Dobrado Guri Atividades de Execucao e Apreciacao Musical Na Pratica em Conjunto - Celso Benedito

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SUPLEMENTO MUSICAL

SEÇÃO PRÁTICA DE CONJUNTO

7
Dobrado Guri: Atividades de execução
e apreciação musical na prática em
conjunto
Celso Benedito

Apoio e revisão pedagógica


Ary Junior e Elizabeth Carrascosa

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO 03
1.1 Introdução/Justificativa 03

2. APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS 04


2.1 Proposta musical 1: O Dobrado Guri - A forma 04
2.1.1 Atividade 1: Dobrado Guri: apreciação e execução 05
2.1.2 Atividade 2: A ginástica – escalas e ritmos 07
2.1.3 Dicas para trabalhar com alunos com deficiência auditiva 10
2.1.4 Atividades para levar para casa 11
2.1.5 Modo de aferição dos resultados 11
2.2 Proposta Musical 2: a função das vozes 12
2.2.1 Atividade 1: Percebendo a função das vozes 13
2.2.2 Atividade 2: A redução do dobrado para cada instrumento 15
2.2.3 Atividades para levar para casa 16
2.2.4 Modo de aferição dos resultados 16

3. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 17

4. ANEXOS 19

Celso Benedito
Natural de São João del Rei/MG. Estudou trompa com os professo-
res Zdenek Svab, Daniel Havens e Michael Alpert. Trabalhou com a
Orquestra Experimental de Repertório, Banda Sinfônica do Estado de
São Paulo, Orquestra da Rádio e Televisão Cultura, Grupo Harmo-
niemusik e Orquestra Jazz Sinfônica. Aperfeiçoou seus estudos na
Salford University e Royal Northern College of Music de Manchester
– Inglaterra. Concluiu o Mestrado em Musicologia pela Escola de
Comunicações e Artes – USP. Atualmente é professor adjunto de
trompa da Escola de Música da UFBA. E-mail: [email protected]

Wellington das Mercês


Bacharel em trompete pela Escola de Música da UFBA. Integrou a
Banda Sinfônica da UFBA, Metais Musicâmara Quinteto, Bahia En-
semble e Orquestra Sinfônica da UFBA. Vem atuando com: Dionorina,
Grupo Ara Ketu, Gerônimo, Timbalada, Jammil e Uma Noites, Salsa-
litro, Lazzo, as Orquestras de Zeca Freittas e Paulo Primmo, o ango-
lano Filipe Mukenga e Elpídio Bastos. É membro-fundador do grupo
Performance Metálica Quinteto. Email: [email protected]

São Paulo | DEZEMBRO | 2011


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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 Introdução/Justificativa

A banda de música representa uma formação inserida em nossa re-


alidade cultural desde os tempos do Brasil colônia. Por menor que fosse
a cidade, vila ou arraial, havia a formação de uma banda, tornando-se
assim uma das principais manifestações populares, integradora da vida
social, religiosa, política e cultural das comunidades. Importantes polos
educacionais, estes grupos possuem “estratégias” de ensino musical
que aproximam a teoria da prática. É importante entender que tais cor-
porações têm sido eficientes na iniciação musical dada em ambientes
não-formais à maioria dos profissionais de instrumentos de sopro do
país.
O estilo de composição que mais identifica a banda de música é o
dobrado - marcha militar que se adaptou às culturas locais de países
que possuem grande tradição em bandas. Aqui no Brasil, o dobrado se
tornou música de concerto dada a atenção dedicada pelos mestres de
bandas brasileiras a este tipo de composição. Embora existam dobrados
para piano, acordeom ou violão, o estilo nasceu com a formação instru-
mental sopros-percussão.
As atividades apresentadas neste suplemento têm por finalidade
oferecer aos alunos do Projeto Guri, por meio da execução de um do-
brado, estilo musical muito próprio da cultura paulista, a compreensão
da forma e função das vozes dentro de uma composição. Os exercícios
propostos estão focados no fazer musical, de maneira que sua execução
e apreciação estejam em conformidade com as ideias do pedagogo in-
glês Keith Swanwick sobre os princípios de educação musical que são:
“considerar a música como um discurso; considerar o discurso musical
dos alunos e; fluência musical do princípio ao fim” (SWANWICK, 2003).

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Objetivo geral Objetivos específicos
X Compreender a forma, movi- X Identificar a função de cada
mento e funções das vozes de uma voz na forma do dobrado
obra musical, por meio da execução X Desenvolver a leitura musical
e apreciação do Dobrado Guri den- na prática coletiva.
tro da prática em conjunto.
X Perceber as vozes e suas fun-
ções dentro do estilo dobrado.

2. APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS

2.1 Proposta musical 1: O Dobrado Guri – a forma

s Duração aproximada: Materiais necessários:


Duas aulas de 50 minutos cada uma. X Instrumentos de sopros
e percussão.
X Cds para apreciação dos
dobrados Dois corações de
Organização dos alunos para as aulas: Pedro Salgado, Saudades
Dispostos como no ensaio e com os res- da minha terra de Luís Eva-
pectivos instrumentos: o regente/educa- risto Bastos; e Baptista de
dor, madeiras na frente, seguido de metais Mello de Manoel Alves .
e percussão. X Aparelho de som
X Cópias dos exercícios e
partituras
X Cópias das atividades
Descrição geral da proposta:
para levar para casa
A proposta tem por objetivo a prática em
conjunto com a execução do Dobrado Guri. X Lousa e giz

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2.1.1 Atividade 1: Dobrado Guri: apreciação e execução

(Solicite a partitura no CDM Cadastro: p1717, Dobrado Pedagógico


(Mercês, Wellington das))
Obs: a marcação da percussão para todos os exercícios está con-
tida no exercício 5

Momento 1: Primeira leitura


Proponha uma leitura à primeira vista do Dobrado Guri.
Deixe que os alunos se familiarizem com a partitura
por uns 10 minutos.
As partes do Dobrado Guri já devem estar na estante.

Enquanto você anota na lousa as formas dos dois dobrados e outras


informações, deixe que os alunos ‘aqueçam’ os instrumentos com o
dobrado.

Momento 2: Primeira execução


Após o reconhecimento, todos os alunos devem executar o dobrado a partir
da partitura. A proposta do suplemento se dará dentro do ensaio, ou seja, as
atividades se entrelaçam em um mesmo espaço (a sala de ensaio como a sala
de aula, em diferentes níveis). É importante saber que, seja como aluno, mú-
sico ou educador, sempre haverá envolvimento com questões relacionadas ao
ensino-aprendizagem. Portanto não somente com o ensaio, mas também por
meio de sua atuação com o uso do dobrado, que se dará o desenvolvimento
musical dos alunos. As atividades que envolvem contato direto do aluno com
o instrumento musical são melhores recebidas pelos alunos, já que meninos
e meninas procuram o Guri para aprender um instrumento.
Neste primeiro momento não é necessário afinar os instrumentos. Somente
devemos nos preocupar com a execução.
A prática da leitura é um desafio. Lembre aos alunos o que Villa-Lobos dizia:
“o que é difícil hoje, fica fácil amanhã”. Se possível, tente chegar ao final
da obra. Caso não consiga finalizar a leitura completa, elogie o esforço dos
alunos e passe ao momento 3.

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Momento 3: A proposta do su- Momento 4: A forma: a compreensão da
plemento estrutura da obra
Esclareça brevemente aos alu- Diga aos alunos que, a partir da apreciação
nos o objetivo do suplemento. musical iremos melhorar a capacidade de
Diga que, por meio do estudo compreensão da música. Realize com eles a
do Dobrado Guri haverá um pro- audição do dobrado Dois corações de Pedro
cesso de ensino-aprendizagem Salgado (5 min.) Após a escuta faça uma bre-
que levará em conta o caráter ve explanação:
e a estrutura da obra musical. A “forma” é o tratamento que damos às nos-
Assim, o aluno encontrará uma sas ideias. Na composição de uma obra mu-
ferramenta pedagógica dentro sical este princípio também é o mesmo.
da prática em conjunto com
Primeiro temos uma ideia (cante, toque ou
inúmeras expectativas na com-
assobie um fragmento do dobrado, ou uma
preensão da forma e na função
canção conhecida). Esta ideia se transforma
das vozes.
em um tema. O tema em uma frase. E essa
frase em períodos e partes. É como contar
uma história. Assim, a forma é a estrutura
da música.

Exemplifique aos alunos que isto é parecido com uma história que irá ser
contada, ou a confecção de uma redação, o enredo ou trama de um filme,
começo, meio e fim entre outras.

Momento 5: A estrutu- Momento 6: Audição comparada: procurando detalhes


ra do Dobrado Guri Realize uma audição comentada para os alunos do dobrado
No Dobrado Guri a estru- Dois corações e o Dobrado Guri. Exemplo: inicie com a in-
tura se apresenta com: trodução do dobrado Dois corações, depois toque ou cante
Introdução – 1a parte com os alunos a introdução do Dobrado Guri.
– 2a parte - 3a parte. Em seguida demonstre as outras partes e vá tocando e com-
parando os dois dobrados. Escreva na Lousa a forma dos
dois dobrados. Relembre e repita os trechos.

Toque (de preferência) ou cante as partes do Dobrado Guri. Questione


os alunos se eles são capazes de identificar os elementos da estrutura
mencionados anteriormente (as frases e períodos são regulares).

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Dobrado Dois corações
Introdução – Parte 1(2x) – Parte 2 (2x) – Parte 1(1x) – Ponte –
Parte 3 ou Trio (2x)

Dobrado Guri
Introdução – Parte 1(2x) - Parte 2(2x) - Parte 3

2.1.2 Atividade 2: A ginástica – escalas e ritmos

Momento 1: Princípios para um bom instrumen-


tista
Ouça com os alunos o dobrado Saudades de minha ter-
ra (5 min)
Em seguida faça uma breve explanação: con-
forme Swanwick (2003, p.31), “existe uma dinâmi-
ca entre sonoridade e expressividade”. Portanto,
como desdobramento deste princípio, diga aos
alunos que cinco qualidades ou princípios são bá-
sicos para ser um bom instrumentista.
Som – é o que mais chama a atenção
quando ouvimos alguém tocar.
Afinação – não adianta ter um som
bonito se não somos afinados.
Ritmo – som bonito e afinado não é o
suficiente para tocarmos com outras pessoas.
É necessário respeitar as durações das notas.
Técnica – precisamos dominar nosso
instrumento. Temos que cobrir todas as ex-
pressões e diferentes estilos.
Interpretação – nosso aspecto
pessoal na execução musical.

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Para se dominar um instrumento
devemos praticar escalas, arpejos e possuir
um amplo repertório. Não basta tocar somente
notas afinadas, na hora certa e com som bonito.
Isso já é muito bom, mas precisamos nos preocu-
par com a dinâmica, que pode ser suave, extrema-
mente forte ou num meio termo; com articulações,
como o staccato e o legato; e com equilíbrio, pois temos
que tocar com instrumentos de madeiras e metais.
As peças musicais exigem aproximações diferentes: o
ataque de um forte no dobrado é diferente do forte de uma val-
sa. Nós, instrumentistas, precisamos praticar e entender todas
as expressões e vários estilos. –para tornar isso possível, além do
estudo dos estilos, precisamos também da técnica. Daí a importância
dos exercícios propostos neste suplemento.
Portinari, famoso pintor brasileiro, dizia que a técnica é o facilita-
dor, ou o meio, para o artista transmitir sua sensibilidade e espiritua-
lidade. A técnica registra o conhecimento e o desenvolvimento. “Quem
não erra e não duvida, não pode aprender”.

Momento 1: a prática dos exercícios pedagógicos 1 e 2


Cante e execute com os alunos os exercícios 1 e 2 (anexos). As
tonalidades escolhidas devem ser as que estão presentes no dobrado.
Você, por exemplo, pode iniciar com todos os alunos tocando a escala
(apenas 1 oitava) em notas longas. A percussão pode fazer um rulo ou
estabelecer um ritmo. Adote o compasso quaternário. Estabeleça uma
respiração de 2 em 2 compassos. Em seguida, peça aos metais graves
(tuba, trombone ou eufônio, entre outros) que manhtenham a tônica
enquanto o restante dos instrumentos tocam a escala. Oriente os alunos
a perceberem os intervalos de cada grau da escala em relação ao pedal
(tônica). Interrompa sempre que julgar necessário e depois inverta os
grupos: metais graves se movimentam e o restante do grupo mantém a
tônica.
A partir do exercício 1 faça com que todos cantem e depois peça
para os alunos executarem a primeira frase (até o compasso 8) em
diferentes dinâmicas.

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Comece com um movimento lento e construa a frase. Faça com que
os alunos ouçam os colegas e percebamos diferentes naipes. “Enxergar
com os ouvidos e ouvir com os olhos”; ao tocar em grupo o aluno precisa
desenvolver estas aptidões para reconhecer timbre, vozes e ritmos, entre
outras coisas. Incentive os alunos a perceberem estas características
em cada instrumento. O aluno precisa aproveitar tanto nas metas a
alcançar como nos caminhos que conduzem a elas. (Gainza, 1988); ou
seja, o aprendizado deve ser prazeroso. Escolha maneiras interessantes
de como executar as escalas e transmita isso aos alunos. Proponha ou-
tras variações para as escalas e comece com um andamento moderado
até chegar à semínima (120).
Realize novamente as escalas, mas agora peça para os alu-
nos executarem os diversos exemplos rítmicos do exer-
cício 2. Você e o alunos podem variar e criar outras
células rítmicas.
Nos primeiros dois exercícios do su-
plemento (veja os anexos) trabalhe com os
alunos a sonoridade, a afinação e o ritmo.
Relembre aos alunos que estes são os prin-
cípios para se tornar um instrumentista.
Trabalhe os trechos com eles lentamente.
Como? Faça-os “enxergar com os ouvidos e
ouvir com os olhos”. Encontre metáforas para
o desenvolvimento musical. Swanwick (2003,
p.15) ressalte isso: “a pluraridade no discurso
musical é alcançada quando, por meio de outros
significados, a imaginação é aplicada ao ensino”. O
aluno quando estiver tocando em grupo precisa desenvolver
estas aptidões para reconhecer timbres, vozes, ritmos, entre outras
características. Para Swanwick, é a apreciação musical engajada.
Realize a segunda frase do exercício 1 (compasso 9 até o fim) e
depois proponha a execução das outras frases do dobrado. O ensaio-
aula é o momento em que os alunos observam, acompanham e praticam.
A ideia é que, ao executar os exercícios propostos, os alunos passem a
sentir, manipular e se expressar. (25 a 30 min).

Momento 3: A execução do Dobrado Guri


(5 minutos ou até o final da aula)

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2.1.3 Dicas para trabalhar com alunos com deficiência auditiva

Segundo Louro (2006), em muitas instituições dedicadas ao aten-


dimento de pessoas com deficiência, a música é parte integrante das
atividades diárias. No caso deste suplemento, é importante que você se
relacionar com os alunos portadores de deficiência da mesma maneira
que lida com os demais alunos. Mesmo assim, há de alunos que não irão
conseguir acompanhar o conteúdo da aula. Daí a importância de você ter
outros objetivos dentro da aprendizagem, adaptados às particularidades
e condições cognitivas de cada aluno.
Algumas dicas para trabalhar com alunos com deficiência auditiva:
G É importante saber o nome correto para nos referirmos a pessoas
com problemas auditivos: pessoa com deficiência auditiva (que ainda
possui resíduos auditivos) ou pessoa com surdez.
G Ao contatar uma pessoa com deficiência auditiva ou surda, pro-
cure perceber qual a forma de comunicação usada por ela (LIBRAS, ges-
tos, mímica, leitura labial, sinais caseiros, alfabeto manual, escrita,
entre outros).
G Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver
prestando atenção em você, acene para ela ou toque levemente em seu
braço.
G Quando estiver conversando com uma pessoa surda, fale direta-
mente, de maneira que sua boca esteja visível. Pronuncie bem as pala-
vras, usando a velocidade e altura que costuma falar - a não ser que lhe
peçam para falar mais devagar ou mais alto.
G Se policie para não falar enquanto estiver de costas para os
alunos.
G A leitura e a escrita podem ser recursos importantes para a co-
municação com pessoas com deficiência auditiva ou surdas. Nestes ca-
sos, ao escrever procure utilizar frases curtas e claras. Ao ler ou pedir
que os alunos leiam algo, esteja atento, pois a pessoa com deficiência
auditiva, em grande parte dos casos, escreve com outra estrutura de
texto.

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2.1.4 Atividades para levar para casa

Solicite aos alunos que pesquisem e ouçam na internet gravações


de dobrados. Incentive-os a procura por duas obras: o Hino Nacional
Brasileiro e o dobrado Os músicos de João Sacramento Neto - este
último pode ser visto e ouvido com a Filarmônica UFBA no YouTube sob
regência de Celso Benedito. Peça que anotem as percepções e investi-
guem também a história das bandas de música.

2.1.5 Modo de aferição dos resultados

O que você irá avaliar na execução do dobrado? No decorrer do en-


saio, ofereça aos alunos atividades relacionadas à composição, improvi-
sação, apreciação musical e execução, além de atividades de técnica e
literatura musical. Nestes exercícios voltados para o preparo do dobrado
observe o desempenho e desenvolvimento dos alunos, sob o enfoque
da sistematização da educação musical dentro de um grupo de sopros
e percussão. Observe se os alunos compreendem as mudanças de ca-
ráter da peça em relação ao: colorido instrumental, altura, andamento,
dinâmica, extensão das frases e dos ritmos, a constância e frequência
das mudanças, entre outras coisas. Ao compreender a forma, estarão
atentos à construção, estrutura de frases, pergunta e resposta, variação,
elaboração de seções contrastantes. Os alunos desenvolverão o controle
técnico, expressivo e estrutural. Assim, quando a execução do dobrado
for aprimorada, os alunos alcançarão os níveis idiomáticos, simbólicos
que defende Swanwick na espiral de desenvolvimento musical.
Depois de trabalhados os materiais musicais com os exercícios 1
e 2, iremos partir para a caracterização expressiva. Por meio da forma
os alunos irão compreender que existem relações estruturais e que são
identificáveis. Daí, a exploração e experimentação com os materiais so-
noros de cada parte do dobrado.

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2.2 Proposta musical 1: a função das vozes

s Duração aproximada: Materiais necessários:


Duas aulas de 50 minutos cada uma. X Cds para apreciação dos
dobrados Dois corações de
Pedro Salgado, Saudades
da minha terra de Luís Eva-
Organização dos alunos para as aulas: risto Bastos; e Baptista de
Mello de Manoel Alves .
Instrumentos de sopros e percussão.
Dispostos como no ensaio e com os res- X Aparelho de som
pectivos instrumentos: regente/educador, X Cópias dos exercícios e
madeiras na frente, seguido de metais e partituras
percussão.
X Cópias das atividades
para levar para casa
X Lousa e giz

Descrição geral da proposta:


A proposta visa compreender, por meio do Dobrado Guri, as funções das
texturas musicais, além das vozes e da instrumentação do repertório de
banda como ferramentas de ensino e compreensão da música. Todo aluno
deve saber o que é o “canto” (melodia), o “contracanto” (a “contramelodia”;
a resposta que trabalha enquanto o canto ‘descansa’; o contraponto), o
“centro” (acompanhamento rítmico-harmônico que identifica o gênero da
composição) e a “marcação” (combinação do baixo e percussão). Com isso,
os alunos aprendem naturalmente o movimento das vozes, o contraste, o
estilo, os gêneros e a forma, dentre outros elementos, ou seja, o desenvol-
vimento mais amplo; qualitativo e musical. Diga para os alunos que “a mú-
sica é muito mais que tocar um instrumento. Envolve treinamento técnico
(capacitação) e a formação musical (contexto musical)”.

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2.2.1 Atividade 1: Percebendo a função das vozes

Momento 1: Audição do dobrado


Baptista de Mello (5 minutos)

Momento 2:
A compreensão das vozes e de suas funções. Exer-
cício 3
Faça uma breve retrospectiva. Diga aos alunos
que uma coisa é a “forma” - que é o planejamento da
obra e que busca uma continuidade – e outra coisa
é a função e o comportamento das vozes. (DANTAS,
2010). Segundo os fundamentos da música adotados
no Ocidente, nas funções da música temos vários ele-
mentos, um deles é o canto.
Canto – é a melodia principal, a primeira voz.
Cante, solfeje ou assobie a melodia. Mostre aos alu-
nos os instrumentos que apresentam a melodia. Com-
pare os instrumentos que começam a melodia. Depois
peça a um aluno que execute no instrumento. Escolha
primeiramente o aluno mais adiantado. Faça com que
outro aluno também toque. Ilustre quem é o respon-
sável pelo canto em cada parte, a textura e a nature-
za de cada melodia. Ex: quem inicia a melodia na 1a
parte (flautas, clarinetes em dinâmica piano) e quem
inicia na 3a parte (os metais graves em forte).

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Momento 3:
Realize uma audição comentada para os alunos a respeito do dobra-
do Baptista de Mello e o Dobrado Guri. Comente com eles que a música
acontece ao tocar... Pretenda, com a sua demonstração e a participação
do aluno, desenvolver melhorias nos conceitos musicais. Possibilite aos
alunos distinguirem e diferenciarem técnicas musicais na performan-
ce. Defina os objetivos do aprendizado da música e também estimule e
motive o interesse do aluno pelo instrumento. Seja lúdico. Siga com a
explanação das funções. Outros elementos musicais são:
Contracanto – é o complemento da melodia, ou que trabalha
quando o canto descansa. Faça o canto e complemente com o contra-
canto. Chame a atenção dos alunos para esta elisão. Cante com todos
os alunos. Estabeleça um diálogo. Divida a turma em dois e peça que
uma parte faça o canto e a outra o contracanto. A primeira forma de
contracanto é uma clarinada de trompetes. Crie outras para demonstrar
aos alunos. Peça aos alunos que tentem o mesmo. Ex: uma escala as-
cendente ou descendente em colcheias. Solicite que um aluno execute.
Toque e peça a um aluno que repita também.
Centro – é o que acompanha a melodia, ou a harmonia em mo-
vimento. É preciso lembrar que o dobrado é uma marcha, portanto a
música precisa estar em “movimento”. O centro define ou identifica um
estilo de composição. Compare o centro (acompanhamento) do dobrado
com outras formas de composição. Ex: valsa, baião, samba, entre outros.
Repita o mesmo procedimento dos exemplos anteriores para esta voz.
Baixo (ou marcação) – é o que estabelece uma marcação. É o
alicerce da composição. Junto com o centro, a marcação ou baixo de-
fine a tonalidade. Geralmente são feitos pelos instrumentos graves e a
percussão.
Essas são as vozes e cada uma tem sua função na forma. Você
pode ilustrar estas funções por meio da formação de uma banda de
rock, ou seja: o canto está com o vocalista, o contracanto com a guitarra
solo, o centro ou acompanhamento com a guitarra base; e a bateria e o
baixo são o coração, a marcação da banda (use de 15 a 20 minutos para
a explanação dessas funções. Caso o assunto desperte um debate entre
você e os alunos, estenda a atividade por mais tempo).
Acreditamos que haverá debate e diálogo em todas as fases do
suplemento, pois estas questões musicais suscitam nos alunos uma in-
tensa curiosidade quanto ao modo de execução. Comente com os alunos
que ao passar a compreender a forma musical eles irão tocar de uma
maneira diferente e bem mais expressiva.

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Momento 4:
Execução do Exercício 3
Toque a o exercício 3 com o grupo. Pergunte aos alunos se
conseguem identificar o canto, o contracanto, o centro e
a marcação. Logo após, faça a introdução do Dobrado Guri
com os alunos e os faça perceber que não existe espaço
nesta parte para o contracanto.
Alterne as vozes e relembre as noções da forma, funções
das vozes, texturas etc. Isto é a escuta e a execução com-
promissadas. Oriente os alunos a participarem ativamente.
Estarão assim a compreender e construir os elementos liga-
dos à criação musical. Também irão adquirir conhecimento
em relação á apreciação, à aquisição de habilidades, litera-
tura musical, entre outros.

2.2.2 Atividade 2: A redução do dobrado para cada instrumento

Momento 1: Execução
do Dobrado Guri

Momento 2: Exercício 4
Execute o exercício 4 com
todos os alunos.

Momento 3: Exercício 5
A partir do que foi exem-
plificado no exercício 5,
proponha aos alunos a
construção do dobrado
para o seu instrumento.

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2.2.3 Atividades para levar para casa

Construir o restante do dobrado por meio de uma linha melódica,


como exemplificado no exercício 5 para a execução no respectivo instru-
mento. Com o auxílio dos exercícios, da sua orientação, dos colegas e da
partitura, cada aluno poderá elaborar mesmo sem o seu instrumento a
organização da peça musical.
Apreciação musical: ouça com os alunos a Filarmônica UFBA no
YouTube executando o dobrado Quatro tenentes.

2.2.4 Modo de aferição dos resultados

Para Swanwick (2003, p. 80) “a avaliação musical genuína é a cha-


ve para uma educação musical efetiva”. Dentro do fazer musical pro-
posto pelo suplemento é necessário observar pelo tempo das aulas se
os alunos:
1 Desenvolveram melhorias nos conceitos musicais.
2 Distinguiram diferentes técnicas musicais no desempenho
3 Apreenderam os objetivos do aprendizado da música.
As múltiplas funções envolvidas no ato de tocar: físicas, psicológi-
cas e acústicas foram trabalhadas? Questões sobre o funcionamento do
instrumento, o repertório da filarmônica[1], o fraseado e outros aspectos
gerais da música foram ampliados? Foi preciso saber ouvir e saber tocar
dentro do pensamento filarmônico de: “toca mais quem ouve mais”.
O treinamento no instrumento, como fonte principal de progresso, foi
importante para o aprimoramento da técnica?
Observe o progresso do aluno quanto: à postura instrumental, ao
fraseado, à afinação, à sonoridade, à articulação, à dinâmica, ao tempo,
ao timbre, ao ritmo, à melodia, à expressividade, à forma, à harmonia,
ao estilo e ao domínio técnico, além de outras como: atitude e energia.
Exercite!

[1] O termo filarmônica é um sinônimo de banda de música muito comum na Bahia

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3 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALVES DA SILVA, Lélio Eduardo. Musicalização através da banda de mú-


sica escolar: uma proposta de metodologia de ensaio fundamentada na
análise do desenvolvimento musical dos seus integrantes e na observa-
ção da atuação dos “Mestres da banda”. Tese (Doutorado em Música).
UNIRIO, Rio de Janeiro, 2010.

BARBOSA, Joel L. S. Desenvolvendo um método de Banda Brasileiro.


Anais do X Encontro da ANPPOM, Goiânia, 1997.

BENEDITO, Celso José Rodrigues. Banda de Música Teodoro de Faria:


Perfil de uma banda civil brasileira através de uma abordagem histó-
ria, social e musical de seu papel da comunidade. 2005. Dissertação
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4 ANEXOS





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