Adolescentes

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Entre 13 e 19 anos, é comum os jovens apresentarem reações e comportamentos que

independem da vontade deles. Portanto, nem sempre palavras ditas de maneira agressiva
ou arrogante são fruto da falta de educação. Para quem convive diariamente com turmas
dessa faixa etária - que ora parecem estar no mundo da lua, ora com pane no sistema - e
quer conquistá-las, a saída é agir de forma firme, mas respeitosa.

Não adianta bater de frente

A primeira "lição" para quem trabalha com adolescentes é não tomar para o lado pessoal
qualquer tipo de afronta vinda de um aluno. Responder a uma provocação no mesmo
tom só faz você perder o respeito e a admiração do grupo — o que dificulta o trabalho
em classe. Além disso, ao perceber que tirou o professor do sério, o jovem se sente
vitorioso e estimulado a repetir a dose. "Educar não é um jogo em que se determina
quem vence ou perde", afirma a psicopedagoga Maria Helena Barthollo, do Centro de
Estudos da Família, Adolescência e Infância, no Rio de Janeiro. Ela sugere que a luta
com a garotada dê lugar a parcerias. Os acordos incluem regras, direitos e limites que
valem para todos, inclusive você.

O jovem, a partir dos 12 ou 13 anos, está passando por um período de instabilidade


psicológica natural. De acordo com a psicopedagoga Nadia Bossa, professora da
Universidade Santo Amaro, em São Paulo, nesse período ele revive conflitos típicos da
infância. "Aos 2 ou 3 anos, quando a criança percebe sua fragilidade, grita, teima, testa
os adultos. Quando a mãe, por exemplo, impõe um limite, ela tem a garantia de que está
sendo cuidada", explica. O adolescente faz o mesmo. "Ele testa os limites dos adultos
numa tentativa de estabelecer novos parâmetros de poder sobre sua realidade."
Considerando a informação, fica mais fácil para você não interpretar reações
intempestivas como uma agressão pessoal.

O professor de História Renato Mota Duarte, da Escola Municipal de Ensino


Fundamental e Médio Derville Allegretti, em São Paulo, já se deu conta de
particularidades dessa fase. "Não grito quando os alunos ignoram que eu entrei na sala.
Dou bom dia e começo a chamada em voz baixa. Aos poucos eles se acalmam." Mas
quando o professor encontra a turma na maior briga? É hora de estabelecer a ordem e
ouvir os motivos da discussão. "Não adianta fingir que nada aconteceu porque a cabeça
deles está longe da matéria", observa o professor de Ciências e Biologia Jefferson
Marcondes de Carvalho, do Colégio Madre Alix, também em São Paulo. Nessas
situações, ele age como um intermediário, levando os estudantes a entrar em acordo,
mantendo sempre o respeito.

Os alunos precisam ter voz

Os dois educadores apostam na qualidade do relacionamento com os alunos como um


dos fatores determinantes para a aprendizagem. Carvalho organiza oficinas de
malabarismo com a turma e Duarte incentivou a grafitagem, depois de encontrar a
parede do corredor pichada. Dessa forma, os alunos dele perceberam que tinham
liberdade de pedir o que desejavam. "A escola tem que acolher as sugestões dos
estudantes, analisá-las e ver se são viáveis. Assim, eles se sentem considerados e
respeitados", explica Nadia Bossa.

Na escola de Duarte, a cada 15 dias os intervalos têm tempo dobrado, porque os


estudantes fazem apresentações musicais para os colegas. O professor também trabalha
a interação e o respeito entre os jovens, debatendo assuntos que tanto os inquietam,
como sexualidade, drogas, violência e desemprego. Ele costuma atender cada um de
seus alunos em particular. "Procuro saber como eles estão se sentindo, os problemas
pelos quais estão passando e como é o relacionamento com a família. Deixo que fiquem
à vontade para falar."

O interesse facilita a aprendizagem.

 Confiança e consideração: o professor Renato Duarte, da Escola Derville Allegretti,


atende em particular cada um dos alunos, que confidenciam a ele angústias e
inseguranças. 

Confiança e consideração: o professor Renato Duarte, da Escola Derville Allegretti,


atende em particular cada um dos alunos, que confidenciam a ele angústias e
inseguranças
Se os adolescentes admiram e respeitam o professor, ele já tem meio caminho andado
para desenvolver os conteúdos curriculares. Para percorrer a outra metade do caminho, é
preciso ter boas táticas. Uma das melhores formas de ensinar os jovens é fazer da sala
de aula algo bem próximo do mundo deles. Por isso, Duarte fica por dentro da onda hip-
hop e aprende parte da linguagem e dos interesses da garotada, enquanto Carvalho
assiste à MTV — canal aberto com programação dirigida aos jovens — para saber as
novidades. Ambos já sabem que o adolescente só retém na memória o que chama muito
a atenção. E a ciência confirma o que eles concluíram no dia-a-dia. Atividades feitas
com base em um rap que a moçada adora, por exemplo, permitem que as informações
sejam fixadas na memória com mais facilidade.

"A música estimula o lobo temporal no cérebro e faz com que os circuitos estabelecidos
com o córtex pré-frontal — região que analisa a informação — sejam mais
consistentes", afirma a neuropediatra Tania Saad, professora do Instituto Brasileiro de
Medicina de Reabilitação, no Rio de Janeiro. O lobo frontal é a região responsável pelas
emoções e pelas experiências de vida. Como o cérebro está se reorganizando, o
adolescente não tem idéia do que é ou não importante. Por isso, se ele não vê relevância
de uma informação para sua vida, o novo dado se perde no turbilhão que é a sua cabeça.

Para fazer das aulas algo que instigasse seus alunos da 6ª série, Carvalho recebeu o jogo
Super Trunfo com entusiasmo em sala. Na brincadeira, vence quem tem as cartas com
carros mais potentes ou velozes. Com base no conteúdo estudado, a meninada bolou o
Super Trunfo Animal. Os alunos pesquisaram vertebrados e invertebrados e levantaram
uma série de características de diversos bichos. Eles criaram os critérios de pontuação,
que variaram conforme a sala. "Numa turma, os animais em extinção venciam porque
eram raros. Em outra, eles perdiam porque, se houvesse uma alteração ambiental,
seriam os primeiros a morrer", conta Carvalho.

Duarte vai pelo mesmo caminho e igualmente relaciona o cotidiano dos alunos aos
temas do currículo. "Pedi para eles observarem onde eram fabricados os tênis ou as
canetas que usavam. Essa foi a forma de introduzir a discussão sobre a abertura
econômica da década de 1990 e os índices de desemprego no Brasil", comenta.
"Quando o professor aproxima o conteúdo escolar dos interesses dos alunos, a
necessidade de resistir fica em segundo plano", analisa Nadia Bossa.

Quando o problema é outro

O mundo do jovem na escola: a turma de Jefferson de Carvalho, do Colégio Madre


Alix, aprendeu Ciências ao adaptar um popular jogo de cartas. 

Nem sempre, contudo, atitudes inadequadas do aluno são totalmente justificadas pela
fase por que passa. Agressividade ou problemas de socialização podem ter causas mais
sérias, com as quais o adolescente não sabe lidar. "Vale o professor ficar atento também
à vida familiar do estudante", alerta Tania Saade. "O jovem não tem um bom
rendimento escolar se os pais o agridem física ou moralmente."

Há ainda alunos que chegam à adolescência com problemas auditivos ou visuais nunca
tratados, o que justifica o desinteresse pelas aulas.
Trabalhar dessa maneira — conhecendo bem o aluno, fazendo pontes constantes entre o
mundo jovem e a matéria a ser dada e driblando o comportamento agitado da turma —
requer comprometimento, planejamento apurado e alto grau de paciência. Para não
perder o equilíbrio, as especialistas dão uma sugestão importante: deixe seus problemas
do lado de fora da sala e não absorva aqueles que surgirem lá dentro. Não é fácil, mas
dados os primeiros passos, não só o conteúdo vai ser bem trabalhado como também a
formação humana, que justifica a existência da escola.

Cada atitude pede uma solução

Você evita prejudicar suas aulas quando lida adequadamente com reações típicas da
adolescência.

Desinteresse — O jovem está mais preocupado com a roupa que vai usar do que com os
presidentes da época da ditadura. Tente saber o que passa pela cabeça dele e contemple
em suas aulas as dúvidas que traz sobre sexualidade, por exemplo, por meio de
dinâmicas, pesquisas ou debates. Para não expor ninguém, procure ter conversas
particulares. O estudante precisa sentir que a escola satisfaz suas expectativas.

Agressividade — Vandalismo e agressões verbais e físicas, por exemplo, podem ser


resposta do jovem ao mundo que o cerca. Cobranças por bom desempenho escolar e por
atitudes maduras geram ansiedade e reações inadequadas, já que ele não se sente apto a
atender às expectativas. Procure saber como é o relacionamento do aluno com os pais e
que idéia faz de si mesmo e de seu futuro. Se ele encontrar na escola um local para
expressar seus pensamentos e descobrir suas aptidões, o nível de ansiedade e a
agressividade diminuem.

Arrogância — O adolescente acha que pode tudo. A idéia de que está sempre certo faz
com que ele desdenhe do que é dito ou imposto. Em vez de responder à altura, uma boa
solução é questioná-lo. Peça que explique o que tem em mente e pergunte porque usou
aquele tom de voz. Para responder, ele vai formular melhor os argumentos. Pode ser que
reconheça o erro, mas, mesmo se ele mantiver o que disse, já terá ao menos aprendido a
se expressar de forma educada.

Rebeldia — Você sugere à turma a apresentação oral de um conteúdo estudado.


Responder com um baita "Ah, não!" geralmente é a primeira reação. Os motivos podem
ser insegurança ou mesmo uma forma de se auto-afirmar frente aos colegas. O problema
é quando a negação vem de forma brusca. O melhor a fazer, nesse caso, é não entrar no
embate já que o jovem testa os mais velhos para ver até onde pode ir. Ao falar o que é
necessário e deixar claro o papel de cada um, você conquista o respeito deles pelo bom
exemplo.

Resistência — O jovem quer experimentar tudo, viver tudo, saber de tudo. Só que tem
sempre um adulto dizendo o que ele não pode fazer. Mesmo que essas sejam
orientações sensatas, é preciso compreender que sensatez ainda não é uma qualidade
que eles valorizam. O adulto é quem impede as coisas que dão prazer. Por isso a
resistência ao que vem do professor ou dos pais (e nisso se inclui o conteúdo escolar).
Antes de começar a aula, por que não bater um papo rápido sobre algo que interessa à
moçada? Aberto o espaço, os jovens baixam a guarda e percebem que para tudo tem
hora.

A neurologia explica

Tudo o que pode parecer estranho no comportamento dos adolescentes tem explicação
neurológica. A falta de interesse pelas aulas, por exemplo, é consequência de uma
revolução nas sinapses (conexões entre as células cerebrais — os neurônios). Nessa
etapa da vida, uma série de alterações ocorre nas estruturas mentais do córtex pré-
frontal — área responsável pelo planejamento de longo prazo e pelo controle das
emoções —, daí a explicação para ações intempestivas e às vezes irresponsáveis.

Por volta dos 12 ou 13 anos, o cérebro entra num processo de reconstrução. "É o que eu
chamo de 'poda' das sinapses para que outras novas ocupem o seu lugar", afirma o
psiquiatra Jorge Alberto da Costa e Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj), que estuda essas alterações na Escola Médica de Nova York. Segundo Silva, o
cérebro faz uma limpeza de conexões que não têm mais utilidade — como as que
surgiram para que a criança aprendesse a andar ou a falar, por exemplo — e abre espaço
a novas.

Grosso modo, funciona assim: quanto mais são usadas, mais as conexões se
desenvolvem e amadurecem. Imagine que para tocar um instrumento o indivíduo
necessite de algumas sinapses. Quanto mais ele pratica, mais "fortes" ficam as
conexões. Se não são usadas, elas ficam lá só ocupando espaço e são descartadas na
adolescência. Ao mesmo tempo, o que a pessoa aprende nesse período fica para a vida
inteira.

Esse intenso processo de monta e desmonta remodela toda a estrutura básica cerebral.
Por isso, afeta "desde a lógica e a linguagem até os impulsos e a intuição", explica a
jornalista Barbara Strauch, editora de medicina do jornal norte-americano The New York
Times e autora do livro Como Entender a Cabeça dos Adolescentes, que apresenta as
últimas pesquisas sobre o assunto.
Giovana Girardi
Uso tecnologia.

A tecnologia, ao mesmo tempo que tenta aproximar as pessoas, gera superficialidade


nas relações. A professora mestre em Educação, Sigelda Mendes, que dá aulas para o
Ensino Médio, afirma que os jovens de hoje trocam o relacionamento presencial pelo
virtual, o que acaba por provocar um distanciamento do mundo real. “[A comunicação
pela Internet] é um relacionamento virtual. Ainda defendo a importância dos jovens se
relacionarem por meio de reuniões presenciais, seja em baladas, jogos ou passeios ao
shopping”. A psicóloga Marisilda Motta, mestre na área psicanalítica, reforça a opinião
de Sigelda, dizendo que a máquina foi feita para encurtar distâncias e criar correntes de
solidariedade, mas não é aproveitada dessa forma.

Marisilda acredita que uma das consequências desse distanciamento é o conformismo.


“Os jovens de hoje são fruto das conquistas das gerações anteriores, porém eles têm
outras percepções e já não querem mudar o mundo como as antigas gerações”, diz. De
acordo com ela, essa falta de conexão com o mundo é conseqüência de uma geração que
está acostumada como simples toque de um botão.

Apesar de trazer benefícios e facilidades, a Internet é bastante criticada. Alguns, como o


professor norte-americano Mark Bauerlein, autor do livro “The Dumbest Generation”,
acreditam que a rede internacional de computadores prejudica a formação do jovem. Já
a jornalista Mara Cristina de Souza Gomes acredita que tudo tem seu lado positivo e
que, por causa da rede mundial de computadores, o jovem de hoje tem acesso a muitas
informações que várias gerações não tiveram. “Eles têm o mundo diante deles, só
precisam usá-lo a favor. É necessário desenvolver o espírito crítico.” A professora
Sigelda completa: “Surgiram novas formas de buscar o conhecimento”.

Não se sabe ao certo até que ponto a Internet prejudica o desenvolvimento das novas
gerações, já que a rede mundial possibilita algo que os mais velhos considerariam
impossível: a conexão com o mundo por meio de uma simples máquina. Sem precisar
sair do lugar, pessoas viajam e aprendem diversas coisas. Para isso, é importante ter
senso crítico e ter referências para discernir o lado bom e o ruim. As gerações antigas
precisam aprender a aceitar as inovações tecnológicas e usar a experiência para orientar
as novas gerações para o bom uso da informática.

Fernanda Colmenero

Gerações X e Y

Introdução
Vivemos em um mundo de completa mutação. Chegamos a um novo século, em um
período de incertezas com muitas dúvidas e desafios, especialmente para os mais
jovens. As grandes revoluções parecem já ter acontecido, as grandes inovações parecem
imediatas, os vilões globais não são mais países, pessoas ou causas, se é que é possível
ainda definir bem quem são os vilões!?
A tecnologia se desenvolve com uma velocidade muito superior a nossa capacidade de
entendimento, aplicação e uso, e mais do que isso: a nossa capacidade efetiva de bsorver
e aproveitar plenamente dessa evolução. Nesse panorama o desafio da educação e
formação de pessoas ganha uma complexidade ainda maior do que naturalmente teria.
Formar indivíduos e prepará-los para o futuro está na tônica do dia, mas talvez não
saibamos exatamente como enfrentar isso. Nessa perspectiva discutir o conflito
existente entre gerações parece uma boa forma, ou pelo menos racional, de se tentar
enfrentar esses desafios.
O estudo e o rótulo de gerações diferentes nos confortam na possibilidade de encontrar
uma reflexão sobre as grandes diferenças entre as pessoas que estão na condução de
empresas e salas de aula e os jovens adolescentes que nos desafiam diariamente com
sua estrutura de pensamento e comportamento aparentemente diversa e por vezes
incompreensível.
A Geração Y, designação usualmente utilizada para classificar os nascidos a partir de
1979 até meados dos anos 90, é alvo constante de estudos, análises e proposições. O
interesse por esse grupo de pessoas em especial, caracteriza-se pela observação peculiar
que esse grupo de jovens foi o primeiro a ter crescimento totalmente em uma sociedade
informatizada, com computadores, telefones móveis e toda a sorte de gadgets
(acessórios) eletrônicos para comunicação, diversão e estudo. São os primeiros jovens a
efetivamente contarem com um acesso online durante toda a vida e para eles, internet,
telefones celulares e computadores sempre existiram. É inconcebível,ou pelo menos
inimaginável, para eles entenderem como o mundo misteriosamente funcionava
antes, sem esses apetrechos para comunicação instantânea e virtual.
Mas qual a razão de serem chamados de Y? Simplesmente porque houve uma geração X
anterior, o que parece trivial demais. Isso não é apenas uma sequência de letras do
alfabeto para designar as gerações, há uma razão por traz disso e vale a pena se debruçar
sobre esses rótulos.

Revista Acadêmica Eletrônica Sumaré


As diferentes gerações
Muitos estudiosos, das mais diversas áreas de conhecimento consideram o século XX
como o mais transformador e radical período da História da Humanidade. Nunca antes,
como se costuma ouvir, a história humana teve tantas transformações, profundas,
radicais e contraditórias. Outros períodos tiveram suas grandes mudanças, mas fica a
percepção de que os anos de 1900 a 2000 foram os mais intensos da história da
civilização, especialmente a ocidental.
As gerações do início do século XX até os nascidos proximamente à II Grande Guerra
viveram em um mundo ainda bastante rural, turbulento e desconectado. Se pensarmos
em termos de tecnologia, no início do século, não havia energia elétrica, nem rádios,
TVs, nem meios de comunicação em massa e a velocidade de comunicação era milhares
de vezes menor que nos dias atuais. A viagem entre nações se dava por longas travessias
em navios, as estradas não passavam de leitos carroçáveis para tropeiros e animais, a
vida em geral era bem mais provinciana. Esses indivíduos mantinham um conjunto de
práticas, influências e informação mais ou menos comum e são definidos
arbitrariamente como tradicionais – sem remeter exatamente ao que o termo
“tradicional” signifique.
A geração dos filhos dessa geração de tradicionais nasceu a partir das décadas de 40 e
50. Essa geração posterior aos tradicionais é chamada de babyboomers e compreende,
arbitrariamente, todos os nascidos a partir do pós-guerra até fins da década de 1960.
Com o fim da Guerra e a percepção dos horrores que os conflitos e as crises da primeira
metade do século proporcionaram, houve um breve período de euforia, esperança e
crença de que a Humanidade jamais pudesse passar novamente por aqueles anos cruéis.
Devia-se evitar a qualquer custo a repetição dos conflitos mundiais naquela dimensão e
havia uma visão utópica, talvez inocente e romântica, de que a vida seria muito boa a
partir dali e não mais haveria grandes conflitos, visão que logo desmoronou com a
emergência da Guerra Fria.
Essa geração cresceu no que talvez se possa considerar o período econômico mais
próspero do século XX, quando as apostas na tecnologia e na capacidade humana de
dominar a natureza atingiram seu auge. Por outro lado, essa geração também questionou
de maneira contundente alguns valores tradicionais e promoveram grandes discussões,
revoluções no comportamento e na forma de se observar o mundo, de encarar a
sexualidade, o papel da mulher na sociedade e a defesa da natureza na sociedade
contemporânea. São desse período os maiores, ou talvez mais populares, ícones do
século, no qual o idealismo talvez tenha atingido também o seu auge. A década de 1960
e todos os seus estereótipos de liberdade, rebeldia e contestação ilustram bem esse
período. Porém, a crença de que poderíamos dominar a natureza e que a humanidade
viveria um eterno crescimento econômico e desenvolvimento social, logo caiu por terra
nos primeiros anos do pósguerra e essa frustração se consolidou com algumas crises do
capitalismo que assolaram as economias ocidentais, especialmente a partir do início da
década de 1970 e promoveram impactos de diversas intensidades em todo o mundo,
como, por exemplo, a crise dos anos 1980 no Brasil. A década de 1970 foi uma década
de excessos e marca uma nova mudança, deslocando aquele pensamento mais idealista
para uma visão individualista, egoísta e focada em resultados, predominante na década
de 1980, muito bem ilustrada pelos yuppies de Wall Street, onde o tempo é dinheiro e
devemos trabalhar o máximo possível. É nesse período que a geração X começa a viver
sua juventude.
A geração X corresponde aos nascidos entre o final da década de 1960 e fins da década
de 1970 e alcançaram sua adolescência e juventude em meados de 1980. Foram
chamados de X justamente por representarem uma incógnita como filhos de uma
geração contestadora e idealista dos babyboomers, as incertezas do futuro e de viverem
em um momento de turbulência econômica, em uma sociedade extremamente individual
e sem grandes causas a defender. Ícones populares, especialmente músicos (músicos
sempre representam bem os estereótipos de uma era) nascidos nessa geração - Cazuza,
Renato Russo, Kurt Combain, do grupo americano Nirvana, ilustram e viveram, até de
forma contraditória, a crise e certa desilusão da geração X com o incômodo da
sociedade em que viviam. Percebem, até por meio de suas músicas, que apesar das
grandes revoluções românticas do passado, estão em um mundo que os “meus heróis
morreram de overdose, e meus inimigos estão no poder” de Cazuza. O X dessa geração
espelha uma fase de incertezas pela qual passa o mundo. Mas foi dessa geração também
que surgiram todos os grandes elementos aglutinadores pelos quais as atuais gerações
caminham e crescem se comunicando. Facebook, Orkut, Youtube, Google, entre outros,
são todas criações da geração X!
O fato é que, como ilustra o historiador Eric Hobsbawm, vivemos em uma Era de
Incerteza, mas da mesma forma Tempos Interessantes. Vivemos em um presente
contínuo, tudo está disponível de todas as formas que quisermos e pudermos. Parece
que percebemos que houve uma Segunda Guerra Mundial, só porque houve uma
primeira. Tudo está disponível, tudo é rápido, instantâneo, acentuado por um processo
de globalização a velocidade da informação e sua disseminação são praticamente
imediatas. É nesse contexto que surgem os jovens imersos na tecnologia, da geração Y.
A Geração Y ou Geração da Internet como comentado anteriormente, dos jovens
nascidos a partir de 1979, é a primeira geração a efetivamente crescer em um mundo de
convergência tecnológica e de comunicação, convivendo com toda essa informação
instantânea e infinitos meios de comunicação digital. Nessa perspectiva é interessante
entender que esse grupo de jovens está imerso em uma realidade peculiar e diferente de
seus predecessores.
Há certamente um grande interesse por essa geração Y, talvez superior aos estudos de
gerações anteriores. Talvez porque elementos de convivência parecem não se aplicar
mais a esse grupo. Com essa realidade de “pós tudo” que vivemos, associada à
acessibilidade completa a absolutamente tudo o que queira se saber. A Geração Y
adquiriu uma característica bastante crítica, quase niilista, isto é, o nada como forma de
vida. A origem desses jovens muitas vezes reside em seios familiares de pais separados,
trabalhadores compulsivos e ausentes da década de 1980, que deixavam seus filhos nas
mãos de avós, babás ou mesmo apenas com seus computadores e amigos virtuais.
Parece mais fácil conversar com o computador do que conversar pessoalmente. Esse
jovem acessa tudo e coloca-se com uma vantagem ao saber manejar as ferramentas de
comunicação, mas não necessariamente a comunicação em si. Essa condição
aparentemente solitária e praticamente autogerida leva esse jovem a formar uma
opinião, avessa aos clichês dos adultos, ou pelo menos dos pais. São muito mais
questionadores e crus no posicionamento frente à chefia, professores e superiores.
É preciso fazer, porém, uma ressalva sobre tudo isso. Nem todos os jovens nasceram no
mesmo extrato social, com os mesmos acessos e condições de comunicação e inter-
relação de jovens estereotipados no parágrafo acima. Certamente existem jovens e
jovens. O ponto comum talvez resida única e exclusivamente na Globalização
Tecnológica, que tornou o mundo rápido e global.
Só isso já explica muito.
É interessante entender tudo isso sobre os óculos de quem lê – explico: é preciso
empatia, entender como esses jovens funcionam na perspectiva deles. Certamente a
empatia será muito útil também para entender os idosos. Uma observação superficial
desses jovens sem o filtro da empatia levará a conclusões de que são pessoas
desinteressadas, arrogantes e que se colocam como conhecedores de tudo. Não só o Y,
mas jovens de qualquer geração sempre foram um pouco arrogantes, cheios de si e
irresponsáveis.
Olhando, portanto, com um pouco mais de cuidado, vamos observar que esse mergulho
no mundo da informação desde sempre, tornou esse jovem carente de profundidade, de
competência e de uma ligação com valores que podem não ser certos ou errados, mas
definitivamente ele
acredita. Isso pode ser atribuído ao fato que esse jovem foi exposto desde pequeno à
dura realidade da vida, do Planeta e do que fizemos com ele. As preocupações
ambientais globais só eclodiram a partir da década de 90 e a incerteza sobre o futuro da
Terra e dos homens, por conseguinte, vem inquietando o mundo.
Somando-se a isso, vivemos em um mundo descartável e imediato. O que é bom, ruim,
perene, legal? O que não é comercializável? Tudo parece ser mercado e consumo. O
hoje eterno se descarta no tempo da inovação. Isso causa um paradoxo entre a
mediocrização de tudo e um vazio em busca de substância. O jovem da geração Y
também está mergulhado nisso. Pesquisas indicam que o jovem Y prefere trabalhar com
pessoas competentes que o ensinem, em detrimento de trabalhar com alguém famoso e
distante. O trato desse jovem é direto e franco e é isso o que ele busca em seus
antagonistas, chefes, professores, amigos, familiares e todos os outros com quem
convive. Eis aí uma chave de conexão e de sucesso.
Atingir o coração dessas pessoas, entendendo com empatia o que querem, colocando-se
no seu lugar; fazendo-os acreditar e principalmente entender o que se está fazendo, não
os subestimando, mas os orientando com firmeza e credibilidade – eis outra palavra
mágica – o caminho para incluir esses jovens quer no mercado de trabalho, quer nas
escolas, quer nos sindicatos e associação de classe, será muito mais breve.
Rotulá-los, assim como nos rotular, não é agradável. Adolescentes e jovens sempre
existiram e queremos que sempre existam. De uma forma ou de outra, já fomos ou
poderemos ser jovens por muito tempo. Uma sociedade baseada em valores francos e
positivos pode ser a gênese de um futuro promissor. Todas as épocas e gerações tiveram
seus momentos, e para o bem ou para o mal, envelhecer é parte inexorável daqueles que
não se vão. Certamente outros X, Y, Z... virão e questionarão a geração anterior.
Aprender a conviver e entender o outro pode ser a chave do sucesso.

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