Relatório Da Anamnese - Morais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA

CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO - CENFLE

CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO INFANTIL

PROFESSORA: DR. ª ANDREA ABREU ASTIGARRAGA

TURNO: MATUTINO, 2º PERÍODO

ACADÊMICO: ANTONIO MORAIS DA COSTA

RELATÓRIO ANAMNESE

SOBRAL - CE

2017
A mãe entrevistada possui 43 anos de idade, reside na cidade de Viçosa do
Ceará, é casada, é coordenadora escolar, tem dois filhos biológicos, um casal. Um
menino de 6 anos e uma menina de 5 anos. Para a realização da anamnese, foi
avaliado o garoto de 6 anos de idade, pois a mãe apresenta duas queixas referentes
ao menino que serão elencadas durante o desenvolvimento deste relatório. O pai da
criança tem 54 anos de idade, é agente de saúde pública.

O objetivo deste trabalho é descrever os dados para anamnese que foram


aplicados com a mãe, para a disciplina de desenvolvimento infantil, curso de
pedagogia, a partir do levantamento da vida do sujeito e também da vida escolar.

A criança já frequenta escola, cursa o 1º ano do ensino fundamental, é o


filho mais velho. Durante as primeiras perguntas, a responsável pela criança deixa
bem claro que em caso de separação o filho vive com ela. Quem deixa e busca a
criança na escola frequentemente é o pai, pois a mãe trabalha nos turnos manhã e
tarde, e o pai somente manhã. Quanto às decisões sobre a criança, ou ainda,
necessidade de presença do responsável na escola, a mãe e a vó ficam
encarregadas.

A respeito da gestação, a mãe narra que o filho foi muito desejado e também
planejado. A mesma reitera que sua gravidez foi de alto risco, pois sofria de uma
doença chamada Trombofilia (doença que provoca aumento da coagulação
sanguínea e possível formação de coágulos (trombos), que podem entupir os vasos
de sangue do corpo).

Assim, o sangue coagulava bastante, impedindo o desenvolvimento do feto.


Devido a essa doença, a mãe teve 3 abortos, só conseguiu engravidar após passar
por um tratamento que consistia na aplicação diária de injeções anticoagulantes
para a afinação do sangue, durante o período de gestação, impedindo a formação
de coágulos e também a perca do bebê.

Com relação ao seu sentimento de gestante, declarou que tinha um


sentimento sempre de perda por conta dos outros três filhos que abortara, afirmando
que ao passar pelos 9 meses de gestação, podia a qualquer momento sofrer
novamente um aborto. Durante a fase pré-natal não houve hemorragias, acidentes,
agressões e nem discussões.
A mesma também fez uso de medicamentos psicotrópicos para tratar
problemas na tireoide durante a gestação. Quanto à expectativa do bebê, a mãe
relatou que o que ela mais queria nesse mundo era um filho, podia ser do sexo
masculino ou feminino, não tinha preferência. Também não apresentou problemas
depressivos durante a fase pré-natal e nem pós-parto. A gestação alcançou os 9
meses, o parto teve que ser cesárea com toda assistência médica, pois devido ao
seu alto risco de gravidez não pode ter normal.

Ao decorrer do diálogo, a entrevistada afirma que a família foi muito ausente


durante a gestação, antes e depois do parto. Quem sempre esteve presente nessa
etapa, foi sua mãe. Afirmou que o bebê não teve problemas de pele, nem gases,
nem problemas alimentares, nem refluxo no primeiro ano de vida. Quando a criança
começou a diferenciar as pessoas, a mãe e a vó sempre estiveram juntas para
cuidar da criança. Os fatos marcantes antes, durante e depois da entrada da criança
na família, primeiro foram os abortos de repetição, em seguida, a não importância do
pai com a gestação, e após, a não preocupação do pai com o filho, sempre
demonstrando desatenção, desamor e desafeto pelo filho. Esses fatores marcaram
muito, diz a mãe. A criança não apresentou mudanças após a vinda da irmã mais
nova, também não ocorreram mortes na família, sequer separações.

Quanto à forma de disciplina empregada pelos pais, a mãe diz que conversa
e explica para a criança quando ela erra. Quando há falta de limite apresentada pelo
filho, o mesmo é castigado, ficando sem seus brinquedos ou celular. Nesse
momento, reage chorando e quem o protege nessas horas é a vó. É muita
censurada, consegue se relacionar bem com o pai, a mãe e a irmã mais nova. A
família não apresenta nenhum problema na atualidade. A criança gosta de brincar
com areia quando vai à praia, gostando de desenhar e de pintar, tendo sua
brincadeira predileta a de jogar no celular. Tem por programa preferido na TV o
desenho animado Pica-Pau. O lazer que mais lhe interessa é ir à praia, ao parque
para brincar de balaço e gangorra com sua irmã. Ao ser contrariado, a criança
mostra-se zangada e diz que a mãe é chata. A mãe a corrige, aconselhando-o de
que isso não é certo.

Quanto à amamentação, de início já foi sendo amamentado com leite NAN,


em seguida, mamou no peito até seis meses, a mãe o adorava amamentar. A
alimentação fornecida à criança foi prescrita pela pediatra. Teve que parar de ser
amamentado aos seis meses, por conta da medicação que a mãe tomava para
problemas na tireoide. Ao chorar, a mesma era pega no colo pela mãe, vó ou babá,
proporcionando carinho. Gostava muito de comer papinha de frutas. Hoje tem hora
certa para se alimentar, mastigando a comida depressa, não conseguindo mastigar
bem, às vezes come junto com os pais. Aprecia a comida vendo TV.

Somente aos seis anos parou de usar fraldas. Quanto à passagem para o
troninho, mostra dificuldades para defecar nesse objeto. A criança, segundo a mãe,
tem medo de usar o sanitário, e isso faz com que não defeque de forma adequada,
segurando o coco até não aguentar mais, fazendo o saltar nas calças, pois tem
medo de defecar e de usar o sanitário. Essa situação preocupa muito a mãe, pois
nessa idade ainda não consegue ter controle sobre a defecação, faz a qualquer
momento, passando até 2 dias ou 3 sem defecar.

As fezes, em sua consistência, mostram-se pastosas. A criança ficou no


cercadinho e não engatinhou, pois, a mãe tinha medo do bebê engatinhar e se
machucar. Já andou com 1 ano e 5 meses, não caía muito. A babá e a vó que o
impulsionava e o ensinava a andar. Diante a isso, o mesmo aprendeu a andar, ficou
em pé e andou de repente. Mostrou-se corajoso ao subir numa escada e até hoje
sobe ao teto da casa, pelo quintal, usando escada. É inseguro em algumas
situações, andava melhor com a vó. Desenvolveu a coordenação dos movimentos
finos a partir de brinquedos que a mãe o dava. Para os grandes músculos, gostava
de bola e de correr. Nos dias atuais, não é estabanado, consegue andar de patins,
consegue andar de bicicleta sem rodinha, sobe também em árvores, porém não
nada.

Começou a falar com 1 ano de idade, tendo mais diálogo com a mãe e a vó.
As duas sempre falavam algumas palavras para ele repetir. As primeiras palavras
foram mãe e pai, não trocava letras, não falava errado e hoje se comunica muito
bem dentro do ambiente familiar, falando de uma forma que todos entendem. Um
exemplo é de quando pede para ir ao parque com a mãe, consegue se expressar de
forma correta. Também é capaz de dar um recado e até de fazer compra, mas se
tiver acompanhado. Ele narra uma história, consegue passar todas as informações
de forma clara e concisa, pula de alegria quando está falando à mãe e à vó. A mãe
entende o que ele conta, tendo a história, começo, meio e fim. A criança tem insônia,
é agitado, mas não tem pesadelos. Dorme junto com a mãe e a irmã dentro do
quarto. Tem medo de dormir sozinho, não apresenta enurese noturna. Dorme com a
mãe até hoje.

Quanto à história clínica, não teve bronquite, mas teve alergia ao passar por
climas quentes e frios, tendo inflamações na garganta. Houve também viroses
infantis e internações, mas nunca passou por procedimento cirúrgico algum. Não
apresenta problemas de visão e nem neurológicos. Faz acompanhamento
psicológico atualmente. Porém, não necessita de apoio educacional especializado.
Apresentou somente crise de garganta de repetição e houve 4 internamentos. A
criança se preocupa com a saúde, aceita que está doente e procura a mãe quando
está com mal-estar. A própria tem acesso a brinquedos pedagógicos, a jogos, a
revistas, a livros, a brinquedos eletrônicos, a redes sociais. Participa de atividade
física na escola quando quer.

Consegue urinar normalmente, não é notado nada de anormal. A criança é


destro, mas nunca foi forçado a usar a direita, adquiriu o uso da mão direita ao
passar pelo desenvolvimento. Também tem noção de perigo, alimenta-se
corretamente, pois tem horário específico para cada refeição, consegue pular de
corda, dentre outras coisas que exigem equilíbrio. Escova os dentes, toma banho e
penteia o cabelo com auxílio da mãe ou da vó, mas já veste a roupa sozinho. Não
quer, na maioria das vezes, participar da atividade de educação física, não
demonstra tanto interesse por ela. Apresenta boa coordenação motora fina,
consegue segurar o lápis, faz uso de tesoura e até desenha.

A criança não tem dificuldade para enxergar, consegue aproximar objetos


frentes aos olhos como o celular. Não apresenta dificuldade para ouvir, também não
é desatento, mas é muito agitado. Quanto à sexualidade, mostra-se curiosa, segura
por muitas vezes o órgão genital. Não viu e nem ouviu os pais durante o ato sexual.

Sua entrada na escola inicia aos 2 anos e meio numa creche particular da
cidade. Os pais que escolheram a escola para o filho. A escolha da instituição foi
pelo preço, era menos cara. A criança nunca repetiu de ano. Apresentou problemas
com a professora, e até hoje não consegue interagir com a professora na sala de
aula, a mesma não consegue avaliar a criança e nem trabalhar com ela dentro da
sala, pois a criança é tímida, não participa da aula e nem se socializa dentro da sala
de aula com seus colegas.
A criança dentro de sala de aula não tem atitude, muda até o semblante, não
interage e nem se socializa. Não falta às aulas. A mãe diz que o foco da escola é a
aprendizagem, ela sente uma falta de diálogo perante o problema de socialização do
filho na sala de aula. A criança como não participa das atividades em sala de aula,
recebe apoio pedagógico da própria mãe que é pedagoga, por isso aprendeu a ler e
a escrever.

Em relação à aprendizagem, demonstra problemas para realizar as


atividades propostas pela professora dentro da classe de aula, a mãe é que ajuda o
filho nas atividades em casa quando não as faz na escola. Diante disso, a criança foi
avaliada por uma psicóloga e recebe atendimento psicológico, pois está em
investigação a questão da não socialização da criança no ambiente escolar e
demais espaços. Nas sessões de atendimento psicológico, a criança não se
comunicou com a psicóloga, sequer o nome disse, mostrou-se tímido e silencioso
durante o atendimento.

Não consegue realizar as tarefas sozinho, apresenta algumas notas boas,


outras não. É capaz de fazer contas. Tem interesse pela disciplina de matemática,
consegue ter mais facilidade e possui mais interesse por ela. Não tem interesse por
inglês, apresenta dificuldades nessa matéria. Não faz atividades extraescolares. No
início de adaptação da escola, a mãe relata que o filho chorava bastante, entrava em
pânico por não ter a presença da mãe.

Devido a isso, o tio da criança teve que ficar em sala de aula o


acompanhando durante 4 meses, e a mãe se desligou nesse momento de entrada
do filho na escola. Relatou que sempre deu super proteção ao filho, não o deixava
sair pra outros lugares, não teve contato com outras crianças quando vivia em casa,
tinha medo de acontecer algo com o filho. Nesse momento de início da vida escolar
do filho, a mãe vendo que ele não conseguia se adaptar à escola, não sabe o que
fazer e cai em depressão.

A depressão foi tão severa que perdeu 20 quilos, destaca a responsável pelo
filho, pois se sentia incapaz de ver o sofrimento do filho no ambiente escolar, o
mesmo chorava muito e nem se alimentar queria por conta de não querer ir à escola.
A mãe até hoje passa por tratamento psiquiátrico e psicológico, estando afastada de
suas funções como professora. E o filho ainda está passando pelo processo de
socialização dentro da sala de aula, pois mostra-se calado e não participativo na
aula e nem comunicativo com a professora e colegas de classe.

A criança mostra-se ansiosa, agressiva, não faz amigos com facilidade,


preferindo fazer trabalho sozinho, apresenta frustração, não ajuda os colegas de
classe e muito menos se adapta a novos grupos de trabalho. Não mantém contato
com os colegas fora da escola, usa a rede social whatsap da mãe para se comunicar
com a vó e a tia, não se relaciona com os colegas da sala de aula e nem de outros
espaços, mostra-se retraído, não consegue ser líder. Nunca presenciou desastre,
mas sentiu muita a falta da mãe quando a mesma se afastou devido a depressão
que tivera. Por fim, a mãe disse que o que ela mais gosta de ver no filho é quando
demostra estar feliz, calmo e quando conversa com ela, contando suas histórias.
Não gosta nele quando está desobediente e teimoso.

Concluo que ao executar e aplicar essa anamnese com a mãe, pude


perceber a importância de se conhecer todo o desenvolvimento da criança, pois a
partir dos dados adquiridos na anamnese, é possível que um profissional possa
encontrar soluções para as queixas apresentadas. Vale destacar também que
muitas vezes não entendemos o motivo das crianças apresentarem comportamentos
distintos das demais, com a anamnese e toda as informações prestadas, é
conseguível perceber que existe alguma complicação para o desenvolvimento e
adaptação da criança que muitas vezes no dia a dia não nos é perceptível, e através
das informações prestadas pode-se verificar e entender o motivo de alguns
problemas.

A forma como se trabalhou a disciplina de Desenvolvimento Infantil, foi


relativamente bem esplanada, explicada e estudada. A professora apresenta os
domínios entre os conteúdos, e trabalha interagindo juntamente com alunos, pois ao
se lançar o assunto na lousa já se percebia a imediata participação de alguns para
expor ideias e opiniões.
É importante frisar a forma a qual fomos avaliados. Percebi, que além do
domínio que a professora tem sobre o conteúdo, a mesma lança trabalhos bem
dinâmicos como a construção da linha do tempo, onde cada aluno narrou sobre os
acontecimentos durante o passar da vida. Além de se aprender o conteúdo, a
professora trabalhou também com vídeos que foram de grande aproveito para o
entendimento dos assuntos que estávamos estudando. Outra questão a ser
apontada é que a professora utiliza mídias visuais como (data show, notebook,
dentre outros para ministrar algumas aulas. Seguindo os novos processos
pedagógicos e inovadores que tornam a aula mais interessante e participativa.

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