A Criação Artística e A Obra de Arte

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Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura

A criação artística e a obra de arte


Teorias essencialistas e não essencialistas

Alunos: André Felgueiras – nº3


Tiago Nogueira – nº22
11ºA
Disciplina: Filosofia

2021/2022
Índice

1. Introdução _____________________________________ 3

2. Desenvolvimento ________________________________ 3

2.1 Teorias essencialistas _____________________________ 3


2.1.1 Teoria expressivista da arte _______________________ 4
Objeções à teoria expressivista

2.1.2 Teoria formalista da arte _________________________ 6


Objeções à teoria formalista

2.2 Teorias não essencialistas __________________________ 9


2.2.1 Teoria institucional ____________________________ 10
Objeções à teoria institucional
2.2.2 Teoria histórica _______________________________ 11
Objeções à teoria histórica
3. Conclusão ___________________________________ 13
4. Webgrafia/ Bibliografia _________________________ 13

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1. Introdução
Neste ensaio iremos começar por referir o que são teorias essencialistas, que defendem
que existem propriedades essenciais comuns a todas as obras de arte e que só nas obras
de arte se encontram, entretanto, as propriedades essenciais são diferentes das
propriedades acidentais. Mas uma definição essencialista exige também que tais
propriedades sirvam para distinguir a arte de outras coisas que não são arte. Daí que se
procurem apenas identificar as propriedades essenciais que sejam individuadoras da
arte. Por exemplo, uma propriedade essencial das obras de arte é a de terem um autor

Enquanto as não essencialistas sustentam que uma obra de arte não se define pela sua
essência, mas sim pela forma como influencia o mundo exterior. O que conta para estas
teorias é sobretudo o modo como um dado objeto adquire o estatuto de obra de arte e
não as propriedades internas que esse objeto tem.

Quanto às teorias essencialistas decidimos optar por abordar a teoria expressivista da


arte, teoria que, ainda hoje, uma enorme quantidade de pessoas aceita sem questionar.
Essa teoria surgiu da insatisfação com a teoria da arte como imitação, pois os filósofos
procuravam uma definição de arte que procurava libertar-se da limitação da teoria
anterior, a teoria da imitação. Vamos também falar acerca da teoria formalista da arte
que foi, em grande medida, motivada pelas mudanças drásticas artísticas que marcaram
o século XIX, nomeadamente pelo aparecimento e crescente importância da pintura
abstrata.

Relativamente às teorias não essencialistas iremos debater a teoria institucional surgiu


na década de sessenta, tendo sido sustentada por George Dickie. Essa teoria enfatiza a
importância da comunidade de conhecedores de arte na definição e ampliação dos
limites daquilo que pode ser chamado de arte. Além disso, abordamos também a teoria
histórica que procura definir arte apelando a propriedades extrínsecas e
relacionais/contextuais e não a propriedades intrínsecas e manifestas nos objetos; uma
obra de arte deve ser avaliada pelo seu caráter histórico e não pelas suas características
visíveis.

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2.1 Teorias essencialistas da arte
A filosofia da arte é formada por um conjunto de problemas para a resolução dos quais
concorrem diferentes teorias. Algumas dessas teorias e os argumentos que as
sustentam serão aqui avaliados, nomeadamente aquelas teorias que têm um conteúdo
aparentemente mais intuitivo, isto é, aquelas que colhem a adesão espontânea de grande
parte das pessoas que se defrontam pela primeira vez de forma direta com o problema.
Essas teorias são conhecidas como “teoria da imitação”, “teoria da expressão” e
“teoria formalista” e podem ser agrupadas numa mesma categoria, a das teorias
essencialistas. As teorias essencialistas defendem que existem propriedades essenciais
comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte se encontram. Ora as
propriedades essenciais são diferentes das propriedades acidentais. Uma
propriedade é essencial se os objetos que a exemplificam não podem deixar de a
exemplificar sem que deixem de ser o que eram.

Uma propriedade é acidental se, apesar de ser realmente exemplificada pelos


objetos, tais objetos poderiam não a exemplificar. Isso significa que as propriedades
essenciais da arte são exemplificadas por todas as obras de arte, reais ou meramente
possíveis. Mas uma definição essencialista exige também que tais propriedades sirvam
para distinguir a arte de outras coisas que não são arte. Daí que se procurem identificar
as propriedades que, sendo essenciais, são também individuadoras da arte. Mas ter
um autor não é uma propriedade individuadora da arte porque outras coisas
que não são arte têm também essa propriedade essencial, como é o caso dos
artigos de opinião dos jornais.

Há propriedades comuns a todas as obras de arte e individuadoras das obras de arte, é


então possível dizer quais são as condições necessárias e suficientes da arte; quer dizer,
é possível fornecer uma definição explícita de arte. As teorias aqui discutidas
procuram apresentar definições explícitas de arte. Contudo, é preciso reconhecer que
nem todas as definições explícitas são essencialistas.

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2.1.1 Teoria expressivista da arte
Segundo a teoria da expressão, uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e
emoções do artista.

O que corre a favor dela:

- São muitos e eloquentes os testemunhos de artistas que reconhecem a


importância de certas emoções sem as quais as suas obras não teriam
certamente existido. Mais do que isso, se é verdade, como parece ser, que a arte provoca
em nós determinadas emoções ou sentimentos, então é porque tais sentimentos e
emoções existiram no seu criador e deram origem a tais obras.

-Também nos oferece, como a teoria anterior, um critério que permite, com algum rigor,
classificar objetos como obras de arte. Com a vantagem acrescida de classificar como
arte todas as obras que não imitam nada, o que acontece frequentemente na literatura e
quase sempre na música e na arte abstrata.

-Mais uma vez oferece um critério valorativo: uma obra é tanto melhor quanto melhor
conseguir exprimir os sentimentos do artista que a criou.

Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente em juízos como “Este é um livro
exemplar em que o autor nos transmite o seu desespero perante uma vida sem
sentido” ou como “O autor do filme filma magistralmente os seus próprios traumas
obsessões”. Mas também ela se irá revelar uma teoria insatisfatória. As razões são
semelhantes às que apresentei contra a teoria da arte como imitação, pelo que tentarei
aqui ser mais breve. O primeiro ponto apresenta várias falhas. Desde logo, é também
empiricamente refutado porque há obras que não exprimem qualquer emoção
ou sentimento. Podemos até admitir que o emaranhado espesso de linhas coloridas do
quadro de Pollock exprime algo ao deixar registados na tela os seus gestos.

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Objeções à teoria expressivista
Objeção à teoria experimentalista – Temos tendência para imaginar que os artistas são
almas atormentadas, ou pessoas que vivem e criam ao sabor da imaginação, mas esse
não tem, necessariamente, de ser o caso. Um escritor pode ter um determinado horário
de trabalho, escrever desapaixonadamente, com o objetivo de pagar as suas contas e
levar uma vida perfeitamente serena e tranquila.

Em síntese, a condição experimentalista e demasiado restritiva, porque deixa de fora


muitas produções artísticas que não têm por substrato uma determinada vivência
emocional do artista.

Objeções à condição expressivista- A segunda condição necessária, exigida pela teoria


expressivista, para que algo seja uma obra de arte, indica que o artista tem de produzir
uma obra que seja a expressão dos seus sentimentos. Mas, embora os artistas possam
experimentar várias emoções, antes, durante e após o processo de criação artística, há
obras de arte que não expressam qualquer tipo de emoção. Apresentamos a seguir
alguns contraexemplos a este requisito:

Contraexemplo da arte percetiva: Existe arte criada com o objetivo de estimular as


nossas estruturas sensoriais – arte percetiva. Grande parte da arte decorativa, bem como
certos tipos de música não exprimem nenhuma emoção em particular; são criações que
visam apenas ser agradáveis para os sentidos, e não comunicar as emoções do artista.
Não podemos dizer sequer que estas obras exprimem prazer, elas limitam-se a provocá-
lo, cativando-nos através das suas configurações formais. Outra forma de arte
puramente percetiva é a Op Art (arte ótica). Este tipo de composições não pretende
exprimir emoções, mas sim explorar a forma como certos efeitos óticos interagem com
o nosso sistema percetivo.

Contraexemplo da arte aleatória: Designa-se por arte aleatória um vasto leque de


produções artísticas que, de uma maneira ou de outra, procuram substituir os
procedimentos subjetivos de decisão por procedimentos objetivos, fortuitos e aleatórios.

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Dispor aleatoriamente objetos sobre uma superfície, salpicar tinta ao acaso sobre uma
tela e utilizar programas de computador construídos segundo uma logica de
probabilidades para compor estruturas musicais são procedimentos utilizados por este
tipo de artistas, com o intuito de remover da criação artística os estados emocionais do
seu criador. Deste modo, deixa de ser necessário que a obra corresponda à expressão das
emoções do artista para que possa ser considerada uma obra de arte.

Objeções à condição identitária- A teoria expressivista possui três polos: o artista, a obra
e o público. É em torno do público que gravita a terceira condição necessária exigida
pela teoria: perante a obra, o público deve experimentar o mesmo sentimento do artista.

Uma vez que envolve uma identificação entre emoções do artista e do espectador,
chamamos a esta condição “identitária”. Trata-se da condição mais restritiva, pois
considera que algo só é arte se o publico experimentar as mesmas emoções que o artista.
Ora, isto é difícil de sustentar, pois parece implausível defender que o estatuto de uma
obra enquanto arte está dependente do facto de alguém ter uma experiência semelhante
à do seu criador, quando a contempla.

2.1.2 Teoria formalista da arte


Verificando que a diversidade de obras de arte é bem maior do que as teorias da
imitação e da expressão fariam supor, uma teoria mais elaborada, e também mais
recente, conhecida como teoria da forma significante decidiu abandonar a ideia de que
existe uma característica que possa ser diretamente encontrada em todas as obras de
arte. Esta teoria defendida, entre outros, pelo filósofo Clive Bell, considera que não se
deve começar por procurar aquilo que define uma obra de arte na própria obra, mas sim
no sujeito que a aprecia. Isso não significa que não haja uma característica comum a
todas as obras de arte, mas que podemos identificá-la apenas por intermédio de um tipo
de emoção peculiar, a que chama emoção estética, que elas, e só elas, provocam em nós.
Por esta razão a incluo nas teorias essencialistas. De acordo com a teoria formalista de
Clive Bell.
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Uma obra é arte se e só se provoca nas pessoas emoções estéticas note-se que não se diz
que as obras de arte exprimem emoções, senão estar-se-ia a defender o mesmo que
a teoria da expressão, mas que provocam emoções nas pessoas, o que é bem
diferente. Se a teoria da imitação estava centrada nos objetos representados e a teoria da
expressão no artista criador, a teoria formalista parte do sujeito sensível que aprecia
obras de arte. Digo que parte do sujeito e não que está centrada nele, caso contrário não
seria coerente considerar esta teoria como teoria formalista. Tendo em conta a
definição dada, reparamos que a característica de provoca remoções estéticas
constitui, simultaneamente, a condição necessária e suficiente para que um objeto seja
uma obra de arte. Esta frase “este quadro é uma verdadeira obra-prima devido à
excecional harmonia das cores e ao equilíbrio da composição”, exprime habitualmente
uma perspetiva formalista da arte. Para já, esta teoria parece ter uma grande vantagem:
pode incluir todo o tipo de obras de arte, inclusivamente obras que exemplifiquem
formas de arte ainda por inventar. Desde que provoque emoções estéticas qualquer
objeto é uma obra de arte, ficando assim ultrapassado o carácter restritivo das teorias
anteriores.

Mas as suas dificuldades também são enormes. Em primeiro lugar, podemos mostrar
que algumas pessoas não sentem qualquer tipo de emoção perante certas obras que são
consideradas arte. Teríamos, então, obras de arte que não são obras de arte, o que não
faz sentido.

Uma outra dificuldade é a de conseguir explicar de maneira convincente em que


consiste a tal propriedade comum a todas as obras de arte, a tal forma significante,
responsável pelas emoções estéticas que experimentamos. E em que consiste a forma
significante na música, na literatura, no teatro, etc.? A ideia que fica é a de que a forma
significante não serve para identificar nada. Não se trata verdadeiramente de uma
propriedade, pois a forma significante na pintura consiste numa certa combinação de
cores e linhas, mas na música, na literatura, no cinema, etc., já não podem ser as cores e
linhas a exemplificar a forma significante. Não temos, assim, uma propriedade, mas
várias propriedades. É certo que diferentes propriedades podem provocar o mesmo tipo
peculiar de emoções nas pessoas, mas chamar a diferentes propriedades “forma
significante” é de tal forma vago que não se imagina oque poderia constituir um contra-
exemplo a esta definição.

Também a resposta de que a forma significante é a propriedade que provoca em nós


emoções estéticas, depois de dizer que as emoções estéticas são provocadas pela forma
significante é não só inútil, mas dececionante, já que se trata de uma falácia, a falácia da
circularidade.

Objeções à teoria formalista

Objeção 1: Muitas vezes, é impossível apreciar artisticamente uma obra, mesmo do


ponto de vista formal, sem ter em conta o seu conteúdo representacional. O mesmo
acontece, por exemplo, na literatura. Muitas figuras de estilo aliam forma e conteúdo
para criar determinados efeitos expressivos; se um dos elementos não estiver presente, a
composição deixa automaticamente de funcionar. A aliteração, por exemplo, envolve a
repetição sistemática de consoantes e, frequentemente, a sua eficácia está dependente do
facto de haver alguma semelhança entre o som da consoante e o assunto em causa.
Assim, é o cariz imitativo da aliteração que desperta a nossa atenção para esse jogo
interessante entre a forma e o, contudo. Portanto, podemos dizer que, por vezes, o
conteúdo representacional não só é irrelevante, como é mesmo fundamental para a
apreciação artística de uma obra.

Objeção 2: A teoria formalista afirma que o determina a pertença de um determinado


objeto à categoria de obra de arte é a capacidade de proporcionar, em virtude da sua
forma, uma determinada emoção no seu espectador. Sendo assim, como se explica que
os ready- mades fossem considerados obras de arte e as suas contrapartes do quotidiano
não.

Além desta consequência absurda, esta teoria também teria dificuldade em distinguir o
valor de
uma obra de arte genuína do valor de uma falsificação. Se a falsificação for bem feita, a
sua forma será indistinguível da forma do original.

Objeção 3: Bell define forma significante apelando à noção de emoção estética. O


formalista pode continuar a recuar de conceito em conceito, mas, se explicar o obscuro
em termos igualmente obscuros, o seu conceito inicial jamais estará clarificado.

Bell opta por dizer que a emoção estética é o que sentimos quando estamos perante
formas significantes. Mas esta estratégia não resolve o problema, pois é viciosamente
circular, visto que defina forma significante recorrendo à noção de emoção estética; e,
por sua vez, define emoção estética recorrendo à noção de forma significante.

O formalista pode tornar a noção de família significante mais familiar, e neste sentido,
qualquer configuração, ou forma, que relacione de modo adequado as diferentes partes
de um todo é um bom exemplo de forma significante. No entanto, esta alternativa não
está isenta de dificuldades, porque há obras de arte que não relacionam partes de um
todo como as pinturas monocromáticas de Ad Reinhardt e de Yves Klein são blocos de
uma única cor e, por isso, não tem partes que se possam relacionar e isso tornaria o
conceito de forma significante tão lato que qualquer coisa - desde uma casa até uma
escova de dentes- teoria forma significante.

2.2 Teorias não essencialistas


Para os defensores deste tipo de abordagem, dada a natureza dinâmica, criativa e
inovadora do fenómeno artístico, nunca se poderá determinar um conjunto de
propriedades intrínsecas comuns a toda a obra de arte

Deve focar-se nos aspetos relacionais, processuais e contextuais que envolvem a obra de
arte.

Não há uma essência comum à obra de arte.

Os não-essencialistas - admitem que a arte possa ter as mais variadas funções: alargar o
conhecimento, exprimir e explorar emoções, proporcionar experiências compensadoras,
divertir, proporcionar prazer, ajudar-nos a ser pessoas melhores, comunicar ideias,
criticar a sociedade, transformar o mundo, criar coisas belas, valorizar as nossas vidas,
ajudar-nos a suportar os males do mundo.

- o que torna inútil procurar nos objetos de arte características permanentes e comuns
supostamente associadas a funções tão diferentes.

- Uma mesma obra de arte, consideram os não-essencialistas, pode servir diferentes


funções, adquirir diferentes significados, admitir diferentes interpretações ou exprimir
sentimentos diferentes, consoante o contexto em que ela é produzida ou apreciada.

2.2.1 Teoria institucional


Morriz Weitz sustenta que o fracasso das teorias essencialistas da arte se explica pelo
facto de todas elas acreditarem que existe um conjunto de condições necessárias e
suficientes para a arte. Assim sendo, Weitz rejeita qualquer definição essencialista, por
considerar que seria castrador para a criatividade dos artistas inclinar as propriedades
que as suas criações deveriam possuir para poderem ser consideradas obas de arte.

Danto analisa a obra Caixa de Brillo, e conclui que aquilo que distingue essa obra das
suas vulgares contrapartes do quotidiano não são as suas características formais nem
quaisquer outras características que lhe sejam intrínsecas, mas sim de esta se inserir no
contexto de uma prática social instituída. Em 1974, o filosofo George Dickie formula de
modo articulado a primeira teoria institucional da arte.

X é uma obra de arte, no sentido classificativo, se e só se:


i. X é um artefacto
ii. Se foi atribuído o estatuto de candidato a apreciação a um conjunto das suas
características por um ou mais representantes do mundo da arte.
Segundo esta definição existem duas condições para que algo seja arte. A primeira é a
artefactualidade, e a segunda condição imposta diz-nos que, para que um artefacto seja
considerado uma obra de arte, é necessário que alguém que atue em nome do mundo da
arte tenha atribuído o estatuto de candidato a apreciação a um conjunto de
características desse artefacto.

Objeções da teoria institucional


Objeção 1 – Muitos autores rejeitam esta teoria por ela parecer admitir demasiadas
coisas como obras de arte. O defensor da teoria institucional vê-se assim perante um
dilema difícil: ou aceita que um representante do mundo da arte pode fazer tal
atribuição, ou considera que ele nunca a faria, pois existem razões que justificam as
atribuições de estatuto.

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A primeira opção faz da arte algo completamente arbitrário e infundado, e a segunda


opção considera que existem razões subjacentes às atribuições de estatuto.

Objeção 2 - Uma vez que aparentemente não existe qualquer critério estabelecido para
que se faça parte do mundo da arte ou para que um artefacto se qualifique como
candidato à apreciação, a prática artística não se assemelha de todo a uma instituição
social.

Objeção 3 - A teoria institucional da arte é, por vezes, criticada por ser elitista e
antidemocrática, visto que confere poderes especiais a um círculo fechado de indivíduos
que têm o poder de transformar em arte tudo o que consideram digno de ser apresentado
como candidato à apreciação.

Objeção 4 – Se a teoria institucional for verdadeira, deixa de ser possível falar de arte
primitiva, pois é improvável que existisse algo que se assemelhe ao mundo da arte
quando os homens das cavernas fizeram as primeiras pinturas rupestres. Além disso, a
ideia de um artista solitário, que vive e cria à margem da sociedade, torna-se utópica à
luz desta teoria.

Objeção 5 – A teoria institucional é criticada por ser viciosamente circular: para saber o
que é uma obra de arte, temos de saber o que é o mundo da arte e, para saber o que é o
mundo da arte, temos de saber o que são obras de arte.

2.2.2 Teoria histórica


A Teoria Histórica da Arte Defendida por Jerrold Levinson, a teoria histórica é uma das
mais influentes nos últimos anos. Para ele a essência da arte não está nas características
visíveis das obras, mas no carater histórico ou retrospetivo. A teoria tem como ponto de
partida a critica à teoria institucional da arte. Tal como a teoria institucional, a teoria
histórica procura definir arte apelando a propriedades extrínsecas e
relacionais/contextuais. Apesar disto, Levinson procurou desenvolver uma teoria que
possibilitasse a existência de arte solitária, fora do contexto institucional.

A definição apresentada por Levinson foi a seguinte:

Algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre isso tem a
intenção séria de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente
encarados outros objetos abrangidos pelo conceito de “obra de arte”.

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Para Levinson, para algo ser considerado arte é preciso ter em conta a história da arte.

O artista não tem de ter consciência de que a sua intenção tem bons precedentes na
história da arte, basta que eles existam, ou seja, ele pode nem sequer ter noção do que
aquilo que produziu é uma obra de arte. Ele apenas tem de criar obras que sejam vistas
como obras no passado o foram, quer conheça, ou não, a história da arte. Atender à cor
e aos detalhes, ou olhar para a arte como algo que nos provoca prazer, são algumas das
formas de olhar para as obras de arte, segundo este filósofo. É preciso ter em atenção
que algumas obras de arte podem ter sido encaradas de uma forma errada, e deviam
antes ter sido analisadas de outra maneira. Por isso, para que um objeto seja uma obra
de arte não é suficiente que este seja encarado como certas obras de arte o foram no
passado, mas sim como algumas obras de arte foram corretamente examinadas
anteriormente.

O artista não pode transformar em arte objetos que não lhe pertençam ou que não esteja
autorizado a agir pelos seus proprietários.

Objeções da teoria histórica

Objeção à condição necessária que se refere ao direito de propriedade: Os artistas


podem não ter o direito de propriedade sobre algumas obras. Exemplos: Os garffiters
que fazem criações artísticas em fachadas, muros … que não lhes pertencem; artistas
que criam as suas obras com materiais que não são seus.

Objeção à condição necessária da intencionalidade: Há obras de arte que não foram


criadas com a intenção não passageira de que fossem encaradas como as obras de arte
precedentes.
Exemplos: O caso de Kafka que não teve a intenção de que as sua obras “O Processo” e
“O castelo fossem perspetivadas como obras de arte, tendo pedido a sua destruição,
depois da sua morte.

Esta teoria não explica a razão por que a primeira obra de arte é considerada arte.

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3. Conclusão
Com a realização deste trabalho e com a abordagem a este tema conseguimos aprender
mais acerca das teorias essencialista e não-essencialista. Abordamos duas teorias
essencialistas da arte, a teoria formalista da arte e a teoria expressivista da arte e
também duas teorias não-essencialistas, a teoria institucional e a teoria histórica da arte.
Falamos superficialmente sobre cada uma e vimos as objeções de cada uma delas. Além
disso, ficamos a perceber com este trabalho que apesar de conhecermos a arte e a arte já
estar incutida em nós nunca a abordamos desta maneira.

4. Webgrafia/ Bibliografia
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/2020/04/o-que-e-arte-teorias-nao-
essencialistas.html
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/2020/03/as-teorias-essencialistas-
definicoes.html
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23667/1/Arte%20em
%20Teoria.pdf
https://criticanarede.com/est_tarte.html
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