Epvm Na Dinâmica Da Paróquia

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O EPVM

NA DINÂMICA DA PARÓQUIA

CATECUMENATO MATRIMONIAL

Organizado por Frei Edson Marcos Minski, oad

Fonte de base o livro Encontros de Preparação para a Vida


Matrimonial na Dinâmica Matrimonial
APRESENTAÇÃO

A Exortação apostólica pós- sinodal Amoris Laetitia,


do Papa Francisco, convida toda a Igreja ao estudo e à
revisão da ação pastoral no que concerne à família, sendo
que o primeiro deles é “fortalecer a pastoral da
preparação para o matrimônio com novos itinerários
catecumenais”.

A preparação para o matrimônio é um dos temas


mais recorrentes nos documentos da Igreja sobre a
família. Há uma preocupação com a desestruturação dos
casamentos nos nossos dias. Uma preparação adequada
dos jovens para assumirem tão grande responsabilidade
na vida é uma grande ajuda.

O Papa Francisco afirma, na exortação apostólica


Amoris Laetitia, que: “a complexa realidade social e os
desafios, que a família é chamada a enfrentar atualmente,
exigem um maior empenhamento de toda a comunidade
cristã na preparação dos noivos” (Papa Francisco,
AL206).

Este maior empenhamento pode ser entendido de


muitas maneiras e em muitos momentos, mas uma delas
é, com certeza, aprofundar os encontros de preparação
para o matrimônio, conhecidos por outros nomes como
Cursos de Noivos, que deve ter a dimensão de uma
catequese pré-matrimonial capaz de apresentar e discutir
questões fundamentais para um verdadeiro
discernimento vocacional.
A PREPARAÇÃO PARA O MATRIMÔNIO

“Quantos destes jovens que frequentam os cursos pré-


matrimoniais entendem o que significa «matrimônio», sinal
da união entre Cristo e a Igreja. «Sim, sim», dizem sim,
mas compreendem isto? Têm fé nisto? Estou persuadido
de que é necessário um verdadeiro catecumenato para o
Sacramento do matrimónio, e não se limitar a fazer a
preparação mediante duas ou três reuniões e depois ir em
frente.” (Discurso do Papa Francisco aos participantes no curso
sobre o novo processo matrimonial, 25 de Fevereiro de 2017).

A preparação para o matrimônio não é uma atividade


complementar na vida paroquial, mas sim fundamental,
pois “a preparação para o casamento é de primeira
importância” (CIC1632: Catecismo da Igreja Católica).

“Haja o máximo cuidado pastoral na formação dos


nubentes e na prévia verificação das suas convicções
acerca dos compromissos irrenunciáveis para a validade
do sacramento do matrimônio. Um sério discernimento a
este propósito poderá evitar que impulsos emotivos ou
razões superficiais induzam os dois jovens a assumir
responsabilidades que depois não saberão honrar” (Bento
XVI, 2011).

“A decisão de casar e constituir família deve


ser o resultado de um discernimento vocacional.”
(AL 72).

A chave para uma boa catequese matrimonial é o


acompanhamento dos noivos, que permite que os agentes
conheçam melhor os noivos e estes se abram expondo
suas dúvidas e inseguranças. Assim, os EPVM devem
ajudar os noivos a consolidarem a intenção de contraírem
o matrimônio ou mesmo a concluírem que não possuem
vocação, consciência ouadesão necessária para este ato.

A partir dos EPVM o casal deverá entender o


matrimônio como vocação e se sentir seguro para
contraí-lo. Mas os EPVM também devem favorecer que
o casal tome a decisão de adiar ou romper o
relacionamento, caso conclua não estar preparado ou
não ser esta a vocação de um dos noivos ou mesmo
do casal.

SUGESTÕES GERAIS

Para que os noivos possam vivenciar profundos


momentos de preparação, uma verdadeira “catequese pré-
matrimonial”, este material tem seu foco na estruturação
de EPVM que permitam o acompanhamento dos noivos
por meio de “encontros frequentes”, o que é conhecido
também por vários nomes como Encontros
Personalizados, Encontros por Acolhimento, por Acolhida
ou por Acompanhamento etc.

É neste sentido que apresento algumas sugestões:

 Os EPVM precisam ser vivos na vida paroquial,


com ampla divulgação nos avisos das missas,
informativos paroquiais, bem como nas
pastorais, movimentos e serviços para que
estejam sempre presentes na mente dos
paroquianos. Hoje, o uso da Internet e das redes
sociais é importante ferramenta para a
evangelização e deve ser também utilizada para
divulgar os EPVM.

 O início e encerramento dos encontros durante


missas é algo bastante importante, pois além de
atraírem à missa muitos noivos que estão
afastados, serve de boa propaganda para toda a
paróquia.

 O matrimônio, que seja buscado por casais que


amem a Igreja e, por isso, sejam capazes de
dedicar tempo na preparação, mesmo à custa de
algumas renúncias. A realidade, em muitos
casos, pode não ser esta, sendo que muitos
casais desejam o casamento na Igreja Católica,
mas sem a formação e convicção necessárias.
Não se pode desvalorizar o sacramento diante do
receio de que casais não aceitem participar da
preparação e desistam de se casar.

 Desenvolver uma atitude missionária: ir ao


encontro dos casais da paróquia e se interessar
por eles. A partir do conhecimento ou indicação
de terceiros, casais de namorados e noivos sem
impedimentos para o matrimônio, podem ser
abordados pessoalmente e convidados a
participarem dos EPVM. Assim, os encontros
podem se tornar conhecidos a ponto de serem
buscados espontaneamente pelos casais de
namorados firmes (um ano de namoro), noivos ou
mesmos de coabitantes.

 É também objetivo geral dos EPVM levar os


noivos a tomarem a decisão de adiar ou romper o
relacionamento. Esse ponto fica comprometido
quando os noivos frequentam os encontros em
data próxima ao casamento. Tanto a capacidade
de reflexão do casal quanto a eventual ruptura de
um relacionamento se tornam mais difíceis com a
proximidade da data da celebração.

 Os EPVM são parte do discernimento do casal e


o ideal é que o casamento seja marcado após a
realização dos encontros, que oferecem
melhores resultados quando realizados no início
do noivado ou até mesmo antes dele, quando o
casal planeja noivar.Contudo, não sendo possível
desta forma, o recomendado é que se
programem para encerrar os encontros com a
antecedência mínima de seis meses da data do
casamento.

 O número de casais que constituem um lar sem


vínculo do matrimônio é cada vez maior. Mas
também tem sido crescente a busca do
Sacramento do Matrimônio por parte desses
casais coabitantes que não possuem
impedimento canônico, conhecidos também por
amasiados. Esta é uma desafiadora realidade
pastoral, principalmente do ponto de vista de
atrair estes casais para momentos de reflexão,
formação e discernimento maduro. Mas, do ponto
de vista da preparação para o matrimônio, isso
não representa significativas mudanças na
estrutura dos EPVM. Se houver possibilidade, é
interessante que o atendimento de casais
maduros seja feito por agentes também maduros,
mediante disponibilidade da equipe.

 Todos os casais que desejam contrair o


matrimônio, independentemente de suas
histórias de vidas e tempos de convivência,
mesmo aqueles que terão "casamentos coletivos
ou comunitários", podem ser encaminhados para
a participação nos EPVM.

 Em algumas realidades fala-se em um prazo


validade para os EPVM, como um ou dois anos,
por exemplo. Contudo, é de se questionar a
necessidade de se estipular um prazo, pois o
casal que segue o noivado após ter realizado os
encontros demonstra ter alcançado os objetivos,
ainda que o noivado se estenda por alguns anos.
De forma prática, não é compatível haver um
prazo de validade e, por outro lado, convidar os
namorados firmes e noivos a participarem dos
EPVM da forma mais antecipadapossível, como é
o mais recomendado. Algo que pode ser alegado,
tanto da parte dos noivos quanto da parte dos
agentes, é a sensação de haver uma lacuna, de
estar faltando algo quando o casal participa dos
EPVM com muita antecedência e não nos meses
próximos ao casamento. Tal sensação existe
principalmente quando não é oferecida a última
etapa da preparação "às vésperas" da celebração
do matrimônio, nos meses ou semanas que o
antecedem:a Preparação Imediata.

 Cada tema essencial necessita ser bem


trabalhado, com momentos para partilhas em
grupo, conversas do casal e, se possível,
atividades de aprofundamento como textos
complementares, vídeos ou filmes, pesquisas etc.
Não é possível desenvolver bem cada tema em
um encontro (uma reunião) com menos de 90
minutos, excluindo-se as atividades
complementares. Alguns temas necessitam de
mais de uma reunião para serem bem
trabalhados, podendo ser divididos em duas ou
mais partes.

 Em sintonia com a Amoris Laetitia, que tem o


verbo “acompanhar” como uma de suas palavras-
chave, os agentes de preparação para a vida
matrimonial devem se esforçar para caminharem
mais próximos dos noivos, na perspectiva de criar
vínculos e se tornarem referência para eles. O
caminho recomendado para isto é promover
diversos encontros, evitando-se um curso
condensado em poucas horas e em poucos dias.

 Outro aspecto que aproxima os agentes dos


noivos e favorece a partilha é o afastamento do
modelo de palestras e a aproximação do modelo
de leituras e reflexões em grupos, no “clima de
diálogo, de amizade, de oração”. Assim, os
encontros podem ser organizados com pequenos
grupos que caracterizam um ambiente de partilha
e amizade.

 Pode-se planejar de forma que alguns agentes se


encontrem com alguns casais de noivos, mas
também há realidades onde o(s) agente(s)
acompanha(m) somente um casal de noivos. Não
há um número fixo, o importante é que o grupo
seja sempre pequeno, pois isso promove a
partilha e criação de vínculos.

 Os encontros devem ser simples. No modelo de


leitura e partilha em pequenos grupos não é
necessária a preparação slides, vídeos e outras
apresentações, como acontecem nas tradicionais
palestras.

 “Menos formal que o “curso de noivos”, esse


catecumenato pode ser realizado nas casas,
acompanhando cada casal de noivos ou
agrupando vários. Ele expressa muito mais a
participação da comunidade, e integra
progressivamente os novos casais na vida
eclesial.” (Orientações Pastorais sobre o Matrimônio,
CNBB, 1978) Em se tratando de famílias, nada
melhor que o ambiente familiar para a realização
dos encontros.

 O ideal é que os encontros aconteçam sempre


com o mesmo grupo, não havendo rodízio de
agentes e temas. Ao invés de se ter casais
especialistas em determinados temas, os agentes
de preparação para a vida matrimonial devem
trabalhar com todos os temas, isto favorece
também a criação de vínculo e o
desenvolvimento de boas amizades, que permite
aprofundamento das partilhas e verdadeiro
discernimento vocacional.

 O ambiente deve primar pela simplicidade e


informalidade. Em todas as reuniões deve haver
uma Bíblia disponível, pois sempre deve haver
uma leitura bíblica. Estimulem os noivos a terem
e a utilizarem suas Bíblias.

 Os EPVM não são o final da preparação, assim,


aqueles que os acolheram durante os EPVM
devem procurar manter contato com momentos
de oração e partilha até a data do casamento,
além de uma boa amizade, que é o melhor
apostolado. Daí a necessidade dum
acompanhamento pastoral que continue depois
da celebração do sacramento.

 Os agentes devem ser, sobretudo, fiéis católicos


que saibam ser enviados pela Igreja e sejam
pessoas de doutrina segura e fidelidade
indiscutível ao Magistério da Igreja. Nas equipes
de agentes que oferecem os EPVM podem e
devem colaborar os casais unidos pelo
sacramento do matrimônio, mas também os
solteiros e os religiosos consagrados, bem como
os viúvos. Estes, especialmente, já viveram o
matrimônio e podem dar grandes contribuições.
De forma geral precisam amar a Igreja e valorizar
o sacramento do matrimônio. Nesta pastoral, tem
grande importância a presença de casais de
esposos com experiência.

Passo a passo dos EPVM

A partir dos documentos da Igreja, e do conhecimento


de diversas realidades e iniciativas, apresento uma
sugestão ou um "esquema", dentre os vários possíveis,
para o funcionamento dos EPVM, desde a inscrição dos
noivos até o momento do encerramento (cientes de que o
acompanhamento e orientação não terminam no
momento doencerramento)

I. Inscrição dos candidatos ao matrimônio

Os noivos serão motivados a procurarem a secretaria


paroquial ou os responsáveis pelos encontros (que podem
fazer plantões nas igrejas após as missas) para se
inscreverem nos EPVM.

É interessante que a ficha de inscrição solicite


informações de cada um dos noivos, como:

 nome e endereço completo;

 religião;
 se são batizados, fizeram primeira comunhão e
são crismados;

 tempo de namoro e noivado;

 se moram juntos;

 se possuem filhos do casal e de


relacionamentos anteriores, citando as idades
dos filhos;

 se são viúvos e há quanto tempo, bem como o


tempo de vida matrimonial;

 se participam de alguma pastoral, movimento


ou serviço;

 se possuem data marcada do casamento e qual


a data.

A ficha pode indicar os dias e horários para os


encontros, tendo em vista as disponibilidades dos
agentes. Os noivos podem marcar na ficha os horários que
preferem.

II. Distribuição dos noivos

A equipe pode se reunir ou deixar a cargo de uma


secretária a distribuição dos noivos diante das
possibilidades destes e dos agentes, tomando o cuidado
para manter grupos pequenos, com até quatro casais de
candidatos ao matrimônio (noivos), pois somente em
grupo menor se faz uma partilha madura e se estabelece
vínculos. Dependendo da disponibilidade dos agentes e
da demanda paroquial pelos EPVM, um casal de agentes
pode acompanhar um único casal de noivos.

Havendo disponibilidade na equipe, é interessante que


em cada grupo esteja mais de um casal de agentes, o que
enriquece a trocade experiências.

Quando há noivos amasiados (convivência marital) há


vários anos e, especialmente, com filhos, acredito ser
adequado que sejam acolhidos por casais também com
mais tempo de casamento.

III. Primeira reunião

A primeira reunião serve de conhecimento entre todos


os noivos e toda a equipe, onde é explicado o
funcionamento dos EPVM. Após a oração inicial, o(a)
coordenador(a) de toda a equipe ou o pároco dá as
orientações gerais e os grupos se dividem, reunindo os
noivos e seus agentes acolhedores. É enriquecedor
quando esta reunião acontece após uma missa e nesta os
noivos sejam apresentados à comunidade.
IV. Reuniões temáticas

O local deve ser preparado com carinho. Sugerimos


que haja uma imagem da Sagrada Família e uma Bíblia.
Pode-se deixar garrafas com água no local da reunião e
até café ou chá. Cuide-se para haver momentos de canto,
escolhendo previamente as musicas e prepararem
o instrumento ou o aparelho como CD Player, computador
etc.

É muito importante que os casais acolhedores já


tenham lido os encontros, de modo a conhecerem a
temática, para não improvisaremdurante a reunião com os
noivos. Também devem portar fichas com questões
complementares, que podem ser abordadas durante os
encontros. Faça-se o registro de presença dos noivos e,
se houver alguma falta, planejem-se encontros de
reposição.

Cada reunião deve começar com uma oração inicial e


também terminar com uma oração. No desenvolvimento
dos temas, a partir de um texto base, cuide-se para haver
momentos de partilha.

Para maior aproveitamento dos temas, aconselho que


o intervalo de tempo entre as reuniões não seja inferior a
uma semana (o ideal é que fosse quinzenal), uma vez que
os casais terão mais tempo para realizar as tarefas. Este
intervalo pode ser bem aproveitado com proposição de
atividades para os casais, bem como o envio de textos,
músicas, vídeos e demais recursos como e-mail e Whats
App. Acreditamos que uma mensagem a cada 3 dias seja
um bom número.

V. Encerramento

O último encontro pode também começar com a Santa


Missa na qual os noivos podem ser apresentados
novamente e abençoados. Após a missa, pode-se
acontecer um momento de confraternização envolvendo
também os pais dos noivos.

VI. Situações especiais

Não podemos esquecer que a comunidade não é uma


uniformidade e, portanto, situações especiais que
dificultem a realização plena de todos os encontros podem
acontecer. Nestes casos, o pároco deve ser consultado e
procedimentos especiais podem ser propostos a partir de
seguro discernimentopastoral.

Ofertar encontros personalizados a partir da


disponibilidade dos casais é uma bela atitude do
catequista que se preocupa com seus catequizandos. Hoje
também temos a possibilidade de reuniões à distância por
meio de serviços como o Skype. Diversas opções existem,
mas devemos ter em mente que reduzir drasticamente o
tempo de preparação ou os temas estudados pode
parecer uma ajuda frente a alguns obstáculos, mas não
constituem um real benefício para os casais. O grande
bem que podemos oferecer aos casais é a possibilidade
de se casarem com segurança e conhecime.

De forma geral, deve-se ter em mente que os EPVM


precisam ter como peças estruturais as seguintes
palavras-chave:

ACOMPANHAMENTO VÍNCULO

DISCERNIMENTO
PARTILHA
VOCACIONAL

ENCONTROS PEQUENOS
FREQUENTES GRUPOS

CONTEÚDO ANTECIPAÇÃO

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