Matrizes Religiosas
Matrizes Religiosas
Matrizes Religiosas
1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
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Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
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xx. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
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xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
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Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS............................................7
CAPÍTULO 2
PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA
NO BRASIL.....................................................................................51
CAPÍTULO 3
A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO
SOCIOCULTURAL..........................................................................97
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Matrizes Religiosas surge no momento em que a configuração
do espaço brasileiro passa a ter uma dimensão mais ampla à medida que novas
religiosidades passam a compor e ter visibilidade no território brasileiro. A partir
disto, essa disciplina vai contemplar temáticas dentro da proposta, que contribuem
na formação acadêmica, a fim de levar não apenas conhecimento científico
através das ciências humanas, mas também levantar questionamentos acerca da
atual organização espacial-temporal das religiões no Brasil.
Bons estudos!
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A constante busca pela história dos imigrantes fez com que muitos aspectos
fossem levados em consideração. Diante das organizações espaciais e também
das transformações que surgiram a partir da fixação territorial, encontra-se diversos
códigos culturais os quais são testemunhados através das suas marcas culturais.
Neste sentido, a religião é uma forma de explicação do mundo e representa uma
configuração ampla e diversificada do conhecimento. Muitas ciências, como a
sociologia e a antropologia, têm despertado interesses em estudos relacionados
à religião, e o aumento gradativo dessa temática ocasionou uma constante busca
sobre conceitos e narrativas que contemplem as matrizes religiosas no Brasil.
2 AS PRINCIPAIS RELIGIOSIDADES
NO BRASIL E O MITO DAS TRÊS
RAÇAS
A temática sobre religião, no geral, tem sido discutida em diferentes áreas
do conhecimento, e isso remete a uma gama de interpretações acerca de como o
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
dos mesmos, mas também a perda dos elementos naturais que constituem o
imaginário das crenças indígenas.
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Mais além, a autora ainda explica essa relação das pessoas com o espaço
sagrado:
escravizados e a crença nos orixás. É importante ressaltar que matriz Indo em direção às
africana é diferente de afro-brasileira. A primeira traz conhecimentos desconstruções,
tradicionais originários da África, e a segunda, já conta com uma espécie ressalta-se a
de “mistura” de crenças (no terceiro tópico desse texto será discutida terceira matriz
essa questão). religiosa introduzida
no Brasil: a africana.
Em contextos históricos e geográficos, quem trouxe o candomblé
para o Brasil foram os negros escravizados nativos de diferentes lugares da
África. Essa religiosidade tem rituais muito peculiares, porém assemelha-se com
os rituais ameríndios. Eles são realizados ao ritmo de atabaques (instrumento
musical) e cantos em idioma ioruba ou nagô (nativos), que variam conforme o
orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos
terreiros, que também podem ser casas, mas expressam no nome suas origens –
clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade.
De outro lado, raros são os aspectos da cultura brasileira que não trazem
a marca da cultura africana. O assunto já foi muito tratado por historiadores e
antropólogos, que estudaram a cultura negra, incluindo a origem da família,
a língua, a religião, a música, a dança, a culinária e a arte popular em geral.
Cultura esta que também foi se perdendo ao longo do tempo, porém em termos
simbólicos, ela é mais passível de ser resgatada que dos indígenas. A quarta matriz
religiosa no Brasil
Finalizando sobre as matrizes, a quarta matriz religiosa no Brasil é a oriental, mais
é a oriental, mais especificadamente, o budismo e suas vertentes. Ele especificadamente,
desembarca em solo brasileiro através da imigração de povos orientais, o budismo e suas
vertentes.
principalmente com a chegada dos japoneses. Ele se expande, abrindo
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
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Alguns estudos utilizaram, entre os séculos XVII e XX, o termo “raça” para
designar as várias classificações de grupos humanos, mas desde que surgiram
os primeiros métodos genéticos para estudar biologicamente as populações
humanas, o termo raça caiu em desuso. Neste sentido, "o mito das três raças"
é criticado por ser considerado uma visão simplista do processo colonizador
brasileiro.
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
maneira geral, ela é vista por muitos pesquisadores, inclusive por praticantes da
religiosidade, como um “abrancamento” das religiões de matriz africana, como o
Candomblé, por exemplo. Isso se dá pelo fato de ela congregar em sua possível
gênese, preceitos das religiões africanas, ameríndias, espírita e católica, sendo
assim uma mistura de todas. Considera-se que ser “sincrético” pode não ser
uma boa qualificação, especialmente para o senso comum, pois tem um sentido
negativo, que dá a conotação de mistura confusa de elementos diferentes e de
inautenticidade (PREVITALLI, 2013), e ela vai mais além quando exemplifica (p.
22-23):
Dentre as muitas entidades que são recebidas pelos médiuns das correntes
nos inúmeros terreiros de umbanda, citam-se como exemplos os Caboclos e
Pretos Velhos que são considerados as entidades mais cheias de luz espiritual
e sabedoria. Diante disso, pode-se dizer que é através delas que a umbanda se
caracteriza por ser uma religião com forte relação com o meio natural (água, terra,
mata, entre outros), seguindo muitos ensinamentos ligados à natureza.
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a) Intolerância Religiosa
b) Mito das três raças
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/intolerancia-
religiosa.htm>. Acesso em: 19 jan. 2021.
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O capítulo sobre as principais matrizes religiosas do Brasil abarcou uma
gama de informações de cunho qualitativo que trouxe uma linha narrativa de
interpretação em diferentes áreas do conhecimento científico: história, geografia,
literatura, antropologia, ciências sociais etc. Falar sobre a religiosidade de um
modo geral não é uma tarefa fácil, pois compreende o conjunto de crenças e
práticas sociais relacionadas à noção de sagrado, que só é experienciado e vivido
por cada indivíduo.
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MATriZES RELiGioSAS
REFERÊNCIAS
BASTIDE, R. As Religiões Africanas no Brasil: contribuição a uma sociologia
das interpenetrações de civilizações. Primeiro e segundo volume. São Paulo:
Pioneira: Ed. da Universidade de São Paulo, 1971.
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Capítulo 1 AS QUATRO MATRIZES RELIGIOSAS
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C APÍTULO 2
PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE
RELIGIOSA NO BRASIL
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A pluralidade religiosa é um fenômeno espacial que desafia a sociedade
a viver de forma respeitosa com a diversidade. Pode ser considerado um novo
paradigma que abre espaço às diversas cosmovisões religiosas, que por meio do
diálogo e alteridade procura o entendimento, principalmente a tolerância entre os
grupos religiosos.
2 A RELIGIÃO NA LITERATURA
CONTEMPORÂNEA
A diferenciação conceitual dos termos diversidade religiosa e pluralismo
religioso está ligada à realidade religiosa diversificada. O debate sobre a temática
permite entender a condição temporal dos sentidos. Em diferentes áreas do saber,
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
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Para abrir essa discussão, com base no que se viu no capítulo sobre as
quatro matrizes religiosas no Brasil, pode-se dizer que há muitas metas narrativas
a cerca desse conceito, principalmente quando se fala em religiosidades no plural.
Porém, é imprescindível dividir (com o leitor) aqui, alguns conceitos importantes
como referencial teórico e bibliográfico, começando com as considerações de
Hanegraaff (2017, p. 205):
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
A citação acima traz a ideia de que conceituar religião é muito mais difícil
do que se pensa, considerando as suas pluralidades e diversidades, até porque,
segundo Eliade (1989, p. 20-22):
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MATriZES RELiGioSAS
Bataille (2015) vai trazer uma teoria da religião, considerando que a própria
humanidade criou o mundo profano. Mas antes de continuar, é importante retomar
o conceito do que é Espaço Sagrado e Espaço Profano, para ter compreensão
sobre a teoria da religião que será tratado daqui até a entrada para o próximo
tópico. Incialmente, considera-se uma definição sociológica de profano e sagrado.
Neste sentido, Durkheim (1996, p. 50), ressalta:
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
Como se viu no capítulo anterior, a priori, esses conceitos definem uma igreja
como espaço sagrado, e o que a circunda, fora dela, como sendo espaço profano,
por exemplo. Analisa também que o homem que se considera religioso, necessita
participar desse ritual que concretiza o espaço como sendo sagrado. Dessa
forma, a institucionalização do espaço sagrado é realizada e fundamentada nos
valores do próprio homem.
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MATriZES RELiGioSAS
Até aqui, viu-se alguns conceitos sobre como a religião se volta na produção
do espaço, bem como a propõem enquanto fenômeno espacial. A partir daqui se
verá uma meta narrativa voltada para a religião no contexto capitalista, industrial
e político. Acredita-se que desta forma é possível realizar uma contextualização
da historiografia da religião diante dos processos sociais em diferentes espaço-
tempos.
Através disto, inicia-se com Bataille (2015, p. 68), que traz que “a busca
milenar pela intimidade perdida é abandonada pela humanidade produtiva”. A
problematização aqui referida, é sobre os aspectos do crescimento industrial, pois
nesse período histórico “[...] o homem se afasta de si mesmo mais do que nunca”
(BATAILLE, 2015, p. 68).
Ressalta-se, então, que a religião pode ser compreendida como algo político
e capitalista. As ciências sociais se preocupam em traçar linhas narrativas
que embasem a religião como um dos pilares desse dualismo. Mesmo que
ocultamente, a religião pode ser a grande manifestadora da atual configuração da
sociedade; isto com a ajuda de uma rede de interesses e interações advindas de
um processo político e cultural de uma sociedade moderna. Diante disto, segundo
Moreira (2018, p. 4):
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2.1 CONSEQUÊNCIAS DO
PLURALISMO RELIGIOSO NO BRASIL
Para iniciar este tópico, deve-se considerar que o pluralismo religioso pode
ser compreendido como sendo uma condição observada em sociedades nas
quais não ocorre a hegemonia de uma única religião, ou ainda, onde a hegemonia
religiosa tende a desaparecer. O Brasil se encaixa nessa compreensão, visto que
há grandes matrizes religiosas que compõem o fenômeno religioso no espaço. No
entanto, para Teixeira e Menezes (2013, p. 25):
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MATriZES RELiGioSAS
de ser real, pois algumas religiões “novas” têm vindo fortemente e recrutando o
máximo de adeptos possíveis, fixando-se rapidamente no espaço. Dessa forma,
é possível que os novos movimentos religiosos variem em termos de liderança,
autoridade, conceito sobre família e até mesmo de gênero e outras formas, como
estrutura organizacional. É por esse motivo que essas variações colocaram
um desafio aos pesquisadores da temática nas tentativas de formular critérios
abrangentes e também específicos para classificar esses novos movimentos
religiosos.
Mariano (2011, p. 239) faz uma ressalva sobre isso, quando diz que:
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
Bem, essa é uma tarefa difícil de colocar nessas linhas, mas pode-se ter uma
compreensão nas palavras de Prandi (1991, p. 34):
Mas afinal, quem são os novos movimentos religiosos? De modo Mas afinal, quem
geral, podemos destacar quatro grandes grupos que representam a são os novos
movimentos
maioria dos Novos Movimentos Religiosos, apontados por Guerriero
religiosos?
(2005, p. 37-55), que são:
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• Grupos sincréticos
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• Grupos orientais
Como o próprio nome do grupo diz, trata-se das novas religiões orientais
trazidas ao Brasil pelos imigrantes, principalmente os japoneses. Dentre elas
destacam-se Igreja Messiânica Mundial e a Seicho-No-Ie. No ano de 2010, a
religião Messiânica (Gráfico 8) aparece no censo, pois há uma expressividade
considerável de adeptos no território brasileiro.
Esses grupos religiosos ainda são ofuscados por mais que estejam integrando
a heterogeneidade religiosa. O gráfico demonstra a disposição numérica das
religiões orientais no Brasil em relação à matriz oriental predominante que é o
Budismo. Ainda que sejam novas, elas também sofrem com a invisibilidade no
espaço, principalmente no urbano, porém têm tido um aumento gradativo de
adeptos e participantes na última década.
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
No Brasil, há uma ligação muito forte dos grupos esotéricos com questões de
terapias alternativas. Essa linha terapêutica é construída por saberes “místicos”
que têm por objetivo a expansão de consciência. Dentro da psicologia há uma
vertente de estudos sobre essa temática, que debate principalmente o uso dessas
técnicas no tratamento de pessoas com depressão, ansiedade, bem como para o
desenvolvimento pessoal.
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
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MATriZES RELiGioSAS
“O Estado Brasileiro é laico. Isso significa que ele não deve ter, e não
tem religião. Tem, sim, o dever de garantir a liberdade religiosa.
Diz o artigo 5º, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade
de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias.” A liberdade religiosa é um dos
direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários. [...]
Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais
sagrados de culto, são também guardiães da memória de povos
arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a
espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor a eles a
visão de que sua religião é falsa; agredir os ciganos devido à sua
etnia ou crença, mesmo motivo que os levou ao quase extermínio
na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial: tudo isto é
intolerância, é discriminação contra religiões. É o contrário do que
pretende o Programa Nacional dos Direitos Humanos.”
a) ( ) Ecumenismo.
b) ( ) Pluralismo religioso.
c) ( ) Sincretismo religioso.
d) ( ) Ceticismo.
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para dar finalidade a este capítulo, espera-se, sobretudo, que deve haver
o respeito em relação às minorias religiosas, levando-se em conta que estas
são subestimadas, desassistidas e, acima de tudo, que suas crenças possuem
o mesmo valor que qualquer outra religião abrange, independentemente de sua
matriz. Nesse sentido, deve-se agenciar a quebra de paradigmas, a aceitação
das diversas religiões e o reconhecimento do princípio de laicidade aderido pelo
Estado brasileiro, perante o combate das desigualdades e garantia, efetiva, dos
direitos constitucionais.
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MATriZES RELiGioSAS
REFERÊNCIAS
ALENCAR, G. F.; FAJARDO, M. P. Pentecostalismos: uma superação da
discriminação racial, de classe e de gênero? Estudos de Religião 30(2), São
Paulo-SP, Universidade Metodista de São Paulo, 2016, p. 95-112.
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Capítulo 2 PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL
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MATriZES RELiGioSAS
MARX, K. Tesis sobre Feuerbach. In: MARX, K.; ENGELS, F. Sobre la religión.
2. ed. Salamanca: Sígueme, 1979b. p. 159-161.
WILLAIME, J-P. Sociologia das religiões. São Paulo: Editora Unesp, 2012.
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C APÍTULO 3
A RELIGIOSIDADE NA ATUAL
CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para isso, é
Para iniciar o capítulo de fechamento desta obra é importante
importante
destacar e retomar algumas considerações para que se possa criar considerar que essas
e recriar um elo que permita o desenvolvimento da crítica construtiva manifestações e
acerca das matrizes religiosas e suas diversas discussões que envolvem expressões estão
seu leque de temáticas. O principal objetivo deste capítulo é atrelar os em constante
conhecimentos dos capítulos anteriores com a atual expressão das movimento, ou seja,
as religiões seguem
religiões no contexto social em que vivemos e vivenciamos. Para isso,
se modificando e
é importante considerar que essas manifestações e expressões estão dinamizando seus
em constante movimento, ou seja, as religiões seguem se modificando e aspectos relacionais.
dinamizando seus aspectos relacionais.
Então, pode-se dizer que com a maior união de adeptos foi necessária
a criação das instituições religiosas, que são criadas como um modo de
manifestação da fé e por necessidades de ganhar espaço. Por muito tempo,
apenas manifestações foram centralizadas e restritas, mas com o fenômeno da
multiculturalidade, esses espaços começaram a se abrir e possuir caráter não
apenas religioso, mas também uma forma de resistência as religiões hegemônicas.
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MATriZES RELiGioSAS
2 EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS
DE RELIGIOSIDADES
Quando falamos em expressões contemporâneas de religiosidades, logo nos
vem algo muito subjetivo, mas que pode conter inúmeras formas de interpretação,
incluindo questões espaciais, sociais e culturais. Apesar da subjetividade ser
resultado de experiências individuais, também é produzida pelas coletivas e
institucionais. Dessa maneira, atrelar o fenômeno religioso à atual configuração
da sociedade, nos parece conduzir um referencial importante no processo de
conhecimento, principalmente relacionado às diferentes possibilidades de analisar
e ter um conhecimento mais amplo sobre as matrizes religiosas.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
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MATriZES RELiGioSAS
O crescimento gradativo das religiões não hegemônicas pode ser uma forma
de permanência na pluralidade do espaço – a tendência é de que sejam marginais
e isso explicaria o recrutamento menos “em massa”, a exemplo das religiões afro-
brasileiras.
A maioria das relações religiosas que envolvem mais de uma cultura está
ligada com a história do povoamento do Brasil e perpassa por uma série de
adaptações não apenas culturais, mas também econômicas e políticas ao longo
dos anos. E essa ideia de que a maioria dos novos movimentos religiosos se
resultem no “sincretismo”, é mais uma forma de tentar homogeneizar a estrutura
religiosa.
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MATriZES RELiGioSAS
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
FONTE: <https://secult.es.gov.br/Media/secult/Importacao/
Noticias/1450371045-rosarioa.JPG>. Acesso em: 10 jun. 2021.
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MATriZES RELiGioSAS
FONTE: <https://www.roteirospe.com/wp-content/uploads/2017/05/
principal-4-1024x576.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/media/uploads/legacy/2016/12/28/
igreja-nossa-senhora-santana-ilheus.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/media/uploads/
legacy/2016/12/28/igreja-do-carmo-rj.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
95
MATriZES RELiGioSAS
FONTE: <https://www.temploshistoricos.info/evangelica-
fluminense>. Acesso em: 10 jun. 2021.
FONTE: <https://turismo.gaspar.sc.gov.br/o-que-fazer/item/igreja-adventista-do-setimo-
dia-de-gaspar#:~:text=A%20Igreja%20Adventista%20do%20S%C3%A9timo,do%20
Gaspar%20Alto%2C%20em%20Gaspar>. Acesso em: 10 jun. 2021.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
FONTE: <http://blog.ibrturismo.com.br/wp-content/uploads/2017/06/Santu%C3%A1rio-
Nacional-de-Nossa-Senhora-Aparecida-1024x678.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
97
MATriZES RELiGioSAS
FONTE: <https://badalo.com.br/wp-content/uploads/2018/10/
IMG_6807.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
O memorial de Padre Cícero contém toda a vida da figura popular, bem como
a história da cidade. Além dele, ainda há o Museu Vivo do Padre Cícero, que
conta com esculturas de cera; e Museu Padre Cícero, que foi a casa onde ele
residiu por vários anos antes de sua morte. Com isso, o município todo acaba
sendo considerado uma cidade religiosa.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
FONTE: <https://santuariosantapaulina.org.br/wp-content/uploads/2019/01/
Santu%C3%A1rio-Santa-Paulina-.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
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MATriZES RELiGioSAS
FONTE: <https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/0f/20/1b/
ff/basilica-nossa-senhora.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021.
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MATriZES RELiGioSAS
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
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MATriZES RELiGioSAS
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
Ela não é apenas uma forma de alcance por mais adeptos, mas também
auxilia na interação com seus fiéis, estimulando a participação, aprendizado e
compartilhamento de múltiplas experiências. Em tempos de pandemia, onde o
distanciamento social se faz presente e possivelmente continuará fazendo parte
do cotidiano, a tecnologia ajuda na aproximação de pessoas, principalmente
quando envolve a fé, independentemente de sua crença religiosa.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
Para refletir:
Considerando o momento atual que estamos vivendo, é
possível que a identidade religiosa das matrizes originais possa ser
preservada mesmo que elas se aliem à era digital?
De certa forma, isso é uma visão muito particular de cada um,
pois as experiências nunca são iguais e possivelmente as respostas
para esse questionamento serão extremamente singulares.
Lembrando que, ao mesmo tempo em que a tecnologia avança,
muitas coisas vão se perdendo com o tempo. Isso vale para a cultura
e também seus códigos culturais.
4 DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO:
POSSIBILIDADES E DESAFIOS
Quando iniciamos esta obra, falamos sobre as principais matrizes religiosas
no Brasil, detalhamos com dados os adeptos e comparamos umas com as outras,
destacamos o conceito de religião em diferentes perspectivas em referências
contemporâneas, incluímos no debate, questões sobre a pluralidade cultural e
religiosa presente no território brasileiro. Tudo isso forma uma boa base teórica e
também metodológica para a discussão fundamental que tem se destacado nos
dias de hoje: o diálogo inter-religioso.
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MATriZES RELiGioSAS
A Jornada Mundial de Oração pela Paz passa a ser um marco tanto temporal
quanto material do diálogo inter-religioso. A partir deste evento, uma série de
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
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MATriZES RELiGioSAS
Apesar da citação acima ser da década anterior, ela ainda se torna pertinente
para o entendimento multifacetário do diálogo e as religiões. Ele não fala,
especificamente, em fragmentação, porém o fenômeno religioso nos dias de
hoje tem sofrido constantes influências de um hibridismo cultural acentuado. A
preocupação da “salvação do outro” é o começo de uma interação em religiões e
o que determina maior diálogo é a questão de “ver o diferente”.
110
Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
própria construção do seu cotidiano. Nesse sentido, é importante deixar claro que
o intuito do diálogo inter-religioso, em termos teológicos, segundo Miranda (1997,
p. 34), consiste:
Diante disso, um dos desafios está em construir uma cultura comum que
reúna não só a riqueza dos diversos valores sociais, mas também as múltiplas
inspirações religiosas desses valores, não numa mesclagem indistinta, mas numa
unidade estruturada e diferenciada que respeite a identidade de cada elemento
(AMALADOSS, 1996).
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MATriZES RELiGioSAS
FONTE: A autora
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
Dupuis, em 2002, parecia prever que quase duas décadas após seu artigo
publicado, o diálogo inter-religioso ainda seria uma das principais contribuições
em nível mundial para a harmonia religiosa. Neste sentido, é imprescindível dizer
que para garantir a paz no mundo, é necessário um diálogo inter-religioso aberto,
teologicamente fundado em uma avaliação positiva das tradições religiosas. Não
se pode negar que através dos séculos o cristianismo manteve, repetidamente,
uma avaliação negativa das outras religiões, levando a atitudes igualmente
negativas a respeito dos seus fiéis. O autor vai mais além quando fala que:
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
Combater a intolerância religiosa nos dias atuais tem sido uma tarefa
constante e persistente. Apesar de haver medidas intervencionistas para essas
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MATriZES RELiGioSAS
práticas – como na Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu art. 18,
que contempla a liberdade religiosa e o direito da transmissão da fé – ainda é
muito incipiente e necessita de uma visão maior por parte da sociedade. O Código
Penal brasileiro, por exemplo, em seu art. 208, garante punição àquele que ferir
os direitos à liberdade de crença de outrem, mas nem sempre as pessoas vítimas
de intolerância religiosa sabem desse direito, principalmente as comunidades
marginais que são adeptas às religiões não hegemônicas.
Com o acesso à informação mais rápida, como a internet, isso tem mudado
e alcançado importantes índices de combate a essas práticas, via mídia e redes
sociais. As leis passaram a se espalhar entre as comunidades religiosas, no
entanto, ainda não se conhece exatamente o poder de harmonia que essas ações
podem resultar sendo concretizadas, pois mesmo que as vítimas da intolerância
religiosa também encontrem amparo na Lei 9.459/1997, que altera o art. 1º e 20
da Lei 7.716/1989 e define o crime de intolerância religiosa, essas medidas nem
sempre são tomadas por inúmeros motivos, entre eles, as religiões hegemônicas
que se consideram detentoras da verdade e impõem-se sobre outras com
característica egocêntrica.
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
a) ( ) Religião e sociabilidade.
b) ( ) Cultura e religião.
c) ( ) Religião e tecnologia.
d) ( ) Novos movimentos religiosos e diálogo inter-religioso.
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MATriZES RELiGioSAS
a) ( ) Criticidade.
b) ( ) Autenticidade.
c) ( ) Autoridade.
d) ( ) Epistemologia.
e) ( ) Historicidade.
a) ( ) Bertrand Russel.
b) ( ) Max Weber.
c) ( ) Émile Durkheim.
d) ( ) Karl Marx.
e) ( ) Mircea Eliade
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Capítulo 3 A RELIGIOSIDADE NA ATUAL CONFIGURAÇÃO SOCIOCULTURAL
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Interessante observar que as manifestações das religiões em um contexto
geral acabam por delimitarem uma forma expressiva que transcende muitas outras
religiosidades. Esse processo de absorção de elementos religiosos pressupõe que
no Brasil, dificilmente, iremos ver uma matriz religiosa original, pois mesmo que
não seja perceptível, até as religiões hegemônicas sofrem influência das culturas
dominadas ao longo do tempo.
Por mais que seja um processo sutil e extremamente lento, ele existe. Pode
levar mais de uma geração para a “transformação”. E isso imbrica muito de como
as pessoas cultuam e manifestam suas crenças no espaço. Ao término desse
trabalho, provavelmente já aparecerá outras formas de expressão religiosa em
algum lugar que ainda não poderemos identificar, no entanto, somos capazes
de colocar nossos “óculos acadêmicos e científicos” para conhecer o máximo de
conteúdo sobre essas expressões.
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MATriZES RELiGioSAS
Ao término destas páginas, espera-se que elas tenham contribuído para uma
visão sistêmica, que seja capaz de debater, problematizar e posicionar-se aos
discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho religioso,
considerando principalmente, a heterogeneidade religiosa do Brasil.
REFERÊNCIAS
AMALADOSS, M. Pelas estradas da vida: prática do diálogo inter-religioso. São
Paulo: Paulinas, 1996.
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