Adolescentes
Adolescentes
Adolescentes
independem da vontade deles. Portanto, nem sempre palavras ditas de maneira agressiva
ou arrogante são fruto da falta de educação. Para quem convive diariamente com turmas
dessa faixa etária - que ora parecem estar no mundo da lua, ora com pane no sistema - e
quer conquistá-las, a saída é agir de forma firme, mas respeitosa.
A primeira "lição" para quem trabalha com adolescentes é não tomar para o lado pessoal
qualquer tipo de afronta vinda de um aluno. Responder a uma provocação no mesmo
tom só faz você perder o respeito e a admiração do grupo — o que dificulta o trabalho
em classe. Além disso, ao perceber que tirou o professor do sério, o jovem se sente
vitorioso e estimulado a repetir a dose. "Educar não é um jogo em que se determina
quem vence ou perde", afirma a psicopedagoga Maria Helena Barthollo, do Centro de
Estudos da Família, Adolescência e Infância, no Rio de Janeiro. Ela sugere que a luta
com a garotada dê lugar a parcerias. Os acordos incluem regras, direitos e limites que
valem para todos, inclusive você.
"A música estimula o lobo temporal no cérebro e faz com que os circuitos estabelecidos
com o córtex pré-frontal — região que analisa a informação — sejam mais
consistentes", afirma a neuropediatra Tania Saad, professora do Instituto Brasileiro de
Medicina de Reabilitação, no Rio de Janeiro. O lobo frontal é a região responsável pelas
emoções e pelas experiências de vida. Como o cérebro está se reorganizando, o
adolescente não tem idéia do que é ou não importante. Por isso, se ele não vê relevância
de uma informação para sua vida, o novo dado se perde no turbilhão que é a sua cabeça.
Para fazer das aulas algo que instigasse seus alunos da 6ª série, Carvalho recebeu o jogo
Super Trunfo com entusiasmo em sala. Na brincadeira, vence quem tem as cartas com
carros mais potentes ou velozes. Com base no conteúdo estudado, a meninada bolou o
Super Trunfo Animal. Os alunos pesquisaram vertebrados e invertebrados e levantaram
uma série de características de diversos bichos. Eles criaram os critérios de pontuação,
que variaram conforme a sala. "Numa turma, os animais em extinção venciam porque
eram raros. Em outra, eles perdiam porque, se houvesse uma alteração ambiental,
seriam os primeiros a morrer", conta Carvalho.
Duarte vai pelo mesmo caminho e igualmente relaciona o cotidiano dos alunos aos
temas do currículo. "Pedi para eles observarem onde eram fabricados os tênis ou as
canetas que usavam. Essa foi a forma de introduzir a discussão sobre a abertura
econômica da década de 1990 e os índices de desemprego no Brasil", comenta.
"Quando o professor aproxima o conteúdo escolar dos interesses dos alunos, a
necessidade de resistir fica em segundo plano", analisa Nadia Bossa.
Nem sempre, contudo, atitudes inadequadas do aluno são totalmente justificadas pela
fase por que passa. Agressividade ou problemas de socialização podem ter causas mais
sérias, com as quais o adolescente não sabe lidar. "Vale o professor ficar atento também
à vida familiar do estudante", alerta Tania Saade. "O jovem não tem um bom
rendimento escolar se os pais o agridem física ou moralmente."
Há ainda alunos que chegam à adolescência com problemas auditivos ou visuais nunca
tratados, o que justifica o desinteresse pelas aulas.
Trabalhar dessa maneira — conhecendo bem o aluno, fazendo pontes constantes entre o
mundo jovem e a matéria a ser dada e driblando o comportamento agitado da turma —
requer comprometimento, planejamento apurado e alto grau de paciência. Para não
perder o equilíbrio, as especialistas dão uma sugestão importante: deixe seus problemas
do lado de fora da sala e não absorva aqueles que surgirem lá dentro. Não é fácil, mas
dados os primeiros passos, não só o conteúdo vai ser bem trabalhado como também a
formação humana, que justifica a existência da escola.
Você evita prejudicar suas aulas quando lida adequadamente com reações típicas da
adolescência.
Desinteresse — O jovem está mais preocupado com a roupa que vai usar do que com os
presidentes da época da ditadura. Tente saber o que passa pela cabeça dele e contemple
em suas aulas as dúvidas que traz sobre sexualidade, por exemplo, por meio de
dinâmicas, pesquisas ou debates. Para não expor ninguém, procure ter conversas
particulares. O estudante precisa sentir que a escola satisfaz suas expectativas.
Arrogância — O adolescente acha que pode tudo. A idéia de que está sempre certo faz
com que ele desdenhe do que é dito ou imposto. Em vez de responder à altura, uma boa
solução é questioná-lo. Peça que explique o que tem em mente e pergunte porque usou
aquele tom de voz. Para responder, ele vai formular melhor os argumentos. Pode ser que
reconheça o erro, mas, mesmo se ele mantiver o que disse, já terá ao menos aprendido a
se expressar de forma educada.
Resistência — O jovem quer experimentar tudo, viver tudo, saber de tudo. Só que tem
sempre um adulto dizendo o que ele não pode fazer. Mesmo que essas sejam
orientações sensatas, é preciso compreender que sensatez ainda não é uma qualidade
que eles valorizam. O adulto é quem impede as coisas que dão prazer. Por isso a
resistência ao que vem do professor ou dos pais (e nisso se inclui o conteúdo escolar).
Antes de começar a aula, por que não bater um papo rápido sobre algo que interessa à
moçada? Aberto o espaço, os jovens baixam a guarda e percebem que para tudo tem
hora.
A neurologia explica
Tudo o que pode parecer estranho no comportamento dos adolescentes tem explicação
neurológica. A falta de interesse pelas aulas, por exemplo, é consequência de uma
revolução nas sinapses (conexões entre as células cerebrais — os neurônios). Nessa
etapa da vida, uma série de alterações ocorre nas estruturas mentais do córtex pré-
frontal — área responsável pelo planejamento de longo prazo e pelo controle das
emoções —, daí a explicação para ações intempestivas e às vezes irresponsáveis.
Por volta dos 12 ou 13 anos, o cérebro entra num processo de reconstrução. "É o que eu
chamo de 'poda' das sinapses para que outras novas ocupem o seu lugar", afirma o
psiquiatra Jorge Alberto da Costa e Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj), que estuda essas alterações na Escola Médica de Nova York. Segundo Silva, o
cérebro faz uma limpeza de conexões que não têm mais utilidade — como as que
surgiram para que a criança aprendesse a andar ou a falar, por exemplo — e abre espaço
a novas.
Grosso modo, funciona assim: quanto mais são usadas, mais as conexões se
desenvolvem e amadurecem. Imagine que para tocar um instrumento o indivíduo
necessite de algumas sinapses. Quanto mais ele pratica, mais "fortes" ficam as
conexões. Se não são usadas, elas ficam lá só ocupando espaço e são descartadas na
adolescência. Ao mesmo tempo, o que a pessoa aprende nesse período fica para a vida
inteira.
Esse intenso processo de monta e desmonta remodela toda a estrutura básica cerebral.
Por isso, afeta "desde a lógica e a linguagem até os impulsos e a intuição", explica a
jornalista Barbara Strauch, editora de medicina do jornal norte-americano The New York
Times e autora do livro Como Entender a Cabeça dos Adolescentes, que apresenta as
últimas pesquisas sobre o assunto.
Giovana Girardi
Uso tecnologia.
Não se sabe ao certo até que ponto a Internet prejudica o desenvolvimento das novas
gerações, já que a rede mundial possibilita algo que os mais velhos considerariam
impossível: a conexão com o mundo por meio de uma simples máquina. Sem precisar
sair do lugar, pessoas viajam e aprendem diversas coisas. Para isso, é importante ter
senso crítico e ter referências para discernir o lado bom e o ruim. As gerações antigas
precisam aprender a aceitar as inovações tecnológicas e usar a experiência para orientar
as novas gerações para o bom uso da informática.
Fernanda Colmenero
Gerações X e Y
Introdução
Vivemos em um mundo de completa mutação. Chegamos a um novo século, em um
período de incertezas com muitas dúvidas e desafios, especialmente para os mais
jovens. As grandes revoluções parecem já ter acontecido, as grandes inovações parecem
imediatas, os vilões globais não são mais países, pessoas ou causas, se é que é possível
ainda definir bem quem são os vilões!?
A tecnologia se desenvolve com uma velocidade muito superior a nossa capacidade de
entendimento, aplicação e uso, e mais do que isso: a nossa capacidade efetiva de bsorver
e aproveitar plenamente dessa evolução. Nesse panorama o desafio da educação e
formação de pessoas ganha uma complexidade ainda maior do que naturalmente teria.
Formar indivíduos e prepará-los para o futuro está na tônica do dia, mas talvez não
saibamos exatamente como enfrentar isso. Nessa perspectiva discutir o conflito
existente entre gerações parece uma boa forma, ou pelo menos racional, de se tentar
enfrentar esses desafios.
O estudo e o rótulo de gerações diferentes nos confortam na possibilidade de encontrar
uma reflexão sobre as grandes diferenças entre as pessoas que estão na condução de
empresas e salas de aula e os jovens adolescentes que nos desafiam diariamente com
sua estrutura de pensamento e comportamento aparentemente diversa e por vezes
incompreensível.
A Geração Y, designação usualmente utilizada para classificar os nascidos a partir de
1979 até meados dos anos 90, é alvo constante de estudos, análises e proposições. O
interesse por esse grupo de pessoas em especial, caracteriza-se pela observação peculiar
que esse grupo de jovens foi o primeiro a ter crescimento totalmente em uma sociedade
informatizada, com computadores, telefones móveis e toda a sorte de gadgets
(acessórios) eletrônicos para comunicação, diversão e estudo. São os primeiros jovens a
efetivamente contarem com um acesso online durante toda a vida e para eles, internet,
telefones celulares e computadores sempre existiram. É inconcebível,ou pelo menos
inimaginável, para eles entenderem como o mundo misteriosamente funcionava
antes, sem esses apetrechos para comunicação instantânea e virtual.
Mas qual a razão de serem chamados de Y? Simplesmente porque houve uma geração X
anterior, o que parece trivial demais. Isso não é apenas uma sequência de letras do
alfabeto para designar as gerações, há uma razão por traz disso e vale a pena se debruçar
sobre esses rótulos.