Aula03C - Sistemas de Potência Rele Inducao 2022 R01
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Aula03C - Sistemas de Potência Rele Inducao 2022 R01
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Relés de sobrecorrente
Entende-se por relé de proteção de sobrecorrente
(overcurrent relay) aquele que responde à corrente que flui
no elemento do sistema que se quer proteger quando o módulo
dessa corrente supera o valor previamente ajustado.
4
Relés de sobrecorrente
A atuação ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou
superior a corrente mínima de atuação.
6
Relés de sobrecorrente
Os principais relés de sobrecorrente empregados no SEP são:
Relés de sobrecorrente não direcionais;
Relés primários
Relés secundários
7
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
Os relés primários atuam mecanicamente sobre o disjuntor
por meio de varetas isolantes.
Disjuntor de Grande
Disjuntor de Pequeno Volume de Óleo (PVO) Volume de Óleo (GVO)
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Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
Os relés primários não são mais aceitos pela norma
brasileira (ABNT NBR 14039 – Instalações elétricas de
média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV) para a proteção geral de
unidades consumidoras supridas em média tensão.
10
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés primários
Fluidodinâmicos
Eletromagnéticos
Estáticos
MAMEDE Filho, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro. Proteção de sistemas elétricos de potência - Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN-13 978-8521620129 11
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
São constituídos de uma bobina com
espiras de fios de bitola suficiente que
suporte a corrente do circuito a ser
protegido, uma vez que é ligado em série
com o sistema.
No interior da
bobina há um
êmbolo metálico e
preenchido com
líquido viscoso,
que será
movimentado pela
ação solenoide.
13
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
Na extremidade
inferior do êmbolo
é fixado um
sistema de duas
arruelas providas
de furos (orifícios
de retardo) com
diâmetros
adequados.
Fonte: MAMEDE, 2017
14
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Fonte: MAMEDE, 2017
Relés primário – Fluidodinâmico
A descentralização ou não desses
furos, obtida por meio da rotação
de uma das arruelas em torno do
seu eixo, possibilita o disparo do
relé através de duas curvas, cada
qual definida por uma faixa de
atuação.
15
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Fluidodinâmico
Tabela abaixo apresenta as faixas
de correntes de ajuste (A) dos relés
RM2F do fabricante Sacs-Beghim.
16
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Relés primário – Eletromagnético Fonte: MAMEDE, 2017
Relé de sobrecorrente do
tipo eletromagnético
17
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais –
Fonte: MAMEDE, 2017
Relés primário – Estáticos
São dispositivos fabricados
com componentes estáticos
(semicondutores), montados
em caixa metálica blindada
para evitar a interferência do
campo eletromagnético dos
condutores de média tensão.
18
Relés de sobrecorrente
Relés de sobrecorrente não direcionais – Relés secundários
Os relés de sobrecorrente
de ação indireta, também
conhecidos como relés
secundários, são fabricados
em unidades monofásicas e
são alimentados (excitados)
por transformadores de
corrente (TC) ligados ao
circuito que se quer proteger.
Fonte: MAMEDE, 2017
Circuito com
relés de ação indireta
MAMEDE Filho, João. Instalações elétricas industriais, 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017
ISBN-13: 9788521633723 19
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
A figura apresenta, de modo geral, o princípio básico da
configuração da proteção de sobrecorrente de sistemas elétricos,
mostrando também os diversos elementos que compõem a
proteção.
#50 – Relé de sobrecorrente
instantâneo (instantaneous
overcurrent relay)
20
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
O relé de armadura atraída atuará quando a corrente no
secundário do TC criar um valor de força magnética na bobina
magnetizante suficiente para sobrepor a força na mola.
Fonte: Madhu, 2020
21
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
22
Relés de sobrecorrente – (50)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente instantâneo
24
Relés de sobrecorrente – (51)
Princípio de funcionamento relé sobrecorrente temporizado
O que fluxo magnético principal Φ é gerado pela corrente do
secundário do TC, que é proporcional a corrente do primário, e
que alimenta a bobina do relé.
25
Relés de sobrecorrente – (51)
Devido a estrutura de construção o fluxo magnético principal
Φ divide-se em duas porções no núcleo.
Com a inclusão do anel de defasagem (sombreado) o fluxo na
porção 2 do núcleo ficará defasado do fluxo do caminho 1, que
não sofreu alteração magnética devido a indução pelo anel.
Considerando apenas a porção do núcleo que
possui o anel e a lei de Faraday, podemos
determinar que a tensão elétrica induzida
𝑒2 é proporcional ao número de espiras do
anel 𝑁 e a variação do fluxo nesta porção:
𝑑𝜙2
𝑒2 = −𝑁. Detalhe do anel de
𝑑𝑡 defasagem
26
Relés de sobrecorrente – (51)
Derivando o fluxo senoidal, temos:
𝑒2 = −𝑁. Φ2𝑚𝑎𝑥 . 𝜔. cos 𝜔. 𝑡
Como a bobina de defasagem está curto-circuitada haverá a
passagem de uma corrente induzida 𝑖 proporcional à tensão
induzida 𝑒2 e inversamente proporcional à impedância 𝑍 .
𝑒2
𝑖=
𝑍
O fluxo total resultante 𝜙2 nessa porção de núcleo é dada pela
soma entre o fluxo induzido pelo anel 𝜙𝑖 e o fluxo sem o
anel 𝜙2𝑢 :
𝜙2 = 𝜙𝑖 + 𝜙2𝑢
27
Relés de sobrecorrente – (51)
Vamos analisar a figura anterior na qual aparecem dois fluxos
senoidais 𝜙1 e 𝜙2 , cortando o disco, e defasados de 𝜃 ,
graças ao anel de defasagem.
Podemos escrever o fluxo em cada um dos caminhos magnéticos
como sendo:
𝜙1 = Φ1𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔. 𝑡
𝜙2 = Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔. 𝑡 + 𝜃
28
Relés de sobrecorrente – (51)
O fluxo 𝜙1 induzirá uma corrente no disco por efeito
transformador que terá sentido determinado pelo fluxo criado
em sentido contrário para contrapor aquela ação.
Como o fluxo está direcionado para baixo, o fluxo criado pela
corrente induzida terá sentido para cima e o sentido de giro da
corrente pode ser encontrado pelo o uso da mão direita.
𝜙1 ′
𝜙1
𝜙1
𝑖1 Corrente induzida
𝑣1 Tensão induzida
29
Relés de sobrecorrente – (51)
Da mesma maneira, podemos analisar o fluxo 𝜙2 .
𝜙2 ′
𝜙2
𝜙2
𝑖2 Corrente induzida
𝑣2 Tensão induzida
30
Relés de sobrecorrente – (51)
O fluxo variável induz uma tensão da forma:
𝑑𝜙
𝑒 = −𝐾𝑛.
𝑑𝑡
que aplicada ao disco metálico de resistência 𝑅 , faz circular
nele uma corrente da forma:
𝑒 𝐾𝑛 𝑑𝜙
𝑖= =− .
𝑅 𝑅 𝑑𝑡 𝜙2
31
Relés de sobrecorrente – (51)
Tomando-se apenas as trajetórias assinaladas nota-se, pela
regra da mão esquerda, que há o aparecimento de forças 𝐹
que, como sabemos, são da forma:
𝐹 ≅ 𝜙. 𝑖
e cuja resultante será proporcional a:
𝐹 ∝ 𝐹2 − 𝐹1 ≈ 𝜙2 . 𝑖𝜙1 − 𝜙1 . 𝑖𝜙2
Trajetória 2
Regra da mão esquerda
Trajetória 1
32
Relés de sobrecorrente – (51)
Ou ainda:
𝑑𝜙1 𝑑𝜙2
𝐹 ≈ 𝐹2 − 𝐹1 ≈ 𝜙2 . − 𝜙1 .
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Substituindo os valores de 𝜙1 e 𝜙2 , e suas derivadas:
𝐹 ∝ Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 + 𝜃 . Φ1𝑚𝑎𝑥 . cos 𝜔𝑡
𝑑𝜙1
𝜙2 derivada de
𝑑𝑡
−Φ1𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . cos 𝜔𝑡 + 𝜃
𝑑𝜙2
𝜙1 derivada de
𝑑𝑡
Rearranjando os termos:
𝐹 ∝ Φ1𝑚𝑎𝑥 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜔𝑡 . cos 𝜔𝑡 + 𝜃 − sen 𝜔𝑡 + 𝜃 . cos 𝜔𝑡
33
Relés de sobrecorrente – (51)
Utilizando a propriedade dos senos e cossenos, abaixo,
podemos determinar que a força 𝐹 é proporcional:
𝐹 ∝ Φ1𝑚𝑎𝑥 . Φ2𝑚𝑎𝑥 . sen 𝜃
35
Relés de sobrecorrente – (51)
Para que o relé possa operar sob condição de conjugado
máximo, resultante da força 𝐹 , para qualquer valor de 𝜃 ,
e não unicamente para 𝜃 = 90°, façamos a decomposição da
corrente 𝐼1 , em suas componentes indutiva 𝐼1𝑖 e resistiva
𝐼1𝑟 que circulem, hipoteticamente, nas indutância e
resistência puras.
36
Relés de sobrecorrente – (51)
Aparece o ângulo 𝐼1𝑖 , 𝐼1 = 𝜙,
ângulo de projeto do relé, e a
expressão do conjugado 𝐶 ,
respeitada a convenção de sentido de
contagem dos ângulos, será:
𝐶 = 𝐾. 𝐼1𝑖 . 𝐼2 . sen 𝜃 − 𝜙
37
Relés de sobrecorrente – (51)
Do que resulta aparecer a reta-
suporte característica do relé
direcional coincidindo com 𝐼1𝑖 , e
também o ângulo 𝑇 definidor do
conjugado máximo, como indicado
no catálogo do fabricante.
De fato, constata-se que:
sen 𝜃 − 𝜙 = sen 𝜃 − 𝑇 − 90°
= sen 𝜃 − 𝑇 + 90°
= co𝑠 𝜃 − 𝑇
38
Relés de sobrecorrente – (51)
Assim, o conjugado pode ser
determinado:
𝐶 = 𝐾. 𝐼1𝑖 . 𝐼2 . cos 𝜃 − 𝑇
Indicando:
𝐶𝑚𝑎𝑥 para co𝑠 𝜃 − 𝑇 = 1 ou 𝜃 = 𝑇
39
Relés de sobrecorrente – (51)
Do exposto na página anterior surge o conceito de
direcionalidade dos relés, pois só há conjugado para
variações de 𝐼2 (grandeza de operação em relação a grandeza
de referência 𝐼1𝑖 ) desde 0° até 180°.
40
Relés de sobrecorrente – (51)
É evidente, desde já, que este ângulo pode ser alterado pela
simples modificação do ângulo 𝜙 , adicionando-se
resistores e/ou capacitores no circuito das bobinas do relé.
41
Relés de sobrecorrente – (50/51)
O relé de sobrecorrente eletromecânico de disco de indução
(unidade temporizada, 51) com um mecanismo de armadura de
atração (unidade instantânea, 50).
Fonte: LIMA, Júlio César Marques
42
Relés de sobrecorrente – (50/51)
#51 – Relé de sobrecorrente
Ajustes corrente e tempo de tempo inverso (inverse
Ajuste de corrente: feito pelo time overcurrent relay)
posicionamento do entreferro, pelo
tensionamento da mola de restrição,
por pesos, por tapes de derivação da
bobina (ajuste de tape).
Ajuste de tempo: é feito regulando-se
o percurso do contato móvel (ângulo
de posicionamento do contato) ou
por meio de dispositivos de
temporização diversos.
Ajuste da corrente de disparo por
tapes de derivação da bobina
43
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Embora esses ajustes sejam feitos
independentemente, a
interdependência é mostrada nas
chamadas curvas tempo-corrente
(TCC, Time-Current
Characteristics), fornecidas no
catálogo do fabricante.
Uma curva TCC define o tempo de
operação do dispositivo de
proteção para vários níveis de
corrente de operação.
Exemplos de curvas tempo-corrente de
relés de sobrecorrente de tempo inverso
44
Relés de sobrecorrente – (50/51)
45
Relés de sobrecorrente – (50/51)
O esquema básico de proteção de um sistema trifásico é
composto por três relés monofásicos de fase, função 50/51, e um
relé monofásico conectado no ponto neutro do esquema de
proteção, função 50/51N.
Todos os relés atuam
independentemente
sobre a bobina do
disjuntor que é
energizada pelo banco de
baterias ou por disparo
capacitivo.
46
Relés de sobrecorrente – (50/51)
No caso do relé estar ligado para proteção de fase, as suas
unidades são conhecidas como 50 e 51 de fases. No caso de
estar realizando a proteção de neutro ou terra, fala-se em
unidades 50 e 51 de neutro ou terra.
47
Relés de sobrecorrente – (50/51)
No esquema elétrico da Figura a proteção para defeitos entre
fase e terra é baseada na conexão residual do neutro.
Fonte: MAMEDE, 2013
Esquema elétrico de ligação dos relés secundários: conexão com TC tipo janela.
MAMEDE Filho, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro. Proteção de sistemas elétricos de potência - Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ISBN-13 978-8521620129 49
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Para uma falta dentro da zona primária de proteção, a corrente
de curto-circuito é menor na extremidade final da linha e
maior na extremidade inicial onde está alocado o relé.
Essa constatação é válida, pois, quanto mais longe for a falta
em relação à fonte, maior será a impedância característica da
linha de transmissão.
A B
50
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
Quanto ao tempo de atuação, existem dois tipos de curvas
características: de tempo definido e de tempo dependente.
De tempo definido: Uma vez ajustados o tempo de atuação
𝑡𝑎 e a corrente mínima de atuação 𝐼𝑎𝑑𝑗 ou 𝐼𝑀𝐼𝑁,𝐴𝑇 , o
relé irá atuar neste tempo para qualquer valor de corrente igual
ou maior do que o mínimo ajustado.
51
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
De tempo dependente: O tempo de atuação do relé é
inversamente proporcional ao valor da corrente.
Isto é, o relé irá atuar em tempos decrescentes para valores de
corrente igual ou maior do que a corrente mínima de atuação
𝐼𝑎𝑑𝑗 ou 𝐼𝑀𝐼𝑁,𝐴𝑇 , o relé irá atuar neste tempo para qualquer
valor de corrente igual ou maior do que o mínimo ajustado.
52
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
De tempo dependente: As curvas de tempo dependente são
classificadas em três grupos:
Normalmente Inversa (NI);
53
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Curvas características
De tempo dependente: Neste tipo de relé, não se escolhe o
tempo de atuação, mas sim a sua curva de atuação.
54
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Os relés de tempo curto
operam rapidamente,
impedindo danos nos
equipamentos.
55
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Os relés de tempo
moderadamente inversos
operam em sobrecorrentes de
valores elevados num tempo
mais constante.
56
Relés de sobrecorrente – (50/51)
a) Relés de temporização inversa
São normalmente empregados em
sistemas elétricos em que o valor
da corrente de curto-circuito
circulando no relé depende muito
da capacidade do sistema de
geração.
Os relés IAC51 e IAC52
apresentam curvas de
temporização inversa, cuja família
de curvas é mostrada na Figura.
57
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Note que as curvas inversas
como a do relé IAC51 são dadas a
partir de múltiplo M = 1,5, que
corresponde a um torque do relé
50% superior ao torque para o
limiar de operação.
O Múltiplo “M” indica quantas
vezes a corrente de curto-circuito
no secundário do TC é maior que
o tap escolhido no relé.
𝐼𝑐𝑐_𝑠𝑒𝑐 𝐼𝑐𝑐_𝑝𝑟𝑖
𝑀= =
𝐼𝑡𝑓 𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑡𝑓
58
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Múltiplo igual a 1 (M=l): Corresponde a uma corrente de
operação exatamente igual a corrente do seu Tap. Portanto,
nesta situação, o relé está no seu limiar de operação.
Múltiplo entre 1 e 1,5 (1<M<1,5): O relé opera com um
pequeno torque, não produzindo um bom desempenho no
fechamento do seu contato e não garantindo eficiência na
atuação da proteção.
59
Relés de sobrecorrente – (50/51)
b) Relés de temporização muito inversa
São normalmente empregados em
sistemas elétricos em que o valor
da corrente de curto-circuito
circulando no relé depende da
localização do ponto de falta em
relação ao relé, e varia muito
pouco em relação à capacidade do
sistema de geração.
Os relés IAC53 e IAC54,
apresentam curvas de
temporização muito inversa, cuja
família é mostrada na Figura.
60
Relés de sobrecorrente – (50/51)
c) Relés de temporização extremamente inversa
São empregados na proteção de
alimentadores de distribuição
primária onde são utilizados elos
fusíveis e religadores de
distribuição, uma vez que em
eventual religamento as cargas
estão conectadas (elevadas
correntes transitórias).
Os relés IAC77 e IAC78 são
exemplos de relés de característica
extremamente inversa, cujas
curvas são mostradas na Figura.
61
Relés de sobrecorrente – (50/51)
d) Relés de temporização inversa longa
São apropriadamente utilizados
como elementos de proteção ou
ainda uma sobrecarga moderada,
mas de tempo elevado, eliminando
a atuação do disjuntor em
sobrecargas elevadas, como na
partida de motores de indução.
O relé tipo IAC66 apresenta curvas
de temporização inversa longa, cuja
família é mostrada na Figura.
62
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Na medida do possível, os ajustes de corrente mínima de
atuação de relés de sobrecorrente devem observar os critérios
dados a seguir:
63
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
I). O relé não deve operar para a condição de carga máxima
admitida pelo transformador.
64
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
A partir da condição requerida, seleciona-se a corrente de tape
de fase da unidade temporizada de acordo com a Equação:
𝐾𝑓 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑓 ≥
𝑅𝑇𝐶
𝐼𝑡𝑓 : corrente de tape de fase da unidade temporizada
𝐼𝑛 : corrente de carga do circuito em estudo
𝐾𝑓 : fator de sobrecarga admissível, geralmente 1,5 (entre 1,2 a 1,5)
𝑅𝑇𝐶: Relação de Transformação de Corrente do TC
65
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
II). O relé deve operar de acordo com a curva de
temporização para o múltiplo da corrente ajustada.
66
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
Atualmente o tempo de coordenação entre dois relés
modernos chega a 0,30 s e, em alguns casos, 0,20 s.
67
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
III). A corrente de acionamento 𝐼𝑡𝑓 deve ser no máximo
igual à corrente térmica do transformador de corrente.
68
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
IV. O relé deve operar para a menor corrente de curto-
circuito do trecho protegido pelo disjuntor.
69
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
A corrente mínima de atuação deverá ser ajustada num valor
menor do que a corrente de curto-circuito bifásico 𝐼𝐶𝐶,2∅
dentro da sua zona de proteção, incluindo sempre que possível
os trechos a serem adicionados quando em condição de
manobras consideradas usuais.
𝐼𝐶𝐶,2∅
𝐼𝑡𝑓 ≤
𝑅𝑇𝐶. 𝑎
𝑎 = 1,5: para relés eletromecânicos e 𝑎 = 1,1: para relés digitais
𝐼𝐶𝐶,2∅ : corrente de curto-circuito bifásico
70
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de fase – (51)
Quando a corrente mínima de atuação 𝐼𝑡𝑓 for igual a
corrente do tap 𝐼𝑡𝑎𝑝 , o relé está no limiar de operação.
Deste modo o tap é também conhecido como corrente de
ajuste do relé, isto é:
𝐼𝑡𝑓 = 𝐼𝑡𝑎𝑝
Portanto, a corrente de ajuste corresponde exatamente ao limiar
de operação.
Para o relé operar, a corrente de sobrecarga ou curto deve ser
maior que a corrente de ajuste:
1,5 × 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,2∅
≤ 𝐼𝑡𝑓 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶 × 𝑎
71
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade instantânea de fase – (50)
I). A corrente mínima de acionamento deve ser inferior à
menor corrente simétrica de curto-circuito no trecho
protegido pelo disjuntor.
72
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
No caso dos relés destinados à proteção de neutro, a menor
corrente de curto-circuito é aquela resultante de um defeito
monopolar à terra com elevada impedância.
Nesse particular, para transformadores em ligação triângulo no
primário e estrela no secundário, com o ponto neutro aterrado, as
correntes de defeito à terra podem assumir valores tão pequenos,
da ordem de miliampères, que jamais sensibilizarão os relés de
neutro, ajustados convenientemente para correntes da ordem de
uma dezena de ampères, longe, portanto, do valor mínimo da
corrente de defeito.
73
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
I). Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e não
possuir cargas ligadas entre fase e terra ou neutro, o relé de
neutro deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para
um valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra
mínimo dentro da sua zona de proteção.
E deverá ser maior do que 10% da corrente de carga do circuito
devido erros admissíveis nos transformadores de corrente.
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑛 ≥
𝑅𝑇𝐶
0,1 . 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,∅𝑇
≤ 𝐼𝑡𝑛 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶
74
Relés de sobrecorrente – (50/51)
Unidade temporizada de neutro – (51)
II). Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e possuir
cargas ligadas entre fase e terra ou neutro, o relé de neutro
deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para um
valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra mínimo
dentro da sua zona de proteção.
E deverá ser maior do que 10% a 30% da corrente de carga do
circuito devido aos desequilíbrios admissíveis do sistema.
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛
𝐼𝑡𝑛 ≥
𝑅𝑇𝐶
0,1 a 0,3 . 𝐼𝑛 𝐼𝐶𝐶,∅𝑇
≤ 𝐼𝑡𝑛 ≤
𝑅𝑇𝐶 𝑅𝑇𝐶
75
Relés 50/51 – Exemplo 1
Determine os ajustes do relé de
sobrecorrente, atuando no disjuntor 52.1,
instalado de conformidade com o diagrama
elétrico da Figura ao lado.
O transformador não dispõe de ventilação
forçada (fator de sobrecarga não pode ser
elevado).
Será utilizado um relé de indução de
sobrecorrente cuja corrente nominal é de 5 A.
A corrente de curto-circuito trifásica no lado
de 69 kV vale 7500 A e a de fase e terra,
valor mínimo, é de 400 A.
76
Relés 50/51 – Exemplo 1
Neste exemplo, serão ajustados somente os
relés de sobrecorrente do disjuntor 52.1,
instalado do lado de 69 kV.
Os relés dos demais disjuntores poderão ser
ajustados pelo discente.
77
Relés 50/51 – Resolução 1
Inicialmente, vamos determinar a RTC do transformador (TC)
pela corrente nominal do transformador 𝐼𝑛 a ser protegido:
𝑆 10.000 kVA
𝐼𝑛 = = = 83,67 A
3×𝑉 3 × 69 kV
A RTC inicial: 𝑅𝑇𝐶 = 20 (100: 5)
78
Relés 50/51 – Resolução 1
Agora, vamos determinar a RTC pelo valor da sobrecorrente do
TC 𝐼𝑇𝐶 em função da corrente de curto-circuito trifásico
𝐼𝑐𝑐,3∅ e do fator de sobrecarga 𝐹𝑆 :
𝐼𝑐𝑐,3∅ 7.500 A
𝐼𝑇𝐶 = = = 375 A
𝐹𝑆 20
79
Relés 50/51 – Resolução 1
Podemos determinar a potência aparente de curto-circuito
𝑆𝑐𝑐 como:
𝑆𝑐𝑐 = 3 × 𝑉 × 𝐼𝑐𝑐,3∅
𝑆𝑐𝑐 = 3 × 69 kV × 7.500 A
𝑆𝑐𝑐 = 896.336 kVA
80
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
A corrente de tape de fase da unidade temporizada 𝐼𝑡𝑓 ou o
tape da unidade temporizada pode ser determinado:
𝐾𝑓 × 𝐼𝑛 1,30 × 83,67 A
𝐼𝑡𝑓 = = = 1,36 A
𝑅𝑇𝐶 80
Como o transformador não possui ventilação forçada devemos
utilizar um fator de sobrecarga não muito elevado, assim:
𝐾𝑓 = 1,30
81
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
Conforme tabela do fabricante do relé de indução ambas as faixas
de atuação do relé possibilitariam a medição da corrente de tape
𝐼𝑡𝑓 , no entanto, a faixa de (1,0 a 12 A) foi escolhida.
Essa escolha de dá pelo fato do valor da corrente de tape estar
próximo ao final da capacidade da primeira faixa.
Assim, será selecionado o tape da segunda faixa:
𝐼𝑡𝑓 = 2 A
82
Relés 50/51 – Resolução 1
Corrente do primário do TC na qual o relé
Proteção de fase – unidade temporizada começa a contar o tempo para acionar
M indica que a corrente de curto-circuito é cerca de 47 vezes maior que a corrente do primário do TC que
acionará o relé de modo temporizado 83
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
Considere a curva de tempo
inversa, mostrada na Figura.
Admite-se aqui que o tempo
máximo permitido para atuação do
relé seja de 0,65 s, em função da
coordenação com o relé a
montante.
Dessa forma, para:
M = 46,8 e T = 0,65 s (valor
máximo) seleciona-se a curva no
dial de n° 5, da Figura.
84
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
Devemos garantir que o relé seja sensível à corrente bifásica de
curto-circuito 𝐼𝑐𝑐,2∅ no barramento de 69 kV.
𝐼𝑐𝑐,2∅ = 0,866 × 𝐼𝑐𝑐 = 0,866 × 7.500 A = 6.495 A
85
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade temporizada
Por meio da Figura podemos
determinar o tempo de atuação do
relé a partir de M = 40,6 e curva no
dial n° 5, tem-se que o T = 0,70 s.
Nesse caso, o tempo de atuação do
relé a montante deverá ser de 1,1 s,
ou seja, (0,70 + 0,40), para um
curto-circuito bifásico na barra de
69 kV.
86
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
Podemos determinar a corrente de curto-circuito assimétrica
de fase 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑓 (valor eficaz) em função do fator de assimetria
admitido 𝐹𝑎𝑠 e da corrente de curto-circuito.
𝐼𝑎𝑠𝑓 = 𝐹𝑎𝑠 × 𝐼𝑐𝑐,3∅ = 1,2 × 7.500 A = 9.000 A
88
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de fase – unidade instantânea
A faixa de atuação do relé selecionada é a de (20 a 160 A) e o
segundo tape, conforme a Tabela abaixo.
90
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade temporizada
A corrente de tape de neutro da unidade temporizada 𝐼𝑡𝑛
pode ser determinada, onde o fator de sobrecarga 𝐾𝑛 : 0,1 a 0,3 :
𝐾𝑛 × 𝐼𝑛 0,20 × 83,67 A
𝐼𝑡𝑛 = = = 0,21 A
𝑅𝑇𝐶 80
A faixa de atuação do relé é de (0,5 a 2,5 A), conforme Tabela do
fabricante. Assim, será selecionado o tape mínimo do relé:
𝐼𝑡𝑛 = 0,5 A
91
Relés 50/51 – Resolução 1
Corrente do primário do TC na qual o relé
Proteção de neutro – unidade temporizada começa a contar o tempo para acionar
92
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade temporizada
Considere a curva de tempo
inversa, mostrada na Figura.
Nessa condição, deve-se ajustar o
relé, no tempo de 0,30 s
considerando, neste exemplo, que o
tempo ajustado no relé de
retaguarda foi de 0,70 s (0,70 –
0,40) s.
Assim, a curva selecionada na
Figura ao lado é de n° 1 no dial.
93
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
Podemos determinar a corrente de curto-circuito assimétrica
de neutro 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 (valor eficaz) em função do fator de assimetria
𝐹𝑎𝑠 e da corrente de curto-circuito fase-terra 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 .
𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 = 𝐹𝑎𝑠 × 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 = 1,2 × 400 A = 480 A
94
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
O valor adotado do fator: normalmente selecionado entre 50% e
90% do valor calculado, portanto (aprox. 60%):
𝐹=7
95
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
A faixa de atuação do relé selecionada é a de (0,5 a 4,0 A) e o
segundo tape, conforme a Tabela abaixo.
96
Relés 50/51 – Resolução 1
Proteção de neutro – unidade instantânea
A corrente de acionamento da unidade instantânea de neutro
𝐼𝑎𝑖𝑛 deve ser menor que a corrente de curto-circuito
assimétrica 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛
𝐼𝑎𝑖𝑛 < 𝐼𝑐𝑐,𝑎𝑛 → 280 A < 480 A
(condição satisfeita)
97
Bibliografia básica
[1] CAMINHA, Amadeu Casal, Introdução à proteção dos sistemas elétricos,
São Paulo: Blucher; 1ª edição, 1977, 224 p. ISBN-13: 978-8521201366
[2] MAMEDE FILHO, João e MAMEDE, Daniel Ribeiro, Proteção de
Sistemas Elétricos de Potência. Rio de Janeiro: LTC; 2ª edição, 2020, 572
páginas, ISBN-13: 978-8521637165
[3] SILVA, Eliel Celestino da, Proteção de Sistemas Elétricos de Potência.
Rio de Janeiro: QualityMark; 1ª edição, 2014, 256 páginas, ISBN-13: 978-
8541401814
Estas transparências foram baseadas nos livros da bibliografia acima, em sítios (sites) da
internet e nas notas de aulas dos(as) professores(as) Mateus Duarte Teixeira da UFPR, Carlos
Medeiros da PUC-Goiás, Thales Lima Oliveira IF-GO e UFU
. 98
Bibliografia
99
Bibliografia complementar
[1] ARAÚJO, Carlos. Proteção de sistemas elétricos. Rio de Janeiro:
Interciência, 2011.
[2] COURY, Denis Vinícius. Proteção Digital de Sistemas Elétricos de
Potência: Dos Relés Eletromecânicos aos Microprocessados Inteligentes. São
Carlos, SP: USP, Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.
[3] SATO, Fujito; FREITAS, Walmir. Análise de curto-circuito e princípios
de proteção em sistemas de energia elétrica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
[4] FRAZÃO, Rodrigo José Albuquerque. Proteção do Sistema Elétrico de
Potência. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 200 p.
ISBN-13: 978-85-522-1435-9
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