Estrutura Organizacional e Governança Corporativa
Estrutura Organizacional e Governança Corporativa
Estrutura Organizacional e Governança Corporativa
Palhoça
2019
LETICIA LIDIA CARDOZO
Palhoça
2019
LETICIA LIDIA CARDOZO
______________________________________________________
Professor e orientador Rejane Roecker, Ma.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Carolina Bithencourt Rubin, Dra.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Geraldo Gama Salles Filho, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho a minha família: aos meus
pais, minhas irmãs e meu marido.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, meu marido e meus amigos por todo o apoio dado em
toda minha vida e durante esta jornada de graduação.
Agradeço também a minha orientadora Rejane por todo apoio e ajuda para que
criássemos um ótimo trabalho, e aos professores e a academia pelos ensinamentos
compartilhados, que sei que levarei para toda minha vida.
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas
admiráveis.” (José de Alencar)
RESUMO
O objetivo geral deste trabalho foi analisar de que forma o novo desenho da estrutura
organizacional da Cooperativa Central Gama está alinhado com os aspectos da governança
corporativa, segundo seus colaboradores. Para tanto, foi desenvolvida a fundamentação teórica
contemplando os tópicos: administração; abordagem sistêmica; organização, sistemas e
métodos; estrutura organizacional; e governança corporativa. Metodologicamente, a pesquisa é
aplicada, qualitativa, descritiva e estudo de caso. Os dados foram coletados a partir de pesquisa
bibliográfica e documental, aplicação de questionários semiestruturados e observação
participante. Como resultados, constatou-se que o novo redesenho foi baseado nos princípios
da governança corporativa. Pode-se entender como foi o processo de redesenho da estrutura, a
partir da percepção dos colaboradores da organização. Além disso, foram apontados pontos
fortes e fracos da nova estrutura organizacional, além dos principais desdobramentos do novo
desenho. Como pontos fortes, tem-se a criação das diretorias; a criação de novas gerências;
descentralização de decisões; melhoria nos processos; reconhecimento profissional;
colaboradores conhecem os conceitos de governança corporativa; e a empresa segue os
princípios da governança corporativa. Como pontos fracos, tem-se que: o Diretor Operacional
acumula a função de Diretor de Negócios; falta de apresentação direta da governança
corporativa; falta de clareza no processo de redesenho da estrutura organizacional; o redesenho
da estrutura não foi apresentada aos colaboradores de forma adequada; mesmo havendo uma
política de cargos e salários, não existe um plano de cargos e salários/plano de carreira; e falta
de feedback dos superiores aos seus subordinados.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 11
1.2 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 13
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 13
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 13
1.4.1 Tipo de Pesquisa .......................................................................................................... 13
1.4.2 Técnicas de coleta e análise de dados ........................................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 16
2.1 ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................ 16
2.2 ABORDAGEM SISTEMICA DA ADMINISTRAÇÃO ................................................ 18
2.3 ORGANIZAÇÕES, SISTEMAS E MÉTODOS ............................................................. 20
2.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ............................................................................. 22
2.5 TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL........................................................... 25
2.5.1 Estrutura linear ou militar ......................................................................................... 25
2.5.2 Estrutura funcional ..................................................................................................... 26
2.5.3 Estrutura Staff-and-line ............................................................................................. 27
2.5.4 Estrutura tipo comissão ou colegiada ........................................................................ 29
2.6 TIPOS DE ESTRUTURA CONFORME A DEPARTAMENTALIZAÇÃO ................. 30
2.6.1 Estrutura tradicional .................................................................................................. 31
2.6.1.1 Departamentalização funcional .................................................................................. 32
2.6.1.2 Departamentalização geográfica ................................................................................ 32
2.6.1.3 Departamentalização por processo ............................................................................. 33
2.6.1.4 Departamentalização por cliente ................................................................................ 34
2.6.1.5 Departamentalização por produtos (ou serviços) ....................................................... 35
2.6.2 Estruturas para inovação ........................................................................................... 35
2.6.2.1 Departamentalização por centros de lucro ................................................................. 36
2.6.2.2 Departamentalização por projetos .............................................................................. 37
2.6.2.3 Departamentalização matricial ................................................................................... 38
2.7 GOVERNANÇA CORPORATIVA ................................................................................ 39
3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .......................................................................... 43
3.1 DADOS DA EMPRESA.................................................................................................. 43
3.2 HISTÓRICO DA EMPRESA E SETOR ......................................................................... 43
3.3 TIPOS DE SERVIÇOS .................................................................................................... 46
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................................... 49
4.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA COOPERATIVA
CENTRAL GAMA .................................................................................................................. 49
4.2 PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES EM RELAÇÃO À NOVA ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL E ASPECTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA..................... 58
4.3 ANÁLISE DOS PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS DA NOVA ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL .............................................................................................................. 61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
APÊNDICE – QUESTIONÁRIO APLICADO .................................................................. 69
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
São os cenários nos quais o poder é exercido (elas também fixam ou determinam quais
posições possuem o maior poder), as decisões são tomadas (o fluxo de informações
para uma decisão é, em grande parte, determinado pela estrutura) e as atividades são
realizadas (a estrutura é o espaço para as ações organizacionais).
Esse trabalho está dividido em cinco capítulos. Sendo o primeiro a introdução, onde
são apresentados os objetivos geral e específicos, os procedimentos metodológicos e a
justificativa do estudo. O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica, na qual são
fundamentados os assuntos pertinentes ao tema, quais sejam: A administração; Abordagem
sistêmica da Administração; Organização, Sistemas e Métodos; Estrutura Organizacional; e
Governança Corporativa. O terceiro capítulo traz a caracterização da empresa, com dados da
organização, seu histórico e do setor de atuação, serviços oferecidos, missão, visão e princípios,
estrutura organizacional e os processos organizacionais. O quarto capítulo trata da apresentação
e análise de dados, com resultados da pesquisa aplicada, além da análise do novo redesenho da
estrutura organizacional, bem como a existência dos princípios da governança corporativa.
Finalmente, o capítulo cinco apresenta as considerações finais, onde conclui-se que os objetivos
do estudo foram atingidos; são apresentadas sugestões para a empresa e recomendações para
futuros estudos.
13
1.3 OBJETIVOS
Para alcançar o objetivo geral, objetivos específicos foram definidos. São eles:
a) Descrever a antiga estrutura organizacional da Cooperativa Central Gama, bem
como o redesenho da mesma, após a reestruturação;
b) Aplicar questionário com os colaboradores para definir o alinhamento da nova
estrutura organizacional com os aspectos da governança corporativa; e
c) Apontar os pontos fortes e fracos da nova estrutura organizacional, além dos
principais desdobramentos do novo desenho, a partir dos conceitos de
Governança Corporativa.
A técnica utilizada para coleta de dados da pesquisa se deu por meio de dados
secundários, com a pesquisa bibliográfica e documental e dados primários, por meio de
questionário e observação participante.
Para Gil (1996) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida de material já elaborado,
principalmente livros e artigos. E sua principal vantagem é permitir que o investigador tenha
gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
Já a pesquisa documental segundo Gil (1996), tem semelhança a pesquisa
bibliográfica, mas as naturezas de suas fontes são diferentes. Ela utiliza materiais que ainda não
foram analisados ou podem ser reelaborados de acordo com objetos de pesquisa. E há várias
vantagens, como considerar que os documentos são uma fonte rica e estável de dados e sua
pesquisa não exige contato com os sujeitos de pesquisa.
Para Perovano (2016) o questionário é o instrumento mais utilizado para o
levantamento de informações. Não está restrito a uma quantidade de questões, mas não deve
ser muito exaustivo. Pode possuir perguntas fechadas ou abertas e ainda uma combinação dos
15
dois tipos. Neste estudo, foi utilizado um questionário com 18 (dezoito) perguntas, sendo 14
(quatorze) questões abertas. Foi aplicado no período de 01/04/2019 a 20/04/2019, de forma
eletrônica (Google Forms), com o total de 26 (vinte e seis) colaboradores da Cooperativa
Central Gama, 01 (um) gerentes e 25 (vinte e cinco) indivíduos de cargos operacionais.
Foi utilizada, ainda, a observação participante, visto que a pesquisadora faz parte
do quadro funcional da organização.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ADMINISTRAÇÃO
Para Sobral e Peci (2012) a administração compreende quatro funções, que mesmo
distintas, estão relacionadas e são interdependentes. E deve-se considerar os efeitos que cada
uma tem sobre as outras. As quatro funções são:
a) Planejamento: consiste na determinação dos objetivos a serem atingidos, na
definição das estratégias e ações que permitem alcança-los e na elaboração
de planos que integrem e coordenem as atividades da organização. O
planejamento orienta na direção dos objetivos, e permite concentrar a
atenção no que é mais importante para a empresa.
b) Organização: é a função que faz a distribuição das obrigações e dos recursos
entre os colaborados da organização, que determina quem tem autoridade
sobre quem, etc. O resultado do processo da organização é a estrutura
organizacional.
c) Direção: está relacionado aos processos de gestão de pessoas na
organização. Dirigir significa motivar, liderar e coordenar os colaboradores
na elaboração de suas tarefas. Também significa selecionar o canal de
comunicação mais apropriado e resolver conflitos entre os subordinados. É
uma função que exige mais ação do que o planejamento ou a organização.
d) Controle: é a função que assegura que os objetivos estão sendo alcançados.
Envolve diferentes atividades, como definição de medidas de desempenho,
comparações entre os padrões e objetivos planejados e o desempenho real,
entre outros. É por meio desta função que a organização se mantem no rumo
pretendido.
Segundo Chiavenato (2014) a administração é a chave a solução dos problemas que
preocupam o mundo moderno, e o administrador é essencialmente o mesmo. Em qualquer
posição ou nível ocupado, o administrador obtém resultados por meio da cooperação dos
subordinados. Sua tarefa se aplica a qualquer tipo ou tamanho de organização. No entendimento
de Sobral e Peci (2012), os administradores têm como função guiar as organizações para que
elas alcancem seu propósito. São eles quem decide onde e como aplicar os recursos da
organização, para assegurar que ela realize seus objetivos. O que os distinguem de outros
colaborados é que eles coordenam as atividades de outros, que lhes prestam contas de seu
trabalho. Ainda para os autores, os administradores são responsáveis por desemprenharem
diferentes papeis, para isso, devem ter certas habilidades. São identificados três tipos básicos
de habilidades necessárias:
18
Segundo Abrantes (2012) em 1956, biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1901-
1972), publicou o livro denominado “Teoria Geral dos Sistemas”, onde pretendia mostrar que
um determinado modelo de funcionamento dos sistemas poderia ser aplicado universalmente
às ciências em geral, desde a física às humanidades. Essa teoria expandiu suas influencias para
várias áreas do conhecimento, incluindo a administração. No entendimento de Chiavenato
(2014) essa teoria interdisciplinar demonstra o isomorfismo das ciências, eliminado suas
fronteiras e preenchendo os espaços vazios entre elas. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) é
essencialmente totalizante: os sistemas não podem ser compreendidos, apenas, pela análise
separada e exclusiva de cada uma das suas partes. Ela baseia-se no entendimento da
dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua integração. Sobral e Peci
(2012), também acreditam que o pensamento sistêmico nasce como um movimento contrário a
especialização na ciência. Ele entende que os avanços adquiridos em uma área de conhecimento
poderiam colaborar para evolução de outras áreas. Surgindo os primeiros estudos
interdisciplinares, presumindo que os conhecimentos de diferentes áreas são complementares,
relacionados, e constituem um sistema maior.
19
O grande diferencial dela foi, literalmente, abrir a empresa, que passou a ser
considerada como tendo dois ambientes: o interno e o externo. Segundo a teoria dos
sistemas, os mesmos podem ser abertos ou fechados. A empresa que é administrada
como um sistema fechado acaba por se destruir. Em síntese, essa teoria prega que o
20
Para Cury (2000) esta estrutura é representada graficamente por uma pirâmide,
demonstra nitidamente a unidade e o princípio de escalonamento hierárquico. Baseado nas
organizações dos antigos exércitos, tem como características a chefia sendo a origem exclusiva
de autoridade, as ordens seguem a hierarquia e cada empregado recebe ordens de um só chefe
imediato.
A estrutura linear ou militar pode ser visualizada na figura 5.
Figura 5 - Estrutura linear ou militar
Para de Cury (2000), este tipo de estrutura distingue-se da estrutura linear pela
existência de órgãos de staff junto aos gerentes de linha. Esses órgãos tem o intuito de
assessorar e aconselhar o executivo ao qual estão ligados. Com esse recurso, a organização não
precisa mais contratar chefes excepcionais, o que é cada vez mais raro nas complexas
sociedades atuais, de grandes e complexas organizações, sempre em mudança.
Segundo Andreoli e Rossini (2015, p. 127) “esse modelo busca o aproveitamento
das diferentes vantagens dos dois tipos de organização, reduzindo, também, suas possíveis
desvantagens.”
A estrutura staff-na-line tem como características o poder dos dirigentes em dispor,
em todos os níveis e conforme a necessidade da organização, de um órgão de estudos, pesquisa,
28
informações, etc., intitulado staff com a finalidade de prestação de serviço, o staff exerce
somente autoridade de ideias, com exceção quanto ao pessoal de sua estrutura interna, que é
integral, ainda que hajam duas fontes de autoridade, somente uma a dos chefes de unidades de
linha se projeta diretamente sobre cada empregado, cada empregado recebe ordens de um único
chefe imediato e o staff pode ser unipessoal, multipessoal, com estrutura em linha ou colegiado.
(CURY, 2000)
Para Andreoli e Rossini (2015, p. 127)
Na estrutura tipo comissão ou colegiada, tem-se a chefia colegiada, nela não existe
mais um grande chefe tomando as decisões políticas e estratégicas da empresa, mas uma
pluralidade de membros, de diferentes carreiras, dividindo as responsabilidades, competindo a
esse grupo o poder decisório maior. Contudo, essa pluralidade de membros, sejam conselheiros
ou diretores, preserva a unidade de direção, prevalecendo a vontade da maioria, competindo
somente ao executivo-chefe a obrigação pela execução, exercendo a decisão do colegiado ao
longo da empresa. (CURY, 2000)
Para Cury (2000) as características desta estrutura são a direção plural ou colegiada
onde a tomada de decisões cabe ao grupo, a responsabilidade de realização é impessoal, poderes
restritos dos membros, situa-se em nível hierárquico superior, as partes saem de um grupo para
cada empregado, porém este empregado tem somente um chefe imediato e suas dominações
características são: junta, comissão, conselho, tribunal, diretoria, etc.
Já para Alvarenga (200-?, p.43)
vantagem competitiva que pode fazer a diferença junto aos concorrentes que dividem suas
atividades por critérios internos.
um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, em que, através de métodos
específicos, administradores e proprietários procuram garantir o bom desempenho da empresa
para aumentar de sua riqueza.
Para o IBGC (2007 apud SLOMSKI et al., 2008, p. 8)
3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
Neste capítulo é apresentada a empresa estudada, mostrando sua história, além dos
tipos de serviços e mercado.
de crédito urbana, dos fabricantes de porcelana do Vale do Itajaí. Depois de passar por uma
reestruturação interna, em 31 de outubro de 1997, a Beta passa a integrar a Gama e a se chamar
Cooperativa Central de Crédito Gama. O conjunto Central e filiadas formam o Sistema Gama
SC/RS. Em dezembro de 2005, surgiu a primeira cooperativa do sistema a se transformar em
livre admissão.
Hoje, a Gama possui 39 (trinta e nove) cooperativas singulares, filiadas a esta
Central, e forma a segunda maior rede de atendimento das instituições financeiras do estado.
São mais de 400 (quatrocentos) pontos de atendimento em Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e Paraná. Está presente em 249 (duzentos, quarenta e nove) municípios catarinenses,
alcançando 84% do estado, em 20 (vinte) municípios do Paraná e 24 (vinte e quatro) do Rio
Grande do Sul. Em Santa Catarina a Gama está entre os três maiores financiadores da atividade
rural e agroindustrial.
A timeline que ilustra a trajetória da organização pode ser visualizada na figura 17.
Figura 17 - Linha temporal da empresa
2005 -
surgimento da
1997 - integração primeira
a Gama e cooperativa de
mudança da livre admissão
nomenclatura
1993 - filiação da para Cooperativa
primeira Central de Crédito
cooperativa de Gama
crédito urbana
1985 - fundação
da Cooperativa
Central Beta de
Crédito Rural de
Santa Catarina
preços melhores. Nascia, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale” — primeira cooperativa
moderna, que abriu as portas pautada por valores e princípios morais considerados, até hoje, a
base do cooperativismo. Entre eles a honestidade, a solidariedade, a equidade e a transparência.
Quatro anos após sua criação, a cooperativa já contava com 140 (cento e quarenta) membros.
Doze anos depois, em 1856, chegou a 3.450 (três mil, quatrocentos e cinquenta) sócios com um
capital social que pulou de 28 (vinte e oito) libras para 152 (cento, cinquenta e duas) mil libras.
No Brasil, o movimento teve início em 1889, em Minas Gerais, com a fundação da Cooperativa
Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto — cujo foco era o consumo de produtos
agrícolas. Depois dela, o cooperativismo expandiu-se a outros estados como Pernambuco, Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. No Brasil, a primeira cooperativa de crédito surgiu
em Nova Petrópolis (RS) no ano de 1902, denominada Sicredi Pioneira, pelo o padre suíço
Theodor Amstad como solução encontrada para melhorar as vidas dos moradores do município,
que até então não contava com nenhum banco, esta cooperativa continua até hoje em atividade.
A partir de 1906, surgiram as cooperativas agropecuárias, criadas por produtores rurais e por
imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Esses “brasileiros de coração” trouxeram
a bagagem cultural de seus países de origem, o trabalho associativo e a experiência de atividades
familiares comunitárias, que os motivaram a se organizar em cooperativas.
O Sistema OCB [2019]a informa que em 2 de dezembro de 1969 o cooperativismo
ganhou sua própria entidade de representação, a Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB), ao qual é a única representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional.
Dois anos depois, a Lei 5.764/71 regularizou a criação de cooperativas com a instituição de um
regime jurídico próprio, destacando o papel da OCB, mas trazendo ainda alguns pontos que
restringiam a autonomia dos associados. Essa limitação foi superada pela Constituição de 1988,
que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início realmente à autogestão do
cooperativismo. Em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou reconhecimento internacional,
tendo um brasileiro eleito e o primeiro não europeu a presidir a Aliança Cooperativista
Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento das cooperativas
brasileiras. Segundo História..., (2019), em 1951 a Lei 1.412 transforma a Caixa de Crédito
Cooperativo (criada pelo Governo em 1943) no Banco Nacional de Crédito Cooperativo
(BNCC), com objetivo de promover assistência e amparo às cooperativas. em 1995 a Resolução
nº 2.193 permite a constituição de bancos comerciais controlados por cooperativas de crédito,
os bancos cooperativos. Surgem em seguida o Banco SICREDI S.A. e o BANCOOB S/A. No
ano de 2000 é autorizada através da Resolução nº 2.788 a constituição de bancos múltiplos
cooperativos. E em 2003 a Resolução 3.106/03 do CMN permite a criação de Cooperativas de
46
(34,6%) e 36 (trinta e seis) a 45 (quarenta e cinco) anos (34,6%), e a maioria (38,5%) está na
empresa entre 0 (zero) a 1 (um) ano, entre 2 (dois) a 5 anos (23,1%) e entre 6 (seis) a 10
(dez)anos (23,1%). Na Diretoria de Negócios houve 9 (nove) respostas (34,61%), na Diretoria
Administrativa houve 8 (oito) respostas (30,77%) e na Diretoria Operacional houve 6 (seis)
respostas (27,3%), houve, também, 3 (três) (11,53%) pessoas que informaram sua diretoria. Em
relação a formação, 11 (onze) pessoas (42,3%) tem nível superior completo, 5 (cinco) pessoas
(19,23%) estão cursando nível superior, 4 (quatro) pessoas (15,34%) tem pós-graduação
completa, 1 (uma) pessoa (3,84%) está cursando o ensino médio e 5 (cinco) pessoas (27,3%)
não informaram. Dos entrevistados, foi identificado um gerente, um supervisor e o restante
pertence ao nível operacional.
Questionados sobre governança corporativa, os entrevistados entendem que é um
sistema que ajuda no controle e administração da empresa, um método de governança
descentralizado que envolve todos os colaboradores e tem políticas como transparência, justiça
e ética. A maioria acredita que a empresa trouxe, em algum momento, o conceito de governança
corporativa, principalmente em treinamentos, cursos e palestras, na criação do planejamento
estratégico e no dia a dia, através de informativos e interação entre os próprios colaboradores.
Todos acreditam que a empresa segue os princípios da governança corporativa, e em relação a
como as ações da empresa refletem esses conceitos, informaram ser através da transparência
das informações, ética, cumprimento das leis, regulamentação de procedimentos e normas e
também em sua estrutura organizacional, em seu planejamento estratégico e no incentivo a
busca de conhecimento, através de cursos e palestras.
Questionados sobre estrutura organizacional, a maioria dos entrevistados reconhece
as mudanças nela, principalmente a implantação das diretorias executivas, algumas gerencias e
uma nova hierarquia no geral. Referente ao planejamento da mudança da estrutura
organizacional, nenhum entrevistado disse ter participado, mas alguns informaram que houve
consequências para o seu trabalho com a criação das diretorias e no planejamento estratégico,
mas alguns não souberam identificar mudanças. Em relação aos pontos fortes dessa mudança,
alguns entrevistados identificaram a criação de novas gerencias, descentralização de decisões,
melhoria e agilidade nos processos e crescimento de pessoas dentro da organização, contudo
algumas pessoas não souberam identificar pontos fortes ainda. Quanto aos pontos fracos, a
maioria não soube identificar, mas algumas pessoas informaram que a mudança não ficou muito
clara, apontaram que o processo poderia ter sido mais claro e sugeriram a criação de um plano
de cargos e salários. Perguntados sobre a mudança da estrutura organizacional e os conceitos
60
conseguir oportunidades crescimento da carreira, sendo esta uma fragilidade apontada pelos
colaboradores.
Alguns líderes não costumam passar feedbacks aos subordinados sobre seu
desempenho e/ou andamento do setor, isso pode gerar dúvidas aos colaboradores em relação ao
seu trabalho, se está sendo bem feito ou não, ou até qual rota deve seguir, qual objetivo deve
ser atingido para obter crescimento dentro da organização.
Observou-se, assim, que o redesenho da estrutura organizacional trouxe pontos
positivos e negativos para a Companhia Gama, segundo os colaboradores que fizeram parte da
pesquisa. A fim de diagnosticar se o redesenho da estrutura organizacional está alinhado aos
princípios da Governança Corporativa, foi elaborado o quadro 12, que segue.
pontos que não foram atingidos são: dirigir e monitorar através de métodos específicos,
administradores e proprietários procuram garantir o bom desempenho da empresa para
aumentar de sua riqueza; aperfeiçoar as relações internas da empresa, mediante sua
administração, bem como elaborar as suas relações com o ambiente externo, principalmente
com o mercado investidor de sua cobertura e o modelo monístico.
Diante disto, vê-se que embora nem todos as práticas tenham sido atendidas, em
termos de princípios da Governança Corporativa a organização está atendendo a grande parte.
65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
forma adequada; mesmo havendo uma política de cargos e salários, não existe um plano de
cargos e salários/plano de carreira; e falta de feedback dos superiores aos seus subordinados.
Quanto às limitações encontradas nesta pesquisa, pode-se destacar a limitação de
acesso as informações fornecidas pela empresa. As informações disponibilizadas foram muito
superficiais quanto ao método, estudo e planejamento efetuados para mudança da estrutura
organizacional. Outra limitação encontrada foi junto ao questionário aplicado, onde não houve
participação de colaboradores do nível estratégico da empresa, o que prejudicou na análise do
ponto de vista dos colaboradores. Quanto ao estudo acadêmico, o tema governança corporativa,
por ser um assunto mais recente, mostrou ter pouca literatura sobre o tema, já no tema estrutura
organizacional houve dificuldade para encontrar livros recentes e mais atualizados, o que
dificultou a elaboração da fundamentação teórica.
Como sugestão à empresa, sugere-se a contratação de um novo Diretor operacional,
para que assim o atual não sofra com sobre carga de funções. A elaboração de uma apresentação
formal aos colaboradores sobre a nova estrutura organizacional, para que todos tenham
conhecimento do que mudou e as consequências disso. Também é uma sugestão a criação de
um plano de cargos e salários/plano de carreira e utilização de feedbacks por parte dos líderes
para que os colaboradores sintam-se mais motivados e tenham perspectivas de futuro, é um
ponto primordial que foi identificado.
Como proposta para futuros estudos e trabalhos acadêmicos, sugere-se um estudo
exploratório ou experimental sobre estruturas organizacionais em cooperativas de crédito, e
sobre a importância da governança corporativa neste segmento.
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REFERÊNCIAS
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007. E-book. Acesso restrito via Minha Biblioteca.
CURY, Antonio. Organização & Métodos: uma visão holística. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
LERNER, Walter. Organizações, sistemas e métodos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
LLATAS, Maria Virginia. OSM. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. E-book.
Acesso restrito via Minha Biblioteca.
SISTEMA OCB. O que é cooperativismo. Brasília, DF: Sistema OCB, [2019]b. Disponível
em : https://www.ocb.org.br/o-que-e-cooperativismo Acesso em: 20 maio 2019.
SOBRAL, Filipe.; PECI Alketa. Teorias da administração. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2012. E-book. Acesso restrito via Minha Biblioteca.
Perfil
Idade:
0 a 18 anos
19 a 25 anos
26 a 35 anos
36 a 45 anos
46 a 55 anos
acima de 55 anos
Sexo:
Feminino
Masculino
Diretoria:
Administrativa
Operacional
Negócios
Governança Corporativa
5)De que forma, as ações e a organização atual da empresa refletem o conceito de governança
corporativa?
Estrutura organizacional
6) Quais os pontos fracos da mudança (o que não está claro ou pode melhorar)?