Português 3.º C
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O PRIMEIRO BEIJO
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos
andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me
diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? - perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada
em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos
longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e
apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos
companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho
do motor, rir,
gritar, pensar, sentir, puxa vida! Como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na
boca ardente engolia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não
tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio-dia tornara-se quente e árida e ao
penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto?
Tentou por instantes, mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos
apenas, talvez horas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que, mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais
próxima, e seus
olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos,
espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos
estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam
com sede, mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava
a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a
barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior
arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua
fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da
mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole
sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da
mulher
de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
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Ele a havia beijado.
(Em O primeiro beijo e outros contos. São Paulo, Ática, 1961)
5. A partir da sua leitura do fragmento em destaque, responda com suas palavras: Qual
discurso predomina nesta passagem? No terceiro período recortado acima tem-se o emprego de
um pronome oblíquo em posição enclítica (depois do verbo), que pronome é esse e qual palavra
ele substitui e retoma?
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8. …… três semanas, cheguei …… Lisboa; daqui …… três dias farei uma excursão ……
França; depois farei uma visita …… ruínas da Itália; de lá regressarei ……. São Paulo.
a) Há, à, há, a, as, à
b) A, a, a, a, às, a
c) Há, a, a, à, às, a
d) Há, a, há, à, às, a
e) A, à, há a, as, à
10. Tudo que lemos ou assistimos nos traz lições de vida, exemplos a serem seguidos,
ensinamentos. O que podemos extrair do filme “Escritores da Liberdade”? Como podemos nos
transformar em pessoas melhores, conscientes e humanas ao longo da nossa vida?
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