Tipos de Desgaste e Imagens Correlatas
Tipos de Desgaste e Imagens Correlatas
Tipos de Desgaste e Imagens Correlatas
___________________________________________________
CARLOS AUGUSTO SILVA DE OLIVEIRA, DSc. – ORIENTADOR
________________________________________
ALEXANDRE LAGO, Dr.Ret.Nat. - COORDENADOR DO CURSO
BANCA EXAMINADORA
A meus pais
Pedro Paulo e Lira Lourdes
A meus irmãos
Roque e Natália
A meus amigos
A Humanidade
iv
AGRADECIMENTOS
. Ao Prof. Carlos Augusto Silva de Oliveira, pela sua orientação, incentivo, apoio e dedicação,
decisivos para realização deste trabalho;
. À Blufix Ind. & Com. Ltda, pela generosidade e prestação durante o desenvolvimento deste
trabalho;
. Ao Eng. Daniel A. Yuhara e ao Sr. Noel Alves Rodrigues, pela sua valiosa cooperação na
execução de revestimentos superficiais;
. Aos alunos Cristiano Binder, Paulo Gustavo e ao doutorando Fábio Antônio Xavier, pela
grande ajuda prestada;
. A todos aqueles que, de algum modo, colaboraram para que este trabalho pudesse chegar a
bom termo.
v
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
The effect of plasma-nitriding and titanium carbonitriding mixtures under the aspect of
wearing resistance of mechanical conformation dies of special elements of fixation. The main
focus is centered in the waste rate by abrasion, characterized by the friction of particles
among the surface of the raw material and the die.
Three tools were selected for application of plasma-nitriding and titanium
carbonitriding coating, where two present waste excessive before of layers application and
one present fracture untimely.
Tests on the industry and laboratorial rehearsals were accomplished to confront the
waste.
The results show that the superficial coating cause a meaningful increase in wearing
resistance, as well as a significant decrease in the breaks of the other components of the tool
due to its lubricating action, especially in the case of the carbon and titanium coating gas.
Additionally and for comparison, the changes of nitriding by plasma and titanium
carbonitriding coating, in parallel with the dies exempt of coating.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 2
Neste capítulo será apresentada uma revisão bibliográfica sobre desgaste, enfocando
os principais mecanismos de desgaste e, os tratamentos e revestimentos superficiais. Estes
assuntos serão aqui abordados em função do objetivo do trabalho ser o estudo do efeito de
tratamentos e revestimentos superficiais no desgaste de ferramentas de conformação mecânica
a frio, prevalecendo, de um modo geral, o desgaste abrasivo.
2.1 - Histórico
Deformação
Trincas
Plástica
FALHA
Corrosão Desgaste
Organização da Design
Planta
DESGASTE
Serviço Produção
Montagem
+
Alinhamento
Movimento
Os processos de desgaste também poderão ser classificados quanto ao elemento
interfacial podendo ser de desgaste de 2-corpos ou estar sob ação de partículas sólidas
Erosão por Erosão Erosão por Erosão de Erosão de
pressionadas entre duas
partículas porsuperfícies,
gotas porfluídos
exemplo, poeira emângulo
baixo lubrificantesalto
ouângulo
minerais em
rochas sob pressão, caracterizando um desgaste de 3-corpos (Peterson, 1980), conforme pode-
se observar na figura 2.4.
Figura 2.3 – Classificação dos processos de desgaste por modos de desgaste (Peterson, 1980).
Figura 2.4 – Desgaste de 2-corpos e 3-corpos (Peterson, 1980; Bressan et all, 1999; Rossini,
1992).
Existem diferentes técnicas que podem ser utilizadas para testes de desgaste. Em
contraste com outros testes mecânicos, não há especificação única de padronização, mas um
número razoável de técnicas aceita em todo o mundo. Em função da falta de padronização
existem, quase sempre, diferenças nos procedimentos dos testes, como tamanho e geometria
dos corpos de prova, ambiente, etc. Portanto, é muito importante o conhecimento das
condições de teste para a correta comparação dos resultados obtidos. Outro fator que contribui
para o elevado número de testes é a grande variedade de sistemas de desgaste que ocorrem na
prática. Oportunamente, quando técnicas similares são utilizadas, os resultados obtidos podem
ser comparados, ao menos qualitativamente.
Obter-se-á sucesso na comparação de resultados obtidos em laboratório com a
indústria somente se os mecanismos do sistema no laboratório e prática forem bastante
similares.
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 9
2.4 - Tribosistema
Distúrbios:
Vibração
Material
Aquecimento
Atmosfera
Saídas:
Entradas: Movimento
Movimento Trabalho
Trabalho SISTEMA
Massa
Massa TRIBOLÓGICO Informação
Informação
Perdas - Saídas:
Fragmentos de desgaste
Aquecimento
Vibração
Ruído
1 – Corpo sólido
2 – Contra-peça
3 – Elemento interfacial
4 – Ambiente
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 10
A contra-peça pode ser um sólido, um líquido, um gás ou uma mistura destes. Já os
lubrificantes e poeira nos estados sólidos, líquidos, gasosos ou uma combinação entre estes,
atuam como elemento interfacial. Em casos especiais, o elemento interfacial pode estar
ausente.
A figura 2.6 mostra, de forma simplificada, o tribosistema geral de acordo com a
norma DIN 50320 (DIN 50320, 1979). A estrutura do tribosistema é determinada pelos
elementos, suas propriedades e interações entre eles.
Contra-peça
Elemento
interfacial
Adesão Abrasão
Reação
Triboquímica Fadiga
De acordo com a norma DIN 50320 (DIN 50320, 1979; Kalpakjian, 1995), os quatro
mecanismos básicos de desgaste podem ser definidos como:
Adesão: Formação de pontos adesivos interfaciais, por exemplo, junções por soldagem
fria.
2.5.1 - Adesão
Figura 2.8 – Ruptura de uniões (A) Interface, (B) Adesão maior em A, (C) Adesão
predominante em A, porém também em B, (D) Adesão distribuída igualmente (Zum-Gahr,
1987; Kalpakjian, 1995).
Muitos mecanismos para o processo de adesão têm sido propostos na literatura (Oudar
et al., 1978). Kinloch (Kinloch, 1980) propôs quatro grupos principais de mecanismos de
adesão: (A) Adesão mecânica, (B) Adesão por difusão, (C) Adesão eletrônica e (D) Adesão
por adsorção, representados esquematicamente na figura 2.9.
Além destes, pode-se considerar também a adesão química, que apresenta as mesmas
características da adesão por adsorção, porém com ligações mais fortes. Algumas
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 14
considerações sobre estes mecanismos e suas possíveis ocorrências em aplicações industriais
são mostradas a seguir.
O mecanismo de adesão mecânica atribui a adesão ao contato entre as irregularidades
das superfícies. Contribuições deste tipo de mecanismo podem ser observadas na adesão de
polímeros em tecidos (Borroff , 1949) ou no caso da penetração de polímeros no estado
líquido em microfissuras de superfícies metálicas.
As forças de adesão são função da área de contato e da resistência à deformação
plástica dos materiais, portanto dependem da estrutura cristalina ou mais especificamente do
número e da densidade dos sistemas de escorregamento do cristal. Sikorski (Sikorski , 1964)
mostrou que a tendência a ocorrer adesão em função da estrutura cristalina cresce na seguinte
ordem: hexagonal compacta (HC), cúbico de corpo centrado (CCC) e cúbico de face centrada
(CFC). A figura 2.10 mostra a variação do coeficiente de adesão em função da dureza e
estrutura cristalina dos metais. O coeficiente de adesão é definido como a razão entre as
forças necessárias para evitar a adesão e a força normal com o qual o material estava
inicialmente comprimido. Em geral, o crescimento da dureza resulta em um decréscimo do
coeficiente de adesão.
Coeficiente de adesão
Dureza Vickers
Doador
Clivagem
Figura 2.11 – Representação esquemática dos efeitos do ambiente nas propriedades dos
sólidos (Derjaguin, 1967).
Polímeros: Ligações de Van der Walls, eletrostáticas devido a dupla camada de cargas
elétricas, e ligações de hidrogênio;
2.5.2 - Abrasão
Não-homogêneo
(matriz + Carbetos)
Homogêneo
Desgaste abrasivo
Dureza do abrasivo
Dureza do material
Microsulcamento Microcorte
Microfadiga microlascamento
Figura 2.15 – Micrografias de ferro ARMCO com ângulos de ataque do abrasivo de (A)
30 º, (B) 60º e (C) 90 º (Mulhearn, 1962).
O ângulo de ataque crítico, αc, é uma função do desgaste do material e das condições
do teste. Teoricamente, αc descreve uma severa transição entre microsulcamento e microcorte.
Na prática, uma transição gradual de microsulcamento para microcorte é observada com o
aumento do ângulo de ataque, conforme mostrado na figura 2.16.
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 20
Microcorte
Razão de corte/amassamento
Microsulcamento
Ângulo de ataque ∝
Ângulo de ataque crítico ∝c
Figura 2.16 - Relação entre microsulcamento e microcorte em função da razão entre o ângulo
de ataque e de ataque crítico (Stroud, 1962).
2.5.3 - Fadiga
Trinca
Trinca
Distribuição de tensões
Lubrificante
Trinca
Figura 2.18 – Metalografia de superfícies danificadas por trincas de rolamento (Fleming &
Suh, 1977).
O segundo mecanismo assume a formação de trincas subsuperficiais. De acordo com a
figura 2.17b a máxima tensão de contato é aumentada por descontinuidades internas, ou seja,
inclusões ou carbonetos grandes, causando trincas subsuperficiais, conforme lascamentos
observados por Fujita e Yoshida (Fujita & Yoshida, 1979) que se iniciam na interface nitreto-
substrato de rolos temperados. As trincas subsuperficiais ocorrem principalmente em contatos
sobre-carregados onde são formadas trincas nas zonas de deformação plástica, logo abaixo da
superfície resultando em seu lascamento.
Durante a formação dos mecanismos de adesão ou abrasão, repetidos escorregamentos
entre a rugosidades superficiais podem causar a formação e propagação de trincas devido a
fadiga, aflorando-as na superfície e resultando em partículas de desgaste. De acordo com o
modelo proposto por Suh (Suh, 1973) trincas subsuperficiais propagam-se paralelamente a
superfície como mostrado na figura 2.17c.
A figura 2.19 mostra partículas de desgaste na superfície de aços austeníticos após
rolamento/escorregamento. A perda de material por lascamento é devido ao mecanismo de
delaminação. A remoção destas partículas pode ser atribuída à ação simultânea de adesão,
abrasão e fadiga, aumentando com o acréscimo das forças de atrito.
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 23
Camada protetiva
Camada protetiva
Partículas de desgaste
Contato adesivo Contato adesivo
Partículas de desgaste
Desgaste
Abrasão
Camada mole
Camada dura
Reação química
Figura 2.22 – Aparência característica de superfícies desgastadas por: (A) Adesão, (B)
Abrasão, (C) Fadiga ou (D) Reação triboquímica (Zum-Gahr, 1987).
Adesão
Abrasão
O desgaste por fadiga pode causar severas falhas em trilhos, rodas, rolamentos,
mancais, rodas dentadas, cilindros de laminação à quente ou à frio, bombas que sofrem
impactos de partículas em suspenção em fluídos ou cavitação e em processos de conformação
mecânica como prensagem e martelamento, etc. A figura 2.26 mostra alguns exemplos. Um
exemplo de superfície desgastada por fadiga é mostrado na figura 2.27, onde a superfície
sofre pequenos lascamentos devido a rolamento/escorregamento.
Fadiga
Reação triboquímica
Figura 2.33 – Roda dentada cônica danificada após 6 meses em serviço (Zum-
Gahr, 1987).
A elevada energia cinética com que os íons colidem com a superfície do substrato, na
região da bainha do plasma, gera calor e promove a limpeza, a despassivação e a ativação da
superfície. Com isto, promovem-se as reações na superfície e a difusão do nitrogênio na peça
(Pinedo, 1995; Costa, 1998). Uma representação esquemática do reator de plasma utilizado na
nitretação é apresentada nas figuras 2.39 e 2.40.
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 37
Fluxo de Hidrogênio
Figura 2.41 – Composição das várias camadas de compostos que poderão ser formadas na
nitretação a plasma (Bell et al., 1996).
A técnica C.V.D. teve sua origem na idade média, desde que se considere a
vitrificação de cerâmica ou porcelana como uma forma primitiva de C.V.D.. Entretanto, as
primeiras experiências no uso de C.V.D. para a deposição de materiais duros no aço foram
realizadas em 1953/54 por Munster e Ruppel na Alemanha (Brink, 1998).
A Deposição Química de Vapor pode ser definida como um método de síntese, na qual
os constituintes da fase vapor, reagem para formar uma camada sólida em uma superfície.
Portanto, o conhecimento do tipo de reação química e a sua extensão são essenciais para o
processo C.V.D.. Além disso, os efeitos das diversas variáveis do processo tais como
temperatura, pressão, concentração e fluxos, devem ser considerados (Brink, 1998).
As reações químicas nos sistemas C.V.D. (Zeilmann, 1997) ocorrem em reatores de
baixa pressão, onde a difusão de um gás inerte é inversamente proporcional à pressão. Então,
como a pressão utilizada é menor que a pressão atmosférica (de 760 Torr para 0,5-1 Torr), a
difusão é facilitada e o efeito real é um aumento da transferência da fase gasosa dos reatantes
para e por produtos da superfície e o determinativo da velocidade é a reação na superfície. Os
resultados são uma camada bem aderente, com boa uniformidade, boa homogeneidade
estrutural e boa cobertura.
Revisão bibliográfica e fundamentação teórica 40
Uma variação no processo leva a melhorar a preparação da superfície “in situ” por um
plasma usando a peça com potencial negativo. Então, a peça aquecida é adicionalmente limpa
por desintegração catódica. Esta variação do processo aumenta também a força de lançamento
ou a capacidade para depositar uniformemente nos contornos e áreas reentrantes.
O processo C.V.D. de revestimento de ferramentas para resistência ao atrito, é
conduzido normalmente em temperaturas acima de 1000 0C. Nestas temperaturas as peças
sofrem um auto-tratamento de limpeza, o qual pode ser melhorado pela desintegração
catódica, com uma adesão de camada, em geral, excelente. Esta técnica hoje é bastante usada
para revestir ferramentas de metal duro, as quais não são muito afetadas pela elevada
temperatura do processo, ou seja, não necessitam um novo tratamento térmico de têmpera,
como é o caso dos aços que perdem sua resistência mecânica.
Porém, mesmo ferramentas de metal duro sofrem certas reações com os constituintes
da fase de vapor que podem ocasionar uma certa fragilização, como por exemplo, a redução
de cerca e 40 % da resistência à flexão de certos insertos (Brink, 1998). Esta fragilização é
causada pela formação da fase ε-Fe2-3N, quebradiça, que não pode ser evitada, restringindo o
processo para aplicações em metal duro (por exemplo, não se tem tido sucesso em operações
de corte intermitente). Como temperaturas de 1000 0C são superiores à temperatura de
revenimento de qualquer aço rápido ou aço ferramenta, estes devem ser retemperados,
revenidos novamente e retificados devido a problemas de distorsão.
Figura 2.42 - Descarga no “magnetron” – Magnetron (1), alvo de Ti (2), descarga (3),
átomos do alvo (4), peças a serem revestidas (5) e íons de argônio (6) (Alves, 1996).
O agente de deposição é evaporado em vácuo por meios térmicos tais como pistola de
raio eletrônico ou resistências e as partículas evaporadas são depositadas condensadas na
superfície das peças a serem revestidas. A limitada energia cinética dos átomos é responsável
pela baixa adesão, além do que a reatividade dos átomos é limitada.
- Desintegração do Cátodo
- Deposição Iônica
A Blufix Ind. & Com. Ltda vem se especializando nos últimos anos na fabricação de
elementos especiais de fixação conformados a frio destinados principalmente a aplicações
automotivas. Um dos grandes problemas deste processo de fabricação está relacionado ao
desgaste das ferramentas de conformação mecânica a frio e, conseqüentemente pequena vida
útil das mesmas.
No intuito de aumentar a vida útil destas ferramentas foi estudado o efeito de
tratamentos e revestimentos superficiais no desgaste de ferramentas que apresentavam este
problema e possuíam grande volume de produção.
Neste estudo foram selecionadas 2 ferramentas com desgaste excessivo, cuja
denominação de desenho de processo da Blufix são, DP 368 e DP 259 e, uma ferramenta que
apresentava problemas de trincamento e falha por ruptura total, denominada DP 584,
conforme figura 3.1.
25 mm
Figura 3.1 – Ferramentas utilizadas neste estudo, DP 259, 368 e 584, respectivamente.
Inicialmente, foi verificado o tipo de desgaste das ferramentas através da análise por
estereoscopia nas ferramentas desgastadas, com a qual pode-se determinar o mecanismo de
desgaste (DIN 50320, 1979; Kalpakjian, 1995) que prevalece no processo de conformação
específico.
Os tratamentos e revestimentos superficiais foram realizados através de processos de
nitretação por plasma, sem a presença de camada branca (Brink,1998), e por deposição física
de vapor de carbonitreto de titânio.
Estes tratamentos foram realizados nos corpos de prova e ferramentas de conformação
no laboratório de materiais da Universidade Federal de Santa Catarina (nitretação por
plasma), juntamente com a empresa Brasimet (P.V.D. de carbonitreto de titânio).
A caracterização microestrutural dos corpos de prova utilizados nos ensaios de
desgaste abrasivo e das ferramentas foi realizada através de análises microestruturais a fim de
verificar o substrato e as camadas de tratamento e revestimento superficial aplicadas ao
mesmo.
Esta análise foi realizada através de microscopia óptica e eletrônica de varredura,
determinando espessura de camada e definindo pontos importantes da análise.
Foram realizados os ensaios de dureza e microdureza com o objetivo de conferir a
resistência à deformação plástica das ferramentas, depois de temperadas e revenidas e,
mostrar o acréscimo na dureza superficial adquirido durante a conformação do aço e quando
da adição de camadas duras de nitreto e carbonitreto de titânio no ferramental,
respectivamente, além de verificar o tamanho das camadas depositadas.
Metodologia, métodos e procedimentos experimentais 47
O ensaio de rugosidade que tem como objetivo verificar as ranhuras formadas pelo
material abrasivo nas ferramentas durante o processo de conformação mecânica e comparar a
redução desta rugosidade através da aplicação dos tratamentos e revestimentos superficiais,
melhorando o desempenho no processo de conformação mecânica dos produtos fabricados.
Nesta análise procurou-se comparar as diferentes ferramentas com diferentes
configurações, ou seja, peças com e sem tratamento ou revestimento superficial, além da
análise de peças desgastadas por abrasão e peças que ainda não foram submetidas ao
desgaste.
Observações como estas podem retratar o fenômeno ocorrido quando do tratamento ou
revestimento de superfícies usinadas, além de mostrar as ranhuras de desgaste, tanto nas
ferramentas tratadas ou revestidas, quanto nas sem tratamento ou revestimento.
O ensaio de desgaste foi realizado segundo a norma ASTM G65, na qual aplica-se
uma rotação a um disco metálico revestido por borracha e o mesmo entra em contato com os
corpos de prova, que permanecem estáticos e um material abrasivo flui por entre ambos,
gerando um desgaste abrasivo das camadas de revestimento e tratamento superficiais, além do
substrato.
A avaliação do desgaste na indústria foi realizado utilizando-se de cartas de controle
estatístico de processo.
Estereoscopia
A fim de definir qual o mecanismo de desgaste foi mais atuantes durante o processo de
extrusão nas ferramentas de conformação mecânica foi feita uma análise estereoscópica em
ferramentas cortadas para facilitar a visualização das linhas de desgaste na superfície interna
da mesma. Nesta região ocorre o atrito entre esta e a matéria-prima utilizada para a fabricação
dos elementos especiais de fixação. Utilizou-se várias ampliações e intensidades de
luminosidade em um estereoscópio Olympus SZCTV, com câmera Olympus DP11.
O procedimento de verificação foi bastante dificultado pelo fato da ferramenta
apresentar uma superfície circular, na qual, quando da utilização de maiores ampliações a
definição não possuía boa nitidez no aparelho.
Metodologia, métodos e procedimentos experimentais 48
Caracterização microestrutural
Dureza
Microdureza
Rugosidade
Foram realizadas três medições de rugosidade para cada uma das ferramentas com e
sem desgaste, nas diversas configurações propostas, ou seja, com e sem tratamento e
revestimento superficial, determinando os principais valores de profundidades de rugosidade.
Metodologia, métodos e procedimentos experimentais 49
Esta rugosidade foi analisada através de um rugosímetro de bancada marca Perthen –
Modelo S8P, apalpador mecânico com raio de ponta de 10 µm sem patim (modelo FRW 7So),
filtro digital do tipo gaussiano e “cut-off ” (λc) segundo norma DIN 4768.
Para realização deste ensaio necessitou-se determinar algumas características como,
por exemplo, o valor de “cut-off ”(λc). Este valor de “cut-off ”(λc) é baseado em um resultado
preliminar de medição da rugosidade. Entretanto, para algumas ferramentas, a escolha de um
intervalo menor do que o recomendado pela norma DIN 4768 é conseqüência do
comprimento transversal total da amostra ser muito pequeno.
Em algumas peças foi utilizado o valor λc=0,25 mm, enquanto o que deveria ser
utilizado era de λc=0,8 mm.
- T = 450˚C
- t = 2 horas
- P = 4 mbar
- Mistura gasosa = 5 % N2 + 95 % H2
- Fluxo de entrada = 300 cm3/min.
- T = 450˚C
- t = 4 horas
- P = 3 x 10 -2 mbar
- Mistura gasosa = 50 % C2H2 + 50 % N2
- Fluxo de entrada = 200 cm3/min.
Metodologia, métodos e procedimentos experimentais 50
Ensaio de desgaste
Reservatório
Areia abrasiva
Corpo
de
Prova Contrapeso
Disco de borracha
Figura 3.2 – Esquema representando as dimensões do corpo de prova (ASTM G65, 1991).
Figura 3.4 – Foto dos grãos abrasivos de areia (ASTM G65, 1991).
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura 4.1 mostra superfícies típicas da região de desgaste das ferramentas, no caso,
a matriz 368. São observadas ranhuras bastante aparentes nas superfícies e regiões com
aderência de material. Estes aspectos são características de desgaste abrasivo e adesivo,
respectivamente (DIN50320, 1979). As outras duas ferramentas também apresentaram o
mesmo aspecto superficial, inclusive para a que apresentava problema de fratura prematura,
ou seja, há um mecanismo de abrasão prevalecendo nas ferramentas 259, 368 e 584.
Verifica-se ainda, uma predominância de sulcos ou “arranhões” característicos do
desgaste abrasivo ocorrido entre as rugosidades da matéria-prima dos elementos de fixação
sob extrusão e as rugosidades da ferramenta de conformação.
Portanto, a opção de realização de testes laboratoriais de desgaste abrasivo é
relativamente adequada as características de desgaste apresentadas durante a conformação dos
elementos de fixação.
Figura 4.1 – Estereoscopias típicas das superfícies das ferramentas submetidas ao processo de
extrusão (no caso, matriz 368, com 100 e 200 vezes de ampliação, respectivamente).
20 µm 120 µm
(a) (b)
20 µm
(c)
Figura 4.3 – Micrografia das ferramentas 368, 259 e 584, respectivamente, com tratamento
térmico de têmpera e revenido.
A análise metalográfica mostra que na peça nitretada a plasma tem-se uma espessura
de até 15 µm (nitretos Fe4N e Fe2-3N + camada de difusão), conforme figura 4.4 (a). A
camada de nitretos tem aproximadamente 2,5 µm, a camada de difusão em torno de 12,5 µm e
sua camada branca de nitreto, propositadamente bastante reduzida, aproximadamente 300 nm,
figura 4.4 (b). A camada branca foi bastante reduzida pois, esta pode fragilizar o revestimento
durante a extrusão do aço (Oliveira et all, 2002), porém, geralmente são utilizadas camadas de
nitretos acima de 100 µm.
Resultados e discussão 56
(a)
(b)
(a)
(b)
4.3 - Dureza
Tabela 4.1 – Durezas obtidas nas matrizes após tratamento térmico de têmpera e
revenido.
DP DUREZA DUREZA 2 DUREZA 3 Média de
1(HRC) (HRC) (HRC) dureza (HRC)
259 60 61 61 61
584 59 61 60 60
368 60 61 61 61
4.4 - Microdureza
Este ensaio foi realizado por meio de medições de microdureza do diâmetro externo
para o diâmetro interno da ferramenta, ou seja, da superfície não sujeita ao desgaste até a
superfície sujeita ao desgaste, conforme figura 4.6.
As ferramentas sem tratamento ou revestimento superficial apresentam um perfil de
microdureza ligeiramente decrescente inicialmente e crescente posteriormente, não
apresentando grandes diferenças de microdureza.
Os valores máximos de microdureza se encontram na região próxima a superfície
desgastada das mesmas. Algumas hipóteses destes valores de microdurezas mais elevados
são:
. A necessidade de encarcaçamento das mesmas, ou seja, as ferramentas são montadas
sob pressão (com interferência) em uma carcaça que será montada nas prensas horizontais,
deixando a região externa da ferramenta tensionada por compressão.
. A pressão exercida pelo material dos produtos conformados sobre a região interna da
ferramenta pode gerar esforços compressivos nesta região.
Uma impressão de microdureza pode ser observada na figura 4.6 e as microdurezas
podem ser observadas na tabela 4.2 e nas figuras 4.7 (a) a (c).
Resultados e discussão 59
Para as ferramentas tratadas ou revestidas superficialmente, apesar da camada
apresentar uma espessura bastante pequena, verifica-se uma microdureza maior do que nas
ferramentas sem tratamentos ou revestimentos superficiais, porém com um perfil
diferenciado. Este perfil mostra uma queda na microdureza para as ferramentas nitretadas a
partir de 12 µm da superfície externa e para as ferramentas com carbonitreto de titânio esta
queda começa a partir de 3 µm da superfície externa, conforme as figuras 4.7 (a) a (c). Estes
valores estão em acordo com as espessuras de camada encontradas nas micrografias das
figuras 4.3 e 4.4.
30 µm
3000
2500
MICRODUREZA (HV1)
500
0
1 10 100 1000 10000
DISTÂNCIA ( µm )
(a)
2500
2000
368 S/ Trat. ou Revest.
DUREZA (HV1)
1500 Superficial
368 Nitret.à Plasma
500
0
1 10 100 1000 10000
DISTÂNCIA (µm)
(b)
Resultados e discussão 61
2500
2000
MICRODUREZA (HV1)
584 S/ Trat. ou
1500 Revest.
Superficial
584 Nitret.à
1000 Plasma
584
500 Carbon.Titânio
0
1 10 100 1000 10000
DISTÂNCIA ( µm )
(c)
Figura 4.7 – Perfis de microdureza das superfícies de desgaste das matrizes de
conformação mecânica a frio 259 (a), 368 (b) e 584 (c).
4.5 - Rugosidade
Perda de vol (30 seg) Perda de vol (9,5 min) Perda de vol total (10 min)
VF800AT – s/ TS ou Revest. 6,5 mm3 65,7 mm3 72,2 mm3
1
0
Início Fim
80
Perda de Volume (mm^3)
70
60
VF 800AT S/
50
TS ou Revest.
40 Nitretada
30 Carbonitreto de
20 Titânio
10
0
Início Fim
Ferramenta Taxa de Desgaste Taxa de Taxa de Desgaste Tempo para o desg. do Peças Prod. no
camada ( mm / h) Desgaste total ( mm / h) limite dimensional Intervalo de desg.
substrato inferior até o superior.
( mm / h) (h)
259 S/ Trat. ou Revest.
- - 0,0029 34 75155
Superficial
259 Nitretada 0,0003 0,003 0,0004 234 690469
14,920
14,900
D i m e n s ã o (m m )
14,880
14,860
14,840
14,820
14,800
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Tempo (h)
7,140
7,130
D im e n s ã o (m m )
7,120
7,110
7,100
7,090
7,080
7,070
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
Tempo (h)
10,020
10,000
D im e n s ã o (m m )
9,980
9,960
9,940
9,920
9,900
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00
Tempo (h)
14,850
y = 0,0003x + 14,803
14,840
D im en são (m m )
14,830
14,820
14,810
14,800
14,790
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
Tempo (h)
14,850
14,840
14,830
14,820
14,810
14,800
14,790
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00
Tempo (h)
y = 0,0004x + 14,797
14,920
14,900
14,880
Dimensão (mm)
14,860
14,840
14,820
14,800
14,780
0,00
0,00 50,00
20,00 100,00
40,00 150,00
60,00 200,00
80,00 250,00
100,00
Tempo( h)
14,880
14,860
14,840
14,820
14,800
14,780
0,00
0,00 70,00
20,00 140,00
40,00 210,00
60,00 280,00
80,00 350,00
100,00
Tempo (h)
14,910
y = 0,003x + 14,844
14,900
14,890
Dimensão (mm)
14,880
14,870
14,860
14,850
14,840
14,830
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (h)
14,910
y = 0,003x + 14,863
14,905
14,900
14,895
14,890
Dimensão
14,885
14,880
14,875
14,870
14,865
14,860
14,855
0 20 40 60 80 100 120
Medidas
14,840
y = 0,0029x + 14,818
14,830
Dimensão (mm)
14,820
14,810
14,800
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (h)
y = 7E-05x + 7,0885
7,115
7,110
7,105
Dimensão (mm)
7,100
7,095
7,090
7,085
7,080
7,075
0,00
0 25,00
50 50,00
100 75,00
150 100,00
200 125,00
250
Tempo (h)
7,105
7,100
Dimensão (mm)
7,095
7,090
7,085
7,080
7,075
0,00
0 35,00
50 70,00
100 105,00
150 140,00
200 175,00
250
Tempo (h)
7,120
7,110
7,100
7,090
7,080
7,070
0,00
0,00 50,00
20,00 100,00
40,00 150,00
60,00 200,00
80,00 250,00
100,00 300,00
120,00
Tempo (h)
7,120
7,110
7,100
7,090
7,080
7,070
0,00
0,00 80,00
20,00 160,00
40,00 240,00
60,00 320,00
80,00 400,00
100,00 480,00
120,00
Tempo (h)
y = 0,0007x + 7,1016
7,135
7,130
7,125
Dimensão (mm)
7,120
7,115
7,110
7,105
7,100
7,095
0 20 40 60 80
Tempo (h)
y = 0,0006x + 7,1027
7,140
7,135
7,130
Dimensão (mm)
7,125
7,120
7,115
7,110
7,105
7,100
7,095
0,00
0 25,00
20 50,00
40 75,00
60 100,00
80 125,00
100
Tempo (h)
7,120
7,110
7,100
7,090
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (h)
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
SUGESTÕES