Fundamentos Humanismo
Fundamentos Humanismo
Fundamentos Humanismo
PENSAMENTO IV:
FENOMENOLOGIA
EXISTENCIAL E
HUMANISTA
Fundamentos da
psicologia humanista
Renata Carolina Rêgo Pinto de Oliveira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Para entender o surgimento da psicologia humanista, é preciso saber que esta
teve fortes influências das teorias fenomenológico-existenciais e que surgiu
como uma reação ao positivismo e à visão determinista ou mecanicista da
natureza humana, visão esta que foi muito difundida até meados do século XIX.
Assim, a psicologia humanista veio trazer uma forma diferente de olhar para
o homem, enxergando-o para além do seu comportamento observável, per-
cebendo sua subjetividade e suas potencialidades humanas.
Neste capítulo, você vai estudar como se deu o desenvolvimento da psi-
cologia humanista, quais foram suas principais influências teóricas e quais as
abordagens de base humanista existentes no Brasil — abordagens estas que
trouxeram o olhar sensível às vivências humanas subjetivas e consideraram
as capacidades e potencialidades humanas.
2 Fundamentos da psicologia humanista
·· Educação
·· Trabalho desafiante
·· ··
Religião Diversidade e autonomia
Passatempos Autorrealização Participação nas decisões
Crescimento pessoal Crescimento pessoal
·
Aprovação dos amigos
Reconhecimento da comunidade Orgulho e reconhecimento
··
Promoções
··
Família
··
Amigos Amizade dos colegas
Sociais
·
Grupos sociais Interação com clientes
Comunidade Chefe amigável
·· Liberdade
·· Trabalho seguro
··
Segurança da violência
Segurança
·
Ausência de poluição Remuneração e benefícios
Permanência no emprego
··
Ausência de guerras
Comida
·· Horário de trabalho
··
Água
Fisiológicas
·
Intervalo de descanso
Sexo
Conforto físico
Sono e repouso
1. estágio estético (no qual o homem está buscando sentido para sua
existência, agindo por meio de impulsos e entregando-se a todos os
prazeres e sensações);
2. estágio ético (no qual o homem se depara com uma existência vazia e
com uma angústia decorrente de uma tomada de consciência no que
diz respeito aos valores morais da sociedade; e passa a ser livre, mas
nos limites estabelecidos pela sociedade);
3. estágio espiritual (quando o homem se depara com sua existência
plena e consegue chegar a uma realização pessoal por meio da fé).
6 Fundamentos da psicologia humanista
Gestalt-terapia
A gestalt-terapia foi embasada na psicologia da gestalt e na fenomenologia.
É o estudo da percepção humana, e sua característica principal é que ela é
incisiva, confronta o cliente. Ela trabalha a percepção, mas no sentido de
como o homem percebe o mundo ao seu redor.
Seu fundador foi Frederick Perls, médico psiquiatra de origem judaica que
considerava o todo maior do que a soma das partes e desenvolveu o conceito
de figura e fundo. Isso significa dizer que existem elementos na nossa vida
em que damos maior ênfase (figura) e outras ficam no fundo. A ideia é que
possamos equilibrar, trazer o que estava no fundo e vice-versa. O que está
mais importante na vida do indivíduo é o que ele está figurando. Geralmente,
quando figuramos algo, não conseguimos enxergar o que está no fundo. Assim,
a ideia é justamente ampliar nosso olhar e nossa perspectiva.
Além disso, o autor fala sobre viver conforme as expectativas e percepções
próprias, e não atender às expectativas dos outros. Nesse sentido, Perls
(1976, epígrafe) afirma: “Eu faço as minhas coisas, você faz as suas. Não estou
neste mundo para satisfazer suas expectativas e você não está neste mundo
para viver conforme as minhas. Você é você. Eu sou eu. E se, por acaso, nos
encontrarmos, será maravilhoso. Se não, não há nada a fazer”.
10 Fundamentos da psicologia humanista
Logoterapia
A logoterapia — a terapia através do sentido da vida — trouxe a proposta de
humanização das psicoterapias, pois estas, em geral, acreditam que o ser
humano é determinado, condicionado pelo meio ou impulsionado, mas não
consciente e livre para assumir a responsabilidade pela vida. A logoterapia
trouxe a proposta de que o ser humano é livre e responsável pelas suas
escolhas (FRANKL, 2010).
Fundamentos da psicologia humanista 11
Psicodrama
O psicodrama de Jacob Levi Moreno se origina a partir do teatro, da psicologia e
da sociologia. Assim, tem como núcleo e base a dramatização, isto é, o processo
terapêutico aqui vai para além da fala convencional entre paciente-terapeuta;
há, aqui, cenas de teatralidade, expressões corporais e improvisação — as-
pectos fundamentais para o sucesso da terapia (ROJAS-BERMÚDEZ, 2016).
Assim, importantes conceitos nesse tipo de abordagem são os de egos-
-auxiliares, protagonista ou paciente, cenário, diretor ou terapeuta e audi-
tório. Cada figura desempenha sua função e cada uma é primordial para o
bom desenvolvimento da sessão. Esta, por sua vez, também é dividida em
etapas, em que temos: aquecimento, dramatização e comentários ou análise
(ROJAS-BERMÚDEZ, 2016).
A ideia principal dessa abordagem é considerar o tratamento do indivíduo
em grupos e com métodos de ação. É uma psicoterapia direta, se baseia no
“aqui e agora” e possui enfoques individual e grupal, ambos de suma impor-
tância dentro do contexto terapêutico (ROJAS-BERMÚDEZ, 2016).
Referências
ABRAHAM Maslow e a psicologia humanista nos dias de hoje. Go2Web, Rio de Janeiro,
30 maio 2014. Disponível em: https://www.go2web.com.br/pt-BR/blog/abraham-
-maslow-e-a-psicologia-humanista-nos-dias-de-hoje.html. Acesso em: 23 jan. 2022.
BORIS, G. D. J. B. Uma reflexão acerca da consistência teórica das psicoterapias huma-
nistas. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 5, n. 1, p. 69–75, jan./jun. 1987. Disponível em:
https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/10884. Acesso em: 23 jan. 2022.
CAVALCANTI, V. S. M. Fundamentos filosóficos das psicoterapias de base humanista.
Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 11–12, n. 1–2, p. 111–123, jan./dez. 1993–1994. Disponível
em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/10998. Acesso em: 23 jan. 2022.
FRANKL, V. E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Petrópolis:
Vozes, 2020. 140 p.
FRANKL, V. E. O que não está escrito nos meus livros. São Paulo: É Realizações, 2010. 184 p.
PERLS, F. S. Gestalt terapia explicada. São Paulo: Summus, 1976. 376 p.
ROJAS-BERMÚDEZ, J. G. Introdução ao psicodrama. São Paulo: Ágora, 2016. 168 p.
Leituras recomendadas
CURY, V. E. Psicoterapia centrada na pessoa: evolução das formulações sobre a relação
terapeuta-cliente. Orientadora: Therezinha Moreira Leite. 1988. Dissertação (Mestrado
em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1988.
DREYFUS, H. L.; WRATHALL, M. A. (org.). Fenomenologia e existencialismo. São Paulo:
Loyola, 2012. 544 p.
HOLANDA, A. Fenomenologia, psicoterapia e psicologia humanista. Estudos de Psico-
logia, Campinas, v. 14, n. 2, p. 33–46, ago. 1997. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
estpsi/a/gBqGJPm3TPshYVnNQm43jsK/?lang=pt. Acesso em: 23 jan. 2022.
LIMA, B. F. Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-exis-
tenciais. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 28–38, jan./jun. 2008.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
-68672008000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 23 jan. 2022.
MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1975. 496 p.
PERLS, F. S.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-terapia. 2. ed. São Paulo: Summus,
1998. 270 p.
RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. 8. ed. São Paulo: Summus, 2012. 208 p.