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Aços Estruturais: Características e Aplicações

1) O documento discute os materiais de aço utilizados em estruturas, incluindo suas propriedades e aplicações. 2) É destacado que os aços estruturais possuem alta resistência e ductilidade, permitindo diversas formas geométricas em estruturas. 3) Também são apresentadas as vantagens e desvantagens do uso de aço em estruturas.
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Aços Estruturais: Características e Aplicações

1) O documento discute os materiais de aço utilizados em estruturas, incluindo suas propriedades e aplicações. 2) É destacado que os aços estruturais possuem alta resistência e ductilidade, permitindo diversas formas geométricas em estruturas. 3) Também são apresentadas as vantagens e desvantagens do uso de aço em estruturas.
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04/10/2022 22:53 IESB

Unidade 01
Aula 01

Condições Gerais de Projeto, Ações


Estruturais e Materiais de Ligação

Introdução
O aço é um material de construção utilizado em diversas estruturas fixas, como as edificações, e em
estruturas móveis, como máquinas e equipamentos. Para esses casos, destacam-se os aços
estruturais, que possuem características como alta resistência, ductilidade, soldabilidade etc,
proporcionando aos arquitetos, engenheiros e projetistas o desenvolvimento de estruturas com
diversas formas geométricas, capazes de suportar grandes solicitações de carregamentos. Apesar
das conhecidas vantagens das estruturas metálicas, elas também possuem características com as
quais devem-se ter cuidado. Sabia que por ser consideravelmente mais leves que estruturas de
concreto, as estruturas metálicas podem “levantar vôo”? Isto é causado por efeito de sucção e
acontece muitas vezes em situações de tempestades de vento. Aqui iremos começar a entender o
aço estrutural e você irá começar a se preparar para os temas mais específicos que tratam do
dimensionamento de estruturas metálicas.

A execução de uma estrutura, equipamento ou peça é feita com informações suficientes e com
precisão das dimensões, quantidades e natureza das peças do produto a ser fabricado. Ao conjunto
de especificações, cálculos estruturais, desenhos de projeto, de fabricação e de montagem chama-
se de projeto. Um projeto de Engenharia deve ser claro, conciso e bem detalhado. Você sabia que,
de acordo com dados estatísticos, mais de 20% dos problemas em estruturas civis no Brasil são
decorrentes de erros de projeto ou falta de clareza nos detalhamentos? Em estruturas metálicas,
onde preza-se pela alta precisão das medidas e utiliza-se de um material nobre, é muito importante
que a etapa projeto seja devidamente valorizada.

Ao final desta aula, você será capaz de:

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identificar os aços estruturais, mostrando os conceitos e características mecânicas;


conhecer os principais itens das condições gerais de um projeto, apresentando seus conceitos.

Aços estruturais
Aços são materiais metálicos compostos basicamente de ferro e carbono, podendo ter elementos
de liga adicionados propositadamente ou residuais, decorrentes do processo de sua produção.

Depois do ferro, o carbono é o elemento mais importante, pois exerce o maior efeito nas
propriedades do aço, como resistência mecânica e ductibilidade.  O teor de carbono situa-se entre
0,008 e 2,000 %.

Segundo Bellei (2004), os aços utilizados em estruturas são divididos em dois grupos: aços carbono
e aços de baixa liga.

Os aços carbono são os mais usuais, nos quais o aumento de resistência é produzido pelo carbono e,
em menor escala, pela adição de manganês. O aumento do teor de carbono eleva a resistência e a
dureza, porém reduz a ductibilidade, resultando em aço mais quebradiço. A soldabilidade também
reduz com o aumento do carbono.

Em estruturas usuais, utiliza-se aços com teor de carbono equivalente máximo de 0,45%. O aço
ASTM A36 é um dos aços carbono mais usados em estruturas.

Os aços de baixa liga são os aços carbono acrescido de elementos de liga em pequena quantidade,
tais como: nióbio, cobre, manganês, silício etc. Esses elementos de liga permitem obter resistência
elevada e boa soldabilidade, com um teor de carbono da ordem de 0,2%. O aço ASTM A572 é um
dos aços de baixa liga e elevada resistência mecânica muito utilizado em estruturas.

Segundo Bellei (2004), os aços de baixa liga podem ter alta resistência mecânica e alta resistência à
corrosão atmosférica se alterarmos sua composição química e adicionarmos alguns componentes
como vanádio, cromo, cobre, níquel e alumínio.  Esses aços são conhecidos como aços patináveis. O
aço ASTM A588 é um dos aços de baixa liga, alta resistência mecânica e resistente à corrosão,
utilizado em estruturas.

Os aços estruturais possuem características que os qualificam como material apropriado para
aplicação em construção de estruturas metálicas. A utilização desses aços possui muitas vantagens,
mas alguns cuidados devem ser tomados e observados.

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SAIBA MAIS
O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) disponibiliza em seu site várias
publicações de artigos, manuais e revistas sobre construções em estruturas metálicas.
Conheça mais sobre os aços estruturais em:

<http://www.cbca-acobrasil.org.br/site/acos-estruturais/>

A seguir, são mostradas algumas vantagens e desvantagens da utilização do aço estrutural.

Vantagens
A maior parte da fabricação das estruturas é feita em ambiente industrial, possibilitando alto
controle de qualidade dos produtos acabados e garantindo precisão milimétrica.

Segundo Pinheiro (2005), a aplicação do aço estrutural possibilita execução de obras mais rápidas e
limpas, garantindo dimensões e propriedades dos materiais.  Em caso de necessidade, pode-se
desmontar as estruturas e montá-las, posteriormente, em outro local. Possibilita também o
reaproveitamento dos materiais em estoque, ou mesmo, sobras de obra.

Devido à alta resistência mecânica do aço estrutural, sua aplicação possibilita a execução de
estruturas para vencer grandes vãos relativamente leves, comparadas com outros materiais de
construção como o concreto. Isso propicia execução de fundações menores.

Como os aços possuem alta resistência mecânica e tenacidade, são materiais resistentes à vibração
e a choques.

Desvantagens
A produção das peças metálicas possui processos de corte, furação, soldagem e dobramento que
necessitam de equipamentos especiais, exigindo a execução em fábrica. As peças necessitam ser
transportadas para o destino final da obra e as dimensões e/ou pesos das partes da estrutura
possuem limites estabelecidos para transitar nas rodovias.

Os elementos de aço são suscetíveis à corrosão atmosférica, portanto necessitando de proteção,


como tintas. Como descrito anteriormente, os aços patináveis são resistentes à corrosão
atmosférica, porém, dependendo da agressividade do local, necessitam de pintura ou outro método
de proteção contra a corrosão.

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Para a execução dos processos de produção dos elementos de aço, há necessidade de mão de obra e
equipamentos especializados.

Em alguns locais, há limitação de fornecimento de perfis estruturais.

Aços para perfis, barras e chapas


Segundo a NBR 8800 (2008), os aços usados em perfis, barras e chapas são aqueles com
qualificação estrutural que possuem resistência ao escoamento máxima de 450 MPa e relação
entre resistências à ruptura (fu) e ao escoamento (fy) não inferior a 1,18.

Na tabela 1, são mostrados os valores nominais mínimos da resistência ao escoamento (fy) e da


resistência à ruptura (fu) de aços para uso estrutural em perfis e chapas especificados por
diferentes Normas Brasileiras que regulam a utilização de aços estruturais.

Tabela 1 - Aços especificados por Normas Brasileiras para uso estrutural.

Fonte: ABNT, 2008, p. 108.

A sigla MR significa média resistência mecânica, a sigla AR significa alta resistência mecânica e a
sigla COR significa resistência à corrosão atmosférica para os aços ABNT NBR 7007.

Na Tabela 2, são mostrados os valores nominais mínimos da resistência ao escoamento e da


resistência à ruptura de alguns aços estruturais de uso frequente relacionados pela ASTM.

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Tabela 2 - Aços de uso frequente especificados pela ASTM para uso estrutural.

Fonte: ABNT, 2008, p. 109.

O aço ASTM A36 é o mais utilizado em estrutura metálica para a fabricação de edifícios, pontes e
estruturas em geral. Esse aço pode ser fornecido em perfis, chapas e barras.

ATENÇÃO
Em certas condições ambientais, ocorre a corrosão galvânica, que é a degradação do material
menos nobre quando utilizado dois ou mais elementos em contato com diferentes
composições químicas.

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O aço ASTM A588 é empregado onde se deseja redução de peso próprio da estrutura, aliando uma
maior resistência à corrosão atmosférica, que é 4 vezes maior que a do aço carbono comum.

Parafusos, porcas e arruelas


Segundo Bellei (2004), as ligações parafusadas são utilizadas em grande escala nas ligações de
partes das estruturas nas montagens finais de campo e nas de fábrica.

Os parafusos de aço de baixo teor de carbono devem satisfazer a ASTM A307 ou ISO  898-1 Classe
4.6, que são os parafusos comuns de mais baixo custo.  Os parafusos de aço-liga temperado e
revenido devem satisfazer a ASTM A490 ou a ISO 4016 Classe 10.9, que são os parafusos de alta
resistência. As porcas e arruelas devem satisfazer as especificações compatíveis, citadas no
ANSI/AISC 360.

Na Tabela 3, são mostrados os valores mínimos da resistência ao escoamento e da resistência à


ruptura de parafusos, de acordo com suas respectivas normas ou especificações, bem como os
diâmetros nos quais os mesmos podem ser encontrados.

Tabela 3 - Materiais usados em parafusos.

Fonte: ABNT, 2008, p. 110.

Os parafusos fabricados com aço temperado não podem ser soldados nem aquecidos, e o material
do parafuso deve ser compatível com o material das peças de ligação, que estão em contato para
evitar a corrosão galvânica.

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ATENÇÃO
A utilização de aços de baixa liga e alta resistência, tais como o ASTM A572 Grau 50, implica
no emprego de parafusos ASTM A325N Tipo 1, enquanto que, para os aços patináveis,
devemos utilizar, obrigatoriamente, parafusos ASTM A325 Tipo 3 Grau A. Mais detalhes
construtivos sobre ligações por conectores serão apresentados no futuro.

Geralmente, são usados parafusos comuns para ligações simples e que estejam sob carregamento
estático. Já os parafusos de alta resistência, são muito utilizados em ligações com carregamentos
dinâmicos.

Metal de solda e fluxo para soldagem


A soldagem é a técnica de unir duas ou mais partes construtivas, obtida por fusão das partes
adjacentes, assegurando a continuidade do material entre elas.

Os eletrodos, arames e fluxos para soldagem devem obedecer às seguintes especificações (NBR
8800, 2008, p. 12):

AWS A5.1   à Para eletrodos de aço doce, revestidos, para soldagem por arco elétrico;

AWS A5.5   à Para eletrodos de aço de baixa liga, revestidos, para soldagem por arco
elétrico;

AWS A5.17 à Para eletrodos nus de aço doce e fluxo, para soldagem por arco submerso;

AWS A5.18 à Para eletrodos de aço doce, para soldagem por arco elétrico com proteção
gasosa;

AWS A5.20 à Para eletrodos de aço doce, para soldagem por arco com fluxo no núcleo;

AWS A5.23 à Para eletrodos nus de aço de baixa liga e fluxo, para soldagem por arco
submerso;

AWS A5.28 à Para eletrodos de baixa liga, para soldagem por arco elétrico com proteção
gasosa;

AWS A5.29 à Para eletrodos de baixa liga, para soldagem por arco com fluxo no núcleo.

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A resistência mínima à tração dos metais de soldas é fornecida na Tabela 4.

Tabela 4 - Resistência à tração do metal de solda.

Fonte: ABNT, 2008, p. 110.

Nas estruturas metálicas soldadas, deve-se tomar precauções com a retração da solda após o seu
resfriamento, pois pode causar distorção nos perfis.

ATENÇÃO
Deve-se utilizar eletrodos do tipo E70XX para soldar os aços de baixa liga e alta resistência
tais como o ASTM A572 Grau 50 e os eletrodos do tipo E7018W ou E7018G para soldar os
aços patináveis. Os tipos de soldas e seus processos construtivos serão apresentados com
mais detalhes no futuro.

Os eletrodos com revestimento são designados pela ASTM por expressões do tipo E70XY, onde:

E = eletrodo

70 = é a resistência à ruptura da solda em ksi

X = número que se refere à posição de soldagem (1: qualquer posição; 2: somente posição
horizontal)

Y = número que indica o tipo de corrente e de revestimento do eletrodo.

Propriecânicas

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Para efeito de cálculo das estruturas de aços, segundo a NBR 8800 (2008), devem ser adotados os
seguintes valores de propriedades mecânicas:

Módulo de elasticidade (E) = 200 000 MPa;

Coeficiente de Poisson (n)  = 0,3;

Módulo de elasticidade transversal, G = 77 000 MPa;

Coeficiente de dilatação térmica (β) = 1,2 × 10-5 °C-1;

Massa específica (ρ) = 7 850 kg/m3.

Figura 1 - Diagramas tensão x deformação de aços estruturais.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 14.

O que se nota a partir da figura é a característica de aços mais resistentes tenderem a ser menos
deformáveis, apresentando a tensão última de ruptura com deformações da ordem da metade de
aços menos resistentes. Portanto, para situações onde não sejam permitidas grandes deformações,
é aconselhável a utilização de aços com classes de resistências maiores.

Já a figura a seguir  foca a análise no início das deformações, apresentando as fases elástica e
plástica do aço sob tensão.

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Figura 2 - Diagramas tensão x deformação de aços estruturais no início das deformações.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 14.

O regime elástico compreende o intervalo de deformação em que o material obedece à lei de


Hooke, tendo como característica o retorno às suas dimensões iniciais quando retiradas as tensões.
Passando ao patamar de escoamento, essas dimensões não retornam ao estado inicial, mantendo
uma deformação permanente ao material. Projetos estruturais normalmente são elaborados com o
aço trabalhando em seu patamar de escoamento. Em condições normais de temperatura
atmosférica, as propriedades mecânicas são praticamente constantes para qualquer aço estrutural.

Figura 3 - Galpão industrial fabricado com aço estrutural.

Fonte: Chinahbzyg / Shutterstock

Na construção civil, usa-se com muita frequência os aços estruturais em galpões industriais e
edifícios de múltiplos andares. Na figura, é mostrado um galpão industrial feito de aço estrutural.

Em condições normais de temperatura atmosférica, as propriedades mecânicas são praticamente


constantes para qualquer aço estrutural.

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Condições gerais de projeto


Especificações
As especificações de um projeto são as particularidades técnicas, informações essenciais para o
início e desenvolvimento de um produto. São informações que nortearão como dados de entrada
para o desenvolvimento do cálculo estrutural, desenhos, processos de fabricação e montagem.
Nessas especificações, são informadas as práticas exigidas dos serviços, requisitos mínimos
necessários, especificações dos materiais, normas a serem adotadas e outras informações
importantes que devam ser consideradas no projeto.

ATENÇÃO
A falta, a deficiência, mudança ou a definição tardia de especificações podem comprometer
significativamente, de forma negativa, o prazo e o custo do projeto. É mais vantajoso gastar
mais tempo aperfeiçoando um projeto, desenvolvendo detalhes construtivos mais claros e
bem definidos do que fazer correções in-loco.

As especificações técnicas deverão possuir números de registros e datados para facilitar a


identificação e serem referenciados em outros documentos que se seguirem.

Cálculos estruturais
Os cálculos estruturais são as avaliações das resistências dos elementos e/ou do conjunto global de
um equipamento, estrutura ou produto. Pela análise estrutural, obtém-se informações como
esforços internos, reações de apoio, deslocamentos etc. de cada elemento da estrutura para
efetuar o dimensionamento, onde se obtém a forma geométrica dos corpos solicitados.  A análise
estrutural e o dimensionamento são feitos através de conceitos de resistência dos materiais e de
especificações de normas técnicas.  

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Segundo Chamberlain (2013), a análise estrutural pode ser estática ou dinâmica; linear ou não
linear geométrica; elástica ou elaste-plástica.

A análise estática não leva em conta a variação da aplicação das cargas no tempo. E quando as
ações variam no tempo, as estruturas são avaliadas dinamicamente.

A análise linear geométrica é quando os deslocamentos produzidos pelas ações são relativamente
pequenos e a configuração geométrica da estrutura é considerada indeformada, ou seja, sempre na
posição inicial. Já a análise não linear geométrica, é quando a estrutura possui grandes
deslocamentos, ainda que constituída de um material que obedeça à lei de Hooke.

NA-PRATICA
Para uma coluna submetida a esforço normal e momentos fletores com valores
relativamente grandes de deslocamentos, a deflexão lateral pode trazer como consequência
o aparecimento de momentos fletores adicionais, denominadas de segunda ordem. Nesse
caso, os efeitos não lineares estão associados às equações de equilíbrio, que consideram a
configuração deformada. Esse é um caso de não-linearidade geométrica.

A análise elástica é quando o comportamento do material não excede o limite de escoamento, ou


seja, segue à risca a lei de Hooke, onde as deformações são proporcionais às tensões. E quando a
estrutura excede a tensão de escoamento, é chamado de análise elaste-plástica ou não linear física.

Desenhos de projetos
Os desenhos de projetos são representações gráficas que descrevem as dimensões, formas
geométricas e informações necessárias para produção de um produto.

Segundo a NBR 8800 (2008), os desenhos de projeto devem ser executados em escala adequada,
indicar quais as normas foram usadas, dar especificações de todos os materiais estruturais
empregados e todas a informações necessários para a elaboração dos desenhos de fabricação.

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As ligações que forem soldadas devem ser indicadas através de simbologia adequada. Na figura 4
são mostradas indicações de solda entre perfis de uma estrutura.

Figura 4 - Indicações de solda entre elementos estruturais.

Fonte: BELLEI, 2004, p. 210.

Quando usar parafusos de alta resistência, deve-se indicar se o aperto será normal ou com
protensão inicial e, neste último caso, se os parafusos trabalharem a cisalhamento, se a ligação é
por atrito ou por contato.

Pontos de içamento, pesos das peças da estrutura, contraflechas de vigas, devem ser indicadas,
assim como outras informações relevantes que permitam a interpretação para o desenvolvimento
do desenho de fabricação e montagem da estrutura.

Desenhos de fabricação
O desenho de fabricação é o desenho disponibilizado na área fabril ou obra para a execução das
peças das estruturas, produtos equipamentos.

Os desenhos de fabricação devem traduzir fielmente, para a fábrica, as informações


contidas nos desenhos de projeto, fornecendo informações completas para a produção de
todos os elementos componentes da estrutura, incluindo materiais utilizados e suas
especificações, locação, tipo e dimensão de todos os parafusos e soldas de fábrica e de
campo (NBR 8800, 2008, p.11).

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Informações dos processos de produção, necessárias e essenciais para a correta fabricação, devem
ser indicadas nos desenhos, como por exemplo, a ordem da sequência de execução de soldagem,
para evitar o aparecimento de empenos ou tensões residuais excessivas.

Desenhos de montagem
Os desenhos de montagem são os desenhos que mostram como serão realizadas as montagens das
peças para chegar no conjunto global, ou seja, todas as informações necessárias à montagem da
estrutura. É mostrada a sequência de execução de ligações, importantes para deixar a estrutura
estável e evitar o aparecimento de empenos ou tensões residuais excessivas.

ATENÇÃO
As tolerâncias dimensionais para a fabricação de estruturas devem estar especificadas nos
desenhos de fabricação para orientar o montador e auxiliar o controle de qualidade quanto
às conferências das medidas das peças fabricadas.

Segundo a NBR 8800 (2008), nesses desenhos são indicadas as dimensões principais da estrutura,
elevações das faces inferiores de placas de base de pilares, todas as dimensões e detalhes para
colocação de chumbadores, locação, tipo e dimensão dos parafusos, soldas de campo, posições de
montagem e outras.

Na Figura 5 é mostrado o plano de montagem das bases dos pilares de um edifício industrial.

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Figura 5 - Plano de montagem das bases de pilares.

Fonte: BELLEI, 2004, p. 291.

A Figura 6 mostra o esquema de içamento de uma tesoura de um edifício industrial.

Figura 6 - Esquema de içamento de tesoura.

Fonte: BELLEI, 2004, p. 326.

Dispositivos de montagem devem ser indicados, bem como as formas e utensílios de içamento,
pontos de pega e todos os elementos permanentes ou temporários essenciais para garantir a
montagem e a integridade da própria estrutura, dos equipamentos, estruturas e das pessoas
relacionadas ou próximas ao trabalho de montagem.

SAIBA MAIS
Para mais informações sobre especificações, desenhos de projeto, de fabricação e montagem
e outras práticas para execução de estruturas de aço, pode ser consultado o site da
Associação Brasileira de Engenharia e consultoria Estrutural (ABECE), onde é disponibilizado
a seguinte publicação: Execução de Estruturas de Aço: práticas recomendadas. Disponível
em:  <http://site.abece.com.br/download/pdf/FolderExecucao10.12.pdf>

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Uma montagem bem elaborada necessita de um bom planejamento e desenhos que mostrem a
sequência de montagem, de forma clara e objetiva, com todas as informações necessárias para o
trabalho do montador.

Fechamento
Agora que você já conhece os principais aços estruturais, materiais de ligação e suas propriedades
mecânicas, terá capacidade de especificá-los em projetos e cálculos de elementos de estruturas
metálicas.

Você também já conhece as condições gerais de projeto, é possível perceber que, para ter um bom
produto estrutura ou equipamento, é necessário e essencial ter especificações precisas, para
produzir cálculos estruturais adequados, que irão interferir nos desenhos de projeto, fabricação e
montagem.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

conhecer o que são os aços estruturais e suas propriedades mecânicas;


conhecer os materiais de ligações utilizados em estruturas metálicas;
conhecer os principais itens das condições gerais de um projeto, que são especificações,
cálculos estruturais, desenhos de projeto, de fabricação e de montagem.

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Unidade 01
Aula 02

Segurança e Estados Limites

Introdução
Em um projeto estrutural, deve-se garantir segurança, bom desempenho e durabilidade. É preciso
evitar o colapso da estrutura, a ocorrência de vibrações e deslocamentos excessivos, de danos
locais, ou outros danos que limite o uso da estrutura. Para isso, é importante conhecer os critérios
que proporcionem segurança e conforto ao longo do uso da estrutura. Você sabia que há vários
“tipos” de segurança em estruturas civis, e que não se deve apenas garantir que ela fique em pé?
Esses critérios de segurança são divididos em dois grandes grupos: os estados limites últimos e os
estados limites de serviço. Ambos estados limites afetam a utilização da construção, seja por
ocupação de pessoas ou armazenamento de equipamentos ou objetos.

Ao final desta aula, você será capaz de:

conhecer e identificar os critérios de segurança e estados limites, apresentando as fórmulas e


conceitos descritos na norma vigente.

Critérios de segurança

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Segundo a NBR 8681(2003), deve-se verificar a segurança de uma estrutura em relação a todos os
possíveis estados de comportamento que são admitidos como limites, através de condições
analíticas construtivas.

Condições analíticas são aquelas que avaliam a segurança pela comparação entre os valores de
parâmetros oriundos da análise estrutural com os valores de parâmetros que limitam um
determinado comportamento, podendo ser físicos (limite de ruptura do material, elasticidade etc.)
ou normativos.

As condições construtivas estabelecidas em norma devem ser atendidas para garantir condições de
segurança em relação aos estados limites pelo atendimento das exigências de práticas de
construção, utilização de materiais adequados ou tempo de cura de concreto ou argamassa. A não
observância destes fatores causam problemas, muitas vezes graves, como o apresentado na figura
1.

Figura 1 - Material inadequado para execução de tirante metálico que sofreu corrosão.

Fonte: DreamWP / Shutterstock

As normas NBR 8681 (2003) e 8800 (2008) determinam os critérios de segurança aplicáveis às
estruturas e às peças estruturais construídas com quaisquer dos materiais usualmente empregados
na construção civil, inclusive o aço. Esses critérios utilizam o Método dos estados limites e são
definidos conforme a seguir.

Estados limites

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Segundo Pfeil (2014), estados limites ocorrem sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de
seus objetivos e podem ser divididos em estados limites últimos (ELU) e estados limites de serviços
(ELS).

NA-PRATICA
Os estados limites das estruturas, na prática, referem-se ao máximo de resposta que uma
estrutura pode dar no que diz respeito a carregamentos. Um estado último se refere ao fim
de capacidade estrutural por ruptura ou perda de equilíbrio global, além de instabilidade por
deformação ou deterioração por fadiga. Já um estado de serviço decorre do comportamento
da estrutura quando colocada em serviço, tendo-se restrições às suas respostas, como
vibrações ou deformações excessivas.

A norma exige que, para qualquer combinação de ações, nenhum dos estados limites seja excedido.
Caso um ou mais estados limites forem excedidos, a estrutura perde a funcionalidade.

Estados limites últimos (ELU)


Os estados limites últimos estão associados à ocorrência de cargas excessivas e consequente
colapso da estrutura.

Segundo a NBR 8800 (2008), os estados limites últimos estão relacionados com a segurança da
estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil, durante
a construção ou quando atuar uma ação especial ou excepcional.

Figura 2 - Estrutura metálica colapsada: atingiu o estado limite último.

Fonte: CoolimagesCo / Shutterstock

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Simplificadamente, a segurança é verificada da seguinte forma:

Rd ≥ Sd

Onde Sd representa os valores de cálculo dos esforços atuantes (em alguns casos específicos, das
tensões atuantes), obtidos com base nas combinações últimas de ações, ou seja, Sd = S(Sgfi.Fi).
Sendo que cada combinação de ações Fi é majorada pelo coeficiente ponderação das ações gfi.

Por sua vez, Rd representa os valores de cálculo dos correspondentes esforços resistentes (em
alguns casos específicos, das tensões resistentes), ou seja, Rd = fk/gm. Sendo fk a resistência
característica do material e gm o coeficiente de ponderação das resistências.

Segundo PFEIL (2014), os coeficientes de ponderação das ações e das resistências refletem as
variabilidades dos valores característicos dos diversos carregamentos e das propriedades
mecânicas do material e outros fatores, como discrepâncias entre o modelo estrutural e o sistema
real.

A segurança das estruturas fica garantida sempre que a diferença (R - S), denominada margem de
segurança, for positiva.

Os coeficientes de ponderação (gf e gm), segundo PFEIL (2014), são calculados através de métodos
de análise de confiabilidade, de modo que a probabilidade de colapso varie entre 10-4 e 10-6 por
ano de utilização, dependendo do tipo de colapso e suas consequências. Entretanto, esses valores
de probabilidade não refletem a realidade das estatísticas, pois não consideram a existência dos
erros humanos, que são os maiores causadores dos danos e colapsos nas estruturas.

Para evitar ou diminuir os erros humanos, deve-se promover constante atualização e treinamento
dos projetistas, exigir documentos claros e completos, ter mecanismos de controle nas etapas de
projeto e execução e fazer verificações dos projetos, evitando situações como a da figura 3, onde os
elementos tubulares que seriam ligados não foram corretamente locados.

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Figura 3 - Elementos metálicos com imprecisão de posicionamento.

Fonte: Vishnevskiy 1284 / Shutterstock

Os valores das ações a serem utilizados no cálculo podem ser obtidos por critério estatístico ou
critério determinístico. Em geral, as normas fixam os valores a adotar no projeto das estruturas
pelas dificuldades em se aplicar um tratamento estatístico para algumas ações.

As normas brasileiras que tratam das cargas sobre as estruturas são a NBR 6120 (Cargas para o
cálculo de estruturas de edificações), NBR 6123 (Forças devidas ao vento em edificações) e NBR
7188 - Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres.

Estados limites de serviço (ELS)


Os estados limites de serviço estão relacionados com o desempenho da estrutura sob condições
normais de utilização.

A ocorrência de um estado limite de serviço prejudica a confiabilidade da estrutura perante o seu


usuário. Segundo a NBR 8800 (2008), essa condição afeta a aparência da estrutura, a durabilidade,
a funcionalidade e o conforto dos usuários, além de poder danificar equipamentos e objetos
presentes na estrutura.

ATENÇÃO
Deve-se evitar a sensação de insegurança dos usuários de uma obra pela presença de
deslocamentos ou vibrações excessivas ou, ainda, por danos a componentes não estruturais,
como alvenarias e esquadrias.

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As condições usuais referentes aos estados limites de serviço são expressas pela desigualdade:

S ser ≤ S lim

Onde Sser é o conjunto de valores dos efeitos estruturais do serviço obtidos a partir das
combinações de serviço das ações e Slim é o conjunto de valores-limites admissíveis.

Os valores máximos para os deslocamentos verticais (flechas) e horizontais são dados na figura 4.

Figura 4 - Deslocamentos máximos para atender o estado limite de serviço.

Fonte: NBR 8800 (2008), p. 117.

Os valores de “L” são os comprimentos das vigas e “H” são as alturas dos pilares e/ou topos de vigas
em relação à base.

SAIBA MAIS
Para mais informações sobre os valores dos deslocamentos máximos e vibrações em pisos,
requeridos para situações usuais nas construções, consultar os anexos C e L da NBR 8800
(2008).

A variação de temperatura pode prejudicar a utilização da estrutura, devido às variações


dimensionais de seus elementos. Devem ser tomadas medidas para que essas variações não
danifiquem outros elementos, estruturais ou não.

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ATENÇÃO
Deve-se evitar empoçamento de água em coberturas e pisos, em decorrência dos
deslocamentos da estrutura, pois essas situações geram, além de incômodo para os
ocupantes, manifestações patológicas de várias naturezas, como corrosão de armaduras ou
lixiviação do concreto.

A norma determina que, para verificar a possibilidade de empoçamento de água, deve-se


considerar imperfeições construtivas, recalques de fundação e a deformação da estrutura e dos
materiais de fechamento, incluindo os efeitos de contraflecha.

Fechamento
Agora que você já conhece os critérios de segurança e os métodos dos estados limites, poderá
aprofundar seus estudos em ações e suas combinações para iniciar o dimensionamento de
estruturas de aço.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

conhecer e identificar os critérios de segurança e os métodos dos estados limites aplicados a


estruturas.

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Unidade 01
Aula 03

Forças Devido ao Vento, Ações e


Combinações de Ações

Introdução
Uma estrutura tem como principal finalidade servir como elemento de sustentação para objetos,
pessoas ou sendo um elemento de segurança, como uma barragem de água ou de terra. Para isso, as
estruturas devem ser projetadas para suportar ações. Ações são, na linguagem da Engenharia,
efeitos que promovem respostas de uma estrutura e que fazem com que ela funcione. Pfeil e Pfeil
(2009) citam que a NBR 8800 (2008) fixa os critérios de segurança das estruturas e quantificação
de ações e resistências adotados em projetos. Você sabia que estudamos as ações de forma isolada
e também as combinações de ações e seus efeitos de cargas combinadas sobre os elementos
estruturais?

Vento é o fenômeno em que ocorre um grande fluxo de gás. Na natureza, é o resultado da


movimentação de massas de ar devido a variações de temperatura entre essas massas, podendo
ocorrer de forma diferente para cada região. Estruturas civis estão, durante todo o seu tempo de
vida, sujeitas à ação do vento. Mesmo abandonadas ou desocupadas, as estruturas, enquanto
existirem, estarão resistindo aos esforços de vento.

Estruturas metálicas têm a particularidade de sofrerem mais pelo vento do que, por exemplo,
estruturas de concreto. Nos noticiários, é muito raro ver um edifício de concreto ser derrubado por
vendavais, enquanto galpões metálicos, postos de gasolina e outras estruturas metálicas são casos
recorrentes. Vamos, então, estudar por que é de fundamental importância o entendimento da ação
do vento sobre estruturas metálicas?

Ao final desta aula, você será capaz de:

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conhecer os tipos de ações, coeficientes e combinações das ações, descrevendo seus conceitos;
entender os conceitos e prever os carregamentos devido ao vento para edificações mostrando
cada item e suas particularidades citadas na norma vigente.

Ações permanentes
Ações permanentes são aquelas que perduram sobre a estrutura durante a maior parte da sua vida
útil, permanecendo com seu valor constante ou crescendo com o tempo até atingir um valor
constante. Essas ações devem ser consideradas, para efeito de cálculo, com seus valores
representativos de forma mais desfavorável para a segurança, garantindo assim a estabilidade da
estrutura para qualquer situação.

Por isso, a NBR 8800 (2008) determina duas classificações para ações permanentes, pois estas
podem atuar na estrutura de forma direta ou indireta.

Ações permanentes diretas


São ações que atuam diretamente sobre a estrutura em forma de carregamento. Dentre essas
ações, estão o peso próprio dos elementos estruturais, dos elementos construtivos fixos e de
instalações permanentes, como alvenaria, tubulações, esquadrias, entre outros. Observe a figura a
seguir, que mostra uma cobertura metálica cuja estrutura treliçada suporta o seu peso próprio,
além do peso das telhas e luminárias.

Figura 1 - Cobertura metálica submetida a ações permanentes diretas.

Fonte: Yanin kongurai / Shutterstock

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Também pode ser considerada ação permanente direta o empuxo de elementos granulares não
removíveis, como a ação de solo em muros de contenção.

Ações permanentes indiretas


São consideradas ações permanentes indiretas aquelas que têm origem a partir de efeitos
ocorrentes dentro da própria estrutura. Podem ser citados como exemplo momentos gerados por
excentricidades de imperfeições geométricas, recalques de apoios, que transferem esforços para as
ligações elásticas, entre outros.

Ações variáveis
Esse tipo de ação ocorre sobre a estrutura, de forma que o seu valor sofre variação significativa
durante a vida útil da construção, sendo que sua ocorrência pode ou não existir em determinados
momentos. São ocasionadas pela ocupação da edificação (uso), equipamentos móveis, divisórias,
pressões hidrostáticas e ações de intempéries ambientais, como chuva, temperatura, neve e vento.

SAIBA MAIS
Valores representativos de cargas de ações variáveis de uso da edificação são normatizados
pela ABNT, na NBR 6120 (1980). Essas ações correspondem a valores que têm de 25% a 35%
de probabilidade de serem ultrapassados em um período de 50 anos. Já ações devido ao
vento são normatizadas pela NBR 6123 (1988).

Além disso, a NBR 8800 (2008) determina que ações devido à variação da temperatura sejam
consideradas oriundas de uma variação de 60% da diferença entre as médias máxima e mínima da
localidade da obra, com uma diferença mínima de 10°C. Já estruturas submetidas a choques ou
vibrações devem ter sua resistência à fadiga verificada no dimensionamento dos elementos.

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Ações excepcionais
A norma classifica como excepcionais as ações com duração bastante curta e que tenham
probabilidade baixa de ocorrência durante a vida útil. Como exemplo, podem ser citadas ações
devido a explosões, acidentes com veículos, incêndios, sismos, entre outras.  

ATENÇÃO
No Brasil, as normas técnicas de procedimentos de projeto estrutural permitem que as ações
sísmicas sejam tratadas como excepcionais devido ao fator de raridade de ocorrência de
abalos. Em outros países, onde as ocorrências sísmicas são mais frequentes, esse tipo de ação
deve ser considerada variável.

Valores das ações


A norma estabelece que as ações devem ser representadas por seus valores característicos ou
representativos e valores de cálculo.

Valores característicos (F k ) são estabelecidos em função da sua variabilidade. Valores


característicos de ações permanentes (F gk ) devem ser adotados conforme os valores médios de
suas distribuições de probabilidade, que, para os materiais mais comuns utilizados na construção
civil, são expressos nas normas técnicas específicas. Já os valores característicos variáveis (F gk )
são, da mesma forma, expressos por normas específicas e representam probabilidades de serem
ultrapassados em 50 anos.

Valores de cálculo ou de dimensionamento (F d ) são os valores representativos das ações


multiplicados pelos fatores de ponderação de carga, que serão discutidos no próximo item.

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Coeficientes de ponderação das ações


Os coeficientes de ponderação de ações são definidos pela norma pelo fator γ f :

γf = γf1 ⋅ γf2 ⋅ γf3

Em que γ f a representa o coeficiente de ponderação que considera a variabilidade das ações


(variação no valor do peso próprio de algum material ou de algum carregamento não esperado); γ f 2
 representa a probabilidade de ações acontecerem simultaneamente e γ f 3 considera os possíveis
erros de cálculo, imprecisões de modelo e defeitos construtivos.

Figura 2 - Coeficientes de ponderação de ações Yg e Yq em estruturas.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 18.

Note que, na figura, estão apresentados os valores de Yg  (para ações permanentes) e Yq (para
ações variáveis), que são o resultado da multiplicação entre γ f 2  e γ f 3 . Os valores entre parênteses
representam o coeficiente a ser aplicado em efeitos favoráveis à segurança da estrutura.

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ATENÇÃO
Ações favoráveis devem ser avaliadas com cuidado pelo projetista, pois funcionam como um
fator de alívio para a estrutura. Por exemplo, em um muro de contenção pode haver uma
porção de solo inferior que ajude a estrutura a suportar o nível mais alto. Isto pode ser
considerado como uma ação favorável à estrutura, porém, ao se considerar esse fator no
dimensionamento, deve-se ter certeza de que essa porção de solo permaneça no local
durante toda a vida útil da estrutura.

Na figura estão apresentados os valores de γ f 2 , representados pela norma como ψ 0 para o caso de
uma análise do estado-limite último; ψ 1 no caso de uma ação frequente para o estado-limite de
serviço; e ψ 2 para uma ação quase permanente, também para análise de ELS.

Figura 3 - Coeficientes de ponderação de ações γ f 2 em estruturas.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 19.

Como o coeficiente γ f 2 está relacionado à probabilidade de simultaneidade de atuação de ações,


esse fator apenas é aplicável a ações variáveis.

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NA-PRATICA
O aço tem um peso específico determinado pela norma NBR 6120 (1980) de 78,5 kN/m³.
Esse é o seu valor característico e representativo. Para o dimensionamento estrutural do
elemento, deve-se multiplicar esse valor por 1,25 conforme fator determinado por norma. Já
para cargas variáveis, deve-se ainda considerar a baixa probabilidade de duas ou mais cargas
em módulo máximo ocorrerem ao mesmo tempo, tomando uma delas como principal e
multiplicando as outras pelos seus fatores redutores.

Até aqui, estudamos as ações atuando de forma individual. Agora, estudaremos ações atuando em
conjunto.

Combinação de ações
As combinações de ações devem ser estudadas para análise de estados-limite último e de serviço,
que são tratados pela norma como combinações últimas e combinações de serviço.

A Figura 4 mostra uma edificação que está submetida à ocupação de móveis e pessoas. Além disso,
existem as instalações fixas, alvenaria, revestimentos, esquadrias e os efeitos de origem natural,
como vento e temperatura. A estabilidade estrutural fica condicionada a suportar todas essas ações
simultaneamente, na pior situação possível, respeitando a probabilidade de atuação.

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Figura 4 - Edificação ocupada demonstra a atuação de diferentes tipos de ação.

Fonte: G-stockstudio / Shutterstock

Uma combinação representa um conjunto de ações que têm probabilidade de atuarem sobre uma
estrutura de forma simultânea, durante determinado período de tempo, sendo que devem ser
estabelecidas de forma a representarem os efeitos mais desfavoráveis possíveis ao elemento
estrutural.

Combinações últimas
As combinações últimas são: última normal, última especial, última de construção e última
excepcional. A primeira delas trata da combinação de ações decorrentes da utilização normal e
estabilidade global da estrutura e é representada pela seguinte equação:

m n

F d = ∑ (γ gi F gi,k ) + γ qi F qi,k + ∑ (γ qi ⋅ ψ 0j ⋅ F gi,k )

i=1 j=2

Em que F gi,k representa os valores característicos das ações permanentes; F qi,k o valor
característico da ação acidental principal; e F qi,k os valores característicos das ações que atuam
simultaneamente com a ação principal.

A combinação última especial trata de conjuntos de ações causados por elementos transitórios
cujos efeitos têm duração muito pequena em relação à vida útil da estrutura e, em intensidade,
superam o efeito das combinações normais. Também pode ser aplicada a combinações de
construção, em que haja a possibilidade de ser atingido o estado-limite último já na fase
construtiva:

m n

F d = ∑ (γ gi F gi,k ) + γ qi F qi,k + ∑ (γ qi ⋅ ψ 0j ⋅ F gi,k )

i=1 j=2

Em que  F gi,k representa o valor característicos da ação especial ou crítica de construção e ψ 0j os


valores de fatores de combinação efetivos de cada ação variável atuante simultaneamente à ação
especial.

A combinação última excepcional trata de conjuntos de ações que podem causar efeitos
catastróficos e que têm relevância para serem considerados em projeto:

m n

F d = ∑ (γ gi F gi,k ) + γ qi F q,exc + ∑ (γ qi ⋅ ψ 0j ⋅ F gi,k )

i=1 j=2

Em que  F gi,k representa o valor característico da ação excepcional.

Combinações de serviço

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São três as combinações de serviço: combinações para esforços quase permanentes, esforços
frequentes e esforços raros.

As combinações quase permanentes atuam durante a maior parte da vida útil da estrutura (da
ordem da metade desta) e estudam efeitos de longa duração para a aparência da edificação, como
deformações excessivas.

m n

F ser = ∑ F gi,k + ∑ (ψ 2j F qi,k )

i=1 j=1

As combinações frequentes são aquelas que se repetem várias vezes durante a vida útil da
estrutura e são utilizadas para estados-limite reversíveis, como vibrações, empoçamento de água,
deslocamentos laterais, entre outros.

m n

F ser = ∑ F gi,k + ψ 1 F q1,k + ∑ (ψ 2j F qi,k )

i=1 j=1

Por fim, as combinações raras são aquelas que acontecem por, no máximo, algumas horas durante a
vida útil da estrutura e causam efeitos irreversíveis a ela, como formação de fissuras e danos nas
instalações.

m n

F ser = ∑ F gi,k + F q1,k + ∑ (ψ 1j F qi,k )

i=1 j=2

Forças devido ao vento


Pressão dinâmica
A pressão dinâmica do vento é o esforço dinâmico que uma carga de vento exerce sobre uma área
de estrutura. Segundo Leão e Aragão (2010), pode ser obtida a partir da simplificação da equação
de Euler, da mecânica dos fluidos, que modela o escoamento de um fluido sem atrito. É uma
grandeza proporcional ao quadrado da velocidade do vento, conforme a expressão:

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1
2
p = ⋅ ρ ⋅ Pp ⋅ V
2

Em que ρ representa a densidade do ar e C p o coeficiente relativo ao ângulo de incidência.

A norma técnica que orienta a determinação de cargas de vento no Brasil, a NBR 6123 (1988),
permite que se utilize, para superfícies de estruturas civis, a seguinte expressão simplificada:

2
q = 0, 613 ⋅ V
k

Em que V k2 é a velocidade do vento para determinada macrorregião e microrregião.

Coeficientes de pressão
A NBR 6123 (1988) cita que a força do vento é dependente não apenas da pressão que atua sobre
uma superfície, mas também da diferença de pressão entre faces opostas da edificação. Para tanto,
existem os coeficientes de pressão para superfícies internas e externas, e a pressão efetiva é dada
pela diferença entre essas pressões.

△p = △p e − △p t = (C pe − C pi ) ⋅ q

Em que C pe  é o coeficiente de pressão externa e  C pi o coeficiente de pressão interna.

SAIBA MAIS
Para casos correntes de edificações, os coeficientes de pressão e de forma (que serão
estudados no próximo item) são apresentados no anexo D da norma NBR 6123 (1988).
Lembre-se sempre de que há casos mais específicos que não constam na norma e devem ser
estudados de forma particular.

Caso o valor da resultante de pressão seja positivo, o efeito de vento é de sobrepressão interna,
enquanto que um resultado negativo denota um caso de sucção externa.

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Coeficientes de forma
Assim como no efeito de pressão, o efeito de forma é dado pela diferença entre elemento externo e
interno. Segundo a NBR 6123 (1988), a força do vento sobre um elemento de área que atua em
direção perpendicular a ele é dada pela diferença entre a força externa e interna:  

F = F e − F i = (C e − C i ) ⋅ q ⋅ A

Em que C e representa o coeficiente de área externo, C i o coeficiente de área externo e A a área do


elemento que recebe o vento.

ATENÇÃO
Existem coeficientes de pressão e forma positivos e negativos. Coeficientes positivos indicam
que o vento está exercendo sobrepressão, ou seja, a força atua para o interior da estrutura,
enquanto os coeficientes negativos representam sucção, ou seja, a força atua para o exterior.

Além disso, a norma pondera que a pressão interna é considerada uniformemente distribuída no
interior da edificação. Pode-se, a partir dessa condição, dizer que C pi=C , ou seja, o coeficiente de
i

pressão interna é igual ao coeficiente de forma interna.

Efeitos de sucção são tão importantes quanto os efeitos de sobrepressão. Apesar de imaginar que,
à primeira vista, a sucção ajuda a estrutura aliviando seu peso, para elementos metálicos, que
possuem baixo peso próprio em comparação a elementos de concreto, por exemplo, a sucção pode
fazer uma estrutura literalmente voar, como mostra a figura a seguir.

Figura 1 - Cobertura de posto de gasolina derrubada por efeito de sucção do vento.

Fonte: Felix Mizioznikov /Shutterstock

Postos de gasolina são ótimos exemplos desse efeito: coberturas com grandes áreas gerando altas
forças de forma e o baixo peso próprio da estrutura facilitam a instabilidade por sucção.

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Velocidade característica do vento


A velocidade característica do vento V k é dada pela multiplicação de fatores que correlacionam
macro e microrregião. O efeito de macrorregião é a velocidade básica do vento V 0 , em função da
localidade da obra; e os efeitos de microrregião são os fatores S, sendo S 1 o fator topográfico, S 2 o
fator de rugosidade do terreno, altura de edificação e altura sobre o terreno e S 3 o fator de
utilização da edificação.

Vk = V0 ⋅ S1 ⋅ S2 ⋅ S3

Velocidade básica do vento


A velocidade básica do vento, segundo a NBR 6123 (1988), é a velocidade de uma rajada de 3
segundos que pode ser excedida em média uma vez em um tempo de 50 anos, a 10 metros acima do
terreno. Observe a figura a seguir, que apresenta o mapa de isopletas válidas para o Brasil com
velocidades em metros por segundo (m/s).

Figura 2 - Isopletas básicas do vento para o Brasil.

Fonte: NBR 6123, 1988, p. 6.

Fator S 1
O fator S 1 é referente à variação do relevo do terreno e é determinado da seguinte forma, segundo
a NBR 6122 (1988):

terrenos planos ou com pouca influência de relevo: S 1 = 1, 0;


vales ou locais protegidos da ação do vento em qualquer direção: S 1 = 0, 9 ;
morros e taludes: S 1 deve ser estudado conforme a posição da edificação.

ATENÇÃO
A NBR 6122 (1988) deixa claro que em situações nas quais seja necessária uma análise mais
detalhada do efeito do relevo, deve-se lançar mão de recursos de ensaios em túneis de vento
ou medidas anemométricas obtidas no próprio local.

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Fator S 2
O fator S 2 leva em consideração o efeito combinado da rugosidade do terreno, altura e dimensões
da edificação.

Com relação à rugosidade do terreno, a norma estabelece cinco categorias:

categoria I – superfícies sem rugosidade e de grandes dimensões (mais de 5 km de extensão)


em direção ao vento incidente, como mar, lagos, rios e pântanos sem vegetação;
categoria II – terrenos com poucos obstáculos isolados, abertos e aproximadamente em nível,
como zonas costeiras, pradarias, campos de aviação, fazendas etc;

categoria III – terrenos planos ou ondulados com obstáculos, contando com edificações baixas
e esparsas, muros, sebes e árvores, como subúrbios, casas de campo etc;
categoria IV – terrenos cobertos com vários obstáculos e pouco espaçados, como zonas
arborizadas, áreas industriais, pequenas cidades etc;
categoria V – terrenos com elevada densidade de grandes obstáculos, altos e numerosos, como
florestas densas e grandes centros urbanos.

Com relação às dimensões da edificação, a NBR 6123 (1988) estabelece três classes:

classe A – edificações nas quais a maior dimensão vertical ou horizontal não excede 20 metros;
classe B – edificações nas quais a maior dimensão vertical ou horizontal esteja em um intervalo
entre 20 e 50 metros;
classe C – edificações nas quais a maior dimensão vertical ou horizontal excede 50 metros.

Com relação à altura da edificação, a norma cruza o seu valor de z acima do nível do terreno com
dados referentes à categoria e classe respectivas e exprime o fator S 2 , conforme a figura a seguir.

Figura 3 - Coeficiente S 2 em função da categoria do terreno, classe da edificação e altura acima do


solo.

Fonte: NBR 6123, 1988, p. 10.

Fator S 3
O fator S 3 leva em consideração o grau de segurança para determinados usos da edificação, que
estão apresentados na figura a seguir:

Figura 4 - Coeficiente S 3 em função da categoria de uso da edificação.

Fonte: NBR 6123, 1988, p. 10.

Com a identificação de todos os parâmetros de regiões, pode-se determinar a velocidade


característica do vento, que irá, por sua vez, determinar a pressão causada nas estruturas.

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NA-PRATICA
Considere a construção de um hospital em Goiânia, em terreno plano, com outros prédios
altos ao seu redor. Pelo projeto arquitetônico, o prédio tem projeção horizontal de 20 x 40
metros e possuirá 3 pavimentos acima do nível do solo mais piso técnico, totalizando uma
altura de 15 metros. A velocidade característica do vento é dada por V = 30 m/s 0

(macrorregião); fator S = 1,0; fator S = 0,88 (classe B, categoria IV) e S = 1,10 (hospital)
1 2 3

cuja multiplicação de fatores resulta em 29,04 m/s.

Com a pressão dinâmica verificada, pode-se então determinar a força de vento, analisando cada
caso conforme os coeficientes de pressão e forma. Vamos, então, continuar nossos estudos.

Coeficientes aerodinâmicos para edificações


correntes
Os coeficientes aerodinâmicos para estruturas mais usuais estão relacionados na NBR 6122 (1988)
e levam em conta os diversos tipos de edificações e direções críticas de vento.

Deve-se tomar cuidado com zonas de alta sucção junto a paredes e telhados, nas quais deve-se
adotar coeficiente de pressão médio entre os elementos.

Além disso, pressões externas em superfícies de edificações cilíndricas são fornecidas pela norma
na sua tabela 9, para fluxos de vento acima da região crítica, com número de Reynolds acima de
420000.

Coberturas isoladas a águas planas

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A NBR 6122 (1988) cita que para coberturas de grandes dimensões apoiadas sobre suportes de
pequenas dimensões – como um posto de gasolina, por exemplo – em que a ação do vento acontece
exclusivamente nas faces superior e inferior da estrutura de cobertura, o coeficiente de pressão de
vento é dado conforme as figuras 5 e 6.

Figura 5 - Coeficiente de pressão em coberturas isoladas a uma água plana.

Fonte: NBR 6123,1988, p. 34.

Figura 6 - Coeficiente de pressão em coberturas isoladas a duas águas planas.

Fonte: NBR 6123,1988, p. 34.

Para outros tipos de geometrias de águas planas, deve-se elaborar estudos específicos para cada
caso.

Fechamento
Agora que você já conhece critérios de segurança e os métodos dos estados-limite, pode
aprofundar os estudos das ações e suas combinações para iniciar o dimensionamento de estruturas
de aço. Já sabe como se determina fatores relevantes que tratam das cargas de vento em
edificações e sua aplicação nas estruturas.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

conhecer os tipos de ações, coeficientes e combinações das ações, descrevendo seus conceitos;
conhecer e identificar os critérios de segurança e os métodos dos estados-limite aplicados a
estruturas;
entender os conceitos e prever os carregamentos devido ao vento para edificações mostrando
cada item e suas particularidades citadas na norma vigente.

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Unidade 01
Aula 04

Conceito de Resistência de Cálculo e


Estabilidade e Análise Estrutural

Introdução
Na elaboração de projetos de estruturas, os elementos estruturais, sejam metálicos ou de concreto
armado, devem ser todos “dimensionados”, ou seja, é função do engenheiro saber (calcular) qual é o
esforço que está agindo em determinada peça e, então, comparar com a capacidade que essa peça
tem de resistir a esse esforço.

Agora, portanto, iremos entender como é feita essa comparação entre os esforços atuantes
(chamados de esforços solicitantes) e os esforços que a peça é capaz de resistir (chamados de
esforços resistentes). Vamos lá?

Ao final desta aula, você será capaz de:

conhecer valores de resistências mostrando as fórmulas e coeficientes a serem adotados;


definir os efeitos das ações na estrutura, visando efetuar verificações de estados-limite último
e de serviço.

Resistência do aço

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O aço pode ser definido, de maneira sucinta, como uma liga metálica composta de ferro com
pequenas quantidades de carbono, o que lhe confere propriedades específicas, sobretudo de
resistência e ductilidade, adequadas ao uso na construção civil. Os diversos tipos de aço utilizados
nas edificações em estruturas metálicas para a constituição de chapas, parafusos, perfis, entre
outros, são feitos em usinas siderúrgicas e, para se obter (calcular) quais são os esforços resistentes
em uma peça, o primeiro passo é saber qual a resistência do material de que essa peça é feita.

Ao fabricar um determinado tipo de aço, a usina utiliza padrões normativos quanto ao processo,
composição química, resistência mecânica e ductilidade (capacidade de se alongar antes do
rompimento) que aquele produto deve possuir. O padrão seguido pela usina é usado para a
designação da nomenclatura do aço.

Por exemplo, o aço ASTM A36 é normalizado pela American Society for Testing and Materials e,
além de outras propriedades, deve ter a resistência ao escoamento no valor de 36Psi ou 25kN/cm²,
e a resistência à ruptura em 40kN/cm². Há aços especificados por normas brasileiras, por exemplo,
ABNT NBR 7007 – MR250, que seria o equivalente ao ASTM A36.

A norma brasileira para projeto de estrutura metálica (NBR 8800:2008) define a resistência
característica como aquela em que em um lote de material tem apenas 5% de probabilidade de não
atingir este valor de resistência, dentro de uma distribuição normal. A resistência característica
também é chamada de resistência nominal, que é o valor fornecido por norma ou especificação
aplicável ao material.

SAIBA MAIS
Consulte a NBR 8800 (2008), a qual padroniza projetos com estrutura de aço e estruturas de
aço mistas de aço e concreto, Anexo 1, para conhecer os principais tipos de aços e suas
respectivas resistências, que são amplamente utilizados no Brasil, específicos para a
utilização em chapas, parafusos, tubos etc.

Valores das resistências


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Os valores de resistências utilizados em projeto são chamados de resistência de cálculo. A


nomenclatura que define os valores de cálculo é o índice “d” (que se origina do termo design,
projeto, em inglês). Já os valores caraterísticos são designados pelo índice “k”.

A resistência de cálculo f a de um material é definida como:

fk
fd =
γm

Em que f k é a resistência característica ou nominal e é o coeficiente de ponderação de resistência.

Além disso, a resistência de cálculo é o valor a ser utilizado nos cálculos de verificação da estrutura.

O valor do coeficiente γ m é obtido considerando-se a variabilidade da resistência dos materiais


envolvidos (γ m1 ) a diferença entre a resistência do material no corpo de prova e na estrutura
e a consideração dos desvios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto.
(γ m2 )

Além disso, o valor de γ m a ser utilizado é tabelado nas normas de projetos (NBR 8800:2008 para
estruturas metálicas) em função do tipo de verificação que será feita.

Para o material aço estrutural, o coeficiente de ponderação de resistência γ m é chamado de γ a .


Para o concreto, é designado por  γ c e, para armaduras (vergalhões de concreto armado), por γ s .

Existem dois tipos de verificação de resistência da estrutura metálica, que serão vistos
posteriormente: um, que envolve a resistência ao escoamento do aço e, outro, que envolve a
resistência à ruptura. Esses valores são mostrados na figura a seguir. Lembre-se de que, para a
verificação do Estado-Limite de Serviço, o valor de γ m = 1.0.

Figura 1 - Valores dos coeficientes de ponderação das resistências.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 23.

Verificação estrutural
Em um projeto de engenharia, todas as peças estruturais devem ter a resistência verificada para
garantir a segurança da edificação, conforme você pode observar na figura seguir.

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Existem duas maneiras de verificação da capacidade resistente de uma peça estrutural, as quais são
chamados de Método do Estado-Limite Último (ELU) e Método das Tensões Admissíveis. Também é
necessário verificar a estrutura com relação ao seu desempenho sob condições normais de
utilização, e essa verificação está associada, na maioria das vezes, às deformações máximas que
serão permitidas à estrutura, como por exemplo limite de flechas em vigas etc. Essa verificação é
chamada de Estado-Limite de Serviço (ELS).

Coeficientes de ponderação das resistências no


Estado-Limite Último – ELU
A norma brasileira para projeto de estrutura metálica (NBR 8800:2008) considera somente o
Estado-Limite Último para verificação de resistência das peças estruturais, porém, as normas
internacionais fornecem a opção de que seja realizada, também, a verificação da resistência por
meio das tensões admissíveis.

Figura 2 - Exemplo conceitual de edificação.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

A principal diferença entre esses dois métodos é a de que o ELU calcula os esforços máximos que
uma peça pode suportar até sua ruptura e, para a comparação com os esforços atuantes, aplica-se
coeficientes de majoração para garantir a segurança necessária à estrutura, ou seja, como é
conhecida a carga de ruptura de uma estrutura, o nível de segurança aplicado é muito preciso. No
método das tensões admissíveis (que é mais antigo), o cálculo dos esforços resistentes é obtido pela
limitação das tensões máximas nas peças (a tensão admissível, um valor relacionado à resistência
do aço aplicado a um coeficiente de segurança para reduzir essa tensão).

Não há grande diferença no resultado final entre esses métodos, mas em geral a verificação pelo
ELU resulta em estruturas mais econômicas.

ATENÇÃO
Caso você estiver utilizando uma norma internacional e for aplicar o método de tensões
admissíveis, os coeficientes de ponderação de resistência e os coeficientes de majoração e
combinação dos esforços atuantes são diferentes daqueles usados no ELU. Lembre-se de
que, no mundo globalizado atual, não é rara a necessidade de se utilizar as normas
internacionais.

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Coeficientes de ponderação das resistências no


Estado-Limite de Serviço – ELS
Para o caso do Estado-Limite de Serviço, a resistência característica não precisa ser minorada, pois
esse estado se refere à verificação, e não ao dimensionamento. Para tanto, toma-se o valor de  
γ m = 1.0 .

Fórmulas utilizadas para a verificação


estrutural
Verificação estrutural significa calcular qual o esforço que será atuante na estrutura (ou em uma
peça da estrutura) e comparar com o esforço que essa peça é capaz de resistir. Caso o esforço
resistente seja maior do que o esforço solicitante, a peça é considerada aprovada, caso contrário,
considera-se não aprovada (sendo necessário substituí-la por uma peça mais robusta no projeto).
Ou seja:

f Rd ≥ f Sd

Nessa equação, f representa qualquer tipo de esforço que está sendo verificado e ao qual a peça
estrutural está submetida. Observe outras equações.

Esforço normal de tração: N tRd ≥ N tSd

Esforço normal de compressão: N cRd ≥ N cSd

Esforço de momento fletor em relação ao eixo x: M x,Rd ≥ M x,Sd

Esforço de momento fletor em relação ao eixo y: M y,Rd ≥ M y,Sd

Esforço cortante em relação ao eixo x: V x,Rd ≥ V x,Sd

Esforço cortante em relação ao eixo y: V y,Rd ≥ V y,Sd

Esforço de momento de torção: M t,Rd ≥ M t,Sd

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ATENÇÃO
A verificação dos esforços resistentes e solicitantes é sempre feita pela comparação entre os
esforços de mesma natureza nos valores de cálculo ou de projeto (d). Compara-se o esforço
resistente de cálculo (após a aplicação do coeficiente de ponderação de resistência) com o
mesmo tipo de esforço solicitante de cálculo (após a aplicação dos coeficientes de
ponderação das ações com a devida combinação correta), ou seja, compara-se a resistência
reduzida com as ações majoradas!

A nomenclatura dos esforços resistentes e solicitantes das peças estruturais deve seguir a
padronização indicada na figura a seguir. Utilize sempre a nomenclatura completa em todos os
esforços indicados nas memórias, cálculos, projetos e resolução de exercícios. A primeira letra é
sempre maiúscula e escrita normalmente, as demais letras são subscritas. A designação de
resistente (R) ou solicitante (S) é sempre feita em letras maiúsculas, e a designação de cálculo (d) ou
característico (k) é sempre com letra minúscula.

Figura 3 - Nomenclatura para notação de esforços.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

NA-PRATICA
Vamos verificar uma barra redonda (maciça) de aço com um diâmetro de 12,5mm, que está
submetida a uma carga de tração de cálculo Nt,Sd = 20 kN. Essa carga é considerada normal e
poderá ocorrer durante a vida útil da edificação. Para tanto, o aço a ser utilizado para essa
barra é o MR-250.

A verificação a ser realizada é referente ao esforço normal de tração:

N tRd ≥ N tSd

Com relação aos esforços solicitantes de cálculo, a fórmula utilizada é: N tSd = 20kN , que é o
esforço na barra após aplicação da combinação última normal.

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O cálculo do esforço resistente à tração de uma barra redonda será visto mais detalhadamente nas
próximas aulas, mas resume-se em encontrar o esforço que, aplicado em uma barra, causa o seu
escoamento.

A tensão de escoamento de uma barra feita com o aço MR-250, como visto no início desta aula, é
f γ = 25kN /cm . Esse valor é a tensão nominal e, para encontrar a capacidade resistente da
2

barra, devemos utilizar a tensão de cálculo, ou seja, deve-se dividir a tensão nominal pelo
coeficiente de ponderação das resistências, que, para as combinações normais, é igual a 1,1,
conforme você pode observar figura a seguir.

Figura 4 - Valores dos coeficientes de ponderação das resistências.

Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em NBR 8800, 2008.

Verificações relacionadas ao escoamento das peças utilizam o coeficiente Ya1 . Então, o esforço
normal de tração resistente de cálculo é dado por:

2 2
A. f y (1, 22cm ).25kN cm
N tRd = = = 27, 7kN
Y a1 1, 1

Em que: A é a área da seção transversal e f y é a tensão de escoamento do aço utilizado.

Verificação da resistência:

N t,Rd = 27, 7kN > N t,Sd = 20kN

Neste caso, a barra é considerada aprovada.

Estabilidade e análise estrutural


Após estudarmos as questões básicas sobre materiais, ações, resistências e estados-limite em
estruturas, é hora de começarmos a trabalhar com questões de projeto propriamente ditas. E o
primeiro assunto a ser abordado é a questão da estabilidade estrutural. Estabilidade é a principal
característica de uma estrutura civil. Tanto a estrutura como um todo deve se manter estável para
suportar os esforços que tendem a desestabilizar seu equilíbrio global quanto os seus elementos
componentes devem se manter íntegros com relação aos esforços locais. Nesta aula, iremos
compreender como se dão as análises, o que a norma determina que seja feito com relação a cada
grau de deformabilidade e as respostas que a estrutura deve dar em função da sua rigidez.

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Tipos de análise estrutural


A NBR 8800 (2008) determina que a análise de estabilidade de uma estrutura metálica deve levar
em conta esforços e deformações.

Com relação à análise de esforços, podem ser realizadas a análise global elástica, com diagrama de
tensão-deformação elástico-linear, ou a análise global plástica, levando em consideração o
diagrama rígido-plástico e elastoplástico perfeito ou não linear. Para efeitos de norma, em casos
usuais, é permitida para dimensionamento somente a análise global elástica, mesmo que os
esforços de seção transversal atinjam o patamar plástico do aço.

A norma também orienta que a não linearidade do material pode ser avaliada de forma indireta em
certos casos, através de análise simplificada, como uma análise elástica com rigidez reduzida das
barras.

Já em relação às deformações, as análises devem ser realizadas de forma a contemplar os efeitos de


primeira ordem, ou seja, com a estrutura indeformada, e também de segunda ordem, considerando
esforços devido à deformação estrutural. Estas devem ser adotadas sempre que a deformação for
suficientemente importante no projeto. Observe a Figura 5, que apresenta uma barra sujeita à
flambagem cuja deformação gera momento fletor devido à carga axial e à deformação.

Figura 5 - Barra sujeita à flambagem, comportamento que gera efeito de segunda ordem.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 209.

Além disso, a norma elenca dois tipos de efeitos de segunda ordem, sendo os globais P∙∆
 decorrentes de deslocamentos horizontais dos nós da estrutura – geralmente causados por
esforços de vento, correnteza, entre outros – e os locais P∙δ decorrentes da não retilinearidade das
barras – como no caso de flambagem, desaprumo etc.

Exigências de projeto para a estabilidade das


barras componentes da estrutura

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A NBR 8800 (2008) determina que os elementos componentes de uma estrutura metálica devem
cumprir seu papel resistente aos esforços de dimensionamento, que serão estudados adiante, nos
quais os efeitos de imperfeições geométricas já estão atrelados às equações de cálculo.

No que diz respeito a travamentos, elementos projetados para este fim devem atender exigências
mínimas de rigidez e resistência determinadas pela norma, podendo, para casos especiais, serem
substituídas por análises de segunda ordem específicas. Para isto, deve-se considerar um
coeficiente de imperfeição global de L/500 ou local de L/1000, conforme o tipo de travamento
adotado, sendo L o comprimento destravado do elemento.

SAIBA MAIS
As exigências de rigidez e resistência para elementos de travamento são discutidas na NBR
8800 (2008), no item 4.11, e têm relação com os esforços resistentes de dimensionamento e
rigidezes mínimas desses elementos para que possam ser calculados considerando o
comprimento destravado igual à distância entre travamentos.

Para o caso de um travamento conter vários elementos lateralmente, as imperfeições de todos os


elementos devem ser consideradas no dimensionamento, multiplicadas por um fator redutor, em
que m é o número de elementos (pilares ou vigas) travados:

1
α red = √ 0, 5(1 + )
m

Com relação aos esforços a serem considerados, a norma permite que sejam aplicadas forças
nocionais, aplicando-se nos elementos travados lateralmente esforços equivalentes aos das suas
imperfeições, conforme mostrado na figura a seguir.

Figura 6 - Forças nocionais equivalentes de travamento.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 26.

Em que os valores de H ∆ e q δ são expressos pelas equações apresentadas a seguir, sendo Δ =


L/500 e δ = L/1000.


H △ = α red ∑ N Sd
L

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δ
q δ = 8α red ∑ N Sd
2
L

Classificação das estruturas quanto à


sensibilidade a deslocamentos laterais
Sobre a sensibilidade a esforços laterais, Argenta (2015) cita que as estruturas podem ser
classificadas como de pequena, média e grande deslocabilidade, sendo o fator limitante obtido pela
relação entre Δ2, deslocamento lateral obtido em análise de segunda ordem e Δ1, em análise de
primeira ordem.

Se a relação Δ2 /Δ1 < 1,1 a estrutura é de pequena deformabilidade.

Se a relação Δ2/Δ1 estiver entre 1,1 e 1,4 a estrutura é de média deformabilidade.

Se a relação Δ2 /Δ1 > 1,4 a estrutura é de grande deformabilidade.

ATENÇÃO
A norma permite que a relação entre os deslocamentos laterais de primeira e segunda ordem
sejam obtidos de forma aproximada, conforme citado no seu anexo D, através do coeficiente
B2, sem a consideração das imperfeições geométricas dos elementos.

Além disso, para se obter os deslocamentos, deve-se levar em conta todos os andares da estrutura
e todas as combinações últimas de ações.

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Sistemas resistentes a ações horizontais


Sistemas resistentes a ações horizontais ou estruturas de contraventamento são estruturas
localizadas dentro de estruturas principais e que são rígidas o suficiente a ponto de tomarem para si
a responsabilidade de estabilidade horizontal. A NBR 8800 (2008) considera como estruturas de
contraventamento pórticos treliçados, paredes de cisalhamento – incluindo aquelas delimitantes
de núcleos de serviço de edifícios – e pórticos com capacidade de transmissão de momentos em
ligações. A Figura 7, a seguir, apresenta um modelo de estrutura contraventada em X, como se
observa na perspectiva (a) e na planta (b).

Figura 7 - Modelo estrutural de pórticos contraventados.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 30.

É importante lembrar de que os elementos que não participam da estrutura de contraventamento


são chamados contraventados, devendo os esforços que estabilizam esses elementos serem
transferidos à estrutura de contraventamento.

Considerações para dimensionamento


A título de dimensionamento, a NBR 8800 (2008) considera que o comprimento destravado de uma
barra corresponde à distância entre dois pontos de contenção lateral ou entre uma contenção
lateral e uma extremidade livre, sendo que um ponto de contenção lateral pode ser um nó de barra
de estrutura de contraventamento, um ponto qualquer dessas estruturas devidamente conectado a
um nó ou um nó de elemento contraventado conectado a uma estrutura de contraventamento.

NA-PRATICA
Estruturas de contraventamento são comumente encontradas em pontes metálicas
formando a ligação entre duas treliças principais, tanto no banzo superior quanto no inferior.
Além de manter a estabilidade horizontal das treliças, essas estruturas ainda diminuem o
comprimento de flambagem das barras comprimidas, exercendo papel de estabilidade tanto
global quanto local.

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A norma permite que, para dimensionamento de barras prismáticas, o comprimento de flambagem


do elemento seja considerado igual ao seu comprimento destravado.

Figura 4 - Consideração de barras à flambagem.

Fonte: Argenta, 2015, p. 29.

Com relação à deslocabilidade, estruturas de média e grande deslocabilidade devem ser


dimensionadas através de análise elástica de segunda ordem, enquanto estruturas de pequena
deslocabilidade podem ser determinadas por análise de primeira ordem.

ATENÇÃO
Estruturas mistas de aço e concreto devem ter sua rigidez à flexão e rigidez axial
devidamente ajustadas, levando-se em consideração a fissuração, a fluência e a retração do
concreto, quando desfavoráveis.

Análises de segunda ordem devem ter seus esforços desfavoráveis das combinações normais,
especiais ou de construção majorados inicialmente por γ f3 = 1,10 , sendo que os resultados devem
ser, da mesma forma, multiplicados por 1,10 para a obtenção dos esforços solicitantes finais.

Determinação dos esforços solicitantes para


estados-limite últimos
Para estruturas de pequena e média deslocabilidade, a norma determina que os efeitos das
imperfeições geométricas devem ser levados em conta na análise direta, considerando-se um
deslocamento horizontal relativo entre pavimentos da estrutura de h/333, sendo h a altura entre
eixos de vigas do pavimento superior e inferior. Pode-se também aplicar em cada pavimento
analisado uma força nocional de 0,3% do valor das cargas verticais do pavimento, em todos os
pilares e elementos resistentes, não sendo necessário soma-las às reações horizontais de apoio.

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Em estruturas de pequena deslocabilidade, caso as forças axiais solicitantes de dimensionamento


atuantes nas barras que tenham função de resistência lateral da estrutura não sejam superiores a
50% da força axial-limite de escoamento dessas barras e os efeitos de imperfeições geométricas
iniciais sejam incorporados às combinações de esforços atuantes, incluindo efeitos de vento, os
efeitos globais de segunda ordem podem ser desconsiderados.

Para estruturas de grande deslocabilidade, a norma determina que sejam realizados estudos
criteriosos dos efeitos de segunda ordem globais, levando em conta as não linearidades físicas e
geométricas do material. Pode-se lançar mão de procedimento de análise semelhante às estruturas
de média deslocabilidade, desde que esses efeitos de segunda ordem sejam devidamente
incorporados às combinações últimas de ações.

Determinação de respostas para estados-


limite de serviço
Respostas de estados-limite de serviço devem ser obtidas utilizando as combinações de serviço,
quase permanentes, frequentes e raras, podendo-se desprezar os efeitos de imperfeições de
material.

Estruturas de grande deslocabilidade devem ser analisadas a serviço através de análise de segunda
ordem. Já estruturas de pequena e média deslocabilidade, podem ser analisadas apenas por efeitos
de primeira ordem.

Fechamento
Agora você já conhece as fórmulas de coeficientes adotados para os valores das resistências e
entende o conceito de verificação estrutural. Você conhece os tipos de análises de estruturas com
relação à deslocabilidade local e global, bem como as considerações normativas para essas análises
e os requisitos mínimos.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

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conhecer valores de resistências mostrando as fórmulas e coeficientes a serem adotados;


compreender o conceito de verificação estrutural, para o qual é necessário saber o que é
resistência e por que esse valor é diferente dos valores de resistências que constam nas
especificações dos materiais empregados;
saber que, ao fazer a verificação de resistência, deve-se comparar os valores dos esforços
resistentes de cálculo com os valores dos esforços solicitantes de cálculo;
definir os efeitos das ações na estrutura, visando efetuar verificações de estados-limite último
e de serviço.

Unidade 01
Aula 05

Barras Prismáticas Submetidas a


Forças específicas

Introdução
No último tema, estudamos as condições de estabilidade de uma estrutura, com seus elementos
rígidos e limitações de deslocabilidade que caracterizam e orientam o dimensionamento. A partir
deste tema, iremos estudar como se dimensionam elementos estruturais que compõem a grande
estrutura, individualmente.

Este estudo se inicia com os esforços normais de tração, a qual é o esforço que acontece quando
existe a tendência de “puxada” de algo, como um cabo de guerra. As ligações intermoleculares dos
elementos devem ser suficientemente resistentes a ponto de suportarem os esforços solicitantes
sobre o material. Além disso, existem situações em que o elemento perde eficiência no suporte de
cargas, por exemplo, na presença de emendas e ligações. Para tal situação, a NBR 8800 (2008)
determina coeficientes que corrigem essas situações.

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Ao final desta aula, você será capaz de:

calcular a barra submetida à força axial de tração mostrando e conceituando as fórmulas,


incógnitas e suas relações;
calcular a barra submetida à força axial de compressão mostrando e conceituando as fórmulas,
incógnitas e suas relações;
calcular barra submetida a momento fletor e força cortante mostrando e conceituando as
fórmulas, incógnitas e suas relações;
estimar a barra submetida à combinação de esforços solicitantes mostrando e conceituando as
fórmulas, incógnitas e suas relações;
identificar os casos em que a norma técnica vigente valida a verificação dessas condições;
verificar a estabilidade de barras prismáticas através da sobreposição de esforços solicitantes
de dimensionamento para os casos prescritos na norma;
compreender o princípio de verificação para os casos de seções transversais não prescritos na
norma e aplicá-lo.

Generalidades
A NBR 8800 (2008) trata do dimensionamento de barras prismáticas submetidas à tração, sendo
inteiras, com emendas ligadas por pinos ou redondas com extremidades rosqueadas.

ATENÇÃO
O assunto deste tema não leva em conta o dimensionamento da ligação, apenas a eficiência
da existência de uma ligação na transferência de cargas. O dimensionamento de ligações,
soldadas ou através de pinos, é tratado de forma específica tanto na NBR 8800 (2008)
quanto nesta disciplina.

A título de dimensionamento, deve-se obedecer à condição de esforços solicitantes de cálculo, que


não devem superar os esforços máximos de resistência do elemento.

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\[N_{t,Sd} \leq N_{t,Rd}\]

Além dessa condição física de equilíbrio de esforços, deve-se atender ao limite de esbeltez da barra,
que será discutido no tópico 8. Pfeil e Pfeil (2009) citam exemplos de barras tracionadas em
estruturas metálicas, como tirantes, pendurais, contraventamentos (estais) de torres e barras
tracionadas de treliças, conforme você pode observar na figura a seguir.

Figura 1 - Elementos tracionados em estruturas.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 47.

Força axial resistente de cálculo


A força axial resistente de cálculo de uma barra tracionada deve ser obtida estudando-se duas
situações: o escoamento da seção bruta e a ruptura da seção líquida, sendo que a seção líquida é a
própria seção bruta, descontadas as áreas de furos.

A resistência por escoamento da área bruta é dada por:

\[N_{t,Rd}=\frac{A_{g}f_{y}}{\gamma_{a1}}\]

Em que \(A_{g}\) é a área bruta da seção, \(f_{y}\) é a resistência ao escoamento do aço e \


(\gamma_{a1}\) é o coeficiente de ponderação ao escoamento.

Por outro lado, a resistência por ruptura da área líquida é dada por:

\[N_{t,Rd}=\frac{A_{e}f_{u}}{\gamma_{a2}}\]

Em que \(A_{e}\) é a área líquida efetiva da seção, \(f_{u}\) é a resistência à ruptura (última) do aço e \
(\gamma_{a2}\) é o coeficiente de ponderação à ruptura.

Área líquida efetiva

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A área líquida efetiva de uma seção transversal, segundo a NBR 8800 (2008), é compreendida pela
área líquida da barra multiplicada por um coeficiente redutor (Ct), que depende da eficiência da
transferência de esforços.

\[A_{e}=C_{t}A_{n}\]

Área líquida
A área líquida de uma seção transversal metálica deve ser considerada descontando-se as
aberturas de furos de emendas e ligações. O valor dessa área líquida (An) se dá pela soma dos
produtos da espessura pela largura líquida de cada elemento, devendo-se levar em conta as
seguintes considerações:

para o caso de ligações parafusadas, deve-se considerar que a largura do furo seja 2 milímetros
maior do que a dimensão máxima destes, perpendicular à direção da força aplicada;
para o caso de furos distribuídos transversalmente ou diagonalmente ao eixo da barra ou em
ziguezague, deve-se calcular a área líquida pesquisando trechos críticos para que se encontre o
menor valor de seção líquida, como explicam Pfeil e Pfeil (2009). Deve-se calcular os
comprimentos enviesados como:

\[g+\frac{s^{2}}{4g}\]

Conheça os valores de s e g, mostrados na figura a seguir:

Figura 2 - Disposição de furos enviesados em barras tracionadas.

Fonte: NBR 8800 (2008, p. 38).

Pode-se, então, determinar a área líquida como sendo:

\[A_{n}=\begin{bmatrix}b-\sum (d+2mm)+\sum\frac{s^{2}}{4g} \end{bmatrix}.t\]

Em que b é a largura; t é a espessura da peça tracionada e d é a largura do furo para o parafuso.

Para o caso de ligação soldada em tampão, a NBR 8800 (2008) determina que a área do metal da
solda seja desprezada na determinação da área líquida.

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Coeficiente de redução
O conceito da aplicação de coeficiente de redução para área líquida efetiva remete à eficiência da
transmissão de esforços em ligações.

Para o caso em que a força de tração é diretamente transmitida para um dos elementos da seção da
barra através de soldas ou parafusos, não é necessária redução da área líquida.

Se a ligação é feita através de soldas transversais, deve-se adotar redução, como na equação a
seguir, sendo \(A_{c}\) a área do elemento ligado e  \(A_{g}\) a área bruta desse elemento. Veja a
seguir.

\[C_{t}=\frac{A_{c}}{A_{g}}\]

Figura 3 - Coeficiente de redução em ligações por solda transversal.Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 53.

Para o caso de chapas planas nas quais o esforço é transmitido por soldas longitudinais ao longo de
ambas as bordas, deve-se adotar os seguintes coeficientes:

\(C_{t}=1,00 \text{ para } l_{w} \geq 2b\)


\(C_{t}=0,87 \text{ para } 2b > l_{w}\geq 1,5b\)
\(C_{t}=0,75 \text{ para } 1,5b > l_{w} \geq b\)

Observe \(l_{w}\) e b apresentados na figura a seguir:

Figura 4 - Coeficiente de redução em ligações por solda longitudinal dupla.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 53.

Já para o caso de perfis de seção aberta, o valor do coeficiente redutor é dado por:

\[C_{t}=1 - \frac{e_{c}}{l{c}} \geq 0,6\]

Em que  \(e_{c}\) é a medida da excentricidade do plano da ligação em relação ao centroide da seção


ou a parte da seção que resiste ao esforço e \(l_{c}\) é o comprimento da ligação correspondente ao
comprimento do cordão de solda ou à distância entre o primeiro e o último parafuso da ligação.

Figura 5 - Coeficiente de redução em ligações por solda longitudinal dupla.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 52.

Em ligações com eixos de simetria, como nos casos (c) e (d) da Figura 5, deve-se tomar os valores de
excentricidade em relação ao plano da ligação ao centroide de meia seção transversal.

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Barras ligadas por pino


Quando a ligação em questão é feita através de pinos, esta deve resistir ao pior caso de solicitação,
portanto, a norma determina que sua força resistente de dimensionamento seja a menor entre
quatro estados-limite:

escoamento da seção bruta;


resistência de contato sobre a área projetada do pino.

SAIBA MAIS
O efeito de resistência de contato em área projetada de pino será estudado no tema que
trata especificamente desse tipo de ligação. Isto porque esse tipo de situação verifica o
esmagamento da borda do furo quando pressionada por um pino. Para obter mais
informações a respeito desse assunto, você pode consultar o item 6.6, da NBR 8800 (2008).

Ruptura por tração da seção líquida, determinada por:

\[N_{t,Rd} = \frac{2tb_{ef}f_{u}}{\gamma_{a2}}\]

Ruptura por cisalhamento da seção líquida, determinada por:

\[N_{t,Rd} = \frac{0,60 A_{sf}f_{u}}{\gamma_{a2}}\]

Em que t representa a espessura do elemento ligado por pino, \(b_{ef}\) é a largura efetiva, dada
como 2t+16 milímetros, limitada à distância da borda da chapa à borda mais próxima na direção
perpendicular à força \(A_{sf} = 2t (a + \frac{d_{p}}{2})\) com “a” sendo a menor distância entre a
borda de um furo à extremidade da barra na direção paralela à força e \(d_{p}\) o diâmetro do pino.

Além disso, a NBR 8800 (2008) determina uma série de condições que a ligação com pinos deve
cumprir para ser adequada a transferência de esforços de tração. O pino deve estar em distância
média entre bordas das chapas; o furo deve ter diâmetro de no máximo 1 milímetro maior do que o
diâmetro do pino ao permitir rotação entre elementos e o comprimento da chapa, da extremidade
até a borda do furo, não deve ser menor do que \(2b_{ef}\) mais o diâmetro do pino.

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NA-PRATICA
Em uma ligação com pino, pode ser necessário o uso de elementos que necessitem de um
grau de liberdade em determinado ponto, como, por exemplo, em uma treliça metálica, sendo
que esse grau de liberdade é a livre rotação no plano. Para garantir essa livre rotação, é
importante manter o espaçamento entre furo e pino, impedindo possível travamento por
atrito.

Além dessas exigências, a norma permite chanfrar os cantos da chapa obedecendo às distâncias-
limite apresentadas na figura a seguir.

Figura 6 - Requisitos para ligação com pinos submetida a esforços de tração.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 42.

Barras redondas com extremidades


rosqueadas
Deve-se tomar a força de tração resistente de cálculo desse tipo de barra como sendo o menor dos
valores considerando os estados-limite últimos de escoamento da seção bruta e os estados-limite
últimos de ruptura da parte rosqueada.

A força resistente da seção bruta é dada por:

\[N_{t,Rd} = \frac{A_{g}f_{y}}{\gamma_{a1}}\]

Enquanto a parte rosqueada deve ser verificada por:

\[N_{t,Rd} = \frac{A_{e}f_{u}}{\gamma_{a2}}\]

Em que \(A_{be}\) é a área líquida efetiva da parte rosqueada, dada por 0,75 vezes a área bruta, e \
(f_{ub}\) é a resistência à ruptura de elemento rosqueado (definido no anexo A da NBR 8800:2008).

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Limitação do índice de esbeltez


A NBR 8800 (2008) recomenda que o índice de esbeltez λ de barras tracionadas seja limitado em
300.

ATENÇÃO
Esbeltez é uma grandeza que determina o comportamento de peças quando há possibilidade
de flambagem. Já a flambagem é um fenômeno que ocorre para elementos ou partes de
elementos comprimidos e que será estudado em breve. Para tal, a limitação normativa de
esbeltez em peças tracionadas é dada como recomendação, devendo o projetista se certificar
da possibilidade de ocorrência de flambagem por inversão de sentido de carga.

Para a obtenção do índice de esbeltez, deve-se tomar a maior relação entre comprimento
destravado e raio de giração da seção transversal:

\[\lambda = \frac{l}{r}\]

Figura 7 - Barra composta tracionada.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 43.

A norma determina que, caso o projetista decida não seguir essa recomendação, este deve tomar
providências para a garantia do comportamento adequado das barras em serviço.

Barras prismáticas submetidas à força axial


de compressão

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Este tema tratará do estudo de barras submetidas a esforço axial de compressão. Esse tipo de
esforço é comum em diversos elementos metálicos, como pilares ou colunas, elementos
comprimidos de treliças, escoras, entre outros.

Ao contrário do que acontece com perfis tracionados, em que o fator resistente limitante é a área
da seção – bruta, líquida ou efetiva –, as barras comprimidas têm sua capacidade limitada ao efeito
de flambagem das peças. Esse efeito pode ser do tipo global, em que a barra toda flamba, ou local,
caso em que um ou mais elementos componentes do perfil sofrem esse fenômeno. É importante
lembrar de que a flambagem é um fenômeno de acontecimento repentino, ou seja, a estrutura não
dá sinais de seu acontecimento, por isso, uma falha desse tipo pode causar desastres.

Generalidades
A NBR 8800 (2008) trata do dimensionamento de barras prismáticas submetidas à compressão,
sendo que, a título de dimensionamento, deve-se obedecer à condição de que esforços solicitantes
de cálculo não devem superar os esforços máximos de resistência do elemento.

\[N_{c,Sd} \leq N_{c,Rd}\]

Pfeil e Pfeil (2009) comentam que as barras submetidas a esforço de compressão têm seu efeito de
curvatura por flambagem à flexão acentuada, enquanto que nas barras tracionadas esse efeito é
reduzido. Além disso, o efeito de flambagem das barras comprimidas é o fator principal no seu
dimensionamento.

SAIBA MAIS
Os efeitos de flambagem foram estudados pela primeira vez por Leonard Euler (1707-1783)
enquanto investigava o equilíbrio de colunas comprimidas com deslocamentos laterais. A
teoria da flambagem, abordada de modo geral, pode ser encontrada no livro “Resistência dos
Materiais”, de Ferdinand Beer e Russell Johnston, ou, de forma mais voltada para estruturas
metálicas, no livro “Estruturas de aço: Dimensionamento Prático”, de Walter e Michele Pfeil.

Na prática, a flambagem apresenta efeitos tanto de ordem global quanto local, conforme você pode
observar na figura a seguir.

Figura 8 - Elementos comprimidos afetados pelo efeito da flambagem global e local.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 119.

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Força axial resistente de cálculo


A NBR 8800 (2008) determina que a força axial resistente de cálculo de uma barra comprimida,
associada a estados-limite últimos de instabilidade – por flexão, torção ou flexo-torção – e de
flambagem é:

\[N_{c,Rd} = \frac{\chi QA_{g}f_{y}}{\gamma_{a1}}\]

Em que  \(A_{g}\) é a área bruta da seção, \(f_{y}\) é a resistência ao escoamento do aço e \


(\gamma_{a1}\) é o coeficiente de ponderação ao escoamento.

Os fatores X   e Q estão relacionados a coeficientes redutores, sendo que o primeiro se refere à


flambagem global e o segundo à flambagem local.

Coeficiente redutor χ
Este coeficiente redutor está vinculado ao índice de esbeltez (λ0) da barra e é dado por:

Caso \(\lambda_{0}\leq 1,5\)

\[\chi = 0,658^{\lambda^{2}_{0}}\]

Caso \(\lambda_{0}> 1,5\)

\[\chi = \frac{0,877}{\lambda^{2}_{0}}\]

Em que:

\[\lambda_{0} = \sqrt{\frac{QA_{g}f_{y}}{N_{e}}}\]

Onde o valor de \(N_{e}\)

representa a força axial de flambagem elástica. Ademais, a alteração na equação do coeficiente


redutor em função do índice de esbeltez quando este atinge 1,5 se dá pela mudança de
comportamento do material nesse índice de esbeltez, sendo que as determinações das equações
foram estudadas de forma empírica para a produção da norma.

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ATENÇÃO
A força axial de flambagem elástica (Ne) é a força-limite para que um perfil suporte uma carga
axial sem que ocorra flambagem. Atingida essa carga, o perfil inicia o processo de flambagem
elástica (que seria, no caso, a carga crítica de Euler). Esses dados são explicitados pela NBR
8800 (2008), no Anexo E, em função do tipo de perfil e das condições de apoio do elemento.

O comportamento do fator χ em função do índice de esbeltez pode ser observado na figura a seguir,
em que se pode notar o ponto de inflexão da curva para

\[\lambda = 1,5\]

Figura 9 - Coeficiente redutor χ em função do índice de esbeltez λ0.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 45.

Coeficiente redutor Q
O coeficiente redutor Q está relacionado com a limitação de esforço axial de compressão resistido
por uma barra antes do surgimento de flambagem local em algum ponto desse elemento.

Para perfis usuais que não possuam seção circular tubular, Q é dado por:

\[Q = Q_{s} \cdot Q_{a}\]

Em que \(Q_{s}\) é o fator redutor relacionado a elementos do tipo AL da seção e \(Q_{a}\) é


relacionado a elementos do tipo AA.

ATENÇÃO
Elementos AL são barras cuja seção transversal possui apenas uma borda longitudinal
vinculada ao perfil, sendo um perfil não enrijecido, enquanto elementos AA possuem duas
bordas longitudinais vinculadas, caracterizando perfil enrijecido.

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Caso a seção transversal possuir apenas elementos AA na composição, a fórmula a ser utilizada é:
Q = Qa. Se a seção possuir apenas elementos AL, utiliza-se: Q = Qs, adotando-se sempre o menor
coeficiente dentre os componentes do perfil.

Se a esbeltez do elemento for menor do que sua esbeltez-limite, que é determinada em função do
módulo de elasticidade e tensão-limite do escoamento, o coeficiente redutor Q é igual a 1, ou seja,
não há risco do surgimento de flambagem local na barra.

Além disso, o índice de esbeltez de elementos componentes da seção transversal é definido por:

\[\lambda_{e} = \frac{b}{t}\]

Em que b e t são dados dos elementos componentes do perfil que serão apresentados conforme o
grupo normativo correspondente. Para os elementos de família AA, as equações de esbeltez-limite
e valores para aços usuais são apresentadas na  figura a seguir.

Figura 10 - Esbeltez-limite para perfis tipo AA.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 131.

Para o caso de elementos não enrijecidos, da família AL, a esbeltez-limite é apresentada na figura a
seguir.

Figura 11 - Esbeltez-limite para perfis tipo AL.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 131.

Perfis soldados não enrijecidos (AL – grupo 5) devem ter o coeficiente kc determinado, que leva em
consideração a esbeltez da alma na resistência à rotação, devendo possuir valor entre 0,35 e 0,76 e
é dado por:

\[k_{c}= \frac{4}{\sqrt{\frac{h}{t}}}\]

Nesse contexto, sendo os valores de esbeltez maiores do que os valores-limite das Figuras 3 e 4,
deve-se determinar os valores do coeficiente redutor Q em função do grupo ao qual pertence o
perfil.

Para o caso de perfis AA de ambos os grupos – 1 e 2 – o coeficiente Q é dado por:

\[Q_{a}=\frac{A_{ef}}{A_{g}}\]

Sendo que \(A_{g}\) é a área bruta da seção e \(A_{ef}\) a área efetiva, dada por:

\[A_{ef} = A_{g} - \sum (b - b_{ef}) \cdot t\]

Em que o somatório vale para todos os elementos componentes da seção AA. Além disso, a largura
\(b_{ef}\) dos elementos AA é dada por:

\[b_{ef} = 1,92t\sqrt{\frac{E}{\sigma}} \begin{bmatrix}1 - \frac{c_{a}}{b/t}\sqrt{\frac{E}


{\sigma}}\end{bmatrix} \leq b\]

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Sendo E o módulo de elasticidade do material \(c_{a}\) um coeficiente de forma do elemento – 0,38


para mesas e almas de seções tubulares retangulares e 0,34 para demais perfis – e σ a tensão
atuante no elemento. De forma conservadora, pode-se tomar \(\sigma = f_{y}\) , ou seja, a tensão
atuante no elemento é a capacidade total do aço ao escoamento.

Para os casos de perfis AL, o coeficiente Q é dado por:

Grupo 3:

\[Q_{s}= \begin{cases}1,34 - 0,76 \frac{b}{t} \sqrt{\frac{f_{y}}{E}} s e : 0,45 \frac{E}{f_{y}} < \frac{b}{t}


\leq 0,91 \sqrt{\frac{E}{f_{y}}}\\\\ \frac{0,53 E}{f_{y}(b/t)^{2}}se:\frac{b}{t}>0,91 \frac{E}
{f_{y}}\end{cases}\]

Grupo 4:

\[Q_{s}= \begin{cases}1,415 - 0,74\frac{b}{t} \sqrt{\frac{f_{y}}{E}} s e : 0,56 \frac{E}{f_{y}} < \frac{b}{t}


\leq 1,03 \sqrt{\frac{E}{f_{y}}}\\\\ \frac{0,69 E}{f_{y}(b/t)^{2}}se:\frac{b}{t}>1,03 \frac{E}
{f_{y}}\end{cases}\]

Grupo 5:

\[Q_{s}= \begin{cases}1,415 - 0,65\frac{b}{t} \sqrt{\frac{f_{y}}{E}} s e : 0,64 \frac{E}{f_{y}} < \frac{b}{t}


\leq 1,17 \sqrt{\frac{E}{f_{y}}}\\\\ \frac{0,90 E}{f_{y}(b/t)^{2}}se:\frac{b}{t}>1,17 \frac{E}
{f_{y}}\end{cases}\]

Grupo 6:

\[Q_{s}= \begin{cases}1,908 - 1,22\frac{b}{t} \sqrt{\frac{f_{y}}{E}} s e : 0,75 \frac{E}{f_{y}} < \frac{b}{t}


\leq 1,03 \sqrt{\frac{E}{f_{y}}}\\\\ \frac{0,69 E}{f_{y}(b/t)^{2}}se:\frac{b}{t}>1,03 \frac{E}
{f_{y}}\end{cases}\]

No caso de seções tubulares circulares, o índice de esbeltez deve ser calculado como:

\[\lambda = \frac{d}{t}\]

Em que D é o diâmetro externo do tubo e t a espessura da parede. A esbeltez-limite desse tipo de


seção é:

\[(\frac{b}{t})_{r}= 0,11 \frac{E}{f_{y}}\]

Caso o índice de esbeltez da barra tubular circular seja menor do que o limite, o coeficiente redutor
será Qtc = 1. Caso seja maior e limitado até

\[0,45 \frac {E}{f_{y}}\]

é calculado como:

\[Q_{tc} = 0,038 \frac{t}{D}\cdot \frac{E}{f_{y}}+\frac{2}{3}\]

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Sendo que a norma não permite a utilização de perfis circulares tubulares para índice de esbeltez
acima de

\[0,45 \frac {E}{f_{y}}\]

NA-PRATICA
Suponha uma barra comprimida com perfil enrijecido de aço MR250 (fy = 250 MPa), do tipo
W 250 x 25,3 (grupo 2, família AA, área bruta de 32,6 cm²) e λ0 = 2,5. O coeficiente χ para
este índice de esbeltez é 0,14, e o coeficiente de esbeltez local λe = 29,8 (b = 240 mm e t = 8,4
mm). Como este valor é menor que o índice-limite (42,1), o coeficiente Q = 1. Aplicando-se na
equação da força resistente, com Ya1 = 1,35 (combinações últimas normais para flambagem),
tem-se uma força normal resistente de 102,7 kN.

Limitação do índice de esbeltez


A NBR 8800 (2008) determina que o índice de esbeltez λ de barras comprimidas seja limitado em
200.

Portanto, para a obtenção do índice de esbeltez, deve-se tomar a maior relação entre comprimento
destravado e raio de giração da seção transversal, multiplicando-a pelo coeficiente de flambagem
apresentado na Figura 12, dependendo das condições de apoio da barra. Observe:

\[\lambda = K \frac {1}{r}\]

Figura 12 - Coeficiente de flambagem K em função das condições de apoio da barra.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 124.

Para o caso de barras compostas, com dois ou mais perfis ligados trabalhando em conjunto, as
ligações entre esses perfis devem ter intervalos que garantam que o índice de esbeltez de qualquer
perfil não seja superior à metade do índice de esbeltez da barra toda, sendo que, para cada perfil

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componente, a norma determina que o seu índice de esbeltez seja calculado de acordo com o raio
de giração mínimo. A norma ainda determina que no mínimo duas chapas espaçadoras sejam
colocadas ao longo do comprimento da barra composta, espaçadas uniformemente.

Figura 13 - Exemplo de barra composta comprimida.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 46.

Barras prismáticas submetidas a momento


fletor e força cortante
Os esforços mais comuns de incidência em vigas estruturais são a força cortante e o momento
fletor, os quais são causados por cargas que atuam transversalmente ao eixo da viga e, além do
efeito físico natural de corte e flexão, ainda exercem efeitos localizados sobre os elementos
formadores da barra.

O que será estudado neste tema são a resistência das vigas sob esses efeitos, além da resistência
localizada dos elementos constituintes, que devem resistir à flambagem local de mesa e alma, assim
como da flambagem lateral do perfil por torção.

Generalidades
A NBR 8800 (2008) trata do dimensionamento de barras prismáticas submetidas a momento fletor
e força cortante, especificamente para determinados tipos de perfis, sendo:

seções I e H fletidas em relação a um dos seus eixos de simetria;


seções I e H com um eixo de simetria, sendo este situado no plano médio da alma, com flexão
em torno do eixo principal de inércia perpendicular à alma;
seções T inteiras ou compostas por cantoneiras duplas, fletidas em relação ao eixo principal de
inércia perpendicular à alma;
seções U com flexão em torno de um dos eixos centrais principais de inércia;

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seções-caixão, tubulares, retangulares ou circulares com flexão em torno de um dos eixos


principais centrais de inércia;

seções tubulares circulares com flexão em torno de qualquer eixo que contenha o centroide.

ATENÇÃO
Caso haja necessidade de verificação para seções transversais não aplicáveis a essas
condições em situações específicas de projeto, é necessária a realização de análises mais
aprofundadas, utilizando métodos específicos que permitam o estudo detalhado da
distribuição de esforços.

A figura a seguir apresenta perfis usuais que são utilizados como vigas em projetos de estruturas
metálicas. Observe:

Figura 14 - Elementos comprimidos afetados pelo efeito da flambagem global e local.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 154.

Para momento fletor e força cortante, as condições de equilíbrio entre esforços solicitantes e
resistentes de dimensionamento são válidos, sendo que:

\[M_{Sd} \leq M_{Rd}\\ V_{Sd} \leq V_{Rd}\]

Em que \(M_{Sd}\) representa o momento solicitante e \(M_{Rd}\) o momento resistente de cálculo;


\(V_{Sd}\) representa a força cortante solicitante e \(V_{Rd}\) a força cortante resistente de cálculo.
Além dessas condições, a norma determina que sejam verificados todos os estados-limite de
serviço possíveis para o projeto.

A flexão não causa apenas efeitos de momento fletor nas barras. Note, na figura a seguir, os efeitos
de flambagem localizados sobre os elementos componentes do perfil que devem ser verificados
para garantir a completa estabilidade da barra.

Figura 15 - Efeitos de flambagem local sobre elementos componentes de perfil metálico à flexão.

Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009, p. 153.

Agora, serão estudadas as resistências à flexão e cisalhamento isoladamente em relação às barras.


Nos próximo tema, levar-se-á em conta as combinações de esforços e o comportamento de barras a
esforços combinados.

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Momento fletor resistente de cálculo


A determinação do momento fletor resistente de dimensionamento é definida a partir da esbeltez
da seção transversal, representada pelo seu índice de esbeltez λ (seja ele AA ou AL) e dos
parâmetros de esbeltez específicos, de plastificação λp e o elástico λr.

Para o caso de seções constituídas por seções I, H, U; seções sólidas retangulares; caixões e
tubulares-retangulares, o momento fletor resistente de cálculo é dado por:

seções compactas:

\[\lambda \leq \lambda_{p}\\ M_{Rd} = \frac{M_{pl}}{\gamma_{a1}}\]

seções semicompactas:

\[\lambda_{p} < \lambda \leq \lambda_{r}\\M_{Rd} = \frac{C_{b}}{\gamma_{a1}}\begin{bmatrix}M_{pl}


- (M_{pl} -  M_{r}) (\frac{\lambda - \lambda_{p}}{\lambda_{r} - \lambda}) \end{bmatrix}\leq
\frac{M_{pl}}{\gamma_{a1}}\]

seções esbeltas:

\[\lambda > \lambda_{r}\\M_{Rd} = \frac{M_{cr}}{\gamma_{a1}}\leq \frac{M_{pl}}{\gamma_{a1}}\]

Sendo que os valores de λ, λp, λr, Mcr e Mr são definidos em função do tipo e formato da seção, do
eixo ao qual há flexão e do limite de instabilidade (FLA – flambagem local da alma, FLM –
flambagem local da mesa e FLT – flambagem local por torção), considerando-se que todos os limites
devem ser verificados e são apresentados na figura a seguir.

Figura 16 - Dados de esforços resistentes e esbeltez de barras em função da seção transversal.

Fonte: NBR 8800, 2008, p. 134.

SAIBA MAIS
As notas específicas que orientam a obtenção de valores apresentados na Figura 16 podem
ser encontradas no anexo G da NBR 8800 (2008). Importa destacar que os valores dependem
de fatores específicos de determinados perfis e compõem casos especiais de
dimensionamento.

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O momento de plastificação à flexão Mpl é dado pelo momento formador de rótula plástica na viga,
quando a tensão atuante no elemento ultrapassa a tensão-limite de escoamento, conforme
apresentado na figura a seguir, e é dado por:

\[M_{pl} = Zf_{y}\]

Em que Z é o módulo resistente da seção transversal e depende do tipo de perfil utilizado.

Figura 17 - Modelo físico do momento de plastificação de uma viga submetida à flexão.

Fonte: Argenta, 2015, p. 55.

O valor do coeficiente Cb é igual a 1,0 para todos os casos de perfis na verificação da flambagem
local de mesa e alma (FLM e FLA). Para a verificação de FLT, Cb é igual a:

em mesas com contenção lateral contínua tracionada em pelo menos uma extremidade do
comprimento destravado:

\[C_{b} = 3 - \frac{2}{3} \frac{M_{1}}{M_{0}}-\frac{8}{3} \frac{M_{2}}{M_{0} + M_{1}}\]

Em que o valor de M0  é o valor do momento fletor solicitante de dimensionamento máximo que


comprime a mesa destravada (com valor negativo); M1  representa o momento fletor solicitante de
dimensionamento na extremidade oposta à da mesa destravada, devendo levar sinal negativo no
segundo e terceiro termos da equação, no caso de compressão da mesa livre ou, no caso de tração,
sinal positivo no segundo termo e zero no terceiro termo; e M2  o momento solicitante de
dimensionamento no centro do comprimento destravado, devendo ser positivo no caso de
tracionar a mesa livre ou negativo se tracionar a mesa com travamento contínuo.

em vigas submetidas a esforço transversal distribuído uniformemente, com a mesa tracionada


contida a deslocamento lateral e momentos nulos nas extremidades, Cb = 2,0;‍
para outros casos, Cb = 1,0.

ATENÇÃO
A norma estabelece orientações gerais de aplicação dos momentos para cálculo do
coeficiente Cb. Todos os casos particulares devem ser analisados minuciosamente pelo
projetista e, caso necessário, deve-se elaborar estudos mais aprofundados.

Já para o caso de mesas sem contenção lateral contínua, trechos em balanço entre seção travada
lateralmente à torção, com a outra extremidade livre, Cb = 1,0. Para os demais casos, Cb é dado por:

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\[C_{b} = \frac{12,5M_{max}}{2,5M_{max} + 3M_{A} + 4M_{B}+3M_{c}}\cdot\leq 3\]

Em que \(M_{max}\) é o valor do maior momento fletor em módulo solicitante de cálculo; \(M_{A}\)
representa o momento solicitante de dimensionamento no primeiro quarto de comprimento
destravado a partir da extremidade da esquerda; \(M_{B}\) o momento na parte central do
comprimento destravado; e \(M_{C}\) o momento solicitante de dimensionamento no primeiro
quarto de comprimento destravado a partir da extremidade da direita. Já o valor de \(R_{m}\)
depende da simetria da seção transversal e é igual a 1,00, exceto para seções com apenas um eixo
de simetria, sendo que a flexão ocorre em torno do eixo não simétrico e seu valor é dado por:

\[R_{m} = 0,5 + 2 (\frac{I_{ytc}}{I_{y}})^{2}\]

Em que \(I_{ytc}\) é o momento de inércia da mesa comprimida em relação ao eixo de simetria e \


(I_{y}\) é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo de simetria.

NA-PRATICA
Suponha a verificação de uma barra flexionada cujo perfil é de aço MR250 (fy = 250 MPa),
com seção transversal do tipo W 250 x 25,3. Esse perfil apresenta um módulo resistente Z
igual a 311,1 cm³. Assim, o momento de plastificação é igual a 77,8 kN.m. A determinação do
momento resistente de dimensionamento depende da compacidade da barra. Supondo que
essa barra seja compacta, o momento resistente é o momento de plastificação dividido pelo
coeficiente de ponderação de escoamento (1,10), portanto, o momento-limite da barra é igual
a 70,7 kN.m.

Força cortante resistente de cálculo


A NBR 8800 (2008) determina que a força cortante resistente de cálculo de barras metálicas seja
dada considerando-se que seções I, U e H que sofrem flexão em torno do eixo de inércia
perpendicular à alma:

seções compactas:

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\[V_{Rd} = \frac{V_{pl}}{\gamma_{a1}}\]

seções semicompactas:

\[\lambda_{p} < \lambda  \leq \lambda_{r}\\V_{Rd} = \frac{\lambda_{p}}{\lambda} \frac{V_{pl}}


{\gamma_{a1}}\]

seções esbeltas:

\[\lambda  > \lambda_{r}\\V_{Rd} = 1,24(\frac{\lambda_{p}}{\lambda})^{2} \frac{V_{pl}}


{\gamma_{a1}}\]

Em que:

\[\lambda = \frac{h}{t_{w}}\\ \lambda_{p} = 1,10\sqrt{\frac{k_{v}E}{f_{y}}}\\ \lambda_{r} =


1,37\sqrt{\frac{k_{v}E}{f_{y}}}\]

Sendo \(k{v}\) um coeficiente referente ao enrijecimento transversal de alma e vale 5 no caso de


almas não enrijecidas, e

\[5 + \frac{5}{(a / h)^{2}}\]

para almas enrijecidas, em que a é a distância entre centros de enrijecedores transversais, h é a


altura da alma da viga (entre faces internas de mesas de perfis soldados ou entre dois raios de
concordância de perfis laminados) e tw é a espessura da alma.

Já a força cortante de plastificação Vpl é dada por:

\[V_{pl} = 0,60 A_{w}f_{y}\]

Onde Aw é a área efetiva de cisalhamento e é dada pelo produto entre a altura total da alma e a sua
espessura.

Para o caso de seções-caixão ou tubulares-retangulares, a força resistente de cálculo VRd é dada da


mesma forma, com o coeficiente kv = 5,0 e h sendo a altura da parte plana das almas das seções que
formam o perfil, além de tw ser a espessura de uma das almas componentes, sendo que a norma
determina que as almas componentes do perfil devem ser iguais.

Barras prismáticas submetidas à


combinação de esforços solicitantes

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Apesar de estudarmos o comportamento de estruturas analisando seus esforços solicitantes de


forma separada, na realidade elas estão sujeitas a todos esses esforços simultaneamente. O estudo
de esforços combinados é importante para verificar a estabilidade de peças estruturais quando
submetidas a esses esforços de forma simultânea e analisar o seu comportamento quando os
esforços são sobrepostos.

Em um elemento de estrutura metálica em que há força solicitante transversal oriunda de um pilar


inclinado, parte dessa força inclinada atuará gerando momento fletor e força cortante (componente
vertical) e outra parte gerará esforço normal no elemento (componente horizontal). Os efeitos de
tensão normal, por exemplo, de momentos fletores e forças normais devem ser analisados de forma
conjunta para verificar sua resistência, pois esses dois esforços solicitantes geram superposição de
efeitos.

Considerações
Segundo a NBR 8800 (2008), existem considerações a serem feitas ao verificar as condições de
estado-limite último para barras prismáticas. São válidos os métodos de verificação caso as
seguintes considerações sejam atendidas:

seções I e H com um ou dois eixos de simetria, fletidas em relação a um desses eixos ou ao eixo
central principal de inércia perpendicular à alma;
seções T ou par de cantoneiras que formem um perfil T fletidas em relação ao eixo central de
inércia perpendicular à alma ou ao eixo de simetria;
seções U fletidas em relação a um dos eixos centrais principais de inércia;
seções caixão e tubulares retangulares com dois eixos de simetria fletidas em relação a um
desses eixos ou ao eixo central principal de inércia;
seções sólidas ou tubulares circulares ou retangulares fletidas em relação a um dos eixos
centrais de inércia.

ATENÇÃO
Pode-se dividir em duas partes a análise de combinação de esforços solicitantes. A primeira
delas consiste em estudar o comportamento dos perfis enquanto submetidos a esforços de
momentos fletores, força axial e forças cortantes.

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Pode-se dividir em duas partes a análise de combinação de esforços solicitantes. A primeira delas
consiste em estudar o comportamento dos perfis enquanto submetidos a esforços de momentos
fletores, força axial e forças cortantes.

Figura 18 - Estrutura metálica complexa cujas barras recebem esforços de forma combinada.

Fonte: Dreamstime

Já o segundo caso acrescenta o efeito do esforço de torção no comportamento estrutural do perfil.


Para o caso de barras submetidas a esforços de torção, quando o seu esforço de torção solicitante
for menor do que 20% do seu esforço resistente de dimensionamento, pode-se desprezar seu
efeito e calcular os efeitos de acordo com o primeiro caso.

Princípio do método de análise


Esse método de análise de estabilidade leva em consideração a relação entre o esforço solicitante
na peça e o seu esforço resistente. Sabendo-se que para haver estabilidade estrutural local de uma
peça o esforço solicitante não deve ser superior ao quanto essa peça pode resistir, pode-se afirmar
que:

\[ \frac{E_{s}}{E_{r}} \leq 1 \]

Sendo ES o esforço solicitante de cálculo e ER o esforço resistente.

Ao fazermos uma análise combinada de esforços, estamos sobrepondo os efeitos de solicitação de


barras e, assim, avaliando a resistência da peça como um todo.

Barras submetidas a momentos fletores,


força axial e forças cortantes
Barras submetidas a esforços combinados sem efeito significativo de momento de torção são
definida por:

\[C_{1}\frac{N_{Sd}}{N_{Rd}}+C_{2}\frac{M_{x,Sd}}{M_{x,Rd}}+\frac{M_{y,Sd}}{M_{y,Rd}}\leq 1\]

Em que:

\(N_{Sd}\) é a força normal solicitante de dimensionamento atuante na barra;


\(N_{Rd}\) é a força normal de dimensionamento à qual a barra resiste;

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\(M_{x,Sd}\) é o momento fletor solicitante de dimensionamento atuante em torno do eixo x da


barra;
\(M_{x,Rd}\) é o momento fletor resistente de dimensionamento da barra em torno do seu eixo
x;
\(M_{y,Sd}\) é o momento fletor solicitante de dimensionamento atuante em torno do eixo y da
barra;
\(M_{y,Rd}\) é o momento fletor resistente de dimensionamento da barra em torno do seu eixo
y.

As constantes C1 e C2 são normatizadas pela NBR 8800 (2008) e são referentes à relação entre os
esforços normais solicitante e resistente.

Para o caso de a força normal solicitante não ultrapassar 20% da resistência do perfil

\[(\frac{N_{Sd}}{N_{Rd}}<0,2)\]

\(C_{1}\) = 0,5
\(C_{2}\) = 1,0

Para o caso de a força normal solicitante ser igual ou ultrapassar 20% da resistência do perfil:

\[(\frac{N_{Sd}}{N_{Rd}}\geq0,2)\]

\(C_{1}\) = 1,0
\(C_{2}\) = 0,89

ATENÇÃO
Todas essas análises de esforços são feitas com os valores de dimensionamento do elemento,
ou seja, os valores são devidamente majorados com coeficientes de segurança e ponderação,
de acordo com a norma técnica.

Nesse caso, a verificação dos esforços cortantes que atuam em apenas uma direção pode ser
analisada de forma isolada, pois esse esforço gera tensões de cisalhamento que não sobrepõem
esforços normais no perfil. No caso de haver força cortante em duas direções, por exemplo, nos
eixos x e y, os estados-limite de escoamento à instabilidade e flambagem do efeito combinado
devem ser obrigatoriamente verificados de acordo com método específico.

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NA-PRATICA
Uma viga metálica recebe um carregamento de forma inclinada com esforço normal de 50
toneladas-força (tração) e um momento fletor de 150 toneladas-força metro. A seção
transversal dessa barra resiste à força normal de 75 tf e ao momento fletor de 250 tfm. Como
a relação entre esforço normal solicitante e resistente é de 0,67, o coeficiente C1 será 1,0 e o
coeficiente C2 será 0,89. Temos um valor maior do que 1, portanto, o projetista deve escolher
um perfil metálico mais resistente para esta viga.

Barras submetidas a momentos fletores,


força axial, forças cortantes e momento de
torção
No caso de uma barra ser submetida ao momento de torção maior do que 20% da resistência
máxima do elemento a esse esforço, deve-se utilizar a seguinte expressão:

\[(\frac{N_{Sd}}{N_{Rd}}+\frac{M_{Sd}}{M_{Rd}}) + (\frac{V_{Sd}}{V_{Rd}}+\frac{T_{Sd}}
{T_{Rd}})^{2}\leq 1\]

Em que:

\(N_{Sd}\) é a força normal solicitante de dimensionamento atuante na barra;‍


\(N_{Rd}\) é a força normal de dimensionamento à qual a barra resiste;‍
\(M_{Sd}\) é o momento fletor solicitante de dimensionamento atuante na barra;‍
\(M_{Rd}\) é o momento fletor resistente de dimensionamento da barra;‍
\(V_{Sd}\) é a força cortante solicitante de dimensionamento atuante na barra;‍
\(V_{Rd}\) é a força cortante resistente de dimensionamento da barra;‍
\(T_{Sd}\)é o momento de torção solicitante de dimensionamento atuante na barra;‍
\(T_{Rd}\) é o momento de torção resistente de dimensionamento da barra.

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Esforços de torção geram tensões internas de cisalhamento, que se sobrepõem aos esforços
gerados pela força cortante, como mostra a figura a seguir, e devem ser verificados em conjunto.

Figura 19 - Esforços internos resultantes da torção em vigas.Fonte: AltoQI, 2015, p. 98.

Lembre-se de que esse processo de iteração deve ser realizado para todos os eixos solicitantes da
barra.

Seções quaisquer submetidas a esforços


solicitantes combinados
Aqui trataremos dos casos não contemplados especificamente na NBR 8800 (2008). Como
exemplo, podem ser citados perfis abertos ou fechados sem eixo de simetria, como o perfil Z,
indicado na figura a seguir.

Figura 20 - Perfil tipo “Z”.

Fonte: Jarous / Shutterstock

Para esses casos, é necessário um estudo específico de equilíbrio de tensões de escoamento cujos
valores podem ser obtidos por simulações mais complexas.

SAIBA MAIS
O método dos elementos finitos é largamente utilizado em simulações de comportamento
em elementos, sendo peças, fluidos e até mesmo campos eletromagnéticos. Para saber mais
sobre esse método, consulte o livro “Método dos elementos finitos em análise de estruturas”,
de Luiz Eloy Vaz, o qual traz conceitos de aplicação desse método em estruturas.

Para que haja estabilidade da peça, a condição de segurança básica é a de que a tensão solicitante
seja menor do que a tensão resistente, sendo ambas de dimensionamento.

\[\sigma_{Sd} \leq \sigma_{Rd} \\ \tau_{Sd} \leq \tau_{Rd}\]

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Sendo que σ se refere a tensões normais e τ a tensões de cisalhamentos, as tensões de


dimensionamento devem ser determinadas segundo as equações a seguir.

Para o estado-limite de escoamento, as equações de tensão normal e tensão tangencial resistentes


da peça são:

\[\sigma_{Rd}=\frac{f}{\gamma_{a1}} \\\tau_{Rd} = 0,6 \frac{f}{\gamma_{a1}}\]

Em que \(\gamma_{a1}\) é o coeficiente de ponderação do material para escoamento, flambagem e


instabilidade e \(\f_{y}\) a resistência característica do aço.

Para o caso do estado-limite de flambagem e instabilidade, as tensões resistentes podem ser


expressas como:

\[\sigma_{Rd}=\chi\frac{y}{\gamma_{a1}} \\ \tau_{Rd} = 0,6\chi \frac{y}{\gamma_{a1}}\]

Em que x  é o fator redutor da resistência à compressão devido à flambagem e pode ser calculado
como:

Se λ0 ≤ 1,5:

\[\chi = 0,658^{\lambda^{2}_0}\]

Se  λ0 > 1,5:

\[\chi = \frac{0,877}{\lambda^{2}_0}\]

Em que \(\lambda_{0}\) é o comprimento de flambagem da peça.

O valor de x  também pode ser estimado conforme a figura a seguir, que relaciona x  com o
comprimento de flambagem da peça.

Figura 21 - Coeficiente em função do comprimento de flambagem da peça.Fonte: ABNT, 2008, p.


45.

Fechamento
Agora, você conhece os preceitos normativos que orientam o dimensionamento de barras
metálicas submetidas a esforço de tração, além de considerações de áreas líquida, bruta e efetiva.
Os preceitos normativos que orientam o dimensionamento de barras metálicas submetidas a

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esforço de compressão, levando em conta os fatores redutores que previnem o aparecimento dos
fenômenos de flambagem global e local, bem como as determinações normativas limitantes de
esbeltez.

Também os preceitos normativos que orientam o dimensionamento de barras metálicas


submetidas a momento fletor e força cortante, com as barras garantidas contra os efeitos
localizados sobre mesa e alma. Você conhece o processo de avaliar barras de estruturas submetidas
a esforços combinados. Todo o conhecimento adquirido nas aulas anteriores sobre esforços em
barras deve ser aplicado aqui para estudar a estabilidade local de elementos estruturais.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

calcular a barra submetida à força axial de tração mostrando e conceituando as fórmulas,


incógnitas e suas relações;
calcular a barra submetida à força axial de compressão mostrando e conceituando as fórmulas,
incógnitas e suas relações;
calcular barra submetida a momento fletor e força cortante mostrando e conceituando as
fórmulas, incógnitas e suas relações;
estimar a barra submetida à combinação de esforços solicitantes mostrando e conceituando as
fórmulas, incógnitas e suas relações;
compreender a importância de estudar esforços combinados em barras;
conhecer como aplicar esse conceito com base no que é proposto na norma técnica específica;
compreender o caso geral de elementos não listados na norma e ter condições de aplicá-lo
quando necessário.

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