Tecnicas Contencao
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Tecnicas Contencao
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
JOÃO PESSOA
2017
ARTHUR COUTINHO DE ARAÚJO PEREIRA
JOÃO PESSOA
2017
P436s Pereira, Arthur Coutinho de Araújo
56f. il.:
Agradeço a Deus, autor da minha fé, pela graça imerecida e por todos os seus feitos.
Agradeço aos meus amados pais e meus heróis, Francisco e Marília, fundamentais nessa
conquista.
Sou extremamente grato aos meus irmãos, Allan e Alex, pelos conselhos valiosos.
Aos meus amigos, capazes de converter uma árdua jornada numa caminhada mais leve, minha
gratidão.
Ao Prof. Fábio Lopes Soares, pelos conhecimentos fornecidos, suporte, compreensão e pela
orientação deste trabalho.
Aos professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pelos ensinamentos que serão
úteis não só para a vida profissional, mas, sem dúvida, para a pessoal.
A Pedro, Anderson, Sr. João e Sr. Joaquim pela atenção e suporte, necessários para o
cumprimento dos experimentos feitos neste trabalho.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
1.1 Objetivo ......................................................................................................................... 11
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 11
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 12
2.1 Importância dos sistemas de drenagem ......................................................................... 12
2.2 Influência da chuva ........................................................................................................ 13
2.3 Tipos de drenagens ........................................................................................................ 15
2.3.1 Escadarias hidráulicas ................................................................................................ 15
2.3.2 Drenagem por eletro-osmose ..................................................................................... 16
2.3.3 Drenagem superficial com manta de concreto flexível.............................................. 18
2.3.4 Drenos profundos ....................................................................................................... 19
2.3.5 Drenos de paramento ................................................................................................. 22
2.4 Execução de solo grampeado ........................................................................................ 23
3 CASOS DE OBRAS...................................................................................................... 26
3.1 Estabilização de deslizamento na Itália Central ............................................................ 26
3.2 Utilização de túneis e galerias de drenagem para estabilização do escorregamento de
massa de taludes junto à usina Henry Borden .......................................................................... 27
3.3 Estabilização de encostas através de drenagem profunda: caso de estabilização com
túnel de drenagem na rodovia dos imigrantes .......................................................................... 30
3.4 Caso de ruptura de talude associada a problemas de drenagem superficial .................. 36
4 EXPERIMENTOS DESENVOLVIDOS ...................................................................... 39
4.1 Caracterização ............................................................................................................... 39
4.2 Instalação e execução .................................................................................................... 43
5 RESULTADOS ............................................................................................................. 46
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 50
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
forma a fonte do material que aflui para a drenagem são escorregamentos que ocorrem a
montante. Estão associados a índices pluviométricos elevados. São movimentos que se
assemelham a avalanches, com grande volume de materiais.
Segundo FERRAZ et al. (2017), a drenagem é, na maior parte, a intervenção mais
importante para a estabilização de um talude, sendo intrínseca às obras de contenções e de
proteção superficial, pois asseguram a redução dos esforços que a obra resistirá, devido à ação
da água. Com isso, um comportamento satisfatório de uma estrutura de contenção não pode
ser obtido sem a utilização de sistemas eficientes de drenagem, que podem ser superficiais ou
internos.
A drenagem, seja ela superficial ou profunda, também é considerada uma alternativa
dentre muitos métodos utilizados para a estabilização de taludes, paralelo a, por exemplo, uma
possível diminuição da inclinação do talude. De acordo com Carvalho et al. (1991), os
problemas associados a deficiências do sistema de drenagem superficial provocam infiltrações
nos taludes, motivando saturação e, consequentemente, erosão que podem promover
escorregamentos.
Em vista disso, a falta ou a não devida atenção para com essas obras em taludes,
denominadas de “complementares”, como sistemas de drenagem, revestimento vegetal e
proteção superficial, pode vir a prejudicar, ou até mesmo provocar a ruína total de todo o
conjunto de obras. Sendo assim, é despertada a importância que deve ser dada às obras
“complementares” de taludes, em especial no que diz respeito aos sistemas de drenagem.
sabe-se que grandes volumes de chuva tendem a motivar escoamentos superficiais, enquanto
que chuvas de menor intensidade e duração, sendo mais prolongadas, em sua maior parte
tendem a favorecer a infiltração, reduzindo o nível de sucção natural e elevando a umidade
do solo atingindo justamente a estabilidade dos taludes. É possível a visualização, na Figura
1, da correlação entre as chuvas diárias com a chuva acumulada de João Pessoa, desenvolvida
por SOARES e RAMOS FILHO (2014), que podem ser utilizadas no monitoramento das
chuvas acumuladas para a prevenção aos escorregamentos na cidade de João Pessoa.
A influência da água pode ser direta, com o acúmulo de água junto à face interna da
contenção, ou indireta, causando a diminuição da resistência ao cisalhamento do maciço
devido ao acréscimo das pressões intersticiais. Sabe-se que grande parte dos acidentes em
obras de contenção está relacionada ao acúmulo de água no maciço, ainda mais quando há
existência de uma linha freática no maciço, aumentando consideravelmente o empuxo total.
O acúmulo de água, por deficiência de drenagem, tem condições de chegar a dobrar o empuxo
atuante.
A ausência desse sistema faz com que haja infiltração de água por sua base, resultando
numa condição crítica de teor de umidade do solo em toda a extensão. Observa-se que nos
casos de rupturas e de processos erosivos em taludes de solo, apesar da consciência da
importância dos sistemas de drenagem para este tipo de obra, nem sempre tem sido tomados
os devidos cuidados nos processos de projeto, de execução e de manutenção de sua
funcionabilidade ao longo do tempo.
Não levando para o âmbito do dimensionamento, mas na finalidade de representar os
tipos de escadarias hidráulicas, pode ser visto um exemplo de projeto de descidas d’água na
Figura 3.
necessite da drenagem de um talude, embora que neste último caso seja pouco utilizado no
Brasil. Entretanto, sabe-se que uma de suas limitações é o débito bastante baixo.
Este material, que é uma manta de cimento flexível, quando hidratado endurece,
formando uma camada de concreto impermeável e à prova de fogo, leva cerca de 24 horas
para endurecer e 48 horas - o que demonstra a rapidez na aplicação - para ficar totalmente
pronta, vem ganhando espaço e sendo adotado como a escolha mais eficiente quando
comparada às soluções clássicas utilizadas para revestimentos nas áreas de infraestrutura. É
imprescindível destacar que a manta não pode ser empregada com função estrutural, mas pode
ser utilizada para revestimento. A manta possui diversas aplicações, como exemplo: proteção
contra erosão em encostas em ferrovias e rodovias; revestimento de encostas, dutos e valas de
drenagem; revestimento de diques e cobertura de superfícies que demandem
impermeabilização como bacias de contenção e vinhaça, bem como terminais e refinarias do
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setor de óleo e gás. Na Figura 6, pode-se ver a aplicação da manta flexível numa vala de
drenagem.
Drenos profundos são dispositivos utilizados para rebaixar o lençol freático, em cortes
em solo ou rocha, evitando que a ação das águas subterrâneas possa afetar a resistência do
material do subleito e/ou pavimento, prejudicando o desempenho deste. Quanto à forma
construtiva, pode-se utilizar tubos ou não, de acordo com DNER/ PR (2005).
Uma alternativa conveniente para a preservação de taludes e encostas seria a utilização
de uma biomanta visando a ação instantânea contra o efeito de processos de deslocamento de
partículas finas do solo e agentes erosivos, que reduzem e danificam a capacidade do sistema
de drenagem superficial de proteção ou ainda proporcionam a instabilidade geomecânica
destes locais, segundo LINHARES (2011).
20
Vale ressaltar que, com o aumento da extensão do trecho perfurado na direção da face
do talude, causa um aumento na eficiência da drenagem, já observada em casos práticos.
Estes tubos podem ter somente microrranhuras em torno de 0,4 mm, sem recobrimento
por manta ou tela, ou perfurações recobertas por manta geotêxtil ou por tela de nylon. De
acordo com SOLOTRAT(2015), visando comparar o tipo de tubo drentante que pode ser
usado no DHP, foi realizado um estudo comparativo entre o “dreno Geotécnica” e o “dreno
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ranhurado”, sendo o primeiro, o dreno executado pela empresa Geotécnica S.A, precursora na
execução de serviços geotécnicos no Brasil. O “dreno Geotécnica” resulta de se executar
perfurações de 12,5 mm diametralmente opostas a cada 60 milímetros, duas a duas
ortogonais, em tubo PVC de 50 mm. São cobertas por duas camadas de tela de nylon, malha
30. Para um comprimeto de 50 cm resulta numa área perfurada de 20,44 cm². O “dreno
ranhurado” resulta da execução de rasgos de 0,4 mm com 35 mm de extensão a cada 19 mm,
sem envolvimento por qualquer tipo de tela. Resulta em 50 cm numa área perfurada de 3,36
cm². Observa-se que no “dreno ranhurado” as ranhuras são somente executadas na parte
superior do tubo, vide Figura 8.
Em caso de depósitos de solos oriundos de antigos deslizamentos das partes mais altas
das encostas, também conhecidos como colúvios, tem-se como consequência a instabilidade
sob chuvas intensas, principalmente as persistentes, quando o lençol d´água no interior dos
mesmos se eleva, segundo LACERDA e SANDRONI (1985). O corte desses materiais agrava
sua condição de estabilidade, e só deve ser feito, independente da solução de projeto, ligado a
implantação de um sistema de drenagem que conserve nível do lençol d´água baixo, e de
preferência distante da região do corte. Comumente, faz-se necessário o corte de colúvios em
obras rodoviárias e mesmo urbanas. Como uma medida de estabilização da parte restante do
colúvio um eficiente sistema de drenagem profunda, composto por drenos sub-horizontais
perfurados, atende de forma eficiente, porém, quando são massas de colúvio extensas
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permanecem vulneráveis a movimentos lentos sob chuvas intensas ou persistentes, ainda com
drenagem próxima da cortina. Com isso, o empuxo, com o tempo, pode crescer
consideravelmente e chegar a, pelo menos, valores que correspondem ao repouso.
Drenos de paramento são peças que promovem o efetivo fluxo às águas que infiltram
no talude e que chegam ao paramento. Para sua instalação, feita na parte posterior e
convizinha, faz-se o uso do barbacã ou dreno linear contínuo, este último sendo um
geocomposto.
O barbacã é produto da escavação de uma cavidade, geralmente com as dimensões de
20 x 20 x 20 cm, que é complementada com material arenoso, tendo um tubo de PVC
drenante como saída, iniciando no interior do talude com inclinação descendente próxima de
5° partindo para fora do revestimento da contenção, como pode ser visualizado no detalhe da
Figura 9.
associação de dois filtros geotêxteis a um núcleo rígido em georrede, ou não menos utilizada
entre um geotêxteil e uma geomembrana, para evitar que seus canais sejam obstruídos pelo
solo ou por alguns resíduos. A georrede por sua vez possui uma estrutura tridimensional com
grande volume de vazios, propiciando grandes vazões apesar da pequena seção transversal.
Segundo PALMEIRA et al.(2005), para um desempenho satisfatório em um sistema
filtro-drenante de um talude ou obra de contenção, um geotêxtil deve atender aos seguintes
critérios:
• Critério de retenção;
• Critério de permeabilidade;
• Critério anti-colmatação;
• Critério de sobrevivência;
• Critério de durabilidade.
O critério de retenção visa a garantir que o geotêxtil irá reter as partículas de solo,
evitando mecanismos de erosão interna (piping) no maciço. O critério de permeabilidade visa
a garantir que o geotêxtil possua elevada permeabilidade, de modo que a água flua livremente
através, ou ao longo, do seu plano, não gerando poropressões no sistema ou nas suas
vizinhanças. O critério anti-colmatação visa a garantir condições para que o geotêxtil não seja
colmatado. Os critérios de sobrevivência e durabilidade visam atender a condições que
garantam que o geotêxtil não seja danificado durante a sua instalação e que o mesmo dure por
um período não inferior à vida útil da obra.
No entanto, na literatura, muitos trabalhos relatam que reforços de geotêxteis não
tecidos podem cumprir duas funções simultâneas: reforço e drenagem interna, de acordo com
Fourie et al. Com isso, o resultado da infiltração de água da chuva em solos finos, o
desenvolvimento de pressões neutras internas, pode ser eliminado ou atenuado. Assim, solos
finos reforçados com geotêxteis não tecidos possuem um grande potencial de compor
estruturas permanentes, resultando, inclusive em períodos chuvosos, em estruturas estáveis.
comum encontrar uma grande quantidade de escavações na formação barreiras, na parte mais
elevada, sem presença de lençol freático. Também será fundamental para associação e
entendimento da situação comumente encontrada num processo da execução da contenção,
que posteriormente será abordada.
O sistema de drenagem numa contenção do tipo solo grampeado objetiva oferecer um
fluxo organizado para as águas internas ou externas que a ele converge, mais comumente, nos
dias atuais, fazendo o uso do já consolidado dreno linear.
Durante a execução, devem ser conferidas e ajustadas as posições dos drenos previstos
na fase do projeto para assim, extrair o melhor desempenho do sistema de drenagem
projetado.
O concreto projetado, aplicado no painel de solo grampeado, é o resultado da mistura
de cimento, pedrisco, areia, água e aditivos, podendo ainda ser adicionados microssílica,
fibras ou outros componentes ao traço, conduzidos por ar comprimido desde o equipamento
de projeção até o local será aplicado, através de um mangote, há um bico de projeção, que
também tem a função de acrescentar água. Esta mistura é lançada pelo ar comprimido, em
grande velocidade, na superfície que se deseja moldar, vide Figura 10.
3 CASOS DE OBRAS
Os taludes das regiões adriáticas da Itália central não são muito estáveis, devido aos
solos que, em sua maioria, são argilosos e muito suscetíveis a variações de umidade. O
fenômeno coloca em risco muitas cidades e aldeias, das quais possuem um valor histórico e
artístico, tendo sido construídas na Idade Média em torno de fortificações ou castelos situados
nos altos das serras, conforme BIANCO (1988).
Por conta das alterações antrópicas, associadas às condições hidrogeológicas, os
escorregamentos aumentaram. Mas um fato interessante foi a estabilização do deslizamento
de Montelupone, próximo à Ancona, onde arquivos históricos registraram este deslizamento a
partir do final do século XVII, tendo como solução a implantação de túneis de drenagem para
estabilização do movimento. Antecipadamente à definição da obra de estabilização, foram
feitas investigações geológico-geotécnicas e implantado um sistema de monitoramento
composto por inclinômetros e piezômetros, sendo possível identificar a estratigrafia e
natureza do subsolo local, composto por: maciço rochoso calcário argiloso do plioceno
embutido entre camadas arenosas finas, sendo mais frequente na parte superior; e do talude,
que inclui um estrato silto-argiloso moderadamente grosso, onde a circulação de água
subterrânea é grande; e outro estrato muito heterogêneo onde argilas moles e siltes
prevalecem. O deslizamento chegou a uma profundidade de aproximadamente 30 metros
prejudicando metade da cidade.
BIANCO (1988) desenvolveu que a característica geológica típica de regiões do meio-
adriático são depósitos de taludes em cima de um maciço rochoso do plioceno. O regime
hidrológico é alimentado por uma precipitação pluviométrica de próximo a 1000 mm/ano, e
depende da baixa permeabilidade do talude argiloso e do maciço rochoso do plioceno. Estas
características hidrogeológicas dão início à instabilidade geral da região.
Com o conhecimento das condições geológicas e da variação do nível do lençol -
freático indicado pelos piezômetros instalados, no ano de 1980, deu-se início os trabalhos
27
corretivos necessários, e foi solução escolhida para estabilizar a grande massa escorregada
através de um rebaixamento do lençol freático foi dada por um sistema de túnel de drenagem.
Tablachaca, região andina do Peru, numa encosta que tinha de 37° e 45º com a horizontal,
com uma largura entre 200 e 300 m, ao longo de um desnível superior a 300 m, apresentou
movimentações. Essa massa considerável era uma ameaça ao funcionamento da barragem, a
qual era encarregada por aproximadamente metade da energia do Peru. Notou-se que túneis e
galerias de drenagem possuem alta eficiência na estabilização de encostas, principalmente em
quando as encostas são muito extensas, porém ainda são pouco utilizados. Assim, incentiva-se
que a técnica seja mais empregada. Foram executadas cortinas atirantadas, berma junto ao pé
do talude, drenagem superficial e dois túneis principais com galerias transversais. No
arqueamento dos túneis, foram instalados drenos radiais, com comprimentos de 20 metros.
Visando a complementação da drenagem dos túneis, foram executados drenos horizontais
profundos a partir da superfície do talude, com comprimentos não superiores a 90 metros,
sendo possível a visualização planta da região em questão na Figura 14.
determinantes para sua velocidade, segundo TERZAGHI (1960). Para o mesmo, a drenagem
possui uma eficiência tão grande na paralisação de movimentos deste tipo que seria necessário
apenas um rebaixamento de 3 metros do lençol freático para que o movimento que
anteriormente avançada na razão máxima, por dia, de 30 cm fosse praticamente eliminado,
como pode-se ver na Figura 18.
Para neutralizar a infiltração de água pela superfície do talude, pois a maioria da
quantidade de água que abastecia o lençol freático do talude emanava da própria rocha
fissurada, foi executada uma rede de valas superficiais de drenagem e ainda uma cobertura
por uma pintura asfáltica.
Figura 16- Diagrama mostrando a relação entre a posição do nível d'água e os deslocamentos horizontais.
Fonte: GUIDICINI e NIEBLE (1976).
A Rodovia dos Imigrantes, construída na década de 70, faz a ligação da cidade São
Paulo com o litoral paulista, atravessando o planalto através dos municípios de São Bernardo
e Diadema, cruzando a represa Billings, numa extensão de 30,5 quilômetros, até a altura da
interligação com a Via Anchieta, trecho caracterizado por ter um relevo abrupto e acidentado,
separando duas importantíssimas províncias geomorfológicas: Planalto Paulista e a Baixada
Litorânea, de acordo com Hessing (1976). Podendo ser vista, na Figura 17, a planta da região.
No período que se estende de outubro a março, considerada como a época das chuvas,
há deslizamentos naturais dos solos saturados pelas águas de infiltração, deixando cicatrizes
visíveis à longa distância e arrastando a vegetação superficial. Há relatos que durante as
31
estações chuvosas de 1974 e 1975, ocorreram inúmeros deslizamentos nas encostas adjacentes
à rodovia, causando muitos acidentes nas obras, sendo necessário: recuperação de obras
danificadas, implantação de grande número de obras de proteção e estabilização de taludes e
adequações nos projetos.
Segundo a Vecttor Projetos (1998 e 1999), a área do VA-19 é caracterizada por um
terreno com vegetação de médio porte e presença de blocos rochosos, de morfologia
suavizada, com alguns indícios de uma significativa contribuição humana para tal
conformação. Esta ação pode ter sido oriunda de pequenas terraplenagens durante a
construção da rodovia, em seus acessos temporários.
O nível d’água obtido pelas sondagens é bastante instável, mas mostrou-se mais
elevado nos trechos com maior espessura de solo residual.
Com apoios das torres em concreto armado, o viaduto VA-19 é formado por quatro
pilares, que ligados à superestrutura, formam um pórtico, apresentando uma plataforma final
de aproximadamente 45 metros de extensão.
Em cada torre há uma fundação que é formada por um conjunto de quatro tubulões
(um para cada pilar). Foi constatada uma abertura de juntas dos tabuleiros adjacentes aos
apoios, por volta da década de 80 e foram instalados inclinômetros, com até 40 metros de
profundidade, piezômetros e pinos de convergência em anéis de tubulões. A escolha por
instalar tais instrumentos em grandes profundidades aponta que já se sabia que os
movimentos observados na encosta não estavam apenas associadas ao talude, que possui
espessuras de 4 metros a 8 metros neste local, mas alcançavam maiores profundidades. Com
dois tassômetros, instalados juntos aos tubulões, foi possível se ter algumas leituras, a partir
de novembro de 1991. Uma possível execução de tratamento de reforço do maciço de
fundação com colunas de solo-cimento, considerando as leituras destes dois tassômetros, foi
proposta para a rodovia. No segundo semestre de 1993 foi instalado mais um tassômetro,
tendo outras instalações seguintes. A Figura 18 mostra a leitura obtida num dos tassômetros:
executadas. Uma proposta seria a execução de duas extensas faixas de tratamento do maciço
com colunas de CCP, e a outra seria prevê um sistema de galerias subterrâneas de drenagem
constituidas por cerca de 280 m com dimensões da ordem de 3,50 x 3,50 m, com drenos
perfurados a partir do seu interior. Com a concessionária ECOVIAS a frente da concessão da
rodovia, em 1999, foram realizados estudos intensos e novos inclinômetros, medidores de
nível d’água, clinômetros e pinos de recalque foram instalados. Interpretando os dados da
instrumentação foi possível observar uma movimentação lenta e profunda do maciço, muito
abaixo da camada superficial do talude, vide Figura 19.
Soluções estruturais como reforços, CCP, estacas, entre outras, ou até atirantamento
foram desconsideradas para promover a estabilização definitiva do maciço, com base nos
estudos feitos e na caracterização da movimentação da encosta, já que, por conta dos enormes
esforços e a da considerável profundidade da massa a ser estabilizada, soluções como essas
seriam impraticáveis.
As grandes massas de solo e rocha em condições semelhantes às encontradas nesta
rodovia, só poderiam ser estabilizadas, de forma segura, por meio de dois tipos de soluções:
executando grandes obras de retaludamento ou instalando um sistema de drenagem profunda.
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Figura 23- Vista do fundo da canaleta de drenagem, onde houve a infiltração da água que deu origem a ruptura.
Fonte: FERRAZ et al. (2017).
Com relação a esses casos, os levantamentos de campo tem mostrado que, em muitas
das ocorrências, a fundamental causa do desencadeamento destes problemas está ligada com a
não execução dos serviços de manutenção dos sistemas de drenagem, para que, com isso,
possam mantê-los intactos, desobstruídos e operantes. Na Figura 24 é possível a visualização
de um dos locais que tem apresentado problemas, onde o local a vegetação havia invadido e
tomado toda a canaleta.
4 EXPERIMENTOS DESENVOLVIDOS
4.1 Caracterização
Figura 25- Tubos de PVC utilizado como drenos, confeccionados: perfurado à esquerda e ranhurado à direita.
Fonte: Produção do autor
Estes tubos, além de tampados no topo para evitar a contribuição direta, também
receberam um recobrimento por manta / tela geotêxtil. O dreno perfurado resulta de se
executar perfurações de 6,0 mm diametralmente opostas a cada 60 milímetros, duas a duas
ortogonais. Também são cobertos por duas camadas de tela de nylon, malha 30, visto na
Figura 26.
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A grande vantagem é ter um só produto com os benefícios dos dois sistemas. Além
disso, são usados para aplicações não só de drenagem, mas filtração, separação, proteção,
reforço, controle de erosão, entre outras.
Mas apesar do geotêxtil funcionar como um filtro que impede que as partículas de solo
adentrem ao núcleo, e, consequentemente, impedindo perda da eficácia do dreno pelo
entupimento do sistema, o mesmo não é válido ou garantido para camadas de concreto que
possam se aglomerar na superfície do geotêxtil, ocasionando uma redução significativa na
eficácia do dreno.
Figura 29- Geocomposto drentante com uma face obstruída por argamassa
Fonte: Produção do autor
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Figura 30- Gecomposto drentante com duas faces obstruída por argamassa
Fonte: Produção do autor
O tonel foi preenchido com material natural extraído de terreno, vide Figura 31, no
qual estava se executando uma obra de contenção do tipo solo grampeado.
Observa-se que, para não favorecer a captação de algum dos drenos, o tonel foi divido
de forma igual para todos, resultando em aberturas feitas espaçadas em 120°, de eixo a eixo,
podendo ser visto na Figura 32.
Figura 33- (a) Preencimento parcial do tonel. (b) Cobrimento total dos drenos com solo.
Fonte: Produção do autor
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Passada esta etapa, foi adicionada a água, chegando a uma altura entre solo e
lâmina d’água de 20 cm, vide Figura 34, resultando num volume de, aproximadamente, 50
litros. É importante ressaltar que tal volume foi acrescentado no centro do tonel, evitando,
assim também, que a captção fosse tendenciada para algum dreno. Outro cuidado,
devidamente considerado, foi com relação à forma e vazão que a água foi inserida, tal que não
houvesse remoção de parte do solo devido à intensidade, no local de despejo.
Figura 34- Representação de corte lateral no tonel, mostrando configuração vertical dos drenos.
Fonte: Produção do autor
Na Figura 35, pode-se ver que para recolhimento e aferição dos volumes drenados em cada
dispositivos, foram colocados recipientes graduados, nos quais eram feitas as leituras de até
500 ml.
5 RESULTADOS
Em outro momento, desta vez simulando a camada de concreto projetado numa das
faces, foi quantificado o volume captado em cada dreno. Do volume inicialmente inserido no
tonel, aproximadamente, 30,6 litros foram absorvidos pelo solo, como pode-se observar na
Tabela 2.
Tabela 2- Volume drenado em cada dispositivo, com geocomposto drenante obstruído numa das faces.
Fonte: Produção do autor
Dreno Volume Drenado
(l)
Tubo PVC Ranhurado 3,900
Tubo PVC Perfurado 7,300
Geocomposto Drenante 8,400
Tabela 3- Volume drenado em cada dispositivo, com geocomposto drenante obstruído nas duas faces.
Fonte: Produção do autor
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AU, S. W. C. Rain- induced slope instability in Hong Kong. Engineering Geology, Hong
Kong . 1998. v. 51, pp. 1-36.
MARQUES, A. S; LIMA, J. P.; SOUSA, J.; SIMÕES, N. E.; PINA; R. (2013). Hidrologia
urbana – Sistemas de drenagem de águas pluviais urbanas. Lisboa.
TERZAGHI, K. (1960) – From theory to practice in soi l mechanics. John Wiley & Sons, p.
241-243.