Metodo 2020

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INTRODUÇÃO

Ao trabalharmos com metodologia da pesquisa, especialmente na área das Ciências Humanas,


percebemos as dificuldades que os alunos encontram para compreender o que é pesquisa
qualitativa e para viabilizar sua metodologia durante os trabalhos que realizam. Alunos da
graduação ou da pós-graduação levantam questionamentos sobre esse tipo de pesquisa e sua
metodologia confundindo, muitas vezes, a proposta teórica e o método com os procedimentos na
pesquisa.

Este trabalho procura auxiliar no entendimento do que é a pesquisa qualitativa nas ciências
humanas, bem como no desenvolvimento de propostas metodológicas nessa área. Num primeiro
momento localizamos a pesquisa qualitativa no tempo, ou seja, buscamos o seu surgimento na
América Latina, discutindo a dicotomia entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa e,
também, sobre as bases dessas investigações na educação.

Num segundo momento, apresentamos o conceito e a tipologia da pesquisa qualitativa


dialogando com vários autores sobre esse tema. Como contraponto apresentamos “outros tipos
de pesquisa” que estão vinculados à pesquisa quantitativa, pois, acreditamos que a pesquisa
qualitativa pode e deve ser mediada, em sua coleta de dados, por outros tipos de pesquisa. Assim
sendo, é necessário ir além da dicotomia entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa. Em função
disso, entendemos que ao apresentarmos esses teóricos e os encaminhamentos para a pesquisa,
possibilitamos uma discussão mais ampla entre os pesquisadores e os seus orientadores.

Concepção do método qualitativo de pesquisa

Deve-se, assim, evitar assertivas destes tipos: método de pesquisa que não lança mão de recursos
como números, cálculos de percentagem, técnicas estatísticas, tabelas, amostras numericamente
representativas, ensaios randómicos, questionários fechados ou escalas de avaliação.

Tentar definir pela via da negação não constitui obviamente uma definição.
Também não é o caso de dizer, como se costuma concluir de modo intuitivo, que o método
qualitativo é usado para estudar a "qualidade" de um objeto [...] mas sim a concepção trazida das
Ciências Humanas, segundo as quais não se busca estudar o fenômeno em si, mas entender

seu significado individual ou colectivo para a vida das pessoas. “... se não é directamente o
estudo do fenómeno em si que interessa a esses pesquisadores, seu alvo é, na verdade, a
significação que tal fenômeno ganha para os que o vivenciam”

Definição

Pesquisa qualitativa é entendida, por alguns autores como uma expressão genérica, isso
significa, por um lado, que ela compreende actividades ou investigação que podem ser
denominadas especificas.

Segundo Trivinos (1987) a abordagem de cunho qualitativo trabalha dados buscando seu
significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do seu contexto.

O uso da descrição qualitativa procura captar não so a aparência do fenómeno como também
suas essências, procurando explicar sua origem, relações e mudanças, e tentando intuir as
consequências.

Pesquisa qualitativa

A pesquisa qualitativa busca entender fenômenos humanos, buscando deles obter uma visão
detalhada e complexa por meio de uma análise científica do pesquisador. Esse tipo de pesquisa
se preocupa com o significado dos fenômenos e processos sociais. Mas sendo uma análise
relacionada também à subjetividade, quais são os critérios do pesquisador? Bem, ele leva em
consideração as motivações, crenças, valores e representações encontradas nas relações sociais
(KNECHTEL, 2014).

Os pressupostos básicos desse tipo de pesquisa, segundo Knechtel (2014), são: a preocupação
primária com os processos, não se preocupando directamente com o resultado e o produto; o
interesse pelo significado, como as pessoas relata suas vivências e experiências, sua visão de
mundo; a busca por informações directamente no campo de pesquisa; a ênfase na descrição e
explicação de fenómenos; a utilização de processos indutivos, a fim de construir conceitos,
hipóteses e teorias.

Caracteristicas da pesquisa qualitativa

Segundo (KNECHTEL, 2014, p. 101 102): apresenta as principais características da pesquisa


qualitativa que são;

 Ressalta a natureza socialmente construída da realidade;


 Relação entre o pesquisador e o objeto de estudo;
 Ênfase nas qualidades e nos processos, com destaque para a forma como a experiência
social é criada e adquire significado;
 Utiliza entrevistas e observação detalhada (métodos interpretativos);
 Estuda casos específicos;
 Valoriza as descrições detalhadas;
 Faz uso de narrativas históricas, materiais biográficos e autobiográficos.

Quais seriam os tipos de pesquisa que ela envolve? Segundo Demo (2013), são pesquisas
participantes, pesquisa acção, histórica, oral, fenomenológica, análises de grupos, entre outras. É
um tipo de pesquisa que procura abrir novas perspectivas de observação.

Segundo Tozoni-Reis (2007), na pesquisa qualitativa, o pesquisador é o principal instrumento.


Sendo, então, Segundo Tozoni-Reis (2007), na pesquisa qualitativa, o pesquisador é o principal
instrumento. Sendo, então, protagonista da pesquisa como ele opera? Saiba que ele não atua
como mero expectador, ele procura desvendar os fatos e significados, indo além da mera
descrição ou explicação a partir do dado imediato, buscando descobrir os significados mais
profundos do objeto observado.

Com a pesquisa qualitativa, ao contrário da pesquisa quantitativa, você pode ir além do dado
imediato, pois ela busca fundamentar a informação, não se limitando ao dado coletado e
observado. A pesquisa qualitativa é conhecida também como "estudo de campo",
"estudoqualitativo","interacionismo simbólico", "perspectiva interna",
"interpretativa","etnometodologia", "ecológica", "descritiva", "observação participante",
"entrevista qualitativa", "abordagem de estudo de caso", "pesquisa participante", "pesquisa
fenomenológica", "pesquisa-ação", "pesquisa naturalista", "entrevista em profundidade",
"pesquisa qualitativa e fenomenológica", e outras [...]. Sob esses nomes, em geral, não obstante,
devemos estar alertas em relação, pelo menos, a dois aspectos.

Alguns desses enfoques rejeitam total ou parcialmente o ponto de vista quantitativo na pesquisa
educacional; e outros denunciam, claramente, os suportes teóricos sobre os quais elaboraram
seus postulados interpretativos da realidade (TRIVIÑOS, 1987, p.124).

Métodos qualitativos: fenomenologia e compreensão

 Analisam o comportamento humano, do ponto de vista do actor, utilizando a observação


naturalista e não controlada;
 São subjectivos e estão perto dos dados (perspectiva de dentro, insider), orientados ao
descobrimento;
 São exploratórios, descritivos e indutivos;
 São orientados ao processo e assumem uma realidade dinâmica;
 São holísticos e não generalizáveis

TIPOS DE PESQUISA QUALITATIVA

A partir daqui apresentamos os tipos de pesquisa qualitativa encontrados em alguns autores que
nos auxiliaram no levantamento desta discussão, cabe apresentá-los para que os usuários possam
aprofundar suas investigações nas obras aqui referenciadas: Triviños (1987), Lüdke e André
(1986), André (1995), Engers (1994), Coulon (1995a), Coulon (1995b), Thiollent (1988),
Orlandi (1996), Fazenda (1994), Rey (1998), Gil (1987), Medeiros (2000).
A divisão utilizada no texto se dispõe em dois segmentos: o primeiro apresenta os tipos de
pesquisa qualitativa que são aqueles que buscam a apreensão de um fenômeno em maior
profundidade e o segundo apresenta outros tipos de pesquisa que poderão auxiliar no
desenvolvimento das pesquisas, complementadas por este material de apoio investigativo.

1-O Estudo de Caso

Definição:

É uma categoria de pesquisa cujo objecto é uma unidade que se analisa aprofundadamente. Duas
circunstâncias devem ser observadas:

 Natureza e abrangência da unidade;


 Complexidade do estudo de caso determinado pelos suportes teóricos que servem de
orientação ao trabalho do investigador.

Tipos:

1º) Estudos de Casos histórico-organizacionais: O interesse do pesquisador recai sobre a vida de


uma instituição. A unidade pode ser uma escola, uma universidade, um clube etc. O pesquisador
deve partir do conhecimento que existe sobre a organização que deseja examinar.

2º) Estudos de Casos observacionais: Podemos dizer que esta é uma categoria típica de pesquisa
qualitativa. A técnica de coleta de informações mais importante dela é a observação participante
que, lembramos, às vezes, aparece como sinónima de enfoque qualitativo.

3º) O Estudo de Caso denominado História de Vida:

Geralmente, a técnica utilizada para a investigação em “História de Vida” é a entrevista


semiestruturada

que se realiza com uma pessoa de relevo social (escritor famoso, cientista célebre,

filantropo esclarecido, político de renome etc.), ou com uma pessoa de uma vila popular (como

a antiga professora, presidente da Associação de Mães, operários distintos, uma família qualquer
etc.). A entrevista aprofunda-se cada vez mais na “História de Vida” do sujeito
(BOGDAN, 1982 apud TRIVIÑOS, 1987, p. 134-136).

Características fundamentais:

l. Os estudos de caso visam à descoberta. Mesmo que o investigador parta de alguns


pressupostos teóricos iniciais, ele procurará se manter constantemente atento a novos elementos

que podem emergir como importantes durante o estudo. O quadro teórico inicial servirá assim de
esqueleto, de estrutura básica a partir da qual novos aspectos poderão ser detectados, novos
elementos ou dimensões poderão ser acrescentados, na medida em que o estudo avance. [...] o
pesquisador estará sempre buscando novas respostas e novas indagações no desenvolvimento do
seu trabalho.

2. Os estudos de caso enfatizam a "interpretação em contexto". Um princípio básico desse tipo

de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o
contexto em que ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral de um
problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas devem ser
relacionadas à situação específica onde ocorrem ou à problemática determinada a que estão
ligadas.

3. Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda. O pesquisador


procura revelar a multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou
problema, focalizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza a complexidade natural
das situações, evidenciando a inter-relação dos seus componentes.

4. Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de informação. Ao desenvolver o estudo de


caso, o pesquisador recorre a uma variedade de dados, coletados em diferentes momentos, em
situações variadas e com uma variedade de tipos de informantes.

5. Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas.

O Pesquisador procura relatar as suas experiências durante o estudo de modo que o leitor ou
usuário possa fazer as suas "generalizações naturalísticas". Em lugar da pergunta: este caso é
representativo do quê? O leitor vai indagar: o que eu posso (ou não) aplicar deste caso na minha
situação? A generalização naturalística ocorre em função do conhecimento experiencial do
sujeito, no momento em que este tenta associar dados encontrados no estudo com dados que são

frutos das suas experiências pessoais.

6. Estudos de caso procuram representar os diferentes e às vezes conflituantes pontos de vista

presentes numa situação social. Quando o objeto ou a situação estudada, podem suscitar opiniões
divergentes, o pesquisador procurará trazer para o estudo essa divergência de opiniões, revelando
ainda o seu próprio ponto de vista sobre a questão. Desse modo é deixado aos usuários do estudo
tirarem conclusões sobre esses aspectos contraditórios.

7. Os relatos do estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais acessíveis do que os

outros relatórios de pesquisa. Os dados do estudo de caso podem ser apresentados numa
variedade de formas, tais como dramatizações, desenhos, fotografias, colagens, slides,
discussões, mesas-redondas etc. Os relatos escritos apresentam, geralmente, um estilo informal,

narrativo, ilustrado por figuras de linguagem, citações, exemplos e descrições. É possível


também que um mesmo caso tenha diferentes formas de relato, dependendo do tipo de usuário a
que se destina. A preocupação aqui é com uma transmissão direta, clara e bem articulada do caso
e num estilo que se aproxime da experiência pessoal do leitor. Pode-se dizer que o caso é
construído durante o processo de estudo; ele só se materializa enquanto caso, no relatório final,

onde fica evidente se ele se constitui realmente num estudo de caso.

Em vista dessas várias características, pode-se indagar: em que o estudo de caso se distingue de
outros tipos de pesquisa? A preocupação central ao desenvolver esse tipo de pesquisa é a
compreensão de uma instância singular. Isso significa que o objeto estudado é tratado como
único, uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada.
Desse modo, a questão sobre o caso ser ou não ser "típico", isto é, empiricamente representativo
de uma população determinada, torna-se inadequada, já que cada caso é tratado como tendo um
valor intrínseco (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 18-20).

2-Etnográfico/Etnometodológico:
Etnográfico

Definição:

A etnografia é um esquema de pesquisa desenvolvido pelos antropólogos para estudar a cultura e


a sociedade. Etimologicamente etnografia significa "descrição cultural". Para os antropólogos, o
termo tem dois sentidos:

(1) um conjunto de técnicas que eles usam para colectar dados sobre os valores, os hábitos, as
crenças, as práticas e os comportamentos de um grupo social;

(2) Um relato escrito resultante do emprego dessas técnicas. (ANDRÉ, 1995, p. 27). Engers
(1994, p. 66) postula que Latorre et al. (1990), com base em estudos anteriormente
desenvolvidos, explicitam que esta abordagem de pesquisa descreve "etnoi", que significa
“outros” em grego, ou seja, é uma descrição detalhada do modo de vida dos outros grupos de
indivíduos ou raças (LATORRE et al., 1990 apud ENGERS, 1994, p. 66).

Características do tipo de pesquisa etnográfica na educação:

1- Técnicas de observação participante, entrevista intensiva e análise de documentos, princípio

de interacção entre o pesquisador e o objecto pesquisado;

2- O pesquisador é o instrumento principal na colecta e análise de dados;

3- Ênfase no processo, naquilo que está ocorrendo e não no produto ou nos resultados finais;

4- Preocupação com o significado, maneira própria com que as pessoas crêem em si mesmas,
suas experiências e o mundo que as cerca. O pesquisador deve apreender e retratar a visão
pessoal dos participantes;

5- Envolve um trabalho de campo;

6- Descrição e indução, ela utiliza grande quantidade de dados descritivos;

7- Busca a formulação de hipóteses, conceitos, abstracções, teorias e não sua testagem. Visa à
descoberta de novos conceitos, novas relações, novas formas de entendimento da realidade.
Alternativa metodológica de investigação educacional:

A Etnografia busca descrever, compreender e interpretar os fenómenos educativos que têm lugar
no contexto escolar. É evidente que sempre se vincula à teoria e à

Descrição através de uma visão holística, naturalista e indutivista, que caracteriza abordagem em
questão (ENGERS, 1994, p. 67).

Perspectivas teóricas param estudar educação:

1ª) Ecologia cultural - o etnógrafo volta-se para um grupo específico e seleciona a teoria cultural
que dê suporte para explorar o comportamento, as ações ou origens do analfabeto ou recursos do
grupo ou comunidade;

2ª)Etnografia da comunicação - o pesquisador se detém na compreensão do fenômeno


“alfabetização” para um grupo específico. O etnógrafo centralizará sua atenção nas ações e
interações entre os membros do grupo, tanto interna como externamente a este.

Este utiliza a Cultura como orientação conceitual, a base teórica como abordagem do estudo do
cotidiano do grupo e estabelece limites que servem para formulação das questões, planejamento
de métodos e técnicas de coleta e análise de dados (ENGERS,1994, p. 68).

O lugar do pesquisador:

É imprescindível que o investigador tenha presente seu grau de envolvimento na pesquisa, pois
ele ocupa lugar de destaque para descrição e compreensão da relação e inter-relação do cotidiano
escolar. A intensidade do envolvimento varia de acordo com as necessidades do trabalho e as
opções feitas. O pesquisador atua como observador, entrevistador e analista entre teoria e
empiria. Há autores que indicam um longo tempo de permanência em campo, para que o
pesquisador possa descrever, concretamente, as relações que emergem desse cotidiano. Porém,
parece que o importante é compreender esses fatos emergidos no e do grupo (ENGERS, 1994, p.
69).

Etnometodológico:

Definição:
A etnometodologia é a pesquisa empírica dos métodos que os indivíduos utilizam para dar
sentido e ao mesmo tempo realizar as suas ações de todos os dias: comunicar-se, tomar decisões,
raciocinar. Para os etnometodólogos, a etnometodologia será, portanto, o estudo dessas
atividades cotidianas, quer sejam triviais ou eruditas, considerando que a própria sociologia deve
ser tratada como uma atividade prática. Como observa George Psathas, a etnometodologia se
apresenta como ,uma prática social reflexiva que procura explicar os métodos de todas as
práticas sociais, inclusive os seus próprios métodos". Diferenciando-se nisto dos sociólogos que
geralmente consideram o saber do senso comum como "categoria residual", a etnometodologia
analisa as crenças e os comportamentos de senso comum como os constituintes necessários de
"todo comportamento socialmente organizado" (PSATHAS1980 apud COULON, 1995a, p. 30).

Método ou indiferença metodológica:

Os estudos etnometodológicos sobre as estruturas formais se destinam ao estudo de fenômenos


como, por exemplo, suas descrições pelos membros, quaisquer que sejam, abstendo-se de todo
juízo sobre a sua pertinência, seu valor, sua importância, sua necessidade, sua “prata alidade”,
seu sucesso ou consequência. Damos a esse modo de proceder, o nome de "indiferença
metodológica". Nosso trabalho não consiste em modificar, elaborar, contribuir, detalhar, dividir,
explicar, fundamentar a relação do raciocínio sociológico profissional, como tampouco a nossa
indiferença a essas tarefas.

A nossa indiferença se refere sobretudo ao conjunto do raciocínio sociológico prático, e esse


raciocínio implica inevitavelmente para nós, sejam quais forem as suas formas, o domínio da
linguagem natural. O raciocínio sociológico profissional não se distingue de maneira alguma
como fenômeno que chama a atenção de nossa pesquisa. As pessoas ao realizarem estudos
etnometodológicos podem preocupar-se nem mais, nem menos com o raciocínio sociológico
profissional do que com práticas do raciocínio jurídico, do raciocínio das conversações, do
raciocínio divinatório ou psiquiátrico, e assim por diante (GARFINKEL e SACKS, 1970 apud
COULON, 1995a, p. 81-82).

Projeto científico dessa corrente:

É analisar os métodos - ou, se quisermos, os procedimentos - que os indivíduos utilizam para


levar a termo as diferentes operações que realizam em sua vida cotidiana.
Trata-se da análise das maneiras habituais de proceder mobilizadas pelos atores socais comuns a
fim de realizar suas ações habituais. Essa metodologia leiga - constituída pelo conjunto do que
vamos designar por etnométodos - utilizada, de forma banal, mas engenhosa, pelos membros de
uma sociedade ou grupo para viverem juntos, constitui o corpus da pesquisa etnometodológica.
A etnometodologia é, assim, definida como a "ciência" dos "etnométodos", isto é, procedimentos
que constituem "o raciocínio sociológico prático" - expressão forjada por Harold Garfinkel,
fundador da corrente e "inventor" da palavra (COULON, 1995b, p. 15).

Principais proposições da Interação Simbólica:

 Vivemos em um meio ambiente, simultaneamente, simbólico e físico, e somos nós que


construímos as significações do mundo e de nossas ações no mundo com a ajuda de
símbolos;
 Graças a esses símbolos "significantes" que, segundo Mead, são distintos dos "sinais
naturais", temos capacidade para "tomar o lugar do outro" porque partilhamos com os
outros os mesmos símbolos;
 Partilhamos uma cultura que é um conjunto elaborado de significações e valores que
orienta a maior parte de nossas ações e permite-nos predizer, em larga medida, o
comportamento dos outros indivíduos;
 os símbolos e, portanto, também o sentido e valor que lhes estão associados, não são
isolados, mas fazem parte de conjuntos complexos, em face dos quais o indivíduo define
seu "papel"; tal definição é designada por Mead como sendo o "ego", que varia segundo
os grupos com quem está em relação, enquanto seu "eu" é a percepção que tem de si
mesmo como um todo: "O ‘eu’ é a resposta do organismo às

3-Análise de contexto ou microetnografia:

Definição:

Estudo do sistema social em miniatura: a observação do nível local, as interpretações de situação


feitas insitu reenviava a hipóteses que podiam ser feitas no âmbito geral dos sistemas.

Características:
 Disponibilidade dos dados, suscetíveis de serem consultados (por exemplo, documentos
áudio ou vídeo, ou transcrição integral);
 Exaustividade do tratamento dos dados que é um meio de luta contra a tendência a limitar
a exploração aos elementos favoráveis às hipóteses dos pesquisadores;
 Convergência entre pesquisadores e participantes sobre a visão dos acontecimentos na
medida em que os pesquisadores garantem que a perfeita identidade entre a estrutura que
descobrem nas acções é aquela que orienta os participantes nessas ações. São utilizados
“dispositivos de verificação”: demanda de confirmação, junto aos entrevistados, de que
os quadros de análise são corretos;
 Análise interacional que evita a redução psicológica e, ao mesmo tempo, a
reificaçãosociológica. Na medida em que a organização dos acontecimentos é
socialmente construída, procurar-se-á essa estruturação nas expressões e gestos dos
participantes (COULON, 1995b, p.109-110).

4-Pesquisa-Ação/Pesquisa Participante:

Pesquisa-Ação:

Definição:

Tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação
com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo
ou participativo (THIOLLENT, 1988, p. 15).

Principais aspectos:

a) há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação


investigada;

b) desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem pesquisados e das

soluções a serem encaminhadas sob forma de ação concreta;

c) o objeto de investigação não é constituído pelas pessoas e sim pela situação social e pelos
problemas de diferentes naturezas encontrados nesta situação;
d) o objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os problemas
da situação observada;

e) há, durante o processo, um acompanhamento das decisões, das ações e de toda a actividade
intencional dos atores da situação;

f) A pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ativismo): pretende-se aumentar o
conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o "nível de consciência" das pessoas e
grupos considerados (THIOLLENT, 1988, p. 16).

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