Universidade de Ribeirão Preto Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnologias Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental

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Universidade de Ribeirão Preto

Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnologias


Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental

ADRIANA CARVALHO DE MENEZES DENDENA

OBTENÇÃO DE INDICADORES DE GERAÇÃO DE


RESÍDUOS INDUSTRIAIS EM MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS MOVELEIRAS VISANDO A REDUÇÃO
DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E SALUTARES

RIBEIRÃO PRETO
2019
Adriana Carvalho de Menezes Dendena

OBTENÇÃO DE INDICADORES DE GERAÇÃO DE


RESÍDUOS INDUSTRIAIS EM MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS MOVELEIRAS VISANDO A REDUÇÃO
DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E SALUTARES

Tese apresentada à Universidade de Ribeirão Preto


UNAERP, como requisito parcial para obtenção do
título de Doutora pelo Programa de Doutorado em
Tecnologia Ambiental do Centro de Ciências Exatas,
Naturais e Tecnologias da Universidade de Ribeirão
Preto.

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Rezende Alves de Oliveira

Ribeirão Preto
2019
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
Técnico da Biblioteca Central da UNAERP

- Universidade de Ribeirão Preto -

Dendena, Adriana Carvalho de Menezes, 1968-


D391o Obtenção de indicadores de geração de resíduos Industriais em
micro e pequenas empresas moveleiras visando a redução dos
Impactos ambientais e salutares / Adriana Carvalho de Menezes
Dendena. – Ribeirão Preto, 2019.
144 f.: il. color.

Orientadora: Profª. Drª. Luciana Rezende Alves de Oliveira.

Tese (doutorado) - Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP,


Tecnologia Ambiental. Ribeirão Preto, 2019.

1. Indústria Moveleira. 2. Ergonomia. 3. Cryptococcus. I. Título.


CDD 628
Dedico essa tese a meus filhos, minha razão de viver.
Gustavo me ensina a vencer os desafios testando os limites da alma.
Felipe me motiva a conhecer um novo mundo sem preconceitos e mente mais aberta.
Lucas me ilumina com sua alegria, maturidade e energia cativante!
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que guia os meus passos, me dá coragem,


proporciona saúde física, mental e força em todos os momentos da minha vida! Sem Ele
seria impossível minhas conquistas, sonhar e acreditar em um mundo melhor!
Aos meus pais, por me incentivarem sempre. Obrigada pelo apoio incondicional
e estarem sempre presentes nos momentos mais importantes da minha vida. Sou
privilegiada de ter vocês como pais. Amo muito vocês!
Ao meu marido por suprir a minha ausência em casa, durante esse período do
doutorado e dos anos que estive em Passos. Obrigada pelo seu carinho e por sempre
cuidar de mim.
As três empresas que abriram suas portas em Passos para essa pesquisa. A
educação com que fui recebida por todos, a boa vontade em colaborar com a coleta dos
resíduos e fornecer as informações foram cruciais para o desenvolvimento da tese.
A minha orientadora pelas correções e sugestões que acrescentaram e auxiliaram
para a finalização da tese.
Ao professor Valdir, pelos ensinamentos nas aulas de Resíduos Sólidos que com
sua sabedoria, simpatia e carisma me inspirou a aprofundar nesse tema. Sua motivação
é contagiante!
Ao professor Eduardo Clímaco agradeço seu empenho, juntamente com a aluna
Micaela de Sousa Donato, na análise microbiológica das madeiras que contribuíram de
forma significativa e enriqueceram a tese.
A Denise Cristiane Ferreira Vieira pela avaliação ergométrica e aplicação do
método OWAS para um diagnóstico preciso da ergonomia dos funcionários do setor.
A Fernanda, minha colega e amiga que fiz no Doutorado. Os estudos, conversas,
saídas e risadas foram o diferencial nessa jornada de três anos e meio a Ribeirão Preto.
Aos companheiros de doutorado, em especial a Jussara, Edilza, Marcelo,
Eduardo, João Paulo e Dani que fizeram parte dessa caminhada de conhecimentos, vocês
ficarão na memória deixando saudades da correria das aulas, trabalhos, viagens e
principalmente do convívio com alegrias e palavras de conforto.
7

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se
plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de
afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz...”

Eclesiastes 3:1-8

O tempo não volta!


Se o tempo pudesse voltar, quantas coisas poderíamos ter feito diferente, mas aí perderia a
essência da vida, que é aprender com as alegrias e tristezas que o tempo nos impõe.
O tempo é primordial nessa estrada da vida, sendo certo para todos os momentos, mesmo não o
compreendendo muitas vezes...
RESUMO

Os resíduos sólidos da indústria moveleira possibilitam a verificação da ineficiência do


processo produtivo, afetando direta e indiretamente as pessoas, sociedade e meio ambiente.
Os resíduos da atividade madeireira consistem em pedaços de madeira, pó de serragem dentre
outros, que acabam tendo destino inadequado muitas vezes por falta de conhecimento das
pessoas do ramo. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi obter indicadores , através da
caracterização e quantificação dos resíduos de madeira gerados a partir do corte de peças nas
micro e pequenas indústrias moveleiras, que utilizam de madeira de demolição e outras
madeiras no processo de fabricação de móveis rústicos, visando a redução dos impactos
ambientais e salutares, utilizando como modelo a cidade de Passos, MG. A utilização de
equipamentos de proteção individual e os riscos inerentes à atividade moveleira, como a
insalubridade do setor são fatores que demandam atenção conjunta com a avaliação ergonômica
e análises microbiológicas das madeiras utilizadas no processo produtivo. Utilizou-se como
metodologia o estudo de caso, tendo ferramentas de coleta e análise de dados a observação
direta, registro fotográfico do processo produtivo, entrevistas e mapeamento dos resíduos. Os
indicadores obtidos nesse estudo (quantidade de peças de móveis produzidas e resíduos gerados
no processo, bem como o tempo e quantidade de madeira utilizada) foram inovadores no setor
moveleiro, pois vários estudos sobre o tema não apresentaram esses dados. Os indicadores
mostraram que para a produção de uma cadeira, são necessárias 2 horas de trabalho, 0,016 mᶾ
de madeira, gerando 1,2 kg de tocos de madeiras e 500 gramas de serragem. Esses dados
sustentam que o gerenciamento e diminuição dos resíduos gerados no processo de fabricação
de móveis rústicos utilizando-se de madeiras de demolição acarretam muitas perdas
desnecessárias. Perdas ambientais e salutares, pois além da saúde dos trabalhadores do setor
estar em constante risco, seja pela proliferação do pó de serragem nas fábricas causando riscos
à saúde, a falta de utilização de EPIs e a ergonomia inadequada das pessoas envolvidas,
acarretam um prejuízo para a empresa e principalmente para o trabalhador do setor. Com a
utilização da ferramenta OWAS, identificou-se que o setor em geral necessita de futuras
correções, por conta das atividades que os operadores utilizam sendo a postura inclinada com
ambos braços abaixo dos ombros e pernas dos operadores eretas, com um esforço de carga
inferior a dez quilogramas são fatores que prejudicam à ergonomia acarretando danos à saúde
das pessoas envolvidas na atividade moveleira. Desta forma devem ser feitas pausas de cinco
minutos a cada uma hora trabalhada e a elaboração de ginástica laboral, de acordo com os
critérios recomendados por um fisioterapeuta. A análise microbiológica das madeiras, tocos e
serragens identificou um predomínio de contaminação de fungos filamentosos (anemófilos) em
todas as amostras, sendo estes fungos de baixa importância clínica como agentes infecciosos.
Apesar das espécies de Cryptococcus spp. serem relatas crescendo em madeira em
decomposição, não se pode afirmar que os resíduos de madeira ofereçam riscos de
contaminação por Cryptococcus spp., uma vez que essas espécies não foram encontradas nas
amostras. Enfim, os resíduos madeireiros não possuem um destino adequado e muitas perdas
poderiam ser evitadas. Os benefícios desse estudo foram de caráter ambiental e econômico bem
como de sustentabilidade, uma vez que as perdas e os indicadores alcançados, além da
conscientização das pessoas envolvidas resultaram na diminuição dos resíduos e na segurança
dos trabalhadores desse setor.

Palavras-chave: Indústria Moveleira; Resíduos Sólidos; Fatores de Risco; Ergonomia; EPI;


Cryptococcus.
ABSTRACT

Solid waste from the furniture industry makes it possible to verify the inefficiency of the
production process, directly and indirectly affecting people, society and the environment.
Residues of logging consist of pieces of wood, sawdust, among others, which end up having an
inadequate destination, often due to the lack of knowledge of people in the industry. Therefore,
the objective of this work was to obtain indicators, through the characterization and
quantification of wood residues generated from cutting pieces in micro and small furniture
industries, using demolition wood and other wood in the process of manufacturing rustic
furniture , aiming at reducing environmental and health impacts, using the city of Passos, MG,
as a model city. The use of personal protective equipment and the risks inherent to the furniture
activity, such as the unhealthiness of the sector, are factors that demand joint attention with the
ergonomic evaluation and microbiological analyzes of the wood used in the production process.
The methodology used was the case study, with data collection and analysis tools for direct
observation, photographic record of the production process, interviews and mapping of the
residues. The indicators obtained in this study (quantity of pieces of furniture produced and
waste generated in the process, as well as the time and quantity of wood used) were innovative
in the furniture sector, since several studies on the subject did not present this data. The
indicators showed that for the production of a chair, it takes 2 hours of work, 0,016 mᶾ of wood,
generating 1.2 kg of stumps of wood and 500 grams of sawdust. These data supports that the
management and reduction of waste generated in the process of manufacturing rustic furniture
using demolition timbers causes many unnecessary losses. Environmental and health losses, as
well as the health of workers in the sector are at constant risk, whether by the proliferation of
saw dust in the factories causing health risks, the lack of use of PPE (personal protective
equipment) and inadequate ergonomics of people involved, cause damage for the company and
especially for the worker in the sector. With the use of the OWAS tool, it was identified that
the sector in general needs future corrections, due to the activities that operators use, with the
inclined posture with both arms below shoulders and legs of the upright operators, with a lower
loading effort to ten kilograms are factors that impair ergonomics, causing damage to the health
of people involved in the furniture industry. In this way, one must take breaks of five minutes
each one hour worked and the elaboration of work gymnastics, according to the criteria
recommended by a physiotherapist. The microbiological analysis of wood, stumps and sawdust
identified a predominance of contamination of anemophilous filamentous fungi in all samples,
being these fungi of low clinical importance as infectious agent. Despite the species of
Cryptococcus spp. are reports growing on decomposing wood, it can’t be said that wood
residues present risks of contamination by Cryptococcus spp., since these species were not
found in the samples. Finally, wood residues do not have an adequate destination and many
losses could be avoided. The benefits of this study were environmental and economic as well
as sustainability, since the losses and the indicators reached, besides the awareness of people
involved, resulted in the reduction of waste and the safety of workers in this sector.

Keywords: Furniture industry; Solid Waste; Risk factors; Ergonomics; PPE; Cryptococcus.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Indicação de medidas e instrumentos de gestão que podem ser adotados nas unidades
de processo das organizações para a redução de geração de resíduos....................................... 23

Figura 2 - Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à origem.............................................. 28

Figura 3 - Hierarquia das ações para o gerenciamento dos resíduos sólidos............................. 31

Figura 4 - Geração de opções de produção mais limpa ............................................................ 37

Figura 5 - Diversos tipos de resíduos de madeira ...................................................................... 44

Figura 6 - Modelo integrado de gerenciamento de resíduos ....................................................... 45

Figura 7 - Classificação dos tipos de resíduos de madeira ........................................................ 45

Figura 8 – Fluxograma das atividades desenvolvidas para o início da pesquisa ...................... 60

Figura 9 – Questionário utilizado nas empresas pesquisadas...................................................62

Figura 10 – Balança utilizada nas pesagens dos resíduos nas empresas pesquisadas..............65

Figura 11 – Fluxo quantitativo de seleção das empresas participantes do estudo....................69

Figura 12 - Máquina modelo serra de fita utilizada para o corte de madeira na Empresa A ,
localizada na cidade de Passos-MG...................................................................................................70

Figura 13- Máquina modelo - Esquadrejadeira utilizada para o corte de madeira na Empresa B,
localizada na cidade de Passos-MG............................................................................................ 71

Figura 14 - Máquina modelo furadeira para o corte de madeira na Empresa C, localizada na cidade
de Passos-MG ........................................................................................................................... 71

Figura 15 - Mesa pronta, com acabamento em pintura, fabricada pela Empresa A localizada na
cidade de Passos-MG ................................................................................................................ 72

Figura 16 - Banco de jardim pronto fabricado pela Empresa B, localizada na cidade de Passos-
MG. ........................................................................................................................................... 72

Figura 17 - Aparadores prontos fabricados pela Empresa C, localizada na cidade de Passos-MG


.................................................................................................................................................. 73

Figura 18 - Caixa utilizada para armazenamento da água para reuso na Empresa A, localizada
na cidade de Passos-MG .......................................................................................................... 73

Figura 19 - Visão geral da fábrica da Empresa A, localizada na cidade de Passos-MG. ........... 74


Figura 20 - Visão geral da fábrica da Empresa B, localizada na cidade de Passos-MG ..........75

Figura 21 - Visão da fábrica da Empresa C, localizada na cidade de Passos-MG ..................75

Figura 22 - Madeiras de demolição expostas na entrada da EMPRESA A, localizada em Passos-


MG..............................................................................................................................................76

Figura 23 - Madeiras de demolição separadas por tamanho (tábuas maiores), na EMPRESA B,


localizada em Passos-MG .........................................................................................................77

Figura 24 - Madeiras de demolição separadas por tamanho (tábuas médias) na EMPRESA B, na


cidade de Passos-MG....................................................................................................................78

Figura 25 - Madeiras de demolição separadas por tamanho (tábuas menores) na EMPRESA B,


na cidade de Passos-MG..................................................................................................................78

Figura 26 - Interior da fábrica da EMPRESA C na cidade de Passos-MG ...............................79

Figura 27 - Funcionário da EMPRESA A, confeccionando móveis com a ferramenta


Esquadrejadeira e avaliação ergomérica utilizando o Método OWAS, na cidade de Passos-
MG............................................................................................................................................81

Figura 28 - Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA A, utilizando o Método


OWAS, na cidade de Passos - MG ...........................................................................................81

Figura 29 - Funcionário da EMPRESA B, confeccionando móveis com a ferramenta


respingadeira ,na cidade de Passos-MG ....................................................................................82

Figura 30 - Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA B , utilizando o Método


OWAS, na cidade de Passos-MG................................................................................................82

Figura 31 - Funcionário da EMPRESA C, confeccionando móveis com a ferramenta furadeira


, na cidade de Passos-MG.........................................................................................................83

Figura 32 - Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA C , utilizando o Método


OWAS, na cidade de Passos-MG..............................................................................................83

Figura 33 - Madeiras separadas para serem utilizadas na fabricação de móveis rústicos da


EMPRESA A, em Passos-MG...................................................................................................84

Figura 34 - Madeira utilizada na fabricação da cadeira na EMPRESA A, na cidade de Passos-


MG..............................................................................................................................................86

Figura 35 - Montagem da cadeira na EMPRESA A, na cidade de Passos-MG........................87

Figura 36 - Cadeira finalizada na EMPRESA A, na cidade de Passos-MG..............................87

Figura 37 - Corte da madeira para a confecção de uma cadeira na EMPRESA B, na cidade de


Passos-MG ...............................................................................................................................90
Figura 38 - Peças de madeiras separadas para a montagem das cadeiras na EMPRESA B na
cidade de Passos-MG................................................................................................................90

Figura 39 - Cadeiras prontas da EMPRESA B, na cidade de Passos-MG.................................91

Figura 40 - Madeiras a serem utilizadas na fabricação da cadeira na EMPRESA C , na cidade


de Passos-MG.............................................................................................................................93

Figura 41 - Maquinário utilizado na fabricação da cadeira na EMPRESA C, na cidade de Passos


- MG............................................................................................................................................93

Figura 42 - Cadeira pronta da EMPRESA C, na cidade de Passos-MG......................................94

Figura 43 - Serragem gerada pela fabricação de móveis rústicos na EMPRESA A , em Passos –


MG. ........................................................................................................................................96

Figura 44 - “Caixa”: local onde a serragem fica separada para posterior coleta na EMPRESA B,
em Passos – MG........................................................................................................................97

Figura 45 - Tocos de madeira que serão doados e/ou vendidos, acondicionados em tambores na
EMPRESA B na cidade de Passos – MG...................................................................................97

Figura 46 - Poeira acumulada no chão da fábrica da EMPRESA B, na cidade de Passos –


MG............................................................................................................................................98

Figura 47 – Madeiras espalhadas aleatoriamente dentro da fábrica na EMPRESA C , em Passos


– MG.........................................................................................................................................98

Figura 48 - Serragem e madeiras a serem descartadas na EMPRESA C, em Passos –


MG............................................................................................................................................99

Figura 49 - Pedaços e tocos de madeiras de demolição na entrada da fábrica da EMPRESA A,


em Passos – MG......................................................................................................................100

Figura 50 – Madeiras de demolição em diversos tamanhos para serem separadas e utilizadas na


fabricação de móveis rústicos na EMPRESA B, em Passos – MG ...........................................101

Figura 51 - Madeiras expostas a serem utilizadas e/ou descartadas na EMPRESA C, em Passos-


MG ..........................................................................................................................................101

Figura 52 - Local onde as peças são lavadas na EMPRESA C, em Passos – MG...................102

Figura 53 - Fotos de placas com predomínio de fungos anemófilos nas amostras de madeiras
das EMPRESAS A, B e C........................................................................................................103

Figura 54 - Cultura em ASD das leveduras isoladas da amostra SB-2 - Colônias (isolado SB-
2.2) de leveduras pálidas, à esquerda, e colônias (isolado SB-2.3) de leveduras levemente
rosadas à direita......................................................................................................................104
Figura 55 - Cultura em ASD das leveduras isoladas da amostra SC-2: Colônias (isolado SC-
2.1) de leveduras róseo, à esquerda, e colônias (isolado SC-2.2) de leveduras pálidas à direita
....................................................................................................................................................................104

Figura 56 – Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SB-2.2: Células


leveduriformes do isolado SB-2.2 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia
óptica (400x) ..........................................................................................................................105

Figura 57 – Células leveduriformes não encapsuladas da colônia SB-2.3: Células


leveduriformes do isolado SB-2.3 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia
óptica (400x) ...........................................................................................................................105

Figura 58 - Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SC-2.1 : Células


leveduriformes do isolado SC-2.1 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia
óptica (400x) ..........................................................................................................................105

Figura 59 -Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SC-2.2 : Células


leveduriformes do isolado SC-2.2 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia
óptica (400x) ...........................................................................................................................106

Figura 60 – Microcultivo do isolado SB-2.2: Blastoconídeos em gemulação e presença de


pseudohifas. Microscopia óptica (400x) .................................................................................106

Figura 61 - Microcultivo do isolado SB-2.3: Blastoconídeos em gemulação e pseudohifas.


Microscopia óptica (400x) ......................................................................................................107

Figura 62 - Microcultivo do isolado SC-2.1: Blastoconídeos em gemulação. Microscopia óptica


(400x) .....................................................................................................................................107

Figura 63 - Microcultivo do isolado SC-2.2 :Blastoconídeos em gemulação. Microscopia óptica


(400x) .....................................................................................................................................107

Figura 64 - Proposta de melhorias para as EMPRESAS A, B e C com relação à organização da


matéria prima...........................................................................................................................110

Figura 65 - Separação dos resíduos para diminuir a sua geração.....................................................111

Figura 66 – Melhorias para a Saúde Ocupacional promovendo um ambiente salutar.............111


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dimensões dos tipos de resíduos de madeira ........................................................... 49

Tabela 2 -Quantidade de cadeiras e de geração de resíduos para a produção de cadeiras na


EMPRESA A, no mês de maio de 2018......................................................................................86

Tabela 3 - Quantidade de móveis produzidos na EMPRESA A, no mês de maio de 2018...............88

Tabela 4 - Quantidade de cadeiras e de geração de resíduos para a produção de cadeiras da


EMPRESA B, no mês de maio de 2018......................................................................................89

Tabela 5 - Quantidade de móveis produzidos na EMPRESA B, no mês de maio de 2018..............89

Tabela 6 - Quantidade de cadeiras e de geração de resíduos para a produção de cadeiras na


EMPRESA C, no mês de maio de 2018......................................................................................92

Tabela 7 - Quantidade de móveis produzidos no mês de maio na EMPRESA C no mês maio


de 2018...................................................................................................................................... 92

Tabela 8 – Tipos e quantidades de móveis produzidos no mês de maio de 2018 pelas EMPRESAS
A, B e C......................................................................................................................................94

Tabela 9 - Quantidade de resíduos gerados na produção de cadeiras no mês de maio de 2018 nas
EMPRESAS A, B e C.................................................................................................................95

Tabela 10 - Quantidade de madeira e resíduos gerados na produção de uma cadeira pelas


EMPRESAS A, B e C e o tempo de produção em horas .............................................................95

Tabela 11 – Caracterização fenotípica dos isolados de leveduras .........................................108


14

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Tipos de EPIs utilizados nas indústrias moveleiras................................................54


Quadro 2- Número de funcionários e a classificação das empresas da pesquisa de acordo com
o SEBRAE..............................................................................................................................68
LISTA DE SIGLAS

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia


ABIMÓVEL – Associação Brasileira da Indústria de Móveis
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV – Análise do ciclo de vida
ART – Análise Ergonômica do Trabalho
CDR – Combustível Derivado de Resíduos
CH4 – Gás Metano
CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
EPIs – Equipamentos de Proteção Individual
FEV1 – Volume Expiratório Forçado
FVC - Capacidade Vital Forçada
GEE – Gases de efeito estufa
IARC – Agência Nacional de Pesquisa do Câncer
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
LMEs – Lesões Musculoesqueléticas
MDF – Medium Density Fiberboard
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NBR – Norma Brasileira Registrada
NR – Norma Regulamentadora
OWAS – Ovako Working Posture Analysing System
P + L – Produção mais Limpa
PAIR – Perdas auditivas induzidas pelo ruído
PCA – Programa de Controle Auditivo
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RSS – Resíduos de Serviços de Saúde
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa

SGA – Sistema de gestão Ambiental


SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SINDICOM – Sindicato dos Empregados do Comércio de Passos
SUASA - Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
VOPs – Compostos Orgânicos Voláteis
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 18
2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 21
2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 21
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 21
3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 22
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................................................................... 22
3.2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................... 23
3.3 INDÚSTRIA MOVELEIRA ................................................................................. 32
3.4 RESÍDUOS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA .......................................................38
3.5 DESDOBRO DA MADEIRA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA
INDÚSTRIA MOVELEIRA ........................................................................................... 46
3.6 FATORES DE RISCO ...........................................................................................49
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 60
4.1 QUANTIFICAÇÃO DO NÚMERO DE EMPRESAS DE MÓVEIS RÚSTICOS
DA CIDADE DE PASSOS, MG..................................................................................... 60
4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MÓVEIS, TIPOS DE MADEIRA E A
FORMA DO PROCESSO DO CORTE E FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS NAS
EMPRESAS SELECIONADAS .................................................................................... 61
4.3 MAPEAMENTO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS MÓVEIS EM
RELAÇÃO AOS TIPOS, QUANTIDADE E TEMPO DE PRODUÇÃO ..................... 63
4.4 ANÁLISE DO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÕ INDIVIDUAL (EPIs)
E A ERGONOMIA DO SETOR..................................................................................... 63
4.5 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DE FABRICAÇÃO DE UM MÓVEL .................. 64
4.6 QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA GERAÇÃO E DA DESTINAÇÃO
DOS RESÍDUOS GERADOS NA FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS .............................. 65
4.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS SERRAGENS, TOCOS E MARAVALHAS
NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS.......................................................66
4.8 PROPOSTA DE MELHORIAS DESDE A GERAÇÃO ATÉ A DESTINAÇÃO
DOS RESÍDUOS GERADOS.........................................................................................67
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................68
5.1 QUANTIFICAÇÃO DO NÚMERO DE EMPRESAS DE MÓVEIS RÚSTICOS
DA CIDADE DE PASSOS, MG......................................................................................68
5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MÓVEIS, TIPOS DE MADEIRA E A
FORMA DO PROCESSO DE CORTE E FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS NAS
EMPRESAS SELECIONADAS .................................................................................... 70
5.3 MAPEAMENTO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS MÓVEIS EM
RELAÇÃO AOS TIPOS, QUANTIDADE E TEMPO DE PRODUÇÃO...................... 76
5.4 ANÁLISE DO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
(EPIs) E A ERGONOMIA DO SETOR ..........................................................................79
5.5 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DE FABRICAÇÃO DE UMA CADEIRA............ 84
5.6 QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS
GERADOS NA FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS ...........................................................95
5.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS SERRAGENS, TOCOS E MARAVALHAS
NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS.......................................................99
5.8 PROPOSTA DE MELHORIAS E ADEQUAÇÃO DESDE A GERAÇÃO ATÉ A
DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS ............................................................ 108
6. CONCLUSÕES.......................................................................................................112
7. TRABALHOS FUTUROS....................................................................................115
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 116
APÊNDICE 1 ............................................................................................................... 126
APÊNDICE 2 ............................................................................................................... 135
APÊNDICE 3 ............................................................................................................... 137
APÊNDICE 4................................................................................................................141
20

1. INTRODUÇÃO

No Brasil a geração de resíduos madeireiros é muito grande gerando impactos


ambientais negativos quando mal manejados, pois a geração de resíduos ocorre em toda cadeia
produtiva, desde o processamento mecânico da madeira até sua transformação em produtos
acabados. Poucas ações têm sido adotadas para reduzir o desperdício, principalmente nas
micro e pequenas empresas do setor, que ainda enfrentam muitos desafios para aumentar o
aproveitamento da madeira, reduzir a geração e dar destino adequado para os seus resíduos,
muitas vezes dispondo de forma inadequada e ilegal em terrenos baldio, curso d’água, beiras
de estrada ou ainda queimando a céu aberto, causando poluição do ar e problemas de
saúde pública (CASSILHA; PODLASEK; SILVA; MENGATTO; 2011).
Segundo Wiecheteck (2009) resíduos de madeira gerados no processamento que não são
utilizados podem deixar de ser um passivo ambiental, sendo processados como matéria-prima
para diversos fins, incluindo o uso energético, gerar lucro para a iniciativa privada e reduzir
problemas ambientais de interesse da sociedade.
Com a aprovação da Lei nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) em agosto de 2010, a t r a v é s d o Decreto Nº 7.404, de 23 de dezembro de
2010, foram definidas diretrizes e requisitos técnicos e legais para o gerenciamento de resíduos,
tanto para o setor público quanto para o privado (BRASIL,2010). Sendo assim as indústrias
madeireiras enfrentam um novo desafio, exigindo que as mesmas reestruturem sua produção
e administração, incorporando conceitos e valores ambientais, além de ferramentas de redução
da geração, tratamento e disposição de resíduos e controle da poluição, visando atender a
legislação vigente .
Desta forma, surgiu a necessidade de desenvolvimento de tecnologias que utilizem
recursos naturais de maneira menos poluidora e mais controlada em busca da preservação
ambiental. Ao mesmo tempo, buscam-se soluções para a diminuição, ou mesmo eliminação
destes resíduos, indo em consonância com o artigo 38, do Decreto 7.404 que deixa claro que “Os
geradores de resíduos sólidos deverão adotar medidas que promovam a redução da geração dos
resíduos, principalmente os resíduos perigosos, na forma prevista nos respectivos planos de
resíduos sólidos e nas demais normas aplicáveis” (BRASIL,2010).
Já o artigo 35, do Decreto 7.404, evidencia essa importância.
Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deverá ser observada a seguinte ordem
de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL,2010).
21

Neste contexto encontra-se a indústria moveleira, que utiliza recursos naturais de


maneira ineficiente, tanto na obtenção da matéria prima, como também na fase de produção
de produtos, ou seja, uma geração excessiva de resíduos de madeira associado ao seu baixo
aproveitamento, gerando danos ambientais, além de perda significativa de oportunidades para
a indústria, comunidades locais, governos e sociedade em geral (WIECHETECK, 2009).
Portanto, é de extrema importância que as indústrias deste ramo tenham conhecimento
do impacto ambiental que causam, buscando investir em tecnologias que valorizem o meio
ambiente e busquem informações sobre formas de obtenção de matéria-prima certificada, o uso
do material sem desperdício além do descarte e tratamentos mais indicados para os resíduos
gerados no decorrer do processo de fabricação (LIMA, 2005; COELHO et al., 2011).
Um dos problemas nas indústrias de móveis rústicos é a pouca importância que seus
proprietários dão ao fato do acúmulo da serragem que as máquinas causam no ambiente de
trabalho, na grande maioria depois de um serviço pronto, o máximo que se faz é a limpeza com
vassoura e pá para retirar o excesso da mesma das máquinas ou do piso. Porém o maior
problema está na serragem mais fina que fica em suspensão no ar e que se espalha por toda a
marcenaria, além de insalubre e muito perigosa, possui vários elementos químicos e tóxicos
na fabricação dos móveis. A questão principal é que qualquer partícula, quer seja de madeira
natural ou industrializada e que esteja em suspensão e seja absorvida pelas vias respiratórias
de quem está no ambiente de trabalho, se acumula nos pulmões e não tem mais como ser
retirada, não existe tratamento para isto nem cirurgia que resolva quando a concentração deste
nos pulmões chegar a um patamar muito alto (RANGEL e FIGUEIREDO,2008).
Essas partículas, em pequenas quantidades, aspiradas ao longo da vida nunca vão
ter efeitos colaterais nem chegar ao ponto de causar invalidez em quem trabalha, pois
pequenas quantidades são removidas pelas defesas do organismo em forma de secreção. O
problema está em passar todos os dias, após anos e anos, respirando sem proteção nenhuma em
altas concentrações, daí a importância de equipamentos de segurança adequados para o
trabalho com madeira (SAMPAIO e DOLZAN, 2011).
Sendo assim, a necessidade de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a atenção
das pessoas envolvidas no processo de fabricação da indústria moveleira com relação à análise
da ergonomia com as atividades desenvolvidas ao longo do processo é de grande relevância para
garantir a segurança e evitar riscos inerentes a atividade moveleira.
A escolha do setor moveleiro para a efetivação dessa tese justifica-se, pois, seus
processos produtivos englobam questões ambientais e a urgente necessidade em contribuir
para a promoção do crescimento sustentável no planeta.
22

O presente trabalho buscou caracterizar, quantificar e obter indicadores de geração


de resíduos de madeira nas indústrias moveleiras, que utilizam como matéria prima madeira
de demolição e outras madeiras nobres na fabricação de móveis sob encomenda, tanto
produtos únicos quanto seriados, na cidade de Passos – MG. Existem milhares de micro e
pequenas empresas nesse ramo espalhadas por todo o país e a região pesquisada é
considerada um importante polo moveleiro. Foram estudadas o processo e manejo da madeira
na produção, bem como os resíduos e possíveis danos à saúde além dos desafios enfrentados
pelo setor, visando obter elementos para propor melhorias no setor, podendo ser aplicado por
qualquer empresa do ramo moveleiro.
23

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa teve como objetivo a obtenção de indicadores através da caracterização


e quantificação dos resíduos de madeira gerados a partir do corte de peças nas micro e pequenas
indústrias moveleiras, que utilizam madeira de demolição e outras madeiras nobres na
fabricação de móveis rústicos visando a redução dos impactos salutares e ambientais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Quantificar o número de empresas de móveis rústicos na cidade de Passos – MG;


- Identificar os tipos de móveis, tipos de madeira e a forma do processo de corte
e fabricação dos móveis, nas empresas selecionadas;
- Mapear o processo de produção dos móveis em relação aos tipos, quantidade e tempo
de produção;
- Analisar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a ergonomia do
setor;
- Descrever as etapas da fabricação de cada tipo de móvel;
- Quantificar e identificar a destinação dos resíduos gerados na fabricação dos móveis;
- Realizar a análise microbiológica das serragens, tocos e maravalhas gerados no
processo de fabricação dos móveis;
- Propor melhorias e adequação desde a geração até a destinação dos resíduos gerados.
24

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Um dos marcos legais para a gestão de resíduos sólidos no Brasil, foi a publicação da
Lei Federal 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e sua
regulamentação pelo Decreto Federal 7.404/10.
A PNRS dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos.
Além disso determina as responsabilidades dos geradores e do poder público e os
instrumentos econômicos aplicáveis, conforme veremos no próximo tópico (BRASIL,2010).
É importante a distinção entre resíduo sólido e rejeito. Resíduo sólido é todo
material, substância ou objeto descartado resultante de atividades humanas da sociedade. Eles
podem estar nos estados sólidos ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes
e líquidos. Suas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis
face da melhor tecnologia disponível (COELHO et al, 2011). Enquanto rejeitos são resíduos
sólidos descartados, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação
por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.
Caetano (2017) afirma que, frente a algumas limitações técnico-ambientais e
econômicas, a não geração de resíduos sólidos e em última instância de rejeitos tem sido um
desafio para as organizações, que reconhecem que perdas de seus processos produtivos são
recursos desperdiçados, que se não inseridos em algum fluxo de materiais, representarão
também perdas financeiras e mais uma preocupação com sua disposição ambiental adequada
até o fim de seu ciclo de vida.
Segundo a WBCSD, 2002 (World Business Council for Sustainable Development),
rejeito zero significa uma economia 100% eficiente em termos de recursos, onde como
natureza, os fluxos de materiais são cíclicos e tudo é reutilizado ou reciclado sem causar danos
de volta à sociedade ou a natureza. Nesse conceito a palavra rejeitos deixa de existir, porque
tudo será visto como recurso. Desta forma, inúmeros programas e instrumentos de gestão
ambiental são utilizados para que os processos 100% eficientes possam ser atingidos e se não
atingidos sejam controlados e seus rejeitos gerenciados em acordo com boas práticas e
legislações aplicáveis (SILVA; SILVA;SOUZA,2007).
25

Para que uma organização alcance uma meta de geração de rejeitos nula ou mesmo
que reduza de forma significativa os resíduos sólidos que origina, é importante que se faça
uma avaliação completa de seu processo e atividades para identificação de melhorias
(OLIVEIRA; ALVES,2007).
Desta forma deve-se utilizar ferramentas para que o objetivo de geração nula de
resíduos seja atingido ou até a viabilização de um tratamento de resíduos sólidos para que se
preserve os aspectos ambientais, econômicos e técnicos do processo. A Figura 1 revela alguns
instrumentos de gestão que podem ser adotados para a redução de geração de resíduos.

Figura 1 - Indicação de medidas e instrumentos de gestão que podem ser adotados nas unidades de processo das
organizações para a redução de geração de resíduos

Fonte: FIESP, 2018.

3.2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O crescimento demográfico, a intensificação das atividades humanas e a melhoria do


nível de vida são responsáveis pelo aumento exponencial das quantidades de resíduos sólidos
gerados, bem como pela alteração das suas características, constituindo um grande problema
para as administrações públicas (GOMES; TORTATO, 2014).
Segundo Mansor, M. et al (2010), os governos têm formulado políticas e adotado
práticas de gestão com vistas à prevenção e ao controle da poluição, à proteção e à
recuperação da qualidade ambiental e a promoção da saúde pública. A Política Nacional de
26

Resíduos Sólidos encontra-se dentre essas políticas.


A temática da gestão sustentável dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nunca foi tão
evidente no panorama nacional, se devendo em grande parte à identificação dos impactos
ambientais derivados da ingerência destes resíduos e dos desafios encontrados ao longo de
todas as etapas do processo de gestão adequada dos mesmos. Após a aprovação da Lei Nº
12.305/2010 sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 02 de agosto de 2010,
que, entre outros, define e hierarquiza as destinações ambientalmente adequadas a serem
aplicadas aos resíduos sólidos urbanos, a importância e preocupação ambiental ficaram mais
evidentes (GODOY,2013).
A Lei nº 12.305/10 de 02 de agosto de 2010, em seu Art. 1º institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis.

O Art. 3º, inciso “X” define o gerenciamento de resíduos sólidos como sendo o
conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas d e coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo
com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de
gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei.
Art. 7º, inciso “II” define os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
que trata da não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos
(BRASIL,2010).

Esta lei é de suma importância, pois além de definir diretrizes para uma gestão
integrada e o gerenciamento dos resíduos sólidos, também busca responsabilizar os geradores
e o poder público quanto ao destino ambiental correto do resíduo gerado. No Brasil, o setor
de resíduos sólidos passou a ocupar recentemente posição de destaque nas políticas públicas,
com a aprovação da PNRS. Entre suas disposições, a mesma define no inciso XVI de seu artigo
3º:
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Segundo a Norma Brasileira – NBR 10.004/04 os resíduos sólidos são definidos como:
27

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT,2004).

É importante classificar o resíduo a ser trabalhado porque em função dessa


classificação será feito o equacionamento das decisões que devem ser desenvolvidas e
executadas. Na literatura, observa-se que os resíduos sólidos podem ser classificados de várias
maneiras, como por exemplo, segundo a natureza física ou pelo grau de biodegradabilidade,
que transita entre alta, média e baixa degradação (BIDONE & POVINELLI, 1999), ou ainda
em função da composição química do resíduo, podendo identificá-lo com mais facilidade,
quando dividida ou classificada a sua matéria em orgânica e inorgânica.
Pode-se classificá-los também em função da sua origem, embora a classificação em
função do seu grau de periculosidade também seja bastante utilizada (SAKAI et al., 1996;
HARTLÉN, 1996; COSTA, OLIVEIRA, BANDIM,2018; OLIVEIRA JÚNIOR, ALMEIDA,
MORRONE, 2014). Entretanto, dentre todas, as que merecem destaque são as que classificam
os resíduos sólidos segundo a periculosidade dos mesmos e seus impactos à saúde e ao meio
ambiente e segundo a sua fonte geradora.
A primeira maneira de classificação citada é a adotada pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT, segundo a NBR 10.004/04, os resíduos sólidos são classificados em:
a) Resíduos classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, ou seja, são aqueles que
apresentam risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou
acentuando seus índices ou riscos ao meio-ambiente, quando gerenciados de forma
inadequada.
b) Resíduos classe II – Não perigosos: esses resíduos subdividem-se em resíduos
classe II A – Não inertes e resíduos classe II B – Inertes.
b1) Resíduos classe II A – Não inertes: são aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Esses
resíduos podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água.
b2) Resíduos classe II B – Inertes: São aqueles resíduos que quando submetidos a
um contato dinâmico ou estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,
não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos
28

padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.


A segunda maneira é a adotada pela maioria dos autores da área, como Schalch (2002),
Bidone e Povinelli (1999), Castro Neto e Guimarães (2000), Martins (2004) e Santos e Martins
(1995), onde classificam-se os resíduos sólidos, quanto à fonte geradora, em três categorias:
resíduos urbanos, resíduos sólidos industriais e resíduos especiais.
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) implicam em resíduos resultantes das residências
(domiciliar ou doméstico), resíduos de serviços de saúde, resíduos de construção civil,
resíduos de poda e capina, resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários
e os resíduos de serviços, que abrangem os resíduos comerciais, os resíduos de limpeza de bocas
de lobo e os resíduos de varrição, de feiras e outros (CUNHA, CAIXETA FILHO,2002).
O resíduo residencial é denominado também de doméstico ou domiciliar, é originado
nas residências sendo constituído principalmente por restos de alimentação, papéis, papelão,
vidros, metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, madeira, trapos, couros, varreduras, capinas
de jardim, entre outras substâncias (SANTOS e MARTINS, 1995).
Os resíduos de serviços de saúde (RSS) são provenientes de hospitais, clínicas
médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de saúde,
consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins. Conforme a forma de geração,
podem ser divididos em dois níveis distintos: o resíduo comum, que compreende os restos
de alimentos, papéis, invólucros, dentre outros, e o resíduo séptico, constituído de resíduos
advindos das salas de cirurgias, centros de hemodiálise, áreas de internação, isolamento, dentre
outros. Embora represente uma pequena quantidade do total de resíduos gerados na
comunidade, este tipo de resíduo exige atenção especial, com um correto acondicionamento,
coleta, transporte, tratamento e destinação final, devido ao potencial risco à saúde pública que
pode oferecer.
O resíduo de serviço comercial abrange os resíduos resultantes dos diversos
estabelecimentos comerciais, tais como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes,
supermercados, quitandas, dentre outros. O resíduo de varrição, feiras e outros abrangem os
resíduos advindos da limpeza pública urbana, ou seja, são resultantes da varrição regular de
ruas, da limpeza e a conservação de galerias, limpeza de feiras, de bocas de lobo, dos terrenos,
dos córregos, das praias e feiras, dentre outros (NOLASCO;ULIANA, 2014).
Os resíduos sólidos industriais abrangem os resíduos das indústrias de
transformação, os resíduos radiativos e os resíduos agrícolas. Os resíduos das indústrias de
transformação são os resíduos provenientes de diversos tipos e portes de indústrias de
processamentos. São muito variados e apresentam características diversificadas, pois
29

dependem do tipo de produto manufaturado devendo, portanto, serem estudados caso a caso.
Incluem nesse, os resíduos de madeira, objeto de estudo desta pesquisa, que será abordado de
no próximo tópico (DUTRA,NASCIMENTO,NUMAZAWA; 2005).
Segundo a PNRS, existem ainda os resíduos ditos como especiais, em função de suas
características diferenciadas, nos quais se inserem os pneus, as pilhas e baterias e as lâmpadas
fluorescentes.
Segundo Cabral (2015), dentre as tipologias de resíduos existentes, os RSU se
destacam em especial, visto que compreendem importante parcela do total de resíduos gerados.
Argumenta, ainda, que conhecer as fontes de origem e os tipos gerados, através de sua
composição e de sua taxa de geração, é a ferramenta básica para o gerenciamento dos
resíduos sólidos. Já no contexto ambiental, a destinação final utilizada tem papel mais
importante sobre a determinação dos eventuais impactos dos RSU sobre o meio ambiente.
A Figura 2 apresenta a classificação dos resíduos sólidos quanto à origem, de acordo
com o artigo 13 da PNRS. Os resíduos urbanos são aqueles que englobam os resíduos
domiciliares (originários de atividade domésticas e residências urbanas) e os resíduos de limpeza
urbana (originados da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de
limpeza urbana). Os resíduos industriais são aqueles gerados nos processos produtivos e
instalações industriais. Os resíduos de serviços de saúde são os gerados nos serviços de saúde,
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA
(Sistema Nacional de Meio Ambiente) e do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária).
Os resíduos da construção civil são os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis. Os resíduos agrossilvopastoris são os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. Os resíduos de
serviços de transportes são os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários,
rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira. Os resíduos de mineração são os gerados na
atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.
No entanto, a disposição correta e adequada dos resíduos sólidos é uma
dificuldade, pois encontrar locais apropriados para a construção de aterros nas grandes cidades
do país é uma dificuldade crescente. Além disso, sabe-se que os aterros são fontes importantes
de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), como o metano (CH4), responsáveis pela
intensificação do aquecimento global. Como forma de se tentar reduzir tais emissões, a
aplicação de tecnologias de recuperação e queima do metano gerado nos aterros foi
incentivada nas últimas décadas, principalmente através dos créditos de carbono (KOCH,
30

M.,2012).

Figura 2 - Classificação dos Resíduos Sólidos quanto à origem

Fonte: SCHALCH, V. (2017).

Segundo revisão na literatura realizada por Cabral (2015), ao se comparar os aterros


com outros diversos tipos de tratamento e disposição final, concluiu-se de forma geral que, sob
uma ótica de Análise de Ciclo de Vida (ACV), os aterros são os responsáveis por causar o
maior impacto ambiental, apesar de também apresentarem o menor custo de implantação.
Destacam, no entanto, que os impactos ambientais derivados dos aterros dependem de seus
tipos e métodos de operação. Adicionalmente, como as áreas de aterro são geradoras de
efluentes líquidos e gasosos, seu monitoramento contínuo é, via de regra, uma preocupação
recorrente da administração municipal, uma vez que podem ser necessários tratamentos
específicos a fim de se garantir boas condições de saneamento urbano (MENGUE et al, 2015).
Segundo Lima (2005), o maior problema relacionado às áreas utilizadas para
destinação final dos resíduos sólidos no tocante à questão ambiental é a poluição local, como o
mau cheiro, a presença de vetores de doenças (urubus, ratos, moscas e outros), riscos de
explosão, bem como os elevados potenciais de contaminação do solo e do lençol freático. A
ABRELPE (2009) observa também que as áreas de entorno e de vizinhança destes vazadouros
sofrem grande desvalorização, especialmente no que se refere aos usos comercial e residencial.
A disposição final em aterros não deve ser uma solução definitiva, uma vez que os
aterros apresentam os seguintes problemas: emissão de GEE mais altas do que outras soluções
31

com aproveitamento energético; não aproveitamento da energia renovável disponível; custo


crescente, quando considerada a expansão urbana e a valorização imobiliária
(ABRELPE,2009).
Os países da União Europeia se destacam neste quesito. A destinação para aterros
sanitários já está erradicada em países como Alemanha e Holanda. No restante da Europa, a
disposição em aterros está sendo gradualmente extinta, devendo estar completamente
eliminada até 2020. A recuperação do biogás de aterro, opção vista no Brasil como solução
inovadora, não deve passar de uma ação paliativa para a desativação e recuperação de antigos
vazadouros (JACOBI, BESEN;2011).
Desta forma, é possível perceber que, atualmente, há um interesse crescente de todas
as esferas de governo no país no sentido de se utilizar formas diferentes de destinação final,
principalmente a coleta seletiva, reciclagem e aproveitamento para geração de energia
(GODOY,2013). Esta tendência é evidente no conteúdo da PNRS, que constitui um instrumento
de orientação estratégica que absorve a dimensão ambiental e tem por objetivo o
desenvolvimento social e ambientalmente sustentável. Esta política define os papéis e
responsabilidades de todos os envolvidos, abrangendo as diversas esferas da sociedade: governo,
sociedade civil, iniciativa privada, geradores e responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos.
Além disso, contempla importantes princípios, como a responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos, os princípios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor e a visão
sistêmica na gestão de resíduos, dando respaldo e reiterando a Política Nacional do Meio
Ambiente (BRASIL,2010).
A PNRS vai além, definindo metas específicas para o gerenciamento de resíduos
sólidos. Entre elas, destaca-se a redução da quantidade de resíduos gerada e a disposição
final ambientalmente adequada, fechamento de todos os lixões (condição obrigatória para
recebimento de verbas para o setor), ampliação da reutilização e da reciclagem, inclusão social
e emancipação econômica dos catadores, definição de responsabilidades para toda a cadeia
de produção e consumo, instituição da obrigatoriedade da logística reversa, entre outros
(BRASIL, 2010).
Outro importante avanço apresentado pela PNRS é o claro estabelecimento de uma
ordem de prioridade definida, uma hierarquização baseada em critérios que têm por objetivo
garantir uma melhor reintegração dos resíduos no sistema produtivo, sempre considerando a
viabilidade técnica e ambiental dos projetos (ABRELPE, 2012). A mesma é estabelecida no
artigo 9º: “Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte
ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
32

resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010).
Conforme observado pela ABRELPE, 2012 essa hierarquização pode ser
simplificada na seguinte sentença: “todos os resíduos deverão ser reaproveitados e/ou tratados
e somente os rejeitos destes processos poderão ser dispostos em aterros sanitários. ”
Para que este seja o mais eficiente possível, a PNRS também estabelece uma ordem
de prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos. O ponto de maior atenção é o de não
geração, seguido da redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. A ordem de prioridade é lógica, quanto
menos for gerado, menos será descartado, porém aplicá-la já é um pouco mais complicado e
exige muito, tanto dos gestores quanto das empresas. Quando todas as possibilidades forem
esgotadas e o resíduo não possuir nenhuma forma de reaproveitamento, ele deverá ser
descartado, mas sem prejudicar o meio ambiente. As formas mais conhecidas para o despejo
desses rejeitos são os lixões, os aterros sanitários e os aterros controlados. No Brasil, os aterros
sanitários são os únicos ainda dentro da Lei. São menos prejudiciais por possuírem proteção
contra a contaminação do solo, ar e água, além de promoverem o tratamento dos gases e
chorume provenientes da decomposição do lixo (BRASIL,2010).
Apesar de sua grande evolução, está claro que o cumprimento dessas metas,
independentemente do nível de prioridade da ação, é uma tarefa bem complicada. A área de
gestão e gerenciamentos de resíduos, não somente os sólidos, é extremamente vasta e, muito
importante para o futuro do planeta. Com o aumento da conscientização e da quantidade
de informação a qual a população tem acesso, a área tem ganhado força, porém tem muito
a avançar.
A PNRS, em seu artigo 3º, inciso VII, define a destinação final ambientalmente
adequada como:
Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos
órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição
final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos
(BRASIL, 2010).

A hierarquia das ações no que tange ao gerenciamento de resíduos sólidos, apresenta


como sendo o primeiro nível das hierarquias propostas pela PNRS, medidas de prevenção
da geração de resíduos, antes da destinação final ambientalmente adequada se fazer
necessária. Desta forma, incluem a não geração propriamente dita, bem como a redução da
geração.
33

Já o segundo nível compreende medidas de reutilização e reaproveitamento dos


resíduos, as quais, segundo o inciso XVIII do artigo 3º da PNRS, correspondem ao processo
de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-
química, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e, se couber, do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária (SNVS) e do Sistema unificado de atenção à sanidade agropecuária
(SUASA) (BRASIL, 2010).

A Figura 3 ilustra a hierarquia das ações para o gerenciamento dos resíduos sólidos.

Figura 3 - Hierarquia das ações para o gerenciamento dos resíduos sólidos

Fonte: BRASIL, 2010 – Adaptado pela autora

O terceiro nível, por sua vez, inclui os processos de reciclagem e transformação dos
resíduos em insumos e novos produtos, os quais incluem a compostagem.

De acordo com o artigo 3º, inciso XIV, da PNRS, a reciclagem é definida como:

Processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas


propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação
em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos
pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA
(BRASIL, 2010).

O quarto nível compreende outras medidas de tratamento e recuperação dos


resíduos anteriores à disposição final dos mesmos. Entre elas, destacam-se a recuperação e
34

o aproveitamento energético dos mesmos.


Por fim, o quinto nível corresponde à disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos, a qual não inclui a incineração sem recuperação energética, definido no inciso VIII
do artigo 3º da PNRS: “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a
minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL,2010).

O artigo 9º da PNRS é complementado por seu 1º parágrafo:


§ 1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos
sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e
ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases
tóxicos aprovado pelo órgão ambiental (BRASIL, 2010).

A partir destas informações, conclui-se que as alternativas de destinação final


ambientalmente adequada de resíduos hierarquizadas na PNRS incluem o aproveitamento
energético de resíduos, como, por exemplo, a incineração com recuperação energética, a
digestão anaeróbica, a produção de Combustível Derivado de Resíduos (CDR), a gaseificação,
a pirólise, entre outros (ECOLOGUS, 2013).

3.3 INDÚSTRIA MOVELEIRA

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Móveis (ABIMOVEL, 2006), a


indústria brasileira de móveis está entre as mais importantes indústrias de transformação no
país, tanto pela importância do valor da sua produção quanto pela geração de empregos.
Entretanto, a indústria moveleira é uma grande geradora de resíduos, porém não há
uma estimativa oficial e atualizada sobre os valores (SCHNEIDER et al., 2003). Sendo assim,
é de fundamental importância o gerenciamento desses resíduos, para se estabelecer o controle
da quantidade dos produtos e a destinação final adequada para cada tipo de resíduo, evitando-se o
desperdício e a degradação ambiental (NASCIMENTO, 2009). Nahuz (2005) estima que menos
de 5% das empresas do setor moveleiro têm programas de conservação do meio ambiente e
diz que não existe plano de gestão integrada de resíduos no setor.
Atualmente, a sustentabilidade é essencial para a sobrevivência das indústrias, tanto
para manter os mercados já conquistados como para obter novos ganhos de competitividade,
através de técnicas como racionalização do uso de matérias-primas, reaproveitamento e
reciclagem de resíduos (SCHNEIDER et al., 2003). Além disso, empresas ambientalmente
responsáveis são cada vez mais valorizadas e bem vistas pelos clientes/investidores, o que
significa que o país vem acompanhando a tendência mundial de conscientização ecológica.
35

Segundo Schneider et al. (2003), as tentativas de análise global do problema da geração


de resíduos pela indústria moveleira tornam-se difíceis, principalmente devido à ausência de
informações oficiais e atualizadas, tanto em nível nacional quanto regional, sobre o volume de
resíduos gerado pelas empresas do setor. O diagnóstico da geração de resíduos, portanto, passa
a ser fundamental para a tomada de decisão no gerenciamento dos resíduos. De acordo com
os autores, o levantamento do tipo e das quantidades de resíduos gerados pelas indústrias
moveleiras pode servir como base para projetos de pesquisas e formulação de modelos de gestão
que possibilitem alternativas de melhor aproveitamento para os resíduos gerados. Com vistas
nisso, a gestão ambiental ganha importância no mundo empresarial, independentemente do
setor produtivo, uma vez que oportuniza a busca pela minimização dos impactos ambientais
gerados com otimização do uso dos recursos naturais, bem como pela reutilização,
reciclagem e tratamento de resíduos.
Sob tais condições, as empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com o
objetivo de controlar e/ou reduzir a poluição e os efluentes, diminuindo os impactos ambientais,
como também otimizando o uso de recursos naturais e outros insumos. Uma das formas de
gerenciamento ambiental de maior adoção pelas empresas tem sido a implementação de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) segundo a Organização Nacional de Normalização -
Série ISO 14000, com vistas a obter uma certificação. O SGA mais difundido nas empresas
brasileiras é baseado na norma NBR Série ISO 14001 (ABNT - NBR ISO 14001,2015).
Segundo NBR Série ISO 14001:2015:
As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de
elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser
integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos
ambientais e econômicos (ABNT-NBR ISSO 14001,2015).
Essas normas enfatizam os seguintes aspectos da gestão ambiental: sistemas de
gerenciamento ambiental, auditoria ambiental e investigações relacionadas, rotulagem e
declarações ambientais; avaliação de desempenho ambiental, termos e definições. Esse
conjunto reflete e atende as necessidades das empresas, criando uma base comum para o
gerenciamento empresarial das questões relativas ao meio ambiente (NICOLELLA, 2004).
Os elementos-chave de um SGA baseados na NBR Série ISO 14001 são:
(1) Política ambiental;
(2) Planejamento;
(3) Implementação e operação;
(4) Verificação e ação corretiva;
(5) Análise crítica.
36

Na implementação de um SGA, primeiramente, é preciso que haja o desejo de a


instituição adotar um SGA – é importante que ele seja formalizado –, deixando claras as
intenções, e enfatizando os benefícios a serem obtidos com a sua adoção. Isso se traduz em
comprometimento da alta administração, com a realização de palestras de conscientização e de
esclarecimento da abrangência pretendida, realização de diagnósticos ambientais, definição
formal do grupo e do coordenador, definição de um cronograma de implantação, e,
finalmente, lançamento oficial do programa de implantação do SGA (NICOLELLA, 2004).
Além do SGA e da PNRS, o conhecimento acerca do Licenciamento Ambiental também é de
fundamental importância para as empresas cujas atividades impactam o meio ambiente de
alguma forma.
Segundo a Resolução CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 237/97:
Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades de pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou
privado que utilizem recursos ambientais e sejam consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou, ainda, daquelas que, sob qualquer forma ou
intensidade, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições
gerais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997, p.
1).

O Licenciamento Ambiental pode ser concedido pelo IBAMA (Instituto Brasileiro


do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – órgão responsável pela execução
do licenciamento em nível federal – pelo IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos) – órgão responsável pela execução do licenciamento em nível estadual
– ou por um órgão municipal (quando existente). Esse licenciamento serve para garantir que o
desenvolvimento das atividades licenciadas não cause danos ao meio ambiente.
Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos industriais, de
pesquisa e extração mineral, de tratamento e/ou disposição de resíduos, de armazenamento
de substâncias perigosas, entre outros (BRASIL, 1997).
A indústria de mobiliário está inclusa nos empreendimentos passíveis de
Licenciamento Ambiental. Nela, incluem-se a fabricação de móveis de madeira, vime e junco
e artigos de colchoaria e estofados.
Ainda de acordo com a Resolução CONAMA 237/97, a Licença Ambiental pode
ser definida como:
Ato administrativo pelo qual o órgão competente, estabelece as condições, restrições
e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, de
forma a prevenir os impactos ambientais. A Licença Ambiental pode ser Simplificada
(LS), Prévia (LP), de Instalação (LI), de Operação (LO), de Operação para Pesquisa
(LOP) e, ainda, de Regularização (LAR) (BRASIL, 1997, p. 1).

Tão importante quanto a adoção de um SGA e o atendimento aos requisitos legais


37

pelas empresas, é a prática diária de ações sustentáveis, voltadas à conservação do meio


ambiente e à preocupação com a saúde dos funcionários e da sociedade. Dessa forma, a
Produção mais Limpa (P+L) se apresenta como uma alternativa para o alcance desses objetivos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, 2004),
a partir do entendimento da cadeia de geração de resíduos, as políticas de controle da
poluição, evoluíram para o princípio da prevenção que aborda o que fazer para não gerar
resíduos em vez de questionar o que fazer com os resíduos gerados. Anteriormente, a análise
era desenvolvida com foco nos resíduos. Atualmente, a análise é baseada em todo o contexto da
produção. Logo, o princípio da prevenção fundamenta-se na Produção mais Limpa, que pode
ser definida como:

[...] a aplicação de uma estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos


processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e
energia, através da não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e emissões
geradas, com benefícios ambientais, de saúde ocupacional e econômicos (CNTL,
2003, p. 7).

A prática da P+L, inserida como um instrumento do desenvolvimento sustentável,


oferece às empresas maior competitividade devido à economia que se pode alcançar, bem como
a valorização da sua marca pela associação ao respeito pelo meio ambiente (RAMOS,
TÁVORA, 2009).
Segundo Elias, Magalhães (2003), a P+L é uma ferramenta completa, pois cria
oportunidades na otimização de processos produtivos e na sua melhoria contínua, uma vez
que envolve questões como qualidade, planejamento, segurança, meio ambiente, design,
saúde ocupacional, eficiência, etc. Para a P+L, todo resíduo deve ser considerado um produto
de valor econômico negativo. Desse modo, a produtividade e os benefícios financeiros da
empresa podem ser alcançados pela redução do consumo de matéria-prima, água e energia ou
também pela redução ou prevenção da geração de resíduos (SILVA , SICSÚ, 2003).
De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL (2003), o resíduo,
que antes era visto apenas como um problema a ser resolvido, passou a ser encarado também
como uma oportunidade de melhoria. Desse modo, identificar os resíduos gerados na planta
produtiva de um empreendimento, assim como quantifica-los permite a análise mais eficiente
quanto à escolha de alternativas e a proposição de estratégias para minimização ou não
geração de resíduos na fonte.
Alguns estudos analisam como as empresas do setor moveleiro vêm tratando as
questões ambientais, dentre os quais podemos citar Leite & Pimenta (2011), Oliveira (2013),
38

Rapôso et al. (2010) e Ribeiro Massote; Moura Santi (2013).


Leite, Pimenta (2011) analisaram os benefícios ambientais e econômicos obtidos
através da implementação da P+L em uma indústria de móveis localizada em Natal, RN. O
estudo de caso contou com uma pesquisa de campo que contemplou as seguintes etapas:
diagnóstico ambiental e operacional da empresa; levantamento de desperdícios; estudo de
oportunidades de melhorias; implementação e monitoramento. Os resultados do diagnóstico
mostraram desperdícios representativos de insumos (MDF– Medium Density Fiberboard, cola,
lixa, outros). Ao final, os autores implementaram algumas medidas de otimização do uso de
insumos, um sistema de coleta de serragem, sistematização da produção e o reaproveitamento
de aparas de MDF para fabricação de chapas recicladas. Com isso, os autores verificaram que
a implementação de tais medidas acarretou uma economia significativa nos gastos da empresa
e trouxe benefícios operacionais (melhoria do ambiente de trabalho, redução do consumo de
matéria-prima e da geração de resíduos).
Com o objetivo de expandir a aplicação da P+L no processo produtivo da indústria
moveleira Mod Line Soluções Corporativas Ltda., localizada no município de Contagem,
MG., Oliveira (2013) desenvolveu sua dissertação. Desse modo, através da identificação de
ações de P+L, como a otimização das estufas, cabine móvel de pintura e adequação de
gancheiras, o autor conseguiu estimar um saldo econômico em torno de R$ 113.000,00 (cento e
treze mil reais) considerando-se o ano-base em que o estudo foi feito. Além disso, também
alcançou resultados que abrangem o aspecto socioambiental, como a possibilidade de melhoria
da saúde ocupacional, eliminação de esforços repetitivos, redução do consumo de matérias-
primas e minimização dos resíduos e emissões do processo.
O conceito e os resultados da aplicação da P+L na esfera do desenvolvimento
sustentável, apontando ganhos socioeconômicos e ambientais foi citado por Leite, Pimenta
(2011), Oliveira (2013), Rapôso et al. (2010) e Ribeiro Massote, Moura Santi (2013). Sob
a análise dos resíduos e considerando os níveis e as estratégias de aplicação, a abordagem de
P+L pode ser entendida de duas formas: através da minimização (redução na fonte) de resíduos
ou através da reutilização (reciclagem interna e externa) desses resíduos.
Rapôso et al. (2010) identificaram oportunidades de P+L na fabricação de sofás a partir
do mapeamento das entradas e saídas e dos resíduos gerados no processo produtivo de uma
microempresa moveleira integrante do Estado de Alagoas. A metodologia empregada pelos
autores foi baseada em um estudo de caso, elaborado através de levantamento documental e
fotográfico, entrevistas e visitas técnicas, com o intuito de descrever o processo produtivo,
os insumos e os resíduos associados. Os resultados obtidos foram os fluxogramas do processo
39

produtivo em estudo – global e detalhado, bem como a enumeração de oportunidades de


implantação da P+L.
A Figura 4 apresenta a geração de opções de P+L, segundo o CNTL (2007).

Figura 4 - Geração de opções de produção mais limpa

Fonte: CNTL (2007).

Ribeiro Massote, Moura Santi (2013) implementaram a metodologia da P+L em


uma indústria do setor de móveis como ferramenta de gestão para alcançar a eco eficiência
e obter benefícios ambientais e econômicos. Nesse trabalho, uma economia de 66% no
consumo de água e de 3% no de materiais foi obtida e houve uma redução de 23% na geração
de resíduos sólidos e de 93% na de efluentes. O custo de produção por unidade passou a ser,
em média, US$ 0,14 menor do que era antes. O artigo ainda mostra que a economia de
madeira é capaz de evitar o corte de cerca de 3.900 árvores adultas de pinho e a emissão
de 13.100 kg de dióxido de carbono, equivalente ao transporte de resíduos e matéria-prima,
o que é um ganho ambiental adicional.
Como mostrado nos trabalhos supracitados, o uso de alternativas baseadas na P+L,
muitas vezes, além de benefícios ao meio ambiente, como a redução na geração de resíduos
sólidos, efluentes e emissões atmosféricas, também pode trazer retorno econômico para a
empresa, uma vez que, ao reduzir ou eliminar desperdícios, ao aproveitar da melhor forma
suas matérias-primas e insumos, ao gastar menos (ou nada) para dispor corretamente seus
resíduos, ela ganha competitividade frente aos demais empreendimentos. Além disso, por meio
da P+L, é possível alcançar melhoria nas condições de trabalho dos funcionários e na qualidade
de vida da sociedade do entorno.
40

3.4 RESÍDUOS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA

Um volume significativo de resíduos é gerado anualmente pelas indústrias


madeireiras durante suas fases operacionais, uma consequência direta do processamento
primário ou secundário de toras de madeira, independentemente do tipo de indústria
madeireira. O baixo rendimento no processamento da madeira nas empresas do setor
madeireiro no Estado do Minas Gerais, tem ocasionado o desperdício de uma enorme
quantidade de madeira, mesmo em pequenas serrarias ou marcenarias (TUOTO, M.;2009).
Bonissoni,R. (2017) argumenta que devido à ausência de conhecimento dos
proprietários em relação as possíveis formas de aproveitamento e sobre como descartar
corretamente esses resíduos, algumas empresas acumulam toneladas de resíduos madeireiros
em seus pátios, ocasionando grandes impactos ambientais.
Em razão da fiscalização deficiente, alguns proprietários acabam limpando seus
pátios de maneira irregular, transferindo para os arredores ou incinerando, sem o devido
controle ambiental, trazendo sérios problemas ao meio ambiente (CAMPOS, 2012).
A questão do aproveitamento de resíduos é muito discutida no meio científico,
(AZEVEDO; NOLASCO, 2009; HERBST, 2011; NAHUZ, 2004) principalmente devido a grande
preocupação mundial com consumo de recursos naturais, produção de resíduos e sua
contribuição na emissão de poluentes relacionada com aquecimento global, ocasionando
pressões do mercado para adequação ambiental. Existem diversas alternativas para a destinação
correta desses resíduos, seu uso pode ser aproveitado para fins energéticos ou serem
incorporados na fabricação de outros produtos.
O aproveitamento, é visto como uma alternativa muito eficiente e tem contribuído
para a racionalização dos recursos florestais. A destinação desses resíduos de forma racional
reúne vantagens ambientais e econômicas, pois representa uma opção para diversificar e
aumentar a renda do empreendedor, além de contribuir para adequação ambiental do
gerenciamento de resíduos (KAPPEL; VALADÃO,2012).
Segundo Magri e Damiati (2012), algumas empresas, tem adotado tecnologias para
aproveitar seus resíduos, dessa forma conseguem aumentar o lucro da empresa, garantindo-
lhes diferenças econômicas, ao mesmo tempo que preservam sua imagem junto à sociedade,
contribuindo para a conservação e preservação do meio ambiente
De acordo com o SEBRAE (2017), resíduos são as partes que sobram de processos
derivados das atividades humanas e animal e de processos produtivos como a matéria orgânica,
o lixo doméstico, os efluentes industriais e os gases liberados em processos industriais ou por
41

motores.
Já o resíduo florestal é definido como todo e qualquer material resultante da colheita
ou do processamento da madeira e/ou de outros recursos florestais que permanece sem
utilização definida ao longo do processo, por limitações tecnológicas ou de mercados, sendo
descartado durante a produção (ULIANA, 2005).
Resíduos industriais florestais são definidos como os subprodutos decorrentes do
desdobro primário e secundário como também da utilização da madeira (ARAUJO, 2003).
Quirino (2004) define como resíduo das indústrias de base madeireira as sobras que ocorrem
no processamento mecânico, físico ou químico, os quais não são incorporados ao produto final.
Tais resíduos apresentam diversas classificações. Os resíduos da colheita florestal
podem ser compostos por galhos, copa, casca, raiz, árvores mortas, árvores abatidas
acidentalmente, cepas, cipós, outras espécies não arbóreas danificadas e/ou abandonadas. Os
resíduos do processamento mecânico da madeira podem conter costaneira, pó, serragem,
maravalha, cavaco, tocos, pontas e aparas; contaminados ou não por produtos químicos do
tratamento da madeira, cola, tinta e verniz (ULIANA, 2005).
Corroborando com Uliana (2005) com relação aos resíduos madeireiros, Quirino
(2004) enfatiza que os resíduos das madeireiras são genericamente classificados como: cascas,
aparas, cepilhos, serragem, cavacos e cinzas produzidos ao longo do processo de produção.
Segundo Fontes (1994), com base nas suas características morfológicas, os resíduos
dessas indústrias são classificados como:
a) Cavacos - partículas com dimensões máximas de 50 × 20 mm, em geral provenientes
do uso de picadores.
b) Maravalhas - resíduo com menos de 2,5 mm; serragem - partículas de madeira com
dimensões entre 0,5 e 2,5 mm, provenientes do uso de serras.
c) Pó - resíduos menores que 0,5 mm; lenha - resíduos de maiores dimensões,
composto.
Dobrovolski (1999) e Dutra; Nascimento (2005), classificaram os resíduos da
indústria madeireira como:
a) Serragem – resíduos originados da operação de serras, encontrados em todos os tipos
de indústrias madeireiras e moveleiras, com exceção das laminadoras de toras.
b) Cepilho – também muito conhecido por maravalha, resíduos gerados pelas plainas
nos processos de serrarias ou marcenarias. Após certos processos que também serão
aplainados, a madeira será utilizada na fabricação de móveis, portas, janelas, pisos, forros,
e estruturas para telhados.
42

c) Lenha – típico dos resíduos de maiores volumes e com uma tendência em gerar novos
produtos de menores dimensões. São gerados em todas as madeireiras, e compostos da lenha:
costaneiras, aparas, refilos, topos de toras e restos de laminados.
Segundo Brito (1995), a lenha é o tipo de resíduo de maior representatividade,
correspondendo a 71% da totalidade dos resíduos, seguido pela serragem que corresponde
a 22% do total e, finalmente, os cepilhos, correspondendo a 7% do total.
Os resíduos são gerados ao longo de toda a cadeia produtiva. A quantidade e os tipos
gerados variam com as características da floresta, da espécie, da natureza da matéria prima, do
produto, do grau de processamento e da eficiência do processo de transformação. Além de
variarem também de acordo com os tipos de máquinas empregadas pela indústria, número de
operações do processamento e qualificação da mão-de-obra (ULIANA, 2005).
A maior quantidade de resíduos gerados é uma consequência do desdobro primário
e secundário das toras. O volume de resíduos gerados pode-se expressar como a diferença
entre o volume de madeira em toras que entra na serraria e o volume de madeira serrada
produzida. Considerando-se os resíduos gerados pelo processo produtivo, como cascas,
costaneiras, refilos, aparas e serragem, seria irracional não promover o aproveitamento máximo
desses subprodutos do beneficiamento primário da madeira. Tais resíduos, em um primeiro
momento, são tidos como rejeitos no processo, mas seguramente podem sair da serraria como
matéria-prima para produção de pasta e celulose e chapas de composição, bem como
promover a autossuficiência energética da própria indústria (FONTES, 1994).
Segundo Machado et al (2011), com a sanção da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, todos que trabalham no setor das indústrias de madeiras precisam dar uma destinação
final ambientalmente adequada para seus resíduos. Seja qual for a solução técnica adotada por
essas empresas, ela deve obedecer a ordem de prioridade no gerenciamento de resíduos
estabelecida pela Lei 12.305/2010 Art. 9°, que diz:

“Art.9º Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte


ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
§ 1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos
resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica
e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de
gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.
§ 2º A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Políticas de Resíduos Sólidos
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão compatíveis com o disposto
no caput e no § 1o deste artigo e com as demais diretrizes estabelecidas nesta Lei’’
(BRASIL, 2010).
43

A reciclagem ou o reaproveitamento é uma oportunidade de transformar em novos


produtos, os resíduos normalmente considerados como lixo. Como exemplo, a fabricação de
móveis e objetos de madeira, fabricação de briquetes e paletes, dentre outros. Esse processo é
uma importante fonte de faturamento para a indústria, uma vez que reduz os gastos com
deposição e armazenagem (ZOLDAN, LIMA, 2012).
A indústria madeireira, utiliza os resíduos (serragem, maravalha e cascas) para gerar
energia térmica ou elétrica através da queima, com a finalidade de se obter uma fonte
renovável de energia, capaz de substituir os combustíveis fósseis tradicionalmente usados. A
biomassa, nesse contexto energético se estabelece como fonte de energia limpa e renovável
(VASCONCELLOS, 2002).
Um resíduo ligno-celulósico pode ser reutilizado como matéria-prima em processos
diferentes aos de origem, sendo transformados em partículas e tornando- se materiais
aglomerados, constituindo desse modo placas a base de madeira (ZOLDAN, LIMA, 2012).
Outra forma de aproveitamento dos resíduos é como combustível sólido. O
aproveitamento é realizado diretamente no processo ou beneficiado com briquetagem, isto é, a
compactação das partículas formando um briquete, podendo tomar várias formas e medidas.
Pode-se obter outras fontes de reaproveitamento da biomassa, que são os resíduos ligno-
celulósico que podem ser retirados das cascas de árvores e de todos os seus derivados
(ZOLDAN, LIMA, 2012).
Com o crescimento industrial, o uso da matéria-prima vem aumentando
constantemente, portanto a indústria moveleira brasileira, que utiliza um grande volume de
matéria-prima florestal, se for explorada e utilizada corretamente, causará um menor impacto
ao meio ambiente, por se tratar de um recurso renovável.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário - ABIMÓVEL
e o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa - SEBRAE (1998), atualmente,
já existem programas dentro do setor moveleiro que se preocupam em adotar o preceito de
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, bem como a certificação com base na
série de normas da ISO 14000, no intuito de aumentar as exportações.
Coutinho et al. (1999) afirmam que o aproveitamento da madeira está ligado ao
manejo, ao sistema de corte e extração, à tecnologia do processamento primário e à
capacitação e treinamento de mão-de-obra, sendo que na Amazônia, o desperdício é considerado
elevado, causando impactos decorrentes dos resíduos gerados, pelo baixo rendimento da matéria-
prima.
Os resíduos de madeira gerados pelo seu processamento podem deixar de ser um risco
44

ao meio ambiente e passar a gerar lucro para a empresa que o produz, além de apresentar
alternativas, como matéria-prima para diversos outros produtos. Com isso, pode-se diminuir
o preço dos produtos feitos com ele, e reduzir a exploração da madeira virgem (LIMA,
SILVA,2005).
A indústria moveleira possui poucos estudos que indiquem a quantificação de
resíduos gerados em seu processo produtivo, necessitando de mais aprofundamento sobre o
tema.
Todo processo de transformação da madeira gera resíduos, em menor ou maior
quantidade, sendo que somente 40 a 60% do volume total da tora é aproveitado de acordo com
os dados levantados por Fontes (1994) e Olandoski (2001), com base na Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
Segundo Olandoski (2001), um fator relacionado ao desperdício é a qualidade do
processo, como problemas no maquinário e com os funcionários.
De acordo com Gonçalves (2001), existem vários fatores que influenciam a
formação de cavacos no processamento da madeira, como tipo e superfície da madeira a ser
trabalhada, afiação e ângulos de saída das ferramentas de corte, e o teor de umidade da
madeira processada.
Apesar de serem considerados como de baixo nível poluidor, a estocagem de resíduos
de madeira ocupa espaço, o que gera problemas. Se forem queimados a céu aberto, ou em
queimadores sem fins energéticos, vão liberar gases para o ambiente, tornando-se potenciais
poluidores.
Os resíduos podem ser reutilizados pela própria indústria que os produz,
principalmente como energia, ou podem ser vendidos para outras empresas e aplicado em usos
diversos. Se isto for feito, os resíduos deixam de ser um problema e passam a ser um subproduto
da empresa em questão, podendo até gerar lucro. De acordo com Olandoski (2001), o preço
pago pelo resíduo depende do tipo e do teor de umidade.
Existem diversas aplicações que podem ser dadas aos resíduos de madeira:
a) Energia - os resíduos são muito utilizados para gerar energia devido a sua
capacidade calorífica. A geração de energia por resíduos é bastante vantajosa, pois
economiza outras fontes de energia. No entanto, os resíduos usados para este fim não
devem possuir nenhum elemento químico adicional, caso contrário, podem emitir
poluentes causando danos ambientais.
b) Chapas de partículas e fibras - os resíduos podem ser utilizados para confecção de
chapas de fibras ou partículas como o aglomerado, chapas duras e MDF. Inclusive
45

a indústria de chapas aglomeradas surgiu para o melhor aproveitamento de


madeiras menos nobres e resíduos. De acordo com Brito (1995), os Estados Unidos
utilizam os resíduos de madeira como fonte principal de matéria-prima na indústria de
aglomerados, no entanto, o Brasil utiliza no máximo 15%. É importante ressaltar que
para utilização dos resíduos na indústria de chapas, devem ser observadas questões com
relação ao tamanho das partículas utilizadas, que devem ser adequadas para o processo,
influenciando diretamente a qualidade do produto.
c) Briquetes - outra forma de se utilizar os resíduos para gerar energia é através de
briquetes, que, segundo Louzada Jr et al (2017), possuem grandes vantagens sobre o uso
dos resíduos em sua forma primária, pois com a compactação destes para formar os
briquetes, existe um controle maior sobre o teor de umidade, o que permite uma
queima mais uniforme, além de facilitar o manuseio e o transporte. Além de gerar
energia para as indústrias, esse material pode ser utilizado em restaurantes, olarias,
lareiras, etc., desde que esteja livre de produtos químicos como tintas e produtos para
madeiras tratadas.
d) Polpa - a utilização dos resíduos como polpa para produção de papel também é
bastante viável. Existem algumas limitações quanto ao tipo de resíduo a ser usado, a
sua origem e a origem da madeira, pois são fatores que podem influenciar diretamente
na qualidade do produto final (DUTRA,NASCIMENTO,NUMAZAWA;2005).
e) Cargas para compostos poliméricos - uma forma alternativa para aplicação dos resíduos
de madeira, é a de carga para compostos poliméricos, a utilização de diversos tipos de
cargas em polímeros é bastante comum, e existem vários tipos de cargas, como talco,
cálcio, e entre eles está a farinha de madeira. Segundo Banks (2003), o uso dos resíduos
de madeira como aditivo de polímeros termoplásticos é bastante viável e possui diversas
aplicações.
As aplicações que podem ser dadas aos resíduos da indústria de madeira se justifica
principalmente devido a geração de resíduos ocorrer ao longo de toda a cadeia produtiva
da madeira. Na indústria madeireira, os resíduos de processamento mecânico da madeira,
incluindo casca, costaneiras, serragem, entre outros, são destinados à queima em caldeira para
a produção de vapor utilizado no processo de secagem de madeira, ou em fornalhas para a
geração de gases quentes ou aquecimento de fluidos térmicos. Também ocorre o
aproveitamento de resíduos através do cavaqueamento para posterior comercialização,
constituindo um mercado em expansão (ABRAF, 2011).
Os principais tipos de resíduos de madeira gerados ao longo das atividades florestais
46

e industriais, bem como resíduos provenientes de descarte de produtos acabados de madeira


são as maravalhas, serragens, aparas, cavacos, sobras e tocos de madeira, como mostra a Figura
5.

Figura 5 - Diversos tipos de resíduos de madeira

SERRAGEM SERRAGEM SERRAGEM MARAVALHAS

MARAVALHAS MARAVALHAS APARAS TOCOS

SOBRAS DE
TOCOS TORAS CAVACOS MADEIRA

Fonte: LOUZADA JUNIOR et al, 2017. (Adaptado pela autora)

O modelo integrado de gerenciamento de resíduos, é baseado em ações para tratar os


resíduos, possibilitando a obtenção de maior rendimento industrial, aproveitamento, prevenção
e m i ni m i z ação da geração, redução do volume e periculosidade e disposição final adequada
dos rejeitos (NOLASCO, ULIANA,2014).
A gestão integrada dos resíduos sólidos inclui todas as ações voltadas à implementação
de soluções, procedimentos e regras. O maior desafio desse processo é a articulação entre os
entes federativos e os demais atores sociais envolvidos no manejo dos resíduos sólidos. A
elaboração dos planos nacional, estaduais, microrregionais, intermunicipais, municipais e os de
gerenciamento de resíduos sólidos é um componente fundamental para a gestão integrada. Esses
planos, de responsabilidade dos entes federados – governos federal, estaduais e municipais –
devem tratar de questões como: coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da
sociedade civil. Gestão integrada é o “conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para
os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica ambiental, cultural
e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável”
(BRASIL,2010).
A Figura 6 ilustra o modelo integrado de gerenciamento de resíduos.
47

Figura 6 - Modelo integrado de gerenciamento de resíduos

Fonte: NOLASCO,ULIANA, 2014. Figura adaptada.

Conforme pode ser verificado na Figura 7, o projeto de apoio às políticas públicas


na área de gestão e controle ambiental classifica os tipos de resíduos de madeira de acordo
com sua origem.

Figura 7 - Classificação dos tipos de resíduos de madeira

Fonte: WIECHETECK,2009.

Em relação aos resíduos da indústria madeireira, uma parte é destinada à produção


de carvão, cabos, briquetes, embalagem e outros (produtos de maior valor agregado), mas
também são utilizados para queima nos fornos de olarias e caldeiras, sobretudo nas regiões
centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. A maravalha (resíduo de serrarias e reprocessamento de
madeira em empresas de móveis) é utilizada com cama de aviário na criação de frangos de
48

corte (WIECHETECK,2009).

3.5 DESDOBRO DA MADEIRA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA


MOVELEIRA

Pode-se definir o desdobro como o primeiro estágio efetivo de industrialização da


madeira, na qual se obtém diversos produtos em seções típicas para cada aplicação. É uma
operação que permite um melhor aproveitamento da madeira, além de lhe conferir maior
versatilidade para inúmeros usos (REMADE, 2003).
Segundo Ponce (1993), o desdobro é o processo onde as toras são convertidas em
produtos úteis de madeira, através da aplicação de um ou mais processos mecânicos, que as
transformam em peças menores, dando-lhes forma, tamanho e superfície requeridos para
cada um de seus usos.
De acordo com Menezes (1998), o desdobro é um processo eficiente e proveitoso que
permite obter maior volume de material útil e valioso da tora através de processos mecânicos, de
forma a satisfazer especificações de qualidade, dimensões e acabamento.
Rocha (2002), afirma que o desdobro principal é realizado com equipamentos
pesados e necessitam de uma grande quantidade de energia, onde sua principal função é
reduzir o tamanho das toras em peças de fácil trabalhabilidade as quais serão serradas
novamente em operações secundárias. Segundo o autor, no desdobro principal, as toras
podem ser transformadas em blocos, semi-blocos, pranchões, pranchas, tábuas ou quando
realizado o destopo ainda no pátio de toras, toras de comprimento menor. Normalmente,
neste desdobro as serras são classificadas como serras alternativas ou de quadro, serras de fita,
serras circulares e serras destopadeiras.
O desdobro secundário é realizado logo após o desdobro principal. É nessa etapa
que as peças têm o seu tamanho reduzido ou até mesmo adquirem seu tamanho final. As serras
circulares são as mais utilizadas para o desdobro secundário. Em algumas operações, é
comum o uso de serras fitas de pequeno porte (ROCHA, 2002). As operações de desdobro
secundário são divididas em: resserragem, onde a espessura da peça que saiu do desdobro
principal é diminuída, geralmente feita por serras circulares duplas; refilo ou canteagem, que é
realizado para diminuir a largura das peças; destopo, onde as peças ganham seu comprimento
final com a retirada de defeitos das extremidades das peças; e o reaproveitamento, que é a
operação de desdobro de peças já consideradas resíduos (ROCHA, 2002).
49

As máquinas e equipamentos utilizados no desdobro principal são serras de quadro


ou alternativas; serras circulares; serras de fita e carro porta toras. A utilização desses
equipamentos é capaz de gerar produtos e subprodutos, tais como: semiblocos, blocos,
pranchões, tábuas, costaneiras, serragem e cavacos (ROCHA, 2002).
A máquina mais versátil e mais empregada para o desdobro de toras é a serra
de fita (VITAL, 2008), pois desdobra toras de diâmetros e densidades diferentes, com
espessura de corte reduzida. Essa máquina exerce função imprescindível na serraria, pois é a
primeira do fluxo produtivo (ABREU et al, 2005).
Carmo (1999), afirma que dentre os diferentes modelos de serra de fita, as mais
utilizadas são a vertical simples, a dupla ou geminada e serra de fita horizontal.
O carro porta toras é indispensável na operação de uma serraria. Tal equipamento
possui a função de conduzir as toras até a máquina de desdobro (GARCIA, 2013).
Nas serrarias em geral, estão presentes as serras circulares. O uso destas máquinas
no desdobro principal é pertinente em toras de pequenos diâmetros e matéria prima de baixo
custo, devido à grande perda por serragem e por sua baixa versatilidade (GARCIA, 2013).
As serras circulares permitem a utilização de dois eixos, permitindo a redução das
dimensões (diâmetro e espessura) dos discos, aumento da altura de corte e maior qualidade da
madeira serrada (ROCHA, 2002).
Dentre os equipamentos existentes, segundo dados do SEBRAE (2017), os mais
utilizados para o desdobro da madeira em serrarias de pequeno e médio porte são:
a) Serra-circular: é perfeita para trabalhos médios e leves em madeira, com ótimo
desempenho e durabilidade. Equipamento de corte de madeira a partir de um disco
ou lâmina de metal e uma mesa de sustentação.
b) Serra-fita: é uma serra que é instalada numa máquina cuja fita de serra se
movimenta continuamente, pela rotação de volantes e polias acionadas por um
motor elétrico. A serra de fita tem uma versatilidade de trabalho muito grande,
podendo realizar quaisquer tipos de cortes retos ou irregulares, tais como círculos
ou ondulações. Também pode ser utilizada para o corte de materiais muito espessos,
difíceis de serem cortados na serra circular. Pode ser de dois tipos: horizontal e
vertical.
c) Destopadeira: é o equipamento ideal para igualar a madeira, a máquina possui uma
serra com deslocamento horizontal posicionada dentro de uma capota de proteção,
o que proporciona total segurança para o operador.
Um sistema de desdobro convencional consiste em se desdobrar toras sem
50

classificação e sem uma definição exata de um modelo de corte para cada classe diamétrica.
Tal condição, na maioria das vezes, induz a um baixo aproveitamento da tora, propiciando
uma maior geração de subprodutos, muitas vezes considerados resíduos do processo
(ROCHA,2002).
O Brasil ainda possui um grande número de serrarias que utilizam o sistema
convencional de desdobro, em que as toras são desdobradas de acordo com critérios escolhidos
pelo operador da máquina principal, ou seja, é ele quem define a melhor maneira de se
desdobrar uma tora. Dessa maneira, podem ocorrer elevadas perdas de matéria-prima, devido
à ausência de tecnologias apropriadas para o desdobro das toras, encarecendo o processo, em
função de que há a necessidade de se consumir maior volume de matéria-prima para produzir
a mesma quantidade de produto serrado, (ROCHA, 2002).
A eficiência técnica e econômica dos processos de transformação do recurso florestal
em produtos é fator básico para a sobrevivência da indústria madeireira. A indústria de
transformação da madeira que não estiver preocupada em melhorar seus rendimentos e,
consequentemente, viabilizar seus custos de produção, dando uma utilização total aos resíduos
gerados no processo, assume um sério risco de perder em competitividade e paralisar as suas
atividades (BIASI, 2007).
Os métodos utilizados em serrarias, no desdobro da madeira, podem comprometer os
lucros desejados e o baixo custo em outras etapas da cadeia produtiva, que é resultado de sua
melhor dinâmica e desempenho. Devido a isso, o processo de desdobro deve ser
cuidadosamente analisado, sendo de grande importância que cada operário tenha sua função
bem definida, pois em processos não-otimizados, a produtividade e o rendimento irão
depender de seu nível de especialização. Estudos sobre o aproveitamento em serraria
demonstram que decisões sobre o ótimo aproveitamento das toras e o processamento de
madeira podem levar ao aumento de 10% a 25% no rendimento da madeira processada
(VALÉRIO et al., 2007).
O resíduo madeireiro é todo material lenhoso, que em função de limitações
tecnológicas ou de mercado, é descartado nas operações de colheita florestal ou na
transformação da madeira em produtos acabados e/ou no fim de sua vida útil (pós-consumo,
como por exemplo, resíduos de madeira de construção civil e embalagens) (ULIANA, 2005;
NOLASCO; ULIANA, 2014).
A indústria de processamento mecânico da madeira é geradora de grande
diversidade e quantidade de resíduos madeireiros resultantes principalmente de seu
processamento mecânico na usinagem e eliminação de defeitos da madeira (ULIANA, 2005).
51

De acordo com a PNRS, quanto a origem, os resíduos madeireiros podem ser


encontrados nas atividades industriais, nos resíduos domiciliares e nos sólidos urbanos, da
construção civil, nas atividades agropastoris e de serviços de transporte (BRASIL, 2010).
Os resíduos madeireiros podem ser classificados, segundo a NBR 10.004:2004, como
de “Classe II A”, ou seja, resíduos não perigosos, não inertes, que podem ter propriedades de
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Os resíduos madeireiros podem ser classificados, ainda, em função da atividade
florestal geradora em: (i) resíduos da colheita florestal (galhos, copas, cepas, toras
abandonadas ou esquecidas nas áreas de exploração, árvores quebradas, árvores mortas, etc.);
(ii) resíduos de poda ou capina (copas, galhos, árvores removidas dos espaços urbanos, etc.);
(iii) resíduos industriais do processamento primário e secundário da madeira (NOLASCO;
ULIANA, 2014).
De acordo com a Organização Nacional de Internacionalização Brasileira (BR
ISSO) 10.004:2004, estes resíduos são classificados como “Classe I - perigosos” apenas
quando estão contaminados por produtos químicos do tratamento da madeira; tintas e
vernizes ou cola.
Os resíduos madeireiros podem ser classificados em função das dimensões de suas
partículas em pó, serragem, maravalha ou cepilho e lenha (Tabela 1).

Tabela 1 - Dimensões dos tipos de resíduos de madeira


Resíduos de Madeira Dimensões
Pó < 0,5 milímetros
Serragem 0,5 - 2,5 milímetros Maravalha ou cepilho
Maravalha ou Cepilho > 2,5 milímetros
Lenha Pedaços de madeira maciça ou chapas de tamanho variável
Fonte: CASSILHA et al. (2004).

3.6 FATORES DE RISCO

O setor moveleiro no Brasil apresentou entre 2009 e 2013 um crescimento de 27.1%,


chegando ao patamar de 470 milhões de peças produzidas no ano, contando com 18.2 mil
unidades produtoras e cerca de 300 mil pessoas empregadas (IEMI, 2014). A produção da
indústria moveleira está geograficamente dispersa por todo território brasileiro, localizando-
se principalmente na região centro-sul do país, que responde por cerca de 90% da produção
nacional e 70% da mão de obra do setor (SILVA et al., 2007). A maioria destas
organizações são microempresas, de composição familiar e capital nacional (SEBRAE, 2000).
52

Silveira et al. (2013) apontam que empresas de menor porte possuem maior
dificuldade de sincronia entre a capacidade dos processos e a atividades da produção. Com o
mesmo ponto de vista, Slack et al. (2007) destacam fatores como a escala de operações e a
disponibilidade de tecnologia como limitadores de controle de produção e mão de obra
especializada.
Brant e Melo (2001) ressaltam que o trabalho pode gerar condições que favoreçam
tanto a saúde quanto o adoecimento. Além da patologia oncológica, também podem ser
consideradas doenças profissionais neste setor: dermatite; urticária; conjuntivite; rinite; asma;
pneumonite por hipersensibilidade; e alveolite alérgica intrínseca (SANTOS, ALMEIDA,
2016).
A Norma Regulamentadora 9 (NR 9) referente ao Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2016a) classifica os riscos
ocupacionais como sendo os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho, que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de
exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Em uma análise sistêmica,
questões ergonômicas e mecânicas também podem ser consideradas.
Além disso, a norma supracitada estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, buscando a
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir (MTE, 2016a). Contudo, por questões de
desconhecimento, condições econômicas ou mesmo a falta de recursos humanos
especializados, muitas empresas não adotam programas de análise e prevenção de riscos.
Para os profissionais de segurança, medicina e higiene do trabalho primeiramente se
visa a prevenção da saúde e da integridade física dos trabalhadores concentrando seus esforços
para medidas de prevenção para que seja adotada em todos os ambientes da empresa,
consequentemente por todos os trabalhadores.
Um ambiente saudável e seguro é necessário desenvolver medidas de acordo com as
exigências da legislação vigente, sendo necessário investimentos e preparo profissional, os
quais nem sempre estão incluídos nos requisitos de qualificação dos gestores, muito comum em
empresas de pequeno e médio porte. Onde as fiscalizações em relação ao cumprimento da
legislação não são tão constantes, possibilitando que os trabalhadores submetam a desenvolver
as atividades de qualquer maneira e sem utilizar os requisitos mínimos de segurança, como
também sem investigação de doenças ocupacionais que o trabalho pode desenvolver nesses
53

colaboradores (DINIZ,2005).
Segundo Venturoli (2002) , deve-se ainda ser levado em conta a falta de conhecimento
dos colaboradores em relação aos riscos existentes nesse ambiente de trabalho, consequência
das causas dos acidentes e doenças ocupacionais. Ressaltando que os trabalhos de uma
marcenaria oferecem riscos com grandes dimensões, devido a realização de operações e
utilização de equipamentos que oferecem elevados perigos, é fundamental estar em consonância
com a legislação vigentes.
Diniz (2005), diz que a segurança do trabalho consiste em uma ciência, a qual utiliza
técnicas, que facilitam estudar os acidentes do trabalho e suas causas, com objetivo de ajudar
na prevenção e garantir a integridade física e psicológica do colaborador em suas atividades
laborais no chão de fábrica.
Para Venturoli (2002), as atividades realizadas por um marceneiro estão expostos a
diversos riscos, comprometendo a saúde a longo ou curto prazo. A exposição dos empregados
a elevados riscos ambientais, pode ocasionar períodos de afastamento, implicando em prejuízos
tando para o empregado quanto para a empresa, gerando atrasos na entrega de pedidos devido
a falta de mão de obra qualificada que possa substituir o empregado acidentado (MORAIS et
al, 2011).
Para grantir um ambiente de trabalho seguro, deveriam existir para as marcenarias ações
que combatessem qualquer agente nocivo no ambiente laboral, com a finalidade de reduzir os
índices de acidentes de trabalho e possíveis danos a saúde do colaboradores.
Desta forma, a ergonomia dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho muitas vezes
é ignorada prejudicando não só o trabalho a ser executado, mas também a saúde e bem-estar do
trabalhador. Sendo assim é importante compreender que a ergonomia, tem como ponto de
partida em suas atividades o estudo das características do trabalhador sendo conceituada como
o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Para que isso ocorra é necessário realizar o projeto
do trabalho que o trabalhador será capaz de executar, ajustando este projeto às suas capacidades
e limitações, preservando, com isso, a sua saúde (IIDA, 2005).
Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), a ergonomia tem como
objetivo intervenções e projetos que destinam-se a melhoria da segurança, do conforto, do bem
estar e da eficácia das atividades humanas, devendo essa melhoria ocorrer de forma integrada.
Esse objetivo se dá por meio do estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a
organização e o ambiente (IIDA, 2005).
Cruz et al (2015) consideram que a ergonomia é normalmente conhecida como o estudo
da relação entre homem e seu respectivo ambiente de trabalho. Podemos dizer que a aplicação
54

da ergonomia procura oferecer aos indivíduos, métodos de prevenção contra doenças e


acidentes decorrentes de atividades laborais que são executadas de maneiras erradas.
Um profissional de ergonomia pode contribuir para um planejamento, projeto e a
avaliação das tarefas, dos postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a
transforma-lo compatível e coerentes com as necessidades, habilidades e limitações dos seres
humanos (ABERGO, 2008). De acordo com Couto (1995), o corpo humano é comparado a uma
máquina sob vários aspectos. Sendo assim, uma maneira de melhorar as condições de trabalho
é adaptar o ambiente de trabalho ao ser humano.
As disposições ergonômicas de trabalho no Brasil é dada pela Norma Regulamentadora
de número 17 (NR 17), do Ministério da previdência Social, que trata da disposição de materiais
e mobiliários no ambiente de trabalho, para tornar mais satisfeitos e instruídos, com menos
acidentes e consequentemente com menos faltas e afastamento, que resulta para a empresa um
melhor ambiente de trabalho, com mais competitividade e produção, produtos melhores com
mais qualidade e clientes satisfeitos (BRASIL,1978).
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) é uma ferramenta
ergonômica prática. Seus desenvolvedores foram três pesquisadores finlandeses que
trabalhavam em uma siderúrgica: Karku, Kansi e Kuorinka, no ano de 1977. O começo se deu
através de análise fotográfica das posturas principais, as quais podiam ser observadas em
indústrias pesadas, sendo encontradas 72. Esse número é resultante de diferentes combinações
de dorso, braços e pernas. A consistência deste sistema apresenta- se razoável: foi realizado um
teste do método diante de inúmeras observações, em tarefas específicas de indústrias, por parte
de diferentes analistas treinados, para um mesmo trabalho; eles registraram, em média, 93% de
concordância. Além disso, um mesmo trabalhador, analisado pela manhã e pela tarde, mantinha
86% das posturas documentadas e diferentes trabalhadores, para as mesmas tarefas, dotavam
de 69% de semelhança nas posturas (IIDA, 2005).
Másculo e Vidal (2011), afirmam que a ferramenta OWAS é um método simples para
análise da postura do trabalhador durante as realizações de atividades. Os resultados obtidos
têm como base o posicionamento da coluna, braços e pernas, além de considerar, após, as cargas
e esforços feitos durante a realização da atividade.
Sendo assim, outro risco e análise importante dentro das empresas, se refere a
utilização de EPIs nas indústrias moveleiras, acarretando acidentes de trabalho dos mais
variados. As atividades nas indústrias moveleiras oferecem riscos grandes, devido ao
constante uso de máquinas e serras, além dos movimentos repetitivos, com levantamento
excessivo de peso. Costa, Oliveira e Bandim (2018) enfatizam que os principais tipos de
55

proteção são para a face, o crânio, a auditiva, a respiratória, a do tronco e a dos membros
superiores.
Os marceneiros e carpinteiros estão expostos a inúmeros riscos e fatores de risco, devido
ao contato com as partículas derivadas da madeira, bem como os agentes químicos e
eventuais alterações oncológicas, respiratórias, imunoalérgicas e dermatológicas, cargas e
eventuais lesões musculoesqueléticas (LMEs), queda de objetos e ao mesmo nível ( e
eventuais entorses ou fraturas), postura de pé mantida, utilização de máquinas perigosas ( quer
pela probabilidade e gravidade de acidente, quer pelo ruído e vibrações produzidas), entrada de
partículas a nível ocular, e em alguns casos, eventual desconforto térmico e baixa iluminação
(SANTOS,ALMEIDA,2016).
O setor das marcenarias tem diversificada produção. Dentro desse ramo algumas
empresas se dedicam a montagem de materiais de madeira com finalidade de suprir outras
empresas ou comércio, como é o caso das fábricas de embalagens de madeira que fazem
caixas, carretéis e paletes.
O terceiro maior coeficiente de frequência de acidentes de trabalho fatais no Brasil é
da indústria da madeira, perdendo apenas para extração mineral e para construção civil
(SOUZA; BLANK; MARINO CALVO, 2002).
Desta forma, Costa, Oliveira, Bandim (2018) enfatizam a necessidade e importância na
utilização dos EPIs nas atividades das madeireiras, pois a utilização constante de equipamentos
e máquinas, podem causar mutilação ao trabalhador quando mal conservadas ou manejadas
incorretamente. A falta de capacitação e de treinamentos específicos além da falta de proteções
adequadas, caso dos equipamentos de segurança coletiva e, principalmente individual acarretam
alto número de acidentes de trabalho. O EPIs se tornam extremamente importantes na garantia
da integridade física dos trabalhadores em marcenarias.
O Quadro 1 indica o tipo de proteção que deve ser utilizada para cada parte do corpo,
bem como a finalidade e o equipamento indicado aos profissionais da indústria moveleira, para
dessa forma evitar acidentes e prevenir os riscos do setor, sendo que os proprietários das
marcenarias são obrigados a oferecer o equipamento aos seus funcionários e os mesmos devem
utiliza-los corretamente.
Os acidentes são os maiores e mais frequentes problemas de saúde na indústria da
madeira em todos seus ramos produtivos. Geralmente são casos simples, porém podem
ocorrer casos graves como perda de membros, lacerações, infecção secundária e até óbito. Os
jovens e trabalhadores com menor prática são mais vulneráveis a traumas. As partes mais
afetadas com os acidentes são as mãos, ombros e olhos. Quase todos os acidentes poderiam
56

ser evitados com treinamento adequado, proteção de máquinas e EPIs como luvas e óculos
(OIT, 1998).

Quadro 1: Tipos de EPIs utilizados nas indústrias moveleiras


Equipamento
Tipo de proteção Finalidade
indicado
Proteção contra impacto de
partículas volantes e respingos Óculos de segurança; Máscaras
Proteção para a face de líquidos prejudiciais, contra e escudos diante a necessidade
o ofuscamento, o calor de realização de solda.
radiante, etc.

Proteção para o crânio Proteção contra impactos. Capacete de segurança.

Contra níveis de ruído que Protetores auriculares ou


Proteção auditiva ultrapassam os limites de auditivos (tipo concha ou
tolerância. inserção).

Contra gases ou outras Aparelhos purificadores


substâncias nocivas ao (máscara e filtro), aparelhos de
Proteção respiratória organismo que tenham por isolamento do tipo autônomo
veículo de contaminação as ou de adução de ar.
vias respiratórias.
Aventais de napa ou couro, de
Contra os mais variados tipos
Proteção do tronco PVC, de lona e de plástico,
de agentes agressores.
conforme o tipo de agente.

Contra materiais cortantes,


abrasivos, perfurantes, Luvas de malhas de aço, de
Proteção dos membros térmicos, químicos e radiantes borracha e vinil, de couro, de
superiores que podem provocar lesões nas raspa, de lona e algodão, kevlar,
mãos ou provocar doenças por etc.
intermédio delas.

Contra impactos, eletricidade, Sapatos de segurança,


metais em fusão, umidade, perneiras, botas (com biqueiras
Proteção membros
produtos químicos, objetos de aço, isolantes, etc.,
inferiores
cortantes ou pontiagudos, fabricados em couro, lona,
agentes biológicos, etc. borracha, etc.).

Fonte: COSTA, OLIVEIRA, BANDIM,2018.

Máquinas que produzem pó de madeira devem ser equipadas com sistemas coletores
de poeira. Um respirador pode ser necessário aos empregados expostos a máquinas que
não permitam adequada exaustão da poeira. O pó de madeira é considerado carcinogênico
do Grupo 1 para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC).
Também é lesivo para os olhos, pele e vias aéreas, sendo algumas madeiras causadoras de
destruição pulmonar e envenenamento (OIT, 1998).
Uma parte da poeira fina não é aspirada pelo sistema de exaustão formando uma
pequena camada sobre as superfícies, podendo causar explosões e sérios incêndios se não
57

removida por limpeza frequente. No processo de acabamento são utilizados solventes com
uma variedade de compostos orgânicos voláteis (VOPs) para dispersar pigmentos que
representam sério risco de explosão. As colas que liberam formaldeído ou solventes
orgânicos são mais propensas a causar intoxicações e lesões de pele (OIT, 1998).
Máquinas rotadoras são amplamente utilizadas na indústria da madeira, podendo
funcionar por mecanismos pneumáticos ou hidráulicos ou até pela força do homem através de
pedais. Elas funcionam por um mecanismo de correia que mantém as engrenagens funcionando
como no caso das serras e algumas plainas. As máquinas rotadoras apresentam o risco adicional
de poder puxar e esmagar partes que ela tenha contato, como roupas, ferramentas ou até um
membro (OIT, 1998).
As plainas são outro grupo de equipamentos importantes nas marcenarias, sendo
máquinas difíceis de serem limpas do pó de serra e, geralmente, produzem muito ruído.
Essas máquinas são responsáveis por fazer uma superfície uniforme e lisa sobre uma face da
tábua de madeira. Os controles dessas máquinas devem ficar em locais onde não existem
riscos aos empregados, pois essas máquinas podem trabalhar com grandes peças de madeira,
podendo atingir acidentalmente o trabalhador pelo mau funcionamento da própria máquina ou
por alguma empilhadeira que possa colidir. Os empregados devem estar treinados e atentos
para utilizar essas máquinas, pois elas podem ter duas entradas de madeira e no caso de
colocar a matéria prima do lado oposto ela pode ser lançada contra o trabalhador, sendo
esta a forma mais frequente de acidente com as plainas (OIT, 1998).
Um trabalho realizado no Chile mostra que as hipoacusias e doenças músculo
esquelética são as mais frequentes doenças ocupacionais no ramo madeireiro. Serras elétricas
e maquinário industrial são os maiores responsáveis pelas perdas auditivas induzidas pelo
ruído (PAIR). As dermatites e doenças mentais são as que levam maior número de dias de
trabalho perdido por diagnóstico. A Associação Chilena de Seguridade determinou que as
empresas do ramo da madeira têm uma taxa de acidentes do trabalho de 11,3% — acidente
em um ano pelo número de trabalhadores — enquanto os outros setores da economia têm
taxa de 6,9% (MORENO MATURANA; ACKERKNECHT IHL, 2005).
Os efeitos causados pelo pó de serra são proporcionais ao tempo de exposição,
quantidade e tamanho das partículas. Esses efeitos são minimizados pela exaustão das
partículas, roupas e máscaras de proteção e boa higiene pessoal. O pó da madeira pode causar
irritação nasofaríngea podendo levar a infecções frequentes como sinusites. Alguns estudos
mostram que pode ocorrer uma diminuição do volume expiratório forçado (FEV1) e
capacidade vital forçada (FVC) ajustado pela idade, peso e hábito de fumar. Asma, crises de
58

bronquite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) também são mais frequentes nessa
população (GÓMEZ- YEPES; CREMADES, 2010). Algumas madeiras, como a teca, são
mais propensas a causar dermatite alérgica e irritativa. Pinus e eucalipto são madeiras que
estão relacionadas com a asma, dermatite e conjuntivite (OIT, 1998).
As árvores podem ser classificadas como gymnospermas que são as madeiras leves e
angiospermas que são as madeiras duras. O tipo da madeira utilizada depende da região e do
produto final. As madeiras leves representam 2/3 dessas commodities no mundo. O pó de
madeira é produzido por diversas etapas do processamento da madeira. Madeiras duras
costumam produzir partículas menores o que explica o potencial carcinogênico. Apenas o
lixamento produz de maneira significativa partículas menores de 10μm que podem chegar
aos alvéolos (BAHIA, 2001).
O carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma são os tipos mais frequentes
de câncer de seios nasais existindo associação com o lixamento de madeiras duras para
produção de móveis. A IARC considera as movelarias carcinogênicas para humanos (grupo
1), enquanto as serrarias e indústria do papel não podem ser classificadas quanto sua
carcinogenicidade para humanos (grupo 3). A exposição a poeira de madeira também é
associada a câncer de nasofaringe, laringe, pulmão e doença de Hodgkin (BAHIA, 2001).
As atividades exercidas no ramo marceneiro representam uma sobrecarga
ergonômica. Os trabalhadores passam quase toda jornada de trabalho em pé, carregando
ferramentas e alimentando máquinas. Os danos mais frequentes são na coluna e pernas pelas
posturas adotadas para o levantamento e deposição de peças geralmente alocadas no piso da
fábrica (FIEDLER, 2003).
Os estudos demonstram que a exposição ocupacional ao ruído é frequentemente alta
nos diversos ramos da indústria. O setor madeireiro é particularmente ruidoso devido às muitas
máquinas utilizadas. O PAIR e os efeitos ditos não auditivos, como hipertensão arterial e
infarto do miocárdio, são bem relatados pela literatura especializada. A medida primária de
corrigir essa situação é a instalação do programa de controle auditivo (PCA). O PCA
envolve monitoração de ruído, determinação de áreas de risco, controle audiométrico e uso
de EPIs. A manutenção de máquinas e o enclausuramento são medidas fundamentais para
reduzir o ruído ambiental (DAVIES, 2009).
Estudos brasileiros mostram que a subnotificação de acidentes de trabalho no ramo
madeireiro é muito importante, podendo chegar a 80% em alguns estados (PIGNATI;
MACHADO, 2005). Esses autores realizaram uma pesquisa que incluia mapas de risco de
5.292 máquinas durante a pesquisa e verificou-se que 69% estavam sem proteção adequada.
59

Nas empresas que apenas beneficiam a madeira 52% das máquinas estavam sem a devida
proteção. O ruído nas fábricas beneficiadoras se encontrava acima de 85dB em 22% das
medidas, entre 86 e 95dB em 58% dos casos, entre 96 e 105dB em 18,5% e acima de
105dB em 2,5% das medidas (PIGNATI; MACHADO, 2005).
Considera-se que os riscos ocupacionais são importantes causas de agravos a saúde
d o s trabalhadores da indústria da madeira, e que acidentes e doenças ocupacionais no
ramo madeireiro se destacam pela incidência e pelo caráter mutilatório de injúria causado
ao indivíduo (COSTA, OLIVEIRA, BANDIM, 2018). Os marceneiros e os carpinteiros são
os dois grupos profissionais mais expostos às partículas derivadas da madeira, sobretudo
devido às máquinas que utilizam, geralmente em ambientes fechados e/ou com ventilação
desadequada. As áreas com maior risco são a da construção e a de fabrico de móveis; pois a
exposição na exploração florestal e construção naval é mais discreta. O impacto na saúde
dependerá sobretudo do tipo de madeira e produtos químicos nela utilizados, bem como
da intensidade e cronicidade da exposição. Para além disso, máquinas totalmente
automatizadas trabalham geralmente a uma velocidade superior, pelo que geram e dispersam
mais poeiras, ainda que existam menos trabalhadores expostos na proximidade
(SCHULUNSEEN, V. et al,2008).
A poeira resultante da madeira é uma mistura complexa constituída por celulose,
polioses (mistura de polímeros e polissacarídeos de baixa massa molecular) e linhanos; estas
substâncias passam a constituir um problema médico quando conseguem circular via aérea e
depositar-se no nariz, orofaringe ou outras áreas do aparelho respiratório (REKHADEVI, P.
et al, 2009). A concentração em ambientes fechados estará correlacionada com a ventilação,
métodos de limpeza e a evicção do uso de ar comprimido. Um estudo brasileiro, por exemplo,
estimou que apenas 12% das empresas estudadas tinham funcionários específicos para a
limpeza, ou seja, na generalidade dos casos esta era executada pelos marceneiros e ajudantes
(SCHULUNSSEN,V.et al,2008; SILVA, K. SOUZA, A. MINETI, L.2002).
O contato com partículas orgânicas pode causar sintomas irritativos e/ ou alérgicos;
após a inalação as partículas podem ser depositadas nas vias respiratórias, em função do seu
diâmetro, agregação/ aglomeração e comportamento no ar. As atividades de modelagem e lixagem
estão associadas a níveis mais elevados de exposição (devido às partículas produzidas terem
menor dimensão) por sua vez, os processos que envolvem o corte da madeira já produzem
partículas maiores; para além disso, o tipo e a quantidade de partículas produzidas
também depende da densidade da madeira (AMARAL,A. 2012). Segundo Osman;Pala, (2009)
na realização das provas de função respiratória é frequente encontrar diminuição de alguns
60

parâmetros, sobretudo nos profissionais mais expostos e à medida que o turno progride.
A diminuição da capacidade pulmonar associa-se à irritação mecânica e/ ou química do tecido
pulmonar, tendo como consequência a diminuição do calibre das vias r e s p i r a t ó r i a s e
diminuição da concentração de oxigênio. Alguns autores defendem até a possibilidade de, a longo
prazo, existir probabilidade aumentada de surgir uma doença pulmonar crônica obstrutiva
(APRAJUTA, M.; PANWAR, N. 2013).
Em alguns setores da indústria da madeira são utilizados solventes (tintas, vernizes,
colas e lacas); que contêm tolueno, benzeno e/ou xileno. Para além disso, podem ser
adicionados à madeira alguns produtos, para dar resistência aos microrganismos e maior
durabilidade, como é o caso do arsénio, crómio, cobre, creosoto, pentaclorofenol, formaldeído
e fenol. As principais consequências na saúde humana são cognitivas, neurológicas e
emocionais, ou seja: diminuição da memória, anosmia (alteração no olfato), cefaleia, vertigem,
alterações nos reflexos, palpitações, bem como eventual euforia e ansiedade. Outros
investigadores defendem também a existência de um efeito carcinogênico em algumas situações
(SRIPAIBOONKIJ,P.; PHANPRASIT, W.; JAAKKLOLA, M. 2009; AMARAL, A.2012).
Conforme relatos de Amaral, A. (2012); Osman; Pala (2009) e Kalliny, M. et al
(2008), a madeira pode conter microrganismos (como fungos) e/ ou as respetivas toxinas,
sobretudo na casca, originando a síndrome tóxica associada a poeiras orgânicas. O risco aumenta
durante o processamento da madeira, quando estes elementos passam a circular via aérea.
Costa, Oliveira e Bandim (2018), afirmam que as tarefas destes profissionais são
executadas de pé e geralmente num contexto mais estático que dinâmico, podendo ter
consequências músculo-esqueléticas e/ou vasculares.
Segundo Fiedler, Venturolli e Minetti (2006), a generalidade dos marceneiros inicia a
sua atividade profissional como ajudante, aprendendo informalmente com colegas mais
velhos, ou seja, poucos têm a oportunidade de receber cursos de formação especializados.
Alguns investigadores da área realçam a necessidade de consciencializar os empregadores
relativamente à importância dos benefícios da saúde ocupacional e respectiva formação
associada. Aliás, num estudo brasileiro, estimou-se que 94,1% das marcenarias estudadas nunca
tinha disponibilizado cursos de segurança no trabalho, devido ao custo e/ ou à falta de
informação sobre que instituições os poderiam organizar. Amaral, A. (2012) destaca o uso de
máscara com filtro adequado, luvas, óculos, fato/ farda, calçado com reforço superior de aço e
proteção auricular.
Para além da patologia oncológica, também podem ser consideradas doenças
profissionais neste setor a dermatite, urticária, conjuntivite, rinite, asma, pneumonite por
61

hipersensibilidade e a alveolite alérgica intrínseca (COSTA, OLIVEIRA, BANDIM, 2018).


Por fim a análise microbiológica é necessária pois os microrganismos não podem ser
vistos a olho nu e a análise microbiológica avalia esses seres unicelulares que podem estar
presentes em qualquer ambiente. Apesar de muito pequenos, os microrganismos podem
causar uma série de complicações para saúde do ser humano.
Desta forma, o Cryptococcus neoformans e o Cryptococcus gattii são fungos
leveduriformes encontrados em fezes de aves e troncos de árvores em decomposição, com grau
de patogenicidade variável. Apesar do C. gattii ser mais patogênico e capaz de causar infecções
em pacientes sem doenças de base, seus relatos são menos frequentes devido ao fato de ser uma
espécie mais rara nos centros urbanos. O C. neoformans é uma levedura oportunista, menos
patogênica, causando infecções apenas em pacientes imunocomprometidos. Entretanto, seus
relatos são muito mais frequentes, pois, além de serem comuns em grandes centros urbanos, o
aumento de indivíduos imunocomprometidos, seja por causa de doenças como a Aids ou por
terapias imunossupressoras, criou um cenário propício para a disseminação dessa infecção.
Dentre as principais formas infecciosas, a meningite é a mais frequentes, mas pode-se citar
outras manifestações como cutânea, pulmonar e septicemia (KWON-CHUNG et al, 2014).
As indústrias moveleiras de móveis rústicos utilizam madeiras de demolição para a
confecção dos móveis, sendo importante a análise das madeiras para garantir a qualidade e
saúde das pessoas envolvidas no processo de produção.
A revisão de literatura proporcionou um conhecimento sobre os resíduos sólidos, sua
importância e o destino adequado dos mesmos. A indústria moveleira ainda é um ramo pouco
estudado, onde a dificuldade de dados mais atuais acerca dos resíduos e rejeitos gerados nos faz
compreender a importância de mais estudos na área. Com a instituição da PNRS em 2010
muitos avanços foram conquistados, porém a falta de fiscalização e seriedade dos órgãos e das
empresas que trabalham com madeira ainda é alarmante. Os profissionais que trabalham no ramo
madeireiro estão expostos a muitos riscos relatados na literatura apresentada, e a importância
do uso de equipamentos adequados para o manejo dos materiais além de um ambiente salutar e
ergonomia adequada para o desenvolvimento das atividades é de suma importância para o setor.
62

4. MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização da pesquisa foi necessária uma visão geral a respeito das
Indústrias Moveleiras, englobando além dos aspectos relacionados ao meio ambiente aqueles
que se referem à indústria de móveis. Desta forma foi necessário um levantamento
bibliográfico, entrevistas estruturadas e semiestruturadas, questionários e observação pessoal.
Toda a pesquisa foi feita de forma transparente e com a concordância das partes
envolvidas: pesquisadora e proprietários das empresas, dentro da conduta que levam em
consideração a preservação das identidades das empresas. É importante ressaltar essa conduta
a fim de conduzir-se pela ética e resguardar a imagem das empresas. A Figura 8 representa o
fluxograma com as atividades inicialmente desenvolvidas.

Figura 8 - Fluxograma das atividades desenvolvidas para o início da pesquisa

Fonte: autora,2019.

4.1 QUANTIFICAÇÃO DO NÚMERO DE EMPRESAS DE MÓVEIS RÚSTICOS DA


CIDADE DE PASSOS - MG.

Para a identificação do número de empresas de móveis rústicos de Passos, Minas Gerais


63

buscou-se informações no SINDICOM (Sindicato dos Empregados do Comércio de Passos),


para fins de verificação dos endereços e telefones das empresas moveleiras registradas no
sindicato, bem como o total das mesmas. Desta forma, agendou-se uma visita “in loco” com
o responsável do setor no dia 01 de fevereiro de 2018 e esses dados foram fornecidos para que
fosse possível o início da nossa pesquisa com as indústrias do setor moveleiro de Passos
(APÊNDICE 1).

4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MÓVEIS, TIPOS DE MADEIRA E A FORMA


DO PROCESSO DO CORTE E FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS NAS EMPRESAS
SELECIONADAS

De posse da listagem das indústrias moveleiras de Passos - Minas Gerais, foram


selecionadas empresas para participarem da pesquisa. A seleção das empresas foi aleatória,
levando-se em consideração o interesse dos empresários na participação da pesquisa e o
tamanho das mesmas (micro, pequena e média empresa).
Foi aplicado um questionário (APÊNDICE 2) “in loco”, na forma de entrevista
individual com os representantes de cada empresa, que aceitaram participar. Os tópicos
avaliados foram: nome da empresa, cargo da pessoa entrevistada, data inicial e final da
pesquisa, quantidade total de funcionários da empresa, quantidade de profissionais em cada
setor (criação, vendas e produção), porte da empresa, tipos de móveis produzidos, volume total
e individual de produção mensal de peças, tempo de produção dos móveis, madeira
utilizada, quantidade de profissionais no setor de produção que possuem cursos na área,
resíduos gerados, utilização de EPIs, grau de relevância determinante na hora da compra da
madeira, política de meio ambiente utilizada pela empresa, porcentual de resíduos gerados
que são descartados corretamente, como é feito o descarte das sobras de madeiras, como é o
processo do corte, presença de animais na fábrica e se algum funcionário já foi picado ou
adquiriu doenças oriundas desse fator.
A Figura 9 ilustra o questionário de forma reduzida para uma visualização das questões
abordadas nas empresas, citadas no parágrafo anterior. O APÊNDICE 2 apresenta o questionário
completo , na forma original que foi utilizado com as empresas que fazem parte desse estudo.
64

Figura 9 – Questionário utilizado nas empresas pesquisadas

1. Nome da empresa: (opcional) ____________________________________


2. Nome do responsável pelas informações prestadas: __________________
3. Setor e cargo: ________________________________________________
4. Data inicial da pesquisa: ___/____/___ Data final da pesquisa: ____/___/__
5. Quantidade TOTAL de funcionários na empresa. _________________
6. Quantidade de profissionais em cada setor: Criação _____, vendas______,
produção________. Caso haja outro setor citar.
7. Porte da empresa: ( )Microempresa; ( ) Pequeno; ( ) Médio; ( ) Grande.
8. Tipos de móveis produzidos:( )Cadeiras;( )Mesas;( )Bancos de jardim;( )
Cristaleiras;
( )Aparadores;( )Camas;( )Outros.
9. Volume Total de produção mensal em peças: __________
10. Volume de produção por peças: quantidade de: ____ cadeiras; _____ mesas;
por mês ou por semana.
11. Qual o tempo de produção de cada móvel? ___ cadeiras/ _____dias;
_____ mesas/ _____dias.
12. Madeira utilizada:( ) Peroba;( ) Eucalipto;( )Canafístula;( )Demolição;
( )Outros.
13. Os profissionais do setor de produção fizeram quais cursos na área? (Marque
a quantidade de profissionais que fizeram algum curso e a quantidade de funcionários
que não fizeram): ( ) Possuem curso na área; ( )Não possuem curso na área.
14. Quais os resíduos gerados? ( )Serragem;( )Toco de madeiras;( )Água;( )
Tinta; ( ) Verniz; ( )Outros.
15. Os profissionais do setor de produção utilizam de EPI/s? Quais? ( )Capacete;
( ) Óculos de proteção; ( )Protetor auricular; ( )Outros.
16. Como os profissionais adquiram o conhecimento das técnicas das atividades
desenvolvidas no setor? ( ) Foram treinados pela empresa; ( ) Fizeram curso de
formação técnica;( ) Fizeram graduação; ( ) Fizeram treinamentos por empresas
externas.
17. Numere (1,2, e 3) segundo o grau de relevância determinante na hora da
compra da madeira. ( ) Preço; ( ) Qualidade; ( ) Questões ambientais.
18. A empresa possui política de meio ambiente? ( ) Sim; ( ) Não.
Se sim citar quais: ____________________________________________________
19. Qual a porcentagem (%) dos resíduos gerados na empresa são descartados
corretamente? (Porcentagem aproximada) _______________________________
20. Como é feito o descarte das sobras das madeiras vindas das atividades do
corte? ( )As madeiras são separadas conforme o tamanho para serem reaproveitadas;
( )As madeiras são reunidas num recipiente e depois vendidas; ( ) As madeiras são
reunidas num recipiente e doados a comunidade externa; ( ) A serragem é recolhida
por uma empresa; ( ) Outros (citar) _______________________________________
21. O processo de corte é manual ou automatizado? _______________________
22. Aparecem animais (escorpião, ratos, etc.) na fábrica? E nas
madeiras?__________
23. Algum funcionário já foi picado por escorpião ou adquiriu doenças relacionadas
ao trabalho?
Fonte: autora,2019.
65

As empresas foram visitadas três vezes no período de fevereiro a julho de 2018. Na


primeira visita, dia 5 de fevereiro de 2018, foi aplicado o questionário e a observação pessoal
foi fundamental para a confrontação das respostas com o que realmente acontece na empresa.
Para a coleta dos dados e das informações, bem como para o registro das fotografias (quando
permitidas) foi necessário permanecer na empresa no período da manhã por um tempo de uma
a duas horas.
A segunda visita ocorreu no mês de maio, no período de 02 a 31 de maio de 2018,
onde acompanhou-se o processo da fabricação de cadeiras durante o mês, ou seja, o passo a passo
da fabricação de cadeiras e a quantificação dos resíduos gerados durante todo o processo de
fabricação das cadeiras no mês de maio.
A terceira visita ocorreu no dia 05 de julho de 2018 onde foi apresentado a quantidade
de cadeiras e resíduos gerados no mês de maio para os proprietários das empresas.
Em todos as visitas a observação pessoal e o registro de imagens fotográficas foram
importantes para a pesquisa, bem como conversas informais com os funcionários das fábricas,
para confrontação com as perguntas do questionário aplicado no início da nossa pesquisa.
Para a identificação dos tipos de móveis e a forma do processo do corte na
fabricação dos móveis rústicos, as questões 8 e 21 do questionário “in loco” (APÊNDICE 2) e a
observação pessoal foram necessárias para essa constatação e identificação.

4.3 MAPEAMENTO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS MÓVEIS EM RELAÇÃO A


TIPOS, QUANTIDADE E TEMPO DE PRODUÇÃO

Para a realização do mapeamento do processo dos móveis em relação aos tipos,


quantidade e tempo de produção, foi agendado previamente a visita nas empresas para a
coleta de dados. A entrevista foi conduzida pelo gerente ou dono da empresa. As entrevistas
foram feitas através das questões de números 9,10,11 e 12 do questionário (APÊNDICE 2).
O volume total da produção de cada móvel foi abordado na questão 9 e o volume
de produção por peças mensal e ou semanal é foi tratado na questão 10. Já a questão 11
abordou o tempo de produção de cada móvel e na questão 12 foi abordado os tipos de
madeira utilizada na fabricação dos móveis rústicos.

4.4 ANÁLISE DO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs) E


A ERGONOMIA DO SETOR
66

A análise do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) foi identificada


aprofundando a questão 15 do questionário (APÊNDICE 2) que procurou identificar se os
profissionais da indústria de móveis rústicos da cidade de Passos-MG utilizavam EPIs e quais
eram os tipos.
Com relação a ergonomia do setor foram analisadas as posições de trabalho dos
profissionais para identificar as posturas assumidas por um determinado trabalhador durante a
sua atividade profissional. A observação “in loco” e o registro fotográfico foram necessários
para a confrontação da teoria à prática.
Analisando as atividades desenvolvidas pelos funcionários para a fabricação dos móveis
na EMPRESAS A; B e C , a Análise Ergonômica do Trabalho – AET, foi realizada em cinco
etapas listadas a seguir:
a) Análise da Demanda: onde foi analisado o comportamento dos trabalhadores e
levado em consideração as dificuldades encontradas por eles;
b) Análise da Tarefa: baseou-se nas tarefas que cada um desenvolve no seu dia a dia,
quais as instruções que cada um recebe para realizar suas tarefas;
c) Análise da Atividade: sendo essa etapa a mais importante de uma AET (Análise
Ergonômica do Trabalho), foram fotografados os funcionários durante a execução
de diversas atividades.
d) Diagnóstico: após as três primeiras etapas fez-se uma comparação dos dados e com
isso buscou-se a causa do problema. Ficando definida a aplicação da Ferramenta
OWAS, que por suas características é a que melhor irá atender as necessidades dos
trabalhadores no setor da marcenaria, por ser uma ferramenta que compreende a
postura, a carga e a força utilizada pelo trabalhador. Utilizou-se o software
Ergolândia para melhor visualizar a situação dos funcionários com relação as
atividades exercidas diariamente, e assim se tornou possível verificar os pontos com
maiores riscos.
e) Recomendações Ergonômicas: após todas as avaliações determinou as sugestões de
melhorias a serem aplicadas no ambiente de trabalho em questão.

4.5 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA FABRICAÇÃO DE UM MÓVEL

Na segunda visita à empresa que ocorreu no mês de maio (de 2 a 31 de maio de 2018)
agendada previamente com o proprietário ou gerente da empresa foi acompanhado a fabricação
67

de um móvel. Essa visita foi feita na parte da manhã, de 8 às 12 horas, onde foi acompanhado
o processo de fabricação desde a escolha, separação da madeira até o acabamento final. Nesse
processo, os registros de cada etapa que envolvia a fabricação do móvel puderam ser feitos
por meio de fotografias digitais e anotações acerca da madeira, dos resíduos gerados e do
tempo da fabricação do móvel.

4.6 QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA GERAÇÃO E DA DESTINAÇÃO


DOS RESÍDUOS GERADOS NA FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS

Foi aplicado “in loco” um questionário (APÊNDICE 2) para quantificar a geração


e a destinação dos resíduos gerados na fabricação dos móveis da empresa analisada,
através das questões 14, 19 e 20. A questão 14 do questionário identifica os tipos de resíduos
gerados; a questão 19 mostra o percentual de resíduos que são descartados corretamente e na
questão 20 aborda como é feito o descarte dos resíduos.
Na primeira visita a empresa, no dia 05 de fevereiro de 2018, foram coletados dados
relacionados aos resíduos da indústria moveleira. Essa visita foi feita no período da tarde, onde
a permanência na empresa foi de aproximadamente uma hora com o proprietário das
empresas. Nesse processo, alguns registros fotográficos foram feitos, autorizados pelo
proprietário ou gerente para registrar os tipos de resíduos e o destino dos mesmos. Os resíduos
foram coletados com o auxílio de uma pá para depois serem pesados em uma balança (em
quilos). O modelo da balança utilizada foi o G-TECH (Figura 10).

Figura 10 – Balança utilizada na pesagem dos resíduos nas empresas pesquisadas

Fonte: autora,2019.
68

4.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS SERRAGENS, TOCOS E MARAVALHAS


GERADAS NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS

Foi aplicado “in loco” um questionário (APÊNDICE 2), utilizando as questões 22 e


23, onde verificou-se a contaminação nas fábricas provocadas pela serragem, tocos e
maravalhas no processo de fabricação de móveis, além da observação no local para constatação
das informações prestadas pelos entrevistados. Foi possível entender os riscos da atividade e
analisar o que está acontecendo nas empresas bem como o que necessita de melhora nas mesmas
com relação à contaminação pelo pó de serragem e outros quesitos ambientais. A questão 22
forneceu informações com relação ao aparecimento de animais nas fábricas e com a questão 23
pode-se verificar a ocorrência de doenças relacionadas a contaminação das madeiras e picadas
de escorpião nas fábricas. A análise microbiológica das madeiras foi de suma importância para
verificar a presença ou não de fungos nas amostras de madeiras coletadas das empresas do estudo
em questão.
As análises microbiológicas das madeiras para pesquisar espécies de Cryptococcus em
resíduos de madeira originados na linha de produção das EMPRESAS A , B e C foram feitas
na UNAERP, no laboratório de microbiologia aplicada às doenças infecciosas – LAMADI, pelo
Professor Dr. Eduardo Carneiro Clímaco e a aluna de Iniciação Científica, Micaela de Sousa
Donato.
As amostras de serragem e pedaços de madeiras descartados das EMPRESAS A , B e
C totalizaram 12 amostras, sendo duas amostras de serragem e duas amostras de pedaços de
madeira de cada madeireira. As amostras foram numeradas e receberam letras de acordo com o
tipo de amostra (S – serragem ou P – Pedaços) e de acordo com a marcenaria (A, B ou C). Além
disso receberam o número 1 ou 2, dependendo se era a primeira amostra ou a duplicata. Dessa
forma as amostras ficaram com as seguintes identificações: SA-1; SA-2; PA-1; PA-2; SB-1;
SB-2; PB-1; PB-2; SC-1; SC-2; PC-1; PC-2.
As amostras estavam acondicionadas em sacolas plásticas esterilizadas e lacradas com
fita em temperatura ambiente e assim foram mantidas por 3 dias até a realização dos
experimentos.
Os pedaços de madeira foram raspados com um formão, previamente esterilizado na
chama, sendo dada a preferência para pedaços com sinais de decomposição e apresentando nó.
Foi aliquotado 1 g de serragem ou de raspas removidas dos pedaços de madeira e processados,
em câmara de fluxo laminar, onde foi macerada em gral esterilizado. Em seguida foi adicionado
ao gral 50 mL de solução esterilizada de NaCl a 0,85% contendo 0,04% de cloranfenicol,
69

formando uma suspensão com o pó de madeira. Posteriormente, a suspensão foi transferida para
um Erlenmeyer de 100 ml esterilizado, onde foram agitados em vortex por 5 minutos e mantidos
em repouso durante 30 minutos.
Após esse período, foram aliquotados 10 ml do sobrenadante, separado pela deposição
do pó de madeira, e transferidos para um tubo de ensaio. Os tubos foram centrifugados por 5
minutos e 9 ml do sobrenadante foram descartados. O volume restante foi homogeinizado, e
0,5 ml foi transferido para duas placas de ágar niger, onde foi espalhado através da semeadura
por espalhamento nas 8 direções.
As placas semeadas foram incubadas em temperatura ambiente (25oC) por até cinco
dias, em aerobiose na presença de luz. Apesar das espécies de Cryptococcus formarem colônias
com pigmento acastanhado na superfície do ágar níger, foram investigadas todas as colônias
lisas, de bordas bem delimitadas, com textura cremosa, típicas de fungos leveduriformes.

4.8 PROPOSTA DE MELHORIAS E ADEQUAÇÃO DESDE A GERAÇÃO ATÉ A


DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS

Para a diminuição dos resíduos foi feito um relatório propondo melhorias para as
empresas minimizando assim o impacto ambiental englobando o planejamento da compra das
madeiras e o fluxograma de corte das mesmas para minimizar os resíduos gerados durante
todo o processo.
70

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 QUANTIFICAÇÃO DO NÚMERO DE EMPRESAS DE MÓVEIS RÚSTICOS DA


CIDADE DE PASSOS, MG.

As empresas foram classificadas em categorias com base na classificação do


SEBRAE sendo microempresas aquelas que possuem de 0 a 19 funcionários, pequena entre
20 a 99 funcionários, média entre 100 a 499 funcionários e grande acima de 500 funcionários.
O Quadro 2 ilustra as empresas da pesquisa (denominadas de Empresa A, Empresa B e
Empresa C) com a sua classificação de acordo com o número de funcionários das mesmas.

Quadro 2 - Número de funcionários e a classificação das empresas da pesquisa de acordo com o SEBRAE
NÚMERO DE
EMPRESAS CLASSIFICAÇÃO
FUNCIONÁRIOS
A 12 MICRO
B 33 PEQUENA
C 6 MICRO
Fonte: Autora, 2019.

A área de estudo foi o município de Passos/MG, localizado no interior do Estado de


Minas Gerais, na Mesorregião do Sul e Sudoeste de Minas. Com uma população estimada
de 114.458 habitantes em agosto de 2017, distribuídos em uma área total de 1.339 km², é o
quarto município mais populoso de sua mesorregião e o 26º do estado. Situa-se a 745 metros
acima do nível do mar e possui clima tropical de altitude. Passos tem as seguintes coordenadas
geográficas: latitude: 20º 43ʹ13ʺ sul, longitude: 46º 36ʹ 36ʺ oeste (IBGE, 2017).
A cidade se destaca como polo regional, possuindo uma economia baseada
principalmente na agropecuária e no agronegócio, em pequenas indústrias de confecções e
móveis, além de um forte setor de serviços. Nos transportes, a cidade é servida principalmente
pelas rodovias MG-050 e pela BR-146 (IBGE, 2017).
O SINDICOM – Sindicato dos Empregados do comércio de Passos, forneceu uma
relação com todas as empresas da área moveleira totalizando 295 empresas (APÊNDICE 1). De posse
dessa relação, foi feito uma separação daquelas empresas que faziam parte da indústria
moveleira, visto que a listagem fornecida incluía serralherias e marcenarias.
Sendo assim, da listagem inicial de 295 empresas reduziu esse número para 120
empresas (APÊNDICE 3), pois muitas empresas da listagem fornecida pelo SINDICOM não
pertenciam ao ramo moveleiro. As empresas que atuam informalmente, não foram
71

consideradas neste estudo. Dessa forma, foram escolhidas aleatoriamente 15 empresas


(APÊNDICE 4) as quais foram agendadas uma visita. Foi informado para as empresas, que o
nome das mesmas não seria revelado e que após a pesquisa será entregue um relatório com
todos os dados e questões levantadas do setor.
As visitas foram realizadas no período de fevereiro e março de 2018, onde foi aplicado
o questionário (APÊNDICE 2) para a coleta de dados. No mês de abril do mesmo ano, as empresas
foram contatadas para a continuação da pesquisa, porém apenas 3 aceitaram continuar no estudo
e fornecer os dados necessários e autorizar o registro através de fotos. Desta forma as empresas
participantes do estudo foram denominadas como EMPRESA A; EMPRESA B e EMPRESA C,
mantendo-se o sigilo do nome comercial de cada participante.
Algumas perguntas do questionário realizadas para as EMPRESAS A; B e C não
foram respondidas, pois os entrevistados não possuíam os dados exatos que eram necessários
e dessa forma as respostas foram aproximadas.
A Figura 11 mostra o fluxo quantitativo para a seleção das empresas do estudo.

Figura 11 – Fluxo quantitativo de seleção das empresas participantes do estudo

Fonte: Autora, 2019.

As visitas nas empresas foram de fundamental importância para o acompanhamento


da fabricação dos móveis desse estudo, como por exemplo de uma cadeira. O
acompanhamento foi feito desde a seleção da madeira a ser utilizada na fabricação, até o corte
das peças, montagem, lavagem e acabamento da peça. Desta forma foi possível quantificar
os resíduos gerados, a utilização dos EPIs e a ergonomia para cada etapa do processo realizada
pelos funcionários da fábrica, como também a análise microbiológica dos tocos e serragem
armazenados resultante do processo de fabricação.
72

5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MÓVEIS, TIPOS DE MADEIRA E A FORMA


DO PROCESSO DE CORTE E FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS NAS EMPRESAS
SELECIONADAS

A pergunta 21 do questionário (APÊNDICE 2) aplicado “in loco” aborda a questão do


processo de corte das peças fabricadas. Analisando as respostas obtidas verificou-se que nas 3
empresas do estudo o processo de corte das madeiras foi feito de forma manual como também
automatizado, utilizando-se de equipamentos no processo de corte e fabricação.
As máquinas utilizadas no corte são as serras de carrinho, múltipla, radial,
seccionadora, serra de fita (Figura 12) e esquadrejadeira (Figura 13). As máquinas para aplainar
e lavrar que são utilizadas são a desempenadeira, desengrossadeira, respigadeira, tupia,
furadeira (Figura 14) e torno.

Figura 12 - Máquina modelo serra de fita utilizada para o corte de madeira na Empresa A, localizada na cidade de
Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

Além dessas máquinas, uma série de outras ferramentas e acessórios são usadas nas
fábricas de móveis rústicos como: bancada; graminho; limas e grosas; formão; serrote comum
e serrote de costas; martelo de orelha; plaina manual; furadeira; lixadeira de cinta; lixadeira
orbital; serra circular portátil; serra tico-tico; tupia portátil; serra de fita; serra circular
esquadrejadeira de carrinho; serra circular de tampo fixo; desempenadeira; desengrossadeira;
73

entre outros.

Figura 13 - Máquina modelo - Esquadrejadeira utilizada para o corte de madeira na Empresa B, localizada na cidade
de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

Figura 14 - Máquina modelo furadeira para o corte de madeira na Empresa C, localizada na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

Observou-se nas visitas “in loco” que as três empresas utilizavam as mesmas
74

ferramentas de trabalho, entretanto o que difere umas das outras é a quantidade de maquinário
que cada uma possui. A EMPRESA B por ser uma empresa maior possui mais máquinas que as
EMPRESAS A e C.
A pergunta 8 do questionário (APÊNDICE 2) aplicado “in loco” abordou os tipos de
móveis produzidos nas empresas moveleiras. Verificou-se que as 3 empresas produzem todos
os tipos de móveis (bancos, cadeiras, mesas, cristaleiras, aparadores, etc.) e que o processo de
fabricação também é muito semelhante. As Figuras 15, 16 e 17 ilustram alguns desses móveis
fabricados pelas EMPRESAS A; B e C.

Figura 15 - Mesa pronta, com acabamento em pintura, fabricada pela Empresa A localizada na cidade de Passos-
MG

Fonte: Autora, 2018.

Figura 16 - Banco de jardim fabricado pela Empresa B, localizada na cidade de Passos-MG


75

Fonte: Autora, 2018.

Figura 17 - Aparadores fabricados pela Empresa C, localizada na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

Na EMPRESA A é feito reuso da água da chuva, conforme ilustra a Figura 18.


Essa água de reuso é utilizada para lavagem de peças de madeiras e lavagem de pincéis na
pia, e essa água da lavagem era descartada no esgoto, sem nenhum tratamento adequado.
Para o acabamento das peças utilizavam o verniz e/ou cera e os móveis são vendidos para
todo o Brasil.

Figura 18 - Caixa utilizada para armazenamento da água de chuva para reuso na Empresa A, localizada na cidade
de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.
76

A EMPRESA A possui fornecedores de artefatos como ferro, para utilizarem junto


aos móveis quando necessário. A matéria-prima não chega com regularidade, e sim de acordo
com a demanda e com o tipo de madeira que o cliente quer que seja seu móvel.
Existe um painel no escritório da EMPRESA A, onde são discriminados os móveis
que devem ser produzidas, bem como a quantidade dos mesmos, em ordem cronológica, e
ainda outro painel contendo pedidos de produtos a serem feitos, e um controle se já foi
entregue o móvel ou não. Apenas são fabricados os móveis quando possui encomenda dos
mesmos. Cada marceneiro possui uma bancada de trabalho, conforme ilustra a Figura 19 com
a visão geral da fábrica da EMPRESA A.

Figura 19 - Visão geral da fábrica da Empresa A, localizada na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

A EMPRESA B é bem arejada e as madeiras ficam dentro da fábrica. A estruturação


da EMPRESA B é separada por linhas de produção. Alguns funcionários separam a madeira
a ser utilizada, aproveitando o máximo os pedaços de madeira, com o intuito de gerar menos
resíduos e aproveitar os pedaços menores na fabricação de cadeiras (encosto das mesmas).
Na EMPRESA B, as madeiras ficam separadas por tamanho – pequenas, médias e
grandes – facilitando o manuseio e utilização das mesmas no processo de produção dos
móveis. Após a fabricação das peças as mesmas são lavadas para que o acabamento (cera ou
verniz) seja aplicado.
A Figura 20 ilustra a visão geral da fábrica da EMPRESA B.
77

Figura 20 - Visão geral da fábrica da EMPRESA B, localizada na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

Na EMPRESA C as madeiras ficam dispostas por toda a fábrica próximas as máquinas


que serão utilizadas pelos marceneiros. A ventilação é pouca e a iluminação natural também.
A poeira é predominante no local e pode-se observar na Figura 21 que os resíduos se misturam
com as madeiras que serão utilizadas na produção dos móveis rústicos. A visão geral da
EMPRESA C pode ser vista na Figura 21.

Figura 21 - Visão da fábrica da EMPRESA C, localizada na cidade de Passos-MG.

Fonte: Autora, 2018.

Nas EMPRESAS A; B e C, as madeiras utilizadas são trazidas do estado do Paraná,


78

provenientes de demolição das casas de madeiras. Além das madeiras de demolição, também
se utilizavam as madeiras como a Peroba, Eucalipto e Canafístula.
A captação dos clientes das EMPRESAS A; B e C era por meio de indicação e
participação em feiras de móveis rústicos, venda de produtos para lojista, redes sociais e site
próprio. A tabela de preço dos móveis era feita por metro quadrado de madeira utilizada para
a fabricação de uma mesa ou cadeira ou qualquer outro tipo de móvel.

5.3 MAPEAMENTO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS MÓVEIS EM RELAÇÃO AOS


TIPOS, QUANTIDADE E TEMPO DE PRODUÇÃO

A questão 12 do questionário (APÊNDICE 2), aplicado nas empresas do estudo,


indicou as madeiras utilizadas para a fabricação dos móveis rústicos que são: madeiras de
demolição provenientes do desmanche de casas no sul do país (Paraná) e madeiras nobres
como canafístula, peroba, cedro e eucalipto. As madeiras utilizadas compõem o estilo de móveis
rústicos das 3 empresas.
A EMPRESA A possui 12 funcionários , sendo 10 na linha de produção e 2 na área
comercial. A produção mensal varia entre 200 a 250 peças por mês. Não se observou um controle
sistemático da quantidade de móveis produzidos, pois os móveis são feitos mediante o pedido
do cliente. São fabricados todos os tipos de móveis, porém o que eles mais vendem são os
conjuntos de bancos de jardim, que são formados por 2 bancos de 2 lugares cada e 1 banco com
4 lugares. Na Figura 22, pode-se observar as madeiras do lado de fora da fábrica, sem nenhuma
separação entre as madeiras que serão utilizadas no processo de produção e os resíduos de
madeira que serão descartados.

Figura 22 - Madeiras de demolição expostas na entrada da EMPRESA A, localizada em Passos-MG

Fonte: Autora,2018.
79

A EMPRESA B possui 33 funcionários, sendo 30 na linha de produção e 3 na área


comercial. São fabricados todos os tipos de móveis: cadeiras, cristaleiras, bancos, mesas,
camas, aparadores e outros, dependendo do pedido e da necessidade do cliente. A produção
mensal é de 800 a 900 peças por mês.
No galpão da fábrica da EMPRESA B existe um local para o armazenamento de
matéria-prima devidamente coberto, organizado e separado por tamanho das madeiras, desde
pequenas, médias e grandes que serão usadas na fabricação dos móveis rústicos.
A Figura 23 mostra a organização das madeiras, em tábuas maiores que eram utilizadas
na fabricação dos móveis rústicos da EMPRESA B.
A Figura 24 ilustra as madeiras separadas em tábuas médias na EMPRESA B.
A Figura 25 ilustra as tábuas menores separadas em caixas de madeiras de fácil manuseio
para serem utilizadas na fabricação dos móveis na EMPRESA B.

Figura 23: Madeiras de demolição na EMPRESA B separadas por tamanho (tábuas maiores), localizada em Passos-
MG

Fonte: Autora,2018.

A linha de produção na EMPRESA B era organizada de forma que cada marceneiro


possuia sua própria bancada de montagem e produção, função e especialidades, dessa forma a
montagem dos móveis era subdividida entre os marceneiros da fábrica. Percebeu-se que a
linha de produção era adequada e otimizada, sendo adequada para o porte da empresa.
80

Figura 24 - Madeiras de demolição na EMPRESA B separadas por tamanho (tábuas médias), na cidade de Passos-
MG

Fonte: Autora,2018.

Figura 25 - Madeiras de demolição na EMPRESA B separadas por tamanho (tábuas menores), na cidade de Passos-
MG

Fonte: Autora,2018.

O maquinário ficava disposto na fábrica da EMPRESA B conforme a utilização dos


mesmo na fabricação dos móveis, ou seja, existia uma ordem certa para a utilização do
maquinário, evitando com isso o trânsito dos funcionários.
A EMPRESA B, utilizava-se de folhas de produção, onde o marceneiro marcava o
81

produto que estava sendo produzido, o dia que iniciou a produção e o dia de finalização do
móvel.
No local de produção dos móveis da EMPRESA C, detectou-se que a fábrica tinha 5
funcionários na linha de produção e 1 funcionário na área comercial, totalizando 6 funcionários.
Toda madeira utilizada na fabricação dos móveis (cadeiras, mesas, bancos, etc.) da EMPRESA
C vinham do Paraná, de casas demolidas, mas também utilizavam a Peroba e Canafístula. O
pedido da madeira dependia da demanda e de qual tipo de madeira o cliente iria querer não
existindo um controle de quantas peças eram fabricadas por mês.
A EMPRESA C apresentou um ambiente sem uma separação das madeiras e dos tocos
provenientes da produção dos móveis. Além disso, os maquinários ficavam bem próximos um
do outro dificultando a locomoção dos funcionários e as madeiras eram dispostas
aleatoriamente no ambiente.
A Figura 26 ilustra as madeiras que poderiam ser utilizadas na confecção dos móveis
dispostas juntamente com as madeiras que seriam descartadas e a serragem. O ambiente tinha
pouca ventilação natural e limpeza.

Figura 26: Interior da fábrica da EMPRESA C na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

5.4 ANÁLISE DO USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs) E A


ERGONOMIA DO SETOR
82

A questão 15 do questionário aplicado (APÊNDICE 2) nas empresas em estudo indicou


os EPIs utilizados nas três empresas do estudo e constatou-se que os EPIs mais utilizados eram:
óculos, capacete, protetor auricular, botas e máscara. Porém o seu uso não era frequente, mesmo
sendo obrigatório dentro da fábrica. As máscaras utilizadas eram máscaras simples sendo que as
mesmas não protegem da poeira gerada na produção e fabricação dos móveis. Com relação
as luvas, a justificativa da não utilização era devido o perigo das mesmas ficarem presas
nas máquinas que são utilizadas para a fabricação dos móveis.
Nas EMPRESAS A; B e C cada marceneiro possuía seus materiais de proteção
adequados para o trabalho. Porém no momento da visita observou-se que alguns funcionários
usavam capacete, protetor ocular, protetor de ouvido (não usavam luva nem máscara de proteção
contra poeira), e outros funcionários apenas o protetor auricular, ou somente a bota.
Em relação a ergonomia dos marceneiros paraa fabricação dos móveis, a sua
importância se dá pelas diversas lesões, acidentes e doenças que podem comprometer a saúde
do trabalhador, sendo que a mesma pode minimizar ou até eliminar, analisando medidas de
correção e conforto, que agregam no melhoramento e rendimento do trabalho e no bem estar
dos trabalhadores.
As atividades desenvolvidas pelos funcionários para a fabricação dos móveis na
EMPRESAS A; B e C, utilizando a Análise Ergonômica do Trabalho – AET, foi realizada em
cinco etapas:
a) Análise da Demanda;
b) Análise da Tarefa;
c) Análise da Atividade;
d) Diagnóstico;
e) Recomendações Ergonômicas.
Na análise da demanda das três empresas (A; B e C) e na aplicação do método OWAS
(Ovako Working Posture Analysing System) realizado para as posturas assumidas por um
determinado trabalhador, identificou-se que em todos os setores da fábrica havia necessidade
de correções, por conta das atividades dos operadores em utilizarem a postura inclinada com os
braços abaixo dos ombros e as pernas eretas, provocando um esforço de carga inferior a dez
quilogramas.
A Figura 27 mostra que o funcionário da EMPRESA A estava utilizando 2 EPIs: a
máscara e o protetor auricular.
83

Figura 27 - Funcionário da EMPRESA A, utilizando a ferramenta Esquadrejadeira durante a fabricação de móveis,


na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2019

Foi feito uma análise ergométrica da postura do funcionário durante a fabricação de


móveis rústicos, utilizando a ferramenta OWAS, e detectou-se que a postura das costas é
inclinada, os dois braços se posicionam abaixo dos ombros e o trabalho é feito em pé com ambas
as pernas esticadas, forçando a postura durante todo o processo além do esforço ser com uma
carga menor que 10 kg, como mostra a Figura 28.

Figura 28 - Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA A, utilizando o Método OWAS, na cidade de


Passos - MG

Fonte: Autora,2019.
84

Na Figura 29 observa-se que o funcionário da EMPRESA B estava utilizando 3 EPIs:


bota, máscara e o protetor auricular.

Figura 29 - Funcionário da EMPRESA B, utilizando a ferramenta Respingadeira durante a fabricação dos móveis
rústicos ,na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2019.

Foi feito uma análise ergométrica (Figura 30), utilizando a ferramenta OWAS que
detectou que o funcionário durante a fabricação do movél estava com a postura das costas
inclinada e torcida, os dois braços posicionados abaixo dos ombros e o trabalho era feito em pé
com ambas as pernas esticadas, forçando a postura durante todo o processo de fabricação dos
móveis além do esforço ser com uma carga menor que 10 kg.

Figura 30: Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA B , utilizando o Método OWAS, na cidade de
Passos-MG

Fonte: Autora,2019
85

Na Figura 31 o funcionário da EMPRESA C estava utilizando 2 EPIs: bota e o protetor


auricular.

Figura 31 - Funcionário da EMPRESA C, confeccionando móveis com a ferramenta furadeira , na cidade de


Passos-MG

Fonte: Autora,2019.
Foi feito uma análise utilizando a ferramenta OWAS que detectou que o funcionário
estava com a postura das costas inclinada, os dois braços posicionados abaixo dos ombros e o
trabalho era feito em pé com ambas as pernas esticadas, forçando a postura durante todo o
processo de fabricação de móveis, além do esforço ser com uma carga menor que 10 kg (Figura
32).

Figura 32: Avaliação ergométrica do funcionário da EMPRESA C , utilizando o Método OWAS, na cidade de
Passos-MG

Fonte: Autora,2019.
86

5.5 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA FABRICAÇÃO DE UMA CADEIRA

O processo de produção de móveis é praticamente igual nas 3 empresas sendo dividido


pelos marceneiros que trabalham na fábrica, onde todos possuem funções determinadas e
especializações na fabricação dos móveis. Porém, todos os marceneiros sabem fazer todos os
móveis da linha de produção.
Nas três empresas o primeiro passo da fabricação dos móveis era a separação das
madeiras que seriam utilizadas para um determinado móvel que seria fabricado.
Observou-se na EMPRESA A, no galpão da fábrica, um local próprio para o
armazenamento de matéria-prima devidamente coberto, organizado e separado por tipo de
madeira, facilitando o manuseio e agilizando o processo de fabricação dos móveis (Figura 33).
Os tipos de móveis fabricados são bem variados, sendo as cadeiras, bancos de jardim
e aparadores os que possuem fabricação constante nas três empresas. Porém as empresas
pesquisadas possuem uma linha de móveis bem diversificada e grande, além de produzirem
conforme o modelo e desejo do cliente. Além dos móveis já citados acima, são fabricados
também camas, baús, mesas redondas ou quadradas, oratórios, armários, gabinetes de cozinha,
banheiro, espreguiçadeiras, jogo de sofá, criados, rack de televisão, painéis, chapeleiras, etc.

Figura 33 - Madeiras separadas para serem utilizadas na fabricação de móveis rústicos da EMPRESA A, em Passos-
MG

Fonte: Autora, 2018.

O tempo de produção de cada peça varia muito, de dois a cinco dias, nas três
87

empresas do estudo. As EMPRESAS A, B e C não fazem uma peça de cada vez, eles fazem
várias peças para que o processo de produção seja otimizado e ágil na produção dos móveis. Ou
seja, quando uma cadeira é confeccionada ela é feita por etapas: primeiramente é feito os pés –
são feitos por exemplo pés para 20 cadeiras. Depois é feito o encosto da cadeira – são feitos 20
encostos de cadeiras. A seguir é feito o tampo (banco) de 20 cadeiras. Depois monta-se as 20
cadeiras e as mesmas vão para o acabamento final para finalmente as 20 cadeiras ficarem
prontas. Dessa forma demora-se de 2 a 5 dias para que as 20 cadeiras fiquem prontas. Porém se
fosse feita uma cadeira desenvolvendo todo o processo até na finalização do acabamento, o
tempo de produção levaria em média quatro horas e a fabricação completa de uma mesa um
tempo de seis horas.
Considerando a produção de cadeiras, na EMPRESA A, inicialmente o marceneiro
separava as madeiras que seriam utilizadas na produção da cadeira. O tempo de produção de
uma cadeira era de aproximadamente 2 horas, desde a separação da madeira, corte, montagem
e acabamento. Eram utilizados 0,016 mᶾ de madeira para a produção de uma cadeira, sendo
que ao final do processo os resíduos gerados eram 500 gramas de serragem e 1,2 kg de
tocos/pedaços de madeira.
O modelo da cadeira que era confeccionada pela EMPRESA A dependia do pedido
do cliente. Normalmente o cliente enviava uma foto do modelo e as dimensões desejadas.
O corte da madeira era feito baseado nas dimensões pré-estabelecidas. Era feito os pés, o encosto
e o banco da cadeira. Em seguida eram feitos os ajustes necessários para o encaixe das peças
já confeccionadas e a montagem da cadeira. Em seguida iniciava-se o acabamento, onde
primeiramente a cadeira era lavada para retirar a sujeira e depois era lixada para que o verniz
ou cera pudesse ser aplicado, dependendo do acabamento solicitado pelo cliente.
Os dados observados nas Tabelas 2, 4 e 6, foram obtidos através da colaboração
dos funcionários das três empresas (marceneiros, ajudantes, gerente e proprietário da
empresa). Desta forma, o dia da coleta desses dados f o i escolhido por eles para não atrapalhar
o processo de produção dos móveis na fábrica. Os dias escolhidos foram as quartas-feiras e
terças-feiras e o processo funcionava da seguinte forma: na quarta-feira, o marceneiro iniciava
a confecção das cadeiras e a serragem e os tocos eram colocados em um local na fábrica para
que na terça feira da semana seguinte fossem pesados os resíduos gerados e contados a
quantidade de cadeiras fabricadas na semana. Esse processo se repetiu durante todas as quartas
e terças-feiras do mês de maio, exceto na última semana que foram coletados os dados de
apenas dois dias (30 e 31 de maio) para finalização do acompanhamento. Foi relatado pelos
funcionários das 3 EMPRESAS que esse controle não era feito na fábrica, pois segundo relato
88

era um processo aparentemente trabalhoso e essa informação desnecessário para eles. A


preocupação das empresas era fabricar e vender.
A quantidade de cadeiras produzidas no mês de maio de 2018, separadas por semanas,
bem como a quantidade de resíduos (serragens e tocos) geradas na produção das cadeiras pode
ser observado na Tabela 2.

Tabela 2 - Quantidade de cadeiras e geração de resíduos para a produção de cadeiras na EMPRESA A, no mês de
maio de 2018
Quantidade de
Serragem Tocos
Período cadeiras
(unidades) (kg) (kg)
02/05/2018 a
20 10,53 20,68
08/05/2018
09/05/2018 a
15 7,43 9,54
15/05/2018
16/05/2018 a
30 15,42 20,49
22/05/2018
23/05/2018 a
20 11,34 13,66
29/05/2018
30/05/2018 a
5 2,5 6,73
31/05/2018
Total 90 47,23 71,10
Fonte: Autora, 2018.

A Figura 34 mostra a madeira utilizada na fabricação da cadeira na EMPRESA A,


previamente separada para essa finalidade.

Figura 34 - Madeira utilizada na fabricação da cadeira na EMPRESA A, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.
89

A Figura 35 ilustra a finalização da montagem da cadeira na EMPRESA A.

Figura 35 - Montagem da cadeira na EMPRESA A, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

Observa-se na Figura 36 a cadeira finalizada pela EMPRESA A.

Figura 36 - Cadeira finalizada na EMPRESA A, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora,2018.

Os dados relacionados nas Tabela 3, 5 e 7, foram obtidos no início do mês de maio de


90

2018 e foram escolhidos os seis tipos de móveis (cadeiras, mesas, cristaleiras, bancos de jardim,
camas e aparadores) que mais eram vendidos nas três empresas do estudo. Nos dias de
terça-feira de cada semana que envolveu este estudo, eram pesados os resíduos gerados (a
serragem e os tocos), e além disso contava-se a quantidade de móveis produzidos neste mesmo
período.
A Tabela 3 apresenta a produção total dos seis tipos de móveis fabricados no mês de maio
de 2018 pela EMPRESA A.

Tabela 3 - Quantidade de móveis produzidos pela EMPRESA A, no mês de maio de 2018

MÊS DE MAIO 2018

Móveis Produzidos Quantidade

Cadeiras 90
Mesas 20
Cristaleiras 15
Bancos de jardim 9
Camas 5
Aparadores 10
Total 149
Fonte: Autora,2018.

Na EMPRESA B, o marceneiro separa as madeiras que serão utilizadas na


produção da cadeira. O tempo de produção de uma cadeira era de aproximadamente 2 horas,
desde a separação da madeira, corte, montagem e acabamento. Eram utilizados 0,016 mᶾ de
madeira para a produção de uma cadeira, sendo que ao final do processo os resíduos gerados
eram 500 gramas de serragem e 1,2 kg de tocos/pedaços de madeira.
Na EMPRESA B, o modelo da cadeira que será confeccionada dependia do pedido
do cliente. Normalmente o cliente envia uma foto do modelo e as dimensões desejadas. O
corte da madeira era feito baseado nas dimensões pré-estabelecidas. Era feito os pés, o encosto e
o banco da cadeira. Em seguida eram feitos os ajustes necessários para o encaixe das peças já
confeccionadas e a montagem da cadeira. Para o acabamento, onde primeiramente a cadeira
era lavada para retirar a sujeira e depois lixada para que o verniz ou cera seja aplicado,
dependendo do acabamento solicitado pelo cliente.
A Tabela 4 apresenta a quantidade de cadeiras em unidades, produzidas pela
EMPRESA B no mês de maio de 2018, separadas por semanas, bem como a quantidade de
91

resíduos (serragens e tocos em Kg) geradas na produção das cadeiras.

Tabela 4 - Quantidade de cadeiras e de geração de resíduos para a produção de cadeiras da EMPRESA B, no mês
de maio de 2018
Quantidade de
Serragem Tocos
cadeiras
Período
(unidades) (kg) (kg)

02/05/2018 a
81 41,64 77,56
08/05/2018
09/05/2018 a
78 36,57 59,65
15/05/2018
16/05/2018 a
94 46,33 66,32
22/05/2018
23/05/2018 a
89 43,29 52,24
29/05/2018
30/05/2018 a
38 19,72 26,53
31/05/2018
Total 380 187,55 282,30
Fonte: Autora, 2018.

A Tabela 5 apresenta a produção total de seis móveis produzidos no mês de maio de


2018 pela EMPRESA B.

Tabela 5 - Quantidade de móveis produzidos na EMPRESA B, no mês de maio de 2018


MÊS DE MAIO 2018

Móveis Produzidos Quantidade

Cadeiras 380
Mesas 75
Cristaleiras 65
Bancos de jardins 180
Camas 55
Aparadores 145
Total 900
Fonte: Autora, 2018.

A Figura 37 ilustra o funcionário da EMPRESA B, realizando o corte da madeira que


será utilizada para a confecção da cadeira.
92

Figura 37 - Corte da madeira para a confecção de uma cadeira na EMPRESA B, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

As peças de madeira separadas para a montagem das cadeiras pela EMPRESA B podem
ser observadas na Figura 38.

Figura 38 - Peças de madeiras separadas para a montagem das cadeiras na EMPRESA B na cidade de Passos-
MG

Fonte: Autora, 2018.

As cadeiras fabricadas pela EMPRESA B podem ser observadas na Figura 39.


93

Figura 39 - Cadeiras fabricadas pela EMPRESA B, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

Na EMPRESA C, o marceneiro separava as madeiras que seriam utilizadas na


produção da cadeira. O tempo de produção de uma cadeira era de aproximadamente 3 horas,
desde a separação da madeira, corte, montagem e acabamento. Foram utilizados
aproximadamente 0,016 mᶾ de madeira para a produção de uma cadeira, sendo que ao final
do processo os resíduos gerados foram 600 gramas de serragem e 1,5 kg de tocos/pedaços de
madeira.
O modelo da cadeira na EMPRESA C, dependia do pedido do cliente. Normalmente o
cliente enviava uma foto do modelo e as dimensões desejadas. O corte da madeira era feito
baseado nas dimensões pré-estabelecidas. Era feito os pés, o encosto e o banco da cadeira.
Em seguida eram feitos os ajustes necessários para o encaixe das peças já confeccionadas e a
montagem da cadeira. Segue-se para o acabamento, onde primeiramente a cadeira era lavada
para retirar a sujeira e depois era lixada para que o verniz ou cera seja aplicado, dependendo do
acabamento solicitado pelo cliente.
A Tabela 6 apresenta a quantidade de cadeiras em unidades produzidas no mês de
maio de 2018, separadas por semanas, bem como a quantidade de resíduos (serragens e tocos
em Kg) gerados na produção das cadeiras.
94

Tabela 6 - Quantidade de cadeiras e de geração de resíduos na EMPRESA C para a produção de cadeiras no


mês de maio de 2018
Quantidade de
Serragem Tocos
Período cadeiras
(unidades) (kg) (kg)
02/05/2018 a
6 3,21 6,35
08/05/2018
09/05/2018 a
7 3,53 5,35
15/05/2018
16/05/2018 a
7 3,75 4,97
22/05/2018
23/05/2018 a
8 4,62 5,88
29/05/2018
30/05/2018 a
2 1,21 3,42
31/05/2018
Total 30 16,32 25,97

Fonte: Autora,2018.

A Tabela 7 apresenta a produção total de seis móveis produzidos no mês de maio de


2018 pela EMPRESA C.

Tabela 7 - Quantidade de móveis produzidos pela EMPRESA C no mês de maio de 2018


MÊS DE MAIO 2018

Móveis Produzidos Quantidade

Cadeiras 30
Mesas 4
Cristaleiras 3

Bancos de jardins 7

Camas 3
Aparadores 6
Total 53
Fonte: Autora, 2018.

A Figura 40 mostra as madeiras da EMPRESA C que foram utilizadas para a confecção


da cadeira.
95

Figura 40 - Madeiras a serem utilizadas na fabricação da cadeira na EMPRESA C, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

A Figura 41 mostra o maquinário utilizado pela EMPRESA C para a confecção da


cadeira.

Figura 41 - Maquinário utilizado na fabricação da cadeira na EMPRESA C, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.


96

A Figura 42 mostra a cadeira pronta fabricada pela EMPRESA C.

Figura 42 - Cadeira fabricada pela EMPRESA C, na cidade de Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

A Tabela 8 apresenta a quantidade de móveis produzidos pelas empresas A, B e C no


mês de maio de 2018, separados pelos tipos de móveis: cadeiras, mesas, cristaleiras, bancos de
jardim, camas e aparadores.

Tabela 8 - Tipos e quantidades de móveis produzidos pelas EMPRESAS A,B e C no mês de Maio de 2018
EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C
MÊS DE MAIO 2018 MÊS DE MAIO 2018 MÊS DE MAIO 2018

Móveis Móveis Móveis


Quantidade Quantidade Quantidade
Produzidos Produzidos Produzidos

Cadeiras 90 Cadeiras 380 Cadeiras 30


Mesas 20 Mesas 75 Mesas 4
Cristaleiras 15 Cristaleiras 65 Cristaleiras 3
Bancos de Bancos de
9 180 Bancos de jardins 7
jardins jardins
Camas 5 Camas 55 Camas 3
Aparadores 10 Aparadores 145 Aparadores 6
Total 149 Total 900 Total 53
Fonte: Autora,2018

A Tabela 9 apresenta a quantidade de resíduos (serragem e tocos) gerados pelas


97

Empresas A, B e C na fabricação de cadeiras no mês de maio de 2018.

Tabela 9 - Quantidade de Resíduos gerados na produção de cadeiras no mês de Maio de 2018 nas EMPRESAS
A, B e C.
Cadeiras Resíduos Serragem Resíduos Tocos
Empresas
(unidades) (Kg) (Kg)
A 90 47,23 71,1
B 380 187,55 282,3
C 30 16,32 25,97
Total 500 251,10 379,37
Fonte: Autora,2018

As 3 empresas geraram 251,10 kg de resíduos de serragem e 379,37 kg de resíduos de


tocos na produção de 500 cadeiras.
A Tabela 10 apresenta a quantidade de madeira gasta e de resíduos (serragem e tocos)
gerados pelas Empresas A, B e C na fabricação de uma cadeira, bem como o tempo gasto na
fabricação.

Tabela 10 - Quantidade de madeira e resíduos gerados na produção de uma cadeira pelas EMPRESAS A, B e C e
o tempo de produção em horas.
PRODUÇÃO DE 1 CADEIRA

Empresas Madeira (mᶾ) Serragem gramas(g) Tocos (Kg) Tempo (horas)

A 0,016 500 1,2 2


B 0,016 500 1,2 2
C 0,019 600 1,5 3
Fonte: Autora,2018.

O gasto médio de produção de uma cadeira variou entre 2 a 3 horas, gastando em média
5 a 6 m² de madeira gerando em torno de 500 a 600 gramas de serragem e 1,2 a 1,5 kg de tocos
no processo de produção e uma cadeira.

5.6 QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS


GERADOS NA FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS

Na EMPRESA A, a limpeza da fábrica era feita em dois a três dias, mesmo assim o
ambiente tinha muito pó de serragem, poeira e tocos (Figura 43).
98

Figura 43 - Serragem gerada pela fabricação de móveis rústicos na EMPRESA A , em Passos – MG

Fonte: Autora,2018.

Não existia um controle sobre a quantidade de resíduos na fábrica da EMPRESA A,


mas estimava-se que poderia ocorrer uma perda de 15% da matéria-prima. Uma média feita pelo
proprietário da EMPRESA A com relação aos produtos vendidos era de 100 produtos por mês,
mas variava de acordo com a época do ano. Da mesma forma o faturamento que foi estimado
em média de R$110.000,00 por mês também poderia variar.
Na EMPRESA B, a serragem era separada em um local específico dentro da fábrica,
como se fosse uma grande “caixa” conforme Figura 44. A medida dessa “caixa” era de
aproximadamente 1,5m de altura por 1,5 m de comprimento por 1,5 m de largura. A serragem era
recolhida por uma empresa semanalmente, mas mesmo assim, era grande a quantidade de pó de
serragem por toda a fábrica.
Segundo o relato do gerente da EMPRESA B a mesma possui uma política de meio
ambiente, onde utilizam métodos de economia de água, abandonaram a utilização de soda
cáustica na lavagem dos móveis. Efetuam a separação e descarte adequado dos resíduos, sendo
que uma empresa busca a serragem e os restos de madeira. As madeiras são separadas conforme
o tamanho das mesmas para que possam ser reaproveitadas na produção de algum móvel.
Segundo informação do gerente 90 % dos resíduos gerados são descartados adequadamente
conforme citado anteriormente.
99

Figura 44 - “Caixa”: local onde a serragem fica separada para posterior coleta na EMPRESA B, em Passos – MG.

Fonte: Autora,2018.

A EMPRESA B relatou que não existia um controle sobre a quantidade de resíduos


perdidos na fábrica, mas estimava-se que ocorria uma perda de 10% da matéria-prima. E com
relação aos resíduos gerados, os mesmos são: serragem, tocos de madeira, água, tinta, verniz,
cera, etc. A produção de armários/cristaleiras gera mais serragem enquanto que a produção
de bancos e cadeiras gera mais tocos e sarrafos.
Na EMPRESA B, os pedaços de madeira que não poderiam ser utilizados eram
vendidos e/ou doados para empresas e acondicionados em tambores, como mostra a Figura 45.

Figura 45 - Tocos de madeira que serão doados e/ou vendidos, acondicionados em tambores na EMPRESA B na
cidade de Passos – MG
100

Fonte: Autora,2018.
A fábrica da EMPRESA B era um local que apresentava muita poeira, mesmo com a
limpeza diária relatado pelos funcionários. Dessa forma, observou-se durante a visita “in loco”
que não era possível sair de lá sem poeira devido ao acúmulo de pó de serragem.

A Figura 46 ilustra a poeira acumulada no chão da fábrica da EMPRESA B.


Figura 46 -Poeira acumulada no chão da fábrica da EMPRESA B localizada na cidade de Passos – MG

Fonte: Autora,2018.

Dentro do galpão da EMPRESA C observou-se um grande volume de serragem e


pedaços de madeira, de tamanhos médios e pequenos, acumulados no meio do chão da
fábrica, como mostra a Figura 47.
101

Figura 47 - Madeiras espalhadas aleatoriamente dentro da fábrica na EMPRESA C, em Passos - MG

Fonte: Autora,2018.
Esses resíduos eram descartados apenas quando um caminhão buscava a serragem e a
madeira que era usada como lenha ou outros fins. Esse recolhimento ocorria quinzenalmente.
A limpeza da fábrica da EMPRESA C era feita semanalmente, porém mesmo assim
observou-se a presença de muito resíduo acumulado dentro da fábrica, provocando um
ambiente insalubre para o trabalho.
Detectou-se também um espaço na EMPRESA C reservado para a realização dos
acabamentos dos móveis fabricados, local onde envernizava ou encerava os móveis.
Foi relatado pela proprietária da EMPRESA C que os ratos e os escorpiões apareciam
no interior da fábrica como também na parte externa da mesma. Não existe uma separação
adequada dos tipos de resíduos na EMPRESA C, como mostra a Figura 48, ficando a
serragem e os tocos de madeira no mesmo local. Os resíduos são doados de 15 em 15 dias e
não se sabe quanto é gerado de resíduos. Os tipos de resíduos gerados pela EMPRESA C
são: maravalha, serragem, tocos de madeira, água, tinta, verniz, cera.

Figura 48 - Serragem e madeiras a serem descartadas na EMPRESA C, em Passos – MG


102

Fonte: Autora, 2018.

5.7 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS SERRAGENS, TOCOS E MARAVALHAS NO


PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS MÓVEIS

Na entrada da fábrica da EMPRESA A, observou-se a presença de madeiras


que fi cam armazenadas no chão e expostas ao sol, misturadas com os resíduos gerados
pela fabricação dos móveis. Essa forma de armazenamento (Figura 49) possibilita a proliferação
de insetos e animais que podem trazer doenças aos seres humanos. Os pedaços de madeira que
não podem ser utilizados e a serragem eram vendidos para empresas de fora.
Na EMPRESA B observou-se o mesmo problema da EMPRESA A. Conforme
relatado feito pelos funcionários da fábrica, é “normal” aparecer ratos e escorpiões na
fábrica, visto que é um ambiente propício para tal.
As madeiras expostas de forma aleatória na EMPRESA B, espalhadas na entrada da
fábrica e no chão da mesma também é um fator que propicia o aparecimento de vetores no local
da mesma forma que ocorre na EMPRESA A e na EMPRESA C.
Os funcionários das três empresas relataram que “ Já estamos acostumados com o
ambiente e com os bichos, afinal toda marcenaria tem bicho, é só olhar e bater na madeira
que eles vão embora”.

Figura 49 - Pedaços e tocos de madeiras de demolição na entrada da fábrica da EMPRESA A, em Passos – MG


103

Fonte: Autora, 2018.

Observa-se na Figura 50 a variedade de madeiras de demolição, em diversos tamanhos


para serem separadas e utilizadas na fabricação dos móveis rústicos. Contudo muitas madeiras
acabam sendo descartadas desnecessariamente devido a forma de armazenamento, relato esse
feito pelos funcionários da EMPRESA B.

Figura 50 - Madeiras de demolição em diversos tamanhos para serem separadas e utilizadas na fabricação de
móveis rústicos na EMPRESA B, em Passos – MG
104

Fonte: Autora,2018.

Na Figura 51 observa-se como as madeiras da EMPRESA C estão armazenadas no chão


da fábrica e sujeitas as alterações climáticas como sol e chuva. Essas madeiras que poderiam
ser usadas para a fabricação de algum móvel e/ ou descartadas, estão armazenadas de forma
propicia para o aparecimento de animais peçonhentos.

Figura 51 - Madeiras expostas a serem utilizadas e/ou descartadas na EMPRESA C, em Passos-MG

Fonte: Autora, 2018.

Na parte de fora do galpão da EMPRESA C observou-se a presença de um local


para lavagem das peças de madeira, onde o descarte dessa água de lavagem vai diretamente
para o esgoto sem nenhum tipo de tratamento (Figura 52).

Figura 52 - Local onde as peças são lavadas na EMPRESA C, em Passos – MG


105

Fonte: Autora,2018.

As análises microbiológicas para pesquisar as espécies de Cryptococcus em resíduos


de madeira originados na linha de produção das EMPRESAS A, B e C totalizaram 12 amostras,
sendo duas amostras de serragem e duas amostras de pedaços de madeira de cada EMPRESA.
As amostras foram numeradas e receberam letras de acordo com o tipo de amostra (S – serragem
ou P – Pedaços) e de acordo com a marcenaria (A, B ou C). Além disso receberam o número 1
ou 2, dependendo se era a primeira amostra ou a duplicata. Dessa forma as amostras ficaram
com as seguintes identificações: SA-1; SA-2; PA-1; PA-2; SB-1; SB-2; PB-1; PB-2; SC-1; SC-
2; PC-1; PC-2.
Nas placas semeadas foram investigadas as espécies de Cryptococcus que formaram
as colônias com pigmento acastanhado na superfície do ágar níger, como também todas as
colônias lisas, de bordas bem delimitadas, com textura cremosa, típicas de fungos
leveduriformes.
A maioria das colônias que cresceram em todas as amostras foram colônias
morfologicamente compatíveis com fungos filamentosos, provavelmente, fungos anemófilos,
ou seja, aqueles que normalmente são encontrados se disseminado pelo ar, conforme ilustra a
Figura 51.
As colônias morfologicamente típicas de leveduras foram repicadas para ágar
sabouraud dextrose (ASD) e incubadas por até cinco dias em temperatura ambiente (25oC), em
aerobiose. Em seguida, suspensão das colônias isoladas foram fixadas em lâmina e coradas por
gram, para a confirmar se eram fungos leveduriformes.
106

As colônias de fungos leveduriformes foram submetidas aos seguintes testes


fenotípicos para a triagem e identificação de Cryptococcus spp.: produção de melanina,
produção de cápsula e produção de urease e micro cultivo. Segundo Kwong-chung (2014), as
espécies de Cryptococcus são caracterizadas por produzirem melanina em meios de cultura
ricos em compostos di ou polifenólicos, produzirem cápsula e produzirem a enzima urease,
capaz de degradar a ureia formando amônia. No micro cultivo as colônias de Cryptococcus spp.
se caracterizam por blastoconídeos em gemulação e ausência de hifas ou pseudohifas.
De todas as amostras investigadas, houve crescimento de colônias de fungos
leveduriformes apenas em culturas das amostras de serragens SB-2 e SC-2. Da amostra SB-2
foram isolados dois tipos morfológicos diferentes: uma de coloração levemente rósea (SB-2.3)
e outra pálida (SB-2.2) (Figura 54).

Figura 53 - Fotos de placas com predomínio de fungos anemófilos nas amostras de madeiras das EMPRESAS A,
B; C

A B

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 54 – Cultura em ASD das leveduras isoladas da amostra SB-2 - Colônias (isolado SB-2.2) de leveduras
pálidas, à esquerda, e colônias (isolado SB-2.3) de leveduras levemente rosadas, à direita
107

Fonte: LAMADI, 2019.

Enquanto que da amostra SC-2 foram isoladas outros dois tipos morfológicos de
colônias de leveduras: uma de coloração rósea (SC-2.1) e outra branca (SC-2.2) (Figura 55).

Figura 55 – Cultura em ASD das leveduras isoladas da amostra SC-2: Colônias (isolado SC-2.1) de leveduras
róseo, à esquerda, e colônias (isolado SC-2.2) de leveduras pálidas, à direita

Fonte: LAMADI, 2019.

De acordo com os resultados do teste de produção de cápsula, nenhuma das quatro


leveduras isoladas demonstraram resultado positiva, ou seja, todas as quatro leveduras não eram
encapsuladas, conforme mostrado nas Figuras 56-59.

Figura 56 – Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SB-2.2: Células leveduriformes do isolado SB-
2.2 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia óptica (400x)

SB-2.2
108

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 57 – Células leveduriformes não encapsuladas da colônia SB-2.3: Células leveduriformes do isolado SB-
2.3 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia óptica (400x)

SB-2.3

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 58 – Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SC-2.1 : Células leveduriformes do isolado SC-
2.1 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia óptica (400x)

SC-2.1

Fonte: LAMADI, 2019.


Figura 59 – Células leveduriformes não encapsuladas do isolado SC-2.2 : Células leveduriformes do isolado SC-
2.2 não capsuladas coradas com tinta nanquim. Microscopia óptica (400x)

SC-2.2
109

Fonte: LAMADI, 2019.

De acordo com os resultados do teste da produção da urease, os isolados SB-2.2 e SC-


2.1 se mostraram produtores da enzima urease (teste da urease positivo), enquanto que os
isolados SB-2.3 e SC-2.2 se mostraram não produtores de urease (teste da urease negativo).
As Figuras 60, 61, 62 e 63, demonstram os resultados dos microcultivos para os quatro
isolados. De acordo com os resultados, todos os quatro isolados apresentaram blastoconídeos
em brotamento, além disso, o isolado SB-2.2 também apresentou pseudohifas além dos
blastoconídeos.

Figura 60 – Microcultivo do isolado SB-2.2: Blastoconídeos em gemulação e presença de pseudohifas.


Microscopia óptica (400x)

SB-2.2

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 61 – Microcultivo do isolado SB-2.3: Blastoconídeos em gemulação e pseudohifas. Microscopia óptica


(400x)

SB-2.3
110

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 62 – Microcultivo do isolado SC-2.1: Blastoconídeos em gemulação. Microscopia óptica (400x)

SC-2.1

Fonte: LAMADI, 2019.

Figura 63 – Microcultivo do isolado SC-2.2 :Blastoconídeos em gemulação. Microscopia óptica (400x)

SC-2.2

Fonte: LAMADI, 2019.

A Tabela 11 resume os resultados obtidos com a caracterização fenotípica dos quatro


isolados de leveduras analisados.

Tabela 11 – Caracterização fenotípica dos isolados de leveduras


Isolado Melanina Cápsula Urease Microcultivo
111

blastoconídeos em gemulação e
SB-2.2 negativo negativo positivo
pseudohifas
SB-2.3 negativo negativo negativo blastoconídeos em gemulação
SC-2.1 negativo negativo positivo blastoconídeos em gemulação
SC-2.2 negativo negativo negativo blastoconídeos em gemulação
Fonte: Autora, 2019.

Analisando o conjunto de todas as características fenotípicas dos isolados de leveduras,


pode-se afirmar que nenhum dos quatros isolados se identifica como Cryptococcus spp., ou
seja, são espécies de fungos leveduriformes não pertencentes ao gênero Cryptococcus. Devido
ao fato dos testes realizados serem direcionados para a identificação de Cryptococcus spp., alvo
de investigação desse trabalho, não se pode afirmar com precisão a espécie que esses isolados
pertencem. Apesar disso, pode-se sugerir que o isolado SB-2.2 seja identificado como Candida
sp , principalmente devido à coloração da colônia e pela presença de pseudohifas no
microcultivo. Além disso, é muito sugestivo que o isolado SC-2.1 seja pertencente ao gênero
Rhodotorula, devido à produção de urease, não produção da cápsula e por formar colônias
pigmentadas com cor avermelhada ou rosada. Os outros dois isolados são leveduras de espécies
não identificadas.

5.8 PROPOSTA DE MELHORIAS E ADEQUAÇÃO DESDE A GERAÇÃO


ATÉ A DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS

Nas três empresas pesquisadas, cujas atividades correspondem ao setor moveleiro,


especificamente de móveis rústicos, localizadas em Passos, sudoeste de Minas Gerais, foram
constatadas práticas do ramo da marcenaria que incluem fabricar móveis sob medida e de
cunho bem artesanal; ou seja, não existe um móvel igual ao outro.
A atividade desenvolvida pelas empresas desse estudo possui uma alta precisão e
detalhamento na execução de suas peças e consequentemente grande potencial de exploração
em decorrência principalmente da propriedade artesanal do segmento estudado.
As três empresas pesquisadas integrantes do setor de móveis rústicos são
caracterizadas por microempresas – EMPRESA A e C, e pequena empresa – EMPRESA B. O
processo produtivo das empresas pesquisadas consolida-se pelo uso intensivo de mão de obra
e baixo dinamismo, atuando em um mercado de segmentos específicos para móveis de
112

utilidade doméstica e também comercial. Seus móveis são vendidos para todo o Brasil.
Após estudo das três empresas, observa-se que as mesmas têm potencial para melhorias
no quesito ambiental e com a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Observou-se também um alto índice de padronização nos processos produtivos dessas
empresas, com relação aos tipos de maquinário, matéria prima, segmento produtivo e
arranjo físico. Ou seja, as três empresas concentram sua atuação produtiva em galpões, com
pouca ventilação e o armazenamento da matéria prima e dos resíduos gerados não adequados.
Nas três empresas pôde-se observar que o fator experiência no ramo de móveis foram
um dos incentivos para que os proprietários decidissem investir no negócio, porém é
necessária uma melhor qualificação da mão de obra e, portanto, um treinamento específico
para essa área.
Com relação aos problemas ambientais, as três empresas enfrentam várias
dificuldades com relação a:
1- Matéria prima: a madeira de demolição e outras madeiras (canafístula, peroba)
são as utilizadas na confecção dos móveis rústicos. A manipulação da madeira,
com relação ao corte para a produção de peças gera desperdício e geração de
resíduos;
2- Resíduos gerados: serragem, tocos de madeira, maravalhas. O destino dos mesmos
ainda é um grande problema, visto que é difícil a venda e depende de as pessoas
buscarem. Muitas vezes quando acumula e ninguém busca, os mesmos são
queimados ou jogados no lixo comum.
3- Saúde ocupacional: Os trabalhadores das fábricas estão em constante riscos
com relação a quantidade de acúmulo de resíduo e a inalação da poeira gerada
por eles. A falta de conscientização dos trabalhadores com relação ao uso de
EPIs e da ergonomia adequada gera riscos e doenças ocupacionais que poderiam
ser evitadas.
Inicialmente deve-se separar as madeiras por tamanhos e tipos, para que desta forma
evite-se o desperdício das mesmas. Devem ser colocadas em locais arejados e cobertos,
separadas por tamanhos, facilitando o seu manuseio na fabricação dos móveis. Um funcionário
na fábrica deverá ficar responsável por essa separação, visto que os marceneiros não possuem
tempo disponível. Com isso, mesmo as madeiras que sobram do corte das peças poderão ser
reaproveitadas. As peças devem ser cortadas na medida certa, evitando o desperdício. Deve-se
utilizar as madeiras separadas para a confecção das peças.
A Figura 64 ilustra a proposta de melhorias para as EMPRESAS A, B, e C com relação
113

a matéria prima principal utilizada na fabricação dos móveis que é a madeira de demolição. A
organização da mesma é fundamental para a otimização e redução dos resíduos gerados no
processo de fabricação dos móveis.

Figura 64 – Proposta de melhorias para as EMPRESAS A, B e C com relação à organização da matéria prima

Fonte: Autora,2018.

A Figura 65 propõe a separação dos resíduos de madeiras gerados através da


fabricação dos móveis rústicos com o objetivo de diminuir a sua geração nas EMPRESAS
A, B e C, destacando-se o aproveitamento do pedaço de madeira que estiver disponível na
fábrica, evitando o corte desnecessário de peças grandes. Deve-se separar um local na fábrica
para o depósito dos resíduos para que os mesmos possam ser quantificados e depois vendidos ou
doados, evitando o acúmulo e a proliferação de animais de qualquer espécie nas fábricas.

Figura 65 – Separação dos resíduos de madeiras resultante da fabricação dos móveis rústicos em Passos/MG
114

Fonte: Autora,2018.

A Figura 66 sugere para melhoria da saúde ocupacional e a qualidade de vida no


trabalho das EMPRESAS A , B e C , a utilização de EPIs adequados para a atividade
sendo condição primordial para a segurança dos trabalhadores. A limpeza também constitui
um fator importante, pois o acumulo de resíduos gera doenças e propicia o aparecimento de
animais no interior das fábricas.
A análise da ergonomia nas funções específicas dos marceneiros também é outro fator de
destaque na atividade, gerando diminuição de acidentes, doenças e afastamento do trabalho,
além de propor uma qualidade e um ambiente salubre para o desenvolvimento das atividades de
marcenaria.

Figura 66 –Melhorias para a Saúde Ocupacional dos funcionários da fábrica de móveis rústicos

ERGONOMIA

Fonte: Autora,2018.
115

6. CONCLUSÕES

O ramo moveleiro apresenta riscos diversos e impactos ambientais significativos. A


indústria moveleira conta com uma complexa organização, desde a compra das madeiras
de demolição e outras madeiras nobres, sendo a geração de resíduos uma consequência
direta na criação dos móveis rústicos. Esses resíduos muitas vezes são descartados
inadequadamente provocando contaminação ambiental e desperdícios em todo processo de
produção, além disso, as indústrias moveleiras são locais insalubres devido a contaminação
desses resíduos dispersos de forma aleatória no ambiente da fábrica.
As EMPRESAS A, B e C, objeto de estudo dessa pesquisa, revelaram dados
impressionantes sobre o setor moveleiro, que foram expressos nos capítulos dessa tese. Foi
possível quantificar a geração e destinação dos resíduos gerados na fabricação dos móveis e
analisar a questão ambiental bem como a contaminação nas fábricas provocadas pela serragem
durante todo o processo produtivo.
Identificou-se a presença de cento e vinte empresas do ramo moveleiro na cidade de
Passos, porém apenas três empresas aceitaram participar do estudo. Os tipos de madeira
utilizadas na fabricação dos móveis rústicos foram a madeira de demolição oriunda do
desmanche de casas do Paraná, além da peroba, cedro, eucalipto e canafístula. São fabricados
todos os tipos de móveis, mediante pedido do cliente, sendo os mais vendidos os conjuntos de
bancos de jardim, além de cadeiras, aparadores, mesas e cristaleiras.
A forma do processo de corte da madeira é manual e automatizado com a utilização de
diversos tipos de maquinário, sendo os mais utilizados nas três empresas a serra de fita, topia,
furadeira, lixadeira, desempenadeira, desengrossadeira e a serra circular.
As EMPRESAS A, B e C não possuem um controle da quantidade de peças produzidas.
Com esse estudo foi possível mapear a quantidade de móveis fabricados durante o período de
um mês (maio de 2018), bem como o tempo de produção de uma cadeira nesse mesmo período,
a quantidade utilizada de madeira e os resíduos gerados.
Os proprietários das empresas A, B e C não possuem a quantidade exata de resíduos
gerados no processo de produção dos móveis rústicos. Desta forma a presente pesquisa
conseguiu identificar a geração de resíduos na produção de uma cadeira no mês de maio de 2018
nas três empresas, o que “ assustou” os proprietários quando foi mostrado para eles a grande
geração de resíduos e perdas no processo de produção. A empresa A para produzir 90 cadeiras
gera 48 kg de resíduos de serragem e 71 kg de resíduos em formas de tocos de madeira. A
116

empresa B para produzir 380 cadeiras gera 188 kg de serragem e 282 kg de tocos de madeira.
A empresa C para produzir 30 cadeiras gera 17 kg de serragem e 26 kg de tocos de madeiras. Ou
seja, a geração de resíduos na produção de uma cadeira nas EMPRESAS A, B e C
foi de 1.600 Kg de serragem, 3,9 Kg de tocos, sendo gastos no processo 0,048 mᶾ de madeira
para confeccionar três cadeiras, sendo uma cadeira para cada empresa.
Para a produção dos móveis nas três empresas, foi feito a separação da madeira a ser
utilizada para um determinado móvel. Depois o corte das peças, por exemplo de uma cadeira, as
partes são feitas separadamente (pés, encosto, tampo e braços) para depois montar. Quando as
cadeiras estão montadas é feito uma lavagem nas mesmas para a retirada de toda a sujeira e
posteriormente o acabamento com verniz ou cera.
Os indicadores da geração dos resíduos sólidos das indústrias moveleiras foi o
diferencial desse trabalho, visto que os dados do setor com relação a resíduos gerados nas
indústrias moveleiras no Brasil e no mundo são escassos, não sendo possível fazer um
comparativo com essa pesquisa. Futuras pesquisas devem ser feitas para obter mais dados do
setor.
Com relação à análise microbiológica das madeiras utilizadas na fabricação de móveis
rústicos, houve predomínio de contaminação de fungos filamentosos anemófilos em todas as
amostras, sendo estes fungos de baio impacto salutar como agentes infecciosos. Algumas
leveduras podem ser disseminadas pelos resíduos de madeira, mas essas oferecem baixo risco
à saúde humana, já que estão em menores quantidades.
Apesar das espécies de Cryptococcus spp. serem relatas crescendo em madeira em
decomposição, não se pode afirmar que os resíduos de madeira ofereçam riscos de
contaminação por Cryptococcus spp., uma vez que essas espécies não foram encontradas nas
amostras testadas neste estudo.
Na análise da demanda das EMPRESAS A, B e C e na utilização da ferramenta
OWAS, pôde-se identificar que o setor em geral necessita de futuras correções. As atividades
desenvolvidas pelos operadores demonstram que a postura inclinada com ambos braços abaixo
dos ombros e pernas dos operadores eretas, com um esforço de carga inferior a dez quilogramas,
compromete a ergonomia; além de posicionarem inclinados durante todo o período de trabalho.
Como sugestão de correção para as atividades que os operadores ficam inclinados, uma
adaptação nas máquinas em uma altura em que o operador não precise se inclinar para operá-la
seria muito benéfico. Pausas de cinco minutos a cada uma hora trabalhada e a elaboração de
ginástica laboral, de acordo com os critérios recomendados por um fisioterapeuta seriam ideais
para a preservação da saúde dos trabalhadores, reduzindo riscos e acidentes no trabalho.
117

O mapeamento do processo de produção da fabricação dos móveis em relação a tipos


fabricados, quantidade e tempo de produção, além do uso de equipamentos de proteção
individual (EPIs) foram fundamentais para a proposição de melhorias nas empresas. O uso de
EPIs nas indústrias moveleiras não é rigorosamente cumprido pelos funcionários, sendo a bota
o único EPI que todos utilizam. As máscaras, o capacete e os óculos de proteção são utilizados
esporadicamente. É de extrema importância a utilização constante dos óculos de proteção,
devido a exposição dos olhos do operador à poeiras e resíduos de madeira resultantes da
atividade. O Protetor auricular deve ficar em uso devido ao grande barulho que as máquinas
das marcenarias acarretam e as máscaras de carbono são essenciais para a atividade, visto que
o ambiente é propício ao acúmulo de poeira a as máquinas geram muito pó de serragem que
pode prejudicar os trabalhadores ao longo dos anos de continuidade na atividade.
As empresas A, B e C receberam as propostas de melhorias e adequação na geração e
destinação dos resíduos gerados explicitados no item 5.8, para que a atividade dos mesmos
possua mais controle, menos desperdício e eficiência no processo de produção.
A conscientização com relação a questão ambiental nas indústrias moveleiras desse
estudo foi de extrema importância para que os proprietários aceitassem as mudanças que devem
ser feitas para a otimização do processo de produção e diminuição dos resíduos gerados.
Enfim, a visão de aproveitamento e diminuição dos resíduos para a solução dos
problemas do setor e a conscientização e obrigatoriedade por parte dos proprietários da
utilização dos EPIs é condição fundamental para que as empresa do setor ganhem espaço e
lucrem mais com suas atividades corroborando com a questão ambiental e salutar das pessoas
envolvidas na atividade de marcenaria.
118

7. TRABALHOS FUTUROS

Com esta pesquisa, percebeu-se que as atividades ligadas à indústria moveleira são
muito importantes, porém esse setor é um grande gerador de resíduos e os impactos
ambientais ocasionados pela gestão inadequada deles (ou falta de gestão) são graves e
merecem atenção. O setor moveleiro ainda necessita de aprofundamento de estudos na área
uma vez que o impacto ambiental e salutar deste setor é bastante significativo.
Um dos aspectos que merecem atenção e sugestão de pesquisas são os riscos inerentes
a inalação da serragem no processo de fabricação dos móveis, sendo necessário um estudo
sobre a parte aérea do setor levando em consideração a questão da respiração dessas partículas
e a exposição ao pó de madeira pelos profissionais do setor.
Recomenda-se um estudo abrangendo um número maior de empresas participantes,
visto que não foi possível no estudo em questão, pois poucas empresas aceitaram participar.
Isso ajudaria a coletar mais dados sobre o setor para a proposição de soluções inovadoras. A
questão do lay out nas fábricas de madeiras seria relevante um estudo sobre esse arranjo físico
facilitando os processos de corte, montagem e acabamento dos móveis. Desta forma o
processo seria otimizado com menos perdas, mais agilidade e planejamento adequado.
Outro ponto de destaque a ser levado em consideração para pesquisas futuras é com
relação aos resíduos gerados no processo de fabricação de móveis, principalmente na etapa de
corte e separação das madeiras. Notou-se que as perdas e a falta de destino adequado para os
resíduos acarretam maiores desperdícios, pois muitas vezes são feitos cortes em madeiras que
poderiam ser utilizadas que se encontram nas fábricas em algum lugar. Sugestões de uma
gestão eficiente relacionada aos resíduos sólidos da indústria moveleira poderia corroborar
para o crescimento do setor gerando menos resíduos e maior aproveitamento dos mesmos.
Embora pesquisas que utilizam o estudo de caso como metodologia de pesquisa não
permitam generalizar os resultados alcançados, elas podem proporcionar um ponto de partida
para a busca de soluções. Além de identificar possíveis fatores de influência, servem como
base para outros estudos.
Neste trabalho, as experiências vivenciadas pelas empresas estudadas e as melhorias
propostas poderão ser úteis a outras indústrias do segmento de móveis, bem como a
pesquisadores interessados.
119

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129

APÊNDICE 1

Serralherias, Marcenarias e Ind. Moveleiras de Passos

Nome da Empresa Logradouro Nº Bairro

1 Mercado dos Móveis Rústicos LTDA Av: Com. F. Avelino Maia 1829

2 Osalvo Valadão e Osmar dos Santos Rod: MG 050 835 Serra das Brisas

3 MARCENARIA-Rosana de Oliveira Vargas Av. Juca Stockler 2786 São Joaquim

4 Elisabeth Souza de Moura -ME Av: Arouca 232

5 Ruinas do Tempo LTDA Av: Chafariz 2449

6 Roseli dos Santos Cardoso Av: Chafariz 2477 Serra das Brisas

7 Paulo Raimundo de Melo Av: Chafariz 2487

8 Willian Roberto Firmo Av: Chafariz 2507 Serra das Brisas

9 MARCENARIA - Luiz Antonio Pena de Campos Guerino Zaparolli 9 Distrito 1

10 Marcos Benedito Luiz Silva Av: Chafariz 2785

11 MARCENARIA - Roberto Silveira Coelho Av: Chafariz 2846 Serra das Brisas

12 MARCENARIA - Sebastião Paulo Vilela e Outro(s) Av: Chafariz 2855 Serra das Brisas

13 Sebastião Paulo Vilela e outros Av: Chafariz 2855 Serra das Brisas

14 Sebastião Paulo Vilela e outros Av: Chafariz 2859 Serra das Brisas

15 Erica Pereira Costa e outra Av: Chafariz 2869 Serra das Brisas

16 Israel Ferreira dos Reis Av: Chafariz 2902 Serra das Brisas

17 Joao de Freitas Campos Av: Chafariz s/n Serra das Brisas

18 Irene Alves dos Santos Av: Chafariz 2659 Serra das Brisas

19 Wilton Transportes LTDA Av: Chafariz 2795 Serra das Brisas

20 Eduardo Correa do Nascimento Av: Chafariz 2859

21 Henrique Lemos Freire Av: Com. F. Avelino Maia 4409

22 Móveis Rústico Arte Decoração Av: da Estação 210 Coimbras

23 RC Móveis Rústico Av: da Estação 210 Coimbras

24 Pica-Pau Móveis Rústico Av: da Estação 210 Coimbras

25 Adilson Av: da Estação 210 Coimbras

26 Gerseliano Gomes Barbosa Av: da Estação 210

27 Empório Minas Móveis Rústicos Av: da Estação 332 Coimbras

28 N A Móveis Rústicos Av: da Estação 332 Parque da estação

29 Francisnildo Fernandes Alcinio Av: da Estação 210 A Coimbras

30 Jonilson Barbara -ME Av: da Penha 146

31 Liliane Ribeiro de Almeida Av: da Penha 229

32 Marcenaria e Com. Varej. de Madeiras em Geral Av: dos Industriais 125


130

33 Antonio Sergio Carneiro de Oliveira Av: Figueira 45

34 CMP Posto de Molas LTDA-ME Av: Figueira 59

35 Só Cabeçotes LTDA Av: Figueira 60 Serra das Brisas

36 Keila Aparecida de Souza Pereira Av: Figueira 69 Serra das Brisas

37 Antonio Sebastião Costa e outros Av: Figueira 113

38 Antonio Sebastião Costa e outros Av: Figueira 115

39 Paulo Cesar Sillos Av: Figueira 265 Vila romana

40 Jose Maria de Carvalho Av: Figueira 805

41 Joao Raimundo Pereira Av: Figueira s/n

42 Renato Bruzzi- ME Av: JK 1471

43 Paulo Cesar Sillos Av: JK 2039

44 Cruz e Souza indústria e Comercio de Móveis Av: José C.de Andrade 595

45 Madepal Av: Juca Stockler 22 Aclimação

46 RH-Móveis Rústicos LTDA Av: Juca stockler 1333

47 Deise Cristina Av: Juca Stockler 2402 Aclimação

48 Marcenaria Espaço Criativo Av: Juca Stockler 2726 Aclimação

49 Alvorada Móveis Rústicos Av: Otto Krakauer 1130 Santa Casa

50 Andresa Arantes Cardoso ME Av: Otto krakauer 1130

51 Simone Brito Reis Av: Paineiras 2280

52 Paulo Bruno Pereira Vilela Av: Paineiras 2393

53 Lara e Pereira LTDA Av: Paineiras 2406 Serra das Brisas

54 CARPINTARIA - Jose Sebastião Rosa Av: Paineiras 2453 Serra das Brisas

55 Pacheco Móveis Rústicos Av: Paineiras 2513

56 Distribuidora de Beb Nabi Migu Av: Pinheiro 860 Serra das Brisas

57 Marcos dos Reis Bonfim Av: Pinheiro 875

58 INDUSTRIA MOVEIS - Rosana Ferreira de Lima Bonfim Av: Pinheiro 1235 Serra das Brisas

59 João Ronaldo Bonfim Av: Pinheiro 1303 Serra das Brisas

60 Neri Mariade Moraes Camargo Av: Pinheiro 2013 Serra das Brisas

61 Bilhares Ferrari Av: Pinheiro 2117 Serra das Brisas

62 MARCENARIA - José Ronaldo Vicente Av: Pinheiro 2127 Serra das Brisas

63 Conteja LTDA Av: Pinheiro 2159 Serra das Brisas

64 Rodrigo Lemos de Faria Av: Pinheiro 2175 Serra das Brisas

65 Simone Aparecida Costa Silveira Av: Pinheiro 2287 Serra das Brisas

66 Magna Aparecida Rodrigues Av: Pinheiro 2345 Serra das Brisas

67 João Martimiano de Andrade Av: Pinheiro 2357 Serra das Brisas

68 Paulo Bruno Pereira Vilela Av: Pinheiro 2393 Serra das Brisas
131

69 José Maia Borges Av: Pinheiro 2441 381

70 INDUSTRIA MOVEIS - Mirian Louffler Vidal Av: Pinheiro 2461 Serra das Brisas

71 MARCENARIA - Maria Agelune Av: Pinheiro 30, 40 Serra das Brisas

72 FÁBRICA DE MÓVEIS - Wellington Muniz Av: Pinheiro 2461, 2471, 2481 Serra das Brisas

73 Antiguidades Batista Ind. e Com. Av: São Domingos S/N

74 Arte Velha Móveis Rústicos Rua Carlos Suhadolnick 107 Distrito Industrial II

75 Ildo Raimundo de Morais Eireli Est. das Aguas S/N

76 Cimarco Móveis Rústicos Granja Macaúba S/N Passos sentido Glória

77 Antonio Angelo Correa Pça Lúcio Bitencourt 59

78 MARCENARIA A1,C1 -Launio Freire de Castro Junior Pça. Jornalista Antonio Faria 851 Centro

79 Móveis Quirino R: Guerino Zaparoli 49

80 Atelier Mobile R: Alecrim 260

81 Móveis Rústicos Thiago R: Alecrim 261

82 Katiúscia Aparecida de Oliveira Xavier R: Alecrim 261

83 Tiago Móveis Rústicos R: Alecrim 261 Serra das brisas

84 Katiúscia Aparecida de Oliveira Xavier R: Alecrim 271

85 katiúscia Aparecida de Souza Pereira R: Alecrim 273 Serra das Brisas

86 Wagner Alves de Almeida R: Alecrim 275

87 Wagner Alves de Almeida R: Alecrim 277

88 Wagner Alves de Almeida R: Alecrim 279

89 Reges Móveis Rústicos Genaro Joele 400

90 Julio Cesar Rosa Alves Eireli R: Alecrim 333

91 Alves e Freire Marcenaria LTDA R: Alecrim 333 Serra das Brisas

92 MARCENARIA-Antonio Ronaldo Ribeiro R: Alecrim 338 Serra das Brisas

93 Maria Aparecida Campos Lemos ME (Metalferr) R: Alecrim 345 Serra das Brisas

94 Wellington Junior Martins Host R: Alecrim 345 Serra das Brisas

95 Marcos dos Reis Bonfim R: Alecrim 429

96 Marcos dos Reis Bonfim R: Alecrim 429

97 Enio Francisco Pereira- ME ( Milênio Móveis) R: Alecrim 441 Serra das Brisas

98 Rosana Ferreira de Lima Bonfim R: Alecrim 441

99 Marcos dos Reis Bonfim ME ( Móveis Tapera) R: Alecrim 465 Serra das Brisas

100 MARCENARIA - Marcos dos Reis Bonfim R: Alecrim 465 Serra das Brisas

101 JLE Móveis Rústicos R: Alecrim 472 Serra das Brisas

102 Art e Estilo R: Alecrim 525 Serra das Brisas

103 OdairCândidodeCarvalho-ME (SerralheriaCarvalho) R: Alecrim 517e489 Serra das Brisas

104 MARCENARIA - Independência Moveis Ltda R: Antonio Dias Machado Lote 3/4 Distrito Industrial II
132

105 João Augusto de Paula e S/M R: Aroeira 42

106 Distribuidora de Beb Nabi Migu R: Aroeira 96

107 Bruno Monteiro Menor Pubere R: Aroeira 107

108 Stock Móveis Rústicos R: Aroeira 130 Serra das Brisas

109 Marcos dos Reis Bonfim R: Aroeira 130

110 Independência Móveis R: Atenas Jardim panorama

111 Adriana Teixeira R: Bahia 48

112 Raimundo Teodoro do Souto R: Balsamo 67 Serra das Brisas

113 Manancial Móveis Rústicos R: Balsamo 69

114 Roberto de Paula Ribeiro R: Balsamo 69

115 Paulo Raimundo de Melo (Móveis Brasil) R: Balsamo 81

116 Maria Aparecida Ferreira Pinto R: Balsamo 109

117 Mario Jose da Silva R: Balsamo 109

118 Wanderli Barbosa R: Balsamo 110

119 Beleza de Minas R: Balsamo 117

120 MARCENARIA - Marcio Ismael de Paula R: Balsamo 123 Serra das Brisas

121 João Evangelista Pereira R: Balsamo 177

122 Móveis Rústicos São Francisco R: Balsamo 227 Serra das Brisas

123 Silvia Nara dos Reis Daher R: Balsamo 230 Serras das Brisas

124 Ruinas do Tempo LTDA R: Balsamo s/n Serra das Brisas

125 Móveis DU-VALLE LTDA R: Barão de Passos 1265

126 Estação Móveis Rústicos R: Beco Mogiana 85 Parque da estação

127 MARCENARIA - Anna Valadão da Silva R: Boiadeiros 296 São Francisco

128 Moveis 2k Ltda - ME R: Buenos Aires 757

129 Marcenaria Santa Ines LTDA-ME R: Buenos Aires 881 Dos reis

130 Alex Móveis Rústicos R: Canjeranus

131 Arte Mineira Móveis Rústicos R: Carlos Suhadolnick 117

132 Wanderley Vilela Junior R: Cássia 124

133 Neusa Maria Oliveira Costa R: Cerejeira 43 Vila rica

134 Naelson Pinheiro Victor e outros R: Cerejeira 81

135 FÁBRICA DE MÓVEIS - Elane Cristina Vilela Oliveira R: Cerejeira 105 Serra das Brisas

136 Zelia Martins Castro Av: Chafariz 2579 Serra das Brisas

137 Matos e Faria Auto Eletrica LT Av: Chafariz 2663 Serra das Brisas

138 Marcos Antonio Marques da Silva R: Cipreste 44

139 Cipreste Móveis Planejado R: Cipreste 53

140 José Gonçalves Sobrinho R: Cipreste 53


133

141 MARCENARIA - José Gonçalves Sobrinho R: Cipreste 65 Serra das Brisas

142 MARCENARIA - Elisvaldo dos Santos R: Cipreste 65 Serra das Brisas

143 Elite Móveis Rústicos LTDA R: Cipreste 104

144 Wilton Transportes LTDA ME R: Cipreste 116

145 MARCENARIA - João Salmo Lemos R: da Estação 210 Parque da Estação

146 Antonio Donizete da Silva R: das Pitangas 43

147 Alexandre Agur Monteiro - ME R: David Baldini 492

148 Paulo Roberto dos Santos R: do Canape 229

149 Ronaldo Bento Oliveira -EPP R: dos Aimores 1689

150 Irmãos Lemos R: dos Bancários 476

151 Denis Pereira Andrade R: dos Caetes 296

152 Simone Aparecida Carneiro G.P R: dos Comerciantes 85

153 Flavio Divio Gutemberg Pinto R: dos Comerciantes 85

154 MARCENARIA - Paulo Cesar Lage Guerra R: dos Fazendeiros 177 Mons. Messias Bragança

155 Celida Aparecida Padua Firmo R: Ébano 162

156 JC Cozinha LTDA R: Eucalipto 215

157 MARCENARIA - Etore Marcelo Rodrigues R: Farid Esper Kallas 279 Vila Romana

158 MARCENARIA - Gestcom Informatica R: Genaro Joele 160 Distrito Industrial I

159 Alessandro de Lima Garlati R: Geraldo da Silva Maia 126

160 CM. E IND. de Móveis Alves e Comercio Atacadista R: Goiás 684

161 Rodrigo Antonio Oliveira R: Goiás 684

162 Correa Móveis R: Goiás 686 Santa luzia

163 Mauro Ferreira dos Reis R: Goiás 686

164 Mauro Jorge da Silva R: Goiás 688

165 Lazaro Augusto da Silva - ME R: Guapé 926

166 MARCENARIA - Gilberto Augusto da Silva R: Guapé 961 N.Sra.Fátima

167 Móveis Arte velha R: Guapé 971

168 MARCENARIA - Marcenaria Círio de Nazaré R: Guapé 1175 N.Sra.Fátima

169 Luiz Walter de Souza R: Guerino Zaparoli 9

170 Móveis Rústicos 3 Amigos R: Guerino Zaparoli 47

171 MARCENARIA - Joaquim Afonso Pereira R: Isaura Prado Kallas 261 Vila Romana

172 Otaviano Zaghi Filho R: Jacarandá 92 Serra das Brisas

173 Jose Ronaldo Vicente R: Jacarandá 93

174 Donizete Paula Ribeiro R: Jacarandá 107

175 Glayson Godoy Maia R: Jacarandá 121

176 Maurilio Cardoso R: Jacarandá 122 Serra das Brisas


134

177 Antonio Sebastião Costa e outros R: Jacarandá 142 Serra das brisas

178 RG Móveis Rústicos R: Jacarandá 177

179 CMP Posto de Molas LTDA-ME R: Jacarandá S/N

180 Cooperativa de Transporte Rod. R: Jacarandá S/N Serra das Brisas

181 Domingos de Matteo R: Jacarandá s/n

182 Fabricio Cristino Dutra R: Joaquim Piantino 139 São benedito

183 Antonio dos Reis Santana R: Joaquim Piantino 231

184 Clesio Rodrigues Gomes R: Joaquim Piantino 312

185 Aparecida dos Reis Pereira Alves R: José Merchioratto 271

186 Jose de A Rocha- MEI R: Lampião 48

187 Junior Urias Gomes R: Laranjeiras 42

188 A A Industria Móveis Rústicos R: Laranjeiras 47 Serra das Brisas

189 Janio Felipe Gomes R: Laranjeiras 54

190 Nilma Agege Pimenta dos Santos R: Laranjeiras 66

191 Carlos Eduardo Sousa Couto 082 R: Laranjeiras 78

192 Ruinas do Tempo LTDA R: Laranjeiras 78

193 Eberth Magela de Souza Me R: Laranjeiras 90

194 Maria Marcolina Tame Monteiro R: Leopoldina 150

195 Dayane Talita Alves dos Reis R: Limoeiro 47 Serra das Brisas

196 Roseli Aparecida Ferreira Alves R: Limoeiro 59 Serra das Brisas

197 MARCENARIA - Paulo Cesar Mendes R: Limoeiro 97 Serra das Brisas

198 Ruinas do Tempo LTDA R: Limoeiro 110

199 J Dnunes Ind e Com de Móveis R: Limoeiro 110

200 Ruinas do Tempo LTDA R: Limoeiro 130 Serra das Brisas

201 Móveis Rústico Odilon R: Mogiana 1450 Pq da Estação

202 Luizio da Fonseca R: Ouro Preto 851

203 Marcenaria Borges R: Paineiras 2442 Serra das Brisas

204 Dellart Móveis Rústicos R: Paineiras 2453 Serra das Brisas

205 Peroba Rosa Móveis R: Paineiras 2481 Serra das Brisas

206 Madeireira - Benedito Alves Ferreira R: Paineiras 2513 Serra das Brisas

207 Móveis Rústicos Pereira R: Palmeiras 140 Serra das Brisas

208 Paulo Henrique de Carvalho R: Palmeiras 200

209 Paulo Raimundo de Melo R: Palmeiras 207

210 PA Móveis Rústicos Tora R: Palmeiras 221 Serra das Brisas

211 Dayane Talita Alves dos Reis R: Palmeiras 314

212 Conteja LTDA R: Palmeiras 343


135

213 Paulo Raimundo de Melo R: Palmeiras 482

214 Naylla Cristina Pereira Costa R: Palmeiras 499

215 Naylla Cristina Pereira Costa R: Palmeiras 501

216 Nailla Cristina Pereira Costa R: Palmeiras 501

217 INDUSTRIA MOVEIS - Najylla Cecilia Pereira Costa R: Palmeiras 503 Serra das Brisas

218 Juscimar Proença Franca R: Palmeiras 535 Serra das Brisas

219 Comercio de Madeiras Brasil LT R: Palmeiras 544 Serra das Brisas

220 Ruínas do Tempo LTDA R: Palmeiras 556

221 Samuel Damascena Maia R: Palmeiras 602 Serra das Brisas

222 Paulo Henrique de Carvalho R: Palmeiras 614

223 Luiz Goulart Silva R: Palmeiras 626

224 Monteiro e Cardoso Marcenria R: Palmeiras 626

225 Benedito Roberto dos Reis R: Palmeiras 633 Serra das Brisas

226 Paulo Raimundo de Melo e S/M R: Palmeiras 640

227 Sergio Pereira R: Palmeiras 655 Jardim Alvorada/Itau

228 FÁBRICA DE MÓVEIS - Marcelo Silva Coimbra R: Palmeiras 2453 Coimbras

229 Carpintaria Bela Vista LTDA R: Pará 1762

230 Marcenaria e Decorações Passos R: Parana 94

231 Espaço-D Intermoveis Ind. E Com de Móveis R: Pernambuco 319

232 Móveis Rústicos Panorama R: Pinho 30 Serra das Brisas

233 SLS Móveis Rústicos R: Pinho 225 Serra das Brisas

234 Chaquine e Cia LTDA-ME R: Piumhi 28

235 Evandro Martins da Silva-ME R: Ponta Porã 306

236 Gilbertodos Santos Gonçalves R: Quinca Lúcio 201

237 Móveis Rústicos Melinho R: Rio Grande do Sul S/N Bela vistall

238 Monjolo Moveis Rústicos LTDA R: Saldanha da Gama 235

239 Marcenaria e Fábrica de Móveis Rústicos R: Saldanha da Gama 235

240 Carpintaria Nossa Senhora da P R: Santa Catarina 468

241 Afonso Lopes da Silva R: Santo Anibali M Di Franci 270

242 Fabio Minchillo Junior e outros R: Seringueira 61

243 Diego Cassiano Silva R: Seringueira 91

244 Dinosauro Móveis Rústicos R: Seringueira 207 Serra das Brisas

245 Wilson Transporte e Logistica R: Sete de Setembro 1085

246 Heitor Lanati Junior e CIA LTD R: Sibipiruna 70

247 MARCENARIA - Gelson Ferreira Cardoso R: Sibipiruna 82 Serra das Brisas

248 Transerre transporte e logistica R: Sibipiruna 117


136

249 Geraldo Ferreira Diniz R: Três de Maio 150

250 P. Roberto de Adrade-ME R: Três de Maio 355

251 RA R: Três de Maio 367 Centro

252 MARCENARIA - Dalva Ferreira da Cunha R: Vereador Joaquim de P Lemos 359 Centro

253 MARCENARIA - J.B. Conte do Brasil e Cia Ltda Rod: MG 050 103 Loteament N. Horizonte

254 COMERCIO DE MOVEIS - J.B. Conte Cia Ltda Rod: MG 050 200 N.Sra.Graças

255 Auto Passos Rod: MG 050 575 Serra das Brisas

256 MOVEIS RUSTICOS - Claudio Pimenta Mattar Rod: MG 050 662 Serra das Brisas

257 Joao Deodato Filho Rod: MG 050 693 Serra das Brisas

258 Edson Esper Pimenta Rod: MG 050 735

259 Edson Esper Pimenta Rod: MG 050 763 Serra das Brisas

260 Madeireira e Marcenaria Santa Clara Rod: MG 050 782 serra verde

261 Pedro Caran Rod: MG 050 783 Serra das Brisas

262 Jose Maria de Carvalho Rod: MG 050 805 Serra das Brisas

263 Julio Lopes Cançado Rod: MG 050 809

264 Julio Lopes Cançado Rod: MG 050 815

265 INDUSTRIAL 1,-2 - Martins e Valadão Rod: MG 050 835 Serra das Brisas

266 R.A Móveis Rústicos LTDA Rod: MG 050 849

267 Osvaldo Martiniano Ferreira Rod: MG 050 849 Serra das Brisas

268 Base Vieitz Admin de Bens Rod: MG 050 855 Serra das Brisas

269 Jaqueline Apareciida Martins Rod: MG 050 855 Serra das Brisas

270 João Moreira da Cunha Rod: MG 050 865 Serra das Brisas

271 MARCENARIA - José de Fátimo Alves Maia Rod: MG 050 870 Serra das Brisas

272 INDUSTRIA MOVEIS - Muradas Ltda Rod: MG 050 885 Serra das Brisas

273 Juarez Francisco Duarte e outros Rod: MG 050 895 Serra das Brisas

274 MARCENARIA - Braz Assis dos Santos Rod: MG 050 904 Serra das Brisas

275 FÁBRICA DE MÓVEIS - Braz Assis dos Santos Rod: MG 050 904 Serra das Brisas

276 Julio Cesar Lemos Rod: MG 050 925

277 Julio Cesar Lemos Rod: MG 050 945

278 Julio Cesar Lemos Rod: MG 050 975 Serra das Brisas

279 G.G Móveis rústicos LTDA Rod: MG 050 1001 Serra das Brisas

280 João Freitas Campos Rod: MG 050 1001 Serra das Brisas

281 Jose Benedito de Melo Rod: MG 050 1015 Serra das Brisas

282 Marcenaria Andrade Rod: MG 050 1027 Serra das Brisas

283 Branco Moveis Rusticos Rod: MG 050 1034 Serra das Brisas

284 ACP Móveis Rústicos Rod: MG 050 1048 Serra das Brisas
137

285 Ponta da Serra Empreendimentos Rod: MG 050 1051 Serra das Brisas

286 Ponta da Serra Empreendimentos Rod: MG 050 1067 Serra das Brisas

287 Ponta da Serra Empreendimentos Rod: MG 050 1079 Serra das Brisas

288 Tome Nivaldo Santos Vilela Rod: MG 050 1101 Serra das Brisas

289 Moveis Rústicos Tora Bombeiro Antonio Adelino Gomes Rod: MG 050 S/N saída p/furnas

290 Móveis Rústicos Ideal LTDA Rod: MG 050 S/N

291 Podium Móveis Rústicos Rod: MG 050

292 A A Móveis Rústicos Rod: MG 050(Furnas) Serra das Brisas

293 Samara Móveis Rústicos Serra das brisas

294 Móveis Rústicos Stylo Ltda. Genaro joele 140 Distrito Industrial I

295 G & A Móveis Rústicos Rod: MG 050 722 Serra das Brisas

FONTE: SINDICOM - fev/2018


138

APÊNDICE 2

Doutorado em Tecnologia Ambiental


Pesquisadora: Adriana Carvalho de Menezes Dendena
Professora Orientadora: Drª Luciana Rezende Alves de Oliveira

Formulário: Geração, armazenamento e descarte de resíduos da indústria moveleira

Objetivo da pesquisa:
Caracterização dos resíduos de madeira gerados a partir de sobras do corte de peças nas
indústrias moveleiras da cidade de Passos, que utilizam de madeira de demolição na fabricação
dos móveis.
Notas:
 Não serão divulgados nomes das empresas pesquisadas;
 As informações solicitadas neste questionário têm por objetivo o gerenciamento do
volume gerado de resíduos moveleiro oriundos do processo do corte de peças para
fabricação de móveis.
 Os resultados da pesquisa serão divulgados a todas as participantes pesquisadas através
da disponibilização da tese final.

FORMULÁRIO:

1.Nome da empresa: (opcional) _________________________________________

2.Nome do responsável pelas informações prestadas: _______________________

3.Setor e cargo: _____________________________________________________

4.Data inicial da pesquisa: ____/____/___ Data final da pesquisa: ____/___/_____

5.Quantidade TOTAL de funcionários na empresa. _________________

6.Quantidade de profissionais em cada setor: Criação _____, vendas______,


produção________. Caso haja outro setor citar.

7.Porte da empresa: ( )Microempresa; ( ) Pequeno; ( ) Médio; ( ) Grande.

8.Tipos de móveis produzidos:( )Cadeiras;( )Mesas;( )Bancos de jardim;( ) Cristaleiras;(


)Aparadores;( )Camas;( )Outros.

9.Volume Total de produção mensal em peças: __________


139

10.Volume de produção por peças: quantidade de: ____ cadeiras; _____ mesas; por mês ou
por semana.

11.Qual o tempo de produção de cada móvel? ___ cadeiras/ _____dias;


_____ mesas/ _____dias.

12. Madeira utilizada:( ) Peroba;( ) Eucalipto;( )Canafístula;( )Demolição;( )Outros.

13.Os profissionais do setor de produção fizeram quais cursos na área? (Marque a quantidade
de profissionais que fizeram algum curso e a quantidade de funcionários que não fizeram): ( )
Possuem curso na área; ( )Não possuem curso na área.

14.Quais os resíduos gerados? ( )Serragem;( )Toco de madeiras;( )Água;( ) Tinta; ( ) Verniz;


( )Outros.

15.Os profissionais do setor de produção utilizam de EPI/s? Quais? ( )Capacete;( ) Óculos de


proteção; ( )Protetor auricular; ( )Outros.

16.Como os profissionais adquiram o conhecimento das técnicas das atividades desenvolvidas


no setor? ( ) Foram treinados pela empresa; ( ) Fizeram curso de formação técnica;( ) Fizeram
graduação; ( ) Fizeram treinamentos por empresas externas.

17.Numere (1,2, e 3) segundo o grau de relevância determinante na hora da compra da madeira.


( ) Preço; ( ) Qualidade; ( ) Questões ambientais.

18.A empresa possui política de meio ambiente? ( ) Sim; ( ) Não.


Se sim citar quais: ____________________________________________________

19.Qual a porcentagem (%) dos resíduos gerados na empresa são descartados corretamente?
(Porcentagem aproximada) _______________________________

20. Como é feito o descarte das sobras das madeiras vindas das atividades do corte? ( )As
madeiras são separadas conforme o tamanho para serem reaproveitadas; ( )As madeiras são
reunidas num recipiente e depois vendidas; ( ) As madeiras são reunidas num recipiente e
doados a comunidade externa; ( ) A serragem é recolhida por uma empresa; ( ) Outros (citar):

21.O processo de corte é manual ou automatizado? __________________________

22.Aparecem animais (escorpião, ratos, etc.) na fábrica? E nas madeiras?__________

23.Algum funcionário já foi picado por escorpião ou adquiriu doenças relacionadas ao trabalho?
140

APÊNDICE 3

Indústrias Moveleiras de Passos

Nome da Empresa Logradouro Nº Bairro

1 Mercado dos Móveis Rústicos LTDA Av: Com. F. Avelino Maia 1829

2 MARCENARIA-Rosana de Oliveira Vargas Av. Juca Stockler 2786 São Joaquim

3 Ruinas do Tempo LTDA Av: Chafariz 2449

4 MARCENARIA - Luiz Antonio Pena de Campos Guerino Zaparolli 9 Distrito 1

5 MARCENARIA - Roberto Silveira Coelho Av: Chafariz 2846 Serra das Brisas

6 MARCENARIA - Sebastião Paulo Vilela e Outro(s) Av: Chafariz 2855 Serra das Brisas

7 Móveis Rústico Arte Decoração Av: da Estação 210 Coimbras

8 RC Móveis Rústico Av: da Estação 210 Coimbras

9 Pica-Pau Móveis Rústico Av: da Estação 210 Coimbras

10 Gerseliano Gomes Barbosa Av: da Estação 210

11 Empório Minas Móveis Rústicos Av: da Estação 332 Coimbras

12 N A Móveis Rústicos Av: da Estação 332 parque da estação

13 Marcenaria e Com. Varej. de Madeiras em Geral Av: dos Industriais 125

14 Cruz e Souza indústria e Comercio de Móveis Av: José C.de Andrade 595

15 RH-Móveis Rústicos LTDA Av: Juca stockler 1333

16 Marcenaria Espaço Criativo Av: Juca Stockler 2726 Aclimação

17 Alvorada Móveis Rústicos Av: Otto Krakauer 1130 Santa Casa

18 Lara e Pereira LTDA Av: Paineiras 2406 Serra das Brisas

19 CARPINTARIA - Jose Sebastião Rosa Av: Paineiras 2453 Serra das Brisas

20 Pacheco Móveis Rústicos Av: Paineiras 2513

21 INDUSTRIA MOVEIS - Rosana Ferreira de Lima Bonfim Av: Pinheiro 1235 Serra das Brisas

22 MARCENARIA - José Ronaldo Vicente Av: Pinheiro 2127 Serra das Brisas

23 INDUSTRIA MOVEIS - Mirian Louffler Vidal Av: Pinheiro 2461 Serra das Brisas

24 MARCENARIA - Maria Agelune Av: Pinheiro 30, 40 Serra das Brisas

25 FÁBRICA DE MÓVEIS - Wellington Muniz Av: Pinheiro 2461, 2471, 2481 Serra das Brisas

26 Arte Velha Móveis Rústicos Rua Carlos Suhadolnick 107 Distrito Industrial II

27 MARCENARIA A1,C1 -Launio Freire de Castro Junior Pça. Jornalista Antonio Faria 851 Centro

28 Móveis Quirino R: Guerino Zaparoli 49

29 Atelier Mobile R: Alecrim 260


141

30 Móveis Rústicos Thiago R: Alecrim 261

31 Tiago Móveis Rústicos R: Alecrim 261 serra das brisas

32 Reges Móveis Rústicos Genaro Joele 400

33 Alves e Freire Marcenaria LTDA R: Alecrim 333 Serra das Brisas

34 MARCENARIA-Antonio Ronaldo Ribeiro R: Alecrim 338 Serra das Brisas

35 Marcos dos Reis Bonfim R: Alecrim 429

36 Enio Francisco Pereira- ME ( Milênio Móveis) R: Alecrim 441 Serra das Brisas

37 Marcos dos Reis Bonfim ME ( Móveis Tapera) R: Alecrim 465 Serra das Brisas

38 MARCENARIA - Marcos dos Reis Bonfim R: Alecrim 465 Serra das Brisas

39 JLE Móveis Rústicos R: Alecrim 472 Serra das Brisas

40 MARCENARIA - Independência Moveis Ltda R: Antonio Dias Machado Lote 3/4 Distrito Industrial II

41 Stock Móveis Rústicos R: Aroeira 130 Serra das Brisas

42 Independência Móveis R: Atenas Jardim panorama

43 Manancial Móveis Rústicos R: Balsamo 69

44 Paulo Raimundo de Melo (Móveis Brasil) R: Balsamo 81

45 MARCENARIA - Marcio Ismael de Paula R: Balsamo 123 Serra das Brisas

46 Móveis Rústicos São Francisco R: Balsamo 227 Serra das Brisas

47 Silvia Nara dos Reis Daher R: Balsamo 230 Serras das Brisas

48 Ruinas do Tempo LTDA R: Balsamo s/n Serra das Brisas

49 Móveis DU-VALLE LTDA R: Barão de Passos 1265

50 Estação Móveis Rústicos R: Beco Mogiana 85 Parque da estação

51 MARCENARIA - Anna Valadão da Silva R: Boiadeiros 296 São Francisco

52 Moveis 2k Ltda - ME R: Buenos Aires 757

53 Marcenaria Santa Ines LTDA-ME R: Buenos Aires 881 Dos reis

54 Alex Móveis Rústicos R: Canjeranus

55 Arte Mineira Móveis Rústicos R: Carlos Suhadolnick 117

56 FÁBRICA DE MÓVEIS - Elane Cristina Vilela Oliveira R: Cerejeira 105 Serra das Brisas

57 Cipreste Móveis Planejado R: Cipreste 53

58 MARCENARIA - José Gonçalves Sobrinho R: Cipreste 65 Serra das Brisas

59 MARCENARIA - Elisvaldo dos Santos R: Cipreste 65 Serra das Brisas

60 Elite Móveis Rústicos LTDA R: Cipreste 104

61 MARCENARIA - João Salmo Lemos R: da Estação 210-???? Parque da Estação

62 MARCENARIA - Paulo Cesar Lage Guerra R: dos Fazendeiros 177 Mons. Messias Bragança

63 MARCENARIA - Etore Marcelo Rodrigues R: Farid Esper Kallas 279 Vila Romana

64 MARCENARIA - Gestcom Informatica R: Genaro Joele 160 Distrito Industrial I

65 CM. E IND. de Móveis Alves e Comercio Atacadista R: Goiás 684


142

66 Correa Móveis R: Goiás 686 Santa luzia

67 MARCENARIA - Gilberto Augusto da Silva R: Guapé 961 N.Sra.Fátima

68 Móveis Arte velha R: Guapé 971

69 MARCENARIA - Marcenaria Círio de Nazaré R: Guapé 1175 N.Sra.Fátima

70 Móveis Rústicos 3 Amigos R: Guerino Zaparoli 47

71 MARCENARIA - Joaquim Afonso Pereira R: Isaura Prado Kallas 261 Vila Romana

72 A A Industria Móveis Rústicos R: Laranjeiras 47 Serra das Brisas

73 Carlos Eduardo Sousa Couto 082 R: Laranjeiras 78

74 Ruinas do Tempo LTDA R: Laranjeiras 78

75 MARCENARIA - Paulo Cesar Mendes R: Limoeiro 97 Serra das Brisas

76 Ruinas do Tempo LTDA R: Limoeiro 110

77 J Dnunes Ind e Com de Móveis R: Limoeiro 110

78 Ruinas do Tempo LTDA R: Limoeiro 130 Serra das Brisas

79 Móveis Rústico Odilon R: Mogiana 1450 Pq da Estação

80 Marcenaria Borges R: Paineiras 2442 Serra das Brisas

81 Dellart Móveis Rústicos R: Paineiras 2453 Serra das Brisas

82 Peroba Rosa Móveis R: Paineiras 2481 Serra das Brisas

83 Madeireira - Benedito Alves Ferreira R: Paineiras 2513 Serra das Brisas

84 Móveis Rústicos Pereira R: Palmeiras 140 Serra das Brisas

85 PA Móveis Rústicos Tora R: Palmeiras 221 Serra das Brisas

86 INDUSTRIA MOVEIS - Najylla Cecilia Pereira Costa R: Palmeiras 503 Serra das Brisas

87 Ruínas do Tempo LTDA R: Palmeiras 556

88 Monteiro e Cardoso Marcenria R: Palmeiras 626

89 FÁBRICA DE MÓVEIS - Marcelo Silva Coimbra R: Palmeiras 2453 Coimbras

90 Marcenaria e Decorações Passos R: Parana 94

91 Espaço-D Intermoveis Ind. E Com de Móveis R: Pernambuco 319

92 Móveis Rústicos Panorama R: Pinho 30 Serra das Brisas

93 SLS Móveis Rústicos R: Pinho 225 Serra das Brisas

94 Móveis Rústicos Melinho R: Rio Grande do Sul S/N Bela vistall

95 Monjolo Moveis Rústicos LTDA R: Saldanha da Gama 235

96 Marcenaria e Fábrica de Móveis Rústicos R: Saldanha da Gama 235

97 Carpintaria Nossa Senhora da P R: Santa Catarina 468

98 MARCENARIA - Gelson Ferreira Cardoso R: Sibipiruna 82 Serra das Brisas

99 MARCENARIA - Dalva Ferreira da Cunha R: Vereador Joaquim de P Lemos 359 Centro

100 MARCENARIA - J.B. Conte do Brasil e Cia Ltda Rod: MG 050 103 Loteament N. Horizonte

101 COMERCIO DE MOVEIS - J.B. Conte Cia Ltda Rod: MG 050 200 N.Sra.Graças
143

102 Auto Passos Rod: MG 050 575 Serra das Brisas

103 MOVEIS RUSTICOS - Claudio Pimenta Mattar Rod: MG 050 662 Serra das Brisas

104 Madeireira e Marcenaria Santa Clara Rod: MG 050 782 serra verde

105 INDUSTRIAL 1,-2 - Martins e Valadão Rod: MG 050 835 Serra das Brisas

106 R.A Móveis Rústicos LTDA Rod: MG 050 849

107 MARCENARIA - José de Fátimo Alves Maia Rod: MG 050 870 Serra das Brisas

108 INDUSTRIA MOVEIS - Muradas Ltda Rod: MG 050 885 Serra das Brisas

109 FÁBRICA DE MÓVEIS - Braz Assis dos Santos Rod: MG 050 904 Serra das Brisas

110 G.G Móveis rústicos LTDA Rod: MG 050 1001 Serra das Brisas

111 Marcenaria Andrade Rod: MG 050 1027 Serra das Brisas

112 Branco Moveis Rusticos Rod: MG 050 1034 Serra das Brisas

113 ACP Móveis Rústicos Rod: MG 050 1048 Serra das Brisas

114 Moveis Rústicos Tora ? Bombeiro Antonio Adelino Gomes Rod: MG 050 S/N saída p/furnas

115 Móveis Rústicos Ideal LTDA Rod: MG 050 S/N

116 Podium Móveis Rústicos Rod: MG 050

117 A A Móveis Rústicos Rod: MG 050(Furnas) Serra das Brisas

118 Samara Móveis Rústicos Serra das brisas

119 Móveis Rústicos Stylo Ltda. Genaro joele 140 Distrito Industrial I

120 G & A Móveis Rústicos Rod: MG 050 722 Serra das Brisas
144

APÊNDICE 4

LEVANTAMENTO INICIAL DAS 15 EMPRESAS SELECIONADAS


ALEATORIAMENTE

TOTAL DE
FUNCIO- PRODUÇÃO
EMPRESAS NÁRIOS PORTE DA EMPRESA MÓVEIS (peças) TIPO DE MADEIRA TIPOS DE RESÍDUOS
Peroba, eucalipto e
EMPRESA 1 30 Grande Todos 100 demolição Serragem e Toco
Peroba, eucalipto, cedro e Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 2 33 Grande Todos 900 canafistula verniz e cera
Peroba, eucalipto, Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 3 15 Micro empresa Todos 70 demolição e canafístula verniz e cera
Peroba, eucalipto, Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 4 9 Pequeno Todos 60 demolição e canafístula verniz e cera
Peroba e madeira de Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 5 6 Pequeno Todos 30 demolição verniz e cera
EMPRESA 6 7 Pequeno Todos 250 Peroba e canafístula Serragem, toco, agua e cera
Peroba, eucalipto e Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 7 7 Pequeno Todos 160 garapeira verniz e cera
Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 8 5 Pequeno Todos 30 Peroba e Demolição verniz e cera
Peroba, eucalipto, Serragem, toco, água, tinta e
EMPRESA 9 4 Pequeno Todos 100 canafístula e cedro verniz
EMPRESA 10 4 Pequeno Todos 200 Peroba Serragem e toco
Serragem, toco, água, tinta,
EMPRESA 11 3 Pequeno Todos 150 Peroba e canafístula verniz e cera
Peroba, eucalipto,
EMPRESA 12 13 Micro empresa Todos 150 demolição e canafístula Serragem, toco e tinta
EMPRESA 13 8 Micro empresa Todos 200 Peroba Serragem, toco, água e verniz
EMPRESA 14 14 Micro empresa Todos 700 Peroba e demolição Serragem, toco, verniz e cera
Peroba, canafístula e
EMPRESA 15 12 Micro empresa Todos 120 demolição Serragem e toco
144

Continuação

RELEVÂNCIA
COMPRA
QDE DE EPIs DA % DE
QUE MADEIRA RESÍDUOS
EMPRESAS UTILIZAM (*) GERADOS ANIMAIS
EMPRESA 1 2a4 2;3;1 100% Raramente
EMPRESA 2 2a4 1;2;3 90% às vezes
EMPRESA 3 2a4 3;2;3 100% Sim

Sem
EMPRESA 4 2a4 3;2;3 conhecimento Sim

Sem
EMPRESA 5 2a4 2;2;2 conhecimento Sim
EMPRESA 6 1e3 3;3;2 100% Sim

Sem
EMPRESA 7 2a4 1;2;3 conhecimento Sim

Sem
EMPRESA 8 2a4 1;2;1 conhecimento Sim
EMPRESA 9 2a4 2;3;1 0% às vezes
EMPRESA 10 2a4 1;2;3 50% Não

Sem
EMPRESA 11 2a4 2;1;3 conhecimento Raramente
EMPRESA 12 2e4 2;1;3 100% Sim
EMPRESA 13 2a4 1;2;3 100% Sim

Sem
EMPRESA 14 2a4 2;1;3 conhecimento Sim
EMPRESA 15 2a4 1;2;3 15% Sim

(*)
1 - PREÇO
2 - QUALIDADE
3 - QUESTÕES AMBIENTAIS

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