Desvalorização Da Arte Na Sociedade Atual
Desvalorização Da Arte Na Sociedade Atual
Desvalorização Da Arte Na Sociedade Atual
Resumo: Este artigo trata da desvalorização da arte atualmente e como isto afeta o humano e a educação.
A motivação da pesquisa se deu ao analisar o ensino de Artes nas escolas e questionar por que é tão
precário. Discutem-se também os métodos desse ensino e como podemos melhorá-lo. O artigo abordará
métodos e sistemas diferentes de ensino, para valorizar a Arte e mostrar como podemos integrá-la em
nosso cotidiano.
Palavras-Chave: Arte; Desvalorização; Ensino.
Abstract: This article is on the devaluation of art today and its consequences for education. The main
topic that motivated this research is the teaching of Arts in schools and asking why it is so precarious. We
will discuss the methods of teaching of Arts and how to improve them in order to truly appreciate arts and
integrate them into everyday life.
Keywords: Art; Devaluation; Teaching.
Compreendendo a desvalorização
De modo geral, a arte era mais valorizada nos tempos antigos do que o é hoje.
A professora de história Ana Frederico (2014) faz notar que as pinturas rupestres, em
sua simplicidade, representavam a caça, a sobrevivência e a dominação da natureza e
que os homens desse período utilizavam materiais como sangue, terra e pedras para
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desenharem (Figura 1) o que acontecia em seu cotidiano. Desenhavam em cavernas e
rochas e por meio de desenhos ensinavam técnicas de caça e de sobrevivência. A
autora começa descrevendo como a arte era crucial nessa época para a comunicação e
informação, mas a importância da arte, passado esse período primitivo, evolui e se
torna algo culturalmente indispensável.
Para Ana Frederico (2014), a arte começou a passar por crises por volta da
Primeira Revolução Industrial, quando as máquinas e as fábricas substituíram o
artesanato e a confecção de roupas feitas à mão. Os artesãos eram muito respeitados e
seus trabalhos eram reconhecidos. Os artistas ganhavam boa remuneração e suas obras
possuíam um preço único por serem exclusivas e feitas à mão. Com a chegada das
máquinas, principalmente a máquina de tear, os camponeses tiveram que abandonar
seus trabalhos e suas casas. Logo, eles foram obrigados a se mudarem para a cidade
tendo que trabalhar em fábricas para conseguirem se sustentar. Foi uma época muito
difícil para os trabalhadores, eles passaram a ganhar muito pouco e sofriam acidentes
no trabalho porque não sabiam operar as máquinas. Segundo o artigo, foi a partir desse
momento que a arte começou a ser desvalorizada.
Para o poeta e crítico de arte Read, citado em Frederico (2014), as pessoas
associam arte à beleza, mas ele afirma que a arte não se limita somente a isso. Ele
acredita que a arte está relacionada à expressão e ao lado emocional de cada indivíduo.
De acordo com o autor, associamos o conceito de arte somente à beleza para aumentar
o nosso próprio ego, sendo assim, passamos à margem de aspectos essenciais da arte.
A arte está ligada à cultura e a educação e o reconhecimento daquela está em função
da importância dada a estas. Segundo a professora de psicologia, Maria Gottsfritz
(2015), isso ocorre por conta da desigualdade na educação que acontece em nosso
país. O artigo diz que a cultura é transmitida fora da escola, logo, ela é passada por
meio das relações sociais de cada indivíduo e pelo meio em que ele vive. Para a
autora, a escola adota uma pequena parte do conteúdo e passa para os alunos,
favorecendo aqueles que possuem uma bagagem cultural maior e desfavorecendo os
que não a possuem. O ensino nas escolas torna-se, assim, precário, favorecendo
apenas uma parcela da população. Além disso, a escola oferece um conteúdo
superficial, não incentivando o aluno a buscar informações fora do assunto que lhe é
passado e a adquirir um melhor aprendizado da matéria ensinada.
Ferreira Gullar (2015), afirma que a linguagem de cada tipo de arte é limitada.
Ele exemplifica dizendo que a mensagem que a música passa é diferente da mensagem
que a pintura passa, por serem linguagens diferentes e focarem em aspectos diferentes.
A música conta uma história e demonstra os sentimentos do músico referente a ela, já
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a pintura, expressa o sentir do pintor e seu modo de pensar referente àquele assunto
específico. A conclusão é que devemos ampliar nosso horizonte cultural, abrindo-nos
a diversos estilos de arte e não nos limitarmos somente a arte convencional que é, em
geral, a lecionada nas escolas.
Com base em todos esses fatores, é possível perceber que a desvalorização da
arte em geral não se restringe somente à geração atual. Mas é algo que evoluiu
conforme o decorrer dos anos e é refletido até os dias atuais. A tecnologia e o ensino
que são transmitidos nas escolas contribuem para o desinteresse e a desmotivação que
é perceptível nas pessoas que compõem a nossa sociedade. Consequentemente,
devemos avaliar todos esses tópicos e procurar informações fora da escola e do meio
em que estamos inseridos para ampliarmos nosso conhecimento e incentivar as
crianças e jovens a fazerem o mesmo. Desse modo, compreendemos que não devemos
culpar os jovens do século XXI por algo que foi enraizado na nossa cultura já há muito
tempo.
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isso é difícil compreendê-la totalmente. Por conseguinte, elas complementam
admitindo que a arte e a psicologia estão ligadas de forma que ao executar uma
demonstração artística, o ser humano está desenvolvendo uma parte do seu lado
psicológico. A pesquisa também aponta que o lado artístico desenvolve o sentimento e
as relações sociais como as de amor e amizade. A partir disso, podemos concluir que a
arte está presente em tudo ao nosso redor e assim entenderemos o quão importante ela
é nas relações humanas.
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Gráfico 1: Índice de frequência a eventos artísticos, ano de 2018
Como podemos perceber, destaca-se o cinema pois a maioria dos alunos vão
ao cinema com mais frequência. Segundo o gráfico a seguir (Gráfico 2), a maioria dos
alunos (69,5%) vão de vez em quando ao cinema. 28% vão sempre e só ínfima
minoria dos alunos (2,5%) nunca vão ao cinema. O que é natural, pois o cinema
tradicionalmente integra os hábitos das famílias e tem preço mais acessível do que o
teatro, por exemplo.
Gráfico 2: Índice de frequência ao cinema, no Colégio Luterano São Paulo, ano de 2018
Considerações finais:
A arte não possui uma definição concreta. Neste artigo, procuramos
compreender aspectos de como ela molda nossa personalidade, dependendo do meio
em que vivemos. E também que a arte pode nos causar muitos sentimentos e emoções
diferentes devido aos valores da sociedade em que estamos inseridos. Cada estilo de
demonstração artística atinge cada indivíduo de maneira diferente devido a culturas
diferentes, valores sociais e costumes. Geralmente as pessoas tem preferência por um
tipo de arte específico porque estão sendo representadas através dela. Muitas pessoas
gostam do cinema porque se identificam com a história e com os personagens, por
exemplo. Alguns estilos de arte são mais valorizados e explorados do que outros. Isso
ocorre por diversos fatores como condição financeira, comodidade e costumes.
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Portanto, reconhecemos que temos uma variedade artística, mas algumas são
mais valorizadas que outras. Mesmo assim, por mais que haja essa variação, o mundo
está globalizado. Sendo assim, as pessoas usufruem de artes “diferentes” mas que
possuem a mesma essência. Como foi abordado neste trabalho, há uma “padronização
da arte” que a sociedade nos impôs. Consequentemente, isso afeta até os estilos de arte
que consumimos, ou seja, somos influenciados sem percebermos. Nós temos uma
concepção de que somos livres para fazermos e escolhermos o que quisermos mas é
um conceito ilusório, pois temos “liberdade” desde que esteja dentro dos padrões
éticos e estéticos que a sociedade impõe.
Também podemos concluir que os métodos de ensino da Educação Artística
não são eficientes e precisam ser repensados. É importante para a formação da criança
ter aula de Artes pois ajuda no desenvolvimento cognitivo e nas relações sociais.
Aprender sobre arte e seus significados é essencial para aprendermos a nos expressar e
passarmos a conhecer o que gostamos e o que realmente somos. O ideal seria
tentarmos produzir trabalhos fora do comum e que tenham um significado importante
para nós. É importante lembramos que “o belo” nem sempre é o melhor e deixarmos
nossa imaginação fluir criando algo de valor real. E que os professores bem que
poderiam transmitir essa mensagem para seus alunos e incentivá-los a pensarem “fora
da caixa”. Só dessa maneira a sociedade passará a entender o real significado da arte e
compreender o quanto ela é importante no nosso convívio social. Para conseguirmos
realizar esse ideal, temos que investir na educação, criar novos métodos de ensino e
realizar campanhas para conscientização do tema e de sua importância.
Referências bibliográficas
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Disponível em:
<http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/1629/1/Ensaio%20sobre%20o%20desenho%2
0infantil.pdf>. Acesso em 22 jun. 2018.
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GOTTSFRITZ, Maria. A Imprescindível Democratização da Arte e da Cultura.
São Paulo: Revista Interação, 2015. 95p. Disponível em:
<http://vemprafam.com.br/wp-
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GULLAR, Ferreira. Arte e Personalidade. São Paulo, 2015. Folha de São Paulo.
Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/terceiros/2015/novembro/15.11-
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