Livro Eu Falo Contigo

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“Quando a luz trespassa os dias mais sombrios,

é quando te apercebes o quão resplandecente é a vida.”


Prefácio

O nosso mundo literário torna-se agora mais completo com a chegada


de uma nova obra, que faz jus à estreia de Cheila Ng Hó como escritora.
Conheço-a desde 2010 e considero-a uma pessoa inteligente, simpática,
humilde e que vive o dia-a-dia com base nos fortes laços que mantém com
a sua família e amigos.

Este livro é o reflexo da sua missão de querer ajudar o próximo, pois


trata o leitor por “tu”, tornando a leitura como se de uma conversa se
tratasse e onde ela própria partilha as suas experiências… Deve ser lido
numa perspetiva de mente aberta pelos que são crentes ou não.

Com capítulos bem estruturados e interligados, é um livro que nos


convida a analisar e estudar o “Eu” de um modo fácil e simples, com
recurso a exemplificação de casos. Faz menções pertinentes e cita algumas
das personalidades e mentes brilhantes da história da humanidade,
apresentando igualmente, mensagens e reflexões próprias da escritora.

Com base na filosofia, psicologia, matemática, neurologia, entre outras


áreas, a autora vai descortinando uma análise cuidada daquilo que o ser
humano dispõe desde sempre no seu interior, mas que por falta de
orientação e por se deixar levar em modo de “piloto automático”, não se
apercebe. Ao falar com o leitor em tempo real, pretende transmitir o
conhecimento que nos irá ajudar a encontrar a felicidade de viver, bem
como o amor-próprio e com o nosso próximo.

Foi com um enorme prazer que redigi o Prefácio deste livro cujo
conteúdo me enriqueceu a nível espiritual e me ensinou a saber viver
melhor! Cheila, muitos parabéns pela concretização desta obra e obrigada
por seres quem és!

Aparecida Youn Jan (Lisboa), 09 de Fevereiro de 2015


Capítulo 0 - Olá

Viva! Antes de mais quero-te agradecer por teres adquirido este livro.
Se o fizeste, ou alguém fê-lo por ti é porque tu te preocupas contigo
próprio, ou essa pessoa se preocupa contigo. O que é que isso interessa?
Muito mesmo, acredita.

Se estás a passar por algum tipo de sofrimento que te impede de


levares uma vida feliz, se te sentes sozinho(a), abandonado(a), sentes que
ninguém te compreende, e nada do que fizeste até agora parece contribuir
para a tua melhoria, então tu és precisamente a pessoa com quem eu quero
falar.

Se por outro lado ainda não passaste por algum dissabor e até levas
uma vida estável, então guarda este livro para te precaveres caso esse dia
chegue, ou partilha com outras pessoas que saibas que estão a passar por
uma fase mais conturbada na sua vida.

Antes que prossigas com a leitura, vou-te pedir quatro coisas muito
simples:
1. Escolhe um espaço isolado (o teu quarto por exemplo) e tempo
suficiente para leres sem que te perturbem.
2. Evita ouvir música, ou se ouvires escolhe músicas que te relaxem.
Tenta isolar-te de manifestação de sons o máximo que puderes.
3. Embora seja facultativo, é aconselhável que faças uma leitura
orientada pela ordem dos capítulos, pois o processo é sequencial e
podes perder o fio à meada se não o fizeres.
4. Lê com calma e garante-te a ti próprio(a) que estás a perceber o que
está escrito. Se tiveres alguma dúvida quanto ao significado de
alguma palavra, usa um dicionário para melhor compreenderes. Vai
por mim, é importante que entendas o significado de todas as
palavras, mesmo aquelas que consideras que são básicas, e que tantas
vezes usas no teu dia-a-dia.
Necessito que cumpras com estes requisitos pois o foco não vai estar
em mim, mas em ti. Quero que te concentres só em ti para que entendas
como podes lidar com as adversidades que surgem na tua vida. Como te
posso ajudar? Acredita, eu não preciso de saber os detalhes da tua vida
para te auxiliar, uma vez que não sou eu que os vou resolver. Vais ser tu
próprio(a) quem os vai resolver com a ajuda deste livro. Só tens de te
deixar levar pela leitura e eu guiar-te-ei durante todo o processo. Posto
isto, estamos então em posição de iniciar a mais fascinante descoberta que
vais ter na tua vida… A descoberta do “Eu”!
Capítulo 1 - Introspecção

O processo que vais fazer com o apoio deste livro tem por nome
introspeção. O que quer isto dizer? Quer dizer que vais analisar o que
se passa no teu interior. Vais examinar o teu estado mental tomando
consciência dele. De entre os possíveis conteúdos da tua mente destacam-
se as crenças (Exemplo: “Eu acredito que Deus existe” ou “Eu não
acredito que Deus existe”), a imaginação (Exemplo: “Eu imagino um
mundo cor-de-rosa às bolinhas amarelas”), memórias (sejam visuais,
auditivas, olfativas, tácteis), as intenções (Exemplo: “Eu quero oferecer
uma prenda a um amigo”), as emoções (Exemplo: “Eu amo a minha
família” ou “Eu odeio a minha família”) e o conteúdo do teu pensamento
geral (conceitos (ideias, juízos, opiniões), raciocínios (Exemplo: “1 + 1 =
2”)). A tua mente é responsável pela formação de pensamentos. Imagina
que os teus pensamentos estão para a tua mente como os sapatos estão
para uma fábrica de sapatos:

Fábrica de sapatos – fabrica sapatos.

Mente – fabrica pensamentos.

O ato de pensar não é mais do que uma ação praticada pela tua mente
para fabricar pensamentos. É a tua mente que deve controlar os teus
pensamentos, e não o inverso. Quando tens pensamentos conscientes então
é a tua mente que está sobre o controlo dos pensamentos. Quando tens
pensamentos inconscientes, os pensamentos é que controlam a tua mente.
Imagina que vais para uma entrevista de trabalho e sabes que te vão
fazer questões complicadas. A partir do momento em que assimilas essa
informação, podes ficar nervoso(a). Quando essa emoção é disparada tu
estás a deixar que os pensamentos relativos ao medo de falhar invadam a
tua mente de forma inconsciente. Não é a tua mente que tem controlo
sobre os teus pensamentos e emoções, e por isso não és verdadeiramente
tu que estás sobre o controlo do que pensas.
Por outro lado, quando vês um cego a pedir esmola na rua e dás sem
refletires sobre a ação, estás a ter um ato consciente. Não precisaste de
pensar sequer para o fazer. Foi a consciência que agiu sobre a mente sem
manifestar qualquer tipo de pensamento.

Estes são exemplos simples que explicam como a relação


mente/pensamentos e inconsciente/consciente funcionam, mas esta é
apenas uma pequena introdução que será mais aprofundada nos próximos
capítulos. Agora que sabes qual o nome do exame que vais realizar, vamos
dar início ao mesmo.
Capítulo 2 - Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA)

A Síndrome do Pensamento Acelerado é uma doença dos tempos


modernos, que afeta maioritariamente as pessoas que vivem nas grandes
cidades. A aceleração do pensamento tornou-se uma constante na correria
do dia-a-dia. As pessoas que padecem de SPA lutam para obter algo, mas
assim que alcançam o objetivo, rapidamente perdem o prazer da conquista.
Não conseguem estabilizar as suas emoções; têm pouca paciência pois
estão constantemente a encher a mente com pensamentos atrás de
pensamentos e não conseguem parar.

Atualmente vivemos numa era em que a tecnologia avança a passos


largos. Embora ela nos tenha trazido imensos facilitismos, há que ter em
conta que o seu uso abusivo trouxe consequentemente um detrimento na
qualidade de vida para muitas pessoas. Uma grande fatia dos empregos
que se oferece nas grandes cidades está relacionada com a área das
tecnologias de informação. Este tipo de empregos obriga as pessoas a
utilizarem a cabeça para trabalhar, e ao invés de reduzirem a quantidade
de esforço mental que fazem agravam a situação… estão constantemente
atentas aos emails, às chamadas telefónicas, notícias e nunca param para
desligar a mente.

“Tenho de atualizar o meu CV e enviar um email à empresa XPTO com


a minha canditura.”
“Tenho de responder ao email da Sofia sobre o evento a realizar no
domingo.“
“Tenho de ligar ao Marco e dizer que não posso ir ao aniversário
dele... Tenho um trabalho em atraso por fazer.”
“Quando chegar a casa tenho de ler os artigos que falam sobre X, Y e
Z Há que me manter atualizado de tudo.”
“Saiu um novo episódio da serie XXX, da serie YYY e da serie ZZZ.
Assim que chegar a casa é ver tudo de seguida.”
“Vou ao facebook para dar os parabéns à Luísa” – acaba por ficar no
facebook a ver as selfies de A, as fotos das férias que B teve nas Caraíbas e
por aí adiante.
As pessoas afogam-se em informação atrás de informação, estímulos
atrás de estímulos, desgastam-se em tudo e mais alguma coisa, e ainda
acham que nunca têm tempo para nada. E quando têm, preferem entreter-
se nas redes sociais, ver programas, series televisivas, filmes, jogos de
futebol, jogar, comprar coisas, e trabalhar aos fins-de-semana seja para a
companhia de onde recebem ou para a empresa que querem fundar…
Nunca param! “Parar é morrer”?! Antes pelo contrário! Não parar é que é
morrer! Não ter tempo para descansar a mente é o mesmo que sentenciar a
sua morte psicológica antes mesmo de chegar à velhice. E é por isso que
vivemos numa sociedade doente, uma sociedade que se deixou engolir
pelo excesso de pensamentos, e que deprime com facilidade.
Se de alguma forma isto é o que te está a acontecer, tem consciência do
que estás a fazer a ti próprio(a) e dá-te ao luxo de descansares a tua mente
sempre que puderes. Dorme as horas que precisares para teres uma mente
sã e produtiva. Trata de cada assunto que tens por resolver à vez e não tudo
de uma vez. Tu não és uma máquina e não nasceste para fazer
múltiplas tarefas em simultâneo.

“Antes de correres , deves primeiro saber como andar.


Tudo na vida tem seu tempo e lugar.”
[Tengen Toppa Gurren Lagann (2007)]
Capítulo 3 - Depressão - A Dor da Mente

A dor física e a dor da mente manifestam-se de formas muito distintas.


Se tens um acidente e partes uma perna, a dor é agoniante no momento,
mas tem cura. Com o devido tratamento hospitalar a dor passa, é
temporária. A dor da mente é a doença mais complexa de se tratar:
manifesta-se no foro psicológico, e pode ter graves repercussões físicas
(stress, enxaquecas, cansaço físico, etc). Pode-se prolongar por anos a fio.
Resulta de um acumulado de experiências que vivencias ao longo da tua
vida e como ficam guardadas na tua memória podem trazer-te sofrimento
contínuo se não tiveres controlo sobre os teus pensamentos. Vejamos qual
a definição de depressão:

Depressão reflete-se na aversão à atividade que pode afetar os


pensamentos, comportamentos, sentimentos e sensação de bem-estar de
uma pessoa. As pessoas deprimidas podem sentir-se tristes, ansiosas,
vazias, desesperadas, preocupadas, impotentes, inúteis, culpadas, irritadas,
magoadas ou inquietas. Elas podem perder o interesse em atividades que
antes eram prazerosas, podem perder o apetite ou comer demais,
apresentam sintomas de bloqueio mental, problemas de concentração, para
lembrar detalhes ou tomar decisões, e podem contemplar ou tentar o
suicídio. Problemas de insónia, sono excessivo, cansaço, perda de energia,
sofrimento, dores ou problemas digestivos resistentes a tratamento
também podem estar presentes.

Uma vez que esta dor não é percetível ao olho humano muitas vezes
esta doença pode passar despercebida. Podemos achar que uma pessoa está
apenas a passar por uma fase difícil, quando na verdade esse sofrimento se
tornou constante; um pesadelo sem fim. Portanto o que acontece quando
a depressão se agrava, é que embora estejas fisicamente vivo(a),
dentro de ti é como se estivesses morto(a). É como se vivesses
aprisionado(a) dentro de ti próprio(a) eternamente. Agora imagina viveres
em depressão por mais dez, vinte, trinta anos…
“Quando a sociedade nos abandona a solidão é suportável,
Quando nós mesmos nos abandonamos ela é intolerável.”
[Augusto Cury]

Quando passas por sofrimento contínuo, viver deixa de ter


significado… E é por isso que em casos extremos em que a pessoa já não
tem mais controlo sobre o que pensa, acaba por colocar um fim à sua
própria existência.
"Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas
nunca a vida. (…) Os suicidas têm fome e sede de viver."
[Augusto Cury]

Quem comete suicídio, desespera por querer viver, mas como não tem
consciência dos pensamentos que gera, não consegue silenciar a mente,
põe termo à sua própria vida. O que estas pessoas não se aperceberam, é
que se estavam a identificar com a vida errada…

"Vida errada não pode ser vivida corretamente."


[Theodor Adorno]
Capítulo 4 - O Sofrimento

O sofrimento pode se manifestar na nossa vida de múltiplas maneiras,


desde problemas de saúde, dependência de drogas, problemas com a
própria aparência física, problemas amorosos, conflitos ou perda de
familiares e amigos, perdas materiais, perda de emprego, problemas
económicos, etc. Vendo a infinidade de desgraças que nos podem
acontecer ao longo da vida, dá-nos a entender que viemos a este mundo
para sofrer, e que esta é a realidade nua e crua que temos de aceitar. Mas
será que a vida é apenas feita de sofrimento? Devemos encarar o
sofrimento como algo normal?

“Se há um sentido na vida de todo, então deve haver um sentido no


sofrimento.”
[Viktor E. Frankl]

A razão para teres vindo a este mundo tem que ter mais significado,
não fosse a probabilidade de nasceres de 1 para 400 triliões (4×1014). Isso
mesmo, a probabilidade de nascer um ser humano é ínfima. Portanto dá
graças por estares cá, e poderes descobrir qual o é sentido de viver.

Porque vives? Uma coisa que é possível que ainda não te tenhas
apercebido e que deixo como dica para melhor entenderes qual o
significado de sofrer, é que todo o sofrimento por que passas se deve à
influência de fatores externos. Todos os problemas que enfrentas na vida
exterior condicionam o teu estado mental. O que podes fazer para que
esses fatores externos deixem de afetar o teu interior é o que analisaremos
mais à frente.
Capítulo 5 - Tempos Verbais

Se bem te lembras, algures no tempo, aprendeste o que são os tempos


verbais e como conjugá-los. Vamos procurar a definição deste termo.

Tempos verbais – São as categorias gramaticais que dizem respeito ao


tempo. Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação
expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Toda a língua é
capaz de expressar inúmeras distinções de tempo: logo, amanhã, na
próxima quarta-feira às duas da tarde... Existem línguas que constroem
algumas dessas distinções de tempo como parte da sua gramática, e uma
língua que assim o faz, tem a categoria tempo.

Por que razão é importante estudar os tempos verbais agora? Para que
tenhas em mente em que ponto te deves situar no tempo.

PASSADO PRESENTE FUTURO


O passado é o termo usado A experiência O futuro é o que vai
para indicar o conjunto de direta do acontecer depois do
acontecimentos que presente para presente. A sua chegada é
ocorreram antes de um cada humano é considerada inevitável devido
dado ponto no tempo. que ele é o que à existência de tempo e das
O conceito de passado é está aqui, leis da física. Devido à
derivado de forma linear agora. natureza aparente da
em que observadores A experiência realidade e da inevitabilidade
humanos experienciam o direta é, do futuro tudo o que existe
tempo, e é acedido naturalmente, agora e existirá pode ser
através da memória e da subjetiva, por categorizado como:
lembrança. Além disso, definição, no Permanente – existe para
os seres humanos têm entanto, neste todo o futuro, para sempre.
registado o passado desde caso, esta Temporário – existe até um
a chegada da escrita. mesma certo ponto, chega a um fim.
experiência
direta é verdade
para todos os
seres humanos.
Para todos nós,
“aqui” significa
“onde estou” e
“agora” quer
dizer “quando
eu sou”.
Assim, a
experiência
repetível
comum é que o
presente está
sempre ligado a
si mesmo.
Tempo verbal:
Tempo verbal: “Eu era” Tempo verbal: “Eu serei”
“Eu sou”

Como vimos, de acordo com a definição do termo “presente”, tu és o


que estás aqui e agora. O que és? Um ser humano, tal como eu, dotado de
inteligência que sabe ler português, caso contrário não saberias interpretar
o que está aqui escrito.

Pela definição de “passado” podes concluir que este é determinado por


um conjunto de acontecimentos que ocorrem antes de um certo ponto no
tempo. Se tu não estivesses aqui e agora, não poderias afirmar que tens um
passado porque não estarias aqui e agora para te lembrares dele certo?
Portanto limita-te a pensar por agora que o teu passado só serve para
comprovar que tu existes.

Quanto ao futuro, como se costuma dizer: “Há-de ser como Deus


quiser”. Sejas crente ou não, é apenas uma força de expressão para indicar
que o que vier, virá, mas neste momento em particular o futuro pouco
importa.

Pela definição de “futuro” verificamos que podemos categorizá-lo


como “permanente” ou “temporário”. Tudo na tua vida é temporário. Mas
existe alguma coisa que seja permanente? É uma pergunta cuja resposta
iremos avaliar mais adiante.

Vamos então aplicar os tempos verbais à tua realidade. Se tu disseres


“Eu era feliz” essas palavras só podem ser ditas num único momento da
tua vida...no presente. Quer isto dizer que nada te impede de dizeres neste
momento “Eu sou feliz” correto? Se disseres “Eu serei feliz” estás-te a
projetar para o futuro. Mas estas palavras também só podem ser
proferidas…no presente. Mais uma vez, o que te impede de dizeres: “Eu
sou feliz” agora? É complicado? Bem, se visses neste momento um
elefante cor-de-rosa a andar de patins em linha provavelmente já te
estarias a rir. Isso não existe? Mas o que te impede de imaginares tal
coisa? Na tua imaginação tudo é possível, ou não é?

“Existem dois dias num ano em que não podes fazer nada, ontem e
amanhã”
[Mahatma Gandhi]

O que podes concluir da afirmação de Mahatma Gandhi? Todos os


pensamentos que formas na tua mente e todas as ações que tomas só se
poderão concretizar agora. Nunca no passado nem no futuro, nunca no
antes nem no depois. Portanto se achas que não consegues ser feliz porque
tens um passado triste, traumático, ou porque sofres na ânsia de viver o
amanhã, não te preocupes porque o que importa é que é aqui, e agora que
tu tens a possibilidade de definir o teu percurso.

Conforme a filosofia do tempo, presentismo é a crença de que só o


presente existe e o futuro e o passado são irreais. Esta filosofia tem um
ponto de vista muito interessante, pois se realmente admitirmos que o
passado e o futuro são irreais, então o teu foco só pode estar num único
momento que é… no presente. Obviamente que não deixas de conseguir
pensar no teu passado nem no futuro, mas fá-lo com consciência. Parece
fácil falar e difícil fazer certo? Então continua a ler para que te possa
esclarecer melhor como podes dominar esses pensamentos.
Capítulo 6 - A Caixa de Pandora

Alguma vez ouviste falar na mitologia grega sobre a Caixa de Pandora?


Na verdade há quem chame caixa, há quem chame jarro, mas isso agora
pouco importa.

Segundo reza a lenda grega, Pandora, cujo nome significa: “Aquela que
carrega todos os dons”, foi a primeira mulher na Terra enviada pelos
deuses gregos como uma maldição para a humanidade. Zeus ordenou que
Hefesto a criasse e ele assim o fez utilizando água e terra. Os deuses
atribuíram-lhe muitos dons: Atena vestiu-a, Afrodite deu-lhe a beleza,
Apollo deu-lhe a sua habilidade musical, e Hermes deu-lhe a fala. Quando
Prometeu roubou o fogo do céu, Zeus vingou-se apresentando Pandora
para o irmão de Prometeu, Epimeteu com quem ela se casou. A Pandora
foi dado um presente de casamento, uma bela caixa, e foi-lhe ordenado
que não a abrisse em qualquer circunstância. Impelida pela sua
curiosidade (dom igualmente concedido pelos deuses), Pandora abriu-a, e
todo o mal nela contido se propagou pela Terra, exceto algo que estava no
fundo da caixa – o espírito da esperança de nome Elpis.

Agora, para que serve saberes esta história? Bem, um pouco de cultura
geral nunca é demais. Se te agarras aos fatos e não à mensagem que a
história te está a passar então a tua imaginação está adormecida. Quem
deixa de imaginar, deixa também de sonhar e ser livre dentro da sua
própria mente. Não abdiques o que de melhor há em ti.

"Qualquer pessoa que vive dentro das suas possibilidades,


sofre pela falta de imaginação."
[Oscar Wilde]

Resumindo, todo o processo que tens feito comigo até aqui serviu para
chegarmos à conclusão de que a dor da mente (ou nos termos científicos,
doença psicossomática) não é mais do que um conjunto de monstrinhos
que Pandora soltou e que agora aprisionam a tua mente impedindo-te de
teres uma vida interior saudável. Os próximos capítulos servirão para
entenderes como podes colocar esses monstrinhos na caixa e fechá-la a
sete chaves permanentemente.
Capítulo 7 - A Personalidade

Como já viste anteriormente, as múltiplas dificuldades por que passas


ao longo da tua vida exterior, podem condicionar fortemente a tua vida
interior. Contudo, estes problemas nem sempre afetam as pessoas do
mesmo modo.

Dois irmãos podem ser ambos criados na pobreza. Enquanto um se


torna num catador de lixo e vive da caridade, o outro pode ser bem-
sucedido nos estudos, e ter uma carreira profissional próspera, casa e
família.

Duas mulheres podem ambas ser alvo de maus tratos pelos pais na sua
infância, e ambas constituírem as suas próprias famílias. Enquanto uma se
torna numa mãe igualmente violenta para os seus filhos, a outra ama os
seus filhos mais do que tudo, não desejando que estes passem pelo mesmo.

Vamos então perceber como é constituída a nossa personalidade


através da seguinte fórmula:

Personalidade = Perceção de si próprio(a) + Significados Associados


às Experiências do Passado

A perceção que temos de nós próprios mais a associação das


experiências que vivenciamos ao longo da vida, constituem a base da
construção da nossa personalidade.
Exemplo 1: Se achas que não tens capacidade de opinar sobre diversos
assuntos porque tens pouca experiência de vida, pouco conhecimento,
podes te tornar numa pessoa tímida e insegura. A imagem que tens de ti
próprio(a) altera igualmente o modo como experiencias cada momento:
“Ele é tão inteligente, conhece tudo e mais alguma coisa. Sabe mais do
que eu...”, “Ela fala tão bem é tão divertida. Já viajou pelo mundo inteiro,
tem mais experiência de vida do que eu…”.
Exemplo 2: Se olhas para o espelho e não gostas da tua aparência
física podes criar ideias ilusórias de que as outras pessoas são melhores do
que tu: “Eu sou feio(a) e escanzelado(a)... Não sou nada atraente...”, ou
“Eu sou gordo(a), não consigo manter a forma como os outros, é
difícil…”.

Estas perceções são todas construídas com base no que vês, ouves e
sentes. Tudo o que captas do meio exterior influencia fortemente a
formação da tua personalidade.

A personalidade define a tua realidade. O que quer que tu possas


experimentar, será filtrado através dela. As tuas experiências de vida
tornam-se na tua realidade pessoal quando são filtrados pela primeira vez
através da personalidade. Deste modo obtemos a seguinte fórmula:

Realidade Pessoal = Experiência / (filtrada) Personalidade

Se tu e eu formos andar numa montanha-russa, vamos ter a mesma


experiência exterior. Vamos esperar ambos na mesma fila, vamos ambos
entrar no carril, vamos ambos subir o pico da montanha, vamos ambos
descer do pico da montanha e vamos ambos andar aos zig-zags. Tu podes
amar a experiência, achares que foi curta e quereres repeti-la, mas eu
posso detestar a experiência, sentir que pareceu uma eternidade e nunca
mais desejar repeti-la. A experiência de vida foi a mesma para ambo(a)s,
mas cada uma das nossas personalidades, com as nossas próprias
preferências, filtraram a experiência para se tornar na nossa própria
realidade pessoal.

Embora possam existir pessoas que têm comportamentos muito


semelhantes, não existem duas pessoas totalmente iguais no mundo. Tu e
eu podemos até ser gémeo(a)s, termos exatamente a mesma educação,
frequentarmos os mesmos locais, conhecermos as mesmas pessoas, mas
podemos formar personalidades completamente distintas. Tu podes ser
uma pessoa mais extrovertida e eu mais introvertida. Tu podes gostar de
beber café e eu não. Tu podes preferir praticar desporto e eu posso preferir
ter uma vida mais sedentária. Tu podes desejar ter uma carreira
profissional de sucesso e eu posso desejar apenas ter um emprego que
garanta o meu sustento.

A combinação de gostos, opiniões, crenças, valores e juízos, são


todo um pacote de variáveis que compõem a nossa personalidade. O
número de combinações possíveis é infindável.

Não é apenas o meio exterior que influencia a formação da tua


personalidade, mas aquilo que tu admites que é real para ti.

Do estudo sobre a personalidade concluímos que:

• A personalidade varia de pessoa para pessoa;


• A personalidade resulta da perceção que tens de ti próprio, mais o
significado que associas às experiências do passado;
• A realidade pessoal que constróis tem por base a experiência que
vives filtrada pela personalidade;
• A personalidade é uma combinação de variáveis (gostos, opiniões,
crenças, valores, juízos).

A nossa personalidade não é estática, e por isso somos processos


inacabados que estão sempre em constante evolução, à procura de sermos
algo mais, algo melhor, seja através das nossas própria experiências, ou
com base nas experiências de outros. Mas quando a nossa mente bloqueia
no tempo, paramos de evoluir, morremos para a vida.

Nós não somos seres perfeitos, mas aspiramos sempre sê-lo um dia,
nem que seja no dia antes de morrermos. O ser humano não é perfeito,
comete erros, e quem não os comete é porque nunca experienciou
nada.

Vamos perceber no próximo capítulo como funciona a evolução da


nossa personalidade segundos as nossas necessidades.
Capítulo 8 - A Pirâmide de Maslow

Não sei se alguma vez estudaste a Hierarquia de Necessidades de


Maslow, mas se desconheces é mais uma oportunidade que tens de
aprenderes algo novo. Se já conheces, então considera isto como uma
revisão que será necessária para que compreendas mais adiante outras
coisas que te explicarei.

Abraham Maslow, psicólogo americano (1908-1970) queria entender o


que motivava as pessoas. Ele acreditava que as pessoas possuem um
conjunto de sistemas de motivações não relacionadas com recompensas ou
desejos inconscientes. A Hierarquia de necessidades de Maslow é uma
teoria que foi proposta por este psicólogo em 1943 denominada “A Teoria
da Motivação Humana”. Nessa teoria Maslow afirma que as pessoas são
motivadas para alcançar certas necessidades. Quando uma necessidade é
cumprida, uma pessoa procura cumprir a próxima, e assim por diante.

A versão mais antiga, e mais generalizada da Hierarquia de


Necessidades de Maslow (1943, 1954) inclui cinco necessidades
motivacionais, muitas vezes descrito como níveis hierárquicos dentro de
uma pirâmide. Este modelo de cinco estágios pode ser dividido em
necessidades básicas (por exemplo, fisiológicas, segurança, afetiva, e
estima) e necessidades de crescimento (auto-realização).

As necessidades básicas são as que mais motivam as pessoas quando


não são atendidas. Além disso, a necessidade de suprir essas
primordialidades torna-se cada vez mais intensa quanto maior for o tempo
que lhes é negado. Por exemplo, aplicando à necessidade fisiológica,
quanto mais tempo uma pessoa passa sem comida, mais fome ela terá.
É necessário satisfazer as necessidades básicas de nível mais baixo,
antes de avançar para atender às necessidades de crescimento de mais alto
nível. Uma vez que essas necessidades tenham sido razoavelmente
satisfeitas, uma pessoa pode ser capaz de atingir o nível mais alto
chamado o nível de auto-realização.

Cada pessoa é capaz de subir na hierarquia em direção ao nível de


auto-realização. Infelizmente o progresso é muitas vezes interrompido por
falha em atender às necessidades de nível mais baixo. As experiências de
vida incluindo o divórcio e perda de emprego podem causar oscilações na
progressão da hierarquia de um indivíduo, pois as camadas inferiores não
estão satisfeitas.

O que podemos concluir deste estudo é que os problemas com que te


deparas ao longo da vida podem impedir o teu progresso para atingires o
topo da pirâmide. Se és uma pessoa muito doente as tuas Necessidades
Fisiológicas não estão satisfeitas, pois vives com medo de morrer. Se estás
desempregado não consegues te focar na camada de Necessidades de Afeto
porque vives com medo de não teres como te sustentar, de não conseguires
arranjar um emprego, de perderes o teu teto, de não teres o que comer e
oscilas entre a camada de Necessidades Fisiológicas e Necessidades de
Segurança. Se tens problemas amorosos não consegues alcançar o nível
das Necessidades de Estima pois a tua auto-estima é fortemente abalada
pelo medo de estares sozinho(a), medo de perderes alguém, medo de seres
ou teres sido abandonado(a), medo de seres ou teres sido traído(a). Todo o
sofrimento faz da tua vida um autêntico pesadelo e está tudo relacionado
com o mesmo sentimento: medo.

Como te podes libertar desse sentimento? Como podes parar de sofrer?


Não ouvindo a voz que fala dentro de ti. Que voz? A voz do teu Ego.
Capítulo 9 - Um Monstrinho Chamado EGO

Como já viste no capítulo da Personalidade já sabes que a tua


personalidade não é uma constante. À medida que o tempo vai passando as
tuas experiências e a perceção que tens de ti próprio(a) alteram os teus
gostos, opiniões, crenças, valores, juízos. Tudo o que compõe a tua
personalidade pode variar.

Do capítulo da Pirâmide de Maslow já sabes que o motivo pelo qual


não consegues evoluir como ser individual, deve-se ao fato do sofrimento
conduzido pelo sentimento de medo te causar entraves na escalada da
hierarquia. Mas todo o sofrimento não é causado por ninguém a não ser
pela voz do teu ego.

O que é o ego?

Na psicologia, o Ego (em alemão “ich”, "eu"), compõe uma das três
partes do aparelho psíquico (EGO, ID, SUPEREGO) definido pelo modelo
estrutural de Sigmund Freud, médico psiquiatra austríaco (1856-1939)…
Mas não é no conceito de ego da psicologia que vamos pegar e sim no
conceito de ego definido na espiritualidade. Não és crente? Eu mencionei
espiritualidade e não religião, há diferenças evidentes entre ambas que
poderei explicar mais à frente se tiveres paciência, mente aberta, e
aceitares que tudo vale até que se prove o contrário; só te peço que me dês
o benefício da dúvida.

Na espiritualidade o ego é o teu “Eu” ilusório, é a falsa imagem que


tens de ti próprio(a). É o “Eu” que não se cala na tua mente e que é
totalmente egoísta (tal como o próprio nome define, ego – egocêntrico). O
ego são os teus pensamentos inconscientes. Aqueles pensamentos que não
pediste para criar, mas que estás a gerar sem dares por conta.
Quando o teu ego está satisfeito, quando tens uma vida normal, tu
assumes que esses pensamentos são teus. Assumes que esse é o teu
verdeiro “Eu”, identificas-te com os teus próprios pensamentos porque te
trazem prazer, satisfação, e vives bem com isso. Mas quando te acontece
algum infortúnio (descobres que tens pouco tempo de vida, perdes alguém
que amas, perdes o emprego, não te satisfazes com a tua aparência física,
não consegues mais satisfazer o teu vício, perdes bens materiais…) a voz
do teu ego transforma-se no teu pior inimigo.

“O ego não é o mestre na sua própria casa.”


[Sigmund Freud]

Quando o ego não está satisfeito tu começas a ser consumido(a) pela


sua voz que te vai destruindo de dentro para fora.

“Eu era rico, mas perdi tudo! Agora não tenho nada!“
“Eu era amada, agora ele deixou-me, sinto um vazio...nada me
preenche…”.
“O médico disse que eu só tenho mais um ano de vida… Eu não quero
morrer, tenho medo!”.
“Eu não tenho emprego. E agora o que faço!? O que vai ser de mim, o
que vai ser dos meus filhos!?”.
“Eu não o perdoo! Eu odeio-o, por tudo aquilo que ele fez!”
“Eu não valho nada, não tenho nada, qual o sentido de viver…”
“Eu preciso de mais, isto não chega… tenho de arranjar mais…”
“Ela é minha! Se não posso ficar com ela então não ficará com mais
ninguém!”
“A minha mulher teve uma morte agoniante! Ela não merecia morrer
desta maneira! Deus não existe e não tem dó!”
“Não sei o que hei-de fazer da vida, parece que tudo me corre mal!”
“Ninguém me compreende... Ninguém percebe o que eu sinto...”
“Eu não pedi para nascer, para sofrer desta maneira prefiro morrer!”
“Eu não suporto mais este ambiente, a este ritmo vou enlouquecer!”
“Eu sou feio(a), ninguém me quer. Sinto-me só… ninguém quer estar
comigo…”

Estes pensamentos são todos criados pelo teu inconsciente, pela voz do
ego, pela voz da personalidade que criaste. São pensamentos que te
causam insegurança, dor, angústia, raiva, ódio, tristeza... Medo de perder a
mulher, medo de perder o marido, medo de perder o(a) namorado(a), medo
de ser traído(a), medo de ser abandonado(a), medo de estar sozinho(a),
medo de não ser valorizado(a), medo de não suportar a dor, medo de ser
incompreendido(a), medo de perder amigos, medo de não ser
valorizado(a), medo de não ser amado(a), medo de perder os filhos, medo
de perder a casa, medo de perder o carro, medo de não ter trabalho, medo
da mudança, medo de sair de casa, medo de ficar pobre, medo de morrer,
medo de viver, medo de sofrer, medo de ter medo! Viver na base do
medo não é viver realmente, é estar vivo por fora e morto por dentro.

A tua realidade é completamente distorcida quando te identificas


excessivamente com os pensamentos gerados pelo ego. O ego depende das
coisas e das pessoas, para se satisfazer, e quando tal deixa de acontecer, tu
sofres.
Recorrendo constantemente à memória para gerares pensamentos que
te causam dor, tu deixas de conseguir manter o foco no presente e divagas
inconscientemente. Perdes a noção do que é real e estás a deixar que o teu
ego, te leve para longe.
As pessoas habitam a maior parte da vida na sua cabeça e esquecem-se
do resto do corpo. Inundam-se em preocupações atrás de preocupações e
nunca apreciam o seu dia-a-dia, vivem presas dentro de si próprias, vivem
nas memórias do passado, na ânsia de viver o futuro, e não sabem viver o
momento presente.
Tu não és feito(a) apenas de uma história pessoal, não és feito(a)
apenas de um acumulado de memórias. Os pensamentos não passam de um
conjunto de impulsos elétricos que circulam no teu cérebro.
Tu não és apenas corpo, e personalidade. Tu tens uma personalidade,
mas tu não és a tua personalidade, nem tão pouco és só aparência física.
Tu podes dizer que és solteiro(a), casado(a), divorciado(a), viúvo(a),
desempregado(a), empregado(a), rico(a), pobre, bem-sucedido(a), mal-
sucedido(a), chato(a), ambicioso(a), humilde, trabalhador(a),
preguiçoso(a), magro(a), gordo(a), bonito(a), feio(a), alto(a), baixo(a),
preto(a), branco(a), burro(a), inteligente, esperto(a), religioso(a), crente,
ateu(eia), heterossexual, homossexual, bissexual, egocêntrico(a), egoísta,
altruísta, incompreendido(a), impaciente, paciente, pacífico(a),
violento(a), stressado(a), nervoso(a), ansioso(a), simpático(a),
antipático(a), feliz, infeliz, triste, contente, social, anti-social, amigo(a),
solitário(a), leal, desleal, honesto(a), desonesto(a), depressivo(a), doente,
tímido(a), introvertido(a), extrovertido(a), teimoso(a), rockeiro(a), punk,
metaleiro(a), geek, nerd, viciado(a), gago(a), canhoto(a), mal-educado(a),
socialista, comunista, anarquista, português(a), inglês(a), angolano(a),
chinês(a), omnívoro(a), vegetariano(a), amante de gatos, mamífero,
primata, hominídeo, bípede, chama-te a ti próprio(a) o que quiseres. Tu
podes ser muitas coisas, mas tu não és coisa alguma.

O teu corpo muda, a tua personalidade muda. Essa é a forma como


tu te identificas no meio exterior, aos olhos dos outros. Tudo em ti é
transitório, mas tu não és apenas um ser em constante transição, tu és
muito, mas muito mais do que isso!

Queres saber o que tu és?


TU ÉS VAZIO, ÉS NADA!

Isto não é um insulto, antes pelo contrário, dá-te por feliz por chegares
a esta conclusão comigo porque agora sim, vais descobrir quem realmente
és.

“Sinto que sou ninguém (...)”


[Fenando Pessoa]
Capítulo 10 - A Tua Maior Descoberta

Nada das tuas características físicas, nem nada do que compõe a tua
personalidade fazem parte do teu verdadeiro “Eu”, esse não é uma
variável, é uma constante. Tu podes ser muitas coisas no meio exterior,
mas no teu interior tu não és uma coisa. O que eu quero dizer com isto?
Vamos procurar a definição da palavra “coisa”.

Coisa – (substantivo) Objeto material sem vida ou consciência; objeto


ou ser inanimado.

O que podemos concluir? Que tu não és uma coisa porque tu não és um


objeto. Tu tens consciência, tu tens vida. Logo se não és uma coisa, tu és
nada. Vamos procurar a definição da palavra “nada”.

Nada – (substantivo) Coisa nenhuma; o que não existe; o não ser.

Se eu não sou uma coisa, logo eu sou nenhuma coisa


Se eu sou nenhuma coisa, logo eu sou nada
Conclusão: eu = nenhuma coisa = nada

Repara, o que estou a fazer é um raciocínio puramente lógico. Não


podes negar que faz sentido. Agora a parte que não faz sentido para ti e
que te deve meter confusão é que tu existes, e segundo a definição da
palavra “nada” tu não existes.

Tu existes sim, mas o teu verdadeiro “Eu” não pertence a este mundo,
não tem forma física. Tu não tens uma consciência, tu és a própria
consciência!

Vamos recorrer à espiritualidade mais uma vez para construir novos


raciocínios lógicos. Vamos começar por afirmar aquilo que os não crentes
afirmam (neste ponto sejas crente ou não isso não interessa porque como
te disse tu és nada):
“Deus não existe.”

Usando mais uma vez a lógica podemos assumir que se Deus não
existe, então Deus não é uma coisa, e se Deus não é uma coisa, logo Deus
é nada.

Se Deus não existe, logo Deus é coisa nenhuma


Se Deus é coisa nenhuma, logo Deus é nada
Conclusão: Deus = nenhuma coisa = nada

O que quer isto dizer?

Eu = nenhuma coisa = nada = Deus

Eu sou Deus!? Sim. Mas agora tu até podes dizer “Ah! Mas sereias não
existem! Se elas não existem, elas são nada. Se eu sou nada, então eu
posso dizer que eu sou uma sereia!” Na tua mente tu podes ser o que tu
bem entenderes, desde que te faça feliz. A tua imaginação não tem limites.
O que importa é que eu estou a tentar ajudar-te a encontrar um propósito
para a tua vida. Faz sentido procurares por uma razão maior para existires,
ou não faz?

Resumindo: Tu és Deus, eu sou Deus. Deus é uma única entidade e nós


fazemos parte dela. Fazemos parte do mesmo planeta, fazemos parte do
mesmo Sistema Solar, fazemos parte da mesma galáxia, fazemos parte do
mesmo Universo. Não somos entidades separadas, antes pelo contrário,
somos uno.

“Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano


é uma parte do continente, uma parte de um todo.”
[John Donne]

Agora que sabes quem és e quem é Deus vamos procurar o que é Deus
para sabermos o que nós somos. Onde? Na Bíblia.
“…Deus é amor.”
[1 João 4:8]

Eu = Deus = amor

“…Deus é espírito.”
[João 4:24]

Eu = Deus = espírito

Jesus Cristo também era um ser humano, e Deus como nós logo,
podemos através das palavras dele assumir que:

“…Eu sou a luz do mundo;…”


[João 8:12]

Eu = Jesus Cristo = luz

E mais uma vez quando Jesus Cristo diz:

“…Eu sou o caminho, a verdade, e a vida…”


[João 14:6]

Eu = Jesus Cristo = caminho = verdade = vida

O que podemos concluir?

Tu és amor, tu és espírito, tu és luz, tu és o caminho, tu és a verdade, tu


és vida!
Tu não tens um espírito, tu és espírito. Tu não tens uma vida, tu és
vida. Tu és vida, és espírito que habita um corpo, e não um corpo que tem
vida e tem um espírito.

"Deus é a vida, verdade, luz. Ele é amor."


[Mahatma Gandhi]

Agora sim, posso dar resposta à pergunta sobre o sofrimento. Porque


sofres? Porque o sofrimento resulta da ilusão que criaste de ti próprio(a).
Porque estás-te a identificar com o falso “Eu”. O sofrimento é causado
pelo teu ego, não pelo teu verdadeiro “Eu”. Quando sofres, tens a hipótese
de deixares de te identificar com o teu ego, com personalidade que criaste,
e que te limita. Tens hipótese de te libertares do teu ego permanentemente
para assumires o verdadeiro “Eu”; o “Eu consciente” que é eterno, que não
tem forma, que não muda, que é intemporal, a tua constante, o “Eu” que
não conhece limites.

“Torna-te aquilo que és.”


[Friedrich Nietzsche]

Finalmente já sabes quem és, mas ainda não percebeste como podes
parar de sofrer. Simples, a única coisa que tens de fazer é deixares de te
identificar com os pensamentos porque não são fabricados por ti, mas pelo
teu inconsciente, pelo teu ego. O teu verdadeiro “Eu” não tem passado
nem futuro, só vive aqui e agora no presente; tu és o que está aqui e agora.
Aquele(a) que sofreu já não és tu, porque tu no tempo e no espaço só
podes estar agora e aqui.
“A eternidade é composta por agoras.”
[Emily Dickinson]

Verifica se consegues respirar. Inspira, e expira. Quando estás a


verificar se respiras não estás a pensar. Essa é a tua âncora para te
agarrares ao presente. Fecha os olhos e tenta sentir a tua mão direita e a
tua mão esquerda, ou tenta sentir as batidas do teu coração. Faz este
exercício várias vezes ao dia para aprenderes a controlar os teus
pensamentos. Aprende a silenciar a mente, ela é o teu maior tesouro.
Tu não encontras vida no passado nem no futuro. O teu verdadeiro
“Eu” é o que vive o momento presente, nem tu próprio nem ninguém
conseguem vê-lo, mas tu sabes que existe porque tu pensas.

“Penso, logo existo.”


[René Descartes]

Tu és a consciência, os pensamentos que crias vêm de ti. Quando calas


a voz do teu ego, todos os pensamentos inconscientes desaparecem. Os
filmes de terror acabam permanentemente.

Regressa ao capítulo de “Tempos Verbais” e relê-o quantas vezes


necessitares para te manteres firme no presente. Percebes por que motivo
foi importante estudá-los? Não interessa o que te aconteceu no passado, a
tua história pessoal não é importante. A pessoa que viveu o teu passado já
não és tu. Tu só podes estar num único sítio e num único momento
sempre, aqui e agora, nunca no antes, nem no depois, nem ontem, nem
amanhã.

“(...) a distinção entre passado, presente e futuro


é apenas uma ilusão teimosamente persistente.”
[Albert Einstein]

Agora sim, estás em condições de afastares os monstrinhos soltos por


Pandora e colocá-los na caixa fechada a sete chaves de uma vez por todas.
Toda a tua vida tu viveste nada mais do que uma ilusão, uma mentira.
O teu ego é o teu falso “Eu”. É o “Eu” que tem um passado, que vive numa
linha temporal, que se associa com tudo o que vê, ouve e sente, que se
prende a uma história pessoal. O teu verdadeiro “Eu” não é deste mundo,
não tem passado, nem futuro, só vive no presente. Deixa o teu “Eu
consciente” assumir o controlo de tudo e nunca mais te sentirás
perdido(a). Esse “Eu” é a tua verdadeira voz, é o caminho da verdade, é
aquele que sabe de todas as coisas.
Desde que a Bíblia foi criada, que associamos o pecado a um ato
praticado pelo ser humano e que resulta na punição de Deus. Se nós somos
Deus, o que acontece é que não é Deus que castiga, mas somos nós que nos
punimos a nós próprios quando nos identificamos com o ego. Somos nós
que provocamos o nosso próprio sofrimento, que falhamos em acertar o
alvo das nossas vidas, em descobrirmos o caminho que nos conduz para a
felicidade, a vida eterna. Viver em pecado não é nada mais do que
estarmos a falhar o alvo das nossas vidas.

Quando te libertas do teu ego, a única coisa que vais sentir dentro de ti
próprio(a) é paz, calma, serenidade, e o vazio que tinhas, é preenchido
com o teu próprio amor. A relação de amor-ódio-dor acaba, passas a sentir
amor universal. Não tens limite para amar, é amor que dás sem precisares
de receber em retorno; é amor recursivo, amor infinito.

"O amor não tem idade, não tem limite; e não morre."
[John Galsworthy]

À medida que fores ganhando mais consciência de ti próprio(a), vais


perceber pouco a pouco, que poderás recorrer às memórias do passado que
te traziam agonia, e não sentires absolutamente nada. Já sabes que a
pessoa que viveu o teu passado não és tu. Todo o sentimento de medo de
perderes as coisas, de perderes as pessoas, de perderes a tua própria vida,
desaparece pois esse sentimento é provocado pelo teu ego.

"Nada, tudo, qualquer coisa, alguma coisa:


Se não tens nada, então tu tens tudo, porque tu tens a liberdade
de fazer qualquer coisa, sem o medo de perderes alguma coisa."
[Jarod Kintz]

Tu não és corpo, tu és espírito, és a consciência. Os próximos capítulos


servirão para comprovar o que já descobriste até aqui e alguns conselhos
que te darei para a vida.
Capítulo 11 - Nós

Agora já consegues entender tudo. Eu não preciso de te ver, não preciso


de te ouvir, não preciso de saber o que tu sentes para te ajudar. Não preciso
de saber a tua história pessoal para saber quem tu és de verdade, e agora tu
também sabes. O que tu foste ou o que serás pouco importa, importa sim,
o que tu és agora. Tu e eu somos o mesmo. Somos consciência, somos
vida, somos espírito, somos luz, somos o caminho, somos a verdade.
Temos muitos nomes, mas não somos nomes, somos [silêncio]. No vazio,
no nada, não há palavras, apenas há [silêncio]. Não temos forma física.
Nós habitamos um corpo, mas o corpo não faz de nós o que somos
realmente.

A tua aparência e a tua personalidade é uma falsa imagem que tens de


ti. Essa é meramente a forma como te expões no meio exterior, a forma
como as pessoas te identificam. Ninguém tem o direito de julgar quem
tu és, pois aqueles que julgam não sabem eles próprios quem são. Nada
do que vês, nada do que ouves, nada do que sentes no meio físico deve
definir o que tu és. Dentro de ti tu és completamente livre de seres o que
quiseres. Deves ter a mente limpa de maus pensamentos para estares
focado(a) naquilo que mais importa: a tua própria felicidade.

Para teres uma ideia mais clara, vou-te dar um exemplo. Imagina que
tu e eu somos canecas.

Tu és uma caneca branca, com uma asa redonda, média, e chamas-te “I


love my cat”. Eu por outro lado sou uma caneca preta, alta, com uma asa

alongada e que se chama “I love my dog”.


Dentro de ti tu podes preferir colocar café, e eu posso preferir colocar
chá. Noutro dia podes preferir colocar leite, e eu posso preferir misturar e
colocar café com leite.

Tu e eu como canecas temos nomes e aspetos diferentes. E dentro de


nós colocamos diferentes tipos de bebidas consoante os nossos gostos.
Mas não deixamos de ser ambas canecas.

Dando este exemplo simples penso que deu para entenderes o que
quero dizer. O aspeto da caneca, é o mesmo que a tua aparência física, as
bebidas são tua personalidade (ideias, gostos, crenças, opiniões, juízos…),
a caneca na sua verdadeira essência, é o que tu és realmente, consciência.
A tua aparência física é diferente da minha, a tua personalidade difere da
minha, mas somos ambo(a)s consciência.

Tu e eu somos o nada, e somos o todo. A minha existência prolonga-se


na tua existência, estamos ambo(a)s ligado(a)s por uma única essência:
vida.

“A vida é muito simples, mas nós insistimos em torná-la complicada.”


[Confúcio]
Capítulo 12 - Nada

Agora vem a parte mais interessante. Já sabes que seres nada significa
que tu és Deus, amor, espírito, luz, verdade, vida. Podemos aplicar às
expressões mais comuns em que usamos a palavra “nada” e substituir por
“Deus”, “amor”, “vida”, “luz”.

Repete comigo:

• Eu [não] sou [nada]


• Eu [não] tenho [nada]
• Eu [não] sirvo para [nada]
• Eu [não] quero mais [nada]
• Eu [não] encontro [nada]
• [Nada] me preenche
• [Nada] me satisfaz
• [Nada] é certo
• [Nada] é melhor do que isto
• [Nada] me desperta a atenção
• [Nada] é para sempre
• A tua vida passa sem que dês por [nada]
• [Sem] [nada] vim a este mundo
• [Sem] [nada] partirei deste mundo
• Depois da morte [não] há [nada]

Repara que eu coloquei a palavra “não” entre parêntesis retos rasurado.


Não te esqueças que na língua portuguesa quando construímos uma frase
com a palavra “não” + verbo + a palavra “nada” é dupla negação, ou seja,
se disseres “Eu não tenho nada” é o mesmo que dizeres “Eu tenho algo”. O
mesmo ocorre com a palavra “sem” (também está rasurada) + verbo + a
palavra “nada”. Também é dupla negação, portanto, temos de substituir a
palavra “sem” por “com” ou remover a palavra “não” e substituir a palavra
“nada” para que a frase faça sentido. Vejamos o resultado:
Substituindo pela palavra “Deus” Substituindo pela palavra “amor”
temos: temos:
• Eu sou [Deus] • Eu sou [amor]
• Eu tenho [Deus] • Eu tenho [amor]
• Eu sirvo para [Deus] • Eu sirvo para [amar] (verbo)
• Eu quero mais [Deus] • Eu quero mais [amor]
• Eu encontro [Deus] • Eu encontro [amor]
• [Deus] me preenche • [Amor] me preenche
• [Deus] me satisfaz • [Amor] me satisfaz
• [Deus] é certo • [Amor] é certo
• [Deus] é melhor do que isto • [Amor] é melhor do que isto
• [Deus] me desperta a atenção • [Amor] me desperta a atenção
• [Deus] é para sempre • [Amor] é para sempre
• A tua vida passa sem que dês por • A tua vida passa sem que dês por
[Deus] [amor]
• Com [Deus] vim a este mundo • Com [amor] vim a este mundo
• Com [Deus] partirei deste mundo • Com [amor] partirei deste mundo
• Depois da morte há [Deus] • Depois da morte há [amor]
Substituindo pela palavra “vida” Substituindo pela palavra “luz”
temos: temos:
• Eu sou [vida] • Eu sou [luz]
• Eu tenho [vida] • Eu tenho [luz]
• Eu sirvo para [viver] (verbo) • Eu sirvo para [iluminar] (verbo)
• Eu quero mais [vida] • Eu quero mais [luz]
• Eu encontro [vida] • Eu encontro [luz]
• [Vida] me preenche • [Luz] me preenche
• [Vida] me satisfaz • [Luz] me satisfaz
• [Vida] é certa • [Luz] é certa
• [Vida] é melhor do que isto • [Luz] é melhor do que isto
• [Vida] me desperta a atenção • [Luz] me desperta a atenção
• [Vida] é para sempre • [Luz] é para sempre
• A tua vida passa sem que dês pela • A tua vida passa sem que dês pela
[vida] [luz]
• Com [vida] vim a este mundo • Com [luz] vim a este mundo
• Com [vida] partirei deste mundo • Com [luz] partirei deste mundo
• Depois da morte há [luz]
• Depois da morte há [vida]

Maravilhoso! Mas espera! Há vida depois da morte? Vida é para


sempre? Repara, estou a fazer raciocínios meramente lógicos. Se tu não és
corpo, mas sim espírito, então faz sentido que haja vida depois da morte
física, ou não? A nossa verdadeira natureza não pertence ao mundo físico,
não temos forma. Morrer não é o oposto de viver, mas sim de nascer.
Deus é eterno, vida é eterna, e se nós somos vida, então somos eternos.

“Na Natureza [nada] ser perde, [nada] se cria, tudo se transforma.”


[Antoine Lavoisier]

Quando nos reduzimos a nada, então estamos no bom caminho. Porque


nada é o que nós somos realmente. Essa é a nossa constante, e é assim que
encontramos tudo o que precisamos para sabermos viver.

“Só sei que [nada] sei.”


[Sócrates]

Outra expressão muito comum que costumamos dizer quando


queremos manter segredo é: “Não digas nada a ninguém”. Mais uma vez
removendo a palavra “não” e substituindo a palavra “nada” por “Deus”
obtemos “Diz Deus a ninguém”. Por que razão estou a dar importância a
esta expressão?

“Lembra-te que o silêncio por vezes é a melhor resposta.”


[Dalai Lama]

Quando questionaram a Buddha (“O Ser Desperto”) sobre Deus, este


remeteu-se ao silêncio. Porquê? Porque no nada, no vazio não existem
palavras. Podemos dizer que Deus é amor, é vida, é luz, é espírito… Deus
pode ter muitos nomes, mas nenhum deve ser pronunciado, pois a partir do
momento em que pronunciamos a palavra “Deus” a tendência é
associarmos a alguma coisa, um homem de barbas brancas que vive
algures no céu, e como já referi anteriormente, Deus não é uma coisa, não
existe neste mundo, não é uma figura física, nunca foi, nem nunca será. O
nosso maior problema é necessitarmos de usar as palavras para
estabelecermos a comunicação. Mas no vazio, no nada, só há silêncio. Tu
és… [silêncio].

“Nada fortalece a autoridade tanto quanto o silêncio.”


[Leonardo da Vinci]

A meditação é uma excelente prática para aprenderes a silenciar a


mente. Quando te remetes ao teu próprio silêncio estás a reservar tempo
para estares contigo próprio(a), só para estares com… [silêncio].

“A meditação deixará cair todas as máscaras.


É a busca pela face original.”
[Osho]
Capítulo 13 - A Lógica do Ser

Vamos usar a matemática para confirmarmos o que já foi mencionado


anteriormente.

Na lógica, a matemática trabalha com dois valores: Cada declaração


pode ser verdadeira (V ou em binário 1) ou falsa (F ou em binário 0).

Vamos recorrer à operação de conjunção para verificar o que nós


somos. O que é a conjunção? Vamos à sua definição:

Conjunção – é a palavra invariável que liga duas orações ou dois


termos semelhantes de uma mesma oração. Exemplo: Ela foi ao cinema e
ao teatro

a palavra "e" é a conjunção da oração.

Na lógica binária (base de todo o cálculo computacional) o operador


binário AND (“E”), ou conjunção binária devolve um bit 1 sempre que
ambos os operandos sejam '1', conforme podemos confirmar pela tabela de
verdade, onde A e B são bits de entrada e S é o bit-resposta, ou bit de
saída. Vejamos qual o resultado das múltiplas conjunções entre estes dois
valores:

ABS
000
010
100
111
Bem, agora que sabemos qual a saída dos diferentes casos na
conjunção binária, vamos construir um novo raciocínio.

Já sabemos que nós somos nada, logo se somos nada, significa que o
valor que assumimos numa tabela em binário é zero.

Eu = nada = 0

Podemos então separar-nos em: 1 – Corpo (físico/tudo), 0 – Espírito


(não-físico/nada). Substituindo os valores 1 e 0 por “Corpo” e “Espírito”
respetivamente obtemos o seguinte resultado:

A B S Resultado
Espírito Espírito Espírito Espírito e Espírito é Espírito
Espírito Corpo Espírito Espírito e Corpo é Espírito
Corpo Espírito Corpo Corpo e Espírito é Espírito
Corpo Corpo Corpo Corpo e Corpo é Corpo
Qual a conclusão? Não podemos usar a operação de disjunção (OU)
porque não somos só uma coisa ou só outra, somo ambas. Mas entre
ambas é o espírito que prevalece. Logo, nós somos espírito e não corpo.

O que é o homem na natureza?


Um nada em comparação com o infinito, um tudo em face do nada,
um intermediário entre o nada e o tudo.
[Blaise Pascal]

Vamos aplicar a mesma lógica à “Consciência” e à “Inconsciência”: 1


– Inconsciente, 0 – Consciente

A B S Resultado
Consciência e Consciência é Consciência
Consciência Consciência Consciência

Consciência Inconsciência Consciência Consciência e Inconsciência é Consciência


Inconsciência Consciência Consciência Inconsciência e Consciência é Consciência
Inconsciência e Inconsciência é Inconsciência
Inconsciência Inconsciência Inconsciência

Nós como consciência, prevalecemos sobre o nosso inconsciente. Por


outro lado, este caso torna-se absurdo pois nós não podemos estar
conscientes de que estamos inconscientes nem o inverso é possível.
Capítulo 14 - Tempo a Pensar

Vamos recorrer novamente ao que já aprendeste no capítulo de


“Tempos Verbais”. Definindo o passado, presente e futuro numa linha
temporal obtemos o seguinte esquema:

Passado Presente Futuro

Como estudamos anteriormente, quando nos referimos ao passado


dizemos: “Eu era”, no presente: “Eu sou”, e no futuro: “Eu serei”. Só
usamos os tempos verbais para comunicarmos seja na escrita ou na fala,
mas já tens consciência que tu só podes estar aqui e agora. Seguidamente
vamos assumir que a linha horizontal é o eixo do tempo, e que a linha
vertical é o eixo do espaço. O nosso falso “Eu” (ego) oscila na linha
horizontal, tem um passado, um presente e um futuro. O teu verdadeiro
“Eu” só vive no presente por isso encontra-se na linha vertical.

Falso “Eu”
(ego)
(Tempo)
Verdadeiro “Eu”
(consciente)
(Espaço)
• No tempo o nosso ego pode flutuar entre o passado e o futuro.
• No tempo e no espaço o nosso “Eu consciente” está sempre agora e
aqui.
Vamos dividir o que está à esquerda do eixo vertical como “Passado”, e
à direita dele como “Futuro”.

PASSADO
FUTURO
Seguidamente, vamos dividir o que está acima do eixo horizontal como
“Positivo” e abaixo dele como “Negativo”.

POSITIVO

NEGATIVO

Intersectando novamente o eixo horizontal com o eixo vertical,


obtemos o seguinte esquema:

Pensamentos Pensamentos
Positivos do Positivos
Passado do Futuro

Pensamentos Pensamentos
Negativos Negativos do
do Passado Futuro

Para perceberes como os pensamentos levados pelo ego variam no


tempo, vamos dar exemplos para cada caso.

Pensamentos Positivos do Passado


Exemplo: Se és casado(a), e amas a pessoa com quem te casaste, as
lembranças que tens do dia do teu casamento, e todas as experiências que
passaste com essa pessoa fazem-te feliz. Essa é a realidade que te faz
sentir bem. Podes divagar em memórias do passado quantas vezes te
apetecer que elas só te trazem satisfação.

Pensamentos Negativos do Passado


Exemplo: Se eras casado(a) e divorciaste-te ou ficas viúvo(a), o teu
conceito de felicidade é desmoronado. Todas as lembranças que tens do
dia do teu casamento, e das experiências que passaste com essa pessoa já
não refletem a tua realidade. E quando divagas em memórias do passado já
não consegues ser feliz. Já não desejas pensar no passado, mas porque
esses eram pensamentos que te traziam satisfação, agora não consegues
desligá-los e sofres.

Pensamentos Positivos do Futuro


Exemplo: Se ganhas o euro milhões, ficas milionário(a), tu largas o
trabalho e só consegues ter pensamentos positivos em relação ao futuro.
Pensas nas viagens, nos carros, na casa, no luxo, tudo o que podes comprar
com o dinheiro torna-se na tua realidade. Vives entusiasmado(a) com o
que podes fazer no futuro, as experiências maravilhosas que a riqueza te
irá proporcionar. Os pensamentos futuros só te trazem prazer e ânsia de
viver.

Pensamentos Negativos do Futuro


Exemplo: Se és insensato(a) e torras o dinheiro todo com viagens,
carros, casa, festas, etc. porque não soubeste ter controlo financeiro, ficas
pobre de um dia para o outro. Todos os sonhos de teres um futuro feliz
desmoronam-se. Largaste o trabalho para viveres uma vida de
milionário(a) e agora estás no desemprego. Vives com medo do que o
futuro te reserva, pois podes não ter teto nem comida para sobreviveres.
Os pensamentos futuros só te trazem angústia e dor.
Conclusão: Quando divagas em pensamentos conduzidos pelo ego,
o que acontece é que a tua mente não está em perfeito equilíbrio, e tanto
podes ter pensamentos felizes, como infelizes.
Estas são apenas possíveis realidades que te aconteceram, ou poderiam
vir-te a acontecer. Pensamentos levados pelo ego nunca são constantes.
Um dia podes estar muito bem com a vida que levas, com as coisas e as
pessoas que te rodeiam, como no outro dia perdes tudo e sofres
continuamente. Por isso para estarmos sempre bem, não nos devemos
agarrar às coisas nem às pessoas. Acima de tudo devemos estar
conscientes do presente, e devemos manter sempre o foco no dia-a-dia.
Não é ontem nem amanhã que vais ser feliz. A tua felicidade está em cada
dia que passas nesta terra, seja no trabalho, na escola, na faculdade, em
casa, na praia, no campo, com amigos, em família, ou sozinho(a). Cada
momento deve ser sempre saboreado da mesma maneira com a mesma
intensidade.

“Se queres viver uma vida feliz, agarra-te a uma meta,


não às pessoas nem às coisas.”
[Albert Einstein]

A vida nesta terra é curta, bem mais curta do que nós pensamos. E
quando não nos apercebemos disso, perdemos tempo com coisas que não
nos trazem mais do que satisfações temporárias. Se queres ter uma vida
feliz e saudável, usa a tua mente para construíres algo de valor. Usa a tua
criatividade, para marcares a diferença.
“Devemos usar o tempo de forma criativa.”
[Martin Luther King, Jr.]

Segue a tua própria voz, a voz consciente, e estarás sempre bem na


vida. Ajuda o próximo, pois é nos atos mais humildes que descobres a
eterna satisfação. É uma satisfação que nunca esqueces, que te traz
sempre boas memórias seja quando estás bem ou mal na vida. Dar sem
pedir nada em troca é o melhor que podes fazer aos outros e a ti
próprio(a). E se não tens nada para dar, então dá o que não tem preço, não
pode ser comprado, nem vendido, e não tem limite. Dá o que tens de mais
valioso em ti: amor. Não há sentimento que te preencha mais do que o
amor.
“Vida real é viver para os outros.”
[Bruce Lee]

O Ponto de Equilíbrio

É na arte de silenciar a mente é que está o teu ponto de equilíbrio.

[silêncio]

“Podemos ter certeza de que a maior esperança para manter o


equilíbrio face a qualquer situação repousa dentro de nós mesmos.”
[Francis J. Braceland]
Capítulo 15 - A Matemática da Nossa Existência

Neste capítulo vamos, por meios matemáticos descrever como


funciona a nossa existência.

Utilizando novamente o eixo horizontal e o eixo vertical, vamos criar


uma relação entre dois conjuntos: o tempo e o espaço, onde há uma
relação entre cada um dos seus elementos. Deste modo, vamos aplicar um
dos conceitos mais importantes da matemática: a função. A função pode
ser uma lei que para cada valor de x (eixo horizontal) é correspondido por
um elemento y (eixo vertical), também denominado f(x).

Não sei se alguma vez deste isto na matemática, mas se não, então é
mais alguma coisa que aprendes. Acredita que vale a pena porque a
conclusão a que vais chegar comigo é de extrema importância.

Existem inúmeros tipos de funções matemáticas. Vamos focar-nos


numa função específica denominada função implícita que obtemos sobre a
seguinte forma: xf(x) = 1, que define implicitamente a função f(x) = 1/x (o
x passa a fazer a operação inversa, em vez de multiplicar, passa a dividir).
Ora 1/x é nada mais do que uma operação de divisão, ou também
conhecida por fração. Vamos ver em que consiste esta operação:

numerador

Aquele que enumera, conta


denominador Aquele que nomeia

Ou seja,
• 1 é o numerador;
• x é o denominador;

Portanto vamos pensar que tu és um único ser, logo tu és o numerador:


1, e x é o valor incógnito (indeterminado) que te vai nomear, que te vai
identificar.

Como vês na imagem abaixo, usando uma intersecção em cruz do eixo


horizontal (eixo das abcissas, x) e o eixo vertical (eixo das ordenadas, y),
podemos estudar o limite de qualquer função. Esta é a representação
gráfica da função 1/x.

Estudemos o limite desta função aplicando a uma possível realidade.


Vamos supor o seguinte caso:

“António era um homem de classe média, casado há vinte anos com a


sua mulher. Trabalhava num escritório na área de contabilidade. Não
gostava do trabalho que fazia, não apreciava a vida que levava, e nos
tempos livres ia ao café beber umas bejecas com os amigos, ver e falar
sobre futebol, mandar uns piropos a umas miúdas que passavam na rua, e
pôr a conversa em dia sobre a vida alheia. Sabia que o mecânico da
bomba de gasolina perto da sua casa tinha morrido de cancro, e que a
mulher estava totalmente só e desamparada. Sabia quando é que a vizinha
do 4º direito saía para se encontrar com o amante sem o marido fazer a
mínima ideia. Sabia que o padre da paróquia roubava as esmolas dos
pobres. Sabia que o irmão do barbeiro da esquina andava metido em
trafulhice da grossa. Mas para ele, essas eram as notícias do dia-a-dia
que o faziam matar o tempo.

Um dia calhou-lhe a sorte grande e ganhou a lotaria. Despediu-se do


emprego onde era mal pago e que tanto detestava, divorciou-se da mulher
que já não amava fazia longos anos, e mudou-se para uma zona de luxo
onde comprou a vivenda dos seus sonhos, ao fim de um mês de ter ganho o
prémio. Passado mais um ano, comprou um carro desportivo, e ao fim de
outro, comprou um iate. Casou-se com uma mulher bem mais nova que ele
nos dois anos consecutivos. Torrou o dinheiro com viagens pelos lugares
mais paradisíacos e nos casinos, na esperança que a sorte lhe batesse à
porta uma segunda vez. Durante cinco anos viveu à grande e à patrão.
Porém, como não teve qualquer controlo sobre a fortuna que havia ganho,
perdeu tudo, quase que de uma assentada só.

Ao fim de mais dois anos já não tinha dinheiro para manter o iate e
penhorou-o. Ao fim de meio ano roubaram-lhe o carro durante uma ida ao
casino. E passado mais meio ano foi obrigado a vender a sua vivenda.
Pensou em comprar uma casa mais pequena com o dinheiro que ainda lhe
restava, mas a sua mulher que já o traía há muito, roubou-lhe tudo o que
lhe tinha restado e fugiu com o amante deixando-o na completa penúria.

António ao fim de nove anos após ter ganho a fortuna ficou na total
miséria. Tudo o que lhe tinha sido dado de mão beijada tinha-se esvaído
em nada... E agora, cada dia que passava parecia-lhe uma eternidade. As
memórias do passado eram autênticas torturas, e já não havia nada para
aspirar no futuro. Relembrando os tempos em que vivia como trabalhador
honesto, ainda que a receber pouco, e os anos que se manteve casado com
a primeira mulher pareciam um paraíso comparado com o que estava a
viver naquele momento.”

1. Analisando o caso de António, podemos tirar as seguintes


conclusões:
2. António foi rico durante 5 anos consecutivos
3. António teve um iate durante 5 anos
4. António teve um carro desportivo durante 6 anos e meio.
5. António teve uma bela vivenda por quase 8 anos
6. António foi casado com uma mulher jovem durante 4 anos

Traduzindo estes pontos por variáveis temos:

1. Identificação: “Eu sou rico” a = 5


2. Identificação: “Eu tenho um iate” b = 5
3. Identificação: “Eu tenho um carro desportivo” c = 6,5
4. Identificação: “Eu tenho uma bela vivenda” d = 8
5. Identificação: “Eu sou casado com uma jovem” e =4

Calculando o limite para cada caso temos:

lim = 1
1 1/5 = 0,2
x→ a x
lim = 1 1/5 = 0,2
2
x→ b x
lim = 1
3 1/6,5 = 0,15
x→ c x
lim = 1
4 1/8 = 0,13
x→ d x
lim = 1
5 1/4 = 0,25
x→ e x
Conclusão: António viveu todo o tempo baseando-se em variáveis
para ser feliz. Limitou a sua própria existência ao tentar satisfazer o
seu ego. E por cada coisa que foi perdendo, foi sofrendo. Todos os “Eu
sou(s)” e “Eu tenho(s)” com que se identificou só lhe trouxeram
satisfações temporárias. Antes de ser rico ele achava que era infeliz, e
quando ganhou a fortuna achou que era feliz, mas não era, nunca foi...
Felicidade eterna nunca é conquistada por coisas que têm prazo de
validade.

Se te identificas excessivamente com: “Eu sou belo(a)”, “Eu sou


popular”, “Eu sou ambicioso(a)”, “Eu sou amado(a)”, “Eu sou rico(a)”,
“Eu sou casado(a)”, “Eu tenho namorado(a)”, “Eu tenho amigos”, “Eu
tenho filhos”, “Eu tenho uma carreira profissional”, “Eu tenho uma
empresa”, “Eu tenho um carro topo de gama”, “Eu tenho uma bela casa”,
“Eu tenho um cão”, “Eu tenho um gato”, “Eu tenho um smartphone de
última geração”; esses “Eu sou(s)” e “Eu tenho(s)”, não são constantes.
São todas falsas identificações de ti próprio(a), que te trazem felicidade
ilusória. Todas essas satisfações são temporárias, e por terem essa
natureza, também te poderão trazer dissabores. Por cada coisa, cada pessoa
que perdes, poderás sofrer, e a vida como já te demonstrei não é feita
apenas de sofrimento. Só quando nos deixamos levar pelo ego é que o
sofrimento não tem fim. Entre ser tudo e ser nada, entre ter tudo e ter
nada, nada é sempre garantido. Tu vieste a este mundo sem nada, e sem
nada partirás dele, nunca te esqueças disso. Quando partires, não levas
nada nem ninguém contigo.

“A espécie humana é a única que sabe que tem de morrer.”


[Voltaire]

Não precisas de “ser coisas” nem de “ter coisas” para te satisfazeres.


Para estares plenamente satisfeito(a), só tens de ser tu próprio…nada.

Já sabemos que nada = 0, então qual o limite de 0?

lim = 1

x→ 0 x
Isso mesmo, o limite de zero é infinito, logo tu não tens limite
quando és nada!

“Vocês não percebem!? Eu não tenho limites!”


[Jim Carrey]

Não tens limite para amar, não tens limite para perdoar, não tens limite
para aprender, não tens limite para imaginar, não tens limite para ajudar o
próximo, não tens limite para ser feliz, não tens limite para seres o que
és… consciência!

Quando és nada, tu regressas à tua origem; voltas a ser uma criança,


que tem curiosidade pela vida, uma capacidade enorme de sonhar,
imaginar, uma criatividade infinita, gosto por aprender, e gosto por ajudar
os outros. Mas igualmente um(a) velho(a) sábio(a), de mente amadurecida
que fala pela sua própria experiência de vida e que sabe de tudo o que é
importante para viver eternamente feliz, inteiramente satisfeito(a). Ganhas
total independência das coisas, e das pessoas.

O amor faz-te crescer, e a sabedoria faz-te amadurecer. Isto é no que te


tornas quando ouves a voz consciente, quando te tornas na tua constante,
quando de tornas no zero absoluto. A resposta para seres feliz não se
encontra fora, está dentro de ti, sempre esteve.

Conclusão: Quando te reduzes a zero a tua existência deixa de ter


limite.

“Quando as expectativas são reduzidas a zero,


é quando realmente se aprecia tudo o que se tem.”
[Stephen Hawking]

Matemática Intuitiva e Matemática Lógica

A matemática é a base de toda a ciência, mas não nos podemos


esquecer que antes de ela existir, nada existia. Os números, as operações
aritméticas (soma, subtração multiplicação, divisão), a geometria, etc.
tiveram de ser inventadas de uma alguma forma. Como? Com base em
alguma espécie de crença, utilizando a intuição. Não poderíamos formar
pensamentos lógicos sem existir primeiro a intuição, o pensamento
criativo para inventar a matemática. Não devemos ver a lógica e a intuição
como áreas distintas. Elas complementam-se uma à outra, formam uma
conjunção, e não uma disjunção.

“(…) para produzir aritmética, tal como para produzir geometria, é


necessário algo mais que lógica pura. E não temos outro termo para
designar este algo senão intuição.(…) Ambas se revelam indispensáveis.
A lógica, que é a única que nos pode fornecer a certeza, é o instrumento
da demonstração; a intuição é o instrumento da invenção.”
[Henri Poincaré]
Capítulo 16 - O Problema Objeto-Sujeito

Para entendermos o funcionamento da nossa mente no que toca à


relação que mantemos com as coisas e as pessoas, vamos estudar o
problema objeto-sujeito.

O problema sujeito-objeto é uma questão filosófica de longa data, que


se preocupa com a análise da experiência humana. Surge a partir da
premissa de que o mundo é composto por objetos (entidades) que são
percebidos, ou de outro modo, que se presume existir como entidades por
sujeitos (observadores). Esta divisão de experiência resulta em dúvida
sobre como os sujeitos se relacionam com objetos.

Este é um problema com que o ser humano se depara na realidade


material, a realidade física. Nós somos o sujeito, os observadores, e tudo o
resto são os objetos, as entidades.

À medida que vamos crescendo, vamos igualmente construindo a nossa


personalidade (ego) com base nas nossas experiências pessoais.
Identificamo-nos fortemente com tudo o que vemos, ouvimos, sentimos no
meio físico, e a nossa tendência natural é olharmos para as coisas e para as
pessoas como se elas fossem nossas, como se de objetos se tratassem.
Quanto mais amamos as coisas e as pessoas que nos rodeiam, mais
sentimos que elas nos pertencem. E quando esse tipo de relação é
estabelecido, criamos total dependência nelas.

Desde o dia em que nascemos, até ao dia em que morremos, muitas


coisas e muitas pessoas passam pela nossa vida. Mas nenhuma coisa, nem
nenhuma pessoa é verdadeiramente nossa. E no entanto, vivemos todos os
dias da nossa vida como se as elas nos pertencessem. É importante pensar
sobre o assunto, pois sem nos darmos conta estamos a perder tempo a nos
satisfazermos com coisas e a dependermos das pessoas para sermos
felizes.
Se amas a tua família e os teus amigos mais do que tudo, e ainda te
identificas com o ego, a relação de amor egocêntrico vai sempre existir. Só
quando desejas te libertar do teu ego, é que existe igualmente a
possibilidade de te libertares dessa dependência permanentemente.

As pessoas que mais amas, são as que mais te farão sofrer. Mas
também é verdade que as pessoas que mais te amam, são as que mais
sofrerão por ti. Nunca é errado amar, mas o amor levado pelo ego não é
um amor verdadeiro, é amor possessivo, é um amor cego, é um amor que
cria dependência. Criamos o falso conceito de felicidade com base nos “Eu
sou(s)” e “Eu tenho(s)” como já foi demonstrado no capítulo anterior.

Podes até dizer que aguentas bem a dor, que só queres amar as pessoas
que compõem o teu círculo. Mas se as pessoas que mais amas dependem
de ti para serem felizes, o que acontece é que se um dia as abandonas, ou
deixas este mundo, vais deixar um vazio nos seus corações. Causarás o
sofrimento das pessoas que menos querias que sofressem.

Portanto, sejas tu que dependes dos outros para seres feliz, ou os outros
que dependem de ti para serem felizes, nunca existirá um perfeito
equilíbrio na relação. Haverá sempre a possibilidade de o amor se
transformar em ódio, ou se transformar em dor. Só quando as pessoas
deixam de se limitar pelos seu ego, é que o verdadeiro amor nasce. Amor
perfeito, que aceita a perda, que aceita o término da existência física como
um processo natural. Faz parte do ciclo da vida, não vamos viver para
sempre nesta terra. Acima de tudo devemos aprender com esta
oportunidade que nos foi concedida de passar por uma existência humana,
e no final partir deste mundo com o sentimento de dever cumprindo, com
o sentimento de que a lição foi assimilada e compreendida.

Se realmente amas as pessoas que fazem parte da tua vida, então


ensina-as a ter amor-próprio, ensina-as a não dependerem de nada, nem de
ninguém para serem felizes. E se elas sofrerem, ajuda-as a acabar com o
seu sofrimento de uma vez por todas, para que elas se libertem da
dependência que têm de ti, e para que não tenham de procurar nas coisas,
nem nas pessoas a sua própria felicidade.
Não precisas de te sentir amado(a) por outros para estares bem. Ama-te
a ti próprio(a), ama a vida que és mais do que tudo, e o amor que terás
para dar ao próximo será dado em igual medida. Nem mais, nem menos,
amor que dá sem restrições, amor que tudo perdoa, amor que não causa
sofrimento, amor altruísta, amor universal…

Quando o ser humano sofre com o seu próprio egoísmo, tem a


hipótese de se tornar num verdadeiro altruísta.
Capítulo 17 - A Entropia da Mente – Zero Absoluto

Avancemos com um pouco de física para explicar alguns casos


excecionais de sofrimento contínuo.

Nas leis da termodinâmica, a entropia é a medida da desordem de um


sistema. Um sistema altamente ordenado tem baixa entropia

Por sua vez, o zero absoluto é o ponto em que não se pode remover
mais calor de um sistema, de acordo com a escala absoluta ou temperatura
termodinâmica. É o estado mais baixo possível no qual a matéria pode
existir (0 K ou -273,15 ° C.).

Relativamente às propriedades dos sistemas em equilíbrio à


temperatura do zero absoluto, a 3ª lei da termodinâmica é por vezes
definida da seguinte forma: a entropia de um cristal perfeito no zero
absoluto (de 0 K), é exatamente igual a 0.

A zero kelvins, o sistema deve estar num estado com o mínimo de


energia possível, e esta declaração da 3ª lei aplica-se se o cristal perfeito
só tem um estado mínimo de energia.

Como é que este conhecimento está relacionado com o sofrimento


contínuo?

Pensa na tua mente como um sistema fechado. Os pensamentos são


criados por impulsos elétricos, energia. Quando tens pensamentos
conscientes o teu sistema está perfeitamente ordenado. Mas quando ainda
te identificas com o teu ego, e sofres, tu crias pensamentos inconscientes,
e quanto mais pensas, mais filmes geras involuntariamente e maior é o
nível de desordem dos teus pensamentos. Ou seja, o nível de entropia
na tua mente aumenta exponencialmente e o caos é gerado.
Vamos exemplificar com o caso de uma pessoa que sofre por amor :
“Sinto-me só, sinto-me abandonado(a)...Ele (a) não me merecia... Talvez
se não tivesse escolhido estar com ela(e) tivesse sido melhor para mim...
Mas a culpa é minha, eu é que deveria ter ficado no meu canto... Tenho de
ver as coisas pelo lado positivo... Se calhar não estava destinado... Se
calhar foi melhor assim... Se calhar eu é que estou a exagerar... Se calhar
ele(a) até nem se importa comigo... Se calhar ele(a) fez isso para o meu
bem... Ele(a) não me merece... E se eu tivesse decidido dizer-lhe o que
penso na cara?... Mas ele(a) não merece a minha consideração... Eu não
o(a) perdoo... Já não sou mais amado(a). Sinto um vazio enorme... Só me
apetece dormir e não acordar mais. Não sei mais o que pensar, não sei o
que fazer. O que vai ser de mim, mas porque isto tinha de me acontecer?
Porque vivo? Viver para sofrer para quê? A vida não tem sentido…
Porquê? Porquê? Porquê?…”.

Quando não consegues parar de pensar a sofrimento nunca mais acaba.


O que acontece quando os pensamentos se tornam sistemáticos? Ou pões
termo à tua vida, ou num caso muito excecional, a entropia é tão grande
dentro da tua mente que atinges o perfeito equilíbrio, como um cristal
perfeito. Libertas-te do teu ego, ou seja, atinges o zero absoluto
sozinho(a). Existe a possibilidade de te aperceberes por ti próprio(a) que
esses pensamentos que estão a ser gerados não passam de uma ilusão
criada pelo teu ego. Este tipo de ocorrências são muito raras, o sofrimento
nestes casos persiste por meses ou até anos.

Eckhart Tolle, escritor e orador público alemão, autor do livro “The


Power of Now”, é um caso particular. Embora fosse uma pessoa bem-
sucedida na vida, sofreu de depressão durante anos a fio. Esteve múltiplas
vezes à beira de cometer suicídio por não conseguir silenciar a mente. Um
dia, apercebeu-se de que esses pensamentos não eram fabricados por ele,
mas pelo seu ego: “Eu não consigo mais viver comigo próprio... O que
quer isto dizer? Quem é este “eu” com quem eu não consigo viver mais?”
E do nada, a voz dentro dele calou-se, libertou-se do seu ego sozinho. Por
vários anos viveu desempregado a divagar nos parques, num estado de
perfeita calma e paz, apreciando a natureza, e todo o meio que o rodeava.
Só mais tarde é que descobriu o que lhe tinha sucedido, e posteriormente
escreveu o livro, tornando-se num guia espiritual.

O mesmo acontece com algumas pessoas que vivem no limiar da


pobreza. Por vezes poderás encontrar na rua um mendigo que não fala, não
reage a nada. O sofrimento infligido pelas condições precárias em que
vive trazem-lhe tanta dor, e tristeza, que continuar a fabricar pensamentos
apenas agravam a situação. O que sucede a esta pessoa é que liberta-se do
seu ego sozinha, atinge o Nirvana. Não há pensamentos do passado nem
pensamentos futuros que lhe tragam momentos de alegria por isso
contenta-se em viver só no presente. Não há esperança de viver melhor no
amanhã, portanto cada dia é desfrutado como se fosse o último. A
verdadeira liberdade está dentro da sua própria mente, já não existe mais
sofrimento dentro dela.

Nós pensamos que miseráveis são os pobres que vivem na rua, mas no
seu interior eles podem viver em perfeito estado de calma e paz. Quem é
que afinal tem uma vida miserável?

“A principal causa da infelicidade nunca é a situação,


mas os teus pensamentos sobre o assunto.”
[ Eckhart Tolle ]

Pensa na tua memória como uma biblioteca. Deves mantê-la sempre


limpa e organizada para que possas facilmente encontrar o livro que
queres retirar dela. O livro poderá conter conhecimento que já adquiriste
ou uma história da tua vida. Todas as tuas experiências passadas devem ser
aplicadas de forma inteligente. Não abras os livros que contam histórias de
terror que nunca mais têm um fim.
Capítulo 18 - A Dualidade da Mente

Jill Bolte Taylor, neuroanatomista americana, autora do livro “My


Stroke of Insight”, passou por uma experiência de vida única, e graças à
sua história pessoal, poderei explicar como funciona o falso “Eu” e o
verdadeiro “Eu” no teu cérebro.

Em 1996, aos 37 anos, Jill teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral)


que lhe afetou o hemisfério esquerdo. Durante o acidente, e até ter sido
socorrida no hospital, ela esteve sempre consciente de tudo o que lhe
estava a suceder. Como cientista na área da neurologia ela própria
apercebeu-se de que estava a sofrer um AVC pelos sintomas que detetou
em si própria. Uma vez que o derrame tomou conta do hemisfério
esquerdo, ela perdeu todas as memórias, todo o ego foi-se, e a mente
silenciou, pois a linguagem também deixou de existir. Atingiu o Nirvana,
total paz e calma. Perdeu toda a personalidade que havia construído
durante mais de três décadas, mas como consciência ainda era a mesma de
sempre e teve a hipótese de testemunhar o seu próprio renascimento; o
“Eu consciente”. Ao ficar sem memórias do seu passado, transformou-se
num bebé dentro de um corpo de uma mulher, fez um reset ao ego e voltou
à estaca zero.

Nos oito anos consecutivos, com a ajuda da mãe, Jill teve de aprender
tudo novamente: a comer, a andar, a falar, a ler, a formar pensamentos
lógicos, e a retomar todo o conhecimento que tinha adquirido como
cientista. E porque milagrosamente sobreviveu ao AVC, partilhou a sua
experiência escrevendo o livro e tornando-se numa oradora mundialmente
conhecida.

“A paz interna profunda é acessível a qualquer pessoa a qualquer


momento.
Eu acredito que a experiência do Nirvana existe na consciência do nosso
hemisfério direito, e em qualquer momento, podemos optar por ligar
essa parte do nosso cérebro.”
[Jill Bolte Taylor]

Podemos pensar que quando as pessoas perdem a memória deixam de


saber quem elas são. Nada disso, antes pelo contrário. Nós somos sempre o
mesmo desde o dia que nascemos até ao dia em que morremos, somos
consciência. Tenhamos memórias ou não, nunca deixamos de sê-lo.

Num esquema muito simples demonstro como nos deparamos com a


dualidade da mente no hemisfério esquerdo e no hemisfério direito:

Definição do “Eu”
Hemisfério Esquerdo (Tico) Hemisfério Direito (Teco)

• Hemisfério verbal • Hemisfério espacial


• Processa informação singularmente, • Processa toda a informação em simultâneo,
resolve problemas passo a passo resolve problemas integralmente
• Linguagem (habilidade de comunicar • Perceção geral, contexto de tudo.
com o meio exterior) • Analisa o espaço e formas geométricas.
• Pensamento metódico, sequencial, • Pensamento criativo, elaboração de novas
linear soluções
• Pensamento lógico (A + B = C) • Pensamento intuitivo
• Conhecimento do passado e • Habilidade de experimentar paz
capacidade de planear o futuro • Consciência do momento presente

Eu (inicial)
• Perceção geral do espaço envolvente.
• Neste hemisfério não existe linguagem, por
isso não há o conceito do “Eu”, apenas
silêncio.

“Eu”

Quando nascemos, somos apenas consciência. Não temos memórias, não conhecemos a
linguagem e por isso não há fala. O domínio do “Eu” está apenas no hemisfério direito..
Falso “Eu”
(Ego)
• Construção da personalidade/ego
• Identificação com o falso “Eu” que
tem uma história pessoal, definida no
plano horizontal (plano temporal).
• Pensamentos e atitudes inconscientes
conduzidas pelo ego.
• Apego às pessoas e às coisas.

“Eu”
Quando crescemos, atingimos uma certa idade, começamos a criar a personalidade (ego) no
hemisfério esquerdo, o falso “Eu”, o “Eu” que nos limita numa linha temporal. Identificamos as
pessoas e as coisas como se tratassem de objetos que nos pertencem.
Somos muitas vezes levados por pensamentos e emoções inconscientes, e por isso podemos
sentir insegurança, tristeza, dor, raiva, ódio, angústia, amor egocêntrico, stress… todo o tipo de
sentimentos que destabilizam o nosso estado mental e emocional.
Verdadeiro
“Eu”
(Conciente)
• Pensamentos e atitudes conscientes
• Destruição/Reconstrução da
conduzidas pelo “Eu consciente” que vive
personalidade (ego)
no presente definido no plano vertical
• Identificação com o “Eu” do passado (plano espacial).
e do futuro apenas para comunicação • Total desapego às coisas e às pessoas.
(através da linguagem ou da escrita).

“Eu”
Quando nos libertamos do ego, nós como consciência voltamos a tomar controlo no hemisfério
direito. A consciência passa a ser a condutora, passamos a ter total controlo sobre os nossos
pensamentos e as nossas emoções. O “Eu” personalidade é utilizado para comunicarmos com o
meio exterior. Recorremos às nossas memórias para gerar novo conhecimento com base no que
já adquirimos, ou contar experiências já passadas. Passamos a ter total domínio sobre os dois
hemisférios, total controlo sobre o tempo na nossa mente.

"Quem controla o passado controla o futuro.


Quem controla o presente controla o passado."
[George Orwell]

Quando tornas-te no “Eu consciente”, vais reparar que ganhas um

“observador” na tua mente. É uma espécie de 3º olho que controla


os teus pensamentos. Consegues parar de pensar, ver quando estás a
recorrer a uma memória passada, ver quando estás a fazer planos para o
futuro, ou quando estás a criar uma nova ideia.
Deixas de te associar aos pensamentos que crias, porque, são só
pensamentos, nada mais… Passas a estar sempre sobre o controlo de tudo,
consciente de tudo.
A tua mente expande, e todo o conhecimento que assimilaste permite-
te gerares novo conhecimento mais facilmente.
Importante: Sejam bons ou maus pensamentos que estejas a gerar,
nunca os rejeites, porque se os rejeitares eles retornarão com maior
intensidade. Deixa-os simplesmente fluir como a água. Como se nada
fosse.

“A mente é como um pára-quedas. Funciona melhor quando está


aberta.”
[Dalai Lama]

corpo
mente
espírito

Entre o corpo e o espírito, está a nossa mente, o nosso maior tesouro.


Usa o Tico e o Teco de forma equilibrada para manteres uma mente
saudável e produtiva.

Pensa na tua mente como um sistema operativo. Se tiveres demasiados


processos a correrem em simultâneo, desativa os que não interessam. Se
bloquear, faz restart. A tua mente é preciosa no processo intelectual e
criativo. Não deixes que se torne no lixo da sociedade.
Capítulo 19 - De Regresso à Pirâmide de Maslow

Estamos de regresso à Hierarquia de Necessidades de Maslow. Foi


importante estudares comigo em que consiste essa hierarquia para
chegares a este ponto. O ponto em que vamos perceber quais as tuas
necessidades quando te identificas com o teu ego, e quando te libertas
dele.

Necessidades do Ego (Falso “Eu)


Falso “Eu” (Ego) Necessidades em pirâmide

Quando construímos a nossa personalidade (ego), começamos


igualmente a criar dependências em tudo para nos satisfazermos. Fazemos
da nossa vida uma pilha de necessidades.
O nível das Necessidades Fisiológicas é a base de tudo. Sem
alimentação, abrigo nada pode ser construído.

Porque temos medo do meio que nos rodeia, precisamos de ter Nível
da Segurança garantido. Precisamos de manter a certeza de que há lei,
ordem, estabilidade para nos sentirmos seguros. Quando ocorre um
desastre natural, o nível da segurança é afetado. O caos e a desordem são
instalados não por causa do desastre natural em si, mas porque as pessoas
não têm controlo sobre as suas próprias emoções. Deixam-se levar pelos
seus pensamentos inconscientes. Alguns sofrem, outros perdem toda a
racionalidade e transformam-se em autênticos animais que lutam pela sua
própria sobrevivência, ao invés de manterem o auto-controlo e
entreajudarem-se. O medo instala a total desordem.
Precisamos de amar e nos sentirmos amados pelos outros para sermos
felizes e por isso o Nível Afetivo tem de estar minimamente satisfeito. A
dependência da família e/ou dos amigos faz com que implicitamente
tenhamos medo de as perder. Se lhes acontece alguma coisa, ou elas nos
abandonam, este nível deixa de estar satisfeito e por isso bloqueamos no
tempo e não conseguimos progredir na pirâmide.

O Nível da Estima é sempre importante. Se nos sentimos amados, a


nossa auto-estima sobe consideravelmente. Ou podemos ter um amor
egocêntrico por nós próprios, mas de alguma forma a auto-estima está
sempre relacionada com a necessidade de sermos amados. Temos
necessidade de ser reconhecidos e respeitado pelos outros para nos
sentirmos bem connosco próprios. Se as pessoas não nos amam, não nos
respeitam, a auto-estima é fortemente abalada. O medo de não sermos
valorizados pelos outros faz com que não nos seja possível atingir o
patamar seguinte.

O Nível de Auto-Realização é o nível mais alto da pirâmide. São


poucas as pessoas que conseguem progredir até este nível visto que a
grande maioria ainda vive presa com os pequenos problemas que têm na
sua vida pessoal e batalha nas camadas mais baixas. Neste nível, quando
todos os objetivos são alcançados, a tendência de quem é movido pelo ego,
é de procurar constantemente em novas experiências algo mais (mais
riqueza, fama, eventos, viagens, mais conhecimento, prémios, drogas…).
Quando as pessoas conquistam tudo o que há para conquistar, procuram
arranjar diferentes maneiras de se estimularem. Isto pode levar à sua auto-
destruição, pois quanto mais experienciam, quanto mais estímulos
procuram, maior é a probabilidade de se encherem de vazio, e
consequentemente, maior é a probabilidade de sofrerem. Não existe mais
nada para alcançar, mais nada que as possa preencher. E quando entram em
depressão existe a possibilidade de perderem todas as camadas de baixo. O
Nível da Estima desaparece, as pessoas podem-se isolar, afastarem-se dos
seus familiares e amigos, e por isso o Nível Afetivo desaparece. Pouco a
pouco toda a pirâmide se desfaz em nada pois todas as necessidades que
preenchem o ego são necessidades transitórias. Nada que seja movido
pelo ego é permanente.
Conclusão: A Hierarquia das Necessidade de Maslow só satisfaz o
nosso ego.
Necessidades do Consciente (Verdadeiro “Eu”)

Verdadeiro “Eu” (Consciente) Necessidade Base

Sim, o que estás a ver é o que acontece quando nos tornamos no “Eu
consciente”. Toda a montanha de coisas que o ego necessita não satisfaz o
“Eu consciente”. Se pensarmos bem, após a morte, nem o Nível
Fisiológico precisamos de satisfazer, mas enquanto vivemos num mundo
físico essa é uma necessidade imprescindível.

Quando nos tornamos no “Eu consciente” voltamos à origem (como já


referi no capítulo da Matemática da Nossa Existência). Quando deixamos
de nos identificar com o ego, todo o sentimento de medo desaparece, e
juntamente com ele, caem por terra todas as necessidades de segurança,
afeto, estima, e auto-realização. Tornamo-nos seres completos, seres
independentes, a nossa transformação finaliza. Não precisamos de nada
para nos satisfazermos. O amor universal satisfaz-nos plenamente. Este
amor é dividido em três tipos como vemos no esquema abaixo:

Conclusão: Não existe Hierarquia de Necessidades de Maslow que


satisfaça o “Eu consciente”. Só o amor universal o satisfaz.

Portanto atingir o pico da pirâmide de Maslow nunca foi realmente


importante. Não é esse o nosso verdadeiro objetivo. Não faria sentido
precisarmos de tantas coisas para nos satisfazermos tendo em conta que há
tantas pessoas que com tanto ou menos do que nós conseguem ser felizes.
Veja-se o caso de um pastor de gado, ou um índio de uma tribo. Nunca
tiveram acesso ao conhecimento, à tecnologia, ao conforto, a tudo o que
nós temos, e no entanto são felizes com a vida simples que levam.

É triste sim, o caso das pessoas que não têm o que comer, que vivem
no meio dos conflitos, que não têm sequer as necessidades fisiológicas
asseguradas, e a quem não lhes foi ensinado quem é Deus. Deus é Amor,
sempre foi, e é isso que nos traz toda a esperança de vivermos num mundo
melhor.

Somos seres imperfeitos, na busca contínua de nos tornarmos perfeitos,


de sermos algo mais, de sermos algo melhor, de nos tornarmos em pessoas
exemplares. Na verdade isso sempre foi possível, se descobrirmos quem
realmente somos. À imagem de Deus nós somos seres perfeitos. Só
temos de ser consciência, só temos de ser nós próprios… nada mais.

“Deus tem um timing perfeito; nunca cedo, nunca tarde.


É preciso um pouco de paciência e muita fé, mas a espera vale a pena.”
[Desconhecido]
Capítulo 20 - Liderança

Nos tempos em que jogava Cabal Online, tive a oportunidade de


experienciar dois tipos de liderança: o líder egocêntrico e o líder
altruísta. Gostava de partilhar a minha experiência contigo para
perceberes as diferenças entre ser-se egoísta e ser-se altruísta.

No Cabal Online existem duas nações: Os Capella e os Procyon. Nós


criamos uma personagem, atribuímos-lhe um nome, escolhemos uma
classe (blader, force archer, force blader, force shielder, warrior, e
wizzard), e nivelamos a personagem. Inicialmente não temos nação, mas
quando chegamos a um determinado nível, podemos optar por nos
mantermos sem nação, ou escolher entre uma das duas. Quando nos
juntamos a uma, existe um evento periódico chamado “Tierra Gloriosa”
em que as duas nações se confrontam num único cenário.

Quando a hora do evento chega, todos os jogadores que têm nação são
convidados a aderirem ao evento. Uma vez aceitando participar no mesmo,
os jogadores entram na lobby e num período de dez minutos cada jogador
aproveita esse tempo para comprar os mantimentos necessários para
sobreviver durante a batalha e para definirem em conjunto a estratégia a
ser aplicada. A partida tem a duração de uma hora, e o objetivo, como
seria de esperar, é ganhar a mesma. Uma nação ganha pontos pelo número
de mortes de jogadores da nação adversária, pelo número de torres que se
constrói, e pelo número de bases conquistadas no mapa.

Ganha-se mais pontos pela seguinte ordem: Conquista da Base de


Origem da nação oposta ≥ Conquista de uma base grande (Alpha, Omega,
Center) > Conquista de uma base Média (E2, E3, E4, W8, W9, W10) >
Conquista de uma base pequena (S7, S6, S5, N11, N12, N1) > Construção
de uma torre de ressurreição de jogadores ou uma torre de teletransporte
entre bases > Construção de outras torres (+ defesa, + ataque, - defesa, -
ataque…) > número de mortes de jogadores adversários.

De todas as torres, as de ressurreição e de teletransporte são as que


mais pontos dão, mas são igualmente as que mais tempo levam para
construir. Se o jogafor não utilizar o seu próprio Alz (nome da moeda
utilizada no jogo) para construir as torres, este não ganha nenhum score
pessoal.

O final da partida dá-se quando uma nação conquista todo o mapa, ou


quando o tempo termina. No caso em que o tempo acaba, a nação que
soma mais pontos é a determinada como a vencedora do evento. No final
da partida existe uma tabela de posições (ranking) que define qual o
jogador que somou mais pontos individuais em cada uma das nações (por
norma estes pontos só são ganhos pela quantidade de dano que se dá e que
se recebe). Aos melhores jogadores é atribuído mais Alz e mais honor
points (30 é o valor mínimo de score pessoal necessário para ganhar Alz e
honor points) utilizados para ganhar novos títulos e para conseguir usar
equipamentos de nível mais avançado.

Se a nação X ganha a partida, na partida seguinte sofrem uma


desvantagem de menos 5% de jogadores em campo em relação à nação
adversária. Esta desvantagem vai aumentando quanto mais partidas
consecutivas a mesma nação ganhar. Só quando a nação que acumula
vitórias seguidas perde, é que mais 5% de jogadores voltam a ser
atribuídos. Isto quer dizer que se uma nação ganhar 5 vezes seguidas, vai
acumular uma desvantagem de menos 25% de jogadores da sua nação em
jogo (numa partida de 100 versus 100 jogadores, apenas 75 jogadores da
nação que tem desvantagem podem entrar). Se a nação com a desvantagem
perder, na próxima partida a desvantagem desce para 20%, se voltar a
ganhar, a desvantagem na próxima partida sobe para 30%, e assim por
diante.
Uma vez explicadas as regras do jogo, posso te contar a experiência
por que passei como líder.

Relkien era um force shielder, um jogador forte, tinha um equipamento


acima da média, aguentava com muito dano, e ainda mais dano causava.
Preocupava-se sempre em ganhar as partidas a que se juntava, mas o seu
maior foco estava sempre em conseguir atingir o maior número de pontos
pessoais, procurava sempre exceder o seu próprio score, em estar no topo
da lista. Era um líder que ajudava a conquistar bases, ajudava a construir
torres, dava instruções, mas quando a partida estava controlada pela sua
nação dedicava-se a colecionar pontuação pessoal transformando-se numa
autêntica máquina de matar jogadores da outra nação. As suas conquistas
pessoais eram maioritariamente mais relevantes. Quando perdia, ficava
insatisfeito, pois achava que fazia as coisas corretas e os outros é que
falhavam em atingir os objetivos para vencerem. Por essa razão, Relkien
era conhecido por ser o forte, mas fazia poucos amigos nas partidas.

Conclusão: Relkien era um líder egocêntrico que se preocupava mais


em satisfazer o seu ego.

Kazui era um blader, um jogador mediano, não tinha um equipamento


tão bom, e a sua classe não permitia fazer, nem aguentar tanto dano quanto
a classe de Relkien. As primeiras vezes que se juntou às partidas aprendeu
com um dos melhores líderes a dominar o mapa traçando as melhores
estratégias. Quando esse líder saiu, a sua nação, que estava habituada a
ganhar começou a perder.

Kazui assumiu o comando como guia da sua fação e por múltiplas


vezes tentou fazer-se ouvir pelos outros para que voltassem aos tempos de
glória. O seu maior foco estava em ajudar a sua nação a ganhar, queria que
estes voltassem a ter esperança de saírem vitoriosos. Era um jogador que
estava constantemente a motivar os outros a darem o seu melhor e a
transmitir o espírito de equipa. Nunca descriminou ninguém, e tratava
todos por igual. Quando era insultado, respondia com brandura, ou
simplesmente deixava passar como se nada fosse.
Durante as partidas dava instruções aos jogadores, defendia os que
estivessem a construir torres, ajudava a conquistar bases, construía torres
de ressurreição para que outros pudessem renascer, fazia trinta por uma
linha. Ajudar a sua nação a ganhar era mais importante do que ficar no
topo da lista, e muitas vezes abdicava do seu score pessoal para que tal
acontecesse.

As partidas do lado de quem perdia eram sempre desgostosas, mas era


justamente por serem difíceis de ganhar, que mais motivava Kazui a dar o
seu melhor. O desafio estava em tornar possível, aquilo que se achava
impossível.

À medida que os jogadores foram tomando consciência de que as


estratégicas de Kazui funcionavam, e que este só se preocupava em ajudá-
los a obter o resultado esperado, a maioria começou a ouvi-lo e a acatar as
suas instruções; começaram a vê-lo como um exemplo a seguir. Kazui
tornou-se bastante popular entre todos os jogadores. Pouco a pouco eles
retomaram os tempos vitoriosos, começando a ganhar partida atrás de
partida. Mas perdendo ou ganhando, Kazui nunca lamentava. O que mais
lhe entusiasmava era o trabalho em equipa, no final ele só queria fazer os
outros felizes.

Conclusão: Kazui era um líder altruísta que se preocupava mais em se


satisfazer ajudando os outros.
Para teres uma ideia da diferença de resultados entre um líder
egocêntrico e um líder altruísta tens a seguinte tabela com os melhores
resultados obtidos por cada um:

Relkien Kazui
Score Máximo Pessoal 400 275
25% (100 vs 75 45% (100 vs 55
Percentagem máxima de desvantagem jogadores) jogadores)
acumulada (5 vitórias consecutivas) (9 vitórias consecutivas)
Ou seja, Relkien conseguiu maior score pessoal, mas Kazui
conseguiu maior número de vitórias coletivas consecutivas. Mesmo
com 45% de desvantagem nessa partida ainda conseguimos ganhar por um
triz. Já numa partida reduzida a menos 50% de jogadores não deu para
mais.

Embora isto não passe de uma experiência num jogo online, aprendi
muito no que diz respeito ao espírito de liderança.

Um verdadeiro líder não é o que fica no topo, não é o que sobe o pódio
e fica à espera de receber a medalha de ouro. Não é o que é mais rico, mais
forte, mais inteligente ou mais experiente de todos. É porém, aquele que
determinadamente dedica a sua vida ao próximo. É o que toma por livre e
espontânea vontade a linha da frente nos momentos de maior adversidade.
O que está disposto a sacrificar-se pelos outros, o que se preocupa, o que
guia, para que todos possam encontrar na escuridão, a sua própria luz,
encontrar os seus próprios talentos, e as suas próprias virtudes. É o que dá
o exemplo para que cada um se torne igualmente num exemplo a seguir, o
que ajuda o próximo a tornar-se líder de si próprio, a não depender de nada
nem de ninguém para tomar o seu rumo, seguir o seu próprio destino. E é
também aquele que quando finaliza a sua missão, prefere não receber os
créditos. Remete-se ao seu próprio silêncio, e sai pela porta dos fundos. A
sua bravura é exemplar, mas a sua humildade é o que faz dele(a) um(a)
homem/mulher de valor incalculável.

“Um líder é melhor quando as pessoas mal sabem que ele existe,
quando o seu trabalho é feito, o seu objectivo é cumprido,
eles vão dizer: nós fizemo-lo nós mesmos.”
[Lao Tzu]

Conclusão: Pensa na vida como um jogo. Quanto mais difíceis são as


etapas, maior é o sentimento de concretização quando as superas. E se
queres te tornar num verdadeiro líder, começa por te tornares líder de ti
próprio(a), nada é mais importante do que isso. Aprende a dominar os teus
medos, a manteres a tua motivação no topo, o espírito positivo e a
percorreres o teu caminho sozinho(a). E ajuda o próximo nos momentos
mais difíceis, para que outros te vejam como um exemplo a seguir.
“Um líder é aquele que sabe o caminho, segue o caminho, e mostra o
caminho.”
[John C. Maxwell]
Capítulo 21 - Imaginação

Nos tempos em que andava na escola primária tínhamos sempre a parte


do dia chamada “tempo livre”. Esse tempo era utilizado para escrevermos,
inventarmos histórias contadas por nós. Todas elas começavam sempre por
“Era uma vez…”. Nunca me hei-de esquecer da melhor história que
compus nesse tempo. Vou-te recontá-la:

“Era uma vez um grupo de alunos que andavam numa escola. Eles
estavam a preparar uma música que iam tocar para apresentarem aos
pais. Todos os dias depois das aulas, os alunos iam para a sala de música
ensaiar com a professora de música.

Um dia antes de os alunos tocarem para os pais, ensaiaram e depois


disso saíram da sala. Depois da sala estar fechada, os instrumentos
musicais começaram a falar uns com os outros. Queriam saber qual é que
era o instrumento que ia estar melhor na peça que os alunos iam
apresentar aos pais. O violino achava que era o melhor porque o seu som
era mais bonito. O piano era o que ia tocar mais vezes na peça por isso
achava-se o melhor. A viola dizia que era a que se ouvia melhor. O tambor
era o que fazia o som mais forte por isso dizia que era o melhor. Pouco a
pouco todos os instrumentos começaram a discutir entre si, até que
chegaram todos à mesma ideia: todos eles eram importantes, não havia
nenhum instrumento que fosse melhor do que o outro.

No dia em que os pais foram à escola, os alunos tocaram a música para


eles e tudo correu bem. Os pais bateram as palmas e ficaram felizes com a
peça que os filhos fizeram para eles. Os alunos e os instrumentos ficaram
todos felizes.

Moral da história: não interessa quem é o melhor, o que interessa é


que todos juntos, somos bons. A união faz a força.”
Os detalhes das palavras que usei para escrever a história não me
recordo ao certo, mas tentei usar a linguagem mais básica que deveria ter
conhecimento na altura.

Periodicamente a professora recolhia todas as histórias, e escolhia uma


para ficar no livro da escola, e ser contada para todos os alunos. Quando a
professora anunciou que a história selecionada era bela e que a tinha
comovido, eu sabia de que história ela falava. Tinha apenas oito anos, mas
sabia que a minha tinha sido a selecionada, porque trazia uma moral como
poucas histórias traziam.

Se contasse a qualquer adulto sem lhe dizer que idade eu tinha quando
a criei, obviamente que diriam que a história não tem lógica nenhuma. Os
instrumentos não têm vida, e se tivessem não precisariam de alunos para
tocá-los, etc. ... E a intenção pela qual a história foi criada, a mensagem
que passa, ficaria perdida. Todo o bom contador de histórias tem sempre
uma moral a transmitir.

É por os adultos se prenderem tanto aos fatos, à lógica, e à razão que a


imaginação morreu dentro deles. Não são só as crianças que têm o direito
de sonhar, todo o adulto também tem. Se deixamos de sonhar, deixamos de
ter esperança, deixamos de viver. Matamos a criança que temos dentro de
nós, matamos a criatividade, o dom que nos torna seres únicos, que nos
individualiza.

Adquirir conhecimento só por adquirir não traz qualquer valor


acrescentado. Conhecimento que não forma nova sabedoria não passa de
informação. Não existem pensamentos únicos, não há originalidade. A
nossa memória é seletiva precisamente porque nós não fomos concebidos
para nos tornarmos num armazém de informação. Para isso utilizamos o
que nós próprios criámos para poupar tempo e espaço, usamos os livros e a
internet.

“Saber muito mas pensar pouco não leva a lugar algum. Muitos têm
uma mente com centímetros de profundidade e quilómetros de
extensão.”
[Augusto Cury]

A nossa mente é feita para criar novas coisas, novos pensamentos,


novas ideias, novas histórias. Eu tenho as minhas ideias, tu tens as tuas
ideias e é juntando ideias diferentes que criamos novas soluções. A
imaginação é o que nos faz transcender todas e quaisquer barreiras, toda e
qualquer dimensão, ela não tem limites.

“O verdadeiro sinal de inteligência não é o conhecimento, mas a


imaginação.” [Albert Einstein]

Marcar a diferença não é pegar na roda e reinventá-la melhor. É criar


algo de raiz, algo nosso, algo que nunca ninguém pensou. Só quando temos
a consciência limpa é que conseguimos usar a imaginação, exceder as
nossas próprias expectativas.

“Tudo o que tu podes imaginar é real.”


[Pablo Picasso]

Deixar que a nossa imaginação morra é deixar morrer o criador, o


filósofo, o artista que temos dentro de nós. Já não existem pessoas que
sabem pensar por si próprias, que sabem questionar, que sabem criar novas
coisas, pois a grande maioria vive presa dentro das sua própria mente,
preocupada em fazer da vida uma pilha de problemas que nunca têm fim.
E é por isso que o mundo em que vivemos é cinzento, é triste, e implora
por novas ideias.

O excesso de informação e o excesso de estímulos a que nos


submetemos diariamente aceleram estupidamente os nossos pensamentos.
E para criamos algo novo, não é pensando rápido que vamos conseguir
fazê-lo. É só desacelerando os pensamentos que conseguimos produzir
novas ideias, e trazer o melhor que temos dentro de nós para fora. Um
pensamento de cada vez, deixar fluir como a água…
“Esvazia a tua mente, sê disforme, sem forma, como a água.
Se colocas água num copo, ela se torna no copo,
Se colocas água numa garrafa ela se torna na garrafa,
Se colocas a água num bule de chá, ela se torna no bule de chá.
A água pode fluir ou pode esmagar.
Sê como a água meu amigo.”
[Bruce Lee]

Controla o ritmo dos teus pensamentos, e a mantém a imaginação viva


dentro de ti. Ela é o objeto da criação, faz de ti um ser único e original. É a
chama que ilumina a geração de novas ideias, a formação de universos
paralelos. No nosso imaginário tudo é possível, basta querer. Querer é
realmente poder.

“O poder da imaginação é a capacidade de criares


o teu próprio futuro e o teu próprio fluxo de tempo.”
[Evangelion (1997)]
Capítulo 22 - Amor

Hoje em dia são cada vez mais as famílias que se separam


precocemente. Os casamentos e os namoros pouco ou nada duram, os
filhos quando crescem mudam-se para outros países à procura de melhores
condições de vida. Os adultos dedicam mais tempo à sua carreira
profissional, a entreterem-se, tornam-se consumistas, mais preocupados
com os pequenos problemas do dia-a-dia que lhes roubam todo o tempo,
vivendo mais centrados neles próprios do que na sua família, nos seus
amigos.

A história que vou partilhar contigo, é baseada em fatos reais e reflete


um pouco a sociedade em que que nos inserimos na atualidade.

“Alice e Ricardo eram duas crianças que frequentavam a mesma


creche. Alice vivia apenas com a mãe, pois seu pai havia deixado ambas
para se casar com outra mulher. Já Ricardo vivia com ambos os pais.
Embora fossem tratados de igual modo pelas educadoras, Alice, mesmo
sem a presença do pai, era mais feliz do que Ricardo.

Chegando perto do Natal, as educadoras pediram aos pais que


comprassem uma prenda para os seus filhos, e aparecessem na creche
para lhes fazerem a surpresa. Quando o dia chegou, a mãe de Alice
ofereceu-lhe uma boneca, e os pais de Ricardo um jogo para a consola.
Alice parecia feliz com a sua boneca, mas mais do que isso, ela estava
feliz por poder estar com a sua mãe que carinhosamente lhe abraçava. Já
Ricardo olhava para o jogo triste e desmolecido.

A mãe de Ricardo vendo a sua falta de entusiasmo não perdeu tempo e


perguntou-lhe: "Nós já te compramos uma prenda. Porque fazes essa
cara?". Ao que Ricardo respondeu: "Não é isto o que eu quero...Eu quero
o que a Alice tem...". Surpreso com o que o filho lhes havia respondido, o
pai zangado indagou repentinamente: "O teu jogo é mais caro, vale mais!
Queres a boneca da Alice!? Mas tu és maricas?". Ricardo ainda mais
entristecido murmurou: "Não... Eu quero o vosso amor...".

Os pais chocados com a revelação que o filho lhes estava a fazer


perante as educadoras, e movidos pelo seu próprio embaraço, foram
incapazes de reagir bem àquele simples pedido que o filho lhes fazia, ao
que a mãe ainda mais enfurecida disse: "Ah tu não sabes dar valor ao
esforço que fazemos por ti! O que sabes tu da vida!? Quando fores
trabalhar vais ver o quanto ela é dura!"

As educadoras ouvindo tais palavras não contiveram as suas lágrimas,


pois perceberam que não eram só as vidas dos pais de Ricardo que eram
duras...os seus corações também tinham endurecido...”

A vida nem sempre é fácil, mas não podemos deixar que as


dificuldades que atravessamos afetem a nossa vida interior. Viver sem
amor, não é viver, é sobreviver.

Se tens filhos ou pretendes tê-los, não os eduques com severidade, mas


com brandura. Dá-lhes aquilo que eles mais precisam: amor. Os filhos de
Deus são os filhos do amor. Os que são criados nessa base nunca estarão
perdidos neste mundo, e mesmo que um dia se desviem do seu caminho,
saberão sempre retornar à sua origem. Amor é o sentimento que move
mundos e fundos, que renova os nossos corações, que nos fortalece, que
nos faz crescer, que nos traz o verdadeiro sentido de viver, que nos torna
humanos.

Podemos passar dias, meses, anos, a perder tempo com discussões


mínimas, a manter o rancor uns pelos outros porque somos orgulhosos,
porque somos incapazes de perdoar o que as pessoas nos fizeram. Mas de
que adianta guardar tanta raiva, tanto rancor? É assim tão importante
termos razão? Ganhamos alguma coisa com isso? Apenas mágoa, dor, e
tristeza.

Uma vida plenamente feliz, é uma vida dedicada aos outros, sejam
familiares, amigos ou desconhecidos. Viver é amar, é saber perdoar, é ter
amor-próprio, é amar o próximo, é amar a sabedoria.

Ama os idosos, pois eles são sábios, e ensinar-te-ão o que não aprendes
na escola: experiência de vida. Ama as crianças, pois elas são os próximos
rebentos que brotarão nesta terra, e se forem regadas com amor, luz, e vida
não lhes faltará. Ama os adultos, pois um adulto sem amor, é como uma
criança perdida no mundo, que não sabe o que faz. E como não poderia
deixar de ser, ama-te a ti próprio(a) como nunca te amaste antes.

Entre ter tudo, e ter nada, nada é sempre garantido. Amor é sempre
garantido; essa é a corrente que nos toca, que nos une, que nos guia, e que
nos faz olhar para o futuro com a esperança de criarmos um mundo
melhor.

“O amor é a única coisa que somos capazes de


perceber que transcende o tempo e o espaço.”
[Interstellar (2014)]

Sejamos honestos... Faria sentido existirmos se o amor não existisse?


Capítulo 23 - Ciência e Religião

Dos tempos em que as pessoas eram crentes em Deus, passamos para


uma era em que se dá primazia à ciência. As pessoas abandonaram a fé, e a
crença em Deus passou a ser vista como uma tradição arcaica. “Deus não
existe. Onde está Deus? Se não existem fatos científicos que comprovem a
sua existência, então é porque realmente não existe.“.

Quem precisa de ver para crer, nunca vai ver [nada], nem nunca
vai crer em [nada]. Acreditar na religião cegamente não nos trouxe a
resposta que queríamos, mas acreditar só na ciência pura e dura também
não é a solução. Todos os avanços que se fizeram na ciência, todo o
caminho que a humanidade percorreu, serviu para chegarmos a este ponto:
ao ponto de sabermos quem nós somos, ao ponto de percebermos que
ciência e religião não se opõem, antes pelo contrário, elas complementam-
se.

“A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.”


[Albert Einstein]

Na ciência temos o TUDO (corpo, matéria, lógica), na religião temos o


NADA (espírito, não material, intuição). Já há estudos científicos que
provam que toda a matéria é feita de energia. Todo o universo, includindo
o nosso corpo, é composto pela mesma essência, somos o TODO e o
NADA. Deus é o software, e o Universo é o hardware. Nós somos o
software, e o nosso corpo é o hardware.

Abandonar Deus, é abandonarmo-nos a nós próprios, é abandonar a


razão da nossa própria existência. Não faria sentido existirmos se Deus
não existisse, nós não viemos a este mundo ao acaso.

“Deus não joga dados…”


[Albert Einstein]
Se nós criámos o relógio para vermos as horas, então também há uma
razão para termos sido criados. Para toda a criação há uma intenção, e o
ser humano não é exceção.
Capítulo 24 - Religião e Espiritualidade

Se te recordas, no capítulo de “A Tua Maior Descoberta” quando te


falei do ego mencionei espiritualidade e não religião. Há uma grande
diferença entre ambos os conceitos. Vejamos em que pontos ambos
divergem.

1. Experiência vs Crença - Religião geralmente implica a adesão a um


certo sistema de dogma ou crença. Espiritualidade coloca pouca
importância em crenças intelectuais, mas está preocupada com o
crescimento e em experimentar a consciência Divina.

2. Medo vs Amor - Muitas vezes a religião leva a abordagem de temer


a Deus. A religião está muitas vezes preocupada com o pecado, culpa é um
conceito de que é Deus que castiga. A abordagem espiritual a Deus é
através do caminho do amor. Este é um amor onde não há julgamento -
apenas aceitação. Na espiritualidade sabe-se que o pecado na realidade é
apenas ignorância baseada numa falsa crença do que somos.

3. Onde está Deus? Muitas vezes, a religião fala de Deus como sendo
alguém que está no céu. Às vezes, Deus pode parecer estar distante, fora
do alcance da humanidade aspirante. Espiritualidade mostra-nos que Deus
é omnisciente, omnipresente, e omnipotente e pode ser sentido como uma
presença viva nos nossos corações. Espiritualidade diz que não há
separação entre o Criador e a Sua Criação. Todos nós fazemos parte do
mesmo, somo uno, não existem separatismos.

4. Uma Única Religião vs Universalidade - Muitos seguidores da


religião, sentem que apenas o seu caminho pode levar à salvação. Eles têm
uma enorme fé na sua própria religião, mas ao mesmo tempo eles sentem
que as outras religiões estão erradas. Portanto, eles podem sentir uma
necessidade de converter os outros à sua fé.
"Todo o fanatismo é falso, porque é uma contradição da verdadeira
natureza de Deus e da Verdade. A Verdade não pode ser trancada num
único livro, a Bíblia ou Veda ou o Alcorão, ou numa única religião”.

“Espiritualidade sente que todas as religiões são válidas;


como a analogia de muitos caminhos que levam ao mesmo objetivo.
Espiritualidade abraça todas as religiões do mundo, mas ao mesmo
tempo,
não é limitada por nenhum dogma ou forma religiosa.
[Sri Aurobindo]

Deus é como a unidade de medida.


1000 mm = 100 cm = 10 dm = 1 m.
Todos os caminhos vão dar ao mesmo.

Ninguém tem o direito de impor nada, e quem impõe não satisfaz


ninguém a não ser o seu próprio ego. As pessoas são livres de acreditarem
no que quiserem, essa é a grande diferença entre a espiritualidade, e seguir
cegamente uma religião.

“Jesus desejava que o ser humano fosse autor da própria vida,


capaz de exercer com consciência o seu direito de decidir.”
[Augusto Cury]
Eu não quero que tu acredites em nada do que eu escrevi neste livro,
antes pelo contrário. Com esta obra o que eu pretendo, é que tu vás à
procura da verdade por ti próprio(a). Questiona tudo e mais alguma coisa,
pois só quando nos questionamos é que encontramos a resposta.

“O poder da pergunta é a base de todo o progresso humano.”


[Indira Gandhi]

Pesquisa, procura, informa-te, quero que voltes a ter interesse em


aprender, em estudar. Parar de aprender é parar de viver. Quero que voltes
a tornar-te num(a) curioso(a) pela tua própria vida. Qual o motivo por que
cá estás? Quais são os teus talentos? O que mais gostas de fazer? Que vida
gostarias de levar? Quais são as tuas crenças? Quais são os teus sonhos?
Corre atrás do que acreditas e não do que as pessoas te dizem para
acreditares.

“A curiosidade é uma das características mais permanentes e certas de


um intelecto vigoroso.”
[Samuel Johnson]

Não precisas de acreditar em mim, só tens de ter fé em ti próprio(a), fé


nas tuas próprias capacidades. Usa a tua criatividade, a tua imaginação, e
nunca deixes de ser um(a) sonhador(a), pois são os sonhos que te elevam
para lugares inatingíveis aos olhos deste mundo. Dentro de ti tu podes
criar um universo inteiro de novas coisas.

“A lógica levar-te-á do ponto A ao ponto B.


Imaginação levar-te-á a todo todos os lugares.”
[Albert Einstein]

Tu não és um ser insignificante, não és “mais um”. Todos os teus


pensamentos, todas as tuas emoções, todas as decisões que tomas têm
repercussões à escala global. A tua experiência de vida é única. Ninguém
viu, nem ouviu, nem sentiu as coisas como tu viste, ouviste e sentiste.
Ninguém vivenciou os mesmos momentos da mesma forma como tu
vivenciaste. É por isso que formamos gostos, opiniões e crenças distintas.
E é com base na tua experiência pessoal que vais mostrar a este mundo o
que tu vales, que vais dar sempre o teu melhor, vais trazer valor
acrescentado, e mostrar que não há um único ser à face desta terra que seja
igual a ti, que tenha as mesmas ideias que tu tens, que tenha a criatividade
que tu tens. Não te tornes numa imitação de ninguém, ou tornar-te-ás
igualmente num desperdício de arte original.

Tu tens o teu próprio estilo, a tua própria maneira de te expressares.


Usa os teus dons para mostrares o ser único que tu és. Segue a voz da
consciência, essa é a tua verdadeira voz, a voz que te torna num ser
singular, um ser único(a).

“Informação não é conhecimento. A única fonte de conhecimento é


experiência.”
[Albert Einstein]

Tu és único(a), eu sou única, mas todos nós fazemos parte do mesmo.


Fazemos parte de… [silêncio]
Capítulo 25 - Fim da Introspeção

Chegamos ao final do teu processo de introspeção. Se fizeste tudo


direitinho e não saltaste nenhuma página então penso que a este ponto já
estás livre dos monstrinhos que te causavam sofrimento. Valeu ou não
valeu a pena fazeres tudo passo a passo?

Como pudeste ver, foi preciso estudares comigo português, filosofia,


mitologia, religião, espiritualidade, psicologia, matemática, física, e
neurologia para perceberes quem tu és e como funciona a tua mente. Este
processo que construí serviu igualmente para despertar em ti uma nova
motivação para aprenderes novas coisas, expandires o teu conhecimento,
ganhares amor à sabedoria. Tudo se aprende, basta quereres.

A solução mais criativa que encontrei para te ajudar foi entrando


contigo dentro da tua mente, através da leitura deste livro. Se ninguém te
disse isto, quero que saibas que eu preocupo-me contigo, e é por me
preocupar, que compus este obra; para que mesmo não estando contigo, te
pudesse ajudar de alguma forma. Esta obra foi feita por Deus, foi feita por
amor a ti.

Espero que a minha missão tenha sido bem-sucedida, e espero ter


conseguido dar uma nova luz, um novo significado à tua vida. Já não tenho
mais nada para te ensinar, o meu trabalho contigo está concluído. Não
precisas de me procurar para mais nada, já sabes qual é o teu caminho, só
tens de o percorrer sozinho(a).

De agora em diante sabes o que tens a fazer, segue o meu exemplo. Faz
aquilo que eu digo e faz o aquilo que eu faço… sê tu próprio(a).

Não te tornes em alguém que as pessoas esperam que tu sejas,


Mas alguém que estás inesperadamente destinado(a) a ser.
~Fim~
Mensagens

Só precisas de enfrentar a tua solidão uma vez na vida.


Ela te esvazia, e é em vazio que te encontras.
E quando esse momento chega,
És tu que abandonas a solidão para sempre,
Porque és tu que controlas o vazio.

Tu podes visitar muitos sítios neste mundo,


Mas nunca te vais encontrar em sítio algum.
Só quando procurares onde estás,
Poderás encontrar onde estiveste o tempo todo.
Vais encontrar a tua casa.
E então apercebes-te, “Eu sou a casa”.

As pessoas que mais amas, são igualmente as que mais te farão


sofrer
Mas também são as que te darão a maior lição de vida: Amar nunca é
um erro.

Na morte encontrarás a vida,


Na escuridão, encontrarás a luz,
No sofrimento encontrarás a paz,
Na dor encontrarás o amor,
Nas variáveis encontrarás a constante,
No todo, encontrarás o nada,
E no nada encontrarás o infinito,
E no infinito encontrarás o nada,
E nada é o que precisas ser,
Para seres vida,
Para seres luz,
Para seres amor,
Para seres a constante,
Para seres o infinito,
É tudo o que precisas,
Para teres vida,
Para teres luz,
Para teres paz,
Para teres amor,
Para teres nada…

Os zeros à esquerda não servem para nada,


E é por isso que têm muito mais valor do que os zeros à direita.

Se achas que dependes das pessoas que te rodeiam para seres feliz,
Então é porque ainda não conheceste o ser mais fascinante à face da
Terra…tu próprio(a)

Diz-me o que vês, o que ouves e o que sentes


E eu dir-te-ei o que não és.
Diz-me o que não vês, o que não ouves e o que não sentes
E eu dir-te-ei o que és.
A tua mente é poderosa.
Tão poderosa que é capaz de criar a maior ilusão da tua vida... tu
próprio.

Quem procura a felicidade dentro, nada encontra.


E quem procura a felicidade fora, tudo encontra.
Mas também é verdade que,
Quem procura a felicidade dentro tudo encontra.
E quem procura a felicidade fora nada encontra.
Mas para tudo, há um limite,
E para nada, não há limite.

Andando num barco á deriva em alto mar,


No meio da tempestade tentei-me encontrar.
No horizonte nada via,
E ao olhar para trás também nada via.
O que tinha de ver é o que vejo agora,
E não o que vi,
Nem o que verei.
O que já fui, já era,
O que serei, será,
Mas o que importa é que, o que eu sou, ainda é.
E finalmente veio a bonança,
O repouso total…

Fascina-te com o que vês, ama o que vês.


Quando chegar o dia em que não podes mais amar o que vês,
Porque te causa dor, angústia, e sofrimento
Então descobres que tudo o que viste durante toda a tua vida,
Não passava de uma grande ilusão que te cegava,
E que os olhos que nada veem o que é visível,
São os olhos que verdadeiramente tudo veem,
Os olhos que já não veem mais a sofrimento e a dor
Os olhos que só veem a paz e o amor.
Tudo o que procuraste durante toda a tua vida no que vias…

Eu tenho um sonho,
Que um dia deixes de ver o que eu já não vejo,
Que um dia deixes de ouvir o que eu já não oiço,
Que um dia deixes de sentir o que eu já não sinto,
Que um dia passes a ver o que eu vejo,
Que um dia passes a ouvir o que eu oiço,
Que um dia passes a sentir o que eu sinto
Para que entendas que o que tu viste, ouviste e sentiste
Não é mais o que vês, ouves e sentes.
Para que entendas que o que verás, ouvirás, e sentirás
Não é o que vês, ouves e sentes.
Para que entendas que o que fazes agora,
Não é o que fizeste ontem, nem o que farás amanhã.
Para que entendas que é aqui e agora que tudo acontece,
Que é aqui e agora que vês, ouves e sentes.
Que é aqui e agora que tomas as tuas decisões
Que é aqui e agora que mudas o teu percurso
Nunca no antes, nem no depois, mas agora...

O que eu sinto por ti, tu não vês nem ouves.


E porque não vês nem ouves, tu ignoras que eu existo.
O que preciso fazer para saberes o que sinto por ti?
Preciso de mostrá-lo? Preciso de dizê-lo?
Porque precisas de ver? Porque precisas de ouvir?
Porque não sabes? Ou porque não és capaz de sentir por ti próprio(a)
o que eu sinto por ti?
Se precisas de ver e ouvir para saberes, então ainda tens um longo
caminho para percorrer.
Queres saber a verdade? Procura dentro de ti.
Saberás quem tu és, e quem eu sou
E saberás que o que eu sinto por ti ultrapassa todas e quaisquer
barreiras, não tem limite.

O ambicioso escala a pirâmide para procurar a felicidade


O sonhador vive feliz na base
O ambicioso procura sempre ter mais do que já tem
O sonhador contenta-se com o que tem
O ambicioso luta para sobreviver na escalada
O sonhador vive pacificamente na base
O ambicioso gasta a vida toda a tentar escalar a pirâmide
O sonhador poupa a vida toda para se manter na base
O ambicioso ri-se quando atinge o pico da pirâmide
O sonhador ri-se porque nunca saiu da base
O ambicioso é infeliz, porque chega à conclusão que não há mais
nada depois do pico
O sonhador é feliz, porque sabe que nunca precisou de subir a
pirâmide para sonhar para além do seu pico
A pirâmide desmorona-se, e o ambicioso retorna à base como o
sonhador
O ambicioso sofre, porque sente que perdeu a vida toda à procura de
se satisfazer.
O sonhador não sofre porque sempre soube que para se satisfazer
nunca precisou de ir a lado algum
A felicidade sempre esteve dentro dele.

O pensamento é o que nos torna diferentes.


O amor é o que nos torna iguais.
Somos únicos no pensamento, mas o mesmo no coração.
Pensamos, logo imaginamos. Sentimos, logo amamos.
Com imaginação e amor, criamos uma vida digna de ser vivida.

Não somos nós que mudamos o mundo,


É o mundo que nos muda, de fora para dentro.
O mundo é o que é, [nada] o muda.
Somos nós que temos de mudar por vontade própria,
E essa mudança é feita de dentro, para fora.
E é de dentro, para fora que o mundo muda,
Porque é por [nada] que o mundo muda.

Até que aprendas a dominar seus maiores medos ,


Não és nada mais do que uma sombra do teu verdadeiro eu.

Ninguém é capaz de fazer melhor trabalho do que tu na arte de seres


tu próprio(a).
Bibliografia

[Capítulo 1 - Introspeção]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Introspecção

[Capítulo 2 - Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA)]


http://gshow.globo.com/programas/mais-
voce/v2011/MaisVoce/0,,MUL478496-10344,00-
SINDROME+DO+PENSAMENTO+ACELERADO.html
https://en.wikiquote.org/wiki/Gurren_Lagann

[Capítulo 3 - Depressão – A Dor da Mente]


https://pt.wikipedia.org/wiki/Depress%C3%A3o_(humor)

[Capítulo 4 - Sofrimento]
http://blogs.law.harvard.edu/abinazir/2011/06/15/what-are-chances-
you-would-be-born/

[Capítulo 5 - Tempos Verbais]


http://en.wikipedia.org/wiki/Present
http://en.wikipedia.org/wiki/Past
http://en.wikipedia.org/wiki/Future

[Capítulo 6 - A Caixa de Pandora]


http://en.wikipedia.org/wiki/Pandora%27s_box

[Capítulo 7 - A Personalidade]
http://www.emotional-and-spiritual-healing-guide.com/ego-
personality.html

[Capítulo 8 - A Pirâmide de Maslow]


http://en.wikipedia.org/wiki/Maslow%27s_hierarchy_of_needs
http://www.simplypsychology.org/maslow.html

[Capítulo 11 - Nada]
http://postsfromthepath.com/tag/osho

[Capítulo 13 - A Lógica do Ser]


http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_verdade#Conjun.C3.A7.C3.A3o_.2
8E.29
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica_bin%C3%A1ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_nervosa

[Capítulo 14 - Tempo a Pensar]


http://www.quotes.net/quote/19519

[Capítulo 15 - A Matemática da Nossa Existência]


http://pt.wikipedia.org/wiki/Fun%C3%A7%C3%A3o_%28matem%C3
%A1tica%29
http://en.wiktionary.org/wiki/numerator
http://en.wikipedia.org/wiki/Limit_%28mathematics%29
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/poincare/intlog.h
tm

[Capítulo 16 - O Problema Objeto-Sujeito]


http://en.wikipedia.org/wiki/Subject–object_problem

[Capítulo 17 - A Entropia da Mente – Zero Absoluto]


http://www.priberam.pt/dlpo/entropia
http://chemistry.about.com/od/chemistryglossary/a/entropydef.htm
http://chemistry.about.com/od/chemistryfaqs/f/absolutezero.htm
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http://en.wikipedia.org/wiki/Third_law_of_thermodynamics
http://en.wikipedia.org/wiki/Eckhart_Tolle

[Capítulo 18 - A Dualidade da Mente]


http://en.wikipedia.org/wiki/Jill_Bolte_Taylor
http://usielhumanbrain.blogspot.pt/2013/05/cerebral-hemispheres.html

[Capítulo 21 - Imaginação]
http://wiki.evageeks.org/Episode_26
https://en.wikipedia.org/wiki/The_End_of_Evangelion

[Capítulo 23 - Ciência e Religião]


http://www.forbes.com/sites/paulrodgers/2014/05/19/einstein-was-
right-you-can-turn-energy-into-matter/

[Capítulo 24 - Religião e Espiritualidade]


http://www.biographyonline.net/spiritual/articles/religion_vs_spirituali
ty.html

[Geral]
http://www.priberam.pt/
http://www.dicionarioinformal.com.br/
http://dictionary.reference.com/
http://www.brainyquote.com/
https://www.goodreads.com
http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/ser-humano
http://www.psychologytoday.com/articles/200802/second-nature

[LIVROS]
A Bíblia Sagrada
Augusto Cury – O Mestre do Amor
Augusto Cury – O Semeador de Ideias
Augusto Cury – O Código da Inteligência

[VÍDEOS]
[Meditation: Eckhart Tolle]
https://www.youtube.com/watch?v=foU1qgOdtwg
[Eckhart Tolle - Enjoying Every Moment FULL Movie]
https://www.youtube.com/watch?v=0KNefVPDbsQ
[Jill Bolte Taylor: My stroke of insight | Talk Video | TED.com]
http://www.ted.com/talks/jill_bolte_taylor_s_powerful_stroke_of_insig
ht
[Full Speech: Jim Carrey's Commencement Address at the 2014 MUM
Graduation (En, Fr, Es)]
https://www.youtube.com/watch?v=V80-gPkpH6M
[Be Water My Friend - Bruce Lee]
https://www.youtube.com/watch?v=VqHSbMR_udo

“Quero agradecer a todos os mentores, familiares, e amigos que


passaram pela minha vida, por tudo o que me ensinaram, e agradecer
especialmente à minha mãe, e ao meu irmão que me educaram na melhor
escola de sempre: a escola de Deus.”

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