A Criação Artística e A Obra de Arte
A Criação Artística e A Obra de Arte
A Criação Artística e A Obra de Arte
2021/2022
Índice
1. Introdução _____________________________________ 3
2. Desenvolvimento ________________________________ 3
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1. Introdução
Neste ensaio iremos começar por referir o que são teorias essencialistas, que defendem
que existem propriedades essenciais comuns a todas as obras de arte e que só nas obras
de arte se encontram, entretanto, as propriedades essenciais são diferentes das
propriedades acidentais. Mas uma definição essencialista exige também que tais
propriedades sirvam para distinguir a arte de outras coisas que não são arte. Daí que se
procurem apenas identificar as propriedades essenciais que sejam individuadoras da
arte. Por exemplo, uma propriedade essencial das obras de arte é a de terem um autor
Enquanto as não essencialistas sustentam que uma obra de arte não se define pela sua
essência, mas sim pela forma como influencia o mundo exterior. O que conta para estas
teorias é sobretudo o modo como um dado objeto adquire o estatuto de obra de arte e
não as propriedades internas que esse objeto tem.
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2.1 Teorias essencialistas da arte
A filosofia da arte é formada por um conjunto de problemas para a resolução dos quais
concorrem diferentes teorias. Algumas dessas teorias e os argumentos que as
sustentam serão aqui avaliados, nomeadamente aquelas teorias que têm um conteúdo
aparentemente mais intuitivo, isto é, aquelas que colhem a adesão espontânea de grande
parte das pessoas que se defrontam pela primeira vez de forma direta com o problema.
Essas teorias são conhecidas como “teoria da imitação”, “teoria da expressão” e
“teoria formalista” e podem ser agrupadas numa mesma categoria, a das teorias
essencialistas. As teorias essencialistas defendem que existem propriedades essenciais
comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte se encontram. Ora as
propriedades essenciais são diferentes das propriedades acidentais. Uma
propriedade é essencial se os objetos que a exemplificam não podem deixar de a
exemplificar sem que deixem de ser o que eram.
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2.1.1 Teoria expressivista da arte
Segundo a teoria da expressão, uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e
emoções do artista.
-Também nos oferece, como a teoria anterior, um critério que permite, com algum rigor,
classificar objetos como obras de arte. Com a vantagem acrescida de classificar como
arte todas as obras que não imitam nada, o que acontece frequentemente na literatura e
quase sempre na música e na arte abstrata.
-Mais uma vez oferece um critério valorativo: uma obra é tanto melhor quanto melhor
conseguir exprimir os sentimentos do artista que a criou.
Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente em juízos como “Este é um livro
exemplar em que o autor nos transmite o seu desespero perante uma vida sem
sentido” ou como “O autor do filme filma magistralmente os seus próprios traumas
obsessões”. Mas também ela se irá revelar uma teoria insatisfatória. As razões são
semelhantes às que apresentei contra a teoria da arte como imitação, pelo que tentarei
aqui ser mais breve. O primeiro ponto apresenta várias falhas. Desde logo, é também
empiricamente refutado porque há obras que não exprimem qualquer emoção
ou sentimento. Podemos até admitir que o emaranhado espesso de linhas coloridas do
quadro de Pollock exprime algo ao deixar registados na tela os seus gestos.
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Objeções à teoria expressivista
Objeção à teoria experimentalista – Temos tendência para imaginar que os artistas são
almas atormentadas, ou pessoas que vivem e criam ao sabor da imaginação, mas esse
não tem, necessariamente, de ser o caso. Um escritor pode ter um determinado horário
de trabalho, escrever desapaixonadamente, com o objetivo de pagar as suas contas e
levar uma vida perfeitamente serena e tranquila.
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Dispor aleatoriamente objetos sobre uma superfície, salpicar tinta ao acaso sobre uma
tela e utilizar programas de computador construídos segundo uma logica de
probabilidades para compor estruturas musicais são procedimentos utilizados por este
tipo de artistas, com o intuito de remover da criação artística os estados emocionais do
seu criador. Deste modo, deixa de ser necessário que a obra corresponda à expressão das
emoções do artista para que possa ser considerada uma obra de arte.
Objeções à condição identitária- A teoria expressivista possui três polos: o artista, a obra
e o público. É em torno do público que gravita a terceira condição necessária exigida
pela teoria: perante a obra, o público deve experimentar o mesmo sentimento do artista.
Uma vez que envolve uma identificação entre emoções do artista e do espectador,
chamamos a esta condição “identitária”. Trata-se da condição mais restritiva, pois
considera que algo só é arte se o publico experimentar as mesmas emoções que o artista.
Ora, isto é difícil de sustentar, pois parece implausível defender que o estatuto de uma
obra enquanto arte está dependente do facto de alguém ter uma experiência semelhante
à do seu criador, quando a contempla.
Uma obra é arte se e só se provoca nas pessoas emoções estéticas note-se que não se diz
que as obras de arte exprimem emoções, senão estar-se-ia a defender o mesmo que
a teoria da expressão, mas que provocam emoções nas pessoas, o que é bem
diferente. Se a teoria da imitação estava centrada nos objetos representados e a teoria da
expressão no artista criador, a teoria formalista parte do sujeito sensível que aprecia
obras de arte. Digo que parte do sujeito e não que está centrada nele, caso contrário não
seria coerente considerar esta teoria como teoria formalista. Tendo em conta a
definição dada, reparamos que a característica de provoca remoções estéticas
constitui, simultaneamente, a condição necessária e suficiente para que um objeto seja
uma obra de arte. Esta frase “este quadro é uma verdadeira obra-prima devido à
excecional harmonia das cores e ao equilíbrio da composição”, exprime habitualmente
uma perspetiva formalista da arte. Para já, esta teoria parece ter uma grande vantagem:
pode incluir todo o tipo de obras de arte, inclusivamente obras que exemplifiquem
formas de arte ainda por inventar. Desde que provoque emoções estéticas qualquer
objeto é uma obra de arte, ficando assim ultrapassado o carácter restritivo das teorias
anteriores.
Mas as suas dificuldades também são enormes. Em primeiro lugar, podemos mostrar
que algumas pessoas não sentem qualquer tipo de emoção perante certas obras que são
consideradas arte. Teríamos, então, obras de arte que não são obras de arte, o que não
faz sentido.
Além desta consequência absurda, esta teoria também teria dificuldade em distinguir o
valor de
uma obra de arte genuína do valor de uma falsificação. Se a falsificação for bem feita, a
sua forma será indistinguível da forma do original.
Bell opta por dizer que a emoção estética é o que sentimos quando estamos perante
formas significantes. Mas esta estratégia não resolve o problema, pois é viciosamente
circular, visto que defina forma significante recorrendo à noção de emoção estética; e,
por sua vez, define emoção estética recorrendo à noção de forma significante.
O formalista pode tornar a noção de família significante mais familiar, e neste sentido,
qualquer configuração, ou forma, que relacione de modo adequado as diferentes partes
de um todo é um bom exemplo de forma significante. No entanto, esta alternativa não
está isenta de dificuldades, porque há obras de arte que não relacionam partes de um
todo como as pinturas monocromáticas de Ad Reinhardt e de Yves Klein são blocos de
uma única cor e, por isso, não tem partes que se possam relacionar e isso tornaria o
conceito de forma significante tão lato que qualquer coisa - desde uma casa até uma
escova de dentes- teoria forma significante.
Deve focar-se nos aspetos relacionais, processuais e contextuais que envolvem a obra de
arte.
Os não-essencialistas - admitem que a arte possa ter as mais variadas funções: alargar o
conhecimento, exprimir e explorar emoções, proporcionar experiências compensadoras,
divertir, proporcionar prazer, ajudar-nos a ser pessoas melhores, comunicar ideias,
criticar a sociedade, transformar o mundo, criar coisas belas, valorizar as nossas vidas,
ajudar-nos a suportar os males do mundo.
- o que torna inútil procurar nos objetos de arte características permanentes e comuns
supostamente associadas a funções tão diferentes.
Danto analisa a obra Caixa de Brillo, e conclui que aquilo que distingue essa obra das
suas vulgares contrapartes do quotidiano não são as suas características formais nem
quaisquer outras características que lhe sejam intrínsecas, mas sim de esta se inserir no
contexto de uma prática social instituída. Em 1974, o filosofo George Dickie formula de
modo articulado a primeira teoria institucional da arte.
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Objeção 2 - Uma vez que aparentemente não existe qualquer critério estabelecido para
que se faça parte do mundo da arte ou para que um artefacto se qualifique como
candidato à apreciação, a prática artística não se assemelha de todo a uma instituição
social.
Objeção 3 - A teoria institucional da arte é, por vezes, criticada por ser elitista e
antidemocrática, visto que confere poderes especiais a um círculo fechado de indivíduos
que têm o poder de transformar em arte tudo o que consideram digno de ser apresentado
como candidato à apreciação.
Objeção 4 – Se a teoria institucional for verdadeira, deixa de ser possível falar de arte
primitiva, pois é improvável que existisse algo que se assemelhe ao mundo da arte
quando os homens das cavernas fizeram as primeiras pinturas rupestres. Além disso, a
ideia de um artista solitário, que vive e cria à margem da sociedade, torna-se utópica à
luz desta teoria.
Objeção 5 – A teoria institucional é criticada por ser viciosamente circular: para saber o
que é uma obra de arte, temos de saber o que é o mundo da arte e, para saber o que é o
mundo da arte, temos de saber o que são obras de arte.
Algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre isso tem a
intenção séria de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente
encarados outros objetos abrangidos pelo conceito de “obra de arte”.
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Para Levinson, para algo ser considerado arte é preciso ter em conta a história da arte.
O artista não tem de ter consciência de que a sua intenção tem bons precedentes na
história da arte, basta que eles existam, ou seja, ele pode nem sequer ter noção do que
aquilo que produziu é uma obra de arte. Ele apenas tem de criar obras que sejam vistas
como obras no passado o foram, quer conheça, ou não, a história da arte. Atender à cor
e aos detalhes, ou olhar para a arte como algo que nos provoca prazer, são algumas das
formas de olhar para as obras de arte, segundo este filósofo. É preciso ter em atenção
que algumas obras de arte podem ter sido encaradas de uma forma errada, e deviam
antes ter sido analisadas de outra maneira. Por isso, para que um objeto seja uma obra
de arte não é suficiente que este seja encarado como certas obras de arte o foram no
passado, mas sim como algumas obras de arte foram corretamente examinadas
anteriormente.
O artista não pode transformar em arte objetos que não lhe pertençam ou que não esteja
autorizado a agir pelos seus proprietários.
Esta teoria não explica a razão por que a primeira obra de arte é considerada arte.
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3. Conclusão
Com a realização deste trabalho e com a abordagem a este tema conseguimos aprender
mais acerca das teorias essencialista e não-essencialista. Abordamos duas teorias
essencialistas da arte, a teoria formalista da arte e a teoria expressivista da arte e
também duas teorias não-essencialistas, a teoria institucional e a teoria histórica da arte.
Falamos superficialmente sobre cada uma e vimos as objeções de cada uma delas. Além
disso, ficamos a perceber com este trabalho que apesar de conhecermos a arte e a arte já
estar incutida em nós nunca a abordamos desta maneira.
4. Webgrafia/ Bibliografia
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/2020/04/o-que-e-arte-teorias-nao-
essencialistas.html
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/2020/03/as-teorias-essencialistas-
definicoes.html
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23667/1/Arte%20em
%20Teoria.pdf
https://criticanarede.com/est_tarte.html
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