Escalas, Cartas e Mapas
Escalas, Cartas e Mapas
Escalas, Cartas e Mapas
AULA 02
4 – Escalas
5 – Classificação de Cartas e Mapas
1 ESCALA
1.1 Definição
Em Cartografia, a representação da superfície terrestre sob a forma de cartas e mapas implica na
representação de uma superfície muito grande sobre outra de dimensões bastante reduzidas. Essa
redução importa na ideia de escala (GRIPP JR., 1996).
ESCALA - É a relação entre o comprimento gráfico (medida de um objeto ou lugar representado no
papel) e o comprimento correspondente medido sobre a superfície da Terra (medida real ou natural)
(GRIPP JR., 1996).
Pode-se representar esta relação da seguinte forma:
, onde:
d = comprimento gráfico;
D = comprimento “correspondente” medido sobre a superfície da Terra (medida real).
Na Cartografia trabalham-se com escalas de redução, porque “d”< “D”.
Notas: a escala é informada sem unidades, isto é, o valor da escala é adimensional, assim, na
equação E = d/D, deve-se trabalhar com o numerador e o denominador da fração na mesma unidade
(por exemplo: mm/mm; cm/cm; m/m; km/km).
As escalas mais comuns, utilizadas na Cartografia, têm para numerador a unidade e para
denominador, um múltiplo de 10 (IBGE, 1999):
E = 1:25.000 ou 1/25.000 ou
E = 1:100.000 ou 1/100.000 ou
No exemplo anterior, a escala 1:100.000 quer dizer que uma unidade de distância no mapa
representa 100.000 da mesma unidade de distância na Terra. Assim, na escala de 1:100.000, a
distância de 1 cm no mapa equivale a 100.000 cm na Terra (ou 1 km).
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1.3 Escala Gráfica
“A ESCALA GRÁFICA é a representação gráfica de várias distâncias do terreno sobre uma linha
reta graduada. É constituída de um segmento à direita da referência zero, conhecida como escala
primária. Consiste também de um segmento à esquerda da origem denominada de Talão ou escala
de fracionamento, que é dividido em submúltiplos da unidade escolhida graduadas da direita para
a esquerda.
A Escala Gráfica nos permite realizar as transformações de dimensões gráficas em dimensões reais
sem efetuarmos cálculos.” (IBGE, 1999).
A seguir são apresentados alguns exemplos de escalas gráficas utilizadas em cartas topográficas
(IBGE, 1999):
Portanto, o valor da precisão gráfica foi fixado em 0,2 mm. A partir deste limite prático, pode-se
determinar o erro tolerável nas medições sobre uma carta confeccionada em determinada escala.
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Exemplo: para uma carta na escala de 1:50.000, O erro de medição permitido será de 10 m. Os
acidentes cujas dimensões forem menores 10 m não serão representados graficamente nesta carta
na escala de 1:50.000.
“Muitas vezes, durante o transcorrer de alguns trabalhos cartográficos, faz-se necessário unir
cartas ou mapas em escalas diferentes a fim de compatibilizá-los em um único produto. Para isso é
necessário reduzir alguns e ampliar outros.” (IBGE, 1999)
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Outra técnica largamente utilizada, antes da popularização dos softwares de desenho e da
possibilidade de trabalho com imagens e arquivos digitais nos computadores, é a do uso do
Pantógrafo (descrever tudo). Este equipamento constitui-se de um paralelogramo articulado tendo
em um dos polos uma ponta seca e no outro um lápis, o qual vai traçar a redução ou ampliação do
detalhe percorrido pela ponta seca (IBGE, 1999).
Como em Cartografia trabalha-se com a maior precisão possível, atualmente o processo de mudança
de escala é feito digitalmente. Quando deseja-se reproduzir um material cartográfico (planta, carta,
mapa, imagem) em formato analógico, isto é, impresso, usa-se o scanner de alta resolução para
digitalizar o material impresso e efetua-se a mudança de escala por meio de um software de desenho
técnico ou de geoprocessamento (Topografia, Sensoriamento Remoto ou Sistemas de Informações
Geográficas).
Nota: A ampliação é muito mais susceptível de erro do que a redução, no entanto reduções grandes
poderão gerar a fusão de linhas e demais componentes de uma carta (coalescência) que deverão ser
retiradas (IBGE, 1999).
“ESCALA GRANDE - é aquela onde uma dada parte da Terra ocupa uma grande área no mapa.
Grandes escalas geralmente mostram mais detalhes do que pequenas escalas simplesmente porque
há mais espaço no mapa para apresentar as feições. Mapas de grande escala são geralmente
utilizados para representar loteamentos, bairros, cidades (cadastramento urbano). 1:5000 é um
exemplo de escala grande.
ESCALA PEQUENA – é aquela onde uma dada parte da Terra ocupa uma pequena área no mapa.
Pequenas escalas geralmente mostram menos detalhes do que grandes escalas porém cobrem uma
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região bem mais ampla da superfície terrestre. Mapas com extensão regional, nacional ou
internacional geralmente possuem pequenas escalas tais como 1:5.000.000.” (RIBEIRO, 2007)
“Nos mapas de pequena escala simplesmente não existe espaço suficiente para mostrar todos os
detalhes disponíveis. Assim, feições como rios e rodovias geralmente têm que ser representadas por
linhas simples e as feições de área, como cidades, têm que ser representadas por pontos. Esse
processo é denominado GENERALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA.
Na generalização, tanto a forma geral da feição quanto a sua posição são mantidas.
Um mapa de pequena escala da região costeira não mostrará cada enseada que possivelmente
estará presente em um mapa de grande escala. Mapas de pequena escala podem omitir
completamente certas feições (riachos, estradas vicinais etc.). Geralmente as feições de um mapa
de pequena escala são generalizadas a partir das feições obtidas de mapas de escalas maiores.
Exemplo: 1:250.000 → 1:1.000.000.” (RIBEIRO, 2007)
“Os seis mapas a seguir tem a finalidade de mostrar uma determinada área nas diversas escalas.
Conforme a escala vai diminuindo, aumenta a área da superfície da Terra representada, e os
detalhes diminuem.
Por exemplo, o n.º 2 mostra, em escala menor, circunscrita com uma linha vermelha, a área do
mapa n.º 1, o n.º 3, a área, em escala menor, do n.º 2, e assim por diante. Para cada escala o mapa
toma um nome específico.” (PAUWELS, 1997)
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Princípio da Generalização Cartográfica (PAUWELS, 1997)
“A escala numérica refere-se à medidas lineares e indica quantas vezes uma distância foi ampliada
ou reduzida.
Quando nos referimos à superfície usamos a escala de área, podendo indicar quantas vezes foi
ampliada ou reduzida uma área no mapa.
Enquanto a distância em uma redução linear é indicada pelo denominador da fração, a área
representada no mapa ficará reduzida por um número de vezes igual ao quadrado do denominador
dessa fração.” (IBGE, 1999)
Desafio: A fim de entender este conceito compare 2 cartas topográficas nas escalas de 1:50.000 e
1:100.000, respectivamente. Um quadrado no terreno de 20 km × 20 km ocupará qual área (cm²)
nestas cartas?
Quando as escalas são médias ou grandes (E > 1:500 000) e devido à exigência de precisão, a
superfície de referência utilizada é o elipsoide de revolução.
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Quando as escalas são pequenas (E ≤ 1:500 000) e na representação da Terra por meio do Globo
Terrestre, a superfície de referência utilizada é a esfera.
Para representar porções suficientemente pequenas da Terra, onde se considera tais superfícies,
sem erro sensível, à superfície plana (campo de atuação da Topografia) e na representação por
meio do Globo Terrestre, o processo cartográfico reduz-se a uma solução puramente geométrica e
imediata, onde basta aplicar escala.
Para se representar uma região extensa e/ou devido à precisão, a curvatura da Terra deve ser
considerada, e as representações cartográficas (cartas e mapas) terão deformações de natureza
angular, linear ou superficial.” (GRIPP JR., 1996)
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Assim, na prática, o que se faz é corrigir a escala nominal dos mapas usando um coeficiente de
deformação cartográfica, que é a razão entre uma determinada grandeza na superfície de projeção
(mapa, carta) e a sua homóloga na superfície de referência (esfera ou elipsoide).
O coeficiente de deformação é às vezes chamado de fator de escala, porque uma dimensão na carta
é igual à sua correspondente na Terra multiplicada por ele, que pode ser admitido como um fator
modificativo da escala da projeção.
“Alguns sistemas de projeções são realmente geométricos perspectivos; outros são construídos
através de uma lei de projeção matemática, sem nenhuma expressão geométrica perspectiva;
outras ainda, são meras representações convencionais. Há, portanto, diferentes caminhos para se
confeccionar uma carta.” (GRIPP JR., 1996).
Em função do objetivo para o qual a carta é construída escolhe-se o método de projeção mais
adequado.
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Construção de mapas e cartas (GRIPP JR., 1996)
O ponto P’(X, Y) no plano π, representa um ponto P (ϕ, λ) do elipsoide. Pode-se dizer que existem
“infinitos” modelos matemáticos do tipo: X = f(ϕ, λ); Y = f’(ϕ, λ); cada modelo caracterizando um
sistema de projeção.
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Após a escolha do sistema estabelece-se o quadriculado (rede de transformadas dos paralelos e
meridianos) e consequentemente seu preenchimento através dos levantamentos astronômicos,
geodésicos, aerofotogramétricos e imagens de Sensoriamento Remoto.
Nota: Ao conjunto de paralelos e meridianos, representados na carta e obtidos por meio de uma lei
de projeção cartográfica denomina-se rede, quadriculado, reticulado, malha ou canevá e constitui
o esqueleto da construção da carta, localizando os pontos da região através de suas coordenadas
geodésicas. Os paralelos e meridianos representados segundo o canevá da carta são denominados
de transformadas dos paralelos e transformadas dos meridianos.
Podem ser: Gnomônicas - ponto de vista no centro da Terra. Estereográficas - ponto de vista na
superfície da Terra. Ortográfica - ponto de vista no infinito.
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b) Analíticas - baseiam-se em formulação matemática obtidas com o objetivo de se atender
condições (características) previamente estabelecidas. É o caso da maior parte das projeções
existentes, por exemplo a projeção UTM. Não utilizam a esfera-modelo em sua construção.
b) Projeção Indireta - envolvendo duas transformações, do elipsoide para a esfera e da esfera para
a superfície de projeção. Normalmente para cartas em pequena escala.” (IBGE, 1999).
“a) Planas – a superfície de projeção utilizada é o plano, que pode assumir três posições básicas
em relação a superfície de referência: polar, equatorial e oblíqua (ou horizontal).
b) Cônicas - embora esta não seja uma superfície plana, já que a superfície de projeção é o cone,
ela pode ser desenvolvida em um plano sem que haja distorções, e funciona como superfície
auxiliar na obtenção de uma representação. A sua posição em relação à superfície de referência
pode ser: normal, transversal e oblíqua (ou horizontal).
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Posições do cone em relação à esfera-modelo
c) Cilíndricas - tal qual a superfície cônica, a superfície de projeção que utiliza o cilindro pode ser
desenvolvida em um plano e suas possíveis posições em relação a superfície de referência podem
ser: equatorial (normal), transversal e oblíqua (ou horizontal).
“Na impossibilidade de se desenvolver uma superfície esférica ou elipsoidal sobre um plano sem
deformações, na prática, buscam-se projeções tais que permitam diminuir ou eliminar parte das
deformações conforme a aplicação desejada. Assim, destacam-se:
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a) Equidistantes - As que não apresentam deformações lineares para algumas linhas em especial,
isto é, os comprimentos são representados em escala uniforme.
c) Equivalentes - Têm a propriedade de não alterarem as áreas, conservando assim, uma relação
constante com as suas correspondentes na superfície da Terra. Seja qual for a porção representada
num mapa, ela conserva a mesma relação com a área de todo o mapa.
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Projeção Azimutal Equivalente de Lambert (ESRI, 2020)
d) Afiláticas - Não possui nenhuma das propriedades dos outros tipos, isto é, equivalência,
conformidade e equidistância, ou seja, as projeções em que as áreas, os ângulos e os comprimentos
não são conservados.
As propriedades acima descritas são básicas e mutuamente exclusivas. Elas ressaltam mais uma
vez que não existe uma representação ideal, mas apenas a melhor representação para um
determinado propósito.” (IBGE, 1999)
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Tipos de secância entre as superfícies de projeção e a esfera-modelo (IBGE, 1999)
“Na nomenclatura das projeções muitas vezes é dado o nome do autor à projeção que ele elaborou.
Por exemplo:
3.º - a propriedade da projeção (se analítica), e a posição do ponto de vista (se geométrica).”
(GRIPP JR., 1996)
“A carta ideal seria aquela cuja superfície fosse rigorosamente semelhante à superfície terrestre e
reunisse as seguintes propriedades:
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2.º - Inalterabilidade das dimensões relativas das mesmas (equivalência).
3.º - Constância das relações entre as distâncias dos pontos representados e as distâncias dos seus
correspondentes (equidistância).
5.º - Facilidade de obtenção das coordenadas geográficas dos pontos e, vice-versa, da plotagem
dos pontos por meio de suas coordenadas geográficas.
A construção da carta ideal é impossível porque a superfície terrestre não é plana ou desenvolvível
em um plano.
Uma carta náutica, por exemplo, necessita apresentar as loxodromias (linhas que, à superfície da
Terra, faz um ângulo constante com todos os meridianos, possui azimute constante) como linhas
retas e de modo que essa linha reta forme com as transformadas dos meridianos um ângulo
constante e igual ao seu azimute.” (GRIPP JR., 1996)
“GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos
aspectos naturais (bacias, rios, mares, lagos, montanhas, serras, planaltos, chapadas etc.) e
artificiais (elementos físicos criados pelo homem como represas, estradas, pontes, edificações e
político-administrativos) de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.
MAPA - representação cartográfica sobre uma superfície plana, em escala pequena, dos aspectos
naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.
CARTA - representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de
uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas
convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de
pormenores (fins práticos da atividade humana, permitindo a avaliação precisa de distâncias,
direções e localização geográfica de pontos, áreas e detalhes), com grau de precisão compatível
com a escala de representação.
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A Planta Topográfica pode ser considerada uma Carta que representa uma área de extensão
suficientemente restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que,
em consequência, a escala possa ser considerada constante.” (IBGE, 1999)
ORTOFOTOCARTA – é uma imagem fotográfica onde as feições nela contidas são apresentadas
em suas verdadeiras posições, sendo desta forma, geometricamente equivalente a um mapa de
linhas e de símbolos, onde podem ser realizadas diretamente medidas de posição, distâncias,
ângulos horizontais e áreas. (SILVA, 2002).
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CARTA IMAGEM - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com coordenadas
conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter simbologia e toponímia.”
(IBGE, 1999).
2.7.1 GERAL
Apresentam os acidentes naturais e artificiais e servem, também, de base para os demais tipos de
cartas.
CADASTRAL
As escalas mais usuais na representação cadastral, são: 1:1.000, 1:2.000, 1:5.000, 1:10.000 e
1:15.000.
Mapa de Localidade - Denominação utilizada na Base Territorial dos Censos para identificar o
conjunto de plantas em escala cadastral, que compõe o mapeamento de uma localidade (região
metropolitana, cidade ou vila).
TOPOGRÁFICA
1:100.000 - Objetiva representar as áreas com notável ocupação, priorizadas para os investimentos
governamentais, em todos os níveis de governo- Federal, Estadual e Municipal.
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1:250.000 - Subsidia o planejamento regional, além da elaboração de estudos e projetos que
envolvam ou modifiquem o meio ambiente.
Mapa Municipal: Entre os principais produtos cartográficos produzidos pelo IBGE encontra-se o
mapa municipal, que é a representação cartográfica da área de um município, contendo os limites
estabelecidos pela Divisão Político-Administrativa, acidentes naturais e artificiais, toponímia, rede
de coordenadas geográficas e UTM etc.
GEOGRÁFICA
Carta em que os detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais oferecem uma
precisão de acordo com a escala de publicação. A representação planimétrica é feita através de
símbolos que ampliam muito os objetos correspondentes, alguns dos quais muitas vezes têm que ser
bastante deslocados.
A representação altimétrica é feita através de curvas de nível, cuja equidistância apenas dá uma
ideia geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas.
São elaboradas na escala de 1:500.000 e menores, como por exemplo a Carta Internacional do
Mundo ao Milionésimo (CIM).
Produtos gerados:
2.7.2 TEMÁTICA
São as cartas, mapas ou plantas em qualquer escala, destinadas a um tema específico, necessária
às pesquisas socioeconômicas, de recursos naturais e estudos ambientais. A representação
temática, distintamente da geral, exprime conhecimentos particulares para uso geral.
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relacionados às estruturas territoriais, à geografia, à estatística, aos recursos naturais e estudos
ambientais.
Principais produtos:
2.7.3 ESPECIAL
São as cartas, mapas ou plantas para grandes grupos de usuários muito distintos entre si, e cada
um deles, concebido para atender a uma determinada faixa técnica ou científica. São documentos
muito específicos e sumamente técnicos que se destinam à representação de fatos, dados ou
fenômenos típicos, tendo assim, que se cingir rigidamente aos métodos e objetivos do assunto ou
atividade a que está ligado. Por exemplo: Cartas náuticas, aeronáuticas, para fins militares, mapa
magnético, astronômico, meteorológico e outros.
Para fins militares: Em geral, são elaboradas na escala 1:25.000, representando os acidentes
naturais do terreno, indispensáveis ao uso das forças armadas. Pode representar uma área
litorânea características topográficas e náuticas, a fim de que ofereça a máxima utilidade em
operações militares, sobretudo no que se refere a operações anfíbias.” (IBGE, 1999)
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3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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