(Antonio Gasparin) - O Desafio Do Método Dialético Na Didática
(Antonio Gasparin) - O Desafio Do Método Dialético Na Didática
(Antonio Gasparin) - O Desafio Do Método Dialético Na Didática
Resumo: O artigo tem como objetivo descrever, de forma sucinta, as principais atividades
desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, durante o período de
2008 e 2009. Expõe o Projeto de Intervenção Pedagógica, seus objetivos e os princípios da
Teoria Histórico-Cultural, da Pedagogia Histórico-Crítica e de sua respectiva Didática, os
quais nortearam todas as atividades desenvolvidas no programa; apresenta alguns dados
do Grupo de Trabalho em Rede - GTR; explicita alguns aspectos da produção didático-
pedagógica; e apresenta, ainda, o trabalho de implementação desenvolvido na escola e
seus resultados. Conclui, a partir das avaliações feitas pelos professores e pedagogos da
escola de implementação, que essa proposta é coerente e viável, pois vincula os conteúdos
trabalhados com a prática social, a fundamentação teórica com a prática docente e, ainda,
por meio desse encaminhamento os alunos demonstram mais interesse pelos conteúdos
escolares.
Abstract: The article aims to describe, briefly, the main activities developed in the Program
of Educational Development - PDE during the period 2008 and 2009. Exposes the
Educational Intervention Project, its objectives and principles of the Cultural-Historical Theory
of the Historical-Critical Pedagogy and the respective Didactic, which guided all activities of
the program, some data of the Working Group Network - GTR; explains some aspects of the
production didactic teaching, and also presents the implementation work done in the school
and its results. In conclusion, the evaluations made by teachers and educators from the
school of implementation, this proposal is consistent and feasible, because it linked the
contents worked with social practice, the theoretical with the practical teaching and also by
means of routing the students show more interest in school content.
1
Pedagoga da rede pública do estado do Paraná, Professora PDE - Área Pedagogia. rosamaria_0608@
hotmail.com; [email protected].
2
Professor da Universidade Estadual de Maringá, do Programa de Pós-graduação em Educação, Mestrado e
Doutorado. [email protected].
1
INTRODUÇÃO
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vistas à apropriação efetiva dos conhecimentos científicos e à formação humana de
nossos alunos.
Os objetivos específicos do projeto foram os seguintes: conhecer os principais
pressupostos da Teoria Histórico-Cultural de L. S. Vigotski, verificando como se
constituem os fundamentos da Pedagogia Histórico-Crítica; identificar o papel da
mediação docente a partir da Teoria Histórico-Cultural, a fim de que seja assumida
como nova forma de trabalho do professor; conhecer os fundamentos da Pedagogia
Histórico-Crítica, a fim de adquirir segurança teórica e direcionamento da ação em
sala de aula; conhecer os passos da Didática propostos para a Pedagogia Histórico-
Crítica, buscando identificar as ações e recursos necessários para a execução da
nova proposta; elaborar um Plano de trabalho docente-discente conforme a Didática
proposta, visando seu desenvolvimento junto aos alunos de ensino fundamental e
médio; e, ainda, executar o Plano de trabalho docente-discente e avaliar os
resultados obtidos, procurando verificar se a proposta pode ser assumida ou não
como nova maneira de trabalhar os conteúdos escolares.
A fim de reafirmar a necessidade de clareza e consistência teórica que
norteiam a prática docente, ou seja, clareza e coerência da base filosófica presente
na teoria pedagógica, no método adotado, bem como, na abordagem da teoria
psicológica assumida, partimos do princípio que materialismo histórico e dialético
sustenta a Teoria Histórico-Cultural que explica o aprendizado humano a partir de
sua natureza social; que fundamenta, outrossim, a Pedagogia Histórico-Crítica,
empenhada em colocar a educação a serviço da transformação das relações
sociais; bem como, embasa a Didática da Pedagogia Histórico-Crítica que busca
traduzir para a sala de aula o processo dialético – prática-teoria-prática – de
elaboração do conhecimento científico.
Feitos esses esclarecimentos preliminares, apresentamos a fundamentação
teórica que norteou o projeto de intervenção, bem como todo trabalho desenvolvido
no programa.
2 - A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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A Teoria Histórico-Cultural de Vigotski, em sua gênese, pressupõe uma
natureza social da aprendizagem, ou seja, é por meio das interações sociais que o
indivíduo desenvolve suas capacidades intelectuais. Para Vigotski (2007, p.100) “o
aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo
através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam”.
Os estudos de Vigotski foram profundamente influenciados pelo materialismo
histórico e dialético de Marx e Engels. De acordo com Marx:
O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento
da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos
homens que determina o ser; é o seu ser social que, inversamente,
determina a sua consciência.(MARX, 2003, p.5).
5
processos adaptativos que superam os impedimentos que a criança
encontra.(VIGOTSKI, 2007, p.80).
6
A Pedagogia Histórico-Crítica tem como fundamento o materialismo histórico.
De acordo com Saviani:
A expressão pedagogia histórico-crítica é o empenho em compreender
a questão educacional com base no desenvolvimento histórico
objetivo. Portanto, a concepção pressuposta nesta visão da pedagogia
histórico-crítica é o materialismo histórico, ou seja, a compreensão da
história a partir do desenvolvimento material, da determinação das
condições materiais da existência humana.(SAVIANI, 2005, p.88)
(grifos do autor).
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de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que
é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”.
A especificidade da Educação é, neste sentido, o conhecimento científico,
produzido e sistematizado historicamente pelos homens. Saviani (2005, p.14)
esclarece que “a escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao
conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; à
cultura erudita e não à cultura popular”. Desta maneira, não se exclui o saber que o
aluno já detém, mas através do acesso ao saber erudito e ao conhecimento
científico, na escola, ele amplia seus conhecimentos, superando o senso comum.
O método dialético que Saviani propõe para a Pedagogia Histórico-Crítica,
tem como pressuposto a síntese metodológica contida na obra de Marx (MARX,
2003), ao tratar do “Método da Economia Política”. Esta síntese “explicita o
movimento do conhecimento como passagem do empírico ao concreto, pela
mediação do abstrato. Ou a passagem da síncrese à síntese, pela mediação da
análise”(SAVIANI, 2005, p.142).
O concreto não é o ponto de partida, mas o ponto de chegada do
conhecimento. E, no entanto, o concreto é também o ponto de
partida.[...] Poder-se-ia dizer que o concreto de partida é o concreto
real e o concreto ponto de chegada é o concreto pensado, isto é, a
apropriação pelo pensamento do real-concreto.[...] O verdadeiro ponto
de partida, bem como o verdadeiro ponto de chegada, é o concreto
real. Desse modo, o empírico e o abstrato são momentos do processo
de conhecimento, isto é, do processo de apropriação do concreto no
pensamento.(SAVIANI, 2007a).
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a compreensão dos alunos é sincrética uma vez que, por mais
conhecimentos e experiências que detenham, sua própria condição de
alunos implica uma impossibilidade, no ponto de partida, de
articulação da experiência pedagógica na prática social de que
participam.(SAVIANI, 2007b, p.70-71).
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for capaz de compreender os vínculos da sua prática social global”, de acordo com
Saviani (2007, p.80).
E desta forma, a função social da escola reside na socialização do saber
sistematizado às camadas populares, abrindo espaço para que essas forças
emergentes se insiram num processo mais amplo de construção de uma nova
sociedade.
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conceitual, científica, social, histórica, política, cultural, econômica, filosófica,
religiosa, moral, ética, estética, legal, afetiva, operacional, etc. De acordo com
Gasparin:
Para o professor implica uma nova maneira de estudar e preparar o
que será trabalhado com os alunos: o conteúdo é submetido a
dimensões e questionamentos que exigem do mestre uma
reestruturação do conhecimento que já domina. O conteúdo é
entendido como uma construção histórica, não natural, portanto, uma
construção social historicizada para responder às necessidades
humanas.(GASPARIN, 2007, p.49).
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Esta fase, na perspectiva vigotskiana, corresponde ao novo nível de
desenvolvimento atual do aluno. Conforme Gasparin (2007, p.148) “todo o trabalho
na zona de desenvolvimento imediato - que neste processo se expressa nos passos
da Problematização, Instrumentalização e Catarse - encerra-se com a obtenção de
um novo nível de desenvolvimento atual, no qual o aluno mostra que se superou”.
Em termos de procedimentos práticos dessa etapa, o trabalho se realiza por
meio de uma nova atitude prática do aluno - o qual mostra suas intenções de pôr em
prática o novo conhecimento - e, também, por meio de propostas de ações que
podem ser desenvolvidas individualmente ou pelo grupo, com compromisso social.
3 - A PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
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O nosso GTR teve o mesmo título do projeto de intervenção, teve início em
setembro de 2008 e término em julho de 2009, com carga horária de sessenta
horas. O GTR foi realizado pela plataforma Moodle, com vários recursos como
Biblioteca Virtual, Blog, E-mail, Diário, Fórum de Discussões, os quais foram
organizados pelo professor PDE, no endereço eletrônico disponível no site da
SEED-PR.
O curso foi desenvolvido em seis etapas, sendo as três primeiras realizadas
no segundo semestre de 2008 e as outras três no primeiro semestre de 2009.
Na primeira etapa, os cursistas fizeram leituras de textos referentes ao
sistema operacional do curso, preencheram uma ficha cadastral e se apresentaram
aos demais integrantes do grupo; na segunda etapa, foram feitas leituras e
atividades encaminhadas pela coordenação do PDE da SEED; na terceira etapa
houve a socialização do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola pelo
professor PDE, a análise pelos cursistas e, ainda, estudo de textos que
fundamentaram teórica e metodologicamente o projeto; na quarta etapa do curso
houve a socialização e análise do material didático-pedagógico desenvolvido, isto é,
do Caderno Pedagógico; na quinta etapa, houve a socialização dos resultados
parciais da implementação do projeto na escola; e, na última etapa, os cursistas
fizeram uma avaliação do curso.
O nosso curso teve integrantes de várias cidades do estado do Paraná, como
Francisco Beltrão, Icaraima, Marialva, Santo Antonio da Platina, Nova Esperança e,
também, de Maringá.
O GTR, de modo geral, foi um espaço bastante relevante de integração do
trabalho desenvolvido pelo professor PDE com os demais professores da rede e
contou com uma significativa participação dos cursistas.
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Histórico-Crítica e a última etapa, sobre os passos da Didática da Pedagogia
Histórico-Crítica.
O encaminhamento metodológico do curso de extensão seguiu os mesmos
passos do método dialético: a prática social, como ponto de partida; segundo passo:
a problematização: terceiro passo: instrumentalização; quarto passo: catarse; e,
quinto passo: a prática social, como ponto de chegada.
Na primeira etapa do curso, quando trabalhamos com a Teoria Histórico-
Cultural, iniciamos com a prática social, apresentando o conteúdo que seria
trabalhado, juntamente com seus objetivos e perguntamos aos professores o que
sabiam sobre essa teoria e o que gostariam de saber sobre ela. Em seguida,
partimos para um debate por meio de questões ligadas à prática social, bem como,
às dimensões que seriam trabalhadas. Iniciamos com o estudo do texto da Unidade I
do Caderno Pedagógico e dos textos nele proposto. Para ilustrar, assistimos ao filme
“O enigma de Kaspar Hauser”, a fim de perceber a natureza social da
aprendizagem. No final do trabalho dessa Unidade, a partir das atividades
desenvolvidas pelos professores, fizemos a avaliação e, ainda, discutimos no grande
grupo, que possíveis ações poderiam ser realizadas/melhoradas, no efetivo trabalho
com os alunos, a partir do conteúdo estudado.
A segunda e a terceira etapas do curso foram realizadas por meio desse
encaminhamento, realizando-se o total de três ciclos do método dialético durante
todo o curso.
Só observando que, na última etapa, quando estudamos os passos da
Didática da Pedagogia Histórico-Crítica, a prática social final consolidou-se na
elaboração e execução do Plano de trabalho docente-discente pelo grupo de
professores do Colégio.
A avaliação do trabalho foi realizada no final do bimestre subsequente à sua
aplicação, ou seja, ao final do terceiro bimestre, por meio de ficha de
acompanhamento. De acordo com as avaliações, de modo geral, os professores
concordaram que por meio dessa nova metodologia de trabalho os alunos se
interessam mais pelos conteúdos escolares. A professora Loide Coelho de Moraes
Moreira (Geografia – Ensino Fundamental e Médio) afirma que “essa metodologia de
trabalho fez com que os alunos mostrassem mais interesse para realizar as
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atividades propostas”. Para a professora Viviane Maria Silvério de Souza (História –
Ensino Fundamental):
O fato de partir do que eles já sabem e do conhecimento que está
perto deles se torna mais fácil e agradável. Os alunos manifestam isso
quando ficam empolgados e comentam sobre os questionamentos
levantados ou quando fazem comparações.
CONCLUSÃO
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desse encaminhamento os alunos demonstram mais interesse pelos conteúdos
escolares.
Assim, todo o trabalho desenvolvido durante o programa, foi muito
gratificante, apesar das dificuldades no decorrer do caminho, pois acreditamos que
um trabalho docente fundamentado à luz desses princípios, faz-se consistente e
coerente do ponto de vista da matriz filosófica que o sustenta. Essa proposta de
método pedagógico, a nosso ver, é um compromisso de todos os que perseguem
uma educação crítica e transformadora.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ENGELS, Friedrich. A dialética da natureza. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
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VIGOTSKI, Lev S. A formação social da mente. 7.ed. São Paulo: Martins Fontes,
2007.
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