Navegantes Bandeirantes Diploma - Synesio Sampaio Goes Filho
Navegantes Bandeirantes Diploma - Synesio Sampaio Goes Filho
Navegantes Bandeirantes Diploma - Synesio Sampaio Goes Filho
Presidente:
Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima
Site: www.funag.gov.br
E-mail: [email protected]
Equipe Técnica:
Eliane Miranda Paiva
Navegantes,
bandeirantes, diplomatas
Um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil
Brasília – 2015
Apresentação
Lista de mapas
Prefácio
Arno Wehling
Introdução
Uma visão de conjunto
Primeira parte
A DESCOBERTA DO CONTINENTE
Capítulo I
Viagens de Colombo
1.1 Gênova e o Mediterrâneo
1.2 Portugal e o Atlântico
1.3 A empresa das Índias
1.4 A viagem descobridora
1.5 Outras viagens
1.6 O mundo de Colombo
Capítulo II
O Tratado de Tordesilhas
2.1 Rivalidades ibéricas
2.2 Negociações
2.3 A fronteira indemarcável
Capítulo III
Relatos de Vespúcio
3.1 Espanhóis na costa norte
3.2 O enigma das cartas
3.3 Uma decifração
3.4 “América, de Américo...”
Capítulo IV
Cabral e o Brasil
4.1 Navegações portuguesas
4.2 O descobridor e o escrivão
4.3 Prioridade, intencionalidade, descobrimento
Segunda parte
A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Capítulo V
Bandeirismo: a superação de Tordesilhas
5.1 Entradas ou bandeiras?
5.2 Focalizando o movimento
5.3 Controvérsias
5.4 Histórias
5.5 A visão ortodoxa
5.6 A dimensão política
5.7 Julgamentos
Capítulo VI
Rio da Prata: a fronteira desejada
6.1 Portugueses e espanhóis na boca do Prata
6.2 A colônia da discórdia
Capítulo VII
Rio Amazonas: a fronteira conquistada
7.1 A descida de Francisco de Orellana
7.2 A subida de Pedro Teixeira
7.3 Povoamento
Capítulo VIII
Monções: a ocupação do Oeste
8.1 As monções cuiabanas
8.2 Conflitos de soberania
8.3 As monções do norte
Terceira parte
AS NEGOCIAÇÕES DOS LIMITES TERRESTRES
Capítulo IX
O mapa da Colônia
9.1 Madri: um acordo favorável a Portugal?
9.2 O desconhecido revelado
9.3 Madri: ocupação e transação
9.4 Alexandre de Gusmão
9.5 Ideias criativas
9.6 Madri: negociações
9.7 O Tratado de Santo Ildefonso
9.8 A incorporação dos Sete Povos
Capítulo X
As fronteiras do Império
10.1 Incertezas amazônicas
10.2 O uti possidetis
10.3 Duarte da Ponte Ribeiro
10.4 O tratado de 1851 com o Peru
10.5 O tratado de 1859 com a Venezuela; negociações com a Colômbia
10.6 O tratado de 1867 com a Bolívia
10.7 Buenos Aires: o Vice-Reinado e as províncias desunidas
10.8 A Banda Oriental; a Cisplatina; o Uruguai e as fronteiras de 1851
10.9 Limites e guerra: Uruguai − 1864
10.10 Guerra e limites: Paraguai − 1864-1870
Capítulo XI
O Barão da República
11.1 Rio Branco: a obra de uma vida
11.2 A Questão de Palmas (1895)
11.3 A Questão do Amapá (1900)
11.4 A Questão do Pirara (1904)
11.5 O Acre (1903)
11.6 O tratado de 1904 com o Equador e o de 1907com a Colômbia
11.7 O tratado de 1909 com o Peru
11.8 O tratado de 1909 com o Uruguai
Conclusão
Uma história que deu certo
Referências bibliográficas
APÊNDICE
Mapas
Lista de mapas
Mapa 1
Geografia real e imaginária
Mapa 2
Divisões do “mar oceano”
Mapa 3
Viagens de Vespúcio
Mapa 4
Viagens portuguesas
Mapa 5
Algumas bandeiras
Mapa 6
A ilha Brasil na carta de João Teixeira Albernaz (1640)
Mapa 7
A rota das monções cuiabanas
Mapa 8
O Mapa das Cortes
Mapa 9
Variações da fronteira sul
Mapa 10
Limites do Paraguai
Mapa 11
O arbitramento de 1895
Mapa 12
O arbitramento de 1900
Mapa 13
O arbitramento de 1904
Mapa 14
Limites do Acre
Mapa 15
A fronteira noroeste
Mapa 16
A “expansão” do Brasil
Prefácio
Arno Wehling
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Dezembro de 1999.
Introdução
Uma visão de conjunto
Não era mesmo para ser Portugal. Outra nação teria a glória de
patrocinar a descoberta da América, quando Portugal tinha tudo
para fazê-lo: um rei poderoso e interessado em descobertas,
capitães e marinheiros habilitados, caravelas aprestadas e, o que
modernamente se valoriza muito, estruturas comerciais eficientes e
prontas a financiar viagens com possibilidades de lucro. Não era
para ser então, em 1484, nem quatro anos depois, quando,
contrariando o provérbio, pela segunda vez Colombo bateu em sua
porta. Na Espanha, já cansado de demoras e negaças, o navegador
recebeu uma carta de D. João II na qual o soberano lhe dava o
tratamento honroso de “nosso especial amigo” e se propunha agora
a utilizar sua “indústria e bom engenho”28. Os historiadores divergem
se Cristóvão Colombo regressou pessoalmente ou se foi Bartolomeu
quem nessa ocasião renovou as tratativas. De qualquer forma, não
deram certo. Por quê, não se sabe. Existe, entretanto, uma
coincidência que bem pode explicar o novo impasse: um dos irmãos
estava em Lisboa, em dezembro de 1488, negociando o acordo
para a viagem, quando aportou no Tejo a caravela de Bartolomeu
Dias, já considerada perdida por muitos − estava havia mais de
dezesseis meses no mar −, com a notícia de que a África era
contornável, que pelo cabo da Boa Esperança se poderiam atingir
as Índias. Tudo indicava que era dos portugueses, não de Colombo,
a opção correta; não havia por que continuar negociando.
Dias depois, por causas não muito claras, nas quais o nave-
gante veria de novo a mão da Providência, os reis, contrariando
pareceres, resolveram concordar com a proposta. Segundo a
tradição, perpetuada em gravuras de livros populares, Colombo, que
já havia partido de Santa Fé, onde estavam os peripatéticos
Fernando e Isabel, foi alcançado por um mensageiro quando,
tristemente montado em seu burrico, atravessava a ponte de Pinos,
longe uns seis quilômetros. Não demora em assinar as chamadas
“Capitulaciones de Santa Fé”, pelas quais os reis lhe proporcionavam
navios, tripulações e o faziam − o que alguns autores indicam como
ponto delicado da negociação − Almirante Maior do Mar Oceano,
Vice-Rei e Governador-Geral das terras que descobrisse. Granada
acabava de ser conquistada aos mouros em janeiro, completando
afinal a liberação da península, mas os recursos da Coroa estavam
exauridos. A versão mais divulgada diz que foi a rainha quem
financiou, com a venda de joias pessoais, a grande viagem;
historiadores mais próximos das fontes, sem negar a possibilidade
do gesto, veem em Santangel o motor tanto das capitulações como
do esquema financeiro da viagem.
Não era o único, entretanto, que não tinha ideias claras sobre
onde encaixar no globo as terras cujas descobertas iam-se
sucedendo. Durante vários anos, conviveram a noção correta de
que as ilhas e a terra firme descobertas por Colombo e outros
navegadores eram parte de um novo continente, situado entre a
Europa e a Ásia, e a noção errada de que essas terras eram
asiáticas.
Em 1493, estando El-Rei no lugar de Vale do Paraíso [...] a seis de Março, arribou
ao Restelo em Lisboa, Cristóvão Colombo, italiano, que vinha do descobrimento
das ilhas de Cipango e Antilha, que por mandato dos Reis de Castela tinha feito, da
qual terra trazia consigo as primeiras mostras de gente, ouro e algumas coisas que
nelas havia. E sendo El-Rei logo avisado, o mandou ir ante si e [...] [afirmou] que o
dito [descobrimento] era feito dentro dos mares e termos de seu senhorio da Guiné
[...] [o] Almirante, por ser de condição um pouco alevantado e no recontamento das
suas coisas excedia sempre os termos da verdade, fez esta coisa em ouro e prata e
riquezas muito maior do que era [...] E conquanto El-Rei foi cometido
[aconselhado] que houvesse por bem de ali o matarem, porque com sua morte o
prosseguimento desta empresa [...] dos Reis de Castela, por falecimento do
descobridor, se acabaria; e que se poderia fazer sem suspeita do seu consentimento
[...] Mas El-Rei, como era príncipe muito temente a Deus, não somente o defendeu,
mas antes lhe fez honra e mercê [...]54.
Nesse ano de 1493, não era mais privilegiada, como tinha sido
em passado recente (pontificados de Sisto IV e Inocêncio VIII), a
situação de Portugal na Santa Sé, que, no início da Idade Moderna,
ainda conservava o papel de árbitro, de que desfrutara entre os
povos da Europa medieval. Desde o ano anterior, era Papa, sob o
nome de Alexandre VI, o cardeal aragonês Rodrigo Bórgia, muito
mais conhecido pelo desregramento de sua conduta privada e pela
má fama de seus filhos Lucrécia e César (o modelo principal de O
príncipe, de Maquiavel) do que pelas virtudes de arguto
administrador dos Estados Pontifícios, apenas recentemente
admitidas.
2.2 Negociações
Embora favorecida pelas bulas de Alexandre VI, a Espanha,
com sérios problemas na Itália e apenas recentemente unificada,
não queria correr os riscos de uma nova guerra com Portugal.
Resolveu transigir com o adversário tradicional e chegou a um
acordo que a deixava em posição menos vantajosa do que aquela
prevista pela bula da partição. As negociações foram completadas
em 7 de junho de 1494, na cidade de Tordesilhas, e o tratado, que
tinha o título pomposo de “Capitulação da Partição do Mar Oceano”,
acabou sendo conhecido pelo nome desse burgo fronteiriço de
tantas tradições na turbulenta história de Castela. Ratificado pela
Santa Sé em 1506, pela bula Ea quae pro bono pacis, seu parágrafo
essencial dividia as possessões ibéricas no Atlântico pelo meridiano
que passa 370 léguas a oeste do arquipélago do Cabo Verde: as
terras a leste seriam de Portugal; a oeste, da Espanha.
São gente limpa e asseada dos seus corpos, por tanto continuarem a se lavar como
fazem; quando descarregam com respeito o ventre, fazem tudo para não serem
vistos [...] No fazer água são outro-tanto porcos e sem vergonha; porque estando
falando conosco, sem se volverem, ou se envergonharem deixam sair tal fealdade,
que nisso têm vergonha alguma75.
usam guerra [...] com gente que não é da sua língua muito cruelmente, sem
perdoarem a vida a ninguém senão para maior pena [...] não têm capitão algum,
nem vão com ordem, que cada um é senhor de si; e a causa das suas guerras não é a
cupidez de reinar, nem de alargar fronteiras suas, nem por cobiça desordenada,
senão por uma antiga inimizade, que pelos tempos passados entre eles houve79.
Agora, estas partes da Terra [Europa, África, Ásia] têm sido mais extensamente
exploradas e uma quarta parte foi descoberta por Américo Vespúcio [...] como tanto
a Europa como a Ásia receberam seus nomes de mulheres, eu não vejo por que
alguém objetaria com justiça chamar-se esta parte de Amerige [do grego “ge”,
terra], isto é, terra de Américo, ou América, de Américo, seu descobridor, um
homem de grande habilidade90.
Nenhum navegante na História teve que ir tão longe sem comida e água fresca,
sem tocar em terra seca. Ao cruzar o Pacífico desconhecido, Magalhães e seus
homens contribuíram mais para o conhecimento da geografia universal do que
quaisquer outros navegantes anteriores94.
Capítulo IV
Cabral e o Brasil
A face do homem branco aparecia pela primeira vez no seio dessas regiões
misteriosas; e esse homem era o portuguez, que com audácia igual se aventurara,
primeiro ao mar incógnito, agora aos sertões bravios. (Oliveira Martins, O Brasil e
as Colônias Portuguesas.)
Pequenas expedições de um, dois e raramente mais navios, enviadas pelo infante ou
pelo rei, largavam do Algarve ou do Tejo para descobrir, isto é, para obterem
informações sobre o que dantes era desconhecido. Registravam observações
geográficas e recolhiam informes sobre os recursos das regiões novas. Procuravam o
ouro, que, segundo se dizia, existia em pontos ignorados da África. A partir de
1441, foram porém os escravos negros que passaram a constituir a principal
riqueza resgatada pelos portugueses no litoral africano98.
Pelo sertão nos apareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos
não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela
até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal
ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...] As águas são
muitas e infindas [...] Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que
será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela
deve lançar. E que não houvesse mais ter aqui Vossa Alteza esta pousada para a
navegação de Calecute, isso bastava106.
5.3 Controvérsias
Uma primeira controvérsia sobre as bandeiras refere-se ao
período da União Ibérica (1580-1640), considerado por alguns
fundamental para o surgimento e desenvolvimento do bandeirismo e
para a consequente ocupação das terras extra-Tordesilhas. É
comum a ideia de que nesse período não havia fronteiras nas
Américas lusa e espanhola. Como diz Alfredo Ellis Jr.: “Os
moradores de ambas [...] regiões políticas não tinham [...] barreiras
para passar dos domínios espanhóis para os portugueses, pois
essas repartições políticas pertenciam a uma só nação”127. Na
opinião de Cassiano Ricardo, duas circunstâncias favoráveis teriam
então concorrido para estimular o bandeirismo: “a remoção do mito
jurídico [a linha de Tordesilhas], que era imobilizador, e a
exacerbação do mito do ouro [não havia obstáculos para se chegar
ao Eldorado], que era expansionista”128.
Certa vez viu sua bandeira detida no sertão de Vacaria, no sul de Mato Grosso, por
numerosa tropa espanhola. Intimou o chefe castelhano aos paulistas que
imediatamente deixassem aquelas terras que eram da coroa de seu soberano, o rei
católico [...] exigiu o espanhol que os intimados assinassem uma declaração de que
reconheciam os direitos do rei da Espanha, sobre aquele vasto território [...]
adiantou-se Pedro Leme a bradar que não assinaria de forma alguma tal papel
porque aquelas campanhas eram e sempre haviam sido de El Rei de Portugal, seu
senhor, e pelos paulistas seguidas e trilhadas todos os anos a conquistar bárbaros
gentios133.
5.4 Histórias
Apesar de boa parte da expansão geográfica do Brasil ter-se
feito em torno das bandeiras, esse movimento, o “único aspecto
original de nossa história”, segundo Euclides da Cunha135, produziu
pouquíssima historiografia até a década de 1920. Duas razões
principais explicam essa situação. Em primeiro lugar, os
bandeirantes não documentavam suas viagens, nem escreviam
memórias; esporadicamente faziam testamentos, às vezes em pleno
sertão, à beira da morte “de uma frechada que lhe penetrou o
vazio”136, como diz em várias passagens Pedro Taques. Depois, por
serem em geral obscuras jornadas de mamelucos, não podiam as
bandeiras atrair a historiografia oficial do período colonial, de
tendência áulica e sempre “demasiada encantada com os aspectos
externos da defesa de Portugal, na América, contra a Holanda”137,
lembra José Honório Rodrigues. A situação não mudou muito no
período imperial, como se vê na obra daquele que é considerado o
maior historiador da nacionalidade, Varnhagen, em que o tema não
merece estudo mais profundo. “A visão do mundo de Varnhagen é
política” − explica um crítico contemporâneo −, “revela a
preocupação dominante na classe social dirigente do nosso país,
durante o século XIX”138. Desse ponto de vista que privilegia a ação
dos governantes, oriundos das classes altas, não há muito espaço
para ações de cidadãos comuns, mestiços e indígenas, em sua
maioria.
refletia entre nós um movimento renovador, cujo centro de eclosão foi a Alemanha
[...] Esse movimento veio liquidar o conceito restrito da história, ligado ao sucesso
político e administrativo. O campo da história é muito mais amplo. Abrange toda a
forma de cultura142.
A obra das bandeiras paulistas não pode ser bem compreendida em toda a sua
extensão, se a não destacarmos um pouco do esforço português, como um
empreendimento que encontra em si mesmo sua explicação, embora ainda não ouse
desfazer-se de seus vínculos com a metrópole europeia, e que, desafiando todas as
leis e todos os perigos, vai dar ao Brasil sua atual silhueta geográfica158.
Vão os adolescentes. Vão também os velhos. Cerca de noventa anos tem Manuel
Preto ao morrer de uma flechada em plena floresta. Sessenta e seis, o Governador
Fernão Dias Paes Leme, ao iniciar a jornada das esmeraldas, rematada pela morte
no arraial de Sumidouro, sete anos depois. Não se cansam jamais: vinte e quatro
vezes Manuel Campos Bicudo se interna no sertão159.
Seria errado [...] supor que todas as bandeiras e todos os bandeirantes obedecessem
estritamente a objetivos econômicos, sem a menor consciência da política e das
realizações geográficas que a expansão das bandeiras entranhava. Houve também,
ora anterior ora conjuntamente com os ciclos da caça aos índios e da busca do ouro,
aquilo que poderíamos chamar uma política de realização da ilha-Brasil [...]165.
Contam os índios versados no sertão que, bem no meio dele, são vistos darem-se as
mãos estes dois rios [o Prata e o Tocantins] em uma lagoa famosa ou lago fundo de
águas que se ajuntam das vertentes das grandes serras do Chile e Peru, e demora
sobre as cabeceiras do rio que chamam São Francisco, que vem desembocar ao mar
em altura de dez graus e um quarto; e que desta grande lagoa se formam os braços
daqueles grossos corpos [...] que [...] abarcam e torneiam todo o sertão do Brasil
[...] Verdade é que, com mais larga volta, se avistam mais ao interior da terra [o
Prata e o Amazonas], encontrando não águas com águas, mas avistando-se tanto
ao perto que distam somente duas pequenas léguas, donde com facilidade os que
navegam corrente acima de um destes rios, levando as canoas às costas naquela
distância entreposta, tornam a navegar corrente abaixo do outro: é esta a volta,
com que abarcam estes dois grandes rios duas mil léguas de circuito170.
É certo, pois, que se pode ver uma ilha Brasil em vários mapas
antigos; é certo que o Governo português procurou ocupá-la com
ações diretas, no Prata e no Amazonas e, em alguns períodos,
apoiou os bandeirantes no oeste (como em Mato Grosso, nas
décadas anteriores ao Tratado de Madri, de 1750). Não está
provado, entretanto, que as bandeiras paulistas, ou mesmo algumas
delas, tivessem, além de suas finalidades reconhecidas da caça ao
índio e da procura de metais preciosos, o objetivo de conquistar
territórios para Portugal. Motivação política, portanto, não; o que não
quer dizer que as bandeiras não tenham tido imensas
consequências políticas.
5.7 Julgamentos
Conhecedor de todas as fontes, porém mais humanista que
nacionalista, Capistrano de Abreu aceitou julgamentos sobre os
bandeirantes contidos nas obras dos jesuítas espanhóis. Sua gene-
rosa simpatia pelos índios igualmente deve ter contribuído para a
dúvida moral que expressa sobre algumas proezas bandeirantes, da
fase do apresamento de indígenas, em conhecida passagem:
“Compensará tais horrores a consideração de que por favor dos
bandeirantes pertencem agora ao Brasil as terras devastadas?”173.
7.3 Povoamento
Assegurados alguns pontos básicos da bacia amazônica,
percebeu a metrópole que teria dificuldades em ocupá-la sem a
ajuda da Igreja: “desde os primeiros tempos, verificada a existência
de multidões infinitas de tabas indígenas, das mais variadas
famílias, o que permitiu a impressão de que se estava numa nova
Babel, apelou o Estado para a cooperação das Ordens
Religiosas”195. E, assim, a partir de 1657, quando jesuítas fundaram
seu primeiro estabelecimento do rio Negro, foram os religiosos
criando missões nas margens de vários rios da bacia do Amazonas.
Principalmente jesuítas, mas também franciscanos, carmelitas,
capuchinhos e mercedários.
Mais árdua ainda era a vida dos índios depois da chegada dos
brancos: “Os paiaguás resistiram ferozmente e foram mortos a tiros;
os parecis eram muito dóceis e maleáveis e foram escravizados. Os
bororós, que viviam a este de Cuiabá, tentaram uma política
diferente [...] alguns [...] recuaram profundamente na floresta [...]
outros decidiram aliar-se aos portugueses”206. Mas os Bororo
também não viveram muito como nação, após a morte do segundo
Pires de Campos, em 1751, sofrida por eles como a de um grande
chefe legítimo. Só a fuga para o mato permitia a sobrevivência de
grupos diminutos e espaçados...
Na verdade, uma invasão bem executada teria provavelmente sido bem sucedida,
porque as comunidades de Cuiabá e Vila Bela, distantes dos principais centros
portugueses de poder, não eram tão populosas, ricas e bem defendidas, nem tão
agressivas como os relatórios espanhóis sugeriam210.
a) Amazônia
Tirante o Prata, uma história à parte, o império colonial
espanhol na América do Sul estava centralizado em Lima, sede do
Vice-Reinado do Peru. Outros centros de importância, como Quito,
Bogotá e Chuquisaca (hoje Sucre), estavam situados nos Andes,
em alturas entre 2.500 e 4 mil metros. Fundada por Francisco
Pizarro, em 1530, Lima era o principal porto de saída das riquezas
minerais que os espanhóis descobriram na sierra, logo nos primeiros
contatos com os incas, uma típica civilização das montanhas, cujo
foco de irradiação era Cuzco. As comunicações com a metrópole
eram muito demoradas, inclusive porque a linha central Lima-
Sevilha incluía o transbordo terrestre pelo Panamá.
b) Centro-Oeste
Aqui a situação foi diferente: houve alguma resistência à
ocupação portuguesa. Os espanhóis estavam mais perto, no
Paraguai, e especialmente nas missões jesuíticas. Em 1614,
ocorreram os primeiros choques entre as frentes bandeirantes e as
missões situadas ao sul da região que estamos estudando, no
Guairá (oeste do Paraná) e, depois, no Uruguai (às margens do rio
do mesmo nome) e em Tapes (no centro do Rio Grande do Sul).
Mais de cem anos depois, com a descoberta de ouro em Cuiabá
(1719) e no Guaporé (1736), os enfrentamentos se davam perto de
onde estavam as missões de Chiquitos (junto a Mato Grosso do Sul)
e de Moxos (junto a Mato Grosso).
A linha divisória é [...] considerada, como um todo, uma linha razoavelmente natural, em
correspondência com a configuração da superfície. No sul quase coincide com os limites
entre a montanha brasileira e a planície platina; no norte, com os divisores principais do
Amazonas, Orinoco e rios guianenses. No oeste não alcança a raia entre a planura
brasileira e o cinto montanhoso do Pacífico, ficando na bacia amazônica. Todavia,
também aí, dada sua frequente ligação com obstáculos fluviais, não desprende da
natureza. Pode-se, sem grande inexatidão, dizer que ela se aproxima geralmente da
divisória continental da circulação fluvial260.
O Tratado de 1777 foi roto anulado pela guerra superveniente em 1801, entre
Portugal e Espanha, e assim ficou para sempre, não sendo restaurado pelo Tratado
de Paz assinado em Badajoz aos 6 dias de junho do mesmo ano. A Espanha
conservou a praça de Olivença, que tinha conquistado pelo direito da guerra, e
Portugal, todo o território pertencente à Espanha, que, em virtude do mesmo
direito, ocupara na América. É, pois, incontestável que nem mesmo a Espanha ou
Portugal poderiam hoje invocar o Tratado de 1777, porque contra semelhante
pretensão protestaria a evidência do direito internacional. O Governo de S. M. o
Imperador do Brasil, reconhecendo a falta de direito escrito para a demarcação de
suas raias com os Estados vizinhos, tem adotado e proposto as únicas bases
razoáveis equitativas que podem ser invocadas: o uti possidetis onde esse existe e
as estipulações do Tratado de 1777, onde elas se conformam ou não vão de
encontro às possessões atuais de uma e outra parte contratante. Estes princípios
têm por si o assenso da razão e da justiça e estão consagrados no direito público
universal. Rejeitados eles, o único elemento regulador seria a conveniência e a força
de cada nação278.
Não faltará quem deseje os oito contos que me dá o Governo Imperial, mas eu os
daria de boa vontade para ver-me hoje nessa corte, trabalhando na Secretaria,
desde 9 até às 3, e mesmo todo o dia. O aspecto montanhoso e árido deste país [...]
o silêncio sepulcral, a incerteza de conseguir o objeto a que vim, tudo concorre para
o mau humor de que estou atacado; e o pior é mostrar cara prazenteira aos que vêm
importunar-me com suas longas visitas290.
nada faltou na vida de homem público invulgar, toda ela dedicada ao serviço do
Brasil [...] nem mesmo a ingratidão [...] Até o dia 15 de abril de 1878, em
Petrópolis, havia trabalhado respondendo a consultas do Governo, quando lhe
chegou às mãos um Aviso do Ministro dos Negócios Estrangeiros comunicando-lhe
que mandara cessar o abono da gratificação anual [...] e convidando-o a recolher as
parcelas dessa importância que houvesse recebido até à data [...] Dentro de alguns
dias o Tesouro Nacional recebia de Ponte Ribeiro a restituição ordenada294.
Claro está que de acuerdo con los límites teóricos del tratado de San Ildefonso
(desde el punto de vista territorial) la convención suscrita por Herrera en el 51 fue
un desastre diplomático; pero hay que tener en cuenta que lo único a que le
interesaba al Perú en esa fecha no era la mayor o menor extension territorial sino
la libre navegación en el Amazonas, navegación que el tratado de San Ildefonso
concedía exclusivamente al Brasil. De modo pues que para conseguir el objeto y
llenar la necesidad esencial del Perú, en ese tiempo, era necesario dejar el tratado
de San Ildefonso y atender el uti possidetis de facto. A eso se debió el
reconocimiento de las posesiones brasileñas en el ângulo Yapurá-Amazonas. En
cuanto a la determinación de las fronteras a partir del Yavarí no fue error sino
prudencia el no pretender establecerla dada la falta de noticias exactas que se tenía
sobre la vasta región comprendida entre el Yavarí y el Rio Madera297.
[segue a fronteira] por este rio abaixo [o Solimões] até a boca mais ocidental do
Japurá que deságua na margem setentrional. Continuará a fronteira pelo meio do
rio Japurá, e por mais rios que a ele se juntam, e que mais se chegaram ao rumo do
norte, até encontrar o alto da cordilheira de montes que medeiam entre o Orinoco e
o das Amazonas ou Maranhão; e prosseguirá pelo cume desses montes para o
oriente, até onde estender o domínio entre uma e outra monarquia.
Baixará a linha pelas águas desses dois rios Guaporé e Mamoré, já unidos com o
nome de Madeira, até a paragem situada em igual distância do rio Maranhão ou
Amazonas e da boca do dito Mamoré; e desde aquela paragem continuará por uma
linha leste-oeste até encontrar com a margem oriental do rio Javari [...].
Los halagos del diplomático lusitano [trata-se de Felipe Lopez Neto, que condecora
o Presidente Melgarejo com a Grã Cruz do Cruzeiro do Sul, acontecimento
excepcional para a época, e, segundo versões bolivianas, teria dado presentes
valiosos a altas autoridades desse país] culminaron con la firma del Tratado de 27
de marzo de 1867, por el que Bolivia entregó al Brasil 150.000 km cuadrados de su
territorio y sesenta leguas navegables del rio Madera. La indignación nacional que
produjo la repartija festinatoria de la heredad patria, fué acallada por la fuerza de
las bayonetas. La aprobación 7 del Tratado de 1867, suscrito por López Netto y el
Ministro de Relaciones Exteriores, Donato Muñoz, estuvo matizada en el Congreso
con el destierro y la persecución de los parlamentarios opositores y con la
intimidación de los que concurrieron a la asamblea convocada al efecto. La extraña
y sorprendente cesión al Brasil, de extensas regiones del territorio nacional, es
atribuida a la irresponsabilidad de los colaboradores de Melgarejo y la ignorancia
de este. Se refiere que, cuando en presencia de los negociadores brasileños se
indicaban en un mapa las localidades que quedarían en poder del Brasil, Melgarejo,
al escuchar la palabra San Matías, reaccionó súbitamente expresando: “San
Matías no, ese lugar es boliviano, pues allí estuve confinado en 1828”. Si así se
evitó que esa región fuese transferida al Brasil, no faltaron quienes desearon que
Melgarejo, antes de ponerse a discutir los términos de ese acuerdo, hubiese estado
desterrado en el punto medio del recorrido del rio Madera, para impedir que la
soberanía boliviana quedase concretada al origen de este rio303.
“Esta [...] não foi favorável ao Brasil. Foi uma guerra impopular
que se arrastou até 1827”313, diz claramente o historiador brasileiro
contemporâneo Boris Fausto. A esquadra imperial não perdeu o
controle do Prata, é verdade, mas as operações de terra em geral
tiveram maus resultados. A resistência crescia na zona rural
uruguaia e, em Passo do Rosário (Ituzaingó), no Rio Grande do Sul,
em fevereiro de 1827, um exército invasor argentino-uruguaio
comandado por Alvear e Lavaleja derrota as tropas brasileiras
comandadas pelo Marquês de Barbacena. Houve outras batalhas
menos expressivas, algumas derrotas, algumas vitórias.
A partir dos anos 70, mas agora do século XX, por influência do
marxismo, ou pelo menos de visões anti-imperialistas da história,
começaram a aparecer livros, como o do argentino Leon Pommer, A
Guerra do Paraguai, um grande negócio, e o do brasileiro Júlio José
Chiavenato, Genocídio americano, que tendem a ver o conflito como
um choque entre uma república que se fechara para preservar sua
independência e as forças do imperialismo inglês, as quais, por
meio do Brasil e da Argentina, queriam abrir um novo mercado. Na
verdade, como explica o historiador inglês especializado em
América Latina Leslie Bethel, “não há qualquer evidência de que o
modelo econômico paraguaio (modificado por Carlos Antonio López
na década de 1850) era incompatível com os interesses
britânicos”322. Bem melhor do que esses livros é o recente (2002)
Maldita guerra, de Francisco Dorattioto, que, apoiado em vasta
documentação, do Brasil e também do Paraguai, apresenta uma
visão moderna e equilibrada do maior conflito bélico da América do
Sul e descarta por completo a ideia − igualmente posta em
circulação nas últimas décadas − de um subimperialismo brasileiro
interessado em ampliar ainda mais suas fronteiras, às custas da
isolada e aguerrida nação paraguaia.
Foi Cônsul ali durante 24 anos e, depois, nos dois últimos antes
de voltar ao Brasil, Ministro em Berlim (Embaixador, diríamos hoje).
Em verdade, viveu a maior parte de seus anos de exterior em Paris,
onde instalou sua família. Cumpria com seus deveres consulares,
mas todas as horas livres eram dedicadas ao estudo do Brasil, fiel
ao lema que adotara na mocidade: “Ubique patriae memor” (em toda
parte a lembrança da pátria). A vocação, aliás, começara cedo, pois
aos 23 anos já era professor de História do Brasil no prestigioso
Colégio Pedro II.
Estudou nossa História, nossa Geografia, os homens e as
circunstâncias que marcaram a vida nacional não só nos melhores
livros de então − sobre o Brasil, no século XIX, que já foi chamado o
século da história, publicaram-se os livros do inglês Southey, do
alemão Handelmann e de nosso Varnhagen −, mas também em
obras raras, em todos os manuscritos e mapas que encontrasse nas
bibliotecas europeias, principalmente nas de Paris e de Londres. Em
1891, começou a escrever para o Jornal do Brasil, nesse ano fundado
por seu amigo, o Conselheiro Rodolfo Dantas, as “Efemérides
Brasileiras”, isto é, pequenos artigos sobre fatos históricos ocorridos
no dia da publicação, em anos anteriores. E, já antes de deixar o
Brasil, anotava com grande conhecimento de causa a História da
Guerra da Tríplice Aliança, do alemão Schneider. Não foi sem razão
que adquiriu a fama entre seus amigos de ser o brasileiro que mais
conhecia seu país: “O que o Barão do Rio Branco sabe sobre o
Brasil é uma coisa vertiginosa”324, diz, por exemplo, Eduardo Prado.
Apesar dos bons estudos que existem sobre Rio Branco, que
analisam bem sua obra, o grande texto sobre os assuntos de que
tratou são seus próprios escritos, documentos concebidos e
redigidos exclusivamente por ele, sem o concurso de assessores.
Nítidos e desataviados, desenvolvem uma argumentação
irretorquível. Por isso, pode-se dizer que a vida intelectual de Rio
Branco está concentrada em seus trabalhos como advogado do
Brasil e Ministro das Relações Exteriores.
Subirá [a linha divisória] desde a boca do Ibicuí pelo alveo do Uruguay, até
encontrar o do rio Peperi ou Pequirí, que deságua na margem Occidental do
Uruguay; e continuará pelo alveo do Peperi acima, até a sua origem principal;
desde a qual prosseguirá pelo mais alto do terreno até a cabeceira principal do rio
mais vizinho, que desemboque no Rio Grande de Curitiba, por outro nome
chamado Iguaçu. Pelo alveo do dito rio mais vizinho da origem do Peperi, e depois
pelo do Iguaçu, ou Rio Grande de Curitiba, continuará a raya até onde o mesmo
Iguaçu desemboca na margem oriental do Paraná [...].
[...] a linha divisória seguirá águas acima do dito Peperi-Guaçu até a sua origem
principal; e desde esta pelo mais alto do terreno continuará a encontrar as
correntes do rio Santo Antônio que desemboca no grande de Curitiba, por outro
nome chamado Iguaçu, seguindo este águas abaixo [...].
A preocupação de que o apuro do tempo me não deixar lugar para dizer tudo
quanto era preciso, levou-me a ir acumulando na primeira parte os argumentos
mais fortes e decisivos e a ir, desde o princípio, refutando e eliminando as alegações
dos nossos contrários. A exposição saiu assim mal equilibrada: bastante
desenvolvida e carregada na primeira parte (tratado de 1750 e primeira
demarcação); resumida demais na segunda (tratado de 1777 e segunda
demarcação); incompleta e descosida na terceira [reduções jesuíticas do território
de Misiones], sobre que eu tinha, aliás, estudos originais e um precioso material;
deficiente e frouxa na parte final [descoberta e ocupação pelos brasileiros do
território contestado], que, segundo as boas regras, deveria ser a mais vigorosa336.
o que impressiona, à primeira leitura [da memória sobre o Pirara] não são as
inúmeras citações de vetustos papéis desentranhados de bibliotecas e arquivos,
nem as páginas crespas de erudição, nem os veneráveis textos diplomáticos
trazidos à colação, nem mesmo a monumental documentação cartográfica que as
acompanha, mas a escrupulosa interpretação dos documentos, o bom gosto da
exposição, toda uma série de qualidades de clareza, harmonia, elegância e ordem
que se acreditaria incompatíveis com a austeridade de redação de arrazoados
concernentes a questões de fronteiras342.
ele [o árbitro] encontraria nas negociações diplomáticas outras linhas fluviais que
teriam permitido uma divisão mais igualitária, notadamente aquela que em 1898
Lord Salisbury havia proposto (16.790 km à Grã-Bretanha, 16.410 ao Brasil) [...]
Já que a Inglaterra havia ela própria aceitado esta linha em 1898, por que, na
ausência de um direito certo, descartá-la? E, para retornar ao princípio, não é um
dever do aimable compositeur de aproximar sua transação tanto quanto possível
da melhor entre aquelas que anteriormente foram, de modo espontâneo, aceitas
pelas partes?346
La pacificación no fué del agrado del Gobierno brasileño, el que alentó una segunda
rebelión encabezada, esta vez, por Plácido de Castro, en agosto de 1902. Entonces
el Brasil actuó desembozadamente enviando 8.000 soldados al Acre, rompió
relaciones diplomáticas con Bolivia, clausuró el tránsito del rio Amazonas y exigió
la rescisión del contrato con The Bolivian Syndicate [...] Inútiles resultaron las
propuesta del Gobierno boliviano − el Ejército brasileño se apoderó de las
localidades bolivianas y de Puerto Alonso [Porto Acre] el 2 de abril de 1903. A fin
de evitar la agravación del conflicto armado, Bolivia se vió obligada a suscribir
primero un Modus Vivendi y luego el Tratado de Petrópolis, de 17 de noviembre de
1903, por el cual resultó cediendo al Brasil todo aquel extenso y rico territorio, a
cambio de dos milliones esterlinas y de la construcción del ferrocarril desde el
puerto de San Antonio sobre el Madera, hasta Guyaramerín en el Mamoré [...]351.
Este ato internacional, sem a transcendência dos celebrados com a Bolívia e com o
Peru, tem um significado especial na história das lindes territoriais na América do
Sul: o de haver fixado uma linha de limites através de territórios disputados por
quatro nações diferentes: Venezuela, Colômbia, Equador e Peru355.
La acción de noble justicia que tuvo el valor de realizar Rio Branco [...] en 1909, en
momentos en que el Canciller argentino Zeballos proclama su tesis de “la costa
seca”, o en otras palabras, que la Argentina poseía soberanía sobre la totalidad del
Río de la Plata [...] Por iniciativa del Barón de Río Branco, el gobierno brasileño
cedió al Uruguay no sólo los derechos a navegar esas aguas [da lagoa Mirim e do rio
Jaguarão], sino la plena soberanía de una porción equitativa de las mismas, que
fueron divididas a través del criterio de la línea media, o el del thalweg, o por una
línea quebrada convencional, según los casos360.
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2 In: PEREIRA, Manoel Gomes (org.). Barão do Rio Branco: 100 anos de Memória. Brasília:
FUNAG, 2012, p. 620 a 650.
3 GOES FILHO, Synesio Sampaio. Alexandre de Gusmão: o Estadista que desenhou o mapa do
Brasil, in: PIMENTEL, José Vicente (org.). Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e
Agentes da Política Externa (1750-1964), p. 53 a 85. Brasília: FUNAG, 2013.
4 Caminha data sua carta da “Ilha de Vera Cruz”; D. Manuel fala a seus sogros, os reis católicos,
da “Terra de Santa Cruz”; mas, com o passar do tempo, foi o nome comercial “Brasil” que
predominou. Derivado de brasa, a cor do pau-brasil (há quem ache que provém de uma
velha palavra irlandesa que está na raiz de bless, benção), é também nome atribuído a
diferentes ilhas míticas do Atlântico, em vários mapas medievais.
5 HOLANDA, Sérgio Buarque de. O extremo oeste. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986, p. 26.
7 GOYCOCHÊA, Castilhos. Fronteiras e fronteiros. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1943,
p. 138.
8 Fronteiras, limites, raias, lindes, divisas são aqui considerados sinônimos; em trabalhos
técnicos, fronteira é faixa de terra – zona pioneira em vários casos – e os outros vocábulos,
linha divisória. As fronteiras são estabelecidas em tratados, riscadas em mapas de grandes
escalas e depois demarcadas por comissões binacionais no terreno. Em áreas não habitadas,
colocam-se primeiro alguns marcos em pontos especiais, posteriormente os marcos
intermediários (adensamento chama-se essa tarefa). O ideal é que de um marco se avistem os
dois mais próximos (intervisibilidade). As fronteiras são naturais (os especialistas falam em
arcifínios) quando ligadas a um acidente geográfico importante, como os rios e as
montanhas, ou artificiais, quando são linhas geodésicas (frequentemente um paralelo ou um
meridiano). O Brasil é um país de fronteiras em grande parte naturais, ao contrário de outros,
como os Estados Unidos, cuja longa fronteira com o Canadá é, em sua maior parte, um
paralelo. É útil também lembrar os conceitos de fronteiras viva e morta, isto é, habitada,
como a existente entre o Brasil e o Uruguai, e despovoada, a mais comum na região
amazônica, e de fronteira histórico-cultural, como a existente entre Portugal e Espanha, cuja
única justificativa é a história dos países que divide.
9 O mais antigo exemplar da biografia escrita por Fernando Colombo é uma edição italiana,
publicada em Veneza, em 1571. Dela provêm todas as traduções hoje existentes em várias
línguas, inclusive em espanhol.
10 Las Casas é um autor muito apreciado modernamente pela defesa que faz dos indígenas
tanto na Historia quanto na Brevísima relación de la destrucción de las Indias. Esta última obra
é específica sobre a brutalidade dos espanhóis com os locais e contém frases emblemáticas:
“En estas ovejas mansas [...] entraron los españoles, desde luego que las conocieran como lobos
y tigres y leones cruelísimos [...]”. No bispo de Chiapas, encontra-se a origem principal da
chamada “leyenda negra” da colonização espanhola, isto é, a visão da conquista através da
lente que focaliza primordialmente a violência dos “civilizados” para com os “bárbaros”,
provocada por sede de riqueza e arrogância cultural.
11 Na época de Colombo, houve pelo menos três corsários de sobrenomes iguais ao seu
(lembre-se de que é Columbus em latim e inglês, Colón em espanhol, Coulon ou Colomb em
francês e Colombo em italiano e português).
15 Gil Vicente, menino na época em que Colombo vivia em Portugal, para dar um só exemplo,
escreveu muitas de suas peças em espanhol.
16 O estudo definitivo sobre o idioma de Colombo foi feito por Menendez Pidal em La lengua
de Cristóbal Colón. Provou que Colombo, além de falar e escrever normalmente o espanhol,
conhecia bem o português. Sabia latim, pelo menos o suficiente para ler obras de seu
interesse, falava o dialeto genovês, que aprendeu na infância, e deveria compreender o
italiano de Florença, a “língua geral” entre os habitantes da península Itálica.
21 As notas que Colombo escreveu nas margens de seus livros – apostilas, dizem os
especialistas – já foram objeto de muitos estudos. Serviram para identificar o idioma que
usava e as ideias cosmográficas que tinha. Quase todas estão escritas em espanhol, poucas
em latim e apenas duas em italiano. Não se sabe exatamente as que foram manuscritas por
Cristóvão e as que o foram por seu irmão Diego, de letra muito parecida.
24 O nome Antilha, como tantos outros do Novo Mundo, é revelador da vontade que os
europeus tinham de ver lendas antigas em realidades novas. Derivaria de “Thule” (anti-Tule,
Antilha), como quer Pedro Calmon, ou simplesmente de ilha. As ilhas do mar Caribe (palavra
indígena que designava uma tribo, os caribes ou caraíbas, e da qual provém o vocábulo
“canibal”) agrupam-se basicamente no arquipélago das Antilhas e no arquipélago das
Bahamas.
26 Apud TAVIANI, Paolo Emilio. Christopher Columbus; the Great Design. Londres: Orbis, 1985,
p. 16.
30 MORISON, Samuel Eliot. The European Discovery of America – The Southern Voyages. New
York: Oxford University Press, 1974, p. 4.
34 Apud GRANZOTTO, Gianni. Christopher Columbus, the Dream and the Obsession. Glasgow:
William Collins Sous, 1985, p. 130.
36 GRANZOTTO, Gianni, op. cit., p. 139. Colombo foi acusado nos famosos “pleitos”, que
descrevem as divergências jurídicas que seu filho Diego e seu neto Luis tiveram com a Coroa
sobre a posse das terras descobertas, de ter recebido fraudulentamente o prêmio devido a
Rodrigo de Triana.
37 Durante muitos anos, chamou-se Watling e, em 1926, depois que Morison a identificou
como a primeira ilha avistada por Colombo, voltou a se chamar São Salvador. No passado,
outras autoridades identificaram como a primeira tocada por Colombo outras ilhas, como
Mayaguana (Varnhagen) e Grand Turk (Navarrete). Recentemente a National Geographic
Magazine, usando os mais modernos instrumentos para refazer a rota do navegante, chegou
à conclusão de que a ilha inicialmente descoberta na verdade é Samana Cai, bem próxima,
aliás, de São Salvador.
40 As frases citadas são de trechos do Diário de bordo, tal como publicado por Luis Arranz
Márquez.
41 MORISON, Samuel Eliot. The Great Explorers. Nova York: Oxford Press, 1986, p. 429.
42 Na terceira viagem, Colombo enviou três barcos diretamente às Antilhas e foi com três
outros mais para o sul, o que o levou a tocar a costa norte da América do Sul.
44 MORISON, Samuel Eliot. The European Discovery of America – The Southern Voyages. New
York: Oxford University Press, 1974, p. 155.
45 CORTESÃO, Jaime. Introdução à história das bandeiras. Lisboa: Portugalia Editora, 1964, p.
150. Lope de Aguirre é um personagem de biografia mal conhecida, mas que foi, desde os
tempos coloniais, considerado um exemplo extremado da violência de alguns
conquistadores. Em 1561, numa expedição pelas cabeceiras do rio Amazonas, lidera motins,
mata índios e todos os que se opunham a seus planos, inclusive o seu comandante, Pedro de
Ursua. Acaba preso pelas autoridades espanholas, o que é comum, e executado, o que é raro.
49 Os tempos históricos não começam nem terminam em um exato momento, mas é didático
adotar um fato como marco terminal de uma era e inicial de outra. No caso do fim da Idade
Média, a Queda de Constantinopla (1453), a Invenção da Imprensa (1455) e a Descoberta da
América (1492) são datas preferidas por muitos autores – juntas ou separadas.
50 Os mapas-múndi da Idade Média em geral tinham forma redonda (mapas de roda), na qual
o mar Mediterrâneo ocupava um “T” central, cercado por um “O”, de terras (por isso eram
também chamados mapas T.O.). Jerusalém quase sempre estava no núcleo. Em volta do “O”
havia, ainda, uma vaga faixa oceânica.
51 Apud TAVIANI, op. cit., p. 219. Colombo achava que esse “outro” mundo seria alguma grande
ilha junto da Ásia. Vespúcio, falando em “novo” mundo, teria sido o primeiro navegante a
afirmar que se tratava de uma parte desconhecida do orbe: a quarta.
54 Apud CORTESÃO, Jaime. Os descobrimentos portugueses. Lisboa: Livros Horizontes, 1981, vol.
IV, p. 944.
55 Id. História do Brasil nos velhos mapas. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores,
Instituto Rio Branco, vol. I, p. 118.
57 Apud CORTESÃO, Jaime. Os descobrimentos portugueses. Lisboa: Livros Horizontes, 1981, vol.
IV, p. 978.
58 Ibid., p. 978.
59 VIANNA, Helio. História do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1965, vol. I, p. 42.
61 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso: os motivos edênicos nos descobrimentos e
colonização do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977, p. 203.
62 Ibid., p. 203.
63 Apud CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madri. Rio de Janeiro: Instituto
Rio Branco, s.d., parte I, tomo I, p. 102.
65 Outros autores identificam outros cabos. Max Justo Guedes julga que Pinzón chegou à
ponta de Mucuripe, no Ceará.
69 Apud ibid., p. 2.
70 LEVELLIER, Roberto. América la bien llamada. Buenos Aires: Guilhermo Kraft Ltda., vol. II, p.
273.
71 RAMBALDI, Pier L. Amerigo Vespucci. Firenze: C. Barbera Editori, 1898, p. 12.
72 BOXER, Charles. A política dos descobrimentos. In: Portugal – Brasil, a era dos
descobrimentos atlânticos, p. 264.
74 MARTINS, Luiz Renato. Américo Vespúcio, p. 97. Nesse livro estão todas as cartas de
Vespúcio, traduzidas das publicadas em espanhol por Levellier. Esta citação e as seguintes
deste capítulo provêm, igualmente, das cartas impressas, que não são consideradas
autênticas por Magnaghi. Servem, entretanto, para dar o tom das observações, às vezes
coloridas, às vezes pretensiosas, mas sempre interessantes.
75 Ibid., p. 109.
76 Ibid., p. 95.
77 Ibid., p. 110.
78 Ibid., p. 94.
79 Ibid., p. 109.
83 Ibid., p. 89.
84 ALMEIDA, Luiz Ferrand de. Vespúcio e o descobrimento do rio da Prata. Revista Portuguesa
de História, Coimbra, 1955, tomo VI. (Separata)
86 Ibid., p. 91.
87 Ibid., p. 69.
89 SOUZA, T. O. Marcondes de. Amerigo Vespucci e suas viagens. São Paulo: 1949, p. 177.
90 Apud BOORSIN, Daniel. The Discoverers. Nova York: Random House, 1983, p. 253.
Waldseemüller, em edições posteriores de sua obra, mais bem informado, tirou o nome
“América” do continente descoberto. Era tarde demais: as versões anteriores, cópias e
comentários destas já corriam mundo.
95 Texto central sobre o Brasil: “O dito meu capitão [...] chegou a uma terra que novamente
descobriu a que pôs o nome Santa Cruz, em que achou as gentes nuas como na primeira
inocência, mansas e pacíficas, a qual pareceu que Nosso Senhor milagrosamente quis que se
achasse porque é muito conveniente e necessária à navegação da Índia [...]”.
96 D. João I casou-se com uma princesa inglesa, D. Felipa de Lancaster, e, filhos homens, teve
cinco. Estes são enaltecidos em Os Lusíadas (canto IV, estrofe 50), e mãe e filhos são também
cantados nesse tom por Shakespeare, em “Henrique IV”: “This nurse, this teeming womb of
Royal Kings / Fear’d by their breed, and famous by their birth / Renowed for their deads as far
from home / For Christian service and true chivalry”. Como se não bastasse, Fernando Pessoa,
em Mensagem, também louva a família: “Que enigma havia em teu seio / Que só gênios
concebia?”
97 CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: LPM Editores, 1985, p. 94.
98 SARAIVA, José Hermano. História concisa de Portugal. Lisboa: Europa-América, 1989, p. 139.
100 D. Pedro II, em 1871, visita o jazigo de Cabral em Santarém, o que passa a lhe dar grande
visibilidade. Uma urna com parte dos restos mortais do descobridor (e seguramente de
familiares seus, no mesmo carneiro enterrados) foi transportada, no começo do século, para
o Rio de Janeiro, onde se encontra na Igreja do Carmo, na rua Primeiro de Março; outra urna
foi para Belmonte, onde nasceu Cabral.
101 A carta de Caminha logo desapareceu. Os cronistas e historiadores dos séculos XVI, XVII e
XVIII ao falarem do descobrimento do Brasil têm como fonte primária básica a “Relação do
piloto anônimo”.
104 Ibid., p. 81. Caminha, como os letrados de sua época, tinha uma educação bíblica:
“vergonhas” nessa tradição significam as chamadas “partes pudendas”, o sexo e os seios. Faz
humor referindo-se a “vergonhas” significando seios, logo antes de “vergonha” com o sentido
mais corrente de pejo, pudor.
107 ABREU, João Capistrano de. O descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1976, p. 41.
108 HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Descobrimento do Brasil, in História geral da civilização
brasileira, tomo I, 1o vol., p. 38.
109 COUTO, Jorge. A construção do Brasil. Lisboa: Edições Cosmos, 1955, p. 151.
110 Apud ibid., p. 151. O trecho do Esmeraldo que se referiria ao Brasil é o seguinte: “no terceiro
ano do Vosso reinado, no ano de Nosso Senhor de 1498, Vossa Alteza nos mandou descobrir
a parte ocidental, passando além da grandeza do mar oceano, onde é achada e navegada
uma grande terra firme com muitas ilhas adjacentes a ela...”.
111 CARVALHO, Filipe Nunes de. Nova história da expansão portuguesa, vol. VI, p. 74.
113 Desde que chegaram, geralmente sem mulheres, os portugueses se misturaram com índias
e, depois, negras. Só no final do século XIX vieram em quantidades ponderáveis outros povos,
italianos, alemães, japoneses, espanhóis, sírio-libaneses e tantos mais, todos também
construtores da sociedade nacional brasileira. Aportes de muitas nações e raças,
principalmente a negra; mas a matriz cultural continua portuguesa.
115 VIANNA, Helio. História do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1965, vol. I, p. 319.
116 BLANCO, Ricardo Ramón. Las “Bandeiras”. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1966, p.
317.
117 ABREU, João Capistrano de. Capítulos de história colonial e os caminhos antigos e o
povoamento do Brasil. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1963, p. 341.
118 ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Formação territorial do Brasil. In: Curso de
conhecimento e informação sobre cartografia. Brasília: MRE, 1968, p. 13.
119 Apud CORTESÃO, Jaime. Introdução à história das Bandeiras. Lisboa: Portugalia Editora,
1964, p. 58.
120 FRIEDERICI, George. Caráter da descoberta e conquista da América pelos europeus. Rio de
Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1967, p. 180.
123 NÓBREGA Mello. História do rio Tietê. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, p. 83.
124 MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 8.
127 ELLIS JR., Alfredo. Raposo Tavares e sua época. Rio de Janeiro: José Olympio, 1944, p. 65.
128 RICARDO, Cassiano. O Tratado de Petrópolis. Rio de Janeiro: Ministério das Relações
Exteriores, 1954, p. 34.
129 CORTESÃO, Jaime. Raposo Tavares e a formação territorial do Brasil. MEC, s.d., p. 78.
131 Apud BANDEIRA, L. A. Moniz. O expansionismo brasileiro e a formação dos estados na bacia
do Prata. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995, p. 26.
132 HEMMING, John. Cambridge History of Latin America, vol. II, p. 335.
133 TAUNAY, Affonso. Guia do museu republicano “Convenção de Itú”. São Paulo: Indústria
Gráfica Siqueira, 1946, p. 28.
134 RICARDO, Cassiano. Marcha para Oeste. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
1970, p. 576. Só se compreende a afirmação de que todos os tratados de fronteiras do Brasil
ligam-se ao bandeirismo se chamarmos os “entradistas” amazônicos, tais como Pedro Teixeira
e Mello Palheta, de “bandeirantes”, como o faz Capistrano.
135 Apud TAUNAY, Affonso. História das bandeiras paulistas. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1975, p. 13, v. 1.
136 TAQUES, Pedro. Nobiliarchia paulistana histórica e genealógica. São Paulo: Editora USP,
1980, tomo I, p. 261.
137 RODRIGUES, José Honório. História da História do Brasil. São Paulo: Companhia Editora
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139 HEMMING, John. Red Gold from Brazil. Nova York: Macmilan, 1978, p. 247.
141 CÂNDIDO, Antonio. Aspectos sociais da Literatura em São Paulo. In: Ensaios paulistas. São
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143 ABREU, João Capistrano de. Capítulos da história colonial. Brasília: Editora Universidade de
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144 ABREU, João Capistrano de. Correspondência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977, vol.
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145 VIANA, Oliveira. Populações meridionais do Brasil. São Paulo: Monteiro Lobato, 1922, p. 295.
147 MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980, p. 18.
152 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1963, p.
61.
153 PRADO, Paulo. Paulística e retrato do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora,
1972, p. 35.
154 TAUNAY, Affonso. História das bandeiras paulistas. São Paulo: Imprensa Oficial, 1931, vol. II,
p. 283.
157 Historiadores de nossos dias, como Arno Wehling, lembram a forte influência espanhola na
São Paulo de 1640. Vivia-se numa verdadeira “guerra civil” entre Pires e Camargos, sendo os
últimos muito ligados ao comércio com Assunção e com a Espanha. Bartolomeu Bueno da
Ribeira representaria esse partido, mas não a ponto de rebelar-se contra a decisão fulcral de
Lisboa. É, aliás, interessante notar, em várias antigas famílias paulistas, a frequência de
sobrenomes espanhóis, como Bueno, Toledo, Rendon, Piza, Godoy, Quadros, etc.
158 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, p. 68.
161 PRADO, Paulo, op. cit., p. 46. Há autores que, baseados no fato de que ao fazer seu
testamento em 1580 João Ramalho tenha declarado que “tinha alguns noventa anos de
assistência nesta terra”, admitem a hipótese de que teria chegado ao Brasil antes de Cabral,
como tripulante ou desertor de alguma ignorada caravela portuguesa.
162 Teodoro Sampaio explica esse paradoxo: “As bandeiras quase só falavam o tupi. E se, por
toda a parte onde penetravam, estendiam os domínios de Portugal, não lhe propagavam,
todavia, a língua, a qual, só mais tarde, se introduziria com o progresso da administração,
com o comércio e os melhoramentos. Recebiam, então, um nome tupi as regiões que se iam
descobrindo e o conservavam pelo tempo adiante, ainda que nelas jamais tivesse habitado
uma tribo de raça tupi. E assim é que, no planalto Central, onde dominam povos de outras
raças, as denominações dos vales, rios e montanhas e até das povoações são pela mor parte
da língua geral” (O tupi na geografia nacional, p. 71).
166 Ibid., p. 9.
174 MONBEIG, Pierre. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Editora Hucitec, 1984, p.
120.
176 GANDÍA, Enrique de. Las misiones jesuíticas y los bandeirantes paulistas. Buenos Aires:
Editorial “La Faculdad”, 1936, p. 84.
180 WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. Formação do Brasil Colônia. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1994, p. 118.
181 BUENO, Eduardo. Náufragos, traficantes e degredados. Rio de Janeiro: Editora Objetivo,
1998, p. 116. Em livros espanhóis, a prioridade da descoberta do Prata é sempre dada à
viagem de João Dias de Solis, em 1516.
182 GANDÍA. Enrique de. Exploraciones y conquista. In: LEVENE, Ricardo. Historia de América.
Tomo IV, p. 139.
183 LEVENE, Ricardo. Virreinato del Río de la Plata. In: ______. (Org.). História de América.
Buenos Aires: W. M. Jackson Inc. Editores, 1951, tomo IV, p. 411.
184 ABREU, João Capistrano de. Sobre a Colônia do Sacramento. In: Ensaios e estudos, 3a série, p.
72.
185 BANDEIRA, L. A. Moniz. O expansionismo brasileiro e a formação dos Estados da bacia do
Prata. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995, p. 43.
186 ABREU, João Capistrano de. Sobre a Colônia de Sacramento, 3a série, p. 75.
187 LEITÃO, Melo. Descobrimento do rio das Amazonas. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1941, p. 19.
191 THÉRY, Hervé. Les conquêtes de l’Amazonie, Cahiers des Amériques Latines, n. 18, 1978, p.
133.
192 VIANNA, Helio. História do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1965, vol. I, p. 300.
195 REIS, Arthur Cesar Ferreira. A Amazônia que os portugueses revelaram. Manaus: Edições
Governo do Estado do Amazonas, 1966, p. 42.
196 REIS, Arthur Cesar Ferreira. História da civilização brasileira, tomo I, 1o vol., p. 262.
197 REIS, Arthur Cesar Ferreira. A Amazônia que os portugueses revelaram. Rio de Janeiro: MEC,
s.d., p. 39.
198 ARROYO, Leonardo. Relação do rio Tietê. São Paulo: Editora Obelisco, 1965, p. 30.
199 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976, p. 47.
201 Apud TAUNAY, Affonso. História das bandeiras paulistas. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1975, vol. II, p. 294.
209 Apud DAVIDSON, David M. How the Brazilian West Was Won: Freelance & State on the
Mato Grosso Frontier, 1737-1752. In: Colonial Roots of Modern Brazil, 1973, p. 80.
216 DAVIDSON, David M. Rivers and Empires: the Madeira Route and the Incorporation of the
Brazilian Far West, 1737-1808. Michigan: University Microfilms Int., 1983, p. 69.
220 RIO BRANCO, Barão do. Obras completas, vol. VI, p. 21.
221 Apud SANZ, Luís Santiago. La cuestión de misiones. Buenos Aires: Editorial Ciências
Econômicas, 1957, p. 14.
222 ABREU, João Capistrano de. Capítulos de história colonial. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 1963, p. 201.
225 Apud JORGE, A. G. de Araújo. Ensaios históricos. Rio de Janeiro: Serviço de Publicações do
Instituto Rio Branco, 1916, p. 114.
226 Apud Ibid., p. 119.
228 VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História geral do Brasil. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1975, tomo IV, p. 84.
230 CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madri. Rio de Janeiro: Instituto Rio
Branco, s.d., tomo I, p. 9.
231 ALMEIDA, André Ferrand de. A formação do espaço brasileiro e o projeto do Novo Atlas da
América Portuguesa. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1984, p. 44.
233 MARTINIERE, Guy. Frontières coloniales en Amerique du Sud. Cahiers de l’Amerique Latine,
n. 18, p. 166.
234 Apud GIRALDO, Manuel Lucena. Francisco Requeña y otros: ilustrados y bárbaros. Madri:
Alianza Editorial, 1992, p. 11.
236 BOXER, Charles. The Portuguese Seaborne Empire. Nova York: Alfred A. Knopf, 1969, p. 160.
237 GUSMÃO, Alexandre de. Cartas. Lisboa: Imprensa Nacional, 1981, p. 128.
243 MARTINEZ, Pedro Sares. História Diplomática de Portugal. Lisboa: Editorial Verbo, 1992, p.
193.
244 Apud ALMEIDA, Luis Ferrand de. Alexandre de Gusmão, o Brasil e o Tratado de Madri, p. 49.
252 GUEDES, Max Justo; GUERRA, Inácio. Cartografia e diplomacia no Brasil do século XVIII.
Lisboa: Comissão Nacional para os descobrimentos portugueses, 1997, p. 28.
261 CALÓGERAS, J. Pandiá. A política exterior do Império. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1972, 1o vol., p. 224.
263 REIS, Arthur Cesar Ferreira. Os tratados de limites. In: História da civilização brasileira, vol. 1,
p. 376.
264 Apud VIANNA, Helio. História diplomática do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,
1958, p. 73.
267 Apud SOARES, José Carlos de Macedo. Fronteiras do Brasil no regime colonial. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1938, p. 16.
268 BARRENECHEA, Raúl P.; REINA, Alberto W. de. Historia de los límites del Perú. Lima: Editorial
Universitaria, 1981, p. 23.
270 Em livro recente, O mapa que inventou o Brasil, de texto qualificado e profusão de
ilustrações, Júnia Ferreira Furtado julga ser o “Mapa da América Meridional” (1742), de
Bourguignon d’Anville, aquele que pela primeira vez delineou o atual território brasileiro. O
mapa era realmente o mais preciso que havia quanto a latitudes e longitudes. Não incluía,
entretanto, no território brasileiro boa parte dos estados do Sul e do Norte nem tinha a linha
de limites vinculada a acidentes geográficos (era um traçado aleatório). Tudo ao contrário do
Mapa das Cortes, este, sim, o inventor do Brasil.
271 BRUNO, Ernani Silva. História do Brasil. São Paulo: Cultrix, 1966, vol. I, p. 92.
274 REZEK, José Francisco. Conselho de Estado: consultas da Seção dos Negócios Estrangeiros,
vol. I, p. 106.
276 Apud SOUZA, José Antonio Soares de. Um diplomata do Império. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1952, p. 133.
278 BRAGA, Sérvulo Lisboa; ENGEL, Juvenal Milton. Delimitação, demarcação e cartografia das
fronteiras do Brasil. In: Curso de conhecimentos e informações sobre cartografia, vol. III, p. 313.
280 Apud SOARES, José Carlos de Macedo. Fronteiras do Brasil no regime colonial. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1938, p. 207.
281 RIO BRANCO, Barão do. Obras do Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1974, vol. V, p. 78.
282 Apud SOARES, José Carlos de Macedo, op. cit., p. 207.
283 MARTINIERE, Guy. Les stratégies frontalières du Brésil Colonial, Cahiers des Amériques
Latines, n. 18, p. 65.
285 É opinião de Goycochêa, que adotamos. Soares de Souza data o acidente com o braço em
1843, isto é, bem mais tarde na vida de Ponte Ribeiro, quando já era Ministro em Buenos
Aires; para ele também não seria o lado esquerdo o afetado, mas o direito.
296 BARRENECHEA, Raúl P.; REINA Alberto W., op. cit., p. 118.
298 CUNHA, Euclides da. Peru versus Bolívia. São Paulo: Cultrix, s.d., p. 124.
299 CAVELIER, German. La política internacional de Colombia. Bogotá: Editorial Iqueima, 1959,
tomo I, p. 249.
300 ANDRADE S., Francisco. Demarcación de las fronteras de Colombia. Bogotá: Ediciones
Lerner, 1965, p. 219.
301 CHAVES, Emir Omar. Fronteiras do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Bedeschi, 1943, p. 19.
305 BURNS, E. Bradford. Relações internacionais do Brasil durante a Primeira República. In:
História da civilização brasileira, tomo III, 2o vol., p. 382.
306 Apud LEVENE, Ricardo (Dir.). História de América. Buenos Aires: W. M. Jackson Inc. Editores,
1951, tomo VI, p. 10.
308 Apud CORTESÃO Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madri, parte I, tomo II, p. 48.
311 SOUZA José Soares de. O Brasil e o Prata até 1828. In: História geral da civilização brasileira,
tomo II, vol. 1, p. 311.
313 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1994, p. 154.
316 Apud LAPEYRE, Edison Gonzales. Los Límites de la República del Uruguay. Montevidéu:
Editorial Amalio M. Fernandez, 1986, p. 341.
317 CALÓGERAS, Pandiá. Formação histórica do Brasil. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, 1930,
p. 304.
320 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Do Império à República. In: História geral da civilização
brasileira, tomo II, vol. 5, p. 110.
323 Apud SOARES, Teixeira. História da formação das fronteiras do Brasil. Rio de Janeiro:
Conselho Federal de Cultura, 1972.
324 Apud JORGE, A. G. de Araújo. Introdução às obras do Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1945, p. 23.
325 LAFER, Celso. A inserção internacional do Brasil. Brasília: MRE, 1993, p. 316.
326 Apud VIANA FILHO, Luís. Três estadistas: Ruy, Nabuco, Rio Branco. Brasília: Instituto
Nacional do Livro, 1981, p. 1.087.
330 RIO-BRANCO, Raul do. Reminiscências do Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: José Olympio
Editora, 1942, p. 193.
332 BELLO, José Maria. História da República (1494-1895). Brasília: Instituto Rio Branco, 1980, p.
228.
333 RICUPERO, Rubens. Rio Branco – uma fotobiografia. Brasília: IPRI, 1997, p. 41.
336 Apud LOBO, Hélio. Rio Branco e o arbitramento com a Argentina. Rio de Janeiro: José
Olympio Editora, 1952, p. 97.
337 SANZ, Luis Santiago. La cuestión de Misiones. Buenos Aires: Editorial Ciências Econômicas,
1957, p. 85.
344 NABUCO, Joaquim. O direito do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941, p. 20.
345 Apud LINS, Álvaro. Rio Branco. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1945, p. 460.
361 ZEBALLOS, Estanislau. Revista de Derecho Internacional, tomo XLII, Buenos Aires.
362 Apud RICUPERO Rubens; ARAÚJO, João Hermes Pereira de. O Barão do Rio Branco − uma
fotobiografia. p. 81.
363 Sejamos bem precisos. Borders and Territorial Disputes, em sua mais recente edição (2004),
arrola três minúsculos problemas de fronteira envolvendo o Brasil. Um deles, com o Paraguai,
situa-se na região de Sete Quedas, no rio Paraná (foi inundado pela barragem de Itaipu). Os
outros, com o Uruguai, dizem respeito a duas microrregiões no rio Quaraí: um marco, no
município de Santana do Livramento, que o Uruguai acha que está mal colocado, e uma
ilhota, na boca desse rio (há poucos anos tinha um só habitante, brasileiro, aliás).
364 ANDRADE, Francisco. Demarcación de las fronteras de Colombia. Bogotá: Ediciones Lerner,
1965, p. 54.
366 A alusão a Grande sertão: veredas é uma homenagem ao Embaixador João Guimarães Rosa,
por onze anos chefe da Divisão de Fronteiras do Itamaraty.