Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

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RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

(RIMA)

MONTASA
MONTANHA ÁLCOOL E AÇUCAR S.A.

Março de 2006

RIMA - MONTASA
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 7
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR 10
2.1 NOME OU RAZÃO SOCIAL ................................................................................10
2.2 ENDEREÇO COMPLETO ....................................................................................10
2.3 REPRESENTANTES LEGAIS...............................................................................10
2.4 PESSOA DE CONTATO .....................................................................................10
2.5 NÚMERO DE REGISTROS LEGAIS .....................................................................10
3 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS . 11
3.1 FEDERAL.........................................................................................................11
3.2 ESTADUAL ......................................................................................................15
3.3 MUNICIPAL .....................................................................................................18
3.4 NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS ....................................................................18
4 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 19
4.1 OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO..................................................................19
4.2 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO............................................................19
4.3 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO .................................................................19
4.4 JUSTIFICATIVAS TÉCNICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS, AMBIENTAIS E
LOCACIONAIS.......................................................................................................21
4.4.1 Justificativas Locacionais 27
4.4.2 Justificativas Ambientais 28
4.5 EMPREENDIMENTOS ASSOCIADOS, DECORRENTES E SIMILARES......................28
4.6 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO .................................................................37
4.6.1.1 Delimitação da Área de Plantio da Cana-de-açúcar...............................38
4.6.1.2 Preparo da Área de Plantio da Cana-de-açúcar ....................................40
4.6.1.3 Adubação do Solo ..............................................................................41
4.6.1.4 Plantio da Cana-de-açúcar..................................................................43
4.6.1.5 Tratos Culturais .................................................................................44
4.6.1.6 Colheita da Cana-de-açúcar ................................................................45
4.6.1.7 Construção da Planta Industrial ..........................................................47
4.6.1.8 Construção do Tanque de Mistura.......................................................51
4.6.1.9 Construção do Decantador .................................................................52
4.6.1.10 Construção da Estação de Tratamento de Água .................................52

RIMA - MONTASA
4.6.2 Fase de Operação 53
4.6.2.1 Processo Industrial de Produção de Álcool ...........................................53
4.6.2.2 Processo Industrial de Produção de Energia ........................................64
4.6.2.3 Disposição/Tratamento de Efluentes Líquidos, Resíduos Sólidos e
Emissões Atmosféricas ..................................................................................66
4.6.2.3.1 Fase de Instalação ......................................................................66
4.6.2.3.2 Fase de Operação .......................................................................70
4.6.3 Armazenagem / Estocagem das Matérias-primas, Produtos e Subprodutos 76
4.6.3.1 Matéria-prima ....................................................................................76
4.6.3.2 Insumos Industriais ...........................................................................77
4.6.3.3 Produto Final.........................................................................................78
4.6.3.4 Subprodutos.........................................................................................78
4.7 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO EMPREENDIMENTO NO CONTEXTO REGIONAL .78
5 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA ...............................82
6 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 83
6.1 MEIO FÍSICO...................................................................................................83
6.1.1 Climatologia 83
6.1.1.1 Caracterização Climática da Região .....................................................83
6.1.1.2 Considerações Gerais............................................................................ 83
6.1.2 Qualidade do A........................................................................................86
6.1.2.1 Emissões Atmosféricas .......................................................................88
6.1.2.1.1 Caracterização das Fontes de Emissão Atmosféricas......................88
6.1.3 - Geologia, Geomorfologia 107
6.1.3.1 Introdução ...................................................................................... 107
6.1.3.2 Metodologia..................................................................................... 107
6.1.3.3 Estratigrafia..................................................................................... 107
6.1.4 Solos 117
6.1.5 Recursos Hídricos...................................................................................117
6.1.5.1 Quantidade de Água ........................................................................ 119
6.1.5.1.1 Vazões Médias Mensais Disponíveis ............................................ 121
6.1.5.1.2 Vazões Médias Anuais Disponíveis.............................................. 122
6.1.5.1.3 Vazões Mínimas Anuais de Sete Dias Consecutivos ...................... 122
6.1.5.2 Qualidade de Água........................................................................... 123
6.1.5.2.1 Parâmetros Analisados .............................................................. 123
6.1.5.2.2 Classificação das Águas Segundo a Resolução CONAMA 357/2005124
3

RIMA - MONTASA
6.1.5.2.3 Índice de Qualidade da Água (IQA)............................................ 125
6.1.6 Efluentes Líquidos..................................................................................127
6.1.6.1 Fontes de geração e Tratamentos Propostos ..................................... 127
6.1.6.2 Caracterização Qualitativa e Quantitativa........................................... 128
6.1.6.3 Balanço Hídrico................................................................................ 129
6.1.7 Resíduos Sólidos....................................................................................131
6.1.7.1 Fontes de Geração e Caracterização.................................................. 131
6.1.7.2 Classificação dos Resíduos................................................................ 134
6.1.8 Ruídos e Vibrações.................................................................................136
6.2 MEIO BIÓTICO .............................................................................................. 138
6.2.1 Flora......................................................................................................138
6.2.1.1 Introdução ...................................................................................... 138
6.2.1.2 Objetivo .......................................................................................... 139
6.2.1.3 Material e Métodos .......................................................................... 139
6.2.2 Fauna....................................................................................................149
6.2.2.1 Ictiofauna (Peixes)........................................................................... 149
6.2.2.1.1 Introdução................................................................................ 149
6.2.2.1.2 Material e Métodos.................................................................... 150
6.2.2.1.3 Resultados................................................................................ 151
6.2.2.1.4 Discussão ................................................................................. 152
6.2.2.1.5 Registro Fotográfico de Algumas Espécies .................................. 153
6.2.2.2 Herpetofauna (Anfíbios) ................................................................... 154
6.2.2.2.1 Introdução................................................................................ 154
6.2.2.2.2 Material e Métodos.................................................................... 155
6.2.2.2.3. Resultados e Discussão ............................................................ 155
6.2.2.2.4. Considerações Finais ................................................................ 158
6.2.2.2.6 Registro Fotográfico de Algumas Espécies .................................. 158
6.2.2.3 Herpetofuna (Répteis)...................................................................... 159
6.2.2.3.1 Introdução................................................................................ 159
6.2.2.3.2 Material e Métodos.................................................................... 160
6.2.2.3.3 Resultados e Discussão ............................................................. 160
6.2.2.3.4 Considerações Finais ................................................................. 162
6.2.2.3.5 Registro Fotográfico de Algumas Espécies .................................. 163
6.2.2.4 Avifauna.......................................................................................... 163
6.2.2.4.1 Introdução................................................................................ 163
4

RIMA - MONTASA
6.2.2.4.2 Material e Métodos.................................................................... 164
.6.2.2.4.3 Resultados............................................................................... 165
6.2.2.4.4 Discussão ................................................................................ 174
6.2.2.5 Mamíferos ....................................................................................... 175
6.2.2.5.1 Introdução................................................................................ 175
6.2.2.5.2 Metodologia.............................................................................. 175
6.2.2.5.3 Resultados................................................................................ 179
6.2.2.5.4 Discussão ................................................................................. 181
6.3 MEIO ANTRÓPICO ......................................................................................... 183
6.3.1 Dinâmica Populacional...........................................................................185
6.3.1.1 Características Demográficas ............................................................ 185
6.3.2 Características Econômicas......................................................................192
6.3.2.1 Mercado de Trabalho e Renda .......................................................... 194
6.3.2.2 Mercado de Trabalho Formal ............................................................ 201
6.3.2.3 Agricultura ...................................................................................... 205
6.3.2.4 Investimentos Previstos Para a Região Extremo Norte e de Montanha. 209
6.3.3 Infra-Estrutura.......................................................................................212
6.3.3.1 Saúde ............................................................................................. 214
6.3.3.2 Educação ........................................................................................ 217
6.3.3.4 Segurança ...................................................................................... 222
6.3.3.5 Turismo e Cultura ............................................................................ 223
6.3.4 Localidades da Área de Influência............................................................223
6.3.4.1 São Sebastião do Norte ................................................................... 225
6.3.4.2 Vinhático ......................................................................................... 228
6.3.5 Arqueologia............................................................................................232
7 IMPACTOS AMBIENTAIS, MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E
POTENCIALIZADORAS.............................................................................................233
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................237
7.1.1 Impactos Sobre o Meio Físico.................................................................237
7.1.1.1 Recursos Atmosféricos.........................................................................237
7.1.1.2 Recursos Hídricos ............................................................................ 243
7.1.1.3 Geologia, Geomorfologia e Geotecnica .............................................. 245
7.1.1.4 Resíduos Sólidos .............................................................................. 246
7.1.2. Meio Biótico..........................................................................................247
7.1.2.1 Flora...............................................................................................247
5

RIMA - MONTASA
7.1.2.2 Fauna.............................................................................................250
7.1.3 Meio Antrópico......................................................................................258
7.3 ANÁLISE INTEGRADA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ....................................... 269
8 PLANOS E PROGRAMAS AMBIENTAIS....................................................................272
8.1 PROJETO BÁSICO AMBIENTAL (PBA).............................................................. 272
8.1.1 Programa de Recuperação de Áreas Degradadas......................................272
8.1.2 Programa de Comunicação Social............................................................273
8.1.3 Programa de Educação Ambiental............................................................273
8.1.4 Programa de Monitoramento da Emissões Atmosféricas.............................273
8.1.5 Programa de Monitoramento das Águas Subterrâneas...............................273
8.1.6 Plano de Gerenciamento de Resíduos.......................................................274
8.1.7 Plano de Umectação de Vias....................................................................274
9 CONCLUSÃO........................................................................................................275
10 COMPENSAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................276
11 PROGNÓSTICO AMBIENTAL .............................................................................279
12 EQUIPE TÉCNICA .............................................................................................282
13 REFERÊNCIAS...................................................................................................283
14 ANEXOS...........................................................................................................295
14.1 – CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO...................................................296
14.2 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO......................................297
14.3 – MAPA DAS VIAS DE ACESSO...................................................................298
14.4 – PROPRIEDADES DESTINADAS AO PLANTIO DA CANA-DE-AÇUCAR............299
14.5 – LAYOUT GERAL DA ÁREA INDUSTRIAL....................................................300
14.6 – MATRIZ DE INTERAÇÃO DOS IMPACTOS.................................................301

RIMA - MONTASA
INTRODUÇÃO 1

O termo desenvolvimento sustentável está em ascensão e evoluiu muito desde o seu


surgimento, de forma a abranger todas as questões que inter-relacionam meio ambiente
e desenvolvimento humano. Em seu sentido mais abrangente, o termo ‘desenvolvimento
sustentável’ busca promover a harmonia entre os seres humanos, a humanidade e a
natureza, ou seja, caminhar na direção de um desenvolvimento, que integre os
interesses sociais, econômicos e as possibilidades e os limites que a natureza define,
tendo em vista que o desenvolvimento não pode se manter, se a base dos recursos
naturais se deteriorar e, nem a natureza ser protegida, se o crescimento não levar em
conta as conseqüências da destruição ambiental.

Devido às exigências da sociedade de um posicionamento mais consistente e responsável


por parte das organizações, a fim de minimizar a diferença verificada entre os resultados
econômicos e sociais, bem como da preocupação ecológica, que tem ganhado destaque
significativo e em face de sua relevância para a qualidade de vida dos cidadãos, têm-se
exigido das empresas um novo posicionamento em sua interação com o meio ambiente.
Não basta apenas oferecer produtos e serviços de qualidade, ou a preço acessível, é
necessário que a empresa seja responsável no que se refere ao meio ambiente e à
sociedade como um todo.

O Grupo DISA, através do Licenciamento Ambiental, instrumento da Política de Meio


Ambiente, demonstra o comprometimento da mesma de instalar a sua nova unidade
produtora de álcool no norte capixaba sem descuidar do meio ambiente, MONTASA –
Álcool e Açúcar.

O empreendimento em pauta visa à produção de álcool hidratado (concentração máxima


de álcool igual a 93,5%), álcool anidro (concentração mínima de álcool equivalente a
99,3%) e co-geração de energia elétrica para consumo próprio. O primeiro tipo de álcool,
álcool hidratado, é utilizado como combustível veicular, além de possuir finalidades
comerciais e industriais diversas, e o segundo tipo, álcool anidro, é utilizado como aditivo
da gasolina.

RIMA - MONTASA
A capacidade de produção programada do empreendimento objeto deste licenciamento,
no final de 2009, atingirá a marca de 800.000 toneladas de cana moída por safra,
gerando um volume de 285 m3 diário de álcool e a potência máxima de geração de
energia elétrica da ordem de 5 MW.

A MONTASA contará com a produção de cana-de-açúcar de fornecedores, cuja área


agrícola será contemplada com 12.000 hectares plantados e, ainda, cerca de 4.000
hectares de cana própria da empresa. Os canaviais serão implantados majoritariamente
em terras hoje ocupadas com a criação extensiva de gado vacum, ou seja, substituirão
pastagens. Isto trará reflexos altamente positivos do ponto de vista ambiental, social e
econômico.

A agroindústria sucroalcooleira é intensiva em mão-de-obra de baixa e média


capacitação. E como tal, é uma grande geradora de emprego e renda no interior, onde
este tipo de mão-de-obra é abundante e sem perspectivas. Esta atividade possui um
cunho social muito positivo, fixando o homem ao campo, ajudando a reduzir o êxodo
rural e reduzindo a favelização dos grandes centros urbanos.

Cabe ressaltar que todo quantitativo de efluentes líquidos e resíduos sólidos gerados,
decorrentes do processo de produção do álcool, é reaproveitado neste processo e no
cultivo da cana-de-açúcar, caracterizando esta tecnologia como limpa. Este procedimento
é de suma importância, pois contribui para diminuir a quantidade de resíduos a serem
tratados e dispostos, reduzindo as atividades extrativas de matéria-prima, protegendo,
desta forma, o meio ambiente.

Assim sendo, esse documento visa fornecer ao órgão ambiental dados do


empreendimento a ser implantado no Município de Montanha, Estado do Espírito Santo,
necessários à análise técnica, objetivando o licenciamento ambiental do mesmo, em
atendimento a Resolução CONAMA nº 237/1997, que estabelece os critérios para o
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades, bem como a Resolução
CONAMA nº 001/1986, que define os critérios para a elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA, além do
Decreto Estadual nº 4.344-N/1998, que institui o Sistema de Licenciamento de Atividades
Poluidoras e Degradadoras do Meio Ambiente no Espírito Santo - SLAP.

RIMA - MONTASA
O EIA / RIMA descrevem as principais características do empreendimento, dando ênfase
à identificação dos impactos ambientais decorrentes das atividades necessárias nas fases
de implantação e operação e as principais medidas, que visam à minimização,
potencialização e compensação dos mesmos. Os estudos relativos ao presente trabalho
foram desenvolvidos por equipe multidisciplinar, em consonância com o Termo de
Referência aprovado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
IEMA/SEAMA - ES. Ressalta-se que estes se basearam em pesquisa de dados existentes e
levantamentos de campo.

Como o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) contém todas as informações do Estudo


de Impacto Ambiental (EIA), estando a única diferença na forma de apresentação dos
resultados que no RIMA é mais é voltada para o público em geral e com isso a linguagem
técnica foi na medida do possível traduzida/resumida objetivando com isso, faciliatar o
entendimento de todos.

O RIMA está organizado em capítulos da seguinte forma:


- Identificação do Empreendedor;
- Aspectos Legais e Institucionais;
- Caracterização do Empreendimento;
- Delimitação das Áreas de Influência;
- Diagnóstico Ambiental;
- Avaliação dos Impactos, Medidas Mitigadoras, Potencializadoras e Compensatórias;
- Planos e Programas Ambientais;
- Compensação Ambiental;
- Prognóstico da Qualidade Ambiental das Áreas de influência Sem o Empreendimento e
Com o Empreendimento.

RIMA - MONTASA
IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR 2

2.1 NOME OU RAZÃO SOCIAL

Pecana Empreend. Partic. (TDM Fantasia – MONTASA – Álcool e Açúcar S/A)

2.2 ENDEREÇO COMPLETO

Avenida Pai João nº. 1137, Bairro Urbes, Conceição da Barra – ES, CEP 29.960-000.

2.3 REPRESENTANTES LEGAIS

Representante Legal: Jorge Duflles Andrade Donato


CPF: 738.376.527-34
Fone: (027) 3762-0100
Fax: (027)3762-0101
E-mail: [email protected]
Endereço: Av. Pai João nº 33, Bairro Urbes, Conceição da Barra- ES, CEP: 29.960-000

2.4 PESSOA DE CONTATO

Contato: Walter Barbosa


Fone: (027) 3762-0103
Fax: (027) 3762-0101
E-mail: [email protected]
Endereço: Rod. BR 101, Km 39,2 – Sayonara, Conceição da Barra - ES

2.5 NÚMERO DE REGISTROS LEGAIS

CNPJ: 39.628.755/0001-70

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RIMA - MONTASA
ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS 3

3.1 FEDERAL

Leis

 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.


Especialmente o art. 225, que trata da questão ambiental, dentre outros.
 Lei 6.803/80
Zoneamento industrial.
 LEI N° 6.938, de 31/08/1981.
Regulamentada pelo Decreto n° 99.274/90, dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.
 LEI N° 7.347/1985.
Disciplina a Ação Civil Pública para defesa do ambiente e de outros interesses difusos
e coletivos. O Ministério Público propõe a ação.
 LEI N° 7.802, de 11/07/89.
Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem,
o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a
utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o
registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins.
 LEI N° 7.804, de 18/07/1989.
Altera a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº 7.735/89, a Lei nº
6.803/80, e dá outras providências.
 Lei nº 4.771, de 15/09/1965, modificada pela Lei nº 7.803, de 18/07/1989.
Institui o Código Florestal.
 LEI N° 9.433/1997.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
 Lei 9.478, de 06/08/97.
11

RIMA - MONTASA
Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do
petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do
Petróleo e dá outras providências.
 LEI N° 9.605/1998.
Sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas lesivas ao Meio Ambiente
(Lei de Crimes Ambientais).
 Lei Federal nº 9.985, de 18/06/2000.
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Decretos

 DECRETO N° 98.816, de 11/01/90.


Regulamenta a Lei n° 7.802/89, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a
produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação a exportação, o
destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
 DECRETO Nº 99.274, de 6/06/1990.
Regulamenta a Lei nº 6.902/81 e a Lei nº 6.938/81, que dispõem, respectivamente,
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
 DECRETO Nº 8.468, de 08/8/93.
Aprova o regulamento da lei Nº 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a
prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.
 DECRETO N° 3.179, de 21/09/1999.
Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente, e dá outras providências.
 Decreto Federal nº 4.340, de 22/08/2002.
Regulamenta a Lei Federal nº 9.985, de 18 de junho de 2000, que dispõe sobre o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Resoluções

 Resolução CONAMA Nº 001, de 23/01/86.


Dispõe sobre o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA.
12

RIMA - MONTASA
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 006, de 24/01/1986.
Dispõe sobre a aprovação de modelos para publicação de pedidos de licenciamento.
 RESOLUÇÃO CONAMA N° 06, de 15/06/88.
Dispõe sobre a criação de inventários para o controle de estoques e/ou destino final
de resíduos industriais, agrotóxicos e PCB’s.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 005, de 15/06/1989.
Estabelece critérios para a conservação dos recursos atmosféricos de regiões
específicas.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 08/03/1990.
Estabelece normas a serem obedecidas no interesse da saúde no tocante à emissão
de ruídos em decorrência de qualquer atividade.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 003, de 28/06/1990.
Fixa padrões de qualidade do ar primários e secundários para partículas totais em
suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono,
ozônio e dióxido de nitrogênio.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 008, de 06/12/1990.
Estabelece limites máximos de emissão de poluente do ar.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 013, de 06/12/1990.
Define o raio de 10 km no entorno das unidades de conservação, visando à proteção
dos ecossistemas ali existentes.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 010, 01/10/93.
Estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de sucessão de Mata
Atlântica.
 Resolução 029, de 07/12/94.
Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de
regeneração da Mata Atlântica, considerando a necessidade de definir o corte, a
exploração e a supressão da vegetação secundária no estágio inicial de regeneração
no Espírito Santo.
 RESOLUÇÃO CONAMA N° 237/97.
Dispõe sobre os critérios para o licenciamento ambiental.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 003, de 28/06/1999.
Estabelece os Padrões de Qualidade do Ar.

13

RIMA - MONTASA
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 257, 30/06/1999.
Estabelece que pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo,
cádmio, mercúrio e seus compostos, tenham os procedimentos de reutilização,
reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequados.
 RESOLUÇÃO CONAMA N° 275, de 25/04/2001.
Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas
para a coleta seletiva.
 RESOLUÇÃO Nº 307, de 5/07/2002.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 334, de 19/05/2003.
Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos
destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, de 17/03/2005.
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências.
 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 358, de 29/04/2005.
Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e
dá outras providências.
 RESOLUÇÃO CONAMA N° 362, de 23/06/2005.
Estabelece definições e torna obrigatório o recolhimento e destinação adequada de
todo o óleo lubrificante usado ou contaminado.

Portarias

 PORTARIA DA ANP N° 127, de 27/07/1999.


Estabelece a regulamentação para a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou
contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País.
 PORTARIA DA ANP N° 128, de 30/07/99.
Estabelece a regulamentação da atividade industrial de refino de óleo lubrificante usado
ou contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País.

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RIMA - MONTASA
3.2 ESTADUAL

Leis

 CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.


Especialmente os artigos 187 e 196, seção IV.
 LEI N° 3.582, de 3/11/83.
Dispõe sobre as medidas de proteção, conservação e melhoria do Meio Ambiente no
estado do Espírito Santo.
 LEI Nº 4.126, de 22/07/1988.
Dispõe sobre a implantação da política estadual de proteção, conservação e melhoria
do meio ambiente.
 LEI Nº 4.594, de 28/11/1991.
O Estado exercerá o controle de utilização de insumos químicos na agricultura e na
criação de animais para alimentação humana.
 LEI N° 4.701, de 8/12/92.
Dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente, o patrimônio ambiental, o
controle ambiental, a tutela ambiental e as medidas para promoção da melhoria
ambiental.
 LEI ESTADUAL nº 5.361, de 30/12/1996.
Dispõe sobre a Política Florestal do Estado do Espírito Santo.
 LEI N° 5.818, de 29/12/1998.
Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de
Gerenciamento e Monitoramento dos Recursos Hídricos Estaduais, o SIGERH-ES.
 LEI Nº 5.866, DE 21 DE JUNHO DE 1999.
Altera dispositivos da Lei nº 5.361 de 30 de dezembro de 1996, e revoga a Lei nº
4.473 de 28 e novembro de 1990 e a Lei nº 5.642 de 11 de maio de 1998.
 LEI N° 6.469, de 11/12/2000 – altera a Lei n° 5.760/98.
Disciplina o uso, a produção, o consumo, o comércio, o armazenamento e o
transporte interno de agrotóxicos, seus componentes e afins do Estado do Espírito
Santo.
 LEI Nº 6.607, DE 05 DE FEVEREIRO DE 2001.
Dispõe sobre o preparo do solo para fins agrícola, pecuário e florestal, e dá outras
providências.

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RIMA - MONTASA
 LEI Nº 6.924, 14 DE DEZEMBRO DE 2001.
Modifica dispositivos da Lei nº 6.607, de 06 de fevereiro de 2001, que dispõe sobre o
preparo do solo para fins agrícola, pecuário e florestal.
 LEI Nº 7.058, de 18/01/2002.
Dispõe sobre a fiscalização, infrações e penalidades relativas à proteção ao meio
ambiente.
 LEI ESTADUAL nº 5.866, de 21/06/1999.
Altera a Lei Estadual nº 5.361, de 30 de dezembro de 1996, que dispõe sobre a
Política Florestal do Estado do Espírito Santo.

Decretos

 DECRETO Nº 1.106-R, DE 03 DE DEZEMBRO DE 2002.


Altera os dispositivos do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 024-R, de 23 de
março de 2000.
 DECRETO Nº 1.271-R, de 26 de janeiro de 2004.
Institui o Programa de Saneamento Ambiental do Estado do Espírito Santo,
denominado "Projeto Águas Limpas", cria o Comitê Diretivo do Projeto e dispõe sobre
as respectivas competências para sua implementação.
 DECRETO Nº 1.318-R, DE 29 DE ABRIL DE 2004.
Regulamenta a Construção de Barragens no Estado do Espírito Santo.

 DECRETO N° 2.299 N de 09/08/86.


Regulamenta a Lei Estadual n° 3.582/83.
 DECRETO Nº 3.513-N/93.
Regulamenta a Lei nº 4.701/92, especificando as infrações e as penalidades para
causadores de danos ambientais, bem como os instrumentos de gestão ambiental.
 DECRETO ESTADUAL nº 4.124, de 12/06/1997.
Regulamenta a Lei Estadual nº 5.361, de 30 de dezembro de 1996, que dispõe sobre
a Política Florestal do Estado do Espírito Santo.
 DECRETO Nº 4.170-N, DE 2 DE OUTUBRO DE 1997.
Regulamenta o Art. 20, da Lei nº 5.361, de 30 de dezembro de 1996.
 DECRETO N° 4.344, de 07/10/1998.
Regulamenta o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras/Degradadoras -
SLAP. Alterado pelos Decretos nºs 4447, de 06/04/1999, 1249-R, de 03/12/2003,

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RIMA - MONTASA
1266-R, de 30/12/2003, 1297-R, de 12/03/2004, 1351-R, de 08/07/2004, e pela Lei
7.058, de 18/01/2002.
 DECRETO N° 4376-N, de 10/12/1998.
Institui o Plano de Prevenção de Acidentes Ambientais com produtos perigosos.
 DECRETO N° 24-R, de 22/03/2000.
Aprova o regulamento que disciplina o uso, a produção, o consumo, o comércio, o
armazenamento e o transporte interno de agrotóxicos, seus componentes e afins do
Estado do Espírito Santo.
 DECRETO N° 1318-R, de 29/04/2004.
Regulamenta a construção de barragens no Estado do Espírito Santo.

Resoluções

 RESOLUÇÃO CERH Nº 005/2005.


Estabelece critérios gerais sobre a Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos de
domínio do Estado do Espírito Santo.

Instruções Normativas

 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 002, DE 27 DE JANEIRO DE 2006.


Fixa os prazos de vigência das outorgas de direito de uso de recursos hídricos em
corpos de água de domínio do Estado do Espírito Santo, conforme estabelecido no
art. 1º da Resolução nº 005, de 07 de julho de 2005, do Conselho Estadual de
Recursos Hídricos – CERH.
 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 004, DE 06 DE MARÇO DE 2006.
Revoga o art. 21, da Instrução Normativa nº 019, de 04 de outubro de 2005, que
estabelece procedimentos administrativos e critérios técnicos referentes à outorga de
direito de uso de recursos hídricos em corpos de água do domínio do Estado do
Espírito Santo.
 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 019, DE 04 DE OUTUBRO DE 2005.
Estabelece procedimentos administrativos e critérios técnicos referentes à outorga de
direito de uso de recursos hídricos em corpos de água do domínio do Estado do
Espírito Santo.

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RIMA - MONTASA
3.3 MUNICIPAL

 LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE MONTANHA. 2ª EDIÇÃO, 19 DE MARÇO DE 1990.


Especialmente os artigos 195 a 204, que tratam da Educação, da Cultura, do
Desporto, do Lazer e de Meio Ambiente. Ainda, os artigos 179 e 180, relativos à
Política Agrícola, e o artigo 181, da Política de Recursos Hídricos.

Vale ressaltar que o Plano Diretor Urbano – PDU, do Município de Montanha, segundo
informações da Secretaria Municipal de Administração, está em fase de elaboração e sem
prazo previsto para conclusão.

3.4 NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS

NBR 7.229/1993 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos –


Procedimento.
NBR 13.969/1997 - Tanques Sépticos - Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos - projeto, construção e operação – Procedimento.
NBR 10004:2004 - Resíduos sólidos – Classificação.
NBR 9.190 – Acondicionamento de resíduos sólidos.
NBR 11174:2002 – Armazenamento de resíduos Classe II – não inertes e III – inertes –
Procedimento.
NBR 12235:1992 – Armazenamento de resíduos perigosos – Procedimento.
NBR 13221:2000 – Transporte de Resíduos.

18

RIMA - MONTASA
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 4

4.1 OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO

A MONTASA visa à produção de álcool hidratado, utilizado como combustível veicular,


além de possuir finalidades comerciais e industriais diversas, e álcool anidro, utilizado
como aditivo da gasolina. Destaca-se, nesta atividade, a co-geração de energia elétrica
para consumo próprio. Contará com a produção de cana-de-açúcar, a sua matéria-prima,
de fornecedores e, ainda, de plantio da própria da empresa. Os canaviais serão
implantados estrategicamente em terras hoje ocupadas com a criação extensiva de gado
vacum, ou seja, substituirão pastagens.

Deve-se destacar a importância para o município da implantação de empreendimentos


como o proposto para a região de Montanha, tendo em vista que a agroindústria
sucroalcooleira é intensiva em mão-de-obra de baixa e média capacitação, contribuindo,
sobremaneira, para a fixação do homem no campo, ajudando a reduzir o êxodo rural e
reduzindo a favelização dos grandes centros urbanos.

4.2 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

O cronograma de desenvolvimento constando às etapas de implantação das unidades


encontra-se no Anexo, Item 14.1.

4.3 HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO

Sabe-se, atualmente, que até a preservação ambiental necessita de formas de gestão


atuantes e eficazes, para que seus resultados sejam “otimizados” sempre mais.

Nas empresas, indústrias e até mesmo na agroindústria, agricultura, essas diretrizes têm
se tornado básicas em suas gestões, incorporando à produtividade e lucratividade à

19

RIMA - MONTASA
conservação dos recursos naturais e “otimização” ou até mesmo a substituição de
insumos, para contribuir sempre mais com esse contexto de preservação do meio
ambiente.

Vários pensadores econômicos já tinham em suas teorias, principalmente àquelas


surgidas após a fase de industrialização européia, bases ambientais e preocupações
como a finitude de certos insumos para a produção industrial. Insumos provenientes da
exploração ou até mesmo extração de recursos naturais que poderiam exauri-se em certo
espaço de tempo.

Essas preocupações fizeram com que ambientalistas defendessem o crescimento zero,


para que não houvesse mais crescimento econômico baseado na extração de recursos
naturais exauríveis.

Através dessas discussões, surgiu o entendimento de desenvolvimento sustentável, que


pode ser definido simplesmente da seguinte maneira, segundo o Relatório de Brundtland:
“A busca pelo equilíbrio entre crescimento econômico, com desenvolvimento social e
preservação dos recursos naturais para as gerações futuras”.

Um dos principais desafios da preservação de ecossistemas tem sido justamente a


ausência de incentivos fiscais e financeiros, principalmente no Estado do Espírito Santo.

Conduzida pelo cenário favorável da economia mundial em relação à indústria


sucroalcooleira, a empresa DISA – Destilaria Itaúnas S/A, demonstrou todo seu
empreendorismo lançando o Projeto MONTASA, a ser localizada no Município de
Montanha.

Contando com suas experiências de sucesso já existentes, a DISA possui, ainda, o apoio
incontestável da administração pública municipal para a implantação da MONTASA, a ser
localizada próxima à localidade de São Sebastião, Município de Montanha.

Fundada em 1980, a DISA Destilaria Itaúnas S.A., empresa mantenedora do Grupo


Donato, esta sediada a Rodovia BR 101 - km 39,2 – Bairro Sayonara – Município de
Conceição da Barra, região norte do Estado do Espírito Santo.

20

RIMA - MONTASA
É composta por mais duas subsidiárias: APAL – Agropecuária Aliança S.A. e JHD –
Condomínio Agrícola Jorge Henrique Donato, que têm suas atividades voltadas para o
cultivo da cana-de-açúcar, café, seringa. As suas áreas estão distribuídas em áreas de
plantio e preservação permanente.

A DISA destacou-se como empresa pioneira na produção de álcool e açúcar na região


norte do Estado do Espírito Santo e a partir de 2006 estará produzindo energia elétrica,
utilizando a biomassa – fonte renovável de energia, diminuindo a emissão de gases
poluentes no ambiente, assim, preservando a natureza, produzindo também levedura
seca.

Atuando no mercado nacional, o grupo DISA conta com um quadro de 1700 funcionários
diretos, todos voltados para o desenvolvimento da empresa e a satisfação de seus
fornecedores, clientes e comunidade.

A empresa MONTASA iniciará uma nova atividade econômica no Município de Montanha,


a atividade industrial, até então pouco representada na economia do município. Dessa
forma, o desenvolvimento de um pólo sucroalcooleiro no norte do Estado só vem
beneficiar uma região que tem sido carente de investimentos nos últimos anos.

4.4 JUSTIFICATIVAS TÉCNICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS, AMBIENTAIS


E LOCACIONAIS

Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, a cana é uma gramínea, cujo potencial,


variado e complexo, ainda pode ser muito explorado. No Brasil, em menos de 1% das
terras agricultáveis plantam-se 5,0 milhões de hectares de cana (duas vezes a área do
Estado do Piauí), matéria-prima que permite a fabricação de energia natural, limpa e
renovável.

A cana é, em si mesma, usina de enorme eficiência: cada tonelada tem um potencial


energético equivalente ao de 1,2 barril de petróleo. O Brasil é o maior produtor do
mundo, seguido por Índia e Austrália. Na média, 55% da cana brasileira vira álcool e
45%, açúcar. Planta-se cana, no Brasil, no Centro-Sul e no Norte-Nordeste, o que
permite dois períodos de safra. Plantada, a cana demora de ano a ano e meio para ser
21

RIMA - MONTASA
colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida até cinco ou dez
vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a
produtividade em níveis competitivos.

A cana é a força por trás das 307 ‘centrais energéticas’ existentes no Brasil, 128 das
quais estão em São Paulo, utilizando cana que cobre 2,35 milhões de hectares de terra.
São usinas e destilarias que processam a biomassa proveniente da cana-de-açúcar e que
alimentam um círculo virtuoso: produzem açúcar como alimento, energia elétrica vinda
da queima do bagaço nas caldeiras, álcool hidratado para movimentar veículos e álcool
anidro para melhorar o desempenho energético e ambiental da gasolina.

O combustível de cerca de 3 milhões de veículos que rodam no Brasil é o álcool


hidratado; o anidro é misturado na proporção de 24 a 25% em toda a frota brasileira, de
17 milhões de veículos. O álcool é também usado de forma intensiva na indústria de
bebidas, nos setores químico, farmacêutico e de limpeza.

Conforme dados do ano de 2001, fornecidos pelo Governo do Estado do Espírito Santo, o
Brasil é o maior produtor de açúcar de cana do mundo, com os menores custos de
produção e, também, o maior exportador do produto. Metade da produção brasileira é
destinada ao mercado interno. A metade exportada gerou, em 2001, 2,2 bilhões de
dólares para a balança comercial. O Brasil exporta açúcar branco (refinado), cristal e
demerara, e há pelo menos cinco anos a Rússia se mantém como a maior importadora
do açúcar brasileiro. O Estado de São Paulo é responsável por 60% de todo o açúcar
produzido no País e por 70% das exportações nacionais.

O mercado interno divide-se em doméstico e industrial. No primeiro, prevalecem os


açúcares cristal e refinado; no industrial, os açúcares demerara e líquido. O consumo
brasileiro é de 52 kg per capita e a média mundial está em torno de 22 kg per capita.

Vapor e calor são muito importantes no processo de obtenção de açúcar e de álcool. O


vapor, obtido pela queima do bagaço da cana, movimenta turbinas, gerando energia
elétrica, que torna auto-suficientes unidades industriais e excedentes, vendidos às
concessionárias - co-geração de energia elétrica.

No Estado de São Paulo, o setor gera para consumo próprio entre 1.200 e 1.500
22

RIMA - MONTASA
Megawatts, 40 usinas produzem excedentes de 158 Mw e a luz, que vem da cana, já
ajuda a iluminar diversas cidades. O potencial de geração de energia da agroindústria
canavieira está em torno de 12 mil Mw – a potência total instalada no Brasil é de 70 mil
Mw. Em 2002, em função de novos projetos, mais 300 Mw foram adicionados e em curto
prazo o setor poderá contribuir com 4 mil Mw adicionais.

Com a experiência acumulada da produção e uso de álcool em todo o país desde a


década de 20 (álcool anidro para mistura à gasolina), em 1975, dois anos após o choque
do petróleo, o Brasil apostou no álcool combustível como alternativa para diminuir sua
vulnerabilidade energética e economizar dólares. Criou um programa de diversificação
para a indústria açucareira, com grandes investimentos, públicos e privados, apoiados
pelo Banco Mundial, o que possibilitou a ampliação da área plantada com cana-de-açúcar
e a implantação de destilarias de álcool, autônomas ou anexas às usinas de açúcar
existentes.

Com o intenso desenvolvimento da engenharia nacional, após o segundo choque do


petróleo, surgiram, com sucesso, motores especialmente desenvolvidos para o álcool
hidratado.

Em 1984, os carros a álcool respondiam por 94,4% da produção das montadoras. Desde
1986, no entanto, afastada a crise do petróleo e centrando-se as políticas econômicas
internas na contenção de tarifas públicas, para limitar a inflação, o governo contribuiu
decisivamente para o início de uma curva descendente de produção de carros a álcool:
- o desestímulo à produção levou a relação muito justa entre oferta e demanda do
produto no final dos anos 90;
- mesmo com a existência de álcool nas indústrias, o governo, por omissão ou falha
operacional, não foi capaz de resolver problemas logísticos e provocou uma crise
localizada de abastecimento em 89.

Coincidência ou não, a indústria automobilística começou a inverter a curva da produção


de carros a álcool, para alívio da estatal brasileira de petróleo, que reclamava de
excedentes na produção de gasolina. A participação anual caiu de 63% da produção total
de veículos fabricados em 88 para 47% em 89, 10% em 90, 0,44% em 96, 0,06% em
97, 0,09% em 98, 0,92% em 99, 0,69% em 2000 e 1,02% em 2001.
23

RIMA - MONTASA
Atualmente, três milhões de veículos são movidos a álcool hidratado, consumindo 4,9
bilhões de litros/ano. Usa-se álcool anidro, produção de 5,5 bilhões de litros/ano, na
proporção de 24 a 25%, como aditivo para a gasolina. Nos últimos 22 anos registrou-se
economia de 1,8 bilhão de dólares por ano, com a substituição pelo álcool, do
equivalente a 200 mil barris de gasolina/dia.

A queda da demanda de álcool hidratado foi compensada pelo maior uso do álcool
anidro, que acompanha o crescimento da frota brasileira de veículos leves. Em mais de
25 anos de história de utilização do álcool em larga escala, o Brasil desenvolveu
tecnologia de motores e logística de transporte e distribuição do produto únicas no
mundo. Hoje, há determinação legal no sentido de que toda gasolina brasileira contenha
de 20% a 25% de álcool anidro, com variação de + ou – 1. A definição pontual cabe ao
Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool - CIMA, e é feita de modo a equilibrar a
relação entre oferta e consumo. O Brasil desenvolveu infra-estrutura ímpar de
distribuição do combustível e detém uma rede de mais de 25 mil postos, com bombas de
álcool hidratado, para abastecer cerca de três milhões de veículos, 20% da frota
nacional.

Em termo ambientais, a produção atual de álcool no mundo é da ordem de 35 bilhões de


litros, dos quais 60% destinam-se ao uso combustível. O Brasil e os Estados Unidos são
os principais produtores e consumidores.

O mercado possui enorme potencial de expansão, graças a fatores como:


- o combate mundial ao efeito estufa e à poluição local, que levou à substituição de
aditivos tóxicos na gasolina;
- a valorização da segurança energética, buscando-se autonomia pela diversificação das
fontes de energia utilizadas;
- o incremento da atividade agrícola, que permite a criação de empregos e a
descentralização econômica.

O efeito estufa significa aumento da temperatura da terra em função da maior retenção,


na atmosfera, da radiação infravermelha por ela refletida devido ao aumento da
concentração de determinados gases que tem essa propriedade. As atividades
antrópicas, notadamente as atividades industrial e agrícola estão promovendo o aumento
da concentração dos gases estufa.
24

RIMA - MONTASA
Os Estados Unidos já possuem uma frota de mais de um milhão e meio de veículos
flexíveis, rodam com diversas misturas de álcool e gasolina, e deverão aumentar muito a
utilização do álcool misturado à gasolina em razão do banimento do metil-tércio-butil-éter
(MTBE) na Califórnia e em outros Estados, em virtude da contaminação dos lençóis
freáticos causada por esse derivado do petróleo. Austrália, Tailândia, México, Suécia,
União Européia, Canadá, Colômbia, Índia, China e Japão já ensaiam programas de álcool,
estimulados por preocupações ambientais e agrícolas.

Os eventos de 11 de setembro em Nova York tornam ainda mais evidentes os problemas


de uma ordem econômica mundial excessivamente baseada num só energético, o
petróleo, cujas fontes produtoras estão em regiões politicamente instáveis, ficando clara
a tendência de crescimento dos custos político e militar para garantir o suprimento do
produto. Além disso, a comunidade científica afirma que o petróleo já inaugurou seu
período de "depressão", caracterizado por demanda muito superior às reservas
existentes. Isso abre caminho para que a energia limpa e renovável de fontes como a
biomassa da cana-de-açúcar e outros vegetais se transforme em um dos principais
energéticos do Século 21.

O diferencial ambiental e as razões econômicas (economia de divisas) e sociais (geração


de empregos) inspiraram a utilização do álcool como combustível no Brasil, mas sua
sustentabilidade também se baseia na contribuição para a melhoria do meio ambiente:
combustível limpo, o álcool tornou-se grande aliado na luta contra a degradação
ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos.

O Brasil já colhe os frutos ambientais do seu uso em larga escala. Estudo publicado pela
Confederação Nacional da Indústria, em 1990, que comparou cenários de utilização de
combustíveis na Região Metropolitana de São Paulo, concluiu que o melhor cenário para
a redução de emissões seria o uso exclusivo do álcool em toda a frota e o pior, o uso de
gasolina pura. Na faixa intermediária, situaram-se os cenários de frota operando
exclusivamente com gasolina, contendo 22% de etanol, e, em posição ambientalmente
mais favorável, o mix da frota circulante em 1989, composto por 51% de veículos com
22% de etanol na gasolina e 49% de veículos a álcool puro.

25

RIMA - MONTASA
O maior diferencial ambiental do álcool está na origem renovável. É extraído da biomassa
da cana-de-açúcar, com reconhecido potencial para seqüestrar carbono da atmosfera, o
que lhe confere grande importância no combate global ao efeito estufa.

É um produto renovável e limpo que contribui para a redução do efeito estufa e diminui
substancialmente a poluição do ar, minimizando os seus impactos na saúde pública.
Apesar de ser lembrado como resposta do Brasil às crises do petróleo, o álcool anidro era
usado desde os anos 30 como aditivo na gasolina brasileira. Na busca de autonomia
energética, o país desenvolveu o Programa Nacional do Álcool e o pioneiro carro a álcool.
Estavam lançadas as raízes de uma capacidade instalada de produção anual de 16
bilhões de litros de álcool, o equivalente a 84 milhões de barris de petróleo/ano.

Uma cultura altamente ecológica, pois além do externado anteriormente controla suas
pragas com inimigos naturais (controle biológico); suas doenças através da engenharia
genética; utiliza todos seus resíduos industriais nas lavouras de cana; manejo de solo
adequado e ainda gera um combustível limpo e renovável.

O processo de produção de açúcar e álcool no Espírito Santo tem uma diferença


importante em relação a outros Estados e Países: do plantio à comercialização do
produto final tudo acontece sem intervenção ou subsídios do governo, algo que se torna
ainda mais significativo quando se leva em conta a complexidade da cadeia produtiva do
setor. Já em outros Estados do Nordeste, Goiás e Rio de Janeiro existem programas de
incentivos para o setor.

A matéria-prima, a cana-de-açúcar, gera açúcar, álcool anidro (aditivo para a gasolina) e


álcool hidratado para os mercados interno e externo, que têm dinâmica de preços e
demanda diferente. Atender a esses mercados sem oscilações significativas requer
planejamento, logística e políticas públicas coerentes, entre elas, políticas fiscais e
tributárias que, incidindo sobre os combustíveis fósseis, ampliem a competitividade do
combustível renovável. Há ainda que se estimular a demanda por veículos a álcool,
amenizando a curva de sucateamento da frota.

Pelo lado privado, impõe-se a consolidação de um sistema de auto-gestão capaz de


permitir o equilíbrio entre a oferta e a demanda dos produtos do setor. Para isso, é de
grande importância a criação de um mercado futuro, que sinalize o comportamento das
commodities no médio e longo prazos.
26

RIMA - MONTASA
Este modelo depende da abertura de novos mercados para o açúcar e, principalmente,
da transformação do álcool em commodity internacional.

O caminho do açúcar, que conforme dados da Secretaria de Estado da Agricultura, é um


dos produtos mais protegidos do mundo, tem se mostrado o mais difícil devido há fortes
barreiras protecionistas na União Européia e nos Estados Unidos. Quanto ao álcool, novos
programas para seu uso na França, no México, Canadá, Suécia, Austrália, Índia e
Colômbia, indicam conjuntura mais favorável. Nos Estados Unidos, a proibição de uso do
aditivo para gasolina MTBE (Metil-Tércio-Butil-Éter), derivado do petróleo considerado
cancerígeno e poluidor dos lençóis freáticos, deverá exigir volumes expressivos de álcool
combustível e o Brasil e o Estado do Espírito Santo deverão estar preparados para o
avanço da demanda. Esses e outros fatores, demonstram a importãncia incontestável da
instalação deste empreendimento na região do Município de Montanha.

Numa visão de futuro, segundo informações do Governo do Estado do Espírito Santo,


pretende-se investir na ampliação, diversificação e melhorias dos processos produtivos e
produtos, onde o espírito coletivo engaja coragem e determinação para realização das
transformações na economia local e para a sociedade em geral. Trata-se de um projeto
economicamente competitivo, socialmente justo e ambientalmente saudável,
caracterizando a sustentabilidade do negócio.

4.4.1 Justificativas Locacionais

O empreendimento MONTASA contou com três alternativas locacionais para a sua


instalação, a saber: Pedro Canário, Pinheiros e Montanha, municípios situados na região
norte do estado do Espírito Santo.

A opção de instalação da MONTASA em Pedro Canário foi analisada pelo empreendedor,


contudo, a mesma foi desbancada devido à distância que haveria entre a área industrial
e a área de plantio da matéria-prima (cana-de-açúcar), que seria em Montanha. Este fato
é devido à presença da Cristal Destilaria Autônoma de Álcool S. A. - CRIDASA, na região,
empresa que produz álcool e que utiliza as terras locais para o plantio de cana-de-açúcar.

O empreendedor analisou a possibilidade de instalação do empreendimento em


Pinheiros, mas, da mesma forma, tal como ocorreu com a região de Pedro Canário, teve
27

RIMA - MONTASA
como um fator impeditivo a distância entre a área industrial e a área de plantio da
matéria-prima. Neste caso, a impossibilidade de plantio de cana-de-açúcar na região de
Pinheiros justifica-se pelo desenvolvimento expressivo da fruticultura e pelo elevado
custo das terras, por serem férteis.

A escolha da instalação da MONTASA no Município de Montanha se deu através da sua


tradição dos agricultores e fazendeiros no plantio de cana-de-açúcar para as usinas da
região. Há anos atrás, em 1986, foi criado um projeto de implantação de uma unidade
industrial naquele município, que não foi à frente devido à crise do álcool. Atualmente, a
demanda por álcool e açúcar aumentou, devido à crise no setor de pecuária.

Diante do exposto, com a disponibilidade de terras na região para o cultivo de cana-de-


açúcar e a existência de empreendimentos similares, Montanha tornou-se a opção
locacional mais favorável para a instalação do empreendimento. A agroindústria visa
impulsionar a economia local através da geração de empregos diretos e indiretos, além
de promover o desenvolvimento sócio-econômico e cultural da região.

4.4.2 Justificativas Ambientais

Sob o ponto de vista ambiental, a área eleita para implantação da unidade fabril da
MONTASA foi escolhida tendo como premissa a não ocorrência de vegetação de porte
arbóreo/arbustivo. Este critério foi e será seguido também para as áreas destinadas ao
cultivo da cana-de-açúcar. Isto significa dizer que somente serão ocupadas áreas que
hoje são ocupadas por pastagem. As pastagens possuem pouca importância para
manutenção da diversidade biológica da região, por não oferecerem local de abrigo para
a maioria dos representantes da fauna.

4.5 EMPREENDIMENTOS ASSOCIADOS, DECORRENTES E SIMILARES

A elevada produtividade do Estado do Espírito Santo o coloca na posição de exportador


de açúcar, facilitado pela localização estratégica e sua infra-estrutura portuária. Dessa
forma, uma das características para um cenário desejável na produção de álcool e açúcar
é a melhoria na estrutura fundiária, a maximização da produção de álcool e agregação de
outros produtos derivados da cana-de-açúcar (produção de levedura seca, produção de
energia).
28

RIMA - MONTASA
Diversidade, flexibilidade e adequação às necessidades do meio ambiente. A cana-de-
açúcar é matéria-prima de grande flexibilidade. Com ela é possível produzir açúcar e
álcool de vários tipos, fabricar bebidas, como cachaça, rum e vodka, e gerar eletricidade
a partir do bagaço via alcoolquímica.

Da cana, se aproveita absolutamente tudo: bagaço, méis, torta e resíduos de colheita.


Com 3 kg de açúcar e 17,1 kg de bagaço pode-se obter, por exemplo, 1 kg de plástico
biodegradável derivado da cana, utilizando-se como solventes outros subprodutos da
usina.

Do bagaço, obtêm-se bagaço hidrolisado para alimentação animal, diversos tipos de


papéis, fármacos e produtos como o furfurol, de alta reatividade, para a síntese de
compostos orgânicos, com grande número de aplicações na indústria química e
farmacêutica.

Do melaço, além do álcool usado como combustível, bebida, e na indústria química,


farmacêutica e de cosméticos, extraem-se levedura, mel, ácido cítrico, ácido lático,
glutamato monossódico e desenvolve-se a chamada alcoolquímica, as várias alternativas
de transformação oferecidas pelo álcool etílico ou etanol. Do etanol podem ser fabricados
polietileno, estireno, cetona, acetaldeído, poliestireno, ácido acético, éter, acetona e toda
a gama de produtos que se extraem do petróleo. Seu variado uso inclui a fabricação de
fibras sintéticas, pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, etc.

Dos resíduos, utilizam-se a vinhaça e o vinhoto como fertilizantes. Existem ainda outros
derivados: dextrana, xantan, sorbitol, glicerol, cera refinada de torta, antifúngicos, etc.
Através dos resíduos, têm-se, ainda, o biogás de resíduos e as águas residuais que
servem para fertilização e irrigação.

A cana-de-açúcar gera, portanto, assim como o petróleo, incontável número de produtos,


de fermento a herbicidas e inseticidas, com importante diferencial: são biodegradáveis e
não ofensivos ao meio ambiente.

Entre os produtos que poderão ser agregados no processo de industrialização da cana-


de-açúcar estão as seguintes matérias-primas: a cana-de-açúcar, açúcar, méis, torta e
resíduos da colheita.
29

RIMA - MONTASA
Existem ainda o mercado dos derivados como, por exemplo, os derivados do bagaço,
onde pode-se citar os seguintes: polpa quimiomecânica de bagaço; polpa química para
papel; polpa para dissolver; polpa absorvente; papel de jornal; papel de impressão e de
escrever de polpa quimiomecânica; papel de impressão e de escrever de polpa química;
papéis estucados com polpas química e quimiomecânica; meio para corrugar;
carboximetilcelulose; celulose microcristalina; pó de celulose; meios filtrantes; fármacos a
partir de lignina do bagaço; tabuleiros de partículas de bagaço; tabuleiros ou painéis com
aglutinantes inorgânicos; tabuleiros de fibras de bagaço; produtos moldados de bagaço;
tabuleiros de fibras de densidade média (MDF); furfurol; resina de furfurol acetona;
resina para fundição; primário atincorrosivo furano-asfáltico; fármacos nicrofurânicos;
álcool furfurílico; resina de álcool furílico; carvão ativado; bagacilho hidrolisado; bagacilho
pré-digerido; bagacilho pré-digerido com cal (Predical).

Pode-se também citar os derivados do melaço: Álcool; Produção de rum e aguardente;


Alcoolquímica; Alfa-amilase; Dextranase; Celulase; Xilanase; Levedura Saccharomyces;
Levedura Torula; Levedura Torula a partir de outros substratos; Levedura invertase; Mel
protéico; Mel desidratado enriquecido; Levedura para consumo humano; Autolisado e
derivados de levedura; Produção de gordura a partir de leveduras; Méis para uso direto
como alimento; Resíduos da colheita processados; Enriquecimento protéico de resíduos
da colheita da cana; L-lisina; Ácido cítrico; Ácido lático; Glutamato monossódico;
Acetona-butanol; Ácido indol-acético, Bactérias fixadoras do nitrogênio, Azospirillum sp.;
Ácido jasmônico; Giberelinas.

Outros derivados: Dextrana; Xantana; Sorbitol; Glicerol; Cera refinada de torta;


Fitosteróis a partir de óleo de torta; Conservação de resíduos da colheita; Fungos
comestíveis (cogumelos); Antifúngico foliar a partir de pseudomonas spp.; Esporos de
Trichoderma harzianum para controle biológico; Controle biológico.

O Estado do Espírito Santo, com excelente localização geográfica, possuidor de boa rede
viária interna e de acesso a outros Estados, inclusive ferroviários e boa infra-estrutura
portuária para exportação de açúcar, apresenta-se com grande potencial de expansão da
demanda, visto que os Estados vizinhos (MG, BA, RJ) são importadores de açúcar e
álcool. Assim, um terminal de armazenamento de alcóois vem sendo estudado para suprir
a demanda internacional do álcool.

30

RIMA - MONTASA
Como não poderia deixar de comentar, o Programa denominado Pro-álcool foi
considerado um programa bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados
de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas
quando dos choques de preço de petróleo. De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de
5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. Acrescido a isso, o Programa substituiu por
uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consumida
por uma frota superior a 10 milhões de veículos a gasolina, evitando, assim, nesse
período, emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões de toneladas de carbono
(contido no CO2), a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo e,
ainda, proporcionando uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares.

O Programa Nacional do Álcool ou Pro-álcool foi criado em 14 de novembro de 1975 pelo


Decreto Federal n° 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, visando o
atendimento das necessidades do mercado interno e externo e da política de
combustíveis automotivos. De acordo com o decreto, a produção do álcool oriundo da
cana-de-açúcar, da mandioca ou de qualquer outro insumo deveria ser incentivada por
meio da expansão da oferta de matérias-primas, com especial ênfase no aumento da
produção agrícola, da modernização e ampliação das destilarias existentes e da
instalação de novas unidades produtoras, anexas a usinas ou autônomas, e de unidades
armazenadoras.

A cana-de-açúcar tem o mais alto retorno para os agricultores por hectare plantado. O
custo de produção do açúcar no país é baixo (inferior a US$ 200/toneladas), podendo
dessa maneira competir no mercado internacional. Tal mercado é, entretanto, volátil e
apresenta grandes oscilações de preços.

A produção mundial de açúcar em 2000 foi de 131 milhões de toneladas, sendo de cerca
de 13% a participação do Brasil, segundo dados da Revista BiodiselBR. As etapas na
produção do açúcar e do álcool diferem apenas a partir da obtenção do suco, que poderá
ser fermentado para a produção de álcool ou tratado para o açúcar. Caso a produção de
açúcar se torne menos atrativa devido às reduções de preços internacionais o que
freqüentemente ocorre, poderá ser mais vantajoso a mudança na produção para álcool.

A decisão de produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, além do preço do açúcar, é


política e econômica, envolvendo investimentos adicionais. Tal decisão foi tomada em
31

RIMA - MONTASA
1975, quando o governo federal decidiu encorajar a produção do álcool em substituição à
gasolina pura, com o objetivo de reduzir as importações de petróleo, então com um
grande peso na balança comercial externa. Nessa época, o preço do açúcar no mercado
internacional vinha decaindo rapidamente, o que tornou conveniente a mudança de
produção de açúcar para álcool.

No programa Brasileiro do Álcool, Pro-álcool, destacam-se cinco fases distintas que são:
- a 1ª Fase (Inicial): período de 1975 a 1979 - o esforço foi dirigido sobretudo para a
produção de álcool anidro para a mistura com gasolina. Nessa fase, o esforço principal
coube às destilarias anexas. A produção alcooleira cresceu de 600 milhões de l/ano
(1975-76) para 3,4 bilhões de l/ano (1979-80). Os primeiros carros movidos
exclusivamente a álcool surgiram em 1978;

- 2ª Fase (de Afirmação): período de 1980 a 1986 - segundo choque do petróleo (1979-
80) triplicou o preço do barril de petróleo e as compras desse produto passaram a
representar 46% da pauta de importações brasileiras em 1980. O governo, então,
resolve adotar medidas para plena implementação do Pro-álcool. São criados
organismos como o Conselho Nacional do Álcool – CNAL, e a Comissão Executiva
Nacional do Álcool – CENAL, para agilizar o programa. A produção alcooleira atingiu um
pico de 12,3 bilhões de litros em 1986-87, superando em 15% a meta inicial do
governo de 10,7 bilhões de l/ano para o fim do período. A proporção de carros a álcool
no total de automóveis de ciclo Otto (passageiros e de uso misto) produzidos no país
aumentou de 0,46% em 1979 para 26,8% em 1980, atingindo um teto de 76,1% em
1986.

- 3ª Fase (Estagnação), período de 1986 a 1995 - partir de 1986, o cenário internacional


do mercado petrolífero é alterado. Os preços do barril de óleo bruto caíram de um
patamar de US$ 30 a 40 para um nível de US$ 12 a 20. Esse novo período,
denominado “contra-choque do petróleo”, colocou em xeque os programas de
substituição de hidrocarbonetos fósseis e de uso eficiente da energia em todo o
mundo. Na política energética brasileira, seus efeitos foram sentidos a partir de 1988,
coincidindo com um período de escassez de recursos públicos para subsidiar os
programas de estímulo aos energéticos alternativos, resultando num sensível
decréscimo no volume de investimentos nos projetos de produção interna de energia.

32

RIMA - MONTASA
A oferta de álcool não pode acompanhar o crescimento descompassado da demanda,
com as vendas de carro a álcool atingindo níveis superiores a 95,8% das vendas totais de
veículos de ciclo Otto para o mercado interno em 1985.

Os baixos preços pagos aos produtores de álcool a partir da abrupta queda dos preços
internacionais do petróleo, que se iniciou ao final de 1985, impediram a elevação da
produção interna do produto. Por outro lado, a demanda pelo etanol, por parte dos
consumidores, continuou sendo estimulada por meio da manutenção de preço
relativamente atrativo ao da gasolina e da manutenção de menores impostos nos
veículos a álcool comparados aos à gasolina. Essa combinação de desestímulo à
produção de álcool e de estímulo à sua demanda, pelos fatores de mercado e
intervenção governamental assinalados, gerou a crise de abastecimento da entressafra
1989-90. Vale ressaltar que, no período anterior à crise de abastecimento houve
desestímulo tanto à produção de álcool, conforme citado, quanto à produção e
exportação de açúcar, que àquela época tinham seus preços fixados pelo governo.

Apesar de seu caráter efêmero, a crise de abastecimento de álcool do fim dos anos 1980
afetou a credibilidade do Pro-álcool, que, juntamente com a redução de estímulos ao seu
uso, provocou, nos anos seguintes, um significativo decréscimo da demanda e,
consequentemente, das vendas de automóveis movidos por esse combustível.

Deve-se acrescentar ainda outros motivos determinantes que, associados, também


contribuíram para a redução da produção dos veículos a álcool. No final da década de
1980 e início da década de 1990, o cenário internacional dos preços do petróleo sofreu
fortes alterações, tendo o preço do barril diminuído sensivelmente. Tal realidade, que se
manteve praticamente como a tônica dos dez anos seguintes, somou-se à tendência,
cada vez mais forte, da indústria automobilística de optar pela fabricação de modelos e
motores padronizados mundialmente (na versão à gasolina). No início dadécada de 1990,
houve também a liberação, no Brasil, das importações de veículos automotivos
(produzidos, na sua origem exclusivamente na versão gasolina e diesel) e, ainda, a
introdução da política de incentivos para o “carro popular” – de até 1000 cilindradas –
desenvolvido para ser movido a gasolina.

A crise de abastecimento de álcool somente foi superada com a introdução no mercado


do que se convencionou chamar de mistura MEG, que substituía, com igual desempenho,
33

RIMA - MONTASA
o álcool hidratado. Essa mistura (60% de etanol hidratado, 34% de metanol e 6% de
gasolina) obrigaria o país a realizar importações de etanol e metanol, que no período
entre 1989-95 superou a 1 bilhão de litros, para garantir o abastecimento do mercado ao
longo da década de 1990. A mistura atendeu as necessidades do mercado e não foram
constatados problemas sérios de contaminação e de saúde pública.

- 4ª Fase (Redefinição dos Mercados): período de 1995 a 2000 - os mercados de álcool


combustível, tanto anidro quanto hidratado, encontram-se liberados em todas as suas
fases de produção, distribuição e revenda, sendo os seus preços determinados pelas
condições de oferta e procura. De cerca de 1,1 milhão de toneladas de açúcar que o
país exportava em 1990 passou-se à exportação de até 10 milhões de toneladas por
ano, dominando o mercado internacional e barateando o preço do produto. Se
questionou como o Brasil, sem a presença da gestão governamental no setor,
encontrará mecanismos de regulação para os seus produtos (altamente competitivos):
açúcar para o mercado interno, açúcar para o mercado externo, etanol para o mercado
interno e etanol para o mercado externo. Dadas as externalidades positivas do álcool e
com o intuito de direcionar políticas para o setor sucroalcooleiro, foi criado, por meio
do decreto de 21 de agosto de 1997, o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool
- CIMA.

Segundo os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores –


ANFAVEA, de 1998 a 2000, a produção de veículos a álcool manteve-se em níveis de
cerca de 1%. A constituição da chamada “frota verde”, ou seja, o estímulo e a
determinação do uso do álcool hidratado em determinadas classes de veículos leves,
como os carros oficiais e táxis, tem provocado um debate entre especialistas da área
econômica, contrários aos incentivos, e os especialistas da área ambiental, favoráveis aos
incentivos ao etanol. Em 28 de maio de 1998, a medida provisória, MP nº 1.662, dispôs
que o Poder Executivo elevará o percentual de adição de álcool etílico anidro combustível
à gasolina obrigatório em 22% em todo o território nacional até o limite de 24%. Os
produtores e centros de pesquisa testaram a mistura de álcool e óleo diesel.

Para a implementação do Pro-álcool, foi estabelecido, em um primeiro instante, um


processo de transferência de recursos arrecadados a partir de parcelas dos preços da
gasolina, diesel e lubrificantes para compensar os custos de produção do álcool, de modo
a viabilizá-lo como combustível. Assim, foi estabelecida uma relação de paridade de
34

RIMA - MONTASA
preços entre o álcool e o açúcar para o produtor e incentivos de financiamento para as
fases agrícola e industrial de produção do combustível. Com o advento do veículo a álcool
hidratado, a partir de 1979, adotou-se políticas de preços relativos entre o álcool
hidratado combustível e a gasolina, nos postos de revenda, de forma a estimular o uso
do combustível renovável.

- 5ª Fase (Atual): no período atual - trinta anos depois do início do Pro-álcool, o Brasil
vive agora uma nova expansão dos canaviais com o objetivo de oferecer, em grande
escala, o combustível alternativo. O plantio avança além das áreas tradicionais, do
interior paulista e do Nordeste, e espalha-se pelos cerrados. A nova escalada não é um
movimento comandado pelo governo, como a ocorrida no final da década de 70,
quando o Brasil encontrou no álcool a solução para enfrentar o aumento abrupto dos
preços do petróleo que importava. A corrida para ampliar unidades e construir novas
usinas é movida por decisões da iniciativa privada, convicta de que o álcool terá, a
partir de agora, um papel cada vez mais importante como combustível, no Brasil e no
mundo.

A tecnologia dos motores flex fuel veio dar novo fôlego ao consumo interno de álcool. O
carro que pode ser movido a gasolina, álcool ou uma mistura dos dois combustíveis foi
introduzido no País em março de 2003 e conquistou rapidamente o consumidor. Hoje, a
opção já é oferecida para quase todos os modelos das indústrias e os automóveis
bicombustíveis ultrapassaram pela primeira vez os movidos a gasolina na corrida do
mercado interno. Diante do nível elevado das cotações de petróleo no mercado
internacional, a expectativa da indústria é que essa participação se amplie ainda mais. A
relação atual de preços faz com que o usuário dos modelos bicombustíveis dê preferência
ao álcool.

A velocidade de aceitação pelos consumidores dos carros bicombustíveis, ou flex fuel, foi
muito mais rápida do que a indústria automobilística esperava. As vendas desses veículos
já superaram as dos automóveis movidos a gasolina. Os bicombustíveis representaram
49,5% do total de automóveis e comerciais leves vendidos em 2003, enquanto a
participação dos movidos a gasolina ficou em 43,3%, segundo a Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA. A preferência do mercado levou a
Câmara Setorial de Açúcar e do Álcool, órgão ligado ao governo, a rever suas projeções e
indicar que a participação da nova tecnologia deverá atingir 75% dos carros vendidos em
2006.
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RIMA - MONTASA
Dessa maneira, as perspectivas para o Pro-álcool vêm sendo caracterizadas através do
empenho do mundo em encontrar uma solução duradoura para seu problema energético,
como na época das crises do petróleo dos anos 70. A preocupação ambiental se somou à
redução dos estoques e à alta dos preços dos combustíveis fósseis para valorizar as
fontes renováveis e menos poluentes de energia.

O setor energético no Brasil vem sofrendo diversas mudanças, como a tentativa de se


retomar projetos que levem em conta o meio ambiente e o mercado de trabalho. Tendo-
se como referência a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, o
governo brasileiro tem mostrado interesse em manter e reativar o Pro-álcool, dado que o
álcool combustível exerce um importante papel na estratégia energética para um
desenvolvimento sustentado.

O surgimento, em todo o mundo, de novos tipos de veículos e tecnologias de motores,


como é o caso dos motores de pilhas a combustível e dos veículos flex fuel, tem
provocado mudanças importantes na tradicional postura da indústria automobilística e de
outros agentes atuantes no mercado.

As perspectivas de elevação do consumo do álcool se somam a um momento favorável


para o aumento das exportações do açúcar e o resultado é o início de uma onda de
crescimento sem precedentes para o setor sucroalcooleiro.

Um estudo da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo – UNICA, aponta que o


setor terá que atender até 2010 uma demanda adicional de 10 bilhões de litros de álcool,
além de 7 milhões de toneladas de açúcar. A produção desta safra, iniciada em abril,
deve ser de 17 bilhões de litros de álcool e 26 milhões de toneladas de açúcar. Para
incrementar a produção, será preciso levar mais 180 milhões de toneladas de cana para
a moagem, com uma expansão dos canaviais estimada em 2,5 milhões de hectares até
2010. Esses investimentos deverão criar 360 mil novos empregos diretos e 900 mil
indiretos.

Cerca de 40 novas indústrias estão em projeto ou em fase de implantação, com um total


de investimentos calculado em 3 bilhões de dólares. A maior parte delas concentra-se no
oeste do Estado de São Paulo, ocupando espaço aberto pelo deslocamento da pecuária.
Há 21 novas indústrias em instalação na região, informa Luiz Guilherme Zancaner,
36

RIMA - MONTASA
presidente da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista - UDOP, associação fundada em
1985 para agrupar as destilarias ali implantadas no embalo do Pro-álcool. O oeste de São
Paulo, segundo Zancaner, oferece custos menores de arrendamento em relação às
regiões tradicionais do Estado e condições naturais de clima, solo e topografia adequadas
para os canaviais: “temos a vantagem de uma cana mais rica em açúcar que a da região
de Ribeirão Preto, por causa do clima menos úmido”, diz ele.

Mas não pode-se atribuir ao Pro-álcool o status de único programa implantado pelo
Governo Federal para minimizar os impactos ocorridos na década de 1970 pela então
“crise do petróleo”. Para minimizar o desequilíbrio na balança comercial brasileira,
causado pela brusca elevação dos preços do petróleo durante a crise do petróleo, o
governo federal decidiu implementar uma política energética, cujo objetivo era reduzir o
dispêndio líquido de divisas. Uma das principais vertentes dessa política foi incentivar
fontes alternativas ao petróleo importado e o uso eficiente da energia, destacando-se os
seguintes programas: Programa de Produção Antecipada de Petróleo, Programa de
Eletrotermia, Programa de Uso Eficiente da Energia – Conserve, Programa Nacional do
Álcool – Pro-álcool.

Por meio dessas políticas e medidas, ocorreu uma evolução significativa da produção
nacional de petróleo e gás natural. O consumo final energético do álcool etílico por ano
tem variado desde 1975 até 2000 entre 580 milhões e 10,6 bilhões de litros, tendo a
produção atingido um volume máximo de 15,5 bilhões de litros em 1997.

Houve contração da demanda relativa de óleo combustível e de gasolina, ao mesmo


tempo que houve expansão da demanda por outros derivados de elevado interesse
social, como o gás liqüefeito de petróleo - GLP, o diesel e a nafta petroquímica para
atender as necessidades do setor petroquímico, o que implicou na necessidade de
investimentos nas refinarias para adequarem o perfil da produção ao consumo.

4.6 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A área proposta para a localização do empreendimento, no Município de Montanha, bem


como as vias de acesso ao mesmo podem ser visualizadas nos Anexos, Itens 14.2 e 14.3,
respectivamente.
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RIMA - MONTASA
4.6.1 Fase de Instalação

A implantação do empreendimento MONTASA requer ações que englobam,


essencialmente, o preparo da área de plantio da cana-de-açúcar, a construção da planta
industrial, onde será realizado todo o processo de produção de álcool e de energia e a
construção das unidades de tratamento, sendo estes basicamente o tanque de mistura; o
tanque de decantação e a estação de tratamento de água.

4.6.1.1 Delimitação da Área de Plantio da Cana-de-açúcar

No que se refere à área de plantio da cana-de-açúcar, a parcela de propriedade da


MONTASA, que resulta em 4.000 hectares, juntamente com a área de fomento, que
corresponde a 12.000 hectares, abrange, aproximadamente, um raio de 30 Km em torno
da fazenda Conquista (0374821, 8001585), conforme mostra o Anexo, Item 14.4.

O primeira safra contará com a produção de cana-de-açúcar das fazendas Aliança


(0357000, 7981000), ABC (0386000, 7991000) e Conquista, todas de propriedade da
MONTASA. A Aliança fica em Montanha; a ABC em Pedro Canário, 20 km no sentido
Pedro Canário – Montanha, pela via ES-209; e a Conquista, localiza-se onde será
estabelecido o empreendimento. A partir do segundo ano, 2007, a MONTASA terá
necessidade de arrendamento de áreas para produção de cana-de-açúcar, para suprir a
demanda industrial. As áreas previstas para negociação e futuro fomento estarão
distribuidoas num raio de 30 km no entorno da unidade industrial da MONTASA (vide
Anexo, Item 14.4).

As Figuras 4.6.1.1-1 e 4.6.1.1-2 mostram a área de plantio da cana-de-açúcar.

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RIMA - MONTASA
Figura 4.6.1.1-1 – Vista da área de plantio da cana-de-açúcar

Figura 4.6.1.1-2 – Vista da área de plantio da cana-de-açúcar - pastagens

A delimitação de terra onde será plantada a cana-de-açúcar receberá o adequado


preparo, conforme descrição constante nos itens seguintes.

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RIMA - MONTASA
4.6.1.2 Preparo da Área de Plantio da Cana-de-açúcar

Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico


de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse
longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo
e esmerado.

No preparo do solo, deve-se considerar duas situações distintas: se a cana vai ser
plantada pela primeira vez ou se o terreno já se encontra ocupado com cana.

No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio,
visando destruir, incorporar e decompor os restos culturais existentes. Seguidamente, é
realizada a gradagem do solo, que se trata da realização de cortes no solo, com o
objetivo de completar a primeira operação.

Em solos argilosos, é normal a existência de uma camada impermeável, a qual pode ser
detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a impermeabilização/compactação do solo, seu rompimento se faz através de
subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma
profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e quando o solo estiver seco. A subsolagem
trata-se da quebra da estrutura do solo por meio de um equipamento denominado
subsolador, visando o aumento da permeabilidade do solo, para possibilitar um plantio
mais profundo.

Por fim, às vésperas do plantio, faz-se uma nova gradagem, visando o acabamento do
preparo do terreno e a eliminação de ervas daninhas.

Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada no terreno, inicia-


se os trabalhos de preparo do terreno com a destruição da soqueira (cana de vários
cortes), que deve ser realizada logo após a colheita. Esta operação pode ser feita por
meio de aração rasa (profundidade variando entre 15 e 20 cm), nas linhas de cana,
seguida de gradagem ou através de gradagem pesada, sendo esta última uma gradagem
mais profunda. Pode-se utilizar também a enxada rotativa ou herbicida, quando
necessário.

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RIMA - MONTASA
Tal como descrito para a primeira situação, se confirmada a compactação do solo, a
subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio procede-se uma aração
profunda (profundidade variando entre 25 e 30 cm), por meio de arado ou grade pesada.
Posteriormente, são realizadas as gradagens necessárias, visando manter o terreno
destorroado e apto ao plantio.

A Figura 4.6.1.2-1 mostra a preparação de uma área para o plantio da cana-de-açúcar.

Figura 4.6.1.2-1 – Preparo do solo

4.6.1.3 Adubação do Solo

Os procedimentos de adubação do solo requerem o conhecimento do tipo de plantio que


será feito, sendo que neste caso a variação fica entre a cana-planta e as soqueiras. A
cana-planta trata-se da cana de primeiro corte e as soqueiras referem-se às canas
provenientes de uma cana já cortada. A quantificação dos fertilizantes que serão usados
é determinada através de análise do solo.

Atualmente, há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela


aplicação de vinhoto, cuja quantidade por hectare é dependente da composição química

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RIMA - MONTASA
do mesmo e da necessidade de nutrientes pela lavoura. A Figura 4.6.1.3-1 mostra a
aplicação do vinhoto em áreas de plantio da cana-de-açúcar.

Os sistemas básicos de aplicação do vinhoto são por infiltração, por veículos e aspersão,
sendo que cada sistema apresenta modificações.

A torta de filtro úmida pode ser aplicada em toda a área, respeitando uma proporção de
80 a 100 t/ha, e também no sulco de plantio (15 a 30 t/ha) ou nas entrelinhas (40 a 50
t/ha). Metade do fósforo contido na torta de filtro pode ser proveniente da adubação
fosfatada recomendada (Boletim Técnico 100 IAC, 1996). A Figura 4.6.1.3-2 mostra a
aplicação da torta de filtro em área de plantio da cana-de-açúcar.

Figura 4.6.1.3-1 - Fertirrigação

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RIMA - MONTASA
Figura 4.6.1.3-2 - Aplicação da torta de filtro

4.6.1.4 Plantio da Cana-de-açúcar

Na região Centro-Sul existem duas épocas bem definidas para o plantio de cana-de-
açúcar, a saber: período de setembro a outubro e o período de janeiro a março. Porém, o
período de setembro a outubro não é o mais recomendado, sendo indicado em casos de
necessidade urgente de matéria-prima, que pode se justificar por recente instalação ou
ampliação do setor industrial, ou pelo comprometimento da safra devido à ocorrência de
adversidade climática.

O plantio da cana-de-açúcar de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o mais


recomendado tecnicamente.

As Figuras 4.6.1.4-1 e 4.6.1.4-2 mostram áreas de plantio de cana-de-açúcar e áreas de


plantio preparadas para a colheita mecanizada, respectivamente.

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RIMA - MONTASA
Figura 4.6.1.4-1 - Plantio convencional com cultivo mínimo

Figura 4.6.1.4-2 – Plantio sistematizado prevendo a colheita mecanizada

4.6.1.5 Tratos Culturais

Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas,


adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a
incidência do carvão. O carvão é uma espécie de praga predisposta à cana-de-açúcar,
caracterizada por fungos.

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RIMA - MONTASA
O controle mais eficiente das ervas, nesse período, é químico, realizado através da
aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total.
Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida,
há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até o fechamento
da lavoura. A partir daí a infestação de ervas é praticamente nula.

4.6.1.6 Colheita da Cana-de-açúcar

O primeiro plantio está previsto para outubro de 2006, tendo em vista a previsão de uma
safra de 400.000 toneladas de cana moída em 2007. Para tanto, será necessário o
envolvimento de 188 funcionários para preparo do solo e cultivo da cana-de-açúcar.

Acerca do tipo de colheita que será feita, a mecanização será realizada de maneira
gradativa, em função da necessidade de aquisição de um grande número de máquinas.
Sendo assim, a substituição da colheita manual pela mecanizada ocorrerá de acordo com
as informações constantes da Tabela 4.6.1.6-1 a seguir.

Tabela 4.6.1.6-1 – Implantação da colheita mecanizada

ANO DE COLHEITA COLHEITA MÁQUINAS CANA MOÍDA


MECANIZADA (%) NECESSÁRIAS (t/safra)

2007 - - 400.000
2008 20 2 600.000
2009 40 4 800.000
2010 70 5 800.000
2011 70 5 800.000

É importante ressaltar que a colheita manual requer a queima da cana-de-açúcar, que


ocorrerá a noite, com o apoio de carros pipas para realizar a umectação do talhão
queimado, evitando, assim, a proliferação indesejada das chamas. No local de queima
serão feitos aceiros.

A Figura 4.6.1.6-1 mostra a colheita manual de cana-de-açúcar.

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RIMA - MONTASA
Figura 4.6.1.6-1 – Colheita manual

Alojamentos Provisórios

Os alojamentos temporários são locais destinados à instalação da mão-de-obra alocada


para a colheita manual da cana.

Dentre as funções dos funcionários da área agrícola estão o plantio dos canaviais e tratos
culturais, quais sejam: adubação da lavoura, aplicação de fertilizantes e herbicidas,
capina manual, irrigação, a colheita, o transporte da cana, a manutenção mecânica dos
equipamentos, dentre outros. Estes são contratados na própria região, municípios da
área de influência da empresa para todo o período da entressafra, entretanto, na época
da safra, normalmente entre os meses de abril a outubro, faz-se necessário à
contratação adicional de mão-de-obra para o trabalho na colheita da cana de outras
regiões do país, no caso específico, da região nordeste, Estado de Alagoas. Tal fato se
deve a não conseguir na região o número de funcionários necessários, devido à colheita
coincidir com outras, tais como: fruticultura, culturas básicas na alimentação humana e a
cafeicultura. A atividade da cafeicultura inicia sua colheita em maio e vai até julho ou
agosto, portanto, na mesma época em que a atividade canavieira está em plena colheita.

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RIMA - MONTASA
Para esta mão-de-obra externa a DISA (do mesmo grupo da MONTASA) conta com
alojamentos instalados com toda a infra-estrutura necessária para a permanência dos
mesmos, como pode ser observado através da Figura 4.6.1.6-2 que se segue.

Figura 4.6.1.6-2 – Alojamento provisório

Além destes alojamentos já instalados pela DISA, caso se faça necessário, com a
instalação de sua filial, MONTASA, pode ocorrer a necessidade da instalação de mais um
alojamento. Neste caso, previamente a sua implantação, será discutido com a
municipalidade o local mais adequado e que menos impacto poderá acarretar para a
população residente.

4.6.1.7 Construção da Planta Industrial

A planta Industrial, incluindo todo o setor administrativo, irá ocupar uma área de
aproximadamente 8,0 hectares. Trata-se de uma área plana e coberta por pastagem
(Figura 4.6.1.7-1).

O empreendimento será implantado contando com uma infra-estrutura básica


compreendendo os seguintes serviços, a saber:

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- drenagem pluvial;
- sistema de tratamento de esgoto doméstico;
- abastecimento de água;
- redes elétricas e telefônicas;
- urbanização e paisagismo.

Figura 4.6.1.7-1 - Vista da área de instalação da unidade fabril

Instalação Provisória de Apoio

Para a execução das obras de infra-estrutura básica está prevista a instalação de canteiro
de obras, o qual contará as seguintes instalações:

- escritório central;
- galpão para máquinas e manutenção;
- guarita;
- almoxarifado;
- banheiro para operários;
- refeitório.

Também deverão ser executadas cercas, portões e guaritas para completa vedação da
área.

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RIMA - MONTASA
Todas as instalações do canteiro de obras serão removidas após conclusão das obras, ou
seja, antes do início de operação do empreendimento.

Os diretamente ligados à implantação do canteiro referem-se a possível contaminação de


águas superficiais e subterrâneas, disposição de efluentes no solo e remoção da
cobertura vegetal.

Escavações, Desbastes, Bota-fora e Aterros

A movimentação de terra decorrente de escavação, desbastes, aterros e bota-foras


resultam na emissão de material particulado, emissão de gases particulados, devido à
movimentação dos equipamentos, aumento da pressão sonora, aumento do fluxo de
tráfego, ruído, aumento do risco de acidentes e vibrações. Salienta-se que devido à
planicidade do terreno os desbastes serão pequenos, assim como, a movimentação de
terra decorrente deste trabalho.

As medidas mitigadoras que serão implementadas são as seguintes: limitação da


intervenção na área do empreendimento, controle de ruídos e emissões atmosféricas,
com a efetiva manutenção dos equipamentos e constante umectação da área de
trabalho, além da implantação de sistema de sinalização de segurança no local da obra.

O excesso de material provenientes dos desbastes será, na medida do possível,


incorporado às obras de paisagismo. Para o material que não for possível o
reaproveitamento, tais como aqueles provenientes de escavações, este deverá ser levado
à área de bota-fora.

O trânsito dos equipamentos na área de trabalho e vias que interligam o


empreendimento ao bota-fora autorizado será efetuado com veículos convenientemente
lonados, com carregamento compatível com a capacidade da caçamba, evitando perda
de material e espalhamento de pó durante o trajeto.

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RIMA - MONTASA
Obras em Concreto Armado

As obras em concreto armado, face à natureza de sua implantação e em decorrência da


utilização de produtos industrializados em todas as etapas gerarão apenas impacto visual
inerente à sua execução. As ações admitidas inerentes a esta etapa relacionam-se
principalmente com as prerrogativas ligadas a estreita observância dos requisitos
operacionais e adoção de fornecedores licenciados ambientalmente.

Canteiro de Obras

O canteiro de obras contará com a infra-estrutura necessária para atendimento aos


requisitos necessários para a implantação das obras, dotado de sistema de tratamento de
esgotos domésticos composto pelas unidades de fossas sépticas, seguido de filtro
anaeróbio e sumidouro, dimensionado de acordo com as normas Técnicas vigentes da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, NBR 7229/1993 e NBR 13696/1997.

Alojamento Provisório

A mão-de-obra alocada para a fase de implantação, caso por alguma exigência técnica
não permita a contratação local, serão alojados em área urbana, conforme solicitação e
previamente acordado com a municipalidade.

Unidade Fabril

A construção da planta industrial, onde efetivamente serão produzidos álcool e energia,


conta com a aquisição dos equipamentos, cuja origem é nacional, seguida de montagem
na área. A Tabela 4.6.1.7-1 apresenta os equipamentos que constituirão a planta
industrial da MONTASA.
Destaca-se que o material dos equipamentos é aço-carbono e que todos os acessórios,
tais como válvulas, tubulações, conexões, entre outros, deverão ser compatíveis com
este material. Antes da operação da planta serão feitos testes em todos os
equipamentos, como medida de segurança.

A planta, que se encontra no Anexo, Item 14.5, mostra o arranjo geral da planta
industrial da MONTASA.
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RIMA - MONTASA
Tabela 4.6.1.7-1 – Equipamentos da planta industrial

EQUIPAMENTO QUANTIDADE

Ternos de moendas 6
Caldeira de geração de vapor 2
Turbo gerador elétrico 1
Destiladores 4
Torres de resfriamento 4
Picador/Desfibrador 1
Colheitadeiras CASE - Modelos 7000 e 7700 Variável*
*
De acordo com o avanço da mecanização da colheita da cana-de-açúcar (ver Tabela 4.6.1.6-1).

4.6.1.8 Construção do Tanque de Mistura

O tanque de mistura destina-se ao recebimento de todas as águas servidas no processo,


e o principal efluente líquido gerado, que é o vinhoto, proporcionando tratamento aeróbio
aos mesmos. O efluente depurado será bombeado para a área de plantio, onde será
incorporado ao solo.

Usualmente, este tanque é construído através de barragens de terra apropriadas,


impermeabilizadas e é dimensionado para acumular cerca de 1/3 de todos os efluentes
líquidos gerados durante a safra.

O tanque de mistura ficará localizado há 300 metros da planta industrial, para evitar
geração de odores no local. A Figura 4.6.1.8-1 mostra uma vista de um tanque de
vinhaça.

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RIMA - MONTASA
Figura 4.6.1.8-1 – vista de um tanque de mistura dos efluentes líquidos

4.6.1.9 Construção do Decantador

Será construída uma unidade de decantação para a água utilizada na lavagem da cana-
de-açúcar, na intenção de reduzir a captação de água. O dimensionamento e critérios
construtivos desta unidade de tratamento seguirão os preceitos estabelecidos pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR12216/1992, diretrizes
provenientes de literatura, bem como resultados de experiências decorrentes desta
prática.

4.6.1.10 Construção da Estação de Tratamento de Água

A Estação de Tratamento de Água (ETA) será responsável pelo tratamento das águas
captadas no Córrego do Dezoito, que abastecerão as caldeiras, responsáveis pela
geração de vapor, energia mecânica e elétrica. As unidades constituintes da ETA serão
instaladas adequadamente, nas proximidades das caldeiras.

O tratamento será constituído por um tratamento químico inicial, seguido de tratamento


físico, a coagulação e a floculação da água. Posteriormente, a água seguirá para uma
unidade de decantação, onde os flocos formados sedimentarão e a água decantada
apresentar-se-á clarificada. Por fim, a água clarificada seguirá para uma unidade de

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RIMA - MONTASA
filtração para remoção de impurezas, que ainda estejam presentes, e, quando
necessário, em etapa posterior, receberá produtos químicos para correção do pH. Este
tratamento é denominado “tratamento em ciclo completo” (Di Bernardo e Dantas, 2005).

Um dos parâmetros de controle de qualidade do tratamento proposto à água é a dureza,


pois esta é indesejável nas caldeiras, tendo em vista que a sua presença causaria
incrustações nestas unidades.

4.6.2 Fase de Operação

Na fase de operação da MONTASA serão considerados todos os procedimentos


necessários ao cultivo da cana-de-açúcar, replantio e as etapas de colheitas das safras,
que já foram descritos no item 4.6.1, bem como os procedimentos necessários à
produção de álcool e de energia.

A MONTASA utilizará moderna tecnologia de industrialização da cana-de-açúcar para a


produção de álcool etílico carburante a partir do processamento de matéria-prima própria
(cana-de-açúcar) e aquisição de terceiros.

O sistema de produção não difere muito do que se tem como boa prática, comum e
disseminada nas demais empresas sucroalcooleiras similares. A cana-de-açúcar é
produzida no campo, portanto, desde o preparo do solo até a sua colheita e transporte
para a indústria, trata-se de uma atividade meramente agrícola.

O detalhamento das etapas de fabricação de álcool carburante, resultante do


processamento da cana-de-açúcar, bem como da co-geração de energia elétrica, advinda
da queima do bagaço da cana, encontram-se descritas a seguir.

4.6.2.1 Processo Industrial de Produção de Álcool

Na entrada da fábrica a cana-de-açúcar é pesada na balança rodoviária, quando,


seguidamente, passa por um sistema de análise tecnológica através do qual se procura
determinar a qualidade da mesma, mais objetivando a determinação do teor de sacarose,
o teor de fibra e o teor de impurezas.

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RIMA - MONTASA
A avaliação do teor de açúcares permite verificar o potencial produtivo da cana, quanto
mais sacarose ou açúcares redutores totais - ART, melhor. O quantitativo de fibra
permite avaliar o potencial de produção de bagaço, o qual será queimado em caldeira
para gerar vapor d’água e toda a energia térmica (vapor), mecânica e elétrica, utilizadas
no processo de obtenção do álcool etílico hidratado e anidro. O teor de impurezas
identifica a qualidade do corte e do embarque da cana, através da quantificação de
impurezas vegetais e minerais, respectivamente.

Os resultados destas análises para toda a safra constarão nos registros da empresa e
subsidiarão ações corretivas na área agrícola, tais como: fertilização diferenciada do solo,
uso de variedades de cana mais produtivas, melhorias no corte e no embarque da cana,
entre outras.

Após a pesagem e a avaliação qualitativa, os caminhões com cana são descarregados por
meio de dois guinchos tombadores, também conhecidos como hillos (Figura 4.6.2.1-1).
No processo são utilizados dois hillos, sendo que um descarrega a cana diretamente na
mesa alimentadora e o outro descarrega a cana no galpão de estocagem, onde se
armazena a cana de reserva estratégica para suprir a operação por um período de 3
(três) a 4 (quatro) horas de moagem.

Cana-de-açúcar

Hilo

Figura 4.6.2.1-1 – Vista geral dos guinchos tombadores ou hilos em operação

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RIMA - MONTASA
A mesa alimentadora recebe a cana diretamente de um dos guinchos e realiza sua
lavagem por meio de um sistema do tipo cascata. A Figura 4.6.2.1-2 mostra o sistema de
lavagem da cana-de-açúcar.

Figura 4.6.2.1-2 – Vista geral do sistema de lavagem da cana-de-açúcar

O volume de água de lavagem utilizado será da ordem de 6 a 8 m³ para cada tonelada


de cana. Sendo assim, a vazão de consumo, em circuito fechado, para os dois primeiros
anos de produção será equivalente a 8m³/t x 165 t/h = 1.320 m³/h, e no terceiro ano,
este valor aumenta para 1.480 m³/h, em função do aumento no volume de cana
processada.

A água de lavagem retorna à mesa alimentadora, após ser submetida ao tratamento em


uma unidade de decantação, onde os sólidos sedimentam e a água retorna mais limpa
para a lavagem da cana. O processo de recirculação desta água, em circuito fechado,
tem uma duração de 3 (três) a 4 (quatro) dias, após os quais, a água fica imprópria para
uso e é descartada, sendo conduzida para um grande tanque de mistura, onde se junta
ao vinhoto e demais águas servidas contaminadas. Este efluente líquido misturado é
totalmente reaproveitado na fertirrigação das lavouras de cana. O consumo de água de
lavagem é da ordem de 21,0 m³/h.

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RIMA - MONTASA
Após a sua lavagem, a cana segue em esteiras transportadoras para a área de preparo,
onde a cana-de-açúcar é preparada para a retirada do caldo, que ocorre nas moendas.
Este preparo trata-se simplesmente do trituramento da cana.

A cana é triturada em duas etapas distintas, a saber: o picador, constituído por navalhas,
que fatia a cana em pedaços de diferentes tamanhos. E, seguidamente, o desfibrador
realiza a abertura das células (em inglês este termo técnico é conhecido como open
cells). Este último sistema é realizado por meio de martelos oscilantes e rotativos em
sentidos variados. As Figuras 4.6.2.1-3 e 4.6.2.1-4 apresentam o sistema de trituramento
da cana.

Figura 4.6.2.1-3 – Sistema de trituramento da cana

Desfribrador

Picador

Figura 4.6.2.1-4 – Detalhe do picador/desfribrador

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RIMA - MONTASA
Dessa maneira, obtém-se o trituramento da cana, objetivando aumentar a retirada dos
açúcares contidos na cana na etapa de extração do caldo.

A extração do caldo ocorre nas moendas, equipamentos apresentados na Figura 4.6.2.1-


5.

Figura 4.6.2.1-5 – Moendas

No tandem ou conjunto de moagem, composto por seis ternos de moendas, a cana é


esmagada para a separação do material fibroso do material líquido. O material fibroso
transforma-se no bagaço, que normalmente sai com 50% de umidade e cerca de 3 a 4%
de açúcar residual, enquanto que o material líquido constituirá o caldo misto (tem esta
denominação, porque além da água que compõe a cana ainda recebe a água utilizada
como embebição).

No primeiro terno de moenda a cana passa sem embebição alguma, garantindo eficiência
de extração de açúcares entre 65% e 70%. Parte do caldo já extraído no primeiro terno
de moendas é utilizado na embebição da cana no segundo terno de moendas, para
aumentar a eficiência de extração do caldo. A partir do terceiro terno de moendas, a
cana é embebida com água, também objetivando o aumento de eficiência de processo. O
quantitativo desta água de embebição atingirá 60 m3/h.

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RIMA - MONTASA
No caldo misto, obtido nas moendas, constarão os açúcares da cana. O limite máximo
admissível de perda de açúcares no bagaço é 4%, o que significa controlar todas as
etapas do processo para atingir um quantitativo superior a 96% de açúcares da cana no
caldo misto.

O caldo misto constituirá a matéria-prima da qual será produzido etanol ou álcool etílico.

Inicialmente, o caldo passará por um tratamento químico, que se trata da neutralização


do potencial hidrogeniônico – pH, processo denominado caleação, que é realizado por
meio da introdução de hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] no meio. Seguidamente, o caldo
sofrerá o tratamento físico, que engloba a elevação de temperatura, para facilitar na
decantação do caldo misto propriamente dita, e, também, esterizá-lo contra
microorganismos. As etapas aqui descritas visam eliminar impurezas solúveis contidas no
caldo misto, condição para se obter álcool de boa qualidade.

A decantação do caldo ou sedimentação das impurezas do caldo misto ocorre em uma


unidade de decantação, devidamente projetada para que no mais curto tempo possível
(máximo 3 horas) as impurezas possam sedimentar na parte inferior (fundo) do
decantador. O caldo misto decantado, bastante limpo, sai na parte superior das bandejas
do decantador.

O material sedimentado da unidade de decantação seguirá para o setor de filtração, ao


qual se adiciona bagacilho encontrado, principalmente, na etapa de trituração da cana.
Dessa maneira, o caldo residual que ainda tem bom conteúdo de açúcar é recuperado e
retorna ao processo de tratamento junto com o caldo misto.

O processo de filtração gera um resíduo sólido denominado “torta de filtro”, que por ser
rico em matéria orgânica; sais minerais e, principalmente, em fósforo (P), é aproveitado
na lavoura de cana como fonte de adubo e nutrientes.

O álcool etílico carburante, anidro ou hidratado é obtido através de um processo que


envolve duas etapas fundamentais: a fermentação e a destilação.

A fermentação é um processo bioquímico realizado por meio de microorganismos


específicos, neste caso leveduras do gênero sacaromyces cerevisae, que consomem os
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RIMA - MONTASA
açúcares presentes no meio e deste processo biológico resulta como subproduto o álcool
etílico ou o etanol.

Na fermentação, em suma, procura-se converter os açúcares redutores totais (ART), que


chegam às dornas de fermentação, no máximo possível de álcool. Para tanto, tem-se que
adequar a matéria-prima (caldo misto de cana) para as condições ideais requeridas pelas
leveduras, também conhecidas como levedo ou fermento.

O ajuste da concentração de ART na faixa de 13 a 16ºBrix (grau Brix) é condição


essencial à proporção de fermentação no meio (cerca de 10 a 15%) e o controle da
temperatura, que não deve ultrapassar 36ºC também faz parte das condições ideais para
que o processo de fermentação ocorra com o melhor nível de eficiência.

Após o final da fermentação, quando praticamente todo o açúcar foi transformado em


álcool, o mosto fermentado segue para a seção de centrifugação, quando equipamentos
específicos (centrífugas contínuas de levedo) são utilizados para separar o fermento do
vinho. O fermento retorna ao processo para novas rodadas de fermentação, antes sendo
regenerado nas cubas de tratamento. A Figura 4.6.2.1-6 mostra as centrífugas
supramencionadas.

Figura 4.6.2.1-6 – Centrífugas

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RIMA - MONTASA
O produto final da etapa de centrifugação é denominado vinho, justamente por possuir
teor alcoólico similar ao deste produto, em torno de 7,0 a 7,5%. O vinho vai para a
segunda etapa da destilaria, que é a separação do álcool nas colunas de destilação.

A destilação constitui-se de um processo específico onde se deve retirar, se possível,


100% do álcool presente no vinho. Para tanto, são utilizadas várias colunas de
destilação, denominadas de forma resumida e prática de: coluna A, coluna B e coluna C.
Além destas colunas principais têm-se os seus diversos acessórios, tais como:
condensadores, colunas auxiliadores e demais instrumentos e equipamentos periféricos,
conforme se pode visualizar nas Figuras 4.6.2.1-7.

Figura 4.6.2.1-7 – Sistema de destilação

A coluna A recebe o vinho com aproximadamente 7,0 a 7,5% de álcool e transfere para a
coluna B um produto intermediário contendo cerca de 50,0% de teor alcoólico. Este
processo resulta na geração de um subproduto ou produto residual, denominado vinhoto,
também conhecido como vinhaça ou restilo, que é extraído na saída da coluna A (parte
inferior do destilador).

A coluna B se encarrega de eliminar o excesso de água, até o limite máximo de 93,5%


de teor alcoólico, produzindo, assim, o produto denominado comercialmente por álcool
hidratado. O álcool hidratado é utilizado diretamente nos veículos movidos a álcool/flex

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RIMA - MONTASA
fuel e, também, comercializado para outros fins comerciais e industriais, como por
exemplo, a indústria de tintas e vernizes.

A coluna C de destilação é utilizada para produzir o álcool anidro, que exige um teor
alcoólico mínimo de 99,3%. Para a obtenção do álcool anidro, além da coluna C, utiliza-
se mais uma coluna de destilação e um produto auxiliar desidratante. Sabendo-se que o
ciclo-hexano é o produto mais utilizado para esta finalidade, o mesmo constituirá o
processo em pauta.

O ciclo-hexano tem a finalidade de formar uma mistura ternária (álcool, água e ciclo–
hexano). Após esta mistura, pode-se separar a água com o ciclo–hexano do álcool puro,
e numa coluna auxiliar recupera-se o ciclo–hexano, que retorna ao processo. Com este
processo produz-se álcool anidro, que é utilizando na mistura de 21% a 26% com a
gasolina, na forma de aditivo e oxigenante, o que traz benefícios para o meio ambiente e
para a economia de petróleo.

Encontram-se nas Figuras 4.6.2.1-8 e 4.6.2.1-9 um fluxograma específico do processo de


produção de álcool, onde são apresentados os insumos aplicados, os resíduos e efluentes
gerados, com indicação dos tratamentos propostos, bem como o produto final em
questão.

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RIMA - MONTASA
Cana-de-açúcar

Recebimento e pesagem
na balança rodoviária

Galpão de estocagem
Descarga da cana (reserva suficiente para o
período de 3 a 4 horas de
moagem)

Mesa alimentadora
Água Água de lavagem
(lavagem da cana)

Sistema de
Desfibrador e navalhas tratamento I
(trituração da cana)

Moenda
Água de embebição Bagaço
(moagem da cana)

Caldo misto Sistema de


(matéria-prima do álcool) tratamento II

Legenda:
- Etapas do processo produtivo
- Entrada de insumos
- Resíduo e efluente gerado
- Sistema de tratamento proposto (1)

(1) Os sistemas de tratamento apresentados no fluxograma serão apresentados no item 4.6.3, referente a
efluentes líquidos e resíduos sólidos.
Figura 4.6.2.1-8 – Fluxograma do processo de produção do álcool – parte I

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RIMA - MONTASA
Caldo misto
(matéria-prima do álcool)

Neutralização do pH
(tratamento químico)

Decantação do caldo misto


Material sedimentado
(tratamento físico)

Caldo misto decantado Sistema de


tratamento III

Dornas de fermentação

FERMENTO Centrifugação VINHO (7,0% a 7,5% de álcool)


(retorna ao processo)

Sistema de
tratamento IV Vinhoto Destilação do vinho

ÁLCOOL HIDRATADO
(máximo de 93,5% de teor alcoólico)

ÁLCOOL ANIDRO
Legenda: (mínimo de 99,3% de teor alcoólico)

- Etapas do processo produtivo


- Entrada de insumos
- Resíduo e efluente gerado
- Sistema de tratamento proposto(1)
- Produto final
(1)
Os sistemas de tratamento apresentados no fluxograma serão apresentados no item 4.6.3,
referente a efluentes líquidos e resíduos sólidos.
Figura 4.6.2.1-9 – Fluxograma do processo de produção do álcool – parte II

63

RIMA - MONTASA
4.6.2.2 Processo Industrial de Produção de Energia

A geração de energia utiliza também um processo tecnológico moderno, a partir do


aproveitamento do bagaço de cana-de-açúcar, gerando vapor e produzindo energia
elétrica como produto final.

O vapor é produzido numa caldeira aquatubular, que utiliza como combustível o próprio
bagaço da cana-de-açúcar, proveniente do processo de moagem da cana em quantidade
mais do que suficiente para gerar vapor superaquecido à temperatura de 300o C, pressão
de 21 Kg/cm² e vazão de 80 toneladas de vapor por hora (TVH). A Figura 4.6.2.2-1
mostra a caldeira aquatubular.

Figura 4.6.2.2-1 – Caldeira aquatubular

Esta caldeira será equipada com sistema de precipitação e coleta da fuligem por via
úmida, capaz de atender os padrões de controle ambiental, sendo constituída por 2
(dois) lavadores de gases, que se situam a montante do exaustor e são compostos por
um tanque cilíndrico, onde ocorre o tratamento dos gases, que serão lançados na
atmosfera. Objetivando uma boa aplicação da tecnologia de coleta de fuligem da
caldeira, será instalado nesta estrutura um sistema de separação e recirculação da água
de lavagem dos gases.

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RIMA - MONTASA
A recirculação da água de lavagem dos gases ocorrerá em um tanque de decantação,
que conterá o material sedimentado, cujo destino é a fertilização do solo, devido à sua
composição.

O vapor primário oriundo da caldeira aciona as máquinas rotativas (turbinas a vapor),


responsáveis pelo acionamento dos picadores, desfibrador, moendas, bomba centrífuga
de alimentação da caldeira e, principalmente, o gerador de eletricidade.

Figura 4.6.2.2-1 – Sistema de geração de eletricidade

Inicialmente, a energia elétrica gerada pela MONTASA limita-se às necessidades da


destilaria, totalizando 3,75 MW de potência instalada até o ano de 2009. A empresa
manterá um contrato mínimo com a concessionária de energia do estado – ESCELSA, da
ordem de 0,50 MW, para suprir as necessidades dos escritórios e da manutenção,
durante paradas programadas e eventuais interrupções na safra e, principalmente, no
período de entressafra.

65

RIMA - MONTASA
4.6.2.3 Disposição/Tratamento de Efluentes Líquidos, Resíduos Sólidos
e Emissões Atmosféricas

4.6.2.3.1 Fase de Instalação

Efluentes Líquidos

Os esgotos de origem doméstica são aqueles provenientes dos sanitários, vestiário,


restaurante e copa, gerando efluentes líquidos passíveis de tratamento antes de sua
disposição ao meio ambiente.

Na fase de instalação do empreendimento, MONTASA, serão instalados banheiros


químicos em número suficiente para atender aos 188 trabalhadores. A manutenção dos
banheiros químicos será realizada por empresa devidamente licenciada, com
periodicidade regular.

Os demais efluentes líquidos gerados, provenientes de vestiário, restaurante e copa


receberão tratamento adequado, sendo obrigatória à instalação de caixa de gordura para
os efluentes oriundos do restaurante e pias em geral, constituindo o tratamento
preliminar.

Resíduos Sólidos

Na fase de implantação ocorre basicamente à geração de resíduos de origem doméstica


(marmitex, guardanapos, copos de plásticos, papel/papelão, dentre outros), estes
deverão ser acondicionados em sacos plásticos, coletados e destinados adequadamente.
Para estes resíduos, propõe-se a implementação de coleta seletiva, com a devida
segregação e a instalação de contenedores devidamente identificados e nas cores padrão
recomendadas pela Resolução CONAMA n° 275/2001.

Dependendo da destinação a ser dada a esses resíduos, pode ser necessário a instalação
de uma área de armazenamento de resíduos Classe II, que, neste caso, deverá ser
instalada em conformidade com as prescrições da NBR 11174:1999, onde os resíduos
deverão ser temporariamente depositados até a sua destinação final.

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RIMA - MONTASA
Os resíduos das obras deverão seguir as recomendações constantes da Resolução
CONAMA n° 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão
dos resíduos da construção civil.

Emissões Atmosféricas

A MONTASA terá como área de influência um raio de 30 Km, pois, esta abrangência
contempla as áreas onde serão implantadas a unidade fabril e o talhões de plantio da
cana-de-açúcar.

O acesso a MONTASA será feito principalmente pela Rodovia Estadual 209 - ES (não
pavimentada) e vias municipais (não pavimentadas), com isso, as localidades mais
impactadas com as emissões de poeira pelo tráfego de veículos serão: 30 de Maio e
Ramal da Fumaça, levando em conta o trajeto da Cidade de Montanha para o
empreendimento e a localidade de São Sebastião do Norte (Figuras 4.6.2.3.1-1), quando
o acesso ocorrer pela Cidade de Pedro Canário.

Durante as atividades relacionadas com a implantação do empreendimento serão usadas


as seguintes rodovias Estaduais do Espírito Santo: ES-130, ES-137, ES-209 (Figura
4.6.2.3.1-2), ES–313 e ES-410 e mais as vias municipais. Muitas destas vias de tráfegos
não são pavimentadas, contribuindo com a geração de material particulado devido o
tráfego de veículo, devendo ser tomadas providências quanto à umectação dos pontos
que venham causar incômodo à população.

A necessidade de transporte de material por via rodoviária, quando da implantação, e


transporte de passageiros provocam emissões de diferentes tipos de poluentes com
diferentes taxas. Dentre os poluentes mais comuns emitidos por esta atividade, estão:

- Material Particulado (PTS);


- Monóxido de carbono (CO);
- Dióxido de Nitrogênio (NO2);
- Dióxido de Enxofre (SO2).

67

RIMA - MONTASA
Figura 4.6.2.3.1-1 – Ruas de São Sebastião, localidade que estará na rota do transporte
da cana-de-açúcar

Figura 4.6.2.3.1-2 - Estrada vicinal entre Rodovia Estadual ES-209 e a Fazenda


Conquista

Estes impactos serão minimizados com um planejamento do fluxo veicular em paralelo


com o traçado escolhido, comunicação à população e aos usuários dos trechos que
estiverem sendo utilizado como rota de transporte. Além de respeito às leis de trânsito,

68

RIMA - MONTASA
conforme preconizadas na legislação pertinente, seguindo as recomendações dos
órgãos federais, estaduais e municipais quanto aos controles necessários para
realização da mesma. Principalmente, quanto à velocidade, evitando acidentes e
emissões de material particulado em vias não pavimentadas. Sobretudo, manter sempre
os motores dos veículos utilizados nesta fase regulados, efetuando as trocas de óleo,
obedecendo à programação da ação preventiva; realizando inspeção diária visualmente
e medições periódicas da função do escapamento e intervir sempre que for constatada
a emissão de fumaça fora do normal.

Os pontos de possíveis emissões atmosféricas que merecem destaques na área de


implantação da unidade fabril são as vias de circulação interna, que em termos de
concentração, a ressuspensão de material particulado não é significativa, entretanto,
deve ser citada. A emissão proveniente dos escapamentos dos veículos nestas vias
também é outra fonte não significativa geradora de poluentes atmosféricos (fonte
móvel).

Controle das Emissões Atmosféricas

Um programa de controle da poluição do ar deve ter como objetivo garantir que os


poluentes atmosféricos nas áreas receptoras mantenham-se em concentrações tais que
não afetem a saúde humana, nem causem danos à flora, à fauna, aos materiais e ao
meio ambiente em geral. Para isso, deve ser controlada a emissão dos gases e de
material particulado nas fontes e aproveitadas as condições de dispersão dos mesmos na
atmosfera.

Na Tabela 4.6.2.3.1-1 estão relacionados os respectivos controles dos pontos de geração


de poluentes atmosféricos.

69

RIMA - MONTASA
Tabela 4.6.2.3.1-2- Controle das emissões atmosféricas
PONTO DE
POLUENTE ATMOSFÉRICO CONTROLE
GERAÇÃO
Tráfego Interno Material Particulado Umectação das vias internas, evitando,
assim, a ressuspensão do material
depositado.

Veículos Caminhões (Diesel): NOx, HC, MP Manutenção adequada e periódica dos


(escapamento) Automóveis/motos (gasolina): motores e Regulagem dos motores. (*)
NOx, SOx, MP, CO, HC
Automóveis (álcool): HC
Hidrocarboneto

(*) - manter sempre os motores regulados, efetuando as trocas de óleo, obedecendo à programação da ação
preventiva; realizando inspeção diária visualmente e medições periódicas da função do escapamento. Intervir
sempre que for constatada a emissão de fumaça fora do normal.

4.6.2.3.2 Fase de Operação

Efluentes Líquidos

Os efluentes domésticos gerados nesta fase, provenientes dos banheiros, restaurante,


copa, etc, receberão o mesmo tratamento descrito para a os efluentes líquidos oriundos
da fase de implantação do empreendimento.

Os efluentes oriundos das instalações de apoio, as quais contemplam áreas de


armazenamento de óleo diesel e gasolina, área de estocagem de óleo usado, área de
estocagem de tanques de óleo novos, áreas de lavagem de veículos, oficina mecânica e
lavagem de peças da indústria, passarão por um sistema separador de água e óleo,
seguindo, posteriormente, para a rede de drenagem pluvial.

Já os efluentes gerados no processo industrial receberão tratamento específico, visando o


reaproveitamento dos mesmos no solo destinado ao plantio de cana-de-açúcar. O
detalhamento desta etapa encontra-se descrito a seguir.

A água de lavagem de cana-de-açúcar, originalmente água industrial bruta, passa através


das canas sobre a mesa de alimentação e lavagem, arrastando suas impurezas,
basicamente compostas por areia e palha, sendo encaminhadas para a sedimentação
destas impurezas num decantador.

70

RIMA - MONTASA
O fluxo de água suja passa por um separador de correntes, tipo cush-cush, de onde são
retirados os toletes de cana caídos da mesa e a palha existente, os quais são lançados de
volta no colchão de cana lavada a caminho da moagem.

Devido ao grande volume de areia arrastado durante e após a lavagem da cana, a água
de lavagem segue para um tanque decantador de areia de grandes dimensões,
construído em concreto armado, onde há a sedimentação dos sólidos pesados. Nesta
etapa, o efluente, já isento de areia, é recirculado através de bombeamento para os
aspersores de lavagem de cana situados sobre a mesa alimentadora. A Figura 4.6.2.3.2-1
mostra o fluxograma da dinâmica do efluente gerado no início do processo de produção
de álcool.

Água de lavagem

ÁGUA DECANTADA -
Tanque de
Retorno ao processo
decantação
(mesa alimentadora)

ÁGUA SATURADA – segue


para o tanque de mistura

Legenda:
- Efluente líquido gerado
- Etapa/processo de tratamento e/ou destinação final
Figura 4.6.2.3.2-1- Fluxograma do sistema de Tratamento I

Após 3 a 4 dias de uso em circuito fechado, a água de lavagem torna-se imprópria e é


conduzida para o tanque de mistura, onde se junta ao vinhoto e demais águas residuais
servidas. A areia acumulada no tanque desarenador é retirada por meio de pá mecânica
e caminhão-caçamba e é utilizada na recuperação de carreadores e de estradas vicinais.
O material orgânico, composto de resíduos de palha e bagacilho, retornam ao campo,
recuperando as áreas arenosas menos férteis.

O vinhoto após sair da coluna A de destilação é bombeado e escoado através de conduto


fechado para o tanque de mistura. Devido às suas propriedades nutrientes, rico em
71

RIMA - MONTASA
potássio (K) e matéria orgânica, o vinhoto produzido pela unidade industrial, juntamente
com a água de lavagem de cana e demais águas servidas, serão totalmente aproveitados
na adubação dos canaviais, através de um sistema integrado de fertirrigação.

Às demais águas servidas, identificadas como sendo:


- as águas de lavagem dos fundos das dornas de fermentação;
- dos pisos industriais;
- águas pluviais do pátio de cana;
- as purgas do sistema de geração de vapor (caldeira); e
- outras águas sujas serão coletadas em canaletas apropriadas.

A Figura 4.6.2.3.2-2 mostra o fluxograma de destinação do vinhoto e demais águas


servidas.

Vinhoto

Águas servidas Tanque de


(Diferentes fontes) mistura

FERTIRRIGAÇÃO
(Aplicação no solo como
fertilizante)
Legenda:

- Efluente gerado
- Etapa/processo de tratamento e/ou destinação final

Figura 4.6.2.3.2-2 - Fluxograma do Sistema de Tratamento IV

O aparato de fertirrigação é constituído por canaletas ao longo da área onde se desejar


fertilizar o solo e, também, equipamentos para bombeamento do efluente na área. O
funcionamento correto deste sistema requer um dimensionamento preciso, onde se
devem levar em consideração os princípios fundamentais da hidráulica.

A Figura 4.6.2.3.2-1 mostra um sistema de fertirrigação em operação.

72

RIMA - MONTASA
Figura 4.6.2.3.2-1 - Distribuição do vinhoto na área de plantio da cana-de-açúcar

Resíduos Sólidos

Além dos resíduos sólidos domésticos gerados nas diversas áreas da empresa: escritório;
planta industrial, restaurante, copa, etc, são gerados também resíduos industriais. Vale
destacar que todos os resíduos gerados terão coleta, manejo e disposição final
adequados, pois a empresa será submetida a um Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos e Plano de Coleta Seletiva.

Os lodos e tortas resultantes das operações de lavagem dos gases da caldeira e do


tratamento do caldo da cana-de-açúcar são recolhidos na área industrial, em
contenedores apropriadas e caminhão-caçamba. Todos os resíduos sólidos gerados na
área industrial, tais como o material sedimentado do decantador e a torta de filtro, são
ricos em nutrientes como fósforo (P), potássio (K) e matéria orgânica e por este motivo
são usados na adubação orgânica dos canaviais.

O bagaço da cana-de-açúcar é utilizado na geração de energia. A Figura 4.6.2.3.2-4


mostra o fluxograma de utilização do bagaço da cana-de-açúcar.

73

RIMA - MONTASA
Bagaço

Caldeira aquatubular
Água Fuligem
(geração de vapor)

Captação da fuligem:
Energia elétrica -Lavadores de gases
-Sistema de separação e recirculação
da água de lavagem dos gases

Legenda:
- Resíduo gerado
- Etapa/processo de tratamento e/ou destinação final
- Insumo
- Produto final
Figura 4.6.2.3.2-4 - Fluxograma do Sistema de Tratamento II

O bagaço é utilizado como combustível para a caldeira aquatubular, que requer água
para geração de vapor, energia mecânica e energia elétrica. A captação da fuligem é
realizada por meio de um sistema de lavadores de gases, que possui um sistema próprio
de tratamento e recirculação.

Os demais resíduos, conforme dito anteriormente, são utilizados na fertilização do solo. A


Figura 4.6.2.3.2-5 mostra o fluxograma de tratamento do lodo e de bagacilho, realizado
no filtro a vácuo.

Lodo

CALDO RESIDUAL
Bagacilho Filtro a vácuo (Retorno ao processo junto
ao caldo misto)

TORTA DE FILTRO
(Aplicado no solo como
fertilizante)

Legenda:
- Resíduo gerado
- Etapa/processo de tratamento e/ou destinação final
Figura 4.6.2.3.2-5 - Fluxograma do Sistema de Tratamento III

74

RIMA - MONTASA
Emissões Atmosféricas

As atividades decorrentes de operação do empreendimento, associada à necessidade de


transporte da matéria-prima material por via rodoviária, quando da operação, e
transporte de passageiros provocam emissões de diferentes tipos de poluentes com
diferentes taxas. Dentre os poluentes mais comuns emitidos por esta atividade, estão:
- Material Particulado (PTS);
- Monóxido de carbono (CO);
- Dióxido de Nitrogênio (NO2);
- Dióxido de Enxofre (SO2).

Controle das Emissões Atmosféricas

O controle nas fontes visa reduzir a concentração de poluentes antes de ser lançado na
atmosfera. Isto é conseguido através da implantação de sistemas de controle e/ou
adoção de procedimentos operacionais. Dentre os principais citam-se:
- altura adequada das chaminés de indústrias, em função das condições de dispersão
dos poluentes;
- uso de matérias-primas e combustíveis que resultem em resíduos gasosos menos
poluidores;
- modificação dos processos industriais, objetivando reduzir a emissão de poluentes;
- operação e manutenção adequadas dos equipamentos, visando a garantir o bom
funcionamento dos mesmos, diminuindo-se o lançamento de poluentes atmosféricos;
- melhoria da combustão. Quanto mais completa a combustão, menor a emissão de
poluentes;
- controle da emissão de poluentes nos veículos;
- uso de combustíveis menos poluidores, nos veículos (exemplo: gás natural);
- instalação de equipamentos de retenção de partículas e gases.

Alguns dos equipamentos de controle mais usados:


- ciclone - empregado para retenção do material particulado contido em uma corrente
gasosa;
- lavador de gases – usado tanto para o controle de poluentes gasosos (SO2, HCI e
outros) quanto de material particulado em uma corrente gasosa;
- filtro de mangas – utilizado especificamente para a retenção de material particulado
75

RIMA - MONTASA
presente em um gás;
- precipitador eletrostático – equipamento de filtração que apresenta o melhor índice
de eficiência (superior a 99 %) para o controle da poluição do ar.

As principais emissões atmosféricas na fase de operação do empreendimento e os


controles são:

- gases resultantes da queima do bagaço de cana-de-açúcar na caldeira de geração de


vapor d’água, os quais serão previamente lavados (lavador de gases) antes da
liberação na atmosfera.

- gás carbônico (CO2), resultante da ação do fermento (levedura) sobre a sacarose


durante o processo de fermentação do caldo de cana. Este gás inerte e de extrema
pureza é lançado na atmosfera sem efeito maléfico algum, pois a cana que o originou
absorveu anteriormente quantidade de CO2 equivalente através da fotossíntese;

- vapor de escape das turbinas e das válvulas de segurança e alívio de pressão da rede
de vapor.

- manter sempre os motores de veículos e equipamentos regulados, efetuando as trocas


de óleo, obedecendo à programação da ação preventiva; realizando inspeção diária
visualmente e medições periódicas da função do escapamento. Intervir sempre que for
constatada a emissão de fumaça fora do normal.

Vale lembrar que esta temática será rigorosamente tratada no capítulo de diagnóstico
ambiental.

4.6.3 Armazenagem / Estocagem das Matérias-primas, Produtos e


Subprodutos

4.6.3.1 Matéria-prima

A matéria-prima do processo industrial é única e exclusivamente a cana-de-açúcar. Não


há estocagem intermediária de cana, pois esta começa a perder qualidade a partir do
momento em que é cortada, devendo ser processada entre o intervalo de tempo de 48 a

76

RIMA - MONTASA
72 horas após o corte. No galpão industrial de moagem existirá espaço para até 600
toneladas de cana, suficientes para suprir a operação de 3 a 4 horas de moagem.

4.6.3.2 Insumos Industriais

A Tabela 4.6.3.2-1 relaciona todos os insumos utilizados no processamento industrial da


empresa.

Tabela 4.6.3.2-1 – Insumos utilizados no processo de produção de álcool

Insumo Aplicação Armazenamento Quantidade


Controle de pH/acidez e
Tanque cilíndrico 5,65 g/litro de
Ácido sulfúrico (H2SO4) assepsia do processo
de aço carbono. álcool
fermentativo.
Big-bags de
Caleação e decantação do
1.000 kg 0,5 Kg por ton
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 caldo de cana. Neutralização
(armazém de cana
da água de lavagem de cana.
fechado).
Controle do excesso de
espuma formado no interior Tambores de 200
Dispersante de espuma da primeira dorna de litros (armazém 0,085 g/l
fermentação. fechado).

Desidratação do álcool
hidratado para transformá-lo Tanque cilíndrico 1,53 g/l de
Ciclo-hexano
em álcool anidro. de aço carbono. álcool anidro

Óleo lubrificante para rodetes Tambores e 10,5 g/t


de moendas SP-4000 baldes de aço
Óleo lubrificante para rodetes carbono. Ficarão 2,5 g/t
de moendas SP-6000 no almoxarifado
Óleo hidráulico para turbinas e industrial, em 3,0 g/t
redutores de alta rotação
Usados nas moendas, área com
Óleo lubrificante para
redutores de velocidade e barreiras de
redutores de média rotação 1,5 g/t
SP-220 demais equipamentos contenção para
Óleo lubrificante para industriais. conter eventuais
redutores de baixia rotação derramamentos 1,45 g/t
SP-680 com sistema
separador de
Graxa lubrificante de uso geral
água e óleo 1,78 g/t
Mobilarma / Rust Prof
(SAO).
Sacos de 50 kg
Carbonato de cálcio (CaCO3) Tratamento d’água. (prédio anexo a 8,25 kg/dia
ETA).
Cloreto de sódio (NaCl) Tratamento d’água. Sacos de 25 kg 31,5 kg/dia
Tratamento d’água.
Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 Sacos de 50 kg 13,7 kg/dia

77

RIMA - MONTASA
4.6.3.3 Produto Final

Os dois produtos finais, álcool hidratado e álcool anidro, após saírem das respectivas
colunas de destilação B e C, passarão por um tanque de medição e serão enviados para
os tanques cilíndricos de estocagem final, fabricados em aço carbono, cada um com
capacidade de 5.000 m³.

4.6.3.4 Subprodutos

- Vinhoto - segue para o tanque mistura e, juntamente com a água de lavagem de cana
e demais águas servidas, retornam aos canaviais pelo sistema de fertirrigação.

- Bagaço - após sair do último terno de moendas, abastecerá a caldeira de geração de


vapor, a qual consome aproximadamente 95 a 97% do seu volume. O bagaço
excedente seguirá para o pátio de estocagem de bagaço e servirá de reserva e pulmão
para alimentar a caldeira, usando esteiras de retorno, durante as paradas das
moendas.

4.7 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO EMPREENDIMENTO NO CONTEXTO


REGIONAL

No Espírito Santo, os primeiros engenhos de cana surgiram em São Mateus. Em 1605, a


cultura da cana já era importante também em Vitória, onde se produzia açúcar e
aguardente.

O setor sucro-alcooleiro iniciou-se no Espírito Santo no início do século passado, com a


implantação da Usina Paineiras, no sul do Estado (instalada em 1911/12 – obra do
Governo Jerônimo Monteiro), buscando dinamizar a região, onde predominava a pecuária
e a monocultura do café. Com a crise no mercado internacional no setor cafeeiro, nasce
o projeto de uma usina de açúcar.

A instalação da usina de açúcar no Estado do Espírito Santo foi inspirada no sucesso de


Campos, município do Estado do Rio de Janeiro, que possui divisa com o Espírito Santo
ao sul do estado, e que contava com 24 usinas na época e detinha o título de maior
produtor de açúcar do mundo.
78

RIMA - MONTASA
Com a crise do petróleo em 1973, elevando o preço do barril de US$ 7,00 a US$ 9,00
para US$ 30,00, a economia do mundo inteiro se abalou e veio a necessidade de buscar
alternativas energéticas. Dentro deste panorama, pressionado pela falta de divisas para
seu abastecimento de petróleo, o Brasil viu como opção de médio e longo prazo
dinamizar a Petrobras, não só na prospecção, como também no refino. E, a curto, médio
e longo prazo, a bioenergia extraída da cana-de-açúcar, com todas as facilidades do
ambiente edafo-climático propício brasileiro e conhecimento tecnológico, visto que, desde
a 2° Guerra Mundial, o Brasil utilizava o álcool anidro na gasolina como complemento.

Em 1977/1978 foi criado o Pró-álcool, um programa considerado ambicioso por críticos


na época, que, além de substituir grande parte da importação de petróleo, tornou-se um
marco na cadeia ambiental, pois a queima do álcool, sendo um oxigenado, emite menos
de 10% de poluentes que os carbonados derivados de fóssil.

Fundada em 1980, a DISA Destilaria Itaúnas S.A., empresa mantenedora do grupo


Donato, esta sediada a Rodovia BR 101 KM 39,2 – Bairro Sayonara – Município de
Conceição da Barra, região norte do Estado do Espírito Santo. É composta por mais duas
subsidiárias: APAL – Agropecuária Aliança S.A. e JHD – Condomínio Agrícola Jorge
Henrique Donato, que têm suas atividades voltadas para o cultivo da cana-de-açúcar,
café, seringa.

Atuando no mercado nacional, o grupo DISA conta com um quadro de 1700 funcionários
diretos, todos voltados para o desenvolvimento da empresa e a satisfação de seus
fornecedores, clientes e comunidade.

Teve-se, assim, tantos benefícios em âmbito nacional quanto estaduais, onde destacam-
se principalmente: emprego no campo com profissionalização, assistência social, evitando
o êxodo rural, arrecadação de impostos, enfim, enriquecimento regional e uma imagem
totalmente positiva.

Porém, com a superação da crise internacional do petróleo, o governo começou


suspender algumas vantagens, em forma de subsídio, dos produtores de álcool e, em
1997/1998, deixou o setor ‘à própria sorte’, dificultando ainda mais o setor, sem crédito e
sem investimentos para crescer.

79

RIMA - MONTASA
Apesar de todas as adversidades e acreditando em algumas expectativas
governamentais, o setor no Espírito Santo deu a volta por cima e cresceu, passando de
Estado importador de álcool a quase auto-suficiente. Porém, continua sendo grande
importador de açúcar.

Desde a sua implantação e em maior escala a partir da metade do Século XX, as


indústrias do setor sucroalcooleiro desenvolveram instalações próprias de geração
elétrica, seja através de pequenos aproveitamentos hidrelétricos, óleo diesel, e depois
face à indisponibilidade de energia elétrica e aos seus custos, adotaram-se sistemas de
geração, em processo de co-geração, ajustados às necessidades do processamento
industrial da cana-de-açúcar, utilizando o bagaço.

Mas como a quantidade do bagaço produzida é muito elevada (aproximadamente 30%


da cana moída), existe um grande potencial para geração de eletricidade para venda
comercial.

De acordo com vários estudos realizados, o potencial de geração de eletricidade a partir


de bagaço de cana no Brasil está estimado em aproximadamente 4.000 MW com
tecnologias comercialmente disponíveis. As alterações na regras do mercado de energia
elétrica estão criando melhores condições para a oferta de energia por produtores
independentes, podendo ser atrativas para o setor sucroalcooleiro, que vem
experimentando mudanças e acompanhando pouco a pouco o desenvolvimento
tecnológico, para aumentar sua produção de eletricidade.

No Espírito Santo, as avaliações sobre a economia capixaba em 2003 se dividiam entre o


pessimismo pelo efeito da estiagem prolongada sobre a agropecuária, principalmente no
norte do Estado, e o otimismo pela liderança no crescimento industrial.

De fato, a agropecuária teve uma queda de 11% em seu desempenho, porém este
resultado se deveu mais à relação entre os gastos com os insumos e a produção, do que
ao desempenho da própria produção. Apesar de tratar-se de um ano de queda no ciclo
da bianualidade do café e ao já citado problema da seca, a queda no total da produção,
Valor Bruto da Produção – VBP, foi de apenas 2%. O que agravou a situação da atividade
foi o crescimento de 7,8% nos insumos, ocasionado principalmente pela utilização
intensiva de energia elétrica para irrigação em função da seca. Por outro lado, a atividade
também é influenciada pela questão dos preços.
80

RIMA - MONTASA
Mais recentemente, a queda de participação da agropecuária no Produto Interno Bruto
(PIB) estadual estava relacionada à baixa de preços do café por cinco anos consecutivos.
Em 2003, o café apresentou uma recuperação de preços importante, da ordem de 46%,
que, depois de vários anos levou a produção (VBP) a uma variação de preços positiva de
16%. Em contrapartida os índices de preços referentes aos insumos, Índice de Preços
por Atacado - Oferta Global (IPA-OG), oscilaram, em média, 30%. Desta situação,
resultou uma queda de 11% no Valor Adicionado da Agropecuária, como já foi dito, e
uma variação de preços igual a 1 quebrando, pelo menos, o ciclo de preços negativos,
embora sobre uma base muito baixa. Por fim, a agropecuária, que até o ano de 2000
manteve uma participação média entre 7% e 8% no PIB estadual, chega a 2003 com
uma participação de 3,63%; por sua vez, a relação de proporcionalidade entre os gastos
com insumos e o valor da produção da atividade, que em toda a série girou em torno de
um pouco mais de 30%, chegou a quase 50% em 2002 e a 61,10% em 2003, indicando
uma descapitalização do setor.

Com a expectativa gerada pelo setor sucroalcooleiro, inclusive pela geração de


oportunidades econômicas em empreendimentos co-relatos, como a fabricação de
veículos bi-combustíveis, que chega ao mercado como opção na área de biocombustíveis,
substituíndo a necessidade de extração e consumo excessivo de produtos originados de
recursos não-renováveis e, assim, elevando a demanda pelo plantio da matéria-prima, a
etapa de industrialização da cana-de-açúcar, bem como o aproveitamentos de seus sub-
produtos, podem significar extrema importância no aquecimento na economia
montanhense. Vale ressaltar que a atividade a ser exercida pelo empreendimento gera
uma série de sub-produtos, inclusive geração de energia, para ser utilizada não somente
pela indústria, que torna-se auto suficiente, mas pela possibilidade de contribuição na
matriz energética do Estado.

Outro dado de grande importância a ser destacado é a geração de novas oportunidades


de emprego na região, segundo o empreendedor, a fase de implantação do
empreendimento utilizará mão-de-obra da ordem de 188 pessoas e na fase de operação
poderá chegar a 190 pessoas em época de safra.

81

RIMA - MONTASA
DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA 5

Considera-se como área de influência direta, aquela na qual os impactos decorrem


diretamente do planejamento, da implantação e/ou da operação do empreendimento e a
área de influência indireta, ou seja, aquela que recebe as conseqüências secundárias das
atividades. Assim, para o desenvolvimento do presente trabalho foram considerados os
níveis de abrangência descritos a seguir, de acordo com o meio analisado.

Conforme se pode observar, para o Meio Físico foi definida como área de influência direta
uma abrangência de um raio de 300 metros , enquanto que para o Meio Biótico a área de
influência direta a ser considerada possui 1.000 metros no entorno da área eleita para
implantação da MONTASA, Ao passo que a área de influência indireta foi considerada
como um raio de 5.000 metros para os meios físico e biótico.

As áreas de influência do Meio Antrópico foram delimitadas conforme a divisão


microrregional administrativa de gestão do Estado do Espírito Santo. De acordo com as
características do empreendimento e conforme a Lei nº 5.120, de 30/11/95, alterada
pelas leis: Lei nº 5.469, de 22/09/97, Lei 5.849, de 17/05/99 e Lei 7.721, de 14/04/04,
que divide o estado em Microrregionais Administrativas de Gestão e Macrorregiões de
Planejamento, a Microrregião Administrativa de Gestão Extremo Norte e o Município de
Pedro Canário serão abordados como área de influência indireta.

A Microrregião Administrativa de Gestão Extremo Norte é formada pelos Municípios de


Montanha, Mucurici, Pinheiros e Ponto Belo.

Para a área de influência direta, será considerada a área do Município de Montanha.

Vale ressaltar que o fato da delimitação prévia das áreas neste capítulo não descarta uma
abordagem mais ampla quanto a impactos peculiares que necessitem de maior
abrangência em relação às áreas.

82

RIMA - MONTASA
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 6

6.1 MEIO FÍSICO

6.1.1 Climatologia

6.1.1.1 Caracterização Climática da Região

O Município de Montanha está situado ao norte do Estado do Espírito Santo, possuindo


divisa com os Municípios de Pedro Canário, Pinheiro, Ponto Belo e Mucurici dentro do
Estado e com o Município de Nanuque no Estado de Minas gerais. A região possui,
quanto ao comportamento térmico, um clima tropical quente com 6,9% de áreas
acidentadas e secas e 93,1% de áreas planas e secas.

Conforme dados da Estação Meteorológica de Mucurici, cuja localização, encontra-se


mais próxima da área onde o empreendimento pretende ser instalado e de acordo com
informações do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural –
INCAPER, responsável pela estação, à média da temperatura máxima e mínima nos
meses de janeiro e julho evidenciam esses meses como o mais quente e o mais frio do
ano de 2005, com valores de 26,1ºC e 12,5ºC, respectivamente. A umidade relativa com
uma oscilação entre 73 % a 86 % e as chuvas atingindo um valor anual de 1300,2 mm.

Os ventos nordeste são os mais freqüentes na região, apresentando uma variedade


quanto à velocidade em relação às outras direções.

6.1.1.2 Considerações Gerais

Com o objetivo de apresentar a caracterização meteorológica da área situada no


Município de Montanha e escolhida para implantação do empreendimento, MONTASA –
Montanha Álcool e a Açúcar S.A., foram considerados os dados existentes, relativos aos
parâmetros de temperaturas (médias das máximas, média, mínima, máxima absoluta e
mínima absoluta), umidade relativa média do ar, precipitação (média esperada e ocorrida
no período monitorado), números de dias de chuvas e evapotranspiração (potencial
83

RIMA - MONTASA
média do período), fornecidos pelo INCAPER, no período 01 /01/2005 a 27/03/2006.

A Figura 6.1.1.2-1 apresenta a Média Mensal da Temperatura Máxima e Mínima no


período de 1976 a 1989 e 2001 a 2004. Enquanto que a Figura 6.1.1.2-2 apresenta a
Média Anual da Temperatura Máxima e Mínima no período de 1976 a 1989 e 2001 a 2004.

- Temperatura Média (ºC)

Apresenta uma média mensal superior acima de 20 ºC para todos os meses no ano de
2005 e entre os meses de janeiro a março de 2006. A média anual para o referido
intervalo de tempo é de 23,7 ºC e 26,3 ºC, respectivamente.

- Temperatura Máxima (ºC) e Mínima (ºC)

As temperaturas máximas e mínimas apresentam uma média mensal superior acima de


26ºC para todos os meses no período do ano de 2005 e 17ºC entre os meses de janeiro
a março de 2006. A média anual nesse intervalo de tempo é de 29,8ºC e 35,9ºC para as
médias mensais da temperatura máxima e 19,8ºC 20,1ºC para as médias mensais da
temperatura mínima.

Figura 6.1.1.2-1 – Gráfico climatológico da Média Mensal da Temperatura Máxima e


Mínima no período de 1976 a 1989 e 2001 a 2004
Fonte: INCAPER < http://www.incaper.es.gov.br/clima/mucurici_bol.htm> Acessado em 21/01/2006

84

RIMA - MONTASA
Figura 6.1.1.2-2 – Gráfico climatológico da Média Anual da Temperatura Máxima e
Mínima no período de 1976 a 1989 e 2001 a 2004
Fonte: INCAPER < http://www.incaper.es.gov.br/clima/mucurici_bol.htm> Acessado em 21/01/2006

- Temperatura Máxima absoluta (ºC) e Mínima absoluta (ºC)

As temperaturas máximas e mínimas apresentam uma média mensal superior acima de


30ºC para todos os meses no período do ano de 2005 e 12ºC entre os meses de janeiro
a março de 2006. A média anual para referido intervalo de tempo é de 33,8ºC e 34,3ºC
para as médias mensais da temperatura máxima absoluta e 16,8ºC e 19,8ºC para as
médias mensais da temperatura mínima absoluta.

- Precipitação e Número de Dias de Chuva

A média mensal da precipitação esperada e da ocorrida no período de 2005 e entre os


meses de janeiro a março de 2006 superior a 24 mm. A média anual para o referido
intervalo de tempo é de 85 mm e 105,9 mm para 2005 e 118 mm e 111,8 mm para
2006, respectivamente.

Em relação aos dias de chuva, é verificada uma média mensal superior a 5 dias, período
de 2005, e 2 dias entre os meses de janeiro a março de 2006. A média anual para o
referido intervalo de tempo é de 10 dias para 2005 e 9 para os meses estudados do ano

85

RIMA - MONTASA
de 2006. A Figura 6.1.1.2-3 apresenta uma série histórica, com informações do período
de 1976 a 1989 e de 2001 a 2004 de média mensal de precipitação e de dias chuvosos.

Figura 6.1.1.2-3 – Gráfico climatológico da Média Mensal da Precipitação e de Dias


Chuvosos no período de 1976 a 1989 e 2001 a 2004
Fonte: INCAPER < http://www.incaper.es.gov.br/clima/mucurici_bol.htm> Acessado em 21/01/2006

- Umidade Relativa do Ar

Com relação à umidade relativa do ar, apresenta a média mensal superior acima 70%
para o período de 2005 e entre os meses de janeiro a março de 2006. A média anual
para o referido intervalo de tempo é de 80%, para 2005, e 73% para os meses do ano
de 2006.

- Evapotranspiração

A evapotranspiração apresenta um potencial médio superior acima 2,5 para o período de


2005 e de 5,5 entre os meses de janeiro a março de 2006. A média anual apresentada
em 2005 é de 4,71 e 5,64 para os meses do ano de 2006.

6.1.2 Qualidade do Ar

Os limites que possibilitam a garantia da proteção da saúde humana, bem como dos
componentes do meio ambiente, são estabelecidos através de critérios científicos para
86

RIMA - MONTASA
cada tipo de contaminante do ar e regulamentados no Brasil através da Resolução
CONAMA nº 03/1990, sendo definidos como padrões de qualidade do ar.

Os padrões primários de qualidade do ar são limites de concentração que se


ultrapassados poderão afetar a saúde da população, podendo ser entendidos como níveis
máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em
metas de curto e médio prazo.

Os padrões secundários de qualidade do ar são limites de concentração, abaixo dos quais


se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo
dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral, podendo ser
entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, em metas de longo
prazo.

A busca de um equilíbrio sem comprometimento da qualidade do ar será sempre a


melhor opção. Portanto, tal opção deve levar em consideração as características regionais
sob os diversos aspectos inerentes, como: clima, uso e ocupação do solo, condições
antrópicas e naturais.

A dinâmica regional é um fator que influencia diretamente no planejamento ambiental


para os recursos atmosféricos de uma região, pois através do comportamento e dos
fatores de uso e ocupação do solo, bem como da interação de atividades antropogênicas
é que é possível definir medidas preventivas, preditivas e corretivas quanto ao controle
das fontes de emissão, suas influências e efeitos.

Tendo em vista as poucas atividades potencialmente poluidoras do ar existentes na


região onde será instalado o empreendimento e nas prioridades de implantação de
monitoramento da qualidade do ar, esta região ainda não contempla uma rede de
monitoramento, visto a ausência de fontes significativas de alteração da qualidade do ar
existentes no local.

A região do Município de Montanha abrange uma área de 1.103 Km², apresentando


grande destaque em relação ao setor agropecuário, quanto a pecuária bovina,
ovinocultura, olericultura, cultura do café, mandioca, abóbora, milho, feijão e fruticultura
que é representada pela cultura do mamão, abacaxi, bananas, coco-da-bahia e cana-de-
87

RIMA - MONTASA
açucar, portanto, o município não apresenta áreas industrializadas de grande porte. As
agroindústrias existentes no município são: Aguardente “Cabocla, Capoeira, Juracinha,
Alambique Panciere, produtos estes comercializados no próprio Município de Montanha.

Com relação às rodovias estaduais tem-se a Rodovia 130-ES (pavimentada), ligando a


Cidade de Montanha a Cidade de Pinheiro ao sul e, ao norte, a localidade de Água Boa. A
Rodovia 209-ES (parcialmente pavimentada), trecho este até a Cidade de Mucurici e a
localidade de Córrego Seco. O restante da rodovia que vai da localidade de Córrego Seco
até a Cidade de Pedro Canário não é pavimentada, sendo justamente este o trecho a ser
mais utilizado durante as atividades do empreendimento.

Concluí-se que a região apresenta uma boa qualidade do ar, pois é uma área rural, com
exceção das possíveis emissões de material particulado, devido à utilização das vias
(estaduais e municipais) de tráfegos não pavimentadas, para locomoção da população e
de produtos agropecuários e de fruticultura e possíveis focos de queimadas que são
constatados pela Defesa Civil do Estado do Espírito Santo.

6.1.2.1 Emissões Atmosféricas

6.1.2.1.1 Caracterização das Fontes de Emissão Atmosféricas

Poluentes Atmosféricos

As emissões atmosféricas são geradas devido a atividades industriais (empresas de


diversos tipos, com, por exemplo, a construção civil), movimentação de veículos,
queimadas, promovendo o lançamento para a atmosfera de poluentes como gases e
material particulado. Estes poluentes, em determinadas concentrações, são responsáveis
diretamente e indiretamente por afetar a saúde e segurança da população e ao meio
ambiente.

Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração,


possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem-
estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e
gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

88

RIMA - MONTASA
Os níveis de poluição atmosférica são medidos pela quantidade de substâncias poluentes
presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é
muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação. Para facilitar
esta classificação, os poluentes são divididos em duas categorias:

- poluentes primários: emitidos diretamente pelas fontes de emissão, sejam elas naturais
ou antrópicas;
- poluentes secundários: formados na atmosfera, através da reação química entre
poluentes primários e constituintes naturais da atmosfera. Exemplo: os oxidantes
fotoquímicos (reação química entre hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio), sendo
dentre eles o mais importante o ozônio.

Os poluentes passíveis de serem gerados em uma indústria de álcool são descritos a


seguir.

1) Material Particulado (MP, PM10)

Sob a denominação geral de material particulado (MP) se encontra uma classe de


poluentes constituída de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido, que
devido ao seu pequeno tamanho, se mantém suspenso na atmosfera. As fontes
emissoras desse poluente são as mais variadas, podendo ser através de incômodas
fuligens emitidas pelos veículos até as fumaças expelidas pelas chaminés industriais e
queimadas, poeira depositada nas vias de tráfego, tanto pavimentada ou não
pavimentada, levantada pelo vento ou pela movimentação de equipamentos automotores
de transporte de passageiro ou de cargas.

2) Hidrocarbonetos

São gases e vapores com odor desagradável, similar à gasolina ou diesel, irritante dos
olhos, nariz, pele e trato respiratório superior, resultantes da queima incompleta e
evaporação de combustíveis e outros produtos voláteis. Podem vir a causar dano celular,
sendo que diversos hidrocarbonetos são considerados carcinogênicos e mutagênicos.
Participam ainda na formação dos oxidantes fotoquímicos na atmosfera, juntamente com
os óxidos de nitrogênio (NOx).

89

RIMA - MONTASA
3) Óxidos de Nitrogênios (NOx)

Não está ainda perfeitamente demonstrado que o monóxido de nitrogênio (NO) constitua
perigo à saúde nas concentrações em que se encontra no ar das cidades. Entretanto, em
dias de intensa radiação, o NO é oxidado a dióxido de nitrogênio (NO2), que é altamente
tóxico ao homem, aumentando a susceptibilidade às infecções respiratórias e aos demais
problemas respiratórios em geral. Além de irritante das mucosas, provocando uma
espécie de enfisema pulmonar, podem ser transformados nos pulmões em nitrosaminas,
algumas das quais são conhecidas como potencialmente carcinogênica.

4) Dióxido de Enxofre (SO2)

A inalação do dióxido de enxofre (SO2), mesmo em concentrações muito baixas, provoca


espasmos passageiros dos músculos lisos dos bronquíolos pulmonares. Em concentrações
progressivamente maiores, causam o aumento da secreção mucosa nas vias respiratórias
superiores, inflamações graves da mucosa e redução do movimento ciliar do trato
respiratório, responsável pela remoção do muco e partículas estranhas. Pode aumentar a
incidência de rinite, faringite e bronquite.

Em certas condições, o SO2 pode transformar-se em trióxido de enxofre (SO3) e, com a


umidade atmosférica, transformar-se em ácido sulfúrico, sendo assim um dos
componentes da chuva ácida.

5) Monóxido de Carbono (CO)

É encontrado principalmente nas cidades devido ao grande consumo de combustíveis,


tanto pela indústria como pelos veículos. No entanto, estes últimos são os maiores
causadores deste tipo de poluição, pois além de emitirem mais do que as indústrias,
lançam esse gás à altura do sistema respiratório. Por isso, a poluição por monóxido de
carbono (CO) é encontrada sempre em altos níveis nas áreas de intensa circulação de
veículos dos grandes centros urbanos. Constitui-se em um dos mais perigosos tóxicos
respiratórios para o homem e animais, devido ao fato de não possuir odor, não ter cor e
não causar irritação e não ser percebido pelos sentidos.

90

RIMA - MONTASA
6) Dióxido de carbono (CO2)

O anidrido carbônico ou dióxido de carbono ou como é normalmente conhecido gás


carbono é resultado da combinação de dois elementos: o carbono e o oxigênio (CO2). É
um produto de reação em diferentes processos, tais como a combustão do carvão e dos
hidrocarbonetos, a fermentação dos líquidos e a respiração dos seres humanos e dos
animais. Também se encontra em fraca concentração na atmosfera terrestre. Este gás é
assimilado pelas plantas, que por seu turno, libertam oxigênio. O CO2 gasoso tem um
odor ligeiramente irritante, é incolor e mais pesado que o ar.

É um dos gases responsável pelo aumento do Efeito Estufa, que é a forma que a Terra
tem para manter sua temperatura constante.

Nos últimos anos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado


cerca de 0,4% anualmente. Este aumento se deve à utilização de petróleo, gás e carvão
e à destruição das florestas tropicais.

7) Gás Metano - CH4

O gás metano é produzido pela decomposição de matéria orgânica e normalmente não é


aproveitado, perdendo-se na atmosfera. Aliás, a sua perda na atmosfera colabora
também para o efeito estufa, pois seu contato com o oxigênio do ar produz uma queima
incompleta, que gera o monóxido de carbono (CO).

8) Fumaça

Pequenas partículas, resultantes de combustão e suspensas no ar. Pode se transformar


em névoa-seca, quando transportada por longas distâncias (40 a 160 quilômetros, ou
mais), é quando as partículas maiores se depositam. As partículas restantes se espalham

amplamente pela atmosfera.

91

RIMA - MONTASA
Fontes de Emissão Atmosférica

As fontes de emissão atmosférica geradas com a implantação e operação de um indústria


de álcool são apresentadas através do fluxograma do processo de instalação da indústria,
com a descrição das possíveis emissões atmosféricas e seus respectivos controles (Figura
6.1.2.1.1-1).

Fase de implantação destilaria de álcool – Emissões Atmosféricas

Transporte de Maquinário Poluentes Controle

•Manter veículos e
máquinas reguladas, com
•Gases (Nox, SO2, O e HC) suas manutenções em dia
e MP de veículos/máquinas de acordo com os manuais
Transporte de Operários
dos fabricantes.

•Utilização de lonas em
Transporte de Insumos caminhões responsáveis
(Areia, cimento,terra) pelo transporte de matéria-
prima que possa sofre a
ação eólica
•O3 através de reações
químicas na atmosfera
Terraplanagem (HC+Nox) •Efetuar umectação das
vias de tráfegos (internas e
acesso), áreas de manobra
e pátios de insumos,
evitando a ação eólica
Construções de:

•Vias de tráfego internas; •Promover a estocagem de


•Vias de acesso; matéria-prima, que possam
•Fundações; sofrer a ação eólica, em
•MP
•Obras civis; (vias não pavimentadas)
locais de menor incidência
•Sistema de drenagens. da ação do vento.

•Manter os veículos e
máquinas, providos de
Transporte de
equipamentos (silencioso) e
equipamentos
atendendo as exigências
legais de acordo com a
legislação vigente (federal,
•Ruídos estadual e municipal) em
relação à área escolhida
Montagem de para a instalação do
equipamentos empreendimento.
industriais

Atividades na implantação
Poluentes
Operação
Controles

Figura 6.1.2.1.1-1 - Fluxograma fase de implantação destilaria de álcool – emissões


atmosféricas
92

RIMA - MONTASA
O fluxograma do processo de plantio, corte e transporte da cana para uma indústria de
álcool, descrevendo as possíveis emissões atmosféricas e seus controles é mostrado na
Figura 6.1.2.1.1-2.

Plantio, corte e transporte cana-de-açúcar – Emissões Atmosféricas

Transporte de Operários Poluentes Controle


•Gases (Nox, SO2,CO e HC)
e MP de veículos/máquinas
•Manter veículos e
Operação de máquinas máquinas reguladas, com
•O3 através de reações suas manutenções em dia,
químicas na atmosfera de acordo com os manuais
(HC+Nox) dos fabricantes.
Preparação área p/ plantio •Efetuar umectação da vias
•MP de tráfegos utilizadas no
(vias não pavimentadas) transporte da cana.
Transporte de Insumos •Ruídos •Manter os veículos e
(adubo, fertilizante, etc.) máquinas providas de
equipamentos (silencioso),
atendendo as exigências do
fabricante e legais, de
acordo com a legislação
Corte da Cana
Poluentes vigente (federal, estadual e
municipal).
•Gases (NOx, CH4, SO2,CO,
CO2)
Queimada
•MP (PM10, PTS) Controle

•Fumaça / Fuligem (cinza)


Colheita •Promover queimadas
•O3 através de reações controladas, de acordo com
químicas na atmosfera técnicas corretas prevendo
(HC+Nox) a segurança necessária no
Transporte
momento da atividade.
de
Operários •Verificar no momento da
atividade se as condições
climáticas são propícias à
Mecanizada Manual execução da atividade;

•Adotar corte mecanizado


para o corte da cana.
Transporte da Cana

Destilaria de Álcool Atividades na implantação


Poluentes
Operação Controles

Figura 6.1.2.1.1-2 - Fluxograma fase de implantação destilaria de álcool – emissões


atmosféricas

93

RIMA - MONTASA
O fluxograma do processo de produção de uma indústria de álcool, apresentando as
possíveis emissões atmosféricas e seus controles são mostrados na Figura 6.1.2.1.1-3.

Operação planta de destilação de álcool – Emissões Atmosféricas

Transporte de Operários Poluentes Controle

•Manter veículos e
•Gases (Nox, SO2, CO e HC) máquinas reguladas, com
e MP de veículos/máquinas suas manutenções em dia,
de acordo com os manuais
Transporte de Insumos
dos fabricantes.
utilizados no processo
•O3 através de reações
•Efetuar umectação da vias
químicas na atmosfera
de tráfegos utilizadas no
(HC+Nox)
transporte da cana.
•Manter os veículos e
Transporte da Cana •MP (vias não máquinas providas de
pavimentadas) equipamentos (silencioso),
atendendo as exigências do
fabricante e legais, de
acordo com a legislação
•Ruídos vigente (federal, estadual e
Pesagem e avaliação municipal).

Poluentes Controle
Descarga da cana nas
mesas alimentadoras
•Fuligem (palha) •Promover limpeza do setor
através de varrição e
recolhimento do material,
Lavagem da Cana dando a destinação
apropriada aos mesmos.

Área de armazenagem
setor de moagem

Moagem

Bagaço Atividades na operação da planta de destilação


de Caldo
cana Poluentes
Controles

Figura 6.1.2.1.1-3 - Fluxograma do processo de produção da destilaria de álcool -


emissões atmosféricas

94

RIMA - MONTASA
Operação planta de destilação de álcool – emissões atmosféricas
(continuação)

Poluentes Controle
Correias
(transportadoras)
•MP (bagacilhos) •As correias serão
enclausuradas, evitando o
arraste eólico.
Poluentes
Galpão Processo de
coberto fermentação • Odor;
• CO2

Vinho

Correias Processo Poluentes


(transportadoras) de
destilação • Odor

Caldeiras

Lavadores
de gás
Poluentes
Controle
• Nox;
Chaminé • Lavagem dos gases nos
• CO2;
• MP (PTS e PM10) lavadores de gás.

Álcool Álcool
anidro hidratado

Armazenamento em
tanques

Atividades na operação da planta de destilação


Abastecimento Caminhões
Poluentes
Controles
Transporte do álcool

Figura 6.1.2.1.1-3 - Fluxograma do processo de produção da destilaria de álcool -


emissões atmosféricas (continuação)

Movimentação de Veículos

Durante a implantação tem-se a movimentação veículos e máquinas, devido a


terraplenagem executada na área escolhida para construção da planta industrial

95

RIMA - MONTASA
destinada a destilaria de álcool, ocorrendo remoção de terra, aterros, abertura de valas,
como também transporte de material (terra, areia, cimento) e equipamentos necessários
na execução da obra. Portanto, devido esta movimentação e a ação eólica no local
poderão vir a ser geradas emissões de material particulado. Para controle destas
possíveis emissões é normalmente adotada a umectação das vias de tráfegos, pátios e
utilização de lonas nos caminhões, quando necessário, durante a atividade de transporte
das matérias-primas (terra, areia, entulho), como também a utilização de locais com
menor interferência em relação à ação dos ventos onde são estocados a matérias-primas
(terra, areia, entulho), evitando o arraste eólico. Se houver necessidade, também
poderão ser adotados sistemas de aspersões fixos ou manuais, como procedimento de
controle, caso venha ser necessário.

Na operação, durante a execução das atividades diárias dentro da área industrial


(produção e agroindustrial) de uma indústria de álcool tem-se a movimentação dos
equipamentos (veículos/máquinas) lotados na obra, para transporte de pessoal, matéria-
prima, fertilizantes/adubos e equipamentos em geral necessários para o funcionamento
de um empreendimento deste tipo. Com esta movimentação pode ocorrer a emissão de
material particulado para atmosfera, ocasionando incômodo aos próprios funcionários,
bem como para a vizinhança próxima à empresa e a população que utiliza os trechos de
acesso em comum na região para sua locomoção.

No decorrer da implantação do empreendimento serão adotados controles para minimizar


a geração de material particulado conforme necessidade em cada atividade a ser
executada, dentro de normas específicas para situação, como também serão obedecidas
às legislações vigentes em nível federal, estadual e municipal. O controle mais comum
adotado nesta situação é umectação das vias de tráfegos ou áreas propícias a este tipo
de emissão, por caminhões pipas e sistemas de aspersões.

Para que este controle seja executado a contento, o transporte da cana-de–açúcar será
realizado com os devidos cuidados, velocidade controlada e outras necessidades para que
se possa evitar o mínimo de geração de material particulado, devido à movimentação dos
equipamentos rodoviários e os possíveis derrames da matéria-prima nas vias de tráfegos,
sendo que os mesmo serão recolhidos e direcionados ao processo de fabricação.

96

RIMA - MONTASA
Com relação à umectação das vias, serão realizados constantemente, principalmente no
período seco, podendo sofrer alterações se a situação assim exigir devido a um período
de estiagem maior. Este serviço contará com caminhões de umectação, adaptados com
canhão de aspersão e sistema de chuveiro na traseira do veículo. Portanto, a empresa
adotará a atividade de umectação das vias de tráfego (não pavimentadas), que estejam
diretamente atendendo as atividades do empreendimento, MONTASA, e que venham
contribuir com a geração de Material Particulado (poeira), seja no interior da área do
empreendimento ou fora dele trazendo à geração de emissões de poeira e que
porventura venha causar incômodo aos usuários diários destas vias, como também a
população que habitam a região. A umectação ocorrerá de acordo com plano de
umectação elaborado pela empresa, levando em conta as condições climáticas e tendo
como objetivo a redução da geração de emissões atmosféricas mantendo a qualidade do
ar em boas condições.

É importante informar que a área onde o empreendimento pretende ser instalado é uma
área agrícola, Fazenda Conquista, com 8,0 hectares, sendo hoje utilizada como criação
extensiva de gado bovino. O acesso ao empreendimento é feito pela Rodovia Estadual
ES-209 (não pavimentada) e vias municipais (não pavimentadas), passando pelos
povoados de 30 de maio e Ramal da Fumaça, levando em conta o trajeto da Cidade de
Montanha para o empreendimento e pelo povoado de São Sebastião do Norte, quando
vindo da Cidade de Pedro Canário.

Veículos e Máquinas

Um veículo automotor emite gases e partículas pelo tubo de escapamento de vapores,


através do sistema de alimentação de combustível, pelo respiro do carter e pelo desgaste
de pneus e freios.

O veículo desregulado aumenta consideravelmente o consumo de combustível e,


conseqüentemente, a emissão dos poluentes.

No caso de veículo a diesel, pelo fato de ocorrer à formação de fuligem, quanto mais
negra for à tonalidade da fumaça emitida, maior será a emissão de poluentes.

97

RIMA - MONTASA
Como pode-se ver através da explanação anterior, há existência de emissão atmosférica
por veículos e máquinas, portanto, é necessário que os veículos/máquinas estejam com
sua manutenção em dia evitando principalmente a emissão de material particulado
(fumaça negra).

Descarga, Armazenagem, Estocagem, Transporte da Cana-de-açúcar Através de Correias


Transportadoras para o Setor de Moagem.

A matéria-prima principal do processo industrial é única e exclusivamente a cana-de-


açúcar. A mesma começa perder a qualidade a partir do momento em que é cortada e
deve ser processada nas 48 – 72 horas seguintes.

Após o transporte (Figura 6.1.2.1.1-4), a cana-de-açúcar da área de plantio até a planta


industrial, ocorre como início do processo uma pesagem e avaliação da matéria-prima,
logo após a mesma é direcionada para o setor de descarga, atividade esta realizada por
guinchos tombadores (hillos), diretamente na mesa alimentadora para processar a
lavagem da cana. Na seqüência tem-se a descarga da cana lavada em espaço dentro do
galpão industrial de moagem, cuja capacidade será de até 600 toneladas, suficientes
para suprir a operação de 3 a 4 horas de moagem.

Figura 6.1.2.1.1-4 – Foto ilustrativa dos caminhões transportadores de cana-de-açúcar

98

RIMA - MONTASA
Com a moagem da cana-de-açúcar, obtém-se o caldo, que segue para processo de
fermentação, e a fibra, que se torna em outra matéria-prima de grande importância no
processo, que é o bagaço da cana, matéria-prima esta que é utilizada como combustível
(poder calorífico é excelente, sendo superior a 2.200.000 Kcal/T/bagaço) nas caldeiras,
equipamento responsável pela geração do vapor e utilizado para gerar energia térmica.

A quantidade de bagaço produzido é da ordem de 280 kg/tonelada de cana-de-açúcar


moída. Portanto, em uma tonelada de cana tem-se 666 kg de vapor gerado, pois em
média 1Kg de bagaço gera 2,2 kg de vapor. O bagaço produzido será quase na sua
totalidade utilizado para queima como combustível na caldeira, sendo estocado certa
quantidade necessária para ser usado no reinício do processo, após as paradas de
manutenção, em galpão coberto, evitando, assim, o possível arraste eólico de bagacilhos
(fibras de bagaço leves e de pequenas proporções) pela ação do vento.

O transporte do bagaço, seja para caldeira ou para o galpão coberto, ocorrerá através de
correias transportadoras, devidamente enclausuradas, com proteção em forma de “U” e
fechadas em suas laterais, visando controlar as possíveis emissões de material
particulado (bagacilhos) devido à ação eólica.

Queimadas

As queimadas são utilizadas na época da colheita da cana-de-açúcar, com a finalidade de


obter a queima da palha da cana e facilitando o trabalho dos cortadores. Infelizmente,
este processo faz com seja gerado altos níveis de emissão de material particulado, CO,
CO2 e NOx, como também gases, como O3, SO2 e CH4. É comprovado que este tipo de
operação está entrando em decréscimo, pois com ele vem o desperdício do crédito de
CO2 e por não existir nenhum controle ambiental quanto às emissões atmosféricas
geradas.

A alternativa mais freqüentemente sugerida para a solução do problema é justamente a


mecanização do corte, que permite dispensar a queima da cana. Esta opção, porém,
implica em drástica redução do emprego no período de safra, tendo um severo impacto
social. No Estado de São Paulo, já existe proposta definida para que o processo de
queimadas seja substituído pela colheita mecanizada. O empreendimento proposto e a

99

RIMA - MONTASA
ser instalado no Município de Montanha também utilizará a colheita mecanizada, devendo
seguir o seguinte cronograma:
- no primeiro ano de funcionamento (estima-se o início em 2008 - início da produção),
será realizada 100% de queimadas, com colheita da cana manual;
- no ano de 2009, 80% será de queimadas, com colheita manual, e 20% com colheita
mecanizada (2 colheitadeiras);
- no ano de 2010, 60% de queimadas, com colheita manual, e 40% com colheita
mecanizada (4 colheitadeiras);
- no ano de 2011, 30% de queimadas, com colheita manual, e 70% com colheita
mecanizada (5 colheitadeiras).

Para processar o corte mecanizado é necessária à aquisição de equipamentos específicos.


A MONTASA deverá adquirir 05 colhedeiras de cana-de-açúcar, conforme cronograma
mencionado anteriormente, sendo os equipamentos de marca CASE, Modelos 7000 e
7700. Nas Figuras 6.1.2.1.1-5 e 6.1.2.1.1-6, são apresentadas ilustrações das colhedeiras
a serem adquiridas para o empreendimento e utilizadas no processo mecanizado do corte
da cana-de-açúcar.

Figura 6.1.2.1.1-5 – Ilustração colhedeira CASE modelo 7000, potência de 335 CV (246
KW), tipo de rodado pneus e altura do despontador 3600 mm

100

RIMA - MONTASA
Figura 6.1.2.1.1-6 – Ilustração colhedeira CASE modelo 7700, potência de 335 CV (246
KW), tipo de rodado esteira e altura do despontador 3600 mm

Caldeiras Aquatubulares

As indústrias brasileiras de álcool têm como visão econômica e ecológica a utilização do


co-processamento do bagaço de cana-de-açúcar, devido ao seu grande potencial
calorífico e como solução a destinação do bagaço como matéria-prima. Este processo
vem se tornando um dos mais importantes na atividade de fabricação de álcool e açúcar,
pois o mesmo faz com que as usinas alcooleiras se tornem auto-suficiente na geração de
energia elétrica, térmica e mecânicas, sendo as mesmas utilizadas diretamente em todo
processo produtivo.

Como equipamento utilizado para executar esta tecnologia, tem-se as caldeiras, que se
utilizam do bagaço de cana como combustível, tornando-se, assim, elemento chave nesta
competitividade do processo de industrialização e obtenção do álcool e açúcar.
Normalmente, são utilizadas as do tipo aquatubulares, providas de economizadores e
pré-aquecedores de ar, que ajudam a melhorar a eficiência da caldeira.

A instalação desses equipamentos oferece a vantagem de melhorar a eficiência da


caldeira pelo aumento da temperatura de equilíbrio na câmara de combustão.

101

RIMA - MONTASA
Com relação ao combustível, o bagaço de cana de açúcar resultante da moagem da
cana-de-açúcar, tem a sua avaliação através da fibra da cana que se determina o
potencial de produção do bagaço, permitindo obter uma geração de vapor e energia
auto-suficiente nas indústrias de álcool. Inicialmente, a energia elétrica gerada limita-se
às necessidades da empresa, entretanto, dependendo da evolução do mercado
consumidor quanto ao consumo de energia elétrica futuramente e, talvez, com o
desenvolvimento de equipamentos mais modernos e com mais eficiência, promovendo a
substituição dos equipamentos hoje utilizados, possam permitir a ampliação da
capacidade de geração de energia elétrica, de forma a ter excedente para venda.

A empresa adotara duas (02) caldeiras aquatubulares, uma com capacidade de produção
de 40 TVH – 24Kgf/cm², com potência nominal de 515,85 KW, e outra com capacidade
de produção de 80 TVH - 21Kgf/cm², com potência nominal de 515,85 KW.

Durante o processo da queima do bagaço da cana como combustível nestas caldeiras,


tem-se a geração dos gases (NOx e CO2) e de Material Particulado (MP), que são
lançados para atmosfera após tratamento através de lavagem de gás. Portanto, junto à
caldeira é necessário que a instalação dos equipamentos para controle das emissões de
Material Particulado (MP), para realizar a precipitação e coleta da fuligem que são
carreadas pelos gases oriundos da caldeira. Estes equipamentos são os lavadores de gás,
que através de sistemas úmidos de controle são capazes de promover a limpeza destes
gases, atingindo um limite de emissão para a atmosfera.

As Figuras 6.1.2.1.1-7, 6.1.2.1.1-8 e 6.1.2.1.1-9 a seguir mostram a caldeira aquatubular


a ser adotada no empreendimento com seu respectivo controle de emissão atmosférico,
lavador de gás.

102

RIMA - MONTASA
Figura 6.1.2.1.1-7 – Ilustração de uma caldeira aquatubular

Figura 6.1.2.1.1-8 – Ilustração de uma caldeira aquatubular

103

RIMA - MONTASA
Figura 6.1.2.1.1-9 – Ilustração de sistema de lavagem de gás de uma caldeira
aquatubular

Fermentação

O caldo misto gerado após processar a moagem da cana-de-açúcar, recebe um


tratamento químico (neutralização do pH) e físico (elevação da temperatura e separação
dos sólidos), obtendo um caldo misto decantado, que será fermentado. A fermentação é
um processo bioquímico, através do qual resulta como subproduto etanol ou álcool
etílico. As reações ocorrem em tanques denominados dornas de fermentação, onde se
misturam microorganismos específicos (no caso leveduras do gênero sacaromyces
cerevisae), que consomem os açúcares presentes no meio e deste processo biológico.

Durante a reação, ocorre intensa liberação de gás carbônico (CO2) e odor, a solução
aquece-se e ocorre a formação de alguns produtos secundários como: álcoois superiores,
glicerol, aldeídos e etc. O tempo de fermentação varia de 4 a 12 horas. Ao final deste
período praticamente todo o açúcar já foi consumido, com a conseqüente redução da
liberação de gases.

Geralmente, este processo de fermentação é realizado de forma descontínua ou


contínua, em dornas abertas ou fechadas. Nestas últimas, procede-se a lavagem dos

104

RIMA - MONTASA
gases de saída em uma torre de recheio para recuperação do álcool evaporado, por
absorção deste em água, que é retornada ao processo.

No termino da fermentação, momento em ocorre à transformação de todo açúcar em


álcool, o líquido é centrifugado e ocorre a separação do fermento e do vinho. O fermento
retorna ao processo e o vinho é destilado, obtendo o álcool hidratado e o anidro.

Durante este processo também tem-se a geração de odor característico da atividade.

Destilação

O vinho que vem da fermentação possui, em sua composição, 7º a 10°GL (% em


volume) de álcool, além de outros componentes de natureza líquida, sólida e gasosa.
Dentro dos vinho, além do álcool, encontra-se a água com teores de 89% a 93%,
glicerina, álcoois homólogos superiores, furfural, aldeído acético, ácidos succínico e
acético e etc., em quantidades bem menores. Já os sólidos são representados por
resíduos do bagaço (bagacilhos), leveduras e bactérias, açúcares não-fermentescíveis,
sais minerais, matérias albuminóides e outros, e os gasosos, principalmente pelo CO2 e
SO2.

Para que se possa recuperar o álcool existente neste vinho é adotado o processo de
destilação, que se utiliza dos diferentes pontos de ebulição das diversas substancias
voláteis presentes, separando-as. Portanto, a destilação se constitui de um processo
específico aonde se deve retirar, se possível, 100º do álcool presente do vinho,
referenciado anteriormente. Para tanto, são processadas em três colunas de destilação.
Além destas colunas principais, têm-se os seus diversos acessórios, tais como:

condensadores, colunas auxiliadores e demais instrumentos e equipamentos periféricos.

Durante este processo, é possível ter a geração de odores característicos da atividade.

A localização dos setores industriais descritos anteriormente dentro da planta industrial


do empreendimento encontra-se no Anexo, Item 14.5.

105

RIMA - MONTASA
Estimativa de Fontes Fixas

As Tabelas 6.1.2.1.1-3 a 6.1.2.1.1-5 apresentam a estimativa de emissões, tendo como


referência a U.S. Enveronmental Protection Agency - AP42 – Section 18.1.

Tabela 6.1.2.1.1-3 - Estimativa de emissão de Material Particulado


Identificação Capacidade Controle Diâmetro Vazão Temp Material
3
da Fonte de (mm) (Nm /s) (Cº) Particulado
Produção (g/s)

Chaminé da 40TVH Lavador 2000 27,7 260 15,8


Caldeira I de gases
Chaminé da 80TVH Lavador 3400 62,8 215 54,6
Caldeira II de gases

Tabela 6.1.2.1.1-4 - Estimativa de emissão de NOx


Identificação Capacidade Controle Diâmetro Vazão Temp NOx
3
da Fonte de (mm) (Nm /s) (Cº) kg/Toneladas
Produção vapor hora

Chaminé da 40TVH Lavador 2000 27,7 260 0,015


Caldeira I de gases
Chaminé da 80TVH Lavador 3400 62,8 215 0,0075
Caldeira II de gases

Tabela 6.1.2.1.1-5 - Estimativa de emissão de CO2


Identificação Capacidade Controle Diâmetro Vazão Temp CO
3
da Fonte de (mm) (Nm /s) (Cº) kg/toneladas
Produção de vapor
hora

Chaminé da 40TVH Lavador 2000 27,7 260 0,0195


Caldeira I de gases
Chaminé da 80TVH Lavador 3400 62,8 215 0,0098
Caldeira II de gases

106

RIMA - MONTASA
6.1.3 - Geologia, Geomorfologia

6.1.3.1 Introdução

Considerando os objetivos do trabalho e de que a área de localização do


empreendimento aponta para a região norte do estado do Espírito Santo e por aflorar na
área de influencia direta do empreendimento somente sedimentos terciários, serão
abordados na descrição estratigráfica deste diagnóstico os grupos e formações
litoestratigráficas que sabidamente ocorrem naquela região. Os grupos e formações
posicionados na parte superior e inferior da coluna geológica serão citados e comentados
se possuírem alguma relação próxima aos de ocorrência local.

Nesta descrição será apresentado um mapa geológico das litologias aflorantes na área de
influencia, uma descrição das unidades litoestratigráficas presentes e as ocorrências
minerais da região de estudo. Será dada ênfase a geologia de superfície embora faça-se
uma breve descrição das litologias não aflorantes.

6.1.3.2 Metodologia

A metodologia utilizada constou de três atividades principais:

- levantamento bibliográfico com consultas a vários documentos, dentre os principais


cita-se Projeto RADAMBRASIL (IBGE-1987) e o Projeto Rio Doce (Petrobrás-1972);
- vistoria de campo, em que toda a área de influência do empreendimento foi percorrida,
procurando o reconhecimento das litologias e unidades litoestratigráficas pré-definidas
nos trabalhos anteriores; e
- trabalhos de escritório, com o objetivo de confeccionar o relatório final da presente
caracterização geológica da área.

6.1.3.3 Estratigrafia

Na descrição da estratigrafia da área de estudo é apresentada, a caracterização da única


unidade estratigráfica existente no local, e a Coluna Geológica da Região na Tabela
6.1.3.3-1 a seguir, abrange os sedimentos que afloram na região de estudo, que
correspondem ao topo da bacia sedimentar do Espírito Santo assim como as rochas do
107

RIMA - MONTASA
Complexo Paraíba do Sul, que correspondem às rochas mais antigas existentes no
entorno da região e sobre as quais as anteriores estão depositadas. A Figura 6.1.3.3-1
apresenta um mapa geológico regional da região de estudo.

Tabela 6.1.3.3-1 - Representação da coluna geológica para a região de estudo

Coluna Geológica da Região de Estudo


Período Unidade Litologias
Estratigráfica

Quaternário Sedimentos Quaternários Depósitos sedimentares fluviais


Aluvionares inconsolidados de argilas e
areias
Terciário Grupo Barreiras Sedimentos areno-argilosos,
argilitos e arenitos grosseiros,
mal selecionados e consolidados.
Pré-Cambriano Complexo Paraíba do Sul Gnaisses e migmatitos

Grupo Barreiras

Na região onde se encontra prevista a implantação do empreendimento, esta unidade


litoestratigráfica se distribui ocupando a totalidade da extensão da área, cedendo espaço
apenas para os Sedimentos Quaternários Aluvionares mais recentes e do Complexo
Paraíba do Sul, nos vales da região.

Litologicamente o Grupo Barreiras é constituído por arenitos esbranquiçados, amarelados


e avermelhados, argilosos, finos a grosseiros, mal selecionados, com intercalações de
argilitos vermelhos e variegados, podendo ainda ocorrer localmente lentes de
aproximadamente 2 metros de espessura de conglomerado intraformacional, constituído
de seixos arredondados de quartzo e quartzito, envolvidos em matriz areno-argilosa
vermelha.

Em grande parte dos afloramentos desta unidade na área de estudo observou-se uma
coloração predominantemente amarelada, podendo variar para avermelhada, e
granulometria variando de média a grosseira, sendo ainda comum à presença de
infiltrações de óxido de ferro, que podem chegar a formar bolsões de canga limonítica.

108

RIMA - MONTASA
Estes sedimentos areno-argilosos virão a se constituir ainda em fonte de material de
empréstimo (corte e aterro) para as futuras obras, uma vez que correspondem a
materiais adequados para compactação de aterro.

Hidrogeologia

Quanto à hidrogeologia da região em estudo procurou-se abordar os principais sistemas


de aqüíferos existentes, suas principais características, suas potencialidades de produção
e exploração, bem como a qualidade e quantidade da água subterrânea. Descrevem-se a
seguir estes sistemas de aqüíferos, que foram divididos em aqüíferos rasos e aqüíferos
profundos.

Aqüíferos Rasos

A área proposta para a instalação do empreendimento apresenta um aqüífero freático


formado pelos sedimentos arenosos do Grupo Barreiras, cujo nível de água está situado a
uma profundidade que varia de 4,0 a 12,0 metros. Com relação à direção preferencial de
fluxo das águas de subsuperfície, vale registrar que, localmente, são esperadas diversas
variações em relação a esta direção principal, sobretudo em decorrência de variações
topográficas locais e existência de porções mais baixas do terreno, inclusive com
pequenas várzeas, para onde se tem localmente uma direção preferencial do fluxo
subterrâneo. A velocidade aparente de fluxo das águas subterrâneas nas áreas dos
aqüíferos freáticos do Grupo Barreiras apresenta grandes variações conforme o local
considerado dentro da própria unidade litoestratigráfica, uma vez que a unidade
apresenta grandes variações em termos composicionais, sendo ora mais arenosa e ora
mais argilosa.

Quanto à presença de fontes potenciais de contaminação das águas subterrâneas no


local proposto, pode-se concluir que não existem tais fontes, uma vez que não se tem
qualquer instalação ou tipo de atividade sendo desenvolvida neste local.

Aqüíferos Profundos

Quanto aos aqüíferos profundos, capazes de produzir água subterrânea em volumes


significativos para uso industrial em instalações de médio ou grande porte, a empresa
109

RIMA - MONTASA
não realizou estudos hidrogeológicos e perfurações de poços tubulares profundos na
região em busca destes aqüíferos.

Segundo avaliação do Mapa Hidrogeológico do Brasil (DNPM, 1983) as rochas do Grupo


Barreiras, embora apresentem origem sedimentar, não se classificam com grandes
potencialidades no que se refere a recursos hídricos subterrâneos, principalmente em
função da heterogeneidade de seus sedimentos, comportando-se na maior parte das
vezes como um aqüífero livre ou semiconfinado.

Localmente o Grupo Barreiras é pertencente à Província Hidrogeológica Costeira. Ainda


segundo esta fonte, a capacidade de produção do sistema de aqüífero representado pelo
Grupo Barreiras é bastante variável, estando à produtividade deste aqüífero avaliada
entre média a fraca, apresentando importância hidrogeológica relativa média.

Unidades Geomorfológicas e Compartimentação do Relevo

A área de estudo, segundo classificação adotada pelo Projeto Levantamento de Recursos


Naturais (Ministério das Minas e Energia, 1983), apresenta apenas um domínio
morfoestrutural, representado pelos Depósitos Sedimentares.

Este domínio morfoestrutural se estende por uma ampla região no estado do Espírito
Santo, e, de modo geral, toda a parte centro-norte do estado do Espírito Santo que se
enquadra neste domínio é dividida em duas unidades geomorfológicas distintas - os
Tabuleiros Costeiros e a Planície Costeira.

Na área de estudo a unidade da Planície Costeira não se faz presente em sua forma mais
característica, que se encontra junto à linha de costa. No entanto, em função da grande
escala de trabalho foi possível identificar localmente as planícies aluviais nas partes mais
baixas do terreno, onde se encontram as lagoas, várzeas e por onde drenam os
pequenos cursos d’água da área interligando-os, enquanto os Tabuleiros Costeiros
ocupam toda a parte mais elevada da área de estudo.

Desta forma, a caracterização da geomorfologia da área de estudo se encontra voltada


para estes depósitos sedimentares, através das unidades geomorfológicas dos Tabuleiros
Costeiros e da Planície Aluvial.
110

RIMA - MONTASA
Na área de estudo a unidade da Planície Costeira não se faz presente e não são
observadas as feições típicas da unidade, com amplos depósitos de cordões litorâneos,
depósitos de mangue e depósitos de pântanos e brejos. Esta planície na área de
implantação é observada em pequenas depressões junto às várzeas e a drenagem ali
existente, sendo caracterizada no presente levantamento como Planície Aluvial.

Neste sentido, a caracterização da geomorfologia da área de estudo se encontra voltada


para a parte dos depósitos sedimentares relacionadas aos Tabuleiros Costeiros e a
Planície Aluvial. A Tabela 6.1.3.3-2, a seguir, ilustra a compartimentação do relevo da
área de estudo, dividindo-a em domínios morfoestruturais e unidades geomorfológicas,
com base no Projeto Levantamento de Recursos Naturais (Ministério das Minas e Energia,
1983).

Tabela 6.1.3.3-2 - Compartimentação Geomorfológica adaptada do Projeto


Levantamento de Recursos Naturais do MME, 1983

Compartimentação Geomorfológica do Relevo


Domínios Morfo-Estruturais Unidades Geomorfológicas

Depósitos Sedimentares Tabuleiros Costeiros


Planície Aluvial: Baixadas e Várzeas

Com relação à bacia hidrográfica, a área proposta para a implantação do


empreendimento em questão pertence à bacia hidrográfica do Rio Itaúnas, em seu curso
médio.

Tabuleiros Costeiros

Os Tabuleiros Costeiros coincidem com os sedimentos terciários do Grupo Barreiras,


composto por arenitos e argilitos semi consolidados, o que permitiu a geomorfogênese
imprimir a estes sedimentos uma feição tabular típica, resultando na denominação de
Tabuleiros Costeiros em função de sua ocorrência próximo à linha de costa. No interior
da área de estudo estes tabuleiros apresentam-se ocupando a totalidade da área, não
havendo variações para serem representadas em plantas.

Para oeste, em direção ao interior do continente, estes tabuleiros continuam com uma
suave ascensão, chegando, na porção norte do estado, a atingir pouco mais de 100m de

111

RIMA - MONTASA
altitude na altura de seu contato com as elevações serranas do cristalino. Em média, o
gradiente do relevo dos Tabuleiros Costeiros é da ordem de 1,2 metro por quilometro,
com declividade para o mar.

Na área de estudo, esta unidade apresenta um relevo que varia de plano a suave
ondulado, levemente inclinado em direção ao litoral, com cotas dos topos tabulares ou
semi-tabulares variando em torno de 120 metros, podendo chegar até 132 metros no
local previsto para implantação, correspondendo às partes mais elevadas da área de
estudo.

No local de implantação, definido neste levantamento, não é verificada qualquer elevação


marcante em relação ao relevo plano predominante dos tabuleiros, mas apenas algumas
leves ondulações como mostra a Figura 6.1.3.3-1 a seguir. A área caracteriza-se pela
homogeneidade do relevo rebaixado dos tabuleiros e suas encostas, que levam as
drenagens.

Figura 6.1.3.3-1 - Relevo plano dos tabuleiros com leves ondulações, no local do
empreendimento

Nesta unidade não se observa qualquer característica fisiográfica mais marcante


dominando a paisagem, sendo bastante homogênea em toda sua extensão. Não se têm
variações altimétricas, cursos d’água ou outra feição fisiográfica que se destaque ou se

112

RIMA - MONTASA
diferencie dentro da unidade. A implantação do empreendimento se dará unicamente
sobre esta unidade dos Tabuleiros.

Planície Aluvial: Baixadas e Vales

Esta unidade compreende, junto com os Tabuleiros Costeiros, a parte do Domínio


Morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares distribuídos ao longo da costa. Englobam,
segundo definição do Projeto Levantamento de Recursos Naturais (1983, op. cit), os
modelados fluviais, marinhos, flúviomarinhos e eólicos que retratam as diversas fases da
evolução geomorfológica no decorrer do Quaternário e estão distribuídos de forma
irregular entre o oceano Atlântico e a região dos Tabuleiros. Estão representadas pelos
complexos deltáicos, estuarinos e praias existentes próximos as linhas de costa,
possuindo na região do delta do rio Doce sua maior expressão.

Na região de estudo esta planície não se apresenta de forma expressiva, mas apenas em
pequenas áreas de vertentes e baixadas junto às drenagens. A Planície Aluvial
praticamente não existe, salvo partes muito incipientes se formando ao longo dos
pequenos talvegues existentes no entorno. Estes vales possuem fundo chato, em forma
de “U”, onde se acumulam sedimentos carreados pelo escoamento das águas pluviais,
representados por argilas e areias dos sedimentos do Grupo Barreiras. Nos locais mais
encharcados junto às áreas encharcadas assumem a feição de pequenos depósitos de
brejos.

Avaliação Morfodinâmica

Embora a área de estudo possua uma pequena dimensão, o que, de modo geral,
restringe e dificulta a análise, apresenta-se neste item uma avaliação morfodinâmica que
procurou identificar os processos físicos atuais que estão ocorrendo no interior da área
de estudo.

Dentre os processos físicos passíveis de serem avaliados na área de estudo podem ser
destacadas os processos erosivos, as áreas com instabilidade de taludes e o
assoreamento ou colmatação de corpos hídricos.

113

RIMA - MONTASA
Descrevem-se a seguir, as formas como cada um desses processos se manifesta na área
de estudo.

Áreas Sujeitas a Alagamentos ou Encharcamentos

A área de estudo, dependendo da unidade geomorfológica considerada, apresenta


características e suscetibilidades diferentes frente às possibilidades de alagamentos ou
encharcamentos.

Os Tabuleiros Costeiros da área de estudo, embora possuam um relevo


predominantemente plano a suave ondulado, apresentam muito baixa suscetibilidade a
este fenômeno, não havendo sido observados nesta unidade locais sujeitos a
alagamentos e inundações.

Contribui para a baixa possibilidade de alagamentos nesta área ao fato do terreno não
apresentar áreas rebaixadas internamente, mas apenas declividades voltadas para as
bordas, o que permite o escoamento das águas pluviais para as vertentes e linhas de
drenagens.

Por outro lado, a unidade da Planície Aluvial com suas baixadas e vales, onde se
encontram as linhas de drenagem da região apresentam uma suscetibilidade diferenciada
conforme o ponto considerado. Nas vertentes que dão acesso as linhas de drenagem
esta suscetibilidade a alagamentos e encharcamentos é totalmente nula, uma vez que as
águas escoam livremente, sem acúmulo, enquanto nas partes mais baixas, já nas
proximidades dos córregos, pode haver um empoçamento natural das águas pluviais.

Processos Erosivos

O relevo predominantemente plano a suave ondulado, que domina a unidade dos


Tabuleiros Costeiros na área de estudo, permite classificá-la como uma área detentora de
baixa suscetibilidade a ocorrência de processos erosivos.

Tal fato se deve também a presença da cobertura vegetal em praticamente toda a área,
que de certa forma protege o solo contra a ação direta das águas pluviais. Outro fator
que contribui também para a ausência total de processos erosivos atuais é o baixo índice
114

RIMA - MONTASA
de interferência física, e, mesmo nos locais onde estas intervenções se fizeram presentes,
a exemplo de cortes para implantação de estradas, não ocorreu o desencadeamento de
processos erosivos acentuados.

Com relação as vertentes que se iniciam nas bordas dos Tabuleiros Costeiros e seguem
até os fundos dos vales, que no presente levantamento compreende a unidade da
Planície Aluvial, estas podem ser classificadas como de suscetibilidade média para
desenvolvimento de processos erosivos, sobretudo se iniciado um processo de
intervenção nas mesmas.

Assim como na unidade dos Tabuleiros, a atenuante nestas áreas corresponde à


presença de uma vegetação gramínea e arbórea/arbustiva que auxiliaria na proteção dos
solos, acrescentando-se ainda a inexistência de qualquer intervenção física recente
nestas vertentes. A Figura 6.1.3.3-2 ilustra uma destas vertentes, mostrando parte do
Córrego Dezoito.

Figura 6.1.3.3-2 - Vertente com sedimentos aluviais mostrando parte do Córrego do


Dezoito em primeiro plano

Todavia, embora se verifique a existência de suscetibilidade a processos erosivos, de


grau baixo, conforme o local considerado, não foram identificados quaisquer processos
erosivos já implantados na área de estudo.

115

RIMA - MONTASA
Outros aspectos em relação aos eventuais processos erosivos futuros na área de estudo
são a pouca movimentação de terra para a implantação do projeto, com trabalhos de
corte e aterro para construção e utilização nas obras de implantação. Estas áreas,
quando não recuperadas adequadamente, de modo geral, favorecem o
desencadeamento de processos erosivos.

Áreas com Instabilidade de Taludes

Do ponto de vista geotécnico, inicialmente deve ser enfatizado que a totalidade da área
prevista para implantação do empreendimento se caracteriza pela presença de um relevo
plano, não existindo depósitos de tálus ou vertentes abruptas e muito íngremes, situação
esta que não exigirá durante as obras a adoção de técnicas de escoramento de solos ou
rochas, bem como a utilização de sistemas não convencionais de contenção de material
terroso ou rochoso, mas apenas de instrumentos simples de controle de erosão.

Cabe aqui destacar a similaridade do ponto de vista geotécnico entre a área, onde se
propõe a construção, e áreas, onde já se encontram implantados outros
empreendimentos semelhantes na região, registrando-se o suporte geotécnico seguro e
sem ocorrências de rebaixamento ou recalques do terreno. Adicionalmente, pode-se
ainda acrescentar que sobre os mesmos sedimentos do Grupo Barreiras, encontram-se
implantadas diversas cidades de médio porte, a exemplo das cidades de Montanha,
Linhares e São Mateus, todas no Espírito Santo.

O empreendimento proposto ocupará as partes de relevo mais plano da área, não


ocupando as encostas com declividades mais acentuadas, bem como as áreas de
vertentes. Da mesma forma as vias de circulação que permitirão o acesso aos diversos
pontos da área serão construídas sem a execução de aterros e cortes profundos. Estas
técnicas permitirão que o empreendimento se instale sem grandes movimentos de terra,
criando cortes e aterros gigantescos, não gerando desta forma taludes com acentuada
declividade, o que torna inexistente o risco de desequilíbrio dos mesmos. Acrescente-se
ainda que não se encontra prevista a formação de bota-fora de material terroso, o que
elimina a possibilidade de instabilidades nos taludes deste tipo de estrutura.

116

RIMA - MONTASA
Diante do exposto, a suscetibilidade a ruptibilidade, instabilidade ou rompimento do
terreno para as áreas propostas para implantação do empreendimento, foram
consideradas nulas.

6.1.4 Solos

A pedologia da área de influência do empreendimento, que corresponde aos locais de


intervenção do projeto, está intimamente ligada ao relevo e sua geologia, representada
por sedimentos datados do Terciário (Grupo Barreiras), apresentando nos tabuleiros
costeiros associação de Argissolos Amarelo e Latossolo Amarelo.

A área de implantação situa-se mais a noroeste do Estado, num chapadão com relevo
plano a suave ondulado e solos da área dos tabuleiros costeiros, apresentando talvegues
nas proximidades dos seus limites.

A área apresenta-se menos antropizada, com cobertura vegetal, na sua maior parte,
representada por gramíneas.

As principais características destes solos da área dos tabuleiros costeiros presentes na


zona de intervenção do empreendimento são apresentadas a seguir:

- Argissolo Amarelo - Podzólico Amarelo álico e distrófico (PAad)


- Latossolo Amarelo álico (LAa)
- Latossolo Vermelho-Escuro eutrófico (LEe)

6.1.5 Recursos Hídricos

Neste capítulo serão apresentadas as principais informações sobre os Recursos Hídricos


da Região, abordando aspectos referentes à qualidade e à quantidade de água no
Córrego do Dezoito.

Estas informações servirão de suporte para a estimativa da magnitude dos impactos


gerados pelo Empreendimento nos Recursos Hídricos da Região bem como para a
proposição de medidas mitigadoras. Além disto, a caracterização dos cursos d’água

117

RIMA - MONTASA
permite acompanhar as prováveis alterações que possam ocorrer sobre esse ambiente a
partir de sua implantação.

Vazão de Captação da MONTASA

A vazão a ser captada para o processo produtivo da empresa está discriminado na Tabela
6.1.5.

Tabela 6.1.5-1 – Vazão de captação para o processo produtivo da MONTASA

Vazão de Captação
Finalidade
m3/h m3/s
Água de Embebição 60 0,0167
Lavagem da Cana 21 0,0058
Lavagem dos Gases da Caldeira 14 0,0039
Caldeira 50 0,0139
Diversos 30 0,0083
TOTAL 175 0,0486

Ponto de Captação da MONTASA

De acordo com a descrição anterior do empreendimento, a MONTASA irá realizar uma


captação de água no Córrego do Dezoito, situado na Bacia do Rio Itaúnas, no Norte do
Estado do Espírito Santo. A Figura 6.1.5-1 mostra o ponto onde será implantada a
captação.

Figura 6.1.5-1 – Vista parcial do Córrego do Dezoito no ponto de captação de água para
abastecer a MONTASA

118

RIMA - MONTASA
Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas

A Área de Contribuição da Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas abrange 09 Municípios:


Montanha, Pinheiros, Conceição da Barra, Mucurici, Pedro Canário, Boa Esperança, Ponto
Belo e São Mateus no Espírito Santo e Mucuri na Bahia beneficiando uma população total
média de cerca de 170.000 habitantes.

A Bacia do Rio Itaúnas tem uma área de Superfície de aproximadamente 4.480 Km2,
sendo basicamente 4.360 Km2 no Estado do Espírito Santo e 120 Km2 no Estado da
Bahia.

O Rio Itaúnas é formado por dois braços: o norte e o sul. A divisa dos Estados do Espírito
Santo e Minas Gerais é feita pelo Córrego Limoeiro ou Guaribas. Já na parte norte, vários
afluentes tem suas nascentes em território baiano, como acontece com o Córrego do
Zinco, o Ribeirão do Engano e outros. Os principais afluentes do Rio Itaúnas são:

- Rio Angelim;
- Rio Preto Norte;
- Rio Santana;
- Rio São Domingos;
- Córrego do Dezoito;
- Córrego Claro;
- Ribeirão Suzano;
- Rio Ribeirão Dourado.

6.1.5.1 Quantidade de Água

Sabendo que o empreendimento contempla a captação de água no Córrego do Dezoito,


torna-se fundamental um estudo da disponibilidade hídrica do curso d’água.

Desta forma, foram feitas estimativas de:

- Vazão Média Anual;


- Vazões Médias Mensais;
- Vazões Máximas Diárias em Função de um período de retorno;
119

RIMA - MONTASA
- Vazões Mínimas Anuais de sete dias consecutivos em Função de um período de
retorno;
Visto que não existe uma estação fluviométrica localizada exatamente no ponto de
captação, foi adotado o método de regionalização de vazões em função das áreas de
drenagem e utilizou-se os dados existentes na estação fluviométrica de Ataléia (Código:
55790000), que e á mais próxima do ponto de captação.

Para uma boa aplicação desta formulação 01 foram feitas três considerações que
influenciaram significativamente na escolha da estação 55790000 – Ataléia. São elas:

1. Longa Série Histórica disponível (37 anos)

Utilizou-se uma estação fluviométrica com uma série histórica de 37 anos de medições
(1966 a 2002). Desta forma o comportamento hidrológico da região foi bem
representado estatisticamente.

2. Região Hidrologicamente Semelhante à da área de drenagem da captação

O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), Volume 1 – “Regionalização de Vazões


com Características mensais e diárias no Espírito Santo”, através da análise conjunta dos
parâmetros citados, apresenta um mapa com a delimitação de 21 regiões no estado com
comportamento hidrológico semelhante. Neste mapa as bacias de contribuição da
Estação 55790000 - Ataléia e da captação estão localizadas dentro da mesma região
definida como “Hidrologicamente Semelhante”.

Em Coser (2004) foi identificado no Estado do Espírito Santo três regiões homogêneas
com comportamento hidrológico semelhantes. Assim como no PERH as bacias de
contribuição da Estação 55790000 - Ataléia e da captação estão localizadas dentro de
uma mesma região.

Desta forma, devido às localizações das áreas de estudo considerou-se que os


comportamentos hidrológicos destas áreas são idênticos, e que possuem a mesma vazão
específica.

120

RIMA - MONTASA
6.1.5.1.1 Vazões Médias Mensais Disponíveis

Foram calculadas as médias das vazões de cada mês durante os 37 anos na Estação
55790000 - Ataléia. Através da Equação (01) foram obtidas as vazões no ponto de
captação.

A Figura 6.1.5.1.1-1 apresenta as Vazões Médias Mensais de Longo Termo na estação


55790000 – Ataléia e no ponto de Captação.

Vazão Mensal Média no Ponto de Captação


Montasa
9,0
8,0
7,0
Vazão Média (m 3/s)

6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tem po (m eses)

Figura 6.1.5.1.1-1 – Vazões mensais médias de longo termo no ponto de captação da


MONTASA

De acordo com o gráfico de Vazões Mensais Médias observa-se que as maiores Vazões
ocorrem nos meses de novembro a março e as menores Vazões nos meses de abril a
outubro. A menor vazão mensal média observada ocorre no mês de setembro com 1,41
m3/s.

121

RIMA - MONTASA
6.1.5.1.2 Vazões Médias Anuais Disponíveis

Foram calculadas as médias das vazões anuais para os 37 anos na Estação 55790000 –
Ataléia, e foram obtidas as vazões no ponto de captação. A Figura 6.1.5.1.2-1 mostra as
vazões anuais médias no ponto de captação da MONTASA.

Vazão Anual Média na Captação da Montasa


12,00

10,00
Vazão Média Anual (m 3/s)

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
1966 1971 1976 1981 1986 1991 1996 2001
Tem po (anos)

Figura 6.1.5.1.2-1 – Vazões anuais médias no ponto de captação da MONTASA

6.1.5.1.3 Vazões Mínimas Anuais de Sete Dias Consecutivos

Com as vazões mínimas de sete dias consecutivos de cada um dos 37 anos na Estação
55790000 – Ataléia obteve-se, através de equação, assim como, as vazões mínimas de
sete dias para o ponto de captação. Estes dados estão disponíveis na Tabela 6.1.5.1.2-1.

Através de equação obteve-se a vazão mínima de sete dias consecutivos para um período
de retorno (Tr) de 10 anos (Q7,10):

q7 ,10 = 0,162m 3 / s

122

RIMA - MONTASA
6.1.5.2 Qualidade de Água

Este item tem como objetivo a caracterização qualitativa do Córrego do Dezoito, utilizado
como fonte de captação de Água. Esta caracterização é de extrema importância para o
conhecimento da situação atual do curso d’água utilizado, bem como para o
acompanhamento de situações futuras.

Nesta etapa, foram realizadas análises de parâmetros físicos e químicos da água coletada
em dois pontos distintos no curso d’água. Estes pontos foram:

- Ponto de captação;
- Ponto a jusante da captação.

Com o resultado das análises, foi feita uma classificação do córrego, segundo a
Resolução CONAMA 357/05, além do cálculo do Índice de Qualidade de Água (IQA) nos
dois pontos.

6.1.5.2.1 Parâmetros Analisados

Os parâmetros analisados no presente estudo foram definidos em função da Metodologia


de cálculo do Índice de Qualidade de Água (IQA) que será apresentada no próximo item.
Desta forma, os parâmetros analisados foram aqueles que são envolvidos nos cálculos do
IQA. Estes parâmetros foram definidos por 142 especialistas de diversas nacionalidades.

São eles:
- Oxigênio Dissolvido (OD);
- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO);
- Coliformes Fecais (CF);
- Temperatura da amostra;
- pH;
- Nitrogênio total;
- Fósforo Total;
- Sólidos Totais; e
- Turbidez.

123

RIMA - MONTASA
6.1.5.2.2 Classificação das Águas Segundo a Resolução CONAMA 357/2005

A Resolução CONAMA 357/2005 trata de um dos instrumentos mais importantes da


política nacional de meio ambiente, por ser fundamentalmente um instrumento de
planejamento e pouco percebido por todos durante esses anos, tendo sido aplicado
muito como instrumento de comando e controle. É também um dos cinco principais
instrumentos da política nacional de recursos hídricos, em função do que determina a Lei
9433/97. Talvez seja o instrumento mais importante para a política de recursos hídricos
do que para a própria política do meio ambiente, que existe o Plano Nacional de Recursos
hídricos. O segundo instrumento mais importante nessa hierarquia é o enquadramento e,
após isso, dois instrumentos de controle, a outorga e a cobrança e, finalmente, um
Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos.

A CONAMA 357/2005 estabelece treze classes para as águas do Território Nacional


segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes. Essas treze classes
são agrupadas em 3 classes diferentes: “Águas Doces”, “Águas Salinas” e “Águas
Salobras” de acordo com a salinidade. No presente estudo foram comparados os
resultados das análises com os padrões CONAMA 357/05 para “Águas Doces” - classe 2.

As análises realizadas nos dois pontos estudados mostraram que os resultados nesses
pontos o Córrego do Dezoito atendem aos limites definidos para a Classe 2 - “Água
Doce”, exceto o parâmetro Fósforo Total que estabelece máximo 0,05 mg/l e foram
encontrados 0,56 e 0,17 nos pontos 1 e 2, respectivamente. De acordo com a Tabela
6.1.5.2.2-2. Há fortes indícios de que este resultado acima do estabelecido pelo
enquadramento seja resultado do uso de agrotóxicos na área a montante do Córrego do
Dezoito.

124

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.5.2.2-2 – Resultados das Análises nos pontos 1 e 2 de estudo de captação da
MONTASA no Córrego do Dezoito comparados aos parâmetros de enquadramento da
Classe 2 – “Águas Doces” da Resolução CONAMA 357/05

Resultado da Análise CONAMA 357/05


Parâmetros Unidade
1 2 (Classe 2 – Águas Doces)

Coliformes Fecais NMP/100ml 210 460 < 1.000


pH - 7,3 7,2 6,0 a 9,0
DBO mg/l 3,5 3,2 < 5,0
Nitrogênio Total mg/l 9,4 0,41 Não consta.
Fósforo Total mg/l 0,56 0,17 < 0,05
o
Temperatura C - - -
Turbidez UNT 8 9 < 100
Resíduos Totais mg/l 131,5 145,0 < 500
OD mg/l 9,1 9,2 > 5,0

Cabe ressaltar que resultados das análises de coliformes fecais são seguramente abaixo
dos estabelecidos pela resolução de referência.

6.1.5.2.3 Índice de Qualidade da Água (IQA)

O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é um produto ponderado de nove parâmetros


indicativos da qualidade das águas, que, numa escala de 0 a 100, permite a classificação
da Qualidade da Água estudada.

O Índice de Qualidade das Águas (IQA) utilizado no presente estudo foi o mesmo
utilizado pela CETESB, que é uma adaptação do Índice de Qualidade de Água da National
Sanitation Foundation (NSF). Ele foi obtido a partir da combinação das opiniões de 142
especialistas de todas as partes dos Estados Unidos, e os profissionais que participaram
da pesquisa indicaram as variáveis de qualidade de água que deveriam ser medidas, o
peso relativa das mesmas e a condição em que se apresentava cada uma delas, segundo
uma escala de valores.

Nesta pesquisa de opiniões foram definidos 9 nove parâmetros indicadores da qualidade


da água. São eles: OD, DBO, coliformes fecais, temperatura da amostra, pH, nitrogênio
total, fosfato total, sólidos totais e turbidez. Assim, foram estabelecidas curvas de

125

RIMA - MONTASA
variação da qualidade das águas de acordo com o estado ou a condição de cada
parâmetro. Estas curvas de variação, sintetizadas em um conjunto de curvas médias para
cada parâmetro, bem como o peso relativo de cada parâmetro.

A partir do cálculo efetuado, pode-se determinar a qualidade das águas brutas que,
indicada pelo IQA numa escala de 0 a 100, é classificada para abastecimento público,
conforme Tabela 6.1.5.2.3-1.

Tabela 6.1.5.2.3-1 Classificação da Resolução CONAMA 357/05 de acordo com a


salinidade

QUALIDADE IQA
ÓTIMA 80 a 100

BOA 52 a 79

ACEITÁVEL 37 a 51

RUIM 20 a 36

PÉSSIMA 0 a 19

Nos Cálculos do IQA do presente trabalho foi adotado o índice de Oxigênio Dissolvido
(OD) no ponto de Saturação em função da altitude do ponto de captação (139 m) e da
Temperatura Média da Água. Adotou-se: OD de Saturação: 10,0 mg/l.

Com os resultados das análises nos dois pontos e conforme metodologia apresentada, os
Valores de IQA foram gerados conforme estão apresentados na Tabela 6.1.5.2.3-2.

Foram encontrados os Índices de Qualidade da Água (IQA) nos pontos 1 e 2 como sendo
69 e 63, respectivamente. Assim, este trecho do Córrego do Dezoito possui água de
“Boa” qualidade segundo o IQA adotado pela CETESB.

126

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.5.2.3-2 – Índice de Qualidade das Águas (IQA) nos dois pontos de estudo no
Córrego do Dezoito

Índice Resultado da Análise Peso Qualidade (qi)


Parâmetros Unidade
(i) 1 2 (w) 1 2

NMP/
1 Coliformes Fecais 210 460 0,15 39 13
100ml
2 pH - 7,3 7,2 0,12 91 92
3 DBO mg/l 3,5 3,2 0,1 64 68
4 Nitrogênio Total mg/l 9,4 0,41 0,1 57 90
5 Fósforo Total mg/l 0,56 0,17 0,1 51 64
6 Temperatura mg/l 25 25 0,1 93 93
7 Turbidez UNT 8 9 0,08 79 77
8 Resíduos Totais mg/l 131,5 145,0 0,08 81 80
% de
9 OD 91 92 0,17 95 96
Saturação
IQA 69 63
Classificação para a classe 2 BOA BOA

6.1.6 Efluentes Líquidos

Neste item será abordado o diagnóstico dos efluentes líquidos oriundos do


empreendimento em tela. Para tanto, será apresentada a caracterização qualitativa e
quantitativa dos efluentes, bem como o balanço hídrico do sistema.

6.1.6.1 Fontes de geração e Tratamentos Propostos

Para sintetizar as informações constantes do item 4.6.3 deste trabalho, a Tabela 6.1.6.1-
1 apresenta as fontes de geração de efluentes líquidos do empreendimento com os
respectivos tratamentos propostos.

127

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.6.1-1 – Efluentes líquidos gerados e tratamento proposto

Fonte Implantação Operação Tratamento proposto


Efluentes Efluentes Sistema de tratamento terciário,
Restaurante, pias
domésticos domésticos antecedido por caixa de gordura.
Efluentes
Instalações administrativas - Sistema de tratamento terciário.
domésticos
Instalações de apoio (áreas de
armazenamento de óleo diesel
e gasolina, área de estocagem
de óleo usado, área de Sistema Separador de Água e
- Efluentes oleosos
estocagem de óleo novos, área Óleo.
de lavagem de veículos, oficina
mecânica e lavagem de peças
da indústria)
Águas de Unidade de decantação, e tanque
Mesa alimentadora -
lavagem da cana de mistura.
Destilaria - Vinhoto
Dornas de fermentação -
Águas de
Pisos industriais -
lavagem
Pátio de cana - Tanque de mistura
Sistema de separação e
Água de lavagem
recirculação da água de -
dos gases
lavagem dos gases da caldeira

6.1.6.2 Caracterização Qualitativa e Quantitativa

O vinhoto é o principal efluente industrial gerado. A experiência de empreendimentos


similares indica que a geração de vinhoto ocorre na proporção de 14 litros para cada litro
de álcool gerado. Considerando que a produção da primeira safra está estimada em 250
m3 de álcool por dia, resulta em uma geração diária de vinhoto da ordem de 3.500 m3,
ou seja, aproximadamente, 146 m3/h de vinhoto. Em 2009, quando irá ocorrer a maior
produção de álcool, este valor será igual a 166 m3/h.

Para as águas de lavagem de cana-de-açúcar estima-se um valor de 21 m3/h e as águas


de lavagem dos gases da caldeira totalizam uma geração de 14 m3/h. Estes valores
foram estimados para a produção diária de 285 m3 de álcool, que acontecerá em 2009,
quando a produção de álcool entrará em estabilidade. É importante destacar que a
produção de energia não sofrerá variação nesta primeira fase do empreendimento.

Para as demais águas servidas, que se tratam das águas provenientes da lavagem das
dornas de fermentação, dos pisos industriais e do pátio de cana-de-açúcar é estimada
uma geração de 3 m3/h.
128

RIMA - MONTASA
Dessa maneira, a geração de efluentes industriais totaliza um valor de 164 m3/h em 2007
e 184 m3/h em 2009.

6.1.6.3 Balanço Hídrico

Na Tabela 6.1.6.3-1 consta o consumo de água de todo o empreendimento para o ano


de 2007, de menor consumo, e de 2009, onde será garantida a estabilidade em termos
de consumo de matéria-prima e insumos.

Tabela 6.1.6.3-1 – Consumo de água do empreendimento

Consumo (m3/h)
Atividade
2007 2009
Lavagem da cana 21 21
Lavagem dos gases da caldeira 14 14
Embebição da cana na moagem 50 60
Geração de vapor - caldeira 50 50
Consumo diverso 15 30
Total 150 175
Vale ressaltar que toda água será captada do Córrego do Dezoito, estimado em um valor
de 175 m3/h previsto para o ano de 2009. O consumo diverso contempla a parcela de
água destinada ao uso doméstico.

O balanço hídrico constante da Figura 6.1.6.3-1 identifica todos os consumos de água


previstos para o empreendimento, num cenário futuro (2009), quando a produção de
álcool se estabilizará. Os efluentes gerados serão tratados conforme as proposições da
Tabela 6.1.6.1-1.

129

RIMA - MONTASA
Figura 6.1.6.3-1 – Balanço hídrico previsto para 2009

130

RIMA - MONTASA
6.1.7 Resíduos Sólidos

6.1.7.1 Fontes de Geração e Caracterização

Fase de Instalação

Nesta fase serão gerados resíduos, tais como:


− resíduos de escavação - são materiais argilo-arenosos, sem pedras, próprios para
serem utilizados em re-aterros de construção civil e poderão ser acondicionados na
área do canteiro de obras. Os resíduos de escavação também podem conter vegetação,
pedras ou restos de alvenaria que, neste caso, podem ser utilizados como aterro para
nivelamento de solo;
− serragem (pó de serra) oriunda de recolhimento de vazamentos e derrames de óleo;
− serragem (pó de serra), capim e outros resíduos de vegetação sem contaminação -
oriundos da carpintaria e da limpeza de áreas;
− sucata de madeira;
− restos de concreto - oriundos da limpeza e lavagem de betoneira, carrinhos de mão,
bomba e outros equipamentos;
− sacos de cimento vazios - oriundos da central de concreto e outros trabalhos de
alvenaria;
− resíduos diversos - oriundos de embalagens de caixas de papelão, sacos plásticos,
lonas plásticas, etc.;
− sucata metálica - sucata de ferramentas, resíduos de armação, carrinho de mão, tubos,
chapas, vergalhões, perfis, latas de tintas (limpas), de massa corrida e solvente
(vazias);
− latas sujas com restos de tinta, solvente e outras substâncias correlatas;
− equipamentos usados e contaminados com tintas (trincha, pincel, brocha, rolo, estopa,
trapo, luvas, etc.);
− resíduos contaminados com tintas, tais como plástico, madeira, papelão, solo, estopa,
trapo, EPI’s, etc.;

Atividades Humanas:
− restos/sobras de comida;

131

RIMA - MONTASA
− resíduos diversos - copos descartáveis e “marmitex” (de alumínio isentas de sobras),
embalagens de plástico, etc;
− esgoto sanitário das frentes de serviço – banheiros químicos são a alternativa mais
indicada para as frentes de serviço;
− resíduos provenientes de varrição de áreas.

Todas as Atividades (Produção em Pequena Quantidade)


− resíduos denominados de restos - vidro, borracha, couro, pedaços pequenos de
madeiras, plástico e papelão sujos de concreto, barro etc., que não apresentem
viabilidade de segregação;
− restos de fios e cabos elétricos.

Deverá ser disponibilizado ambulatório para atendimento de primeiros socorros para a


mão-de-obra alocada para esta fase, podendo ser citados os seguintes resíduos a serem
gerados: material utilizado para curativos, algodão e gases, além de seringas, vidros e
ampolas.

Qualquer resíduo diferente dos citados deve ser, antes de qualquer ação, levado ao
conhecimento do empreendedor para as orientações adequadas.

Fase de Operação

Neste item encontra-se a identificação dos materiais consumidos e utilizados nos


equipamentos nos vários estágios de produção de álcool etílico e energia, desde a
chegada da matéria-prima até a expedição dos produtos.

Além dos resíduos gerados no processo industrial, apresentados na Tabela 6.1.7.1-1,


destacam-se, ainda, os resíduos oleosos provenientes das operações de lavagem e
manutenção de peças e equipamentos e aqueles oriundos da atividade de lubrificação de
veículos, bem como as embalagens vazias de defensivos agrícolas usadas na lavoura e de
produtos químicos utilizados na área fabril e laboratório.

132

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.7.1-1 – Identificação de pontos e equipamentos geradores de resíduos

Unidade geradora Ponto /Equipamento de Tipo de Resíduo


Geração
Lavagem da cana Mesa de lavagem Palha da cana, areia e argila
Extração do caldo Moendas Bagaço (fibra longa)
Tratamento do caldo Peneiras estáticas Bagacilho e areia
Tratamento do caldo Filtro prensa Torta de filtro
Geração de vapor Caldeira Areia e fuligem
Destilação Coluna A Vinhoto
Canais e tanques de
Área agrícola Lama
vinhaça
Moendas; redutores,
Preparação e Extração do caldo; Tambores de óleo de 200 litros
turbinas; bombas; eixos e
caldeira e gerador de energia (óleo industrial)
mancais
Trocas de óleo dos
Oficinas agrícola e industrial;
sistemas hidráulicos, Tambores de óleo lubrificante
rampa de lubrificação de veículos.
tratores e Veículos
Troca de óleo Veículos Óleo usado
Troca de óleo Veículos Filtro de óleo
Troca de óleo Veículos Filtro de ar
Análises de controle de Vidros (frascos de reagentes e
Laboratório
qualidade vidrarias)
Análises de controle de qualidade; Embalagens plásticas
Laboratório; cubas de pré-
Caldeira; Destilaria; Fermentação; (tambores, bombonas, sacos e
fermentação; dornas e ETA
ETA (área industrial) garrafas)
Laboratório; Tratamento químico
Caldeira; moendas e Embalagens plásticas de
da caldeira; extração e moagem;
destilaria produtos classe I (perigosos)
fermentação e destilação
Oficinas agrícola e industrial; Moendas; manutenção
moagem; rampa de lubrificação de peças e equipamentos; Trapos/estopas
veículos rampa de lubrificação
Embalagens vazias de
Correção do solo Lavoura
defensivos agrícolas
Prédios administrativos,
oficinas mecânica industrial
Edificações e agrícola, ambulatório, Lâmpadas fluorescentes
refeitório, alojamentos,
portarias e etc.
Prédios administrativos,
oficinas mecânica industrial
Edificações e agrícola, ambulatório, Cartuchos de impressora
refeitório, alojamentos,
portarias e etc.
Prédios administrativos,
oficinas mecânica industrial
Edificações e agrícola, ambulatório, Tonner
refeitório, alojamentos,
portarias e etc.

133

RIMA - MONTASA
6.1.7.2 Classificação dos Resíduos

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou um conjunto de normas para


padronizar nacionalmente a classificação dos resíduos, de onde foram obtidas as
seguintes definições:

Resíduos Classe I – Perigosos

Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que em função de suas características de


inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade podem
apresentar riscos à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de
mortalidade ou incidência de doenças e apresentarem efeitos adversos ao meio
ambiente, quando manuseados ou destinados de forma adequada.

Resíduos Classe II A - Não Inertes

São aqueles que não se enquadram nas classificações de Resíduos Classe I – Perigosos
ou Resíduos Classe II B – Inertes, nos termos da norma NBR 10004:2004. Estes resíduos
podem apresentar propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou
solubilidade em água.

Resíduos Classe II B – Inertes

Quaisquer resíduos que quando amostrados de forma representativa, segundo a NBR


10007:2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, conforme a NBR 10006:2004, não tiverem nenhum
de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores a padrões de potabilidade
da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da
NBR 10004:2004. Podem-se citar como exemplos desses resíduos: rochas, tijolos, vidros
e alguns plásticos que não se decompõem prontamente.

A classificação de resíduos proposta baseia-se fundamentalmente nas características dos


resíduos e em listagem de resíduos constantes dos anexos da referida NBR
reconhecidamente perigosos.

134

RIMA - MONTASA
A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhe deu
origem, que neste caso, especificamente, foi baseada em processos similares, de seus
constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de
resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. Assim, não
foram realizados testes de lixiviação, solubilização ou concentrações de contaminantes,
visto que os resíduos gerados têm origem conhecida e constam nos anexos da norma
NBR 10004:2004. A Tabela 6.1.7.2-1 apresenta os resíduos oriundos da área fabril e
serviços e sua respectiva classificação.

Tabela 6.1.7.2-1 – Classificação dos resíduos

Nome/Grupo de Resíduo Classe


NBR 10004:2004
Palha da cana Orgânico
Areia e argila II B
Bagaço (fibra longa) Orgânico
Bagacilho e areia II B
Areia e fuligem II B
Vinhoto Orgânico
Torta de filtro II B
Lama proveniente da limpeza dos canais e II B
tanques de vinhaça
Tambores de óleo de 200 litros (óleo industrial) I
Tambores de óleo lubrificante I
Óleo usado I
I
Filtro de óleo
Filtro de ar II A
Vidros (frascos de reagentes e vidrarias) II B
Embalagens plásticas (bombonas, sacos e II B
garrafas)
Embalagens plásticas de produtos classe I I
perigosos
Trapos/estopas I
Embalagens vazias de defensivos agrícolas I
Lâmpadas fluorescentes e em geral I
Cartucho de impressora I
Tonner I

Resíduos de Construção Civil

Os resíduos de construção civil são classificados de acordo com a Resolução CONAMA nº


307.

135

RIMA - MONTASA
Com relação aos resíduos ambulatoriais, estes são classificados segundo a Resolução
CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005. Os resíduos gerados no ambulatório deverão
ser acondicionados em recipientes de acordo com à sua geração e tipologia.

Ressalta-se que os resíduos gerados no processamento industrial da empresa serão


destinados, em sua maior parte, para a lavoura, onde são utilizados para fertilização e
correção do solo. Apenas aqueles gerados nas áreas de apoio e os defensivos agrícolas,
que são classificados segundos os termos da NBR 10004:2004 como resíduos classe I,
contarão com segregação, acondicionamento, armazenamento intermediário e destinação
final diferenciados, conforme proposta a ser apresenta no PGR.

Aterros de prefeituras e aterros particulares, devidamente licenciados pelo órgão


ambiental, empresas especializadas, associações, entidades sociais, etc., com capacidade
de receber os resíduos da obra, devem ser o destino final dos resíduos. Deve-se exigir
uma garantia de capacidade de recebimento das quantidades estimadas de resíduos a
serem gerados. As entidades receptoras deverão estar técnica e legalmente aptas a
receber os resíduos.

Em se tratando de resíduos perigosos, as entidades receptoras devem ser licenciadas


e/ou dispor de autorização dos respectivos órgãos ambientais competentes. Para o
transporte de resíduos perigosos, além da licença de operação deve-se verificar o
cumprimento das demais exigências legais. Para este tipo de resíduo deve-se priorizar
tratamentos, tais como incineração ou co-processamento, deixando como última
alternativa à disposição em Aterro Classe I. Deve-se buscar também, a minimização da
geração e redução do volume.

6.1.8 Ruídos e Vibrações

Caracterização dos Níveis de Ruídos Gerados Durante as Fases de Implantação e


Operação

Os ruídos a serem gerados durante a fase de implantação deverão ser aqueles


provenientes da movimentação de veículos leves e pesados, responsáveis pelo transporte
de pessoas (funcionários), matéria-prima, abertura das valas, terraplenagem e remoção

136

RIMA - MONTASA
de entulhos. Também pode-se considerar o ruído originado em relação ao trafego diário
nas vias já existentes no local, pelos usuários e proprietários.

Atividades geradoras de emissões sonoras:

- aberturas e fechamento de valas;


- terraplenagem;
- fundações;
- obras civis;
- montagem de equipamentos industriais;
- circulação de caminhões transportando matérias-primas, equipamentos, entulhos e
resíduos originados na abertura das valas;
- atividades civis executada durante as obras civis e de montagem mecânica da planta
industrial, utilização de equipamentos de elevação (guindastes, Caminhão Munck),
compressores e, se necessário, geradores de energia móveis.

Para manter o controle das emissões sonoras na fase de implantação, a empresa


manterá a manutenção e o padrão operacional dos equipamentos, conforme os manuais
e recomendações do fabricante, limitando as velocidades dos veículos nas vias de acesso
e internas do empreendimento, como também mantendo a manutenção preventiva dos
mesmos dentro de uma programação de horas trabalhadas. Além disso, deve-se procurar
manter em perfeito estado de funcionamento os equipamentos responsáveis pelo
abafamento dos ruídos, minimizando a geração de emissão sonora, que possa vir causar
incômodo. As legislações vigentes federal, estadual e municipal serão respeitadas,
permitindo o funcionamento dos mesmos dentro dos limites sonoros permitidos e
estabelecidos.

Durante a fase de operação ocorrera à geração de ruídos na planta industrial, pois sendo
esta composta de vários equipamentos de acionamentos mecânicos, elétricos e vapor
durante o seu funcionamento, é necessário manter os padrões de emissão sonora dentro
dos padrões especificados pelos fabricantes dos equipamentos, como também da

legislação federal estadual e municipal.

Também é passível a geração de ruídos provenientes da movimentação de veículos,


caminhões destinados ao transporte da cana, máquinas, caminhões destinados ao

137

RIMA - MONTASA
transportes de matéria-prima e insumos necessários para produção, equipamentos
responsáveis pela descarga e carga da cana, além do transporte do álcool. Como
controle, a empresa adotará velocidades reduzidas dos veículos e caminhões de
transporte / máquinas, permitindo obter uma melhor segurança no trânsito, como
também minimização da emissão de ruído durante estas atividades e uma manutenção
periódica, conforme manual do fabricante, exigindo que estes equipamentos tenham os
seus equipamentos de controle (silenciosos) mantidos adequados e dentro das suas
características técnicas.

Ressalta-se que a legislação atualmente em vigor, seja federal, estadual ou municipal


será cumprida quanto aos limites permitidos de emissão sonora em relação à área onde é
proposta a instalação do empreendimento.

6.2 MEIO BIÓTICO

6.2.1 Flora

6.2.1.1 Introdução

No extremo norte capixaba os principais remanescentes florestais estão contidos na


Reserva Biológica Córrego do Veado e na Floresta Nacional do Rio Preto, ambas
gerenciadas pelo IBAMA. Nessa região foram realizados poucos estudos botânicos,
destacando-se nesse sentido os trabalhos de Souza et al. (1998) em uma floresta de
Tabuleiro do Município de Pedro Canário e de Rolim & Jesus (2002, apud Jesus & Rolim,
2005) na REBIO Córrego do Veado (Pinheiro).

Esse cenário indica a importância de estudos técnicos em casos de interferência no meio


ambiente no Estado do Espírito Santo a fim de se manter ao máximo possível os
processos biológicos das áreas impactadas ou propor remediações para tais, conforme
possibilidade, sempre respeitando os princípios da legislação e aspectos
conservacionistas.

138

RIMA - MONTASA
6.2.1.2 Objetivo

Caracterizar a vegetação da área de influência direta e indireta da “MONTASA –


Montanha Álcool e Açúcar S.A.” no Município de Montanha (ES) considerando aspectos
da composição florística, estrutura e estágios de sucessão. Indicar os possíveis impactos
decorrentes da implantação do empreendimento, as correspondentes medidas
mitigadoras e os programas ambientais.

6.2.1.3 Material e Métodos

Área de Estudo

O empreendimento será implantado em uma área de aproximadamente 8,0 hectares na


Fazenda Conquista, de 1.622,25 ha, localizada próxima à localidade denominada Ramal
da Fumaça, no Município de Montanha (ES).

Atualmente, a Fazenda Conquista destina-se a criação bovina extensiva e,


conseqüentemente, a maior parte de seu terreno está ocupado por pastagens
manejadas, tendo poucos agrupamentos arbóreos.

Metodologia

A vegetação da área do empreendimento foi classificada a partir dos dados coletados na


campanha de campo realizada em fevereiro de 2006 tomando como base a
fitofisionomia, composição florística e estrutura das formações remanescentes conforme
a literatura disponível (Rizzini, 1979; Veloso et al., 1991) e legislação vigente (Leis
4771/65; Decreto 750/93 e Resolução CONAMA nº 06/94).
A listagem florística é oriunda das espécies observadas e daquelas amostradas no
levantamento fitossociológico, que foi realizado em um fragmento florestal de
aproximadamente 29,0 hectares na Fazenda Conquista para identificação de sua
estrutura e composição florística na área de influência do empreendimento. Para essa, foi
utilizando o método do Ponto Quadrante (Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974).

Foram aplicados 10 pontos com distância de 15 m entre eles, direcionados para o interior
do fragmento florestal. O critério de inclusão das árvores na amostragem foi diâmetro à

139

RIMA - MONTASA
altura do peito (DAP) ≥ 10 cm. Esses indivíduos foram medidos com auxílio de fita
métrica (DAP) e vara de poda (altura), que também foi utilizada para coleta de ramos
visando a confirmação da identificação das espécies em campo (Figuras 6.1.2.3-1). Foi
utilizado o software FITOPAC para cálculo dos parâmetros fitossociológicos.

Figura 6.2.1.3-1– Medição do DAP das árvores na amostragem fitossociológica

6.2.1.4 Resultados

A vegetação primitiva existente nas áreas de influência direta e indireta do


empreendimento encontra-se em grande parte descaracterizada, como resultado da ação
humana que restringiu os ambientes naturais a pequenos trechos da área de estudo.

A vegetação típica da região de estudo pode ser classificada como Floresta de Tabuleiro
por ocupar terrenos da formação Barreiras (Rizzini, 1997) ou, de acordo com o sistema
proposto por Veloso et al. (1991) como Floresta Estacional Semidecidual. As condições
pedológicas e principalmente climáticas na área de estudo (Incaper & Neput, 1999)
condicionam a existência dessa tipologia vegetal, pois o demarcado período de seca
induz à caducifólia de algumas espécies.

140

RIMA - MONTASA
A seguir serão descritas e caracterizadas as tipologias vegetais encontradas nas áreas de
influência direta e indireta do empreendimento, considerando as formações nativas e
antropizadas.

Pastagem

Fisionomia predominante em toda área, ocorrendo inclusive no trecho de implantação do


empreendimento (área de influência direta). A vegetação herbácea composta por
gramíneas cultivadas, principalmente dos gêneros Brachiaria e Paspalum, em sua maioria
exóticas, apresenta alguns indivíduos arbóreos remanescentes da floresta primitiva ou
nascidos por semente/brotamento. Dentre essas, destacam-se a boleira (Joannesia
princeps) (Figura 6.2.1.4-1), peroba (Paratecoma peroba), angico-vermelho
(Parapiptadenia pterosperma), bapeba-pêssego (Pouteria venosa), cinco-folhas
(Sparattosperma leucanthum) e o ipê-felpudo (Zeyhera tuberculosa) ().

Figura 6.2.1.4-1 – Indivíduo adulto de Joannesia principes (boleira) – espécie pioneira


e comum na pastagem

141

RIMA - MONTASA
Brejo

Tipologia herbácea entremeada por alguns arbustos eventuais (Bactris setosa). Ocorre às
margens do Córrego do Dezoito, em seus meandros e na planície de inundação desse
curso d’água, incluindo o provável local de captação de água para o empreendimento
(influência direta).

A composição fitofisionômica do Brejo sofre variações abruptas, com alguns trechos


dominados ora por taboa (Typha dominguensis) (Figura 6.2.1.4-2), ora por conjunto de
espécies principalmente de Cyperaceae (Fuirena umbellata, Rhynchospora
holoschoemoides) juntamente com plantas de outras famílias (Ludwigia octovalvis,
Polygonum acuminatum, Blechnum serrulatum). Em locais onde forma lâmina d’água
aparecem os aguapés (Nymphea ampla, Eichornia crassipes)

Figura 6.2.1.4-2 - Trecho de brejo com predomínio de taboa (Typha dominguensis)

Vegetação Ciliar

Vegetação ocorrente nas margens do Córrego do Dezoito, no lado oposto ao provável


local de implantação do sistema de captação de água para a planta industrial, ou seja, na
área de influência indireta do empreendimento.

Está representada por pequenos agrupamentos arbustivo/arbóreos descontínuos,


composto principalmente por Inga edulis (ingá), Tapirira guianensis (cupuba), Genipa
142

RIMA - MONTASA
americana (jenipapo) e embaúba (Cecropia pachystachya), dentre outras (Figura 6.2.1.4-
3).

Figura 6.2.1.4-3 - Aspecto geral da vegetação ciliar de porte arbóreo nas margens do
Córrego do Dezoito

Floresta Estacional Semidecidual

Essa tipologia corresponde aos fragmentos de vegetação arbórea existente nas partes
mais altas do terreno, todos na área de influência indireta do empreendimento.
Correspondem à pequenos remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual isolados
em meio às pastagens.

O fragmento existente ao lado leste da área de implantação do empreendimento foi


escolhido para análise de sua estrutura fitossociológica e composição florística,
representando os demais remanescentes florestais da região na área de influência da
MONTASA (Figura 6.2.1.4-4). No entorno desse fragmento, nos locais de menor manejo
da pastagem, podem ser encontradas vários arbustos de diferentes espécies,
evidenciando um processo de regeneração natural.

143

RIMA - MONTASA
Figura 6.2.1.4-4 – Aspecto geral do remanescente de Floresta Estacional Semidecidual

A floresta apresenta um dossel com 10 metros de altura em média, mas com alguns
indivíduos podendo alcançar até 17 metros. O diâmetro médio encontrado foi de 19,7 cm
e a área basal por hectare totalizou 33,55. Dentre os 40 indivíduos amostrados nos 10
pontos quadrantes foram identificados 12 espécies, que gerou um índice de diversidade
de 2,017. A densidade projetada ficou em 918 indivíduos/hectare.

Nas porções mais interioranas do fragmento, aumenta a presença de herbáceas e


arbustos no sub-bosque, tais como Heliconia angusta, Clavija caloneura e Cordia
taguayensis. A serapilheira fica mais espessa assim como aumenta a presença de cipós
lenhosos, no entanto o epifitismo continua pouco expressivo. Segundo Fontoura et al.
(1997) o epifitismo é pouco pronunciado em florestas secundárias.

A presença de várias árvores perfilhadas na base são indícios do sucesso na regeneração


de algumas espécies após corte raso (Assumpção & Nascimento, 2000) que
provavelmente ocorreu nesse fragmento. Outro indício de impacto verificado foi a
presença de troncos em pé queimados, indicando que possivelmente o fragmento
estudado tenha sido atingido por fogo, que parece ser um impacto constante sobre as
florestas da região, conforme relatou MMA/IBAMA (2001) para a REBIO Córrego do
Veado.

144

RIMA - MONTASA
As principais espécies arbóreas conforme o Valor de Importância (VI) foram Guazuma
crinita, Joannesia princeps, Protium heptaphyllum e Polyandrococos caudescens, que
somadas totalizam 70% do VI da floresta estudada. Todas as espécies amostradas são
classificadas como pioneiras ou secundárias (Lorenzi, 1998; 2002; Jesus & Rolim, 2005),
e ocorrem em outras florestas estacionais (Souza et al., 1998; Jesus & Rolim, 2005; Silva
& Nascimento, 2001), e mesmo em ambientes diferentes como a restinga (Pereira &
Araújo, 2000) e a floresta ombrófila densa (Thomaz & Monteiro, 1997; Sanchez et al.,
1999; Jardim, 2003) de vários estados brasileiros, indicando serem espécies de ampla
distribuição geográfica.

De acordo com Lorenzi (1998), G. crinita é uma espécie heliófita e comum em capoeiras
e ambientes de solos arenosos. Lorenzi (2002) indica que P. caudescens e P.
heptaphyllum são helófitas e ocorrentes em formações secundárias. O estudo de Rolim &
Folli (2000) considerando floresta de diferentes graus de preservação e impactos,
destacam a importância de J. principes na regeneração de florestas desmatadas ou
queimadas ou na cicatrização de clareiras em áreas exploradas.

Os dados apresentados indicam que o remanescente estudado encontra-se em estágio


médio de regeneração, considerando o baixo número de epífitas e trepadeiras lenhosas e
os estratos inferiores e serapilheira pouco evidentes. A elevada área basal foi influenciada
pela amostragem pequena, que superestimou esse dado com a inclusão de vários
indivíduos de grande diâmetro.

Composição Florística

Foram inventariadas 89 espécies considerando todas as tipologias existentes nas áreas


de influência direta e indireta do empreendimento (Tabela 6.1.2.4-1), inclusive aquelas
fortemente antropizadas como a pastagem, que continham inclusive espécies exóticas,
como o dendê (Elaeis guianensis).

As principais famílias quanto ao número de espécies foram Leguminosae (10),


Euphorbiaceae e Poacae (6), Arecaceae (5) e Bignoniaceae e Rubiaceae (4 cada) (Tabela
6.1.2.4-1). Dentre essas, Jesus & Rolim (2005) citam Leguminosae, Euphorbiaceae e
Rubiaceae dentre as cinco com maior riqueza dentre as famílias com espécies arbóreas

145

RIMA - MONTASA
na Floresta de Tabuleiro da Reserva Natural da Vale do Rio Doce, no Município de
Linhares (ES).

Apesar da maior parte da área de estudo estar ocupada por pastagem, a tipologia que
apresentou maior riqueza foi a floresta, assim como a forma de vida que se sobressaiu
foi a arbórea.

Tabela 6.1.2.4-1 – Lista florística da Fazenda Conquista, Município de Montanha (ES)

Ambientes
Família Espécies Nome vulgar Hábito
F B C P
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Cupuba AR x
Annonaceae Rollinia laurifolia Schltdl. pinha-da-mata AR x
Mandevilla sp LIA x
Apocynaceae
Tabernaemontana laeta Mart. leiteira AR x x
Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) S. Frodin. Imbaubão AR x
Astrocarium aculeatissimum (Schott)
brejaúva AR x x
Burret
Bactris setosa Mart. tucum-do-brejo ARB x x
Arecaceae Desmonchus orthacanthos Mart. cerca-onça ESC x
Elaeis guineense Jacq. dendê AR x
Polyandrococos caudescens (Mart.)
palmito-amargoso AR x x
Barb. Rodr.
Adenocalymna marginatum (Cham.) DC Cipó-de-são-joão LIA x
Paratecoma peroba (Record & Mell.)
perobinha-do-campo AR x
Kuhlm.
Bignoniaceae
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.
cinco-folhas AR x x x
Schum.
Zeyhera tuberculosa (Vell.) Bureau Ipê-felpudo AR x x
Blechnaceae Blechnum serrulatum Rich. samambaia-do-brejo HER x
Eriotheca macrophylla (K. Schum.) A.
Bombacaceae Imbiruçú AR x
Robyns
Cordia taguahyensis Vell. ARB x
Boraginaceae
Cordia trichoclada DC. louro AR x
Protium heptaphyllum (Aubl.)
Burseraceae Amescla-cheirosa AR X
Marchand.
Cactaceae Pereskia aculeata Mill. ora-pro-nobis LIA x
Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trécul embaúba AR x
Connaraceae Connarus sp ESC x
Cyperus ligularis L. tiririca HER x
Fuirena umbellata Rott. tiriricão-do-brejo HER x
Cyperaceae
Rhynchospora holoschoemoides (C.L.
tiririca HER x
Richard.)
Cnidosculus pubescens (Pax.) Pax. & K.
Arre-diabo AR x
Hoffm.
Cnidosculus urens (L.) Arthur urtiga HER x
Euphorbiaceae nterm glandulosus L. gervão HER x
Hyeronima oblonga (Tul.) Mull. Arg. AR x
Joannesia princeps Vell. Boleira AR x x
Sebastiana sp ARB x

146

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.2.4-2 – Lista florística da Fazenda Conquista, Município de Montanha (ES)

Ambientes
Família Espécies Nome vulgar Hábito
F B C P
Carpotroche brasiliensis (Raddi) Endl. Sapucainha AR x
Flacourtiaceae
Casearia commersoniana Cambess. Cafezinho AR x
bananeirinha-do-
Heliconiaceae Heliconia psittacorum L. f. HER x
mato
Hydrocharitaceae Egeria densa Planch. Elodea HER x
Lauraceae Ocotea sp canela AR x
Bauhinia forficata Link unha-de-vaca ARB x
Bauhinia sp escada-de-macaco LIA x
Leguminosae
Caesalpinoideae
Senna multijuga (Rich.) Irwin &
AR x
Barneby
Senna occidentalis (L.) Link fedegoso HER X
Leguminosae Lonchocarpus guilleminianus (Tul.)
AR x
Faboideae Malme
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico-branco AR x
nte edulis Mart. Ingá AR x
Leguminosae Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze ARB x
Mimosoideae Parapiptadenia pterosperma (Benth.)
angico-vermelho AR X
Brenan
Piptadenia paniculata Benth cobi AR X
Malphighiaceae Heteropteris sp LIA x
Sida cordifolia L. vassoura HER X
Malvaceae
Sida glaziovii K. Schum. Veludinho HER X
Cedrela fissilis Vell. Cedro-rosa AR x
Meliaceae
Guarea guidonia (L.) Sleumer ARB x
Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. ARB x
Sorocea guilleminiana Gaudich. Folha-de-serra ARB x
Campomanesia guazumifolia (Camb.)
Gabiroba ARB x
Berg
Psidium guajava L. goiabeira AR X
Moraceae
Psidium guineense Sw. Araçá ARB X
Bouganvillea spectabilis Willd Buganvile ARB X
Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole AR x
Nymphea ampla (Salisb.) DC. Aguapé HER x
Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven cruz-de-malta HER x

147

RIMA - MONTASA
Tabela 6.1.2.4-1 – Lista florística da Fazenda Conquista, Município de Montanha (ES)
(Continuação)

Ambientes
Família Espécies Nome vulgar Hábito
F B C P
Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Orquídea-de-chão HER x
Passifloraceae Passiflora alata Dryand. Maracujá-do-mato LIA x
Brachiaria spp. Braquiária HER x X
Merostachys sp taquara AR x
Paspalum conspersum Schrad. Capim-milhã HER x
Poaceae
Paspalum maritimum Trin. Capim-pernambuco HER X
Paspalum notatum Flügge grama-batatais HER X
Paspalum repens L. capim-torpedo AR x X
Polygonaceae Polygonum acuminatum Kunth erva-de-bicho HER x
Pontederiaceae Eichornia crassipes (Mart.) Solms aguapé HER x
Samambaia-gigante-
Pteridaceae Acrostichum danaeifolium Lan. Et Fis. HER x
do-brejo
Amaioua ntermédia Mart. AR x
Borreria verticillata (L.) G. Mey. Vassourinha HER X
Rubiaceae
Genipa americana L. jenipapo AR x
Psycotria sp HER x
Conchocarpus longifolius (A.St.-Hil.)
HER x
Rutaceae Kallunki & Pirani
Zanthoxylon rhoifolium Lam. Maminha-de-porca AR x
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. Camboatã AR x
Sapotaceae Pouteria venosa (Mart.) Baehni bapeba-pêssego AR X
Smilacaceae Smilax brasiliensis Spreng Japecanga LIA x
Solanaceae Solanum viarum Dunal mata-cavalo HER X
Guazuma crinita Mart. algodão-da-mata AR x
Sterculiaceae Pterigota brasiliensis Allemão farinha-seca AR x
Waltheria indica L. malva-branca
Theophrastaceae Clavija caloneura (Mart.) Miq. ARB x
Tiliaceae Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo AR x
Typhaceae Typha dominguensis G. Don taboa HER x
Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. Espora-de-galo ARB X
Ulmaceae
Trema micrantha (L.) Blume gurindiba ARB X
LEGENDA: (Hábito: AR= árvore; ARB= arbusto; HER= herbácea; LIA= liana; ESC= escandente. Ambientes:
F= Floresta Estacional Semidecidual; B= brejo; C= Ciliar; P= pastagem).

Dentre as espécies identificadas apenas uma consta na lista oficial de espécies


ameaçadas para o Estado do Espírito Santo, a perobinha-do-campo (Paratecoma peroba),
considerada criticamente em perigo (Decreto – ES, 2005), principalmente devido à sua
exploração excessiva. Na área entre o local de implantação da indústria e o Córrego do
Dezoito (captação de água) foi encontrado um indivíduo adulto da espécie, isolado em
meio às pastagens.

148

RIMA - MONTASA
Espécies endêmicas, raras e ameaçadas

O inventário não identificou nenhuma espécie rara ou endêmica, provavelmente


influenciado pelo tipo de vegetação remanescente, em sua maioria secundária, com
espécies normalmente pioneiras e de ampla distribuição geográfica.

Em relação às ameaçadas de extinção não foi encontrada nenhuma espécie da lista


brasileira e apenas uma espécie da lista para o Estado do Espírito Santo, a perobinha-do-
campo (Paratecoma peroba), considerada criticamente em perigo (Decreto - ES, 2005),
principalmente devido à sua exploração excessiva. Na área entre o local de implantação
da indústria e o Córrego do Dezoito (captação de água) foi encontrado um indivíduo
adulto da espécie, isolado em meio às pastagens.

6.2.2 Fauna

6.2.2.1 Ictiofauna (Peixes)

6.2.2.1.1 Introdução

Levando-se em consideração que os rios e ambientes costeiros, de uma maneira gera,


vêm sendo rapidamente modificados pela ação do homem, que provoca sérias alterações
na composição original, tanto da fauna quanto da flora, os efeitos cumulativos da
poluição provavelmente destruirão muitas espécies antes mesmo de se poder fazer
levantamentos sobre a composição e estrutura das comunidades (Böhlke et al., 1978).
Portanto, qualquer informação sobre a composição e o papel desempenhado pelas
espécies torna-se relevante para a administração dos ecossistemas e futuro manejo
direcionados na preservação das espécies.

O objetivo principal deste trabalho é o de avaliar as espécies de peixes que habitam o


Córrego do Dezoito, localizado na Fazenda Conquista, Município de Montanha, noroeste
do Estado do Espírito Santo.

149

RIMA - MONTASA
6.2.2.1.2 Material e Métodos

Área de Estudo

As coletas foram realizadas no Córrego do Dezoito, dentro das imediações da Fazenda


Conquista, na localidade de Ramal da Fumaça no Município de Montanha. O rio fica
dentro de uma área de pastagem, tendo pouca vegetação marginal, o que acarreta com
a queda de sua margem, aumentando o assoreamento do seu leito.

Figura 6.2.2.1.2-1 – Vista parcial do trecho Córrego do Dezoito em um dos trechos onde
foram realizadas as coletas.

A captação de água que será utilizada nos processos da MONTASA será realizada no
Córrego do Dezoito.

Amostragens

As amostragens foram realizadas no dia 08 de fevereiro de 2006. Foi utilizada uma


peneira circular com 0,80 m de diâmetro, com aberturas de 3 mm entre nós opostos. Um
total de 50 (cinqüenta) lances de peneira foram dados em um trecho aproximado de 200
m.

150

RIMA - MONTASA
Os peixes capturados foram acondicionados sem aços plásticos com água e, após serem
identificados e contados, foram soltos no mesmo local de captura. Para a identificação
das espécies foram usadas as seguintes bibliografias: Ellis (1913), Eigenmann (1917-
1921), Britski (1972), Britski et al. (1984), Weitzman et al. (1988), Menezes (1987, 1988)
e Nijessen & Isbrucker (1980a, b e c), entre outros.

6.2.2.1.3 Resultados

Foram capturadas 11 espécies pertencentes a 9 famílias. Estes dados revelam uma


diversidade muito baixa, que possivelmente está relacionada com as questões de
degradação do ambiente natural assoreado. Estas espécies encontram-se relacionadas
Tabela 6.2.2.1.3-1.

Tabela 6.2.2.1.3-1- Relação das espécies de peixes capturados no Córrego do Dezoito

FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM

CHARACIDAE
Astyanax taeniatus Piaba
Moenkhausia doceana Piaba
CRENUCHIDAE
Characidium sp. Peixe-rei, Alfinete
CICHLIDAE
Geophagus brasiliensis Cará
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia quelem Jundiá / Bagre
ANOSTOMIDAE
Leporinus steidachneri Piau
LORICARIIDAE
Hypostomus aff. punctatus Cascudo
Otothyris travassossi Cascudinho
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus Traíra
POECILIIDAE
Poecilia vivipara Barrigudinho
TRICHOMICTERIDAE
Trichomycterus alternatus Bagrinho

151

RIMA - MONTASA
Foram coletados 236 exemplares de peixes. A espécie mais abundante foi à piaba
(Astyanax taeniatus), a qual representou 73,3% das capturas. O piau (Leporinus
steidachneri) foi à segunda espécie mais abundante, representando 6,8% das capturas.
Demais espécies ocorreram com baixos níveis de abundância. A grande maioria dos
exemplares coletados era jovem.

Nenhumas das espécies amostradas encontram-se na lista das espécies ameaçadas


(IBAMA, 2003; DECRETO-ES, 2005).

A exceção do barrigudinho (Poecilia vivipara), do alfinete (Characidium sp.), do


cascudinho (Otothyris travassossi) e do bagrimho (Trichomycterus alternatus) todas
outras espécies são utilizadas como alimento pela população local e são capturados de
forma artesanal.

6.2.2.1.4 Discussão

Este estudo revelou a presença de apenas 11 (onze) espécies de teleósteos para o


Córrego do Dezoito. Este corpo hídrico caracterizou-se pela baixa diversidade de espécies
de peixes. Um dos fatores que pode ter influenciado esta baixa diversidade é o grau de
assoreamento deste corpo hídrico e, levando-se em consideração ainda que o período de
amostragem também se caracterizou pela ausência de chuvas nos 02 últimos meses,
fator importante na renovação da qualidade de água do córrego amostrado. Outro fator
que auxilia na manutenção da diversidade é a mata ciliar, que no local estudado está
restrita um pequeno trecho.

Os dados obtidos no presente estudo (11 espécies) certamente estão longe de


representar a totalidade da fauna de peixes local, contudo, certamente amostrou as
espécies mais abundantes no Córrego do Dezoito. Almeida (2006) coletou 08 espécies
distribuídas dm 06 famílias no Córrego do Engano Pedro Canário. Teixeira (1989) coletou
25 espécies de peixes no arroio Bom Jardim (RS), sendo Hyphessobrycon luetkenii a
espécie mais abundante. Sabino e Castro (1990) apenas oito espécies de peixes em um
riacho da floresta Atlântica no Estado de São Paulo, sendo que obtiveram Rhamdella
minuta e Deuterodon iguape como as espécies mais abundantes. Penczak et al. (1994)
coletaram 28 espécies em dois pequenos tributários do Rio Paraná (PR).

152

RIMA - MONTASA
Variações no número de espécimens e espécies são comuns em diferentes estudos, uma
vez que a maioria apresenta diferentes técnicas de amostragens. Entretanto, parece claro
que a diversidade de espécies é menor em região de montanhas do que nas baixadas.

A vegetação marginal provavelmente é o principal local de refúgio das espécies que


exploram rios e riachos. Como o Córrego do Dezoito apresenta pouca vegetação
marginal, ou seja, o principal refúgio foi destruído, as espécies provavelmente têm que
migrar com a finalidade de encontrar locais para se protegerem. A qualidade de água e a
manutenção de locais para abrigo, proteção e alimentação das espécies é fundamental
para manter as condições de sobrevivência das espécies mais sensíveis.

As maioria das espécies que ocorrem no Córrego do Dezoito se caracterizam pela grande
plasticidade ecológica, fundamental para garantir o sucesso destas em habitats tão
degradados.

6.2.2.1.5 Registro Fotográfico de Algumas Espécies

Figura 6.2.2.1.4- 1 - Moenkhausia doceana

153

RIMA - MONTASA
Figura 6.2.2.1.4- 2 - Hoplias malabaricus

Figura 6.2.2.1.4- 3 - Leporinus steidachneri

6.2.2.2 Herpetofauna (Anfíbios)

6.2.2.2.1 Introdução

Os anfíbios compreendem um dos grupos mais interessantes dentre todos os


vertebrados. Este fato deve-se ao estilo de vida que, na grande maioria das espécies, as
quais apresentam uma forma larval aquática, sofrem metamorfose, passando a utilizar o
habitat terrestre na fase de juvenil para adulta (Duellman & Trueb, 1994). As espécies
também apresentam uma variedade muito grande no que se refere ao tipo de
reprodução.

O objetivo principal deste estudo foi o de caracterizar a comunidade de anfíbios que


ocorre na área de influência direta e indireta do empreendimento, na localidade de
“Ramal da Fumaça”, Município de Montanha, região norte do Espírito Santo.

154

RIMA - MONTASA
6.2.2.2.2 Material e Métodos

Área de Estudo

O trabalho de campo foi realizado num raio de 5 km no entorno do empreendimento


(coordenada central 0374821 x 8001585 UTM SAD 69). Nesta área foi realizado um
levantamento qualitativo, contudo, a amostragem quantitativa foi realizada na área
compreendida em um raio de 1 km no entorno do empreendimento. Os principais
ambientes amostrados foram: Áreas brejosas e alagáveis nas margens do Córrego do Dezoito;
Fragmento de mata adjacente a área preterida para implantação do empreendimento; Mata Ciliar
nas margens do Córrego do Dezoito; Fragmento de mata na localidade de “30 de Maio” e
Pastagens.

Metodologia

As amostragens foram feitas manualmente entre os dias 08 e 10 de fevereiro de 2006


nos períodos diurno e noturno. Todos os exemplares coletados foram colocados em sacos
plásticos com um pouco de água para manter os anfíbios vivos, a final da amostragem
em cada ponto estes foram contados e soltos no mesmo local de captura.

A identificação das espécies no campo foi feita visualmente e através das vocalizações
emitidas pelos machos.

Nas áreas de pastagens, nas bordas e o interior do fragmento os troncos caídos (podres
ou não) foram vasculhados, pois, principalmente nas pastagens estes ambientes tornam-
se locais de abrigo contra a dessecação.

6.2.2.2.3. Resultados e Discussão

Durante o período amostrado foram encontradas 13 espécies de anfíbios, sendo 3


bufonídeos, 6 hilídeos e 4 leptodactylídeos (Tabela 6.2.2.2.3-1). A família Hylidae
contribui com 3 gêneros (Hypsiboas, Dendropsophus e Scinax). Enquanto que a família
Leptodactylidae, contribuiu com 2 gêneros (Leptodactylus e Eleutherodactylus). A família
Bufonidae foi representada por apenas um gênero (Bufo).

155

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.2.3-1 - Relação das espécies de anfíbios amostradas na área de estudo,
Fazenda Conquista, Montanha - ES

FAMÍLIA NOME COMUM


Espécie
BUFONIDAE
Bufo crucifer Sapo-cururu
Bufo paracnemis Sapo-boi
Bufo granulosus Sapinho

HYLIDAE
Dendropsophus decipiens (Hyla decipiens) Perereca
Dendropsophus branneri (Hyla branneri) Perereca
Hypsiboas albomarginatus (Hyla albomarginata) Perereca-verde
Scinax alter Perereca
Scinax similis Perereca
Scinax x-signatus Perereca

LEPTODACTYLIDAE
Eleutherodactylus binotatus Rãnzinha
Eleutherodactylus sp. Rãnzinha
Leptodactylus gr. ocellatus Rã
Leptodactylus gr. fucus Rã-assoviadora
Notas:
1- A classificação sistemática segue Faivovich, et al. 2005
2 - os nomes entre parênteses foram validos até junho de 2005

Como pode se observar na Figura 6.2.2.2.3-1, de acordo com o número de espécies


amostradas, a família Leptodactylidae foi a mais representativa, com 60,90% do total,
seguida pelas famílias Hylidae, com 34,55%, e Bufonidae, com 4,55%. O predomínio da
família leptodactylidae deve-se ao grande número de Leptodactylus gr. fuscus e
Eleuterodactylus binotatus amostrados. Leptodactylus gr. fuscus predominou nas
amostragens, apesar de não ocorrer na área diretamente afetada pelo empreendimento
(cerca de 8,0 hectares), porém, foi muito abundante nas áreas alagáveis e pastagens nas
margens do Córrego do Dezoito. Enquanto que Eleuterodactylus binotatus foi muito
abundante no fragmento de mata na Localidade de 30 de Maio na área de influência
indireta do empreendimento.

156

RIMA - MONTASA
BUFONIDAE
4,55%
HYLIDAE
34,55%

LEPTODACTYLIDAE
60,90%

Figura 6.2.2.2.3-1 - Representatividade das famílias baseado no número de exemplares


amostrados

Foi observado um total de 110 indivíduos na área de estudo. A espécie Leptodactylus gr.
fuscus com 36 exemplares foi a mais abundante numericamente, representando 32,73%
do total amostrado; seguida por Eleutherodactylus binotatus (20,91%), Scinax alter
(14,55%) e Dendropsophus decipiens (10,00%). As outras espécies foram
numericamente menos representadas.

O local onde será implantado a unidade fabril da MONTASA é todo coberto por
pastagens. Este ambiente no período amostrado (verão), não abrigava anfíbios e
provavelmente na maior parte do ano também não apresenta condições favoráveis para
ser habitado pela anurofauna, pois, a ausência de abrigo, de umidade e o pisoteio do
gado certamente dificultam a ocupação deste ambiente.

Nenhuma das espécies observadas no local, consta da lista dos animais ameaçados de
extinção (IBAMA, 2003 e DECRETO-ES, 2005), porém, todas são importantes para a
manutenção do ambiente, visto que cada uma desempenha sua função no equilíbrio
ecológico deste ecossistema.

157

RIMA - MONTASA
6.2.2.2.4. Considerações Finais

Este estudo revelou a presença de 12 espécies de anuros, sendo que à maioria em


ambientes alagáveis e área brejosa. Ao comparar os dados obtidos com outros
levantamentos realizados na região norte do Espírito Santo, pode-se afirmar que os
resultados obtidos foram satisfatórios. Teixeira, Almeida & Schineider (2003),
identificaram no Município de Vila Pavão, 19 espécies de anfíbios em uma diversidade de
ambientes como brejos, lagoas, margens de córregos e mata atlântica em excelente
estado de preservação. Almeida (2006) revelou a presença de 11 espécies de anfíbios ao
longo Rodovia ES-209 (trecho Pedro Canário – Cristal).

A implantação da MONTASA certamente não irá causar impactos a anurofauna local,


pois, a área diretamente afetada pelas obras é dominada por pastagens e sem a
presença de anfíbios no local; o ponto mais próximo onde foi observado anuro (01
exemplar de Eleutherodactylus binotatus) foi o fragmento de mata adjacente (raio de
100 metros), sendo que este local não sofrerá qualquer tipo de intervenção.

6.2.2.2.6 Registro Fotográfico de Algumas Espécies

Figura 6.2.2.2.6-1 - Exemplar adulto de Bufo granulosus (sapinho)

158

RIMA - MONTASA
Figura 6.2.2.2.6-3 - Exemplar de Leptodactylus gr. Fuscus (rã-assoviadora)

6.2.2.3 Herpetofuna (Répteis)

6.2.2.3.1 Introdução

A classe dos répteis é constituída por quatro tipos fundamentais de organização, e


compreende, no Brasil, as seguintes ordens: Quelônios (jabutis, cágados e tartarugas),
Crocodilianos (jacarés), Escamados/lacertílios (lagartos), Escamados/ofídios (serpentes).
As dimensões corpóreas podem variar imensamente nos répteis, tendo como exemplo de
base superior a gigantesca serpente Eunectes murinus (sucuri), podendo alcançar até 13
m de comprimento, ou também o Melanosuchus niger (jacaré-açu da Amazônia), que na
sua fase adulta pode chegar até 5m de comprimento total. Em contraste, tem-se como
exemplo os minúsculos lagartos da família Gymnophthalmidae, que variam de 4 a 7 cm
de comprimento total.

O estudo dos répteis no Espírito Santo é consideravelmente insuficiente, se comparado


com a região norte e centro oeste do Brasil. Conseqüentemente, a disposição de
trabalhos científicos desta área, que são escassos, relevando logicamente alguns
trabalhos já publicados. Um bom exemplo a ser citado, é o registro de Bothrops pirajai
(Amaral, 1977) no norte do ES, a espécie de serpente descrita é ameaçada de extinção, e
considerada uma das Bothrops (grupo das jararacas) mais raras do Brasil. Este trabalho

159

RIMA - MONTASA
foi o primeiro e talvez único registro da espécie no ES desde 1977, após o primeiro
encontro com o viperídeo, não houve nenhum outro trabalho no estado relacionado à
espécie, desde então só existem registros para o sul da Bahia e nordeste de MG, sendo
na verdade, considerada endêmica do sul da Bahia.

O estudo realizado teve como principal objetivo diagnosticar o presente estado dos
répteis na localidade de Montanha/ES, onde será implantada a MONTASA.

6.2.2.3.2 Material e Métodos

As observações diurnas (08:00 às 12:00h e entre 14:00 às 17:00h) e noturnas (20:00 às


22:30h) foram feitas durante três dias consecutivos, 06, 07 e 08 de fevereiro de 2006. A
campanha foi realizada no Município de Montanha, sendo que foi amostrada a área de
influência direta, esta pertencente a empresa, e também foi verificado no entorno do
futuro empreendimento, alguns fragmentos com possíveis influências indiretas. As
amostragens foram baseadas em contagens diretas de acordo com transecções
aleatórias.

6.2.2.3.3 Resultados e Discussão

Ao final da amostragem obteve-se oito (08) espécies de répteis, pertencentes a quatro


famílias (Gekkonidae, Teiidae, Polychrotidae e Colubridae) e duas sub-ordens (Serpentes
e Sauria). Os animais em questão foram registrados no fragmento adjacente ao local da
futura indústria e, também, em um fragmento próximo ao local do pretendido
empreendimento, o qual pode-se estipular possíveis impactos indiretos após a instalação
da MONTASA. Estas espécies estão relacionadas a seguir, obedecendo-se um
ordenamento alfabético (espécies dentro das famílias) e filogenético (famílias e ordens)
(Pough et al., 1993).

ORDEM SQUAMATA
SUB-ORDEM SAURIA
FAMÍLIA GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia - lagartixa-de-parede
Gymnodactylus darwini - lagartixa
FAMÍLIA TEIIDAE

160

RIMA - MONTASA
Ameiva ameiva - calango-verde
Tupinambis merianae - lagarto, teiú
FAMÍLIA POLYCHROTIDAE
Enyalius sp.
SUB-ORDEM SERPENTES
FAMÍLIA COLUBRIDAE
Philodryas olfersii - cobra-verde
Oxyrhopus trigeminus – falsa-coral
Oxybelis aeneus – bicuda

Foram registradas 05 espécies de lagartos e 03 espécies de serpentes. No que diz


respeito à abundância numérica total, os lagartos representaram 89,27% dos exemplares
amostrados e as serpentes 10,71%. Entre os lagartos, a espécie mais abundante foi
Hemidactylus mabouia (Sauria: Gekkonidae), que representou 42,85% dos répteis
observados. Gymnodactylus darwini (Sauria: Gekkonidae) foi a segunda espécie
numericamente dominante (25%), seguida por Ameiva ameiva (Sauria: Teiidae) com
total de 10,71%, e logo após Tupinambis merianae (Sauria: Teiidae) com 7,14%. A
espécie menos relevante numericamente foi Enyalius sp, que se obteve a visualização de
apenas um animal, repercutindo em um total de 3,57% da amostragem.

Em relação às serpentes obteve-se números pouco relevantes, que certamente é de se


esperar em estudos de pequena duração. Os valores foram iguais para as três espécies
encontradas, Philodryas olfersii, Oxyrhopus trigeminus e Oxybelis aeneus, ambas com
3,57%.

A análise com relação às famílias predominantes não mostrou nenhuma surpresa (Figura
6.2.2.3.3-1). A dominância foi alcançada pela família Gekkonidae, com um total de

67,86%, representada por duas espécies consideradas comuns e normalmente com


grande densidade populacional. A família Teiidae obteve o segundo lugar, 17,86%, e
logo após a família Colubridae com 10,71%.

A família Polychrotidae foi numericamente pouco representativa, com um total de 3,57%,


não surpreendendo, considerando-se que o grupo é de difícil visualização devido ao seu
hábito arborícola.

161

RIMA - MONTASA
Colubridae Polychrotidae
10,71% 3,57%

Teiidae
17,86%

Gekkonidae
67,86%

Figura 6.2.2.3.3-1 - Percentual dos valores numéricos das famílias de répteis


observadas

A área amostrada certamente abriga uma maior diversidade de répteis, contudo,


somente amostragens a longo prazo revelarão um maior número de espécies, porém os
dados obtidos no presente estudo certamente amostrou as espécies amis abundantes na
área de estudo.

Nenhumas das espécies amostradas encontram-se na lista das espécies ameaçadas


(IBAMA, 2003; DECRETO-ES, 2005).

6.2.2.3.4 Considerações Finais

De um modo geral, as espécies de répteis que foram amostradas na área de estudo são
comuns no território capixaba, ocorrendo em uma grande variedade de habitats,
contudo, a maioria das espécies amostradas, apesar de não serem habitantes exclusivas
do interior da mata, possuem uma relação direta ou indireta com estes ambientes.

O teiú (Tupinambis merianae) é uma espécie que sofre pressão de caça na maioria dos
municípios capixabas, pois, sua carne é apreciada como alimento e com isso sua
população tem sido reduzida. A lagartixa-de-parede (Hemidactylus mabouia) é uma
espécie exótica que se adaptou muito bem aos ambientes antropizados.

162

RIMA - MONTASA
6.2.2.3.5 Registro Fotográfico de Algumas Espécies

Figura 6.2.2.3.6-1 – Exemplar juvenil de Oxyrhopus trigeminus (falsa-coral)

Figura 6.2.2.3.6-2 – Exemplar adulto de Philodryas olfersii (cobra-verde)

6.2.2.4 Avifauna

6.2.2.4.1 Introdução

Alguns estudos atribuem às aves o papel de serem potencialmente os melhores


bioindicadores. Andrade (1992), afirma que às aves, além de representarem vários

163

RIMA - MONTASA
papéis biológicos, são reconhecidas como os melhores bioindicadores da qualidade
ambiental, por serem um grupo relativamente fácil de ser estudado, pelo grande número
de informações já conhecidas sobre sua sistemática e por se distribuírem por todos os
ecossistemas terrestres, onde ocupam os mais variados nichos ecológicos e tróficos das
florestas, distribuindo-se desde o piso até as copas das árvores (Almeida & Almeida,
1998; Dário, 1999; Dário & Almeida, 2000

Este diagnóstico apresenta a composição da avifauna encontrada na localidade


denominada Ramal da Fumaça, e em seu entorno localizados no Município de Montanha
(ES). Localidade denominada Ramal da Fumaça, no Município de Montanha (ES).

Visando através de uma correlação de sua dinâmica populacional avaliar os possíveis


impactos causados pelas ações resultantes do plantio e da exploração comercial de cana-
de-açúcar para produção de álcool sobre a comunidade de aves local. O mesmo reúne
informações técnicas que visam atender exigências do Instituto Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), solicitadas através de termo de referência.

A situação ambiental da área de estudo, fruto deste diagnóstico, aliado ao conhecimento


das ações do empreendimento, subsidiará a avaliação dos impactos ambientais, principal
aspecto do documento em questão.

6.2.2.4.2 Material e Métodos

A área de estudo situa-se na Fazenda Conquista na localidade de Ramal da Fumaça e seu


entorno, no Município de Montanha, noroeste do Estado do Espírito Santo.

Para realização do levantamento da avifauna adotou-se diferentes estratégias e


metodologias, visando a obtenção de uma listagem mais completa de aves da região,
estas são bem explicadas em Blondel et al., (1970) e Gibbons et al. (1996), e são
descritas sucintamente a seguir.

Foram realizados três dias de coletas de campo, entre os dias 4 e 7 de fevereiro de 2006,
resultando em 36 horas de campo. Foram identificadas e coletadas informações em três
diferentes áreas que são: Área Aberta (Pastagem); Ambiente Paludícula (Alagado) e
Ambiente Florestal (Fragmento).

164

RIMA - MONTASA
Técnicas de Estudo Empregadas

Foram utilizadas as seguintes técnicas no levantamento de campo:

- Levantamento Assistemáticos
- Sensos por Transectos Pontuais

Classificação Sistemática

Foi utilizada a classificação sistemática proposta por Sick (1997), e para a identificação
das espécies foram utilizadas as seguintes bibliografias, Frisch (1981), Duning (1987),
Andrade (1992), Rosário (1996), Venturini et al. (1996), Sick (1997), Souza (1998),
Höfling & Camargo (1999) MBML (s.d.), para avaliação do status utilizou-se Bernardes et
al. (1990), Paiva (1999) e IUCN (1996).

6.2.2.4.3 Resultados

Nas áreas estudadas foram registradas a presença de 103 espécies de aves, pertencentes
a 12 Ordens e 28 Famílias (Tabela 6.2.2.4.3-1). A ordem mais representativa foi a dos
Passeriformes, com 54,3% das espécies.

Foram efetuados três dias de observações na área, onde detectou-se que toda a área já
sofreu forte pressão antrópica, com grande parte da cobertura nativa original tendo dado
lugar a extensas áreas de pastagens, sendo a mesma ocupada em sua maioria por
espécies sinantropas – ou seja espécies que avançam sua distribuição geográfica a
medida que a vegetação original é retirada, as espécies florestais encontram-se
suprimidas nos pequenos fragmentos existentes na região, foram encontradas espécies
de aves que habitam tanto áreas de mata como áreas abertas e de alagado. Os baixos
números de espécies observados nas áreas podem ser considerados indicativos da
elevada pressão que a área vem sofrendo.

165

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna. Freqüência e classificação
sistemática seguem Sick (1997) combinado ao proposto por CBRO (2005);
nomenclatura popular segue Willis & Oniki (1991), combinado a Sick, 1997.
Identificação: V = Visualização, A = contato auditivo (identificação de cantos e chamados), F =

fotografia. * = espécie endêmica da Mata Atlântica Brasileira, AM = Espécie Ameaçada de


extinção segundo Sick (1997), IUCN (2000), Biodiversitas (2003), IBAMA (2003), DECRETO-ES
(2005).
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
PASSERIFORMES
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
capoeiras, bordas, áreas
1 Crypturellus tataupa Inhambu-chitã AVE abertas
capoeiras, bordas, áreas
2 Rhynchotus rufescens Perdigão AVEF abertas
capoeiras, bordas, áreas
3 Nothura maculosa Codorna-amarela AVE abertas
CICONIFORMES
ARDEIDAE
4 Casmerodius albus Garça-branca-grande VF alagados
5 Egretta thula Garcinha-branca VF alagados
capoeiras, bordas, áreas
6 Bubulcus ibis Garça-vaqueira VF abertas
7 Butorides striatus Socozinho VA alagados
8 Nycticorax nycticorax Garça-dorminhoca VE alagados
CATHARTIDAE
capoeiras, bordas, áreas
9 Coragyps atratus Urubu-preto V abertas
Urubu-de-cabeça- capoeiras, bordas, áreas
10 Cathartes aura vermelha VF abertas
Urubu-de-cabeça-
11 Cathartes burrovianus amarela VF capoeiras, áreas abertas
FALCONIFORMES
ACCIPITRIDAE
12 Rupornis magnirostris Gavião-carijó V capoeiras,áreas abertas
FALCONIDAE
13 Herpetotheres cachinnans Acauã VEF capoeiras, áreas abertas

166

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
capoeiras, bordas, áreas
14 Milvago chimachima Carrapateiro V abertas
capoeiras, bordas, áreas
15 Polyborus plancus Carancho V abertas
capoeiras, bordas, áreas
16 Falco femoralis Falcão-de-coleira V abertas
capoeiras, bordas, áreas
17 Falco sparverius Quiriquiri VF abertas
GRUIFORMES
RALLIDAE
18 Rallus nigricans Saracura-preta VAE alagados
19 Porphyrula martinica Frango-d'água-azul VAE alagados
20 Gallinula chloropus Galinha-d'água VAF alagados
CARIAMIDAE
Seriema-de-pé- capoeiras, bordas, áreas
21 Cariama cristata vermelho abertas
CHARADRIFORMES
JACANIDAE
22 Jacana jacana Jaçanã-preta VAF alagados
CHARADRIIDAE
23 Vanellus chilensis Quero-quero AVF alagados
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
capoeiras, bordas, áreas
24 Columba picazuro Pomba-asa-branca VAF abertas
capoeiras, bordas, áreas
25 Columba cayennensis Pomba-galega VAE abertas
capoeiras, bordas, áreas
26 Columbina minuta Rolinha-caxexa V abertas
capoeiras, bordas, áreas
27 Columbina talpacoti Rolinha-roxa VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
28 Columbina picui Rolinha-branca V abertas

167

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
PSITACIFORMES
PSITTACIDAE
capoeiras, bordas, áreas
29 Aratinga leucophthalmus Aratinga-de-bando VA abertas
capoeiras, bordas, áreas
30 Aratinga aurea Aratinga-estrela VA abertas
capoeiras, bordas, áreas
31 Forpus xanthopterygius Tuim VAF abertas
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
32 Piaya cayana Alma-de-gato VAEF matas
capoeiras, bordas, áreas
33 Crotophaga ani Anu-preto V abertas
capoeiras, bordas, áreas
34 Guira guira Anu-branco VA abertas
35 Tapera naevia Saci-do-campo V matas
STRIGIFORMES
STRIGIDAE
capoeiras, bordas, áreas
36 Otus choliba Corujinha-de-orelha AV abertas
capoeiras, bordas, áreas
37 Speotyto cunicularia Coruja-buraqueira VF abertas
CAPRIMULGIDAE
capoeiras, bordas, áreas
38 Nyctidromus albicollis Curiango VE abertas
APODIFORMES
APODIDAE
39 Streptoprocne zonaris Taperuçu-de-coleira V capoeiras, áreas abertas
TROCHILIDAE
capoeiras, bordas, áreas
40 Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura VE abertas
beija-flor-de-garganta- capoeiras, bordas, áreas
41 Amazilia fimbriata verde abertas

168

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
Beija-flor-de-banda- capoeiras, bordas, áreas
42 Amazilia versicolor branca V abertas
CORACIFORMES
ALCEDINIDAE
Martim-pescador-
43 Ceryle torquata grande VE alagados
PICIDAE
capoeiras, bordas, áreas
44 Picumnus cirratus Picapau-anão-barrado V abertas
capoeiras, bordas, áreas
45 Colaptes campestris Picapau-do-campo VF abertas
46 Celeus flavescens Picapau-velho VAEF matas
Picapau-de-testa-
47 Veniliornis maculifrons pintada V matas
PASSERIFORMES
Sub-ordem SUB
OSCINES
THAMNOPHILIDAE
48 Taraba major Choró-boi AV matas
FURNARIIDAE
capoeiras, bordas, áreas
49 Furnarius rufus João-de-barro AVE abertas
capoeiras, bordas, áreas
50 Furnarius figulus* João-nordestino AVE abertas
capoeiras, bordas, áreas
51 Synallaxis spixi João-tenenem AVEF abertas
capoeiras, bordas, áreas
52 Certhiaxis cinnamomea João-do-brejo AVE abertas
capoeiras, bordas, áreas
53 Phacellodomus rufifrons João-graveto AVEF abertas

169

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
TYRANNIDAE
54 Camptostoma obsoletum Risadinha AV matas
capoeiras, bordas, áreas
55 Elaenia flavogaster Maria-é-dia AVF abertas
56 Hemitriccus diops Maria-de-olho-falso AV matas
Todirostrum Ferreirinho-teque-
57 poliocephalum* teque AVF matas
58 Todirostrum cinereum Ferreirinho-relógio V matas
59 Tolmomyias flaviventris
capoeiras, bordas, áreas
60 Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada AVEF abertas
capoeiras, bordas, áreas
61 Arundinicola leucocephala Maria-velhinha VEF abertas
capoeiras, bordas, áreas
62 Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
63 Machetornis rixosus Suiriri-cavaleiro VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
64 Myiarchus ferox Maria-cavaleira VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
65 Myiarchus tyrannulus Maria-de-asa-ferrugem V abertas
capoeiras, bordas, áreas
66 Pitangus sulphuratus Bentevi-verdadeiro V abertas
capoeiras, bordas, áreas
67 Megarynchus pitangua Neinei VA abertas
Bentevi-de-coroa- capoeiras, bordas, áreas
68 Myiozetetes similis vermelha VA abertas
69 Tyrannus savana Tesourinha-do-campo V bordas, áreas abertas
capoeiras, bordas, áreas
70 Tyrannus melancholicus Suiriri-tropical VA abertas
Pachyramphus
71 polychopterus Caneleiro-preto V matas

170

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
Sub-ordem OSCINES
HIRUNDINIDAE
capoeiras, bordas, áreas
72 Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
73 Phaeoprogne tapera Andorinha-do-campo V abertas
Andorinha-serradora- capoeiras, bordas, áreas
74 Stelgidopteryx ruficollis azul V abertas
TROGLODYTIDAE
75 Thryothorus genibarbis Garrincha-de-bigode VAFEC matas
capoeiras, bordas, áreas
76 Troglodytes aedon Corruíra-de-casa AV abertas
MUSCICAPIDAE
77 Turdus leucomelas Sabiá-de-cabeça-cinza VCFE matas
MIMIDAE
capoeiras, bordas, áreas
78 Mimus saturninus Tejo-do-campo AVE abertas
MOTACILLIDAE
capoeiras, bordas, áreas
79 Anthus lutescens Caminheiro-zumbidor AV abertas
VIREONIDAE
80 Cyclarhis gujanensis Pitiguari AVFC matas
81 Hylophilus poicilotis Vite-vite-coroado AV matas
EMBERIZIDAE
82 Parula pitiayumi Mariquita-do-sul V matas
83 Basileuterus culicivorus Pula-pula-coroado VA matas
capoeiras, bordas, áreas
84 Coereba flaveola Cambacica VA abertas
85 Nemosia pileata Saíra-de-chapeu-preto AV matas
86 Trichothraupis melanops Tiê-de-topete AVCF matas
capoeiras, bordas, áreas
87 Thraupis sayaca Sanhaço-cinza V abertas
capoeiras, bordas, áreas
88 Thraupis palmarum Sanhaço-do-coqueiro V abertas

171

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.4.3-1 – Lista qualitativa da avifauna (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO MÉTODO DE
ID SISTEMÁTICA NOME COMUM IDENTIFICAÇÃO HABITAT
capoeiras, bordas, áreas
89 Euphonia chlorotica Gaturamo-fifi AV abertas
capoeiras, bordas, áreas
90 Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro AV abertas
91 Tangara cayana Saíra-cabocla V matas
92 Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo AVF matas
capoeiras, bordas, áreas
93 Sicalis flaveola Canário-da-terra AVF abertas
capoeiras, bordas, áreas
94 Hemberizoides herbicola Canário-do-campo AVF abertas
capoeiras, bordas, áreas
95 Volatinia jacarina Tiziu AVF abertas
capoeiras, bordas, áreas
96 Sporophila caerulescens Coleirinha VA abertas
capoeiras, bordas, áreas
97 Coryphospingus pileatus Tico-tico-rei-cinza VA abertas
capoeiras, bordas, áreas
98 Paroaria dominicana Galo-da-campina VF abertas
capoeiras, bordas, áreas
99 Icterus jmacaii Sofrê VAFE abertas
capoeiras, bordas, áreas
100 Agelaius ruficapillus Garibaldi VA abertas
capoeiras, bordas, áreas
101 Leistes superciliaris Polícia-inglesa-do-sul V, A, F, E abertas
capoeiras, bordas, áreas
102 Gnorimopsar chopi Pássaro-preto V abertas
capoeiras, bordas, áreas
103 Molothrus bonariensis Chopim-gaudério V abertas

Foram encontradas duas espécies que são endêmicas do bioma Mata Atlântica (Parker III
et al., 1996 e Sick, 1997), são elas: Furnarius figulus e Todirostrum poliocephalum.

172

RIMA - MONTASA
Nas Figuras 6.2.2.4.3-1 e 6.2.2.4.3-2 são apresentadas algumas espécies observadas na
área de estudo.

Figura 6.2.2.4.3-1 - O saci (Tapera naevia) espécie que ocupa ambientes abertos
vocalizando até mesmo nas horas mais quentes do dia

Figura 6.2.2.4.3-2 - A coruja-buraqueira (Speotyto cunicularia) uma das corujas que é


ativa durante o dia

173

RIMA - MONTASA
6.2.2.4.4 Discussão

De uma maneira geral, é possível afirmar que a comunidade de aves encontrada na área
do empreendimento, localidade denominada Ramal da Fumaça, no Município de
Montanha (ES), e na região como um todo, apresenta uma estreita relação com as
formações vegetais existentes, apresentando ainda íntima uma ligação com os ambientes
aquáticos e bordas de matas, existindo um número pequeno de aves dependentes de
ambientes extremamente conservados, que está demonstrada pela alta semelhança entre
a diversidade e a similaridade entre as áreas estudadas.

Entretanto, se analisar ainda o tamanho da área estudada e o grau de antropismo que a


mesma se encontra, a correlação entre as informações dos três estudos sugerem que o
número de espécies esperado para a região seja ainda bem maior do que o encontrado,
visto que estes dados não se baseiam em um levantamento sistemático, com coletas
definidas, de modo a abranger um ciclo anual e com um esforço de coleta abaixo do
ideal, tal afirmativa poderá ser comprovada na medida em que novos estudos forem
sendo realizados na região ou caso se efetue um monitoramento que abranja as
diferentes estações do ano.

Mesmo com uma alta diversidade, a grande maioria da avifauna observada na região é
composta de aves conhecidas, como sinantrópicas, ou seja, espécies que ampliam sua
distribuição geográfica na medida em que a vegetação original é suprimida. Estas
espécies apresentam uma alta plasticidade no que se refere aos impactos causados por
atividades humanas em paisagens alteradas e que apresentam elevada capacidade de se
adaptar aos ambientes alterados (Sick, 1997).

Espécies grandes, como jacus (Penelope sp.) e mutuns (Crax sp.), estão entre as mais
afetadas pela fragmentação de florestas. Grandes frugívoros, como papagaios (Amazona
sp.), araras (Ara sp.) entre outros (o corocochó Carpornis cucullatus e o araçari-banana
Baillonius bailloni) são também muito afetados por este fator.

Há indícios de que a maioria das espécies especialistas desapareceu da região na medida


em que a vegetação original foi substituída pelas grandes extensões de pastagens, como
esta caracterizada a atual paisagem da região, com isso há o acumulo de espécies ditas
oportunista ou seja exploradoras de áreas abertas mostrando uma tendência cada vez

174

RIMA - MONTASA
maior de se ter mais espécies generalistas, o que pode ocasionar um empobrecimento da
diversidade local.

6.2.2.5 Mamíferos

6.2.2.5.1 Introdução

A fauna de mamíferos brasileiros ocupa o primeiro lugar dentre os países do mundo,


contendo 524 espécies diferentes, das quais 250 ocorrem na Mata Atlântica, com 65
endemismos (Fonseca et al., 1996). Os roedores e marsupiais são grupos bem
representativos, sendo que das 209 espécies que ocorrem no Brasil, há pelo menos 23
espécies de marsupiais e 79 espécies de roedores na Mata Atlântica. Destas espécies,
39% e 46%, respectivamente, são espécies endêmicas (Fonseca et al., 1996).

O presente relatório tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo rápido


relativo à riqueza e à composição da comunidade de mamíferos nas áreas de influência
direta e indireta da Alcooleira MONTASA. Serão apresentados os dados de registro de
espécies, bem como informações sobre sua história natural, fazendo um breve
diagnóstico da mastofauna local, evidenciando possíveis impactos por parte do
empreendimento e sugerindo formas de minimizá-lo.

6.2.2.5.2 Metodologia

As coletas de dados aconteceram entre os dias 06, 07 e 08/02/2006. Foram realizadas


rondas no interior da área de influência direta e em seu entorno, a fim de verificar a
ocorrência de mamíferos de médio e grande porte através de visualização. As rondas
aconteceram nos horários de 05h30min às 08h00min e de 18h00min às 20h00min
(desconsiderando horário de verão), já que estes são os horários com maiores picos de
atividades de mamíferos (Chiarello, 1999; Cullen & Rudran, 2003). Para aumentar a área
amostrada, logo após as rondas, o entorno de fragmentos na área de influência indireta
(no raio de 5 km) foi percorrido de automóvel, considerando também que algumas
espécies possuem áreas de vida mais amplas.

Além do registro por observação direta de animais, foram utilizadas técnicas de


identificação de vestígios indiretos, como fezes e pegadas. Foram realizadas ainda

175

RIMA - MONTASA
entrevistas com moradores e trabalhadores da região, a fim de levantar as espécies de
difícil visualização ou que não puderam ser registradas devido ao curto período amostral.
Nas entrevistas apenas foram consideradas as espécies relatadas por mais de uma
pessoa, para que houvesse maior confiabilidade nesses dados.

Para a captura de pequenos mamíferos não-voadores foram amostrados três ambientes


diferentes: vegetação secundária em estágio inicial de regeneração (SI), vegetação
secundária em estágio médio de regeneração (SM) e área de transição entre o fragmento
e o pasto adjacente (TR) (Figura 6.2.2.5.2-1). Foram feitos 5 transectos com 8 pontos de
armadilhagem cada, havendo uma distância aproximada de 20m entre cada transecto e
20m entre cada ponto no mesmo transecto. Sendo assim, foi amostrada uma área de
aproximadamente 1,12 ha, da seguinte maneira: um dos transectos foi feito na área de
transição entre o fragmento e a pastagem (TR); outro foi feito na área de vegetação
secundária em estágio inicial de regeneração (SI); os três últimos foram feitos na área de
vegetação secundária em estágio médio de regeneração (SM), pelo fato de essa ter sido
eleita a área com maior probabilidade de captura.

Cada ponto recebeu 2 armadilhas do tipo Sherman de arame galvanizado, uma grande
(42x21x21cm) no solo (Figura 6.2.2.5.2-2) e uma pequena (29x13x13cm) no estrato
arbóreo inferior, fixada em galhos ou cipós a aproximadamente 2m do solo (Figura
6.2.2.5.2-3), para capturar espécies de diferentes hábitos de locomoção. Cinco armadilhas
do tipo Tomahawk (40,64 x 12,70 x 12,70 cm) foram colocadas uma em cada transecto
(Figura 6.2.2.5.2-4), em pontos esparsos, para aumentar as chances de captura. As
armadilhas foram armadas ao anoitecer e checadas a cada manhã. As iscas utilizadas
foram óleo de fígado de bacalhau e banana. Os animais capturados foram identificados e
liberados no mesmo local.

176

RIMA - MONTASA
Figura 6.2.2.5.2-1 – Área de transição (TR) vista do pasto

Figura 6.2.2.5.2-2 – Armadilha do tipo Sherman grande colocada no solo

177

RIMA - MONTASA
Figura 6.2.2.5.2-3 – Armadilha do tipo Sherman pequena colocada no estrato arbóreo
inferior

Figura 6.2.2.5.2-4 – Armadilha do tipo Tomahawk colocada no solo

Os animais foram identificados com auxilio de Eisenberg & Redford, (1999), Emmons &
Feer (1997). O arranjo sistemático seguiu Fonseca et al (1996) e quanto ao Status, foram
consideradas espécies ameaçadas, de acordo com a Lista Oficial de espécies Brasileiras
Ameaçadas de Extinção (IBAMA, 2003) e a lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do
Espírito Santo (Decreto - ES, 2005).
178

RIMA - MONTASA
6.2.2.5.3 Resultados

Foi confirmada a presença de 7 espécies de mamíferos, pertencentes a 3 ordens e 5


famílias. Dessas, seis foram confirmadas na área de influência direta do empreendimento
(raio de 500m) e 1 na área de influência indireta (raio de 5km). A possível ocorrência de
outras 10 espécies foi levantada através de entrevistas com trabalhadores e moradores
locais, após confrontar os dados das entrevistas com a literatura disponível.

Do total de 16 espécies, merecem destaque Didelphis aurita, Gracilinanus microtarsus


(Figura 6.2.2.5.3.2-1) e Callithrix geoffroyi , que são endêmicas da Mata Atlântica e
Leopardus tigrinus, que consta na lista de animais brasileiros ameaçados de extinção na
categoria vulnerável (MMA, 2003). Dentre os animais com ocorrência confirmada, a
composição da comunidade foi dominada por espécies de carnívos – 3 espécies, seguidos
por marsupiais – 2 espécies e Xernathra – 1 espécie (Tabela 6.2.2.5.3-1).

Tabela 6.2.2.5.3-1- Espécies de mamíferos registrados na Área de influência da


Alcooleira MONTASA

Forma de
Ordem – Família – Espécie Nome comum
detecção

DIDELPHIMORPHIA

Família Didelphidae
Didelphis aurita # Gambá, Sarué V, C, R, E
Philander frenata Cuíca-de-quatro-olhos E
Gracilinanus microtarsus # Cuíca, catita C
XENARTHRA
Família Dasypodidae
Dasypus novemcinctus # Tatu-galinha R, E
Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla Tamanduá-de-colete E
PRIMATES
Família Callithrichidae
Callithrix geoffroyi Sagui-da-cara-branca E
CARNIVORA
Família Canidae
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato V, E

179

RIMA - MONTASA
Tabela 6.2.2.5.3-1- Espécies de mamíferos registrados na Área de influência da
Alcooleira MONTASA

Forma de
Ordem – Família – Espécie Nome comum
detecção

Família Procyonidae
Nasua nasua Quati E
Procyon cancrivorus # Mão-pelada R, E
Família Mustelidae
Galictis sp. Furão V
Lontra longicaudis Lontra E
Família Felidae
Leopardus tigrinus Gato-do-mato E
RODENTIA
Família Cavidae
Cavia sp. Preá E
Família Sciuridae
Sciurus aestuans Esquilo, caticoco E
Família Erethizontidae
Sphiggurus insidiosus* Ouriço E
Família hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara E
LAGOMORPHA
Família Leporidae
Sylvilagus brasiliensis Coelho-do-mato E
Legenda: C = Captura; R = Rastros; V = Visualização; E = Entrevista.
* O gênero necessita de revisão taxonômica, portanto pode pertencer a outra espécie.
# Espécies registradas no fragmento adjacente ao empreendimento

Capturas

Com relação às capturas, foi realizado um esforço amostral de 85 armadilhas por noite
durante três noites, totalizando 255 armadilhas-noite. Houve 8 capturas, resultando num
sucesso de captura de 3,14%. Apenas as espécies Didelphis aurita e Gracilinanus
microtarsus, foram capturadas, sendo a última responsável por 87,5% das capturas (7
indivíduos). Das 8 capturas, 2 foram efetuadas no solo (25%) e 6 no estrato arbóreo
inferior (75%).

180

RIMA - MONTASA
Considerando o sucesso de captura por área, a área de vegetação secundária em estágio
médio de regeneração (SM) apresentou sucesso de 4,57% (7 capturas), a área de
vegetação secundária em estágio inicial de regeneração (SI) 1,96% (1 captura) e na área
de transição entre o fragmento e o pasto não houve nem uma captura.

Figura 6.2.2.5.3-1 - Indivíduo de G. microtarsus liberado após a manipulação

6.2.2.5.4 Discussão

A combinação da utilização de técnicas de captura, registro visual, identificação de


evidências indiretas como pegadas, fezes e vocalizações, tem sido efetiva para
diagnosticar a diversidade de mamíferos não voadores, sendo que boa parte delas tem
sido utilizada em outros estudos nas regiões tropicais (Eisenberg et al. 1979; Emmons,
1984; Fonseca & Kierulff, 1989; Stallings, 1989). Entretanto, o tempo desprendido para
realização deste estudo, faz com que o número de espécies registradas seja menor que o
real.

Por isso, a utilização de entrevistas com moradores locais é importante para uma melhor
caracterização da mastofauna da região. Através delas, foram obtidos registros de 10
espécies de mamíferos, além das outras 6 confirmadas no estudo.

181

RIMA - MONTASA
O número total de espécies (16) é bastante relevante, tendo em vista que representa
10,06% de todas as espécies de mamíferos não-voadores existentes na Mata Atlântica,
que segundo Fonseca et al. (1996), são 159. Esse número também é expressivo quando
comparado à região com maior riqueza de mamíferos não-voadores do Estado segundo
Passamani et al. (2000), o município de Santa Teresa, com 48 espécies. Isso mostra que
apesar da área de estudo ser relativamente pequena e bastante impactada, ainda abriga
um considerável número de espécies de mamíferos, sendo assim importante para a
manutenção da diversidade dessa classe.

Pode-se perceber claramente na região estudada a fragmentação da vegetação nativa,


tanto na área de influência direta quanto na área de influência indireta do
empreendimento, o que segundo Fernadez (1997), é uma das alterações antrópicas de
maior impacto sobre os ecossistemas, e, segundo Didham (1997), pode impedir rotas de
imigração de animais, tornando as populações locais vulneráveis à extinção. Apesar
disso, foi visto um indivíduo de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) transitando na
estrada ao lado de um dos fragmentos da região, além de terem sido encontrados rastros
de mão-pelada (Procyon cancrivorus) na área de pasto próxima a outro fragmento, o que
sugere que algumas espécies transitam entre esses remanescentes de mata, dada sua
proximidade.

A fragmentação de um habitat aumenta drasticamente sua quantidade de borda (Primack


& Rodrigues, 2001), onde são alteradas as condições de luz, temperatura, umidade e
vento (Kapos, 1989; Bierregaard et al., 1992; Rodrigues, 1998). Alguns autores
consideram que esse efeito de borda pode resultar em um aumento na densidade
populacional de algumas espécies (Kremsater & Bunnel, 1993). Isso pode explicar
porque, mesmo com o pouco tempo de captura, foi constatada uma evidente dominância
da espécie Gracilinanus microtarsus nas capturas, correspondendo a 87,5% delas.

Todas as capturas foram realizadas no interior do fragmento (SI e SM), não tendo sido
capturados animais na área de transição com o pasto (TR). Esse fato pode ter relação
com o impacto causado pelo gado, tendo em vista que durante o trabalho foram vistos
vários bovinos nessa área. O impacto causado pelo gado também ter influência na
dominância de uma espécie de hábito principalmente arborícola, no entanto essa relação
só poderia ser constatada de fato através de estudos mais prolongados.

182

RIMA - MONTASA
Com relação à ocorrência de poucas espécies de mamíferos de médio e grande porte,
dois fatores que certamente têm influência no fragmento amostrado são o tamanho
relativamente reduzido e a falta de conectividade com outros focos de vegetação, pois,
como indicado por Chiarello (1999), pequenos fragmentos possuem de baixa a média
riqueza de espécies de mamíferos maiores que um 1 kg, enquanto fragmentos grandes
possuem alta riqueza.

Na fase de implantação e na fase de operação da MONTASA, é importante que não se


altere o fragmento. Destaca-se que será benéfica à fauna de mamíferos a retirada do
gado do local. Os possíveis impactos gerados pelo empreendimento com relação à
mastofauna aparentemente serão: a poeira gerada pelo aumento do tráfego de veículos;
o possível atropelamento de animais; o odor e o barulho gerados pela própria unidade
fabril e o ocasional acesso de pessoas ao fragmento.

6.3 MEIO ANTRÓPICO

Neste item serão apresentados os aspectos sócio-econômicos que caracterizam a área de


estudo influenciada pelo empreendimento. Serão considerados, para tanto, os aspectos
relacionados à formação histórica e características demográficas e econômicas da Região
Extremo Norte e do Município de Montanha.

De acordo com Krugman P. et al (2002), quando se observa a economia de uma cidade


ou região, é bem natural pensar nas suas atividades econômicas como sendo divididas
em dois tipos: primeiro há as atividades que satisfazem demandas de fora da região, ou
seja, a base de exportação da região; e segundo, há as atividades que fornecem
primeiramente produtos e serviços aos residentes locais.

As culturas agrícolas da região do Município de Montanha, vêm acompanhando o quadro


regional, passando pelo café, cacau, cana-de-açúcar, eucalipto e pecuária a cultura da
região norte do Estado e do sul do Estado da Bahia.

No caso do empreendimento em foco, fará parte do Item 6.3.1, que aborda a


caracterização histórica da região e da cultura canavieira, que dezenas de anos antes da
colonização do Brasil, os portugueses já haviam iniciado a produção em escala
relativamente grande, nas Ilhas do Atlântico, de uma das especiarias mais apreciadas no

183

RIMA - MONTASA
mercado europeu: o açúcar. Segundo o economista Celso Furtado (1995), em seu relato
da importância econômica do açúcar na formação econômica brasileira, sem o relativo
avanço técnico já adquirido pelos portugueses nesse setor, o êxito da empresa brasileira
teria sido mais difícil ou mais remoto.

Através dos itens a seguir, ver-se-á uma região que aproxima-se em vários aspectos do
Nordeste Brasileiro. A agropecuária dominante, o clima difícil para algumas culturas,
caracterizado pela seca constante e estiagem, carência de infra-estrutura nos municípios
que tem características extremamente rurais.

Destacam-se entre os dados aqui analisados a baixa densidade demográfica do município


em relação aos demais do Estado do Espírito Santo, como ilustra a Figura 6.3-1 a seguir,
baseada em dados fornecidos pelo IPES, dos anos de 2000 e 2004.

15,2
2004
70,4

15,6
2000
67,1

Estado do Espírito Santo Montanha

Figura 6.3-1 – Comparativo dos índices de densidade demográfica

Essa figura mostra ainda um dado comentado ao longo do estudo, que é a redução do
crescimento geométrico da população nos últimos anos, que pode ser justificado pela
procura de centros educacionais, comerciais que ofereçam melhores condições de
rendimentos, entre outros.

184

RIMA - MONTASA
Por tudo isto, é grande a expectativa quanto à instalação do empreendimento, como
pode ser constatado na comunidade, devido principalmente a escassez de postos de
trabalho para os moradores do município, especialmente na zona rural. Muitos desses
que fazem parte dos cortadores de cana que percorrem os canaviais do norte capixaba
através de trabalho e renda, nas épocas de colheita.

De acordo com dados fornecidos pelo IPES, a região é uma das que possui os municípios
com menor PIB per capita. No ranking estadual do PIB per capita, em primeiro lugar
tem-se o Município de Anchieta, seguido de Vitória, Aracruz, Serra e Jaguaré, este
explica-se pelo tamanho pequeno do seu território e sua participação na distribuição de
royalties de petróleo de perfurações e produções onshore. Esses dados são referentes ao
ano de 2003, sendo que na região Extremo Norte tem-se Pinheiros na melhor colocação
geral, ou seja, em 24º, em 30º Pedro Canário, em 37º tem-se Montanha, seguido de
Mucurici em 43º lugar e Ponto Belo na 55º posição.

6.3.1 Dinâmica Populacional

Devido à extrema importância na formação econômica brasileira e considerando que o


Município de Montanha tem como principal atividade econômica a agricultura, dar-se-á
também, um breve relato do que foi conhecido como ciclo da cana-de-açúcar, da
introdução do café, do cacau, da pecuária e da fruticultura, que atualmente ocupa
posição de destaque entre os produtos do Norte do Estado do Espírito Santo.

De acordo com os dados fornecidos através do IPES, o Município de Montanha foi criado
a partir do ano de 1953, tendo sido instalado em 16 de abril de 1964, o que o torna um
município relativamente jovem, dada a época de colonização do Estado do Espírito Santo.

6.3.1.1 Características Demográficas

A Microrregião Extremo Norte possuía, no ano de 2000, cerca de 50.746 habitantes,


conforme dados fornecidos pelo IPES, com base no censo de 2000. A projeção para o
ano de 2004 era para uma população de 5.734, ou seja, uma redução na demografia da
região.

185

RIMA - MONTASA
Da população residente no Extremo Norte, cerca de 34.939 habitantes residiam na área
urbana e 15.807 habitantes residiam na área rural. A Figura 6.3.1.1-1 mostra a
distribuição da população residente, segundo situação de domicílio nos municípios que
fazem parte da Microrregião Extremo Norte. Pode-se perceber que o município com
maior número de habitantes no ano de 2000 era o Município de Pinheiros seguido pelo
Município de Montanha.

14.000 12.932 13.970

12.000

10.000

8.000 7.350

6.000 4.867
4.331
4.000 3.170 2.730

2.000 1.396

0
Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

POP URBANA POP RURAL

Figura 6.3.1.1-1 – Distribuição da população residente nos municípios da Microrregião


Extremo Norte, segundo situação de domicílio

Nota-se que o Município de Montanha mantém com Pinheiros uma média parecida de
habitantes por zona rural e urbana, enquanto Mucurici chama atenção pela equidade nos
residentes das zonas rurais e urbanas.

Pinheiros é o município que possui o maior número de habitantes, concentrando


aproximadamente 42%, seguido de Montanha, com 34%, e Ponto Belo e Mucurici com
12% da população residente, conforme mostra a Figura 6.3.1.1-2 que traz dados de
2000 fornecidos pelo IPES. Vale registrar que o total de residentes na Microrregião
Extremo Norte era de 50.746 habitantes em 2000, e para 2004 esse número estava
estimado para 50.734, o que demonstra um decréscimo no número de habitantes,
podendo ser caracterizado pelo êxodo de jovens em busca de cursos de graduação,
postos de trabalho e outros, que serão discutidos ao longo deste capítulo.
186

RIMA - MONTASA
6.263
12%
17.263
34%

21.320
42% 5.900
12%

Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

Figura 6.3.1.1.-2 – Divisão de habitantes por município na Microrregião Extremo Norte

A área desses municípios varia bastante, o que pode influenciar na densidade


demográfica dos mesmos. Por exemplo, dos quatro municípios que formam a
microrregião, o mais denso é o Município de Pinheiros, seguido de Ponto Belo, Montanha
e Mucurici ficando na última posição, com cerca de 11 hab/km2, sendo que a
Microrregião Extremo Norte possui cerca de 17,1 hab/km² no ano de 2000.

A Tabela 6.3.1.1-1 mostra a relação das respectivas áreas e suas densidades


demográficas para os anos de 2000 e 2004, segundo dados do IPES.

Tabela 6.3.1.1-1 – Densidade demográfica dos municípios da microrregião

Área Densidade demográfica Densidade demográfica


Municípios
Km² 2000 2004

Montanha 1.104 15,6 15,2


Mucurici 539 10,9 11,4
Pinheiros 971 22,0 22,0
Ponto Belo 361 17,4 17,9
Extremo Norte 2.974 17,1 17,1
Fonte: IPES

187

RIMA - MONTASA
A taxa de urbanização na Microrregião Extremo Norte é de 68,9%. A Figura 6.3.1.1-3
mostra os dados referentes aos municípios que fazem parte da mesma.

74,9 77,7
80
65,5
70

60 53,7

50
40
30

20

10
0
Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

Figura 6.3.1.1-3 – Taxa de urbanização dos municípios da microrregião

Vale lembrar que o Município de Mucurici apresentou uma pequena diferença entre a
população residente na zona rural e a população residente na zona urbana, o que
representava no ano de 2000 aproximadamente 440 habitantes a mais na zona urbana,
conforme dados do IPES.

A população rural feminina de Montanha representa cerca de 27% das mulheres


habitantes da microrregião com residência rural, porcentagem que repete-se em relação
aos homens, ou seja, da população masculina rural da microrregião, 27% são do
Município de Montanha.

Quanto à população urbana, essa relação se repete quanto ao sexo dos residentes. Ou
seja, 37% das mulheres da zona urbana da microrregião são do Município de Montanha,
e a mesma porcentagem, 37% dos homens que residem na zona urbana da microrregião
pertencem à Montanha. Na Tabela 6.3.1.1-2 são mostrados dados referentes ao censo de
2000 com a divisão da população por residência e sexo, no Município de Montanha.

188

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.1.1-2 – População residente segundo situação de domicílio e sexo

Urbana Rural
Local
Homens Mulheres Homens Mulheres

Montanha 6.368 6.564 2.316 2.015


Extremo Norte 17.274 17.665 8.447 7.360
Fonte: IPES

A população feminina do Município de Montanha em seu total era de 8.579 mulheres no


ano de 2000 e a população masculina de 8.684 homens, como mostrado na Figura
6.3.1.1-4 a seguir.

8.579
50%

8.684
50%

Mulheres Homens

Figura 6.3.1.1-4 – População residente no Município Montanha por sexo em 2000

Os dados referentes ao Município de Montanha demonstram que a população residente


na zona urbana é formada em sua maioria de mulheres na faixa etária dos 30 aos 49
anos. Na população residente em zona rural, o número de homens é superior ao número
de mulheres. A população jovem mostra-se concentrada na faixa de 1 aos 14 anos nessa
área.

Aproximadamente 57% da população é de jovens até 29 anos de idade, 23% dos 30 aos
49 anos de idade, e apenas 10% de 60 a 79 anos de idade.

189

RIMA - MONTASA
Vale ressaltar que esses dados são referentes ao censo de 2000 realizado pelo IBGE,
tendo sido fornecidos pelo IPES.

A pirâmide etária da população residente na zona rural, retrata um perfil semelhante ao


da população urbana, porém, com um pequeno aumento na porcentagem de jovens de 0
a 19 anos de idade. Já a população adulta e acima dos 60 anos de idade, permanece em
sua maioria na zona urbana.

Em relação ao número de imigrantes externos, principalmente devido à proximidade, os


estados que mais exportam habitantes são os de Minas Gerais e Bahia, e esse fato é
considerado tanto para o perfil do município quanto para a microrregião.

Pela Figura 6.3.1.1-5 pode-se perceber essa proporção de imigrantes externos para o
local de nascimento, tanto na microrregião quanto no Município de Montanha.

9.000 8.644

8.000

7.000 6.312

6.000

5.000

4.000

3.000 2.541
2.187

2.000

1.000 295 658


229 217
112 98 16
0
Montanha Extremo Norte

MG BA RJ SP Demais Estados País Estrangeiro

Figura 6.3.1.1-5 - Estoque de imigrantes externos, por local de nascimento (2000)

Nota-se uma queda em alguns municípios e pequena elevação nos demais, o que gerou
estagnação na taxa de densidade demográfica da região.

190

RIMA - MONTASA
A taxa de crescimento geométrico anual da população residente apresentou pequena
queda nos períodos aqui analisados, que são de 1991 a 2000 e no período de 2000 a
2004. A Tabela 6.3.1.1-3 a seguir mostra as relativas taxas para cada município.

Tabela 6.3.1.1-3 – Taxa de crescimento geométrico anual da população residente

Município 1991 a 2000 2000 a 2004

Montanha - 0,54 - 0,65


Mucurici 0,98 1,06
Pinheiros 0,01 0,01
Ponto Belo 0,62 0,69
Microrregião - 0,01 - 0,01
Fonte: IPES

Dados do Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU, Figura 6.3.1.1-6,


demonstram essa estagnação no crescimento populacional residente da região.

25.000

21.153 21.307 21.320


20.000 19.825 20.058

18.133
17.388 17.263

15.000

13.363

11.527 11.331
10.000

6.203
5.900
5.000

0
1970 1980 1990 2000

Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

Figura 6.3.1.1-6 - Estagnação no crescimento populacional residente da região

A seguir, através das características econômicas, vários fatos aqui citados, como o
decréscimo populacional em certas regiões, poderão ser explicados ou justificados

191

RIMA - MONTASA
através da descrição do mercado de trabalho e renda, que pode ser um dos fatores
decisivos para essa ocorrência.

6.3.2 Características Econômicas

Nesta seção serão abordados dados relativos à produção, mercado de trabalho e renda
formal e informal, como será explicado adiante, agricultura, orçamento municipal e
perspectivas de investimentos e desenvolvimento econômico da região.

Serão realizadas comparações entre a região em que se localiza o município e o mesmo,


enfatizando os dados mais relevantes à análise dos impactos relativos ao
empreendimento.

Dessa forma, após uma breve análise neste diagnóstico até o presente, ver-se-á que o
município não possui destaque em nível estadual que faça necessária uma abordagem
tendo como parâmetros dados nacionais ou estaduais. Porém, sempre que se fizerem
necessários, esses dados serão contemplados e abordados, conforme avaliação da
situação do Município de Montanha.

Quanto à indicação de possíveis interferências das atividades a serem executadas pelo


empreendimento em cada setor caracterizado, observar-se-à que este será naturalmente
contemplado durante observações realizadas ao longo do trabalho e, principalmente, no
capítulo referente aos impactos ambientais, medidas compensatórias e potencializadoras.
Alguns indicadores econômicos, como Produto Interno Bruto – PIB, através de seu valor
agregado, ou demonstrado através do PIB per capita, mostram claramente que os
municípios que formam a Região Extremo Norte não estão entre os mais produtivos do
Estado do Espírito Santo.

Conforme dados do IPES, o Município de Montanha ocupava no ano de 2003 a 37ª


posição entre os municípios, no ranking estadual do PIB per capita, sendo que,
regionalmente, o mais destacado era o Município de Pinheiros, ocupando o 24º lugar no
ranking.

Mas essa nem sempre foi à realidade econômica daquela região. O Município de
Pinheiros, por exemplo, ocupou a 15ª posição no mesmo ranking no ano de 2001. A

192

RIMA - MONTASA
Figura 6.3.2-1, a seguir, mostra a evolução nesse ranking dos municípios do Estado em
relação ao seu PIB per capita do período de 1999 ao ano de 2003.

Pode-se notar, a partir do gráfico apresentado na Figura 6.3.2-1, que o município que
tem obtido maior destaque na produção é o de Pinheiros e a maior oscilação tem sido
demonstrada pelos dados referentes ao Município de Montanha. Ponto Belo, por ser um
município basicamente da agricultura e com uma produção relativamente pequena, como
será mostrado mais a frente deste item, tem apresentado resultados insatisfatórios ao
longo do período aqui demonstrado.

Contudo, esses municípios têm suas semelhanças e a principal deles é o baixo nível
industrial e a predominância agropecuária.

70

60

50

40 Montanha
Mucurici
Pinheiros
30 Ponto Belo

20

10

0
1991 2000 2001 2002 2003

Figura 6.3.2-1 – Variação das posições dos municípios no ranking do PIB per capita

Conforme relatos da própria população, a maior referência comercial existente na região


tem sido no Município de Nanuque, Estado de Minas Gerais. Um comércio mais completo
e desenvolvido como relatam alguns dos entrevistados como a Srª Iracy Costa Dias,
comerciante e residente na Localidade de São Sebastião, ou o Sr. Marcos Poloni, também
comerciante e residente na localidade chamada Ramal da Fumaça.

193

RIMA - MONTASA
A Figura 6.3.2-2, a seguir, dá uma noção do comércio básico existente no Município de
Montanha, com lojas pequenas e sem muita concorrência entre o varejo de produtos
semelhantes.

Figura 6.3.2-2 – Comércio local em frente à Sede da Prefeitura Municipal

6.3.2.1 Mercado de Trabalho e Renda

Os dados referentes ao item Mercado de Trabalho e Renda são obtidos através de dados
censitários fornecidos pelo IBGE, sendo que a sua característica principal é a
abrangência, pois inclui trabalhadores com carteira assinada, empregados domésticos,
autônomos e informais, ou mesmo o trabalhador destinado às culturas de subsistência
individual e/ou familiar.

Entre a população ocupada da Região Extremo Norte, cerca de 42,2% são de atividades
agropecuárias e apenas 10% em atividades industriais. No Município de Montanha, esses
números não diferem muito, porém, o que chama atenção é a grande quantidade de
pessoas ocupadas no setor de prestação de serviço. A Figura 6.3.2.1-1 mostra essas
diferenças entre as ocupações da população referente ao mercado de trabalho e renda
da região e do município.

194

RIMA - MONTASA
42,2

45 38,7

35,9
40 33,2

35

30

25

20

15
13,7
10 12,2 12,7
10,5

0 0,4 0,6
Região Extremo Norte Montanha
Atividades agropecuárias Atividades industriais
Comércio e reparação Atividades de prestação de serviço
Atividades mal especificadas

Figura 6.3.2.1-1 – Distribuição da população ocupada em 2000

Pode-se perceber que entre a população ocupada no ano de 2000 que a grande maioria
mostrava-se concentrada na agropecuária e na atividade de prestação de serviços.

Mais exatamente, no Município de Montanha, 39% da população ocupada em 2000


atuava na atividade de agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal, a seguir,
as atividades que concentravam maior número de indivíduos eram: comércio, reparação
de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos com 13% de indivíduos
ocupados; com 8% estavam os indivíduos que prestavam serviços domésticos e 7%
eram indivíduos da atividade de construção. A Tabela 6.3.2.1-1 mostra os dados da
população ocupada em 2000, comparando-se o Município de Montanha e a Região
Extremo Norte.

195

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.2-1 – População ocupada segundo atividades em 2000

População Ocupada
1
Atividade – Seção CNAE Extremo
Montanha
Norte

A agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 2.397 7.946


B pesca 8 8
C indústrias extrativistas - 47
D indústrias da transformação 344 961
E produção e distribuição de eletricidade, gás e água 8 60
F construção 405 905
G comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais 788 2.582
e domésticos
H alojamento e alimentação 215 627
I transporte, armazenagem e comunicações 166 512
J intermediação financeira 45 86
K atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às 235 526
empresas
L administração pública, defesa e seguridade social 357 1.240
M educação 335 1.020
N saúde e serviços sociais 199 391
O outros serviços coletivos, sociais e pessoais 175 449
P serviços domésticos 502 1.409
Q Atividades mal especificadas 36 76
Total 6.223 18.839
Fonte: IPES

O fato mais interessante é que nota-se que as atividades que ocupam mais indivíduos em
Montanha são as atividades: em primeiro a atividade da Seção A, com 39%, segundo a
atividade da Seção G, com 13%, depois as Seções P e F com 8% e 7%, respectivamente.
E essa ordem é alterada quando se refere à região. Às atividades predominantes na
Região Extremo Norte continuam sendo às que se enquadram na Seção A, com 42% da
população ocupada, seguida pela Seção G, com 14%, e em terceiro nota-se um empate
nas proporções nas Seções L e P, com 7% da população ocupada cada uma, já em
quarto, a Seção M, com 5% da população ocupada. A maior diferença é o aparecimento
da Seção L entre as quatro primeiras com mais indivíduos ocupados no quadro regional,
o que não ocorre em âmbito municipal, apesar de ser uma atividade com uma
quantidade mediana de indivíduos ocupados.

A seguir, na Tabela 6.3.2.1-2, pode-se verificar alguns indicadores do mercado de


trabalho na região Extremo Norte e no Município de Montanha.

1
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE.
196

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.2.1-2 – Indicadores do Mercado de Trabalho no ano de 2000

Indicadores Extremo Norte Montanha

População Total 50.746 17.263


População em idade ativa (10 anos e mais) 41.292 14.076
Aposentados 4.682 1.630
População economicamente ativa 22.131 7.461
População ocupada 18.839 6.223
População desocupada 3.292 1.238
Taxa de atividade 53,6 53,0
Taxa de desocupação 14,9 16,6
Fonte: IPES

Nota-se que a taxa de desocupação é maior que a média da região toda e a Figura
6.3.2.1-2 mostra a contribuição do Município de Montanha na população ocupada da
região. Lembrando-se que o Município de Montanha representa cerca de 34% da
população total da Região Extremo Norte.

33%

67%

Montanha Outros Município da Extremo Norte

Figura 6.3.2.1-2 – Representação da população ocupada do município dentro da região

Estes dados são relativamente preocupantes, principalmente considerando-se que de


toda a região, o Município de Montanha, no ano de 2000, contribuía com 33% de toda a
população desocupada na Região Extremo Norte.

197

RIMA - MONTASA
Ressalta-se que esses dados referem-se ao mercado de trabalho que inclui a população
considerada economicamente em idade ativa, ou seja, indivíduos que possuem entre 10
anos e mais. E dos 6.223 indivíduos ocupados no ano de 2000, cerca de 1.509 tinham
entre 15 a 24 anos, sendo que 33,7% estavam ocupados na agricultura, pecuária,
silvicultura e exploração florestal, 16% ocupavam-se na atividade de comércio, reparação
de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos. Essa faixa etária representava
naquele ano de 2000, segundo o IPES, cerca de 20% da população ocupada do
município.

Estes e outros dados destacam-se mais quando comparados e extraída a taxa de


crescimento geométrico anual da população ocupada na década de 1990. A Figura
6.3.2.1-3 mostra essa taxa dividida em grupos de atividades compatibilizadas da Região
Extremo Norte e do Município de Montanha.

3
2,4 2,5

2
1,3

1
0,6

0
Atividades Atividades Comércio e Atividades de
agropecuárias, de industriais mercadorias prestação de
-1 extração vegetal e serviços
pesca
-1,3
-2 -1,8

-3
-3
-3,5
-4
Extremo Norte Montanha

Figura 6.3.2.1-3 – Crescimento médio anual da população ocupada na década de 1990

De acordo com esses dados fornecidos pelo IPES, a taxa de crescimento geométrico
anual no período de 1991 a 2000 na Região Extremo Norte foi de -0,1, enquanto a

198

RIMA - MONTASA
mesma taxa referente ao Município de Montanha foi de -1,3, dados preocupantes que
ressaltam a dificuldade de geração de emprego no município.

Das 4.882 famílias pesquisadas através do Censo de 2000, realizado pelo IBGE, 38,3%
possuíam rendimentos familiar per capita de até ½ salário mínimo, é o que mostra a
Figura 6.3.2.1-4, ou seja, a faixa de rendimento per capita das famílias2 no Município de
Montanha.
143 11
3% 0%
143 224
288 5%
3%
6% 1.869
573 236 37%
12% 5%

1.395
29%

sem rendimentos até 1/2 SM Mais de 1/2 a 1 SM Mais de 1 a 2 SM Mais de 2 a 3 SM

Mais de 3 a 5 SM Mais de 5 a 10 SM mais de 10 a 20 SM Mais de 20 SM

Figura 6.3.2.1-4 – Número de famílias segundo faixa de rendimento mensal per capita
em 2000

Analisando os dados referentes à faixa de rendimento da população ocupada de todos os


trabalhos no ano de 2000, conforme o IBGE, nota-se a predominância da renda até 2
salários mínimos, conforme mostra Figura 6.3.2.1-5, relativos Região Extremo Norte.

2
Renda familiar per capita média é a razão entre o somatório da renda pessoal de todos os indivíduos e o
número total destes indivíduos na unidade familiar.

199

RIMA - MONTASA
408 102 162
2% 1% 1% 856
938
1.020 5% 5% 2.439
5% 13%
1.281
7%

4.897
6.735
26%
35%

sem rendimentos até 1/2 SM Mais de 1/2 a 1 SM Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 3 SM Mais de 3 a 5 SM Mais de 5 a 10 SM mais de 10 a 20 SM

Mais de 20 a 30 SM Mais de 30 SM

Figura 6.3.2.1-5 – População ocupada segundo faixa de rendimentos de todos os


trabalhos em 2000

Vale comentar, ainda, que do total da população ocupada em 2000, que era de 18.839
indivíduos, 492 tinham entre 10 a 14 anos de idade, 5.037 tinham de 15 a 25 anos de
idades e 1.092 de 60 anos ou mais. Ou seja, 35,14% da população ocupada em 2000
tinham de 10 a 25 anos, e 60 anos ou mais, e 64,86% da população estava inserida
entre 26 anos de idade a 59 anos.

No Município de Montanha, o quadro se repete quanto à incidência de trabalhadores


jovens. Destaca-se, que em ambos os casos (Regional ou Municipal), os jovens ocupados
entre 10 a 14 anos, enquadram-se na faixa de rendimentos de até 1 salário mínimo e a
grande maioria dos jovens ocupados entre 15 a 24 anos possuem rendimentos de até 2
salários mínimos. A Figura 6.3.2.1-6 mostra a faixa de rendimentos entre a população
ocupada do município no ano de 2000.

200

RIMA - MONTASA
1%
1%

3% 5%
7% 11%
6%
7%

35%
24%

sem rendimentos até 1/2 SM Mais de 1/2 a 1 SM Mais de 1 a 2 SM Mais de 2 a 3 SM

Mais de 3 a 5 SM Mais de 5 a 10 SM mais de 10 a 20 SM Mais de 20 a 30 SM Mais de 30 SM

Figura 6.3.2.1-6 – Faixa de rendimento da população ocupada de Montanha em 2000

6.3.2.2 Mercado de Trabalho Formal

A seção Mercado de Trabalho Formal se baseia em dados fornecidos pelo Ministério do


Trabalho, que captam exclusivamente os empregos, ou seja, o segmento do mercado
que possui algum tipo de contrato formal de trabalho.

Esta seção possui dados mais atualizados, pois conta com instrumentos de captação de
dados como a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, e o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados – CAGED, do mercado formal, que fornecem dados
anuais ao Ministério do Trabalho do Governo Federal.

O mercado de trabalho formal apresentou otimismo em relação à taxa de crescimento do


emprego formal, tanto nos índices da Região Extremo Norte quanto aos que abordam o
Município de Montanha.

Segundo o Ministério do Trabalho, através do CAGED, em 2003 a região apresentou taxa


de crescimento anual do emprego formal de 2,3%, enquanto o índice municipal foi de

201

RIMA - MONTASA
8,9% no mesmo período em Montanha. Já no ano de 2004, a região apresentou taxa de
crescimento do emprego formal de 10,6%, enquanto o município acumulou no ano um
crescimento do emprego formal de 6,5% para o ano de 2004. Estes resultados não
podem ser considerados pessimistas, analisando-se a trajetória, bem como as tendências
do valor agregado do PIB Municipal no período de 1999-2002 divulgados pelo IPES nos
municípios que formam a Região Extremo Norte. A Figura 6.3.2.2-1 mostra os valores
agregados do PIB Municipal em R$ mil.

120.000

100.040
97.550
84.911
100.000

74.689
69.805

80.000
62.591
60.593
49.565

60.000

33.727
32.306
27.035
32.323
23.114

40.000
22.631

21.992
20.599

20.000

0
Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

1999 2000 2001 2002

Figura 6.3.2.2-1 – Valor agregado do PIB por município de 1999-2002 (R$mil)

Para caracterizar a população ocupada no mercado formal, bem como os setores de


melhor desempenho quanto ao índice de emprego da região, ter-se-á a seguir a Tabela
6.3.2.2-1, que mostra a distribuição setorial do emprego formal com dados referentes ao
exercício de 2003, fornecidos pelo Ministério do Trabalho/RAIS.

202

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.2.2-1 – Distribuição setorial do emprego formal em 2003

Vínculos
Atividade – Seção CNAE Extremo
Montanha
Norte
A agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 480 2.052
C indústrias extrativistas 54 100
D indústrias da transformação 41 113
E produção e distribuição de eletricidade, gás e água 5 20
F construção 8 11
G comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais 280 783
e domésticos
H alojamento e alimentação 18 49
I transporte, armazenagem e comunicações 6 30
J intermediação financeira 29 52
K atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às 8 15
empresas
L administração pública, defesa e seguridade social 422 1.616
M educação 27 61
N saúde e serviços sociais 64 109
O outros serviços coletivos, sociais e pessoais 40 115
P serviços domésticos - 1
Total 1.482 5.127
Fonte: Mte/RAIS

Em ambos os casos, a maioria dos vínculos existentes são na agricultura, pecuária,


silvicultura e exploração florestal, o que reforça ainda mais o perfil agroindustrial no
município e na região e, ao mesmo tempo, a carência de postos de trabalho formais à
população daquela região.

Em relação ao crescimento do emprego formal nessas atividades, no Município de


Montanha, principalmente, destacam-se as atividades de transporte, armazenagem e
comunicações, com um crescimento acumulado no ano de 2004 de 85,7%, enquanto o
setor de agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal cresceu apenas 4,4% no
mesmo ano. Comparativamente, esses dados mostram-se interessantes quando
analisados no período de 2003 e 2004.

As atividades de agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal obtiveram uma


taxa de crescimento do emprego formal em 2003 de 0,4% e de 4,4% no ano de 2004. Já
as indústrias extrativistas tiveram variação de 12,5% no ano de 2003 para uma queda de
-59,3% em 2004.

203

RIMA - MONTASA
O setor de construção também apresenta dados intrigantes. A taxa de crescimento do
emprego formal na atividade de construção foi de -450% em 2003 e obtendo uma taxa
de 180% no ano de 2004. Um dos fatores que podem contribuir para essa imensa
oscilação é a existência de obras públicas no município, entre outras.

As atividades que mais se destacaram dentre as taxas de crescimento do emprego formal


do ano de 2003 e de 2004 foi a de transporte, armazenagem e comunicações. Essas
atividades obtiveram uma taxa de 16,7% no ano de 2003 e de 85,7% no ano de 2004.

Quanto ao rendimento gerado através do emprego formal, na Região Extremo Norte a


média de rendimentos é de R$ 419,7, enquanto a média de rendimentos do emprego
formal em Montanha é de R$ 454,5. A Tabela 6.3.2.2-2 mostra na íntegra esses
rendimentos médios mensais por atividade no ano de 2003 na Região Extremo Norte e
no Município de Montanha.

Tabela 6.3.2.2-2 – Rendimento médio mensal do emprego formal segundo atividade

Rendimento médio mensal


pago por emprego em 2003
Atividade – Seção CNAE
Extremo
Montanha
Norte
A agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 313,0 283,6
C indústrias extrativistas 781,2 783,5
D indústrias da transformação 297,7 315,9
E produção e distribuição de eletricidade, gás e água 2.356,2 2.202,3
F construção 315,6 1.441,6
G comércio; reparação de veículos automotores, objetos 349,5 352,0
pessoais e domésticos
H alojamento e alimentação 291,2 266,3
I transporte, armazenagem e comunicações 685,0 475,3
J intermediação financeira 2.829,2 2.770,5
K atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às 299,2 275,7
empresas
L administração pública, defesa e seguridade social 490,7 487,0
M educação 357,0 445,3
N saúde e serviços sociais 422,2 388,9
O outros serviços coletivos, sociais e pessoais 480,7 764,6
P serviços domésticos - 473,3
Média total 454,5 419,7
Fonte: Mte/RAIS

204

RIMA - MONTASA
Em relação à escolaridade média desses indivíduos que ocupam postos de emprego do
mercado de trabalho formal, pode-se afirmar, que em sua grande maioria, estes
possuem a 4ª série incompleta ou o 2º grau completo, como no caso de Montanha.

6.3.2.3 Agricultura

Conforme já abordado anteriormente através de vários dados e índices, o Município de


Montanha, bem como sua Região têm como principal atividade econômica a
agropecuária.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU, cerca de 60%
do PIB Municipal é proveniente da agropecuária, ano de 2002, e cerca de 37,3% vem do
setor de serviços. O comércio é responsável por 0,6% do PIB Municipal, enquanto a
indústria participa com apenas 3,4%, afirmando o que tem sido demonstrado neste
Estudo: a principal atividade econômica do Município de Montanha é a agropecuária,
praticamente sem setores industrializados.

O município tem se destacado nas lavouras de mamão, banana e goiaba.

Inicialmente, o pólo de produção de goiaba se concentrará no Distrito de Cristal do


Norte, em Pedro Canário, e também nos Municípios de Montanha, Pinheiros, Conceição
da Barra e Boa Esperança. Posteriormente, o Pólo poderá ser ampliado para outros
locais, desde que ocorra um aumento na demanda por parte das indústrias, e após um
estudo prévio de viabilidade técnica e econômica por parte da Secretaria da Agricultura.

Pode-se notar, baseado nos dados do IPES de 2003, uma pequena mudança no cenário
da lavoura permanente no Município de Montanha. Nos anos anteriores a 2003, a
produção de goiaba não era contabilizada nos dados da região, pois não havia produção
significativa. A partir de 2003, foram produzidas 300 mil frutos de goiaba na região,
sendo que 7% dessa produção é originária de Montanha.

Dentre as culturas de lavoura permanente, atualmente a que possui mais significância,


até mesmo pelo seu destaque no comércio exterior, é a cultura do mamão. Porém,
atualmente a região do Município de Linhares é onde estão concentradas as maiores
empresas do setor. Essas empresas têm exportado frutas ao mercado internacional,

205

RIMA - MONTASA
impulsionando o desenvolvimento de toda a região norte do Estado. O mamão é
exportado para os mercados dos Estados Unidos e Europa.

Fato que demonstra essa afirmação é a evolução na quantidade de frutas produzidas de


mamão nos anos de 1990, 2000 e 2003 na região Extremo Norte e no Município de
Montanha. Na Região Extremo Norte, essa evolução manteve crescimento contínuo
durante o período, porém, não superou o aumento de 28% na quantidade produzida em
Montanha para o período.

No Município de Montanha, apesar de obter uma saldo de crescimento de cerca de 28%


na quantidade produzida de mamão nos anos de 1990, 2000 e 2003, pode-se notar uma
queda em 2000.

Na Região Extremo Norte, pode-se notar uma acréscimo de cerca de 71% do valor da
produção agrícola do ano de 2000 a 2003, conforme dados demonstrados na Tabela
6.3.2.3-1 a seguir.

Tabela 6.3.2.3-1 – Produção agrícola na região Extremo Norte em moeda corrente

2000 2003
Atividade
mil reais % mil reais %

Lavoura permanente 47.924 81,9 165.503 85,3


Lavouora Temporária 10.598 18,1 28.363 14,6
Extração Vegetal 8 0,0 21 0,0
Silvicultura 6 0,0 35 0,0
Total 56.536 100,0 193.922 100,0
Fonte: IPES

Já o Município de Montanha apresentou um crescimento de cerca de 60%, o que pode


ser considerado excelente, pois isso significa várias conquistas para o município, como
geração de renda, emprego e movimentação econômica e financeira crescente. Assim, o
Município de Montanha pode-se considerar inserido no crescimento agrícola do norte do
Estado, o que pode ser mostrado através dos dados da Tabela 6.3.2.3-2.

206

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.2.3-2 – Produção agrícola no Município de Montanha em moeda corrente

2000 2003
Atividade
mil reais % mil reais %

Lavoura permanente 15.884 88,6 36.182 86,0


Lavouora Temporária 2.032 11,3 5.853 13,9
Extração Vegetal - - 15 0,0
Silvicultura 6 0,0 24 0,1
Total 17.922 100,0 42.074 100,0
Fonte: IPES

Nos dados referentes à lavoura temporária estão inseridas as culturas de cana-de-açúcar,


arroz, abacaxi, feijão, mandioca, melância, milho e tomate no Município de Montanha e
na Região Extremo Norte.

Dentre essas culturas, a que mais relevância apresenta é a cana-de-açúcar, conforme as


informações descritas a seguir. A Tabela 6.3.2.3-3 mostra a quantidade da lavoura
temporária produzida no Extremo Norte, a qual destaca-se a produção da cana-de-
açúcar.

Tabela 6.3.2.3-3 – Quantidade produzida da lavoura temporária no Extremo Norte

Produto Unidade 1990 2000 2003

Abacaxi Mil frutos por ha 815 626


Arroz (em casca) Tonelada por ha 788
Cana-de-açúcar Tonelada por ha 79.500 200.500 728.230
Feijão (em grão) Tonelada por ha 14.442 314 665
Mandioca Tonelada por ha 99.600 86.005 42.300
Melancia Mil frutos por ha 80
Milho (em grão) Tonelada por ha 13.800 771 798
Tomate Tonelada por ha 715 1.915
Fonte: IPES

Através da análise dos dados elencados na Tabela 6.3.2.3-3 pode-se perceber a


excepcional evolução na produção da cana-de-açúcar, o que afirma as expectativas do
mercado para essa cultura nos próximos anos. A Figura 6.3.2.3-1 a seguir mostra
graficamente esse crescimento da cana-de-açúcar na Região Extremo Norte.

207

RIMA - MONTASA
800.000
728.230
700.000

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000 200.500

100.000
79.500
0
1990 2000 2003

Figura 6.3.2.3-1 – Quantidade produzida de cana-de-açúcar no Extremo Norte


(tonelada por ha)

A cana-de-açúcar representava em 2003 94% de toda a quantidade propduzida na


lavoura temporária na Região Extremo Norte.

No Município de Montanha, esse quadro permanece equivalente. A Tabela 6.3.2.3-4


mostra a quantidade produzida da lavoura temporária no Município de Montanha, onde,
conforme a tendência regional, destaca-se a cultura da cana-de-açúcar, apresentando
evolução na quantidade produzida no período apresentado.

Tabela 6.3.2.3-4 – Quantidade produzida da lavoura temporária em Montanha

Produto Unidade 1990 2000 2003

Abacaxi Mil frutos por ha 300 33


Arroz (em casca) Tonelada por ha 180
Cana-de-açúcar Tonelada por ha 45.000 67.500 165.480
Feijão (em grão) Tonelada por ha 3.078 29
Mandioca Tonelada por ha 16.200 3.000
Melancia Mil frutos por ha 50
Milho (em grão) Tonelada por ha 840 100
Tomate Tonelada por ha 250 195
Fonte: IPES

208

RIMA - MONTASA
Esse crescimento na lavoura da cana-de-açúcar representou cerca de 72,8% no período
de 1990, 2000 e 2003. Esse crescimento pode ser visualizado através da Figura 6.3.2.3-
2, na quantidade produzida medida através da tonelada por ha.

180.000
165.480
160.000

140.000

120.000

100.000

80.000
67.500
60.000

40.000
45.000
20.000

0
1990 2000 2003

Figura 6.3.2.3-2 – Quantidade produzida de cana-de-açúcar no Extremo Norte

A cana-de-açúcar apresentou crescimento nesse período de 72,8% em sua quantidade


produzida, enquanto à Região Extremo Norte obteve crescimento de 89% na quantidade
produzida, afirmando as expectativas com o crescimento da indústria sucroalcooleira
estabelecida, principalmente naquela região norte do Estado do Espírito Santo.

6.3.2.4 Investimentos Previstos Para a Região Extremo Norte e de


Montanha

O Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Jones dos Santos Neves – IPES,


produziu documento apresentando os resultados dos levantamentos realizados no
período de novembro/04 a maio/05 sobre os investimentos previstos para o período
compreendido entre os anos de 2005 e 2010. Com esse trabalho, o IPES dá
prosseguimento ao esforço que vem desenvolvendo para produzir estatísticas sobre a
realidade socioeconômica do Estado, possibilitando aos agentes públicos e privados um
conjunto de informações úteis a seus processos decisórios.

209

RIMA - MONTASA
Deve-se destacar que a realização de um investimento é a conclusão de um processo que
se inicia com a identificação de uma oportunidade de negócio, passando por várias fases
de estudos, definição do financiamento e licenciamento nos órgãos competentes. Os
investimentos previstos no Relatório datado de maio de 2005 somam cerca de R$ 43,0
bilhões no período compreendido entre 2005-2010 e será distribuído regionalmente.

O levantamento identificou 441 projetos, que somam investimentos prováveis, para o


período 2005-2010, de R$ 43,0 bilhões e a geração de 98.727 mil postos de trabalho,
abrangendo 11 setores de atividade econômica.

Como se pode notar, em número de projetos a agroindústria demonstra uma certa


projeção, porém, quanto aos valores a serem distribuídos, a atividade demonstra
fragilidade, como ver-se-á na Figura 6.3.2.4-1.

Figura 6.3.2.4-1 – Previsão de Investimentos para o Período de 2005 a 2010 por


atividade

210

RIMA - MONTASA
Do ponto de vista setorial, observa-se significativa concentração em três atividades:
energia, com R$ 17,1 bilhões ou 39,9%; indústria, com R$ 14,4 bilhões ou 33,6%; e
terminal portuário, aeroporto e armazenagem, com R$ 7,1 bilhões ou 16,6% do valor
global.

No setor agroindústria, do total de R$ 205 milhões, R$ 190,6 milhões serão investidos em


projetos a serem implantados, cerca de R$ 10,8 milhões serão para expansões de
empreendimentos e cerca de R$ 2,5 milhões serão destinados a projetos de modificações
e adequações em geral dentro da agroindústria.

No que se refere ao controle do capital, o setor privado é responsável por 41,6% do


valor total dos investimentos previstos, seguido pelo capital misto, com 30,7%; em
terceiro lugar está o capital estrangeiro, com 22,1%, e em quarto, o setor público,
responsável por 5,6%.

Vale ressaltar, que no desenvolvimento, investimentos e aquecimento da produção


acabam resultando em geração de empregos e novos postos de trabalho, o que em uma
população como a do Município de Montanha, que possuía uma taxa de crescimento de
emprego formal para o ano de 2003 de 8,9%, caindo para 6,5% no ano de 2004, esses
investimento e projetos previstos traz certo otimismo à população. Para identificar melhor
este cenário promissor, conforme dados do IPES, no período de janeiro de 2000 a maio
de 2005 foram concluídos cerca de 165 projetos, cujo valor soma a quantia de R$ 8,1
bilhões, com a geração de 21.412 empregos.

A Rodovia ES-209, que liga Cristal do Norte a Pedro Canário, será pavimentada pelo
Governo do Estado. As obras serão realizadas por meio do Departamento de Edificações,
Rodovias e Transportes da Secretaria de Desenvolvimento de Infra-estrutura e dos
Transportes (SEDIT).

A Rodovia ES-209, aberta como estrada de penetração na década de 80, tem 31 km de


extensão. A pavimentação vai possibilitar o desenvolvimento da economia na região, que
se destaca pela produção de frutas, criação de gado e pelo beneficiamento de cana-de-
açúcar. Destacando, ainda, que a estrada passa pelo Município de Montanha e será o
acesso utilizado pelos caminhões para o transporte da cana.

211

RIMA - MONTASA
Outra realização importante na região é a construção do Matadouro Frigorífico Municipal,
em Montanha, que vai abater inicialmente 60 cabeças/dia e beneficiar cerca de 800
criadores do município, com previsão de gerar cerca de 25 empregos diretos, podendo
ampliar a oferta, se houver incremento no abate. A obra situa-se na estrada que liga a
sede do município ao Córrego do Dezoito, a 1 km da sede.

6.3.3 Infra-Estrutura

A Região Extremo Norte apresenta situação difícil quanto ao orçamento municipal médio
da região.

Conforme dados obtidos através dos balanços municipais, a região possuía déficit
orçamentário de R$12.821 no ano de 2003. Déficit em linguagem contábil é um excesso
de passivo e ativo, isto é, as despesas e pagamentos são maiores que o faturamento e o
total de crédito. Nas finanças públicas, como é o caso dos municípios, fala-se déficit
orçamentário quando as despesas são superiores à arrecadação.

A Tabela 6.3.3-1 mostra a síntese orçamentária dos municípios da Região Norte.

Tabela 6.3.3-1 – Síntese orçamentária dos municípios da Região Extremo Norte em


2003

Tipo de conta Valor em R$ corrente

Receita Orçamentária 35.442.170


Despesa Orçamentária 35.454.991
Resultado Orçamentário - 12.821
Fonte: Dados referentes ao exercício de 2003 divulgados através dos Balanços Municipais

As contas municipais referentes à Montanha mostram-se mais favoráveis do que a média


regional. De acordo com o Balanço Municipal referente ao exercício de 2003, o município
obteve um resultado orçamentário de cerca de R$ 196.657. A Tabela 6.3.3-2 mostra mais
claramente esses dados.

212

RIMA - MONTASA
Tabela 6.3.3-2 – Síntese orçamentária do Município de Montanha no exercício de 2003

Tipo de conta Valor em R$ corrente

Receita Orçamentária 12.167.494


Despesa Orçamentária 11.967.837
Resultado Orçamentário 196.657
Fonte: Dados referentes ao exercício de 2003 divulgados através dos Balanços Municipais

Esses dados serão relevantes quanto forem analisados os dados referentes à infra-
estrutura do município e da região, pois trazem consigo informações como investimentos
nas área de saúde, educação, saneamento, bem como os tipos e quantidades de gastos
realizados pelo agente.

Na Tabela 6.3.3-3 serão mostradas as sínteses das despesas orçamentária do Município


de Montanha.

Tabela 6.3.3-3 – Síntese das despesas orçamentárias do Município de Montanha no


exercício de 2003

Funções de governo agrupadas Valor em R$ corrente

Educação 3.624.052
Saneamento, habitação, transporte e urbanismo 2.624.355
Saúde 2.215.790
Administração, previdência, judiciária e encargos da dívida 1.856.361
Cultura, desporto, lazer, cidadania, assistência social e 834.220
segurança
Legislativa 547.908
Apoio ao desenvolvimento 265.152
Despesa Total 11.967.838
Fonte: Dados referentes ao exercício de 2003 divulgados através dos Balanços Municipais

No exercício de 2003, o Município de Montanha teve 30% de suas despesas referentes à


educação, 21,9% das despesas foram referentes a saneamento, habitação, transporte e
urbanismo, seguidas pelas despesas com saúde, que representaram 18,5% do total.

No contexto regional, essa ordem muda para despesas com educação, representando
28,5%, seguidas pelas despesas referentes à saúde, que foram de cerca de 20,9%, e
17,4% referentes à administração, previdência, judiciária e encargos da dívida.

213

RIMA - MONTASA
Durante a visita realizada no Município de Montanha, o Prefeito Hercules Favarato
ressaltou sua preocupação com a educação do município e mostrou algumas das
conquistas realizadas, através do repasse de verbas do Governo Federal, incluindo
recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério - FUNDEF, e com a participação da prefeitura, que segundo
seu gestor, participou dos investimentos com contrapartidas financeiras para a execução
de projetos e, principalmente, na priorização de gestão otimizada dos recursos
destinados à educação.

6.3.3.1 Saúde

Na Saúde, serão abordados inicialmente dados comparativos entre os municípios da


região, para, posteriormente, realizar uma descrição mais objetiva em relação à situação
do Município de Montanha.

O sistema de atendimento na Microrregião Extremo Norte é feito pelo Sistema Único de


Saúde - SUS, que conta com 122 leitos disponíveis para atendimento a população, com
exceção do Município de Ponto Belo, que se encontra carente deste serviço. Percebe-se
na Tabela 6.3.3.1-1 que dentre os municípios pesquisados, Montanha encontra-se com
melhor infra-estrutura de atendimento a população.

Tabela 6.3.3.1-1 – Leitos SUS, segundo especialidades 2004

Número de Leitos

Especialidade Montanha Mucurici Pinheiros Ponto Belo

Cirurgia 11 2 2 -
Clinica Médica + Tisiol +
30 8 12 -
Reabilitação + Crônicos
Obstetrícia 13 4 4 -
Pediatria 27 4 5 -
Total 81 18 23 -
Fonte: IPES

Esta infra-estrutura resulta na tendência de redução do risco de morte das crianças


menores de um ano de idade no Município de Montanha, a mortalidade infantil de 2003,

214

RIMA - MONTASA
cujo valor (12,7 por mil nascidos vivos) é o menor registrado no município e também o
menor entre os municípios que compõem a Região Extremo Norte.

Para a queda da mortalidade infantil, contribuíram a importante atuação do governo


municipal e estadual. As ações de prevenção e atenção à saúde, principalmente no
acompanhamento da criança no primeiro ano de vida e no saneamento básico, reduziram
significativamente a incidência das mortes por doenças infecciosas. E já a redução das
mortes perinatais está associada à melhoria na assistência ao pré-natal, ao parto e ao
atendimento ao recém-nascido.

A Tabela 6.3.3.1-2 apresenta as unidades de saúde localizadas no Município de Montanha


que fazem o atendimento pelo SUS.

Tabela 6.3.3.1-7 – Unidades de Saúde que atendem pelo SUS em Montanha

Nome da Unidade Endereço / Localidade Tipo de Unidade

Rua Nossa Senhora Unidade de Saúde da


Unidade de Saúde da Família “CIPAAD”
Aparecida Família
Rua Dilio Penedo, s/nº Unidade de Saúde da
Unidade de Saúde Vinhático
Família
Rua Rui Barbosa, nº 15 Unidade de Saúde da
Unidade de Saúde Centro
Família
Av. Vitória, nº 208 Unidade de Saúde da
Unidade de Saúde SEMUS
Família
São Sebastião do Norte – Unidade de Saúde da
Unidade de Saúde São Sebastião do Norte
zona rural Família
Av. dos Comboianos, s/nº Unidade Básica de
Ambulatório Municipal Dr. Carlos Roberto
Saúde
Rua Anchieta, s/nº Unidade Básica de
Unidade Sanitária de Montanha
Saúde
Av. Antonio Paulino, nº Hospital / Filantrópico
Hospital Nossa Senhora da Aparecida
1060
Rua Presidente Kennedy, Hospital / Filantrópico
Casa Nossa Senhora da Saúde
nº 120
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Montanha

Apesar de todas as dificuldades existentes na gestão de serviços públicos de saúde e de


fatores como orçamento reduzido e outros que caracterizam o serviço de saúde dos
215

RIMA - MONTASA
municípios do interior do Estado e vários municípios no Brasil, todos os serviços
oferecidos, bem como despesas com saúde do município representaram um gasto
equivalente a R$ 158,10 por habitante.

Dentre as principais ações da Secretaria Municipal de Saúde em 2004, estavam:


- aumento das subvenções mensais para os hospitais do município;
- contratação de 02 médicos pela Prefeitura Municipal de Montanha – PMM, para o
Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida - HMNSA, 01 pediatra e 01 ortopedista;
- capacitação de técnicos e digitadores dos programas relativos ao Sistema de
Informação de Atenção Básica, vinculado ao SUS. Esse programa fornece dados
frequentemente atualizados acerca de programas, como o Programa de Saúde da Família
– PSF, entre outros.

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, em 2004, as 05 unidades de Estratégia Saúde


da Família – ESF, receberam mais alguns equipamentos e foram realizadas várias
capacitações com os profissionais (Agente Comunitário de Saúde - ACS, médicos,
enfermeiros, técnicos e auxiliares) dessas equipes. Através de processo seletivo, mais
doze ACS.

Dentre os procedimentos realizados, destacam-se as atividades executadas pelos ACS’s,


com 19% dos procedimentos no período. Em seguida as consultas médicas, com 15%,
11% relativos a procedimentos odontológicos, 13% para as patologias clínicas e
empatados, com cerca de 7% dos procedimentos realizados, estão os atendimentos da
farmácia básica e a aplicação de vacinas.

No Programa de Controle de Zoonoses, foram vacinados 2.892 cães e 843 gatos na


Campanha de vacinação anti-rábica em 2004.

No Programa de Vigilância Sanitária, o Município de Montanha realizou durante o ano de


2004, um total de 5.127 ações diversas de vigilância sanitária.

Na área de saúde mental, Montanha possui um programa que realizou 848 consultas
psiquiátricas e 280 consultas psicológicas. Este Programa atende também a pacientes dos
Municípios de Ponto Belo, Mucurici e Pinheiros, esporadicamente.

216

RIMA - MONTASA
6.3.3.2 Educação

Na educação, assim como na subdivisão Saúde, serão abordados inicialmente dados


comparativos entre os municípios da região, para posteriormente realizar uma descrição
mais objetiva em relação ao Município de Montanha.

Segundo o IPES, na Região Extremo Norte a taxa de analfabetismo infantil reduziu,


comparado os anos de 1991 e 2001. Prevalece entre a população de faixa etária de 65
anos o maior índice de pessoas que não sabem ler e nem escrever (Tabela 6.3.3.2-1).

Tabela 6.3.3.2-1 – Condição de alfabetização da população de 15 anos e mais e taxa de


analfabetismo, segundo faixa etária do Município de Ponto Belo

2000

Não sabe ler Sabe ler e Taxa de


Faixa etária Total
e escrever escrever analfabetismo

15 a 17 anos 16 399 414 3,8


18 a 24 anos 30 825 856 3,8
25 a 39 anos 149 1.174 1.323 11,3
40 a 59 anos 409 371 1.180 34,7
60 a 64 anos e mais 137 58 195 70,1
65 anos e mais 376 132 508 74,0
Total de 15 anos e 1.117 3.359 4.476 25,0
mais
Fonte: IPES

Conforme os dados demonstrados nas tabelas apresentadas, pode-se notar que a taxa de
analfabetismo cresce paralelamente com a faixa etária analisada. O que leva a crer que
com as atuais condições de educação da população, daqui a 30 anos aproximadamente,
estes números tendem a ser insignificantes.

Vale destacar, ainda, o destaque positivo do Município de Montanha em relação aos


outros municípios da região, pois suas taxas mostram um quadro mais positivo na
erradicação do analfabetismo.

Quando se faz analogia entre o mercado de trabalho informal e as taxas de


analfabetismo, percebe-se que o valor da faixa etária dos indivíduos entre 25 a 39 anos,
217

RIMA - MONTASA
que em Montanha é de 12,2% - única faixa etária que supera a média regional – pode-se
atribuir à redução do trabalho infantil nos últimos 15 anos. Acredita-se que essa redução
do trabalho infantil, bem como a estruturação da educação no município, que também
mostrou-se o que mais direciona recursos financeiros da região para esse setor,
contribuiu para que nessa faixa etária os índices fossem considerados piores que os da
região.

A taxa de analfabetismo é maior entre as mulheres, tanto no meio rural quanto no meio
urbano. Percebe-se também que a falta de recursos financeiros, devido à ausência de
emprego e renda, no meio rural reflete neste índice, desfavorecendo esta população e
ocasionado menores oportunidades de desenvolvimento profissional.

Apesar da taxa de analfabetismo ter obtido redução entre os anos de 1991 e 2000, esse
índice permanece bastante significativo na Região Extremo Norte, como mostrado
através das Tabelas 6.3.3.2-1.

A taxa de escolaridade da população do Município de Montanha decresce a partir dos 18


a 24 anos, conforme mostra a Tabela 6.3.3.2-2. Pode-se afirmar que tal fato se deve pela
ausência de oportunidades para a continuação educacional dos jovens.

Tabela 6.3.3.2-2 – Taxa de escolaridade, segundo faixa etária do Município de


Montanha

2000

População
Número que Cobertura Cobertura
Faixa Taxa de
de freqüenta pela rede pela rede
etária escolaridade
pessoas escola ou pública privada
creche

0 a 3 anos 1.181 103 8,8 7,3 1,4


4 a 6 anos 1.005 449 44,6 36,8 7,8
7 a 14 anos 2.849 2.721 95,5 91,0 4,5
15 a 17 anos 1.204 973 80,8 79,0 1,8
18 a 24 anos 2.294 734 32,0 22,5 9,5
Total 0 a 8.533 4.979 58,4 52,9 5,4
24 anos
Fonte: IPES

218

RIMA - MONTASA
A rede municipal de ensino de Montanha conta com cerca de 12 estabelecimentos, com
um total de 2.693 alunos, conforme dados cedidos pela Secretaria Municipal de Educação
referentes ao ano de 2005.

A Rede Particular conta com o centro de Educação Básica Nossa Senhora Aparecida,
chamado pelos populares de “Colégio das Freiras”, que possui 182 alunos, sendo 117 no
ensino fundamental e 65 no ensino médio.

Existem, ainda, os estabelecimentos filantrópicos como a Associação de Pais e Amigos de


Excepcionais - APAE, que possui 101 alunos, a Creche Terezinha Zonfrilli, com 158
alunos, e a Escola Família Agrícola, com 78 alunos no ensino fundamental e 182 no
ensino médio.

A rede estadual conta com 8 estabelecimentos com um total de 2.094.

Comparando o número de alunos com o número de estabelecimentos, percebe-se que a


rede mais abrangente é a estadual com cerca de 262 alunos por estabelecimento. A
Tabela 6.3.3.2-3 mostra essa média de aluno x estabelecimento.

Tabela 6.3.3.2-3 – Estabelecimentos educacionais no Município de Montanha em 2005

Entidade gestora Média (alunos/estabelecimento)

Rede Municipal 220


Rede Estadual 261,8
Rede Particular 182,1
Filantrópica 173
Superior (ensino à distância) 165
Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Montanha

Em Montanha, o maior número de estabelecimentos de ensino pertence à rede


municipal, conforme mostra a Figura 6.3.3.2-1, bem como o maior número de alunos
matriculados em 2005, segundo informações da Secretaria Municipal de Educação de
Montanha.

219

RIMA - MONTASA
12
12

10
8

3
4
2

1
2

Rede Municipal Rede Estadual


Rede Particular Filantrópicas
Ensino Superior (à distância)

Figura 6.3.3.2-1 – Número de estabelecimentos de ensino por entidade gestora

Na Educação Infantil, o município possui infra-estrutura de: 6 creches (rede municipal);


01 creche (filantrópica); 02 pré-escolas (particular); 01 Centro de Educação Infantil (rede
municipal).

No Ensino Fundamental tem-se no município: 04 escolas (1ª a 4ª série – rede municipal);


02 escolas (1ª a 8ª série – rede municipal); 01 escola (Educação .Infantil – Fundamental
e Médio – particular); 03 escolas unidocentes (1ª a 4ª série – rede municipal); 01 escola
(Ensino Fundamental e Médio - rede estadual); 05 escolas (unidocentes – ensino
fundamental – rede estadual).

Para o Ensino Médio, Montanha dispõe de apenas 01 escola da rede estadual e no Ensino
Superior o município é atendido pelo Centro Regional de Educação à Distância da
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, e pela Universidade de Tocantins –
UNITINS, através do sistema de educação à distância.

220

RIMA - MONTASA
6.3.3.3 – Habitação e Saneamento

A condição de ocupação da Região Extremo Norte prevalece entre os domicílios


particulares permanentes próprios e já pagos, tanto no meio urbano quanto rural, isto
retrata o crescimento econômico dessa microrregião, possibilitando a população o sonho
da casa própria. Segundo o IPES, dentre os tipos de domicílios: casa; apartamento e
cômodo, o que prevalece são as casas.

No meio rural, a média de moradores por domicílio e a média de pessoas por família são
superiores ao meio urbano. Nota-se, também, que o índice de famílias por domicílio e a
média de moradores por dormitório são semelhantes entre os dois meios.

A cobertura da rede de esgoto na microrregião é parcial, 50% da população conta com a


rede geral de esgoto ou pluvial, e a outra parte desses municípios ainda conta com a
forma de tratamento de esgoto de fossa rudimentar e fossa séptica.

Segundo dados do IBGE, em relação ao abastecimento de água, 60,2% da microrregião


possuem rede geral de água canalizada em pelo menos um cômodo por domicílio, 14,6%
possuem água canalizada através de poço ou nascente e 7,3% não possuem sistema de
água canalizada.

Através do censo de 2000, o IBGE constatou que em relação ao destino do lixo, 89,8%
da região urbana e 69,9% da população rural possui o sistema de destino de lixo através
da coleta.

O abastecimento de água do Município de Montanha é realizado em sua maioria pela


Companhia Espírito Santense de Saneamento - CESAN, e sua captação vem sendo
efetuada no Córrego Salvação/Barragem, conforme dados obtidos na própria CESAN de
Montanha. Vale ressaltar que o escritório da CESAN de Montanha funciona na mesma
instalação da Estação de Tratamento de Água para a população.

Conforme dados dos técnicos que realizam as operações na Estação de Tratamento de


Água – ETA, da CESAN em Montanha, a água é captada da Barragem “Salvação” e
conduzida até a estação. Segundo os técnicos, a captação da água é realizada no
Córrego Salvação, que é integrante da Bacia do Rio Itaúnas.

221

RIMA - MONTASA
De acordo com relatos da comunidade, depois que a captação passou a ser realizada no
local atual, não tem ocorrido problemas, como falta de água, ou problemas no
abastecimento da população.

6.3.3.4 Segurança

A segurança pública da região e do Município de Montanha é realizada através das


Polícias Militar – PM, e Civil. A Sede da Polícia Civil, atualmente em reforma em suas
instalações físicas.

A PM registra em seus Boletins de Ocorrência - BO e processa em seu banco de dados


todas as ocorrências, independente da sua natureza jurídica, ao passo que a Polícia Civil
está mais preocupada com a natureza jurídica dos fatos, tendo como base os inquéritos e
o Código Penal.

Analisando as mortes por causas violentas na microrregião Extremo Norte, constata-se


que Mucurici, no ano de 2003, foi o município que obteve o maior índice de morte por
homicídio, com a taxa de 33,0 mortes por 100.000 habitantes. Em relação à causa por
acidente de trânsito, o Município de Montanha obteve o maior índice da região. Em Ponto
Belo, nesse ano, não foi registrada nenhuma queixa em relação a mortes violentas.

Ao analisar os delitos de forma isolada, identifica-se que os crimes não-letais contra


pessoas (lesões corporais e ameaças) apresentam um índice bastante elevado na
microrregião. Ao comparar os municípios, Montanha encontra-se com a maior taxa de
crimes não letais. Segundo o IPES, a taxa registrada foi de 865,0 crimes por 100.000
habitantes, isto reflete a ineficiência e ineficácia de políticas públicas somadas aos baixos
salários, ao subemprego e ao desemprego da região.

Entre os crimes violentos contra o patrimônio, identificou-se que os roubos em


residência, extorsão e roubos em estabelecimentos comerciais apresentam os maiores
índices de incidências na região. Analisando-se separadamente, Ponto Belo foi o
município que obteve o maior número de delitos.

222

RIMA - MONTASA
6.3.3.5 Turismo e Cultura

Em relação ao turismo, não foram encontrados dados que determinassem alguma


atividade turística em expansão na região, exceto no litoral norte, onde o movimento
turístico é bastante divulgado.

Os projetos culturais em atividade são desenvolvidos através da Secretaria Municipal de


Educação, que atende algumas demandas nas áreas de lazer, cultura e desporto.

Atualmente, o Município de Montanha dispõe de:


- 01 Coral da 1ª Igreja Batista de Montanha;
- 01 Biblioteca Municipal;
- 01 Teatro Municipal;
- 01 Ginásio de Esportes ilustrado na Figura 6.3.3.5-8;
- 02 Estádios de futebol;
- 07 quadras poliesportivas;
- Videotecas nas escolas e na biblioteca municipal;
- 15 campos de futebol localizados, nas comunidades;
- 01 Parque de exposição agropecuário;
- 02 academias.

A manifestação tradicional é a Festa de São João, que acontece no final de junho, como
em todo o resto do Brasil.

De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, o sítio


arqueológico mais próximo identificado fica no Município de Pinheiros e conforme seu
registro realizado em 19 de dezembro de 1997, o mesmo possuía artefatos cerâmicos de
categoria multicomponencial e já se encontrava praticamente destruído pela ação da
erosão, tendo sido utilizado inclusive para agricultura anteriormente.

6.3.4 Localidades da Área de Influência

O Município de Montanha, como já foi abordado anteriormente, é oficialmente dividido


em apenas dois distritos, que são: Vinhático e Montanha. Contudo, sua administração
municipal considera a localidade de São Sebastião do Norte como uma região distrital.

223
RIMA - MONTASA
A seguir, far-se-à uma breve descrição das localidades do Município de Montanha mais
próximas ao empreendimento. Porém, ressalta-se que a para o estudo foi considerado
todo o Município de Montanha como área de Influência Direta, principalmente por suas
características demográficas como densidade demográfica reduzida, distribuição da
população quanto às zonas rural e urbana e algumas características econômicas, que não
fornecem dados suficientes para analisar-se com individualidade seus distritos.

Para ter-se uma idéia, a densidade demográfica do Município de Montanha é estimada


em 15,2 hab/km2 para o ano de 2004 pelo IBGE, enquanto a densidade da Região
Metropolitana de Vitória é de cerca de 98 hab/km2 na mesma época, e o mesmo índice
referente a todo Estado do Espírito Santo para o ano de 2003, era de cerca de 70
hab/km2. Isso mostra a reduzida densidade demográfica do município, bem como a
irrelevância de se analisar suas área em separado mais detalhadamente.

A Figura 6.3.4-1 mostra a área do empreendimento e as localidades de Ramal da


Fumaça, Trinta de Maio e São Sebastião no entorno.

Figura 6.3.4-1 – Empreendimento e suas localidades mais próximas

224
RIMA - MONTASA
Conforme informações da Prefeitura Municipal de Montanha, as localidades de Trinta de
Maio e Ramal da Fumaça são atendidas por São Sebastião do Norte.

Para obter informações mais locais foram entrevistados em São Sebastião do Norte:
− Arlindo Ferreira – trabalhador rural;
− Iracy Costa Dias – comerciante;
− Marco Cysne – produtor rural; e
− Irene de Jesus Favarato - trabalhadora rural.

No Ramal da Fumaça foram entrevistados:


− Marcos Poloni – comerciante;
− Carlos Favarato – produtor rural; e
− Adenilson Favarato – produtor rural.

6.3.4.1 São Sebastião do Norte

Estão inseridas nesta subdivisão as localidades de Trinta de Maio e Fumaça como


mencionado anteriormente, devido à ausência de informações oficiais dessas localidades,
para que o estudo não perca sua qualidade real da situação dos impactos e da realidade
municipal.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os dados fornecidos através do Sistema


de Informação de Atenção Básica – SIAB, que integra o sistema de informações para o
Programa de Saúde da Família – PSF, referem-se à PSF V “São Sebastião do Norte”.

A PSF V compila informações das três localidades juntamente, logo, não há informações
oficiais individualizadas das mesmas.

A população residente nestas localidades é de cerca de 2.352 pessoas, conforme dados


do SIAB de fevereiro de 2006.

De acordo com os dados do IBGE, a população residente no município era de 17.263


habitantes em 2000, porém, as informações do SIAB mostram que o total de pessoas
atendidas no município é de 15.734 pessoas.

225
RIMA - MONTASA
De qualquer forma, a população dessas três localidades (São Sebastião do Norte, Trinta
de Maio e Fumaça) corresponde a apenas 15% da população do município, que possuía
em 2000, segundo o IBGE, 75% de taxa de urbanização.

A maioria das pessoas cadastradas no SIAB no PSF em São Sebastião do Norte é de


homens, conforme a Figura 6.3.4.1-1, que mostra a divisão por sexo da população
atendida nas três localidades.

Feminino
Masculino
1.123
1.229
48%
52%

Figura 6.3.4.1-1 – População cadastrada do PSF de São Sebastião do Norte

Quanto à distribuição etária, prevalece nas localidades a faixa dos 20 aos 49 anos de
idade, com cerca de 50% de todas as pessoas cadastradas e 15% possuem de 0 a 9
anos de idade. A Figura 6.3.4.1-2 mostra a divisão etária da população das localidades de
São Sebastião do Norte, Fumaça e Trinta de Maio.

226
RIMA - MONTASA
800 752

700

600

500

400
306
300 259 236 228
203
200 147
118
82
100
21

0
< 1 ano

1 a 4 anos

5 a 6 anos

7 a 9 anos

10 a 14 anos

15 a 19 anos

20 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

> 60 anos
Figura 6.3.4.1-2 – População cadastrada do PSF de São Sebastião do Norte

Das famílias cadastradas, que são 658 no total, 79,84% dos jovens entre 7 a 14 anos
estão na escola e 92,99% das pessoas e 15 anos e mais são alfabetizadas.

A Figura 6.3.4.1-3 ilustra a Igreja Católica em São Sebastião do Norte.

Figura 6.3.4.1-3 – Igreja Católica em São Sebastião do Norte


227
RIMA - MONTASA
As informações do SIAB mostram que 59% das famílias residente nas três localidades
são abastecidas de água pela rede pública, sendo que o restante possui abastecimento
de água na residência de poços ou nascentes.

O destino do lixo de 62% das famílias é a coleta pública e 32,5% das famílias têm seu
lixo queimado ou enterrado e cerca de 5,32% das famílias destina o lixo a céu aberto. A
destinação de esgotamento sanitário da maioria das famílias dessas localidades é a fossa,
ou seja, 69% das famílias possuem fossa em seus domicílios e apenas 27% das famílias
possui sistema de coleta de esgoto.

Das famílias acompanhadas a maioria possui energia nos domicílios, ou seja, 99% das
famílias.

6.3.4.2 Vinhático

O acesso rodoviário à sede do Município de Montanha através da ES-209 passa


primeiramente na sede do Distrito de Vinhático, que possui, de acordo com os dados do
SIAB, 2.924 pessoas cadastradas.

A unidade do SIAB que atende ao Distrito de Vinhático fornece atendimento às


localidades de Limoeiro, Assentamento Bela Vista e outros inseridos no distrito.

São cerca de 863 famílias atendidas nas localidades inseridas em Vinhático, que
representa 19% de toda a comunidade cadastrada no SIAB do Município de Montanha.

Em Vinhático possui maioria masculina em seus moradores, seguindo ao exemplo de São


Sebastião do Norte, e a Figura 6.3.4.2-1 mostra a distribuição dos moradores de
Vinhático por sexo.

228
RIMA - MONTASA
Masculino Feminino
1.506 1.418
52% 48%

Figura 6.3.4.2-1 – Distribuição dos moradores de Vinhático por sexo

Das 863 famílias cadastradas, 93% possuem jovens entre 7 e 14 anos na escola e 92%
de pessoas com 15 anos ou mais alfabetizadas. A Escola Municipal de Ensino
Fundamental “Pedro Palácios”, mostrada na Figura 6.3.4.2-2, localizada na Sede do
Distrito de Vinhático, possuía em 2005 cerca de 224 alunos.

Figura 6.3.4.2-2 – Escola localizada em Vinhático

229
RIMA - MONTASA
Foram realizados um total de 35.543 atendimentos na Unidade de Saúde de Vinhático em
2003, e 35.168 atendimentos no ano de 2004. O saldo para 2004 foi positivo em se
tratando de atendimentos à população.

Como pode-se notar através da Figura 6.3.4.2-3, as visitas dos Agentes Comunitários de
Saúde – ACS aumentaram de 8.820 visitas em 2003 para 11.477 visitas em 2004.

12000 11477

10000
2003
8820
2004

8000

6000
5346
4922
4910

3864
4000 3456 3525
3165 3062

1879 1995
1761
2000 1474 1720
1562 1385 1323

0
Cons Médica PSF

Curativos

Pré-Consulta

Aplicação de Vacinas

Atend. Farmácia Básica

Atend. Odontológico

Visita Dom. ACS

Cons. na Unidade

Atend. Odont. Coletivo


Enfermeiro PSF

(Buchechos)

Figura 6.3.4.2-3 – Atendimentos realizados na US de Vinhático

230
RIMA - MONTASA
As informações do SIAB mostram que 96%% das famílias residente nas três localidades
são abastecidas de água pela rede pública, sendo que o restante é possui abastecimento
de água na residência de poços ou nascentes. O tratamento de água nos domicílios é em
sua maioria através de filtros, cerca de 90% das famílias do Distrito de Vinhático.

O destino do lixo de 97%% das famílias é a coleta pública e apenas 2,09% das famílias
têm seu lixo queimado ou enterrado e cerca de 0,6% das famílias destina o lixo a céu
aberto.

Ao contrário do ocorrido em São Sebastião do Norte em relação ao resíduo líquido, a


maioria da população representada por cerca de 58% das famílias residentes possui
sistema de esgoto, e 41% tem fossa em suas residências.

Das famílias acompanhadas a maioria possui energia nos domicílios, ou seja, 99% das
famílias.

A edificação que chama a atenção de quem chega a Montanha através do Distrito de


Vinhático é a Igreja católica no distrito com sua cor azul conforme Figura 6.3.4.2-4.

Figura 6.3.4.2-4 – Igreja Católica em Vinhático

231
RIMA - MONTASA
6.3.5 Arqueologia

Para apresentação da caracterização arqueológica das áreas de intervenção do


empreendimento foi contratado o Arqueólogo João Luiz da Cunha Teixeira (Biólogo,
M.Sc. em Arqueologia), que realizou o diagnóstico preliminar de potencial arqueológico
na área de influência direta do empreendimento.

Neste levantamento não detectou-se na área de implantação da MONTASA vestígios de


sítios arqueológico, contudo, foi encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), uma solicitação de autorização para prospecção arqueológica
no local para dirimir qualquer dúvida quanto a existência dos referidos sítios no local.

232
RIMA - MONTASA
IMPACTOS AMBIENTAIS, MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E

POTENCIALIZADORAS 7

Áreas de Influência dos Impactos

As principais diretrizes para identificação das áreas de influência dos impactos ambientais
(positivos ou negativos) decorrentes da implantação e operação da MONTASA –
Montanha Álcool e Açúcar S.A. foi o Município de Montanha e a Bacia Hidrográfica do Rio
Itaúnas.

Direta

Foram consideradas áreas de influência direta do empreendimento os locais que serão


diretamente afetados pela implantação da planta industrial e do plantio da cana-de-
açúcar. Além, é claro, das suas bordaduras, pois, com a movimentação de máquinas e
veículos, poderá ocorrer impacto também na vegetação e nas comunidades inseridas no
entorno do empreendimento, em especial, Ramal da Fumaça e São Sebastião do Norte.

Assim, conforme já exposto anteriormente, para os meios biótico e físico foram


consideradas, respectivamente, um raio de 1.000 e 300 metros no entorno da área eleita
para implantação da MONTASA, enquanto que para o meio antrópico foi considerado
todo o Município de Montanha.

Indireta

São consideradas áreas de influência indireta aquelas situadas no entorno do trecho


previsto para implantação do empreendimento e respectivos acessos. Neste contexto, foi
considerado um raio de 5.000 metros para os meios físico e biótico. Para o meio
antrópico, definiu-se os Municípios de Montanha, Pedro Canário, Mucurici, Pinheiros e
Ponto Belo, visto que os mesmos serão contemplados, de uma forma geral, com o
aumento da arrecadação de impostos provenientes da geração de renda, aquisição de
bens e serviços, dentre outros.

233
RIMA - MONTASA
Metodologia Utilizada

Identificação dos Impactos Ambientais

Para a avaliação de impactos ambientais potenciais foram privilegiados os aspectos


quantitativos, na medida do possível, sendo predominantemente utilizados os aspectos
qualitativos. Neste caso, os impactos potenciais são identificados de acordo com o
seguinte padrão:

Impacto positivo fraco

Impacto positivo médio

Impacto positivo forte

Impacto negativo fraco

Impacto negativo médio

Impacto negativo forte

Os seguintes critérios de qualificação foram também adotados:

Quanto à natureza

- Positivo - quando uma ação causa melhoria da qualidade de um fator ambiental; ou


- Negativo - quando uma ação causa um dano à qualidade de um fator ambiental.

Quanto ao efeito

- Efeito Direto - quando resulta de uma simples relação de causa e efeito; ou


- Efeito Indireto - quando é uma reação secundária em relação à ação, ou quando é
parte de uma cadeia de reações.

234
RIMA - MONTASA
Quanto à abrangência

- Local - quando a ação circunscreve-se ao próprio sítio e às suas imediações;


- Regional - quando o efeito se propaga por uma área além das imediações do sítio onde
se dá a reação;
- Estratégico, quando é afetado um componente ambiental de importância coletiva,
nacional ou mesmo internacional.

Quanto à ocorrência

- Curto Prazo - quando o efeito surge em curto prazo;


- Médio Prazo - quando o efeito surge em médio prazo; e
- Longo Prazo - quando o efeito surge em longo prazo, que deve ser definido.

Quanto à freqüência

- Temporário - quando o efeito permanece por um tempo determinado, após a realização


da ação;
- Cíclico - quando o efeito se faz sentir em determinados ciclos, que podem ser ou não
constantes ao longo do tempo; e
- Permanente - quando uma vez executada a ação, os efeitos não param de se
manifestar num horizonte temporal conhecido.

Quanto à reversibilidade

- Reversível - quando uma vez cessada a ação, o fator ambiental retorna às suas
condições originais; e
- Irreversíveis - quando cessada a ação, o fator ambiental não retorna as suas condições
originais, pelo menos num horizonte de tempo aceitável pelo homem.

Quanto à intensidade

- Fraca - quando os efeitos dos impactos apresentam baixo potencial de alteração da


qualidade ambiental;

235
RIMA - MONTASA
- Média - quando os efeitos dos impactos apresentam média intensidade de alteração da
qualidade ambiental; e
- Forte - quando os efeitos dos impactos apresentam forte intensidade de alteração da
qualidade ambiental.

Medidas Mitigadoras/Pontecializadoras e Compensatórias

As medidas mitigadoras propostas basearam-se na previsão dos impactos na área de


estudo, as quais têm por objetivo a eliminação ou atenuação de tais eventos.

As medidas potencializadoras propostas visam otimizar as condições de instalação do


empreendimento, através da maximização dos efeitos positivos.

Essas medidas podem ser classificadas:

- Quanto à Natureza: Preventiva ou Corretiva.

- Preventiva – são medidas que prevêem e eliminam eventos adversos que apresentam
potenciais de causar prejuízos aos itens ambientais destacados nos meio físico, biótico e
antrópico. Ela antecede a ocorrência do impacto negativo.

- Corretiva – são medidas que visam restabelecer a situação anterior através da


eliminação ou controle do fato gerador do impacto.

- Quanto à Etapa do Empreendimento: Implantação, Operação ou Desativação.

- Quanto ao Prazo de Permanência: Curto Prazo, Médio Prazo ou Longo Prazo.

- Quanto à Responsabilidade por sua implementação: Empreendedor ou Poder Público.

236
RIMA - MONTASA
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em função das características do empreendimento, da topografia do terreno e da


inexistência de vegetação de porte arbóreo e/ou arbustivo no local, a fase de
implantação do empreendimento é caracterizada por interferências pouco relevantes.

A mobilização de mão-de-obra em uma área rural pode oferecer uma série de riscos à
rotina e à qualidade de vida da população do entorno do empreendimento.

O acesso aos centros das comunidades rurais é, na maior parte, realizado em vias de
tráfego sem pavimentação. A população da área de abrangência possui características
rurais acentuada em sua forma e qualidade de vida e, devido ao número de
trabalhadores que serão contratados e a forma de colheita da cana-de-açúcar (queima)
nos primeiros 02 anos de operação, os impactos (positivos e adversos) serão maiores
nesta fase do empreendimento.

7.1.1 Impactos Sobre o Meio Físico

7.1.1.1 Recursos Atmosféricos

FASE DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO

Impacto 01 – Tráfego de veículos nas vias de acesso interna e externa do


empreendimento.

O trafego de veículos, tanto na fase de implantação e operação são responsáveis pela


geração de emissões de poluentes atmosféricos, no caso específico, as emissões de
material particulado estão relacionadas à movimentação de veículos. Com a execução
das obras, é previsto a ocorrência de transtorno a circulação de veículos no entorno do
empreendimento, risco de acidente nas imediações e aumento do índice de emissão de
material particulado, devido às vias não serem pavimentadas.

Apesar do local eleito para a instalação do empreendimento ser dentro da área da


Fazenda Conquista, A circulação de veículos pode a vir causar incômodo a população

237
RIMA - MONTASA
vizinha, que utiliza essas vias de tráfego da região, que também serão utilizadas durante
a implantação da MONTASA.

Na fase de implantação é considerado negativo fraco, direto, reversível, local, de curto


prazo, temporário e reversível. Ao passo que na fase de operação pode ser considerado
negativo fraco, direto, reversível, local, de longo prazo, reversível e cíclico (período de
safra).

Medidas Mitigadoras

01) Obedecer ao Código de Transito Brasileiro, como também seguir as recomendações


dos órgãos federais, estaduais e municipais de trânsito.

Obedecendo aos seguintes princípios básicos:

− utilizar placas de advertência e sinalizador de redução de velocidade nas


proximidades onde estiver sendo realizada as obra e nos povoados de influência direta
ao empreendimento;

− providenciar placas de sinalização e faixas de segurança para os povoados


localizados na área de influência direta ao empreendimento, alertando e permitindo o
livre trânsito dos pedestres durante o dia e noite, com maior segurança;

− deverá ser utilizado dispositivo luminoso de luz intermitente ou fixa, dependendo do


grau de risco no local;

− realizar umectação das vias não pavimentadas próximas aos povoados e nas vias
internas dos mesmos, se for necessário, como também nas vias internas as fazendas,
que, porventura, venham a ser utilizadas em grande escala gerando uma potencial
emissão de Material Particulado (Poeira);

− instruir os motoristas sobre os limites de velocidade permitida nas vias de acesso e


implantar placas com indicação de velocidade máxima de 50 Km/h nas vias estaduais e
municipais e de 30 km/h dentro das comunidades de São Sebastião do Norte, 30 de
Maio e Ramal da Fumaça.

238
RIMA - MONTASA
Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de implantação e operação,
sendo de caráter preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do
empreendedor.

Impacto 02 - Ruído proveniente das obras, máquinas e equipamentos.

Apesar do funcionamento das máquinas, equipamentos e veículos automotores que irão


trabalhar na implantação e operação do empreendimento apresentarem níveis sonoros
aceitáveis perante normatização técnica dos fabricantes, os ruídos provenientes do
funcionamento das máquinas na operação de terraplanagem, movimentação de terra e
montagem de material podem ser considerados como impacto local.

Este impacto na fase de implantação é de caráter negativo fraco e de efeito direto, visto
que os ruídos apesar de passíveis de controle, podem provocar algum incômodo. Sua
abrangência é local, de curto prazo, temporário e reversível. Na fase de operação, o
funcionamento das colheitadeiras e das máquinas e equipamentos componentes da
planta industrial irão promover ruídos no entorno de sua área de abrangência. Trata-se
de um impacto negativo fraco e de efeito direto. Sua abrangência é local, de longo prazo,
cíclico e reversível.

Medidas Mitigadoras

- as máquinas e equipamentos deverão estar em perfeitas condições de operação no que


tange a emissão de ruídos, de acordo com manual de manutenção e operação do
fabricante do equipamento, bem como sofrerem manutenção preventiva, objetivando a
redução de níveis de ruídos permanecendo os dentro do padrão legal;

- as máquinas, veículos e equipamentos deverão operar preferencialmente no período


diurno;

- respeitar os padrões de emissão sonora estabelecida na legislação federal, estadual e


municipal.

Operando os equipamentos e veículos corretamente e mantendo as manutenções


preventivas em dia, faz com que os impactos sonoros relacionados ao empreendimento

239
RIMA - MONTASA
sejam controlados e não venham a causar efeitos na área de influência do mesmo, não
permitindo, ainda, incômodo a fauna e a população, que, porventura, habitam próximo a
ele ou utilizam como rota a região onde será implantado o empreendimento.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de implantação e operação,
sendo de caráter preventivo e corretivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade
do empreendedor.

FASE DE OPERAÇÃO

Impacto 03 – Alteração das concentrações de poluentes atmosféricos na


região de influência.

Baseado na tipologia do empreendimento, as emissões de poluentes atmosféricos estão


relacionadas com a movimentação de veículos e queima de combustível (óleo diesel e
álcool). No decorrer do tráfego de veículos em atividades, que necessitam da utilização
desses combustíveis tem-se a emissão de monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono
(CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), compostos orgânicos voláteis
(VOC) e material particulado para a atmosfera.

Como está previsto um controle de velocidade nas vias, este impacto potencial de
emissão de poluentes atmosféricos apresenta caráter negativo fraco e de efeito direto,
visto que com a inserção das medidas de controle, não ocorrerá a alteração significativa
da qualidade do ar na região, considerando que abrangência é regional (raio de 30 km no
entorno do empreendimento), de longo prazo e cíclico.

Medidas Mitigadoras

- manter programas de manutenção preventiva dos veículos; e


- instruir os motoristas sobre os limites de velocidade permitida nas vias de acesso e
implantar placas com indicação de velocidade máxima de 50 Km/h nas vias estaduais e
municipais e de 30 km/h dentro das comunidades de São Sebastião do Norte, 30 de Maio
e Ramal da Fumaça.

240
RIMA - MONTASA
Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de operação, sendo de
caráter preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do empreendedor.

Impacto 04 – Queimada, técnica utilizada no preparo do corte da cana para a


execução da colheita.

As queimadas dos canaviais ocorrem normalmente entre abril e novembro (safra), no


período noturno, ocasionando emissão de fumaça, fuligem e material particulado que se
propaga no entorno do talhão queimado. A área de propagação dependerá da velocidade
e sentido do vento.

Este impacto potencial apresenta caráter negativo médio de efeito direto, visto que as
emissões de fumaça, fuligem e particulados provocam desconforto nos povoados vizinhos
e alteração da qualidade do ar. Sua abrangência é regional, cíclico (somente utilizada nas
épocas da safra), reversível e de médio prazo para 70% da área e de longo prazo para
30% da área plantada.

Medidas Mitigadoras

- A empresa irá investir na colheita mecanizada, minimizando gradativamente a prática


de utilização da queimada e consequentemente as emissões de particulados para
atmosfera. Está prevista a aquisição de duas colhedeiras para o 2° ano de operação,
adquirindo mais duas no 3° ano e, finalmente, mais uma no 4° ano, totalizando 05
colheitadeiras. Desta forma, 70% da colheita será mecanizada e 30% manual,
contribuindo consideravelmente para uma melhor qualidade de ar na região.

- Antes de cada queimada, o responsável pela operação deverá observar a velocidade e


direção do vento, para maior controle das emissões atmosféricas.

- Para um melhor controle da execução da queima da cana, a área deverá ser dividida
em aceiros, sendo observado as condições climáticas na época, principalmente a
velocidade do vento. Como medida de segurança, é disponibilizado carros pipas nos
locais de intervenção, para evitar a proliferação de chamas indesejáveis.

241
RIMA - MONTASA
Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas na fase de operação, sendo de
caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do
empreendedor.

Impacto 05 – Queima de bagaço de cana como combustível para as caldeiras.

O aproveitamento do bagaço de cana para a geração de energia é uma alternativa


adotada pela empresa em substituição aos combustíveis fósseis, já que o bagaço de cana
é um resíduo gerado na linha de processo. Após a queima nas caldeiras, o material
particulado passa por um lavador de gases e sai pela chaminé.

Este impacto potencial apresenta caráter negativo fraco e de efeito direto. Sua
abrangência é local, cíclico (somente na safra), de longo prazo e reversível.

Medidas Mitigadoras

- Será instalado lavador de gases na saída da chaminé da caldeira, para minimizar as


emissões atmosféricas, principalmente Materiais Particulados.

- Será adotado procedimento de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos


de controle ambiental, conforme manual do fabricante, garantindo assim melhor
eficiência do equipamento.

- Será realizado plano de monitoramento na chaminé dos lavadores de gases,


anualmente, mantendo uma supervisão quanto ao controle quantitativo das emissões
atmosféricas.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas na fase de operação, sendo de


caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do
empreendedor.

242
RIMA - MONTASA
7.1.1.2 Recursos Hídricos

FASE DE IMPLANTAÇÃO

Impacto 06 - Alteração na qualidade dos recursos hídricos superficiais pela


movimentação de terra na área das obras.

Em decorrência das movimentações de terra, nas construções, montagens, poderá,


quando da ocorrência de chuvas e caso não sejam adotadas medidas de controle
adequadas, carrear sólidos para corpos d’água.

Trata-se de um impacto direto, negativo, local, temporário, reversível, de curto prazo e


de baixa magnitude, dada a planicidade do terreno.

Medidas Mitigadoras

- Como medida mitigadora deverá ser, sempre que possível, evitado o revolvimento do
solo durante períodos chuvosos. Os solos deverão ficar expostos às intempéries pelo
tempo mais curto possível. Os solos expostos deverão ser protegidos, da ação das
chuvas, por vegetação ou outros tipos de cobertura.

- Deverão ser construídas canaletas e outros dispositivos de drenagem para evitar as


velocidades de escoamento superficial que possam causar erosão. As estruturas de
drenagem deverão, quando necessário, serem contempladas com dissipadores de
energia.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas na fase de implantação do


empreendimento, sendo de caráter preventivo e corretivo, de curto prazo e estão sob a
responsabilidade do empreendedor.

243
RIMA - MONTASA
FASE DE OPERAÇÃO

Impacto 07 – Alteração do Regime Hídrico.

Com a captação de água a ser realizada no Córrego do Dezoito poderá ocorrer uma
pequena redução de vazão no trecho a jusante do ponto de tomada d’água,
principalmente em períodos de baixas vazões.

Entretanto, analisando as vazões de interesse, observa-se que a vazão total de captação


é 0,050 m3/s e que a Vazão Mínima de Sete Dias Consecutivos para um período de
retorno de 10 anos (Q7,10) é 0,162 m3/s, ou seja, a vazão a ser captada é de cerca 31%
do Q7,10, que ocorre em média cada dez anos.

O Q7,10 é adotado como vazão mínima admitida para a manutenção da vida aquática no
curso d’água. Desta forma, o impacto causado pela captação é de natureza negativa,
direto, cíclico e imediato, pode ser considerado de magnitude média.

Medida Mitigadora

Sabendo que os fenômenos naturais envolvem incertezas e que as estimativas de vazões


envolvem probabilidades de ocorrência, há um pequeno risco de que em casos muito
esporádicos ocorram vazões no curso d’água menores que o Q7,10 estimado. Nestes casos
a captação deverá ser interrompida de forma que seja mantida uma descarga líquida no
mínimo igual ao Q7,10 estimado.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de operação, sendo de caráter
corretivo, de longo prazo e está sob a responsabilidade do empreendedor.

244
RIMA - MONTASA
7.1.1.3 Geologia, Geomorfologia e Geotecnica

FASE DE IMPLANTAÇÃO

Impacto 08 - Possibilidade de contaminação do solo e das águas subterrâneas


pelo aumento na geração de resíduos.

A geração de resíduos na fase de implantação, poderá, caso não seja devidamente


controlada, iniciar a contaminação do solo na área do empreendimento, com
possibilidade de contaminação do lençol freático.

Este impacto é classificado como direto, negativo, local, temporário, reversível, e de fraca
intensidade.

Medida Mitigadora

Como medida mitigadora deverá ser seguido os preceitos estabelecidos no Plano de


Gerenciamento de Resíduos.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de implantação e operação, sendo
de caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do
empreendedor.

FASE DE OPERAÇÃO

Impacto 09 - Possibilidade de contaminação do solo e das águas subterrâneas


pelo aumento na geração de resíduos e subprodutos da atividade agrícola.

O aumento na geração de resíduos na área industrial e o vinhoto e agrotóxicos utilizados


na atividade agrícola, caso não seja devidamente controlados e gerenciados, poderão
levar a contaminação do solo na área do empreendimento, possibilitando também a
contaminação do lençol freático da área. A adequação para o controle e monitoramento
dessa possível contaminação será efetuada através de um programa de monitoramento
das águas subterrâneas e de estudos para verificação da vulnerabilidade do aqüífero,
programa este que será implantado na fase de operação do empreendimento

245
RIMA - MONTASA
Trata-se de um impacto direto, negativo, local, cíclico, reversível, imediato e de
magnitude média, pois, em outra unidade produtiva similar o monitoramento realizado
demonstra não ocorrer à contaminação do solo com a Fertirrigação.

Medidas Mitigadoras

− Implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos e a Implantação do Programa


de Monitoramento das Águas Subterrâneas.

− Transportar os compostos líquidos que serão utilizados na Fertirrigação do tanque de


mistura até os locais de utilização por meio de tubos subterrâneos e não por meio de
valas e canais a céu aberto.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de operação, sendo de
caráter preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do empreendedor.

7.1.1.4 Resíduos Sólidos

FASE DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO

Impacto 10 – Disposição inadequada de resíduos gerados.

Na fase de implantação e operação do empreendimento ocorrerá à geração de resíduos


de origem doméstica (marmitex, guardanapos, copos plásticos, dentre outros) e
industriais (decorrentes das operações de solda, lixamento, instalações elétricas,
montagens, etc.), estes deverão ser acondicionados temporariamente em local abrigado
e posteriormente transportados para reciclagem ou destinação final em local licenciado,
conforme Plano de Gerenciamento de Resíduos a ser implantado.

O impacto em questão, em virtude dos procedimentos planejados, das técnicas


construtivas e período de implantação, é classificado como negativo, local, de freqüência
temporária, direto, de ocorrência em curto prazo, reversível e de média magnitude.

246
RIMA - MONTASA
Medidas Mitigadoras

− Implantar Plano de Gerenciamento de Resíduos.

− Os resíduos gerados serão recolhidos e estocados temporariamente até a sua


destinação final correta.

− Resíduos classificados segundo a NBR 10004:2004 como Classe I, deverão ter a


destinação compatível com as suas características. Caso ocorra algum vazamento de
resíduo oleoso, a terra contaminada deverá ser imediatamente removida e
encaminhada para a destinação adequada.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de implantação e operação
da MONTASA, sendo de caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e estão sob a
responsabilidade do empreendedor.

7.1.2. Meio Biótico

FASE DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO

7.1.2.1 Flora

Todas os impactos relacionados com a flora e vegetação decorrentes da implantação e


operação do empreendimento ocorrerão nas áreas eleitas para plantio da cana-de-açúcar
e terão sua área de ação dentro do próprio perímetro destas propriedades. Salienta-se
que nos 8,0 hectares necessários a implantação da MONTASA, o impacto decorrente da
supressão das gramíneas para implantação da planta industrial será similar ao impacto
causado pela substituição das pastagens pelo plantio da cana-de-açúcar, por este motivo,
nesta avaliação, este impacto foi fundido no impacto que segue.

Impacto 11 – Substituição de pastagem por cana-de-açúcar.

Este impacto ocorrerá no local preterido para a instalação da MONTASA e nas áreas onde
ocorrerá o plantio de cana-de-açúcar em substituição as pastagens.

247
RIMA - MONTASA
Este impacto pode ser considerado: de natureza negativa fraca - pois a supressão será
de vegetação antropizada (pastagem), contudo, podendo atingir plântulas e sementes de
espécies nativas que estão dispersas no pasto; de efeito direto - por estar diretamente
relacionado à ação; de abrangência regional - pois as ações ocorrerão em áreas pré-
definidas para o plantio num raio de 30 km no entorno do empreendimento; de médio
prazo; temporária e reversível - porque os locais onde a vegetação será suprimida
passarão a ser utilizados de forma diferente dos usos atuais, porém, permitindo o
crescimento do mesmo tipo de vegetação preexistente após a desativação do
empreendimento.

Medidas Mitigadoras

− Executar as intervenções físicas apenas nos locais determinados, evitando atingir as


áreas com vegetação nativa que deverão ficar preservadas.

− Proteger durante a movimentação de solo as áreas de vegetação natural para que


não ocorram aterros sobre trechos não previstos.

− Durante a colheita da cana-de-açúcar, planejar as queimadas de forma a evitar


atingir os ambientes florestados.

− Elaborar e executar projeto para enriquecimento vegetacional do fragmento de


floresta de 29,0 hectares existente na Fazenda Conquista em especial das bordas,
visando acelerar os processos de regeneração natural.

− Elaborar e executar projeto paisagístico no entorno da usina, utilizando


preferencialmente espécies nativas, pela possibilidade de facilitar alguns processos
ecológicos envolvendo a fauna local, como deslocamento, abrigo e alimentação.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fase de implantação e operação
da MONTASA, sendo de caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e estão sob a
responsabilidade do empreendedor.

248
RIMA - MONTASA
FASE DE OPERAÇÃO

Impacto 12 – Regeneração natural da vegetação arbórea/arbustiva.

Com a implantação da Usina a atividade de pecuária bovina não será mais praticada,
uma vez que toda a área de pastagem deverá ser ocupada com o plantio da cana-de-
açúcar. O término dessa atividade representará um impacto positivo principalmente sobre
os remanescentes florestais das fazendas Conquista, ABC e Aliança.

Este impacto pode ser considerado: de natureza positiva média - pois acabará o pisoteio
desses animais nas bordas das florestas (nas áreas onde o plantio da cana-de-açúcar
substituirá as pastagens), facilitando o desenvolvimento de plântulas e sementes de
espécies nativas, e estas também não estariam competindo com espécies invasoras
levadas para as florestas pelas fezes e pêlos dos animais; de efeito direto - por estar
diretamente relacionado à ação; de abrangência local - pois as ações não ultrapassarão
as áreas do empreendimento; de médio prazo - pois seus efeitos surgirão alguns meses
após a ação; temporário e reversível.

Medidas Potencializadoras e Compensatórias

Considerando os impactos decorrentes da instalação e operação do empreendimento


sobre a flora e as características vegetacionais da área e da região, propõe-se algumas
medidas potencializadoras dos impactos positivos e compensatórias para os impactos
negativos:

− Elaborar e executar projeto para enriquecimento do fragmento de floresta de 29,0


hectares existente na Fazenda Conquista e ampliação do mesmo com reflorestamento
nas bordas visando acelerar os processos de regeneração natural, preferencialmente no
trecho entre o fragmento e a cerca que margeia a estrada do atual acesso.

− Elaborar e executar projeto de reflorestamento e enriquecimento com espécies


nativas da vegetação ciliar no entorno do Córrego do Dezoito, respeitando a legislação
ambiental de proteção dos corpos hídricos.

− Elaborar e executar projeto paisagístico no entorno da usina, utilizando

249
RIMA - MONTASA
preferencialmente espécies nativas, pela possibilidade de facilitar alguns processos
ecológicos envolvendo a fauna local, como deslocamento, abrigo e alimentação.

Estas medidas mitigadoras e compensatórias deverão ser empregadas nas fase de


operação do empreendimento, sendo de caráter corretivo e preventivo, de longo prazo e
estão sob a responsabilidade do empreendedor.

7.1.2.2 Fauna

Duellman & Trueb (1986), discutem amplamente sobre os prováveis fatores que podem
influenciar no declínio das populações de anfíbios, a primeira maior ameaça às
populações de anfíbios é a destruição dos habitats. Isto é particularmente evidente em
dois caminhos:
− destruição de florestas, especialmente aquelas tropicais úmidas, assim como
alterações nos ciclos hidrológicos, que acabam por afetar as regiões alagadas,
essenciais para a reprodução da maioria das espécies de anfíbios;

− efeitos da poluição sobre os organismos, como o uso intensivo de inseticidas e


herbicidas.

O impacto sobre a fauna de répteis pode ser diferenciado, onde, determinadas espécies
não sobrevivem às alterações ambientais imediatas, enquanto que outras deslocam-se
para áreas adjacentes ao impacto. Entre as espécies de répteis encontradas no local,
pelo menos duas encontram-se entre as que se adaptaram às situações adversas, devido
a influências antropomórficas: Tropidurus torquatus e Hemidactylus mabouia. Estas
espécies são comuns na área de estudo.

Com as obras de instalação do empreendimento, as aves adultas certamente irão migrar


para áreas vizinhas, contudo, apesar de não ter sido observado ninhos, ovos e filhotes,
até porque o ambiente não é propício para tal, sugere-se que antes do início das obras
um técnico faça uma vistoria e, possivelmente, o resgate no local evitando, com isso, a
morte de espécies que, porventura, ali estejam.

Os mamíferos, por possuírem uma grande variação morfológica, podem utilizar vários
ambientes diferentes, como aquáticos, terrestres e aéreo. A maioria dos mamíferos é

250
RIMA - MONTASA
muito mais ativa durante as horas crepusculares e noturnas (Eisenberg, 1989; Nowak,
1991; Cimardi, 1996). Os representantes deste grupo e que foram amostrados neste
estudo, ocorrem em uma grande variedade de ambientes do território capixaba.

Segundo Williams & Marsh (1998), o principal fator que influência negativamente na
abundância e diversidade de pequenos mamíferos são os efeitos na troca da estrutura da
vegetação em áreas fechadas de florestas para áreas abertas. Isto não irá ocorrer com
implantação e operação da Montasa.

Com a ocupação da região noroeste do Espírito Santo, em especial os municípios de


Pinheiros, Pedro Canário e Montanha, a vegetação nativa foi substituída principalmente
por pastagens, que aliada à caça predatória, promoveu impactos negativos sobre a fauna
local. Estes impactos possivelmente reduziram a ocorrência de espécies mais
dependentes dos ambientes florestados e aumentou a ocorrência de espécies mais
adaptadas aos ambientes abertos (pastagem e capoeira). Este quadro é o que os
levantamentos de fauna realizados neste estudo indicaram, portanto, as características
dos animais da região é o predomínio de espécies generalistas quanto à ocupação do
habitat.

Considerando os aspectos relativos à fauna de uma maneira geral, a implantação e


operação da MONTASA, não deverá afetar significativamente as espécies, que
atualmente habitam a região, pois, tanto a área de influência direta como indireta
encontra-se antropizada em sua maior extensão, os poucos fragmentos de vegetação em
estágio médio de regeneração da Mata Atlântica encontram-se isolados. As outras áreas
são cobertas por pastagem, silvicultura de eucalipto e mata rala (macega), portanto, não
possuindo importância ambiental relevante. Contudo, visando à conservação da fauna
local, todos os possíveis impactos serão devidamente considerados e mitigados.

Os impactos abaixo relacionados referem-se aos grupos temáticos Peixes, Anfíbios,


Aves, Répteis e Mamíferos. A avaliação destes impactos tem como objetivo prever os
efeitos que as atividades decorrentes do empreendimento possam exercer sobre estes
grupos faunísticos que exploram os ambientes existentes na sua região de influência.
Propõem-se para os referidos impactos, medidas que visem mitigá-los e compensações
que objetivam a manutenção e um pequeno incremento na diversidade da fauna local.

251
RIMA - MONTASA
FASE DE IMPLANTAÇÃO

Impacto 13 – Perda de habitat.

Os serviços de terraplanagem irá ocorrer nos 8,0 hectares destinadas à implantação da


unidade fabril da MONTASA e nas áreas de plantio de cana-de-açúcar. Apesar destes
locais estarem ocupados por pastagens, é importante salientar que durante os
trabalhos de campo, foram observadas no local, aves que se dispersam por áreas
abertas à medida que a vegetação original é substituída por pastagens e que fazem
uso do estrato horizontal do nicho, ou seja são aves extremamente ligadas ao solo,
passando grande parte de sua atividade cotidiana no chão. Tudo indica que com o
início da ocupação das áreas essas espécies possam migrar, colonizando áreas vizinhas
que tenham características similares ao ambiente por elas ocupado. Porém, é preciso
que algumas considerações sejam feitas em relação às obras de implantação do
empreendimento.

A atividade de terraplanagem irá provocar impactos principalmente em espécies como


o quero-quero (Vanellus chilensis), a rolinha-caldo-de-feijão (Columbina talpacoti), a
coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e os Passeriformes de hábitos granívoros que
utilizam como principal recurso alimentar as pequenas sementes das gramíneas da
região, sendo assim, estas aves podem também ser prejudicadas.

Entre os répteis, o calago-comum (Tropidurus gr. torquatus) e o calango-verde


(Ameiva ameiva) ocupam dentro da área do empreendimento ambientes antropizados
como as pastagens e com isso, estão passíveis de sofrerem impactos diretos
decorrentes da implantação do empreendimento.

É importante destacar que o plantio da cana-de-açúcar não inviabiliza a ocorrência da


fauna, conforme pode observado no levantamento realizado nas propriedades da DISA
(DISA, 2005). Neste estudo realizado entre agosto e dezembro de 2005 pela equipe do
Biólogo Alexsandro Mathias, foram identificadas 18 espécies de mamíferos, 64 de aves,
24 de anfíbios, 11 de répteis e 13 de peixes.

Este impacto é de natureza negativa, direto, em curto prazo, localizado, temporário,


reversível e de pequena grandeza.

252
RIMA - MONTASA
Medida mitigadora

Como forma de mitigar este impacto sugere-se que os serviços de terraplanagem e o


plantio da cana-de-açúcar ocorram somente nos ambientes onde prevalece a pastagem
e extremamente necessários a ocupação do terreno. Mantendo um distanciamento
mínimo de 20 metros dos fragmentos florestais e corpos hídricos.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de implantação do


empreendimento, sendo de caráter preventivo, de médio prazo (02 anos) e está sob a
responsabilidade do empreendedor.

Impacto 14 – Emissão de ruídos pelas máquinas envolvidas na


terraplanagem.

É difícil quantificar os impactos causados pelo ruído sobre uma fauna que vive
constantemente influenciada pela ação deste impacto, no entanto, as máquinas e
veículos necessários aos serviços de terraplanagem poderão causar um desconforto
para os animais que habitam os ambientes na área de influência direta do
empreendimento e certamente irão buscar ambientes mais distantes para se refugiar
dos ruídos.

Este impacto é de natureza negativa, direto, em curto prazo, localizado, temporário,


reversível e de pequena grandeza.

Medida Mitigadora

Como medida mitigatória deste impacto sugere-se a minimização do número de


máquinas e equipamentos utilizados na área, assim como a apresentação dos mesmos
em perfeitas condições no que diz respeito à emissão de ruídos. Seria importante,
ainda, padronizar os horários de operação das máquinas (entre 08:00 e 18:00h), para
que estes não coincidam com os picos de forrageamento da avifauna.

253
RIMA - MONTASA
Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de implantação do
empreendimento, sendo de caráter preventivo, de médio prazo e está sob a
responsabilidade do empreendedor.

Impacto 15 – Alteração da qualidade de água dos corpos hídricos.

As interferências previstas para acontecerem sobre os recursos hídricos serão


provenientes das fases de instalação do empreendimento.

Uma das atividades de maior relevância e a movimentação de solo e a limpeza de áreas


que poderão ocasionar alterações na qualidade de água dos corpos d’água localizados
dentro da área do empreendimento. Essa alteração poderá ocorrer devido ao
revolvimento do solo, que se torna menos coeso e mais susceptível a erosão, podendo
suas partículas ser carreadas para os corpos d’água através de precipitações
pluviométricas (escoamento superficial). Uma das alterações que podem ocorrer na
qualidade de água é o aumento da concentração de sólidos presentes na massa d’água.
O afluxo de material a corpos d’água, ao aumentar a quantidade de sólidos, causa
aumento de turbidez e modificação da cor, reduzindo a penetração de raios solares na
massa d’água, com conseqüências negativas ao ecossistema aquático e futuros usos.

Os sedimentos suspensos podem impactar diretamente os organismos aquáticos e as


respostas observadas em organismos pela elevação do nível de sedimentos, que são
normalmente produtos de reações sinérgicas envolvendo sedimentos, temperatura,
redução das concentrações de O2.

Neste sentido, os peixes estão passíveis de serem afetados diretamente, em especial os


representantes da família Characidae, pois, são espécies que dependem da visão para
alimentação.

Trata-se de um impacto de natureza negativa, direto, em curto prazo, localizado,


temporário, reversível e de média magnitude considerando a planicidade das áreas de
intervenção.

Medidas Mitigadoras

254
RIMA - MONTASA
− Os solos deverão ficar expostos às intempéries pelo período de tempo mais curto
possível. Os solos expostos deverão ser protegidos da ação das chuvas, por vegetação.
Deverão ser construídas canaletas e outros dispositivos de drenagem que evitem
velocidades de escoamento superficial que possam causar erosão. Estruturas de
drenagem deverão ser dotadas de dissipadores de energia, não sendo permitida queda
livre de água sobre o solo.

− Materiais de construção devem ser estocados e misturados preferencialmente


distante dos cursos d’água. Atividades apresentando maiores riscos de derramamento
deverão ser realizadas de forma segura, sendo tomadas medidas de proteção dos
cursos d’água.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de implantação do


empreendimento, sendo de caráter preventivo, de médio prazo e está sob a
responsabilidade do empreendedor.

FASE DE OPERAÇÃO

Impacto 16 - Ruído provocando afugentamento de espécies.

Todas as espécies que habitam o solo, as copas das árvores e o espaço aéreo na área
de influência direta do empreendimento serão diretamente afetados pelos ruídos
provocados por máquinas, equipamentos e veículos. O grupo mais afetado será o das
aves, dada a maior utilização e dependência do espaço aéreo. E ainda, habitualmente
elas utilizam os sinais sonoros entre os espécimes como característica comportamental.
O ruído gerado, tenderá a afugentar as espécies, contudo, a avifauna local, possui
amplo espectro de abrangência, estando os remanescentes de matas da região
relativamente próximos à ocupação humana, e a todo tipo de ruído que esta produz
(por exemplo: máquinas agrícolas e veículos automotores).

Aves são seres geralmente com capacidade de vôo e com possibilidade de


deslocamentos a grandes distâncias. Esta capacidade impede que ocorram impactos
imediatos quando se trata de implantação de empreendimentos que ocupem pequenas
áreas.

255
RIMA - MONTASA
Além da aves, os anfíbios também serão afetados pelo ruídos. Os anfíbios se
reproduzem geralmente à noite. O macho emite um canto (vocalização) durante o
período reprodutivo (corte e acasalamento). Os ruídos poderão afetar as espécies de
anfíbios que vivem no entorno. As espécies mais sensíveis a estes impactos tenderão
a procurar outros locais, diminuindo com isso, a diversidade faunística local. O mesmo
ocorrerá com os mamíferos.

Os répteis e peixes não serão diretamente afetados por este impacto.

Trata-se de um impacto negativo direto, permanente, localizado, em longo prazo,


irreversível e de pequena grandeza,, devido às características da fauna local.

Medida Mitigadora

Certamente que a melhor forma de mimizar os impactos sobre a fauna local, reside na
manutenção e enriquecimento vegetacional do fragmento de 29,0 hectares na Fazenda
Conquista e revegetaçao das áreas de preservaçao permanente existentes dentro das
fazendas Conquista, ABC e Aliança. Esta ação irá reduzir a percepção do ruído pela
fauna local e manter a oferta de locais para abrigo, alimentação e reprodução,
propiciando, conseqüentemente, ambientes mais favoráveis a manutenção da
diversidade faunística da região.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de operação do empreendimento,


sendo de caráter preventivo, de médio longo e está sob a responsabilidade do
empreendedor.

Impacto 17 – Queima da lavoura de cana-de-açúcar

A queima da cana-de-açúcar provoca impactos negativos sobre as aves, mamíferos e


répteis que habitam as áreas destinadas ao plantio, podendo em algumas situações não
só afugentar, mas também provocar ferimentos e até a morte de alguns exemplares de
mamíferos e répteis.

Contudo, apesar da existência da queima, esta será gradativamente eliminada. A colheita


da cana-de-açúcar será feita da seguinte forma: a) 1º ano 100% manual; b) 2º ano

256
RIMA - MONTASA
80% manual e 20% através de colheitadeira; c) 3º ano 60% manual e 40% através de
colheitadeira e no 4º ano 30% manual e 70% através de colheitadeira. Isto significa
dizer que no 4º ano a queima ocorrerá somente em 30% da área plantada (nos locais
onde a colheita mecanizada se torna muito difícil). Este quadro poderá mudar, ou seja,
aumentar o percentual do plantio mecanizado com o fomento e/ou aquisição de novas
propriedades.

Este impacto é caracterizado como negativo de grande magnitude, regional, temporário,


direto, reversível, de ocorrência em médio prazo (04 anos) para as áreas onde a colheita
será mecanizada e longo prazo para 30% da área plantada.

Medidas Mitigadoras

Objetivando minimizar estes impactos, deverão ser tomadas as precauções seguintes.

− Deverão ser feitos aceiros nos talhões a serem queimados com no mínimo três
metros de largura, ampliando esta faixa quando as condições ambientais, topográficas,
climáticas e o material combustível a determinarem.

− O aceiro deverá ter sua largura duplicada quando se destinar à proteção de áreas de
florestas e de vegetação natural, de preservação permanente, de reserva legal, aquelas
especialmente protegidas em ato do poder público e de imóveis confrontantes
pertencentes a terceiros.

− Substituir gradativamente o processo de queima por colheita mecanizada a partir do


2º ano de operação.

− Promover o enleiramento para limitar a ação do fogo.

− Providenciar pessoal treinado para atuar no local da operação, com equipamentos


apropriados ao redor da área (caminhões pipas deverão estar próximos aos locais de
queima), e evitar propagação do fogo fora dos limites estabelecidos.
− Providenciar acompanhamento de toda a operação de queima, até sua extinção, com
vistas à adoção de medidas adequadas de contenção do fogo.

257
RIMA - MONTASA
Esta medida mitigadora é de caráter preventivo e corretivo, de longo prazo, deverá ser
empregada na fase de operação da MONTASA, sendo de responsabilidade do
empreendedor.

Impacto 18 – Afugentamento das espécies devido o emprego de herbicidas

A aplicação de herbicidas nas lavouras de cana-de-açúcar ocorre na fase de pré e pós-


emergência das ervas daninhas e é feita através de aplicadores mecanizados em
pulverizações ou ainda por equipamentos individuais (costa manual).

Nos ecótonos entre os talhões e as áreas com vegetação natural os fertilizantes poderão
causar incômodo e, conseqüentemente, afugentamento da fauna e, com isso, reduzindo
a diversidade local.

Este impacto é caracterizado como negativo de média magnitude, local (nas áreas de
plantio), temporário, direto, de ocorrência em longo prazo e reversível.

Medida Mitigadora

− Restringir a aplicação de herbicidas aos talhões de cana-de-açúcar.

− Nos ecótonos entre os talhões de cana-de-açúcar e os fragmentos de vegetação, a


aplicação de agroquímicos deverá ocorrer somente quando a velocidade de vento
estiver baixa ou quando o vento estiver soprando no sentido vegetação-plantio, de
forma a não permitir que atinja o fragmento florestal.

Esta medida mitigadora deverá ser empregada na fase de operação do empreendimento,


sendo de caráter preventivo, de longo prazo e está sob a responsabilidade do
empreendedor.

7.1.3 Meio Antrópico

Os impactos referentes ao meio antrópico serão abordados com base nos dados
levantados durante o estudo, bem como dados coletados em pesquisa de campo, onde
258
RIMA - MONTASA
foram entrevistados representantes de vários órgãos da administração pública municipal
do Município de Montanha e indivíduos da comunidade.

O objetivo da identificação dos impactos distintos em duas fases (implantação e


operação) visa à proposição de medidas objetivando minimizar, compensar ou mesmo
evitar que os mesmos ocorram.

Assim, buscando integrar ao contexto regional, social, ambiental e econômico, serão


identificados a seguir os impactos, medidas mitigadoras, compensatórias e
potencializadoras, seguidos das sugestões de Plano e Projetos complementares a serem
executados ao longo do empreendimento em qualquer uma de suas fases.

Fase de Instalação e Operação do Empreendimento

Conforme foi demonstrado anteriormente, a cultura da cana-de-açúcar é tradicional no


Brasil, e vem ao longo dos seus quinhentos anos sendo um dos alicerces da economia
agrícola brasileira em termos de estabilidade, rentabilidade e produção.

Como se não bastasse sua história econômica, a indústria sucroalcooleira vem sendo
objeto de especulações positivas, devido às novas diretrizes mundiais em termos de
opção como matriz energética.

A Região Extremo Norte do Estado, conforme exposto no diagnóstico apresentado,


caracteriza-se como uma região de economia frágil, com pouca arrecadação municipal,
níveis de ocupação reduzidos em relação ao restante do Estado e, principalmente,
produtivamente na expectativa de ascensões, como através da produção de goiaba
(criação do Pólo de Goiaba), produção de mamão e na própria indústria sucroalcooleira,
cuja instalação no município vem sendo ansiosamente esperada.

Ficou evidente na entrevista realizada com o Prefeito Municipal, o seu interesse e


receptividade para a implantação da Montasa naquele município. Ele esclareceu que uma
de suas principais preocupações é a geração de novos postos de trabalho e, sem dúvida,
uma indústria do porte da Montasa contribuiria notadamente para atrair investidores e
outras empresas do setor para a região, aumentando as perspectivas dos pequenos e

259
RIMA - MONTASA
médios agricultores do Município de Montanha, que passariam a contar com uma
atividade industrial, favorecendo a continuidade dos cultivos desses.

O Prefeito mostrou-se preocupado com a falta de oportunidades de estimulação


econômica do município, bem como sua baixa arrecadação, deixando claro que a
instalação do empreendimento, além de todos os benefícios que seriam gerados à
população, que os impostos gerados e direcionados ao município seriam de grande valia,
principalmente quando se tem uma receita do nível da Receita Orçamentária do
Município de Montanha.

Como foi abordado no Diagnóstico, uma das medidas econômicas mais usuais para
resolução de problemas de déficit orçamentário é o aumento nas tributações, para que
possam gerar maiores arrecadações.

Alguns moradores de São Sebastião do Norte, quando entrevistados no período de coleta


de dados para a elaboração deste estudo, revelaram que aguardam com expectativa o
início da operação do empreendimento e afirmam que a Montasa irá trazer emprego,
desenvolvimento econômico local, uma vez que muitos trabalhadores, principalmente os
de baixa escolaridade, estão desempregados ou trabalhando informalmente, como foi
descrito na subdivisão mercado de trabalho e renda.

Os proprietários rurais dizem ser o plantio da cana-de-açúcar economicamente mais


rentável e degrada menos a terra (por exemplo, erosão), quando comparado à
pastagem. Ainda segundo os mesmos, esta cultura apresenta vantagens quando
comparada ao eucalipto, pois caso queiram modificar o uso da terra para uma outra
cultura, como a do café ou mamão, a mudança será direta e não serão necessários tratos
culturais. Ao contrário, o eucalipto necessita que seja realizado tratamento na terra para
a retirada das raízes e parte dos troncos, sem contar que o eucalipto possui prazo de
retorno financeiro de 05 a 07 anos do primeiro cultivo, já a cana em 01 ano o produtor
rural já realiza a colheita.

A fase de implantação do empreendimento é caracterizada pela interferência menos


relevante, apesar da mão de obra que irá ser gerada.

260
RIMA - MONTASA
A mobilização de mão-de-obra para a implantação do empreendimento tende a ser
reduzida, considerando a oferta de mão-de-obra existente na região, e o baixo nível de
requisitos relacionados à escolaridade para a execução da implantação e da operação.

No total, serão 8 pessoas para a área administrativa na fase de implantação, e cerca de


180 pessoas trabalhando no canteiro de obras. Já a fase de operação, serão necessárias
30 pessoas para a área administrativa da empresa e durante a produção serão quatro
turmas em três turnos de 8 horas cada, sendo que cada turma será de 40 pessoas. Tem-
se, assim, 160 pessoas para a fase de produção durante a safra trabalhando na indústria.

Valem ainda ressalvas à via de transporte principal dos veículos pesados, como
caminhões, Rodovia Estadual ES-209. O tráfego mais intenso nessa via pode gerar
transtornos à comunidade residente no entorno da rodovia. Os transtornos podem ser de
poeira a ruídos excessivos, além da maior incidência de buracos na pista, devido ao peso
de alguns caminhões.

Os impactos a seguir representam as interferências positivas ou negativas durante o


processo de inserção do empreendimento no contexto regional.

Impacto 19 - Geração de Emprego.

Durante a fase de implantação da empresa serão gerados cerca de 190 novos postos de
trabalho. Na fase de operação 600 empregos no 1º ano e 1.200 nos anos seguintes.

Esta abertura de novos postos de trabalho terá efeitos consideráveis sobre a economia,
pois contribui para a manutenção de níveis de renda familiar e acesso a bens de
consumo e manutenção de demanda na área comercial (lojas, supermercados, etc.),
principalmente nos Municípios de Montanha, seguido por Pedro Canário e Pinheiros.

É importante ressaltar que a quantidade de postos de trabalho gerados na implantação


representa, conforme já citado anteriormente no diagnóstico, cerca de 15,10% da
população desocupada. Isto é, somente com a implantação de um empreendimento
como a MONTASA já contribuiria para reduzir significativamente o número de pessoas
desocupadas no município. Na fase de operação representará cerca de 95% da
população desocupada. Destaca-se que o nível de exigência escolar e de qualificação

261
RIMA - MONTASA
profissional é baixa para a maioria dos trabalhadores necessários a operação da
MONTASA, esta mão-de-obra é farta na região norte do Espírito Santo.

O impacto em questão deve ser classificado como positivo forte, regional, direto,
temporário e de ocorrência em curto e longo prazo.

Medida Potencializadora

Conforme experiências análogas, dar preferência à contratação de mão-de-obra local


constitui-se em uma experiência bem sucedida frente à potencialização dos impactos
positivos relativos à geração de emprego, bem como atenua os impactos negativos
referentes à desmobilização de mão-de-obra, principalmente em locais de reduzido
investimentos para o desenvolvimento econômico e baixo nível de escolaridade da
população local.

Esta medida potencializadora é de natureza corretiva, estará sob a responsabilidade do


empreendedor e caracteriza-se pela temporalidade de longo prazo, ou seja, durante a
implantação e operação do empreendimento.

Impacto 20 – Aquisição de Bens e Serviços.

Durante a fase de implantação das unidades do empreendimento, este impacto ocorre


principalmente devido a preparação da infra-estrutura necessária para a realização do
empreendimento e são consideradas de importante relevância.

Na fase de operação alguns bens e serviços são necessários ao empreendimento, e vão


desde insumos agrícolas, medicamentos, material de construção até material de
escritório, assim como, serviços relacionados à gráfica, papelaria, material de limpeza,
dentre outros.

O impacto em questão deve ser classificado como positivo forte, regional, direto,
temporário e de ocorrência em longo prazo.

262
RIMA - MONTASA
Medida potencializadora

Dar preferência à aquisição de bens e serviços na região constitui-se em experiência bem


sucedida frente à potencialização de impacto.

Esta medida potencializadora é de natureza corretiva, e deverá ser implementada


durante as fases de implantação e operação do empreendimento, estando sob a
responsabilidade do empreendedor.

Impacto 21 – Incremento da Renda.

Durante a fase de operação, a matéria-prima utilizada, a cana-de-açúcar, plantada na


região, se constituirá em um incentivo maior aos agricultores para virem a cultivar a
mesma. Ressalta-se que a efetivação de contratos entre o empreendedor e fornecedores
no Município de Montanha e região é um fator de contribuição à economia local e
regional.

Este incentivo soma-se aos programas e incentivos do Governo Federal para a utilização
da cana-de-açúcar em vários segmentos do mercado.

O impacto em questão deve ser classificado como positivo forte, regional, direto, cíclico e
de ocorrência em longo prazo.

Medida potencializadora

A atividade de implantação de um empreendimento desse porte já é por si só uma


medida potencializadora para a ocorrência desse impacto positivo. Como já citado, a
cana-de-açúcar tem passado por uma fase de especulação positiva por parte do mercado
interno e externo. Neste contexto, o valor da tonelada deste produto aumentou e com
isso, a adoção de uma política de fomento voltada para os agricultores da região irá
incrementar a renda local e regional.

Esta medida potencializadora caracteriza-se pela temporalidade de longo prazo, ou seja,


durante a operação do empreendimento e estará sob a responsabilidade do
empreendedor.

263
RIMA - MONTASA
Impacto 22 – Geração de Tributos ao Orçamento Municipal.

Durante a fase de instalação e operação, com toda a movimentação tributária a ser


realizada, a arrecadação municipal deverá ser elevada, assim como a arrecadação dos
municípios atingidos pelo empreendimento.

A empresa sendo instalada paga impostos, operando paga impostos, e quanto mais sua
produção se elevar, mais impostos ela irá gerar. Assim, a empresa automaticamente
escolhendo um município carente de indústrias e investimentos como Montanha, auxilia
no desenvolvimento local.

O impacto em questão deve ser classificado como positivo forte, regional, direto, cíclico e
de ocorrência em longo prazo.

Medida potencializadora

Dar preferência à aquisição de bens e serviços na região.

Esta medida potencializadora tem caráter corretivo, temporalidade de longo prazo


(implantação e operação) e está sob a responsabilidade do empreendedor.

Impacto 23 – Migração Populacional em Busca de Oportunidades de Trabalho.

Em virtude da visão de possibilidade de novas oportunidades de trabalho, poderá haver a


migração de pessoas de outras comunidades, podendo gerar desconfortos à população
residente como aumento nos índices de criminalidade, inchaços na infra-estrutura de
atendimentos básicos, entre outros. Embora já exista toda uma pré-comunicação em
relação à instalação do empreendimento, vale considerar a hipótese da ocorrência do
impacto.

Desta-se que durante as entrevistas realizadas com o poder publico municipal (Prefeito
de Montanha) constatou-se que existe uma grande carência de postos de trabalho nos
Municípios de Montanha, Pedro Canário, Pinheiros e Mucurici. Esta oferta de mão-de-obra
é constituída por trabalhadores com baixo ou nenhum nível de escolaridade, justamente
o perfil dos trabalhadores a serem contratados pela MONTASA

264
RIMA - MONTASA
Face ao exposto, o impacto decorrente da migração populacional deve ser considerado,
como negativo, local, direto, de ocorrência em médio prazo, reversível e de pequena
magnitude. Como existe a possibilidade de ocorrer a cada safra é cíclico.

Medidas Mitigadoras

− Contratação de mão-de-obra na região.

− Fornecimento de transporte para os trabalhadores das cidades vizinhas.

− Mecanização da lavoura.

Estas medidas mitigadoras possuem caráter preventivo e corretivo, caracterizam-se pela


temporalidade de longo prazo, ou seja, durante a implantação e operação da MONTASA,
estando sob a responsabilidade do empreendedor.

Impacto 24 – Aumento no Tráfego de Veículos Pesados nas Vias de Acesso às


Localidades.

As vias de acesso serão utilizadas para o trânsito de operários, equipamentos, caminhões


transportadores de cana e outros, além de veículos pesados, como tratores, o que
poderá gerar incômodos à população das comunidades rurais. A rodovia mais utilizada
será a ES-209. Esta via atravessa as localidades de 30 de Maio, São Sebastião do Norte e
Ramal da Fumaça, os dois últimos povoados serão os mais afetados.

O impacto em questão deve ser considerado em virtude desse empreendimento e das


características da região como negativo médio, local, de freqüência cíclica, direto, de
ocorrência em longo prazo, reversível e de baixa magnitude.

Medidas Mitigadoras

− Utilizar placas de advertência e sinalizador de redução de velocidade nas


proximidades das comunidades existentes na rota de transporte da cana-de-açúcar.

− Providenciar placas de sinalização e faixas de segurança para os povoados

265
RIMA - MONTASA
localizados na área de influência direta ao empreendimento, alertando e permitindo o
livre trânsito dos pedestres durante o dia e noite, com maior segurança.

− Deverá ser utilizado dispositivo luminoso de luz intermitente ou fixa, dependendo do


grau de risco no local.

− Realizar umectação das vias não pavimentadas próximas aos povoados e nas vias
internas dos mesmos (Ramal da Fumaça e São Sebastião do Norte), se for necessário,
como também nas vias internas as fazendas, que, porventura, venham a ser utilizadas
em grande escala gerando uma potencial emissão de Material Particulado (Poeira).

− Instruir os motoristas sobre os limites de velocidade permitida nas vias de acesso e


implantar placas com indicação de velocidade máxima de 60 Km/h nas vias estaduais e
municipais e de 30 km/h dentro das comunidades de São Sebastião do Norte, 30 de
Maio, Vinhático, Ramal da Fumaça, dentre outras.

Estas medidas mitigadoras deverão ser empregadas nas fases de implantação e


operação, sendo de caráter preventivo, de longo prazo e estão sob a responsabilidade do
empreendedor.

Impacto 25 – Uso dos serviços de infra-estrutura da população pelos


trabalhadores em fase de deslocamento.

Como foi diagnosticado, o município tem um padrão médio em relação ao atendimento


básico à comunidade, mesmo com as difíceis circunstâncias orçamentárias que possui.

Com a implantação e operação do empreendimento, o deslocamento populacional, ainda


que reduzido, poderá existir, o que acarretará em demanda por serviços de infra-
estrutura urbana.

O impacto em questão deve ser considerado em virtude do empreendimento e das


características da região, como negativo fraco, local, temporário, direto, de ocorrência
em longo prazo, reversível e de baixa magnitude.

266
RIMA - MONTASA
Medidas Mitigadoras
Como forma de minimizar na fase de operação os impactos referentes ao aumento da
utilização das Unidades de Saúde, deverão ser adotadas as seguintes medidas:

− implantação de ambulatório médico para atendimento dos trabalhadores;

− implantar Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e fornecer


Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Estas medidas estão sob a responsabilidade do empreendedor.

Impacto 26 – Geração de ruídos e odores à comunidade do entorno do


empreendimento

Considerando as características da atividade industrial a ser executada, sabe-se que pode


ocorrer a geração de odores e ruídos oriundos do processo produtivo, acarretando em
incômodos à população vizinha.

A área onde será instalada a MONTASA dista cerca de 2 km em linha reta da localidade
de Ramal da Fumaça e 2,7 km de São Sebastião do Norte, com isso, os odores e ruídos
quando perceptíveis serão de fraca intensidade.

O impacto em questão deve ser considerado em virtude desse empreendimento e das


características da região, como negativo fraco, local, de freqüência permanente, direto,
de ocorrência em longo prazo, e de baixa magnitude.

Medidas Mitigadoras

− Reduzir o tempo de permanência do vinhoto nos tanques de mistura, através de


implantação de dutos subterrâneos para transporte do vinhoto até os talhões.

− Reduzir o volume de vinhoto nas proximidades da indústria, através da implantação


de apenas um tanque de mistura e outros dois nas áreas de plantio.

267
RIMA - MONTASA
Estas medidas estarão sob a responsabilidade do empreendedor, possuem caráter
preventivo e corretivo, deverão ser implementadas na fase de operação e caracterizam-
se pela temporalidade de longo prazo.

Impacto 27 – Proliferação de doenças, como DST’s quando da época de safra.

Como é do conhecimento de todos, existem nas épocas de colheita fluxos temporários de


mão-de-obra para trabalhar nas lavouras de cana. Apesar de a mão-de-obra vir dos
estados de Alagoas e Pernambuco e ficar temporariamente alojada em locais Caso não
haja uma plantação significativa para atender ao empreendimento, esse impacto tende a
ser mais insignificante, porém, possível de ocorrer.

As DST’s são Doenças Sexualmente Transmissíveis e trabalhadores em trânsito tendem a


ser mais suscetíveis ao transporte e contágio destes e de outros tipos de doenças.

Na operação do empreendimento, o deslocamento populacional, ainda que reduzido,


poderá existir, o que acarretaria na demanda por serviços de saúde e prevenção.
O impacto em questão deve ser considerado em virtude do empreendimento e das
características da região, como negativo fraco, local, de freqüência temporária, direto,
reversível e de baixa magnitude, de ocorrência em longo prazo.

Medida Mitigadora

As conseqüências adversas deste impacto diminuirão muito a partir do 2º e 3º ano de


funcionamento com a aquisição de máquinas colheitadeiras que substituirão a queima da
cana-de-açúcar e parte da mão-de-obra de provenientes dos estados de Alagoas e
Pernambuco.
Esta medida mitigadora é de natureza corretiva, estará sob a responsabilidade do
empreendedor e caracteriza-se pela temporalidade de longo prazo, ou seja, durante a
implantação e operação do empreendimento.

268
RIMA - MONTASA
7.3 ANÁLISE INTEGRADA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

A matriz apresentada no Anexo, Item 14.6, permite uma visão integrada das ações do
empreendimento, dos impactos decorrentes das mesmas e os fatores ambientais
afetados, revelando as ações mais impactantes, a fase do empreendimento que gerará
mais impactos e quais os fatores ambientais mais afetados.

A matriz de interação utilizada é baseada na Matriz de Leopold (GTZ, 1992), elaborada


com as adaptações necessárias para as características do empreendimento. Objetivou-se,
ainda, a otimização das informações para facilitar a interpretação.

Foi elaborada com as entradas segundo as linhas, representando as ações/atividades do


empreendimento, e nas colunas os fatores ambientais afetados e os impactos ambientais
potenciais decorrentes da interação causa x efeito. O cruzamento das linhas com as
colunas evidenciam as interações existentes, permitindo identificar as mais significativas.

Em cada cédula, apresentam-se a categoria e a intensidade do impacto, sendo:


- Categoria:
- Cor verde: positivo (+) ou benéfico
- Cor vermelha: negativo (-) ou adverso

- Intensidade / Magnitude: considerou-se, numa escala de 1 a 10, a seguinte valoração:


- 1 a 3 = intensidade fraca
- 4 a 7 = intensidade média
- 8 a 10 = intensidade forte

Os símbolos utilizados foram:


FORTE - ▲

MÉDIO - ▲

FRACO - ▲

269
RIMA - MONTASA
Foram identificados 27 impactos potenciais, com 13 interações. Estes impactos potenciais
estão passíveis de incidirem nas principais atividades ocorrentes na implantação e
operação do empreendimento (Anexo, Item 14.18).

Dentre os impactos previstos, os que incidirão sobre a sócio-economia da região


representam 33,3% (n= 09), enquanto que a representatividade dos impactos ocorrentes
nos meios Físico e Biótico representaram 37,0% (n= 10) e 29,7% (n= 08),
respectivamente.

Dos cinco (05) impactos positivos identificados, quatro (04) incidirão sobre o meio sócio-
econômico e um (01) sobre o meio biótico; sendo 04 deles de magnitude forte e 01 de
média intensidade. Os impactos positivos decorrem da geração de empregos, aquisição
de bens e serviços e geração de tributos no meio sócio-econômico. Ao passo que no
meio biótico está relacionado à regeneração florestal.

Dos 22 impactos negativos identificados, um total de 14 (63,6%) são de intensidade


fraca, ao passo que 08 (36,4%) apresenta média magnitude.

Todos os impactos ocorrentes sobre o Meio Físico (n=10) são negativos, sendo 06 de
fraca intensidade e 04 de magnitude média (queima da cana-de-açúcar; alteração de
regime hídrico; contaminação do solo e águas subterrâneas por vinhoto e resíduos).

Quanto ao Meio Biótico, dos oito impactos identificados, 07 são adversos e 01 positivo
(de média intensidade). A retirada do gado da área para plantio e implantação da
unidade industrial é o único impacto positivo. Entre os impactos negativos, 03 são de
intensidade média (alteração da qualidade de água; queima da cana-de-açúcar e
aplicação de herbicidas) e 04 de fraca intensidade (substituição de pastagens; perda de
habitat; emissão de ruídos e afugentamento de espécies).

Por fim, destaca-se que os impactos negativos mais relevantes estão relacionados à
queima da cana-de-açúcar, os quais serão eliminados em quase sua totalidade com a
implantação da colheita mecanizada. Os outros impactos adversos são reversíveis, o que
significa dizer que se seguidas às medidas mitigatórias sugeridas e implementados os
planos, programas e medidas compensatórias a comunidade local e o meio ambiente não

270
RIMA - MONTASA
estarão passíveis de ser fortemente afetada pelos feitos adversos decorrentes da
implantação e operação do empreendimento.

271
RIMA - MONTASA
PLANOS E PROGRAMAS AMBIENTAIS 8

Como forma de acompanhar os possíveis impactos ambientais e as medidas mitigadoras


sugeridas, propõe-se a implantação de Planos e Programas Ambientais, os quais deverão
ser implementados mediante projetos específicos e devidamente orientados por
profissionais especializados.

O objetivo dos Planos, Programas e Projetos aqui sugeridos é a redução dos impactos
negativos identificados na implantação e operação da MONTASA. Objetivam, ainda,
buscar a integração do empreendimento e empreendedor ao contexto regional,
diminuindo agressões ao próprio empreendimento, ao meio ambiente e à comunidade,
proporcionando a interação pacífica e harmoniosa entre esses atores, de forma a
assegurar a utilização sustentável dos recursos ambientais.

8.1 PROJETO BÁSICO AMBIENTAL (PBA)

O Projeto Básico Ambiental tem como finalidade acompanhar a execução dos programas
ambientais propostos no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) MONTASA – Montanha
Álcool e Açúcar S.A, bem como estabelecer regras de gerenciamento ambiental do
empreendimento, objetivando a conservação ambiental na sua área de influência durante
as obras necessárias à implantação e operação do mesmo.

O Projeto Básico Ambiental será composto dos seguintes Programas:

8.1.1 Programa de Recuperação de Áreas Degradadas

Como forma de minimizar os impactos decorrentes das obras de implantação da planta


fabril e dos tratos culturais e colheita na fase de operação sobre a flora, fauna e solo
existente na área de influência direta da MONTASA deverá se elaborado um Programa de
Recuperação para as Áreas Degradadas objetivando a cobertura do solo exposto e
recuperação ambiental regional através do aumento dos locais para abrigo, alimentação
e reprodução da fauna. No que concerne à flora, com este programa, haverá um
aumento na possibilidade na dispersão de sementes a partir das áreas recuperadas.

272
RIMA - MONTASA
Este programa deverá abranger as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) das
fazendas Conquista, ABC e Aliança. Ainda na Fazenda Conquista, o fragmento florestal
localizado ao lado da área preterida para implantação da unidade fabril da MONTASA terá
sua borda enriquecida.

8.1.2 Programa de Comunicação Social

Para manter a população na área de influência das obras informada acerca do


empreendimento e, conseqüentemente, ser um dos canais de comunicação entre a
comunidade e o empreendedor, deverá ser elaborado um Programa de Comunicação
Social. Sugere-se que este programa tenha ainda como premissa informar a população
do entorno sobre as operações de queimadas e circulação de veículos na região, em
especial dentro das comunidades de Ramal da Fumaça e São Sebastião do Norte. Este
programa objetiva minimizar possíveis conflitos.

8.1.3 Programa de Educação Ambiental

O Programa de Educação Ambiental deverá ser elaborado com a finalidade de instruir os


trabalhadores sobre os cuidados ambientais necessários e que deverão ser
implementados durante as obras de implantação da planta industrial e plantio e colheita
da cana-de-açúcar, por outro lado, difundir práticas ambientalmente corretas no trato
com os resíduos, recursos hídricos, fauna e flora.

8.1.4 Programa de Monitoramento da Emissões Atmosféricas

Como forma de exercer um controle sobre as emissões atmosféricas feitas pelas


chaminés das caldeiras, deverá ser elaborado um programa de monitoramento com
periodicidade anual.

8.1.5 Programa de Monitoramento das Águas Subterrâneas

Este programa deverá se constituir em um instrumento de controle ambiental relativo ao


aspecto ambiental representado pelas águas subterrâneas, uma vez que os resultados do
monitoramento permitirão, caso necessário, a tomada de decisões e a articulação de
273
RIMA - MONTASA
ações e medidas visando à reversão de alguma eventual alteração na qualidade destas
águas.

8.1.6 Plano de Gerenciamento de Resíduos

Propõe-se o Plano de Gerenciamento de Resíduos que contemple as fases de


implantação e operação do empreendimento em tela visando proporcionar o adequado
controle na geração, acondicionamento, armazenamento e destinação final dos mesmos
nas referidas fases.

Ressalta-se que o plano deverá contemplar primordialmente a minimização dos resíduos,


enfatizando e incentivando a não geração dos mesmos, além é claro de sua coleta
diferenciada, coleta seletiva.

8.1.7 Plano de Umectação de Vias

Considerando que pela natureza da atividade da empresa haverá necessidade de


transporte da cana-de-açúcar das áreas de plantio até a planta fabril da MONTASA e,
com isso, podendo haver emissão de particulados (poeira) nas vias de acesso em
particular à comunidade de Ramal da Fumaça.

Na área de 8,0 hectares onde ocorrerão as obras civis de implantação da unidade


industrial, a emissão de particulados decorrente do trânsito de veículos e máquinas nos
canteiros e vias de acesso também deverão se minimizados através da umectação.

O plano deverá identificar as vias a serem umectadas por caminhão pipa, bem como a
freqüência.

274
RIMA - MONTASA
CONCLUSÃO 9

A área de intervenção direta das obras civis necessárias à implantação da MONTASA


ocorrerá em local coberto por pastagens, bem como as áreas que serão utilizadas para
plantio de matéria-prima (cana-de-açúcar), que também ocorrerá em terras cobertas por
pastagens e, conseqüentemente, não ocasionando impactos negativos significativos
sobre os meios físico e biótico. No que concerne ao meio antrópico, é importante
salientar que a mão-de-obra necessária nas fases de implantação e operação da
MONTASA é em sua maioria de trabalhadores de baixo nível de escolaridade e estes
trabalhadores estão disponíveis na região.

Considerando, ainda, que o empreendimento dista cerca 2.000 metros da Localidade de


Ramal da Fumaça (povoado mais próximo) e a aproximadamente 2.700 metros de São
Sebastião do Norte, os ruídos da unidade fabril e odores não afetarão de forma
significativa os moradores destas comunidades. Outro fator de incômodo a população é a
queima da cana, este impacto será no 4º ano de operação eliminado em 70% da área de
plantio. A possibilidade de contaminação do lençol freático pelo vinhoto é outro impacto
de média intensidade, que por sua vez será poderá ser evitado através do Programa de
Monitoramento específico indicado.

Face ao exposto e levando em consideração que para os outros impactos adversos foram
propostas medidas mitigatórias e que os Planos e Programas visam mitigar e gerenciar os
possíveis impactos negativos e potencializar os impactos positivos, pode-se afirmar que
se trata de um empreendimento viável sob o ponto de vista ambiental.

275
RIMA - MONTASA
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 10

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

A Lei Federal 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação/SNUC, dispõe, em seu artigo 36, que nos casos de licenciamento ambiental
de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de Unidade de Conservação (UC) do Grupo de
Proteção Integral. O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental
licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.
A definição das UC’s a serem beneficiadas cabe ao órgão ambiental licenciador
competente, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o
empreendedor.

O Decreto 4.340, de 22 de agosto de 2002, regulamentou a questão no tocante a fixação


dos percentuais, a partir de meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento, considerando-se a amplitude dos impactos gerados,
com base na análise e proposição das Câmaras de Compensação Ambiental, instituídas
no âmbito dos órgãos licenciadores. Estabeleceu, ainda, a ordem de prioridade a ser
obedecida na aplicação dos recursos da compensação ambiental, conforme seu artigo 33,
quais sejam:
- regularização fundiária e demarcação das terras;
- elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;
- aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e
proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento;
- desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; e
- desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e
área de amortecimento.

Nos casos em que a posse e o domínio não sejam do Poder Público (Reserva Particular
do Patrimônio Natural, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante
276
RIMA - MONTASA
Interesse Ecológico e Área de Proteção Ambiental), o referido artigo determina que os
recursos da compensação somente poderão ser aplicados para custear as seguintes
atividades:
- elaboração do Plano de Manejo ou nas atividades de proteção da unidade;
- realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sendo vedada à
aquisição de bens e equipamentos permanentes;
- implantação de programas de educação ambiental; e
- financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sustentável dos recursos
naturais da unidade afetada.

A Resolução CONAMA 371, de 05 de abril de 2006, estabelece diretrizes aos órgãos


ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de
recursos advindos de compensação ambiental, definindo que para estabelecimento do
grau de impacto ambiental serão considerados somente os impactos ambientais causados
aos recursos ambientais, excluindo riscos da operação do empreendimento, não podendo
haver redundância de critérios. O valor da compensação ambiental, conforme disposição
contida na Resolução, fica fixado em meio por cento dos custos previstos para a
implantação do empreendimento até que o órgão ambiental estabeleça e publique
metodologia para definição do grau de impacto ambiental.

Os investimentos destinados à melhoria da qualidade ambiental e à mitigação dos


impactos causados pelo empreendimento, exigidos pela legislação ambiental, integrarão
os seus custos totais para efeito do cálculo da compensação ambiental, enquanto que os
investimentos destinados à elaboração e implementação dos planos, programas e ações,
não exigidos pela legislação ambiental, mas estabelecidos no processo de licenciamento
ambiental para mitigação e melhoria da qualidade ambiental, não integrarão os custos
totais para efeito do cálculo da compensação ambiental.

A Resolução CONAMA 371/2006 dispõe também que o órgão ambiental licenciador ao


definir as unidades de conservação a serem beneficiadas pelos recursos oriundos da
compensação ambiental, respeitados os critérios previstos no art. 36 da Lei nº 9.985, de
2000, e a ordem de prioridades estabelecida no art. 33 do Decreto nº 4.340, de 2002,
deverá observar que existindo uma ou mais unidades de conservação ou zonas de
amortecimento afetadas diretamente pelo empreendimento ou atividade a ser licenciada,
independentemente do grupo a que pertençam, deverão estas ser beneficiárias com

277
RIMA - MONTASA
recursos da compensação ambiental, considerando, entre outros, os critérios de
proximidade, dimensão, vulnerabilidade e infra-estrutura existente.

E, ainda, que somente receberão recursos da compensação ambiental as unidades de


conservação inscritas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, ressalvada a
destinação de recursos para criação de novas unidades de conservação.

Considerando que o valor previsto para a implantação do empreendimento é da ordem


de R$12.000.000,00 (doze milhões de reais), considerando que o percentual mínimo
fixado em 0,5% do investimento de implantação do empreendimento resulta em um
valor de R$60.000,00 (sessenta mil reais) e, devido à existência de unidades de
conservação no norte do Estado, como as federais: Floresta Nacional de Rio Preto e
Reserva Biológica Córrego do Veado; e estadual: Parque Estadual de Itaúnas sugere-se,
então, que o recurso advindo da compensação ambiental possa beneficiar as referidas
unidades na forma preconizada pelo artigo 33 do Decreto nº 4.340/2002.

278
RIMA - MONTASA
PROGNÓSTICO AMBIENTAL 11

SEM O EMPREENDIMENTO

O Município de Montanha, bem como toda sua região Extremo Norte possui dificuldade
em elevar seus níveis de desenvolvimento. De acordo com os indicadores já citados
anteriormente no diagnóstico realizado, a região que tem características agrárias, conta
com reduzidas oportunidades de desenvolvimento industrial ou mesmo agroindustrial.

Atualmente, a Região Extremo Norte passa por dificuldades em sua arrecadação, que
interfere diretamente em suas receitas municipais, facilmente identificáveis através dos
balanços municipal expostos nos aspectos econômicos. Umas das formas mais usuais
dentro das políticas econômicas públicas para equilibrar as contas públicas, ou reduzir o
déficit, porém, sempre com o objetivo se superávit orçamentário, é o aumento na
arrecadação municipal, seja através da interferência nos valores tributários, seja através
de fiscalização em estabelecimentos comerciais efetiva para que se obtenha melhores
resultados.

A característica agrícola dificulta de algumas maneiras o desenvolvimento econômico da


região, uma vez que os resultados desse setor podem ser facilmente interferidos pela
ação da natureza, como seca, entre outras.

A liberdade de entrar em mercados, a começar pelo mercado de trabalho, pode ser, ela
própria, uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento, independente do que
o mecanismo de mercado possa fazer ou não para promover o crescimento econômico
ou da industrialização.

O cenário atual da região não é dos mais positivos. A região não possui atrativos
turísticos, que possam vir a ser explorados através dos programas em atividade
atualmente através dos Governo Federal e Estadual, além disso, a população possui
baixo nível de escolaridade e alto índice de ocupação no mercado informal. Sua taxa de
urbanização, bem como sua densidade demográfica não facilitam o desenvolvimento
econômico da região.

279
RIMA - MONTASA
A região tem buscado acompanhar os crescimentos econômicos de suas regiões vizinhas,
como é o caso do cultivo do mamão, estendendo seus territórios para as atividades
dessas regiões, para “pegar carona” no desenvolvimento econômico que algumas cidades
do Norte tem alcançado ultimamente, em se falando de agroindústria.

Uma das chances é o cultivo de eucalipto e da cana-de-açúcar como forma de


fornecimento de matéria-prima para as regiões das indústrias alcooleiras no Norte do
Estado. Entretanto, nenhuma dessas possibilidades mostra efetivamente um considerável
crescimento econômico e desenvolvimento social na região.

No diz respeito a fauna, as áreas que hoje são cobertas por pastagem abrigam uma
fauna pobre, com predominância de espécies adaptadas as áreas abertas. Dentre as
espécies tem-se o quero-quero (Vanellus chilensis), a rolinha-caldo-de-feijão
(Columbina talpacoti), a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), o calago-comum
(Tropidurus gr. torquatus) e o calango-verde (Ameiva ameiva).

A vegetação das Fazendas Conquista, Aliança e ABC está restrita a fragmentos


florestais isolados e em particular na Fazenda Conquista o pisoteio do gado que
adentra o local não permite o estabelecimento de muitas plântulas. As Áreas de
Preservação Permanente (APP’s) estão destituídas de vegetação, em especial as
margens do Córrego do Dezoito.

COM O EMPREENDIMENTO

Quando se observa a economia de uma cidade ou região é bem natural pensar nas
atividades econômicas desta região como sendo divididas em dois tipos. Primeiro, há as
atividades que satisfazem demandas de fora da região: a “base de exportação” da
região; segundo há as atividades que fornecem principalmente produtos e serviços aos
residentes locais. A idéia do multiplicador de base econômica é defendida com veemência
nas discussões acerca da economia espacial. Em breves palavras, o multiplicador de
bases funciona como um chamariz para outras atividades, por exemplo, quando monta-
se uma fábrica de móveis. Logo haverão fábricas de dobradiças, distribuição de
parafusos, restaurantes, serviços hoteleiros e toda uma estrutura motivada por um
agente multiplicador. No caso do Município de Montanha, o agente multiplicador será a

280
RIMA - MONTASA
Montasa. A tendência é de que os efeitos sejam, em sua maioria, positivos para
sociedade em geral da região, não somente para o Município.

Com a dificuldade de geração de emprego e renda, a instalação de uma atividade


industrial que vem trazendo consigo promessas de incorporação de outros programas
referentes ao aproveitamento total da cana-de-açúcar e seus insumos, será rapidamente
notada, tanto pelos tributos gerados como também pelas atividades decorrentes na
região, com características agrárias.

Espera-se que os dados analisados neste estudo quanto ao mercado de trabalho formal
sejam alterados positivamente de uma forma significativa para o município e para a
região.

O novo empreendimento contribuirá, ainda, para aumentar o nível de renda na região e


no município, estimulando, conseqüentemente, a economia nesta área. O pagamento de
salário e seus respectivos encargos, a aquisição de bens e produtos e a contratação de
serviços, dando-se prioridade a que os negócios sejam realizados preferencialmente na
área de influência direta, coloca um volume expressivo de recursos financeiros na
economia da região desta área.

Além disto, há que se considerar os efeitos da instalação do empreendimento sobre a


economia estadual e nacional, que resultarão em um maior volume de divisas, na maior
participação estadual e nacional na produção e exportação mundiais de álcool, energia e
outros subproduto da cana-de-açúcar, contribuindo para alavancar a economia.

No que concerne a vegetação, como esta será recuperada nas APP’s e o fragmento
existente na Fazenda Conquista não mais sofrerá o pisoteio do gado,
conseqüentemente, haverá uma maior probabilidade da regeneração natural do
fragmento existente. Alia-se a este fato, o reflorestamento previsto (APP’s) que irá
proporcionar um aumento dos locais que poderão ser utilizados para abrigo,
alimentação e reprodução das espécies, e com isso, irá a médio prazo contribuir com a
manutenção e incremento na diversidade faunística da região. Um fator adverso a
operação da MONTASA é a queima da cana-de-açúcar, que poderá causar injúrias e
afugentar a fauna local, porém, como esta prática será substituída por colheita
mecanizada a partir do 2º ano de operação, este impacto será eliminado em 70% da
área plantada já no 4º ano de funcionamento da usina.

281
RIMA - MONTASA
EQUIPE TÉCNICA 12

A Tabela 12-1 apresenta a equipe técnica responsável pela elaboração do presente


estudo, bem como os colaboradores especiais.

Consultor Formação Função Registro Profissional


Profissional

Gladstone I. de Almeida Biólogo / M.Sc. Coordenação CRBio 29.174/02-D


Marisleide Garcia de Eng. Civil / M..Sc. Meio Físico CREA-ES 010341/D
Souza Eng. Ambiental
Hertz Teixeira Brandão Engenheiro Mecânico Meio Físico CREA ES - Nº 3359/ D
/Especialista
Giulianna Calmon Faria Economista / Espec. Sócio-economia CORECON ES - RP 318
em Gestão Ambiental
André Moreira de Assis Biólogo / M. Sc. Meio Biótico CRBio - Nº 32.098/02-D
Rogério Luiz Teixeira Biólogo/ Ph.D Meio Biótico CRBio Nº 29.175/02-D
Luciano Azevedo Vieira Biólogo Meio Biótico CRBio Nº 32.933/02-D
Rogério Luiz Teixeira Biólog, Ph.D. Meio Biótico CRBio 29.175/02-D
Gladstone I. de Almeida Biólogo / M.Sc. Meio Biótico CRBio 29.174/02-D
Renato Quelhas Cardoso Geólogo Meio Físico CREA-ES -4569/D
Diego Lemos Coutinho Eng. Civil Meio Físico CREA ES - 011802/D
Eduardo Hoffman Biólogo Meio Biótico CRBio Nº 43.493/02-D
Adriano Elisei Silva Geógrafo Elaboração Cartográfica CREA -ES - Nº 010.893/D
Sérgio Schettino Técnico de Segurança Análise de Risco -
Thiago Marçal Biólogo Meio Biótico -
Graziella Ribeiro Fontes Bióloga / Especialista Colaborador Especial CRBio Nº 24.779/02-D
Graça Araújo Eng. Civil / M..Sc. Colaborador Especial CREA -MG - Nコ
30.821/D
Eng. Ambiental

Sérgio Quintaes Engenheiro Agrônomo Colaborador Especial CREA-ES –Nº


/ Esp. Gestão 1848-D
Ambiental

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RIMA - MONTASA
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ANEXOS 14

295
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14.1 – CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

296
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14.2 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

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14.3 – MAPA DAS VIAS DE ACESSO

298
RIMA - MONTASA
14.4 – PROPRIEDADES DESTINADAS AO PLANTIO DA CANA-DE-
AÇUCAR

299
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14.5 – LAYOUT GERAL DA ÁREA INDUSTRIAL

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14.6 – MATRIZ DE INTERAÇÃO DOS IMPACTOS

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