1 Despedidas em Belém

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Os Lusíadas

Luís Vaz de Camões


Canto IV
Estâncias 84 – 93

1.ª ed. - Biblioteca Nacional Digital


https://purl.pt/1/4/cam-3-p_PDF/cam-3-p_PDF_24-C-
R0150/cam-3-p_0000_capa-capa_t24-C-R0150.pdf
“A Despedida”

Escultura de Rogério Bértolo, do Esculturas Parque Pedras do Silêncio, Nova Petrópolis, Brasil
https://www.pedrasdosilencio.com.br/
-O que terá motivado a escolha da escultura “A
Despedida” para explorarmos, antes da leitura
de mais um episódio da epopeia de Luís Vaz de
Camões?
Episódio
“Despedidas em Belém”
(pp. 190 – 192)
Analepse

Vasco da Gama
conclui a narração
da História de
Portugal (Plano da
História)

Vasco da Gama
inicia a narração
da viagem – est.
77 (Plano da
Viagem)

Narrador
1.ª pessoa

https://www.alvarovelho.net/
-Onde decorre a ação?
-Quem está presente?
-Qual é o estado de espírito dos presentes?
-Quem narra o episódio?
-Como se caracteriza a tripulação?
-Para que se prepara a tripulação?
-Que perigos pode encontrar?
Vamos escutar as estâncias 84 e 85 do Canto
IV de Os Lusíadas, ditas por António Fonseca.
•https://www.youtube.com/watch?v=XGn8kObWcyA

•2.45
E já no porto da ínclita Ulisseia, Espaço (geral):
Porto de Lisboa.
Cum alvoroço nobre e cum desejo
(Onde o licor mistura e branca areia Espaço (específico):
Praia de Belém, junto ao
Co salgado Neptuno o doce Tejo) Estuário do Tejo (Uso da
As naus prestes estão; e não refreia perífrase para situar e
caracterizar o espaço).
Temor nenhum o juvenil despejo,
Porque a gente marítima e a de Marte Narrador participante:
1.ª pessoa singular -
Estão pera seguir-me a toda a parte. Vasco da Gama que
protagoniza a ação.
Momento narrado: As naus estão prontas para partir. Nenhum
temor impede o entusiasmo juvenil. Os marinheiros (“gente
marítima”) e os militares (“de Marte”), agitados e desejosos, estão
preparados para seguir Vasco da Gama (“me”).
Pelas praias vestidos os soldados Tripulação
Vêm pela praia
De várias cores vem e várias artes,
vestidos de cores e
E não menos de esforço aparelhados feitios diversos
(aliteração) e bem
Pera buscar do mundo novas partes.
preparados.
Nas fortes naus os ventos sossegados
Objetivo da viagem
Ondeiam os aéreos estandartes; Buscar novas
Elas prometem, vendo os mares largos, regiões do mundo.
De ser no Olimpo estrelas, como a de Argos. Promessa
Explorar os mares
e atingir a fama da
Momento narrado: Os soldados estão
nau de Argos
preparados materialmente com tudo o que é
(personificação e
necessário para uma viagem tão ousada. As
comparação–
“naus” estão destinadas a subir ao céu.
tornarem-se imortais).
http://viajarnotempo-historia.blogspot.com

http://viajarnotempo-historia.blogspot.com
/search/label/Viagens%20ao%20Oriente

http://cvc.instituto-camoes.pt
/navegaport/vascodagama01x.jpg
-Pergunto-me se ainda é necessário outro tipo de
preparação para a viagem.
-O que implica?
-Onde é feita?
-A quem?
-A quem se dirige o narrador? Porquê?
-Que sentimentos experimenta o narrador nesse
dia?
Estâncias 86 e 87 do Canto IV de Os
Lusíadas, ditas por António Fonseca.
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•3.47
Despois de aparelhados, desta sorte, Preparação
material:
De quanto tal viagem pede e manda,
Exigência da
Aparelhámos a alma pera a morte, viagem.
Que sempre aos nautas ante os olhos anda. Preparação
espiritual:
Pera o sumo Poder, que a etérea Corte
Ouvir missa e
Sustenta só co a vista veneranda, comungar.
Implorámos favor que nos guiasse Narrador
E que nossos começos aspirasse. participante
1.ª pessoa plural
- Vasco da Gama
Momento narrado: Após a preparação fala em nome da
material, a tripulação apela a Deus (mitologia tripulação.
cristã) e implora que os guie e auxilie no
começo da viagem.
Partimo-nos assi do santo templo Local de oração (Uso
da perífrase para
Que nas praias do mar está assentado,
aludir à Ermida de
Que o nome tem da terra, pera exemplo, Nossa Senhora de
Belém).
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que, se contemplo Narratário:
Rei de Melinde
Como fui destas praias apartado, (apóstrofe).
Cheio dentro de dúvida e receio, Narrador
Que apenas nos meus olhos ponho o freio. participante:
Certifica o que
viveu, emocionado.
Momento narrado: A tripulação, depois de orar, parte da Ermida de
Nossa Senhora de Belém, situada à beira da água. Vasco da Gama, ao
recordar o dia da partida, tem dificuldade em não se emocionar.
Nossa Senhora de Belém http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/museus-e-
(Igreja da Conceição Velha) monumentos/dgpc/m/mosteiro-dos-jeronimos/
https://portugaldelesales.pt/nossa
-senhora-de-belem/
-Penso que ocorreu mais gente à praia naquele
dia. Quem?
-O que motivou as pessoas?
-Qual o estado de espírito predominante?
Porquê?
-Que comportamentos transparecem?
-O que gostariam de saber mais?
-Quem quer fazer uma pergunta ao texto?
Estâncias 88 e 89 do Canto IV de Os
Lusíadas, ditas por António Fonseca.
•https://www.youtube.com/watch?v=XGn8kObWcyA

•5.12
A gente da cidade, aquele dia, População / motivações:
Amigos, parentes e
(Uns por amigos, outros por parentes,
curiosos (enumeração).
Outros por ver somente) concorria,
Estado de espírito dos
Saudosos na vista e descontentes
presentes:
E nós, co a virtuosa companhia Saudade e tristeza
(dupla adjetivação).
De mil Religiosos diligentes, (hipérbole)
Em procissão solene, a Deus orando, Narrador participante:
1.ª pessoa plural - Vasco
Pera os batéis viemos caminhando. da Gama fala em nome
da tripulação.

Momento narrado: A tripulação, em procissão solene, orando, vai


caminhando (gerúndio) para os batéis, acompanhada por inúmeros
religiosos (hipérbole), perante a angústia da população.
Em tão longo caminho e duvidoso Comportamentos:
As mulheres choram; os
Por perdidos as gentes nos julgavam, homens tentam conter-se.
As mulheres cum choro piadoso
Justificação:
Os homens com suspiros que arrancavam. temem que não voltem
pela viagem ser tão
Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso
longa e imprevisível
Amor mais desconfia, acrecentavam (adjetivação).
A desesperação e frio medo Comportamento:
De já nos não tornar a ver tão cedo. Mães, Esposas e Irmãs
(enumeração;personage
ns coletivas) sentem
Momento narrado: A viagem era de tal modo ainda mais medo e
perigosa, que a comoção é geral. Acresce o desespero.
sofrimento das Mães, das Esposas e das Justificação:
Irmãs (movidas pelo amor). O amor faz temer ainda
mais o futuro.
“A partida de Vasco da Gama para a Índia em 1497”, de Roque Gameiro (c. 1900)
Museu de Aguarela Roque Gameiro - http://www.caorg.pt/polos/museu-de-aguarela-roque-gameiro/
-O que poderia contribuir, neste momento, para
que houvesse mais dramaticidade no texto?
-A quem poderia o narrador dar voz?
-O que gostariam de saber mais?
-Quem quer fazer uma pergunta ao texto?
Vamos escutar as estâncias 90 a 92 do
Canto IV de Os Lusíadas, ditas por António
Fonseca.
•https://www.youtube.com/watch?v=XGn8kObWcyA

•5.45
Qual vai dizendo: «Ó filho, a quem eu tinha Voz da Mãe
(discurso direto):
Só pera refrigério e doce emparo Interpela o filho que
Desta cansada já velhice minha, parte (apóstrofe).

Que em choro acabará, penoso e amaro Anseios:


Contava com o
Porque me deixas, mísera e mesquinha? conforto e o amparo
Porque de mi te vás, ó filho caro, do filho na velhice
(adjetivação).
A fazer o funéreo enterramento
Receios:
Onde sejas de pexes mantimento?» Teme que o filho fique
sepultado nas águas
Momento narrado: Discurso de uma Mãe (personificação) e
(representa as mães), que teme a morte do prevê acabar os seus
seu filho e que receia acabar os seus dias na dias só e infeliz
solidão e sem o amparo que esperava. (repetição e perguntas
retóricas).
Qual em cabelo: - «Ó doce e amado esposo, Voz da Esposa
(discurso direto):
Sem quem não quis Amor que viver possa,
Interpela o marido
Porque is aventurar ao mar airoso que parte (apóstrofe
Essa vida que é minha e não é vossa? e adjetivação).

Como, por um caminho duvidoso, Expressão do amor


conjugal:
Vos esquece a afeição tão doce nossa? Não pode viver sem
Nosso amor, nosso vão contentamento, o amor do esposo.
Se ele perder a vida,
Quereis que com as velas leve o vento?»
ela também perde.
Receios/ interpelações:
Momento narrado: Discurso de uma Esposa Acusa o esposo de
(representa as esposas), que declara o seu dispor da vida de
amor e simultaneamente acusa o esposo de ambos e de desprezar o
não partilhar os medos dela. amor que os une.
(perguntas retóricas).
Nestas e outras palavras que diziam, Velhos e crianças (os
que também ficam):
De amor e de piadosa humanidade,
Deixam-se contagiar
Os velhos e os mininos os seguiam, pela emoção coletiva
(não controlam os
Em quem menos esforço põe a idade.
sentimentos).
Os montes de mais perto respondiam,
Natureza personificada:
Quási movidos de alta piedade; Os montes próximos
A branca areia as lágrimas banhavam, ecoam os lamentos da
população e parecem
Que em multidão com elas se igualavam. comover-se também.

Natureza hiperbolizada:
Momento narrado: As palavras sofridas são
As lágrimas da
repetidas pelos velhos e pelas crianças. A
multidão são tantas
natureza participa do sofrimento dos
como a areia da praia
presentes.
-O que preveem como conclusão do episódio?
Vamos escutar a estância 93 do Canto IV de
Os Lusíadas, dita por António Fonseca.
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•6.36
Atitude dos tripulantes:
Avançam para as naus
sem olharem para os que
Nós outros, sem a vista alevantarmos se despedem.
Nem a mãe, nem a esposa, neste estado, Justificação:
Por nos não magoarmos, ou mudarmos Fazem assim para não
sofrerem e porque temem
Do propósito firme começado, ceder à tentação de
Determinei de assi nos embarcarmos, desistir do seu propósito.

Sem o despedimento costumado,


Decisão (narrador):
Que, posto que é de amor usança boa,
Dá ordem para partir sem
A quem se aparta, ou fica, mais magoa. as despedidas habituais.

Justificação:
Evitar sofrimento a quem
parte e a quem fica.
“Partimos do Restelo um sábado, que eram oito
dias do mês de Julho da dita era de 1497, nosso
caminho, que Deus Nosso Senhor deixe acabar em
seu serviço. Amén.”
in Roteiro da Índia, de Álvaro Velho
http://oportugues.freehostia.com/espacomais/websitlusiadas/Despedida_de_belem_parafrase.htm
Síntese
-Que emoções manifesta a tripulação que parte?
- Que emoções manifesta a população que fica?
-Poderemos comparar estes sentimentos com os
transmitidos pela escultura “A Despedida”? Em
quê?

“Velho do Restelo”, de Columbano (1904).


Sistematização

-O que aprendi hoje?


-Que dificuldades senti?
-Como posso superá-las?

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