O Eq 5d Como Medida de Saude para A Populacao Mineira
O Eq 5d Como Medida de Saude para A Populacao Mineira
O Eq 5d Como Medida de Saude para A Populacao Mineira
RESUMO:
Parâmetros de preferências sociais por estados de saúde, com base no EQ-5D, foram
estimados pela primeira vez no país em estudo recente realizado para Minas Gerais. O
objetivo deste trabalho é avaliar em que medida este sistema descritivo é uma boa
métrica de saúde para a população mineira, tendo em vista a heterogeneidade
socioeconômica observada no Estado. Identificaram-se na população investigada 76
estados de saúde sendo a saúde perfeita o estado mais prevalente (44%). O EQ-5D
parece ser capaz de discriminar a saúde da população mineira de acordo com
características demográficas, socioeconômicas e de saúde.
PALAVRAS-CHAVE:
ÁREA 2: Economia
1. Introdução
Avaliações econômicas são cada vez mais utilizadas na tomada de decisão de políticas
de saúde. Em especial, Avaliações de Tecnologias em Saúde (ATS) auxiliam na escolha
entre as diferentes tecnologias disponíveis, considerando os custos e benefícios
associados de forma a obter uma alocação de recursos mais eficiente. Ademais, o setor
de saúde é extremamente dinâmico em inovações tecnológicas o que tem induzido um
aumento da oferta e demanda por serviços médicos. Em um contexto de recursos
escassos, o desafio de ofertar para a população intervenções eficazes é cada vez maior e
a ATS é um importante instrumento para subsidiar essas decisões (EISENBERG, 1999;
BATTISTA; HODGE, 1999).
Por não existir um único instrumento padronizado para descrever o estado de saúde, o
AVAQ depende fundamentalmente da escolha do instrumento utilizado. Evidências da
literatura apontam que a utilização de métodos de valoração das preferências e
instrumentos diferentes pode gerar resultados de custo-utilidade distintos
(LONGWORTH; BRYAN, 2003; BRAZIER et al., 2004; BRYAN; LONGWORTH,
2005; LAMERS et al., 2006; WEE et al., 2007; SACH et al., 2009; LUYTEN et al.,
2011). Entretanto, Konerding, Moock e Kohlmann (2009) analisaram em que medida as
diferenças entre o EQ-5D, o HUI II e o SF-6D se devem à diferenças em seus sistemas
descritivos e concluíram que, mesmo se a valoração fosse determinada de acordo com
os mesmos princípios, os resultados seriam diferentes devido às diferenças observadas
entre os sistemas descritivos.
Este trabalho tem por objetivo avaliar o EQ-5D como um instrumento capaz de
descrever a saúde da população brasileira. A análise é realizada através da comparação
deste instrumento com outras medidas de saúde e variáveis demográficas e
socioeconômicas. Embora o EQ-5D seja o instrumento mais amplamente utilizado, não
há consenso na literatura empírica sobre qual é o instrumento mais adequado para
descrever o estado de saúde geral da população (BRAZIER; DEVERILL, 1999). O EQ-
5D foi criado como um instrumento genérico e global, capaz de descrever o estado de
saúde de grupos de pacientes e da população geral (WILLIAMS, 1995; GUDEX, 2005).
Ele abarca características fundamentais da saúde, sem a pretensão de medir a QVRS
incorporando condições específicas de morbidade (WILLIAMS, 2005). Por apresentar
poucas dimensões e níveis de severidade, tem a vantagem de ser um instrumento
simples, de fácil aplicação e administração e com boas taxas de resposta (SHULTZ et
al., 2002; HOLLAND et al., 2004). Essa vantagem, no entanto, pode resultar em duas
fragilidades do EQ-5D. O instrumento pode ser pouco sensível para detectar pequenos
problemas e/ou mudanças na saúde e podem existir dimensões ausentes que sejam
relevantes para descrever a saúde da população.
Esse estudo é uma oportunidade de contribuir para esse debate uma vez que utiliza
dados inéditos da pesquisa realizada para o estado de Minas Gerais, Brasil (ANDRADE
et al., 2013). Minas Gerais, assim como o Brasil, apresenta grande heterogeneidade
socioeconômica, demográfica e epidemiológica o que diferencia esse contexto daquele
observado na maior parte dos estudos realizados para outros países (KIND et al., 1998;
JOHNSON; PICKARD, 2000; LUBETKIN et al., 2005; SAARNI et al., 2006;
BHARMAL; THOMAS, 2006; FRYBACK et al., 2007; CUNILLERA et al., 2010).
2. Métodos
2.1. O EQ-5D
A saúde perfeita é uma variável binária que atribui valor “1” aos indivíduos que não
possuem problemas em nenhuma das dimensões do EQ-5D e valor “0” aos demais
indivíduos. Foi utilizada como variável dependente em um modelo de regressão
logística estimado para entender como os indicadores demográficos, socioeconômicos e
de saúde influenciam a chance de um indivíduo ter saúde perfeita em termos do EQ-5D.
A nota na EAV é uma variável contínua que varia de 0 a 100 e representa a nota que os
respondentes dão a sua saúde atual. Ela foi utilizada como variável dependente em um
modelo de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) estimado para entender como as
características individuais se relacionam a forma com que os indivíduos avaliam sua
saúde.
Outras variáveis foram utilizadas como controle nos modelos de regressão estimados. A
região é uma variável categórica referente às regiões de Minas Geris que são
representativas na pesquisa, Belo Horizonte, RMBH e interior do estado. A ocupação é
uma variável categórica, que possui cinco categorias de resposta: empregado,
trabalhador por conta própria, empregador, outras ocupações (trabalhador doméstico,
não remunerado e produção para consumo próprio) e desempregado/ aposentado. A
religião também é uma variável categórica, com três categorias: não possui religião,
possui e não é praticante, possui e é praticante. Além disso foram utilizadas algumas
variáveis binárias: feliz, que atribui valor “1” àqueles que se consideram felizes/ muito
felizes; fumante, que atribui valor “1” àqueles que fumam, ou já fumaram; filhos, que
atribui valor “1” aos que possuem filhos, plano de saúde, que atribui valor “1” aos que
possuem plano de saúde; cuidados, que atribui valor “1” aos indivíduos que tiveram
experiência no cuidado de pessoas doentes nos últimos cinco anos; e, óbito de
conhecido, que atribui valor “1” para aqueles que vivenciaram o óbito de pessoa
conhecida nos últimos cinco anos. Foi utilizado, ainda, um peso amostral em todas as
análises, com exceção do método Grade of Membership (GoM).
2.4. Métodos
Os valores de gik somam 1 para cada indivíduo, sendo que quanto mais um indivíduo se
aproxima de um perfil de referência, maior é o seu grau de pertinência a esse perfil e
menor é seu grau de pertinência aos demais perfis. No limite, uma pessoa que possui
todas as características de um perfil de referência K tem grau de pertinência 1 para esse
perfil e 0 para os demais. Aqueles que apresentam esta característica são chamados de
“tipos puros” (SIVIERO, 2012; GUEDES et al., 2013).
=1 =
= ( )
0≤ ≤ 1;
= 1;
0≤ ≤ 1;
= 1.
3. Resultados
O Gráfico 2 apresenta, para cada dimensão do EQ-5D, o percentual de pessoas por nível
de severidade. A maior parte dos respondentes não possui problemas em nenhuma das
dimensões, além de ser muito baixa, menos de 0,5%, a prevalência de pessoas com
problemas extremos de mobilidade, cuidados pessoais e atividades habituais. Enquanto
a dimensão em que as pessoas costumam reportar menos problemas é a de cuidados
pessoais, aquela em que as pessoas reportam mais problemas é a de dor/ mal estar,
seguida de ansiedade/ depressão.
Gráfico 2: Percentual de pessoas por nível de severidade para cada dimensão do EQ-5D
Observa-se também uma forte relação entre as dimensões do EQ-5D e a nota na EAV e
as faixas etárias, com a faixa mais jovem apresentando uma prevalência
significativamente menor de problemas que a faixa mais velha. Apenas para a dimensão
de cuidados pessoais essa diferença não é significativa. Além disso, para as demais
dimensões, a diferença entre os indivíduos de 26-35 e 36-45 só é significativa para a
dimensão de atividades habituais, e, entre os indivíduos de 46-55 e 56-64, só é
significativa para a dimensão de mobilidade.
Gráfico 5: Percentual de pessoas com algum problema em cada dimensão do EQ-5D e
nota média na EAV, por escolaridade
A EAV é uma medida de saúde subjetiva que faz parte do instrumento do EQ-5D.
Nessa escala os indivíduos dão notas de 0 a 100 ao seu estado de saúde atual, sendo 0 o
pior estado de saúde imaginável e, 100, o melhor. O Gráfico 8 apresenta boxplots para a
nota na EAV por número de problemas no EQ-5D, ou seja, o número de dimensões em
que os entrevistados possuem algum problema, moderado ou extremo.
Gráfico 8: Boxplot para a nota na EAV, por número de problemas nas dimensões do
EQ-5D
De acordo com o gráfico acima, nota-se um comportamento monotônico da mediana,
que diminui à medida que o número de problemas aumenta. A maior variação se dá
entre os indivíduos com três problemas, com notas que variam entre 5 e 100 pontos.
Enquanto a maior parte das pessoas sem problemas valora a sua saúde entre 80 e 100,
aqueles com problemas nas cinco dimensões dão notas, em geral, entre 40 e 60 pontos.
Isso indica que o EQ-5D se mostra capaz de captar, de maneira geral, grandes
problemas de saúde. Contudo, é possível perceber a existência de alguns outliers,
representados na figura pelos pontos. Estes outliers apontam que, ao menos para uma
parte dos entrevistados, o sistema descritivo do EQ-5D parece deixar de contemplar
alguns aspectos de saúde relevantes, uma vez que apesar destes indivíduos não
apresentarem nenhum, ou apresentarem poucos problemas em termos do EQ-5D, eles
atribuem notas muito menores à sua saúde.
O modelo estimado indica que o sistema descritivo do EQ-5D tem uma forte relação
com a nota na EAV, mostrando que a existência de problemas em todas as dimensões
implicam em notas significativamente menores na escala. Os níveis extremos de dor/
mal estar e ansiedade/ depressão foram os que apresentaram coeficientes de maior
magnitude. As pessoas com dor/ mal estar extremos, em média, tendem a dar notas 12
pontos mais baixas que aquelas que não possuem problemas nesta dimensão. Para
aqueles com problemas extremos de ansiedade/ depressão, a nota é, em média, 7 pontos
mais baixa que para os que não possuem este problema. As variáveis de doenças
crônicas também apresentam, com exceção da artrite, sinais negativos e estatisticamente
significantes, mostrando que as pessoas portadoras destas doenças tendem a dar notas
menores a sua saúde que aquelas sem tais condições.
Com relação aos indicadores demográficos, observa-se que, controlando pelas demais
variáveis, homens tendem, em média, a dar notas 2,5 pontos menores a sua saúde que
mulheres. Este é um resultado interessante uma vez que, como visto anteriormente, as
mulheres tendem a apresentar mais problemas de saúde. Quanto a idade, apenas as
faixas etárias de 46-55 e 56-64 anos foram significativas, mostrando que estes
indivíduos dão notas menores a sua saúde que aqueles entre 18-25 anos. A classe
econômica foi significativa, com indivíduos das classes C e D/E, atribuindo notas
menores a sua saúde que aqueles da classe A. Observa-se, ainda, que os moradores do
interior de Minas Gerais, em média, dão notas menores a sua saúde que os moradores de
Belo Horizonte. Além disso, os fumantes, os trabalhadores por conta própria e
desempregados/ aposentados e as pessoas que vivenciaram o óbito de um conhecido nos
últimos cinco anos também tendem a atribuir notas mais baixas a sua saúde. Já as
pessoas que se consideram felizes tendem a dar notas 4 pontos mais altas que aqueles
infelizes/ não muito felizes.
Um problema frequentemente reportado com relação ao uso do EQ-5D é seu efeito teto,
representado por uma grande prevalência de pessoas com saúde perfeita. Como visto
anteriormente, este estado de saúde também é o mais prevalente na população mineira,
representando 44% da amostra. Analisando a nota na EAV para os indivíduos com
saúde perfeita, observa-se que apenas 26,6% deles deram nota máxima a sua saúde.
Além disso, 12% deste subgrupo deu nota menor a sua saúde que a nota média
observada para as pessoas que apresentam algum problema no EQ-5D (78 pontos) e 23
pessoas deram notas iguais ou inferiores a 50 pontos.
Comparando os indivíduos que possuem saúde perfeita com o total da amostra, o que se
pode perceber é que os indivíduos com saúde perfeita são, em geral, mais jovens, mais
escolarizados e de classe econômica mais elevada, além de majoritariamente do sexo
masculino. Enquanto para o total da amostra 50% dos indivíduos, aproximadamente,
possuem alguma doença crônica, para o subgrupo com saúde perfeita este valor se reduz
para 32%, sendo as doenças crônicas mais comuns a hipertensão (16%) e os problemas
respiratórios ou do pulmão (9%).
A partir do método GoM foi possível definir perfis de saúde para a população mineira,
com base nas dimensões do EQ-5D, na saúde autoavaliada e na presença de doenças
crônicas, além das variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais. Isso
porque diversos fatores explicam a condição de saúde de uma população. Os
indicadores de saúde, como as dimensões do EQ-5D e as doenças crônicas são
determinantes próximos da condição de saúde e possuem enorme poder explicativo. Já
os fatores demográficos e socioeconômicos, apesar de mais distantes, antecedem e
condicionam os determinantes próximos de saúde e podem ser considerados
determinantes indiretos desta. Assim, a caracterização da saúde, de uma forma geral,
requer informações sobre diferentes aspectos que devem ser estudados conjuntamente
(ALVES; LEITE; MACHADO, 2008).
A escolha do número de perfis de referência foi feita com base na aplicação do Critério
de Informação de Akaike (AIC) (AKAIKE, 1974), em paralelo a análise de
significância substantiva, que consiste na avaliação da interpretação teórica dos perfis
(PEREIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2007). A utilização conjunta destes critérios
levou a escolha do modelo com 4 perfis. As características de cada perfil foram obtidas
por meio da Razão Lambda Frequência Marginal (RLFM), sendo definido como valor
de corte o número 1,20. Isso significa que, para que uma característica seja considerada
identificadora de um perfil, a probabilidade estimada de ocorrência de uma resposta
entre os tipos puros deste perfil deve ser pelo menos 20% superior à probabilidade
observada de ocorrência desta mesma resposta no conjunto da amostra. Além disso, o
pertencimento de cada indivíduo aos perfis identificados foi definido de acordo com o
critério de agrupamento pela preponderância relativa. Segundo este critério, cada
indivíduo pertence a um perfil se seu grau de pertinência àquele perfil é maior que à
somatória dos demais perfis (GUEDES et al., 2013). O Quadro 1 apresenta a descrição
de cada um dos quatro perfis.
Quadro 1: Perfis de saúde para a população brasileira a partir do GoM
4. Discussão
Com relação à idade, percebe-se uma relação direta entre as faixas etárias e o
instrumento do EQ-5D. Os grupos mais velhos apresentam mais problemas nas
dimensões deste instrumento e dão notas menores na EAV que os grupos mais jovens,
assim como apresentado na literatura (KIND et al., 1998; MACRAN; WEATHERLY;
KIND, 2003; LUO et al., 2005; LUBETKIN et al., 2005; SAARNI et al., 2006;
CUNILLERA et al., 2010; WANG et al., 2012). Apesar disso, os perfis de saúde,
obtidos através do GoM, mostram uma forte diferenciação entre as condições de saúde
dos indivíduos mais velhos, de acordo com a posição socioeconômica.
Estes resultados também são comuns ao observado em outros países (KIND et al., 1998;
MACRAN; WEATHERLY; KIND, 2003; LUO et al., 2005; LUBETKIN et al., 2005;
CUNILLERA et al., 2010; WANG et al., 2012), além de corroborar diversos estudos
sobre iniquidades em saúde no país. Os principais resultados encontrados na literatura
nacional referente à relação entre desigualdades socioeconômicas e saúde revelam a
presença de desigualdades também no acesso aos serviços de saúde no país, muito
embora tenham sido encontradas evidências de redução dessa desigualdade nos últimos
anos (ALMEIDA et al., 2013; ANDRADE et al., 2013; MACINKO; LIMA-COSTA,
2012). Segundo esses estudos, indivíduos mais pobres procuraram menos cuidado
preventivo em relação aos mais ricos. Já com relação aos indivíduos em estado de
morbidade mais severa, observa-se uma ausência de desigualdade social, uma vez que
em situações de maior necessidade os indivíduos obtiveram os serviços
independentemente da posição socioeconômica (NERI; SOARES, 2002; VIACAVA et
al., 2001; SZWARCWALD et al., 2010). Os indivíduos mais pobres, por terem menos
acesso aos serviços preventivos, chegam ao sistema de saúde com estado de saúde mais
precário, e apresentam, portanto, maior necessidade de cuidados hospitalares vis a vis os
indivíduos mais ricos.
Com relação aos indicadores de saúde, também se observa uma boa capacidade
discriminatória do EQ-5D, tanto em termos de saúde autoavaliada, quanto em termos de
presença de doenças crônicas, com pessoas que avaliam sua saúde como ruim/ muito
ruim e portadoras de doenças crônicas reportando significativamente mais problemas no
EQ-5D que aqueles fora destas condições. A doença que mais se destaca é a artrite, com
um alto percentual de pessoas com problemas em todas as dimensões e uma das notas
mais baixas na EAV. Por outro lado, os problemas no pulmão e a hipertensão são as
doenças menos relacionadas como EQ-5D, se destacando como as doenças com menor
percentual de pessoas com problemas em todas as dimensões e maiores notas médias na
EAV. De fato, de acordo com a literatura internacional, a artrite e a artrose são uma das
doenças mais relacionadas às dimensões do EQ-5D (CUNILLERA et al., 2010;
SAARNI et al., 2006). Por outro lado, as doenças pulmonares, e em especial a asma,
apresentam um impacto pequeno sobre o EQ-5D, de acordo com Harper et al. (1997),
Saarni et al. (2006) e Cunillera et al. (2010). Quanto à hipertensão, um estudo realizado
em Chipre com pacientes hipertensivos indicou forte efeito de teto do EQ-5D, com
apenas 40% dos pacientes analisados reportando algum problema nas suas dimensões, e
uma pequena associação da doença, principalmente, com as dimensões de mobilidade,
cuidados pessoais e atividades habituais (THEODOROU et al., 2011).
Mesmo com uma menor prevalência de pessoas com saúde perfeita que o observado em
outros países, possivelmente se observa efeito de teto na amostra de Minas Gerais.
Dentre os indivíduos com saúde perfeita, apenas 26% deles atribuiu nota máxima a sua
saúde na EAV e 12% deste subgrupo deu uma nota menor que a nota média observada
para as pessoas que apresentam algum problema nas dimensões do EQ-5D. O
percentual de pessoas com alguma doença crônica entre os indivíduos com saúde
perfeita é de 32%, com destaque para hipertensão (16%) e problemas no pulmão (9%).
Estes dados mostram a existência de uma certa heterogeneidade nas condições de saúde
dentro deste subgrupo da amostra, que o sistema descritivo do EQ-5D não é capaz de
diferenciar.
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