazes e assim o reivindica o grupo que tomou o
mesmo nome "Capazes", que junta profissionais de prestígio, feministas e
ativistas, e que intervem na sociedade tal como outros coletivos.
O mesmo carácter que tantas mulheres usaram ao longo dos tempos líquídos
para manter as conquistas da emancipação que ganharam força legal, em
Portugal, com o 25 de abril e a Revolução dos Cravos. Revolução essa que
assim se chama e ficou para a história por via de um gesto decidido e audaz de
uma pequeña mulher, e ao mesmo tempo tão grande, de seu nome Celeste
Ceiro, a quem este artigo é dedicado. Com emoção e carinho.
Tras aquella Revolución militar que la población civil secundó como si hubie-
ra estado esperándola y Maria de Medeiros contó en la película Capitanes de
Abril, arrancó la Edad de la Democracia y en ella comenzaron a ser habituales
en la vida publica las mujeres, que ya existían, digámoslo, aunque el oscuran-
tismo, las normas y las costumbres impedía verlas. En la primerísima hora de
la era democrática destacó, por su simbolismo y por su relevante humildad,
Celeste Caeiro, una lisboeta que llevaba claveles que llevaba los claveles que
no sirvieron en su lugar de trabajo y decidió repartirlos entre los soldados por-
que "era lo único que podía ofrecer".
Los soldados aceptaron claveles y los colocaron en sus fusiles: la imagen dio
la vuelta al mundo y se instaló en el imaginario de los soñadores y de quienes
operan contra los sueños, pero la artífice del insólito gesto quedó en el anoni-
mato. Celeste Caeiro tiene 86 años, vive con las dificultades lógicas de quien
nunca ha dejado de ser pobre, mide alrededor de metro y medio, tiene los ojos
brillantes, le dio nombre a una Revolución – la Revolución de los Claveles- y
no se cree merecedora de ninguna medalla ni homenaje, tal vez por eso le falte
el reconocimiento general y oficial.
Celeste Caeiro representa el concepto de ciudadanía como pocas personas.
También ella, como si fuera un espejo, devuelve una imagen de falta de sensi-
bilidad humana y democrática de la sociedad y de las instituciones. Realmente
los pobres, las pobres, son invisibles.
Paula Rego vive en Londres. Tiene casi 85 años, sigue pintando el mundo y su
obra está en los mejores museos de arte contemporáneo. Y qué decir de Hele-
na Viera da Silva, que vivió en el exilio y construyó desde la memoria las
obras más hermosas. Ella y la gran poeta Sophia de Mello Breyner afirmaron,
tras la Revolución. que la poesía estaba en la calle y lo dejaron claro en un
cartel que es imposible mirar sin emocionarse.
Se impone viajar a Lisboa para recorrer los lugares de Sophia, subir al mirador
da Graça y leer un poema, quizá éste, que lleva por título "25 de abril": Esta
es la madrugada que yo esperaba / El día inicial entero y limpio/donde emer-
gimos de la noche y del silencio /y libres habitamos la sustancia del tiempo. Y
luego, con ese placer incorporado, atravesar la ciudad y en Amoreiras entrar
en la Fundación Viera da Silva, ver los claveles rojos que levemente pueblan
el cartel de "A poesía está na rua" y sentir que esas mujeres organizaron el
mundo y le dieron belleza. Tal vez allí mismo oír cantar a Teresa Salgueiro, y
con su voz de luna naciente recorrer los perfiles de la ciudad como hizo Alain
Tanner en "La ciudad blanca". La voz de Teresa Salgueiro penetra casas y al-
mas y es una bandera, dijeron en México y luego se ha repetido en varios con-
tinentes.
Las propuestas de igualdad que defiende los movimientos feministas han con-
seguido instalarse en la sociedad con naturalidad, y ya nadie discute la paridad
en las instituciones, el matrimonio entre personas del mismo sexo o el derecho
al aborto.
El carácter que han empleado tantas mujeres para mantener a lo largo de los
tiempos líquidos las conquistas de emancipación que adquirieron fuerza legal
en Portugal con el 25 de Abril y la Revolución de los Claveles. Que se llama
así, y así quedó para la historia, por el gesto decidido y audaz de una mujer
pequeña y muy grande que se llama Celeste Ceiro, a quien va dedicada este
articulo. Con emoción y cariño.