O CAMINHO DA FUGA DOS ÍNDIOS QUE VIVIAM AO REDOR DA BAÍA DE GUANABARA NO SÉCULO XVI Ou O CAMINHO DE ARARIBÓIA
O CAMINHO DA FUGA DOS ÍNDIOS QUE VIVIAM AO REDOR DA BAÍA DE GUANABARA NO SÉCULO XVI Ou O CAMINHO DE ARARIBÓIA
O CAMINHO DA FUGA DOS ÍNDIOS QUE VIVIAM AO REDOR DA BAÍA DE GUANABARA NO SÉCULO XVI Ou O CAMINHO DE ARARIBÓIA
Ronaldo Victer1
Réplica da Nau de Cabral construída para Comemoração dos 500 anos da Descoberta do
Brasil (fundeado no Clube Naval – Charitas, Niterói, 2005).
Ao que parece, depois dessa festa, as exibições e desfiles exóticos feitos para
monarcas franceses tornaram-se moda. Em 1562, Carlos IX conversou longamente com
alguns índios. Montaigne relata o diálogo que teve com um deles através de um
intérprete. Dois anos mais tarde, o Rei, na sua entrada na cidade de Troyes, foi honrado
com um cortejo de várias nações selvagens. Numa ocasião similar, em Bordeaux, em
1566, dentre as 12 nações estrangeiras estavam selvagens brasileiros que discursaram
para o Rei. O que esses selvagens teriam dito? Fica a pergunta.
Hoje, essa faixa de terra, corresponde ao trecho entre os bairros Gragoatá e São
Lourenço próximo a um braço de mar, denominado Nictherói que se traduz do Tupi-
Guarani por águas escondidas.
A fuga dos índios que viviam ao redor da baía de Guanabara no século XVI
Os Tamoios que viviam ao redor da baía de Guanabara fugiram para Cabo Frio
porque lá estavam os Franceses e assim se afastavam do território de São Vicente onde
havia grande grupamento de Portugueses. A Confederação dos Tamoios era a união
das tribos que habitavam desde norte de São Paulo até norte do Estado Rio, dentro
Capitania de São Vicente, incluindo os Aymorés e os Goitacazes. Tamoio significa
primeiro da terra, ou avôs. Enquanto Temiminós, os netos, os que vêem depois.
A Confederação dos Tamoios surgiu em torno dos anos de 1554 e 1555, até os
anos de 1567. Cunhambebe foi o primeiro índio escolhido por um Conselho dos
principais índios das tribos. Quando Cunhambebe morreu em combate, assumiu o
morubixaba Aimberê que teve participação na luta dentro da baía de Guanabara.
Conjecturas
Por duas vezes os índios fugiram da região da baía de Guanabara em direção a
Cabo Frio. A primeira foi quando houve a expulsão dos Tupinambás pelos Temiminós
e Franceses, a segunda, quando os Temiminós foram atingidos pela epidemia de
varíola. Possivelmente, tanto uns quanto outros seguiram pelo caminho mais
confortável disponível. Fugiram usando o caminho pela orla marítima. Hoje, existem
vestígios de dois sambaquis nesse percurso. Um está em Itaipu e outro em Saquarema.
Considerando a nomenclatura dos logradouros na atualidade, podemos supor que
foram por um atalho da praia de Charitas existente em frente ao atual Clube Naval,
chegaram à praia do Forte Imbuí, depois, seguiram em direção ao canal da lagoa de
Piratininga com o mar. Seguiram pela praia de Piratininga até o canal da lagoa de Itaipu
(onde se pode encontrar o sambaqui), tomaram a direção da serra da Tiririca. Daí,
Itaipuaçu, sempre pela orla, foram para Barra de Maricá, Ponta Negra, Jaconé,
Saquarema (outro sambaqui), lagoa de Araruama, limites de Arraial do Cabo e no
sentido de São Pedro d’Aldeia, dirigiram-se para atual Base Aero-Naval. Possivelmente,
esses Temiminós queriam chegar ao Estado do Espírito Santo. Hoje não podemos
repetir exatamente o trajeto dos índios porque o Forte do Imbuí está reservado ao
Exército Brasileiro.
Concluir que Araribóia representa uma imagem heróica do povo nativo destas
terras, que o que houve em sua história foi resultado do imediatismo de um povo sem
nenhuma objetividade para a própria sobrevivência, torna-se óbvio. Mas se re-
pensarmos detidamente a respeito desses episódios, resta-nos perguntar: até que ponto,
ainda hoje, o povo brasileiro que aqui vive, nestas terras do Brasil, já totalmente
miscigenado, possui a mesma semelhança cultural dos primitivos silvícolas de não
futurar?
Referências:
Pontos Controvertidos da Vida de ARARIBÓIA de Luiz Carlos Lessa, trabalho
publicado pela Editora Laplace em Niterói,1996.
Viagem à terra do Brasil de Jean de Léry editado em La Rochelle, França, em 1578; re-
editado pela Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, em 1961.
Enciclopédia BARSA, páginas 171 a 173 − Volume 6, páginas 433 e 434 − volume 15,
RJ/SP,1984.
Revista Nossa História, Ano 1/ número 9. Edição de julho de 2004,páginas 34 a 39,
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
Ilha da Boa Viagem, paisagem − monumento da baía de Guanabara/ Regina Célia da
Silva Costa. Niterói,RJ: Niterói Livros,2004.
A Guerra dos Tamoios de Aylton Quintiliano 2ª ed.revisada, Relume Dumará, Rio de
Janeiro, 2003.
Camões – Revista de Letras e Culturas Lusófonas – número 8 – Terra Brasilis –
Instituto Camões, Lisboa, janeiro – março 2000.