Aula03C - Sistemas de Potência Rele Inducao 2022 R01

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Engenharia Elétrica

Sistemas de Proteção Elétrica


Aula 03C – Relés de Proteção –
Relés de sobrecorrente indução

Prof. Dr. Gleison Elias da Silva


Indice
 Zonas de proteção
 Exemplos de disjuntores do SEP
 Circuito básico de proteção
 Classificação de elementos do SEP – C37.2-2008
 Relés Eletromecânicos, Eletrônicos e Digitais
 Relés de sobrecorrente indução e digital
 Relés de tensão
 Relés diferenciais
 Relés de distância
 Relés de frequência
2
Objetivos de aprendizagem
 Revisar zonas de proteção  Conhecer o princípio de
 Conhecer alguns tipos de funcionamento dos principais
relés de proteção: corrente,
disjuntores utilizados nos
tensão, diferencial, distância e
sistemas de proteção frequência.
 Estudar o circuito básico de
proteção e seus
componentes
 Apresentar a norma C37.2-
2008 – IEEE
 Estudar as três principais
categorias de relés de
proteção

3
Relés de sobrecorrente
 Entende-se por relé de proteção de sobrecorrente
(overcurrent relay) aquele que responde à corrente que flui
no elemento do sistema que se quer proteger quando o módulo
dessa corrente supera o valor previamente ajustado.

 Portanto, o relé de sobrecorrente tem como grandeza de


atuação a corrente elétrica do sistema.

 Todos os segmentos dos sistemas elétricos são protegidos por


relés de sobrecorrente, que é a proteção mínima a ser
garantida.

4
Relés de sobrecorrente
 A atuação ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou
superior a corrente mínima de atuação.

 O relé de sobrecorrente avalia as variações de corrente tendo


por base uma corrente denominada corrente de pick-up.

 Por exemplo, quando a


corrente de um curto-
circuito ultrapassa a
corrente de ajuste do
sensor do relé, o mesmo
atua instantaneamente ou
temporizado, conforme a
necessidade.
5
Relés de sobrecorrente
 A proteção por relés de sobrecorrente, geralmente, são as
mais econômicas comparada a outros tipos de proteção,
entretanto, os valores de atuação dos relés precisam ser
reajustados caso sejam efetuadas alterações (geração e/ou
consumo) no SEP.

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Relés de sobrecorrente
 Os principais relés de sobrecorrente empregados no SEP são:
 Relés de sobrecorrente não direcionais;

 Relés primários

 Relés secundários

 Relés de sobrecorrente direcionais;

 Relés de sobrecorrente diferenciais;

 Relés de sobrecorrente de distância.

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
 Os relés primários atuam mecanicamente sobre o disjuntor
por meio de varetas isolantes.

Fonte: MAMEDE, 2017


Circuito com Circuito com
relés de ação direta relés de ação direta com TC
MAMEDE Filho, João. Instalações elétricas industriais, 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017
ISBN-13: 9788521633723 8
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
 São conhecidos também como
relés de ação direta.

Fonte: MAMEDE, 2017

Disjuntor de Grande
Disjuntor de Pequeno Volume de Óleo (PVO) Volume de Óleo (GVO)

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
 Os relés primários não são mais aceitos pela norma
brasileira (ABNT NBR 14039 – Instalações elétricas de
média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV) para a proteção geral de
unidades consumidoras supridas em média tensão.

 Embora os relés primários não sejam


mais fabricados, podem ser encontrados
em subestações mais antigas e não
atualizadas.

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários

 Os relés de sobrecorrente não direcionais de ação direta


podem ser classificados como:

 Fluidodinâmicos
 Eletromagnéticos
 Estáticos

Fonte: MAMEDE, 2013

MAMEDE Filho, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro. Proteção de sistemas elétricos de potência - Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN-13 978-8521620129 11
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
 São constituídos de uma bobina com
espiras de fios de bitola suficiente que
suporte a corrente do circuito a ser
protegido, uma vez que é ligado em série
com o sistema.

Relé de sobrecorrente primário tipo


fluidodinâmico modelo RMF2 – Beghim

 Um êmbolo com haste de material metálico é movimentado


por meio da atração magnética da bobina do relé, que atua
diretamente no mecanismo de abertura do disjuntor.
12
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico Fonte: MAMEDE, 2017

 No interior da
bobina há um
êmbolo metálico e
preenchido com
líquido viscoso,
que será
movimentado pela
ação solenoide.

Perfil do relé de sobrecorrente do tipo fluidodinâmico

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
 Na extremidade
inferior do êmbolo
é fixado um
sistema de duas
arruelas providas
de furos (orifícios
de retardo) com
diâmetros
adequados.
Fonte: MAMEDE, 2017

Perfil do êmbolo do relé de sobrecorrente do tipo fluidodinâmico

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Fonte: MAMEDE, 2017
Relés primário – Fluidodinâmico
 A descentralização ou não desses
furos, obtida por meio da rotação
de uma das arruelas em torno do
seu eixo, possibilita o disparo do
relé através de duas curvas, cada
qual definida por uma faixa de
atuação.

Curvas de tempo-corrente do relé de


sobrecorrente do tipo fluidodinâmico

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
 Tabela abaixo apresenta as faixas
de correntes de ajuste (A) dos relés
RM2F do fabricante Sacs-Beghim.

Relé de sobrecorrente do tipo


fluidodinâmico

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Eletromagnético Fonte: MAMEDE, 2017

 São constituídos de uma bobina


com espiras de fios de bitola
suficiente que suporte a corrente
do circuito a ser protegido, uma
vez que é ligado em série com o
sistema.

Relé de sobrecorrente do
tipo eletromagnético

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Fonte: MAMEDE, 2017
Relés primário – Estáticos
 São dispositivos fabricados
com componentes estáticos
(semicondutores), montados
em caixa metálica blindada
para evitar a interferência do
campo eletromagnético dos
condutores de média tensão.

Relé de sobrecorrente do tipo estático


modelo RPC-1 – Sprecher Energie

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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés secundários
 Os relés de sobrecorrente
de ação indireta, também
conhecidos como relés
secundários, são fabricados
em unidades monofásicas e
são alimentados (excitados)
por transformadores de
corrente (TC) ligados ao
circuito que se quer proteger.
Fonte: MAMEDE, 2017
Circuito com
relés de ação indireta
MAMEDE Filho, João. Instalações elétricas industriais, 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017
ISBN-13: 9788521633723 19
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
 A figura apresenta, de modo geral, o princípio básico da
configuração da proteção de sobrecorrente de sistemas elétricos,
mostrando também os diversos elementos que compõem a
proteção.
#50 – Relé de sobrecorrente
instantâneo (instantaneous
overcurrent relay)

Elementos elétricos que Relé de armadura


compõem o sistema de proteção de sobrecorrente

20
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
 O relé de armadura atraída atuará quando a corrente no
secundário do TC criar um valor de força magnética na bobina
magnetizante suficiente para sobrepor a força na mola.
Fonte: Madhu, 2020

#50 – Relé de sobrecorrente


instantâneo (instantaneous
overcurrent relay)

Relé de armadura tipo solenoide


(Solenoid type relay)

21
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo

Fonte: Madhu, 2020


Relé tipo feixe balanceado Relé de armadura atraída
(Balanced beam-type relay) (Armature attraction type relay)

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Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo

Fonte: ELMORE, 2009

Relé eletromagnético de sobrecorrente do tipo embolo


(Plunger type electromagnetic relay)
ELMORE, Walter A. Protective Relaying: Theory and Applications. CRC Press; 2nd ed.., 2003. ISBN-13: 978-0824709723
23
Relés de sobrecorrente – (51)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente temporizado
Fonte: RESENDE, José Wilson
 O relé de indução é baseado
sobre a ação exercida por
campos magnéticos
alternativos (circuito indutor
fixo), sobre as correntes
induzidas por esses campos em
um condutor móvel constituído
por um disco ou copo metálico.

#51 – Relé de sobrecorrente


de tempo inverso (inverse
time overcurrent relay)
Relé de indução tipo disco

24
Relés de sobrecorrente – (51)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente temporizado
 O que fluxo magnético principal Φ é gerado pela corrente do
secundário do TC, que é proporcional a corrente do primário, e
que alimenta a bobina do relé.

Relé de indução tipo


Fonte: CAMINHA, 1977 disco

25
Relés de sobrecorrente – (51)
 Devido a estrutura de construção o fluxo magnético principal
Φ divide-se em duas porções no núcleo.
 Com a inclusão do anel de defasagem (sombreado) o fluxo na
porção 2 do núcleo ficará defasado do fluxo do caminho 1, que
não sofreu alteração magnética devido a indução pelo anel.
 Considerando apenas a porção do núcleo que
possui o anel e a lei de Faraday, podemos
determinar que a tensão elétrica induzida
𝑒2 é proporcional ao número de espiras do
anel 𝑁 e a variação do fluxo nesta porção:
𝑑𝜙2
𝑒2 = −𝑁. Detalhe do anel de
𝑑𝑡 defasagem

26
Relés de sobrecorrente – (51)
 Derivando o fluxo senoidal, temos:
𝑒2 = −𝑁. Φ2𝑚𝑎𝑥 . 𝜔. cos 𝜔. 𝑡
 Como a bobina de defasagem está curto-circuitada haverá a
passagem de uma corrente induzida 𝑖 proporcional à tensão
induzida 𝑒2 e inversamente proporcional à impedância 𝑍 .
𝑒2
𝑖=
𝑍
 O fluxo total resultante 𝜙2 nessa porção de núcleo é dada pela
soma entre o fluxo induzido pelo anel 𝜙𝑖 e o fluxo sem o
anel 𝜙2𝑢 :
𝜙2 = 𝜙𝑖 + 𝜙2𝑢

27
Relés de sobrecorrente – (51)
 Vamos analisar a figura anterior na qual aparecem dois fluxos
senoidais 𝜙1 e 𝜙2 , cortando o disco, e defasados de 𝜃 ,
graças ao anel de defasagem.
 Podemos escrever o fluxo em cada um dos caminhos magnéticos
como sendo:
𝜙1 = Φ1𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔. 𝑡
𝜙2 = Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔. 𝑡 + 𝜃

Onde: o ângulo 𝜃 é a defasagem


entre os fluxos 𝜙1 e 𝜙2 .

28
Relés de sobrecorrente – (51)
 O fluxo 𝜙1 induzirá uma corrente no disco por efeito
transformador que terá sentido determinado pelo fluxo criado
em sentido contrário para contrapor aquela ação.
 Como o fluxo está direcionado para baixo, o fluxo criado pela
corrente induzida terá sentido para cima e o sentido de giro da
corrente pode ser encontrado pelo o uso da mão direita.
𝜙1 ′
𝜙1

𝜙1

𝑖1 Corrente induzida

𝑣1 Tensão induzida

29
Relés de sobrecorrente – (51)
 Da mesma maneira, podemos analisar o fluxo 𝜙2 .

𝜙2 ′
𝜙2
𝜙2

𝑖2 Corrente induzida
𝑣2 Tensão induzida

30
Relés de sobrecorrente – (51)
 O fluxo variável induz uma tensão da forma:
𝑑𝜙
𝑒 = −𝐾𝑛.
𝑑𝑡
que aplicada ao disco metálico de resistência 𝑅 , faz circular
nele uma corrente da forma:
𝑒 𝐾𝑛 𝑑𝜙
𝑖= =− .
𝑅 𝑅 𝑑𝑡 𝜙2

 Pode-se supor com erro desprezível que os


caminhos nos quais as correntes do rotor fluem 𝜙1
têm autoindutância desprezível e, portanto, que 𝑖2
𝑖1
as correntes do rotor estão em fase com suas 𝑣2
tensões. 𝑣1

31
Relés de sobrecorrente – (51)
 Tomando-se apenas as trajetórias assinaladas nota-se, pela
regra da mão esquerda, que há o aparecimento de forças 𝐹
que, como sabemos, são da forma:
𝐹 ≅ 𝜙. 𝑖
e cuja resultante será proporcional a:
𝐹 ∝ 𝐹2 − 𝐹1 ≈ 𝜙2 . 𝑖𝜙1 − 𝜙1 . 𝑖𝜙2
Trajetória 2
Regra da mão esquerda

Trajetória 1

32
Relés de sobrecorrente – (51)
 Ou ainda:
𝑑𝜙1 𝑑𝜙2
𝐹 ≈ 𝐹2 − 𝐹1 ≈ 𝜙2 . − 𝜙1 .
𝑑𝑡 𝑑𝑡
 Substituindo os valores de 𝜙1 e 𝜙2 , e suas derivadas:
𝐹 ∝ Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 + 𝜃 . Φ1𝑚𝑎𝑥 . cos 𝜔𝑡
𝑑𝜙1
𝜙2 derivada de
𝑑𝑡
−Φ1𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . cos 𝜔𝑡 + 𝜃
𝑑𝜙2
𝜙1 derivada de
𝑑𝑡
 Rearranjando os termos:
𝐹 ∝ Φ1𝑚𝑎𝑥 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 . cos 𝜔𝑡 + 𝜃 − sen 𝜔𝑡 + 𝜃 . cos 𝜔𝑡

33
Relés de sobrecorrente – (51)
 Utilizando a propriedade dos senos e cossenos, abaixo,
podemos determinar que a força 𝐹 é proporcional:
𝐹 ∝ Φ1𝑚𝑎𝑥 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜃

 Essa força 𝐹 atuando na direção de


𝐹2 para 𝐹1 , faz girar o disco e,
portanto, fechará os contatos do relé.

DG E-LEARNING: Shaded Pole type of Induction Instrument - Part 1 and 2


https://www.youtube.com/watch?v=3JedEaQYiR8 34
https://www.youtube.com/watch?v=mQmckFPo5_c
Relés de sobrecorrente – (51)
 Se supormos, como é usual na prática, que a estrutura
magnética é simétrica, o fluxo de dispersão é praticamente
nulo, e nesse caso o fluxo Φ é proporcional as correntes 𝐼 :
𝐹 = 𝐾. 𝐼1 . 𝐼2 . sen 𝜃 𝐼1 𝐼

onde 𝐾 é uma constante de proporcionalidade.


𝐼2
 Constata-se que o valor da força 𝐹 máxima 𝐹1 𝐹
ocorre para sen 𝜃 = 1 ou 𝜃 = 90°, o que
exigiria perfeita quadratura entre os fluxos, 𝐹2
algo difícil de obter-se na prática, já que toda Lembrando que o seno é a
projeção do vetor resultante
bobina tem certo valor de resistência na ordenada, temos que a
ôhmica associado ao valor indutivo. força 𝐹 será máxima apenas
em 𝜃 = 90°

35
Relés de sobrecorrente – (51)
 Para que o relé possa operar sob condição de conjugado
máximo, resultante da força 𝐹 , para qualquer valor de 𝜃 ,
e não unicamente para 𝜃 = 90°, façamos a decomposição da
corrente 𝐼1 , em suas componentes indutiva 𝐼1𝑖 e resistiva
𝐼1𝑟 que circulem, hipoteticamente, nas indutância e
resistência puras.

Fonte: CAMINHA, 1977

36
Relés de sobrecorrente – (51)
 Aparece o ângulo 𝐼1𝑖 , 𝐼1 = 𝜙,
ângulo de projeto do relé, e a
expressão do conjugado 𝐶 ,
respeitada a convenção de sentido de
contagem dos ângulos, será:
𝐶 = 𝐾. 𝐼1𝑖 . 𝐼2 . sen 𝜃 − 𝜙

 Verifica-se também que 𝐶𝑚𝑎𝑥 dá-se quando sen 𝜃 − 𝜙 = 1


ou 𝜃 − 𝜙 = ±90°
ou
𝜃 = 𝜙 ± 90°

37
Relés de sobrecorrente – (51)
 Do que resulta aparecer a reta-
suporte característica do relé
direcional coincidindo com 𝐼1𝑖 , e
também o ângulo 𝑇 definidor do
conjugado máximo, como indicado
no catálogo do fabricante.
 De fato, constata-se que:
sen 𝜃 − 𝜙 = sen 𝜃 − 𝑇 − 90°

= sen 𝜃 − 𝑇 + 90°
= co𝑠 𝜃 − 𝑇

38
Relés de sobrecorrente – (51)
 Assim, o conjugado pode ser
determinado:
𝐶 = 𝐾. 𝐼1𝑖 . 𝐼2 . cos 𝜃 − 𝑇

 Indicando:
𝐶𝑚𝑎𝑥 para co𝑠 𝜃 − 𝑇 = 1 ou 𝜃 = 𝑇

𝐶𝑛𝑢𝑙𝑙 para co𝑠 𝜃 − 𝑇 = 0 ou 𝜃 = 𝑇 ± 90°

 Isso vem demonstrar, no diagrama vetorial, que há uma região


de conjugado, em torno da posição de 𝐶𝑚𝑎𝑥 , 90° à esquerda
e direita, respectivamente.

39
Relés de sobrecorrente – (51)
 Do exposto na página anterior surge o conceito de
direcionalidade dos relés, pois só há conjugado para
variações de 𝐼2 (grandeza de operação em relação a grandeza
de referência 𝐼1𝑖 ) desde 0° até 180°.

 Ou seja, se no defeito de curto-circuito, por exemplo, o sentido


de 𝐼2 se inverte, é possível detectar, efetivamente, as
condições de defeito por meio desta variação do ângulo de
fase.

 Na prática, pois, ao invés de trabalhar-se com o valor do


ângulo de projeto do relé 𝜙 , trabalha-se como ângulo de
conjugado máximo do relé 𝑇 .

40
Relés de sobrecorrente – (51)
 É evidente, desde já, que este ângulo pode ser alterado pela
simples modificação do ângulo 𝜙 , adicionando-se
resistores e/ou capacitores no circuito das bobinas do relé.

 Assim, pode-se afirmar ser possível obter para o relé qualquer


ângulo de conjugado máximo desejado, atendendo-se
condições peculiares de utilização.

41
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 O relé de sobrecorrente eletromecânico de disco de indução
(unidade temporizada, 51) com um mecanismo de armadura de
atração (unidade instantânea, 50).
Fonte: LIMA, Júlio César Marques

Relés de sobrecorrente com funções 50/51

42
Relés de sobrecorrente – (50/51)
#51 – Relé de sobrecorrente
Ajustes corrente e tempo de tempo inverso (inverse
 Ajuste de corrente: feito pelo time overcurrent relay)
posicionamento do entreferro, pelo
tensionamento da mola de restrição,
por pesos, por tapes de derivação da
bobina (ajuste de tape).
 Ajuste de tempo: é feito regulando-se
o percurso do contato móvel (ângulo
de posicionamento do contato) ou
por meio de dispositivos de
temporização diversos.
Ajuste da corrente de disparo por
tapes de derivação da bobina

43
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Embora esses ajustes sejam feitos
independentemente, a
interdependência é mostrada nas
chamadas curvas tempo-corrente
(TCC, Time-Current
Characteristics), fornecidas no
catálogo do fabricante.
 Uma curva TCC define o tempo de
operação do dispositivo de
proteção para vários níveis de
corrente de operação.
Exemplos de curvas tempo-corrente de
relés de sobrecorrente de tempo inverso

44
Relés de sobrecorrente – (50/51)

Vista interna e foto do relé de sobrecorrente de


indução modelo CO – Westinghouse.

45
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 O esquema básico de proteção de um sistema trifásico é
composto por três relés monofásicos de fase, função 50/51, e um
relé monofásico conectado no ponto neutro do esquema de
proteção, função 50/51N.
 Todos os relés atuam
independentemente
sobre a bobina do
disjuntor que é
energizada pelo banco de
baterias ou por disparo
capacitivo.

Sistema de proteção da saída de um transformador com relés de sobrecorrente

46
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 No caso do relé estar ligado para proteção de fase, as suas
unidades são conhecidas como 50 e 51 de fases. No caso de
estar realizando a proteção de neutro ou terra, fala-se em
unidades 50 e 51 de neutro ou terra.

(50/51) Relés de (52) Disjuntores CA


sobrecorrente

Sistema de proteção da saída de um transformador com relés de sobrecorrente

47
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 No esquema elétrico da Figura a proteção para defeitos entre
fase e terra é baseada na conexão residual do neutro.
Fonte: MAMEDE, 2013

Erros relativos entre os valores medidos


das correntes dos TC podem causar
atuação indevida do relé de neutro.

Esquema elétrico de ligação dos relés secundários: conexão residual.


MAMEDE Filho, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro. Proteção de sistemas elétricos de potência - Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN-13 978-8521620129 48
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 No esquema elétrico da Figura a proteção contra defeitos
monopolares é baseada na corrente de desequilíbrio entre as
fases, utilizando para isso um TC tipo janela. Fonte: MAMEDE, 2013

Nesse caso, não há interferência dos


erros relativos dos TC de proteção.

Esquema elétrico de ligação dos relés secundários: conexão com TC tipo janela.
MAMEDE Filho, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro. Proteção de sistemas elétricos de potência - Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN-13 978-8521620129 49
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Para uma falta dentro da zona primária de proteção, a corrente
de curto-circuito é menor na extremidade final da linha e
maior na extremidade inicial onde está alocado o relé.
 Essa constatação é válida, pois, quanto mais longe for a falta
em relação à fonte, maior será a impedância característica da
linha de transmissão.

A B

Diagrama unifilar do sistema radial Magnitude da corrente de falta em


função da localização do curto-circuito

50
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
 Quanto ao tempo de atuação, existem dois tipos de curvas
características: de tempo definido e de tempo dependente.
 De tempo definido: Uma vez ajustados o tempo de atuação
𝑡𝑎 e a corrente mínima de atuação 𝐼𝑎𝑑𝑗 ou 𝐼𝑀𝐼𝑁,𝐴𝑇 , o
relé irá atuar neste tempo para qualquer valor de corrente igual
ou maior do que o mínimo ajustado.

51
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
 De tempo dependente: O tempo de atuação do relé é
inversamente proporcional ao valor da corrente.
 Isto é, o relé irá atuar em tempos decrescentes para valores de
corrente igual ou maior do que a corrente mínima de atuação
𝐼𝑎𝑑𝑗 ou 𝐼𝑀𝐼𝑁,𝐴𝑇 , o relé irá atuar neste tempo para qualquer
valor de corrente igual ou maior do que o mínimo ajustado.

52
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
 De tempo dependente: As curvas de tempo dependente são
classificadas em três grupos:
 Normalmente Inversa (NI);

 Muito Inversa (MI);

 Extremamente Inversa (EI).

53
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
 De tempo dependente: Neste tipo de relé, não se escolhe o
tempo de atuação, mas sim a sua curva de atuação.

 Esta curva fisicamente é escolhida, dependendo das


características e condições da coordenação dos relés
presentes na proteção, na qual estão inter-relacionados.

54
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Os relés de tempo curto
operam rapidamente,
impedindo danos nos
equipamentos.

 Os relés de tempo longo não


operam no início de intensa
sobrecarga ou moderada
sobrecorrente de maior
duração.

55
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Os relés de tempo
moderadamente inversos
operam em sobrecorrentes de
valores elevados num tempo
mais constante.

 Os relés de tempo inverso e


muito inverso operam,
respectivamente, com maior
rapidez para valores maiores
de corrente de defeito.

56
Relés de sobrecorrente – (50/51)
a) Relés de temporização inversa
 São normalmente empregados em
sistemas elétricos em que o valor
da corrente de curto-circuito
circulando no relé depende muito
da capacidade do sistema de
geração.
 Os relés IAC51 e IAC52
apresentam curvas de
temporização inversa, cuja família
de curvas é mostrada na Figura.

57
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Note que as curvas inversas
como a do relé IAC51 são dadas a
partir de múltiplo M = 1,5, que
corresponde a um torque do relé
50% superior ao torque para o
limiar de operação.
 O Múltiplo “M” indica quantas
vezes a corrente de curto-circuito
no secundário do TC é maior que
o tap escolhido no relé.
𝐼𝑐𝑐_𝑠𝑒𝑐 𝐼𝑐𝑐_𝑝𝑟𝑖
𝑀= =
𝐼𝑡𝑓 𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓

58
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Múltiplo igual a 1 (M=l): Corresponde a uma corrente de
operação exatamente igual a corrente do seu Tap. Portanto,
nesta situação, o relé está no seu limiar de operação.
 Múltiplo entre 1 e 1,5 (1<M<1,5): O relé opera com um
pequeno torque, não produzindo um bom desempenho no
fechamento do seu contato e não garantindo eficiência na
atuação da proteção.

59
Relés de sobrecorrente – (50/51)
b) Relés de temporização muito inversa
 São normalmente empregados em
sistemas elétricos em que o valor
da corrente de curto-circuito
circulando no relé depende da
localização do ponto de falta em
relação ao relé, e varia muito
pouco em relação à capacidade do
sistema de geração.
 Os relés IAC53 e IAC54,
apresentam curvas de
temporização muito inversa, cuja
família é mostrada na Figura.

60
Relés de sobrecorrente – (50/51)
c) Relés de temporização extremamente inversa
 São empregados na proteção de
alimentadores de distribuição
primária onde são utilizados elos
fusíveis e religadores de
distribuição, uma vez que em
eventual religamento as cargas
estão conectadas (elevadas
correntes transitórias).
 Os relés IAC77 e IAC78 são
exemplos de relés de característica
extremamente inversa, cujas
curvas são mostradas na Figura.

61
Relés de sobrecorrente – (50/51)
d) Relés de temporização inversa longa
 São apropriadamente utilizados
como elementos de proteção ou
ainda uma sobrecarga moderada,
mas de tempo elevado, eliminando
a atuação do disjuntor em
sobrecargas elevadas, como na
partida de motores de indução.
 O relé tipo IAC66 apresenta curvas
de temporização inversa longa, cuja
família é mostrada na Figura.

62
Relés de sobrecorrente – (50/51)
 Na medida do possível, os ajustes de corrente mínima de
atuação de relés de sobrecorrente devem observar os critérios
dados a seguir:

Sistema de proteção da saída de um transformador com relés de sobrecorrente

63
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 I). O relé não deve operar para a condição de carga máxima
admitida pelo transformador.

 Na condição de operação, em geral, o transformador pode


ser carregado acima de sua capacidade nominal por alguns
instantes, dependendo da sua condição inicial antes da
sobrecarga.

64
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 A partir da condição requerida, seleciona-se a corrente de tape
de fase da unidade temporizada de acordo com a Equação:
𝐾𝑓 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑓 ≥
𝑅𝑇𝐶
𝐼𝑡𝑓 : corrente de tape de fase da unidade temporizada
𝐼𝑛 : corrente de carga do circuito em estudo
𝐾𝑓 : fator de sobrecarga admissível, geralmente 1,5 (entre 1,2 a 1,5)
𝑅𝑇𝐶: Relação de Transformação de Corrente do TC

65
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 II). O relé deve operar de acordo com a curva de
temporização para o múltiplo da corrente ajustada.

 A determinação do tempo de ajuste do relé é função do


plano de coordenação previsto.
 No entanto, deve-se manter uma diferença mínima de
0,40 s entre os tempos de operação de dois relés funcionando
em cascata. Esse tempo é resultado das seguintes premissas:
 Tempo próprio de operação do disjuntor: 0,13 s;

 Tolerância do fabricante do disjuntor: 0,10 s;

 Tempo de segurança do projeto: 0,17 s.

66
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 Atualmente o tempo de coordenação entre dois relés
modernos chega a 0,30 s e, em alguns casos, 0,20 s.

 A escolha da curva de atuação do relé é feita com base no


múltiplo da corrente de acionamento de acordo com a Equação
abaixo e no tempo requerido para o disparo do disjuntor.
𝐼𝑚
𝑀=
𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓
𝑀: múltiplo da corrente de acionamento (múltiplo do relé)
𝐼𝑚 : corrente máxima admitida no circuito que pode ser uma corrente de
sobrecarga 𝐼𝑜𝑙 ou de curto-circuito 𝐼𝑐𝑐

67
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 III). A corrente de acionamento 𝐼𝑡𝑓 deve ser no máximo
igual à corrente térmica do transformador de corrente.

 Dessa forma, fica resguardada a integridade desse


equipamento, quanto aos efeitos térmicos.
𝐼𝑡𝑇𝐶 ≥ 𝐼𝑡𝑓
𝐼𝑡𝑇𝐶 : corrente térmica suportada pelo TC (extraída do manual)
𝐼𝑡𝑓 : corrente de acionamento (fase ou neutro)

68
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 IV. O relé deve operar para a menor corrente de curto-
circuito do trecho protegido pelo disjuntor.

 No caso dos relés de proteção de fase, a menor corrente de


defeito que não envolve a terra é a corrente bifásica de
curto-circuito.

69
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 A corrente mínima de atuação deverá ser ajustada num valor
menor do que a corrente de curto-circuito bifásico 𝐼𝐶𝐶,2∅
dentro da sua zona de proteção, incluindo sempre que possível
os trechos a serem adicionados quando em condição de
manobras consideradas usuais.
𝐼𝐶𝐶,2∅
𝐼𝑡𝑓 ≤
𝑅𝑇𝐶. 𝑎
𝑎 = 1,5: para relés eletromecânicos e 𝑎 = 1,1: para relés digitais
𝐼𝐶𝐶,2∅ : corrente de curto-circuito bifásico

70
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
 Quando a corrente mínima de atuação 𝐼𝑡𝑓 for igual a
corrente do tap 𝐼𝑡𝑎𝑝 , o relé está no limiar de operação.
Deste modo o tap é também conhecido como corrente de
ajuste do relé, isto é:
𝐼𝑡𝑓 = 𝐼𝑡𝑎𝑝
 Portanto, a corrente de ajuste corresponde exatamente ao limiar
de operação.
 Para o relé operar, a corrente de sobrecarga ou curto deve ser
maior que a corrente de ajuste:
1,5 × 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,2∅
≤ 𝐼𝑡𝑓 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶 × 𝑎
71
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade instantânea de fase – (50)
 I). A corrente mínima de acionamento deve ser inferior à
menor corrente simétrica de curto-circuito no trecho
protegido pelo disjuntor.

 É bom lembrar que a unidade instantânea pode ser


dispensada de um projeto de proteção quando não há
condições de coordenação com os disjuntores a montante e a
jusante.

72
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
 No caso dos relés destinados à proteção de neutro, a menor
corrente de curto-circuito é aquela resultante de um defeito
monopolar à terra com elevada impedância.
 Nesse particular, para transformadores em ligação triângulo no
primário e estrela no secundário, com o ponto neutro aterrado, as
correntes de defeito à terra podem assumir valores tão pequenos,
da ordem de miliampères, que jamais sensibilizarão os relés de
neutro, ajustados convenientemente para correntes da ordem de
uma dezena de ampères, longe, portanto, do valor mínimo da
corrente de defeito.

73
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
 I). Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e não
possuir cargas ligadas entre fase e terra ou neutro, o relé de
neutro deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para
um valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra
mínimo dentro da sua zona de proteção.
 E deverá ser maior do que 10% da corrente de carga do circuito
devido erros admissíveis nos transformadores de corrente.
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑛 ≥
𝑅𝑇𝐶
0,1 . 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,∅𝑇
≤ 𝐼𝑡𝑛 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶

74
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
 II). Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e possuir
cargas ligadas entre fase e terra ou neutro, o relé de neutro
deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para um
valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra mínimo
dentro da sua zona de proteção.
 E deverá ser maior do que 10% a 30% da corrente de carga do
circuito devido aos desequilíbrios admissíveis do sistema.
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑛 ≥
𝑅𝑇𝐶
0,1 a 0,3 . 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,∅𝑇
≤ 𝐼𝑡𝑛 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶

75
Relés 50/51 – Exemplo 1
 Determine os ajustes do relé de
sobrecorrente, atuando no disjuntor 52.1,
instalado de conformidade com o diagrama
elétrico da Figura ao lado.
 O transformador não dispõe de ventilação
forçada (fator de sobrecarga não pode ser
elevado).
 Será utilizado um relé de indução de
sobrecorrente cuja corrente nominal é de 5 A.
 A corrente de curto-circuito trifásica no lado
de 69 kV vale 7500 A e a de fase e terra,
valor mínimo, é de 400 A.

76
Relés 50/51 – Exemplo 1
 Neste exemplo, serão ajustados somente os
relés de sobrecorrente do disjuntor 52.1,
instalado do lado de 69 kV.
 Os relés dos demais disjuntores poderão ser
ajustados pelo discente.

77
Relés 50/51 – Resolução 1
 Inicialmente, vamos determinar a RTC do transformador (TC)
pela corrente nominal do transformador 𝐼𝑛 a ser protegido:

𝑆 10.000 kVA
𝐼𝑛 = = = 83,67 A
3×𝑉 3 × 69 kV
 A RTC inicial: 𝑅𝑇𝐶 = 20 (100: 5)

78
Relés 50/51 – Resolução 1
 Agora, vamos determinar a RTC pelo valor da sobrecorrente do
TC 𝐼𝑇𝐶 em função da corrente de curto-circuito trifásico
𝐼𝑐𝑐,3∅ e do fator de sobrecarga 𝐹𝑆 :

𝐼𝑐𝑐,3∅ 7.500 A
𝐼𝑇𝐶 = = = 375 A
𝐹𝑆 20

 A RTC final: 𝑅𝑇𝐶 = 80 (400: 5)

79
Relés 50/51 – Resolução 1
 Podemos determinar a potência aparente de curto-circuito
𝑆𝑐𝑐 como:

𝑆𝑐𝑐 = 3 × 𝑉 × 𝐼𝑐𝑐,3∅

𝑆𝑐𝑐 = 3 × 69 kV × 7.500 A
𝑆𝑐𝑐 = 896.336 kVA

80
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
 A corrente de tape de fase da unidade temporizada 𝐼𝑡𝑓 ou o
tape da unidade temporizada pode ser determinado:
𝐾𝑓 × 𝐼𝑛 1,30 × 83,67 A
𝐼𝑡𝑓 = = = 1,36 A
𝑅𝑇𝐶 80
 Como o transformador não possui ventilação forçada devemos
utilizar um fator de sobrecarga não muito elevado, assim:
𝐾𝑓 = 1,30

81
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
 Conforme tabela do fabricante do relé de indução ambas as faixas
de atuação do relé possibilitariam a medição da corrente de tape
𝐼𝑡𝑓 , no entanto, a faixa de (1,0 a 12 A) foi escolhida.
 Essa escolha de dá pelo fato do valor da corrente de tape estar
próximo ao final da capacidade da primeira faixa.
 Assim, será selecionado o tape da segunda faixa:
𝐼𝑡𝑓 = 2 A

82
Relés 50/51 – Resolução 1
Corrente do primário do TC na qual o relé
Proteção de fase – unidade temporizada começa a contar o tempo para acionar

 A corrente de acionamento de fase 𝐼𝑎𝑡𝑓 no primário do TC:


𝐼𝑎𝑡𝑓 = 𝐼𝑡𝑓 × 𝑅𝑇𝐶 = 2,0 A × 80 = 160 A

 O múltiplo da corrente de acionamento 𝑀 para a corrente de


corrente de curto-circuito simétrico (valor eficaz), pode ser
determinado, como:
𝐼𝑚 𝐼𝑐𝑐,3∅ 7.500 A
𝑀= = = = 46,8
𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓 𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓 80 × 2 A

 A seleção do tipo da curva de temporização deve ser função do


projeto de coordenação que se esteja implementando.

M indica que a corrente de curto-circuito é cerca de 47 vezes maior que a corrente do primário do TC que
acionará o relé de modo temporizado 83
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
 Considere a curva de tempo
inversa, mostrada na Figura.
 Admite-se aqui que o tempo
máximo permitido para atuação do
relé seja de 0,65 s, em função da
coordenação com o relé a
montante.
 Dessa forma, para:
M = 46,8 e T = 0,65 s (valor
máximo) seleciona-se a curva no
dial de n° 5, da Figura.

84
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
 Devemos garantir que o relé seja sensível à corrente bifásica de
curto-circuito 𝐼𝑐𝑐,2∅ no barramento de 69 kV.
𝐼𝑐𝑐,2∅ = 0,866 × 𝐼𝑐𝑐 = 0,866 × 7.500 A = 6.495 A

 O múltiplo da corrente de acionamento 𝑀 para a corrente de


corrente de curto-circuito simétrico (valor eficaz), pode ser
determinado, como:
𝐼𝑐𝑐,2∅ 6.495A
𝑀= = = 40,6
𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓 80 × 2 A

85
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
 Por meio da Figura podemos
determinar o tempo de atuação do
relé a partir de M = 40,6 e curva no
dial n° 5, tem-se que o T = 0,70 s.
 Nesse caso, o tempo de atuação do
relé a montante deverá ser de 1,1 s,
ou seja, (0,70 + 0,40), para um
curto-circuito bifásico na barra de
69 kV.

86
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
 Podemos determinar a corrente de curto-circuito assimétrica
de fase 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓 (valor eficaz) em função do fator de assimetria
admitido 𝐹𝑎𝑠 e da corrente de curto-circuito.
𝐼𝑎𝑠𝑓 = 𝐹𝑎𝑠 × 𝐼𝑐𝑐,3∅ = 1,2 × 7.500 A = 9.000 A

 O fator de ajuste da unidade instantânea 𝐹 , que é a relação


entre a corrente de curto-circuito assimétrica 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓 e a
corrente de acionamento de fase 𝐼𝑎𝑡𝑓 ser determinado, como:
𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓 9.000 A
𝐹< ⇒𝐹< ⇒ 𝐹 < 56
𝐼𝑎𝑡𝑓 160 A

O fator de assimetria está relacionado com a reatância e a resistência 𝐹𝑎𝑠 → 𝑋/𝑅 87


Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
 O valor adotado do fator de ajuste da unidade instantânea:
normalmente selecionado entre 50% e 90% do valor calculado,
portanto (aprox. 70%):
𝐹 = 40

 A corrente de ajuste da unidade instantânea 𝐼𝑖𝑓 vale:


𝐼𝑖𝑓 = 𝐹 × 𝐼𝑡𝑓 = 40 × 2 A = 80 A

88
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
 A faixa de atuação do relé selecionada é a de (20 a 160 A) e o
segundo tape, conforme a Tabela abaixo.

 A corrente de acionamento da unidade instantânea de fase


𝐼𝑎𝑖𝑓 do primário do TC, pode ser determinada como:
𝐼𝑎𝑖𝑓 = 𝐼𝑖𝑓 × 𝑅𝑇𝐶 = 80 A × 80 = 6400 A

Corrente do primário do TC que acionará o relé de modo instantâneo


89
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
 A corrente de acionamento da unidade instantânea de fase
𝐼𝑎𝑖𝑓 deve ser menor que a corrente de curto-circuito
assimétrica 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓
𝐼𝑎𝑖𝑓 < 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓 → 6.400 A ≤ 9.000 A
(condição satisfeita)

 A unidade temporizada de fase é proteção de retaguarda da


unidade instantânea de fase.

90
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade temporizada
 A corrente de tape de neutro da unidade temporizada 𝐼𝑡𝑛
pode ser determinada, onde o fator de sobrecarga 𝐾𝑛 : 0,1 a 0,3 :
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛 0,20 × 83,67 A
𝐼𝑡𝑛 = = = 0,21 A
𝑅𝑇𝐶 80
 A faixa de atuação do relé é de (0,5 a 2,5 A), conforme Tabela do
fabricante. Assim, será selecionado o tape mínimo do relé:
𝐼𝑡𝑛 = 0,5 A

91
Relés 50/51 – Resolução 1
Corrente do primário do TC na qual o relé
Proteção de neutro – unidade temporizada começa a contar o tempo para acionar

 A corrente de acionamento de neutro 𝐼𝑎𝑡𝑛 é:

𝐼𝑎𝑡𝑛 = 𝐼𝑡𝑛 × 𝑅𝑇𝐶 = 0,5 A × 80 = 40 A

 O múltiplo da corrente de acionamento 𝑀 para a corrente de


curto-circuito fase-terra (valor eficaz), pode ser determinado,
como:
𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 400 A
𝑀= = = 10
𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑛 80 × 0,5 A

 A seleção do tipo da curva de temporização deve ser função do


projeto de coordenação que se esteja implementando.

92
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade temporizada
 Considere a curva de tempo
inversa, mostrada na Figura.
 Nessa condição, deve-se ajustar o
relé, no tempo de 0,30 s
considerando, neste exemplo, que o
tempo ajustado no relé de
retaguarda foi de 0,70 s (0,70 –
0,40) s.
 Assim, a curva selecionada na
Figura ao lado é de n° 1 no dial.

93
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
 Podemos determinar a corrente de curto-circuito assimétrica
de neutro 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 (valor eficaz) em função do fator de assimetria
𝐹𝑎𝑠 e da corrente de curto-circuito fase-terra 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 .
𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 = 𝐹𝑎𝑠 × 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 = 1,2 × 400 A = 480 A

 O fator de ajuste da unidade instantânea 𝐹 , que é a relação


entre a corrente de curto-circuito assimétrica de neutro
𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 e a corrente de acionamento de neutro 𝐼𝑎𝑡𝑛 ser
determinado, como:
𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 480 A
𝐹< ⇒𝐹< ⇒ 𝐹 < 12
𝐼𝑎𝑡𝑛 40 A

94
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
 O valor adotado do fator: normalmente selecionado entre 50% e
90% do valor calculado, portanto (aprox. 60%):
𝐹=7

 A corrente de ajuste da unidade instantânea 𝐼𝑖𝑛 vale:


𝐼𝑖𝑛 = 𝐹 × 𝐼𝑡𝑛 = 7 × 0,5 A = 3,5 A

95
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
 A faixa de atuação do relé selecionada é a de (0,5 a 4,0 A) e o
segundo tape, conforme a Tabela abaixo.

 A corrente de acionamento da unidade instantânea de neutro


𝐼𝑎𝑖𝑛 , vale:
𝐼𝑎𝑖𝑛 = 𝐼𝑖𝑛 × 𝑅𝑇𝐶 = 3,5 A × 80 = 280 A

96
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
 A corrente de acionamento da unidade instantânea de neutro
𝐼𝑎𝑖𝑛 deve ser menor que a corrente de curto-circuito
assimétrica 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛
𝐼𝑎𝑖𝑛 < 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 → 280 A < 480 A
(condição satisfeita)

 A unidade temporizada de neutro é proteção de retaguarda da


unidade instantânea de neutro.

97
Bibliografia básica
 [1] CAMINHA, Amadeu Casal, Introdução à proteção dos sistemas elétricos,
São Paulo: Blucher; 1ª edição, 1977, 224 p. ISBN-13: 978-8521201366
 [2] MAMEDE FILHO, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro, Proteção de
Sistemas Elétricos de Potência. Rio de Janeiro: LTC; 2ª edição, 2020, 572
páginas, ISBN-13: 978-8521637165
 [3] SILVA, Eliel Celestino da, Proteção de Sistemas Elétricos de Potência.
Rio de Janeiro: QualityMark; 1ª edição, 2014, 256 páginas, ISBN-13: 978-
8541401814

Estas transparências foram baseadas nos livros da bibliografia acima, em sítios (sites) da
internet e nas notas de aulas dos(as) professores(as) Mateus Duarte Teixeira da UFPR, Carlos
Medeiros da PUC-Goiás, Thales Lima Oliveira IF-GO e UFU

. 98
Bibliografia

ISBN-13: 978-8521201366 ISBN-13: 978-8521637165 ISBN-13: 978-8541401814

NOTA: Para a bibliografia complementar consulte o plano de ensino da disciplina

99
Bibliografia complementar
 [1] ARAÚJO, Carlos. Proteção de sistemas elétricos. Rio de Janeiro:
Interciência, 2011.
 [2] COURY, Denis Vinícius. Proteção Digital de Sistemas Elétricos de
Potência: Dos Relés Eletromecânicos aos Microprocessados Inteligentes. São
Carlos, SP: USP, Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.
 [3] SATO, Fujito; FREITAS, Walmir. Análise de curto-circuito e princípios
de proteção em sistemas de energia elétrica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
 [4] FRAZÃO, Rodrigo José Albuquerque. Proteção do Sistema Elétrico de
Potência. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 200 p.
ISBN-13: 978-85-522-1435-9

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ATENÇÃO
Os autores das imagens e dos textos contidos nesta
apresentação podem requerer direitos autorais, assim
antes de reproduzi-las ou mesmo divulgá-las consulte o
autor deste conteúdo, a fim de solicitar a fonte do
material.
O uso deste material destina-se apenas à consulta no
processo de ensino e aprendizagem da disciplina supra
citada e, portanto, fica proibido o processo de
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