Hidráulica Marítima - Portos

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HIDRÁULICA MARÍTIMA

NOTA DE AULA 03
TEORIA LINEAR DAS ONDAS DE PEQUENA AMPLITUDE – ONDAS DE
AIRY (Sir George Biddel Airy 1801-1892 – Inglaterra)

SUPOSIÇÕES TEÓRICAS DAS ONDAS DE AIRY

1) O fluido é considerado homogêneo: ρ(x,y,z) = ρ


2) O fluido é considerado incompressível: ρ(z) = ρ
3) A tensão superficial é nula: σs = 0
4) O efeito de Coriolis é insignificante: C = 2 ΩsenΦ ≅ 0
onde Ω = velocidade angular da terra = 2π(1+1/365,24) radianos/dia = 7,292 × 10-5
radianos/segundo
Φ = latitude local

Velocidade Angular da
Terra

Raio emMontreal

Vórtices no
Sentido Horário
Deflexão à
Hemisfério Norte Direita
Raio no Equador

Hemisfério Sul

Deflexão à
Esquerda
Vórtices no Sentido
Anti-Horário

Efeito de Coriolis no Globo Terrestre

5) A pressão na superfície da água é a atmosférica: p(η,t) = 0


6) O fluido é não viscoso (não resiste a cisalhamento): µ = 0
7) A condição de escorregamento do fluido é inexistente: Tradução = a velocidade
do fluido nas fronteiras (limites) é a própria velocidade das fronteiras
8) Não há outros movimentos de ondas interferindo (as ondas são monocromáticas
[de freqüência única] : ondas monocromáticas são diferentes de ondas
randômicas que são as ondas reais em mar aberto)
9) O fundo do mar é fixo, horizontal e impermeável
10) A amplitude da onda é muito pequena quando comparada com a profundidade
do mar: a << d [a = amplitude: d = depth (profundidade)]
11) As ondas tem características predominantes bi-dimensionais (2-D) normalmente
adotadas como sendo o sentido de propagação e a frente de onda, princípios

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semelhantes às REDES DE FLUXO em que as linhas de corrente são as linhas
de fluxo e as equipotenciais são as frentes de onda.

Linhas de Fluxo = Sentido de Propagação

Frentes de Onda =
Cristas se propagando

MOVIMENTOS DE ONDAS – CARACTERÍSTICAS DAS ONDAS

1) Numa onda se propagando, ocorre uma transferência da perturbação de uma


parte para outra do meio fluido;
2) A perturbação ocorre sem transferência líquida de material de uma parte para
outra;
3) A propagação ocorre sem uma distorção significativa da forma da onda;
4) A perturbação parece se propagar numa velocidade constante;
5) O movimento das ondas se manifestam através de forças de deslocamento e
forças restauradoras (gravidade)

TIPOS DE ONDAS

Ondas Oscilatórias ⇒ transporte de massa = zero (como a onda provocada pelo


impulso de uma corda segurada por dois garotos)

Ondas Translatórias ⇒ existe transporte de massa do fluido ( como no caso das


ondas provocadas por maremotos que ao chegar próximo à zona costeira, mantém
seu pico quase todo acima do nível do mar)

ONDAS OSCILATÓRIAS

Ondas Progressivas ⇒ ondas de Airy (se propagam em direção à zona costeira)

Ondas Estacionárias (Clapotis)⇒ São ondas que oscilam para cima e para baixo
com pontos fixos (nós) nos quais o nível da água permanece em repouso. Ocorrem
na frente de paredes verticais construídas no mar (e junto às paredes das piscinas),
daí o perigo de se construir diques de paredes verticais no mar sem que se leve em
conta o momento de tombamento promovido pelas ondas estacionárias ou Clapotis.
Veremos este estudo ao longo deste curso de Portos, Rios e Canais.

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ONDAS PROGRESSIVAS

A figura abaixo mostra os principais elementos a serem considerados no estudo das


ondas progressivas ou ondas de Airy.

(Fonte: Autor, 2014)


Define-se:

H = altura da onda, distância vertical entre a crista e a depressão;


a = amplitude da onda, distância vertical entre o nível do repouso e uma crista ou
uma depressão. A amplitude é metade da altura da onda (a = H/2);
T = período de uma onda, tempo que a onda leva para completar uma oscilação
entre duas cristas ou entre duas depressões consecutivas;
d = profundidade do mar em relação ao nível de repouso da água;
L = comprimento de onda, distância horizontal entre cristas consecutivas;
η= (letra Grega néta) forma da onda ou posição relativa de momento do nível da
água em relação ao nível do repouso do mar. A forma da onda é uma variável
dependente do espaço e do tempo η = f(x,t). Define-se a Forma da Onda pela
equação abaixo;

η = a cos(Kx − σt )

em que a = amplitude da onda


K = número de onda

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σ = freqüência angular da onda
x = espaço ou abscissa
t = tempo (em segundos)
C = celeridade da onda. Define-se C = L /T
σ = (letra Grega sigma) freqüência angular (ciclos/segundo).


σ=
T

K = número de onda.


K=
L

f = freqüência da onda.

1 σ
f = =
T 2π

RELAÇÃO DA FREQUÊNCIA COM AS FORÇAS DE DESLOCAMENTO


E FORÇAS RESTAURADORAS
Forças Geradoras Freqüência f Nome da Onda Forças
do Deslocamento Restauradoras
Vento f > 10 Ondas Capilares Tensão Superficial
Vento 10 > f > 1 Ondas Força de Gravidade
Ultragravitárias
Vento 1 > f > 0,033 Ondas Gravitárias Força de Gravidade
Vento 0,033 > f > 0,0033 Ondas Força de Gravidade
Infragravitárias
Forças de 0,0033 > f > 6,9 x Ondas de Longo Força de Coriolis
Tempestade, 10-4 Período
Astronômicas (Sol
e Lua) e Forças
Tectônicas
(Geológicas)
Forças de f < 6,9 x 10-4 Ondas de Maré Força de Coriolis
Tempestade,
Astronômicas (Sol
e Lua) e Forças
Tectônicas
(Geológicas)

EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DAS ONDAS PROGRESSIVAS – ONDAS


DE AIRY

Revendo o formato das ondas progressivas ou ondas de Airy na figura abaixo:

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A forma da onda η= (letra Grega néta) foi definida pela expressão abaixo
η = a cos(Kx − σt )

em que


σ=
T

e K = número de onda.


K=
L

Para um observador se propagando fixo com a onda, para ele a forma da onda seria
constante. Então η = cte (constante). Para isso seria necessário que o ângulo de fase
θ fosse constante, ou seja, Kx − σt = cte.

Daí: Kx − σt = cte, atribuindo a constante como sendo zero, fica:

Kx = σt derivando-se em relação ao espaço x e tempo t:

Kdx = σ dt daí: σ/K = dx/dt substituindo-se os valores de σ e K na equação:

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dx T = L =C
=
dt 2π T
L

Daí se define que:

C = σ/K ou C=L/T

Aplicando-se condições de contorno relativas à profundidade d e superfície η


obtém-se a Equação Fundamental das Ondas Progressivas ou a chamada Relação
de Dispersão:

σ 2 = gK tanh( Kd ) Equação Fundamental das Ondas ou Re lação de Dispersão

onde:

σ = freqüência angular da onda


g = aceleração da gravidade
K = número da onda
tanh = tangente hiperbólica
d = profundidade do mar

Mas da equação C = σ/K podemos tirar que σ = C K, daí que σ2 = C2 K2

Logo C2 = g/K tanh (Kd)

Mas K = 2π/L e C= L/T

gT 2
Daí: L= tanh (Kd )

gL
C= tanh (Kd )

ou

gL 2πd
C= tanh( )
2π L

As equações vistas até aqui são diretamente aplicáveis para águas intermediárias
(águas cuja profundidade não se classificam nem como rasas nem como profundas)

PARTICULARIZAÇÕES

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CASO 1: ÁGUAS PROFUNDAS (Quando d/L → ∞ )

Quando d/L → ∞ o valor de tanh(Kd)= tanh(2π/L) → 1 pois tanh(2π∞) =


tanh(∞)→1

Logo, substituindo-se tanh (Kd) = 1 nas equações anteriores tem-se:

L0 e C0 definidos pelas equações abaixo: O índice 0 indica termos referentes a


águas profundas (sempre!)

gT 2 gL
L0 = e C0 =
2π 2π

Note que quando Kd≥π tanh(Kd)≈ 1

Assim, estar-se-á na condição de águas profundas sempre que Kd≈π ou 2πd/L≈π

ou d/L ≈ π/2π ou d/L ≈ ½ ≈0,5 daí d/L≈ 0,5 ou d≥ 0,5 L

Em outras palavras, estar-se-á na condição de águas profundas sempre que a


profundidade do mar seja maior do que meio comprimento de onda L.

CASO 2: ÁGUAS RASAS (Quando d/L → 0 )

Quando d/L → 0 o valor de tanh(Kd) fica tanh(0)≈ 0 ou seja, tanh(Kd)≈ Kd

Substituindo-se tanh(Kd) por Kd nas equações das ondas:

gL  2πd  gL 2πd
C= tanh ≈ ≈ gd
2π  L  2π L

gT 2 gT 2 2πd
e L= tanh (Kd ) ≈
2π 2π L

L2
Daí L2 = g T2 d ou = gd
T2

C2 = gd ou C = gd como havia sido demonstrado anteriormente.

Isto ocorre sempre que Kd≤ π/10 ou Kd≤ 0,314 ou 2π/d≤ π/10 ou d/L≤1/20 ou
por segurança:

d/L≤1/25 ou d/L≤0,04

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Assim, teremos condição de águas rasas sempre que a profundidade do mar seja
inferior a quatro por cento do comprimento de onda L.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

1a. CONSTÂNCIA DO PERÍODO DA ONDA T

Entre todos os elementos das ondas, o único comprovadamente imutável com o


decorrer do tempo é o seu período T ou freqüência angular σ. Caso houvesse
variabilidade do período da onda T, o número de ondas contados a partir da linha da
costa num intervalo de tempo ∆t diferiria do número de ondas contados do mar para
a costa neste mesmo intervalo, ou seja, haveria acumulação de ondas, o que é
impossível. Logo, T = constante.

no = ∆t/To (número de ondas contados on-shore)

ns = ∆t/Ts (número de ondas contados off-shore)

Como ∆t→∞ se To ≠ Ts ondas estariam se acumulando, daí To deve ser igual a


To que terá de ser igual a T.

To = Ts = T

EXEMPLO N° 1: Uma onda gravitaria com período de 6,5 segundos propaga-se


para a costa cuja declividade é uniforme e igual a 5% (S0= 5%). Calcule a
celeridade C da onda e seu comprimento de onda L nas distâncias de x = 0m; x =
100 m; x = 500 m e x = 1000 m a partir do ponto em que a profundidade da água
em x = 0 m seja de 57m.

SOLUÇÃO:

NA Repouso

X=1000

X=500m

X=100m
X=0

Cálculo das profundidades:

S0 = 5% Em x = 0: d = 57m
Em x = 100 m: d = 57 m – 0,05 × 100 m = 52m
Em x = 500 m: d = 57 m – 0,05 × 500 m = 32 m
Em x = 1000 m: d = 57 m – 0,05 × 1000 m = 7 m.

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Classificando as águas quanto à profundidade:

1) Condição de Águas Profundas:

gT 2 9,81 × 6,5 2
L0 = = = 65,96m ≅ 66m
2π 2 ×π

Serão consideradas águas profundas a partir de d/L0 > 0,5 , ou seja, d > 0,5 × 66 m
ou d > 33 m.

2) Condição de Águas Rasas:

Serão consideradas águas rasas a partir de d/L < 0,04 ou d < 0,04 × 66 m ou
d < 2,64m, em outras palavras, não existe ainda condições de águas rasas para x =
1000m.

Calculando-se as condições de águas profundas:

Dividindo-se a equação que dá o comprimento de onda para águas quaisquer, pela


equação do comprimento de onda para águas profundas tem-se:

gT 2
tanh (Kd )
L 2π L
= fica = tanh (Kd )
L0 gT 2 L0

Uma expressão similar é obtida dividindo-se a equação da celeridade para águas


quaisquer pela celeridade da onda em águas profundas, da forma:

C
= tanh (Kd )
C0

A celeridade da onda em águas profundas será:

L0 66m
C0 = = = 10,15seg
T 6,5seg

Calculando-se as características para a profundidade d= 52m

L
Parte-se da equação = tanh (Kd )
L0

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L52 m  2π × 52   326,725 
Assim: = tanh  = tanh 
L0  L 52 m   L52 m 

Esta equação é implícita pois o L52m não é ainda conhecido ! O processo consiste
numa busca interativa para se encontrar o valor de L52m que satisfaça ambos os
membros da equação. Em EXCEL ou calculadoras do tipo HP Programável, pode-
se programar a função SOLVER para encontrar o valor de L que satisfaça a
condição. Esta operação de achar o valor de L deve ser aprendida por todos os
alunos da disciplina pois será empregada EM TODAS AS PROVAS DE PORTOS!

Para quem não tem máquina programável, seguem-se aqui umas dicas de como
encontrar o valor de L:

No caso da profundidade d = 52 m, ainda temos as condições de águas profundas


pois d > 33 m.

L52m L52 m L52 m  326,725 


= tanh 
L0 66  L52 m 
66 1,00 0,9998

Para a profundidade d = 32 m

L32 m  2π × 32 
= tanh 
L0  L32 m 

Como o limite de águas profundas foi de 33m, então a profundidade de 32 m ainda


é muito próxima de águas profundas. Logo o valor de L32m deve ser muito próximo
de L0 = 66m. Construindo-se a tabela abaixo tem-se:

L32m L32 m L32 m  2π × 32 


= tanh 
L0 66  L32 m 
65,00 0,9848 0,9958

65,5 0,9924 0,9956

65,8 0,9969 0,9955

65,7 0,9954 0,9956


Aproximação
satisfatória na 3a casa
decimal

O mesmo procedimento pode ser aplicado para a profundidade d = 7 m, resultando


em L7m = 47,7 m.

O valor das celeridades pode ser encontrado pelas relações C/C0 = tanh (Kd)

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C7m  2π × 7 
Assim: = tanh (Kd ) = tanh 
C0  47,7 

C7m = C0 × tanh(2π×7/47,7) = 7,3 m/s

O quadro abaixo sumariza os resultados encontrados para o problema:

x (m) d (m) d/L0 d/L L (m) C (m/s)


0 57 0,864 0,864 66,00 10,15
100 52 0,788 0,788 66,00 10,15
500 32 0,485 0,4871 65,70 10,1
1000 7 0,106 0,1462 47,70 7,3

VELOCIDADE ORBITAL DAS PARTÍCULAS DE ONDA

A função velocidade potencial das ondas é dada por:

− ag cosh[K (d + z )]sen (Kx − σt )


φ=
σ cosh (Kd )

onde: θ=(Kx–σt)

A velocidade orbital pode ser decomposta em duas componentes: uma velocidade


orbital horizontal u e uma velocidade orbital vertical w.

A componente horizontal u do vetor velocidade é dada por:

− ∂φ agK cosh[K (d + z )]
u= ou u = cos(Kx − σt )
∂x σ cosh (Kd )

A componente vertical w do vetor velocidade é dada por:

− ∂φ agK senh[K (d + z )]
w= ou w = sen (Kx − σt )
∂z σ cosh (Kd )

Estas equações nos informam com a velocidade varia com a onda se propagando
em direção à costa. Podemos fixar o argumento θ=Kx-σt e analisar somente a
função cosh ou senh.

Podemos demonstrar teoricamente que as trajetórias orbitais das partículas fluidas


são elipses de equação:

ξ2 ε2
+ =1
A2 B2

na qual os eixos A e B são definidos por:

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(Fonte: Mason,J., 1984)

cosh[K (d + z )] senh[K (d + z )]
A=a e B=a
senh (Kd ) senh (Kd )

No caso de águas profundas as elipses se tornam órbitas circulares cujos eixos A e


B são dados por:
A = ae Kz e B = ae Kz

No caso de águas rasas, os eixos das elipses são:

a K (d + z )
A= e B=a
Kd Kd

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ACELERAÇÕES ORBITAIS DAS PARTÍCULAS DE ONDA

As velocidades orbitais são definidas por:

dx dz
u= e w=
dt dt

Logo, as acelerações orbitais serão dadas por:

du dw
ax = e az =
dt dt

Ficando:

agK cosh[K (d + z )]
ax = sen (Kx − σt )
cosh (Kd )
e

− agK senh[K (d + z )]
az = cos(Kx − σt )
cosh (Kd )

As acelerações orbitais são necessárias para se calcular as pressões nas ondas. A


velocidade horizontal u está fora de fase com a aceleração horizontal ax da mesma
forma que w e az , pois:

u=f(cosθ) mas ax = f(senθ) e w=f(senθ) mas az = f(cosθ)

Seja a forma da onda η dada por η=acos(θ) onde θ=(Kx–σt) e as variáveis C1 e C2


dadas por:

cosh[K (d + z )] senh[K (d + z )]
C1 = e C2 =
cosh (Kd ) cosh (Kd )

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0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
-0,05 2 7 12 17 22

-0,1
-0,15
-0,2
-0,25

ϑ=0 π ϑ =π ϑ=
3π ϑ = 2π
ϑ =
2 2

Ângulo θ 0 π/2 π 3π/2 2π


Cos(θ) 1 0 -1 0 1
Sen(θ) 0 1 0 -1 0
η a 0 -a 0 a
Velocidade agK 0 − agK 0 agK
Horizontal C1 C2 C1
u=f(cosθ) σ σ σ
Velocidade 0 agK 0 − agK 0
Vertical C2 C2
w=f(senθ) σ σ

Aceleração 0 agKC1 0 –agKC1 0


Horizontal
ax=f(senθ)
Aceleração –agkC2 0 agKC2 0 –agKC2
Vertical
az=f(cosθ)
Órbita de u=max u=0 u=–max u=0 u=max
Velocidades w=0 w=max w=0 w=–max w=0

Órbita de ax =0 ax=max ax=0 ax=–Max ax=0


Acelerações az=–max az=0 az=max az=0 az=–max

Observe nestes dois


casos que a aceleração
vertical está atuando
conjuntamente com a
gravidade
“empurrando” a água
para baixo:Isto altera
a PRESSÃO no
Portos –fundo do mar
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A pressão é alterada porque: p = γ d , sendo γ = peso específico e d = profundidade
do mar. Mas γ=ρ g ,no caso de pressões de fluidos estáticos, sendo g = aceleração
da gravidade e ρ = massa específica do fluido.
Acontece que no caso das ondas, o fluido não é estático, e a aceleração é dada pela
soma vetorial entre a aceleração da gravidade e a aceleração do fluido.

Dessa forma, a aceleração resultante no caso observado acima quando az aponta


para baixo será: a = g + az > g , logo γ = ρ (g + az) e a pressão p será:

p = [ρ(g + az)] ×d

Portanto, maior do que a pressão hidrostática p = ρ g d

GRUPOS DE ONDA

Considere a situação de duas ondas progressivas se propagando com freqüências


próximas mas diferentes, o que é de fato a realidade em um mar randômico. Veja-se
a figura abaixo:

(Fonte: Mason, J., 1984)

Seja a forma da primeira onda dada por η1 e a da segunda onda dada por η2 . A
forma da onda resultante será a soma vetorial η = η1 + η2 sendo:

η1 = a1 cosθ1 e η2 = a2 cos θ2

A velocidade das partículas orbitais da onda resultante será dada por:

u = u1 − u2

θ1 = K1 x − σ1 t + δ1

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θ2 = K2 x − σ2 t + δ2

onde δ1 e δ2 são constantes indicando a defasagem (ondas fora de fase).

Daí a forma resultante da onda η = Σ ai cos θi tendendo para zero (→ 0) nos nós,
então cós θi = 0 (em qualquer nó)
Mas cós θi = (K1 x − σ1 t) − (K2 x − σ2 t) ≡ (2m + 1) π/2 nos nós.

Logo, nos nós η≡ 0 pois cós θi ≡ 0 para todos os nós.

Define-se velocidade de grupo Cg como a velocidade horizontal dx/dt

Separando-se x e t na equação acima:

π
(σ − σ 2 )t (2m + 1)
x= 1 + 2
(K 1 − K 2 ) (K 1 − K 2 )
E a forma da envoltória da onda ηenvoltória poderá ser descrita pela equação abaixo:

  L2 − L1   T − T1 
η envoltória = ± H cos πx  − πt  2
 
  L 2 L1   T2 T1 

dx σ 1 − σ 2
Cg = = e no limite dσ/dK tem-se Cg = dσ/dK mas σ = K C
dt K 1 − K 2
e

C2 = g/K tanh(Kd)

  2 Kd 
A solução é: C g = C 0,51 +  ou Cg = n C
  senh (2 Kd ) 

 2 Kd 
sendo n = 0,51 +  equação que será empregada pelo resto do curso!
 senh (2 Kd ) 

A celeridade de Grupo Cg adquire enorme importância na hidráulica marítima


porque é com esta velocidade que se propaga a energia das ondas !

PARTICULARIZAÇÕES:

Águas Profundas:

 2 Kd 
Em águas profundas   → 0 Logo, n → 0,5

 senh (2 Kd ) 
Assim: Cg = 0,5 C0

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Águas Rasas:

Em águas rasas senh(2Kd)→2Kd Logo n→ 1,00

Assim: Cg = C

Explicação Prática:

Em águas profundas, a celeridade de grupo é apenas metade da celeridade da onda


progressiva de Airy considerada nos cálculos. Por isso, em águas profundas, um
observador olhando fixo para um grupo de ondas veria sempre uma onda de
montante penetrando numa onda de jusante num mar randômico. Em outras
palavras, não daria para se acompanhar com os olhos uma única onda se
propagando em águas profundas, pois sempre haveria a superposição de uma onda
na outra.

Em águas rasas, a celeridade de grupo é igual à própria celeridade individual da


onda de Airy, assim, dá para se acompanhar uma única onda desde uma
determinada posição antes da linha de arrebentação, até formar-se o tubo de
rebentação (aquele em que o surfista faz evoluções) e sua propagação final até a
praia.
ENERGIA NO SISTEMA DE ONDAS

ENERGIA TOTAL POR UNIDADE DE ÁREA SUPERFICIAL Et

γd 2 γη 2
Et = +
2 4

ENERGIA CINÉTICA POR UNIDADE DE ÁREA SUPERFICIAL Ec

γη 2
Ec =
4

ENERGIA POTENCIAL POR UNIDADE DE ÁREA SUPERFICIAL Ep

γd 2
Ep =
2

ENERGIA MÉDIA PARA UM COMPRIMENTO DE ONDA L (POR


UNIDADE DE COMPRIMENTO NA DIREÇÃO Y)

a 2 γH 2 ρgH 2
E =γ = pois a = H/2 daí E= (por unidade de área)
2 8 8

Unidade: kg/m3 × m/s2 × m2 = N/m3 × m2 = N/m por unidade de área,


assim, tendo a área em m2 fica; N/m × m2 = N×m que é a unidade de energia Joule

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ENERGIA TOTAL PARA 1 COMPRIMENTO DE ONDA L

ρgH 2 L
E = EL = (por unidade de comprimento de crista de onda)
8

Unidade: N/m3 × m2 × m = N / unidade de comprimento de crista


assim, tendo o comprimento de onda L em m, fica: N × m = Joule

TAXA DE TRABALHO (POTÊNCIA)

dW = dE/dt = Joule/segundo = watt

POTÊNCIA MÉDIA POR PROFUNDIDADE (FLUXO DE ENERGIA DAS


ONDAS)

P = E nC = E C g em kW/m de crista de onda

Águas Profundas:

P0 = E nC mas em águas profundas n→0,5 daí P0 = 0,5 E 0 C 0

Águas Rasas:
P = E nC mas em águas rasas n→ 1,00

P = EC

Mas a taxa de trabalho (potência) de uma onda não se modifica antes de sua
completa arrebentação na praia.

Logo, P0 = P

Daí: 0,5 E 0 C 0 = E C
TRANSFORMAÇÃO DE ONDAS

O fato do fluxo de energia (taxa de trabalho) ser constante em todas as seções da


frente de propagação de uma onda, nos permite prever de que maneira se
transformam as alturas das ondas em regiões de profundidade variáveis e quando as
dimensões da frente de propagação sofrem modificações.

Considerando a figura abaixo, relativa a uma frente de onda (equipotenciais)


penetrando uma bolsa costeira (enseada), cuja dimensão da frente de onda
(distância entre linhas de corrente ou linhas de fluxo) varia de b0 em águas
profundas para b em águas intermediárias ou rasas, o produto da taxa média de
trabalho (potência) pela largura da frente de onda é também constante, ou seja:

b0 0,5 E0 C0 = bE nC

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(Fonte: Mason, J., 1984)
Substituindo-se os valores de E0 = γH02/8 e E=γH2/8 na equação acima,
podemos tirar a relação H/H0 entre as alturas da onda em águas profundas e águas
quaisquer pela equação:

H b 1 1 C0
= 0 •
H0 b 2n C

Devendo ser lembrado que:

 2 Kd  C 1
n = 0,51 +  e que 0 =
 senh (2 Kd )  C tanh (Kd )

A fórmula da relação das alturas pode ser resumida na equação:

H = KS H0

sendo que KS é dado por:

b0 1 C0
KS = 0,5
b n C

sendo KS denominado coeficiente de deformação da onda , ou shoaling coefficient


na literatura inglesa.

REFLEXÃO DAS ONDAS

Portos – TD 941: Prof. Osny


A reflexão das ondas de superfície em meio fluido obedece às mesmas leis gerais
da reflexão das ondas em outros meios contínuos. A figura abaixo mostra o
processo de reflexão.

(Fonte: Mason,J. 1984)


Na figura (a) está representada a incidência de frentes de uma onda com
comprimento de onda L num obstáculo. Pelas leis da reflexão, o ângulo de reflexão
será igual ao ângulo de incidência. As ondas refletidas poderão interferir com as
ondas incidentes gerando um esquema bi-dimensional de interferência. Caso a
incidência seja normal (α = 0) e o obstáculo constituído por uma parede vertical,
teremos reflexão total, com a formação de clapotis.
Se as ondas incidirem num plano inclinado como na figura (b) com ângulo de
inclinação β com a horizontal, teremos uma reflexão parcial das ondas. A reflexão
parcial das ondas pode ser caracterizada pelo coeficiente de reflexão kr definido
por:

Hr
kr =
Hi
onde Hr é a altura da onda refletida e Hi é a altura da onda incidente. O coeficiente
de reflexão kr depende de inúmeros fatores que influenciam a dissipação de energia
no obstáculo refletor. O gráfico de Greslou e Mahe serve para determinação do
coeficiente de reflexão para a incidência de uma onda num fundo taludado liso, no
caso de águas profundas.

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(Fonte: Mason, J., 1984)
REFRAÇÃO DAS ONDAS

A celeridade C de uma onda é diretamente proporcional à profundidade d em que


se propaga. Assim, se uma onda progressiva tiver sua linha de crista formando um
determinado ângulo com as curvas de nível do fundo do mar, a onda deverá sofrer
uma deformação, porque as partes da crista que se deslocam em águas de maior
profundidade terão maior celeridade. A linha de crista da onda tenderá a encurvar-
se e alinhar-se com as curvas de nível do fundo do mar.

Este fenômeno é conhecido como refração das ondas. A sua importância no


estudo de obras portuárias decorre principalmente do fato de que a refração,
juntamente com o fenômeno da deformação das alturas das ondas devido à variação
de profundidade, determinam a altura das ondas e o grau de agitação nas bacias
portuárias.

O fenômeno da refração pode afetar a batimetria do fundo da bacia portuária, com


assoreamento dos canais de acesso e bacia de evolução.

No estudo da refração das ondas temos dois problemas a resolver:

a) a determinação da altura das ondas:


b) a mudança de direção das ortogonais.

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(Fonte: Mason, J., 1984)
O primeiro pode ser resolvido pela equação H=KS H0 na qual o coeficiente √(b0/b)
será agora denominado coeficiente de refração KR. A determinação da altura das
ondas deverá ser aplicada a cada estágio do avanço da onda entre as curvas de
nível.

b0 1 2
KR = ( )
b

O segundo problema, isto é, a mudança da direção das cristas das ondas (ou das
ortogonais) sobre as diferentes curvas de nível é resolvido por meio da Lei de
SNELL, sendo que para a refração ela é dada por:

C2
sen (α 2 ) = sen (α1 )
C1
onde:
α1 : o ângulo da crista da onda com a curva de nível do fundo, sobre a qual está
passando;
α2 : o ângulo análogo com a curva de nível seguinte;
C1 e C2 : celeridades da onda levando em conta a profundidade junto a cada curva
de nível.

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(Mason, J. 1984)
DIFRAÇÃO DAS ONDAS

A difração das ondas se constitui no fenômeno pelo qual ocorre uma transferência
lateral de energia ao longo da crista, quando esta é interrompida por algum obstáculo.
Na figura (a) seguinte, mostra-se um trem de ondas que se propaga na direção 1-2
quando é interrompida por um quebra-mar. Na zona (I) as ondas prosseguem
normalmente na sua trajetória.
A zona (II) é a zona de difração e as ondas sofrem uma expansão lateral, podendo as
cristas, nesta região, serem assimiladas a arcos de círculo. Na zona (III) as ondas sofrem
reflexão pelo quebra-mar, formando-se um esquema complexo de interferência.

Na figura (b) um trem de ondas incide num quebra-mar destacado que tem uma
abertura C-D. A abertura C-D passa a se constituir num centro de difração da onda para
a zona delimitada pelo quebra-mar.

O estudo do problema da difração é muito complexo e não pode ser abordado neste
curso em sua forma completa pois exige um arcabouço matemático bem além do
ministrado nos cursos de cálculo e matemática aplicada da engenharia civil.

Porém, o problema central da difração, que é a determinação da altura das ondas


difratadas e a forma de suas cristas pode ser resolvido pelo emprego de gráficos de
soluções particularizadas para diversos casos mais comuns. O livro SHORE
PROTECTION MANUAL apresenta a solução para muitas condições de incidência das
ondas e das obras de obstáculo.

As ondas difratadas apresentam uma relação entre a altura da onda difratada Hd e a


onda incidente dada pelo coeficiente de difração kd:

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Hd
kd =
H

(Fonte: Mason,J., 1984)


Os valores de kd são apresentados nos gráficos como mostrado na figura seguinte:

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(Fonte: Mason, J., 1984)
ARREBENTAÇÃO DE ONDAS

À medida que uma onda se propaga desde alto mar se aproximando da linha da costa,
ocorre uma diminuição de seu comprimento de onda L e conseqüentemente sua
celeridade C, ao mesmo tempo em que cresce a componente horizontal das velocidades
orbitais u . A onda consegue se propagar enquanto a celeridade de propagação da onda
propriamente dita C ainda seja superior à velocidade de giro orbital das partículas dadas
por u e w. No momento que u se iguala ou ultrapassa o valor de C, a crista da onda tenta
se propagar mais rápido do que a celeridade C o que é impossível. Assim a crista da
onda se empina e cai promovendo o fenômeno conhecido por arrebentação.

O estudo da zona de arrebentação é muito importante na hidráulica marítima, pois todas


as estruturas portuárias ou costeiras situadas nesta região estarão sujeitas à violência e
turbulência resultante do processo de dissipação da energia na arrebentação, sendo
recomendável se evitar o projeto de estruturas singelas nesta região.

O processo de arrebentação depende de uma séria de fatores, sendo o mais importante a


declividade do fundo na zona de arrebentação, junto à praia. A arrebentação é
classificada em três tipos segundo a declividade do fundo:

- arrebentação progressiva (na literatura inglesa denomina-se spilling breaker),


para fundos com declividade muito suave, quase horizontalizada. Neste caso não
se nota uma quebra de onda propriamente dita mas um trem de várias ondas
dentro da zona de arrebentação com cristas pouco empinadas, caracterizando-se
por uma “espumagem” das ondas. Não há grande turbulência e o risco para
banhistas é muito pequeno. Exemplo no Ceará: Praia do Arpoeiro- Acaraú,
Jericoacoara, etc;

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- arrebentação em voluta ( na literatura inglesa denomina-se plunging breaker),
para fundos com maior declividade. Neste caso a crista da onda se empina para
frente e mergulha contra a parte da depressão da onda. Este tipo de onda se torna
espetacular quando o ar é aprisionado no mergulho, formando o chamado tubo
de arrebentação permitindo manobras espetaculares de surfistas. É o tipo de
onda mais comum no litoral brasileiro, podendo ser observada em qualquer parte
do litoral do Ceará, como na praia do Futuro em Fortaleza. Os risco para
banhistas são maiores, principalmente quando combinada com fenômenos de
refração e correntes costeiras;
- arrebentação em intumescência (na literatura inglesa denomina-se surging
breaker) para fundos bastante íngremes, sendo caracterizada por uma estreita ou
sequer inexistente zona de surf e por uma alta reflexão. São ondas bastante
perigosas porque quebram de forma abrupta na praia e, por reflexão, arrastam de
volta para o mar sedimentos promovendo erosão da praia. Devem ser evitadas
até mesmo por banhistas mais experientes, pois o risco de afogamento é muito
elevado nessas condições.

A figura seguinte, proveniente do livro WATER WAVES MECHANICS FOR


ENGINEERS AND SCIENTISTS de Robert Dean e Robert Dalrymple da World
Scientific, mostra os três tipos de onda aqui citados.

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(Fonte: Dean & Dalrymple, 1995)

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Ao engenheiro que lida com obras costeiras ou portuárias é importante conhecer
aonde se dará a quebra da onda segundo os critérios aqui citados. O critério mais
aceito na comunidade acadêmica é o que estabelece que a onda quebra quando a sua
altura alcança uma fração da profundidade da água. O primeiro critério foi o de
McCowan (1894) que estabeleceu que:

H b = 0,78d b
onde Hb seria a altura da onda na quebra e db seria a profundidade do mar na quebra
da onda.

O segundo critério, mais moderno, se deve a Weggel (1972) que após inúmeras
medições e ensaios de laboratório concluiu que há uma relação entre a altura da
onda no momento da quebra com a declividade m do fundo do mar na zona de
arrebentação. A equação fica:

H b = kd b
na qual k é dado pela equação abaixo:

Hb
k = b(m ) − a(m )
gT 2

(
a(m ) = 43,8 1 − e −19 m )
(
b(m ) = 1,56 1 + e −19,5 m ) −1

Nesta equação, o valor de k se aproxima de 0,78 quando a declividade da praia se


aproxima de zero. Nota-se que esta equação é implícita, tendo o valor da altura da
onda em ambos membros da mesma. A solução deve ser tentada da seguinte forma:

Como uma primeira aproximação, a profundidade da quebra da onda pode ser


determinada pelo coeficiente de deformação da onda KS e fórmulas de refração para
curvas de nível retas e paralelas à praia, se as condições de alto mar forem
conhecidas.

Chamando θ0 ao ângulo formado pela tangente à ortogonal da onda (sentido de


propagação da onda para a praia) com a linha normal à praia numa profundidade
considerada de águas profundas e, de θ, ao mesmo ângulo numa profundidade mais
próxima à praia, que são equivalentes às relações b0 e b dadas por:

12 1
b   cosθ 0  2
KR =  0  = 
b  cosθ 
tem-se:

1 1
 C  2  cosθ 0  2
H = H0 0   
 2nC   cosθ 

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Para águas rasas isto se aproxima para:

1 1
 C0  2  cosθ 0  2
H = H0  
 2 gd   1 
 

Sendo assumido que o ângulo de quebra é pequeno. Usando a critério de McCowan


tem-se:
1
 C0  2

kd b = H 0  (cosθ 0 ) o qual sendo resolvido para db encontra-se:


 2 gd b 

2
1  H 02 C 0 cosθ 0  5
db =   (profundidade de quebra)
1 4  2 
g 5k 5  

valendo para uma praia plana onde d=mx, sendo x a distância contada da praia e
m=tanβ, sendo a inclinação da praia. A distância da linha de arrebentação da costa é
dada por:
2
d 1  H 02 C 0 cosθ 0  5
xb = b =  
m mg 5 k 4 5
1
 2 

Finalmente, a altura da onda na quebra Hb é estimada através de:

1 2
k 5
 H 02 C 0 cosθ 0  5
H b = kmxb =    
2 
g  

Deve-se empregar k=0,78 como uma primeira boa aproximação.

CLAPOTIS – ONDAS ESTACIONÁRIAS

Em bacias portuárias limitadas (fechadas), ou no caso da reflexão de ondas progressivas


por paredes verticais ou quase verticais, poderemos ter a formação de ondas
estacionárias, também chamadas de clapotis.

O clapotis é formado a partir da superposição entre uma onda progressiva incidente


contra uma onda refletida pela parede ou obstáculo encontrado.
A onda progressiva incidente tem a forma η=a cos (Kx−σt) que superposta a uma outra
onda refletida dá:

η = 2a sen Kx cos σt

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ou seja, uma onda com uma amplitude igual ao dobro da amplitude da onda incidente.

Esta onda resultante não é progressiva, e sim estacionária, isto é, provoca uma oscilação
do fluido com os pontos nodais fixos Kx=nπ, ou x=nL/2. Na figura abaixo mostra-se a
criação da onda clapotis.

(Fonte: Mason,J., 1984)

Nos pontos nodais x=0, L/s, ..., nL/2, o nível da água permanece constante. Os pontos
situados a meia distância entre os nós são os chamados antinós e neles a variação de
nível é máxima.

Um estudo da trajetória das partículas fluidas demonstra que as mesmas executam


movimentos oscilantes, indicados na figura acima. Nos nós, o movimento de oscilação
das partículas é puramente horizontal, nos antinós o movimento é vertical e nos pontos
intermediários as trajetórias oscilantes das partículas são inclinadas.
Uma vez que nos antinós o movimento das partículas é vertical, nada seria alterado se,
nestas seções, colocássemos paredes verticais impermeáveis. Esta situação ocorre nas
bacias portuárias fechadas por paredes verticais e sujeitas a oscilações por clapotis.
Os diagramas de pressões determinados pelas oscilações de clapotis podem ser
facilmente determinados com o uso da teoria hidrodinâmica. São empregados os
diagramas de SAINFLOU como demonstrado a seguir.

Seja uma onda clapotis, de altura H, sendo refletida numa parede vertical. Demosntra-se
que o plano médio da onda ocorre a uma altura

πH 2  2πd 
∆h = cot gh 
L  L 

acima do nível N. A da água em repouso. Veja-se a figura abaixo.

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(Fonte: Mason, J., 1984)

A seguir, traça-se a linha 1-2 correspondente à pressão hidrostática, a partir da qual, no

fundo marcamos a pressão:

H
∆p =
 2πd 
cosh 
 L 
para a direita e para a esquerda (pontos 4 e 6). Unindo os pontos 4 a 3 e 6 a 5, teremos
as linhas de pressões máximas e mínimas indicadas por linhas cheias. É costume, a
favor da segurança, aproxima-las pelas linhas tracejadas próximas indicadas. Os
diagramas de pressões máximas e mínimas da onda, descontado o diagrama das
pressões hidrostáticas, acham-se representadas na figura (b), devendo naturalmente ser
multiplicados pelo peso específico γ do fluido.

RESSONÂNCIA EM BACIAS FECHADAS

O problema das oscilações em bacias fechadas pode ser compreendido com base no

estudo referente às ondas estacionárias clapotis.

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Tal como foi dito anteriormente, podemos verificar que nada se altera quando

colocamos paredes verticais, junto dos antinós das ondas, onde o movimento das

partículas é vertical. Em realidade a situação é inversa. Se tivermos na prática paredes

refletoras, separadas pela distância LB, poderão inserir-se entre elas ondas estacionárias

tais que LB seja um múltiplo de L/2 (L= comprimento da onda). Teremos assim:

mL
LB = sendo m um inteiro.
2

Por outro lado, como o comprimento de onda L é relacionado com o período T ,

podemos calculá-lo em função do comprimento LB da bacia por meio da equação:

1
  2

 
 4πLB 
Tm =
  mπd  
 mg tanh  
  LB  

Nesta fórmula, m poderá tomar o valor de qualquer número inteiro 1,2,3,...etc. O

período fundamental corresponde a m=1, isto é,

1
  2

 
 4πLB 
T=
  πd  
 g tanh  
  LB  

No caso de águas rasas, tanh(πd/LB)≅ πd/LB de modo que:

2 LB
T=
gd

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(Fonte: Mason,J.,1984)

Esta fórmula foi deduzida para o caso unidimensional, isto é, para quando a dimensão

da bacia fechada LB é muito maior do que a dimensão LA (LB >> LA). Caso isto não

ocorra a fórmula a ser empregada será:

−1
2  1   1  
2 2 2

T=   +    para o período fundamental T de oscilação.


gd  L A   LB  

No caso de bacias fechadas com forma nitidamente alongada (LB >>LA) o único tipo de

oscilação de interesse é aquele cujo período é dado pela equação T= 2LB/(gd)0,5 . O tipo

de oscilação nesse caso é esquematizado na figura (b) acima, com uma amplitude de

variação de nível igual a 2H.

Para um observador colocado nas margens da bacia, a variação de nível da água com a

amplitude 2H, que se sucede num intervalo de tempo T, apresenta-se algo semelhante à

maré nos oceanos, apesar de não passar de um movimento oscilatório da massa fluida

confinada na bacia portuária fechada.

Esta fórmula tem sido aplicada a alguns lagos de forma geométrica alongada, existentes

em certas parte da terra, tais como o Lago Baikal (Rússia), o Lago de Genebra (Suíça) e

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Lake George (País de Gales), com resultados surpreendentemente próximos da

realidade observada.

Um ponto importante e que deve ser observado na escolha e projeto das bacias

portuárias fechadas é o da incidência de ondas em aberturas naturais ou constituídas por

quebra-mares numa bacia fechada, conforme mostrado na figura acima.

Se o período das ondas incidentes coincidir com ou se aproximar do período natural de

oscilação da bacia, poderemos encontrar nela uma grande agitação. O fenômeno é de

ressonância, do mesmo tipo daquele que ocorre nas vibrações mecânicas forçadas,

quando a freqüência da força perturbadora coincide com a freqüência natural de

vibração do sistema.

No presente caso, a oscilação forçada é comandada pelo campo de velocidades do

fluido, imposto como condição de contorno na abertura de entrada da bacia.

Portanto, na escolha da conformação da bacia portuária, devemos verificar a

possibilidade de haver ressonância em seu interior pela ação de ondas incidentes e, caso

ocorra, deveremos alterar sua forma ou introduzir mecanismos de dissipação adequados.

PREDIÇÃO DE ONDAS

Até agora foi visto que, conhecendo-se o período T das ondas e sua altura H0 , ambos

medidos em águas profundas, poderemos descrever todas as demais características da

onda em quaisquer profundidades até sua arrebentação na praia ou nas obras portuárias

que temos interesse.

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Torna-se necessário então, caso não hajam meios físicos de medição dessas duas

características iniciais das ondas, como bóias direcionais (waverider direcional, que

mede perído, altura e direção de propagação das ondas), empregar-se métodos indiretos

para estimativa dessas duas características primordiais para a hidráulica marítima.

Sabe-se que a principal fonte de geração de ondas é o vento, incluindo-se aí todas as

suas formas, desde uma leve brisa até uma tempestade ou furacão. Será empregado o

Método do COASTAL ENGINEERING RESEARCH CENTER do U.S. Army Corps

of Engineers – Waterways Experiment Station, Vicksburg Mississipi, 1984.

Ventos Sobre a Água

Entre 10 e 100 m de altura sobre a superfície do mar, a pressão de vento é constante,

mas de velocidade variável. O vento resulta do esforço natural para eliminar gradiente

de pressão. Os gradientes de pressão estão quase sempre em equilíbrio aproximado com

a aceleração produzida pela rotação da terra.

Dois fatores são responsáveis pela geração de ventanias: o aquecimento desigual da

superfície da terra ou do mar, promovendo zonas de baixa e de alta pressão e, o efeito

de coriolis sobre as massas fluidas, sejam as correntes marítimas, sejam as massas de ar

da atmosfera.

O vento nada mais é do que o deslocamento de uma massa de ar de uma zona de alta

pressão para uma zona de baixa pressão atmosférica.

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Velocidade do Vento – Coeficiente de Arraste

É feito um ajuste na velocidade do vento para cálculo da pressão do vento sobre a água,

em virtude da relação velocidade do vento/pressão do vento não ser linear. Assim:

U A = 0,71U 1, 23

onde UA = fator de pressão do vento sobre a água em m/s;

U = velocidade medida do vento por meio de anemômetro em m/s.

Todos os cálculos de pressão do vento sobre a água devem empregar o valor de UA e

jamais de U tão somente.

Predição de Ondas em Águas Profundas

Seja:

F = fetch, é subjetivamente uma distância da região na qual a velocidade do vento e sua

direção sejam razoavelmente constantes. Pode ser determinado por meio de cartas

sinópticas que mostram as isolinhas de pressão atmosférica.

H0 = altura da onda em águas profundas em (m);

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T = período da onda em águas profundas em (seg);

UA = pressão do vento em m/s.

As fórmulas que permitem calcular as características com base num fetch conhecido

são:

H 0 = 1,616 × 10 −2 U A F

T = 0,6238 3 U A F ( note que aqui a raiz é cúbica, cuidado !)

Os valores calculados acima não podem ultrapassar os valores dados pelas fórmulas

abaixo que foram determinadas para a condição de desenvolvimento pleno, pois há um

limite máximo de crescimento das ondas em relação ao fetch que não pode ser

desobedecido. Isto é lógico, pois pelas equações acima, se tivéssemos um comprimento

de fetch tendendo para infinito, então a altura e o período da onda tenderiam também

para infinito, o que não é sequer razoável ou mesmo possível !

H 0 = 2,4821 × 10 −2 U A2

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T = 0,83U A

Assim, caso os valores determinados pelas primeiras fórmulas acima, calculados com

base no fetch, resultem maiores do que os das segundas fórmulas, que dispensam o uso

do fecth, os valores a serem empregados deverão ser os destas últimas duas fórmulas.

ONDAS PROVOCADAS POR FURACÕES

As fórmulas para predição de altura de ondas em águas profundas para furacões de

baixa velocidade de avanço (deslocamento), o que não significa propriamente uma

baixa velocidade de giro, são dadas por:

 0,29αVF 
 R×∆P 

H 0 = 5,03 e  4700  1 + 
 U R 

 R×∆P 
   0,145αVF 
T = 8,6 e  9400 
1 + 
 U R 
onde:

H0 = altura das ondas em águas profundas em (m);


T = período das ondas em (seg);
e = número de Euler, base dos logaritmos neperianos, igual a 2,718....;
R = raio de vento máximo em Km (ver figura);
∆P = Pn – Po, depressão atmosférica, onde Pn é a pressão normal atmosférica de 760
mmHg (milímetros de mercúrio) ao nível do mar e, Po é a pressão no centro (olho) do
furacão medida também em mmHg; (obs: normalmente se mede a pressão atmosférica
em milibar (mb), sendo que 1 mb = 0,75 mmHg)
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VF = velocidade de avanço do furacão em m/s;
UR = máxima velocidade de sustentação do vento em m/s, calculada para uma altura de
10 m acima da superfície do mar no raio R, onde:

UR = 0,865 Umax para furacões estacionários (parados no local)

ou então

UR = 0,865 Umax + 0,5 VF para furacões se movimentando com velocidade VF

Sendo que Umax é dada por:

[
U max = 0,447 14,5(Pn − Po )
0,5
− R(0,31 f )]
onde:

f = parâmetro de Coriolis = C = 2 ΩsenΦ em radianos por hora.


onde Ω = velocidade angular da terra = 2π(1+1/365,24) radianos/dia = 7,292 × 10-5
radianos/segundo = 2π/24 radianos por hora
Φ = latitude local
Pode-se tirar o valor de f direto da tabela abaixo em função da latitude do lugar

Latitude em Graus Parâmetro de Coriolis f


25 0,221
30 0,262
35 0,300
40 0,337

α = um coeficiente que depende da velocidade de avanço VF do furacão e do


incremento em função do comprimento do fetch quando o furacão está em movimento.
É sugerido que para movimentação lenta de avanço do furacão, se tome o valor de α =
1,0 por segurança.

O furacão tem isolinhas que representam a altura das ondas em seu entorno como
mostra a figura seguinte. O valor básico da altura da onda H, é dada pelas equações
acima. Para se conhecer a altura da onda na periferia do furacão deve-se multiplicar o
valor da isolinha pela altura H calculada. As setas menores indicam a direção de giro
das ondas. O raio R pode ser considerado como a metade do diâmetro da massa de
nuvens do furacão geralmente registrada por imagem de satélite.

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(Fonte: Autor, 2014)

Apresenta-se a seguir a chamada ESCALA DE BEAUFORT para ventos, a qual é


obrigatória nas embarcações marítimas para identificação das condições de ventos e
tempestades em alto mar. Os valores das velocidades de vento identificados na Escala
de Beaufort, podem servir para uma primeira aproximação do cálculo da altura e do
período das ondas a incidir sobre uma obra portuária, que não tenha ainda uma
instrumentação adequada para medir as características das ondas.

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Escala Nome em Nome em Velocidade Efeitos em Estado do mar
Português Inglês estimada terra Designação Aspecto do
dos ventos mar
(m/s)
0 Calmaria Calm 0 a 0,2 Qualquer Espelhado Espelhado
fumaça sobe
verticalmente
1 Bafagem Zightair 0,3 a 1,7 A fumaça toma Tranqüilo Mar com
a direção do pequenas rugas
vento, o com aparência
catavento não se de escamas
move
2 Aragem Slight 1,8 a 3,3 O catavento se Chão Ligeiras ondas
move, sente-se com cristas mas
Breeze o vento na face sem
arrebentação
3 Vento Fraco Gentle 3,4 a 5,4 Bandeiras Pequenas Grandes ondas
pequenas se com
Breeze desfraldam, Ondas arrebentações
folhas e plantas
se movem
4 Vento Moderate 5,5 a 8,5 O vento levanta Ondas Ondas mais
poeira e papéis longas
Moderado Breeze soltos
5 Vento Fresh 8,5 a 11,0 Nos lagos Grandes Ondas longas
formam-se com
Fresco Breeze pequenas ondas Ondas possibilidade de
borrifo
(espumas)
6 Vento Muito Strong 11,1 a 14,1 Ovento assovia Vagalhões Ondas longas e
nos fios, é borrifo
Fresco Breeze difícil andar
com guarda-
chuva aberto
7 Vento Forte Moderate 14,2 a 17,2 Partem-se os Grandes Mar grosso e o
galhos das vento arranca
Gale árvores Vagalhões espuma
8 Vento Muito Fresh Galé 17,3 a 20,8 É quase Tempestuoso Vê-se faixas de
impossível se espuma branca
Forte andar contra o
vento
9 Vento Duro Strong Gale 20,9 a 24,4 Danificam-se as Idem O borrifo
estruturas mais começa a afetar
fracas a visibilidade
10 Vento Muito Whole Gale 24,5 a 28,5 O vento arranca Idem A superfície do
árvores e mar é quase
Duro danifica toda branca
estruturas
11 Vento Storm 28,6 a 32,7 Grandes Idem Os navios
estragos médios somem
Tempestuoso ocorrem no cavado das
ondas
12 Furacão Hurricane > 32,8 Destruição Idem A visibilidade à
generalizada frente é nula de
fato

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EXERCÍCIOS DE HIDRÁULICA MARÍTIMA

Exercício n° 1: Uma ilha oceânica mostrada na figura abaixo possui um


ancoradouro para pequenos barcos de pesca, cuja plataforma está situada na cota
+3,00 m em relação ao nível do mar.

A ilha é naturalmente protegida por recifes de corais que afloram na profundidade


de h = – 15,00 m (d = 15,00m), tendo uma abertura de 100 m por onde passam os
barcos. As casas dos pescadores estão situadas entre a cota + 5,00 m e + 15,00 m
acima do nível do mar. As ortogonais das ondas proveniente de águas profundas
que chegam frontalmente ao ancoradouro da ilha possuem largura b0 = 130 m. Na
abertura dos recifes de corais, as cristas das ondas formam um ângulo α de 20°. A
ilha foi então atingida por um vento muito duro, segundo a escala de Beaufort, com
velocidade de vento de 25 m/s, com fetch estimado em 150 Km. A partir destes
dados determine:

a) As características da onda na passagem entre os recifes;


b) As características da onda na profundidade h = – 5,00 m (d = 5,00 m);
c) O ângulo de refração na profundidade h = – 5,00 m (d = 5,00 m);

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d) A altura da lâmina d`água sobre a plataforma do ancoradouro que fica na cota +
3,00 m.

SOLUÇÃO:

1) Estimativa das características da onda provocada pelo vento em águas profundas:

Dados: Vvento = 25 m/s ≅ 90 Km/h, daí U = 25 m/s

UA = 0,71 × 251,23 = 37,21 m/s

Altura da onda para Fetch = 150 Km:

H0 = 0,01616 UA F0,5 ∴ H0 = 0,01616 × 37,21 × 1500,5 = 7,36 m

Período da onda para Fetch = 150 Km:

T = 0,6238 (UA F)1/3 ∴ T = 0,6238 × (37,21 × 150)1/3 = 11,06 seg

Comparando-se os valores encontrados pelo critério do Fetch com a condição de


desenvolvimento completo tem-se:

H0 = 0,024821 UA2 ∴ H0 = 0,024821 × 37,212 = 34,36 m

Como o primeiro valor encontrado para H0 foi de 7,36 m < 34,36 m, então o valor
correto de H0 será 7,36 m.

H0 = 7,36 m

Agora T = 0,83 UA ∴ T = 0,83 × 37,21 = 30,88 seg

Como o primeiro valor encontrado para T foi de 11,06 seg < 30,88 seg, então o
valor correto de T será mesmo de 11,06 seg.

T = 11,06 seg

2) Características da onda em águas profundas:

C0 = gT/(2π) ∴ C0 = (9,81 × 11,06) / (2 × π) = 17,27 m/s

L0 = C0 × T ∴ L0 = 17,27 m/s × 11,06 seg = 191,00 m

Por este valor de L0 , estima-se que a profundidade a partir da qual se tem as


condições de águas profundas é dada por: d = L0/2 ou d = 191,00/2 = 95,5 m

σ = 2π/T ∴ σ = (2 × π) / 11,06 = 0,568 /seg (Note a unidade: por segundo)

K = 2π/L ∴ K = (2×π)/L0 = (2× π) / 191,00 = 0,0328 /m (por metro)

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Velocidade horizontal orbital máxima umax: A velocidade orbital horizontal é dada
pela equação abaixo,válida para qualquer profundidade, posição e tempo t:

agK cosh[K (d + z )]
u= cos(Kx − σt )
σ cosh (Kd )

Entretanto, quando se trata de analisar a máxima velocidade orbital, a qual acontece


na superfície do mar ( z = 0) e, para um valor máximo que é quando o argumento
do cosseno se iguala a zero ou 2π, produzindo o valor máximo de 1,00 para a
função cossenoidal, a equação acima fica simplesmente:

agK
u max =
σ

Em que a = amplitude da onda ou H/2.

Então:

7,36
× 9,81 × 0,0328
u max = 2 = 2,08m / s
0,568

Note que neste caso de águas profundas, C0 >> umax !

3) Características da onda na passagem entre os recifes (h = –15,00 m ou seja, d =


15,00m):

Emprega-se primeiramente a equação interativa

L  2πd 
= tanh 
L0  L 

L  2 × π × 15 
Daí: = tanh 
191,00  L 

Para quem não dispõe de uma calculadora programável para igualar ambos os lados
da equação empregando a função “SOLVER” ou “atingir meta”, só há um caminho
a seguir, o qual explicaremos passo a passo neste exemplo:

Quando a profundidade em que se deseja calcular as características da onda (d =


15,00m) está muito abaixo da condição de águas profundas (d = 95,5 m),
aconselha-se como primeira tentativa atribuir para L um valor correspondente a 2/3
do valor de L0. Assim, L15m = 2/3 L0

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L15m = 0,66 × 191,00 = 126,06 m e testa-se esse valor na equação interativa:
Para L15m = 126,06 m

L/L0 = tanh( 2πd / L15m) ∴ 126,06/191,00 = tanh( 2×π×15/126,06) ?


Fazendo-se os cálculos verifica-se que 0,660 ≠ 0,633

Então conclui-se que L15m ≠ 126,06 porém está próximo, devendo ser diminuído em
valor:

Arbitra-se um novo valor para L15m próximo de 126,06 m , por exemplo, 123,00m e
vai-se comparando os resultados até igualar, no mínimo na terceira casa decimal, o
resultado dos dois membros da equação:

P/ L15m = 123,00 m ∴ 0,643 ≠ 0,644


P/ L15m = 123,30 m ∴ 0,645 ≠ 0,643
P/ L15m = 123,20 m ∴ 0,645 ≠ 0,644
P/ L15m = 123,10 m ∴ 0,644 = 0,644

Logo, o valor correto de L15m = 123,10 m cuja tanh(2πd/L) = 0,644

Agora calcula-se: K = 2π/L ∴ K = 2π/123,10 = 0,051

Com este valor de K será possível calcular todos os demais elementos para esta
profundidade d = 15 m.

 2 Kd   2 × 0,051 × 15 
n = 0,51 +  = 0,51 +  = 0,847
 senh (2 Kd )   senh (2 × 0,051 × 15) 
e

C  2πd 
= tanh  logo, como tanh(2πd/L) = 0,644
C0  L 

então C15m = 0,644 × 17,27 m/s = 11,12 m/s

A altura da onda na profundidade d = 15 m será encontrada por:

H b 1 1 C0
= 0 •
H0 b 2n C

ou seja, H15m = H0 × ( 191/100 )0,5 × (0,5 × 1/0,847 × 1/0,644)0,5

H15m = 7,36 m × 1,38 × 0,957 = 9,72 m ∴ H15m = 9,72 m

A velocidade orbital máxima será:

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9,72
× 9,81 × 0,051
u max15 m = 2 = 4,28 m / s
0,568

4) Características da onda na profundidade h = – 5,00 m ou d = 5,00 m

Aplica-se o mesmo princípio e roteiro de cálculo demonstrado para d = 15m, nesse


caso fica:

L5 m  2 ×π × 5 
= tanh  que após resolvida por tentativas resulta em L5m = 75,3m
L0  L5m 

correspondendo a tanh(2πd/L) = 0,394

Os demais valores encontrados serão:

K = 2π/L5m = 2π/75,3 = 0,083

C5m = 0,394 × 17,27 m/s = 6,804 m/s

n = 0,946 (veja-se que está muito próximo de 1,00 = águas próximas de rasas)

H5m =11,76 m considerando-se, logicamente b0/b = 191m/100m, tal como antes!

umax 5m = 8,43 m/s

Note que agora umax (8,43 m/s) é maior do que C5m (6,804 m/s), o que significa que
a onda está em franco processo de arrebentação !

5) Ângulo de refração com a curva de nível da profundidade h = – 15,00 m

Usa-se a equação:

C2
sen (α 2 ) = sen (α1 )
C1

Sendo que C2 = C5m = 6,80 m/s


C1 = C15m = 11,12 m/s
α1 = 20°

6,80
Logo: sen α 5 m = sen(20) = 0,209
11,12

Assim: α5m = arc sen(0,209) = 12,07° α5m = 12,07°

6) Cota de atingimento no ancoradouro considerando d = 5m

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Existe uma equação, ainda não abordada nas notas de aulas anteriores, que
determina a elevação do nível médio do mar quando as ondas se aproximam de
águas rasas. Os efeitos de fricção das ondas no fundo do mar e o incremento de
altura das ondas junto a pouca profundidade, faz com que o nível médio de repouso
do mar fique um pouco acima de seu nível médio em águas profundas.
Este efeito passa despercebido pelo observador comum e, provavelmente, pelo
engenheiro que não tem formação em hidráulica marítima, podendo ocorrer até
mesmo um galgamento das cristas das ondas em estruturas portuárias ou costeiras
que tenham sido projetadas sem que se tenha levado em conta este fenômeno. A
equação da sobrelevação de nível junto a pouca profundidade é:

 
π H 
2  2
1,5 
ξM = 1 + 
2 gT 2   2πd  
 senh L  
 

Aplicando-se com os dados disponíveis para d = 5m:

 
 
π × 11,76
2 2
1 + 1,5  = 2,55m
ξM =
2 × 9,81 × 11,06 2   2×π ×5 
 senh 75,3  
  

Ou seja, o set up (estabelecimento) em relação ao nível médio em repouso do mar


será de 2,55m !

A cota (aproximada) de alcance em d = 5m será:

Cota = nível de repouso (cota =0,00 m) + set up (2,55m) + amplitude da onda


(11,76/2) = 0,00 + 2,55 + 5,88 = 8,43 m, aproximadamente (o cálculo correto de
set up é bem mais complexo e faz parte do escopo da disciplina de Engenharia
Costeira)

Como a cota da plataforma do ancoradouro é a cota + 3,00m, e a cota aproximada


de atingimento da água na profundidade d = 5m é 8,43, então haverá uma lâmina de
água da onda passando sobre a plataforma do ancoradouro com 8,43 – 3 = 5,43 m.

Isto significa que, as casas de pescadores que ficam situadas entre as cota + 5,00 m
e a cota +9,00 m serão arrasadas pela onda resultante.

Exercício n° 2: Ondas estacionárias – Clapotis:


Suponha que uma onda com as seguintes características em águas profundas atinja
a parede vertical de um dique de 27m de altura encravado numa profundidade de 20
m, em mar aberto. Determine qual seria o momento máximo de tombamento no pé
do dique para efeito de dimensionamento.

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H0 = 4,90 m ; T = 8 seg

hdique=27m
d=20m

Solução:
Momento.
Tombamento

C0 = gT/2π C0 = 9,81 × 8/(2π) = 12,49 m/s Lo = C0× T L0= 12,49×8=99,92m

para d=20 m L/L0 = tanh(2πd/L)

para L = 88m 0,880 ≠ 0,891

para L = 88,8 m 0,888 = 0,888 (coincidência apenas !) Logo, Ld=20m = 88,8m

C20m = C0 × tanh(2πd/L) = 12,49 m/s × 0,888 = 11,09 m/s

K= 2π/L → K = 2π/88,8 = 0,07075 n = 0,5[1+ 2Kd/(senh 2Kd)]

n = 0,5 {1+[2×0,07075×20/senh(2×0,07075×20)]} = 0,670

Como o dique está faceando o mar aberto, logo a relação entre a largura das
equipotenciais dada por b0/b = 1 pois b0 =b em mar aberto.

A altura da onda em d = 20 m será:

H/H0 = [ 0,5 × 1/n × C0/C × b0/b]1/2 = [ 0,5 × 1/0,670 × 1/0,888 × 1]1/2 = 0,916

Logo H = 0,916 × H0 = 0,916 × 4,90 m = 4,50 m H20m = 4,50 m

Calculando o diferencial de pressão ∆p:

H 4,50
∆p = = = 2,06m
 2πd   2π × 20 
cosh  cosh 
 L   88,8 

Calculando o diferencial de altura ∆h em relação ao nível do repouso:

πH 2 2πd  π × 4,5
2
 2π × 20 
∆h = coth = coth  = 0,806m
L  L  88,8  88,8 

Compondo o Diagrama de SAINFLOU:

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4,5m

0,806m 4,5+0,806=5,3m

2,06m
20m

20m

DIAGRAMA DE PRESSÕES MÁXIMAS

5,3m

20m 3 R

2,06m

As pressões resultantes, descontada a pressão hidrostática que equilibra as mesmas


de um lado e do outro do dique, resulta no diagrama acima equivalendo às pressões
resultantes somente da ação da crista da onda clapotis atuando sobre a parede do
dique. O diagrama implica numa força resultante R aplicada a uma distância x do
pé do dique provocando o momento de tombamento máximo Mt .

A figura do diagrama foi dividida em três figuras elementares 1,2 e 3 para permitir
o cálculo da força resultante R e do momento de tombamento Mt.

Por considerações geométricas e de mecânica geral, tem-se que:

R=Atotal × γágua considerando-se aqui que a água do mar tem um peso


específico γ = 1,034 tf/m3 ou 1034 kgf/m3

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As resultantes individuais são: R1 = A1× γ R2 = A2 × γ R3 = A3 × γ

O ponto de aplicação do momento resultante pode ser determinado por:

R × x = R1 × x1 + R2 × x2 + R3 × x3

Se dividirmos tudo pó γágua fica simplesmente:

A1 × x1 + A2 × x 2 + A3 × x3
x=
Atotal

A1 = 5,3 × 5,3 / 2 = 14,04 m2

x1 = 20 + 5,3/3 = 21,76m

A2 = (5,3 − 2,06) × 20/2 = 32,40 m2

x2 = 2/3 × 20 = 13,33m

A3 = 2,06× 20 = 41,20m2

x3 = 20/2 = 10m

Atotal = 14,04+32,40+41,20 = 87,64 m2

R = Atotal × γágua = 87,64 m2 × 1,034 tf/m3 = 90,61 tf/m linear de parede de dique

x = [14,04 × 21,76 + 32,40×13,33+ 41,20× 10] / 87,64 = 13,11 m

E o momento de tombamento máximo será:

Mt = 90,61 tf/m × 13,11 m = 1.188 tf×m/ m linear de parede de dique

Exemplo n° 3:

Para uma onda progressiva semelhante à do Exemplo n° 1 – Nota de Aula 5 –


Equações Fundamentais das Ondas Progressivas, que tinha um período de 6,5 seg e
uma altura em águas profundas de 4m, incidindo sobre uma zona costeira que tinha
uma declividade de 5%, com contornos batimétricos retos e paralelos à linha da
costa, em mar aberto, determine:

a) A profundidade possível de ocorrer arrebentação da onda empregando o critério


de McCowan;

b) A distância contada da linha da costa para a zona do início da arrebentação;

c) A altura provável de quebra da onda durante a arrebentação.

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SOLUÇÃO:

O critério de McCowan fixa o valor de k = 0,78 para a relação Hb = k db :

Como a onda quebrará numa zona de costa, em mar aberto, com contornos
batimétricos retos e paralelos, o ângulo θ0 será 0°, e portanto, cosθ0 = 1. Obs: θ0 =
ângulo formado pela tangente à ortogonal da onda (sentido da propagação) com a
linha normal à praia numa profundidade de águas profundas.

Lembrando que KR = (b0/b)1/2 = (cosθ0/cosθ)1/2

A equação da profundidade de quebra é:


2
1  H 02 C 0 cosθ 0  5
db =  
1
g 5k
4
5  2 

2
1  4 2 × 10,148 × 1 5
db =   = 4,485m db = 4,49 m
9,81
1
5
(0,78)
4
5  2 

b) A distância da praia para a linha de arrebentação:

d b 4,485
xb = = = 89,70m Logo, a zona de arrebentação começa em xb = 89,70m
m 0,05

d) A altura da onda na quebra é dada por:

H b = k d b = 0,78 × 4,485 = 3,498m Logo, Hb = 3,5 m

ATENÇÃO: O critério de McCowan (k=0,78) não é absoluto e pode conduzir a


erros apreciáveis, em virtude da teoria das ondas progressivas não ter 100% de
validade na zona de arrebentação. O critério de fato mais correto para que ocorra a
quebra da onda, é encontrar uma profundidade em que a velocidade horizontal das
partículas u coincida com a celeridade da onda C nesta profundidade.

Isto só é possível através de simulação computacional pois só existem duas


equações de solução para três variáveis (db; Hb e Lb), ou seja, somente conhecendo-
se uma relação correta entre Hb/db ou Lb/db seria possível se obter uma solução
analítica explícita.

Simulações computacionais indicaram que a altura correta de quebra da onda é com


Hb ≅ 3,9 m numa profundidade aproximada de 2,8 m. Mas isto seria relativo à
queda do tubo de arrebentação da onda na praia.

O critério de McCowan que resultou neste caso um Hb = 3,5 m e db = 4,49 m


assinala a posição onde começa a se formar o tubo de arrebentação que se propaga
por 89,7 m até atingir a praia. Ele continua sendo importante para definir a priori
para a engenharia de hidráulica marítima, onde começa a ocorrer o processo de
formação do tubo na zona de arrebentação.

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Exercício n° 4: A bacia portuária da figura abaixo é atingida por ondas provocadas
por um furacão que se formou numa latitude de 30° no Atlântico Norte. Imagens de
satélite revelaram as seguintes características meteorológicas deste furacão:
• Latitude da formação: 30° N
• Raio de Vento Máximo: R = 90 Km
• Pressão Atmosférica no Olho do Furacão: 740 mmHg
• Velocidade de Avanço do Furacão: 90 Km/hora

(Fonte: Mason,J, 1984)

Como se pode observar na figura, a bacia portuária é protegida por molhes, tendo
um canal de acesso de 200 m de largura e uma profundidade média é –18,5 m, pois
a profundidade é de –19 m na entrada, igual a -18,5 m dentro da bacia de evolução
e, de –18m na zona de atracação, resultando numa média de –18,5 m de
profundidade.

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O comprimento da bacia portuária é de aproximadamente 920m, pois o diâmetro da
bacia de evolução é 520m e tem mais 400 m entre o final da bacia de evolução e o
cais oposto de atracação. (LB = 920m).
A largura da bacia portuária é aproximadamente 460 m, pois o diâmetro da bacia de
evolução é 520 m e a largura junto ao cais oposto é de 400m, resultando numa
média de (520+400)/2 = 460m. (LA= 460m).

Supondo que o Serviço Meteorológico alertou as autoridades portuárias sobre a


vinda do furacão com direção incidente prevista para atingir diretamente sobre a
abertura da bacia portuária. Então, como engenheiro portuário, você foi convocado
para fazer uma rápida análise do que deverá se passar quando o furacão atingir o
porto. Medidas cautelares deverão ser tomadas com base nas seguintes opções:

a) Continuar a operar o porto normalmente no caso dos molhes oferecerem a


proteção adequada para a operação portuária. Os molhes foram dimensionados para
proteger o porto contra a ação de ondas incidentes de até 8,00 m de altura junto ao
porto;

b) As pedras dos molhes poderão suportar momentos de arraste de até 10.000 tf×m,
acima disso, o porto deve ser imediatamente fechado e evacuado;

c) A conformação geométrica da bacia portuária foi feita para se evitar condições


de ressonância dentro da mesma, no caso de ondas normais, do tipo swell, em
condições de ressaca no mar. Entretanto, a condição de ressonância não foi
estimada para ondas anormais do tipo daquela provocada por um furacão. Verifique
a condição de ressonância e sugira as providências necessárias.

d) As paredes dos molhes, tal como todos os molhes artificiais, são inclinadas em
relação à horizontal, promovendo uma reflexão parcial das ondas incidentes. O
ângulo β de inclinação com a horizontal é de 25°. Nesse caso estime qual seria a
altura da onda refletida no molhe e sua possível interferência com a onda incidente
provocada pelo furacão;

e) Haverá necessariamente difração das ondas incidentes na abertura de entrada da


bacia portuária promovendo uma variação de altura de ondas dentro da mesma.
Adotando o diagrama de difração da página 7 da Nota de Aula n° 7, cujo ângulo de
incidência é aproximadamente o mesmo que ocorrerá na entrada da onda provocada
pelo furacão na bacia portuária, calcule quais seriam, aproximadamente, as alturas
das ondas atingindo a popa de cada um dos navios atracados mostrados na figura.

Redija um relatório técnico para as autoridades portuárias, explicitando suas


conclusões e recomendações como engenheiro portuário.

SOLUÇÃO:

A primeira tarefa a fazer é determinar as características das ondas provocadas pelo


furacão em águas profundas, determinando sua altura H0 e período T.

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Os valores dados implicam em:
Latitude: 30° N
Fator de Coriolis f = 0,262
Pressão atmosférica padrão Pn = 760 mmHg (sempre !)
Pressão atmosférica no centro do furacão: P0 = 740 mmHg
Raio de vento máximo: R = 90 Km
Fator alfa: α = 1,0
Velocidade de avanço do furacão: VF = 90 Km/hora = 90/3,6 = 25 m/s

Daí calcula-se Umax:

[
U max = 0,447 14,5(Pn − Po )
0,5
− R(0,31 f ) ]
Umax = 0,447×[ 14,5×(760–740)0,5 – 90×(0,31×0,262)] = 25,7186 m/s

UR será então dado por:

UR = 0,865 Umax + 0,5 VF

UR = 0,865 × 25,7186 + 0,5 × 25 = 34,7466 m/s

∆P = 760 – 740 = 20 mmHg

Calcula-se agora H0 :

 
 R×∆P 
 0,29αVF
H 0 = 5,03 e  4700  1 + 
 UR 

 90×20 
   0,29 × 1,0 × 25 
H 0 = 5,03 × e  4700 
1 +  = 16,45074m H0 = 16,45 m
 34,7466 

Calcula-se agora T:

 R×∆P 
   0,145αVF 
T = 8,6 e  9400 
1 + 
 UR 

 90×20 
   0,145 × 1,0 × 25 
T = 8,6 × e  9400 
1 +  = 16,8199 seg T=16,819 seg
 34,7466 

A segunda tarefa é determinar as características da onda provocada pelo furacão na


profundidade da bacia portuária (hmédio = -18,5 m ou d = 18,5m)

C0 = gT/(2π) C0 = 9,81 × 16,819 / 2π = 26,2596 m/s

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L0 = C0 × T L0 = 26,2596 × 16,819 = 441,66 m L0 = 441,66 m

σ = 2π/T σ = 2π/16,819 = 0,373 /seg

L  2πd  Ld =18,5  2 × π × 18,5 


= tanh  = tanh 

L0  L  L0  L d =18 , 5 

Daí, após n suadas tentativas para quem não tem calculadora programável para a
achar o valor correto de Ld=18,5 encontra-se que:

Ld=18,5 = 216,5 m pois 0,490 = 0,490 ou seja, tanh(2πd/L) = 0,490

K = 2π/L K = 2π/216,5 = 0,02902

 2 Kd   2 × 0,02902 × 18,5 
n = 0,51 +  = 0,51 +  = 0,915
 senh (2 Kd )   senh (2 × 0,02902 × 18,5) 

C  2πd 
= tanh  C = C0 × 0,490 = 26,2596 × 0,490 = 12,867 m/s
C0  L 

H b 1 1 C0
= 0 •
H0 b 2n C

Aqui agora tem uma questão fundamental que depende do conhecimento de


hidráulica marítima: Qual será o valor de b0 ?

Na Nota de Aula 4, foi visto que as ondas se propagam segundo REDES DE


FLUXO tal como na figura abaixo transposta daquela nota de aula:

Linhas de Fluxo = Sentido de Propagação

Frentes de Onda =
Cristas se propagando

Logo, se em águas profundas as redes de fluxo deverão manter uma rede


aproximadamente quadrada em relação às frentes de onda e as linhas de fluxo e,
considerando que o comprimento de onda em águas profundas é L0 = 441,66 m,
então b0 terá de ter o mesmo valor, ou seja, em águas profundas b0 = L0 = 441,66
m.

Logo, a relação b0/b na entrada da bacia portuária será dada por :

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b0 441,66
= = 2,2083
b 200

Aplicando-se a equação da altura da onda para as condições dadas fica:

H = H0 × 1,5692 = 16,45 m × 1,5692 = 25,8149


H = 25,81 m na bacia portuária !

A velocidade orbital máxima será:

agK
u max =
σ

umax = (25,81/2) × 9,81 × 0,02902 / 0,373 = 9,85 m/s

Como umax < C (9,85 m/s < 12,867 m/s) a onda ainda está se propagando sem
arrebentação quando entra na bacia portuária !

Entretanto as ondas que atingirão o molhe, não terão sua altura elevada pela
b 441,66
relação 0 = = 2,2083 , pois as ondas atingirão o molhe na condição de
b 200
mar aberto, logo a relação b0 / b = 1,00.

A altura da onda incidente sobre o molhe será dada por:

H b 1 1 C0 H 1 1 1
= 0 • ou = 1,00 × × ×
H0 b 2n C 16,45 2 0,915 0,490

H = 1,05603 × H0 = 1,056 × 16,45 = 17,37 m

Hmolhe = 17,37 m

Respondendo então a indagação do Item (a), como os molhes foram projetados


para proteger a bacia portuária para ondas com altura até 8,00m e as ondas
incidentes terão altura de 17,37 m, então os molhes não protegerão adequadamente
a bacia portuária, sendo galgados pelas ondas.

Para responder ao Item (b), devemos calcular a energia total para 1 comprimento
de onda para se ter o momento máximo provocado pelas ondas incidentes sobre o
molhe.

ρgH 2 L
E = EL = (por unidade de comprimento de crista de onda)
8

Unidade: N/m3 × m2 × m = N / unidade de comprimento de crista


assim, tendo o comprimento de onda L em m, fica: N × m = Joule

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Considerando ρágua do mar = 1034 kg/m3 :

Dentro da bacia portuária a energia que será transportada pelas ondas será:

1034 × 9,81 × 25,812 × 216,5


E= = 182.866.212,1N × m
8

Como 1 tonelada-força é igual a 9,81×103 N então:

E = 182.866.212,1 / 9,81 × 103 = 18.640,79 tf×m Ebacia = 18.641 tf×m

Atingindo o molhe a energia que será transportada pelas ondas será:

1034 × 9,81 × 17,37 2 × 216,5


E= = 82.824.170,83 N × m
8

Ou então E = 82.824.170,83 / 9,81×103 = 8.442,83 tf×m Emolhe = 8.442,83 tf×m

Como os molhes foram projetados para suportar momentos de até 10.000 tf×m,
então certamente não haverá possibilidade de colapso de sua estrutura e os molhes
permanecerão praticamente estáveis !

Respondendo ao Item (c), a condição de ressonância dentro da bacia portuária será


avaliada comparando-se o período fundamental de oscilação da bacia portuária
com o período das ondas incidentes provocadas pelo furacão.

Como LB = 920 m não é muito maior do que LA = 460 m, então emprega-se a


equação:

−1
2  1   1  
2 2 2

T=   +    ou
gd  L A   LB  
−1
2  1  2  1  2  2

T=   +   = 61,08seg ou
9,81 × 18,5  460   920  

Tbacia = 61,08 seg

Logo, como T das ondas do furacão é 16,81 seg, então não haverá possibilidade
de agitação por ressonância dentro da bacia portuária !

Respondendo ao Item (d), como o ângulo de inclinação do molhe com a horizontal


β = 25°, empregando o gráfico da página 3 da Nota de Aula 7, em função de:

H/L = 17,37 / 216,5 = 0,08

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(Fonte: Mason, J., 1984)

Para β = 25° e H/L = 0,08, o valor de kr tirado do gráfico, adotando a última curva
disponível que é H/L = 0,05, logo kr = 0,38 aproximadamente.

Hr
Daí: k r = ou Hr = kr × Hi Hr = 0,38 × 17,37 m = 6,60 m
Hi

A altura da onda refletida será Hr = 6,60 m, a qual interferirá com a onda incidente
em um complexo esquema de interferência que só poderá ser avaliado através de
modelos computacionais de alta capacidade de resolução como o MIKE21 do
Danish Hydraulic Institute ou programa similar.

Respondendo ao Item (e), a difração deverá ser avaliada pela superposição visual
do diagrama de difração dado pela figura da página 7 da Nota de Aula 7 com a
figura da bacia portuária de interesse.

Note que no gráfico do diagrama de difração, deve-se entrar com a relação raio de
interesse / comprimento de onda para se obter as alturas de onda dentro da bacia
portuária de interesse.

O comprimento de onda que devemos empregar é 216,5 m, que é o comprimento de


onda dentro da bacia portuária.

O raio de interesse vai variar de acordo com a distância radial para a qual
desejamos calcular a altura da onda em relação ao ponto zero de contacto da onda
com a parede do quebra-mar ou molhe na entrada da bacia portuária.

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Para se determinar a altura da onda difratada na entrada da bacia portuária que vai
atingir a popa do navio situado no canto nordeste da bacia portuária, ou seja, do
navio que fica com a popa para o lado do canto que forma um ângulo de 90° entre
os molhes da bacia, a distância estimada desde a entrada até este ponto de interesse
é aproximadamente o comprimento da diagonal do retângulo aproximado formado
pela bacia portuária, cujos lados seriam L1 = 400 m + 300 m = 700 m e L2 = 520
m.

Diagonal = hipotenusa = Lh = (7002 + 5202)0,5 = 872 m

A relação raio / comprimento de onda será: 872 / 216,5 = 4,02 ou apenas 4.


Superpondo a quina da entrada do molhe da figura da bacia portuária com a quina
do quebra-mar mostrado na figura do gráfico de difração da nota de aula 7, vê-se
que o ângulo formado até a posição desejada do primeiro navio é aproximadamente
38°. Usando um R/L = 4, a relação da altura difratada seria aproximadamente 0,70,
daí:

Hd
kd = kd = 0,70 Logo, Hd = 0,70 × 25,81 m = 18,06 m
H

Em outras palavras, este navio teria a popa atingida por uma onda de 18 m!

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(Fonte: Mason, J. 1984)

REFERÊNCIAS

MASON. J.. (1984). Obras Portuárias. Editora Campus. Portobrás. 282p. Rio de Janeiro.RJ

DEAN. R.G., DALRYMPLE, R.A. (1994) Water Wave Mechanics for Engineers and
Scientists. World Scientific. New York. 353p

USACE. (1996) Shore Protection Manual. Volume I e II. Vicksburg. 1996.

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