Bioéticae Responsabilidade Civil
Bioéticae Responsabilidade Civil
Bioéticae Responsabilidade Civil
Responsabilidade
Civil
Esp. Mylene Manfrinato dos Reis Amaro
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Impresso por: CDD - 22 ed. 372.357 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-014-7
Equipe Produção de Materiais
Reitor
Wilson de Matos Silva
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Espécies de
Responsabilidade Civil
Responsabilidade Civil e
na Saúde
os Profissionais Liberais
PROVOCAÇÕES
INICIAIS
BIOÉTICA E RESPONSABILIDADE CIVIL
Imagine a seguinte situação: você, um profissional da saúde, habilitado para o exercício de sua profissão,
recebe em sua clínica uma paciente de 25 anos com lesões cutâneas nos pés e na face, que afirma que
procurou o seu trabalho devido a sua credibilidade como profissional renomado na cidade, ela acredita
que as erupções seja de fundo emocional e que o seu serviço poderá curá-la.
Diante disso, qual seria a sua conduta? Em caso de realização dos procedimentos e condutas descritas,
você estaria violando algum princípio da bioética? Em caso de negativa por sua parte, alegando que não é
habilitado(a) para realizar o procedimento ou conduta que seus pacientes insistem em fazer, você estará
ferindo algum direito de seus pacientes?
À vista disso e como forma de busca pelas respostas, convido você a visitar uma clínica de estética, po-
dologia ou terapias interativas e complementares, para compreender e visualizar melhor o cotidiano e
os eventuais problemas que podem surgir. Topa o desafio? A dignidade humana de seus pacientes será
violada na hipótese de realização do procedimento de aplicação de botox, ou procedimento ineficiente
para desencravar a unha de pessoa diabética, ou a conduta de receitar medicamentos alopáticos que
não se encaixa em suas habilidades profissionais.
Dessa forma, o princípio da não maleficência também será violado, pois se estará causando dano aos
pacientes, pois o profissional estará agindo de forma irresponsável e perigosa por não possuir capacidade
técnica para realização dos procedimentos descritos. Isso ocasionará, também, a responsabilidade civil
que obriga o profissional a reparar danos ocasionados em seus pacientes.
Com o estudo desta disciplina, você estará apto a criar elementos capazes de solucionar o problema do
profissional não habilitado para determinadas ações dentro da prática profissional e identificar situações
que você não seja capaz de lidar e solucionar, como exemplo de procedimentos que não são da com-
petência do profissional de bem-estar para manusear ou em casos em que o resultado não dependa
exclusivamente de sua ação profissional. Além disso, você será capaz de encontrar as respostas da bioética
e da responsabilidade civil que servem como parâmetro para o profissional da saúde não cometer erros
que gerem prejuízos aos seus pacientes e aplicar isso no seu dia a dia profissional.
Ficou empolgado(a)? Então, convido você a mergulhar neste universo do conhecimento.
Vamos lá?
1 Bioética e sua
Aplicabilidade na
Área da Saúde
Esp. Mylene Manfrinato dos Reis Amaro
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Olá, aluno, esta unidade será essencial para sua trajetória profissional no
campo da estética, podologia e terapias integrativas e complementares. Por
meio dela, você terá a oportunidade de compreender o papel da bioética
no campo da saúde e quais as condutas éticas que devem ser praticadas
em prol do exercício profissional de qualidade. Primeiro, terá contato com
a evolução e conceitos básicos da Bioética. Após, você se aprofundará nos
princípios norteadores deste campo de estudo. Aqui, também terá, situa-
ções da vida humana e saúde em que a Bioética é responsável por traçar
os limites de intervenção e manipulação.
UNICESUMAR
Você sabia que a profissão da saúde sempre foi extremamente importante para a sociedade? Imagino
que devem estar passando muitas coisas agora em sua cabeça, certo? Pois é, devido ao valor e à res-
ponsabilidade que esta atividade tem para a vida humana trazendo o bem-estar, as reflexões na área da
Filosofia aprofundaram a preocupação com o ser humano e, por meio do estudo das ciências médicas, a
Bioética surge com o propósito de nortear as condutas dos profissionais da saúde em prol dos indivíduos.
Diante disso, você deve respeitar a autonomia do seu paciente de decidir ou buscar o que ele acre-
dita ser melhor para si mesmo; contudo, como profissional habilitado para a função, nunca poderá
realizar qualquer tipo de procedimento que não esteja dentro de suas competências profissionais e,
principalmente, que coloque a vida, saúde e integridade física de seu cliente em risco, mesmo que ele
insista na realização do procedimento.
Dessa forma, os problemas que surgem em decorrência da prática dos profissionais da estética,
podologia e terapias integrativas e complementares, como é seu caso, podem ser solucionados por
meio da Bioética.
A bioética é simplesmente a ética da vida aplicada à saúde e em todas as áreas que atuam no campo
médico. Inclusive, na área da promoção da saúde, ela segue uma lista do que pode ou não pode ser
feito, associando os riscos e consequências que um procedimento poderá causar na vida dos pacientes
submetidos às técnicas que você realiza no exercício de sua profissão.
Isto é, a bioética é um aparato de princípios que devem ser exercidos a fim de evitar prejuízos e danos
à saúde e à vida dos seus clientes, pois nem sempre o que é praticado é eticamente aceito.
Muitas vezes, seus clientes desejam realizar procedimentos que violam a dignidade da pessoa humana
e da própria bioética. Por outro lado, como profissional da saúde e bem-estar, você também está sujeito
a realizar condutas que podem acarretar prejuízos para vida e saúde de seus clientes.
Por meio dos princípios norteadores da bioética, os quais são representados pela beneficência, au-
tonomia, justiça e não maleficência, você terá todo aparato ético para respeitar a integridade de seus
clientes, realizando suas condutas profissionais dentro dos limites estabelecidos pela bioética, para que
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UNIDADE 1
você não venha sofrer consequências advindas da responsabilidade civil, que podem gerar seríssimos
problemas ao seu futuro profissional.
Portanto, você deve proporcionar um serviço de qualidade e segurança para seus clientes, fornecen-
do todos os meios capazes de gerar bem-estar físico e mental a eles e, principalmente, você deve estar
apto e autorizado para realizar apenas os procedimentos que estão dentro do rol de suas competências.
Imagine a seguinte situação: uma cliente chega até você com algumas solicitações, tais como realizar
um pacote de massagens modeladoras, extrair completamente uma lâmina ungueal (unha) que ela
acredita que está torta e que nascerá mais bonita e realizar sessões de Hipnoterapia para diminuir a
ansiedade, com intuito de perder algumas medidas até o fim do ano.
Ao realizar a anamnese, você constata que essa paciente realizou uma cirurgia de retirada de apên-
dice em menos de trinta dias e que os outros procedimentos não são a melhor indicação para ela, dessa
forma, você explica que não será possível realizá-los, pois os protocolos não se aplicam, que a cirurgia
que submetida é recente e que a paciente ainda se encontra em fase de recuperação.
No entanto, sua cliente insiste na realização do procedimento, mas você se nega a realizar.
Diante disso, qual será a solução com base na bioética para justificar sua negativa ao realizar o
serviço que sua paciente solicita?
Sabemos que você, como profissional da promoção da saúde e do bem-estar, em contexto geral,
necessita de uma relação de confiança e sinceridade com seus clientes. Nem sempre o que seu cliente
solicitar que seja realizado, realmente será o melhor na prática. É nesses momentos que você deve agir
com ética para que suas condutas, mesmo que sejam de acordo com a vontade do cliente, não venham
ferir a integridade física ou a vida dos seus pacientes.
Dessa forma, a bioética é fundamental para que você obtenha as respostas do que pode ser realizado
no ser humano, para que suas condutas, além de não ferirem o indivíduo, não gerem responsabilidade
civil a você.
Portanto, é prudente que não realize as massagens modeladoras em sua cliente recém-operada.
Diante de toda reflexão até o momento, convido você, aluno, para realizar suas anotações no Diário de
Bordo, como forma de fixação de suas primeiras impressões até o momento sobre o assunto abordado.
DIÁRIO DE BORDO
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UNIDADE 1
Por sua vez, o holandês obstetra André Hellegers, na Universidade de Georgetown, em Washington,
alinhou o estudo da Bioética como uma área da ética empregada às demandas da biomedicina, que se
relacionam com aspectos científicos que envolvam os seres humanos, temas relacionados com a vida
humana (FERRER; ÁLVAREZ, 2005).
Deste modo, a gênese da palavra bioética (do grego bios: vida), que traduz a origem biológica, mais
especificamente a ciência da vida, ao passo que ética (do grego ethos: ética) exprime os valores humanos.
Portanto, a bioética pode ser definida como a ciência da vida ou ética da vida, que regula as condutas
humanas na esfera da vida e saúde com base nos valores e princípios morais (LUCAS LUCAS, 2002).
Ainda na década de 70, outro teórico, mais conhecido como Warren Reich (1978, p. 116), esclareceu
que bioética é
“
o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e da atenção à saúde, enquanto
que esta conduta é examinada à luz dos princípios e valores morais.
Segundo o autor, a base de atuação primordial da bioética é a pesquisa e atenção na área da saúde.
Nesse aspecto, o esteticista M. Vidal evidencia a concepção apresentada por Reich, apresentando a
bioética de modo formal como:
“
una rama o subdisciplina del saber ético, del que recibeel estatuto epistemológico básico y com el que
mantiene uma relación de dependencia justificadora y orientadora. Los contenidosmaterialesleson
proporcionados a la bioética por la realidaddel ‘cuidado de la salud’ y por losdatos de las ‘ciencias
de la vida’ como labiología, la medicina, la antropología, la sociología (VIDAL, 1991, p. 303).
Portanto, a bioética se estabelece por uma intensa interdisciplinaridade com referência à ciência que
trata sobre a vida e saúde.
Pouco tempo depois, David J. Roy (1979, p. 59-75), diretor do Centro de Bioética da Universidade de
Montreal, anunciou que bioética é “o estudo interdisciplinar do conjunto das condições exigidas para
uma administração responsável da vida humana, ou da pessoa humana, tendo em vista os progressos
rápidos e complexos do saber e das tecnologias biomédicas” . O pesquisador é um dos autores pioneiros
em inserir o avanço das pesquisas tecnológicas em prol da saúde, como propulsor da reflexão ética.
Nesse sentido, Pessini e Barchifontaine (2014, p. 205) dispõem que:
“
A bioética estuda os avanços recentes da ciência em função, sobretudo, da pessoa humana. A
referência central é o ser humano, especialmente considerado em dois momentos básicos: o nas-
cimento e a morte. É sobre essas duas fases da vida que hoje a ciência está fazendo seus melhores
progressos e, obviamente colocando problemas éticos inimagináveis antes dessas descobertas.
Maria Helena Diniz (2010, p. 11) conceitua bioética como “uma vigorosa resposta aos riscos inerentes à
prática tecnocientífica e biotecnocientífica”. Por outro lado, Francisco Lima Neto (1997, p. 46) entende
que a bioética é o “ramo do saber ético que se ocupa da discussão e conservação de valores morais de
respeito à pessoa humana no campo das ciências da vida”.
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Em sentido amplo, a Bioética corresponde ao resultado da ética aos novos contextos da ciência
no âmbito da saúde, dedicando-se aos problemas éticos ocasionados pelas tecnologias biomédicas e
atinentes à vida e saúde humana.
Com essas reflexões, em 1978, o Congresso Americano instituiu uma comissão, denominada
National Commission for the Protection of Human Subjects of Biomedicaland Behanvioral Resarch
(Comissão Nacional para a proteção dos seres humanos em pesquisas biomédicas e comportamentais)
responsável por criar o relatório Belmont, que trouxe em seu bojo, três princípios que possuem como
escopo de iluminar a nova caminhada da humanidade (GAMA, 2003).
Estes são chamados “trindade bioética”, conhecidos como princípio da beneficência, da autono-
mia e da justiça. Entretanto, em meados de 1979, com base na ética
katiana, o princípio da não maleficência foi acrescentado ao rol de
princípios bioéticos. Apesar de não serem os únicos que guiam a
REALIDADE bioética, são os mais importantes, pois são os grandes responsáveis
AUMENTADA por guiar todas as demais normas jurídicas que tratam do tema
(GAMA, 2003).
O princípio da beneficência possui suas raízes na instrução da
ética de fazer o bem sem esperar por algo em troca, o qual “[...] deita
suas raízes no reconhecimento do valor moral do outro, conside-
rando-se que maximizar o bem do outro, supõe diminuir o mal”
(BARRETO, 1998, p. 31). Dessa forma, requer o entendimento dos
envolvidos nas técnicas da saúde e o interesse das pessoas envolvidas
nos “tratamentos”, para que o respeito seja considerado e não ocorra
danos ao indivíduo.
O princípio da beneficência deve ser mentor principal das regras
que tentam regulamentar a bioética, a autora Daury Fabriz (2003,
p. 108) dispõe:
Pirâmide Principiológica da Bioética
“
O princípio da beneficência deve servir como horizonte para uma normatização jurídica, a fim de que
possa ser compreendido em situações específicas, preceituando e assegurando os direitos e deveres
que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa, aos médicos e pacientes, bem
como ao Estado.
O princípio da autonomia corresponde ao direito de escolha que cada indivíduo possui, ou seja, cada
pessoa tem o direito de se autodeterminar. Dessa forma, os profissionais da saúde devem respeitar a
vontade do “paciente” ou de seu representante.
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UNIDADE 1
A autonomia traz a ideia de que as pessoas devem ser livres em decidirem o que irão realizar ou
se submeter. O vocábulo autonomia deriva do grego Autos (próprio) e Nomos (norma/regra/lei), ou
seja, é a autodeterminação, autogoverno que o ser humano possui sobre suas escolhas (MUÑOZ;
FORTES, 1998).
Na concepção de Dary Fabriz (2003, p. 109) a autonomia proporciona o exercício da própria auto-
nomia, vejamos: “princípio da autonomia justifica-se como princípio democrático, no qual a vontade
e o consentimento livres do indivíduo devem constatar como fatores preponderantes, visto que tais
elementos ligam-se diretamente ao princípio da dignidade da pessoa humana”.
A autonomia se manifesta no consentimento livre e esclarecido, que advém do exercício de sua
autonomia, para recusar ou consentir, com diagnósticos, terapias ou procedimentos interventivos que
venham afetar sua vida, saúde e integridade física (MUÑOZ; FORTES, 1998).
Portanto, respeitar a autonomia inerente de cada ser humano é prezar pela opinião e escolhas, evi-
tando, dessa forma, violações ao livre arbítrio de cada indivíduo, a não ser que suas escolhas venham
causar prejuízos para si mesmo ou para outrem (BIZATTO, 2003).
Por sua vez, o princípio da justiça, criado por Aristóteles, liga-se à ideia de justiça social distributiva,
sendo o mais elevado princípio (FABRIZ, 2003). Tem como objetivo regular as condutas dos profissio-
nais da área da saúde e os pacientes, com propósito de fornecer os mesmos serviços de saúde a todos
os indivíduos, sem concepção de raça, sexo e classe social. Com base nesse princípio, a exigência de
proteção prevalece sobre as classes vulneráveis, para que não sejam alvo de pesquisas e ações médicas
contra sua vontade.
O princípio da não maleficência corresponde dizer que “não devemos infringir mal ou danos a
outros, sendo apenas um ponto de partida muito rudimentar como orientação acerca das condições
nas quais as ações danosas são proibidas” (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 45).
Portanto, o princípio da não maleficência determina que os profissionais da saúde devem se respon-
sabilizar em evitar danos previsíveis. Esse princípio se distingue do princípio da beneficência, pois sua
aplicação em prol de garantir sua proteção se estende a todos e não apenas aos profissionais da saúde.
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Entendendo estes quatro princípios, podemos utilizá-los como estratégias para análise e compreen-
são de situações do cotidiano que os profissionais da saúde estão submetidos diariamente. Portanto,
a relação entre os pacientes e os profissionais da saúde se deve fundamentar na confiança e respeito,
para que os primeiros possam determinar suas escolhas e os profissionais possam compreender as
escolhas do “paciente”.
E é diante desse cenário que a Bioética e a Responsabilidade com a vida humana começa ganhar
enfoque. O início da vida humana é um assunto complexo e presente na ciência dos profissionais da
saúde. Os contextos científicos e biológicos têm se manifestado em determinar quando se inicia a vida
humana, para que a área da saúde saiba quais são seus limites.
Sabemos que a vida consiste em um direito protegido em âmbito nacional e internacional. Em
âmbito nacional, a vida é tutelada pela Constituição Federal, por meio do art. 5°, vejamos: “Art. 5º: To-
dos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes (...)” (BRASIL, 1988). Isto é, define a vida como um direito que
não pode sofrer limitações.
Em âmbito internacional, porém, as normas que tutelam a vida consistem na Declaração Universal
dos Direitos do Homem (BRASIL, 1948) e o Pacto de São José da Costa Rica (BRASIL, 1992). A pri-
meira norma revela que todo homem possui o direito à vida, e a segunda dispõe que a vida deve ser
assegurada desde o momento da concepção (fecundação do óvulo com sêmen).
Antônio Mesquita Galvão (2004) dispõe que, no campo da ciência genética, a vida possui sua gênese
no momento da fecundação, que equivale ao momento do encontro do material genético masculino
e feminino, por meio das seguintes etapas: célula-ovo, célula-fecundada, pré-embrião, feto e criança.
Christian de Paul Barchifontaine (2010, p. 14), de forma didática, traz os cincos posicionamentos
diferentes que tentam explicar o início da vida humana, vejamos:
“
a) A visão genética, que disciplina que a vida se inicia a partir da fertilização do óvulo pelo esperma-
tozóide;
b) A visão neurológica, que dispõe que a vida se inicia apenas com a atividade cerebral viável;
c) A visão metabólica, que assegura não existir um momento único para a vida ter início;
d) A visão embriológica, que defende ser fundamental que a gestação alcance a 3a semana para que
a individualização humana seja alcançada, pois até 12 dias após a fecundação existe a possibilidade
de divisão de células que podem dar origem a mais um “bebê” e;
e) A visão ecológica, que defende a capacidade de sobrevivência extrauterina.
Além das teorias apresentadas, existem outras que também possuem o escopo de definir o início da
vida humana, como a teoria concepcionista, natalista, a teoria da nidação e a teoria do desenvolvimento
do sistema nervoso central.
Para a teoria concepcionista, a vida tem seu início no momento da fecundação, que compreende
a junção do material genético masculino e feminino. O material genético feminino corresponde ao
zigoto que corresponde à primeira célula formada após a fecundação, que possui toda carga genética
necessária para formar o novo ser (MARTINS, 2005).
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UNIDADE 1
“
A teoria concepcionista, considerando a primeira etapa do desen-
volvimento embrionário humano, entende que o embrião possui
um estatuto moral semelhante ao de um ser humano adulto, o que
equivale a afirmar que a vida humana inicia-se, para os concepcionis-
tas, com a fertilização do ovócito secundário pelo espermatozóide. A
partir desse evento, o embrião já possui a condição plena de pessoa,
compreendendo, essa condição, a complexidade de valores inerentes
ao ente em desenvolvimento.
A teoria natalista, por sua vez, dispõe que a vida tem início com o
advento do nascimento com vida. No qual, o nascituro (criança que
está sendo gerada) possui apenas expectativa de vida (PARISE, 2003).
Por sua vez, a teoria da nidação define o início da vida no momento
da junção do gameta feminino e masculino por meio da fecundação
que acontece na trompa de falópio (cavidade que liga os ovários da
mulher no útero) proporcionando a concepção, que será responsável
por fixar o óvulo no útero materno, iniciando-se a vida (DOURADO,
2009 apud SILVA, 2010).
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A última teoria que tenta explicar o início da vida humana é a teoria do sistema nervoso central, que
determina existir vida apenas no momento em que o cérebro humano estiver formado; para essa teoria,
é necessário que existam ligações nervosas para que se tenha vida.
Fernanda dos Santos Souza (2009 apud SILVA, 2010, p. 100) dispõe:
“
Esta teoria sustenta como principal defensor o biólogo contemporâneo Jaques Monod, prêmio Nobel
de Biologia em 1965, o qual defende que, por ser o homem um ser fundamentalmente consciente, não
é possível admiti-lo como tal antes do quarto mês de gestação, quando se pode constatar, eletroen-
cefalograficamente, a atividade do sistema nervoso central diretamente relacionado à possibilidade
de possuir consciência.
Por meio das teorias apresentadas, surgem algumas situações em que a vida humana é colocada em
risco, como exemplo as técnicas do mundo contemporâneo, como a medicina reprodutiva, transplante
de órgãos, pesquisas com células-tronco, eutanásia e aborto.
Na área da medicina reprodutiva, os problemas que eles estão inseridos corresponde aos danos
que os profissionais de saúde podem gerar ao embrião por meio das técnicas de reprodução humana
assistida. – são meios que possibilitam a gestação em pessoas inférteis/estéreis.
Por meio da fertilização in vitro e da injeção de espermatozoides, novas vidas podem ser criadas. A
primeira situação corresponde ao uso de um tubo de ensaio, para que o óvulo seja fecundado pelo
espermatozoide fora do útero materno, que posteriormente será implantado na mulher, e a segunda
situação corresponde ao processo que injeta os espermatozoides diretamente no óvulo que esteja no
corpo da mulher (MORAES, 2019).
As consequências que essas técnicas podem gerar são os problemas de saúde nas pessoas nascidas
por meio dessas modalidades. Um estudo coordenado pela Universidade Norueguesa declarou que
as técnicas de reprodução humana assistida são capazes de desencadear doenças como leucemia nos
indivíduos nascidos por meio dessas técnicas (MORAES, 2019).
O transplante de órgãos lida com valores fundamentais da vida humana. A evolução da medicina
trouxe mudanças significativas a ponto de solucionar problemas relacionados à vida e à morte. Con-
tudo, os profissionais da saúde, precisam procurar respostas jurídicas e eticamente aceitas para essas
evoluções do progresso científico.
A norma legal que regulamenta o transplante de órgão é estabelecida por meio do Decreto n°
9.175/2017, que, entre suas maiores inovações, traz a necessidade de comprovação da morte encefálica
que só poderá ser comprovada por meio de médico que seja “especificamente qualificado”, não podendo
ser médicos integrantes das equipes de transplante (BRASIL, 2017).
Essa conduta de precaução quanto à capacidade médica e sua restrição ao envolvimento com equipes
de procedimentos de transplante mostra a preocupação da lei em objetivar um procedimento seguro,
que não terá interesses particulares envolvidos, para que seja bioeticamente respeitadas todas as fases
do transplante de órgão e, consequentemente, os indivíduos envolvidos.
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“
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir
da data de congelamento.
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco
embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
comitês de ética em pesquisa.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica
o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
Como analisado, é permitido, com algumas observações, o uso e pesquisas com células-tronco. No
entanto, Maria Helena Diniz (2005, p. 10) argumenta que a utilização de células-embrionárias para o
fim de pesquisas é conduta que “viola o direito à vida e o princípio do respeito à dignidade da pessoa
humana, consagrados constitucionalmente” . Pois se o material genético da pesquisa advém de embriões,
e eles são considerados vida, a violação se torna perceptível e a máxima da bioética é vislumbrada, no
qual não se deve praticar condutas que gerem danos ao ser humano.
Por sua vez, em âmbito da eutanásia, ela é considerada como abreviação da vida de um paciente
que se encontra em estado de dores e intoleráveis sofrimentos físicos ou psíquicos. O termo Eutanásia
vem do grego eu + thanatos, boa morte, sendo utilizada pela primeira vez, em meados do século II
d.C., para descrever a morte tranquila do Imperador Augusto (BRANDÃO, 2007).
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“
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados
paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, le-
vando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu
representante legal (BRASIL, 1988).
Não há dúvidas que o tema é complexo e que envolve valores morais e éticos, desse modo, a prática
da eutanásia por profissionais é conduta antiética e proibida expressamente no ordenamento jurí-
dico brasileiro.
Por fim, o aborto é outra prática que gera consequências aos profissionais da saúde que praticarem
o ato. Julio Fabbrini Mirabete (1986) disciplina que o aborto consiste na interrupção da gravidez, com
a destruição do produto da concepção.
A legislação penal que criminaliza as práticas de aborto está prevista no Código Penal, por meio
do art. 124 ao art. 128.
Os art. 125 e 126 dispõe sobre o terceiro provocar o aborto na gestante, e é neste cenário que os
profissionais da saúde ganham destaque.
“
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
(BRASIL, 1940).
Além dessas hipóteses de crime com suas determinadas penas, o art. 127 traduz uma consequência
ainda maior, que corresponde ao aborto praticado na forma qualificada:
“
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em con-
sequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte (BRASIL, 1940).
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“
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal (BRASIL, 1940).
Portanto, além de ferir o direito à vida e os próprios princípios da bioética, a prática do aborto gera
consequências criminais aos profissionais que praticam o crime.
Assim, diante do contexto de inúmeras teorias que tentam definir o início da vida humana, é
importante destacar que ela possui respaldo legal e moral para que seja respeitada, desde sua menor
manifestação, seja em fase embrionária ou pessoa já nascida. Esse respeito pautado nos princípios da
bioética será capaz de garantir a aplicação da dignidade da pessoa humana em qualquer situação que
o profissional da saúde estiver envolvido.
Dessa forma, a dignidade humana é vista como princípio comum da Bioética e da Saúde, pois, ao
defrontar-se com os temas da ética, a dignidade da pessoa humana é o princípio maior de todo sistema
de proteção ao ser humano (PERELMAN, 1996). Suas raízes fundamentam-se nos cernes da filosofia,
que afirma ser um atributo intrínseco e insígnia de cada ser humano, que potencializa a proteção do
homem de não sofrer qualquer tipo de violação que venha lhe causar danos.
Com a era do Iluminismo, a dignidade humana ganhou brilho por ser defendida categoricamente
por Immanuel Kant. O filósofo dispõe que o homem se constitui por ser racional, capaz de regular-se
por meio de leis que a si mesmo impõe. Essa imposição gera o dever e, por meio dele, nasce uma lei
universal, que, por meio da ética e razão, o ser humano irá regular a si e a convivência com seu próximo,
tratando o outro sempre como fim e nunca como meio (KANT, 2004).
O princípio da dignidade da pessoa humana, mais do que exercer papel fundamental na aplica-
ção de procedimentos de saúde e beleza, subsiste como alicerce da República Federativa Brasileira e
fundamento do Estado Democrático de Direito. Portanto, “a legislação elaborada pela razão prática,
a vigorar no mundo social, deve levar em conta, como sua finalidade suprema, a realização do valor
intrínseco da dignidade da pessoa” (MORAES, 2003, p. 81).
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O Brasil, por meio do art.1°, III da Constituição Federal, estabeleceu o Estado Democrático de Direi-
to, fundamentado no princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o elegeu como centro dos demais
direitos fundamentais (SARLET, 2001).
Zulmar Fachin leciona que “os direitos fundamentais [...] são direitos que valem em todos os lugares,
em todos os tempos e são aplicáveis à todas as pessoas” (FACHIN, 2008, p. 212).
Luiz Edson Fachin argumenta que a dignidade da pessoa humana pertence ao
“
[...] princípio estruturante, constitutivo e indicativo das idéias diretivas básicas de toda ordem cons-
titucional. Tal princípio ganha concretização por meio de outros princípio e regras constitucionais
formando um sistema interno harmônico, e afasta de pronto, a ideia de predomínio do individualismo
atomista do Direito. Aplica-se como leme a todos o ordenamento jurídico nacional compondo-lhe o
sentido e fulminando de inconstitucionalidade todo preceito que com ele conflitar. É de um princípio
emancipatório que se trata (FACHIN, 2006, p. 180).
A aplicação das tecnologias da saúde pode representar reais possibilidades de afronta à tutela do ser
humano, caso se proceda de modo arbitrário. Assim, é necessário o amplo respeito ao princípio da
dignidade da pessoa humana, essencialmente por parte dos profissionais da saúde, que lidam com
vidas em todos seus atos profissionais.
Conforme esse entendimento, Cleber Alves (2001, p. 118) argumenta:
“
A questão da proteção e defesa da dignidade da pessoa humana e dos direitos da personalidade, no
âmbito jurídico, alcança uma importância proeminente neste final de século, notadamente em virtude
dos avanços tecnológicos e científicos experimentados pela humanidade, que potencializam de forma
intensa riscos e danos a que podem estar sujeitos os indivíduos, na sua vida cotidiana.
O campo de aplicação do mencionado princípio é o eixo condutor das práticas humanas, principal-
mente quando essas podem interferir na vida humana e na saúde. As tecnologias da saúde, como é o
caso dos procedimentos estéticos, devem submissão ao princípio estruturante das condutas humanas.
Por meio da 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986, foram estabelecidas normas condutoras
para a Constituição Federal de 1988, dispondo do direito à saúde para todo cidadão. Segundo a referida
conferência, por meio do seu item “3 ” Direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições
dignas de vida e acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação
de saúde, em todos os seus níveis (...)” (BRASIL, 1986), é evidente que o direito à saúde não está atrelado
apenas a doenças, mas também à plenitude do ser humano.
O direito à saúde, assim como a dignidade da pessoa humana, constitui-se como direito fundamental
previsto na Constituição Federal de 1988. Qualquer pessoa, independentemente de sua cor, sexo e raça,
possui o direito ao acesso aos serviços de saúde que o Estado e as tecnologias médicas podem ofertar.
No âmbito da bioética, o princípio da dignidade da pessoa humana e o direito ao acesso dos meios
de saúde constituem-se como vetor legitimador do conteúdo de valores indispensáveis ao ser humano.
22
UNIDADE 1
BETIOLI, A. B. Bioética, a ética da vida: (onze temas). São Paulo: LTr, 2013.
Ao longo desta unidade, você aprendeu que a Bioética possui papel funda-
mental quando o assunto é a vida humana. Agora você poderá aprofundar
seus conhecimentos em prol dos problemas éticos no campo da vida e
saúde humana. Neste livro, você poderá encontrar mais exemplos de si-
tuações que a bioética possui efetividade para resolver, como exemplo da
manipulação do genoma humano, o uso das células-tronco para pesquisa
e outros meios que o homem vem intervindo na vida dos seres humanos.
23
UNICESUMAR
O Sistema jurídico brasileiro passa por constantes modificações. As mudanças ocorridas no contexto
científico, principalmente no aspecto da estética, podologia e terapias integrativas e complementares,
devem acompanhar todas essas modificações que envolvem a vida e saúde dos indivíduos envolvidos
em algum procedimento advindo dessas áreas, sendo imprescindível o uso da dignidade humana como
fator limitador das intervenções nos seres humanos e os próprios princípios da bioética que norteiam
as condutas em prol da vida humana.
Aqui, vimos os problemas atuais a que a bioética é submetida, como exemplo de manipulações
genéticas e da eutanásia.
Portanto, após essa imersão de conhecimento, você está apto a solucionar as problemáticas advindas
do exercício de sua profissão no campo da saúde e bem-estar. Imagine comigo, você, como profissional
habilitado com todos seus conhecimentos em dia e com vasta habilidade profissional, está diante de
um paciente/cliente que possui uma depressão profunda, advinda de um histórico familiar. No entanto,
você percebe que não detém habilidade técnica para sanar com a problemática de seu paciente.
Neste sentido, qual será a melhor atitude a ser tomada por você, diante de tal situação? Sabemos que
os princípios da bioética são capazes de lhe ajudar para encontrar a solução para essa problemática.
O que pode ser feito? Qual será sua fundamentação para sua decisão? Em caso de atendimento ao
paciente/cliente, você estará exercendo de forma literal todo conhecimento adquirido nesta unidade?
Já que você não pode oferecer o tratamento para depressão profunda, qual sugestão você daria ao
seu paciente/cliente?
E, em caso de atendimento, mesmo sem habilidade técnica, quais as consequências dessa conduta?
Com base nos princípios da bioética, na sua atitude de tentar contribuir para cura dessa pessoa, você
não está agindo de acordo com esses princípios, pois, a partir do momento em que você não possui
habilidade técnica para tanto, automaticamente, o princípio da não maleficência não está sendo aplica-
do no caso relatado, pois ele tem como objetivo não ocasionar prejuízos ou danos aos seres humanos.
Bom, nossa primeira unidade chegou ao fim e é preciso resgatar a ideia central aqui estudada que
refletirá no conhecimento de todo este material. Para tanto, trago uma proposta que deve ser realizada
com afinco para a fixação do conteúdo. No espaço reservado em seu livro, você deverá criar um mapa
mental com base nas palavras-chave a seguir:
24
ORIGEM
BIOÉTICA
Fonte: a autora.
MAPA MENTAL
Por meio das palavras expostas, monte um mapa mental com uso de flechas indicativas, relacionando
o tema e explicando cada caraterística da bioética. Bons estudos!
25
1. A Bioética consiste em um ramo que possui o objetivo de fornecer respostas éticas aos profis-
sionais da saúde que lidam com a vida humana. Nesse sentido, assinale a alternativa que defina
a bioética e demonstre qual sua aplicabilidade.
a) A bioética é apresentada como uma resposta às demandas sociais, marcadas pelo surgimento
dos processos científicos, que apresentam, a cada novo passo, possibilidades de manipulações
no homem. A Bioética é a área do conhecimento responsável por atestar os delineamentos éticos
em torno dos procedimentos biológicos e médicos, incluindo os procedimentos estéticos, que
se associam com a vida.
b) A bioética é apresentada apenas como as respostas às demandas que envolvam a vida dos seres
humanos. Os animais e vegetais não fazem parte da bioética.
AGORA É COM VOCÊ
c) A bioética é tida como o ramo da ciência que se preocupa apenas com a vida das pessoas aco-
metidas por doenças ou moléstias, advindas da manipulação genética.
d) A bioética é apresentada como a resposta às demandas sociais, marcadas pelo surgimento de
processo mecanizados, que representam, a cada novo ano, inúmeras possibilidades de inter-
venção no homem.
e) A bioética nada tem a ver com o ser humano, é apenas um ramo de limites éticos para nortear
a atuação do profissional da saúde.
2. A bioética apresenta uma grande evolução na sociedade e foi por meio de muitas pesquisas de
grandes profissionais que surgiram os princípios que norteiam a bioética. Nesse sentido, assinale
a alternativa que contemple os princípios da bioética.
a) Esses princípios são conhecidos como princípio da beneficência, da autonomia, da justiça e da
não maleficência.
b) Os princípios da bioética são conhecidos como a dignidade da pessoa humana e justiça.
c) A bioética não possui princípios objetivos, pois todos os princípios são capazes de nortear a
conduta do ser humano.
d) A bioética possui apenas três princípios bases, sendo que nunca foi incluído um quarto princípio
ao rol dos mais importantes na evolução da bioética.
e) Os princípios da bioética são conhecidos como autonomia, justiça e bem-estar.
26
3. A dignidade da pessoa humana é consagrada na Constituição Federal de 1988 como fundamento
da República Federativa do Brasil. Contudo, esse princípio também é disposto em outras nor-
mas legais e estatutos que servem para regular e nortear as condutas humanas. Nesse sentido,
assinale a alternativa que melhor defina a função do princípio da dignidade da pessoa humana.
a) A dignidade da pessoa humana possui apenas a função principiológica que não pode ser aplicada
na realidade.
b) A dignidade da pessoa humana possui a mais nobre das funções, que representa a proteção do
profissional que lida com a vida humana.
c) A dignidade da pessoa humana é o princípio maior de todo sistema de proteção ao ser humano,-
sendo atributo intrínseco e insígnia de cada ser humano, que potencializa a proteção do homem
4. A Bioética emerge uma reflexão das interações humanas entre sociedade, meios científicos e
ambiente, possuindo três funções básicas. Escolha a alternativa que melhor expressa as três
funções da bioética.
a) Função descritiva é o meio pelo qual irá relatar conflitos e questões; função normativa é o modo
que indica condutas consideradas reprováveis ou aprováveis; e função protetora é a maneira pela
qual a bioética conduz seus objetivos, mediando os conflitos que surgem e submetendo a ela.
b) Função escrita é o meio pelo qual irá relatar conflitos e questões; função paulatina é o modo que
indica condutas consideradas reprováveis ou aprováveis; e função protetora é a maneira pela
qual a bioética conduz seus objetivos, mediando os conflitos que surgem e submetendo a ela.
c) Função descritiva é o meio pelo qual irá relatar conflitos e questões; função normativa é o modo
que indica condutas consideradas reprováveis ou aprováveis; função auxiliar é a maneira pela
qual a bioética conduz seus objetivos, mediando os conflitos que surgem e submetendo a ela.
d) Função descritiva é o modo que indica condutas consideradas reprováveis ou aprováveis; função
protetora é a maneira pela qual a bioética conduz seus objetivos, mediando os conflitos que
surgem e submetendo a ela.
e) Função descritiva é o meio pelo qual irá relatar conflitos e questões; função normativa é a maneira
pela qual a bioética conduz seus objetivos, mediando os conflitos que surgem e submetendo a
ela; e função protetora é o modo que indica condutas consideradas reprováveis ou aprováveis.
27
5. A Bioética é apresentada como uma resposta às demandas sociais, marcadas pelo surgimento
dos processos científicos, que apresentam, a cada novo passo, possibilidades de manipulações
no homem. A Bioética é a área do conhecimento responsável por atestar os delineamentos éti-
cos em torno dos procedimentos biológicos e médicos, incluindo os procedimentos estéticos,
que se associam com a vida. Nesse sentido, assinale a alternativa que dispõe sobre o período
de surgimento da bioética.
a) Surge no final dos anos 60, sendo concebida como uma velha maneira de se vislumbrar e en-
frentar o mundo e a vida a partir da ética.
b) Surge na década de 50 por meio de pesquisas científicas, com objetivo de nova maneira de se
vislumbrar e enfrentar o mundo e a vida a partir da ética.
AGORA É COM VOCÊ
c) Surge do início dos anos 70, sendo concebida como uma nova maneira de se vislumbrar e
enfrentar o mundo e a vida a partir da ética. Especificamente, o termo Bioética é usado pela
primeira vez pelo oncologista norte-americano Van Rensselaer Potter, no seu livro Bioethics:
Bridge to the Future.
d) Nasce nos anos 80, sendo concebida como maneira de se vislumbrar e enfrentar o mundo e a
vida a partir da ética.
e) Nasce do início dos anos 70, sendo concebida como uma nova maneira de se vislumbrar e
enfrentar o mundo e a vida a partir do direito. Especificamente, o termo Bioética é usado pela
segunda vez pelo oncologista norte-americano Van Rensselaer Potter, no seu livro Bioethics:
Bridge to the Future.
28
6. Imagine a seguinte situação: você recebe em sua clínica um paciente que apresenta algumas
manchas em sua face e procura você, como profissional da saúde e bem-estar, para solucionar
o problema. Durante a anamnese desse paciente, você detecta que ele apresenta queimaduras
advinda do uso de ácido. Nessa ocasião, você receita medicamento alopático para solução do
problema desse indivíduo. Nesse sentido, após estudo do conteúdo, assinale a resposta correta
que apresente qual deveria ser sua conduta diante da atitude de indicação do medicamento.
a) Como profissional da estética, podologia e terapias integrativas e complementares, você pode
realizar procedimentos que visem a indicação de medicamentos alopáticos, pois tal conduta está
relacionada às suas competências profissionais.
b) Como profissional da estética, podologia e terapias integrativas e complementares, você não pode
29
7. Em sua clínica, um paciente relata que vem sofrendo de uma determinada patologia. Você, ao
realizar a análise no cliente, indica determinado tratamento. No entanto, seu cliente não deseja
ser submetido ao tratamento indicado. Nesse sentido, escolha a alternativa que expresse a me-
lhor conduta a ser tomada diante da situação apresentada.
a) A melhor conduta consiste no respeito à vontade individual de cada paciente ou cliente, mesmo
que ele deseje realizar procedimentos que possam ferir sua integridade física.
b) O profissional deve, de qualquer forma, realizar sua vontade em situações que chegam até suas
clínicas, pois é ele o detentor de todo conhecimento técnico e responsável.
c) A conduta correta a ser tomada é aquela que o profissional tomar, pois é ele quem sabe o me-
lhor para seu cliente.
AGORA É COM VOCÊ
d) A conduta correta a ser tomada encontra resposta no princípio da autonomia, ou seja, a von-
tade do paciente, nesse caso, deve ser respeitada. E em caso de realização do procedimento, a
dignidade da pessoa humana do paciente estará obviamente sendo ferida.
e) A conduta correta a ser tomada encontra resposta no princípio da determinação, ou seja, a
vontade do paciente nesse caso deve ser respeitada.
30
1. a. A bioética possui um dos papéis mais importantes entre as ciências que tratam da vida e saúde dos seres
humanos, pois é por meio de seus princípios que os profissionais conseguem se nortearem para uma boa
prática em prol de cada indivíduo.
2. a. A bioética é apresentada por meio de alguns princípios eficazes para amenizar violações e danos contra
os seres humanos. Entre esses princípios, temos: da beneficência, da autonomia, da justiça e da não-ma-
leficência.
3. c. a principal função da dignidade da pessoa humana é de proteger o ser humano contra violações que
lhe causem dor e sofrimento.
4. a. Ao se falar em bioética, algumas funções são apresentadas como forma de viabilizar a proteção do ser
5. c. Os primeiros estudos sobre bioética possuem sua gênese nos anos 70, por meio do médico Van Rensse-
laer Potter, que criou uma obra com o título: Bioethics: Bridge to the Future, para discorrer sobre o assunto.
7. d. Conforme o princípio da autonomia, o paciente tem o direito de ter sua vontade respeitada, desde que
seja condizente com o princípio da dignidade da pessoa humana.
31
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BRASIL. Lei n°. 11.105, de 24 março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Cons-
tituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança
– CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacio-
nal de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9,
de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º , 6º , 7º , 8º , 9º , 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e
dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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32
das técnicas de reprodução assistida - sempre em defesa do aperfeiçoamento das práticas e da observância aos
princípios éticos e bioéticos que ajudam a trazer maior segurança e eficácia a tratamentos e procedimentos mé-
dicos -, tornando-se o dispositivo deontológico a ser seguido pelos médicos brasileiros e revogando a Resolução
CFM nº 2.121, publicada no DOU. de 24 de setembro de 2015, Seção I, p. 117. 2017. Disponível em: https://www.
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REFERÊNCIAS
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34
35
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
36
2 Ética e Biossegurança
para os Profissionais
da Saúde
Esp. Mylene Manfrinato dos Reis Amaro
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Você já sabe que, como futuro profissional da saúde, estará sujeito a adquirir e transmitir doenças
oriundas de agentes infecciosos! Pois, algumas práticas de seu dia a dia são envoltas por vírus, bactérias,
fungos e protozoários, o que é normal ao se falar em procedimentos que envolvam saúde e bem-estar.
O campo da atuação do profissional da saúde ou mesmo da beleza vem crescendo de forma ace-
lerada nas últimas décadas, e você, como futuro profissional dessa área, deve conhecer os riscos a que
estará exposto em sua profissão. Esses riscos podem advir de vários fatores, como físicos, químicos,
e biológicos, que podem intervir em sua vida e saúde, bem como de seus pacientes. No entanto, esses
riscos podem ser eliminados por meio do uso da ética profissional e das normas de biossegurança.
Os profissionais do bem-estar são expostos aos mais diversos tipos de agentes causadores de doen-
ças. É possível adquirir doenças apenas pelo toque por meio das mãos. No entanto, como forma de
diminuir os riscos à saúde, tanto do profissional quanto do cliente/paciente, as normas de segurança
surgiram para nortear as condutas responsáveis a fim de evitar a proliferação de moléstias. É impor-
tante, porém, que você, antes de compreender quais são os meios eficazes para combater a transmissão
de anomalias, haja de forma ética e responsável, pois essa atitude corresponde ao primeiro passo na
prevenção de doenças.
38
UNIDADE 2
Imagine a seguinte situação: um cliente comparece em sua clínica com o diagnóstico de onico-
micose. Durante a anamnese, a paciente informou que há, aproximadamente, três anos possui uma
infecção fúngica no primeiro pododáctilo esquerdo que acredita ser de fundo emocional, pois sempre
está deprimida e sua imunidade fica debilitada. Você realizou a avaliação e constatou a presença de
onicomicose e onicogrifose na unha relatada, e hiperqueratoses no hálux esquerdo. Como você tam-
bém é um Terapeuta Integrativo, percebe instabilidade emocional por parte de sua cliente durante a
sua anamnese.
O procedimento indicado para tratamento consiste na eliminação do onicomicoses, melhoramento
da estética podal e ungueal, realização da hidratação da pele, massagens relaxante e aplicação de Reiki.
Após alguns meses de tratamento, você consegue o resultado tão esperado pela paciente e, agora, ela
possui unhas e pés totalmente livres de anomalias e está mais centrada e feliz.
No entanto, alguns dias depois de findado o tratamento da cliente, você apresenta infecção fúngica
na unha do dedo indicador da mão direita, resultado dos procedimentos realizados sem o uso de luvas
de proteção. Em que isso implicaria? Essa contaminação foi devido à falta de observância às normas
de proteção? Além disso, essa situação é capaz de por a vida de outras pessoas em risco?
É evidente que, como profissional, você foi imprudente ao realizar todo tratamento de seu cliente
sem o uso da luva de proteção, ou seja, a própria biossegurança não foi evidenciada, o que ocasionou
seu contágio.
Como profissional da saúde e promoção do bem-estar, em todas suas condutas, é necessário agir
de forma ética, pautado nas normas de biossegurança, como prevenção de doenças aos seus clientes
e para você também.
Dessa forma, a ética e as normas de biossegurança são de extrema importância para nortear suas
condutas, como forma de proteção de todos os envolvidos. Para ser um bom profissional na área da
saúde e bem-estar, é necessário que você tenha noções de ética e de biossegurança para saber lidar com
os problemas que surgem no dia a dia. É muito importante investir em conhecimento e se respaldar de
cuidado com sua saúde e de seus clientes. Pense nisso: a prevenção é a melhor ferramenta para lidar
com as situações que sua profissão irá gerar. E quais mais podem ser essas situações? E formas de pre-
venção? Qual você acha que a biossegurança exerce sobre os profissionais da saúde e bem-estar. Como
forma de fixação do conteúdo apreendido até o momento, convido você a realizar suas anotações no
Diário de Bordo, como forma de reflexão de suas primeiras impressões até o momento.
39
UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
“
Ética profissional é conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício
de qualquer profissão. E tem como objetivo o relacionamento do profissional com sua clientela e
vice-versa, tendo em vista, principalmente a dignidade do homem e o bem estar do contexto sócio-
-cultural em que atua sua profissão.
No entanto, não é só isso. Ao exercer suas atividades de forma ética, os profissionais devem se pautar
pelos padrões de segurança com a finalidade de prevenir riscos, seja nos hospitais, clínicas, ou em
salões de beleza.
40
UNIDADE 2
É nesse ponto que a biossegurança vira protagonista, pois além de ditar sobre os cuidados necessá-
rios para a prática profissional, também irá respaldar os profissionais por meio da ética. Logo, a ética e
biossegurança são fatores importantíssimos para proteção do indivíduo e para manutenção da própria
dignidade humana (BONIS; COSTA, 2009).
Confira as dicas a seguir para que você,
como futuro provedor do bem-estar possa,
praticar condutas éticas na saúde e conseguir
colocá-las em prática em sua profissão, para
agir de forma digna e respeitosa com seus pa-
cientes.
A primeira dica essencial é ter cuidado na
relação com o paciente: é importante que
você exerça sua profissão com base no cui-
dado, seja quanto às técnicas utilizadas nos
procedimentos, como forma de garantir o
bem-estar do paciente, mas também agir
de forma cautelosa quanto à aproximação
emocional. Quando se fala em procedimentos e condutas que intervêm de forma direta ou indireta
na vida, saúde e integridade do ser humano, é preciso que haja uma clara separação entre sentimentos
de amizade ou afeto, para que se tenha uma relação profissional de qualidade.
A segunda dica corresponde ao respeito necessário à equipe multidisciplinar: é de grande valia
que os profissionais, seja em qualquer procedimento que forem realizar, prezem pela harmonia com
os demais membros da equipe. É necessário valorizar o trabalho de todos e, na existência de qualquer
problema, é importante que seja discutido entre a equipe, antes de qualquer parecer ao paciente.
Por outro lado, a terceira dica está no respeito às normas internas e externas: a maioria das atividades
que envolvem a vida e bem-estar humano possui associações, códigos e estatutos, com a finalidade de
regular as práticas e condutas que interferem no ser humano e, de outro lado, defender e proteger os
direitos dos profissionais. Portanto, é necessário respeitar todas as normas e regras que giram em prol
dos estabelecimentos clínicos e hospitalares e outros espaços que lidam com a saúde.
Por sua vez, a quarta dica compreende o uso responsável das mídias sociais. Você deve estar se
perguntando: o que tem a ver mídias sociais com ética na saúde? Pois é, a tecnologia está presente em
todas as esferas da vida, até mesmo nos procedimentos do bem-estar humano que envolvam saúde. No
entanto, essa tecnologia traz alguns problemas, a exemplo na divulgação de promessas de resultados e
até mesmo de fotos que não compreendam a realidade, apenas como forma de captação de pacientes.
Por fim, a quinta dica que será abordada de forma mais completa mais adiante é a preservação
do sigilo do paciente. Essa conduta é um princípio ético inegociável, mesmo que seja em situações
que o profissional apenas deseja demonstrar resultados como forma de estímulo a outros pacientes.
É necessário que o sigilo seja preservado e que você, como profissional da saúde, tome os cuidados
necessários para não divulgar qualquer informação que sejam provenientes de procedimentos reali-
zados em seus pacientes.
41
UNICESUMAR
Por meio dessas dicas simples, você, futuro profissional da saúde, estará pronto para atuar de forma
mais ética em qualquer atividade relacionada à saúde e bem-estar do seres humanos. Além disso, os
princípios da bioética e da dignidade da pessoa humana estarão sendo preservados.
Gostou das dicas? Então, convido você a mergulhar na Bioética e Biossegurança para os profissio-
nais da saúde.
A biossegurança está presente no dia a dia de qualquer profissional da saúde e possui um significado
muito amplo, que abarca conhecimentos de diversos ramos, como direito, saúde, ciências biológicas,
economia e, até mesmo, as ciências sociais (ZANONI, 2004).
O conceito de Biossegurança surge em meados de 1974, por meio da Conferência de Asilomar, que
aconteceu na Califórnia. Esta conferência tinha como objetivo a discussão sobre assuntos relacionados
ao crescente progresso da engenharia genética e, consequentemente, seus riscos. No entanto, foi a partir
dessa conferência que as primeiras normas de biossegurança surgem, exemplo das normas do National
Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos. Inicialmente, o foco das normas de biossegurança para
o citado instituto era servir de aviso para a larga escala da comunidade científica, especialmente no
tocante à tecnologia do DNA recombinante.
Desde então, os demais países centrais, iniciaram suas preocupações em prol da criação de normas
que regulamentam as atividades relacionadas com a Engenharia Genética (ALMEIDA; VALLE, 1999).
Alguns anos depois, na década de 80, a Organização Mundial da Saúde (OMS) dispôs que a bios-
segurança corresponde às práticas de prevenção aos profissionais que trabalham na área da saúde e
também classificou os riscos que esses profissionais estão submetidos, como biológicos, físicos, ergo-
nômicos, químicos e radioativos (COSTA; COSTA, 2002).
No século XIX, por meio das Escolas Médicas, o Brasil tomou atenção quanto aos riscos e benefícios
que o trabalho realizado em laboratórios, clínicas e hospitais podem ocasionar, seja para profissional
da saúde ou para o paciente (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000).
A primeira legislação que regulamentou inicialmente a biossegurança no país foi a resolução n° 01,
do Conselho Nacional de Saúde, de 1988, que dispunha sobre normas específicas para realização de
pesquisas na área da saúde. No entanto, em 1995, com advento da Lei n° 8.974 e o Decreto n° 1.752 que
veio regulamentar esta lei, a biossegurança toma força no Brasil. Cria-se a Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança que sugere o Código de ética de Manipulações Genéticas com a finalidade de estar
presente em toda instituição de ensino que pesquisasse sobre as técnicas de engenharia genética com
intuito de emitir certificados de qualidade em biossegurança.
A lei n° 11.105, de 24 de março de 2005, mais conhecida como lei de Biossegurança, estabelece apenas
regras para a manipulação com DNA recombinantes e uso da pesquisa, produção e comercialização de
organismos geneticamente modificados (OGM) e também disciplina quanto ao uso de células tronco
embrionárias (MASTROENI, 2006).
Dessa forma, a biossegurança é compreendida como meios utilizados com a finalidade de prevenir,
controlar e eliminar riscos advindos da atividade do profissional do bem-estar, que possam intervir na
vida e qualidade da saúde do homem e do meio ambiente. Partindo desse ponto, ela é essencial para
prevenir os impactos que as tecnologias podem gerar à saúde.
Nesse sentido, aluno(a), a biossegurança atua na manutenção das boas práticas em laboratórios, com
os agentes biológicos que os profissionais da saúde se encontram expostos. Essas preocupações são
42
UNIDADE 2
importantes, pois, nesses ambientes, existem agentes capazes de transmitir moléstias aos seres humanos.
E o que seriam esses agentes capazes de transmitir doenças?
Os vírus, fungos, bactérias parasitas e protozoários são os maiores responsáveis por transmitir mo-
léstias aos seres humanos, principalmente na realização de procedimentos dentro de hospitais, clínicas
e salões de beleza (BRASIL, 1993).
Dessa forma, é necessário que medidas de biossegurança sejam exercidas pelos profissionais como
você, em sua profissão, e dentre essas medidas é necessário manter o local de trabalho limpo e esteri-
lizado, pois isso irá te ajudar na prevenção de doenças.
Procure conhecer os riscos e perigos oferecidos pelos procedimentos e produtos utilizados em
seu dia a dia. Conhecer as técnicas oferecidas pelo seu estabelecimento de trabalho também é uma
conduta importante, pois é por meio dessas informações que você saberá quais são os procedimentos
que cabem para cada situação específica.
Conforme foi estudado na disciplina de Biossegurança, para se proteger desses riscos e perigos, é
necessário que você conheça e utilize alguns equipamentos que são capazes de proporcionar seguran-
ça na realização de qualquer procedimento que você for realizar, seja como esteticista, podólogo ou
profissional de terapias integrativas e complementares.
Você já sabe que o principal objetivo do uso desses equipamentos é a proteção contra doenças in-
fectocontagiosas, já que eles são capazes de evitar o contato próximo na realização dos procedimentos
de saúde entre profissional e paciente, serve, para nos proteger contra o contato direto com qualquer
parte do corpo de seu paciente que possa estar com contaminações ou, até mesmo, prevenir que você
transmita ao seu paciente (SHMIDLIN, 2014, on-line)1.
Segundo a NR-06 do Ministério do Trabalho
e Emprego (BRASIL, 2005), esses equipamentos
correspondem a todo dispositivo ou produto de
uso individual utilizado pelo trabalhador, desti-
nado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar REALIDADE
a segurança e a saúde no trabalho. AUMENTADA
Contudo, você já sabe o que são os Equipa-
mentos de Proteção Individual (EPIs) e a sua
importância constante na vida de um profissio-
nal da saúde, pois como um promotor da saúde,
esses equipamentos (uso de óculos de proteção,
gorro, máscara, avental ou jaleco, luvas e sapatos)
protegem você, seu paciente e aqueles que os cer-
cam. Os óculos, por exemplo, servem para pro-
teção contra transmissão de infecções ou outras
doenças, diante do risco de alguns procedimentos
causarem sangramento e secreções ou, até mesmo,
para aqueles procedimentos em que se utiliza o
Importância do uso de EPIs para
laser, podendo atingir diretamente seus olhos.
proteção no ambiente de trabalho
43
UNICESUMAR
O uso do gorro ou touca, porém, serve como medida de proteção ao ponto que impede a queda dos
cabelos (considerado fonte de infecção). O uso desse equipamento de proteção deve ser realizado
tanto pelo profissional quanto pelo paciente. Por sua vez, a máscara possui a função de proteção das
mucosas da boca e do nariz contra a inalação ou ingestão de bactérias.
O avental ou jaleco é outro instrumento importantíssimo para sua profissão, pois serve como bar-
reira, dificultando a transmissão de vírus e bactérias. As luvas são outro item de grande importância
e, por meio do uso correto,é possível afastar os riscos de contaminação por meio da manipulação
dos procedimentos. Por fim, mas não menos importante, o uso de sapatos, como forma de prevenir a
contaminação e também de possíveis acidentes com objetos que possam vir a cair na área de trabalho.
Além desses instrumentos de proteção ao profissional e paciente, a biossegurança ainda dispõe
sobre normas de limpeza e esterilização dos ambientes em que são realizados os procedimentos, sejam
eles de beleza, bem-estar ou saúde. A limpeza corresponde à eliminação da sujeira por meio do uso de
água e sabão, enquanto a esterilização compreende a destruição de qualquer microrganismo capaz de
causar doenças (BRASIL, 1993).
Você percebeu como são importantes as normas de biossegurança para sua futura profissão?Ao
seguir essas normas, sejam elas de proteção ou limpeza e esterilização, você, além de estar agindo de
forma ética, também estará se protegendo de doenças que podem comprometer sua saúde e de seus
pacientes.
Agora, por meio do podcast desta segunda Unidade, você conhecerá algumas dicas essenciais para
evitar contaminações por agentes infecciosos e aprofundar seus conhecimentos na ética profissional.
Confira!
44
UNIDADE 2
Trabalhar com saúde é algo que exige muita cautela, pois diariamente você estará submetido a situações
que envolvam aplicação dos princípios éticos e das normas de biossegurança.
Como estamos vendo sobre a importância da ética na relação de confiança entre profissional e
cliente e sobre alguns cuidados que ambos devem tomar, para se evitar a aquisição ou transmissão
de algumas doenças ou anomalias, neste momento, você já está apto a solucionar o questionamento
inicial que esta unidade propôs ou seja, qual será sua postura frente à divulgação da imagem “antes e
depois” do procedimento realizado no pé de sua paciente?
Pois é, foi evidenciado que a conduta de exposição das imagens era algo reprovável, haja vista que
sua paciente não se sente confortável com a situação. Portanto, mesmo que você esteja habilitado para
realização do procedimento e feliz com o sucesso do resultado positivo que obteve, não poderá, de
forma alguma, realizar a divulgação das imagens, com base na ética e no sigilo e também na proteção
da própria imagem de sua paciente. Portanto, não é possível que sua autonomia sobressaia aos direitos
de sua paciente.
Por outro lado, em caso de divulgação, você estará infringindo os princípios da ética, ficando sus-
cetível a sanções legais que podem gerar inúmeros ditames negativos para sua jornada profissional,
como configurar em um processo no qual pode ensejar uma imagem negativa de sua postura, fazendo
com que você perca sua credibilidade com futuros pacientes.
45
UNICESUMAR
Caro(a) aluno(a), mais uma unidade chega ao seu fim. Aqui você aprendeu, de forma descontraída,
como ser um profissional ético e as diversas condutas de biossegurança para sua proteção e de seus
clientes.
Diante disso, é necessário resgatar a ideia principal estudada aqui como forma de fixação do con-
teúdo. Para tanto, proponho uma atividade de estudo que deve ser realizada com afinco. Observe as
palavras-chave propostas a seguir:
Por meio das palavras dadas, escreva um parágrafo abordando os temas e suas especificidades contidos
neste material. Feito isso, monte um mapa mental, relacionando o tema e explicando cada caraterística
da Bioética. Bons estudos!
46
1. Ética é um elemento de extrema importância para qualquer profissão. No entanto, quando se
fala em saúde, a ética se torna ainda mais relevante, pois é por meio dela que as condutas pro-
fissionais serão norteadas, sempre com o propósito de garantir a efetivação da dignidade da
pessoa humana. Nesse sentido, assinale a alternativa que melhor defina a ética.
a) Ética consiste na soma de valores e costumes próprios do ser humano.
b) A ética é a soma de valores e princípios que norteiam o comportamento dos indivíduos entre si,
com a finalidade de regulamentar juridicamente as pessoas.
c) A ética é a soma de valores e princípios que norteiam o comportamento dos indivíduos entre si.
d) A ética não tem a ver com uso de princípios, mas sim com o uso do diálogo e confiança.
2. Imagine a seguinte situação: você recebe um paciente em seu local de trabalho e percebe que
ele está com uma crise muito forte de tosse. Você sabe que, por meio da secreção da saliva, bac-
térias podem ser transmitidas. Com base nas normas de biossegurança, qual a melhor conduta
a ser tomada a fim de evitar possíveis transmissões de doenças? Escolha a alternativa correta.
a) O ideal é que você faça uso da máscara descartável apenas em situações como essa descrita.
b) A recomendação é apenas o uso de luvas, pois as mãos são consideradas as maiores fontes de
entrada de bactérias.
c) Você, como profissional da saúde, não pode constranger seus pacientes, dessa forma, ao utilizar
uma máscara, poderá passar a impressão ruim, como se estivesse com medo de adquirir alguma
moléstia.
d) A melhor conduta a ser tomada é o uso da máscara, pois a função é de proteção não só para
você, mas também ao seu paciente.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
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3. Os equipamentos de proteção que a biossegurança dispõe servem para assegurar a qualidade
de vida de todos os envolvidos, seja o profissional ou o paciente. Assinale a alternativa que re-
presenta os principais equipamentos de uso individual (EPIs).
I) Luvas, máscaras e toucas.
II) Luvas, máscaras, óculos e repelentes.
III) Máscaras, luvas, óculos, jalecos.
IV) Máscaras e luvas, apenas.
Escolha a alternativa.
a) Todas estão corretas.
AGORA É COM VOCÊ
4. Ao trabalhar com saúde e bem-estar, alguns perigos podem ser evidenciados, como a possível
aquisição de moléstias por agentes infectantes. Escolha a alternativa que disponha sobre quais
são os principais responsáveis pela transmissão de doenças.
a) Vírus, fungos, bactérias, parasitas e protozoários.
b) Apenas as bactérias podem causar doenças.
c) Vírus, fungos, infecção generalizada e protozoários.
d) Fungos, vírus, bactérias e parasitas.
e) Febre, dor de cabeça, fungos e parasitas.
5. Você está feliz por ter iniciado sua profissão, no entanto, não possui clientes suficientes para co-
brir os gastos mensais com aluguel do seu estabelecimento. Dessa forma, tem a ideia de divulgar
imagens de tratamentos com a finalidade de mostrar aos seus espectadores a grande demanda
que sua clínica está recebendo. O grande problema é que essas fotos não são suas, pois é sabido
que você não possui uma carteira de cliente consolidada, haja visto que está atuando apenas a
um mês na profissão. Diante, da situação apresentada e por meio das palavras apresentadas a
seguir, escolha a opção que demonstre quais condutas éticas você estará ferindo.
a) Indicação – respeito.
b) Cuidado – confiança.
c) Conduta – amizade.
d) Cuidado com relação com cliente – falta de autorização – confiança.
48
1. c. A alternativa correta é a C, pois compreende de forma precisa o significado da ética no contexto da
saúde e bem-estar.
2. d. As normas de biossegurança servem como proteção não apenas ao cliente/paciente, mas também para
o profissional. Neste contexto, a opção correta é a alternativa D, pois a máscara é o instrumento utilizado
para proteção contra a inalação ou ingestão de agentes infecciosos.
3. d. Os equipamentos de proteção (EPIs) são instrumentos de proteção contra agentes causadores de doen-
ças. Entre alguns desses equipamentos, temo a máscara, luvas, óculos, jalecos e toucas.
4. a. Os profissionais que trabalham diretamente com saúde lidam com muitos agentes capazes de transmitir
5. d. Algumas condutas que você tomar no tratamento de seu cliente/paciente serão capazes de transmitir
credibilidade e respeito; por isso, tenha sempre o cuidado que o paciente merece. Não divulgue imagens
ou informações que não foram autorizadas por ele, para que a confiança e o profissionalismo sejam ele-
mentos presentes e que você tenha sucesso na sua profissão.
49
ALMEIDA, A. B. S.; ALBUQUERQUE, M. B. M. Biossegurança: um enfoque histórico através da história oral.
História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 7, n. 1, 2000.
ALMEIDA, J. L. T.; VALLE, S. Biossegurança no ano 2010: o futuro em nossas mãos? Bioética, v. 7, n. 2, 1999.
BONIS, M. D.; COSTA, M. A. F. Ética da alteridade nas relações entre Biossegurança em saúde e Bioética. Revista
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BRASIL. Decreto n° 1.752, de 20 de dezembro de 1995. Regulamenta a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995,
dispõe sobre a vinculação, competência e composição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CT-
NBio, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1995 Disponível em: http://www.planalto.
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BRASIL. Lei 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Cons-
tituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biosseguran-
ça – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº
2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003,
e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm. Acesso em: 16 abr. 2020.
BRASIL. Lei n° 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Consti-
tuição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente
de organismos geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria TEM nº 485, de 11 de setembro de 2005. NR 06 – Segu-
rança e saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Brasília, 2005. Disponível em: http://sbbq.iq.usp.br/arquivos/
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COSTA, M. A. F.; COSTA, M. F. B. Biossegurança: elo estratégico de SST. Revista CIPA, v. 21, n. 253, 2002.
MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. 2. ed. Marco Fabio Mastroeni
–. São Paulo: Editora Atheneu, 2006.
ZANONI, M. Biossegurança: transgênicos, terapia genética, células-tronco; questões para a ciência e para a
sociedade. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. ICCA, 2004.
Referência on-line
1
Em: https://ticamontanaseguranca.blogspot.com/2014/06/biosseguranca-na-estetica-cuidados-na.html.Acesso
em: 08 fev. 2020.
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51
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
52
3 Responsabilidade
Civil na Saúde
Esp. Mylene Manfrinato dos Reis Amaro
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Olá, seja bem-vindo à Unidade 3! O campo da saúde e bem-estar é um universo que lida diretamente
com o ser humano, creio que você já tenha significado isso por meio de nosso estudo até aqui.
No entanto, algumas de suas práticas como profissional podem gerar eventuais responsabilizações,
como o caso da responsabilidade civil. Condutas realizadas com dolo ou culpa contra seus clientes/pa-
cientes (consumidores) podem ser consideradas pelo Código Civil e Código de Defesa do Consumidor
passíveis de reparação. Para isso, contudo, é necessário que alguns requisitos sejam preenchidos, como
é o caso dos elementos que irão caracterizar essa responsabilidade, os quais, no decorrer da unidade,
serão estudados profundamente.
Hoje existem muitas técnicas e terapias capazes de proporcionar melhorias no estilo e modo de
vida de pessoas portadoras de algumas doenças. É possível alcançar o bem-estar por meio da ajuda dos
profissionais que lidam diretamente com a vida e saúde dos seres humanos. Há alguns anos, a estética,
podologia e as terapias integrativas e complementares ajudam indivíduos que buscam uma melhoria
em suas vidas. No entanto, é importante que você tenha responsabilidade em seus atos profissionais
para que nenhuma conduta seja passível de reparação civil.
54
UNIDADE 3
Sabemos que a conduta de aplicação da técnica da Dança Circular é utilizada por muitos profissionais
que possuem formação na área da saúde, para ajudar pacientes/clientes com variados problemas de saúde.
Então, imagine a seguinte situação: um paciente seu, de aproximadamente 65 anos de idade, com
ótima saúde e sem dores advindas da coluna ou lombar, inicia a terapia da dança circular, por meio
da sua supervisão. No entanto, algumas semanas depois, esse paciente começa a se queixar de dores
na região lombar (lombalgia - dores nas costas) e na planta dos pés (fasciíte plantar). Ao analisar, você
constata que podem ser advindas dos movimentos praticados na dança circular. Pense comigo, qual
será sua conduta a fim de evitar maiores problemas de saúde em seu paciente e, consequentemente, uma
ação de danos morais e materiais que pode te condenar ao pagamento de indenização ao seu cliente?
Como futuro profissional da promoção da saúde e bem-estar, você deve tomar extremo cuidado
em sua conduta ao se relacionar com seus clientes/pacientes, pois o Código Civil e o Código de Defesa
do Consumidor são categóricos em dispor sobre a responsabilidade civil, que são os danos causados
aos seus consumidores (clientes/pacientes).
55
UNICESUMAR
Dessa forma, os princípios aprendidos nas unidades anteriores são capazes de nortear sua conduta
para que você não venha a cometer um ilícito e ser responsabilizado por isso. É importante que suas
atitudes profissionais sejam claras e responsáveis. Como exemplo disso, podemos comentar situações
em que você recomenda o uso de determinado produto ao seu cliente, no entanto este produto ocasio-
na danos à saúde do indivíduo, por falta de cuidado seu, ao se recordar que um dos componentes do
produto não podia ser utilizado por seu cliente. Diante disso, é passível uma ação de responsabilidade
civil para reparação do ilícito.
Pois bem, como forma de fixação do conteúdo estudado até o devido momento, convido você para
iniciar suas anotações dessa terceira unidade. Para tanto, utilize o Diário de Bordo para registrar suas
primeiras considerações com o foco de iniciar a compreensão do alcance e importância da Respon-
sabilidade Civil.
DIÁRIO DE BORDO
56
UNIDADE 3
Querido(a) aluno(a), no decorrer da primeira e segunda unidades de nosso estudo, você percebeu que
sempre tocamos nos possíveis problemas que sua conduta pode causar, certo? Pois é, a falta de atenção
aos princípios da bioética, da ética e, até mesmo, do uso das normas de biossegurança, podem gerar
problemas de cunho processual. E o que isso significa?
Toda conduta que cause um dano deve ser reparada. É nessa senda que a Responsabilidade Civil
entra em ação. Você como profissional do bem-estar deve sempre zelar por sua profissão como forma
de garantir sua própria dignidade humana como também de seus pacientes.
Diante da importância do assunto, convido você a mergulhar no universo da Responsabilidade Civil.
As primeiras noções de responsabilidade civil surgem com as sociedades não civilizadas, ca-
racterizadas pelo senso de vingança e justiça com as próprias mãos, ou seja, nessa época o indivíduo
que causasse dano a outro deveria pagar o injusto da pior forma possível. Essas sociedades primitivas,
pautadas nas “normas de justiça” de sua época, usavam de suas tribos para “cobrar” o ofensor; com o
passar do tempo essa relação de cobrança foi constituída apenas pela figura do próprio ofendido e
ofensor (RODRIGUES, 2002).
Carlos Alexandre Moraes (2009) acrescenta ainda que, mesmo com o advento das sociedades
civilizadas, ainda assim pairava o espírito de vingança, a noção de reparação do dano praticado era
tida como “olho por olho” e “dente por dente”. Só por meio da evolução as sociedades mudaram o
paradigma da reparação do injusto, no qual, a noção de vingança perde forças e a ideia de reparação
de forma pecuniária surge.
Nessa época da história, alguns Códigos surgem com intuito de regular as condutas dos indivíduos
em sociedade; exemplo disso é o Código de Hamurabi, Manu e Hebreu:
“
(...) nos mais antigos monumentos legislativos, que antecederam por centenas de anos a civilização
mediterrânea, vestígios há de que o tema fora objeto de cogitações. Vem do ordenamento mesopo-
tâmio, como do Código de Hamurabi, a ideia de punir o dano, instituindo contra o causador um
sofrimento igual; não destoa o Código de Manu, nem difere essencialmente o antigo direito Hebreu
(PEREIRA, 1991, p. 5-6).
57
UNICESUMAR
No Brasil, por meio do Código Civil de 1916, a responsabilidade civil era tratada de forma subjetiva
e, por meio de seus artigos, dispunha sobre as formas de constatação das condutas infratoras e a gra-
vidade dos danos ocasionados. Anos depois, um novo Código Civil surge em 2002, com um capítulo
exclusivo para tratar e regular a responsabilidade civil. Dessa vez, a responsabilidade é tratada sob duas
perspectivas, sendo elas a objetiva e a subjetiva. E afinal, qual o conceito de Responsabilidade Civil?
Diante desse questionamento, diversas teorias surgem, com os mais diversos autores que tentam
explicar o conceito e significado do termo. Grande exemplo disso é Judith Martins-Costa (2003, p. 92)
que argumenta que tratar de responsabilidade civil “significa ingressar num vasto e fascinante universo
(...) no qual se emaranham aspectos do mais profundo significado ético atinente à própria condição
humana”. Por outro lado, de forma objetiva, Álvaro Villaça Azevedo (2000, p. 353) destaca que "a res-
ponsabilidade nada mais é do que o dever de indenizar o dano que surge sempre quando alguém deixa
de cumprir um preceito estabelecido num contrato ou quando deixa de observar o sistema normativo
que rege a vida do cidadão".
Por sua vez, no direito, Maria Helena Diniz (2009, p. 34) conceitua a responsabilidade civil como
“
a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiro
em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal
sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade
objetiva).
Para Azevedo (2000, p. 244), a responsabilidade civil “é a situação de indenizar o dano moral ou patri-
monial, decorrente de inadimplemento culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei,
ou ainda, decorrente de risco para os direitos de outrem”.
Diante de todos os conceitos vistos, é perceptível que apresentam características coincidentes, ou
seja, a presença de alguém que comete um ilícito que deve ser reparado à vítima,
seja por meio de reparação pecuniária, seja reparação de ordem moral.
Você, como futuro profissional, irá lidar de forma direta com a saúde ou
mesmo de forma direta ou indireta com a vida de outros indivíduos, e
não está ileso à responsabilidade civil. Pelo contrário, sua res-
ponsabilidade é ainda maior, porque não existe bem mais
importante e significativo, como a vida do ser humano
e seu bem-estar. Por isso, é de extrema importância que
você saiba quais são suas responsabilidades jurídicas.
Partindo dessa ideia, vamos analisar, de forma
precisa, quais são os elementos da responsabi-
lidade civil, com o propósito de verificar em que
hipóteses se admite sua responsabilização como
profissional da área da saúde e reconhecer as
diversas espécies de danos admitidos no or-
denamento jurídico brasileiro.
58
UNIDADE 3
A responsabilidade civil requer três elementos fundamentais, que foram apresentados por meio
dos conceitos estudados anteriormente, correspondendo à conduta humana (ato ilícito) + culpa +
dano + nexo de causalidade. Esses elementos são extraídos do Código Civil, responsável por regular
as normas de reparação.
Por meio do art. 186, temos: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
dência, violar direito e causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
(BRASIL, 2002).
Diante da complexidade das relações sociais e tecnológicas que os seres humanos são inseridos
(como no caso de modificação estéticas, intervenções no corpo humano e a busca pela perfeição), muitas
vezes não é tarefa fácil identificar qual é a conduta do agente, se ele agiu de forma dolosa (quando tem
vontade) ou culposa (quando não teve a intenção de praticar o ato), se a conduta foi lícita (legal) ou
ilícita (ilegal), principalmente pela falta de norma regulamentadora de muitos atos que são praticados
por você na sua atividade profissional. Outra indagação é na constatação do dano, se houve ou não e,
ainda, se o nexo causal é identificável no caso concreto.
Você percebeu que, ao se tentar identificar se uma conduta gerou responsabilidade civil, é necessário
verificar vários elementos, pois bem, então vamos conhecê-los de forma mais profunda, para facilitar
sua vida diária na prática de sua profissão.
A conduta humana é o primeiro requisito fundamental da Responsabilidade Civil. Nesse sentido,
ela corresponde ao “comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma ação ou
omissão, produzindo consequências jurídicas” (CAVALIERI FILHO, 1996, p. 24).
Para o doutrinador Humberto Theodoro Junior (2003, p. 32), existem dois requisitos necessários
para a caracterização da conduta humana, que se expressam na voluntariedade e injuridicidade que
correspondem:
“
Voluntariedade e injuridicidade, nessa ordem de ideias, são pressupostos do comportamento do agente
que o tornam responsável pelo dever de indenizar o prejuízo derivado de seu ato ilícito. Não há ato
ilícito stricto sensu se não houver prejuízo para a vítima, mas também não haverá o dever de indenizar
se o dano sofrido pelo ofendido não estiver conectado a um comportamento voluntário do agente.
Sílvio de Salvo Venosa (2003, p. 22) também possui entendimento no mesmo sentido, de que “[...] o
ato ilícito traduz-se em um comportamento voluntário que transgride um dever”. Desse modo, para
existir um ato ilícito, é necessário que a conduta praticada seja contrária à lei, ou seja, na sua profissão,
ao realizar qualquer atitude que esteja na contramão da legislação ou que não esteja expressa juridica-
mente, mas que possua potencial de ferir os princípios da bioética ou da dignidade da pessoa humana,
você estará frente a uma conduta ilícita, passível de responsabilidade civil.
No entanto, essa conduta ilícita pode ocorrer na forma comissiva ou omissiva, na primeira moda-
lidade a conduta foi praticada, enquanto na segunda existia o dever de praticar algo, porém você foi
omisso e não tomou as medidas necessárias para tal.
O segundo elemento da responsabilidade civil é caracterizado como a culpa. Esse elemento compõe
a responsabilidade subjetiva, que compreende a comprovação de que o infrator tenha agido de forma
culposa. Segundo Venosa (2003, p. 25), pode advir por meio da negligência, imprudência e imperícia,
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UNICESUMAR
que “[...] contém uma conduta voluntária, mas com resultado involuntário, a previsão ou a previsibi-
lidade e a falta cuidado devido, cautela ou atenção”.
No entanto, aluno(a), você sabe o que significa esses três elementos da culpa? Em rápidas palavras, a
imprudência é caracterizada pela falta de cautela, ou de conduta necessária, ou cuidado para não cau-
sar dano. A negligência, por sua vez, corresponde pela falta de atenção devida que deveria ter tomado
em relação à determinada conduta; essa falta de atenção pode advir de uma desatenção, desleixo ou
mesmo do descuido. E por fim, mas não menos importante, temos a imperícia, caracterizada pela falta
de qualificação ou pela inépcia profissional, ou seja, é a existência de um profissional que não detém
o conhecimento necessário para a prática de sua profissão.
Vejas uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná que ilustra de forma categórica a relação de
culpa como pressuposto da responsabilidade do profissional:
“
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS ESTÉTICOS E MORAIS - AÇÃO
MOVIDA CONTRA O MÉDICO E A CLÍNICA - RESPONSABILIDADE SUJEITA À CONDUTA
CULPOSA - INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 14, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
E 951, DO CÓDIGO CIVIL - APLICAÇÃO DE PEELING - AUTOR QUE FICOU COM MANCHAS
BRANCAS NO ROSTO (TESTA) - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - CULPA E NEXO CAU-
SAL VERIFICADOS - CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA NÃO DEMONSTRADA - AUSÊNCIA,
ADEMAIS, DE INFORMAÇÕES ACERCA DO RISCO DE PROCEDIMENTO - DEVER DE IN-
DENIZAR - DANOS ESTÉTICOS E MORAIS VERIFICADOS - QUANTUM INDENIZATÓRIO
- MANUTENÇÃO - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA - SENTENÇA EXTRA
PETITA NÃO VERIFICADA - MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA - POSSIBILIDADE DE FIXAR
TAIS CONSECTÁRIOS DE OFÍCIO - TERMO INICIAL - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
- PERCENTUAL ADEQUADO - HONORÁRIOS RECURSAIS - CABIMENTO.RECURSO DE
APELAÇÃO DESPROVIDO.1 - A regra da responsabilidade objetiva para clínicas e estabelecimentos
hospitalares, prevista no artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, não se estende aos danos
reclamados em razão de suposto erro médico, na medida em que se põe em exame a prestação do
serviço pelo profissional, sendo aplicável, consequentemente, a responsabilidade subjetiva, a teor do
§ 4º do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, restando a responsabilização do nosocômio
atrelada à eventual conduta culposa do médico. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3Hipótese em que restou demonstrado que as alterações estéticas ocasionadas no rosto do suplican-
te, decorreram do procedimento cirúrgico denominado peeling realizado pelo médico suplicado,
na clínica suplicada, que não se desincumbiram do ônus de comprovar que não agiram com culpa,
exsurgindo o dever de indenizar.2 - Quanto ao dano moral, seu cabimento é pacífico, e independe
do prejuízo patrimonial, caracterizando- se no sofrimento a que foi submetido o requerente, que em
razão do procedimento estético em comento, suportou dor física, angústias e aflições, em razão da
alteração de sua aparência física, sentimentos que, na espécie, se presumem pela própria gravidade
do evento que a acometeu, que por certo refugiram à normalidade, interferindo de forma intensa e
duradoura no equilíbrio psicológico da mesma, fazendo jus à indenização por danos morais.3 - Por
igual, sofreu dano estético, já que o evento lesivo resultou em manchas brancas na sua testa, o que afetou
a sua aparência, deixando sequelas visíveis, o que sempre despertará a atenção, quiçá sentimento de
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UNIDADE 3
pena de terceiros.4 - A fixação do montante devido a título de dano moral e estético fica ao prudente
arbítrio do Julgador, devendo pesar nestas circunstâncias, a gravidade da culpa, a extensão do dano,
a possibilidade de quem deve repará-lo, e as condições do ofendido, cumprindo levar em conta, que
a reparação não deve gerar o enriquecimento ilícito, constituindo, ainda, sanção apta a coibir atos
da mesma espécie.5 - A matéria atinente à correção monetária e juros de mora é de ordem pública,
o que significa dizer que pode ser reconhecida e modificada a qualquer tempo, e em qualquer grau
de jurisdição, inclusive de ofício, consoante orientação exarada pelo Colendo Superior Tribunal de
Justiça. Em se tratando de indenização por danos morais e estéticos decorrente de ato ilícito extra-
contratual, os juros de mora devem recair desde a data do evento danoso, e a correção monetária a
partir do arbitramento PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 5 definitivo do quantum,
nos termos das Súmulas 54 e 362, do STJ.6 - A verba honorária, fixada em 15% (quinze por cento)
sobre o valor atualizado da condenação, reflete adequadamente o trabalho desempenhado e o grau
de zelo dos patronos do autor, bem como o tempo de tramitação da demanda (ação ajuizada em maio
de 2010), e ainda a complexidade e natureza da causa (que demandou a produção de prova pericial
e oral), devendo, pois, ser mantida (TJPR , 2018).
Portanto, a indenização deve ser medida pelo grau de culpa e pelo potencial danoso que essa conduta
causou à vítima. No entanto, a competência para atribuir esse grau é do juiz, que, no caso concreto, irá
analisar os fatos e provas existentes.
O terceiro elemento caracterizador da responsabilidade civil é o dano, esse elemento está ligado à
ideia da figura do “causador do dano”, que se tratando do profissional do bem-estar, essa pessoa pode
ser você na atuação de sua profissão. No entanto, é importante identificar, de forma clara, quais são as
características desse dano. Seu conceito pode ser expressado da seguinte forma: “(...) mal que se faz a
alguém; prejuízo ou deterioração de coisa alheia; perda” (BUENO, 1991, p. 189). Por outro lado, agora
na esfera jurídica, o conceito de dano pode ser tido como “(...) Toda ofensa ou diminuição do patri-
mônio moral ou material de alguém, resultante de delito extracontratual ou aquiliano, ou produzido
pela natureza” (NUNES, 1994, p. 288-289).
No entanto, de forma específica, o dano pode ser entendido como a perda que determinada pessoa
sofreu, em seu patrimônio, saúde, atividade profissional ou qualquer outro aspecto que atinja seus
direitos (LARENZ, 1979). Para sua maior compreensão, imagine a seguinte situação: você causa uma
lesão no abdômen de sua paciente que contratou um pacote de massagens modeladoras. Essa lesão foi
causada pela falta de conhecimento técnico dos movimentos necessários para realização do procedi-
mento. Essa conduta é um dano causado à sua paciente, passível de indenização.
Contudo, saiba que existem algumas modalidades de danos e, entre os mais importantes que você
poderá se deparar em seu cotidiano, temos o dano patrimonial, moral e estético. O dano patrimonial
liga-se à ideia de lesão ao patrimônio de alguém, que consequentemente deve ser reparado. Nas pa-
lavras de Flávio Tartuce (2016, p. 395), importante doutrinador do tema, “os danos patrimoniais ou
materiais constituem prejuízo, perdas que atingem o patrimônio corpóreo de uma pessoa natural (...)”,
enquanto o dano moral é aquele que “(...) vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoas
física ou jurídica, provocado pelo fato lesivo” (DINIZ, 2002, p. 106). O dano estético, que pode ser o
mais evidente por todos seus anos de profissão, é caracterizado como “(...) toda ofensa à integridade
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UNICESUMAR
física, mental ou fisiológica de alguém, de que lhe resulta a morte ou alteração ostensiva, temporária
ou permanente, de um órgão ou de suas funções” (NUNES, 1994, p. 553), ou seja, o dano estético “é
todo aquele de que resulta deformidade física notável e permanente da vítima” (NUNES, 1994, p. 289).
Quanto ao dano estético, vejamos o posicionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo:
“
Ação de Indenização por Danos Morais, Materiais e Estéticos – Alegação de procedimento estético
de "criolipólise" na região do abdome mal sucedido causando bolhas e queimaduras – Sentença de
parcial procedência – Insurgência da ré – Descabimento – Dano e nexo causal -Comprovação por
perícia – Indenizações devidas – Aplicação do artigo 252, do Regimento de Interno desta Corte –
Recurso desprovido (TJSP , 2020).
Ainda, quanto ao dano estético, Maria Helena Diniz (2007, p. 80) leciona ser “toda alteração morfológica
do indivíduo, que, além do aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda
que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto um afeamento da vítima”.
No âmbito da beleza e bem-estar, seja na estética, podologia ou terapias integrativas e complemen-
tares, o dano patrimonial se resolve com o ressarcimento do dano, por meio da indenização.
Na lei, o Código Civil aborda em dois artigos a possibilidade de reparação do dano estético, por meio
do art. 949 e art. 950 que tratam sobre “lesão ou ofensa à saúde” e “indenização para o tratamento das
lesões”. Diante dessa possibilidade legal de reparação, vale destacar alguns exemplos de danos estéticos
mais frequentes, entre eles temos: “queda de cabelo, das sobrancelhas, cílios, dentes etc.; cicatrizes por
qualquer parte do corpo; perda de movimentos” (BRASIL, 2002).
O doutrinador Jean Carrard (1940, p. 405), por meio de sua festejada obra O Dano estético e sua
Reparação, aborda informações importantíssimas quanto ao dano estético, vejamos:
“
Não é possível enumerar todos os atentados que podem ser feitos à estética dos homens e das mulheres.
Seria preciso, para isto, escrever um dos capítulos da miséria humana; cicatrizes de todas as naturezas
e de todas as origens do rosto, ou em outras partes do corpo, deformação de um órgão (por exemplo
do nariz, da boca, da orelha, da arcada superciliar); aparição de tumores, de crostas, de colorações, etc.,
na superfície da pele; perda dos cabelos, das sobrancelhas, dos cílios, dos dentes ou de um órgão qual-
quer. Estas ofensas serão tanto mais graves quando feitas a uma parte do corpo que fica normalmente
desnuda. Mas será precisa encarar cada caso particular; o caso da dançarina profissional que dança
quase nua, o caso da mulher mundana que usa roupas decotadas, o caso da jovem que frequenta as
praias elegantes, o caso do manequim que apresenta as últimas novidades (...) O atentado à estética
será tanto mais grave quanto mais bela for a vítima. O dano estético pode também resultar de um
atentado à voz ou à faculdade de se mover: a vítima, que possuía uma voz quente e sedutora, não tem
mais, em consequência das lesões, do que uma voz estridente; a vítima que se movia com graça, não
pode mais fazer senão movimentos irregulares e sacudidos.
Alguns tribunais possuem o entendimento que em algumas situações é possível ocorrer a cumulação
do dano moral e do dano estético, como exemplo do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que admite
essa vinculação de ambos os danos, obrigando o ofensor a repará-los de acordo com sua gravidade e
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UNIDADE 3
especificações. Por meio da Súmula do tribunal citado, podemos observar essa possibilidade: “Súmula
387 - “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. Seja o dano mais visível
possível ou aquele que não se percebe, que a barba ou cabelo possa “esconder”, ambos merecem repa-
ração (DINIZ, 2002, p. 98).
Por sua vez, como quarto elemento da responsabilidade civil, temos o nexo de causalidade que,
segundo Sérgio Cavalieri Filho (1996, p. 67), é “[...] elemento referencial entre a conduta e o resultado.
É através dele que podemos concluir quem foi o causador do dano”.
Segundo a Ministra Carmem Lúcia, por meio do Agravo em Recurso Extraordinário n° 667.117
(BRASIL, 2012, s.p.), o nexo de causalidade pode ser entendido da seguinte forma:
“
Em nosso sistema jurídico, como resultado do disposto no artigo 1.060 do Código Civil [de 1916;
art. 403 do Código Civil de 2002], a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano
direto e imediato, também denominado teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele
dispositivo da codificação civil diga respeito à impropriamente denominada responsabilidade ex-
tracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem
subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias existentes: a da equivalência das condições
e a da causalidade adequada.
Portanto, o nexo de causalidade “é o liame que une a conduta do agente ao dano” (VENOSA, 2011,
p. 56). Esse elemento fica entre a conduta humana e o dano, como forma de ligação entre a ação e o
malefício causado, ou seja, é ligação da causa e efeito, que, por meio de uma conduta, o dano é gerado.
Para exemplificar, vejamos o exemplo de entendimento do Tribunal de Justiça do Paraná, em um
caso concreto que não foi evidenciado o nexo de causalidade:
“
RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL E MATERIAL. QUE-
DA DE CABELO. AUSÊNCIA DE PROVA DO NEXO CAUSAL. ÔNUS DA AUTORA. ART. 373, I,
DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA NEGATIVA PELAS RÉS. DEVER DE
INDENIZAR NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA. Recurso conhecido e desprovido
(TJPR, 2018).
Para que o esteticista, podólogo ou profissional das terapias integrativas e complementares seja respon-
sabilizado por danos causados em seus pacientes/clientes, é necessário comprovar a relação do nexo
de causalidade entre a conduta humana e o dano alegado pelo paciente/cliente. Contudo, cabe a você
provar a existência do nexo causal. Caso este não seja provado, não há que se falar em indenização.
Depois de termos estudado o conceito e os elementos da responsabilidade civil, é o momento de
aprender sobre a responsabilidade civil em espécie. É importante que você saiba que existem diversas
espécies, mas vamos esmiuçar apenas aquelas mais comuns da sua prática profissional.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
Contudo, em casos que fique comprovado que o resultado só não foi entregue por falta de desleixo ou im-
perícia, você será passível de responder civilmente ou penalmente, caso tenha cometido algum ilícito penal.
“
Quanto ao tema, Rui Stoco (2004, p. 480) leciona o seguinte:
Significa, também, que a sua obrigação é de meios, quando o profissional assume prestar um serviço
ao qual dedicará atenção, cuidado e diligência exigidos pelas circunstâncias, de acordo com o seu
título e com os recursos que dispõe e com o desenvolvimento atual da ciência, sem se comprometer
com a obtenção de um certo resultado.
Portanto, a entrega ou resultado da coisa contratada não é obrigatória, claro, se você tiver aplicado
todo seus conhecimentos para tal.
A responsabilidade civil nas relações de consumo também corresponde a outra espécie que me-
rece nossa atenção. O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), por sua vez, trata da relação
de consumo entre fornecedores e consumidores. Ele é tido como uma norma de proteção aos consu-
midores, por configurarem um quadro de vulnerabilidade em relação aos fornecedores, que detêm a
técnica para realização ou fornecimento de algo.
A relação de consumo é o eixo que liga o consumidor (cliente) e o fornecedor (você profissional),
por meio de um produto ou serviço. Existe a relação de consumo quando o cliente contrata você para
realização de algum procedimento vinculado às suas competências laborais.
No entanto, para que seja caracterizado uma relação de consumo, é necessária a presença de três
elementos primordiais, que são: cliente, fornecedor e produto. Nesse contexto, a lei consumerista, por
meio dos art. 2°, estabelece que “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final” e art. 3° dispõe que "fornecedor é toda pessoa física ou ju-
rídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços" (BRASIL, 1990).
Diante da exposição legal, é possível afirmar que você, como futuro profissional da estética, podolo-
gia ou terapias integrativas e complementares, é fornecedor de serviços em suas práticas profissionais.
Outro ponto importante dentro das espécies de responsabilidade civil é sua relação com o direito
à imagem, porque esta é protegida como um direito de personalidade, que são os direitos inerentes de
todos seres humanos. Sua previsão legal está disposta por meio da Constituição Federal, mais preci-
samente no art. 5° inciso V (BRASIL, 1988).
Por ser um direito personalíssimo, a lei federal garante a indenização pelos danos morais ou patrimo-
niais por meio da violação da imagem. Por isso, é muito sério que você tome cuidado com as imagens
de seus pacientes, para que não venha a divulgar sem autorização e sofra responsabilização por isso.
Os tribunais de justiça do Brasil vêm aceitando os processos que contenham como objeto a reparação
por danos à imagem, pela simples falta de autorização do titular. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ),
por meio da Súmula n° 403, determinou que: “independe de prova do prejuízo, a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais” (BRASIL, 2009).
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UNICESUMAR
Portanto, nunca divulgue imagens de seus clientes/pacientes sem antes solicitar a autorização deles,
essa pequena atitude é capaz de prevenir eventuais problemas jurídicos em sua carreira.
No entanto, nem todas as atitudes vão ser consideradas passíveis de indenização, isso porque existem
as hipóteses de excludentes de ilicitude que podem isentar uma possível responsabilidade civil. Você
sabia que existem situações que, mesmo o “ilícito” tendo sido concretizado, o agente causador não irá
responder pelo dano? Sim, isso é possível em algumas situações peculiares.
Ao se falar dos profissionais do bem-estar, é evidente que uma relação de consumo exista entre
profissional e cliente, e nessa esfera o Código de Defesa do Consumidor entra em ação. No entanto,
mesmo caracterizando uma relação de consumo em que exista a figura do fornecedor (profissional) e
do consumidor (cliente/paciente), é possível se falar das excludentes de responsabilidade.
O Código de Defesa do Consumidor traz duas situações que possibilitam que o fornecedor (pro-
fissional) possa ter sua responsabilidade excluída. Por meio do §3°, do art. 14 (BRASIL, 1990), temos
a inexistência do efeito e a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Vejamos:
“
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
[...]
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (destaque nosso).
Na prática, cabe a você provar que não concorreu para ocorrência do dano, ou seja, alegar a excludente
de responsabilidade, por meio do defeito ou culpa do consumidor/terceiro. No entanto, é importante
que você entenda melhor o que compreende as hipóteses de isenção da responsabilidade.
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UNIDADE 3
A inexistência do defeito equivale ao profissional provar que a prestação do seu serviço foi correta,
exemplo disso é você, como profissional da estética, provar que empregou todas as técnicas possíveis
na realização da Carboxiterapia (injeção de gás carbônico em distintas camadas da pele a distendo)
para tratamento de estrias, ou você, podólogo, no tratamento de úlceras micóticas (infecção ou pre-
sença de fungos) nos pés, ou o profissional de terapias integrativas e complementares que faz uso da
osteopatia (mobilização e manipulação articulação, bem como de tecidos moles) para cura de algu-
mas enfermidades do corpo humano e qualquer problema que advenha da manipulação e uso desses
procedimentos não advém por defeito das técnicas empregadas.
Quanto à culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, segue a mesma linha de raciocínio da
inexistência de defeito. É sua competência como profissional do bem-estar provar sua inexistência de
responsabilidade e demonstrar a culpa exclusiva do seu cliente ou de terceiro.
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UNICESUMAR
Nesse sentido, vejamos um exemplo do Tribunal de Justiça do Paraná em um caso de culpa exclusiva
do consumidor:
“
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS
E ESTÉTICOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTO ALISADOR DE CABELO. REAÇÃO ALÉRGICA,
INCLUSIVE COM A QUEBRA E QUEDA CAPILAR. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. NÃO ADOÇÃO DAS INSTRUÇÕES CONTIDAS
NO RÓTULO DO PRODUTO. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
PERMISSIVO DO ART. 46 DA LJE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO (TJPR, 2018).
Por exemplo, seu cliente contratou seus serviços para realização de peeling facial, junto com o tratamento
facial comprou um creme esfoliante para pele oleosa, contudo, o cliente foi informado que só poderia
utilizar o mencionado produto 60 dias após o término do tratamento, em virtude do ácido usado nas
sessões de peeling, que, ao contato com esfoliante, poderia causar manchas na pele de seu cliente.
Mesmo com a recomendação, o seu cliente utilizou o esfoliante facial durante o período de tra-
tamento com o ácido e, por isso, sofreu queimaduras que ocasionaram manchas em seu rosto, dessa
forma, os danos (manchas) sofridos foram ocasionados por culpa exclusiva do cliente (consumidor)
que não seguiu as devidas orientações.
Com esse exemplo, caso seu cliente ingresse com uma ação de reparação de danos, exigindo inde-
nização, você, como profissional que orientou sobre os procedimentos corretos, não será condenado
a pagar indenização, (desde que prove que realmente orientou), pois os danos foram ocasionados por
culpa exclusiva do seu paciente. Por isso, é de suma importância você se resguardar por meio de provas
testemunhais, da entrega de um termo de consentimento informado, para assim, atenuar ou exonerar
a sua responsabilidade.
Vamos mergulhar de forma descontraída no assunto da responsabilidade civil? Ouça nosso podcast
desta terceira unidade de estudo, que conta com explicações de especialistas no assunto.
68
UNIDADE 3
O tema da Responsabilidade Civil é algo importante para sua profissão, pois te leva a ser capaz de deli-
near situações do cotidiano que irá lidar, mas com uma visão responsável. Compreender seus direitos
e deveres traz segurança para prática de sua autonomia profissional.
Você percebeu o quanto é importante agir de forma responsável em todos os procedimentos e
orientações que realizar com seus clientes/pacientes? Qualquer conduta que enseje um dano pode
ser passível de reparação.
Por meio desta unidade, você pôde entender quais são os elementos caracterizadores da respon-
sabilidade civil, que compreende em conduta humana, culpa, dano e o nexo de causalidade. Estes são
responsáveis por determinar se uma conduta foi ilícita e se merece reparação.
Neste momento, após o estudo realizado, você está apto para solucionar situações passíveis de res-
ponsabilidade civil, não é mesmo? Então, vamos praticar?
Imagine as seguintes situações:
• uma cliente deseja realizar procedimentos para eliminar gorduras abdominais, no entanto é
portadora de obesidade mórbida. Mesmo sabendo que os procedimentos disponíveis em sua
clínica não são passíveis de proporcionar resultados satisfatórios para sua cliente, você ilude
essa pessoa oferecendo promessas de ótimos resultados.
• Um cliente com uma depressão profunda genética te procura para ser atendido, porém você
trabalha com terapias holísticas que no caso apresentado por seu cliente não é a melhor forma
para tentar resgatar a dignidade dele. No entanto, você não recusa o atendimento e vende a falsa
esperança de que somente por meio da terapia holística, seu cliente será ajudado.
• Uma cliente procura seu local de trabalho para tratamento de micose nas unhas da mão esquer-
da, contudo, vem a adquirir hepatite B, por falta de higienização dos instrumentos que você,
profissional, utilizou para o tratamento da micose.
Neste sentido, qual será a melhor atitude a ser tomada por você, diante das situações apresentadas? O
que é necessário fazer para que você não venha responder um processo e, consequentemente, tenha
que indenizar seus clientes/pacientes?
Sabemos que a Responsabilidade Civil serve como meio de responsabilização ou punição de quem
prática conduta que geram danos.
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UNICESUMAR
Todas essas três situações apresentadas mostram que, como profissional, você pode responder
a um processo por responsabilidade civil diante das ações com dolo de enganar seus clientes com
procedimentos que não iriam efetivamente ajudar a solucionar os problemas que eles tentavam sanar
e, também, o próprio uso de materiais não higienizados que ferem as normas de biossegurança e oca-
sionam lesões à própria vida e saúde do ser humano.
Querido(a) aluno(a), a terceira unidade chegou ao fim. Você pôde aprender de forma didática so-
bre a responsabilidade civil, que corresponde ao meio que os profissionais são responsabilizados por
danos causados aos seus clientes/pacientes. Portanto, é de extrema importância que você retome sobre
os pontos iniciais do conteúdo, pois é por meio dos elementos caracterizadores da responsabilidade
civil que você consegue identificar se uma conduta foi passível de indenização. Para tanto, proponho
uma atividade de estudo que deve ser realizada com determinação. Analise as palavras-chave a seguir:
Por meio das palavras indicadas, escreva um parágrafo que aborde os conhecimentos estudados nesta
unidade. Esse exercício é capaz de proporcionar a fixação do conteúdo e auxiliá-lo na resolução das
questões ao final do conteúdo. Bons estudos!
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1. Nas sociedades primitivas, a cobrança pelo dano era tida de forma diferente de hoje em dia e
atitudes eram tomadas de forma exagerada. Assinale a alternativa que melhor represente a
forma que o acusado respondia pelo ilícito praticado.
a) O acusado tinha que pagar com sua própria vida, isso independentemente do dano ocasionado.
b) O espírito de vingança, a noção de reparação do dano praticado era tida como “olho por olho”
e “dente por dente”.
c) O espírito de vingança, a noção de reparação do dano praticado era tida como “olho por olho”
e “dente por dente”. E apenas a vítima poderia cobrar pelo dano.
d) A única forma de reparação era por meio de bens pecuniários.
2. Com o propósito de verificar em que hipóteses se admite sua responsabilização como profissio-
nal da área da saúde e reconhecer as diversas espécies de danos admitidos no ordenamento
jurídico brasileiro, a responsabilidade civil requer três elementos fundamentais, que foram
apresentados por meio dos conceitos estudados. Assinale a opção que contenha os elementos
da responsabilidade civil.
a) Conduta humana, dano e nexo causal.
b) Conduta ilícita, dano, nexo causal e atitude.
c) Conduta humana, transgressão e nexo causal.
d) Conduta ilícita, nexo causal e dano.
e) Conduta humana, culpa, dano e nexo causal.
71
3. A conduta humana corresponde ao primeiro dos elementos da responsabilidade civil, que se
caracteriza pelo comportamento humano com desejo de praticar algo. No entanto, para carac-
terização da conduta humana, é necessária a existência de dois requisitos. Assinale a alternativa
que compreenda esses dois requisitos.
I) Conduta.
II) Voluntariedade.
III) Injuridicidade.
IV) Ação.
AGORA É COM VOCÊ
Escolha uma.
a) Todas as alternativas são corretas.
b) Apenas I e IV são corretas.
c) I e III são falsas.
d) Apenas II e III são verdadeiras.
e) Apenas I e III são verdadeiras.
72
5. A culpa é um dos elementos da responsabilidade civil. Para sua caracterização, ela pode ocorrer
de três forma distintas, que correspondem à negligência, imprudência e imperícia. Assinale a
alternativa que demonstre o significado da imperícia.
a) A imperícia é caracterizada pela falta de qualificação ou pela inépcia profissional, ou seja, é a
existência de um profissional que não detém o conhecimento necessário para a prática de sua
profissão.
b) A imperícia corresponde à falta de atenção devida que deveria ter tomado em relação à deter-
minada conduta; essa falta de atenção pode advir de uma desatenção, desleixo ou, até mesmo,
do descuido.
c) A imperícia é a falta de qualificação profissional para realização das demandas que sua profissão
6. Um cliente chega em sua clínica reclamando de dores nas articulações. Depois de realizada a
avaliação física, você resolve aplicar a terapia integrativa de pilates. Semanas depois, seu cliente
começa reclamar de dores no joelho, dor que ele nunca teve antes. Você constata que ela é ad-
vinda dos movimentos do pilates, no entanto descobre que ele está praticando a terapia em sua
residência, sem qualquer supervisão. Alguns meses depois, seu cliente aparece com uma luxação
do joelho e decide procurar um médico. O resultado da consulta constata que a enfermidade
advém da prática do pilates; seu cliente revoltado porque já havia meses antes reclamado com
você sobre as dores, resolve ingressar com uma ação de reparação civil, cobrando os valores
pagos pela prática do pilates e por todos os gastos médicos. Diante da situação apresentada,
assinale a opção que tenha a solução para sua defesa judicial.
a) O meio eficaz para sua defesa contra a ação de responsabilidade civil é alegação e comprovação
da culpa exclusiva do seu cliente, pois ele estava praticando pilates de forma autônoma, sem
sua supervisão.
b) Neste caso, é evidente sua responsabilidade. Infelizmente você terá que arcar com as despesas
médicas do seu cliente.
c) Você deveria ter ensinado seu cliente os movimentos corretos, neste caso, você é responsável
e não existe defesa.
d) A melhor forma de defesa é alegar a inexistência de defeito na prestação do serviço de pilates.
e) O meio eficaz para sua defesa contra a ação de responsabilidade civil não é alegação e compro-
vação da culpa exclusiva do seu cliente, pois ele estava praticando pilates de forma autônoma,
sem sua supervisão.
73
1. b. anos atrás, as sociedades antigas, primitivas, tinham como requisito a cobrança do ilícito por meio do
sofrimento físico das pessoas que cometiam danos. Com isso, era comum o espírito de vingança pairar
sobre a reparação do dano por meio do “olho por olho” e “dente por dente”.
2. e. Para ocorrência da responsabilização, é necessária a presença de alguns elementos primordiais que ca-
racterizam a Responsabilidade Civil, e entre esses elementos temos: a conduta, culpa, dano e nexo causal.
3. d. a conduta é essencial para caracterização da responsabilidade civil. No entanto, ela precisa de dois ele-
mentos para se caracterizar, que são compreendidos como Voluntariedade e Injuridicidade.
4. d. A culpa também faz parte dos elementos da responsabilidade civil, que pode ter sua ocorrência de três
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
5. d. A imperícia é caracterizada pela inépcia profissional, ou seja, falta de conhecimento necessário para a
prática de sua profissão.
6. a. A responsabilidade civil determina o uso de alguns elementos para sua caracterização, como exemplo da
conduta, culpa, dano e nexo causal. No entanto, é possível o uso das excludentes de responsabilidade civil,
que consiste em você comprovar que não concorreu para o dano. No caso apresentado, foi evidenciado o
dano ocorrido no cliente, contudo, ele foi o único causador do ilícito, pois estava praticando o pilates sem
supervisão do profissional.
74
AZEVEDO, A. V. Teoria geral das obrigações. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
BRASIL. Lei Federal n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
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75
STJ. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 403. Independe de prova do prejuízo a indenização pela publica-
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77
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
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Espécies de
Responsabilidade
Civil e os Profissionais
Liberais
Esp. Mylene Manfrinato dos Reis Amaro
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Olá, seja bem-vindo(a) à Unidade 4! É com grande entusiasmo que chegamos à nossa última unidade!
Por meio da leitura, vídeos e recursos disponibilizados para seu aprendizado, com certeza você pôde
perceber o quanto é importante atuar de forma ética e pautada no princípio da dignidade da pessoa hu-
mana, pois vidas estão em suas mãos e; do procedimento mais simples ao mais complexo, é importante
que você atue de forma profissional. Nesta etapa de nossos estudos, vamos aprender sobre as espécies
de responsabilidade civil. Esse estudo é capaz de proporcionar meios que possam proteger a vida
e a integridade física dos seus clientes/pacientes e até mesmo sua vida profissional contra
ações que possam te custar muito, em termos pecuniários e morais.
80
UNIDADE 4
81
UNICESUMAR
Dessa forma, é importante que nessa altura os princípios da bioética entre outros estudados estejam
gravados em sua mente e, consequentemente, em suas anotações, para que você, profissional, adote
condutas dignas de respeito e seriedade, para não sofrer com condenações judiciárias.
Diante dessa análise e como forma de fixação do conteúdo estudado até o momento, convido você
a realizar suas primeiras anotações desta unidade. Para isso, use o Diário de Bordo para anotar suas
primeiras impressões no campo da Responsabilidade Civil dos profissionais liberais e quais podem
ser as consequências profissionais, pessoais e sociais de um profissional ser responsabilizado na esfera
da responsabilização civil por danos a um paciente.
DIÁRIO DE BORDO
Estimado estudante, esta unidade é fundamental para você entender o instituto da Responsabilidade
Civil. Na unidade anterior, você viu alguns dos pressupostos e princípios norteadores, certo? Agora
adentraremos nas espécies propriamente ditas, para que, na prática, você possa compreender seus
direitos e obrigações, diante deste instituto de responsabilização. Pois é, agora você irá entender quais
suas obrigações e direitos de forma mais concisa. Contudo, o que isso significa?
Toda conduta advém de uma espécie de responsabilidade civil, que possui o escopo de reparação
ao lesado/vítima. Você, como profissional da saúde e bem-estar, deve saber que suas promessas de
resultados ou meio podem custar muito caro à sua trajetória profissional e bolso. Portanto, é impres-
cindível que você atue com respeito e seriedade.
82
UNIDADE 4
“
A responsabilidade civil é um instituto jurídico que a sociedade possui para recompor o equilíbrio
quebrado pelo dano que a vítima sofreu. Não é mais visto como um instrumento de vingança, mas
sim da busca do restabelecimento do equilíbrio social e um motivo da satisfação da sociedade que
tem a garantia de que todas as vezes que um dano for causado a um membro da coletividade, existe
a previsão da reparação daquele prejuízo. Ela está fundamentada em pelo menos quatro princípios
identificados: princípio da dignidade humana, princípio da solidariedade, princípio da prevenção e
princípio da reparação integral (SIQUEIRA; MORAES, 2018, p. 279).
Compreendendo a responsabilidade civil como um instituto jurídico, com bases nos princípios cons-
titucionais da dignidade da pessoa humana, da solidariedade, da prevenção e da reparação integral,
faz-se o estudo do instituto e de seus reflexos mais compreensíveis.
Para Agostinho Alvim (1972, p. 243), a responsabilidade civil objetiva e subjetiva pode ser entendida
da seguinte forma:
“
[...] A classificação mais simples é esta: a responsabilidade civil funda-se na culpa quando esta lhe é
elemento indispensável; e prescinde dela quando se satisfaz apenas com o dano e o nexo de causali-
dade. A primeira hipótese consubstancia a teoria da culpa ou subjetiva. A segunda entende-se com
a teoria dita objetiva ou do risco, e dentro de seus postulados se diz que todo dano e indenizável, e
deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente de culpa.
83
UNICESUMAR
“
Art. 927 [...]
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem (BRASIL, 2002).
Portanto, só é possível a existência de reparação de qualquer dano de forma objetiva nas situações
descritas em lei ou em situações que a atividade do indivíduo, autor do dano, acarretar risco para
outro indivíduo. Roberto Senise Lisboa (2010, p. 275) leciona de igual forma, uma vez que dispõe
que a responsabilidade civil objetiva “é aquela que é apurada independentemente de culpa do agente
causador do dano”.
Conforme Carlos Roberto Gonçalves (1995, p. 18), “nos casos de responsabilidade objetiva, não se
exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o dano. Em alguns, ela é presumida
por lei. Em outros, é de todo prescindível”.
Sobre o assunto, José Cretella Júnior (1991, p. 1019) aponta que:
“
A culpa é vinculada ao homem, o risco é ligado ao serviço, à empresa, à coisa, ao aparelhamento. A
culpa é pessoal, subjetiva; pressupõe o complexo de operações do espírito humano, de ações e reações,
de iniciativas e inibições, de providências e inércias. O risco ultrapassa o círculo das possibilidades
humanas para filiar-se ao engenho, à máquina, à coisa, pelo caráter impessoal e o objetivo que o
caracteriza.
Por sua vez, na responsabilidade civil subjetiva, o indivíduo causador do ilícito/dano só será res-
ponsabilizado nas situações que ficar evidenciado a ocorrência de dolo (vontade de agir) ou culpa
(negligência, imprudência ou imperícia). Em relação à culpa, o jurista René Savatier (1951, p. 5) alerta
que: “la faute est l’ínexécution d’um devoir que l’agent pouvait connaître et observer”, cuja tradução
significa “A culpa é a execução do dever que o oficial poderia conhecer e observar”.
Neste contexto, Carlos Roberto Gonçalves (2005, p. 21) dispõe:
“
Em face da teoria clássica, a culpa era fundamento da responsabilidade. Esta teoria, também chamada
de teoria da culpa, ou “subjetiva”, pressupõe a culpa como fundamento da responsabilidade civil. Em
não havendo culpa, não há responsabilidade. Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabilidade quando
se esteia na idéia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano
indenizável. Dentro desta concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura
se agiu com dolo ou culpa.
84
UNIDADE 4
A responsabilidade civil extracontratual é aquela que advém da violação de um preceito legal por
uma atuação de uma conduta ilícita do indivíduo transgressor que ocasionou para ocorrência de dano
a outrem (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2013, p. 60).
Nesta modalidade, não necessita da existência de um contrato preestabelecido entre duas partes, ou
seja, na ocasião que seja um atendimento emergencial e seu paciente esteja inconsciente, e não possa
expressar sua vontade, temos um exemplo de responsabilidade civil extracontratual, pois está fora de
uma relação em que as partes possuam discernimento para acordarem sobre as cláusulas contratuais,
apenas uma é capaz disso. No entanto, é importante, em situações como essa, você sempre estar pautado
na ética e nos princípios da bioética, para não cometer algum ilícito que seja passível de reparação.
Esse tipo de responsabilidade é previsto nos artigos 186 a 188 e 927 a seguir do Código Civil e
corresponde à violação de preceitos legais sem a existência de conexão jurídica prévia ao ato ilícito
entre o indivíduo causador do dano e outrem (GONÇALVES, 2005). Isso é, existe a responsabilidade
de reparar o dano mesmo que não haja uma obrigação decorrente de lei ou contrato preestabelecido
pelas partes (causador do dano e vítima).
Por sua vez, a responsabilidade civil contratual, como o próprio nome diz, advém da relação jurídica
entre pessoas e um contrato. Este é o instrumento que irá regular o objeto que está sendo contratado,
ou seja, serão estipulados os direitos e deveres das partes em relação ao contrato.
Essa modalidade é prevista por meio dos artigos 395 e seguintes e 389 e seguintes do Código Civil
(BRASIL, 2002). De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2005), na responsabilidade civil contra-
tual, uma das partes contratantes não cumpre com o estipulado em contrato, ocasionando, assim, o
dever de indenizar.
De acordo com os ensinamentos de Maria Helena Diniz (2012), a responsabilidade civil dos pro-
fissionais liberais corresponde à responsabilidade civil contratual, pois são originárias de obrigações
de meio ou resultados, no entanto, em situações que a profissão ou função social também estará sub-
metida às obrigações legais e que, quando descumpridas as imposições reguladoras de suas funções,
a responsabilidade extracontratual será aplicada.
O professor Dr. Oscar Ivan Prux (1998, p. 107) conceitua o profissional liberal como: "uma categoria
de pessoas, que no exercício de suas atividades laborais, é perfeitamente diferenciado pelos conhecimentos
técnicos reconhecidos em diploma de nível superior, não se confundindo com a figura do autônomo".
Como já explicitado na Unidade 3, o nexo de causalidade corresponde ao elo entre a conduta (ação
ou omissão) do profissional da saúde e dano sofrido pelo cliente/paciente.
Sebastião José de Assis Neto (1998, p. 98) elucida que: "o nexo de causalidade é o elemento pelo qual o
dano experimentado pelo ofendido deve estar ligado coerentemente ao ato ilícito cometido pelo ofensor. As-
sim, há o dano porque o agente procedeu contra o direito e, em decorrência disto, houve a lesão ao patrimônio
jurídico da pessoa ofendida".
Para que você, como profissional, seja da estética, podologia e terapias integrativas e complemen-
tares, seja responsabilizado, ou seja, obrigado a indenizar um dano sofrido por um cliente/paciente, é
indispensável que suceda uma conexão entre sua conduta e o dano ocasionado.
A obrigação do profissional liberal, como preceito geral e com base no Código de Defesa do
Consumidor, corresponde à responsabilidade civil subjetiva, ou seja, é necessária a comprovação da
culpa. Dessa forma, se não for comprovado que o dano foi ocasionado por negligência, imprudência
85
UNICESUMAR
ou imperícia do profissional, este não poderá ser condenado e responsabilizado por indenizar seu
cliente/paciente.
Benjamim, Marques e Bessa (2007, p. 137) trazem alguns ensinamentos quanto à responsabilidade
civil dos profissionais liberais em consonância ao Código de Defesa do Consumidor, vejamos:
“
O Código, em todo o seu sistema, prevê uma única exceção ao princípio da responsabilização objetiva
para os acidentes de consumo: os serviços prestados por profissionais liberais. Não se introduz sua
irresponsabilidade, limitando-se o dispositivo legal a afirmar que a apuração de responsabilidade
far-se-á com base no sistema tradicional baseado na culpa. Só nisso são eles beneficiados. No mais,
submetem-se, integralmente, ao traçado do Código.
Por profissional liberal há que se entender o prestador de serviços solitários, que faz do seu conheci-
mento uma ferramenta de sobrevivência.
No entanto, quando falamos no estabelecimento onde você trabalha, a responsabilidade muda com-
pletamente. Pois, a princípio, irá responder pelos danos causados de forma objetiva, ou seja, indepen-
dentemente de negligência, imprudência ou imperícia, existindo o nexo de causalidade entre a conduta
(ação ou omissão) mais o dano, já são pressupostos suficientes para responsabilização.
Neste caso, Benjamim, Marques e Bessa (2007, p. 137) também apresentam entendimento favorável:
“
A exceção aplica-se, por conseguinte, apenas ao próprio profissional liberal, não se estendendo às
pessoas jurídicas que integre ou para as quais prestem serviço. O Código é claro ao escrever que só
para a “responsabilidade pessoal” dos profissionais liberais é que se utiliza o sistema alicerçado em
culpa. Logo, se o médico trabalhar para um hospital, responderá ele apenas por culpa, enquanto a
responsabilidade civil do hospital será apurada objetivamente.
Finalmente, a norma excepcional isenta do standart de responsabilidade profissional objetiva tão-
-só o próprio serviço prestado pelo profissional liberal. Continuam respondendo objetivamente os
fornecedores dos produtos e serviços utilizados pelo profissional liberal. Qualquer defeito em um
deles sujeitará o seu fornecedor (desde que não seja profissional liberal) à responsabilização objetiva.
Nota-se que, para doutrina, a exceção é exclusiva para o profissional liberal, ou seja, a responsabilida-
de pregada é a subjetiva, portanto, não se aplica à clínica ou consultório em que você irá trabalhar. O
profissional liberal é caracterizado pelo intuitu personae, que representa a pessoalidade, algo inerente
da própria profissão ou pessoa (MORAES, C.; MORAES, L., 2011, p. 38).
No entanto, especificamente sobre a responsabilidade civil das clínicas, consultórios ou espaços
destinados para atendimento (pessoas jurídicas) ao profissional de estética, podologia e terapias
integrativas e complementares, existem quatro situações diferentes que devem ser analisadas, para
constatação do tipo de responsabilidade – objetiva ou subjetiva (MORAES, C.; MORAES, L., 2011).
A primeira situação consiste na existência de uma clínica, consultório ou espaço destinado para
atendimento (pessoa jurídica), em que dois ou mais profissionais se reúnem para instituir uma empresa
para prestação de seus serviços, podendo contratar outros profissionais como empregados da empresa.
86
UNIDADE 4
Neste contexto, a responsabilidade civil é objetiva, uma vez que o contrato celebrado é com a pes-
soa jurídica (clínicas, consultórios ou espaços destinados), no qual, na maioria das vezes, o serviço é
prestado por funcionários.
Neste sentido, vejamos um exemplo do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
“
[...] RESPONSABILIDADE CIVIL. SALÃO DE BELEZA. ACIDENTE DE CONSUMO. LESÃO
GRAVE. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. ACIDENTE DE CONSUMO.
SERVIÇO DE MANICURE. LESÕES PERMANENTES. DANOS MORAIS E MATERIAIS. A matéria
versa sobre o acidente com a autora, que utilizando o serviço de manicure no estabelecimento réu, por
imperícia da profissional, sofreu ferimentos nos dedos, sendo inequívoca a condição de consumidora
que ela ocupa, nos termos do artigo 2° do Código de Defesa do Consumidor, na medida que utilizou
o serviço oferecido pelo réu, que, por vez, amolda-se no conceito de fornecedor. Desta forma, sendo
inquestionável a responsabilidade objetiva do réu, de reparar os danos causados à autora, compar-
tilhemos do entendimento de que é viável a reparação do Dan moral puro, in re ipsa, sem que seja
necessário comprovar-se a repercussão do dano na esfera patrimonial do lesado. Portanto, agiu com
acerto o juízo a quo na fixação da indenização por danos morais, no valor de R$ 12.000,00 (doze mil
reais), eis que respeitados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Com relação ao
pedido da autora, referente à condenação do réu no pagamento de pensões, devido à incapacidade
laborativa, concluiu o perito, que as sequelas são permanentes, podendo ser minimizados com tra-
tamentos fisioterápicos, havendo limitação na reflexão do terceiro e quarto dedos da mão esquerda,
com diminuição de força, dor a palpação das falanges distais, como dificuldade de pensamento e de
segurar qualquer objeto com a mão esquerda, razão pela qual, faz jus à autora a indenização relativa
às pensões vencidas, desde a incapacidade, e vincendas, calculadas nas base de um salário mínimo,
enquanto viver, já que inexistia nos autos, prova de que a autora auferia rendimentos, devendo ser
apurado em liquidação de sentença o percentual desta incapacidade. Recursos conhecidos, provido
em parte o da autora, e improvido o do réu (TJRJ, 2004).
“
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA EM DECISÃO SANEADORA. POSSIBILIDADE. APLICA-
BILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL OB-
JETIVA DA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA. HIPOSSUFICIÊNCIA E VEROSSIMILHANÇA DAS
ALEGAÇÕES VERIFICADA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Portanto, sendo objetiva a responsabilidade civil da clínica, consultórios ou espaços destinados ao
atendimento, eles respondem pelos danos ocasionados, sem a necessidade de verificação de negligência,
imprudência ou imperícia. A única possibilidade de ser eximido de responsabilidade será por meio
de comprovação que, o dano foi ocasionado por culpa exclusiva do paciente/cliente ou de terceiro
(TJPR, 2020, on-line).
87
UNICESUMAR
A segunda e a terceira situações para verificação de qual responsabilidade será aplicada (subjetiva ou
objetiva) está nos seguintes exemplos:
• Clínica, consultórios ou espaços destinados ao atendimento, que se estabelecem em determinado
local e que serão prestados os serviços pelo próprio profissional que institui o estabelecimento.
• Clínica, consultórios ou espaços destinados ao atendimento, que foi constituído por vários
profissionais, mas apenas com o objetivo de dividir custas mensais e não com a intenção de
serem sócios.
Diante dessas situações, é perceptível a presença do intuitu personae, ou seja, o próprio profissional da
estética, podologia e terapias integrativas que irá prestar o atendimento ao seu cliente/paciente. A con-
tratação é efetuada com o próprio profissional liberal e a responsabilidade civil aplicada será a subjetiva.
A quarta situação é apresentada quando estamos diante de uma clínica, consultórios ou espaços
destinados ao atendimento que emprestam ou alugam sua estrutura para outros profissionais, por
exemplo, médicos e fisioterapeutas, para que estes utilizem o espaço para atendimento. Nesse caso
apresentado, a responsabilidade civil será objetiva, pois a pessoa jurídica é responsável pelos profis-
sionais que utilizam do seu espaço, conforme, entendimento jurisdicional.
Vejamos:
“
A clínica que oferece toda estrutura necessária para o exercício da atividade profissional do médico,
e como isso, aufere lucro, é civilmente responsável pelos danos eventualmente causados por seus
contratados, independentemente do fato dos serviços médicos serem prestados por profissionais
autônomos, sem vínculo empregatício com a clínica (TJDF, 2000, p. 25).
88
UNIDADE 4
“
Significa, também, que a sua obrigação é de meios, quando o profissional assume prestar um serviço
ao qual dedicará atenção, cuidado e diligência exigidos pelas circunstâncias, de acordo com o seu
título e com os recursos que dispõe e como o desenvolvimento atual da ciência, sem se comprometer
com a obtenção de um certo resultado.
Por outro lado, na obrigação de resultado, o contratado se compromete em entregar o resultado pro-
metido, cuja consecução significará o cumprimento da obrigação. Maria Helena Diniz (2012, p. 314)
apresenta, de forma ilustre, a definição desse tipo de responsabilidade, vejamos:
“
[...] tem o direito de exigir do devedor a produção de um resultado, sem o que, se terá o inadimple-
mento da relação obrigacional. Tem em vista o resultado em si mesmo, de tal sorte que a obrigação
só se considerará adimplida com a efetiva produção do resultado colimado. Ter-se-á a execução dessa
relação obrigacional quando o devedor cumprir o objetivo final. Como essa obrigação requer um
resultado útil ao credor, o seu inadimplemento é suficiente para determinar a responsabilidade do
devedor, já que basta que o resultado não seja atingido para que o credor seja indenizado pelo obrigado,
que só se isentará de responsabilidade se provar que não agiu culposamente. Assim, se inadimplida
essa obrigação, o obrigado ficará constituído em mora, de modo que lhe competirá provar que a falta
do resultado previsto não decorreu de culpa sua, mas de caso fortuito ou força maior, pois só assim
se exonerará da responsabilidade; não terá, porém direito à contraprestação.
89
UNICESUMAR
Caio Mário da Silva Pereira (2009, p. 47) também colabora para definição da responsabilidade de
resultado: “nas obrigações de resultado, a execução considera-se atingida quando o devedor cumpre
o objetivo final”.
Quanto ao profissional de estética, sua obrigação é de resultado. Diniz (2012, p. 195) dispõe que:
“
A obrigação de resultado é aquela em que o credor tem direito de exigir do devedor a produção de um
resultado, sem que o que se terá o inadimplemento da relação obrigacional. Tem em vista o resultado
sem si mesmo, de tal sorte que a obrigação só se considerará adimplida com a efetiva produção do
resultado colimado. Ter-se-á a execução dessa relação obrigacional quando o devedor cumprir o objeto
final. Como essa obrigação requer um resultado útil ao credor, o seu inadimplemento é suficiente
para determinar a responsabilidade do devedor, já que basta que o resultado não seja atingido para
que o credor seja indenizado pelo obrigado, que só se isentará de responsabilidade se provar que não
agiu culposamente.
“
RESPONSABILIDADE CIVIL – CIRURGIA PLÁSTICA EMBELEZADORA - OBRIGAÇÃO DE
RESULTADO -SEQUELAS - CICATRIZES HIPERTRÓFICAS - DEVER DE INDENIZAR - DA-
NOS MORAIS CONFIGURADOS - RECURSO PROVIDO. I - No caso de cirurgia estética, que visa
aprimorar a aparência física da paciente, o médico assume obrigação de resultado, vinculando-se à
melhora esperada. O resultado insatisfatório ou desagradável gera o dever de indenizar. II - Cabe ao
profissional médico avaliar os riscos do ato de intervenção, pois, se não tiver condições de realizálo
satisfatoriamente, deverá abster-se de efetuar a cirurgia. III - Frustrada a cirurgia, pela não obtenção
do resultado esperado, o médico é obrigado a indenizar a paciente pelo não cumprimento da avença
(TJPR, 2005, on-line).
90
UNIDADE 4
Com entendimento na mesma direção, os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) decidiram:
“
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO. APRE-
CIAÇÃO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE. TRATAMENTO ORTODÔN-
TICO. EM REGRA, OBRIGAÇÃO CONTRATUAL DE RESULTADO. REEXAME DE PROVAS.
INADMISSIBILIDADE. 1. As obrigações contratuais dos profissionais liberais, no mais das vezes,
são consideradas como "de meio", sendo suficiente que o profissional atue com a diligência e técnica
necessária buscando a obtenção do resultado esperado. Contudo, há hipóteses em que o compro-
misso é com o "resultado", tornando-se necessário o alcance do objetivo almejado para que se possa
considerar cumprido o contrato. 2. Nos procedimentos odontológicos, mormente os ortodônticos,
os profissionais da saúde especializados nessa ciência, em regra, comprometem-se pelo resultado,
visto que os objetivos relativos aos tratamentos, de cunho estético e funcional, podem ser atingidos
com previsibilidade. 3. O acórdão recorrido registra que, além de o tratamento não ter obtido os
resultados esperados, "foi equivocado e causou danos à autora, tanto é que os dentes extraídos terão
que ser recolocados". Com efeito, em sendo obrigação "de resultado", tendo a autora demonstrado
não ter sido atingida a meta avençada, há presunção de culpa do profissional, com a consequente
inversão do ônus da prova, cabendo ao réu demonstrar que não agiu com negligência, imprudência
ou imperícia, ou mesmo que o insucesso se deu em decorrência de culpa exclusiva da autora. 4. A par
disso, as instâncias ordinárias salientam também que, mesmo que se tratasse de obrigação "de meio",
o réu teria "faltado com o dever de cuidado e de emprego da técnica adequada", impondo igualmente
a sua responsabilidade. 5. Recurso especial não provido (STJ, 2011, on-line).
Comumente, a obrigação dos profissionais da saúde e bem-estar é da obrigação de meio, pois estão
inseridos no aparato de atividades predominantes que utilizam de mecanismos para tentar obter resul-
tados satisfatórios, que muitas vezes não são alcançados em virtude alheia à sua vontade. Por ser uma
obrigação de meio, devem ser empregadas as melhores técnicas para alcance dos resultados almejados,
além da prestação de todas as informações necessárias aos seus clientes/pacientes.
No entanto, em casos específicos, por exemplo, de profissionais de estética e cosmética, profissionais
de podologia e de terapias integrativas e complementares, é necessário analisar qual foi a obrigação
assumida pelo profissional diante do contrato celebrado com seu paciente/cliente, pois em caso de
prometer resultado satisfatório e não cumprir isso na prática, o profissional será responsabilizado pelo
resultado, enquanto na situação de não prometer o resultado, mas também não se utilizar dos meios
técnicos, irá responder por obrigação de meio.
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Analisamos diversas modalidades e situações que a responsabilidade civil pode gerar aos profissionais
da saúde de bem-estar. No entanto, é necessário compreender como o Código de Defesa do Consu-
midor lida com esse profissional.
Por meio dos artigos 12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), podemos ve-
rificar a responsabilidade civil do fornecedor de serviços pelos prejuízos causados aos consumidores
por defeitos no produto ou na prestação de serviços.
Os artigos 24, 25, caput, e 51, inciso I, do mesmo diploma legal também dispõem sobre a proteção
destinada aos consumidores, que é, em tese, o ente vulnerável e hipossuficiente na relação entre con-
sumidor e fornecedor.
O atual sistema em que vivemos (capitalista) proporcionou o nascimento de um consumismo de-
senfreado e sem normas legais regulamentadoras das atividades de mercado e consumo da sociedade.
Diante deste cenário, nasce o Código de Defesa do Consumidor, Lei n.° 8.078, de 11 de setembro
de 1990, apresentando-se como uma norma benéfica aos consumidores e como forma de diminuir as
diferenças entre consumidores e fornecedores. E o que é a relação de consumo?
Bom, pode-se afirmar que a relação de consumo é o nexo que liga o fornecedor (profissional) com
consumidor (cliente/paciente), por meio de um produto ou serviço. Thierry Bourgoignie (1993, p.
7), define a relação de consumo como: "[...] o ato jurídico ou material que, realizado à destinação
final do bem – que constitui o seu objeto – nele esgota total ou parcialmente o valor econômico,
provocando geralmente a retratação, definitiva ou temporária, no mercado".
Conforme Carlos Alexandre de Moraes e Lilian Rosana Santos Moraes (2011, p. 52), “em suma,
a relação de consumo é caracterizada pela utilização do produto ou serviço colocado no mercado,
respectivamente pelo consumidor e fornecedor”. Portanto, existe uma relação de consumo quando (o
cliente) contrata um profissional (de estética, podologia e terapia integrativas e complementares) para
que este lhe preste um serviço.
Por meio dos artigos 2° e 3° do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), é possível con-
ceituar consumidor e fornecedor. Vejamos:
“
Art. 2ºConsumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Art. 3ºFornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
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UNIDADE 4
Portanto, pode se afirmar que, além dos profissionais, as clínicas ou locais de atendimentos também são
fornecedores de serviços e produtos, conforme disposto no art. 3° do Código de Defesa do Consumi-
dor. Contudo, o que são os produtos e serviços que você poderá fornecer aos seus clientes/pacientes?
De acordo com Código de Defesa do Consumidor, a definição legal do termo “produto” e “serviço”, é
“[...] qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. Por outro lado, serviço é tido como “qual-
quer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito, securitária [...]” (BRASIL, 1990).
Sendo assim, todos os “bens” que você oferecer aos seus clientes/pacientes, seja na realização de
algum procedimento (serviço), seja na venda de algum item, são considerados produtos ou serviços
da relação de consumo.
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Neste momento, é ideal que nos perguntemos: quais são os direitos básicos dos consumidores, ou seja,
dos seus clientes/pacientes? O Código de Defesa do Consumidor foi categórico em elencar alguns
direitos básicos dos seus clientes, entre estes podemos citar: proteção da vida e saúde; informação;
proteção contra a publicidade enganosa e abusiva.
Quanto à proteção da vida e saúde, o objetivo é proteger o consumidor de práticas que possam
colocá-lo em risco. Sobre a ideia de risco, James Eduardo Oliveira (2005, p. 56) ensina que:
“
A ideia de risco é indissociável do fornecimento de produtos e serviços, sobretudo em função das
mais variadas tonalidades culturais, sociais e econômicas que envolvam os consumidores. O que o
inciso I do art. 6° pretende é sinalizar que os riscos não poderão comprometer a integridade física
dos consumidores, seja pela proibição do comércio de produtos ou serviços de alta periculosidade,
seja pela imposição de medidas protetivas – notadamente no campo das informações – hábeis a
possibilitar a fruição segura dos produtos e serviços adquiridos.
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O Termo de Consentimento Informado é outra especificidade que está na mesma direção do direito
à informação, pois, por meio dele, você possui o dever de informar seus clientes/pacientes de todos os
procedimentos a que serão submetidos, os possíveis riscos aos quais podem estar expostos, as com-
plicações e benefícios do tratamento (MORAES, C.; MORAES, L., 2011).
Luciana Mendes Pereira Roberto (2008, p. 84) esclarece que:
“
Todo profissional de saúde tem o dever de informar seus pacientes a respeito do diagnóstico, do
prognóstico, dos riscos, das alternativas, bem como dos objetivos concretos do tratamento. Além
disso, deve prestar o devido aconselhamento, na prescrição dos cuidados que deverão ser tomados
antes, durante e após o tratamento ou intervenção cirúrgica. Com isso, o profissional de saúde não
responderá civilmente apenas por dano causado por uma má atuação, mas responderá também pela
falta de informação ou pelo aconselhamento prestado inadequadamente.
Na falta da apresentação do Termo de Consentimento Informado, você e a clínica poderão ser consi-
derados culpados por qualquer importuno que ocorrer contra seu cliente/paciente, pela negligência
na prestação de serviço.
Na esfera da proteção contra publicidade enganosa e abusiva, o próprio Código de Defesa do Con-
sumidor define publicidade enganosa e publicidade abusiva conforme § 1º e § 2° do art. 37:
“
[...] É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira
ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro
o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços [...]
[...]
É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência,
explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança (BRASIL, 1990).
Dessa forma, a publicidade deve ser clara e precisa sobre os serviços prestados ou produtos vendidos,
haja vista que os consumidores (seus clientes) possuem, de forma assegurada em lei, o direito de escolha
com base em informações claras e objetivas.
Portanto, você, como futuro profissional da saúde e bem-estar, que irá lidar com a vida e integridade
física de pessoas que vão confiar em seu trabalho, tem o dever de oferecer todas as declarações sobre
os procedimentos que serão realizados, não só como forma de assegurar a proteção aos seus clientes/
pacientes, mas também para te proteger de ações de responsabilizações que possam vir causar prejuízos
profissionais e pecuniários.
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Que tal ouvir um podcast especial, com exemplos específicos sobre responsabilidade civil de meio
e resultado nas profissões do podólogo, esteticistas e profissionais de terapias integrativas e comple-
mentares? É isso mesmo, preparamos um conteúdo incrível para você aprofundar seus conhecimentos
sobre o assunto! Confira!
Chegamos ao fim de nossa última unidade e, aqui, você pôde vislumbrar o quanto é importante sua
conduta ética e profissional, não só como forma de assegurar qualidade de vida e saúde aos seus clien-
tes/pacientes, mas também de se proteger durante sua vida profissional.
Por meio desta unidade, você estudou as espécies de responsabilidade civil e a aplicabilidade do
Código de Defesa do Consumidor em sua relação profissional. Entre essas espécies, é possível identi-
ficar qual tipo de obrigação incidirá em cada conduta sua passível de reparação.
As espécies mais aplicadas são a responsabilidade civil subjetiva e objetiva, extracontratual e con-
tratual, de meio e de resultado. Todas essas são capazes de diferenciar a extensão do dano e como ele
será reparado.
Neste momento, após o estudo realizado, você está apto para solucionar situações passíveis de res-
ponsabilidade civil, não é mesmo? Então, vamos praticar?
Imagine as seguintes situações: uma cliente de 30 anos, com uma alta proporção Fibro Edema
Geloide (FEG) (celulite) na área dos glúteos e coxas, te procura para realizar o procedimento de reju-
venescimento corporal, para melhorar a firmeza e elasticidade de sua pele corporal. Você assina um
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UNIDADE 4
contrato de prestação de serviço garantindo o resultado que, com apenas 10 sessões de tratamento que
estimulam os fibroblastos a produzirem fibras de colágeno e elastina, sua cliente estará livre de uma
vez da flacidez indesejada. No entanto, após as sessões contratadas e todos os cuidados diários que
sua cliente tomou, é verificado que ela ainda se encontra de forma visível com a flacidez indesejada,
ficando claro que o tratamento empregado não foi capaz de entregar o resultado prometido e firmado
em contrato.
Pense nessa outra situação: um cliente com fissuras de calcâneo, com lesões nos tecidos profundos,
procura você, como profissional de podologia, para tratamento, no entanto você indica o uso de uma
pomada, mas não ensina como seu paciente deve realizar a aplicação; com isso ele não obtém resulta-
dos satisfatórios, pois a falta de informação clara e precisa de como utilizar a pomada fez com que seu
cliente não fizesse o uso diário da forma correta, ocasionando o resultado insatisfatório.
Veja, ainda, outra possibilidade: uma cliente com insônia, que vem sofrendo com o problema, pro-
cura você, profissional de terapias integrativas e complementares, para prática de Yoga. Com isso, você
garante que as aulas proporcionarão um sono de 8 horas diárias, diante dos benefícios que a Yoga é
capaz de proporcionar ao sono; no entanto, após várias aulas, sua cliente ainda possui dificuldade para
ter um sono reparador e, assim, fica evidenciado que a promessa do resultado do sono de qualidade
não foi atingido conforme prometido por você profissional.
Diante de todos os problemas apresentados, qual será a melhor atitude a ser tomada por você, como
profissional? Diante da falta de resultados prometidos e informações aos seus clientes/pacientes, quais
serão as espécies de suas responsabilidades?
Todas essas três situações apresentadas mostram que, como profissional, você pode responder a
um processo por responsabilidade civil diante da promessa de resultado que não foram alcançados e
da falta de informações claras e precisas.
É sempre importante que você nunca prometa um resultado que não tenha certeza que será en-
tregue aos seus clientes, pois quando age dessa forma, se o objetivo não for alcançado, você se torna
responsável por reparar o dano (não entrega do resultado) ao seu cliente. O ideal é que sempre você
seja sincero e preciso com suas informações para que nenhum cliente almeje um tratamento que não
alcançará suas expectativas, para que você não venha ter o dever de reparar a “insatisfação” pela não
entrega do resultado.
Importante, também, que nos procedimentos de meio, onde você é responsável por aplicar a melhor
técnica para obtenção de um resultado, seja claro e preciso com suas informações, pois sua inércia ou
falta de clareza também são motivos de reparação civil.
Com isso, chegamos ao fim de toda esta unidade de ensino. Foram 4 unidades de aprendizagem
capazes de construir um vasto conhecimento da Saúde aliada ao Direito. Portanto, é de extrema
importância que você leia e compreenda o conteúdo até aqui apresentado, com o fim de alcançar o
conhecimento necessário para uma atuação profissional de forma segura e responsável.
Por meio dos exemplos citados, foi possível visualizar como uma pequena atitude de não fornecer
uma informação clara e precisa, de prometer um resultado e, até mesmo, de não usar dos meios eficazes
para atender uma demanda que seu cliente solicita é passível de reparação civil, fazendo com que você
seja obrigado a ressarcir seus clientes.
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Para tanto, proponho uma atividade de estudo que deve ser realizada com determi-
nação. Analise as palavras-chave a seguir:
Por meio das palavras indicadas, escreva um parágrafo com suas palavras, que aborde
os temas estudados nesta unidade, sempre usando as palavras indicadas como subsídio
para construção do seu raciocínio. Após, crie um mapa mental que possa contemplar
de forma criativa o que você escreveu no parágrafo solicitado.
No mapa mental, é importante que você demonstre as espécies, finalidades e
consequências da responsabilidade civil.
Esse exercício é capaz de proporcionar a fixação do conteúdo e auxiliá-lo na re-
solução das questões ao final do conteúdo. Bons estudos!
MAPA MENTAL
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1. O instituto da Responsabilidade Civil tem como objetivo responsabilizar quem comete dano a
outrem. Na relação entre profissionais e clientes, é importante identificar qual a espécie de res-
ponsabilidade civil, pois é por meio dela que o agente causador será responsabilizado ou não
por alguma conduta. Escolha a alternativa que apresente a espécie de responsabilidade que o
profissional não é obrigado a apresentar resultado satisfatório.
a) Responsabilidade de obrigação profissional.
b) Responsabilidade Civil de fazer.
c) Responsabilidade Civil de Meio.
2. Os profissionais liberais, em tese, respondem na modalidade subjetiva, ou seja, para serem res-
ponsabilizados é necessária a comprovação de culpa. Nesse sentido, escolha a alternativa que
explique a responsabilidade do profissional liberal.
a) O profissional liberal, por ser subordinado, recai a responsabilidade civil persona.
b) Por meio do intuitu personae, o profissional atua de forma pessoal, ou seja, sua personalidade
é inerente à sua profissão, sendo aplicada a responsabilidade civil subjetiva.
c) O profissional liberal só responde na modalidade criminal.
d) Profissional liberal não se aplica aos profissionais da saúde.
e) O intuitu personae é aplicado apenas aos estabelecimentos de atendimento.
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4. As clínicas ou espaços reservados para atendimentos (pessoa jurídica) também respondem por
danos. Assinale a opção que será aplicada à responsabilidade civil objetiva.
a) Uma clínica, consultório ou espaço destinado para atendimento (pessoa jurídica), em que dois
ou mais profissionais se reúnem para instituir uma empresa para prestação de seus serviços,
podendo contratar outros profissionais como empregados da empresa.
b) Clínica, consultórios ou espaços destinados ao atendimento, constituídos por vários profissionais,
apenas com o objetivo de dividir custos mensais e sem a intenção de serem sócios.
c) Clínica, consultórios ou espaços destinados ao atendimento, que se estabelecem em determinado
local em que serão prestados os serviços pelo próprio profissional que institui o estabelecimento.
d) Todas as alternativas estão corretas.
AGORA É COM VOCÊ
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1. c. Por meio da obrigação de meio, o profissional tem o dever de empregar todas as técnicas necessárias
para alcançar o resultado, no entanto não é obrigado a fornecer o resultado esperado, pois não depende
exclusivamente de sua vontade.
2. a. O profissional liberal, de acordo com Código de Defesa do Consumidor, atua de forma pessoal. Por esse
motivo, é aplicada a responsabilidade subjetiva, que consiste na comprovação do dano.
5. a. Entre os direitos básicos que o Código de Defesa do Consumidor aborda, temos Proteção da vida e
saúde, informação, proteção contra publicidade enganosa e abusiva, importantíssimos para preservar os
consumidores. Isso pois, diante da lei, o consumidor é considerado o elo mais vulnerável da relação com
o fornecedor, necessitando de proteção especial por meio dos direitos básicos que o Código de Defesa
do Consumidor dispõe.
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