Analise Das Demonstraçoes

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Análise das demonstrações

contábeis
Carlos Roberto Souza Carmo

Marco Antonio de Oliveira Caetano


© 2010 by Universidade de Uberaba

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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
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Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Carmo, Carlos Roberto Souza

C213a Análise das demonstrações contábeis / Carlos Roberto Souza,


Marco Antônio de Oliveira Caetano ; ilustração [de] Rodrigo de
Mello Rodovalho. – Uberaba : Universidade de Uberaba, 2010.
101 p. : il.

ISBN 9788577773633

1. Contabilidade. 2. Análise de balanço. 3. Capital de giro. I. Caetano,


Marco Antônio de Oliveira. II. Título.

CDD: 657.3
Sobre os autores
Carlos Roberto Souza Carmo

Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo (2008). MBA em Controladoria e Finanças pela
FUNDACE (USP-Ribeirão Preto-SP). Bacharel em Ciências Contábeis.
Professor titular da Universidade de Uberaba (Uniube) e das Faculdades
Associadas de Uberaba (FAZU). Tem experiência na área de Ciências
Contábeis, com ênfase em Contabilidade, Normas e Práticas Contábeis,
Contabilidade Gerencial e de Custos. Consultor de Empresas da cidade
de Uberaba-MG e região. Foi professor titular da Universidade de
Uberaba (Uniube). É professor da Universidade de Uberlândia (UFU).

Marco Antonio de Oliveira Caetano

Especialista em Contabilidade e Controladoria pela Universidade Federal


de Uberlândia (UFU). Especialista em Contabilidade e Controladoria pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Servidor Público Municipal da
Prefeitura Municipal de Uberaba. Professor da Universidade de Uberaba
(Uniube). Professor do Centro Universitário do Planalto de Araxá. Conta-
dor da empresa Santa Clara Pinturas Ltda. Tem experiência na área de
Administração, com ênfase em Ciências Contábeis.
Sumário
Apresentação.............................................................................................................. VII
Capítulo 1 Tópicos introdutórios de análise econômico-financeira de
demonstrativos contábeis..................................................... 1
1.1 Dados, informações e usuários da análise das demonstrações contábeis..............3
1.2 Preparação dos demonstrativos contábeis para o processo de análise..................7
1.2.1 Ativo permanente diferido (Balanço Patrimonial)............................................8
1.2.2 Resultado de exercícios futuros (Balanço Patrimonial)...................................9
1.2.3 Despesas financeiras (DRE)..........................................................................10
1.2.4 Participação de empregados nos lucros e resultados (DRE).......................10
1.3 Estabelecimento de uma base comparativa para julgamento da situação
econômica e/ou financeira da empresa analisada.................................................11
1.4 Atualização dos demonstrativos para moeda de poder aquisitivo de mesma
data..........................................................................................................................13
1.5 Procedimentos de análise propriamente ditos........................................................15
1.5.1 Análise por meio de índices...........................................................................16

Capítulo 2 Análise dinâmica do capital de giro..................................... 33


2.1 Vale a pena recordar................................................................................................35
2.2 Ativos e Passivos Cíclicos (operacionais) Versus Giro das atividades..................36
2.3 O efeito tesoura.......................................................................................................42
2.4 Projeção da Necessidade de Investimento em Giro (NIG).....................................44
2.4.1 NIG equivalente em dias de venda................................................................47

Capítulo 3 Tópicos avançados de análise das demonstrações


contábeis............................................................................ 57
3.1 Formulação Dupon..................................................................................................59
3.2 Alavancagem operacional........................................................................................64
3.3 Alavancagem financeira...........................................................................................67
3.4 Avaliação de desempenho econômico e Economic Value Added® - EVA®................ 70

Capítulo 4 Integração das técnicas de análise das demonstrações


contábeis............................................................................ 79
4.1 Modelagem do processo de análise........................................................................81
4.2 Análise de tendências e previsões..........................................................................85
4.3 Elaboração e apresentação de relatórios de análise..............................................89
Apresentação
Este livro se propõe a dar continuidade à sua formação contábil uma
vez que os seus quatro capítulos – embasados nos conhecimentos já
adquiridos sobre os demonstrativos contábeis de toda empresa – têm
como eixo norteador o propósito de prepará-lo para lidar com os dados
desses demonstrativos.

Senão, vejamos: no Capítulo 1, o próprio título já adianta o que será visto:


Tópicos Introdutórios de Análise Econômico – financeira de Demonstra-
tivos Contábeis.

No Capítulo 2, você aprenderá a fazer uma Análise Dinâmica do Capital


de Giro.

No Capítulo 3, essa análise torna-se mais avançada pois serão conheci-


dos Tópicos Avançados de Análise das Demonstrações Contábeis.

E, por fim, de posse de todas essas técnicas, você será levado a fazer
a Integração das técnicas de análise das demonstrações contábeis, no
Capítulo 4.

Desse modo, ao final do estudo você perceberá que sua habilidade de


analisar as demonstrações financeiras de uma instituição ter-se-á amplia-
da, capacitando-o a tomar decisões ou a orientar as decisões na área
contábil dessa instituição.
Capítulo
Tópicos introdutórios
de análise econômico-
1
-financeira de
demonstrativos contábeis
Carlos Roberto Souza Carmo
Marco Antonio de Oliveira Caetano

Introdução
Até este ponto do curso, além de aprender como registrar as
operações que alteram o Patrimônio das entidades como um
todo, você também foi preparado para elaborar os demonstrati-
vos contábeis que podem ser considerados como básicos para a
maioria das entidades, ou seja, o Balanço Patrimonial e a Demons-
tração do Resultado do Exercício.

Além disso, você teve acesso a informações gerais que lhe permiti-
ram conhecer e compreender outros relatórios contábeis. Demons-
tração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), a Demons-
tração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e, ainda, a
Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC) requeridos pela legisla-
ção pertinente, como forma de evidenciar a situação e a evolução
patrimonial das entidades que estão obrigadas a publicar tais
demonstrativos.

Com base nos conhecimentos que você já adquiriu, passare-


mos a estudar algumas técnicas que lhe permitirão transformar
os dados disponíveis nos demonstrativos contábeis, essencial-
mente o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício, em informações econômicas e financeiras, úteis para a
tomada de decisões em geral.
2 UNIUBE

Assim, após completar todas as atividades de estudo previstas


para esse componente curricular, você estará apto a extrair e
interpretar informações sobre investimentos, gestão, arrecada-
ção de impostos etc., de acordo com as necessidades dos vários
usuários destas informações. Tudo isso utilizando as técnicas de
análise de balanço abordadas em cada uma das unidades didáti-
cas que compõem a disciplina de Análise das Demonstrações
Contábeis.

Objetivos
Ao final desse capítulo, você deverá ser capaz de:

• descrever passos essenciais para preparação e ajuste dos


demonstrativos contábeis, elaborados e apresentados se-
gundo a legislação societária, para o início do processo de
análise;
• utilizar ferramentas de análise capazes de indicar a evolução
econômica e financeira das entidades ao longo do tempo –
análise horizontal;
• r elacionar ferramentas de análise capazes de indicar a evo-
lução econômica e financeira das entidades a cada período
contábil – análise vertical;
• explicar os índices básicos, ou indicadores básicos, utilizados
para diagnóstico da situação econômica (índices de mar-
gem e rentabilidade) e financeira (estrutura de capital, imo-
bilização, liquidez e prazos médios) das entidades em geral.
Entende-se por liquidez a capacidade de solvência ou de
pagamento de dívidas.
UNIUBE 3

Esquema

1.1 Dados, informações e usuários da análise das


demonstrações contábeis

Vamos começar nossos estudos imaginando algumas situações em que


você pode se encontrar, enquanto um usuário da informação contábil.

PARADA OBRIGATÓRIA

(1) Por exemplo, caso você estivesse de posse dos demonstrativos contábeis
da empresa para a qual você trabalha e se interessasse em saber qual
o numerário disponível nos caixas e bancos da empresa, onde você
encontraria tal dado?
(2) Digamos que você fosse um credor de uma empresa que publicou seus
demonstrativos contábeis em um jornal de grande circulação da sua
cidade, onde você encontraria o montante das dívidas dessa empresa?
4 UNIUBE

(3) E se você quisesse saber quanto a empresa tem investido em bens e


direitos permanentes, ou Não Circulantes, destinados ao suporte das
suas atividades operacionais, onde esse dado estaria disponível?

Provavelmente, como estudante de contabilidade você não terá muitas


dificuldades em encontrar esses dados. Provavelmente você responderá
de imediato.

PARADA OBRIGATÓRIA

(1) Para saber quanto a empresa possui de recursos financeiros à sua


disposição, basta consultar o grupo de contas do Disponível, do Ativo
Circulante.
(2) Para conhecer o montante das dívidas de uma empresa basta consultar
o total das contas do Passivo dessa empresa.
(3) Para saber quanto a empresa tem investido em bens e direitos
permanentes, ou não circulantes, destinados ao suporte das suas
atividades operacionais bastaria uma rápida consulta ao total do seu
Ativo Imobilizado, no grupo de contas Não Circulantes.

De uma forma bem ampla, pode-se afirmar que as demonstrações


contábeis por si só, ou financeiras, ou ainda, os balanços de uma empresa,
fornecem uma série de dados. Perceba que estes dados, isoladamente,
têm um poder informativo muito reduzido, permitindo­-nos até afirmar que,
praticamente, inexiste informação para dar o devido suporte a algum tipo
de decisão.

Para que os dados contidos nos demonstrativos possam traduzir-­se


em algum tipo de informação, eles precisam ser “tratados”, ou melhor,
precisam ser desenvolvidas algumas técnicas e procedimentos de
combinação entre os valores que compõem os vários demonstrativos
UNIUBE 5

contábeis disponíveis para que se obtenha informação útil para alguma


finalidade.

Esta técnica, ou ainda, este conjunto de procedimentos que permitem


extrair informações dos demonstrativos contábeis denomina-­se “Análise
dos Demonstrativos Contábeis” ou, mais
Análise de balanços
comumente falando, Análise de Balanços.
Estudo da situação
de uma parte, sistema
Aqui, é importante que você diferencie ‘dado’ de partes ou do
de ‘informação’. A informação é a combina- todo patrimonial de
uma empresa ou
ção de dados de um ou mais demonstrativos entidade, por meio
da decomposição
contábeis objetivando subsidiar a tomada de de elementos e
levantamentos de
decisões. Diante disso, é, no mínimo, razoável dados que consistem
em relações diversas
admitir que usuários diferentes demandem que entre si possam
informações diferentes. ter tais elementos.

PARADA OBRIGATÓRIA

Partindo do pressuposto que diferentes usuários da informação contábil


demandam informações contábeis diferentes para a tomada de decisões
diferentes, leve em consideração a diferença entre o conceito de DADO e o
conceito de INFORMAÇÃO, apresentado há pouco, e reflita um pouco sobre
os questionamentos a seguir:

• o investidor em ações estaria interessado em que tipo de informação?


• a Fazenda Federal, por exemplo, estaria interessada em informações
de que natureza?
• e os Bancos e fornecedores, qual seria o tipo de informação demanda
por este tipo de usuário?
6 UNIUBE

Em primeiro lugar, pode-se resumir os tipos de informações fornecidas


pela análise de balanços em dois grandes grupos. São eles:

a) informações econômicas: que dizem respeito a resultados, ou ainda,


à lucratividade das empresas e as variáveis que podem afetá-­la de
alguma forma;
b) informações financeiras: que dizem respeito ao fluxo de caixa e aos
investimentos das empresas em diversos tipos de ativos. É lógico que
não se pode falar em fluxo de caixa e investimentos sem se falar nas
formas de financiamentos que as empresas procuram para suportar
tais investimentos, portanto, o passivo em geral.

Dessa forma, podemos definir, de forma bem ampla, quais as natu-


rezas das informações demandas pelos vários usuários da análise
de balanços e, ainda, responder aqueles questionamentos propos-
tos para sua reflexão. Ou seja:
• o investidor em ações está interessado em informações tanto de
natureza econômica quanto financeira, pois, em primeiro lugar, para
suas ações se valorizarem, a empresa tem que ter bons resultados
(lucros) e, além disso, a empresa também tem que ter disponibilida-
des o bastante para pagar dividendos;
• a Fazenda Federal estaria interessada em informações de natureza
econômica, afinal, não se tributa resultados negativos (prejuízos);
• e, finalmente, os Bancos e fornecedores, normalmente, desejam co-
nhecer a capacidade de geração de caixa dos seus devedores, pois,
somente com capacidade de gerar caixas é que estes devedores
poderão pagar o crédito que lhes foi concedido.

Enfim, pode-se afirmar que os usuários do processo de análise de


balanços combinam os vários dados disponíveis nos demonstrati-
vos contábeis como forma de obterem informações, econômicas
ou financeiras, que sejam capazes de satisfazer suas necessida-
des voltadas para a tomada de algum tipo de decisão.
UNIUBE 7

1.2 Preparação dos demonstrativos contábeis para o processo


de análise

Conforme você pôde ver, anteriormente, o processo de análise consiste


na combinação dos vários dados disponíveis nos demonstrativos
contábeis como forma de se obter a informação.

PARADA PARA REFLEXÃO

Você acredita que os demonstrativos contábeis, elaborados e publicados


segundo os preceitos da legislação societária, estão prontos para produzirem
informações para os seus usuários sem qualquer tipo de ajuste?

Caso você tenha respondido “NÃO”, após a última reflexão proposta,


você está no caminho correto. Pois, antes de se iniciar o processo de
análise propriamente dito, os demonstrativos contábeis, apresentados
segundo a legislação, precisam ser ajustados como forma de permitir
a elaboração e a extração de informações mediante a combinação de
valores dos seus vários componentes.

Agora que você já sabe que os demonstrativos contábeis precisam ser


tratados para tornarem-se aptos a fornecer informações econômicas e
financeiras aos seus usuários, você seria capaz de deduzir alguns desses
ajustes?

SAIBA MAIS

Tente se lembrar daqueles grupos de contas que têm por objetivo ajustar os
saldos das contas de Ativo, Passivo e o Resultado do Exercício: eles não
necessariamente representam efetivamente entrada ou saída de recursos.
8 UNIUBE

Se você pensou nas “duplicatas descontadas”, você está no caminho


certo. Ou seja, a conta “duplicatas descontadas”, apresentada normal-
mente como conta redutora (com saldo credor) dos direitos a receber de
clientes, na sua essência, representa uma obrigação, pois por ocasião da
entrega dos títulos descontados ao banco, a empresa se compromete a
quitá­-los caso o seu cliente não o faça.

Apesar de figurar no Ativo Circulante com saldo credor, este tipo de título
(endossado para desconto) é muito mais uma obrigação do que um ativo.
Por esse motivo, o saldo dessa conta deve ser reclassificado para o
passivo, para fins de análise.

Você acredita que o saldo da conta “duplicatas descontadas” é o


único ajuste a ser realizado nos demonstrativos contábeis, para
fins de análise?

Se você acha que não, novamente, você está no caminho correto. A


seguir, vamos estudar todos os grupos de contas que sofrem ajustes e
reclassificações objetivando tornar os demonstrativos contábeis aptos
para o início do processo de análise de balanços.

1.2.1 Ativo permanente diferido (Balanço Patrimonial)

Antes da entrada em vigor da lei 11.638 de 27.12.2007, as empresas


que publicavam seus demonstrativos contábeis estavam obrigadas a
classificar no grupo “ativo permanente diferido”, todos aqueles bens e
direitos que representassem gastos que permitissem a obtenção de
receitas por vários períodos contábeis.

Sendo que, periodicamente, parte desses valores lançados no ativo


era baixada contra o resultado do exercício sob a forma de despesa
UNIUBE 9

(amortização do ativo diferido). Percebe-se claramente que o fato que


fazia com que tais ativos fossem reconhecidos como despesas dos
períodos em que ocorriam a sua amortização é muito mais o tempo
do que a sua contribuição para obtenção das receitas com que eram
confrontados periodicamente. Logo, nada mais justo do que reclassificar
os valores constantes neste grupo (ativo permanente diferido) para o
Patrimônio Líquido. Pois, mais cedo ou mais tarde, o seu destino é
exatamente a redução do Patrimônio Líquido, em função do reconheci-
mento periódico das despesas com a sua amortização.

IMPORTANTE!

Para os demonstrativos contábeis elaborados e publicados posteriormente a


2008, portanto, depois da entrada em vigor da Lei 11.638 de 27.12.2007, não
há a necessidade de se proceder tal ajuste. Pois, a legislação em questão
extinguiu o grupo do “ativo permanente diferido”.

1.2.2 Resultado de exercícios futuros (Balanço Patrimonial)

Semelhante ao que acontece com o ativo diferido, porém, em vez de um


gasto, o grupo “resultados de exercícios futuros” representava recebimen-
tos de ativos, normalmente financeiros, que estavam vinculados à receita
de períodos futuros, em função do regime de competência de exercícios.

Assim, ao se debitar o respectivo ativo, creditava­-se o grupo “resultado


de exercícios futuros” para que aquela receita, sem obrigatoriedade de
devolução financeira, fosse reconhecida economicamente em momento
futuro, no período em que ela estivesse vinculada. Percebe-se que o fato
que fazia com que estes itens do passivo fossem reconhecidos como
receitas era muito mais o decurso de tempo do que aumento do ativo ou
a redução do passivo, fatos esses característicos quando da ocorrência
de uma receita.
10 UNIUBE

Por estes motivos, o grupo “resultados de exercícios futuros” deve ser


reclassificado para o Patrimônio Líquido. Porém, cabe aqui a mesma
observação realizada para o “ativo permanente diferido”, ou seja, para
os demonstrativos contábeis elaborados e publicados posteriormente a
2008. Depois da entrada em vigor da Medida Provisória 449/2008, hoje
convertida na Lei 11.941 de 27.05.2009, não há a necessidade de se
proceder tal ajuste, pois, a legislação em questão extinguiu o grupo do
“ativo permanente diferido”.

1.2.3 Despesas financeiras (DRE)

Apesar da legislação em vigor tratar as despesas financeiras como itens


operacionais, semelhante ao tratamento dado às despesas com vendas
e administrativas, percebe-se que as despesas financeiras ocorrem
muito mais em função da forma pela qual a empresa capta recursos
para financiar suas operações, do que em função das suas ativida-
des operacionais. Logo, o mais correto seria reclassificar as despesas
financeiras como “itens não operacionais”. Assim, o resultado operacional
apurado refletiria o resultado proveniente efetivamente das operações
da entidade.

1.2.4 Participação de empregados nos lucros e resultados (DRE)

Ao contrário da reclassificação proposta para as despesas financeiras, a


participação de diretores e empregados nos resultados do exercício deveria
ser reclassificada para o grupo das despesas operacionais. Afinal, o seu
pagamento decorre, pelo menos teoricamente, do conjunto das atividades
desenvolvidas pelo quadro funcional da entidade, objetivando a obtenção
de resultados operacionais positivos (lucros), compondo a remuneração
destes empregados no período em que os resultados obtidos atenderam às
metas operacionais estabelecidas pela alta administração das empresas.
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1.3 Estabelecimento de uma base comparativa para


julgamento da situação econômica e/ou financeira da
empresa analisada

PARADA PARA REFLEXÃO

Você acredita que seja possível julgar algo como bom ou ruim sem que
exista um parâmetro para comparação? Ou ainda, é possível julgar algo
como “bom” sem associar o próprio conceito de “bom” com o conceito de
“ruim”?

Imagino que, após alguns minutos, você chegou à conclusão de que


entre os conceitos de “bom” e “ruim” existe uma relação de dependência.
Ou seja, não se pode julgar algo sem algum tipo de parâmetro para
comparação. Assim, para se afirmar que algo é bom, é preciso conhecer
o conceito de ruim. Enfim, é preciso estabelecer algum tipo de parâmetro
para se julgar.

No processo de análise de balanços não é diferente. Não se pode


formular qualquer juízo de valor (bom ou ruim, melhor ou pior) acerca
da situação econômica e financeira de uma empresa sem que se
estabeleçam parâmetros para esta finalidade.

Como estabelecer um conceito acerca da situação de uma


empresa sem que exista algum tipo de parâmetro? Ou, ainda,
qual o parâmetro a se adotar no processo de análise das demons-
trações financeiras?

Em primeiro lugar, faz-se necessário que sejam analisados, pelo menos,


três exercícios sociais sequenciais de uma mesma empresa. Sendo que,
para escolha destes períodos, deve-se partir daquele exercício social
12 UNIUBE

encerrado mais recentemente. Tomando tal cuidado, evitam-se erros de


julgamento. Ou seja, suponha que se adotasse um único exercício social
para realização da análise destes balanços. Suponha, também, que
este fosse o pior ano da empresa em termos de resultados econômicos
e posicionamento financeiro. Logo, as conclusões levantadas com
base neste único exercício social, com certeza, refletiriam a situação
econômica e financeira deste único exercício, e esta poderia ser uma
situação momentânea.

Mas, o processo de comparação para julgamento acerca da situação


econômica e financeira de uma empresa não deve se restringir aos seus
próprios demonstrativos contábeis. Pois, se assim o fizer, apesar de
comparar períodos distintos, você estará julgando a empresa em relação
ao seu próprio desempenho.

A realização da análise dos demonstrativos contábeis com base em,


pelo menos, três exercícios sociais é um procedimento importante
e necessário, porém, um segundo procedimento de comparação,
igualmente importante, consiste em comparar os índices econômicos
e financeiros da empresa, alvo do processo de análise, com algum tipo
de parâmetro que possibilite o julgamento da sua situação econômica e
financeira. Alguns autores sugerem a adoção de índices padrões criados
com base em bancos de dados acumulados ao longo de vários anos.
Entretanto, esta medida nem sempre é possível. Pois, estes bancos de
dados costumam ter um custo de aquisição muito elevado.

Um procedimento mais simples e bem eficaz consiste na escolha de duas


empresas (empresas parâmetros) de tamanho e/ou volume de atividades
diferentes daquela empresa que está sendo analisada (empresa alvo)
e, ainda, na comparação dos índices levantados com base nos dados
daquelas “empresas parâmetros” com os índices da “empresa alvo” do
processo de análise.
UNIUBE 13

Sugere­-se a adoção de duas empresas de tamanho e volume de


atividade diferentes da “empresa alvo” do processo de análise. Isto,
para estabelecimento de um posicionamento desta última em relação
às primeiras. O ideal é que se escolha uma empresa maior e/ou com
um volume de atividade maior, e outra menor ou com um volume de
atividade inferior àquela “empresa alvo” da análise. Este procedimento
tem por finalidade permitir saber se a “empresa alvo” da análise está
mais próxima daquela considerada maior ou mais próxima daquela
considerada menor.

SAIBA MAIS

Recomenda-se como critério para julgamento acerca do tamanho da


empresa (maior ou menor) o total do seu ativo. Para estabelecimento do
volume de atividade é importante a análise comparativa entre faturamentos
(receitas brutas).

É necessário salientar que tais empresas (parâmetros) devem pertencer ao


mesmo ramo de atividade daquela “empresa alvo” da análise. Pois, jamais
poderíamos comparar uma indústria siderúrgica com um atacadista, ou,
ainda, aquela mesma siderúrgica com uma indústria do ramo de alimentos.

1.4 Atualização dos demonstrativos para moeda de poder


aquisitivo de mesma data

Uma vez ajustados os demonstrativos contábeis e escolhidos os parâme-


tros para comparação das informações obtidas com base nos dados
disponíveis nos demonstrativos contábeis, faz­-se necessário realizar um
último procedimento de ajuste nos demonstrativos financeiros, tanto da
“empresa alvo” quanto das “empresas parâmetros”. Este procedimento
trata-­se do estabelecimento da base comparativa em moeda de poder
aquisitivo de uma mesma data.
14 UNIUBE

É notório que $ 1,00 não tem o mesmo poder de compra que $ 1,00 de
dois ou três anos atrás. Logo, não estaria correto comparar os demons-
trativos contábeis de dois e três anos atrás com os demonstrativos deste
ano. Assim, deve-se ajustar os montantes constantes dos demonstrati-
vos contábeis de anos anteriores para a moeda do exercício social mais
recente.

Suponha três exercícios sociais, 19X1, 19X2 e 19X3. Suponha, também,


que o período mais recente seja 19X3. Logo, após escolher algum índice
monetário (IPC, IPCA, INPC etc.) disponível, normalmente, em sites de
pesquisas geográficas e econômicas, por exemplo o IBGE, basta realizar
a atualização dos valores constantes nas demonstrações financeiras dos
anos anteriores (19X1 e 19X2) para moeda de poder aquisitivo de 19X3,
conforme sugerido a seguir:

Para ajuste dos valores constantes no Balanço Patrimonial:

 Índice de Dez /19 x3  x Valores constantes no


 
 Índice de Dez /19 x2  Balanço de 19x2

• De 19X1 para 19X3 =

 Índice de Dez /19 x3  x Valores constantes no


 
 Índice de Dez /19 x2  Balanço de 19x2

• De 19X2 para 19X3 =

Para ajuste dos valores constantes na DRE*:

• De 19X1 para 19X3:

 
 
=  Índice de Dez /19 x3  xValores constantes no
  Índice Jan /19 x 2 + ÍndiceDez /19 x 2   Balanço de 19x1
   
 2 
UNIUBE 15

• De 19X2 para 19X3:


 
 
=
Índice de Dez /19 x3  xValores constantes no
  Índice Jan /19 x 2 + ÍndiceDez /19 x 2   Balanço de 19x1
   
 2 

• De 19X3 para 19X3**:

 
 
=  Índice de Dez /19 x3  xValores constantes no
  Índice Jan /19 x 2 + ÍndiceDez /19 x 2   Balanço de 19x1
   
 2 

(*) Observação: uma vez que os totais apresentados na DRE contêm


receitas e despesas incorridas ao longo de todo o ano, sua atualização
não deve ser feita como a do Balanço Patrimonial, que apresenta saldos
em moeda de 31 de dezembro. Para atualização dos valores da DRE,
recomenda-se a média dos índices do ano a que se refere a respectiva
DRE. Perceba que deve-se adotar a média e não o índice de junho.

(**) Observação: exatamente por acumular receitas e despesas incorridas


ao longo de todo o ano, a DRE do período mais recente, no exemplo
dado, o exercício de 19X3, também deve ser atualizada para moeda de
poder aquisitivo de 31 de dezembro de 19X3.

1.5 Procedimentos de análise propriamente ditos

Uma vez abordados os procedimentos preliminares, ou melhor, prepara-


tórios dos demonstrativos contábeis, doravante, vamos discutir os
procedimentos de análise propriamente ditos, em nível introdutório
conforme proposto para este capítulo.
16 UNIUBE

1.5.1 Análise por meio de índices

A técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas


e grupos de contas de um mesmo demonstrativo, ou ainda, de dois
demonstrativos distintos, para extrair conclusões sobre tendências e
situação econômico-financeira da empresa.

Os analistas podem trabalhar com índices ou percentual. Por exemplo:


0,42 equivale a 42% (quarenta e dois por cento). Pode­-se classificar os
índices da empresa como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente mediante
comparação com os índices de outras empresas do mesmo ramo e porte
(empresas parâmetros), conforme procedimentos preparatórios sugeridos
anteriormente.

Pode-se utilizar, nas fórmulas, o prazo médio simples baseado no ano


comercial de 360 dias, ou mês comercial de 30 dias, ou então o prazo
efetivo de 365 dias para se referir ao ano civil.

Índices de estrutura de capital

Os índices são calculados relacionando as fontes de capitais entre si e


com o Ativo Permanente. Indicam o grau de dependência da empresa
com relação ao capital de terceiros e o nível de imobilização do capital.

São quatro os índices desta família:

• GE: Grau de endividamento


• PCT: Participação do capital de terceiros
• CE: Composição do endividamento
• ICP: Imobilização do capital próprio

Observa o Quadro 1, a seguir, no qual estão as definições e as fórmulas


de cada um.
UNIUBE 17

Quadro 1: Índices de estrutura de capital

Indica o quanto a empresa tomou


GE ­Grau de endividamento de Capitais de Terceiros (Passivo
Circulante mais Passivo Exigível
Capital de Terceiros a Longo Prazo), em relação
GE= ao Capital Próprio (Patrimônio
Capital Próprio
Líquido), ou seja, o quanto tomou
de Capitais de Terceiros para
cada $ 1,00 de Capital Próprio.

Relaciona o Capital de Tercei-


ros ou Exigível Total (Passivo
Circulante + Passivo Exigível
à Longo Prazo) com os
PCT – Participação do capital de terceiros recursos totais obtidos para o
financiamento do Ativo. O índice
Capital de Terceiros encontrado significa que, para
PCT= cada $ 1,00 de recursos totais,
Capital de Terceiros + Capital Próprio
o Capital de Terceiros partici-
pa com $ (índice calculado).
Em outras palavras, o Capital
de Terceiros financia (índice
calculado)% do Ativo.

CE – Composição do endividamento
Indica quanto da dívida total,
Passivo Circulante para com terceiros, vence no
CE= curto prazo (circulante).
Capital de Terceiros

ICP – Imobilização do capital próprio


Indica qual o percentual (%) dos
Ativo Permanente recursos próprios estão investi-
ICP= dos no Ativo Permanente.
Patrimônio Líquido

Índices de Liquidez

Demonstram a situação financeira da empresa, ou seja, a sua capacidade


de pagamento dos compromissos assumidos a curto e longo prazos.
18 UNIUBE

Os Índices de Liquidez são:

a) Liquidez Geral (LG) – Indica a capacidade de pagamento das dívidas


a longo prazo. O índice calculado significa que para cada $ 1,00 em
dívidas que a empresa possui, existe $ (índice calculado) de bens
e direitos para pagá-­los. Mas, se a empresa apresentar problema
financeiro no curto prazo, o índice bom a longo prazo não será válido.
O principal problema desse índice é que diversos valores correntes
de diferentes datas se misturam.

Ativo Circulante+Ativo Realizável a Longo Prazo


LG=
Capital de Terceiros

b) Liquidez Corrente (LC) – Na maioria dos casos, este índice é


considerado como o melhor indicador da capacidade de pagamen-
to da empresa. O resultado do cálculo indica que a empresa tem $
(índice calculado) de ativos conversíveis em dinheiro no curto prazo
para liquidar cada $ 1,00 de dívida de curto prazo. Mas, esse índice
também é resultante de diversos valores correntes de diferentes datas.

Ativo Circulante
LC=
Passivo Circulante

c) Liquidez Seca (LS) – Relação entre a soma dos valores disponí-


veis mais os realizáveis deduzidos do valor dos estoques, com as
dívidas de curto prazo. Este índice mostra quanto a empresa tem
(índice calculado) para liquidar cada $ 1,00, no curto prazo, despre-
zando-se as contas de estoques, que demoram um pouco mais para
se transformar em dinheiro imediatamente.
UNIUBE 19

d) Liquidez Imediata (LI) – Este índice indica quanto a empresa possui


de recursos imediatamente disponíveis para liquidar compromissos de
curto prazo. As disponibilidades são recursos imediatamente disponí-
veis, mas as obrigações de curto prazo podem estar compostas
por dívidas que vencem até o final do próximo exercício contábil. A
empresa possui $ (índice calculado) de disponibilidade imediata para
cada $ 1,00 de dívidas no curto prazo.

Ativo Circulante Disponível


LI=
Passivo Circulante

Índices de rotação

Por meio da análise das demonstrações financeiras é possível calcular,


por exemplo, quantos dias, em média, a empresa terá de esperar para
receber suas duplicatas, ou o tempo médio para pagamento das compras
ou, ainda, o prazo médio em dias de renovação dos seus estoques.

Os Índices de Prazos Médios (IPM) visam


Ciclo Operacional
medir a duração do Ciclo Operacional, que
envolve todas as fases operacionais típicas de Período de tempo
em que o fenômeno
uma empresa, que vão desde a aquisição de patrimonial se
completa, ou seja, o
insumos básicos ou mercadorias até os recebi- tempo demandado
para que a empresa
mentos das vendas realizadas. realize sua atividade
fim, ou ainda, sua
atividade operacional.
Estes índices são calculados relacionando-se
os elementos do balanço patrimonial com os
itens da demonstração de resultado do exercício e evidenciam o prazo de
renovação dos elementos patrimoniais dentro de determinado período. A
análise do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão
da empresa, tais como as políticas de estocagem, financiamento de
compras e financiamento de clientes.
20 UNIUBE

São três os principais índices de prazos médios:

a) Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) - Este índice


indica quantos dias, em média, os produtos ou mercadorias ficam
armazenados na empresa antes de serem vendidos. Ao Custo das
Mercadorias Vendidas não deve ser adicionado o valor referente ao
Custo dos Serviços Prestados, caso este último esteja disponível no
demonstrativo de resultado.

Interpretação: quanto menor o índice, melhor.

Estoques
PMRE= x360
Custo das Mercadorias Vendidas

b) Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) - Este índice


indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas
vendas. O valor das Vendas Anuais deve ser o total do grupo Receita
Operacional Bruta menos o valor das Vendas Canceladas, Devoluções
e Abatimentos, ou seja, a receita líquida ou venda operacional líquida.

Interpretação: quanto menor o índice, melhor.

Duplicatas a Receber
PMRV= x360
Vendas Anuais

c) Prazo médio de pagamento de compras (PMPC) - Este índice indica


quantos dias, em média, a empresa leva para pagar suas compras. O
valor das Compras Anuais deve ser o valor bruto, ou seja, com todos
os impostos da aquisição embutidos. Deve-se ter o cuidado de utilizar
somente os valores, tanto de Fornecedores como para as Compras,
referentes à manutenção do objetivo social da empresa, não misturan-
do outras transações.
Fornecedores a Pagar
PMPC= x360
Compras Anuais
UNIUBE 21

PARADA PARA REFLEXÃO

Com relação específica aos componentes da formulação proposta para o


cálculo do Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC), coloque-se na
posição de um analista externo e tente imaginar como você identificará o
montante das compras de uma empresa que você esteja analisando?

Uma vez que o analista, na maioria das vezes, se encontra fora da


empresa e, portanto, não possui informação detalhada suficiente, o
mesmo terá que recorrer a ajustes, perfeitamente aceitáveis, para efeito
de simplificação da análise. Para apurar o valor das compras médias,
basta o analista se valer da fórmula do CMV no sistema de inventário
periódico. Ou seja:

CMV = EI + C – EF
CMV – EI = C – EF
C= CMV – EI + EF

Os valores que compõem o numerador das fórmulas dadas, anterior-


mente, (Estoques, Duplicatas a Receber e Fornecedores), devem ser
calculados através de médias. Ou seja, de forma simplificada, soma-se
o saldo final do exercício social anterior com saldo final do exercício mais
recente e, em seguida, divide-se tal somatória por dois, para cada um
dos grupos trabalhados. Ou seja:
Saldo de X1 + Saldo de X2
2

A análise conjunta dos prazos médios forneci- Diagrama


dos pelas fórmulas anteriores permite conhecer o Exposição gráfica
ciclo operacional e o ciclo financeiro da empresa, que tem por objetivo
demonstrar pontos
conforme diagrama proposto um pouco mais importantes de uma
empresa.
adiante.
22 UNIUBE

IMPORTANTE!

As análises dos prazos médios somente são úteis quando analisadas em


conjunto, tendo em vista que dessa análise surgem dois conceitos também
importantes, são eles:

a) ciclo operacional: o prazo que se da entre a compra e a venda dos itens


estocados e o seu recebimento;
b) ciclo financeiro: o prazo que se dá entre a compra e o seu pagamento
e a respectiva venda e seu recebimento.

Atente-se para o diagrama representativo do grupo de rotação para análise,


apresentado a seguir:

Ciclo Operacional = PMRE + PMRV ou


Ciclo Operacional = PMPC + Ciclo Financeiro
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional PMPC

Índices de rentabilidade

Os índices de rentabilidade medem quanto


Rentabilidade
estão rendendo os capitais investidos na
Resultado proveniente
da aplicação de certo empresa e/ou no giro da suas operações. São
capital em algum
tipo de atividade ou indicadores importantes, pois evidenciam o
negócio.
sucesso ou o insucesso empresarial. Os índices
de rentabilidade são calculados, geralmente,
sobre as Receitas Líquidas.
UNIUBE 23

São três índices desta família, dentre vários, que serão submetidos à
avaliação:

a) Margem Bruta (MB) - Este índice indica o quanto a empresa obtém


de Lucro Bruto para cada $ 1,00 de Receita Líquida.

Interpretação dos índices desta natureza: quanto maior o índice, melhor.

b) Margem Líquida (ML) - Este índice indica qual foi o Lucro Líquido
em relação à Receita Operacional Líquida. O índice calculado mostra
que, após descontado todos os custos, despesas e tributos (impostos
e taxas), sobrará a ML% (índice calculado) das vendas líquidas da
empresa.

Lucro Líquido do Exercício


ML=
Receita Operacional Líquida

c) Rentabilidade do Capital Próprio (RCP) - Este índice informa


quanto rendeu o capital aplicado na empresa pelos proprietários.
Calcula­se também este índice pelo saldo médio do Patrimônio Líquido
que é calculado somando o valor do PL no início do período com o
valor do PL no final do período, e o resultado, divide-se por dois.

Lucro Líquido do Exercício


RCP=
Patrimônio Líquido
24 UNIUBE

Análise vertical e horizontal

Análise vertical

Observe, com atenção, a fórmula, a seguir:

(Valor da conta do exercício)


IV(%)= x100
Base (Ativo ou Passivo + Patrimônio Líquido ou Receita Operacional Líquida)

O percentual calculado (IV) representa a participação da conta, em


questão, em relação à base estabelecida. Percebe-se que a análise
vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo + Patrimô-
nio Líquido, bem como a participação de cada conta da demonstração
do resultado do exercício na formação do lucro ou prejuízo.

O cálculo do percentual de participação relativa das contas do Ativo e do


Passivo e Patrimônio Líquido é feito dividindo o valor de cada conta pelo
valor total do Ativo ou do Passivo + Patrimônio Líquido.

O cálculo do percentual de participação relativa das contas da demons-


tração do resultado do exercício é feito dividindo cada conta pelo valor
da receita líquida ou receita operacional líquida, que é considerada como
base.

Análise horizontal

A análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução das


contas das demonstrações contábeis, a cada período. Calculam-­se os
números­índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-­base
100. Para compreender melhor como se processa a análise horizontal,
observe a fórmula, a seguir:

(Valor da conta do exercício recente)-1


IH(%)= x100
Valor da conta do exercício antigo
UNIUBE 25

IMPORTANTE!

As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam duas limitações:

a) quando o valor da conta correspondente no exercício­base é nulo, o


número­índice não pode ser calculado pela forma proposta, pois os
números não são divisíveis pelo número zero. Nesses casos, podem ser
analisadas as variações em valores absolutos;
b) quando o exercício­-base apresenta um número negativo e no exercí-
cio seguinte o número fica positivo, e vice­-versa. Matematicamente, é
calculável, mas, o resultado deve ser tratado com cuidado, para não
ocorrerem interpretações equivocadas da evolução.

Resumo

Você teve o seu primeiro contato com os tópicos introdutórios de análise


econômico-financeira de demonstrativos contábeis. Cabe destacar que,
para complementar sua aprendizagem, você precisa realizar as leituras
indicadas mais adiante, de forma a aprofundar os seus conhecimentos
acerca da temática abordada nesse capítulo.

Como você pôde ver ao longo dos estudos desenvolvidos nesse capítulo,
o ponto de partida do processo de análise de balanços é o tratamento
dos demonstrativos contábeis publicados em conformidade com a legisla-
ção societária. Esses ajustes têm por objetivo tornar as demonstrações
contábeis mais usuais à luz da análise de balanço.

O segundo passo do processo de análise passa pela elaboração, ou


melhor, pelo cálculo de índices e indicadores capazes de permitir a
extração de informações voltadas para a tomada de decisões baseadas na
análise de balanços. Esses índices têm por objetivo permitir a elaboração
de um diagnóstico inicial acerca da situação econômica e financeira da
entidade alvo do processo de análise.
26 UNIUBE

Cabe destacar que, para o estabelecimento de um conceito acerca da


situação econômica ou financeira de determinada empresa é preciso
efetuar os mesmos cálculos de índices ou indicadores de outras empresas
e compará-los de forma a se estabelecer um parâmetro para comparação
para a tomada de decisões.

De forma complementar, deve-se proceder a análise vertical e a análise


horizontal dos demonstrativos contábeis e, ainda, calcular prazos médios
das atividades operacionais da empresa e, consequentemente, os seus
ciclos operacional e financeiro. Esses procedimentos finais permitem ao
analista aprofundar um pouco mais nas conclusões sobre a situação da
empresa alvo da análise.

Convém destacar que esses procedimentos são considerados a base do


processo de análise. Os mesmos serão complementados e aprofundados
de acordo com o conteúdo abordado em unidades didáticas futuras.

Leituras
Para ampliar sua visão do assunto estudado e consolidar sua aprendi-
zagem sugerimos a leitura da obra de MORANTE, Antônio Salvador.
Análise das demonstrações financeiras básicas que você recebeu
junto a esse material:

Leia o capítulo 1, intitulado Demonstrações financeiras básicas,


páginas 7 a 22. Nele, você irá relembrar e ampliar as definições e os
conceitos sobre os elementos contábeis do Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Sendo todos estes demons-
trativos de fundamental importância no estudo da análise econômico-
financeira das empresas.
UNIUBE 27

O capítulo 2, denominado Análises horizontal e vertical, das páginas


23 a 33, do mesmo autor, proporcionará a você um aprofundamento de
seu conhecimento acerca dos processos de análise vertical e horizontal,
enquanto ferramentas indicadas como apoio à análise das demonstrações
financeiras.

Com o terceiro capítulo, intitulado Indicadores econômico-financeiros,


das páginas 34 a 54, da mesma obra já indicada, você completará seu
aprendizado acerca dos principais índices utilizados no processo de
análise.

Atividades

Atividade 1

Leia atentamente a situação proposta abaixo.

Situação para Análise

A empresa Bibi S.A. apresentou em seu Balanço Patrimonial, projetado


antes do final do ano, os seguintes valores para composição das suas
contas de curto prazo (Circulante):

Ativo Circulante: $ 1.200.000


Passivo Circulante: $ 1.000.000

Todavia, o presidente da Empresa Bibi S/A não está contente com a Liquidez
Corrente de $ 1,20. Ele determina ao seu contador que a liquidez corrente
deverá ser igual a $ 2,0.

Agora, com base nos estudos que você realizou e após analisar criterio-
samente a situação proposta, leia atentamente cada uma das alternativas
a seguir e assinale aquela que apresenta a solução mais correta para
28 UNIUBE

atender a determinação do presidente da Empresa Bibi S.A. e, ainda,


atender todos os procedimentos contábeis considerados corretos de
acordo com as Normas Brasileiras e Contabilidade.

a.( ) A solução é não modificar essa situação, pois, considerando-­se


que estamos próximos ao final do ano é impossível alterar a
composição das contas do circulante da empresa.
b.( ) A solução seria o contador ‘embelezar’ o Balanço Patrimonial.
c.( ) A solução seria pagar $ 800.000 da dívida a curto prazo da
empresa.
d.( ) A solução seria aumentar o valor do Ativo Circulante tomando
empréstimos bancários de curto prazo junto a bancos.
e.( ) A solução seria negociar com fornecedores o alongamento dos
prazos de vencimento das dívidas, de forma que $400.000 de
dívidas a curto prazo tivessem seu vencimento alterado para
após o final do próximo exercício social.

Atividade 2

Leia atentamente a situação proposta abaixo.

Situação para Análise

O Banco Financeiro S.A. dispõe, em seu manual de normas, que o limite


de crédito para seus clientes será estipulado com base no total “Capital de
Terceiros”, constante do seu Balanço Patrimonial, antes da concessão do
empréstimo. Sendo que o dito limite é concedido à base de 60% do dito capital
de terceiros, independentemente do seu vencimento (curto ou longo prazo).

O seu cliente, Máquinas Silvestres S.A., ao pleitear um limite de crédito para


operações financeiras, apresenta o seguinte Balanço Patrimonial resumido.
UNIUBE 29

Ativo $ Passivo + PL $
Circulante 180 Circulante 400
Realizável a Longo Prazo 320 Exigível a Longo Prazo 200
Permanente 700 Patrimônio Líquido 600
Total 1200 Total 1200

Leve em conta o conteúdo que você estudou nesse capítulo e, imaginan-


do que você seja o Analista de Crédito do Banco Financeiro S.A.,
analise o Balanço da companhia Máquinas Silvestres S.A. e assinale
abaixo qual a alternativa que contém o montante do limite a ser concedi-
do para essa companhia:

a.( ) 720 b.( ) 360 c.( ) 120 d.( ) 60 e.( ) 600

Atividade 3

Conforme você pôde ver e estudar ao longo desse capítulo, os índices


de rentabilidade medem quanto estão rendendo os capitais investidos
na empresa e/ou no giro das suas operações. São indicadores importan-
tes, pois evidenciam o sucesso ou o insucesso empresarial. Assim, se
você fosse obrigado a escolher apenas três índices para avaliar a situação
econômica de uma empresa (estrutura de resultados), dentre as alternati-
vas a seguir, assinale aquela contém somente indicadores de rentabilidade.

a.( ) Liquidez seca, liquidez absoluta e participação de capitais de


terceiros.
b.( ) Rentabilidade, rotação de contas a pagar.
c.( ) Liquidez corrente, liquidez absoluta e imobilização do Patrimônio
Líquido.
d.( ) Margem bruta, margem operacional e retorno sobre o capital
próprio.
e.( ) Liquidez corrente, liquidez absoluta e rentabilidade.
30 UNIUBE

Atividade 4

Se você estivesse interessado em conhecer a capacidade de pagamento


das obrigações de uma empresa em um prazo muito curto (nos próximos
dez dias, por exemplo), você deveria fazer uso de indicadores, ou índices,
capazes de lhe fornecer tal informação. Com base no que você estudou
ao longo desse capítulo, assinale qual das opções a seguir contém
índices para essa finalidade.

a.( ) Liquidez seca.


b.( ) Liquidez inevitável.
c.( ) Liquidez imediata.
d.( ) Liquidez corrente.
e.( ) Grau de imobilização do Patrimônio Líquido.

Atividade 5

Analise atentamente as fórmulas propostas pelas letras “A”, “B”, “C” e “D”
a seguir e, com base nos estudos que você realizou sobre prazos médios
e ciclos operacional e financeiro, faça a correspondência entre as fórmulas
da primeira coluna com os conceitos fornecidos na segunda coluna.

Estoques
(A) = x360
Custos das Mercadorias Vendidas

Fornecedores a Pagar
(B) = x360
Compras Anuais

Duplicatas a Receber
(C) = x360
Vendas Anuais

(D) = Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMRV)

( ) Prazo médio de renovação de estoques (PMRE)


( ) Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV)
( ) Ciclo Financeiro.
( ) Prazo médio de pagamento de compras (PMPC)
UNIUBE 31

Agora, com base na correspondência efetuada entre a primeira e a


segunda coluna, assinale abaixo a alternativa que contém a sequência
correta.

a.( ) A,B,D,C.
b.( ) A,D,C,B.
c.( ) C,A,D,B.
d.( ) C,B,D,A.
e.( ) A,C,D,B.

Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque
econômico­-financeiro. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MORANTE, Antonio Salvador. Análise das demonstrações financeiras: aspectos


contábeis da demonstração de resultado e do balanço patrimonial. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
Capítulo
Análise dinâmica do
capital de giro
2
Carlos Roberto Souza Carmo
Marco Antonio de Oliveira Caetano

Introdução
Esse capítulo tem por objetivo geral estudar as ferramentas de
análise e dimensionamento do capital de giro das entidades. Você
já deve ter percebido que a compreensão dos elementos estruturais
das demonstrações contábeis estudadas anteriormente, notada-
mente o Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE), é de fundamental importância para o seu aperfei-
çoamento enquanto estudante desse componente curricular.

Com base nos estudos que você já realizou, doravante, passaremos


a estudar algumas técnicas de análise de balanços um pouco mais
avançadas. Sendo que, nesse momento do curso, serão estuda-
das as ferramentas de gestão e dimensionamento do capital de
giro. Entretanto, cabe destacar que o ponto de partida do processo
de análise proposto ao longo desse capítulo é, essencialmente, o
conjunto de ferramentas (ajustes, atualizações, indicadores, análise
vertical, análise horizontal etc.) estudado no capítulo anterior.

A compreensão e o domínio das ferramentas expostas nesse


capítulo lhe permitirão entender como as consequências de um
mau dimensionamento do capital de giro nas organizações podem
levar um empreendimento à desestruturação financeira e econômi-
ca. Isso, por sua vez, traz reflexos diretos nas demonstrações
contábeis das organizações em geral.
34 UNIUBE

Assim, após completar todas as atividades de aprendizado previstas


nesse capítulo, você estará apto a extrair e interpretar as informa-
ções referentes aos investimentos em capital de giro realizados por
todas as organizações.

Objetivos
Ao final desse capítulo, você deverá ser capaz de:
• desenvolver análises que lhe permitam avaliar o correto di-
mensionamento do capital de giro de empresas em geral;
• identificar e quantificar a Necessidade de Investimento em
Giro (NIG) de uma organização, em montante;
• identificar e quantificar o saldo financeiro (SD) disponível na
empresa para o financiamento da sua Necessidade de Inves-
timento em Giro - NIG;
• utilizar os conceitos e técnicas de dimensionamento do ciclo
operacional e financeiro da entidade para quantificar a sua
Necessidade de Investimento em Giro (NIG) em dias.

Esquema
UNIUBE 35

2.1 Vale a pena recordar

Antes de iniciarmos o estudo do dimensionamento Necessidade de


da Necessidade Investimento em Giro (NIG) Investimento
em giro (NIG)
propriamente dito, vamos recordar alguns dos
conceitos essenciais ao entendimento da temática Corresponde ao
Ativo Cíclico menos
a ser abordada no decorrer desse capítulo. Passivo Cíclico.

IMPORTANTE!

• Balanço Patrimonial: conjunto de bens, direitos e obrigações dispostos


em ordem decrescente de liquidez e exigibilidade, respectivamente.
• Origens de recursos ou financiamentos: fontes necessárias ao de-
sempenho operacional de uma determinada empresa, divididas em
curto e longo prazo (circulante e exigível a longo prazo). Esses finan-
ciamentos encontram-se representados pelo passivo das entidades.
• Aplicações de recursos: aplicações de recursos visando atender a
um determinado fim e/ou objetivo empresarial. Esses investimentos
encontram-se representados pelo ativo das entidades.
• Capital Circulante Líquido: ativo circulante menos passivo circulante.
• Ciclo Operacional: é o intervalo entre a aquisição de compras até o
recebimento das vendas.
• Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV): tem por finalidade a
mensuração e avaliação dos prazos médios concedidos a seus clientes.
• Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF): tem por
finalidade indicar o tempo em que a empresa realiza o pagamento de
compras.
• Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE): revela o tempo
médio de estocagem. Ou, ainda, o tempo médio que a mercadoria ou
produto demora para ser vendida após a sua estocagem.
36 UNIUBE

Os prazos médios adquirem maior importância quando analisados


conjuntamente. A soma de PMRE + PMRV representa o ciclo operacional.
Se o Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) for superior
ao Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE), significa que os
fornecedores estão financiando uma parte das vendas. A equação PMRV
+ PMRE – PMPF é o ciclo financeiro.

Fórmulas de rotatividade:
• PMRV = (Duplicatas a receber/vendas) x 360
• PMRE = (Estoques / CMV) x 360
• PMPF = (Fornecedores / compras) x 360

2.2 Ativos e Passivos Cíclicos (operacionais) Versus Giro das


atividades

Acompanhe o exemplo ilustrativo de um determinado Balanço Patrimonial


(Quadro 1), encerrado para um determinado período sob exame, e note
que, caso a empresa se utilize de origens de curto prazo para financiar
suas necessidades cíclicas de capital circulante, para manter a liquidez
proposta anteriormente, ela assume uma maior dependência pela
renovação desses passivos, elevando seu risco financeiro.

EXEMPLIFICANDO!

Quadro 1: Balanço Patrimonial

Ativo Circulante ............. 37000 Passivo Circulante ........ 10000


Caixa ................................. 5000 Exigível a longo prazo .. 24000
Valores a receber ............ 20000 Patrimônio Líquido ........ 53000
Estoques ......................... 12000
Ativo Permanente .......... 50000
Total ................................ 87000 Total ................................ 87000

Fonte: Modelo adaptado de Assaf Neto (1998, p. 77).


UNIUBE 37

Tradicionalmente, os resultados apresentados revelam um Capital Circulante


Líquido (CCL), de $ 27.000, que representa 73% do total do investimento em
ativo circulante. Em outras palavras, dos $77.000 de fontes permanentes de
recursos (exigível a longo prazo e Patrimônio Líquido), um pouco mais de
48% foi direcionado para financiar o ativo circulante. Os $ 50.000 restantes
dos fundos de longo prazo estão financiando o ativo permanente.

SAIBA MAIS

Metodologia de Cálculo

CCL = A. Circulante - P. Circulante


CCL = $ 37.000 - $ 10.000
CCL = $ 27.000
CCL / A. Circulante = ($27.000 / $37.000) x 100 = 73%

Fontes permanentes de recursos = E. Longo prazo + Patrimônio Líquido


Fontes permanentes de recursos = $ 24.000 + $ 53.000
Fontes permanentes de recursos = $ 77.000
Fontes permanentes de recursos CCL = $77.000 - ­$27.000 = $50.000

Note que as informações extraídas da demonstração contábil anterior-


mente exemplificada, não revelam se esse volume apurado de Capital
Circulante Líquido (CCL) é suficiente para financiar as necessidades
cíclicas (de natureza permanente) do capital de giro. A partir desse ponto,
podemos perceber que os indicadores tradicionais indicam, conforme
estrutura Patrimonial, uma folga financeira, equivalente ao valor do
Capital Circulante Líquido (CCL), mas não há garantia de que essa folga
definitivamente ocorra.

Mas, antes de iniciarmos a padronização de nosso Balanço Patrimonial,


é conveniente que conheçamos, diante do exposto, a definição do que
38 UNIUBE

são elementos patrimoniais cíclicos diretamente relacionados ao ciclo


operacional e permanente.

Veja o fragmento seguinte, extraído do livro Estrutura e Análise de


Balanços: um enfoque econômico financeiro, do professor Alexandre
Assaf Neto (1998, p. 195 - 1
­ 96):

Para uma empresa do segmento de atividade não financeira, as principais


contas dos grupos cíclicos e financeiros são as seguintes:

• Ativo Financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações


financeiras, depósitos judiciais, restituição de I.R, créditos de empresas
coligadas/controladas etc.;
• Ativo Cíclico: duplicatas a receber,
Ativo Cíclico
provisão para devedores duvidosos,
adiantamento a fornecedores, esto- Valores que sofrem
modificações em função
ques, adiantamento a empregados, de alterações no volume
impostos indiretos a compensar (IPI, de atividade e nos prazos
operacionais. Constituem,
ICMS), despesas operacionais ante- basicamente, os montantes
cipadas etc.; investidos naqueles ativos
necessários ao giro das
• Ativo Permanente: (sic) valores dos atividades operacionais.
grupos imobilizado, investimentos e
diferido, e realizável a longo prazo; Passivo Cíclico

• Passivo Financeiro: empréstimos Valores que sofrem


modificaões em função
e financiamentos bancários de curto de alterações no volume
prazo, duplicatas descontadas, impos- de atividade e nos prazos
operacionais. Constituem,
to de renda e contribuição social, dívi- basicamente, os montantes
das com coligadas e controladas etc.; que financiam aqueles ativos
necessários ao giro das
• Passivo Cíclico: fornecedores, im- atividades operacionais.
Caracterizam-se por
postos indiretos (PIS, COFINS, ICMS, representarem fontes de
IPI), adiantamentos de clientes, provi- financiamento não onerosas
ou, ainda, gratuitas.
sões trabalhistas, salários e encargos
sociais, participações de empregados,
despesas operacionais etc.;
• Passivo Permanente: contas do exigível a longo prazo e Patrimônio
Líquido.
UNIUBE 39

Caso você aliasse o conhecimento que já possui acerca da


composição dos demonstrativos contábeis às definições apresen-
tadas até esse momento, seria possível apurar os montantes de
capital de giro financeiro e cíclico (permanente) de uma entidade
qualquer?

EXEMPLIFICANDO!

Vamos tomar por base o Balanço Patrimonial (Quadro 1), apresentado


anteriormente. Agora, observe, a seguir, a relação de informações comple-
mentares ao Balanço escolhido para exercitarmos os conceitos vistos acima.

• volume de vendas: $ 80.000/mês, sendo $ 20.000 a prazo e o restante


à vista;
• prazo médio de cobrança: 18 dias;
• estoque mínimo para manter a empresa em operação: 15 dias de ven-
das;
• porcentagem do custo de produção em relação ao preço de venda: 30%;
• volume mínimo exigido pelas atividades da empresa: $ 3.750.

Admita um Ativo Cíclico no valor de $ 27.750, conforme descrito no Quadro


2, a seguir, e, ainda, um passivo cíclico de $ 10.000.

Quadro 2: Ativo Circulante

Fonte: Modelo adaptado de Assaf Neto (2005, p. 482).


40 UNIUBE

Agora, observe as conclusões, a seguir:

É possível observar, no Quadro 2, que a empresa necessita de, no mínimo,


$27.750 de recursos de longo prazo para estabelecer seu equilíbrio financei-
ro. Esse montante permite que os prazos de transformação em caixa de
seus ativos se ajustem aos desembolsos exigidos por seus passivos.

Dessa forma, o cálculo do Capital Circulante Líquido não é suficiente para


uma avaliação mais completa da posição financeira de uma empresa, sendo
exigida a determinação da Necessidade de Investimento em Giro - NIG.

No desenvolvimento do nosso exemplo, conclui-se que o total de investi-


mento em giro é de $ 37.000, dos quais uma parte ($27.750) é representada
por Ativos Cíclicos e a outra ($ 9.250) representada por Ativos Financeiros.

Quadro 3: Balanço Patrimonial

Ativo Circulante Financeiro Passivo Circulante Financeiro


$ 9.250 $ 9.250
Ativo Circulante Cídico Passivo Circulante Cídico
$ 27.750 $ 750
Ativo Permanente Exígivel a Longo Prazo
$ 50.000 $ 24.000
Patr. Líquido
$ 53.000
Fonte: Modelo adaptado de Assaf Neto (2005, p. 482).

Admitindo­-se que o Passivo Circulante Cíclico seja de $ 750, conclui-se


que o equilíbrio financeiro da empresa se restabeleça. A empresa passa
a apresentar uma situação totalmente ajustada em termos de maturidade
entre seus ativos e passivos.

Note, nessa representação, que o Capital Circulante Líquido da empresa


alcança $ 27.000. A necessidade de investimento em giro, determinada pelos
ativos e passivos de naturezas cíclicas, pela posição de equilíbrio apresentada,
também atinge $ 27.000 (Ativos Cíclicos – Passivos Cíclicos = $ 27.750 -­ $ 750).
UNIUBE 41

EXEMPLIFICANDO!

Vejamos um novo exemplo!

Ao se admitir o contrário do primeiro exemplo, ou seja, que somente $ 500 do


Passivo Circulante seja Cíclico, e mantidas as demais condições, identificam-
se problemas na estrutura de equilíbrio financeiro da empresa. Em outras
palavras, o CCL é positivo, no entanto, há desequilíbrio financeiro, pois,
a necessidade de investimento em giro é de $27.250, conforme estrutura
patrimonial proposta pelo Quadro 4, a seguir.

Quadro 4: Balanço Patrimonial

Ativo Circulante Financeiro Ativo Circulante Financeiro


$ 9.250 $ 9.500
Ativo Circulante Cíclico Passivo Circulante Cíclico
$ 27.750 $ 500
Ativo Permanente Exígivel a Longo Prazo
$ 50.000 $ 24.000
Patr. Líquido
$ 53.000

Fonte: Modelo adaptado de Assaf Neto (2005, p. 483).

Veja um outro exemplo no Quadro 5, a seguir:

Quadro 5: Balanço Patrimonial

Ativo Circulante Financeiro Ativo Circulante Financeiro


$ 9.250 $ 6.000
Ativo Circulante Cíclico Passivo Circulante Cíclico
$ 27.750 $ 4.000
Ativo Permanente Exígivel a Longo Prazo
$ 50.000 $ 24.000
Patr. Líquido
$ 53.000
Fonte: Modelo adaptado de Assaf Neto (2005, p. 483).
42 UNIUBE

Atente-se para o fato de que, quanto maior é o montante do Passivo Cíclico,


menor é a necessidade de investimento em giro de uma empresa. Supondo
que o Passivo Cíclico seja $ 4.000, a Necessidade de Investimento em Giro
(NIG) se reduz a $ 23.750 ($ 27.750 ativo cíclico – $ 4.000 passivo cíclico),
sendo coberta com folga pelo CCL existente, apresentando folga financeira
de $ 3.250 (diferença entre o CCL de $27.000 e NIG $ 23.750), conforme
estrutura patrimonial proposta anteriormente pelo Quadro 5.

2.3 O efeito tesoura

Em função do que foi exposto até esse momento, você pode perceber
que duas variáveis são de suma importância para o estudo da análise
dinâmica do capital de giro. São elas:

a) Capital Circulante Líquido (CCL);


b) Necessidade de Investimento em Giro (NIG).

Logo, para a gestão da necessidade do investimento em giro, o acompa-


nhamento da evolução dessas duas variáveis ao longo de tempo é
fundamental para se evitar o que chamamos de efeito tesoura.

Ou seja: à medida que as necessidades cíclicas de giro são financiadas


por dívidas de curto prazo, há um aumento na diferença entre o NIG e o
CCL, agravando o efeito tesoura.

[...] É importante ressaltar, uma vez mais, que um saldo


de disponível negativo, característica do efeito tesoura,
revela que a empresa é incapaz de financiar adequa-
damente seus investimentos operacionais em giro,
operando com recursos de maturidade incompatível
com suas efetivas necessidades financeiras. (ASSAF
NETO, 2006, p. 200).
UNIUBE 43

Mas... Afinal, quais as razões que levam ao efeito tesoura?

O professor Assaf Neto (2006, p. 200) afirma:

O efeito tesoura pode ocorrer por várias razões, ou seja:


• crescimento elevado do nível de atividade empresa-
rial (overtrade);
• desvio de recursos do giro para imobilizações;
• inflação etc.

EXEMPLIFICANDO!

Observe a Tabela 1, a seguir.

Tabela 1: Estrutura financeira e efeito tesoura


19x1 19x2 19x3 19x4
Vendas 6.400 9.760 18.580
5.000
Evolução 20% 40% 75%
NIG 3.360 5.880 11.760
2.800­
Evolução 20% 75% 100%
CCL 4.200 5.880 10.584
3.500­
Evolução 20% 40% 80%

Fonte: Adaptado de Assaf Neto (1998, p. 203).

Note que, no último exercício, a situação financeira apresenta resultados


insatisfatórios, revelando as características do efeito tesoura.

Por que isto acontece?

Porque os níveis de NIG superam os níveis de CCL, daí surgindo o


efeito negativo. Esse efeito negativo se dá em função do fato da empresa
empregar suas necessidades de investimento em giro mediante a
44 UNIUBE

captação de recursos financeiros a curto prazo, aumentando ainda mais,


caso persista tal estrutura, sua dependência financeira para manutenção
das dívidas.

Bom, agora, você pode perceber que, quando a análise de liquidez se dá


por meio de seus elementos patrimoniais divididos em cíclicos e financei-
ros, ela se torna mais dinâmica e proporciona aos usuários da informação
contábil um entendimento bem mais amplo acerca da solvência e da
liquidez da empresa analisada.

Na Figura 1, a seguir, pode ser observado como se processa o efeito


tesoura.

Figura 1: Efeito Tesoura.


Fonte: adaptado de Assaf Neto (1998, p. 204).

2.4 Projeção da Necessidade de Investimento em Giro (NIG)

Agora, vamos aprender como realizar projeções de NIG. Para isso, mais
uma vez, vamos nos valer de um exemplo. Observe atentamente os
dados propostos para nossa simulação.
UNIUBE 45

EXEMPLIFICANDO!

Quadro 7: Resultados projetados para 1º trimestre 19x2.


Receita de Venda 1.500
CMV 1.000
Lucro bruto 500
Despesas operacionais 250
Depreciação 25
Lucro operacional 225
Despesas financeiras 25
Lucro antes do I. Renda 200
Provisão de Imposto de Renda 30
Lucro Líquido (LL) 170

Fonte: Adaptado de Marion (2002, p. 117).

A empresa da nossa simulação trabalha com os seguintes prazos operacio-


nais para o período de planejamento:

• Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE): 70 dias


• Prazo Médio de Recebimentos de Vendas (PMRV): 30 dias
• Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF): 30 dias
• Prazo Médio de Pagamento de Despesas (PMPD): 20 dias

As compras de itens para comercialização para o período em exame são


de $ 3.000,00.

Agora, com base na formulação proposta para cálculo dos Prazos Médios
dos Ciclos Operacional e financeiro, e, ainda, levando em conta os dados
da simulação proposta inicialmente, calcularemos o investimento médio em
estoques, o investimento médio em vendas, financiamento médio propor-
cionado por fornecedores e o financiamento médio proporcionado pelas
despesas operacionais.
46 UNIUBE

Então, vamos aos cálculos:

• Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE)

PMRE = (Estoques/CMV) x 90
70 = (Estoques/1.000) x 90
Investimento Médio em Estoques = $ 777,78

• Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV)

PMRV = (Clientes/Vendas) x 90
30 = (Clientes/1.500) x 90
Investimento Médio em Clientes = $ 500,00

• Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF)


PMPF = (Fornecedores/Compras) x 90
30 = (Fornecedores/3.000) x 90
Financiamento Médio por Fornecedores = $ 1.000,00

• Prazo Médio de Pagamento de Despesas Operacionais (PMPD)

PMPD = (Despesas a Pagar/Despesas Incorridas) x 90


20 = (Despesas a Pagar/250) x 90
Financiamento Médio por Despesas Operacionais = $ 55,56

Uma vez identificados os montantes projetados dos ativos (investimentos)


cíclicos (ou operacionais) e os montantes projetados dos passivos (financia-
mentos) cíclicos (ou operacionais), basta aplicar a formulação proposta
anteriormente para o cálculo da NIG e encontrar o seu montante projetado
para o período em questão (1º trimestre 19x2). Observe a seguir.

NIG = Ativo Cíclico ­Passivo Cíclico


NIG = ($777,78 + $500,00) ­($1.000,00 + $ 55,56) NIG = $ 222,22
UNIUBE 47

2.4.1 NIG equivalente em dias de venda

Para se ter uma ideia do quanto a NIG representará em termos de


esforço de vendas por parte da empresa, pode-se calculá-la em “dias de
venda”. Veja, a seguir, na Tabela 2, essa metodologia aplicada à simula-
ção proposta inicialmente.

Tabela 2: Metodologia aplicada

Venda média/dia projetada 1.500,00 16,67 90 dias


Valores a receber 500,00 16,67 30 dias
Estoques 777,78 16,67 47 dias
Fornecedores 1.000,00 16,67 60 dias
Despesas Operacionais 55,56 16,67 3,3 dias
NIG (30 + 47) - ( 60 - 3,3) 13,7 dias

Assim, pode-se concluir que a necessidade de investimento em giro de


$ 222,22 projetada para o trimestre equivale, em dias de vendas, a 13,7
dias. Ou seja, esse número nos transmite a ideia de quantos dias de
venda a empresa terá que sacrificar para bancar a sua necessidade de
investimento em giro (NIG).

Resumo
Bom, chegamos ao final de mais uma etapa. Agora que você teve o seu
segundo contato com as ferramentas de análise econômico-financeira
dos demonstrativos contábeis, com certeza, você ampliou um pouco
mais aqueles conhecimentos que desenvolveu mediante os estudos já
realizados inicialmente.

Ao longo dos estudos desenvolvidos nesse capítulo você teve contato


com uma ferramenta de análise um pouco mais avançada, ou seja, a
análise dinâmica do capital de giro. Entretanto, você deve ter percebido
48 UNIUBE

que aqueles conceitos iniciais vistos no nosso capítulo anterior formaram


a base do conteúdo desenvolvido nesse segundo momento.

Como passo inicial do processo de análise dinâmica do capital de giro,


tem-se a separação dos Ativos Circulantes e Passivos Circulantes em
Cíclicos (ou operacionais) e financeiros. Sendo que, da diferença entre
Ativos Circulantes Cíclicos e Passivos Circulantes Cíclicos surge o
montante, ou melhor, o valor da necessidade de investimento em giro.
De forma semelhante, da diferença entre os Ativos Circulantes e Passivos
Circulantes financeiros surge o saldo financeiro disponível para suprir
necessidades momentâneas de capital de giro.

Você pôde perceber que a identificação e compreensão dos Prazos


Médios praticados pela empresa (PMRE, PMRV, PMPF etc.) são
fundamentais para o dimensionamento do ciclo operacional e do ciclo
financeiro da entidade.

Por sua vez, a análise combinada desses dois ciclos permite identificar
a Necessidade de Investimento em Giro (NIG) em dias.

Novamente, convém destacar que o conteúdo estudado ao longo desse


capítulo aliado ao conteúdo visto no capítulo anterior formará a base de
todos os tópicos a serem visto nos próximos capítulos.

Lembre-se de que os procedimentos de estudos que você deve desenvol-


ver não se resumem à leitura do texto apresentado nesse capítulo. Você
precisa complementar o seu aprendizado mediante a realização de
leituras de outros textos.
UNIUBE 49

Leituras
Para ampliar sua visão do assunto estudado e consolidar sua aprendi-
zagem sugerimos a leitura dos textos do livro que você recebeu anexo
a esse material.

Leia o Capítulo 4 – Análise do capital de giro, páginas 55 a 69, do livro,


MORANTE, Antonio Salvador. Análise das demonstrações financeiras:
aspectos contábeis da demonstração de resultado e do balanço patrimo-
nial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Você perceberá o quão importante é o entendimento das demonstrações


contábeis.

Nesse sentido, você terá em vista, que por meio desses relatórios,
podemos calcular, em número de dias, o quanto a empresa terá que
aguardar para receber de seus clientes dentre outros prazos médios
(ciclo operacional). Você verá como as demonstrações contábeis podem
gerar amplas e profundas informações sobre o ciclo de caixa, em dias
necessários a investimento em giro, partindo de uma visão do conjunto
de relatórios contábeis.

Aqui você irá estudar e se aprimorar em PMRE, PMRV e PMPF. Além


disso, você estudará os aspectos fundamentais da administração e
análise do giro como norteador e balizador do equilíbrio financeiro de
uma empresa.

Atividades
Passemos, então, às nossas atividades. Vamos desenvolvê-­las, para que
possamos consolidar os conhecimentos que estamos construindo. A seguir,
são enumeradas algumas palavras-chave e abreviaturas para realização
das atividades propostas para autoavaliação da aprendizagem:
50 UNIUBE

• Necessidade de Investimento em Giro (NIG);


• Capital de Giro;
• Capital Circulante Líquido (CCL);
• Prazos Médios;
• Prazo Médio de Rotação dos Estoques (PMRE);
• Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV);
• Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores (PMPF);
• Financiamentos da Necessidade de Investimento em Giro.

As questões das atividades foram adaptadas do livro Análise financeira


de balanços: abordagem básica e gerencial ­livro de exercícios (MARION,
1995, p. 141-­151). Para cada uma das atividades, a seguir, assinale a
alternativa correta.

Atividade 1

Para o correto dimensionamento da Necessidade de Investimento em


Giro - NIG é imprescindível levar em consideração os prazos médios
praticados pela empresa. Nesse contexto, assinale a alternativa, a seguir,
que contém o único item que é diretamente afetado pela má adminis-
tração dos prazos relacionados aos financiamentos e investimentos
necessários ao giro das atividades operacionais.

a) ( ) O capital de giro necessário à execução das atividades operacio-


nais.
b) ( ) O resultado da empresa.
c) ( ) A rotação dos estoques/compras.
d) ( ) As despesas.
e) ( ) As receitas.
UNIUBE 51

Atividade 2

Para o correto dimensionamento da Necessidade de Investimento em


Giro - NIG é imprescindível levar em consideração os prazos médios
praticados pela empresa. Nesse contexto, assinale a alternativa, a seguir,
que contém o único item que é indiretamente afetado pela má adminis-
tração dos prazos relacionados aos financiamentos e investimentos
necessários ao giro das atividades operacionais.

a) ( ) O capital de giro necessário à execução das atividades operacio-


nais.
b) ( ) O resultado da empresa.
c) ( ) A rotação dos estoques/compras.
d) ( ) As despesas.
e) ( ) As receitas.

Atividade 3

Observe atentamente os prazos médios praticados por certa empresa,


a seguir informados:

PMRE = 76 dias
PMRV = 77 dias
PMPF = 86 dias

Agora, com base nos conceitos de ciclo financeiro e ciclo operacio-


nal estudados nesse capítulo, assinale a alternativa que contém o ciclo
financeiro da empresa em questão.

a) ( ) 87 dias
b) ( ) 120 dias
c) ( ) 67 dias
d) ( ) 80 dias
e) ( ) 90 dias.
52 UNIUBE

Atividade 4

Observe atentamente o esquema proposto a seguir.

Com base nos conceitos de ciclo financeiro, ciclo operacional, financia-


mentos e investimentos das atividades operacionais, todos estudados
nesse capítulo, assinale a alternativa que contém a afirmativa correta.

a) ( ) Os fornecedores financiam totalmente os estoques.


b) ( ) Os fornecedores financiam apenas parte do estoque.
c) ( ) Os fornecedores não financiam os estoques.
d) ( ) Os fornecedores são financiados pelos estoques.
e) ( ) Os fornecedores financiam os clientes.

Atividade 5

Para o correto dimensionamento da NIG é importante que se conheça os


prazos médios de investimento e financiamento praticados pelas entida-
des. Nesse contexto, assinale a alternativa, a seguir, que compreende
o intervalo que vai da compra da mercadoria e/ou matéria-prima até o
recebimento das vendas das mercadorias e/ou produtos.

a) ( ) Ciclo de vendas.
b) ( ) Ciclo de vida do produto.
c) ( ) Ciclo operacional.
d) ( ) Ciclo financeiro líquido.
e) ( ) Ciclo de caixa.
UNIUBE 53

Atividade 6

Para o correto dimensionamento da NIG é importante que se conheça os


prazos médios de investimento e financiamento praticados pelas entida-
des. Nesse contexto, assinale abaixo a alternativa que compreende o
intervalo entre o momento em que a empresa realiza o pagamento ao
fornecedor e o momento em que recebe as vendas. Sendo que, nesse
intervalo, normalmente, a empresa é obrigada a buscar financiamento
oneroso (empréstimos e financiamentos).

a) ( ) Ciclo financeiro.
b) ( ) Ciclo econômico.
c) ( ) Ciclo operacional.
d) ( ) Ciclo de giro dos estoques.
e) ( ) Ciclo de giro líquido de caixa.

Atividade 7

Observe atentamente os demonstrativos contábeis simplificados (BP e


DRE), e já ajustados para fins de análise, fornecidos, a seguir.
54 UNIUBE

Com base nos dados disponíveis nas demonstrações contábeis forneci-


das, calcule e escreva abaixo as informações solicitada pelas letras “a”,
“b”, “c” e “d”, a seguir.

a) Prazo Médio de Rotação de Estoques (PMRE) em 19x0 = ______


dias.
b) Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) em 19x0 =
______dias.
c) Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) em 19x0 =
______dias.
d) Ciclo Financeiro = ______dias.
UNIUBE 55

SAIBA MAIS

Observe a formulação dada:

a) PMRE = (Estoques Médios/ CMV) x 360


b) PMRV = (Duplicatas a Receber Médios / Vendas) x 360
c) PMPF = (Fornecedores Médios / Compras) x 360
d) Ciclo Financeiro = PMRE + PMRV PMRF

Assim, teremos:
7.000 + 15.000
2
a) PMRE = 50.000
x 360 = 79,20 dias

1.000 + 4.000
2
b) PMRV = 120.000
x 360 = 7,50 dias

2.450 + 4.000
c) PMPF = 2 x 360 = 20,01 dias
58.000

Ciclo Financeiro = 79,20 + 7,5 – 20,01 = 67,69 67 dias

Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Análise de balanços:


livro de exercícios. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica
e gerencial: livro de exercícios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

MORANTE, Antonio Salvador. Análise das demonstrações financeiras: aspectos


contábeis da demonstração de resultado e do balanço patrimonial. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
Capítulo
Tópicos avançados
de análise das
3
demonstrações contábeis

Carlos Roberto Souza Carmo

Introdução
Vamos dar continuidade ao seu aprendizado sobre a análise das
demonstrações financeiras?

No Capítulo I, aprendemos que os vários usuários do proces-


so de análise de balanços combinam os dados disponíveis
nos demonstrativos contábeis como forma de obter informações,
econômicas e/ou financeiras, que sejam capazes de satisfa-
zer suas necessidades voltadas para a tomada de algum tipo de
decisão.

Em seguida, estudamos mais algumas ferramentas básicas


voltadas para a transformação dos dados em informações capazes
de dar o devido suporte à tomada de decisões. Assim, até esse
ponto você teve contato com ferramentas de análise consideradas
básicas e intermediárias.

Agora, chegou o momento de aprofundarmos nossos conhecimen-


tos mediante o estudo de ferramentas de análise mais específicas
e complementares àquelas vistas nos dois capítulos anteriores. Ou
seja, nesse capítulo, estudaremos as ferramentas de análise dos
demonstrativos contábeis em um nível mais avançado. Sendo que,
essas ferramentas nos proporcionarão um melhor entendimento
58 UNIUBE

acerca daquelas informações produzidas pelas ferramentas de


análise consideradas básicas.

Dessa forma, a compreensão e o domínio das ferramentas


expostas nesse capítulo lhe permitirão consolidar o seu aprendi-
zado sobre a produção de informações baseadas nas demons-
trações financeiras produzidas pela Contabilidade. Isso será de
fundamental importância para o seu futuro profissional.

Assim, após completar todas as atividades de aprendizado previs-


tas nesse capítulo, você adquirirá conhecimento para aplicar as
seguintes técnicas de análise das demonstrações contábeis:

A. Fórmulação Dupon: ferramenta utilizada para análise e


diagnóstico de problemas relacionados ao dimensionamen-
to do investimento em ativos de uma empresa, o seu giro
e, ainda, a respectiva rentabilidade.
B. Grau de Alavancagem Operacional e Financeira: ferramen-
ta utilizada para a análise e diagnóstico relacionados ao
dimensionamento e a estruturação de custos de uma
entidade.
C. EVA®: ferramenta de análise utilizada para avaliação do
desempenho econômico das empresas e geração de valor
para a empresa, propriamente dita, e para os seus sócios.

Objetivos
Ao final desse capítulo, você deverá ser capaz de:

• reconhecer como o retorno sobre o investimento pode ser


influenciado pela margem de rentabilidade líquida combinada
como giro desse mesmo investimento (ativo);
UNIUBE 59

• identificar como a estrutura de custos de empresa pode


influenciar o seu resultado operacional;
• reconhecer a estruturação financeira da empresa verificando
como o custo com encargos e juros podem influenciar o seu
resultado líquido;
• identificar o relacionamento entre custo ponderado da estru-
tura de financiamento da empresa e o respectivo retorno do
investimento.

Esquema

3.1 Formulação Dupon

Vamos iniciar nossos estudos abordando a Formulação Dupon.

Ao analisarmos o Balanço Patrimonial de uma


Captação
empresa sob uma ótica um pouco mais ampla,
Ato ou efeito de captar
chegaremos à conclusão de que toda entidade recursos financeiros
busca captar recursos (de terceiros e próprios) necessários ao
financiamento do
para investi-los em bens e direitos (ativos) investimento em ativos
que suportarão as
que, utilizados nas suas operações, lhe propor- atividades operacionais
das empresas.
cionem resultados capazes de remunerar o
custo de captação e, ainda, sejam capazes de
gerar algum tipo de riqueza para a entidade.
60 UNIUBE

Essa dinâmica está representada graficamente na Figura 1, a seguir:

Figura 1: Fluxo de captação, investimento, retorno e remuneração de capital nas entidades.

PARADA PARA REFLEXÃO

Mediante o esquema proposto pela Figura 1 você consegue visualizar a


relação entre a remuneração do financiamento (passivos e Patrimônio Líquido)
e o retorno proporcionado pelos investimentos (ativos) da empresa?

Para facilitar a sua compreensão, tente imaginar algumas situações que,


normalmente, você já vivenciou ou conhece alguém que as vivenciou.

Por exemplo, caso você precisasse comprar um veículo para uso no seu
trabalho e no seu dia a dia, qual seria a sua primeira providência se lhe
faltassem os recursos financeiros necessários para tal aquisição?

É óbvio que, após escolher o veículo capaz de atender às suas necessidades,


você procurará alguma forma para levantar os fundos necessários para
realizar o pagamento pela sua nova aquisição. Supondo que você tomasse
emprestado de terceiros o montante necessário à aquisição do seu veículo
novo, perceba que, ao mesmo tempo, você ampliou o total do seu ativo (com
veículo comprado) e ampliou o seu passivo (com a tomada do empréstimo).
UNIUBE 61

Como consequência das decisões tomadas (aquisição do veículo mediante


empréstimo para pagá-lo), por um lado, você colherá os benefícios decorren-
tes do uso do veículo, e, por outro lado, você se verá obrigado a devolver
o montante emprestado acrescido dos juros cobrados pelo fornecedor do
capital (financiador).

Nesse contexto, o uso do veículo deverá lhe proporcionar algum tipo de


retorno que compense a obrigação de pagar juros pela tomada do emprés-
timo. Percebe-se, na situação proposta, que existe uma relação de custo
x retorno.

Agora, aplique essa relação (custo x retorno) no contexto empresarial e


analise novamente a Figura 1. A seguir, reflita sobre a ideia que ela tenta
transmitir a você.

Procuraremos entender, nesse momento, a dinâmica da relação custo


x retorno no contexto empresarial. Como já é do seu conhecimento, as
despesas financeiras, oriundas de empréstimos e financiamentos adquiri-
dos pela empresa, são deduzidas do resultado operacional e, a partir daí,
gera-se o resultado líquido que será a base para a distribuição de dividen-
dos e/ou aumento do Patrimônio Líquido, que, por sua vez, farão com
que o valor patrimonial e/ou valor de mercado da ação cresça.

Tanto o crescimento do valor de mercado da ação quanto o pagamento de


dividendos configuram-se como retorno para os acionistas. Logo, caso o
acionista estivesse interessado em conhecer qual a capacidade de geração
desse tipo de benefício, ele buscaria medir quanto de resultado operacional
líquido é gerado para cada $1,00 de receita operacional líquida.

Assim, conforme apresentado no nosso primeiro capítulo (Tópicos introdu-


tórios de análise econômico-financeira de demonstrativos contábeis), o
62 UNIUBE

índice que transforma os dados dos demonstrativos contábeis nesse


tipo de informação é a Margem de Rentabilidade Líquida ou Margem de
Lucratividade Líquida. Ou seja, o conceito de margem de lucratividade
líquida demonstra quanto da receita operacional proporciona de lucrati-
vidade após o pagamento de todas as despesas, inclusive as despesas
financeiras.

LucroLíquido
Lucro Líquidodo
doExercício
Exercício
ML==
ML
Re ceita Operacional
Receita Operacional Líquida
Líquida

Assim, na formulação proposta, os recursos captados junto a tercei-


ros e aos acionistas devem ser investidos em ativos necessários e/ou
consequentes do giro da atividade operacional da entidade, de tal forma
que esses bens e direitos gerem um retorno suficiente para trazer benefí-
cios aos acionais (na forma de dividendos ou aumento do valor de suas
ações) e, ainda, remunerarem os juros demandados pelos fornecedores
de capital.

As empresas realizam investimentos em bens do imobilizado para


elaborar e vender seus produtos, ou, ainda, para dar suporte às ativida-
des comerciais e administrativas – a empresa precisa ter recursos
suficientes para financiar seus clientes em função do prazo concedido nas
operações de vendas a prazo – etc. Assim, mais ou menos rapidamente,
os recursos investidos nos ativos da empresa tendem a se movimentar
por decorrência da sua atividade operacional, ou seja, as vendas.

O giro do ativo, ou, ainda, a velocidade com que os ativos se renovam,


pode ser medido por meio da razão entre vendas líquidas e ativo total,
conforme demonstrado, a seguir.

Vendas líquidas
Giro do ativo =
ativo total
UNIUBE 63

Se considerarmos que o giro do ativo ocorre


Formulação
em função das receitas e, ainda, que a receita
Ato ou efeito de formular.
operacional é responsável pela remuneração dos Propor ou redigir em
fórmula. Expor com
recursos investidos no ativo, concluiremos que o precisão, exprimir
um conceito, pedido,
retorno do ativo advém do produto da margem de proposta etc., por meio
rentabilidade pelo respectivo giro. Ou seja: de fórmulas.

Desdobrar ou
Retorno do ativo desdobramento
= margem X giro Ato ou efeito de fracionar
( retorno do investimento )
ou dividir em grupos
menores. Detalhar
a composição de
determinada formulação
Assim, ao desdobrarmos a formulação propos- em, pelo menos, duas
outras fórmulas
ta, anteriormente, teremos:

Retorno do ativo Resultado líquido Receita Líquida


= X
( retorno do investimento ) Re ceita Líquida
Receita Ativo ( investimento )

O retorno do ativo, ou ainda, retorno do investimento, é comumente


analisado por meio da sua fórmula simplificada, apresentada a seguir.

Retorno do ativo Resultado líquido Receita Líquida Resultado líquido


= X =
( retorno do investimento ) Receita Líquida Ativo ( investimento ) Ativo ( investimento )

PARADA PARA REFLEXÃO

Ao analisarmos o retorno sobre o investimento, tanto pela sua formulação


simplificada quanto pela sua formulação desdobrada (Fórmula Dupon), o
número obtido é idêntico.

Então, por que utilizar o modelo de análise proposto pela Formulação


Dupon?
64 UNIUBE

Observe que a formulação simplificada, isto é, a razão entre resultado


líquido e ativo total, não permite analisar se eventuais problemas no
retorno do investimento se devem ao giro do ativo ou à margem de
rentabilidade. Já a Formulação Dupon, aquela em que o retorno do ativo
é desdobrado em margem e giro, permite realizar este tipo de inferência
com maior precisão. Isto é, permite aos tomadores de decisão em
geral diagnosticarem precisamente a origem dos eventuais problemas
de rentabilidade do investimento. Acredito que esses sejam motivos
suficientes para a adoção da Formulação Dupon.

3.2 Alavancagem operacional

Durante a quarta e a quinta etapas deste curso, você aprendeu que os


gastos de uma entidade podem ser separados em duas categorias, de
acordo com o seu comportamento em relação à receita: gastos fixos e
gastos variáveis.

Os gastos fixos são aqueles que, independentemente do volume de


atividade (vendas) de uma entidade, permanecem fixos durante certo
intervalo de tempo e certo volume de vendas.

Os gastos variáveis são aqueles que variam, mais ou menos propor-


cionalmente, em função das vendas da entidade. Logo, se as receitas
aumentam, os gastos variáveis tendem a aumentar. Se as receitas
diminuem, os gastos variáveis tendem a reduzir­-se também.

Com relação específica aos gastos fixos, em função da sua invariabilidade


diante das oscilações da receita operacional, eles podem aumentar ou
diminuir a lucratividade (operacional e líquida) de uma entidade, mais ou
menos proporcionalmente em relação à variações ocorridas na receita,
conforme o Quadro 1, a seguir.
UNIUBE 65

Quadro 1: Exemplificação da alavancagem operacional

Perceba que uma variação de 50% nas receitas (no volume das atividades
de vendas) implica em 100% de variação no resultado operacional. Isto em
ambos os sentidos. Ou seja, um aumento de 50% no volume de atividade
faz com que o resultado operacional cresça mais que proporcionalmente,
entretanto, uma redução em igual proporção na receita operacional faz
com o resultado operacional decresça, mais que proporcionalmente.

Isto ocorre em função dos custos fixos. Uma


Alavancagem
vez que, no exemplo dado, os custos permane-
Ato ou efeito de
cem fixos em $250,00, qualquer alteração no alavancar. Utilização de
recursos de terceiros no
volume de atividade faz com que o resultado capital de uma empresa,
com o fim de aumentar
operacional se altere mais que proporcional- a taxa de lucros sobre o
mente àquela alteração na receita. Este é o capital próprio. Utilização
da estrutura de custos,
princípio básico da alavancagem operacional. mais especificamente
dos custos fixos, com a
finalidade de aumentar a
lucratividade operacional
diante de aumentos no
volume de atividade
(vendas) da empresa.
66 UNIUBE

PARADA PARA REFLEXÃO

Diante do que você acabou de ver, é correto afirmar que uma empresa
mais alavancada tem uma carga de custos fixos maiores e, por isso, ela
leva vantagem econômica em relação a uma empresa menos alavancada?

A primeira parte da reflexão proposta está correta, ou seja, uma empresa


mais alavancada é uma empresa com uma carga de custos fixos maior.
Entretanto, a segunda parte está correta em parte. Pois, se as vendas
aumentarem, os efeitos no resultado líquido serão aumentos mais que
proporcionais. Mas, caso as vendas sofram uma queda, os efeitos no
resultado líquido também serão mais que proporcionais, porém, implicarão
em uma redução no resultado líquido.

Dessa forma, uma empresa mais alavancada só leva vantagem econômi-


ca em relação a uma empresa com uma carga de custos fixos menor
quando as vendas oscilarem positivamente, ou seja, quando as vendas
estão em ascensão. Caso contrário, quando as vendas decrescem, uma
empresa mais alavancada sofrerá impactos maiores (redução do resulta-
do operacional) do que os impactos sofridos por uma empresa menos
alavancada.

É correto afirmar que uma empresa mais alavancada também


apresenta maior risco operacional. Por sua vez, uma empresa
com uma representatividade menor dos custos fixos na sua
estrutura de custos apresenta menor risco operacional, entretan-
to, tem menos possibilidade de ampliar seu resultado operacional
em função do aumento nas suas receitas operacionais.

Diante do exposto, a formulação indicada para cálculo e identificação do


Grau de Alavancagem Operacional de uma entidade, ou simplesmente
GAO, é aquela apresentada, a seguir.
UNIUBE 67

variação no resultado operacional


GAO =
variação na receita operacional

Perceba que o GAO da empresa do nosso exemplo do Quadro 1 é 2,


ou seja:

 100% 
 50% = 2 
 

IMPORTANTE!

Alguns autores propõem uma formulação bem mais elaborada que a


apresentada anteriormente. Entretanto, percebe-se que, apesar de
extremamente úteis ao processo decisório interno de gestão de custos,
fórmulas como a apresentada a seguir, oferecem uma considerável
limitação de uso para o analista externo. Pois, com base apenas nos
demonstrativos contábeis não é possível identificar quais gastos são
fixos e quais são variáveis. Logo, a utilização deste tipo de formulação
torna-se limitada aos analistas que conhecem profundamente a estrutura
de custos da entidade analisada.

Receita Operacional − Custos e despesas variáve


variáveis
GAO =
( Receita Operacional − custos e despesas variáveis
variáveis ) − Custos e despesas fixas

3.3 Alavancagem financeira

Em algumas das etapas do seu curso, você aprendeu, ou aprenderá, que


os gastos de uma entidade podem ser separados em duas categorias,
de acordo com o seu comportamento em relação à receita: gastos fixos
e gastos variáveis.
68 UNIUBE

Os gastos fixos são aqueles que, independentemente do volume de


atividade (vendas) de uma entidade, permanecem fixos durante certo
intervalo de tempo e certo.

Conforme exposto até aqui, você pôde ver que os custos de despesas
fixos impulsionam o resultado operacional toda vez que existe uma
variação no volume de receitas da entidade, produzindo a chamada
alavancagem operacional. Este mesmo efeito pode ser obtido sobre o
lucro líquido em relação às variações ocorridas no resultado operacional
das entidades, caso as despesas financeiras mantenham-se fixas.

EXEMPLIFICANDO!

Quadro 2: Exemplificação da alavancagem financeira

Fonte: Acervo EAD-Uniube.

No exemplo dado, você pode perceber que uma variação de 20% no


resultado operacional implica em 27,2% de variação no resultado líquido.
Isto ocorre em função das despesas financeiras permanecerem fixas em
relação à variação do resultado operacional.

Assim, a formulação indicada para cálculo e identificação do Grau de Alavan-


cagem Financeira de uma entidade, ou simplesmente GAF, é a seguinte:
UNIUBE 69

No exemplo dado, você pode perceber que uma variação de 20% no


resultado operacional implica em 27,2% de variação no resultado líquido.
Isto ocorre em função das despesas financeiras permanecerem fixas em
relação à variação do resultado operacional.

Assim, a formulação indicada para cálculo e identificação do Grau de Alavan-


cagem Financeira de uma entidade, ou simplesmente GAF, é a seguinte:

Variação no resultado líquido


GAO =
Variação no resultado operacional

Note que o GAF da empresa do nosso exemplo do Quadro 2 é 1,36, ou seja:

 27,2% 
 20% = 1,36 
 

IMPORTANTE!

É importante destacar que o GAF não está relacionado apenas com


as variações no resultado operacional e a manutenção das despesas
financeiras em um montante constante. Na verdade, isso quase sempre
não é possível. Pois, se a empresa aumenta o seu volume de ativida-
de (vendas), ela inevitavelmente aumentará sua demanda por recursos
financeiros de terceiros, e estes, por sua vez, são responsáveis pela
geração das despesas financeiras. Logo, se o volume de atividade
aumenta, existe uma provável tendência de crescimento das despesas
financeiras.

Na verdade, o que faz com que ocorra a alavancagem financeira é a


captação de recursos financeiros de terceiros a um custo inferior ao
rendimento proporcionado pela aplicação desses recursos.
70 UNIUBE

EXEMPLIFICANDO!

Quadro 3: GAF e estrutura de financiamento e investimentos

Note que o custo de captação dos recursos de terceiros (DF) é 12% e o


rendimento proporcionado pelo ativo (ROA) é 15%. É justamente esta
diferença que faz com que o resultado operacional cresça mais que propor-
cionalmente ao crescimento do custo dos recursos financeiros obtidos junto
a terceiros. No caso do GAF é recomendável que se trabalhe com uma
formulação mais elaborada como a apresentada, a seguir:

Resultado operacional
GAF =
Resultado operacional − despesas financeiras

Note que o GAF da empresa do nosso exemplo é 1,36, ou seja:


$ 45
= 1,36
( $ 45 − $12 )

3.4 Avaliação de desempenho econômico e Economic Value


Added® (EVA®)

A idéia básica do EVA® é demonstrar, de forma


Economic Value Added
(EVA®) relativamente simples, a criação de valor
São marcas registradas para a empresa e, consequentemente, para
da Stern Stewart & Co.
(USA). o acionista. Assim, torna-se imprescindível
a compreensão de três conceitos básicos
implícitos na metodologia EVA®. Para tanto, retomemos uma afirmação
realizada no início deste material:
UNIUBE 71

[...] toda entidade busca captar recursos (de terceiros e


próprios) para investi­-los em bens e direitos (ativos) que,
utilizados nas operações da empresa, lhe proporcionem
resultados capazes de remunerar o custo de captação e,
ainda, seja capaz de gerar algum tipo de riqueza para a
entidade.

Diante da afirmativa dada, você consegue deduzir quais seriam


esses três conceitos?

Os conceitos em questão são:


• investimento: “[...] bens e direitos (ativos) utilizados nas operações
da empresa [...]”, ou seja, o ativo total de uma empresa é o investi-
mento realizado nela;
• Retorno sobre o Investimento ou Ativo (ROA): “[...] resultados
capazes de remunerar o custo de captação e, ainda, seja capaz
de gerar algum tipo de riqueza para a entidade[...]”, isto é, o investi-
mento realizado deve gerar um retorno (lucro líquido/Ativo) capaz de
remunerar os recursos tomados de terceiros e, ainda, proporcionar
algum tipo de benefício para os acionistas, que são os fornecedores
do capital próprio;
• Custo Médio Ponderado de Capital (WACC ou CMPC): “custo
de captação”, que é exatamente o custo de captação dos recursos
de terceiros e próprios, devidamente ponderado pela participação
de cada fonte de financiamento na estrutura de capital da empresa.

Vejamos um exemplo para demonstrar como estes três componentes


atuam na formação do Economic Value Added®.
72 UNIUBE

EXEMPLIFICANDO!

Quadro 4: Estrutura “Captação x Investimento” e respectivos custos e retornos

Ao analisar o quadro anterior, atente-se para os seguintes itens e montantes:

Quadro 5: Descrição da estrutura

Item Valor Descrição


É o total do investimento realizado na empresa do nos-
Ativo 300 so exemplo, ou seja, o montante captado junto a tercei-
ros e aos acionistas.
É o retorno proporcionado pelas operações da empre-
ROA 15% sa em relação ao investimento realizado (300). Portan-
to, seu montante é 45 (300 x 45%).
É o montante captado junto a terceiros, e pelo qual
Passivo 100 a empresa paga juros (duplicatas descontadas, em-
préstimos e financiamentos).
É o custo das dívidas, ou seja, é taxa que remunera o
CP 10% capital tomado de terceiros para financiar as operações
da empresa. Logo, seu montante é 10 (100 x 10%).
É o montante captado junto aos acionistas da enti-
dade, e pelo qual a empresa tem que proporcionar
PL 200
algum tipo de retorno (benefícios na forma de dividen-
dos e/ou valorização das ações compradas por eles).
É o custo dos recursos captados junto aos acionistas,
ou seja, é taxa requerida pelos sócios para aplicarem
CPL 13%
seus recursos na empresa. Logo, seu montante é 26
(200 x 13%).
UNIUBE 73

Para terminarmos a exemplificação da sistemática da avaliação do desempe-


nho econômico por meio do EVA®, resta calcularmos o WACC ou Custo
Médio Ponderado de Capital (CMPC). Ou seja:

$100 x 10% + $ 200 x 13%


CMPC =
$100 + $ 200

CMPC = 0,12 ou 12%

Ou seja, depois de ponderadas as taxas de captação, ou o custo de captação


de cada uma das fontes pela participação dessas fontes no financiamento
total, ou investimento total na entidade, obtém-se o custo médio ponderado
de capital. Sua formulação pode ser definida conforme está colocado, a
seguir:

CMPC =
( P x CP ) + ( PL x CPL )
P + PL

Agora, partindo do pressuposto que todas as fontes de captação de recursos


são remuneradas a partir do CMPC, podemos concluir que todo valor
excedente àquele necessário à remuneração dos “fornecedores de capital”
ficará retido na empresa fazendo com que a mesma aumente o seu valor.

Será que, a partir do relacionamento entre CMPC e o ROA, você


já consegue identificar e compreender situações nas quais uma
empresa gerará ou destruirá valor econômico?

Veja se você consegue chegar às seguintes conclusões:

1. se o ROA é maior que o CMPC, a empresa gera valor;


2. se o ROA é menor que o CMPC, a empresa destrói valor;
3. o EVA® gerado ou destruído pela empresa nasce da diferença
entre ROA e CMPC aplicada ao respectivo investimento.
74 UNIUBE

Que tal uma demonstração para facilitar a sua compreensão?

EXEMPLIFICANDO!

A. No caso do exemplo dado no Quadro 13, o ROA é maior que CMPC (15%
> 12%). Assim, se mantida essa estrutura de financiamento, investimento
e taxas, o EVA® seria de $9,00. Veja:

Resultado Operacional.......................... $45,00 ($300x15%)


( – ) Desp. Financeira............................ ($10,00) ($100x10%)
( = ) Resultado Líquido.......................... ($35,00)
( – ) Dividendos Pagos.......................... ($26,00) ($200x13%)
( = ) Economic Value Added®........... $ 9,00

B. Supondo agora que o ROA da empresa do nosso exemplo fosse inferior


ao CMPC, por exemplo, 10% (10% < 12%), o Economic Value Added®
seria negativo, ou seja, ­$6,00. Portanto, a empresa estaria destruindo
valor. Veja:

Resultado Operacional........................... $30,00 ($300x10%)


( – ) Desp. Financeira........................... ($10,00) ($100x10%)
( = ) Resultado Líquido.......................... $20,00
( – ) Dividendos Pagos.......................... ($26,00) ($200x13%)
( = ) Economic Value Added ...........
®
( $ 6,00)

C. Uma vez o EVA®, gerado ou destruído pela empresa, nasce da diferença


entre ROA e CMPC aplicada ao respectivo investimento, poderíamos
formulá­-lo da seguinte maneira:

EVA® = Ativo x (ROA – CMPC)

Vamos confirmar a aplicação da formulação proposta no Quadro 15?

Demonstrando:
Exemplificação 1: $300 x (15% ­12%) = $9,00
Exemplificação 2: $300 x (10% ­12%) = ($6,00)
UNIUBE 75

Resumo
Nesse capítulo, iniciamos nossos estudos abordando a Formulação
Dupon. Constatamos que essa ferramenta de análise desdobra o Retorno
do Ativo (Resultado Líquido / Ativo), ou retorno do investimento, em dois
componentes de análise básicos (Margem Líquida e Giro do Ativo). Por
isso, essa ferramenta permite identificar se uma empresa que apresenta
um baixo retorno dos seus investimentos tem problemas de giro do
montante investido ou problemas de margem de lucratividade líquida.
Dessa forma, o analista pode direcionar sua atenção para a análise dos
investimentos realizados pela empresa e/ou para sua estrutura de custos.

A seguir, você teve contanto com as ferramentas de análise da alavan-


cagem proporcionada pela estrutura de gastos da entidade. Nesse
momento, você deve ter aprendido como os custos e despesas fixos e
financeiros podem aumentar ou diminuir a lucratividade (operacional e
líquida) de uma entidade, mais ou menos proporcionalmente em relação
à variações ocorridas na receita.

Ao final dos estudos desenvolvidos nesse capítulo você viu que, ao


relacionarmos o ROA da entidade com o seu WACC, levando-se em
conta o montante dos seus ativos, surge o EVA®, cuja idéia básica
consiste em avaliar e mensurar a criação de valor para a empresa e,
consequentemente, para o acionista.

Convém destacar, mais uma vez, que o conteúdo estudado ao longo


desse capítulo aliado ao conteúdo visto nos capítulos anteriores formarão
a base de todos os tópicos a serem vistos no próximo capítulo. Assim,
os seus estudos devem ser complementados e aprofundados mediante
a realização de todas as leituras indicadas e, ainda, a realização das
atividades, avaliativas e as de autoavaliação.

Bom estudo!
76 UNIUBE

Atividades
Para a resolução das cinco atividades, utilize os demonstrativos contábeis
(Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do Exercício), a seguir:

Balanços Patrimoniais da Cia. Qualquer S.A.


(Demonstrativo já ajustado para análise)

Demonstrativos de Resultados da Cia. Qualquer S.A.


(Demonstrativo já ajustado para análise)
UNIUBE 77

Atividade 1

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, escreva abaixo qual foi
a margem de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” em X0.

Atividade 2

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, escreva abaixo qual foi
a giro do ativo total da “Cia. Qualquer S.A.” em X0.

Atividade 3

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, escreva abaixo qual
foi o retorno do investimento da “Cia. Qualquer S.A.” em X0. Dê sua
resposta de forma detalhada, ou seja, informando o giro multiplicado pela
margem, conforme proposto pelo modelo Dupon.

Atividade 4

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, escreva abaixo qual foi
o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) da “Cia. Qualquer S.A.” em X0.

Atividade 5

Supondo que você estivesse analisando o Grau de Alavancagem


Financeira (GAF) da “Cia. Qualquer S.A.” em X0 comparativamente com
uma empresa parâmetro, e o GAF dessa empresa parâmetro fosse 1,5.
78 UNIUBE

Identifique se a “Cia Qualquer S.A.” é mais alavancada financeiramente


que a empresa parâmetro e, em seguida, fundamente sua resposta.

Referências
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços:
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Capítulo
Integração das
técnicas de análise das
4
demonstrações contábeis

Carlos Roberto Souza Carmo

Introdução
Vamos realizar uma rápida recordação sobre tudo o que foi estuda-
do até esse momento!

No nosso capítulo inicial, estudamos e aprendemos como transfor-


mar os dados disponíveis nos demonstrativos contábeis em informa-
ção voltada para o processo de análise econômica e financeira de
empresas.

A seguir, estudamos os índices, ou indicadores, econômicos e


financeiros básicos e intermediários utilizados no processo de
análise de balanços. No capítulo três, aprofundamos nossos
conhecimentos e aprendemos a calcular e utilizar ferramentas de
análise um pouco mais avançadas.

Finalmente, nesse capítulo, aprenderemos como todos os indica-


dores, ou índices, econômicos e financeiros estudados até aqui se
inter-relacionam e se complementam para a conclusão do proces-
so de análise de uma empresa. Além disso, vamos aprender,
passo a passo, como materializar todo o processo de análise
mediante a elaboração e apresentação de relatórios de análise.
80 UNIUBE

Nesse contexto, destacamos mais uma vez que, a compreensão e


o domínio das ferramentas expostas nos capítulos anteriores são
fundamentais para a consolidação do seu aprendizado.

Assim, após completar todas as atividades de aprendizado previstas


nesse capítulo, você adquirirá conhecimento para aplicar as seguin-
tes técnicas no processo de análise das demonstrações contábeis:

A. modelagem do processo de análise: processo que consiste em


promover o inter-relacionamento daquelas informações produzi-
das e extraídas a partir dos demonstrativos financeiros objeti-
vando chegar a um conclusão acerca da situação econômica
e financeira da empresa alvo do processo de análise;
B. análise e estabelecimento de tendências e previsões: processo
que consiste em estimar o comportamento futuros dos índices
econômicos e financeiros de uma empresa, a partir de informa-
ções levantadas com base em dados do passado;
C. elaboração e apresentação de relatórios de análise: processo
que consiste na estruturação e materialização das informações
produzidas a partir da análise de balanços, de forma a transmitir
todas as informações demandadas pelo seu usuário, de acordo
com a finalidade dessa informação.

Objetivos
Ao final desse capítulo, você deverá ser capaz de:
• compreender o relacionamento e a interação entre os vários
índices/indicadores utilizados no processo de análise das
demonstrações financeiras;
• conhecer o processo de modelagem dos índices/indicadores
empregados pela análise das demonstrações financeiras
com o objetivo de identificar as tendências futuras de com-
portamento desses índices/indicadores;
UNIUBE 81

• utilizar os conceitos e técnicas empregados no processo de


análise das demonstrações financeiras para elaboração e
apresentação de relatórios das informações produzidas a
partir do processo de análise propriamente dito.

Esquema

4.1 Modelagem do processo de análise

Vamos iniciar nossos estudos abordando a


Modelagem
modelagem do processo de análise.
Ato ou efeito de
modelar. Etapa
da análise de um
O processo de análise econômica e financeira de processo no qual
uma empresa consiste basicamente no exame são definidos os
recursos, itens de
minucioso dos dados disponíveis nos demonstra- dados e suas inter-
relações.
tivos contábeis e, posteriormente, na preparação
destes para a produção e extração de informações
voltadas para algum tipo de tomada de decisão.

A integração das técnicas de análise de balanços consiste na avaliação


geral da empresa, considerando o inter-relacionamento daquelas informa-
ções produzidas e extraídas a partir dos demonstrativos financeiros.
82 UNIUBE

PARADA PARA REFLEXÃO

Com base nessas duas definições (a do processo de análise e a da integração


das técnicas de análise), você seria capaz de deduzir quais são os objetivos
específicos do processo de integração das técnicas de análise dos demons-
trativos contábeis?

Os objetivos específicos da integração das técnicas de análise são:


• averiguar as informações produzidas a partir dos índices, ou indica-
dores, considerados básicos, mediante a aplicação de metodologias
de análise de níveis intermediário e avançado;
• permitir o estabelecimento de juízo valor com base na comparação
entre as informações produzidas a partir da análise dos demonstra-
tivos financeiros da(s) empresa(s) parâmetro(s);
• aprofundar o processo de análise e, se possível, propor soluções
para os problemas revelados e suas perspectivas;
• finalmente, permitir a elaboração de um relatório com a emissão
de parecer acerca da situação econômica e financeira da entidade
analisada.

Como proposta de modelagem do processo de análise, teríamos, inicial-


mente, a produção de informações a partir daqueles índices/indicado-
res considerados básicos. Isto, para ambas as empresas envolvidas no
processo de análise (empresa alvo e empresa parâmetro), conforme
sugerido na Figura 1, a seguir.
UNIUBE 83

Figura 1: Passo 1 para integração das técnicas de análise.

A partir daí, seria possível realizar diagnósticos iniciais acerca da situação


econômica e financeira da empresa alvo, comparativamente aos índices da
empresa parâmetro. Ou seja, como foi dito nos capítulos anteriores, só é
possível estabelecer juízo de valor sobre a situação econômica e financeira
de uma empresa se possuímos um padrão para comparação. Para tanto,
neste passo inicial, são levantados os índices básicos tanto da empresa
alvo do processo de análise quanto da(s) empresa(s) que servirá(ão) de
parâmetro(s) para estabelecimento de um diagnóstico comparativo inicial.

Após comparação dos índices básicos da empresa alvo do processo


de análise com os índices da(s) empresa(s) parâmetro(s), o diagnóstico
inicial acerca da situação econômica e financeira precisa ser aprofundado.
Para tanto, a modelagem proposta deve testar, ou melhor, aprofundar a
análise, mediante a aplicação das metodologias de análise intermediárias
e avançadas, conforme esquema proposto pela Figura 2, dada a seguir.
84 UNIUBE

Figura 2: Passo 2 para integração das técnicas de análise.

Conforme proposto pela Figura 2, a composição da estrutura de capital


da empresa deve ter sua análise completada e aprofundada mediante
levantamento do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). Adicional-
mente, conforme visto nos capítulos anteriores, o WACC é utilizado para
aferição Valor Econômico Agregado (EVA) da empresa.

IMPORTANTE!

Para se ter uma ideia adicional de como se processa a integração das


técnicas de análise, uma vez avaliada a liquidez de uma empresa, os eventu-
ais problemas detectados podem ser explicados por meio da “análise dinâmi-
ca do capital de giro” que,necessariamente, deve ser desdobrada em análise
da NIG e do SD. Além disso, adicionalmente, deve-se proceder a análise
dos prazos médios e ciclos, conforme já estudado por você, também, em
unidades didáticas anteriores a esta.

A análise de rentabilidade deve ser aprofundada mediante levantamen-


to do Retorno Sobre o Ativo (ROA) e do Retorno sobre o Patrimônio
Líquido (ROE). Estes dois indicadores, por sua vez, mantêm um estreito
UNIUBE 85

relacionamento com a “Formulação Dupon”. Paralelamente à análise dos


retornos, deve ser realizada a análise da estrutura de custos da empresa,
ou seja, a análise da Alavancagem Operacional (GAO).

Além da alavancagem operacional e a “Alavancagem Financeira” permitem


completar a análise da rentabilidade da empresa e, ainda, mediante
relacionamento do GAF com o WACC, identificar como a estrutura de
financiamento da empresa está influenciando a sua rentabilidade.

De uma forma geral, a modelagem do processo de análise consiste basica-


mente em promover o inter-relacionamento entre índices, ou indicadores,
econômicos (rentabilidade) e financeiros (liquidez e estrutura de capital) e,
ainda, o aprofundamento do processo de análise, mediante o “desdobra-
mento” daqueles índices básicos através dos índices mais aprimorados,
ou melhor, avançados. Tudo isso, buscando permitir o estabelecimento de
tendências e subsidiar a elaboração de relatórios e/ou pareceres sobre a
situação econômica e financeira da empresa analisada.

4.2 Análise de tendências e previsões

Logo no início dos nossos estudos, já no nosso primeiro capítulo, dissemos


que não se pode formular qualquer juízo de valor (bom ou ruim, melhor ou
pior) acerca da situação econômica e financeira de uma empresa, dentro
do processo de análise de balanços, sem que se estabelecessem parâme-
tros para esta finalidade.

PARADA PARA REFLEXÃO

Você se lembra dos procedimentos indicados para que se iniciasse o proces-


so de análise dos demonstrativos contábeis propriamente ditos e, ainda,
quais as providências necessárias para que se pudesse classificar a situação
econômica e financeira de uma empresa analisada por meio de indicadores
econômicos e financeiros?
86 UNIUBE

Naquela oportunidade, entre outras recomendações, sugerimos que


fossem analisados, pelo menos, três exercícios sociais sequenciais de
uma mesma empresa. Sendo que, para escolha daqueles períodos, o
ponto de partida seria o exercício social encerrado mais recentemente.

E agora, você consegue se lembrar o porquê da sugestão desse


procedimento?

Se não conseguir se lembrar, vamos recordar juntos. Ao tomar por base,


pelo menos, três períodos contábeis consecutivos, além de evitar erros
de julgamentos comuns quando se realiza a análise de apenas um
exercício social, pode-se estabelecer tendências de comportamento de
índices indicadores.

Por exemplo, uma vez avaliada a liquidez da empresa com base nos
procedimentos já sugeridos, pode-se estabelecer uma tendência desses
indicadores para o próximo período a partir do comportamento de um
índice ou indicador em, pelo menos, três períodos passados.

Conforme poderá ser visto mais adiante, na Figura 3, são analisados


os índices de liquidez corrente de três empresas (Parâmetro “A” e “B”
e, ainda, os da Empresa Alvo). Além da análise dos índices de liquidez
de cada uma das empresas, pelo gráfico apresentado na figura 4, é
possível verificar a evolução desse índice ao longo do tempo, ou seja,
nos exercícios sociais de 20X1, 20X2 e 20X3. Observe atentamente!
UNIUBE 87

Figura 3: Índice de liquidez corrente e sua evolução.

Para propor e exemplificar a análise de tendências, tomaremos por base,


inicialmente, os índices de liquidez da empresa ­alvo: 0,6 em 20X1,
0,5 em 20X2 e 0,6 em 20X3. Percebe-se que, inicialmente, a empresa
apresentou uma queda na sua liquidez corrente e, a seguir, em 20X3,
retomou seu comportamento inicial. Pode-se presumir que, na média,
caso o comportamento verificado nestes três exercícios sociais se
mantenha constante, em 20X4, a empresa apresentará um índice de,
aproximadamente, 5,5, tendendo para cima (0,6).

Agora, tomando por base os índices de liquidez da empresa parâme-


tro “A”, pode-se presumir que, na média, com base no comportamento
verificado nestes três exercícios sociais, em 20X4, a empresa apresen-
tará um índice de, aproximadamente, 0,8 tendendo para cima (0,9).
Isto, porque a empresa obteve um índice de liquidez corrente de 0,8 em
20X1, 0,7 em 20X2 e 0,9 em 20X3.
88 UNIUBE

Finalmente, tomando por base os índices de liquidez da empresa parâme-


tro “B”, pode-se presumir que, na média, com base no comportamento
verificado nestes três exercícios sociais, em 20X4 a empresa apresen-
tará um índice de, aproximadamente, 0,1, tendendo para baixo. Pois,
a empresa obteve um índice de liquidez de 0,7 em 20X1, 0,4 em 20X2 e
0,4 em 20X3. O comportamento do índice de liquidez corrente nos dois
primeiros anos indica uma queda brusca, entretanto, do segundo para o
terceiro ano, esta queda tende a se amenizar.

IMPORTANTE!

Esta é apenas uma das sistemáticas mais simples para se analisar tendên-
cias de comportamento de índices! Existem técnicas bem mais elaboradas
e, estatisticamente, mais precisas.

DICAS

Por exemplo, poderíamos utilizar a sistemática de cálculo dos mínimos


quadrados e, com base na regressão linear simples, calcular a tendência
dos índices e, ainda, medir o seu grau de relacionamento com uma segunda
variável, por exemplo, o faturamento da empresa.

Poderíamos, também, utilizar uma rede binomial, ponderando movimentos


de alta e baixa dos índices ao longo do tempo e, finalmente, calcular sua
taxa de evolução. Todas essas técnicas sugeridas foram ou serão estudadas
por você em outros componentes curriculares ao longo do curso.

Enfim, são muitas as possibilidades para estimarmos tendências de


comportamento de índices e indicadores. A utilização de uma ou outras
dependerá exclusivamente, da vontade do analista e, principalmente, da
relação custo/­benefício do processo empregado para tais estimativas
UNIUBE 89

4.3 Elaboração e apresentação de relatórios de análise

O relatório de um processo de análise precisa ser metodologicamente


planejado. Ou seja, não pode ser composto a partir de um conjunto de
observações dispersas. Ele deve ser estruturado de forma a transmitir
todas as informações demandadas pelo seu usuário, de acordo com
a finalidade desta informação. Ou seja, devem­se prestar informações
diferentes para usuários e finalidades diferentes.

De uma forma geral, o relatório de um processo de análise de balanços


deve ser dividido em cinco grupos de informações:
a) introdução ou apresentação;
b) análise econômica e financeira;
c) avaliação de tendências e perspectivas;
d) conclusão;
e) anexos.

Na introdução, devem ser explicitadas características gerais da empresa­


alvo do processo de análise, por exemplo: um rápido histórico sobre sua
evolução, seu segmento econômico de atuação, seus principais concor-
rentes, seus projetos, etc. Todas estas informações estão disponíveis,
normalmente, nos site da empresa e/ou no seu relatório da administração.

Na análise econômica e financeira, devem ser apresentadas, inicialmente,


as informações mais relevantes detectadas mediante a execução do passo
1 proposto anteriormente para integração das técnicas de análise. A seguir,
devem ser apresentadas as informações comparativas entre a empresa­
alvo e a(s) empresa(s) parâmetro(s), conforme sugerido pelo passo 2
proposto para integração das técnicas de análise, sendo que todas estas
informações devem ser apresentadas sob a forma de narração descritiva.
Jamais na forma de números. Ou seja, nesta segunda parte do relatório,
devem ser apresentadas as principais observações e conclusões baseadas
nos cálculos realizados para levantamento de índices/indicadores.
90 UNIUBE

É importante ressaltar que os índices e as respectivas formas de cálculo


devem ser apresentados sob a forma de anexos.

Na terceira parte do relatório, avaliação de tendências e perspectivas,


deve-se apresentar o conjunto de tendências e perspectivas levantadas
conforme sugestão já realizada anteriormente. Aqui, deve-se tomar o
cuidado de não realizar afirmações. Pois, uma coisa é tecer afirmações
levando em conta índices/indicadores embasados em números reais, e,
outra coisa muito diferente, e extremamente perigosa, é realizar afirmações
com base em estimativas que podem não se concretizar no futuro.

Nesta parte do relatório, o analista deve deixar claro que todas as


informações prestadas (tendências) estão pautadas em perspectivas
futuras que tiveram por base eventos ocorridos no passado e, ainda, que
tais eventos podem se repetir, ou não.

Na conclusão, o analista deverá apresentar uma avaliação geral da


situação da empresa. Isto, ressaltando sempre que tal avaliação teve
por base a comparação com a empresa(s) parâmetro(s). Deve-se evitar
apresentar conclusões baseadas em tendências e perspectivas. Não que
isto não seja permitido. Contudo, a abordagem de tendências e perspec-
tivas na conclusão pode comprometer a boa qualidade do relatório como
um todo.

Caso o analista detecte grande evidência de concretização das tendên-


cias e perspectivas, pode-se fazer uma rápida menção a estas na conclu-
são do trabalho. Isto, conforme já foi dito, tomando o cuidado de ressaltar
que se trata de suposições baseadas em eventos passados que podem
não se repetir.

Finalmente, na quinta e última parte do relatório, devem ser apresentados


os anexos.
UNIUBE 91

PARADA PARA REFLEXÃO

Levando-se em conta tudo o que já foi sugerido sobre as demais partes


de um relatório, você consegue supor o que irá compor a quinta parte? Ou
seja, você consegue supor o que deverá compor o conjunto de anexos do
relatório resultante de um processo de análise dos demonstrativos contábeis
de uma empresa?

Neste grupo de informações, devem constar todas as memórias de cálculo


do processo de análise. Estas memórias de cálculos devem conter, no
mínimo:

a) os demonstrativos contábeis originais extraídos para a execução do


processo de análise;
b) os demonstrativos já corrigidos monetariamente e devidamente ajusta-
dos para o processo de análise acompanhados da descrição detalhada
da metodologia utilizada para realização destes ajustes e correções;
c) a descrição do processo de montagem, cálculo e resultados dos
índices e indicadores empregados na análise econômica e financeira,
básica e avançada;
d) os demonstrativos e os critérios de escolha da(s) empresa(s) adotada(s)
como parâmetro(s) de comparação, bem como, a descrição dos proces-
sos de ajustes e correções destes demonstrativos e, ainda, a descrição,
cálculo e resultados dos índices e indicadores relativos a estas empresas;
e) a descrição detalhada do processo de elaboração das estimativas
para o estabelecimento de tendências e perspectivas, bem como os
respectivos cálculos e resultados.

Resumo
Chegamos ao final de mais um capítulo. Sendo que, essa será nossa
última etapa nesse processo de construção do seu conhecimento acerca
do processo de análise das demonstrações financeiras.
92 UNIUBE

Destacamos que a temática abordada ao longo desse último capítulo é


muito extensa e, ainda, que a integração e modelagem do processo de
análise de balanços pode ser implementado de outras formas, de acordo
com a conveniência desejada pelo analista. Entretanto, a modelagem
sugerida aqui teve uma grande amplitude e procurou tornar o dito proces-
so o mais abrangente e simplificado possível.

Com relação ao processo de estabelecimento de tendências futuras


baseadas em índices e indicadores fundamentados em dados de demons-
trativos contábeis de períodos passados, além da metodologia proposta
aqui, existem outras metodologias tanto mais aprimoradas quanto mais
simplificadas. Nesse caso também, fica a cargo do analista optar por uma
ou por outra, de acordo com a conveniência e interesse pretendidos.

Novamente, ressalta-se que, além de realizar todas as atividades de


aprendizado (leituras, testes, pesquisas, reestudos etc.) descritas neste
material, você deve dar continuidade ao seu aprendizado com a leitura
de outras obras que tratem do assunto.

Bom estudo.

Leituras
Para ampliar sua visão do assunto estudado e consolidar sua aprendiza-
gem realize a leitura do livro: MORANTE, Antonio Salvador. Análise das
demonstrações financeiras: aspectos contábeis da demonstração de
resultado e do balanço patrimonial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Desse livro, leia o Capítulo 5 – Planilha proposta para análise das


demonstrações financeiras. Páginas 70 a 74.

Neste capítulo, você encontrará a proposta de uma planilha formada


por um conjunto de mais de 20 fórmulas reunidas em 12 grupos de
UNIUBE 93

indicadores voltados para a integração das ferramentas de análise. Isso


com certeza permitirá ampliar os seus conhecimentos acerca da intera-
ção entre os vários indicadores utilizados no processo de análise das
demonstrações contábeis.

Atividades
Para a confecção das atividades de autoavaliação da aprendizagem,
utilize os demonstrativos contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstrativo
de Resultado do Exercício), a seguir:

Balanços Patrimoniais da Cia. Qualquer S.A.


(Demonstrativo já ajustado para análise)
94 UNIUBE

Demonstrat ivos de Resultados da Cia. Qualquer S .A.


(Demonstrativo já ajust ado para análise)

Atividade 1

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, calcule e escreva abaixo
qual foi a margem de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” em
X0, X1 e X2.

R.: X0=____________ X1=____________ X2=____________



(informe os número solicitado com, pelo menos, 5 casas após a vírgula)

Atividade 2

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, calcule qual foi a margem
de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” em X0, X1 e X2. Depois,
preencha esses valores no gráfico a seguir marcando os pontos relativos
UNIUBE 95

à margem de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” e, a seguir, ligue


estes pontos e trace a reta relativa ao comportamento deste índice.

Atividade 3

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, calcule qual foi a margem
de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” em X0, X1 e X2. Depois,
preencha esses valores no gráfico a seguir marcando os pontos relativos
à margem de rentabilidade líquida da “Cia. Qualquer S.A.” e, a seguir, ligue
estes pontos e trace a reta relativa ao comportamento deste índice.
96 UNIUBE

Pelo comportamento da margem de rentabilidade líquida da “Cia.


Qualquer S.A.” em X0, X1 e X2, é correto afirmar que:

a) ( ) com base no gráfico elaborado, a margem de rentabilidade


analisada apresenta uma tendência de queda para X3.
b) ( ) Com base no gráfico elaborado, a margem de rentabilidade
analisada apresenta uma tendência de alta para X3.
c) ( ) Com base no gráfico elaborado, a margem de rentabilidade
analisada apresenta uma tendência de constância para X3, em
relação ao índice calculado para X1. Ou seja, ele tende a ser
igual a X1.
d) ( ) Com base no gráfico elaborado, a margem de rentabilidade
analisada apresenta uma tendência de constância para X3, em
relação ao índice calculado para 01. Ou seja, ele tende a ser
igual a 01.
e) ( ) Com base no gráfico elaborado, não é possível estabelecer uma
tendência de comportamento para X3.

Atividade 4

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, calcule e escreva abaixo
qual foi o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) – da “Cia. Qualquer
S.A.”, em X1 e X2. Para isso utilize a formulação a seguir para cálculo
do GAF:

GAF = [Result. Operac. / ( Result. Operac. – Desp. Financ.)]

R.: X1=____________ X2=____________

(informe os número solicitado com, pelo menos, 5 casas após a vírgula)


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Atividade 5

Com base nos demonstrativos fornecidos e, ainda, no conteúdo estudado


ao longo dos capítulos vistos até esse momento, calcule qual foi o Grau
de Alavancagem Financeira (GAF) – da “Cia. Qualquer S.A.”, em X1 e
X2 e, a seguir, com base nos valores encontrados elabore e escreva
um comentário, sob a forma de um breve relatório, descrevendo qual o
comportamento do GAF da “Cia. Qualquer S.A.” de um período para
o outro. Para tanto, procure fundamentar sua resposta com base na
variação ocorrida nos componentes de cálculo do GAF. Para isso, utilize
a formulação a seguir para cálculo do GAF:

GAF = [Result. Operac. / ( Result. Operac. – Desp. Financ.)]

Referências
BRAGA, Roberto; NOSSA, Valcemiro; MARQUES, José Augusto
Veiga da Costa. Uma proposta para análise integrada da liquidez e da
rentabilidade das empresas. In:________. Revista de Contabilidade &
Finanças da USP. São Paulo, Edição Especial, p. 51–64, 30 de junho de
2004. Disponível em: <http://www. eac.fea.usp.br/cadernos/completos/
ed_comemor2/ec2_parte4_ pg51a64.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2008.

MATARAZZO, Dante Carmine. Modelo de avaliação de empresas.


Análise financeira de balanços: Abordagem básica e gerencial.
6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MORANTE, Antonio Salvador. Análise das demonstrações financeiras: aspectos


contábeis da demonstração de resultado e do balanço patrimonial. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.

MOROZINI, João Francisco; HEIN, Nelson; OLINQUEVITCH, José Leonidas.


Seleção de índices na análise de balanços: Uma aplicação da técnica estatística
‘ACP’. In:________. Revista de Contabilidade & Finanças da USP. São Paulo, n.
41, p. 87–99, maio/ago. 2006. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/
completos/cad41/joao_jose_nelson_pg87a99.pdf>. Acesso em: 05 set. 2008.
Anotações
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Anotações
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